canais de marketing - salesiano lins · web viewtrata-se de um estudo experimental de abordagem...

20
DESINFECÇÃO DE ALMOTOLIAS: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO HIPOCLORITO DE SÓDIO 1% EM NÍVEL INTERMEDIÁRIO DISINFECTION OF ALMOTOLIAS: ANTIMICROBIAL ACTIVITY DOES SODIUM HYPOCHLORITE 1% AT INTERMEDIATE LEVEL Amanda da Silva Machio Nogueira – [email protected] Giovanna Giacomini Cerri – [email protected] Orientadora: Ma Viviane Cristina do Nascimento Bastos – [email protected] Francisco de Assis Andrade – [email protected] Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Lins RESUMO Trata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos patogênicos em almotolias, após a desinfecção periódica de nível intermediário em um hospital do interior do estado de São Paulo. As coletas foram realizadas em seis setores hospitalares, foram coletadas 100 amostras, durante cinco dias consecutivos. Observou-se o crescimento de enterobactérias em 61 amostras coletadas durante a pesquisa, o setor que houve mais contaminação das almotolias foi a Clínica Médica e a solução foi a Vaselina. Dentre as 61 amostras analisadas em 50 foram encontradas Salmonella e Shigella e 46 Coliformes. Na pesquisa as 25 amostras coletadas e analisadas após a desinfecção não houve crescimento bacteriológico, comprovando que a ação microbicida do hipoclorito de sódio 1% é eficaz, porém não há durabilidade de sete dias, constatando um meio de colonização de bactérias, causando riscos ao paciente e prejuízos a instituição. Sendo necessária a implantação de atividades educacionais relacionadas às precauções padrão. Palavras Chave: Almotolias. Enterobactérias. Desinfecção. Infe cção Hospitalar 1

Upload: others

Post on 03-May-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

DESINFECÇÃO DE ALMOTOLIAS: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO HIPOCLORITO DE SÓDIO 1% EM NÍVEL INTERMEDIÁRIO

DISINFECTION OF ALMOTOLIAS: ANTIMICROBIAL ACTIVITY DOESSODIUM HYPOCHLORITE 1% AT INTERMEDIATE LEVEL

Amanda da Silva Machio Nogueira – [email protected] Giacomini Cerri – [email protected]

Orientadora: Ma Viviane Cristina do Nascimento Bastos – [email protected] de Assis Andrade – [email protected]

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Lins

RESUMO

Trata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos patogênicos em almotolias, após a desinfecção periódica de nível intermediário em um hospital do interior do estado de São Paulo. As coletas foram realizadas em seis setores hospitalares, foram coletadas 100 amostras, durante cinco dias consecutivos. Observou-se o crescimento de enterobactérias em 61 amostras coletadas durante a pesquisa, o setor que houve mais contaminação das almotolias foi a Clínica Médica e a solução foi a Vaselina. Dentre as 61 amostras analisadas em 50 foram encontradas Salmonella e Shigella e 46 Coliformes. Na pesquisa as 25 amostras coletadas e analisadas após a desinfecção não houve crescimento bacteriológico, comprovando que a ação microbicida do hipoclorito de sódio 1% é eficaz, porém não há durabilidade de sete dias, constatando um meio de colonização de bactérias, causando riscos ao paciente e prejuízos a instituição. Sendo necessária a implantação de atividades educacionais relacionadas às precauções padrão.

Palavras Chave: Almotolias. Enterobactérias. Desinfecção. Infecção Hospitalar

ABSTRACT

This is an experimental study with a qualitative and quantitative approach. The objective was to verify the presence of pathogenic microorganisms in almotolies, after periodic disinfection of an intermediate level in a hospital in the interior of the state of São Paulo. The samples were collected in six hospital sectors, 100 samples were collected, during five consecutive days. It was observed the growth of enterobacteria in 61 samples collected during the research, the sector that had more contamination of the almotolias was the Medical Clinic and the solution was Vaseline. Among the 61 samples analyzed in 50, Salmonella and Shigella and 46 Coliforms were found. In the research the 25 samples collected and analyzed after the disinfection did not show bacteriological growth, proving that the microbicidal action of sodium hypochlorite 1% is effective, however, there is no durability of seven days, finding a means of colonization of bacteria, causing risks to the patient and losses to the institution. It is necessary to implement educational activities related to standard precautions.

