campode que é que mais gosta no bairro? do jardim da parada, da vida de bairro, onde pes-soas mais...

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CAMPO DE OURIQUE Boletim Informativo da Junta de Freguesia N.º 10 | JAN. A JUN. 2019 | Distribuição Gratuita DESPORTO Ginásio Clube Português 11 pág. www.jf-campodeourique.pt DOSSIÊ 140 anos do projeto urbanístico do bairro de Campo de Ourique 26 pág. DOSSIÊ Educação pág. 6 DESTAQUE Campo de Ourique inaugura PECCO pág. 10 ESPECIAL JF de Campo de Ourique com mais competências pág. 16 ENTREVISTAS Padre Luís Almeida pág. 8 Lomar pág. 22 Chocolate & Gengibre pág. 23 Sempre quis morar em Campo de Ourique ENTREVISTA A AFONSO REIS CABRAL 4 pág. CULTURA Gil Teixeira Lopes e Os Lusíadas 18 pág.

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CAMPODE OURIQUE

Boletim Informativo da Junta de FreguesiaN.º 10 | JAN. A JUN. 2019 | Distribuição Gratuita

DESPORTOGinásio Clube Português 11pág.

www.jf-campodeourique.pt

DOSSIÊ140 anos do projeto urbanístico do bairro de Campo de Ourique 26pág.

DOSSIÊ Educação pág. 6

DESTAQUE Campo de Ouriqueinaugura PECCO pág. 10

ESPECIAL JF de Campo de Ourique com mais competências pág. 16

ENTREVISTAS Padre Luís Almeida pág. 8Lomar pág. 22Chocolate & Gengibre pág. 23

Sempre quis morar em Campo de Ourique

ENTREVISTA A

AFONSO REIS CABRAL 4pág.

CULTURAGil Teixeira Lopes e Os Lusíadas 18pág.

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Educação

Notícias

ContactosÚteis

Órgãos da Freguesia

Agrupamento de Escolas Manuel da Maia 213 928 870

Ajuda de Mãe 213 827 850

Assembleia Municipal de Lisboa 218 170 401

Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique 213 841 880

Câmara Municipal de Lisboa 217 988 000

Casa Fernando Pessoa 213 913 270

Centro de Atendimento ao Munícipe 808 203 232

Centro de Saúde de Santo Condestável 213 913 220

Correios 213 920 860

EDP (faltas de energia, avarias) 800 506 506

EMEL 217 803 100

EPAL (Linha de atendimento a clientes) 213 221 111

Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa 211 148 900

Escola Josefa de Óbidos 213 929 000

Escola Rainha Santa Isabel 213 955 414

Escola secundária Pedro Nunes 213 940 090

GEBALIS 217 511 000

Hospital São Francisco Xavier 210 431 000

Igreja de Santa Isabel 213 933 070

Mercado de Campo de Ourique 211 323 701

Parque Estacionamento Campo de Ourique 213 915 120

Polícia Municipal 217 825 200

Posto da Cruz Branca 213 869 366

Posto de Saúde da Misericórdia da Qta. Loureiro 213 600 611

Proteção Civil 217 224 300

P.S.P. – 22ª Esquadra – Rato 213 858 870

P.S.P. – 24ª Esquadra 213 619 624

Regimento Sapadores de Bombeiros 218 171 470

Piscina Municipal de Campo de Ourique 213 869 541

Porta-a-Porta 213 931 300

Posto de Limpeza 211 201 184

Recolha de “monstros” CML 808 203 232

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa 213 235 000

Sub-Delegação de Saúde do Santo Condestável 213 913 220

Táxis Jardim Teófilo Braga (Jardim da Parada) 213 903 060

MESA DA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA

SUSANA MARGARIDA DOS SANTOS RAMOSPresidente (PS)

JOÃO MANUEL REVERENDO DA SILVA 1º Secretário (PS)

BÁRBARA MARIA GRANÉS GONÇALVES BÄCKSTRÖM2ª Secretária (ind. eleita na lista do PS)

BANCADA DO PSRui Jorge Rebeca Brito da MataFilipe de Castro Torres Hasse FerreiraAna Luísa Cardoso Marques Teixeira LoureiroJosé Luís de Lemos de Sousa AlbuquerqueMaria Inês Ferreira Alfaiate Pereira

BANCADA DO PSDAna Cristina Silva F. de Almeida Lobo AntunesMafalda Ascensão CambetaJoão Pedro Teixeira LagoasMaria João de Campos Amaral

BANCADA DO CDSPaula Alexandra Gonçalves de Oliveira GuimarãesFrancisco Maria Bilhota Guerra Neto de CarvalhoAntónio Maria Sarzedas Belmar da Costa

BANCADA DA CDUEduardo Alberto Ribeiro TavaresMarta Lima e Silva Corado

BANCADA DO BEJoana Rita Cadete PiresJoão Vasco Cruzeiro Oliveira Barata

INFORMAÇÕES ÚTEIS

EXECUTIVO

PEDRO MIGUEL SOUSA BARROCAS MARTINHO CEGONHO (PS)Presidente da Junta em exercício de funções a tempo inteiroPelouros: Coordenação-Geral, Gestão dos Serviços e Coordenação Administrativo-financeira, Direção da Revista “Campo de Ourique”, Relações Institucionais, Proteção Civil, Segurança Pública e Licenciamento.

PEDRO MIGUEL TADEU COSTA (PS)Vogal da Junta de FreguesiaPelouros: Higiene Urbana, Inovação, Empreendedorismo e Economia Local, Sistemas de Comunicação e Desporto.

JAIME CORREIA DA SILVA MATOS (PS)Substituto legal do Presidente da JuntaPelouros: Espaço e Equipamentos Públicos e Espaços Verdes.

MARIA TERESA DA FONSECA M. CUNHA ALBUQUERQUE VAZ (PS) Secretária da Junta de FreguesiaPelouros: Educação.

VANESSA NUNES LOURENÇO FERREIRA (Ind. eleita na lista do PS)Vogal da Junta de FreguesiaPelouros: Ação Social, Juventude, CPCJ, Fundo Emergência Social e Fundo Social de Freguesia, Universidade Sénior, “Ludobiblioteca” e Valorização Pessoal.

PATRÍCIA SOFIA MEIRELES AIRES SAMPAIO LOURENÇO (PS)Tesoureira da Junta de FreguesiaPelouros: Vogal adjunta do Presidente para a Gestão dos Serviços e Coordenação Administrativo-financeira e Licenciamento.

NUNO MANOEL F. COSTA FIGUEIRA (Ind. eleito na lista da CDU)Vogal da Junta de FreguesiaPelouros: Cultura, Subdireção da Revista “Campo de Ourique”, Biblioteca/Espaço Cultural Cinema Europa, Coletividades Culturais.

MORADAS E CONTACTOS

JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPO DE OURIQUERua Azedo Gneco, 84 - 2.º - 1350-039 LisboaTel.: 213 931 300Horário: 2ª, 3ª, 5ª e 6ª f. - 9h/18h / 4ª f. - 09h/20hE-mail: [email protected]

Rua Saraiva de Carvalho, 8 - 1250-243 LisboaTel.: 213 904 748 - Horário: 9:30h/17:30hE-mail: [email protected]

ASSEMBLEIA DE FREGUESIARua Saraiva de Carvalho, 8 - 1250-243 LisboaTel.: 213 904 748

GABINETE DE ENCAMINHAMENTO JURÍDICORua Azedo Gneco, 84 - 2.º - 1350-039 LisboaHorário: 4ª e 6ª f. - 11h30/13h(Marcação Prévia)

BIBLIOTECA/ESPAÇO CULTURAL CINEMA EUROPARua Francisco Metrass, 28 D - 1350-143 LisboaTel.: 218 509 927 - Horário: 2ª a sáb.: 10h/19hE-mail: [email protected]

UNIVERSIDADE SÉNIORRua Azedo Gneco, 84 - 2.º - 1350-039 Lisboa Rua Saraiva de Carvalho, 8 - 1250-243 LisboaTel.: 213 931 300

CENTRO DE CONVÍVIO LYDIA HOMEM GOUVEIARua Azedo Gneco, 84 - 1.º Dtº - 1350-039 Lisboa Tel.: 213 900 979 - Horário: 2ª a 6ª f.: 14h/18h

Delegação - Quinta do LoureiroRua Quinta do Loureiro, à Av. Ceuta, Lote 4, Loja 4 1350-410 LisboaTel.: 213 649 868 - Horário: 2ª e 6ª f.: 14h/17h

AUDITÓRIO DA JUNTARua Azedo Gneco, 84 - 1.º Esq. - 1350-039 LisboaRua Saraiva de Carvalho, 8 - 1250-243 Lisboa

COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS, OCIDENTAL Tel.: 213 647 387

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www.jf-campodeourique.pt

EDITORIALPedro Cegonho 3pág.

INFORMAÇÃOCampo de Ourique festeja a canonização de um dos seus padroeiros 9pág.

DESPORTOGinásio Clube Português: Uma história de sucesso 11pág.

DOSSIÊEducação 6pág.

ENTREVISTAPadre Luís Almeida 8pág.

ENTREVISTAAfonso Reis Cabral 4pág.

Junta de Freguesia de Campo de Ourique com mais competênciasDOSSIÊ 12pág.

Natal em Campo de OuriqueESPECIAL 16pág.

NotíciasBREVES 21pág.

NotíciasBREVES 18pág.

MoçõesINFORMAÇÃO 20pág.

Lomar: Uma tradição doceENTREVISTA 22pág.

Chocolate & Gengibre: Nome de roupa escolhido à mesaENTREVISTA 23pág.

Campo de Ourique: Uma História NotávelDOSSIÊ 24pág.

140 anos do projeto urbanístico do bairro de Campo de OuriqueDOSSIÊ 26pág.

Um Palácio Real em Campo de OuriqueRECORDAR CAMPO DE OURIQUE 28pág.

Campo de Ourique inaugura PECCODESTAQUE 10pág.

Ficha Técnica

Nesta Revista damos destaque aos Contratos de Delegação de

Competências para o presente mandato autárquico, celebrados

entre o Município de Lisboa e a Freguesia de Campo de Ourique.

Essas delegações de competências correspondem a um ano de

trabalho entre as duas autarquias e serão instrumentos essen-

ciais para diversas intervenções pequenas e médias em Campo

de Ourique, cuja dimensão e racionalidade levou a que se optas-

se pela sua execução através da Freguesia. Estão nestes exem-

plos as intervenções de requalificação previstas para a Rua Silva

Carvalho, Rua Saraiva de Carvalho, Largo Dr. António Viana, Pra-

ça Afonso do Paço, Rua dos Sete Moinhos ou Rua de Campo de

Ourique. Agora, é o tempo de fechar os projetos entre Município

e Freguesia para se lançar os procedimentos de contratação pú-

blica necessários.

Nas entrevistas, realço a apresentação do novo Pároco da Igreja

de Santo Condestável, o Padre Luís Almeida, da congregação

dos Salesianos, e que, neste ano de 2019, tem desenvolvido di-

versas atividades para assinalar os dez anos passados sobre a

canonização de São Nuno de Santa Maria, o Santo Condestável,

que antes da sua vida religiosa era D. Nun'Álvares Pereira, herói

militar e um dos responsáveis pela subida ao trono português de

D. João I, primeiro rei da dinastia de Avis, que deu a Portugal a

época de ouro com o início das explorações marítimas. [•]

EDITORIAL

Revista da Junta de Freguesia de Campo de Ourique

Propriedade: Junta de Freguesia de Campo de Ourique Ano: V - n.º10 - Jan. a Jun. 2019

Periodicidade: Bimestral Diretor: Pedro Cegonho

Subdiretor: Nuno Figueira Editora: Maria João Vieira

Colaboração: Susana Maia e Silva Depósito Legal: n.º 413271/16 Tiragem: 15.500 exemplares

Distribuição: Gratuita Impressão: Jorge Fernandes, Lda. - Artes Gráficas

Grafismo, Paginação e Produção: Anfíbia Unip., Lda. - Design, Comunicação e Multimédia

Fotografia: Carlos Rodrigues, Jorge Ferreira, Arquivo

Isento de registo na ERC ao abrigo do DR 8/99 de 9/6, artº 12º nº 1-B

Agora, é o tempo de fechar os projetos entre Município e Freguesia para se lançar

os procedimentos de contratação pública necessários.

ÍNDICEPEDRO CEGONHO

Presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique

Editorial

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ENTREVISTA

Aos 24 anos ganhou o Prémio Leya com «O Meu Irmão», mas escreve desde os nove. Passaram quatro anos, publicou um segundo romance e os críticos não lhe poupam elogios.

O Afonso nasceu e viveu a maior parte da sua vida no Porto…

Não! Nasci em Lisboa, embora por acaso. A família da minha mãe é de Lisboa e os meus pais estavam cá, mas logo a seguir fui para o Porto, onde vivi até entrar para a Faculdade. Nessa altura, quis vir para Lisboa.

Porquê?

Porque era na Faculdade de Ciências Sociais e Hu-manas que havia o curso de Literatura que me in-teressava, por causa dos professores e do próprio plano de curso.

Veio logo para Campo de Ourique?

Quando cheguei, fui viver para as Amoreiras, para casa da minha avó. Depois, quando comecei a viver sozinho, a minha primeira casa foi ao pé da Calçada das Necessidades e só em março de 2013 consegui vir para Campo de Ourique. Mas sempre quis morar aqui.

De que é que mais gosta no bairro?

Do Jardim da Parada, da vida de bairro, onde pes-soas mais velhas e mais novas coabitam em pé de igualdade, da tranquilidade à noite, ótima para pas-seios, do otimismo (ainda que alguns fechem, es-tão sempre a abrir novos estabelecimentos como cafés, geladarias, padarias, etc.), do mercado, da biblioteca, da livraria Ler e, muito importante, da Riba Fóssil, onde paro muitas vezes para olhar para o passado.

E de que é que não gosta?

É preciso falar do estacionamento?... Não haverá ninguém que goste desse aspecto de Campo de Ourique, exceto talvez os que tenham garagem... Aliado aos transportes públicos deficitários, isto faz do bairro um desafio. E falo por mim: a urgência de encontrar um lugar torna as pessoas em selvagens.

Só em março de 2013 consegui vir para Campo de Ourique.Mas sempre quis morar aqui.

ENTREVISTA A

Afonso Reis CabralSempre quis

morar em Campo de Ourique

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ENTREVISTA

«O Meu Irmão», o romance com que ganhou o prémio Leya, foi o primeiro que escreveu?

Já tinha tentado escrever outros livros, mas sempre sem sucesso. O Meu Irmão foi de facto o primeiro livro que consegui escrever até ao fim.

