campello, bernadete santos et al - fontes de informação para pesquisadores e profissionais [2000]

312
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FONTES DE INFORMAO PARA PESQUISADORES E PROFISSIONAIS

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Copyright 2000 by Bemadete Santos Campello e outras. 2003 - I' reimpresso Este livro ou parte dele no pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorizao escrita do Editor. EDITORAO DE TEXTO: Ana Maria de Moraes PROJETO GRFICO: Escritrio de Design CAPA: Glria Campos REVISO DE PROVAS: Lilian Valderez Felicio, Maria Aparecida Ribeiro, Maria Stela Souza Reis e Rbia Flvia dos Santos ^ FORMATAO: Jonas Rodrigues Fris \ J ( '". J w ,J PRODUO GRFICA: Warren M. Santos " ""' Editora UFMG Av. Antnio Carlos, 6627 Ala direita da Biblioteca Central - Trreo - Campus Pampulha 31270-901 Belo Horizonte/MG Tel. (31) 3499-4650 Fax. (31) 3499-4768 [email protected] www.editora.ufmg.br UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS REITORA: Ana Lcia Almeida Gazzola VICE-REITOR: Marcos Borato Viana CONSELHO EDITORIAL: Antnio Luiz Pinho Ribeiro, Beatriz Rezende Dantas, Carlos Antnio Leite Brando, Heloisa Maria Murge Starling, Luiz Otvio Fagundes Amaral, Maria das Graas Santa Brbara, Maria Helena Damasceno e Silva Megale, Romeu Cardoso Guimares, Wander Melo Miranda (Presidente)SUPLENTES

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Cristiano Machado Gontijo, Denise Ribeiro Soares, Leonardo Barci Castriota, Lucas Jos Brets dos Santos, Maria Aparecida dos Santos Paiva, Maurlio Nunes Vieira, Newton Bignotto de Souza, Reinaldo Martiniano Marques, Ricardo Castanheira Pimenta Figueiredo

F683

Fontes de informao para pesquisadores e profissionais / Bernadete Santos Campello, Beatriz Valadares Cendn, Jeannette Marguerite Kremer, Organizadoras. - Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000. 3l9p. - (Aprender) I. Bibliografia especializada - Fontes de informao I. Campello, Bernadete Santos II. Cendn, Beatriz Valadares III. Kremer, Jeannette Marguerite IV. Ttulo V. Srie CDD: 025.5 CDU: 025.5

Catalogao na publicao: Diviso de Planejamento e Divulgao da Biblioteca Universitria - UFMG ISBN: 85-7041-209-6

r

SUMRIO

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS07

APRESENTAO

|7

A cincia, o sistema de comunicao cientfica e a literatura cientfica Suzana Pinheiro Machado Mueller 2 Organizaes como fonte de informao Bernadete Santos Campello 3 Pesquisas em andamento Bernadete Santos Campello 4 Encontros cientficos Bernadete Santos Campello 5 O peridico cientfico Suzana Pinheiro Machado Mueller 11 Literatura cinzenta Sandra Lcia Rebel Gomes Marlia Alvarenga Rocha Mendona Clarice Muhlethaler de Souza 97 73 55 49 35 21

7 Relatrios tcnicos Bernadete Santos Campello 8 Publicaes governamentais Waldomiro Vergueiro M Teses e dissertaes Bernadete Santos Campello 10 Tradues Bernadete Santos Campello "liNormas tcnicas Maria Matilde Kronka Dias 137 129 121 111 105

m A patente Ricardo Oriandi Frana ff Literatura comercial Eduardo Wense Dias Bemadete Santos Campello M* Revises de literatura Daisy Pires Noronha Sueli Mara Soares Pinto Ferreira ISiObras de referncia Eduardo Wense Dias U Servios de indexao e resumo Beatriz Valadares Cendn 17* ndices de citao Daisy Pires Noronha Sueli Mara Soares Pinto Ferreira 18 Guias de literatura Paulo da Terra Caldeira Mi A Internet Beatriz Valadares CendnAnexo

153

183

191

199 217

249 263

275

Endereos na Internet ndice Sobre os autores

301 307

p

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABDF ABERJE ABNT ABONG AFITEC

Associao de Bibliotecrios do Distrito Federal Associao Brasileira de Comunicao Empresarial Associao Brasileira de Normas Tcnicas Associao Brasileira de ONGs Agncia Fornecedora de Informaes Tcnicas e Comerciais

AFNOR AGREP

Association Franaise de Normalisation AGricultural REsearch Projects in the European Community

AGRCOLA AGRIS Agrobase ALA AN PI ANSI Antares

Agricultural Online Access Agricultural Information System Base Bibliogrfica da Agricultura Brasileira American Library Association Associao Nacional de Provedores de Internet American National Standards Institution Rede de Servios de Informao em Cincia e Tecnologia