1

Page 2: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

Key words: Almotolias. Enterobacteriaceae. Disinfection. Hospital Infection.

INTRODUÇÃO

O processamento de artigos em unidades de saúde tem como objetivo evitar

qualquer evento adverso aos clientes. A transmissão de microrganismos causadores

de infecção preocupa os especialistas da área da saúde, já que os artigos

hospitalares podem se tornar um meio de infecção, ou seja, o microrganismo invade

os tecidos corporais do hospedeiro provocando a doença. A esterilização e a

desinfecção dos artigos interrompem e diminuem a proliferação destes

microrganismos, destruindo os germes encontrados nos objetos da assistência à

saúde, sendo um meio importantíssimo para a redução das infecções. (GUIMARÃES

et al.,2017)

De acordo com a Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (2008

apud LEAL; RIBEIRO; LIMA 2017), a desinfecção é um “processo físico ou químico

para reduzir o número de microrganismos (MO), sendo esse processo viável para a

diminuição do MO a um nível menos prejudicial. Este processo pode não destruir

esporos”. É importante salientar que a desinfecção é dividida em três níveis, ou seja,

a desinfecção de alto nível que destrói todas as bactérias vegetativas,

micobactérias, fungos, vírus e parte dos esporos; desinfecção de nível intermediário

destrói vírus, bactérias vegetativas, inclusive o bacilo da tuberculose, não destruindo

apenas os esporos bacterianos, e por último; a de baixo nível que é capaz de

eliminar todas as bactérias na forma vegetativa, apresenta ação relativa contra

fungos, não destruindo esporos, vírus não lipídicos e bacilo da tuberculose.

A desinfecção das almotolias e de diversos outros materiais usados no âmbito

hospitalar é de responsabilidade do profissional de enfermagem, sendo assim, o

profissional enfermeiro da unidade responsável pelo setor de desinfecção deve

realizar o treinamento da equipe de enfermagem, fazer o registro de todos os

treinamentos prestados e supervisionar: o uso; a troca semanal; a identificação clara

e em local visível, informando o nome do produto, data de abertura e nome do

profissional responsável pela abertura. (COREN/SP, 2010 apud COREN/SC, 2015)

As almotolias são amplamente utilizadas nos Estabelecimentos de

Assistência à Saúde (EAS), mas o seu reprocessamento ainda é pouco abordado,

porém esse tema constitui um assunto importante, pois a colonização das almotolias

2

Page 3: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

por MO torna os usuários dos serviços de saúde suscetíveis aos mais variados

processos infecciosos.

O interesse pelo assunto surgiu quando foi feita uma revisão de literatura

sobre a desinfecção das almotolias com uso de hipoclorito de sódio a 1% e

infecções relacionadas a estes vasilhames, percebe-se a escassez do assunto,

principalmente em artigos científicos. Trata-se de uma temática nova, pouco

abordada e muito relevante dentro dos serviços de saúde, já que as infecções são

indicadores de uma boa assistência no ambiente hospitalar. E houve, portanto,

grande curiosidade acerca do tema a ser pesquisado. A pesquisa pretende buscar

provas concretas da eficácia da desinfecção das almotolias com a utilização de

hipoclorito de sódio a 1%, no intuito de reduzir a contaminação e a infecção

relacionada à assistência de saúde (IRAS).

Busca-se, por meio do presente trabalho, elucidar a seguinte questão: A

desinfecção em almotolias por hipoclorito de sódio a 1% é eficaz? Diante do

questionamento, surge a hipótese que o nível de contaminação das almotolias seja

elevado, por permanecerem sete dias no setor de destino. Em virtude disso, pode

haver uma colonização, ocasionando infecção nos pacientes internados no âmbito

hospitalar.