Quando se candidatou sentia que podia ganhar?

Nem sequer pensei nisso. Estava a escrever o livro desde 2011 e, no início de 2014, pensei que concorrer ao prémio Leya me dava a oportunidade de me impor um prazo para o acabar e, além disso, também era uma garantia de que alguém o leria. É muito difícil conseguir que uma editora leia o nosso primeiro romance.

Mesmo para si, que já nessa altura trabalhava numa editora?

Sim, mesmo para mim. Mas ao concorrer ao prémio, al-guém do júri ia ter de ler o meu romance.

O que é que fazia na editora?

Comecei a trabalhar como revisor em 2008. Não gos-tava muito do que fazia, mas sempre conseguia algum dinheiro para começar a minha independência e tinha contactos com várias editoras em regime de freelance . Depois, em 2014, entrei para a Alêtheia, como editor e, a seguir, passei para a Presença, onde também era editor e coordenava a equipa de revisores. Coordenava cerca de 50 pessoas. Mas eu queria ter tempo para escrever e, por isso, despedi-me e agora sou escritor a tempo inteiro e editor independente para a Imprensa Nacional, bem como consultor editorial para a Gradiva.

E, entretanto, em 2018, publicou «Pão de Açúcar». Como é que se lembrou de pegar num caso real, o caso Gisberta, que foi assassinada por um grupo de miúdos?

A ideia surgiu-me ao ler uma reportagem da Catarina Marques Rodrigues, no «Observador». Eu lembrava-me do caso, era um miúdo quando aconteceu, e aqueles eventos ficaram mais ou menos esquecidos, embora la-tentes na minha memória. Mas quando li a reportagem, percebi que havia uma ausência naquela história, entre o momento em que três dos rapazes conhecem a Gisber-ta e a ajudam e o momento em que um grupo maior a mata. E é essa ausência que deixa espaço para a Litera-tura entrar. O meu romance parte de factos reais, mas é ficção. [•]

Afonso Reis Cabral

Trabalha em casa?

Não. Tenho escritório em Marvila.

Isso é do outro lado da cidade.

Pois é… Mas nesses casos ando de mota.

E vai ao escritório todos os dias?

Faço um horário das nove às seis, como se trabalhasse numa empresa.

Neste momento, escreve a tempo inteiro. Como é um dia normal de trabalho?

Geralmente, reservo a manhã para rever o que escrevi na véspera. Almoço e vou dar um grande passeio a pé, sozinho, enquanto ouço música. Este ritual do passeio é muito importante para mim, tenho muitas ideias durante essas caminhadas, encontro soluções, respostas. Quan-do volto, sento-me à secretária e começo a escrever até às seis.

Vamos voltar ao Porto. Como foi a sua infância?

Foi normal…

Normal como? Aos 12 anos foi sozinho para a Alema-nha, à boleia num camião TIR…

Ah! Isso…

Como é que se lembrou de uma coisa daquelas?

Para dizer a verdade, não me recordo bem. Talvez tenha ouvido uma conversa qualquer, não sei… Era uma aven-tura!

E os seus pais, o que é que disseram?

Bem, a minha mãe ficou muito perturbada, quando eu falei no assunto. O meu pai também, mas acho que recu-perou mais depressa.

Mas acabou por conseguir convencê-los, porque auto-rizaram.

Sim.

E a sua família conhecia o motorista que o levou?

Não! Mas foi recomendado por alguém, não sei bem. Lembro-me de ter ido com o meu pai falar com o se-nhor, para saber se ele estava na disposição de me levar com ele.

Essa sua aventura é extraordinária!

Acha?

O que é que aprendeu nessa viagem?

Aprendi duas coisas muito importantes. Aprendi a gerir as saudades e aprendi a conhecer o outro.

Nessa altura, já escrevia?

Já! Comecei a escrever aos nove anos e, até aos 15, es-crevi alguma prosa, mas sobretudo poesia. Aos 15 anos publiquei um livro de poesia, «Condensação». Depois, comecei a escrever só prosa.

AAAF/CAF - Atividades de Animação e Apoio à Família

A Junta de Freguesia de Campo de Ourique é a entidade executora das valências escolares de Atividades de Animação e Apoio à Família – Jardim de Infância e de Componente de Apoio à Família – 1º ciclo, nos

estabelecimentos EB 1 c/ JI Ressano Garcia, Santo Condestável, Vale de Alcântara e Rainha Santa Isabel.

Estas valências, cuja entidade promotora é a Câmara Municipal de Lisboa, visam garantir a animação de tempos livres das crianças através

de atividades lúdico-pedagógicas, garantindo um local educativo seguro e divertido, antes e depois do término das atividades letivas

e durante as pausas curriculares.

São organizadas atividades lúdico-pedagógicas diversificadas, como oficinas de artes, ateliês de culinária, jogos desportivos,

atividades de educação para a cidadania, asseguradas por equipas locais compostas por um coordenador, monitores e

auxiliares, em permanente ligação com a Junta de Freguesia.

Nas pausas curriculares há uma aposta em atividades de exterior e, durante o mês de julho, é marca distintiva da Junta

de Freguesia de Campo de Ourique levar as crianças das AAAF/CAF à praia, apostando num verão divertido em que o

melhor das férias é acessível a todos.

EducaçãoPROGRAMAS, APOIOS E ATIVIDADES

Todos os dias úteis de ano letivo: • 8h / 9h: acolhimento de JI e 1º ciclo;

• 15h30 / 17h30: acolhimento de JI; • 17h30 / 19h: acolhimento de 1º ciclo + JI; • (Ji só com declaração de entidade empregadora dos pais referindo que trabalham depois das 17h30).

Pausas curriculares: • 8h-19h para JI e 1º Ciclo; • Setembro, Natal, Carnaval, Páscoa, junho, Praia-CAF (julho).

Encerra: • Feriados e fins-de-semana; mês de agosto; 2 tolerâncias de ponto no Natal e 1 tolerância de ponto na Páscoa.

No mês de julho de 2018 frequentaram o programa cerca de 450 crianças. As equipas são constituídas por coordenadores, monitores, auxiliares e ajudantes.

Atividades: praia da Costa da Caparica / Carcavelos, piscinas de Santarém / Piscinas de Monsanto, Museu de História Natural, Parque do Alvito, Parque da Serafina, Pavilhão do Conhecimento, gincanas, ateliês com muitos temas, brincadeiras com água, entre muitos outros.

No final do Programa, realiza-se um jantar convívio com todas as equipas.

Todas as atividades das AAAF/CAF são pagas de acordo com o escalão das crianças.

Regulamento de funcionamento da CAF está disponível do site da junta (http://www.jf-campodeourique.pt/wp-content/uploads/2018/08/Projecto-Regulamento-CAF.pdf)

FUNCIONAMENTO GERAL

DADOS POR ESCOLA

PRAIA-CAF (dados de 2018)

• JI: 55Ressano Garcia • 1º Ciclo: 188 • Atividades extra: Natação, Hip-Hop, Expressão Musical

• JI: 42Rainha Santa Isabel • 1º Ciclo: 51 • Atividades extra: Natação, Expressão Musical, Aulas de Guitarra

• JI: 98Santo Condestável • 1º Ciclo: 142 • Atividades extra: Natação, Expressão Musical, Aulas de Guitarra

• JI: 15Vale de Alcântara • 1º Ciclo: 19 • Atividades extra: Yoga Infantil, Expressão Musical

DOSSIÊ

AEC – Atividades Extracurriculares • Ressano Garcia: cerca de 279 alunos • Rainha Santa Isabel: cerca de 77 alunos • Santo Condestável: cerca de 239 alunos • Vale de Alcântara: cerca de 70 alunos

Atividades: Expressão Musical, Expressão Plástica, Atividade Física e Desportiva, Expressão Dramática.

Estas atividades são gratuitas para os alunos e opcionais.

CONSELHO GERAL (onde a JFCO tem representação) • Liceu Pedro Nunes • Agrupamento de Escolas Padre Bartolomeu Gusmão • Agrupamento de Escolas Manuel da Maia

PRAIA-CAF (dados de 2018)

DOSSIÊ

Quais são os objetivos da Junta de Freguesia na área da Educação?

Apoiar as famílias, dando-lhes respostas eficazes. E apoiar as crianças, tornando a escola um lugar onde gostam de estar. É essa a nossa missão, apoiar as crian-ças e as suas famílias. A escola não pode ser um sítio onde se deixa uma criança durante um dia inteiro, tem de ser um local agradável onde os meninos aprendem, onde brincam, onde crescem como pessoas. Temos quatro escolas na área da Freguesia: Ressano Garcia, Santo Condestável, Vale de Alcântara e Rainha Santa Isabel com jardim de infância e 1º Ciclo. São quatro rea-lidades diferentes e há que dar resposta a todas de ma-neira igual.

A nossa missão é apoiar as crianças e as famílias.

As atividades são iguais em todas as escolas?

Não, há atividades diferentes e também aí, tenta-mos dar resposta particular a cada uma das esco-las. Perceber o que resulta melhor em cada escola.

O horário é o mesmo nas quatro escolas?

Sim, tanto o horário das atividades extracurriculares como da componente de apoio à família é igual nas quatro escolas da Freguesia. E não só durante os períodos letivos. A componente de apoio à família está a funcionar sempre, durante as férias, e só en-cerra durante o mês de agosto. Temos uma equipa muito motivada e muito criativa de monitores. [•]

TeresaVaz Vogal da Junta de Freguesia

com o pelouro da Educação

8 |

Tem 35 anos e é padre há quase seis. Nasceu no Porto, estudou em Roma. Chegou aos Salesianos de Lisboa há quatro anos e é o pároco de Santo Condestável desde outubro de 2017.

Quando chegou à paróquia, já conhecia bem esta comunidade?

Não tão bem como hoje conheço. Estava há três anos aqui mes-mo ao lado, nos Salesianos, onde ainda vivo, e dávamos apoio a Santo Condestável, sobretudo na celebração da Eucaristia Do-minical, mas não estava aqui todos os dias, como agora acon-tece.

E agora que já conhece melhor os seus pa-roquianos, o que é que quer fazer em Santo Condestável?

Quando cheguei, trazia um plano para cumprir a três anos. O primeiro ano, que já terminou, dediquei-o a conhecer as pessoas e a realida-de. Este ano, que é o segundo, é dedicado à caridade e aos outros, à comunidade que vem à igreja e àquela que não vem, ou que vem menos, mas para quem esta porta está sempre aberta. Esta comunidade de Santo Condestá-vel é muito boa, tem pessoas muito boas, é uma comunidade fiel, uma família de famílias. O próximo ano, aceitando o desafio que o Car-deal Patriarca nos lançou a todos, é o ano da comunidade de encontro e de missão.

Este ano comemoram-se os 10 anos da cano-nização de São Nuno de Santa Maria, o Santo Condestável. Como é que a paróquia vai cele-brar este acontecimento?

Ao longo de todo o ano haverá várias cele-brações e eventos que evocarão São Nuno de Santa Maria, uma figura muito atual e, ainda hoje, um modelo de santidade. Nos dias 14 e 15 de junho, uma peça de teatro musical que nos vai contar a vida deste homem notável que foi Dom Nuno Álvares Pereira. É uma peça que foi escrita por D. António Ferreira Gomes, que foi Bispo do Porto, e que está a ser adaptada a musical. Estão ainda previstas conferências sobre São Nuno de Santa Maria e outros even-tos, que serão anunciados quando as datas es-tiverem definidas. [•]

São Nuno de Santa Maria é uma figura atual, um modelo de santidade

ENTREVISTA

PadreLuís Almeida

ENTREVISTA A

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Núncio Apostólico preside à abertura das comemorações dos 10 anos da canonização do Santo Condestável.

A Igreja assinala a 6 de novembro o dia litúrgi-co de São Nuno de Santa Maria. A comunidade paroquial de Santo Condestável celebrou esta data com uma série de iniciativas que exalta-ram o nome e a memória do seu orago.

As celebrações começaram com um tríduo de preparação nos dias 3, 4 e 5 de novembro de 2018 com o canto da Hora de Vésperas e pre-gação sobre a santidade de São Nuno de Santa Maria, exaltando o seu valor enquanto homem virtuoso, militar santo e monge humilde e de-dicado, mas, sobretudo, sublinhando quanto a espiritualidade do Condestável continua atual e necessária para os dias de hoje.

O dia 6 de novembro do ano passado foi mar-cado com duas Eucaristias. Às 9.30h a celebra-ção eucarística foi presidida pelo pároco e con-tou com a participação de numerosos fiéis e de algumas instituições presentes no território da paróquia como o centro de dia Santa Casa da Misericórdia. Às 19.30h a Eucaristia foi presidida pelo Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Joaquim Men-des. Na sua homilia, o Bispo recordou que «São Nuno diz-nos que é possível viver a fé e seguir Jesus Cristo em todas as realidades huma-nas, familiares, sociais, políticas, militares e religiosas. Ser santo é possível em todos os estados de vida». Nesta Eucaristia partici-pou, também, o coro composto pelos pais das crianças da catequese.

A comunidade reuniu-se ainda para cele-brar São Nuno na Eucaristia dominical do meio-dia do dia 11 de novembro. Esta Eu-caristia ficou marcada pela abertura oficial das celebrações do décimo aniversário da canonização de São Nuno de Santa Maria ocorrida em Roma, a 26 de abril de 2009 pelo Papa Bento XVI. A celebração foi pre-sidida pelo Núncio Apostólico em Portugal, sua excelência reverendíssima D. Rino Pas-sigato. Na sua homilia, o Núncio Apostólico exaltou a santidade de São Nuno de Santa Ma-ria ligando-a com as leituras próprias da festa. Salientou que o Santo Condestável foi um dos «homens ilustres» que canta o livro de Ben Sirá e que foi capaz de, em toda a sua vida, tomar a cruz e seguir Jesus Cristo. As suas palavras e gestos, feitos e conquistas, foram sempre ins-pirados e oferecidos a Deus para a sua maior glória e pelo bem da pátria.

No final da Eucaristia seguiu-se um momento de convívio para toda a comunidade na cripta da Igreja com um pequeno magusto.

Já este ano, em abril, foi lançado um livro para crianças, escri-to por uma professora, sobre a vida do Santo Condestável. E no dia 5 de abril, o Patriarca de Lisboa presidiu a uma missa solene na Igreja Paroquial. Este mês de junho, no adro da igre-ja, haverá a representação de um musical sobre a vida de São Nuno de Santa Maria. [•]

Campo de Ouriquefesteja a canonização de um dos seus padroeiros

INFORMAÇÃO

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Já está a funcionar, e com grande sucesso, o Pólo de Economia Circular de Campo de Ourique, onde é pos-sível partilhar, reparar e reutilizar bens que todos usa-mos no quotidiano.

