cantos de mariana

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Cantos de Mariana Eduardo Andrade

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Dedicatória Fiz contos de pêssegos silvestres para contar um pouco de sua alva beleza, quis desbravar mares e rios, caminhei para longe e tentei de forma desesperada desconfigurar tua imagem em forma de poemas, sonetos e tristes versos de cetim. Em meu canto fiz de minhas lágrimas versos insanos, porém sinceros, fiz em minha lira flores e primaveras. Com teu nome conjuguei imperiosamente palavras amorosas, fiz nele minha louca morada e por muitas vezes perdi-me dentre suas letras, me confundi em suas sílabas celestes e de tanto perder-me por estrelas e poemas, perdi-me de forma plena de seu aroma de amora serena. Sim, dedico-lhe cantos de Mariana, cantos feitos em nossa cama, não só na cama, dedico-lhe cantos de encanto onde o desencanto foi bússola de meu meus contos. Me perdi em nosso fim, confundi-me com o termino da primavera e com a cabeça despedaçada não atentei-me para chegada do imperioso inverno e de pele nua fui pela rua e sob a chuva sentido o quão pode ser dura uma vida sem lua, o quão pode ser suja a existência insegura. Mas de tanto perder-me e caminhar por alamedas perdidas, pude sozinho encontrar meu caminho, mesmo sem ti, pude sozinho decompor nosso amor em diversas facetas e assim pude, em meu logradouro, esmiuçar cada fragmento de nossa vida. Precisei para me reconstituir, sair de nosso lar, afastar-me de nossa cama, mas para onde fui sempre esteve comigo tua inexorável imagem, acompanhava-me seu indelével perfume e assim fui entre sorrisos e lamentos, entre momentos solitários, onde sua pesada ausência fez-se presente em minha alameda, onde perdi-me e perdendo transformei sua imagem de bela dama em uma estátua rígida de uma tirana fria. Mesmo querendo desconstruir vossa imagem soberana não pude fazer-te uma pintura sem vida e hoje tenho em minhas mãos fragmentos, peças de um quebra-cabeça onde tento novamente refazer vossa imagem, onde desesperadamente tento trazer-lhe de volta à nossa cama. Porém hoje mesmo longe de ti, mesmo sem ter-lhe em minha cama dedico-lhe meus cantos em forma de poemas, o meu e o nosso poema, que fizemos em noites de ardente amor, onde nossos corpos suados fizeram por si próprios versos onde se desenhava constantemente o desejo. Dedico-lhe meus poemas feitos em suas madeixas, feitos com cada fio de vosso cabelo imperioso, do qual me fiz guardião e pude acariciá-lo de forma humilde. Dedico para ti este livro feitos de lágrimas de desespero e de uma ininterrupta alegria ao lembrar-me de nossa vida, são para ti minha amada que escrevi e continuarei a escrever esses meus verso tão seus.

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  • Cantos de

    Mariana

    Eduardo Andrade

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  • ndicie

    Dedicatria ...................................................................... 05Teu nome ........................................................................ 08Menina serena ................................................................. 09Tua imagem .................................................................... 10 Daquele amor .................................................................. 11De tanto ........................................................................... 12E a nossa poesia? ............................................................. 13Hoje no somos ............................................................... 14Naquela sala .................................................................... 15Perdido no nosso passado ................................................ 16Saudade ............................................................................ 18Um novo aplicativo .......................................................... 19Traas ............................................................................... 20Um poema para nosso beijo ............................................. 21De tanto amor .................................................................. 22No te amo porque te amo .............................................. 23Poesia de guarida ............................................................. 25 ...................................................................................... 26Recorte de retalhos .......................................................... 27Sigilo ................................................................................ 29Sem rota .......................................................................... 30 o .................................................................................... 31 Um gro ........................................................................... 32 Dito .................................................................................. 33 Tanto faz ......................................................................... 34 No sobrou nada ............................................................. 35Medida desmedida .......................................................... 36

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  • Dedicatria

    Fiz contos de pssegos silvestres para contar um pouco de sua alva beleza, quis desbravar mares e rios, caminhei para longe e tentei de forma desesperada desconfigurar tua imagem em forma de poemas, sonetos e tristes versos de cetim. Em meu canto fiz de minhas lgrimas versos insanos, porm sinceros, fiz em minha lira flores e primaveras. Com teu nome conjuguei imperiosamente palavras amorosas, fiz nele minha louca morada e por muitas vezes perdi-me dentre suas letras, me confundi em suas slabas celestes e de tanto perder-me por estrelas e poemas, perdi-me de forma plena de seu aroma de amora serena.

