canabidiol final

Upload: leandro-ramos

Post on 06-Mar-2016

214 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

O presente trabalho visa discorrer sobre a Cannabis sativa, que é uma planta participa do convívio social em muitos países. Veremos que há países que permitem, de acordo com suas leis, o uso da Cannabis e, especificamente, no Brasil há proscrições que excluem o uso, comércio e utilização dessa planta. Também, apresentaremos apontamentos que evidenciam o lado nocivo da cannabis. Não se trata aqui de sustentar uma apologia a Cannabis, nosso propósito é apresentar, mesmo se tratando de uma planta marginalizada por muitos, que a ciência utiliza de seus métodos e desenvolve pesquisas que permitem contribuir para solução de problemas de saúde na sociedade

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRASDED DEPARTAMENTO DE EDUCAODISCIPLINA CINCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE - CTSPROFESSORA MARIA DA GLRIA

APONTAMNETOS SOBRE UMA PLANTA CHAMADA CANNABIS

LAVRAS, 30 DE SETEMBRO DE 2014.

O presente trabalho visa discorrer sobre a Cannabis sativa, que uma planta participa do convvio social em muitos pases. Veremos que h pases que permitem, de acordo com suas leis, o uso da Cannabis e, especificamente, no Brasil h proscries que excluem o uso, comrcio e utilizao dessa planta. Tambm, apresentaremos apontamentos que evidenciam o lado nocivo da cannabis. No se trata aqui de sustentar uma apologia a Cannabis, nosso propsito apresentar, mesmo se tratando de uma planta marginalizada por muitos, que a cincia utiliza de seus mtodos e desenvolve pesquisas que permitem contribuir para soluo de problemas de sade na sociedade. A Cannabis sativa(nome cientfico da maconha) uma planta que h milnios participa do convvio da humanidade. Embora existam diversos estudos que aborde sobre cannabis, o assunto ainda hoje gera polmica, divide opinies e se estabelece como um tabu em diversas sociedades. Em alguns pases o uso maconha, como popularmente conhecida, liberado tanto para fins recreativos quanto para uso teraputico, com prescrio mdica. A saber, pases como Estados Unidos, Holanda, Portugal, Espanha e Canad tm cada qual uma legislao especfica que regulamenta o uso da maconha. Em Israel o uso da maconha proibido, mas o Ministrio da Sade permite o uso teraputico da planta desde 1993. Assim, o pas utiliza a erva para tratar pessoas acometidas por doenas como cncer, Parkinson, esclerose mltipla, doena de Crohn e transtorno de estresse ps-traumtico.No Brasil o uso da maconha ilegal. E, ainda que se cogite ou esteja tramitando leis que assegurem o cultivo e o uso para fins medicinais e cientficos, no h no pas regulamentao que garanta o uso medicinal da planta. No h, portanto, regras bem estabelecidas que definam sob que condies o uso da maconha pode ser manipulado. De acordo com a lei 11.343/2006, o traficante - aquele que produz, fabrica, transporta, importa ou vende drogas ilcitas -, est sujeito a pena de 5 a 15 anos de priso. Quanto quele que for preso com quantidade da droga suficiente apenas para consumo pessoal ou que mantm pequena plantao para produzir droga em casa o usurio pode estabelecer sua pena por advertncia, prestao de servios comunitrios ou comparecimento a programa de medida educativa. A lei brasileira no estabelece limite sobre a quantidade de droga a partir da qual um caso se classifique como trfico. Portanto, cabe ao juiz, com base na quantidade da droga apreendida, nas circunstncias da apreenso, nos antecedentes criminais do acusado e no contexto social no qual ele se encontra decidir se se trata de um usurio ou traficante. No senado brasileiro as discusses tambm so bastantes polmicas. H partidrios que propem projetos e idias que visam o investimento em pesquisas para fins medicinais da planta. A Comisso de Direitos Humanos e Legislao Participativa (CDH) realizou em Agosto do ano vigente mais um debate sobre a regulamentao do uso recreativo, medicinal ou industrial da maconha desta vez sob a tica da cincia e da sade pblica. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), relator da sugesto popular para a regulamentao informou que deve separar a discusso em duas frentes: o uso recreativo e o medicinal. Por outro lado, h tambm os que defendem a legalizao da maconha ou a descriminalizao da maconha como alternativa de combate ao trfico de drogas, reduo de violncia e situar a questo do vcio no mbito da sade pblica. O deputado Jean Willy defende na Cmara um projeto de lei que legaliza a produo e venda da maconha. Segundo o deputado: "A regulao que este projeto de lei prope no 'libera a maconha', que j livre, mas estabelece regras para sua produo e comercializao baseadas em critrios tcnicos e cientficos, bem como nas experincias de polticas pblicas que foram bem sucedidas em outros pases. E seu efeito no ser o aumento ou a reduo da quantidade de usurios ou de comerciantes"Recentemente, a justia brasileira concedeu uma liminar a uma paciente que permitia a importao e utilizao de um medicamento derivado da maconha. Trata-se do Canabidiol (CBD), que uma substncia extrada da maconha. Medicamentos que no possuem registros no Brasil e necessitem ser importados esto sujeitos a um controle especial, sendo possvel a uma pessoa fsica solicitar um pedido excepcional de importao para uso pessoal. Para tanto, esse pedido formal deve ser acompanhado por uma prescrio mdica, laudo mdico e o termo de responsabilidade assinado pelo mdico e paciente para que a ANVISA analise a possibilidade de autorizar a aquisio do medicamento solicitado. Isso porque medicamentos importados e sem registro no Brasil no atestam a eficcia e segurana de dados registrados na ANVISA, necessitando de um pedido de excepcionalidade. Cabe assim, ao mdico, a responsabilidade pelo uso do produto no que diz respeiot a dosagem, forma de uso e tempo de uso.A maconha uma planta que possui diversas substncias e o CBD (carnabidiol) uma das mais de 60 substncias ativas na plana. O CBD uma substncia que no possui efeito psicotrpico, ou seja, no causa alucinaes ou, no linguajar dos usurios, no d barato, causa apenas sono. Cumpre destacar que a maconha composta por dois ingredientes principais: o TCH (tetrahidrocanabinol), composto psicoativo que causa alucinaes e euforia e CBD (canabidiol), que no provoca alteraes da percepo. Os cientistas acreditam que o CBD pode modular as atividades eltricas e qumicas do crebro, permitindo acalmar o excesso de atividade no crebro. Assim, separando o TCH do CBD descobriu-se que o CBD pode parar as convulses e ser utilizado no tratamento de doenas, a saber, cncer, parkinson. Por meio da tcnica de cristalizao, utilizada na indstria qumica, por exemplo, possvel extrair o CBD, separando-o do TCH. Essa tcnica um processo de separao de misturas cujas substncias misturadas so slidas. Assim, este mtodo se baseia na diferena de solubilidade, onde duas ou mais substncias que so dissolvidas em um solvente sofrero cristalizao na soluo, precipitando-se em diferentes velocidades. A cristalizao pode ser induzida por mudana na concentrao, temperatura, etc. A tcnica de cristalizao utilizada para se obter substncias slidas puras, por exemplo, nas salinas para obteno de sais a partir de gua do mar. A substncia tem sido usada como remdio em parte dos Estados Unidos e Israel, entre outros pases.Anny Fischer, de cinco anos, foi a brasileira que obteve permisso da justia para utilizar o CBD. Anny sofre de uma doena chamada CDKL5, que uma desordem gentica rara. Essa doena atinge apenas centenas de crianas no mundo e se caracteriza, principalmente, pelo aparecimento de convulses, causando alteraes no desenvolvimento neurolgico. As crianas portadoras dessa doena no conseguem andar, falar ou se alimentar. Anny, desde os primeiros meses de vida, tinha cerca de 30 a 80 convulses por semana e o uso de anticonvulsivantes no trazia resultados positivos Anny chegou a fazer uso de oito simultaneamente. Os pais de Anny, Katiele eNorberto, inconformados com situao da filha foram buscar alternativas que contribusse para a doena de sua filha encontraram o CBD. No entanto, a extrao do componente no produzido e nem comercializado no Brasil, ilegal. Os pais de Anny, contrrios s leis vigentes em nosso pas, traficaram o composto. Com a ajuda de amigos eles trouxeram dos Estados Unidos um extrato com 20% de Canabidiol em formato de pasta. Naquele pas, o composto considerado seguro pelo FDA (rgo que regula a comercializaode remdios no pas), pois comercializado como suplemento alimentar j que no passou por testes clnicos que assegurem suas propriedades medicinais. A me de Anny aprendeu a utilizar o produto atravs de um pai americano na rede social, Facebook, que descrevia a experincia de sua filha com o CBD. Os resultados foram satisfatrios, Anny reduziu o nmero de convulses e em um ms teve apenas cerca de duas crises convulsivas.Para o psiquiatra e neurocientista Jos Alexandre Crippa, que pesquisa o tema e acompanhou o caso de Anny, essa substncia possui diversas propriedades benficas comprovadas no tratamento de esquizofrenia, Parkinson, fobia social, transtorno do sono, diabetes tipo 2 e mesmo na cura da dependncia de drogas.O primeiro estudo brasileiro com o Canabidiol foi realizado entre as dcadas de 