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1 Cantigas Grupo Abadá Capoeira Brno

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Page 1: Cantigas - capoeiramusic.unas.czcapoeiramusic.unas.cz/texty/Cantigas_Abada_Brno.pdf · 4 Baiana prepara o peixe Pescador trouxe do mar Põe tempero na moqueca Dendê não pode faltar

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Cantigas

Grupo

Abadá Capoeira Brno

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Abalou Capoeira Abalou

Abalou capoeira abalou Mas abalou deixa abalar Abalou capoeira abalou Mas abalou deixa abalar Abalou capoeira abalou E abalou vamos jogar Abalou capoeira abalou E abalou vai abalar Abalou capoeira abalou

Ai Ai Ai Ai (Sao Bento me Chama)

Ai, ai, ai, ai São Bento me chama Ai, ai, ai, ai São Bento me leva Ai, ai, ai, ai São Bento me prenda Ai, ai, ai, ai São Bento me solta Ai, ai, ai, ai Me chamou que vou Ai, ai, ai, ai São Bento me qué. Ai, ai, ai, ai Pra jogar capoeira Ai, ai, ai, ai E me joga no chao Ai, ai, ai, ai E apanha e cengonha Ai, ai, ai, ai E se joga no chao Ai, ai, ai, ai

Areia do Mar

Areia do mar, areia do mar o que você tem, para me citar Areia do mar, areia do mar o que você tem, para me contar Onda que quebra na praia quebrava no casco do navio navio que trouxe de Angola o negro para o Brasil Vagando sobre o mar

chegava o tumbeiro trazendo negros de batalha de espírito guerreiro Me conta de Pastinha e de Bimba por favor seu Pastinha na marinha Mestre Bimba estivador Areia que leva e traz histórias de algibeira vou visitar o Pero Vaz aprender a história da capoeira Dia dois de fevereiro Bahia me chamou lavagem do Bonfim cidade de Salvador

Balança o corpo

Balança o corpo sinhá Balancoa o corpo sinhó Pőe mandinga no jogo iáiá Pőe mandinga no jogo ióió Berimbau tá tocando benguela Tá chamando vocę pra jogar Tá tocando com fundamento Faz a roda se encorporar Na vida se leva rasteira Mas tem que saber levantar Capoeira que é bamba năo cai Levanta e volta jogar A roda tem que ter dendę E energia năo pode faltar O meu corpo vive de energia Que me aquece e me faz respirar

Capoeira ABADÁ

Vou lhe dizer o que me alegra Numa roda De Capoeira Quando eu começo a tocar Três berimbaus Gunga, médio e uma viola

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Atabaque e o pandeiro E dois cabras pra jogar Capoeira ABADÁ Vou jogando Capoeira Até o dia clarear Se você é Capoeira Nunca pare de treinar Cante um corrido Um coro bem respondido Uma energia imensa Que parado não vai dar De Segunda a Sexta-feira Tem roda no Humait Capoeira que é bamba Joga em qualquer lugar Um jogo duro Uma armada e uma ponteira

Deixa o caldeirão ferver

Deixa o caldeirão ferver Deixa o caldeirão ferver Berimbau já tá tocando Deixa o caldeirão ferver Deixa a sopa ficar boa Deixa o caldo engrossar Berimbau botou tempero E a sopa vai melhorar Bota azeite nessa sopa Mas tem que ser o dendê Se tá baixo aumenta o fogo Deixe o caldeirão ferver Bota lenha nesse fogo Não deixa ele apagar Sopa boa é sopa quente Todo mundo quer provar Ô se não pegar com jeito Fica com a língua queimada Quando a sopa está quente

Se come pela beirada Se tá baixo aumenta o fogo Deixa o caldeirão ferver Sopa boa é sopa quente Deixa o caldeirão ferver Berimbau já tá tocando Deixa o caldeirão ferver