    Sim, dedico-lhe cantos de Mariana, cantos feitos em nossa cama, no s na cama, dedico-lhe cantos de encanto onde o desencanto foi bssola de meu meus contos. Me perdi em nosso fim, confundi-me com o termino da primavera e com a cabea despedaada no atentei-me para chegada do imperioso inverno e de pele nua fui pela rua e sob a chuva sentido o quo pode ser dura uma vida sem lua, o quo pode ser suja a existncia insegura. Mas de tanto perder-me e caminhar por alamedas perdidas, pude sozinho encontrar meu caminho, mesmo sem ti, pude sozinho decompor nosso amor em diversas facetas e assim pude, em meu logradouro, esmiuar cada fragmento de nossa vida.

    Precisei para me reconstituir, sair de nosso lar,

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  • afastar-me de nossa cama, mas para onde fui sempre esteve comigo tua inexorvel imagem, acompanhava-me seu indelvel perfume e assim fui entre sorrisos e lamentos, entre momentos solitrios, onde sua pesada ausncia fez-se presente em minha alameda, onde perdi-me e perdendo transformei sua imagem de bela dama em uma esttua rgida de uma tirana fria. Mesmo querendo desconstruir vossa imagem soberana no pude fazer-te uma pintura sem vida e hoje tenho em minhas mos fragmentos, peas de um quebra-cabea onde tento novamente refazer vossa imagem, onde desesperadamente tento trazer-lhe de volta nossa cama.

    Porm hoje mesmo longe de ti, mesmo sem ter-lhe em minha cama dedico-lhe meus cantos em forma de poemas, o meu e o nosso poema, que fizemos em noites de ardente amor, onde nossos corpos suados fizeram por si prprios versos onde se desenhava constantemente o desejo. Dedico-lhe meus poemas feitos em suas madeixas, feitos com cada fio de vosso cabelo imperioso, do qual me fiz guardio e pude acarici-lo de forma humilde. Dedico para ti este livro feitos de lgrimas de desespero e de uma ininterrupta alegria ao lembrar-me de nossa vida, so para ti minha amada que escrevi e continuarei a escrever esses meus verso to seus.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Teu nome

    MARIANA, com teu nome posso conjugarde forma infinita a palavra amor, posso comvosso nome temperar a dor e fazer amorcom cada letra que te compe.

    Nas slabas de teu imperioso nome pode-sesentir o gosto de vinho maduro, os alucinantesacordes eltricos de uma guitarra sideral seouvem nas slabas de teu nome elevado.

    MARIANA, s nome celeste onde seconfiguram todos as facetas do amanhecer,onde ao tardar do dia e ao manar da noitese faz ainda mais rubra a aurora.

    Quis fazer com teu nome um soneto, quis rimarcom tuas doces slabas meu desejo e deixar o gostode tuas letras em minha boca para que pudesse fazerem teu nome minha casa, a nossa morada.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Menina serena

    Teu colo e nada mais, o que quero,Apenas isso.Quero teu afago,Teu carinho, Preciso do teu aconchegoPara dormir sereno.Seus beijos,Beijar teu queixo,Me fao nisso,Nesse nosso laoCheio de embaraos, No nosso casoQue no mais nosso,No teu coloQue ainda meu dolo. Choro, apensa choroDe saudades de teus olhos,Na vontade de seu dorso.Sem maisApenas te quero o que vale apena,Teus olhos,Menina serena.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Tua imagem

    Tua imagem uma forma constanteUm cdigo para o meu peito. Cada parte de teu corpoCompe a senha da minha pazSo teus olhos,So teus seios, a tua boca,E os teus cabelos; Neles me fao,Sem eles me desfao.Sou qualquer coisaNo calor de eu colo,Humilde guardio de tua cabeleira A frma de tua forma,Sou isso e sou aquilo,Uma maneira inabalvelPara te amar alm do tempo.Te espero serenoTua hora o meu momento.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Daquele amor

    Daquele amor Levamos apenas O gosto do sonho,As notas do canto.Daquele amor Sentimos apenas A insnia do sono,As dores do tombo.Daquele amor Sofremos apenasCom o silncio do outro,Com as palavras jogas ao vento. Daquele amorSomos apenas O comeo e o fim, Uma parte sem fim.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    De tanto

    De tanto toNasceu essa paixoDe tanto serConjuguei O seu serCom o meuNa tentativaDe fazerDesse escritoMuito mais Que um manuscritoDe um amor Que cometeu Suicdio.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    E a nossa poesia?