ANUI APA API ARIST ARL ARPANET

Associao Nacional dos Usurios da Internet American Psychological Association American Petroleum Institute Annual Review of Information Science and Technology Association of Research Libraries Advanced Research Projects Agency Network

ASIS Aslib ASME ASTM BIDTEC BINAGRI BIOREP BIREME

American Society for Information Science Association for Information Management American Society of Mechanical Engineers American Society for Testing and Materials Biblioteca Tcnica INPI Biblioteca Nacional de Agricultura BlOtechnical REsearch Projects in the European Community Centro Latino-Americano e do Caribe de Informao em Cincias da Sade

BLDSC BLLD BS BSI CAB CAICYT

British Library Document Supply Centre British Library Lending Division British Standard British Standard Institution Commonwealth Agricultural Bureau Centro Argentino de Informacin Cientfica y Tecnolgica

CAS CCN

Chemical Abstracts Service Catlogo Coletivo Nacional de Publicaes Seriadas

CD-ROM CEC CEDIN

Compact Disc Read Only Memory Commission of the European Communities Centro de Documentao e Informao Tecnolgica do INPI

CEE

International Commission on Rules for the Approval of Electrical Equipment

CEMIG

Companhia Energtica de Minas Gerais

CEN CENAGRI

Comit Europen de Normalisation Coordenao de Informao Documental Agrcola

CEPAL

Comisso Econmica para a Amrica Latina e Caribe

CERN CETEC CEWIN CIN/CNEN CINDOC/ CSIC

Centre Europen de Recherche Nucleire Fundao Centro Tecnolgico de Minas Gerais Controle Eletrnico de Normas para Windows Centro de Informaes Nucleares/Comisso Nacional de Energia Nuclear Centro de Informacin y Documentacin Cientfica/Consejo Superior de Investigaciones Cientficas

CIP CMN CNPq

Classificao Internacional de Patentes Comit Mercosul de Normalizao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

CNRS

Centre National de la Recherche Scientifique et Technique

COBEI, CB-03 CODATA COMUT CONMETRO

Comit Brasileiro de Eletricidade Committee on Data for Science and Technology Programa de Comutao Bibliogrfica Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial

COPANT CPOB CRC

Comisso Pan-Americana de Normas Tcnicas Comisso de Publicaes Oficiais Brasileiras Chemical Rubber Company

DDC DeCS DIDOC DIN DINTEC DNPM DVD-ROM EAGLE

Defense Documentation Center Descritores em Cincias da Sade Diviso de Documentao INPI Deutsches Institu fur Normung Diviso de Informao Tecnolgica INPI Departamento Nacional de Produo Mineral Digital Versatile Disc Read Only Memory European Association for Grey Literature Exploitation

Embrapa EMBRATEL EPC EPO ERIC ESDU EUA FAO FAPESP

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Empresa Brasileira de Telecomunicaes European Patent Convention European Patent Office Educational Resources Information Center Engineering Science Data Unit Estados Unidos da Amrica Food and Agriculture Organization Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo

FAQ FBIS FEDRIP FINEP FTP FUCAPI

Frequently Asked Questions Foreign Broadcast Information Service Federal Research in Progress Database Financiadora de Estudos e Projetos File Transfer Protocol Fundao Centro de Anlise, Pesquisa e Inovao Tecnolgica

GANA GPO GreyNet HMSO IAC IAEA IASI IBBD IBBE

Grupo de Apoio Normalizao Ambiental Government Printing Office The Grey Literature Network Service Her Majesty's Stationery Office Information Access Company International Atomic Energy Agency International Association for Sport Information Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentao ndice Brasileiro de Bibliografia Econmica Orientador - Adviser

IBICT

Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia

ICSU IEC IFLA

International Council of Scientific Unions International Electrotechnical Commission International Federation of Library Associations and Institutions

IHS INEP Infoterm INID

Information Handling Services Group Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais International Information Center for Terminology Internationaly-agreed Numbers forthe Identification of Bibliographic Data on Patent Documents

INIS INMETRO

International Nuclear Information System Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial

INPADOC INPI INSPEC

International Patent Documentation Center Instituto Nacional da Propriedade Industrial The Database for Physics, Electronics and Computing

INT INTec INTERCOM

Instituto Nacional de Tecnologia Setor de Informaes sobre Normas Tcnicas IPT Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicao

INTN IPT IRAM ISBN ISDS ISI ISO ISSN ITC JUIS LANL LILACS

Instituto Nacional de Tecnologia y Normalizacion Instituto de Pesquisas Tecnolgicas/So Paulo Instituto Argentino de Normalizacion International Standard Book Number International Seriais Data System Institute for Scientific Information Organizao Internacional de Normalizao International Standard Serial Number International Translations Center Jurisprudncia Informatizada Saraiva Los Alamos National Laboratory Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias da Sade