Dendê Lalaela

Dendê, dendê Lalaela, lalaela Levou rasteira Balançou, caiu no chão Se perde a cabeça Também perde a razão Pro capoeira Que não joga, só estranha Pois acredite Se bater também apanha O capoeira Já nasce natural Com manha e malicia Não seja artificial Quando treinar Ponha na consciência Seja capoeira Não viva de aparência No jogo duro Com malícia e com mandinga Olho no olho Cuidado, mantenha a ginga

Dendê maré

Ô dendê dendê maré Ô dendê dendê maré Pescador já vai pro mar Foi de encontro com a maré Procurando o peixe bom Conforme a baiana quer

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Baiana prepara o peixe Pescador trouxe do mar Põe tempero na moqueca Dendê não pode faltar Pescador que é pescador sabe a hora de iscar sabe o mistérios dos rios sabe o segredo do mar Totonho de maré Foi um grande jogador A onda balança o barco Como Totonho balançou Puxa puxa leva leva Puxa a rede do mar Se for um bom pescador Peixe bom não vai faltar É noite de lua cheia Pescador volta do mar Vai ter festa na aldeia Capoeira vai jogar

Dendê ô dendê

Dendê ô dendê Dendê ô dendê

Dendê ô dendê Dendê ô dendê

Tem dendê na capoeira na defesa e no ataque Tem dendê no berimbau e tem dendê no atabaque… Dendê ô dendê

Dendê ô dendê Dendê ô dendê

Capoeira que não treina como quer se graduar nesse jogo de mandinga a corda não vai jogar… Dendê ô dendê

Dendê ô dendê Dendê ô dendê

Sem dendê não tem tempero Não tem fungi pro senhor fuba de milho amarelo não é fuba de bombo… Dendê ô dendê

Dendê ô dendê Dendê ô dendê

Simba só vai cozinhar se tiver oleo de palma pra fazer um bom manjar todo mundo bate palma… Dendê ô dendê

Dendê ô dendê Dendê ô dendê

Moleque foi lá na praça Buscar dendê pra sinhá O dendê ele não achou capoeira foi jogar… Dendê ô dendê

Do Jeito Do Mestre

Do jeito que Bimba gosta Do jeito que Bima quer Na roda que só tem bamba Ninguém vai parar o pé Do jeito que Bimba gosta Do jeito que Bima quer Na roda que só tem bamba Ninguém vai parar o pé Antigamente o aviso Lê lê lê lê lê ô Era pra avisar todo mundo Que a turma de Bimba chegou Na roda que joga bamba Se aluno quiser jogar Tem que ter os fundamentos Da Capoeira Abadá Preste atenção menino Que o Mestre vai lhe falar Nesse jogo de São Bento Vai tratando de esquivar Esse é um jogo ligeiro Cuidado pra não errar

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O golpe que vem no tempo E o contra ataque é pra pegar Vai aprendendo menino O que eu vou lhe falar Na academia de Bimba Era pega pra capar

Dono das três estrelas

Vou lá p’ra beira do mar Berimbau tocou Chamou p’ra jogar Berimbau por que me chama Porque mandou me chamar Quando escuto seu chamado Eu vou p’ra qualquer lugar Berimbau tocou na roda Fez meu corpo arrepiar Só quem joga capoeira Sabe a vontade que dá Ai meu Deus se eu pudesse Ser dono das Três Marias Dava uma a Mestre Bimba E a outra a Mestre Pastinha E a terceira que sobrasse Eu guardava pra ser minha

Dona Maria como vai você?

Vai você, como vai você? Dona Maria como vai você? Joga bonito que eu quero aprender Dona Maria como vai você? Joga manhoso que o povo quer ver Dona Maria como vai você? Jogue o São Bento que o povo quer ver Dona Maria como vai você? Joga bonito que eu quero ver Dona Maria como vai você? Como vai você, como vai você? Dona Maria como vai você? Como tá como passou, como vai você? Dona Maria como vai você? Como vai você, eu quero saber Dona Maria como vai você?