O trabalho em questão teve como objetivo geral verificar presença de

microrganismos patogênicos em almotolias, após a desinfecção periódica de nível

intermediário e como objetivos específicos: identificar crescimento bacteriano;

identificar enterobactérias antes, durante a utilização das almotolias nos setores

hospitalares e após a desinfecção; e por fim, verificar qual produto envasado em

almotolia apresenta maiores índices de contaminação.

1 INFECÇÃO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA DE SAÚDE (IRAS)

Infecção relacionada à assistência de saúde refere-se a qualquer infecção

que se adquire na admissão do paciente, com o processo assistencial ou a

internação do mesmo, se agravando ou evoluindo para um isolamento por

patógenos. Esse termo inclui as infecções que são adquiridas no hospital e se

manifestam durante a internação ou mesmo após a alta. Também abrange as

infecções relacionadas a procedimentos realizados ambulatoriamente, durante

3

Page 4: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

cuidados domiciliares, e as infecções ocupacionais adquiridas pelos profissionais de

saúde. (GOMES et al., 2014)

É imperioso lembrar que além da infecção adquirida por qualquer

procedimento invasivo, ela pode se agravar por questões relacionadas à idade,

imunodeficiência e em virtude de longo período de internação, o que pode acarretar

diminuição da reação imunológica. Os procedimentos realizados em âmbito

hospitalar, como diagnóstico por biópsia, cauterização e aspiração de fluidos,

tendem a aumentar o risco de infecções nos pacientes, as mudanças da

temperatura ou da umidade do ar podem igualmente influenciar a ocorrência de

infecções. Para tratamento e prevenção das IRAS, se faz importante a adoção de

medidas preventivas, como: a utilização de equipamentos adequados, e a instituição

de ações relacionadas às precauções-padrão. Reduzindo o risco e agravamento de

doenças, garantindo assim a segurança e a melhoria da qualidade de vida tanto do

paciente quanto do profissional de saúde. E reduzindo as internações em quartos de

isolamento por quaisquer agentes patogênicos que possam levar o paciente à morte

no ambiente hospitalar. (AGUIAR; LIMA; SANTOS, 2008)

2 ENTEROBACTÉRIAS

As enterobactérias são da família de bacilos Gram-negativos, podendo ser

encontradas amplamente na natureza, a maioria habita os intestinos do homem e

dos animais, seja como membros da microbiota normal ou como agentes de

infecção, tendo como principais gêneros a Escherichia, Shigella, Salmonela,

Klebsiella, Proteus, Yersinia entre outros. (BROOKS, 2014)

Seibert et al., (2014) concluíram que a resistência bacteriana é um problema

frequente e importante no ambiente hospitalar, isso ocorre porque as bactérias têm

grande facilidade em se alterar geneticamente e adaptar-se a diversos ambientes. O

aumento da resistência a antibióticos tem aumentado a evolução das bactérias, de

modo a produzir mecanismos que lhes permitem resistir ao tratamento e apresentar

mutações constantemente. O aparecimento das enterobactérias está cada vez mais

frequente nos hospitais, representando um problema de saúde pública, já que essas

bactérias tem a capacidade de se acomodar e se alterar geneticamente, criando

uma multirresistência aos medicamentos, exigindo esforço multidisciplinar para

prevenção e controle, além de uma detecção laboratorial eficiente dos profissionais.

4

Page 5: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

As carbapenemases são enzimas produzidas por bactérias resistentes aos

antibióticos carbanepenêmicos. As enterobactérias se multiplicam e sofrem

mutações significativas de acordo com seu ambiente, facilitando o seu convívio e

sua sobrevivência no meio externo, tornando-se cada vez mais fortes e difíceis de

combater. A disseminação plasmidial explica o rápido desenvolvimento de surtos em

ambientes hospitalares e sua resistência aos antibióticos. (ALVEZ; BEHAR, 2013)

Observando que as infecções causadas por enterobactérias produtoras de

carbapenemases, tem uma resistência maior aos antibióticos em relação a outros

gêneros de bactérias, torna-se de suma importância conter a disseminação desses

microrganismos, sendo necessárias orientações sobre o uso correto dos antibióticos.