    O que aconteceu com a poesiaEm que ramos rima,Com os versos que fizemosNo momento que no existia tempo,No tempo em que ramos momento?Onde foi parar nossos poemasQue fizemos na cama dum apartamento,No fraterno companheirismoQue se via em nossos olhos?O que fao agora com as palavrasQue se perderam da poesia,Ausentaram-se da rima,Que j no andam mais em versos?Agora que o amor no mais poesia,Que a rima se ausentou de nossas vidas,O que fazer com os versos que no so mais versos,Onde colocar aquela poesiaQue no tem mais sentido de vida?O que fazer como aquele amorQue j no tem espao em nossas vidas?

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Hoje no somos

    Hoje quis no ser assim,Acordei querendo ser qualquer coisa que traga voc,Hoje quero apenas voc deitada com seus pecados,Hoje sou um espelho daquilo tudo que no somos, Hoje sou apenas um sonho,Assim, portanto, no somos.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Naquela sala

    Naquela sala ficou apenas Sombras daquela casaNo quarto somente as marcas de um passadoDesgastado entre folhas de livros amarelados,Essa talvez seja a cor do pretrito.Com o passar dos ponteiros Amarelam-se os fatos,Juntam-se as traas que corroem as pginasDas memrias que passam.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Perdido no passado desse caso

    De tudo isso que fomos levo apenas As traas que tanto amarelam essas pginas.Perdi minha flor na solido do meu amor,Na amargura desse ser que no sabe mais ser sem voc.Onde me encontro agora que sigo sozinhoJogado na vida, perdido em mesas de esquinas,Fazendo do sonho somente uma metforaDaquilo que hoje outrora.Mesmo agora com o suspiro da caiporaPerdi minha hora, perdi minha tocaNaquela prosa em que botei nosso amor da porta pra fora.Da boca pra fora somente foi proferido palavras De altssimo nvel de amorOnde o rancor no logra espao.Logra somente nesse passo o compasso Desse lao que hoje puro embarao.

    Estonteante de to degradante Perco-me a cada instante em que no se conteO semblante daquele anjo que passou em meu sonho distanteConstante e tristonho foi o tombo em que tombou da estanteO montante daquele sonho que um dia foi o nosso semblanteHoje to perdido nessa hora sem hora Repleta de dor com sabor de remdio baratoComprada em qualquer mercado da vidas

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Que se perdem junto ao ralo,Num trago tragado por uma boca intimado ao pecadoAo barato do bocado que se perde em momentos de puro descasoPerdido estou em mim, no sei como sair daquiSinto-me sem sentido, sem direo, Perdido em um mar restrito minha prpria solidoNo sou nada mais, nem nada menosQue um horizonte distante perdido em uma estanteDe sonhos carregados em minha cabea em forma de pecado. Pretritos perdidos em presentes,Embrulhado em passado perdido No completo embarao desse caso.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Saudade

    SaudadeQue di, Que destri Esse corpoQue se corri, Se corrompeA cada instante Em que fico longeDe seu semblante.

    SaudadeQue oblitera alma,Que afoga os olhosNa consequncia da lembrana,Na resignao dessa distnciaEm que nos encontramosNesse estado de discordncia,Onde somos apenas a sombraDaquilo tudo que fizemos numa cama.

    SaudadeQue dura at mais tarde,Vara a noite pela madrugada,Invade o dia deixando vontadeEntra pela tarde levando a risada,Sada a noite com a cara amarrada,Amargurada pelo vazio noturnoQue nos acompanha quando o sono perdido pela saudade que berra aos ouvidos.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Um novo aplicativo

    Estou configurando um novo aplicativo para minha vida,Assim que instal-lo, um dia desses te deleto.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Traas

    De tudo aquilo que fomos Levo apenas as traas Que tanto amarelam Essas pginas.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Um poema para nosso beijo

    Tentei no fazer um poema para nosso beijo,Mas na onda do desejo vislumbrei nosso momentoOnde fizemos com os lbios rimas com acaso,Onde jogamos ao vento esse poema que fizemosNo momento em que criamos nosso beijo.Mas no foi o acaso que entrelaou nossos laos,Foi a vontade estampada em forma de pecado,Escancarada no momento em que nossas lnguasFizeram perfeita simetria com aquele instante da vidaEm que ramos dois em um momento uno.Eu e voc em uma rua, em uma noiteFizemos com os lbios melodias noturnasDe duas bocas em forma de uma.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    De tanto amor

    De tanto amar o amor em que te amoAmei-te sem vrgula, nem ponto.De tanto ser teu, amei o seu coloNo silncio de nosso desencontro.