Quero aprender a jogar com você Dona Maria como vai você? E vai você vai você? Dona Maria como vai você? E pega na vassoura como vai você. Dona Maria como vai você? E mais joga bonito que eu quero aprender Dona Maria como vai você? E vai você e vai você Dona Maria como vai você? O joga bonito que eu quero aprender Dona Maria como vai você? Como vai você como vai você Dona Maria como vai você? Como tá você eu quero saber Dona Maria como vai você? Como tá como passou como vai você Dona Maria como vai você? Como vai você, como vai você Dona Maria, como vai você Joga bonito que eu quero ver Dona Maria, como vai você Joga com calma que eu quero aprender Dona Maria, como vai você Esse jogo é Capoeira, não é karate Dona Maria, como vai você

Ê Idalina (Esquilo)

Ê Idalina, ê Idalina Vem jogar capoeira Idalina, ina Vem mostrar seu gingado Vem tocar berimbau Mostrar sua malícia Idalina vem pra roda Vem mostrar o seu gingado O toque do berimbau Que ele quem fez o chamado Seu tabuleiro na praça Todo mundo já conhece Quem te viu jogar na roda Eu sei que nunca se esquece

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Também chame Catarina Que é pra te acompanhar Idalina não se esqueças Todos querem ver jogar

Ê Luanda

Ê Luanda Ê Luandê Luta de pescador É chamada Bassúla Luta de mão aberta É chamada Cambangula Berimabau na capoeira Lá é chamado de Ungo Ou Urugungo Que é a sua maneira de dizer La se fala Kimbundo La se fala Kigongo Os Angolanos Cantam e falam em Português

É Marinheiro / Maré Brava (Fala Mansa)

É marinheiro Aquente a maré Maré vai passar É so vocé tem fé A maré só derruba Quem năo acredita Quem fala năo faz Quem năo luta por conquista E nesse correnteza Eu sou mais vocé É seu dia dia Que vai fazer vencer Passando a mare brava É que nos ensina É que nos fortalice A dar volta por cima

Garoa năo é tempestade Esse é seu mar Năo é qualquer garoa Que vai te derrubar Lambari da agua doce Se afoga no mar Entăo marinheiro A mare vai passar

Ê me leva pra Bahia

Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Vou conhecer, a Fazenda Estiva na terra do Jacobina Meu mestre veio de lá, ê me leva pra Bahia Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Côco mironga Na Bahia chama dendê Dá o tempero ao Caruru E também ao vatapá, ê me leva pra Bahia Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Tem a casa de pedra Que foi cativeiro de escravo Onde o navio negreiro Chegava na beira do mar, ê me leva pra Bahia Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Lá tem macumba No pé de iroco velho Na casa de Pai Xangô

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No Axé Opô Afonjá, ê me leva pra Bahia Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Minha Bahia Berço da cultura brasileira É terra de Mestre Bimba E também da capoeira Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia Ê me leva pra Bahia Ê leva pra Bahia

Eu sou um barco

Eu sou um barco na imensidão do mar Com saudade do meu porto Navego, navego, navego nas ondas do mar vento me leva pra lá de novo

Sou um barco na imensidão do mar E um grão de areia no deserto É uma estrela no ceu do luar Solto na imensidão do universo

Coro Sou um barco no meio da tempestade Aguas querendo me afogar Mas aprendo com o meu mestre Que o peixe tem que saber nadar

Coro Um leme quem me dá o direção Como meu mestre que sempre me deu noção Mesmo navegando pelo mundo Eu sei o meu lugar de coração

Eu Tava Na Bahia

Eu tava lá na Bahia Ê Bahia Quando o Berimbau tocou Ê Bahia

Lá no ato da ladeia Ê Bahia Capoeia me chamou Ê Bahia Menino vem aprender a jogar Capoeira Menino vem aprender a jogar Capoeira Menino vem aprender a jogar Capoeira Menino vem aprender a jogar Capoeira