O Pólo de Economia Circular de Campo de Ourique (PECCO), foi inaugurado em novembro do ano passa-do e permite prolongar a vida útil de muitos bens de consumo. Este equipamento, que funciona no nº 6 da Rua Almeida e Sousa, tem várias áreas de intervenção: Ferramenteca, Baú de Brinquedos, Closet Partilhado, Bi-blioteca e Espaço de Leitura, Repair Café, Recostura e, até, um Ciclo de Cinema associado, em parceria com o Cine Padaria.

Na Ferramenteca, os moradores de Campo de Ourique encontram, em permanência, ferramentas que os utiliza-dores podem, a título de empréstimo, usar, aumentando assim a vida útil dessas mesmas ferramentas. «Dizem os especialistas que o tempo médio de utilização de um berbequim, desses normais, que muitos de nós temos em casa, é de seis minutos. Ou seja, gastamos dinheiro a comprar uma ferramenta e, depois, acabamos por usá-la pouquíssimo. Se é assim, porque não partilhar?», disse Pedro Costa, vogal da Junta de Freguesia de Campo de Ourique ao Jornal de Lisboa.

Com o Baú dos Brinquedos procura-se prolongar a vida útil dos brinquedos através de trocas. Ou seja, aqui, as crianças de Campo de Ourique podem trocar brin-quedos que já não lhes interessem por outros que exis-tam no PECCO. A ideia é que desde muito pequeno se aprenda o valor de uma maior partilha e de um menor desperdício.

O Closet Partilhado é uma espécie de armário onde po-dem trocar-se peças de roupa que já não usamos por outras semelhantes e em perfeito estado de conserva-ção. Há, também, vários eventos programados, como o Repair Café, um evento mensal onde pode aprender-se a reparar equipamentos elétricos ou eletrónicos e até brinquedos, com a ajuda de especialistas voluntários. O ReCostura será um evento pontual com o objetivo de

ajudar na reutilização ou alteração de peças de roupa com o acompanhamento de voluntários especialistas em costura.

Durante o mês de novembro, decorreu um ciclo de ci-nema , inserido na programação do Cine Padaria, com a exibição de cinco filmes, seguidos de debate, sobre reciclagem e desperdício.

O PECCO foi um dos projetos de economia circular aprovado no âmbito do programa JuntaR, do Ministério do Ambiente. «A ideia é potenciar um espaço já existen-te, a Loja Social, como ponto de economia circular da Freguesia», acrescentou Pedro Costa, «Roupa, brinque-dos e pequenos equipamentos são três áreas em que há muito desperdício e pareceu-nos importante ajudar as pessoas a aproveitarem o que têm».

O projeto recorre a voluntários para ensinar e apoiar nas reparações e um dos muitos aspetos inovadores é a ela-boração de relatórios, para os produtores, tanto a nível técnico como comportamental, resumindo a experiência tirada destas ações: ideias novas e dificuldades sentidas.

Com este programa, a Junta de Freguesia pretende promover novos comportamentos de consumo e cons-ciencializando o cidadão e, ainda, envolver o freguês de Campo de Ourique numa dinâmica de recuperação de produtos e de partilha de ideias e bens.

Pedro Costa sublinhou, ainda, que este projeto «promo-ve comportamentos de partilha de bens e saber e de consumo responsável e a divulgação de conhecimento recente e tradicional de recuperação de bens». [•]

DESTAQUE

Campode Ourique

inaugura PECCOJá está a funcionar, e com grande sucesso,

o Pólo de Economia Circular de Campo de Ourique, onde é possível partilhar, reparar e reutilizar bens

que todos usamos no quotidiano.

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Mundo de Ginástica Acrobática, Medalha de Bronze na Competição Mundial por grupo de idades de Ginástica Acrobática; Medalha de Bronze no Campeonato da Europa de Judo e Medalha de Ouro no Campeonato do Mundo de Veteranos; 6º lugar nos Jogos Olímpicos da Juventude, pelo par misto do GCP de Ginástica Acrobática.

Actualmente, o maior Mapa de Aulas de Grupo de Lisboa está no GCP. De segunda-feira a domingo, com mais de 1.000 aulas por mês, desde Localizada, Zumba, TRX, Pilates, Yoga, Alongamentos, Barra de Chão, diversos estilos de Danças e até Desportos de combate, encontra com certeza a aula certa para si. De destacar ainda a excelente Sala de Exercí-cio para treino cardiovascular, funcional ou musculação, com acompanhamento de uma equipa prestável e profissional. No GCP encontra ainda Programas para Populações Especiais, nomeadamente Gestão e Controlo de Peso, Obesidade In-fantil, Doenças Cardíacas, Diabetes e Cancro da Mama, com especial destaque para o projeto de inclusão de pessoas de-ficientes, Sports4all, na prática do exercício físico.

O Clube oferece a todos a possibilidade de experimentação grátis, sem compromisso. [•]

Nove pisos, 20 ginásios, seis campos de padel, dois de ténis, um polidesportivo, 204 lugares de estacionamento, 12 modalidades de competição e 9.000m2 de instalações cobertas, são apenas alguns números que mostram a grandeza deste Clube tão familiar, que percorre gerações de fi-lhos, pais e avós. Mas há mais números e factos notáveis que enchem de orgulho sócios, atletas e familiares, colaboradores e professores:

• 162 Campeões Nacionais em 2018, distribuídos por 11 modalidades desportivas: Ginástica Acro-bática, Artística (Feminina e Masculina) e Rítmi-ca, Esgrima, Tiro, Natação, Shorinji Kempo, Judo, TeamGym e Tiro com Arco;

• 9900 Sócios, dos quais 4770 são praticantes na sede do Clube e mais de 2500 na Piscina Mu-nicipal de Campo de Ourique (instalação gerida pelo GCP desde 2009);

• Gestão dos Ginásios dos Edifícios Sede da EDP em Lisboa e Porto;

• Ainda em 2018: Medalha de Bronze na Taça do

O clube desportivo mais eclético do país nasceu em 1875. Fundado com o desejo de possibilitar aos portugueses o acesso ao desporto, o Ginásio Clube Português tem, ainda hoje, o mesmo propósito, mas muito mais!

DESPORTO

GINÁSIO CLUBE PORTUGUÊS Uma história

de sucesso

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DOSSIÊ

Lisboa foi distinguida como Capital Verde Europeia 2020. Assim sendo, um dos objetivos da autarquia é promover um conjunto de boas práticas e opções estratégicas para tornar a capital uma cidade ambientalmente mais susten-tável e energeticamente eficiente.

A delegação de competências contratualizada entre o Mu-nicípio e as Freguesias, nomeadamente, a Freguesia de Campo de Ourique, pretende ser um veículo privilegiado para o cumprimento desta opção estratégica da Câmara de Lisboa. Os contratos de delegação de competências agora assinados abrangem as seguintes áreas:

Programa Bairro 100% Seguro

Um dos objetivos fundamentais para a cidade de Lisboa, é melhorar a qualidade de vida e o ambiente e importa, nesse contexto, promover intervenções que assegurem uma manutenção cuidada e segura do espaço público, de

JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPO DE OURIQUE COM

Mais competênciasA delegação de competências contratualizada entre o Município e as Freguesias, nomeadamente, a Freguesia de Campo de Ourique, pretende ser um veículo privilegiado para o cumprimento desta opção estratégica da Câmara de Lisboa.

A Câmara Municipal de Lisboa delegou

competências na Junta de Freguesia de Campo

de Ourique em áreas como o estacionamento, a circulação de peões, a

requalificação de algumas ruas e a segurança.

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DOSSIÊ

espaços pedonais ou de zonas de fruição e de lazer, assim como me-didas de promoção da segurança e sustentabilidade da mobilidade.

Programa Escola 100% Segura

Tendo como objetivo promover a segurança nas escolas e áreas en-volventes, importa promover inter-venções que visem uma manuten-ção cuidada e segura do espaço público e de espaços pedonais ou zonas de fruição e de lazer junto das escolas, melhorar a envolvente das escolas permitindo ao peão ter um maior sentimento de segurança nos percursos realizados; ou ainda melhorar e diversificar os modos de acessibilidade a escolas que abranjam as faixas etárias em que as crianças têm uma mobilidade dependente e independente.

Programa Requalificação de Equipamentos/Espaço Público

Nos últimos anos a cidade de Lis-boa tem assistido a um amplo pro-grama de requalificação do espaço

público, com a criação de novas zonas de lazer que procuram refor-çar a coesão territorial e interge-racional dos lisboetas. Assim, este programa tem como principal ob-jetivo dotar as Juntas de Freguesia de meios para apetrechar e renovar diferentes áreas ou equipamentos em espaço público, destacando-se a requalificação de espaços urba-nos consolidados, parques infantis, parques intergeracionais, ou dos denominados dog parks. Com es-tas intervenções pretende-se criar

novas zonas de fruição e lazer, se-guras e bem mantidas, criando no-vas centralidades nos bairros para benefício dos residentes.

Programa Equipamentos Desportivos

No contexto da atual iniciativa Lis-boa Capital Europeia do Desporto 2021, reforça-se a necessidade de estimular a atividade física e des-portiva como uma componente essencial na construção de uma cidade humana, inclusiva, moderna e sustentável. O município preten-

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de, com as Juntas de Freguesia, promover a concretização de iniciativas que respondam ao objetivo de recuperar para a cidade e ga-rantir a rentabilização e utilização de impor-tantes e simbólicos equipamentos desporti-vos municipais da cidade, ou ainda a alguns dos restantes objetivos que estiveram na base da candidatura, como promover o des-porto e o associativismo para reforçar o sen-tido de pertença dos cidadãos à cidade ou dinamizar uma rede de parceiros (escolas, associações e agentes desportivos) para tra-balhar numa visão comum para o desporto.

Programa Projetos Especiais

Este programa prevê intervenções que vi-sam a melhoria da qualidade de vida e do ambiente. As intervenções devem ser en-quadradas por soluções específicas de cada freguesia, com impacto positivo e inovador, tendo em conta o custo de oportunidade dos recursos utilizados e as especificidades do território. O objetivo é estimular novas soluções para os problemas e oportunidades das freguesias, centradas, nomeadamente, na eficiência e reutilização de equipamentos existentes.

A Câmara Municipal reconheceu a necessidade de aumentar os meios das freguesias, ... através de um contrato de delegação de competências que tem como objetivo garantir uma gestão assente na otimização da utilização das infraestruturas e recursos

DOSSIÊ

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Intervenções Indicativas no Âmbito da Delegação de Competências 2019-2021Junta de Freguesia de Campo de Ourique

PROGRAMA INTERVENÇÕES LOCALIZAÇÃO

Bairro 100% Seguro

1. Requalificação de Espaço Público. 1. Rua Silva Carvalho + Rua Saraiva de Carvalho + Travessa de Campo de Ourique

2. Pintura de passadeiras 2. Área geográfica da freguesia

3. Repavimentação simples 3. Área geográfica da freguesia

Escola 100% Segura

Implementação de medidas Largo Dr. António Viana de acalmia de tráfego

Requalificação de Equipamentos/ Espaço Público

Requalificação de Espaço Público Rua dos Sete Moinhos + Praça Afonso do Paço

Equipamentos desportivos

1. Instalação de painéis solares 2. Piscina de Campo de Ourique

Projetos Especiais

Requalificação de Espaço Público Rua de Campo de Ourique

No âmbito deste contrato, a Junta de Freguesia de Campo de Ourique vai receber, da Câmara Munici-pal de Lisboa, um milhão e quatrocentos e cinquen-ta mil euros.

Na área da Higiene Urbana também houve delega-ção de competências e, a partir de agora, a Junta de Freguesia passa a receber cem mil euros anuais para dedicar uma equipa à limpeza de lixo deixado, indevidamente, no exterior das ecopontos de su-perfície, ecopontos subterrâneos e vidrões.

A Câmara Municipal reconheceu a necessidade de aumentar os meios das freguesias, na higiene ur-bana, através da distribuição da taxa turística, de acordo com o aumento da pressão turística na res-petiva Freguesia. Assim, através de um contrato de delegação de competências que tem como objeti-vo garantir uma gestão assente na otimização da utilização das infraestruturas e recursos, ao nível da higiene urbana, com incidência na limpeza das vias e espaços públicos da freguesia de Campo de Ourique, foram atribuídos, para o ano de 2019, cen-to e sessenta mil euros a Campo de Ourique, que permitirão o reforço da limpeza de vias e espaços públicos. [•]

DOSSIÊ

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ESPECIAL

Como já vem sendo tradição, a Junta de Freguesia de Campo de Ourique organizou o Fashion & Art Christmas, uma iniciativa que con-tou com a participação de cerca de 150 lojas de rua que, nesta quadra festiva, fizeram descontos especiais aos muitos clientes que escolheram esta zona de Lisboa para as suas compras de Natal.

Apostada em incentivar o comércio local, a Junta de Freguesia fez da quadra natalícia uma ocasião para promover o bairro como um local privilegia-do de compras na capital.

O Pai Natal e as suas mascotes andaram pelas ruas de Campo de Ourique, a distribuir doces às centenas de crianças com quem se cruzavam e até mesmo os adultos não resistiam a parar para tirarem fotografias com estas figuras tão simpáti-cas. Junto à Igreja de Santo Condestável foi mon-tado o tradicional presépio, em tamanho natural.

E a completar um extenso programa que incluiu muitas atividades para todas as idades, houve sessões de contos infantis e um concerto de clás-sicos de Natal para crianças e jovens, por David Gurita, e um extenso programa musical com con-certos do grupo Coral Clave, na Biblioteca/Espa-ço Cultural Cinema Europa, do Coro de Câmara da Universidade de Lisboa, na Igreja Evangélica Presbiteriana de Lisboa, do Quarteto de Cordas da GNR, na Igreja de Santo Condestável, e a ter-minar o ciclo de música, um concerto de Ano Novo pelo Coro Menor e pelo Bayan Quartet, no dia 4 de janeiro, na Igreja de Santa Isabel.

E este ano, para além das iniciativas já tradi-cionais nesta quadra do ano, durante o mês de dezembro de 2018 e até 5 de janeiro deste ano, esteve em cena, na Biblioteca/Espaço Cultural Cinema Europa, “O Conto de Natal”, uma peça de teatro baseada na obra homónima de Charles Dickens. Tratou-se de uma coprodução da Jun-

DEZEMBRO 2018

Natalem Campode Ourique

O Pai Natal e as suas mascotes andaram pelas

ruas de Campo de Ourique, a distribuir doces

às centenas de crianças.