    De tanto amor esqueci meu sonoNaquele invarivel sonho.Escrevo teus olhos no meu conto,Exalto tua boca em meu canto.

    De tanto amor fiz na dor meu exlio,Agora que sou no ator do seu sorrisoResta-me contemplar o que no foi esquecido,Amar o amor que continua seguindo.

    De tanto amar fez-se mar no amorE nessa imensido desencontrou-se o amorPerdido na variao da mar dum oceano sem corRegado de amor e saudade, pranto e dor.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    No te amo porque te amo

    Te amo como qualquer coisa infinita,Posto que nosso amor seja morbidamente finito.Amo sua cabeleira preta, Sua doce boca,Seus lbios de po de mel,Amo seu colo infinito,Sim, amo seus fartos e diminutos seios,Pois simplesmente te amo,Sem pensar ou compreender.

    No, no te amo e assim por que te amo.Te amo e no te amo,Assim, como qualquer coisa ambgua.Te amo de forma controversa,Te quero toda descobertaPorque no te amo.Amor, no te amo,Te amo mas somente em sonho.Como quero no te amar,Mas continuo a amar-lhe,Te amo mesmo tentando no amar,No te amo porque insistentemente amo.

    Ento isso, no te amo, pois deTanto amar-te desamei-meE justamente por isso te amo!Ai, ai que louco devaneioDe uma menta insana,

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Que dana, pois te amaDoce dama.Venha dama, mas no venha.Compreendes a anttese?Entendes agora que porraLouca o encontroDe dois ditosos amantes?Agora eu compreendoO desencontro que faz de dois amentes; Dois estranhos suspeitosQue falam pela boca coisa pouca, coisa boba,Mas que sentem no deitar e no pensarUma paixo louca, um amor tristonhoDe um remoto pretrito descompostoNas confuses de mentes insanas.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Poesia de guarida

    Hoje acordei com saudade da tua vozMeus ouvidos pediam sua sonoridade,A suavidade de tuas palavras Insistiam em escutar sua bocaProferir tuas silabas to macias.Mas ao escutar tua voz Encontrei uma sonoridade prostradaCarregada de palavras caladas,Nubladas de lstimas,Assim ao ouvir tua linguagem inerte Pus-me atento ao teu tormento,Quis no momento ser seu alento,Enxugar suas lgrimas proteger-te do vento.Quem dera pudesse ser o porto para o seu desconforto,Os braos que consolam o teu desconsolo.Angustia-me ouvir sua voz em harmonia vaziaSem aquela alegria que tanto contagia. Mas j que no podes ter meu ombro,Nem to pouco o aconchego dos meus braosDeixo-te minhas palavras,Minha linguagem de guarida em forma de poesia.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    saudadeDaquele tempoPerdido no esquecimento, vontadeDaquele momentoSumido com o vento,Esquecido com as memriasEmbutidas num armrio. melancolia Daquela foto esquecidaE achada num livro de poesia, a sombraDaquele passado Que todo instante vejo em meu quarto, o suspiro dos seus gemidosQue todos os dias berram em meus ouvidosFazendo numa sinfonia sem sentido,A melodia daquilo tudo Que hoje para voc no passa do absurdo,A lembrana dum sonho moribundo.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Recorte de retalhos

    Recorto essa solidoEspalho-te em retalhos,Embaralho o passadoPara que no mais viva em mim.H um mundo de ilusoOnde a realidade abstrata inventada com a cor das nossas horas, borrada com lgrimas que choram. Fotografias de teus dias Vejo-as cado Procurando algum sentido Na palavra bem amada,Busco teus vestgios No doce do paladarJ esquecido no zumbido,Sem mais horas,Sujo com coisas do passadoProcuro um rio Onde possa me lavar de teus pretritosPara deixar ir Tua essncia,Tua ausncia,Para deixar virO que tiver de vir.Aprendi a irPara onde queroSigo sozinho e de chinelo,Guardo de ti somente os versosVou num rumo criado no instante