É importante ainda reconhecer o comportamento deste tipo de patógeno e sua

relevância clínica, através da avaliação dos fatores associados à colonização por

KPC e da análise de morbimortalidade dos pacientes colonizados e uma limpeza e

desinfecção eficiente nos hospitais. (BORGES et al., 2015)

3 ALMOTOLIAS

De acordo com o parecer técnico nº 25/2011 do Coren-MG, “as almotolias são

vasilhames que servem para depósito temporário de soluções utilizadas geralmente

em antissepsia de pele, como por exemplo, álcool 70%, soluções de iodo e outras”.

Por ser um item semicrítico, ou seja, há contato com pele e mucosas, deve-se fazer

a desinfecção semanalmente, após o término da solução. (COREN/SC,2015)

A desinfecção das almotolias em ambientes hospitalares é uma prática que

não está esclarecida na literatura, não havendo respaldo cientifico da prática, sendo

amplamente discutida nos serviços de saúde de forma empírica. Os profissionais do

Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde – SCIRAS são

responsáveis em escolher os produtos para limpeza e desinfecção do hospital,

superfícies e equipamentos da instituição, onde esses desinfetantes devem estar de

acordo com a ANVISA. (PAINA et al., 2015)

4 METODOLOGIA

O estudo experimental com abordagem qualitativa e quantitativa foi

desenvolvido em um Hospital de médio porte, localizado em um município da região

5

Page 6: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

centro-oeste paulista, com 80 leitos operantes de acordo com o Cadastro Nacional

de Estabelecimento de Saúde (CNES).

As coletas se deram no período matutino, das 08h00min às 11h00min durante

uma semana de 28/01/2019 à 01/02/2019. Sendo que todas as amostras, após

coletadas, eram levadas para incubação no laboratório de microbiologia do Centro

Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins-SP em horários alternados, onde o

mesmo possuía materiais e suporte para serem realizadas as análises. As coletas

das amostras de almotolias foram realizadas em seis setores hospitalar:

a) Pronto socorro;

b) UTI adulto;

c) UTI neonatal;

d) Maternidade;

e) Clinica Médica e

f) Central de Material de Esterilização – CME

As amostras foram coletadas de modo estéril com o auxílio do Swab estéril e

transportadas para a instituição em meio de transporte Stuart. A coleta se deu

através de fricção de forma circular na rosca das almotolias, assim as amostras

eram denominadas por numeração, setor, dia da coleta e produto envasado nas

almotolias.

Foram coletadas 100 amostras durante o período determinado nos diversos

setores pesquisados, as coletas se deram em dias consecutivos no período

matutino, durante uma semana.

Na tabela abaixo estão descritas as soluções envasadas em almotolias nas

quais foram realizadas as coletas e seus setores de origem.

Tabela 1 - Soluções envasadas encontradas nos setores.

Setores Clorex. Degermante

Clorex. Aquoso

Clorex. Álcoolico

Álcool 70%

Água Oxigenada

Vaselina Total

Pronto Socorro

4 2 1 0 2 2 11

UTI Neonatal 1 4 4 1 1 0 11

UTI Adulto 1 0 5 1 0 4 11

Maternidade 4 0 0 3 0 3 10

6

Page 7: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

Clinica Médica 2 1 2 0 0 6 11

CME 7 0 3 9 0 2 21

TOTAL 19 7 15 14 3 17 75Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.