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ESPECIAL

DEZEMBRO 2018

Natalem Campode Ourique

ta de Freguesia Campo de Ourique e da Tenda Produ-ções, com uma encenação muito inovadora. Fizeram parte do elenco Ana Pestana, Andreia Tomás, Ângela Pinto, Emanuel Vicente, Gonçalo Ferreira, Isabel Guer-reiro, Jaime Gamboa, Lígia Gonçalves, Maria d’Oliveira, Miguel Manaças e Paulo Félix, encenação de Hélder Gamboa e figurinos de Rui Filipe Lopes.

Durante todo o mês de dezembro, às sextas e sábados, dezenas de famílias de Campo de Ourique assistiram a este espetáculo que foi concebido a pensar em todas as idades. As entradas eram gratuitas. Uma maravilho-sa oportunidade para revisitar o universo de Dickens e um Mr. Scrooge que, apesar de ter sido criado há 175 anos, continua muito atual. [•]

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BREVES

Em 1980, a Fundação Calouste Gulbenkian convidou Mes-tre Gil Teixeira Lopes para fazer as gravuras de uma edi-ção especial e limitada a 100 exemplares de Os Lusíadas, de Luís de Camões. Teixeira Lopes fez 10 gravuras, tantas quantas os cantos do mais célebre poema épico de Lín-gua Portuguesa. E as matrizes e gravuras foram expostas, pela primeira vez, nessa altura, na Galeria de Exposições da Fundação Calouste Gulbenkian. «Gil Teixeira Lopes tem sido um dos maiores pintores e gravadores da nossa demo-grafia artística. Absorvido pelo misterioso trajeto do olhar, as suas descobertas parecem fáceis e entretanto esplen-dorosas», escreveu, então, Eduardo Lourenço, no texto que apresentava essa primeira mostra. Natália Correia, comis-sária da exposição e grande admiradora do artista, deixou--nos um texto encantado, escrito em novembro de 1980, sobre as gravuras do Mestre para Os Lusíadas: «As Ninfas mais não são do que os afagos inefáveis da Magna Mater. (…) Tão primorosamente captou o artista-gravador este ful-cro ginecocrático do poema que a gravura com que ilustra o episódio da Ilha dos Amores é de uma deleitosa espiri-tualidade que confunde os que, nesse trecho erótico de Os Lusíadas, dele esperariam o habitual transunto afrodisíaco. Nada disso. As delícias são celestiais».

Agora, quase 40 anos depois, o público pode voltar a ver as 10 belíssimas chapas e as gravuras a que deram origem. De novembro de 2018 a 15 de fevereiro deste ano, estiveram expostas na Biblioteca/Espaço Cinema Europa, em Campo de Ourique. E é como se o tempo não tivesse passado, ou como se as gravuras tivessem sido feitas hoje, de tal manei-ra é atual a obra do artista.

Professor da Faculdade de Belas-Artes, pintor, escultor, gra-vador, galardoado com mais de 40 prémios, Gil Teixeira Lo-pes é um artista plástico multifacetado que, ao longo da sua carreira, deu sempre grande importância à gravura. «Não gosto de estar sempre no mesmo posto de feitura das coi-sas. Gosto sempre de experimentar! De inovar! Na gravura, por exemplo, a primeira fase é sempre a da chapa de metal que é polida até se transformar numa superfície onde nos podemos ver ao espelho… mas, muitas vezes, parti da posi-ção contrária, de uma chapa ferida que eu atirava ao chão e partia das marcas na chapa para a criação», diz Teixeira Lopes. Confessa que tudo na arte o apaixona, que gosta de pôr as mãos em tudo o que faz. «Quando tirei o curso de Belas-Artes a Faculdade não tinha nenhuma cadeira de Gravura. Mas depois, quando me tornei professor, achei que sim, que devíamos ter essa disciplina», recorda. [•]

Exposição de gravuras «Os Lusíadas: Eros e Ares» revisitou o notável trabalho do artista plástico.

Biblioteca/Espaço Cultural Cinema Europa

CELEBRA DOIS ANOS

Gil TeixeiraLopes

E OS LUSÍADAS

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BREVES

TURISMO, GASTRONOMIA E URBANISMO NA

Biblioteca/Espaço Cultural Cinema Europa

A Junta de Freguesia de Campo de Ourique inaugurou

o Fundo de Turismo, Gastronomia e Urbanismo da Bi-

blioteca/Espaço Cultural Cinema Europa com 370 vo-

lumes distribuídos por estas três temáticas.

Para assinalar a ocasião, os moradores de Campo de

Ourique tiveram oportunidade de conversar com o

Presidente da Junta, Pedro Cegonho, com a bibliote-

cária, Filipa Barros, e também com o Arquiteto Pedro

Novo e os professores da Escola de Turismo e Hotelaria

de Lisboa, Ana Moreira e Bonifácio Rodrigues.

Os livros de Turismo, Gastronomia e Urbanismo des-

pertaram, desde logo, grande interesse nos frequenta-

dores da Biblioteca e já foram emprestados mais de

300 livros deste fundo e consultados cerca de 200. [•]

Biblioteca/Espaço Cultural Cinema Europa

CELEBRA DOIS ANOS

No dia 23 de abril, dia Mundial do Livro, pas-saram dois anos sobre a inauguração da Bi-blioteca/Espaço Cultural Cinema Europa. Para celebrar a data, houve uma sessão de poesia para bebés, um encontro com o escritor Mário de Carvalho e um concerto do Coro da Achada.

Nesse primeiro dia de abertura ao público, ha-via 5145 livros disponíveis, hoje já são mais de 8000. Atualmente, estão inscritos 1500 novos leitores, houve 24 mil empréstimos de livros e 33 mil consultas em sala. As obras que mais ve-zes foram emprestadas foram «1984», de Geor-ge Orwell, a Série «Nápoles», de Elena Ferrante e «O Diário de um Banana», de Jeff Kinney. No top 3 dos títulos com maior número de consul-tas em sala encontram-se «História da Arte», de H. W. Janson, «Bandas Sonoras», de Rita Carmo e «Dicionário de Geografia Aplicada», de José Alberto Rio Fernandes.

Nestes dois anos, a Biblioteca/Espaço Cultural Cinema Europa recebeu 180 mil visitas. Ao lon-go deste tempo, destacam-se, ainda, as ações na ludobiblioteca, a Cabine de Leitura no Jar-dim da Parada, ações de fomento à leitura com alunos do 1.º ciclo, aulas de teatro e de escrita criativa para seniores e jovens e o Clube de Lei-tura de Campo de Ourique, que ali reúne todos os meses. [•]

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INFORMAÇÃOVOTO DE SAUDAÇÃO APROVADO NA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE 15 DE DEZEMBRO DE 2018

43 ANOS DO 25 DE NOVEMBRO DE 1975 Comemora-se no próximo domingo, a o 43.º aniversário do 25 novembro, o movimento que conteve a ala de radical do Movimen-to das Forças Armadas, apoiada pela extrema-esquerda, e determinou a natureza pluralista e democrática do regime político e constitucional português, na senda da consolidação do processo democrático iniciado pelo 25 de Abril. O “25 de novembro”, ato singular e irrepetível da nossa história, marca indelevelmente o fim da transição revolucionária. O povo português soube, não sucumbindo às manobras táticas e estratégicas de uma franja radical da sociedade portuguesa, que podiam ter resvalado numa guerra civil, rejeitar uma visão autocrática e internacionalista de Portugal. O povo português conseguiu, com firmeza, romper com a ditadura de 40 anos e aceitar um caminho diferente, que nos salvou de uma nova ditadura de sinal contrário. Essa viragem foi decisiva para que Portugal aceitasse pluralmente uma continuidade exemplar na política de integração europeia e ocidental. Com efeito, este entendimento vigorou, nos últimos quarenta e três anos, e foi partilhado pela esmagadora maioria do povo português. Neste contexto, importa salientar o contributo dos partidos democráticos e a resistência indómita de muitas figuras de relevo, que permitiram que Portugal fosse hoje um país democrático, prestigiado, aberto e tolerante, integrado na União Europeia, em pleno desenvolvimento. É sob o signo dessa unidade feita pela história que celebramos, uma vez mais, o dia que garantiu o caminho pacífico e demo-crático do nosso povo. Alguns poderão achar que esta evocação é supérflua, outros pugnarão por assinalar este momento como um dia de liberdade e democracia. Assim, o(s) eleitos (s) do CDS-PP propõem à Assembleia de Freguesia de Campo de Ourique, reunida a 20 de Dezembro de 2018, que: Aprove um voto de saudação dedicado a todos aqueles que, em 25 de Novembro de 1975, colocaram novamente Portugal na sen-da da Democracia, da Paz e da Liberdade iniciada a 25 de Abril de 1974. Dar solene testemunho da nossa gratidão a todos os que souberam, com notável aprumo militar e grande coragem moral, cumprir o seu dever, bem como prestar comovida homenagem àqueles que tombaram em defesa da liberdade. Lisboa, 15 de Dezembro de 2018 O(s) Eleito(s) do CDS-PP Paula Guimarães Francisco Neto de Carvalho O voto de saudação foi aprovado com nove votos a favor, oito contra e duas abstenções. António Belmar da Costa

VOTOS DE SAUDAÇÃO E MOÇÕES APROVADOS NA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE 29 DE ABRIL DE 2019

VOTO DE SAUDAÇÃO AO DIA INTERNACIONAL DAS MULHERESO dia 8 de março, Dia Internacional dos Direitos das Mulheres, é um dia de muitas lutas importantes. Os direitos ao trabalho, à educação, ao divórcio, à saúde e à liberdade sexual e reprodutiva foram direitos conquistados em muitas décadas de lutas. Hoje, graças à luta das mulheres e à democracia, há mais mulheres a trabalhar em todas as áreas e a acederem às mais altas qualificações profissionais e universitárias. Mas, persistem as discriminações de género entre profissões, a dupla jornada de trabalho com maior peso das tarefas domésticas sobre as mulheres, as chefias maioritariamente masculinas e as desigualdades atravessadas pela pobreza, pelo racismo, pela diversidade funcional e pelos vários preconceitos que criam estigmas sobre quem é diferente ou não se encaixa na norma.As mulheres continuam a ser a maioria na precariedade, no desemprego e com baixos salários. E, de acordo com a Comissão para a Igualdade no Trabalho e Emprego (CITE), há uma diferença salarial, em Portugal, de 15,8% entre homens e mulheres (dados de 2016). É como se as mulheres, ao final de um ano, recebessem zero euros por 58 dias de trabalho. Hoje, há mais mulheres na política e com papel relevante na administração pública. Têm sido tomadas medidas pelo Governo e pela Assembleia da República para reforçar a paridade entre homens e mulheres. Do mesmo modo, seja através de organizações não-governamentais ou agências do Estado, são monitorizados indicadores de desigualdade e são prestados apoios sociais, nomeadamente às vítimas de violência doméstica e de género. Porém, o caminho para a igualdade ainda é longo e as injustiças persistem. A segurança das mulheres continua a estar em causa na nossa sociedade, a cultura machista persiste nas relações sociais e de intimidade. Os crimes sexuais afetam, principalmente, as mulheres. De acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2017, 99,2% dos violadores são homens e 90,7% das vítimas são mulheres. É muito preocupante o facto de, como revelam os dados do Ministério da Justiça relativos a 2016, apenas 37% dos condenados por crimes sexuais serem efetivamente presos. Neste ano, 2019, já foram assassinadas 11 mulheres, e 503 foram assassinadas nos últimos 15 anos. Estes crimes estão a chocar o país. Contra esta violência extrema houve manifestações em vários locais do país e estão programados novos atos para 8 e 9 de março. As lutas contra a opressão e a exploração das mulheres têm muitas vertentes: social, cultural, económica, política. São lutas que dizem respeito a toda a gente. E também por isso a greve e manifestação do passado dia 8 de março levou cerca de 20.000 pessoas às ruas de Lisboa para dizerem que está na altura de dizer basta a discriminação e à violência de género. Assim, a Assembleia de Freguesia de Campo de Ourique, reunida a 29 de abril de 2019, delibera:1. Saudar todas as conquistas das mulheres e dos movimentos feministas, e a sua luta que permitiu avanços civilizacionais.2. Saudar todas as iniciativas realizadas no âmbito da comemoração do dia 8 de março, comprometendo-se com a defesa da

igualdade entre homens e mulheres como trave fundamental de uma sociedade que se quer cada vez mais livre e mais justa. 3. Remeter este voto à Assembleia da República (Comissão Parlamentar de Direitos, Liberdades e Garantias), à CIG – Comissão

para a Cidadania e Igualdade de Género, à CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, à Câmara Municipal de Lisboa, e às associações e movimentos envolvidos nas iniciativas comemorativas de Lisboa.

Lisboa, 18 de março de 2019 Os representantes do Bloco de Esquerda.O voto foi aprovado por 15 votos a favor 3 contra 1 abstenção.

VOTO DE SAUDAÇÃO À MANIFESTAÇÃO PELO CLIMA DE 15 DE MARÇO O dia 15 de março marcou um evento histórico à escala global, uma das maiores manifestações de sempre e, seguramente, a maior manifestação de estudantes e a maior manifestação em defesa da justiça climática que alguma vez ocorreu, com milhões de pessoas em todos os continentes.Este movimento, marcado de forma decisiva pela jovem Greta Thunberg, teve o condão de acordar e motivar os/as jovens portu-gueses/as para se manifestarem por algo que afeta o seu dia-a-dia e o seu futuro: o aquecimento global e um modo de produção que agride o ambiente e que deixa uma peugada ecológica que não é sustentável. Quando se fala de justiça geracional, esta devia ser a nossa preocupação, preservar o planeta terra e ouvir as vozes que no dia 15 de março encheram as ruas de Lisboa para dizer coisas tão justas e tão óbvias como “não há planeta B!” e “Mantenham os combustíveis fósseis no chão!”. Apesar de sabermos, pelo menos desde o Acordo de Paris (2015), que não pode haver quaisquer novos combustíveis fósseis continua a haver uma obsessão por exploração de petróleo, gás e carvão, em benefício de infraestruturas que não querem fazer a transição para outros tipos de energia por tal não lhes compensar economicamente. Mas este não é problema único, a título exemplificativo, refira-se ainda o excesso de plástico utilizado, plástico esse que depois é despejado em alto mar, com um impacto tremendamente negativo. A este respeito, é urgente adotar medidas como as que a Câmara Municipal de Lisboa tomou, de libertar as refeições escolares do uso de plástico. Outro exemplo positivo da preocupação com o meio-ambiente foi a recente moção aprovada por esta Assembleia de Freguesia, com o título “economia circular e combate às alterações climáticas em Campo de Ourique”. Só assumindo esta crise climática em todas as dimensões da nossa vida é que haverá uma resposta que, no fundo, é aquilo que os milhares de jovens que se manifestaram no dia 15 de março exigem: respostas. Assim, a Assembleia de Freguesia de Campo de Ourique, reunida a 29 de abril de 2019, delibera:1. Saudar os/as jovens que saíram à rua para exigir respostas na manifestação climática de 15 de março;2. Remeter este voto à Assembleia da República (Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder

Local e Habitação), e às associações e movimentos envolvidos nas iniciativas comemorativas de Lisboa.Lisboa, 18 de março de 2019 Os representantes do Bloco de Esquerda.O voto foi aprovado por 11 votos a favor 3 contra 5 abstenções.