1970 e 1980 e comprovou o seu efeito anticonvulsivante, explica. Ele ressalta que h casos em que o CBD possui os mesmos efeitos que medicamentos controlados, porm se sobressai por no causar sedao nem vcio. Os efeitos nocivosdo CBD so poucos e raramente descritos. Isso abre um leque gigantesco para o uso clnico.Maconha e demncia precoceValentin Gentil Filho, psiquiatra, Ph. D. em psicofarmacologia pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade de Londres, livre-docente e professor titular de psiquiatria na FMUSP, publicou, recentemente, na prestigiada revista Scientific American, um amplo artigo sobre os malefcios psquicos associados ao consumo da cannabis. Nesta ltima parte do trabalho, ns tentaremos apresentar sumariamente os principais resultados colhidos por ele. Gentil Filho taxativo: estudos comprovam que a maconha (e outras preparaes da cannabis), rica em delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC), prejudicial ao funcionamento cerebral, reduzindo, pois, a atividade da memria, o aprendizado e a inteligncia, bem como agravando, em grande medida, transtornos mentais preexistentes. E mais: a maconha perturba (ou obstrui) gravemente o amadurecimento da personalidade como um todo, a integrao das experincias emocionais e, principalmente, atuam como componente causal em psicoses. Aps passar em revista alguns dados bibliogrficos a respeito do tema, dados que remontam ao sculo XIX, Gentil Filho prossegue o artigo asseverando que, hoje em dia, quase ningum mais duvida de que o uso de preparaes da cannabis endossa efeitos devastadores no crebro, principalmente relacionados esquizofrenia. A estatstica que ele apresenta alarmante. Leiamos:Em 1987 foi publicada a primeira de uma srie de avaliaes peridicas de um contingente de 50 mil suecos, acompanhados sistematicamente desde seu alistamento militar em 1969-70, quando tinham 18 anos de idade. Os jovens que poca haviam usado cannabis 50 vezes ou mais, tiveram mais risco de internao de surto esquizofrnico na reavaliao, aps 15 anos, se comparados a recrutas que no faziam uso da droga por ocasio do alistamento.Desvalorizada durante muitos anos, por detalhes metodolgicos, mas em especial por contrariar a viso predominante de que a maconha s produziria efeitos nocivos em pessoas j doentes ou muito vulnerveis, tal pesquisa voltou, em 2002, a ocupar um lugar de destaque. O British Medical Journal publicou a avaliao dos 27 anos de acompanhamento dos 50 mil suecos em questo, com um risco 3,1 vezes maior de psicose aps o uso frequente de cannabis na adolescncia. Neste mesmo ano, 2002, outros trs estudos constataram taxas semelhantes em 4 mil jovens da Holanda (2,8 vezes), 9.700 de Israel (duas vezes) e 1.034 jovens acompanhados desde o seu nascimento, em Dunedin, na Nova Zelndia (risco 3,1 vezes maior em usurios frequentes). Os riscos no param por a: durante o ano de 2011, uma reviso de incidncia de esquizofrenia em dez estudos na populao geral de oito pases Sucia, Israel, Alemanha, Estados Unidos, Gr-Bretanha, Grcia, Holanda e Nova Zelndia indicou risco relativo de 1,5 a 4,3 vezes maior nos usurios de cannabis, que em no usurios. Ainda em 2011, a reavaliao aps 35 anos dos 50 mil recrutas suecos, com novas tcnicas de controle, resultou em estimativas de risco 3,7 vezes maior para esquizofrenia, 2,2 vezes para psicose breve e duas vezes para outras psicoses no afetivas nos que haviam fumado 50 vezes ou mais aos 18 anos (em 1969-70). O artigo, rico em detalhes, prossegue elencando mais dados estatsticos. Tendo em vista nosso objetivo primrio, a saber, o de oferecer uma amostra de que o uso da cannabis produz efeitos nocivos aos usurios, amostra pautada, bom que se diga, por padres e pesquisas cientificamente fundadas, parece-nos que o resumo acima basta. Ao contrrio do aparente consenso advindo dos diversos mbitos das polticas pblicas (projetos de lei visando liberalizao e a discriminao da maconha etc.), Gentil Filho no parcimonioso: com respeito ao uso da cannabis, a cincia, de fato, tem muito a contribuir, ainda que seja, como podemos ver, negativamente.Contudo, podemos ver que a maconha apesar de ser nociva ao organismo humano pode, na ausncia do TCH da planta, ser propcia em tratamentos teraputicos. A cincia com seus mtodos e tecnologias deve empreender mais pesquisas, dentro de um registro tico, para que o uso da planta seja desmistificado e visto como coadjuvante em diversas enfermidades. Pautada na tica, a prpria cincia aponta para os riscos quando se faz uso recreativo da cannabis, ficando a cargo dos pases/ governantes solucionar as questes morais que a cannabis trs consigo.