Gunga É Meu

Gunga é meu, gunga é meu Gunga é meu, é meu, é meu Gunga é meu, gunga é meu Gunga é meu, foi papai que me deu Gunga é meu, gunga é meu Gunga é meu eu não dou a ninguem Gunga é meu, gunga é meu

CHORA VIOLA Ê

Chora viola ê Chora viola Chora viola ê Lalaê lalaêla Mestre Bimba esta no céu Berimbau faz saudação Seu Camisa tá na terra Fazendo evolução O choro de uma viola Lamento de um cantador Seu Waldemar foi-se embora Faz tempo que nos deixou

La Lae Lae La

e La Lae Lae La La Lae Lae La Le Le Le Le La La Le La Lae Lae La

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La Lae Lae La Le Le Le Le La La

Berimbau chamou pro jogo Pandeiro me respondeu O Atabaque já entrou Mestre Bimba apareceu

E La Lae Lae La Le La Lae Lae La La Lae Lae La Le Le Le Le La La

Manoel dos Reis Machado Criador da Regional Espalhando pelo mundo Essa cultura national

E La Lae Lae La Le La Lae Lae La La Lae Lae La Le Le Le Le La La

Lá no cais se batizou A Capoeira Regional Espalhando pelo mundo Essa arte marcial

E La Lae Lae La Le La Lae Lae La La Lae Lae La Le Le Le Le La La

La Laue

Bem-te-vi vôou, vôou Bem-te-vi vôou, vôou Deixa voar Lá lauê lauê lauê lauê Lá lauê lauê lauê lauê Que som o que arte é essa de luta e brincadeira Que roda maravilhosa é essa é o (your group’s name) Em cada som, em cada toque em cada ginga, tem um estilo de jogo Em cada som, em cada toque em cada ginga, tem um estilo de jogo Lauê lauê lá… Lá lauê lauê lauê lauê

Lá na Bahia côco de dendê

Lá na Bahia côco de dendê Lá na Bahia côco de dendê Lá na Bahia côco de dendê Lá na Bahia côco de dendê Pega devagar Com dendê Pega devagar Com dendê Pega devagar Com dendê

Madeira Boa

Vou esperar a lua voltar Eu quero entrar na mata aê Eu vou tirar madeira boa Pro meu berimbau fazer Madeira boa é como amizade Mas é difícil de se encontrar A amizade eu guardo no peito E da madeira vou fazer meu berimbau Se Mestre Bimba estivesse aqui Pra me ensinar a escolher madeira Eu entrava agora na mata Tirava Ipê e Pau Pereira A noite vem eu entro na mata Lua clareia, vou procurar Jequitibá e maçaranduba O guatambu eu devo achar Na velha África se usava o Ungo Nas grandes festas religiosas O Kingenge é um dialeto Umbundo É o berimbau que conquistou o mundo Na lua cheia vou colher os frutos e na minguante eu tiro a madeira vou pra fazer o meu berimbau vou pra tocar na capoeira

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MARÉ BAIXAR

Quando a maré baixar Vou encontrar dendê Vou encontrar dendê ê Do outro lado do mar Quando a maré ta alta No barco eu vou remando Eu penso em Deus do céu E a vida vai melhorando A inveja, maldade e a raiva São coisas para destruir Firme o corpo, seu moço Nunca pense em desistir Se na vida tem barreira Não pare siga em frente Lembre que o vencedor É quem tem a força da mente Navego em alto mar Para poder entender Eu sei que o bom marinheiro Também tem que ter dendê

Me Leva Na Bahia

Ê me leva na Bahia Ê leva na Bahia Ê me leva na Bahia Ê leva na Bahia Vou conhecer, a Fazenda Estiva na terra do Jacobina Meu mestre veio de lá, olha eu vou na Bahia Côco mironga Na Bahia chama dendê Dá o tempero ao Caruru E também ao vatapá, olha eu vou na Bahia A casa de pedra Que foi cativeiro de escravo Onde o navio negreiro Chegava na beira do mar, olha eu vou na