VOTO DE SAUDAÇÃO AO 25 DE ABRIL Considerando que:i. Este ano celebramos 45 anos da revolução do 25 de abril, o momento fundador da democracia em Portugal, após várias

décadas de ditadura. O 25 de abril não é apenas importante como uma data simbólica, mas também como um processo de transformação social que modelou o nosso presente. A vitória da liberdade e da democracia contra o fascismo e a opressão permitiram a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna.

ii. Com o 25 de Abril ampliaram-se os direitos de cidadania, implantou-se a democracia e desenvolveu-se o Estado Social. Con-quistou-se o direito à participação política, democratizou-se a educação, criou-se o Serviço Nacional de Saúde e garantiu-se o direito à habitação. A Constituição da República consagrou todos os direitos democráticos sociais e laborais conquistados.

iii. As conquistas económicas e direitos de cidadania alcançados com a revolução não são irreversíveis e devem ser defendidos e protegidos contra a exploração laboral, as discriminações e a violência. Manter vivo o espírito de abril implica aprofundar a democracia e combater as desigualdades e a exclusão social.

iv. Sabemos que vivemos tempos conturbados politicamente, em que muitas das conquistas de direitos fundamentais são postos em causa com cada vez mais frequência, seja em nome de um modelo económico que privilegia o lucro em vez da prestação de serviços, seja em nome de um modelo de sociedade excludente, que discrimina outros e outras em função da cor da pele, do género, orientação sexual ou ideias políticas.

v. Por isso, saudar e comemorar 45 anos de história democrática deve servir para avançar na garantia de direitos, no país, mas também nas nossas cidades, sendo um bom exemplo a recente “revolução” nos passes sociais intermodais.

vi. Lembramos, de igual modo, a importância simbólica e prática do 1º de maio, dia em que, internacionalmente, se recordam as lutas de trabalhadores e trabalhadoras e se reforça a luta pela conquista de mais direitos.

vii. Em Portugal, o 1º de Maio de 1974, realizado oito dias após o 25 de Abril, depois de décadas de repressão do Estado Novo, foi uma explosão de democracia nas ruas do país e marcou o início de uma conquista de direitos até aí negados: o Estado Social, a Segurança Social, o direito a cuidados de saúde públicos, à educação, à habitação, o direito ao trabalho e ao salário, a luta pelo pleno emprego, o reconhecimento às férias e aos subsídios de férias, a proibição dos despedimentos sem justa causa e a instituição, pela primeira vez, do salário mínimo nacional no valor de 3.300$00 (16,50€) que a preços constantes de 1974 hoje já seria superior a 583,94€. Foi também após esta data que se consagraram ainda o direito à greve, à contratação colectiva e à organização sindical, bem como um novo movimento do trabalho ao nível das empresas, as Comissões de Trabalhadores (CT);

Assim, a Assembleia de Freguesia de Campo de Ourique, reunida em 29 de abril de 2019, delibera:1. Evidenciar o 45º aniversário da Revolução como uma comemoração de luta que tem a sua plenitude na rua, espaço público

e democrático, cuja participação cumpre com a exaltação da memória e o tributo a todos aqueles que se envolveram na luta contra o fascismo e a ditadura e se empenharam pela democracia social e laboral e pela implementação de um Estado social, saudando a efeméride por aclamação;

2. Saudar o 1º de Maio e fazer votos para que seja o momento agregador das várias gerações e saudar nele a coragem de todos os homens e mulheres que exigem dignidade, defesa da democracia e de desenvolvimento pelo progresso social, defesa do emprego, salário ou pensão e da prestação de um serviço público;

3. A remessa do teor integral do presente voto aos Grupos Parlamentares na Assembleia da República, à Associação 25 de Abril, às Centrais Sindicais.

4. Em caso de aprovação, o presente voto deverá ser publicado integralmente na próxima edição do Boletim da Freguesia. Lisboa, 23 de abril de 2019 Os representantes do Bloco de Esquerda.

O voto foi aprovado por 11 votos a favor 2 contra 6 abstenções.

VOTO DE SAUDAÇÃO AO 45.º ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO DE ABRILEm 2019, os trabalhadores e o povo português comemoram o 45.º aniversário do 25 de Abril. A Revolução de Abril, realização do povo português, constituiu um dos mais importantes acontecimentos da história de Portugal.Culminando uma prolongada e heroica luta, o 25 de Abril pôs fim a 48 anos de fascismo – ditadura que subjugou e oprimiu duramente o povo português -, pôs termo a treze anos de guerras coloniais contra povos que também lutavam pela sua liberdade e pela sua independência.Com Abril foi derrotado o obscurantismo, a opressão, o esmagamento das liberdades, a limitação dos direitos fundamentais, a marginalização dos trabalhadores, da juventude, das mulheres e do povo da vida política. O fascismo era miséria, fome, trabalho infantil, repressão, guerra, ódio, degradantes condições de vida, de saúde e de habitação, segregacionismo cultural, elitismo, analfabetismo, ensino reservado para uns poucos e condicionado para a grande maioria da população, salários de miséria, subor-dinação dos interesses do País e do povo aos interesses de uma minoria de grandes monopolistas e latifundiários, alienação do interesse nacional aos interesses do grande capital e do imperialismo.A classe operária, os trabalhadores, as massas populares e os militares progressistas – «os capitães de Abril» –, unidos na aliança Povo-MFA, foram os protagonistas dos avanços e conquistas democráticas alcançadas, que foram consagrados na Constituição da República Portuguesa, aprovada em 2 de Abril de 1976.Comemorar os 45º Aniversário da Revolução de Abril é também comemorar os 45 anos do primeiro 1º de Maio em liberdade. Dia Internacional do Trabalhador, dia de luta, resistência e emancipação para todos os trabalhadores. Nos 45 anos da Revolução de Abril, muitos tentam negar, descaracterizar e pôr em causa o verdadeiro significado do que foi Abril e do que representa para o povo português. Alguns vão tentar reescrever a História, branquear a natureza terrorista da ditadura fascista e silenciar a luta heroica dos trabalhadores e do povo português.A Assembleia de Freguesia de Campo de Ourique na sua sessão de 29 de Abril de 2019, delibera:1. Saudar o 45º Aniversário da Revolução de Abril e do primeiro 1ºde Maio em Liberdade;2. Saudar as lutas dos trabalhadores e das populações em defesa do emprego de qualidade, da habitação, da saúde, da educa-

ção e da escola pública, das reformas e pensões, da segurança social, dos salários, do Serviço Nacional de Saúde, dos serviços públicos de transportes - direitos consagrados na Constituição de Abril;

3. Enviar esta Moção para: Presidente da República; Presidente da Assembleia da República; Grupos Parlamentares da Assem-bleia da República; Primeiro-ministro; Associação Conquistas da Revolução; Associação 25 de Abril; CGTP-IN; UGT.

Lisboa, 29 de abril de 2019 Os eleitos da CDU: Eduardo Tavares O voto foi aprovado da seguinte forma: João Piresponto 1. aprovado por maioria com 4 votos a favor 2 contra e 13 abstenções ponto 2. aprovado por maioria com 14 votos a favor 3 contra e 2 abstenções ponto 3. aprovado por maioria com 14 votos a favor 3 contra e 2 abstenções

MOÇÃO: PELO DESENVOLVIMENTO DO TRANSPORTE COLETIVODepois de anos de luta, o mês de Abril marca o início do alargamento do Passe Social Intermodal a todos os operadores, todas as carreiras, toda a Área Metropolitana de Lisboa, com uma importante redução do preço.Este alargamento pode ser visto como um importante marco nos transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa, com o abandono da sua progressiva mercantilização, e uma aposta renovada num serviço público de qualidade. Estamos, sem dúvida, perante o maior avanço nos transportes públicos desde 1976, com uma redução de custos para os utentes, acompanhada de um significativo aumento da mobilidade garantida.Um avanço que, como se impõe, deverá potenciar uma opção massiva pelo transporte público, para o que precisa ainda de ser completado com um aumento da oferta, da qualidade e da fiabilidade dos transportes públicos, com um reforço do investimento público nos transportes públicos.Assim, os eleitos da CDU propõem que a Assembleia de Freguesia de Campo de Ourique, reunida em sessão dia 29 de Abril de 2019, delibere:1. Saudar todos aqueles que nunca desistiram de lutar pelo Alargamento do Passe Social Intermodal;2. Saudar todos aqueles que participaram no conjunto das decisões que tornaram possível este avanço, nomeadamente: os

presidentes e vereadores das 18 Câmaras da Área Metropolitana de Lisboa; os eleitos das Assembleias Municipais dos 18 municípios; o Secretariado Executivo da Área Metropolitana de Lisboa; aqueles que no Governo e na Assembleia da República, aprovaram e fizeram aplicar o PART - Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos.

3. Sugerir do Governo a adopção de medidas urgentes para alargar a oferta de transportes públicos na AML:3.1. Que autorize as empresas a contratar os trabalhadores operacionais em falta, aumentando a oferta, acabando com os

atrasos na manutenção e repovoando as estações;3.2. Que avance com investimentos na infra-estrutura que promova o alargamento da rede de transportes, a modernização

da rede ferroviária e a expansão da rede do Metro;3.3. Que concretize a aquisição dos navios necessários, já decidida no OE2019, e que avance para a aquisição do material

circulante em falta na CP Lisboa e no Metropolitano.4. Saudar a Carris por ter aceite a recomendação para alargar o período de funcionamento da carreira 709, tendo passado

também a circular aos sábados à tarde (até às 20h40m) e aos domingos e feriados (das 07h40 às 20h40m).Lisboa, 29 de abril de 2019 Os eleitos da CDU: Eduardo Tavares A moção foi aprovada ponto a ponto, da seguinte forma: João Piresponto 1. aprovado por maioria com 16 votos a favor 3 contra e 0 abstenções ponto 2. aprovado por maioria com 16 votos a favor 3 contra e 0 abstenções ponto 3 – aprovado, com alteração, por maioria com 16 votos a favor 3 contra e 0 abstenções ponto 3.1 – aprovado por maioria com 15 votos a favor 4 contra e 0 abstenções ponto 3.2 – aprovado por maioria com 15 votos a favor 4 contra e 0 abstenções ponto 3.3 – aprovado por maioria com 15 votos a favor 4 contra e 0 abstenções ponto 4 – aprovado por maioria com 18 votos a favor 0 contra e 1 abstenção continua ››

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11 FEVEREIRO 2019

30 anos da ANAFRE

Campo de Ourique homenageou, uma vez mais, todas as mães da Freguesia com vá-rias atividades, no primeiro fim de semana de maio. Em várias artérias do bairro foram distribuídas flores às senhoras e o Jardim da Parada encheu-se para assistir a um concerto da orquestra e do coro dos alunos da AMAC. Como também vem sendo tradição, nestes dias, centenas de lojas aderiram à iniciativa da Junta para um Fashion Day em que ofere-ceram muitos descontos aos clientes. [•]

A Associação Nacional de Freguesias (ANA-FRE), comemorou 30 anos no passado dia 11 de fevereiro. Fundada na Benedita, em 1989, esta instituição tem sido fundamental para fazer ou-vir a voz dos milhares de autarcas portugueses que mais perto estão dos eleitores.

«As freguesias passaram a trabalhar os seus pro-blemas e passaram a trabalhar as suas propostas de intervenção legislativa de uma forma institu-cional diferente», lembrou Pedro Cegonho, pre-sidente da Junta de Freguesia de Campo de Ou-rique e presidente da ANAFRE.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, impedido de estar presente na sessão so-lene comemorativa do 30º aniversário da ANA-FRE, fez questão de enviar uma mensagem em vídeo, em que sublinhou: «É uma celebração, an-tes do mais, da democracia portuguesa. É uma celebração, a seguir, do papel do poder local na democracia portuguesa. É a celebração do vosso papel de todos os dias, junto daqueles que são a razão de ser da vossa existência, 24 horas por dia, todos os dias da semana, todas as semanas do ano, todos os anos dos mandatos». O presi-dente da Assembleia da República, Eduardo Fer-ro Rodrigues, discursou perante as muitas cen-

tenas de autarcas que participaram na sessão solene e lembrou que: «Nestes 30 anos muita coisa mudou. Somos um Portugal diferente, muito diferente e muito melhor. Se o somos, muito devemos à existência das freguesias, entidades dotadas de ór-gãos próprios e de atribuições específicas, que correspondem à primeira matriz de descentralização territorial do Estado».

Durante a sua intervenção na sessão solene, Pedro Cegonho fez questão de dizer que: «A ANAFRE é um espaço de diálogo por excelência, mas não confundimos responsabilidade com ti-midez, nem capacidade de concretização e de construção com silêncio».

O encerramento das comemorações de tão importante data teve lugar, no dia 15 de fevereiro, com uma reunião do Conselho Diretivo na sede social e histórica da Benedita e um jantar entre o Conselho Diretivo e os Coordenadores Distritais e Regionais da ANAFRE, tendo como convidados de honra o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e o Secretário de Esta-do da Administração Local, Carlos Miguel. [•]

6 MAIO 2019

Dia da Mãe

BREVES

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Hoje, quem está à frente da paste-laria é José Carlos Carvalho, mas o pai, o Sr. Oliveira, ainda ali vai todos os dias e está muitas vezes atrás do balcão. «Quando veio para Lisboa, o meu pai foi trabalhar para a Benard, no Chiado. E como era o braço di-reito de um dos sócios, que se cha-mava Carvalho, para não os confun-direm passou a ser tratado não pelo último nome, mas pelo penúltimo», conta José Carlos. Depois do Chia-do, o Sr. Oliveira veio para Campo de Ourique, para a Bonina, pastelaria de que muitos dos moradores ainda se lembram, e que era dos meus donos da Benard. O passo seguinte foi tor-nar-se sócio da pastelaria Edite, que ainda hoje existe, «mas queria cres-cer e ter uma pastelaria só dele. Por isso, em 1976, abriu a Lomar», conta o filho. O nome é uma homenagem à aldeia onde nasceu, em Braga.