De acordo com a Tabela 1 foram coletados 6 tipos de soluções envasadas em

almotolias, perfazendo um total de 75 amostras. Destas, amostras 54 almotolias

foram coletadas durante a assistência prestada ao paciente nos setores, e as outras

21 almotolias que restaram foram coletadas na CME. As almotolias coletadas neste

local pertenciam aos setores de origem e já estavam fora da validade ou a solução

envasada já havia acabado, contudo, as amostras destas almotolias foram coletadas

antes do processo de desinfecção. Em seguida, após o processo de desinfecção

foram selecionadas aleatoriamente, outras 25 amostras, formando um total de 100

amostras.

Posteriormente, as amostras foram levadas para refrigeração a temperatura

de 12º C até seu processamento no laboratório de Microbiologia do Centro

Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins, Lins/SP. As amostras foram

analisadas após seis horas de sua coleta.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos resultados encontrados houve um crescimento significativo de

enterobactérias, já que mais da metade das amostras estavam contaminadas por

Coliformes, Salmonella e Shigella, em todos os setores as amostras foram coletadas

de modo estéril e aleatória. Segue abaixo os quadros de caráter qualitativo e

quantitativo.

Quadro 1- Setor Pronto Socorro.

Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável

28/01/2019 2 Coliforme Crescimento

29/01/2019 2 - Estável

30/01/2019 2 Coliforme Crescimento

31/01/2019 2 Salmonela/Shigella Crescimento

01/02/2019 3 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento

7

Page 8: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.

Quadro 2 - Setor UTI Adulto

Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável

28/01/2019 2 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento

29/01/2019 2 - Estável

30/01/2019 2 Coliforme Crescimento

31/01/2019 2 - Estável

01/02/2019 2

1

Salmonela/Shigella

Coliforme/Salmonela/Shigella

Crescimento

Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.

Quadro 3 - Setor UTI Neonatal.

Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável

28/01/2019 2 - Estável

29/01/2019 2 Salmonela/Shigella Crescimento

30/01/2019 2 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento

31/01/2019 2 Salmonela/Shigella Crescimento

01/02/2019 3 Salmonela/Shigella Crescimento

Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.

Quadro 4 - Setor Maternidade

Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável

28/01/2019 2 Coliforme Crescimento

29/01/2019 2 - Estável

30/01/2019 2 Coliforme Crescimento

31/01/2019 2 Salmonela/Shigella Crescimento

01/02/2019 2 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento

Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.

Quadro 5 - Clinica Médica.

Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável

28/01/2019 1

1

Coliforme

-

Crescimento

Estável

29/01/2019 2 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento

30/01/2019 2 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento

31/01/2019 2 Salmonela/Shigella Crescimento

01/02/2019 3 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento

8

Page 9: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.

Quadro 6 - Setor Central de Material de Esterilização – Antes da desinfecção.

Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável

31/01/2019 18 Coliforme/Salmonela/Shigela Crescimento

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.

Quadro 7 - Setor Central de Material de Esterilização – Depois da desinfecção.

Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável

30/01/2019 25 - Estável

Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.

De acordo com os quadros acima houve o crescimento de enterobacteriaceae

em 61 de 100 amostras analisadas durante a pesquisa, o setor onde a

contaminação das almotolias ficou mais evidente foi a Clínica Médica, pois houve

crescimento de MO em 10 de 11 amostras. Nas coletas realizadas na UTI Neonatal

e Pronto Socorro observou-se crescimento de enterobactérias em 9/11 amostras;

maternidade com 8/10 amostras e por último a UTI adulto com 7/11 amostras.

Na CME, antes da desinfecção, foram coletadas e analisadas 21 amostras,

sendo que 18 apresentavam contaminação por enterobactérias, porém observou-se

que após a desinfecção das almotolias não houve nenhum crescimento microbiano.

Dentre as 61 amostras coletadas em 50 foram encontradas Salmonella/Shigella e 46

Coliformes.

Como resultado dos testes da pesquisa foi encontrada a bactéria na parte

rosquiavel das almotolias, assim, é possível supor que as soluções, bem como as

almotolias, são uma fonte de colonização de microrganismos, que podem agravar o

estado de saúde do enfermo ou o risco de infecção através da infecção cruzada.