Bahia Lá tem macumba No pé de iroco velho Na casa de Pai Xangô No Axé Opô Afonjá, olha eu vou na Bahia Minha Bahia Berço da cultura brasileira É terra de Mestre Bimba E também da capoeira, olha eu vou na Bahia

Meu Mundo (Fala Mansa)

Lelelelelele Deixa o berimbau te levar Lelelelelele Pro mundo da capoeira Ioio iaia Ioioo Iaia Vem comigo nos versos Viajar nas cantigas Conhecer o meu mundo Conhecer minha vida Meu Mestre está na roda O jogo é de Benguela Isso é capoeira Nossa arte tão bela Berimbau vai tocando Cantador manda o aviso Nas cantigas mensagens Ou então no improviso Cada um com sua reza Cada um com sua crença O que vale é a amizade Esqueça as diferenças E pro bom capoeira Com os seus fundamentos Nunca deixe o orgulho vencer o conhecimento

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Navio Negreiro

Que navio é esse que chegou agora é o navio negreiro com os escravos de Angola vem gente de Cambinda Benguela e Luanda eles vinham acorrentados pra trabalhar nessas bandas aqui chegando não perderam a sua fé criaram o samba a capoeira e o candomblé acorrentados no porão do navio muitos morreram de banzo e de frio

No balanço do mar

No balanço do mar ioiô No balanço do mar iaiá No balanço do mar è è No balanço do mar Lá vem o navio negreiro Trazendo africanos de lá E aqui em solo brasileiro Escravos iam se tornar No porto eu fui vendido Para o senhor da fazenda Pra plantar e cortar cana E trabalhar na moênda Mas o negro era valente E tinha alma guerreira Fugia do cativeiro Pro meio da capoeira Vou me embrenhar na mata As correntes arrebentar Eu vou voltar pra minha terra Eu vou no balanço do mar

Noite da Bahia (Estrela)

Estrela Que brilha no céu da Bahia Que brilha no céu da Bahia Me guia A noite da Bahia Brilha cada vez mais No chão daquela terra Bimba descansa em paz Apontando para estrela No leito abandonado Mestre Pastinha disse: "Vou brilhar do seu lado." O seu brilhar tão forte Clareava o terreiro Onde seu Valdemar Tocava gunga vozeiro Estrela que iluminava A fazenda do senhor Ilumine o caminho Que leva à Salvador Vou pela barra-á-fora Na volta que o mundo dá Estrela que me conduz Brilha no céu de lá

Oi, sim sim sim, Oi não não não

Oi, sim sim sim, Oi não não não

Côro: OI sim sim sim, OI não não não

Mas hoje tem, amanhã não Mas hoje tem, amanhã não

Côro: OI sim sim sim, OI não não não

Mas hoje tem, amanhã não Olha a pisada de Lampião

Côro: OI sim sim sim, OI não não não

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Paraná ê, Paraná ê, Paraná

Vou dizer minha mulher, Paraná Capoeira me venceu, Paraná Paraná ê, Paraná ê, Paraná Ela quis bater pé firme, Paraná Isso não aconteceu, Paraná Paraná ê, Paraná ê, Paraná Oh Paranaue, Paraná Paranaue, Paraná Paraná ê, Paraná ê, Paraná Assim dera que o morro, Paraná Se mudou para a cidade, Paraná Paraná ê, Paraná ê, Paraná É batuque todo dia, Paraná Mulata de qualidade, Paraná Paraná ê, Paraná ê, Paraná Vou mimbora pra Bahia, Paraná Eu aqui não fico não, Paraná Paraná ê, Paraná ê, Paraná Se não for essa semana, Paraná É a semana que vem, Paraná Paraná ê, Paraná ê, Paraná Dou no escondo a ponta, Paraná Ninguém sabe desatar, Paraná Paraná ê, Paraná ê, Paraná Eu sou braço de maré, Paraná Mas eu sou maré sem fim, Paraná Paraná ê, Paraná ê, Paraná