Desde criança que José Carlos pas-sava muitos dos seus tempos livres na pastelaria do pai, «vinha para cá depois da escola, ou nas férias. Mas, a sério, comecei a trabalhar aqui aos 20 anos». E ainda se lembra do pri-meiro cliente da Lomar. «Foi o Pedro Silva, um senhor que era alfaiate na Ferreira Borges. Já era amigo dos meus pais há uns anos e fez questão de vir cá tomar o pequeno-almoço na véspera de abrirmos ao público. Pa-gou com uma moeda de coleção, que ainda guardamos», conta.

Pelas mesas da Lomar passam muitos dos nomes famosos que vivem em Campo de Ourique ou que vão com frequência ao bairro. «A Sra. Dona Cristina Castro, que era professora de canto, viveu aqui na rua até morrer, há meia dúzia de anos, e tinha muitos alunos que são nomes conhecidos. Nessa altura, vinham todos cá, antes ou depois das aulas. Vinha o Passos Coelho, o Paulo de Carvalho, o Luís Represas… e muitos outros. Dos que moram no bairro, são vários os que aqui vêm todos os dias. Olhe, o Manuel João Vieira, a Maria Flor Pedroso, o Henrique Cayatte, o professor João Caraça, o professor José Eduardo Carvalho – que foi meu professor na fa-culdade –, a Inês de Medeiros, o professor João de Deus Pinheiro, o Michel de Roubaix, o Rocha de Sousa… tanta gente famosa que passou e passa por aqui, todos os dias! E muitos já morreram, como o Fernando Farinha, que passava horas aqui sentado, a escrever. Muitos dos fados dele foram escritos aqui», recorda José Carlos Carvalho. Dos clientes de 1976 ainda res-tam alguns, «cada vez menos, claro. Mas os filhos dessas pessoas, quando vêm a Campo de Ourique, ainda aqui vêm matar saudades dos sabores da infância», diz.

A Lomar é uma das pastelarias famosas de Campo de Ourique não só por-que é uma das mais antigas, mas também porque tem bolos muito espe-ciais. E, no Natal, há quem chegue de muito longe só para comprar bolo-rei ou lampreia de ovos. «A nossa lampreia é muito boa, feita como manda

a tradição. E, quanto ao bolo-rei, é uma receita de família, com mais de quatro gerações. Acho que é isso, a maneira como fazemos as coisas, que agrada às pessoas», diz José Carlos Carvalho. E depois dele? Há alguém na família disposto a seguir a tradição? O dono da Lomar ri-se: «Talvez! A minha filha mais velha já está na faculdade, a estudar vete-rinária, e não acredito que algum dia se interesse por isto. Mas a mais nova gosta. Tenho alguma esperan-ça que, daqui a uns anos, seja ela a estar aqui». [•]

ENTREVISTA

Lomar UMA TRADIÇÃO DOCE

Pastelaria Lomar R. Tomás da Anunciação, 72

Telf.: 21 385 84 17 De seg. a sáb., das 7.30h às 19.30h

Quando abriu a pastelaria, em 1976, o senhor Oliveira já trabalhava em Campo de Ourique há algum tempo. E já estava em Lisboa há muito mais. Quarenta anos depois, o negócio continua na família e é possível que tenha seguidores.

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Rosarinho Guerra cresceu em Cam-po de Ourique, «os meus pais ainda hoje moram no bairro e o meu mari-do também é de Campo de Ourique e é lá que moramos», conta. Não fez de propósito, mas acabou por também ali abrir uma loja. «De uma maneira ou de outra, a minha vida profissional acabou sempre por me levar para Campo de Ourique!», ad-mite. Ainda andava a estudar quan-do arranjou o primeiro emprego, um part-time na Cenoura, uma cadeia portuguesa de lojas de roupa para criança, muito famosa nas décadas de 80 e 90 do século passado. «O que começou por ser um part-time transformou-se, depois, num em-prego a tempo inteiro. Estive 13 anos na Cenoura, sempre da área comer-cial. Depois, as mesmas pessoas que eram donas da empresa abriram a Companhia do Campo, em Campo de Ourique, onde era o Vale do Rio, e convidaram-me. Era uma área de negócio nova, tive muita formação, mas foi um desafio de que gostei imenso. Trabalhávamos tanto, tan-to!», recorda Rosarinho. Nessa altu-ra, muitos portugueses estavam a comprar montes no Alentejo e era aí que tinham muito trabalho. «Fa-zíamos noitadas até às cinco, seis da manhã, a decorar as casas de mon-te, trabalhávamos dias seguidos, sem parar. Mas foi uma experiência fantástica!», reconhece.

Em 2007 resolveu deixar a Compa-nhia do Campo e começar sozinha

A loja é tão conhecida no bairro como fora e leva muita gente a Campo de Ourique. Há oito anos, Rosarinho Guerra começou o negócio com uma sócia. Hoje está sozinha e tem novas ideias, só ainda não encontrou o sítio certo.

com alguns projetos ligados à deco-ração. «Dois anos depois, a Adélia, uma amiga minha, lançou-me o de-safio de abrirmos uma loja de roupa de sonhara em Campo de Ourique. Achei graça à ideia. Porque não? Eu continuaria o meu trabalho como decoradora e a Adélia tomava con-ta da loja de roupa. Foi assim que nasceu a Chocolate & Gengibre, em 2009».

O nome? «O nome foi decidido à mesa do Stop do Bairro. Tínha-mos de dar um nome à nossa loja e como eu sou morena e a Adélia loira, chamámos-lhe Chocolate & Gengibre!». Rosarinho depressa se entusiasmo com a sua nova aposta, mas também percebeu que o ne-gócio era demasiado pequeno para duas sócios. «Foi assim que propus à Adélia sair da sociedade. E até co-mecei, com o meu irmão, a procurar uma loja noutro sítio, para um outro negócio. Eu continuaria o meu pro-jeto e a Adélia resolveu que queria sair e eu acabei por ficar sozinha na empresa. Subiu o target da Choco-late & Gengibre, comecei a comprar coleções, mas apanhei o início da crise e passei anos muito difíceis. Agora, as coisas estão bastante me-lhores!» Rosarinho até gostava de alargar os negócios, mas sem sair de Campo de Ourique. «Acho que faz sentido ter uma loja de roupa para homem. Só ainda não abri por-que ando à procura do sítio certo, aqui no bairro».

Está sozinha à frente da loja, «e gosto! Já me propuseram socieda-de várias vezes, mas não quero». É ela que atende as clientes que en-tram na sua loja «É sempre muito entusiasmante poder ajudar cada mulher a sentir-se mais bonita e elegante. Recebo as minhas clientes tal como recebo a família e os ami-gos, dou-lhes presentes, abraços, dedico-lhes tempo. Não faço isso a pensar no negócio, de maneira nenhuma. Não é marketing, o ma-rketing faço no Instagram e no Fa-cebook, é aí que promovo a minha loja e as marcas com que trabalho. Às minhas clientes, faço questão de lhes mostrar o quanto lhes estou grata, porque sem elas a minha loja não existia! É muito gratificante ter clientes fiéis!»

Na Chocolate & Gengibre há roupa, fatos de banho, bijuteria, sapatos, carteiras, lenços, enfim… tudo o que uma mulher precisa para ficar mais bonita. [•]

ENTREVISTA

Chocolate & Gengibre R. Coelho da Rocha, 85

Telf.: 21 397 1221 De seg. a sáb., das 11h às 20.30h

NOME DE ROUPA ESCOLHIDO À MESAChocolate & Gengibre

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DOSSIÊ

truída em 1581, com fama de favore-cimento das curas dos doentes, até pelos bons ares que usufruía, vindos de Monsanto. O pequeno templo an-tigo, situava-se em frente de onde hoje se encontra Centro Comercial das Amoreiras, sendo da invocação de S. João Batista e de Nossa Senho-ra da Boa Sentença. A construção da ermida deveu-se a António Simões, que foi soldado em Alcácer-Quibir e esteve na edificação da primitiva igreja da Penha de França (1597). O palácio dos condes de Anadia, bem como as três importantes quin-tas que lhe correspondem (S. João dos Bem-Casados, incluindo a casa nobre, Pousos, que vai até ao Cam-po de Ourique, e do Pé de Um e do Fetal, que seguia até ao que hoje é o Largo do Rato), tornaram-se pro-priedade de Francisco Duarte de Al-meida e Sousa depois da insolvência da família Palhares; recebendo Aires de Almeida e Sousa e Sá, irmão de Francisco, em doação, toda a larga propriedade. Em parte do Palácio Anadia, morou e faleceu D. Tomás de Mello Breyner, conde de Mafra, mé-dico do rei D. Carlos e avô de Sophia de Mello Breyner. No prédio frontei-ro, morou Veva de Lima, filha de Car-los Lima Mayer, um dos “vencidos da vida”, mulher de Rui Ulrich, conhe-cido professor de Direito, e mãe da pedagoga Maria Ulrich. Nas Amo-reiras, a proximidade das fábricas pombalinas, em especial das sedas, exigia a presença das árvores cujas folhas alimentavam os preciosos bichos-da-seda. Andando pela rua de S. João dos Bem-casados che-gamos ao grande prédio de esquina

na rua do Sol para a rua do Campo de Ourique, onde esteve instalada a Companhia da Panificação e onde se encontrava a Sociedade Filarmó-nica Alunos de Apolo (fundada por guardas da polícia em 1872). O an-tigo largo da Páscoa leva-nos aos velhos arruamentos que ligavam a Santa Isabel, ao Rato, a S. Bento e ao Vale do Pereiro – Arrábida e Cabo.

Resvés Campo de Ourique

(…) Mas regressemos ao início da rua de S. Luís, na saída de uma das travessas do cimo dos quartéis. Es-tamos no quartel do Campo de Ou-rique, construção iniciada em 1758 numa propriedade de Miguel Men-des da Costa e Patrícia Maria – sendo constituída por camaratas, casa da pólvora e logradouros. A instalação foi levada a cabo por D. Lourenço de Lancastre e Noronha, descendente do conde dos Arcos, 5º Marquês de Minas, por casamento. Lembremo--nos que não havendo serviço mi-litar obrigatório, o sistema era pro-fissional e mercenário. Estamos no mais antigo edifício militar de Lisboa construído de raiz, já que os quartéis da Ajuda são posteriores. A praça das armas é imponente e é daqui que parte a organização do Cam-po de Ourique. De facto, é a partir do Quartel do Marquês das Minas e Conde do Prado que o Conde de Lippe vai proceder a uma constru-ção adequada à modernização do exército português, muito depaupe-rado então. O Conde de Lippe é en-viado pelo rei Jorge II de Inglaterra, por iniciativa de Sebastião José de

O Professor Guilherme d’Oliveira Martins foi convidado pela Associação Promotora do Ensino de Cegos a fazer

uma conferência sobre o Bairro de Campo de Ourique. E é o texto dessa

palestra que aqui publicamos.

A história da cidade de Lisboa re-serva-nos tantas vezes boas surpre-sas, no tocante ao modo de apro-veitar bem as qualidades naturais de uma das mais belas capitais eu-ropeias.

Partindo de um núcleo antigo, mar-cado pela Alcáçova e pelos bairros populares da cidade velha, delimita-do no século XIV pela cerca fernan-dina, a cidade foi-se alargando até que o terramoto de 1755 determinou a completa reestruturação do tecido urbano, tendo prevalecido a ideia de manter a Baixa, ainda que benefi-ciando de um sistema novo, inspira-do na experiência de Amsterdão, as-sente em estacaria de pinho verde. No século XVI a urbe tinha ganho a estrutura ortogonal do Bairro Alto e no século XVIII vai conquistar novos espaços populacionais, na Lapa e no Campo de Ourique. É sobre Campo de Ourique que hoje falaremos – es-clarecendo algumas dúvidas e im-precisões que ainda existem.

Se é uma zona de desenvolvimento relativamente recente da cidade, já que se trata de uma urbanização es-sencialmente do início do século XX, a verdade é que a sua base foi lan-çada em pleno século XVIII, a partir de dois núcleos fundamentais – o da nova paróquia de Santa Isabel e o do chamado Campo de Ourique.

Se consultarmos mapas anteriores ao terramoto, verificamos que gran-de parte dos terrenos desta zona eram ocupados por produção agrí-cola variada. Tratava-se de chãos rústicos de quintas e olivais, com cultivos vários, além dos barros fa-voráveis à instalação de olarias e fá-bricas de telha e tijolo.

A rua de Silva Carvalho, que começa nas Amoreiras, no Palácio Anadia, e termina no limite do antigo hospital Inglês, divide-se em duas secções que tiveram toponímias diferen-tes – S. João dos Bem-casados, até ao antigo Largo da Páscoa, e de S. Luís, no troço final. Antes de 1755, a serventia do primeiro troço era ru-dimentar, marcada por uma ermida, entretanto demolida em 1884, cons-

Uma História NotávelCAMPO DE OURIQUE

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DOSIIÊ

Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, com a responsabilidade de Marechal-General do Exército por-tuguês. Mercê de tal reorganização, indispensável, o exército passa de 18 mil para 40 mil homens. Recorde-se que estávamos no termo da Guerra dos Sete Anos (1756- 1763), entre a França e o império Habsburgo, de um lado, a Inglaterra, a Prússia, Ha-nôver e Portugal, de outro, o que obrigava a um especial esforço de organização e de eficiência – com a presença de mercenários estrangei-ros. No quartel do Campo de Ouri-que, assim designado, instalar-se-á o regimento Infantaria 4, comanda-do por Gomes Freire de Andrade (nos anos 1790 a 1807). Um alemão - J. H. Friedrich Linck - descreve em 1798 o caminho da Basílica da Es-trela até à Parada do Quartel: «dei-xando o casario para trás de nós, chegamos a uma agradável planície chamada do Campo de Ourique, separada das colinas vizinhas por fundos vales e utilizada nesta épo-ca como local de exercício por um regimento de imigrantes que aí es-tava alojado em graciosos abarraca-mentos inicialmente ocupados pelo regimento de Dillon e mais tarde de Montmar». Acrescente-se que o visi-tante esclarecia que a Parada tam-bém servia para promenade para as classes média e baixa. Depois do terramoto muita gente viera para aqui, pois o local tinha sido poupa-do às destruições (resvés Campo de Ourique). Esta unidade militar revelar-se-á muito ativa, designa-damente na defesa dos ideais da liberdade. Lembrem-se os Motins o Campo de Ourique de 1803. Nas fes-tividades do Corpo de Deus, Gros-son, ajudante do Conde de Novion, comandante da Guarda Real da Po-lícia de Lisboa foi preso por Gomes Freire. A prisão ocorreu no Passeio Público e causou um sério conflito entre o exército e a Guarda. Quan-do, em final de julho, o regimento de Infantaria 4 celebrou as festas de Nossa Senhora da Piedade, na Ermi-da próximo do quartel, patrulhas da Guarda Real lançaram provocações a militares do regimento, tendo ha-vido tiroteio e feridos. Por interven-ção do Príncipe Regente, D. João, o Secretário de Estado da Guerra procedeu disciplinarmente contra o comandante do regimento, sendo Gomes Freire preso. De referir que os motins tinham finalidade política. Havia dois partidos que pretendiam influenciar o monarca – Novion e a oficialidade da Guarda Real repre-sentavam a sensibilidade francesa e jacobina e Gomes Freire de Andrade e seus subordinados correspondiam ao partido pró-britânico e maçó-nico. No final dos acontecimentos, Gomes Freira apenas receberia uma repreensão e Novion seria destituí-do do comando da Guarda Real.