Abebe et al., (2018) afirma que a doença diarreica é a segunda principal

causa de morte entre crianças menores de 5 anos, sendo responsável em matar

mais de 525.000 crianças por ano em países subdesenvolvidos, já que nesses

países o saneamento básico, estado nutricional, higienização são deficientes, onde

os principais agentes etiológicos que causam a morte por diarreia são os Rotavirus,

Salmonella e a Shigella.

9

Page 10: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

A contaminação por coliformes, não é necessariamente um indicador de

patógenos e sim um indicador de condições sanitárias insatisfatórias, técnicas

inadequadas de manipulação, falhas durante o processo de higienização e

desinfecção de equipamentos e materiais. (LIMA et al., 2005)

Na pesquisa as 25 amostras coletadas e analisadas após a desinfecção não

houve crescimento bacteriológico, comprovando que a ação microbicida do

hipoclorito de sódio 1% é eficaz, porém não há durabilidade de sete dias,

constatando um meio de colonização de bactérias, causando riscos ao paciente e

prejuízos a instituição.

De acordo com Pereira (2015) mesmo se o hipoclorito de sódio 1% for eficaz

na desinfecção, existem dificuldades a serem enfrentadas como a manipulação dos

equipamentos pelos profissionais e a resistência dos microrganismos ao

desinfetante, já que a ação antimicrobiana de todos desinfetantes, inclusive do

hipoclorito está ligada à concentração e ao tempo, onde muitas vezes a desinfecção

não é eficaz e não tem a durabilidade esperada.

É possível avaliar várias falhas nos setores como a falta de lavagem das

mãos dos profissionais, após procedimentos, o uso inadequado das almotolias, já

que os profissionais desrosqueavam o objeto, no intuito de avolumar a quantidade

das soluções, a falta de atenção ao vencimento das almotolias, pois foram

encontrados vasilhames vencidos há mais de 5 dias, observou-se profissionais de

enfermagem preenchendo as almotolias sem a desinfecção indicada, já que por ser

um item semicrítico, deve-se fazer a desinfecção semanalmente, após o término da

solução, no casos das soluções acabarem antes do sétimo dia e quando a almotolia

estiver sem data de validade.

Cataneo et al., (2011 apud ALMEIDA et al., 2018, p.03) descrevem que “o

paciente que desenvolver infecção hospitalar, independentemente da fonte ou

motivo, elevará seu tempo de permanência internado”, causando gastos ao hospital

com medicamentos, materiais, equipamentos, que poderiam ser evitados

institucionalizando atos simples como a lavagem das mãos.

Nakashima (2017, p.03) descreve que “o ambiente hospitalar é fonte

reservatória de microrganismos capazes de se disseminar principalmente pelas

mãos dos profissionais da saúde ou por fômites”. As almotolias são manipuladas por

vários profissionais, sendo utilizadas em diversos procedimentos, o uso inadequado

da manipulação do objeto e a negligência dos profissionais com a falta de lavagem

10

Page 11: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

das mãos, acarretam o aumento dos casos de infecções associadas aos cuidados à

saúde, reforçando a importância de lavar as mãos para a diminuição das infecções

cruzadas no ambiente hospitalar.

A vaselina foi a solução envasada que mais apresentou contaminação por

enterobactérias, sendo que de 17 amostras 14 apontaram a presença do MO.

Acredita-se que esse fenômeno esteja relacionado às características da solução

pois a vaselina não tem função antisséptica, por ser uma solução oleosa, acredita-se

que a probabilidade é maior de adesão de sujidades quando comparado a soluções

antissépticas como o álcool, clorexidina alcoólico, clorexidina aquoso, entre outros.

Por outro lado, por ser muito utilizado em curativos e hidratação da pele, pode haver

contaminação o vasilhame, o que constitui infecção cruzada indireta.