Peito Vazio

Eu sinto um vazio no peito Berimbau vem em ajudar Vem, vem, vem Berimbau vem em ajudar Eu sinto saudades de um tempo Que o berimbau me levou Agora eu levo ele para os lugares onde eu vou Existem milhões de estrelas

Mas a minha eu encontrei Fica no brilho do aço Do berimbau que eu toquei Berimbau deu um pulo no tempo Me encontrou nas profundezas Me deu toda harmonia no canto Da Capoeira Pensamento invade o passado Me deixa acordado para sempre lembrar Do jogo da capoeira Que acalma o meu corpo e me faz respirar

Planta Cana

Então planta cana Canavieiro Pra depois cortar Canavieiro Pra não ir pro tronco Canavieiro Têm que trabalhar Canavieiro No velho engenho da moenda A cana vai virar melado Acusta do suor do negro A custa do trabalho escravo A cana de açúcar Adoça a boca do feitor Enquanto o negro escravizado Só prova o gosto da dor Dentro do canavial O negro planta pra colher E no meio da colheita Batia o maculelê

Presença De Mestre Bimba

Vejo o balanço do mar na praia de amalerina Ouço berimbau tocar sinto a presença de Bimba

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O vento balança o coqueiro O corpo se enbala na ginga Queira eu voltar no tempo Para encontrar Mestre Bimba Sinto a presença de Bimba Quando eu entro na roda Sinto a presença de Bimba Quando meu berimbau toca Sonhei com uma formatura Meu Deus mas que coisa tão linda Mestre Bimba Entregando as medalhas No nordeste de amarelina Mestre Bimba partiu Para o ceu Deixando uma tristeza imensa Mas vejo meu mestre jogando Sinto a sua presença. Mestre Bimba foi um grande mestre Não apenas un simples mortal Que sempre estará presente Onde tocar o berimbau

Sai Sai Catarina

Sai sai Catarina Saia do mar venha ver Idalina Sai sai Catarina Saia do mar venha ver venha ver Sai sai Catarina Oh Catarina, meu amor Sai sai Catarina Saia do mar, saia do mar Sai sai Catarina

Sem Capoeira Eu Não Vivo

Sem capoeira eu não posso viver Sou peixe fora do mar Passarinho sem voar Dia sem escurecer Mas mesmo rastejando Vou agacho para jogar Peço ao berimbau que toca E a Deus para me olhar

Posso ficar sem comer Nem água eu beberei Sem capoeira não fico Porquê se não eu morrerei Peixe tora da água morre O día tem que escurecer E eu sem a capoeira Não sei o que fazer Passarinho sem voar E eu sem minha capoeira Passarinho bateu asa Eu fiqueí nessa tristeza

Sono profundo

Capoeira mandou chamar Capoeira mandou chamar De onde niguém imagina Vocês podem acreditar Que essa arte capoeira Pode ir lá me regatar Quando eu menos esperava Tudo veio a acontecer Se tornou o meu trabalho Dela vou sobreviver Há momentos nesse mundo Você tem escolher Entre as coisa da vida Ou as que te fazem viver Sempre fico imaginando Quando eu desencarnar Berimbau ficar chorando Eu volto pra te acalmar Mesmo que meu corpo duma Eu posso até repousar Se o sono ficar profundo Berimbau vem me acordar

Sou eu Maculêlê

Sou eu, sou eu,

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Sou eu, Maculêlê, sou eu Sou eu, sou eu, Sou eu, Maculêlê, sou eu Nos viemos do Mato Grosso Somos açucenas da Mata Real Sou eu, sou eu, Sou eu, Maculêlê, sou eu C'est moi, c'est moi, C'est moi, Makulêlê, c'est moi Nous venons du Mato Grosso Nous sommes les palmiers de la Forêt Royale