Saiu daqui Herculano para o exílio

Merece também referência o golpe de 21 de agosto de 1831, em que in-terveio Alexandre Herculano e o le-varia para o exílio. É um golpe em que o regimento saiu em defesa da Constituição Liberal contra a gover-nação de D. Miguel, por incitamento do lente da Academia de Marinha Albino Francisco e Almeida. Sobre esta tentativa falhada do golpe Her-culano diz: «a infeliz tentativa do 4º Regimento de Infantaria foi a tenta-tiva conduzida com tanto valor pelo tenente-coronel Bravo». Um «agen-te incógnito» entrou clandestina-mente no quartel, de sobrecasaca e chapéu redondo e, assim, levantou o regimento, que saiu pelo largo da Páscoa, descendo a rua do Sol ao Rato, em direção a S. Bento. Contu-do, a resistência dos guardas de po-lícia fez-se logo sentir. E ao entrarem na rua do Sol, um mestre de meni-nos equivocado pela charanga, deu vivas a D. Miguel e foi varado pelas balas, o que originou grande per-turbação. Daí para a frente os efe-tivos foram-se reduzindo, por fuga de muitos dos soldados, incapazes de resistir. Alexandre Herculano não interveio diretamente no movimen-to, mas apercebendo-se do fracasso foi para uma nau francesa, a «Mel-pomène», fiel ao rei Luís Filipe e à monarquia de julho, e daí passou a um paquete inglês que o levou para o exílio até à Mancha. Os resultados do funesto golpe são conhecidos. Em frente à porta de armas do quar-tel, no dia 10 de setembro, foi fuzila-da uma primeira leva de revoltosos – 10 praças e um alferes. A 24, há uma segunda leva de 21 homens, incluin-do tambores e outros músicos. Só se salvaria o último contingente de 30 homens, que incluía um tenente e diversos músicos. O resultado final da aventura levou à dissolução do regimento de 4 de Infantaria.

Pode dizer-se, pois, que Campo de Ourique nasceu como um campo militar, que se integraria no progra-ma reformista do conde de Lippe. É, assim, o quartel mais antigo de Lisboa. Muito provavelmente, a de-signação do local deve-se à invo-cação do milagre de Ourique pelos comandantes militares – invocado nas quinas das armas de Portugal. De facto, o quartel do Campo de Ourique aparece como estruturante na construção do novo bairro – bas-tando lembrarmo-nos do Jardim da Parada, recordação desse tempo e dessa vocação primordiais. Em me-mória do inconformismo liberal, o jardim da Parada alberga a estátua de Maria da Fonte, figura da resis-tência popular às medidas fiscais e às leis de saúde pública de Costa Cabral (1846). Não se esqueça ainda a intervenção decisiva do regimento de Infantaria 16 na Implantação da

República, com o qual contaria Ma-chado Santos, na Rotunda – foi na rua Ferreira Borges que teve lugar o primeiro disparo da revolução - , bem como a intervenção importante do Batalhão de Sapadores de Cami-nhos-de-Ferro, na Primeira Guerra Mundial.

Um pátio de artistas fantástico

Em suma, se no tempo do terramoto estávamos nos arrabaldes de Lisboa e tudo tendo começado com um campo militar e uma parada para exercícios sob a invocação do mila-gre de Ourique, em meados do sé-culo XIX, a futura rua Maria Pia é o início da primeira circular ou circun-valação, construindo-se aqui o Ce-mitério Ocidental ou dos Prazeres e o acesso da rua Saraiva de Carvalho (1863). O bairro é previsto em 1878 e delineado num plano ortogonal em 1906 por Ressano Garcia. Em 1910 apenas chegava à rua de Tomás da Anunciação, progredindo até 1939 para chegar à rua de Sampaio Bru-no. E Campo de Ourique das artes, da ciência e da cultura? Temos tudo! Além de Alexandre Herculano, que daqui saiu para o exílio, Almeida Gar-rett que teve a sua última morada na rua de Santa Isabel, Gomes Freire de Andrade, comandante do 4 de Infan-taria, Guerra Junqueiro, que viveu na rua de S. Luís, na quinta da brasilei-ra (D. Ida Rosa Benthim), Fernando Pessoa (na sua casa da rua Coelho da Rocha, de fronte ao seu fiel bar-beiro, o senhor Manassés), Bento de Jesus Caraça e Ferreira de Macedo, eminentes matemáticos e pedago-gos, fundadores da Universidade Popular Portuguesa, na Padaria do Povo, António José Saraiva, Rómulo de Carvalho, Luís Sttau Monteiro, os artistas Cristino da Silva, Leopoldo de Almeida, Cotinelli Telmo, António Lino, Álvaro de Brée, Domingos Re-belo, Helena Almeida, Bárbara Assis Pacheco… Fomos, aliás, recebidos principescamente por Jorge Martins no Pátio dos artistas, que começou por nos explicar a autoria dos mag-níficos baixos-relevos aqui coloca-dos graças a Leopoldo de Almeida, da autoria do escultor espanhol Juan de Ávalos y Taborda (1911-2006).

Estes são apenas breves aponta-mentos. Muito fica por dizer. [•]

Guilherme d’Oliveira Martins

Foto 1 Jardim Teófilo Braga, Armando Maia Serôdio, 1959 (AFCML)

Foto 2 Asilo-Escola António Feliciano de Castilho, Artur João Goulart, 1959 (AFCML)

Foto 3 Rua de Campo de Ourique, Machado & Souza, 1908 (AFCML)

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giene, constituíam alguns dos temas que se repetiam nos debates, quer no governo central, quer no município, sendo unanime a sua resolução urgente.

Com o ingresso do Engenheiro Frederico Ressano Garcia na Repartição Téc-nica da Câmara Municipal de Lisboa em 1874, ensaia-se, pela primeira vez, um programa de atuação global na cidade. É com Ressano Garcia que se en-tende, à semelhança do que já havia sido feito em várias cidades europeias, que os problemas da cidade se resolvem através da intervenção no tecido urbano. Como prioridade elenca-se a expansão urbanística para Norte da baixa da cidade, através da abertura de grandes avenidas e de novos bairros a ladeá-las.

Há 140 anos, Campo de Ourique começa a ser projetado como bair-ro. Abrem-se ruas e as quintas que aí existiam começam a ceder lugar aos prédios.

Cumpriram-se no passado mês de Novembro os 140 anos do projeto urbanístico do bairro de Campo de Ourique.

Um espaço icónico da capital, o bair-ro de Campo de Ourique nasceu em 1878, tendo sido uma das primeiras concretizações de um programa municipal que procurava resolver um conjunto de problemas que há muito assolavam a capital.

Em finais do século XIX Lisboa apre-sentava-se como uma cidade atra-sada relativamente a outras cidades europeias. A inexistência de infraes-truturas modernas e de uma rede viária que pusesse em contacto as diferentes zonas da cidade, a falta de qualidade da maioria das habita-ções, e os graves problemas de hi-

DOSSIÊ

140 ANOS do projeto urbanísticodo bairro de Campo de Ourique

1

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Campo de Ourique, uma área afastada do centro da cidade sem vias de comunicação que promovessem a sua interligação, pare-cia surgir como uma proposta algo descon-textualizada. Este ex-tenso planalto era, por excelência, um espaço rural, pontuado por habitações dispersas, e pequenas indústrias. O quotidiano era par-tilhado com as rotinas militares do quartel, aí edificado a partir de 1758, e nas franjas do planalto, pela atividade das pedreiras e fornos de cal.

Apesar de afastado, Campo de Ourique começou a despertar interesse em firmas dedicadas à constru-ção imobiliária, cientes das potencialidades de um espaço despido de

marcadas pré-existências, requisito ideal para a edificação organizada de novas habitações.

A firma Silva, Esteves, Lopes e Comp.ª, é a primeira a investir no espaço, ad-quirindo em Fevereiro de 1878, e tendo em vista a construção de um conjun-to de oito prédios e uma vila operária, duas grandes propriedades a poen-te do referido Quartel. Estas propriedades eram, até à data, arrendadas ao exército servindo como parada do regimento militar aí aquartelado.

Esta iniciativa despertou o imediato interesse da Câmara Municipal por Cam-po de Ourique, reconhecendo-o como um espaço propício à criação de um novo bairro. Em menos de um mês a Repartição Técnica municipal prepara e aprova, a 15 de Novembro de 1878, o projeto de um novo bairro, que an-tecede inclusivamente o projeto da Avenida da Liberdade (1879), uma das prioridades do município.

Contrariamente àquilo que se tem afirmado não foi o Engenheiro Frederico Ressano Garcia o responsável pelo projeto urbanístico. O plano é da respon-sabilidade de Augusto César dos Santos, Condutor de Obras Públicas ao serviço da Câmara Municipal há mais de duas décadas. César dos Santos, nome praticamente desconhecido no âmbito do painel de técnicos que se destacaram ao serviço da Câmara entre finais dos séculos XIX e início do século XX, já havia dado inúmeras provas da qualidade do seu trabalho, quer no âmbito do planeamento urbanístico, quer do desenho de mobiliário urba-no, revelando-se mais do que habilitado para a execução do projeto.

Augusto César dos Santos vai ampliar o projeto da firma Silva, Esteves, Lo-pes e Comp.ª à escala de um bairro, projetando-o com base em conceitos urbanísticos racionais. Opta-se por traçar uma grelha geométrica de nove ruas que entrecruzadas formam vinte e cinco quarteirões. A Rua de Campo de Ourique, a Rua do Campo da Parada (troço da atual Rua Ferreira Borges) e a Estrada do Cemitério Ocidental (atual Saraiva de Carvalho), pré-exis-tentes no espaço tornam-se os limites do bairro. O projeto extravasava os

DOSSIÊ

limites da propriedade pertencente à firma, exigindo-se expropriações, operação exigente a um município então depauperado.

A imagem do mais novo bairro da capital, pela qual ainda hoje se dis-tingue, trazia à memória os concei-tos urbanísticos aplicados na baixa pombalina, ou seja, os ensinamentos da Escola de Urbanismo moderna. Com o projeto deste novo bairro recuperava-se uma ideia há muito abandonada - a da urbanização do planalto de Campo de Ourique, ideia que no pós-terramoto de 1755, foi definida como uma das opções elen-cadas para a criação de uma «Nova Lisboa» e seu novo Palácio real.

O bairro de Campo de Ourique não foi projetado em 1878 com a dimen-são que hoje conhecemos, tendo sido ampliado de forma faseada durante cerca de 80 anos. Circuns-tâncias de ordem financeira ditaram esta realidade, obrigando também a uma colaboração entre o município e entidades privadas. Todos os pro-jetos de ampliação primaram pelo respeito pelos conceitos urbanísti-cos definidos por César dos Santos.

O modelo urbanístico desenvolvido em Campo de Ourique tornou-se parte indissociável da sua identida-de, bem como o isolamento do bair-ro face ao centro, o que o fez crescer como uma «aldeia dentro da cida-de».

O bairro de Campo de Ourique foi um projeto ímpar, sendo o resultado da conjugação de diferentes fatores: a sua localização, a formação e ca-pacidades do seu autor, os conceitos urbanísticos aplicados, as circuns-tâncias de ordem técnica e legislati-va e as formas de associação entre a Câmara Municipal e empresas parti-culares no seu planeamento. [•]

Susana Maia e Silva Mestre em História da Arte Contemporânea

140 ANOS do projeto urbanísticodo bairro de Campo de Ourique

Foto 1 Planta indicando as novas ruas que devem ser abertas entre as ruas de Campo de Ourique e a do Cemitério Ocidental, CML, Rep. Técn., Augusto César dos Santos, 15 Nov. 1878 (Arquivo CML, Arco Cego).

Foto 2 Levantamento topográfico de Francisco e César Goullard, planta nº 25, Set. 1877 (Arquivo CML, Arco Cego).

2

Após o terramoto de 1755 Lisboa mergulhou num cenário caótico de destruição. Para o regresso à nor-malidade definiram-se como priori-dades a reconstrução da cidade e a edificação de um Palácio Real, des-truído que ficara o Paço da Ribeira. Manuel da Maia, Engenheiro-Mor do Reino, encarregue de elaborar as primeiras propostas nesse sentido, assume a sua preferência quanto à localização do Palácio: (…) se sua Mag.e fôr servido querer lançar mão de hum sítio salutífero e superior apropriado p.a cabeça de Corte com boas 4 communicações p.a a cidade e p.o o campo, aproveitando-se (…) do beneficio da agua livre de Bellas, e terreno firme e solido com bom nivelamento e capacidade para edi-ficar com grandeza, he este sitio entre S. João dos Bemcasados e o Convento de N.ª Sra. da Estrella (…)1.

Entre São João dos Bemcasados, topónimo que até 1920 batizava um dos troços da Rua Silva Carvalho, e o Convento de Nossa Senhora da Estrela (depois Hospital Militar da Estrela) explana-se o que conhece-mos por Campo de Ourique.

Ainda que apenas em Julho de 1759 D. José I tenha decretado que o lo-cal sugerido serviria para a edifica-ção do Palácio Real e de um grande bairro destinado à nobreza, já se de-senvolviam, desde 1756, trabalhos nesse sentido, cartografando-se a área, pensando-se a malha urbana e balizando-se o terreno interditan-do-o à construção. Em Fevereiro de 1756 Manuel da Maia adianta que a escolha deste local para edificação do Palácio impunha a opção pela reconstrução da parte baixa da ci-dade, solução adotada em Maio de 1758, com projeto traçado pelo En-genheiro Eugénio dos Santos.

Recaiu no Engenheiro militar Carlos Mardel, uma das figuras-chave do

processo de reconstrução da cida-de, a responsabilidade de pensar a implantação do palácio e traçar a malha urbana envolvente, segundo as orientações dadas pelo monar-ca, que determinava que as ruas do novo bairro fossem regulares, de-corosas e como taes decentes para nelas passarem os cortejos nas fun-ções mais celebres da Corte2. Car-los Mardel chegou a ensaiar a sua localização, orientando-o a nascen-te face ao Largo do Rato, de onde partiria uma via que desembocaria frente ao edifício.