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    No vivo mais uma vida de estanteVivo a vida que deve ser vividaNa beira dum rio, nas ondas do mar.Edificamos nossos sonhosEm terrenos distantesFizemos nossa moradaNa hora errada,Temos nossos caminhosAgora sigo o meu,Agora segue o teuTalvez algum diaDiga-lhe adeus.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Sigilo

    Esse meu amorTo escondidoLevo somente comigo,Um sentimento abstratoGuardado nos lados, Assim o meu querer,Um amor caladoSustentado no silncio surdina das horas.Meu amor a palavra deixadaAntes mesmo de ser fala, o termo que no digo,E to pouco pronuncio,Assim , pois nunca ser,Sendo assim, deixo comigoS eu preciso saber,Para que s eu tenha que esquecer.Meu amor uma alegria Contida no canto da boca,Sentido sem lgica,Um desalento mudo,Lgrima contida e escondida,No mais e nem menosA dor do meu amor, uma certezaDe que amoEscondido no sigilo.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Sem rota

    Arrumei a mochila E deixei que o vento Me levasse,No me importa para onde vouApenas preciso irPara algum lugar Onde no esteja sua presena.Vou sem rota certa Meu destino incerto Estou me procurando, Procurando aquele brilho perdido.No sei bem ao certo Busco algo complexo,Me disperso diante o que beloVou apenas de chinelo,No sei se te espero.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    o

    Insanidades torturam Uma mente ausente, Paralisam ao e reao.Tudo vo No vo do colcho,Tudo cho Para um sonho que no.Ento so muitos o`s Para que um sonho seja em vo,Para que tudo termine num colcho,No cho onde tudo o,Num no sem mais perdo,No paredo do noFuzilado pelo o.No finalFoi tudo em voS restou o noO cho e o colchoHeranas do o.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Um gro

    Um gro,Uma gotaCaem todos os dias,EsvaziamDa boca o sorriso,Congestionam os olhosGota por gota,Despovoam a almaDe gro em groSem nenhuma razo.Uma gota,Um groTodos os dias caem Pelo mesmo motivoE no voltam mais,Vida que vaiNo gro da poeiraNa gota do choro,Vai vidaCada dia menos vidaUma gotaUm gro Caem.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Dito

    Est tudo ditoCom olhos,Suspiros E gritos,Mas nem tudoFoi ouvido,EntendidoE compreendido.No final Nada foi ditoEram apenasOlhos encharcadosSuspiros solapadosE gritos calados.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Tanto faz

    Tanto faz que voc j no seja a mesma,Aquela de tempos atrs, No me incomoda a bagagem que traz.Tanto faz tudo que aconteceuNo importa a deslocao do tempoO que atemporal data nenhuma desfaz. Tanto faz que assim seja tambm no sou mais,J no sou aquele de anos atrsTenho comigo tambm as bagagens que a vida faz. Tanto faz se j no somos mais, Se no somos aquele mesmo parO tempo passa e o amor no gasta. Tanto faz o que pouco se fez No valem as birras l de traz,Sejamos apenas paz. Tanto faz, pois te amo demaisNo quero mais no ser maisQuero apenas teu cais.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    No sobrou nada

    Nada mais sobrou de nsNo ficou nada daquilo,Nada que era aquilo,Nada restou do que sobrouNo ficou nada em p,Mas tudo ficou mudoSuspenso e tenso,S ficou o ventoMas ele tambm vaiA qualquer momento.Restaram retratos em retalhosDe um sorriso perdidoEm alguma caixa de passado,O saldo foi pedaosDos teus olhos,Do teu coloNum quebra cabea Que no traz tua imagem.No sobrou nada de nadaFoi tudo com o vento,Fiquei sozinhoAo relento.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

    Medida desmedida

    A medida do nosso amor Foi a mesma medida de nosso desamor.O verso fez-se inverso,Fez-se amargo o que foi caramelo,Talvez tenha sido essa a medida de nosso amor desmedido,Amar sem saber amar,Agora que somos apenas uma grandeza vaziaVejo paredes despovoadas,Nosso leito desabitado,Desbotam-se aquelas memrias de outrora,Evapora-se o desejo com o passar das horas,Dias, semanas, meses e anos.O que restou no sobrouVou assim, Alimento-me daquele amorQue agora vento,Espao vazio,Esqueo os momentosNa poeira da esteira, Perco seu cheiroEm cabelos que no conheo.Perco-me, perco-teNa medida do amorQue j no amor.

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  • Cantos de Mariana, por Eduardo Andrade.

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