Com os resultados encontrados percebe-se que é necessário instituir,

efetivamente precauções para manipulação das almotolias, no intuito de aumentar a

durabilidade da ação microbicida do desinfetante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Logo após o término da pesquisa em um hospital do interior do estado de São

Paulo, observou-se que a desinfecção por ação do hipoclorito de sódio a 1% é

eficaz. Porém acredita-se que houve falhas como a ineficiência na higienização das

mãos dos profissionais, antes de tocar nas almotolias ou após os procedimentos; o

uso inadequado desse tipo de artigo, já que os profissionais “desrosqueavam” o

objeto, no intuito de avolumar a quantidade das soluções; a falta de atenção ao

vencimento das almotolias, pois foram encontrados vasilhames vencidos há mais de

5 dias nos setores pesquisados e foi observado que profissionais de enfermagem

envasam soluções no setor a fim de completar o conteúdo que foi utilizado.

Durante o estudo ficou evidente a falha na utilização das almotolias pelos

profissionais, já que essas atitudes contribuem para a contaminação dos vasilhames

reduzindo a eficácia da desinfecção quando utilizado hipoclorito de sódio a 1%.

A literatura acerca da temática é escassa, embora o hipoclorito seja utilizado

amplamente nas EAS o tema é pouco abordado pela comunidade científica em

geral. Acredita-se que isso ocorra em decorrência das dificuldades que os hospitais

apresentam em realizar seus testes microbiológicos e também em virtude de

algumas EAS, substituírem as almotolias reprocessáveis por frascos de solução

11

Page 12: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

para uso individual em pacientes, portanto não foi possível correlacionar os dados

encontrados na presente pesquisa com outros encontrados em estudos correlatos.

Diante dos resultados encontrados no presente estudo, foi possível responder

a problemática levantada aventada na etapa inicial da pesquisa pois observou-se

que a desinfecção por hipoclorito de sódio a 1% foi eficaz, porém a durabilidade do

processo não atingiu os 7 dias consecutivos preconizados.

Há a necessidade de implantação de atividades educacionais relacionadas às

precauções padrão, bem como o desenvolvimento de boas práticas no atendimento

ao público interno e externo das EAS.

REFERÊNCIAS

ABEBE, Wondwossen et al. Prevalence and antibiotic susceptibility patterns of Shigella and Salmonella among children aged below five years with Diarrhoea attending Nigist Eleni Mohammed memorial hospital, South Ethiopia. BMC Pediatrics. Ethiopia, v.18, n.241, p. 1-6. 2018. Disponível em: https://bmcpediatr .biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/s12887-018-1221-9. Acesso em: 20 Abr. 2019.

AGUIAR, Daniele Fernandes de; LIMA, Aline Bárbara Garcia; SANTOS, Rita Batista. Uso das precauções-padrão na assistência de enfermagem: um estudo retrospectivo. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, v. 12, n.3, p.571/575. Setembro, 2008, Disponível em http://www.redalyc.org/pdf/1277 /127 715320027.pdf. Acesso em: 22 de outubro de 2018.

ALMEIDA, Wagner Bechorner et al. Infecção hospitalar: controle e disseminação nas mãos dos profissionais de saúde de uma Unidade de Terapia Intensiva. REAS/EJCH. V.11, n.2, p. 01-07, 2018. Disponível em: https://acervomais.com.br/in dex.php/saude/article/view/130/93. Acesso em: 19 Abr.2019

ALVES, Anelise Pezzi; BEHAR, Paulo Renato Petersen. Infecções hospitalares por enterobactérias produtoras de Kpc em um hospital terciário do sul do Brasil. Revista da AMRIGS. Porto Alegre. V.57 n.3, p 213-218, jul.-set. 2013. Disponível em:<http://www.amrigs.org.br/revista/57-03/1226.pdf>. Acesso em: 25 Out. 2018.