Hélder Carita, arquiteto e investiga-dor debruçou-se sobre esta ques-tão3, e no seguimento da extraor-dinária descoberta, nos arquivos da Academia de Ciências de Lisboa, de dois alçados do Palácio Real para a zona de Campo de Ourique, conclui que estes deverão ter sido traça-dos por uma equipa liderada por Eugénio dos Santos. A assinatura de um dos desenhos, pelo Capitão Engenheiro Dionizio S. Dionizio, presença inusitada neste contexto por se tratar de uma figura desco-nhecida no painel de intervenientes do processo de reconstrução da ci-dade, suscitou no investigador um conjunto de interrogações. Carita questiona-se se um projeto desta importância seria entregue a uma figura de segunda linha no âmbito dos profissionais mais destacados à época. Por outro lado, a qualidade exímia, expressa na precisão e flui-dez do traço, inexistente nos traba-lhos de Eugénio dos Santos e Car-los Mardel, e pouco frequente nos militares formados na Aula de Forti-ficação, abre portas à possibilidade de ambos terem sido traçados pelo Capitão Dionizio.

Dionizio opta por preservar o mo-delo tradicional de Palácio Real, observável na majestade de pro-

porções e no festivo sentido deco-rativo, onde o corpo principal da fachada se apresenta ladeado por dois torreões laterais e marcado por um corpo central saliente, em tudo idêntico aos palácios de Ma-fra e Ajuda. Os alçados apresentam, porém, propostas que os afastam do barroco italiano que marcara o reinado de D. João V, enquadran-do-os noutras tradições artísticas. Esta questão é mais notória no de-senho assinado no qual se denota uma tentativa de introduzir inova-ção, nomeadamente na utilização de elementos típicos do classicismo francês, mas também de referên-cias germânicas.

O Palácio Real nunca foi edificado em Campo de Ourique. Segundo Hélder Carita, as problemáticas que o projeto da reconstrução da baixa da cidade levantaram, a ampliação da Barraca Rica, na qual a família Real se instalara logo após o ter-ramoto, e a progressiva fixação da nobreza e funcionários régios em redor da mesma e na área ribeiri-nha entre Alcântara e Pedrouços, acabaram por provocar uma cer-ta resistência na mudança do rei e da Corte para Campo de Ourique. O incêndio na residência provisória da família real, em 1794, parece ter funcionado como elemento disrup-tor da ideia, optando-se no ano se-guinte pela construção de um Pa-lácio na Ajuda, em substituição da referida Barraca. [•]

Susana Maia e Silva Mestre em História da Arte Contemporânea

RECORDAR CAMPO DE OURIQUE

Um Palácio Real em Campo de Ourique

1 MAIA, Manuel da, Dissertação, I Parte, paragraf. 14, Dezem-bro de 1756. 2 Decreto de 2 de Julho de 1759, in SILVA, António Delgado, Legislação de 1750 a 1762, Lisboa, 1830. 3 CARITA, Hélder, «Dois alçados inéditos do Palácio Real de Campo de Ourique», Revista de História da Arte, FCSH--UNL, nº 11, 2014, pp. 184 a 207

Alçado de Palácio Real a construir em Campo

de Ourique

Frontaria de hum Palácio Real da parte dos jardins inventado

e debuxado no Arsenal Novo pello Capp am Dinizio de S.

Dionizio em 1760, Capitão Dionizio S. Dionizio, 1760. Desenho a tinta-da-china,

com aguada. Dim. 3840mm x 640mm

Academia das Ciências de Lisboa (s. n. de inv.).

Alçado de Palácio Real a construir em Campo de Ourique S/assinatura, c. 1760. Desenho a tinta-da-china, com aguada. Dim. 3950mm x 870mm.Academia das Ciências de Lisboa (s. n. de inv.).

d o i s a l ç a d o s i n é d i t o s d o p a l á c i o r e a l d e c a m p o d e o u r i q u e

r e v i s ta d e h i s tó r i a d a a r t e n.o 1 1 – 2 0 1 41 8 6

4 Sobre este tema conf: Rabreau, 2001; Michel,

1987

blamento fortemente saliente, correndo ao longo de toda a fachada, conferem a

estes edifícios uma solenidade majestosa que se afasta radicalmente dos pressu-

postos estéticos presentes no projecto do Palácio Real para Lisboa.

Assinalados por uma fluidez e precisão de traço, estes desenhos recebem deli-

cadas tonalidades a aguarela e uma forte marcação de luz e sombras, sendo um

raro testemunho, em Portugal, do chamado “desenho de arquitectura”. Evoluindo

a partir de Itália, com a chamada “veduta” de arquitectura, vemos este género

ser difundido através de grandes artistas, como Gaspar Van Wittel (1652), Panini

(1692 -1765), os Galli Bibiena, ou Piranesi (1720 -1778), divulgando -se por toda a

Europa num ambiente iluminista, como objectos de culto procurados por príncipes

e grandes coleccionadores para os seus gabinetes de curiosidades e galerias de

arte 4. Afastando -se do âmbito de uma disciplina e de uma lógica teorética afecta

à arquitectura, estes “desenhos de arquitectura”, concebidos mais para uma frui-

ção estética, apelando à imaginação e sensibilidade, afirmam -se como um género

artístico que ao longo do século xviii vai ganhando autonomia como uma produção

artística em voga nas grandes cortes europeias.

Fig. 1 – Alçado de Palácio Real a construir em Campo de Ourique. Assinado Cap. Dionizio S. Dionizio, 1760.Desenho a tinta-da-china, com aguada.Dims; 3840mm × 640mmAcademia das Ciências de Lisboa. (s. n. de inv.) Fig. 2 – Alçado de Palácio Real a construir em Campo de Ourique. Desenho a tinta-da-china, com aguada. S/assinatura, c. 1760.Dims: 3950mm × 870mmAcademia das Ciências de Lisboa. (s. n. de inv.)

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4 Sobre este tema conf: Rabreau, 2001; Michel,

1987

blamento fortemente saliente, correndo ao longo de toda a fachada, conferem a

estes edifícios uma solenidade majestosa que se afasta radicalmente dos pressu-

postos estéticos presentes no projecto do Palácio Real para Lisboa.

Assinalados por uma fluidez e precisão de traço, estes desenhos recebem deli-

cadas tonalidades a aguarela e uma forte marcação de luz e sombras, sendo um

raro testemunho, em Portugal, do chamado “desenho de arquitectura”. Evoluindo

a partir de Itália, com a chamada “veduta” de arquitectura, vemos este género

ser difundido através de grandes artistas, como Gaspar Van Wittel (1652), Panini

(1692 -1765), os Galli Bibiena, ou Piranesi (1720 -1778), divulgando -se por toda a

Europa num ambiente iluminista, como objectos de culto procurados por príncipes

e grandes coleccionadores para os seus gabinetes de curiosidades e galerias de

arte 4. Afastando -se do âmbito de uma disciplina e de uma lógica teorética afecta

à arquitectura, estes “desenhos de arquitectura”, concebidos mais para uma frui-

ção estética, apelando à imaginação e sensibilidade, afirmam -se como um género

artístico que ao longo do século xviii vai ganhando autonomia como uma produção

artística em voga nas grandes cortes europeias.

Fig. 1 – Alçado de Palácio Real a construir em Campo de Ourique. Assinado Cap. Dionizio S. Dionizio, 1760.Desenho a tinta-da-china, com aguada.Dims; 3840mm × 640mmAcademia das Ciências de Lisboa. (s. n. de inv.) Fig. 2 – Alçado de Palácio Real a construir em Campo de Ourique. Desenho a tinta-da-china, com aguada. S/assinatura, c. 1760.Dims: 3950mm × 870mmAcademia das Ciências de Lisboa. (s. n. de inv.)

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d o i s a l ç a d o s i n é d i t o s d o p a l á c i o r e a l d e c a m p o d e o u r i q u e

5 Tarefa esta que ocasionou diversos motins,

fugas e queixas que constam de documentação

guardada no Arquivo Histórico Militar e no

Cartório da Junta do Comércio.

Terá sido na sua qualidade de obras de arte, para serem apresentadas na corte,

que os desenhos em análise terão, mais tarde, integrado as colecções da Academia

de Ciência, possivelmente pela mão do Duque de Lafões, seu fundador e grande

coleccionador de arte.

Apresentando, os dois desenhos, claras afinidades estilísticas e formais, que apon-

tam para duas variantes de um mesmo projecto de edifício, um deles é acompa-

nhado da legenda: “Frontaria de hum Palácio Real da parte dos jardins inventado e

debuxado no Arsenal Novo pello Capp am Dinizio de S. Dionizio em 1760” (fig. 3).

Se esta legenda nos permite, com toda a segurança, considerar que estamos perante

duas variantes do projecto do Palácio Real de Campo de Ourique, iniciado por

decreto real, em 1759, ela coloca -nos porém uma incógnita quanto à sua inusitada

autoria.

Face à qualidade estética dos projectos, não podemos deixar de nos interrogar

perante a sua autoria, uma figura de capitão engenheiro, que, embora entre os anos

de 1758 -1760 tenha assumido a difícil tarefa de comando dos presos ocupados nas

demolições e desentulho da cidade arruinada 5, não consta da lista de projectistas

que participaram nas grandes obras de urbanismo e arquitectura realizadas para a

reconstrução da cidade de Lisboa.

No desenvolvimento da nossa investigação, importou decisivamente a identificação

de duas plantas registando a implantação do Palácio Real a construir na zona de São

João dos Bem Casados, que vieram acrescentar uma nova luz sobre as implicações

deste emblemático edifício na estrutura urbana prevista para Lisboa. Elaboradas

em dois momentos diferentes, uma em 1756, sob a direcção de Manuel da Maia,

e outra em 1759, sob orientação de Carlos Mardel, elas demonstram duas visões

urbanísticas diferentes, em que uma, de tendência barroca, apoiada na dinamização

e aggiornamento decorativo de grandes vias urbanas, se opunha a um racionalismo

cartesiano, pautado por um depuramento e uniformidade militarista. Em ambos os

d o i s a l ç a d o s i n é d i t o s d o p a l á c i o r e a l d e c a m p o d e o u r i q u e

r e v i s ta d e h i s tó r i a d a a rt e n.o 1 1 – 2 0 1 4

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4 Sobre este tema conf: Rabreau, 2001; Michel,

1987

blamento fortemente saliente, correndo ao longo de toda a fachada, conferem a

estes edifícios uma solenidade majestosa que se afasta radicalmente dos pressu-

postos estéticos presentes no projecto do Palácio Real para Lisboa.

Assinalados por uma fluidez e precisão de traço, estes desenhos recebem deli-

cadas tonalidades a aguarela e uma forte marcação de luz e sombras, sendo um

raro testemunho, em Portugal, do chamado “desenho de arquitectura”. Evoluindo

a partir de Itália, com a chamada “veduta” de arquitectura, vemos este género

ser difundido através de grandes artistas, como Gaspar Van Wittel (1652), Panini

(1692 -1765), os Galli Bibiena, ou Piranesi (1720 -1778), divulgando -se por toda a

Europa num ambiente iluminista, como objectos de culto procurados por príncipes

e grandes coleccionadores para os seus gabinetes de curiosidades e galerias de

arte 4. Afastando -se do âmbito de uma disciplina e de uma lógica teorética afecta

à arquitectura, estes “desenhos de arquitectura”, concebidos mais para uma frui-

ção estética, apelando à imaginação e sensibilidade, afirmam -se como um género

artístico que ao longo do século xviii vai ganhando autonomia como uma produção

artística em voga nas grandes cortes europeias.

Fig. 1 – Alçado de Palácio Real a construir em

Campo de Ourique.

Assinado Cap. Dionizio S. Dionizio, 1760.

Desenho a tinta-da-china, com aguada.

Dims; 3840mm × 640mm

Academia das Ciências de Lisboa. (s. n. de inv.)

Fig. 2 – Alçado de Palácio Real a construir em

Campo de Ourique. Desenho a tinta-da-china,

com aguada. S/assinatura, c. 1760.

Dims: 3950mm × 870mm

Academia das Ciências de Lisboa. (s. n. de inv.)

r e v i s ta d e h i s tó r i a d a a rt e n.o 1 1 – 2 0 1 4 1 8 7

d o i s a l ç a d o s i n é d i t o s d o p a l á c i o r e a l d e c a m p o d e o u r i q u e

5 Tarefa esta que ocasionou diversos motins,

fugas e queixas que constam de documentação

guardada no Arquivo Histórico Militar e no

Cartório da Junta do Comércio.

Terá sido na sua qualidade de obras de arte, para serem apresentadas na corte,

que os desenhos em análise terão, mais tarde, integrado as colecções da Academia

de Ciência, possivelmente pela mão do Duque de Lafões, seu fundador e grande

coleccionador de arte.

Apresentando, os dois desenhos, claras afinidades estilísticas e formais, que apon-

tam para duas variantes de um mesmo projecto de edifício, um deles é acompa-

nhado da legenda: “Frontaria de hum Palácio Real da parte dos jardins inventado e

debuxado no Arsenal Novo pello Capp am Dinizio de S. Dionizio em 1760” (fig. 3).

Se esta legenda nos permite, com toda a segurança, considerar que estamos perante

duas variantes do projecto do Palácio Real de Campo de Ourique, iniciado por

decreto real, em 1759, ela coloca -nos porém uma incógnita quanto à sua inusitada

autoria.

Face à qualidade estética dos projectos, não podemos deixar de nos interrogar

perante a sua autoria, uma figura de capitão engenheiro, que, embora entre os anos

de 1758 -1760 tenha assumido a difícil tarefa de comando dos presos ocupados nas

demolições e desentulho da cidade arruinada 5, não consta da lista de projectistas

que participaram nas grandes obras de urbanismo e arquitectura realizadas para a

reconstrução da cidade de Lisboa.

No desenvolvimento da nossa investigação, importou decisivamente a identificação

de duas plantas registando a implantação do Palácio Real a construir na zona de São

João dos Bem Casados, que vieram acrescentar uma nova luz sobre as implicações

deste emblemático edifício na estrutura urbana prevista para Lisboa. Elaboradas

em dois momentos diferentes, uma em 1756, sob a direcção de Manuel da Maia,

e outra em 1759, sob orientação de Carlos Mardel, elas demonstram duas visões

urbanísticas diferentes, em que uma, de tendência barroca, apoiada na dinamização

e aggiornamento decorativo de grandes vias urbanas, se opunha a um racionalismo

cartesiano, pautado por um depuramento e uniformidade militarista. Em ambos os