Referncias:PORTAL G1, Veja como a legislao relativa maconha em outros pases. So Paulo, 10/12/2013. Disponvel em Acesso em: 26/09/2014. NRI, Felipe. Portal G1, Jean Wyllys prope legalizao da produo e venda de maconha.. Braslia 21/03/2014. Disponvel em:< http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/03/jean-wyllys-propoe-legalizacao-da-producao-e-venda-de-maconha.html> Acesso em: 26/06/2014.

USP ONLINE. Sade, Estudo comprova efeito do canabidiol em tratamento para ansiedade. 05/07/2014. Disponvel em: < http://www5.usp.br/44282/estudo-comprova-efeito-do-canabidiol-em-tratamento-para-ansiedade/>. Acesso em: 26/09/2014.NISTAL, Tarima. Cannabis: Esperana contra convulses . Disponvel em: Acesso em: 26/06/2014.BAPTISTA, Rodrigo. Senado Notcias, Especialistas defendem uso medicinal da maconha, 25/08/2014. Disponvel em: Acesso em: 26/09/2014.ANVISA. Anvisa autorizou 37 pedidos de importao do Canabidiol , 14/08/2014. Disponvel em < http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/sala+de+imprensa/menu+-+noticias+anos/2014+noticias/anvisa+autorizou+37+pedidos+de+importacao+do+canabidiol> Acesso em: 26/09/2014. PORTAL LABORATRIO VIRTUAL DE PROCESSOS QUMICOS. Cristalizao, 30/09/2014. Disponvel em: Acesso em : 30/09/2014.Maconha e demncia precoce. Velentim Gentil Filho. Scientific American Brasil, setembro de 2014, Ed. 148.