BORGES, Flávia Kessler et al. Perfil dos pacientes colonizados por enterobactérias produtoras de KPC em hospital terciário de Porto Alegre, Brasil. ClinBiomed Res. Porto Alegre. V.35, n.1, p 20-26. 2015. Disponível em: http://doi.editoracubo.com.br/ 10.4322/2357-9730.51134. Acesso em: 04 Outubro. 2018.

BROOKS, Geo. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. Porto Alegre: AMGH,2014.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA – COREN/SC. Resposta técnica COREN/SC n° 45/CT/2015/RT. Florianópolis-SC, 2015.

12

Page 13: CANAIS DE MARKETING - SALESIANO Lins · Web viewTrata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos

Disponível em: http://transparencia.corensc.gov.br/wp-content/uploads/2016/05/RT-045-2105-Uso-limpeza-e-desinfec%C3%A7%C3%A3o- de-almotolias-para - %C3%A1lcool-l%C3% ADquido-e-outros-produtos-qu %C3% ADmicos-fracionados- utilizados-em-estabelecimentos-de-sa %C3%BAde.pdf >. Acesso em: 17 Dez. 2018.

GOMES, Andreza Cristina et al. Caracterização das infecções relacionadas a assistência à saúde em Unidade de Terapia Intensiva. Revista de Enfermagem UFPE. Recife. V.8, n.6, p.1577-1585. Junho 2014. Disponível em: https://periodicos. ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/9848/10059>. Acesso em: 07 Março. 2018.

GUIMARÃES, Maria Aparecida et al. Processamento de Artigos para a Saúde: Boas Práticas como Garantia de Qualidade. Processamento de artigos para a saúde. Minas Gerais, p.61-67, 2017. Disponível em: http://200.229.32.55/index.php/enferm agemrevista/article/viewFile/15417/11796. Acesso em: 20 Abr.2019.

LEAL, Gabriele de Andrade; RIBEIRO, Joathan Borges; LIMA, Edson Paulo Santos. A higienização hospitalar: uma solução paliativa. Ciências Biológicas e de Saúde Unit. Aracaju. v. 4, n. 2, p. 61-70, Out. 2017. Disponível em: https://periodicos.set.ed u.br/index.php/cadernobiologicas/article/view/4133/2508. Acesso em: 28 Abr.2019.

LIMA, Ana Raquel da Costa et al. Avaliação microbiológica de dietas enterais manipuladas em um hospital. Acta Cirúrgica Brasileira. Rio Grande do Norte. V. 20, p. 27-30, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/acb/v20s1/25564.p df. Acesso em: 20 Abr.2019.

NAKASHIMA, Karina Martins Nogueira Napoles et al. Medidas de controle para disseminação de bactérias multirresistentes em hospital geral de Fortaleza, CE, Brasil - Limpeza e desinfecção dos equipamentos médicos hospitalares. ABIH, Fortaleza, v.6,n.4. p. 01-14, Nov. 2017. Disponível em: file:///C:/Users/lab.LABC4M3/ Downloads/192-923-1-PB.pdf. Acesso em: 22 Abr.2019.

PAINA, Thamires de Araújo et al. Conhecimento de auxiliares de higienização sobre limpeza e desinfecção relacionados à infecção hospitalar. Revista de Enfermagem da UFSM. Santa Maria. n. 1, p. 121-130, Jan/Marc. 2015. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/12132/pdf. Acesso em: 11 Dezembro 2018

PEREIRA, Milca Severino et al. A infecção hospitalar e suas implicações para o cuidar da enfermagem. Revista Redalyc. Goiás. V.14, n.2, p 250-257. Abr-Jun.2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v14n2/a13v14n2.pdf. Acesso em 03 Outubro. 2018.

SEIBERT,Gabriela et al. Infecções hospitalares por enterobactérias produtoras de Klebsiellapneumoniaecarbapenemase em um hospital escola. Rev.Einstein. São Paulo. V.12, n.2, p 282-286. Junho. 2014. Disponível em: http://apps.einstein .br/revista/arquivos/PDF/3131-282-286_port.pdf>. Acesso em 04 Outubro. 2018.

13