TA NA HORA DE JOGAR

Ta na hora de jogar Vamos lá vadiar Eu vou, eu vou vou vadiar Quando chega a hora Para mim é uma alegria Eu pego no berimbau E comeco a cantoria berimbau me convidou Eu nao posso recusar Benzo logo meu corpo E entro para jogar A roda passou do meio Berimbau falou assim O jogo termina agora Mas a capoeira nao tem fim Pra quem vive capoeira Quando o berimbau desarma Dá uma tristeza no espírito E os olhos enchendo d´água

Tim tim tim lá vai viola

E tim tim tim lá vai viola Ô le le lá vai viola Coro: Tim tim tim lá vai viola Ô viola, meu bem viola

coro Viola, viola, violinha coro Viola boa de tocar coro Eu pedi a minha mae mas eu tenho a viola coro Eu pedi a meu pai mas eu tenho a viola coro Ja pedi ao irmao mas eu tenho a viola coro este jogo e mahosa este jogo Senhora coro este jogo e de dentro este jogo e de fora coro Ehh - la vai viola coro jogo menino jogo de angola coro

Totonho De Maré

E mare, o o mare Totonho de mare, E Capoeira Totonho de mare, E da bahia Cuando voçe for a bahia Pra buscar o seu Axe Lembre de Mestre Bimba E de totonho de mare Nas rodas de Capoeira Ele mostrva o seu valor Era um grande Capoeira E tambem estivador Revirando as Lembranças As memorias do passado Recordei um Capoeira Que poucos estao lembrados

Viva Bimba

Viva Bimba e e Viva Bimba a a Lutador renomado Hoje não tem igual

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Jogador na Angola Mestre na regional Defendeu a sua arte Combatendo no ringue Adotou o Salomão Pois a faca não atinge No engenho de Brotas Nordeste de Amaralina E na Roça do Lobo Bimbau viveu sua sina Manoel foi para o céu Bimba ficou na história Onde o berimbau toca Reinará a sua glória

Volta no tempo

Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Se eu pudesse eu voltava no tempo iô iô Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Eu voltava no tempo iô iô Eu voltava no tempo ia iá

Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Se eu pudesse eu voltava no tempo iô iô Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Eu voltava no tempo iô iô Eu voltava no tempo ia iá

Voltava prá ver Mestre Bimba jogar Voltava prá ver seu Pastinha também Voltava prá ver seu Traíra Voltava prá ver Valdemar Voltava prá ver Besouro Mangangá

Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Se eu pudesse eu voltava no tempo iô iô Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Eu voltava no tempo iô iô Eu voltava no tempo ia iá

Voltava prá ver Atenízio e Rozendo Voltava prá ouvir cantar Mugungê Voltava prá ver Caiçara Maré e também Paraná Voltava prá ver Onça Preta e Aberrê

Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Se eu pudesse eu voltava no tempo iô iô Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Eu voltava no tempo iô iô Eu voltava no tempo ia iá

Voltava prá ver a luta do batuque Voltava prá ver o brilho da navalha Na Bahia ver Mestre Noronha No Recife Nascimento Grande No Rio ver Manduca da Praia

Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Se eu pudesse eu voltava no tempo iô iô Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Eu voltava no tempo iô iô Eu voltava no tempo ia iá

Se eu pudesse eu voltava no tempo Sinhá Só prá ver como tudo aconteceu Se eu pudesse eu voltava no tempo Voltava no engenho e senzala Prá ver como a capoeira nasceu

Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Se eu pudesse eu voltava no tempo iô iô Se eu pudesse eu voltava no tempo ia iá Eu voltava no tempo iô iô Eu voltava no tempo ia iá

Vou no balanço das ondas

Vou no balanço do mar Eu vou Vou no balanço do mar Eu vou jogando capoeira seguindo meu ideal com energia da roda no toque do berimbau CORO Ouvindo as historias dos mestres imagino onde posso chegar dou asas ao meu pensamento sou livre para voar CORO

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O vento que sopra na praia na areia balança o coqueiro o toque do gunga na roda balança o jogador inteiro CORO Aprendo com mestre jogando com artista pintando uma tela hoje no mar sou jangada amanha caravela CORO