LIS LNCC M.Sc MA MBA

Legislao Informatizada Saraiva Laboratrio Nacional de Computao Cientfica Master of Science Master ofArts Master of Business Administration

MCT MD MEC Mercosul NASA NBS NEI NSRDS NTC NTIS OCLC OMPI OMS

Ministrio de Cincia e Tecnologia Medicai Doctor Ministrio da Educao Mercado Comum do Cone Sul National Aeronautics and Space Administration National Bureau of Standards Noticirio de Equipamentos Industriais National Standard Reference Data System National Translations Center National Technical Information Service Online Computer Library Center Organizao Mundial de Propriedade Intelectual ou WIPO - World Intellectual Property Organization Organizao Mundial da Sade ou W H O - World Health Organization

ONG ONU OPAC OPAS OSRD OSTI P&D PADCT PADCT/ICT

Organizao No Governamental Organizao das Naes Unidas Online Public Access Catalog Organizao Pan-Americana da Sade Office for Scientific Research and Development Office for Scientiflc and Technical Information Pesquisa e Desenvolvimento Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnolgico Subprograma de Informao em Cincia e Tecnologia do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

Ph.D. PRODASEN

Philosophy Doctor Centro de Informtica e Processamento de Dados do Senado Federal

PROFINT

Programa de Fornecimento Automtico de Informao Tecnolgica

PTI RENPAC

Publicaes Tcnicas Internacionais Rede Nacional de Comunicao de Dados por Comutao de Pacotes

RLG RNP SABI

Research Libraries Group Rede Nacional de Pesquisa Subsistema de Administrao de Bibliotecas/ PRODASEN

SADIVU SADTEP SAOBUS SBPC SciELO SEBRAE SELAP

Seo de Divulgao/INPI Seo de Documentao/INPI Seo de Orientao e Buscas/INPI Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia Scientific Electronic Librar/ Online Sistema Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas Sistema em Linha de Acompanhamento de Projetos

SEPIN SESU SIABE SIBRADID

Secretaria de Poltica de Informtica e Automao Secretaria Nacional de Educao Superior Sistema Integrado de Automao de Bibliografias Especializadas Sistema Brasileiro de Documentao e Informao Desportiva

SIGLE

System for Information on Grey Literature in Europe

SINMETRO

Sistema Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial

SINORXEC

Sistema Nacional de Informaes sobre Normas e Regulamentos Tcnicos

SIRC SITE SNIDA

Sport Information Research Center Sistema de Informaes sobre Teses Sistema Nacional de Informao e Documentao Agrcola

SRB SSIE STN

Sistema de Registro Bibliogrfico Smithsonian Scientific Information Exchange International Scientific and Technical Information Network

TCP TCP/IP TELEBRAS TIC/USAEC

Tratado de Cooperao sobre Patentes Transmission Contrai Protocol/lnternet Protocol Telecomunicaes Brasileiras S. A. Technical Information Center/United States Atomic Energy Commission

TMS TRC TRIPS UFMG UFPa UFRGS UFRJ

The Minerais, Metals and Materials Society Techonology Reports Centre Trade-related Aspects of Intellectual Property Rights Universidade Federal de Minas Gerais Universidade Federal da Paraba Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio de Janeiro

UIA UKAEA UMI UNESCO

Union of International Associations United Kingdom Atomic Energy Agency University Microfilms International Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura

Unisist

Universal System for Information in Science and Technology

UNIT URL USP WAIS

Instituto Uruguayo de Normas Tcnicas Uniform Resource Locator Universidade de So Paulo Wide rea Information Server

APRESENTAONo incio da dcada de 90, quando a profa. Cariita Maria Campos e eu preparvamos a segunda edio do livro Fontes de Informao Especializada, a Internet constitua apenas uma palavra nova no extenso vocabulrio de siglas do universo da informtica e estava disponvel a um nmero reduzido de pesquisadores brasileiros. Hoje a rede j faz parte do cotidiano de um nmero significativo de pessoas e est modificando inteiramente o paradigma da comunicao cientfica, incorporando novas prticas ao processo e introduzindo novas formas de inter-relao entre os membros da comunidade de pesquisa. Assim, uma reviso completa do livro se fez necessria, para permitir um melhor entendimento dessa nova realidade. Esta uma nova verso bastante modificada de Fontes de Informao Especializada, que foi publicado em 1988 e 1993 (respectivamente primeira e segunda edies) pela Editora UFMG. Alm do novo ttulo, o livro aprofunda tpicos j abordados nas edies anteriores, acrescentando mudanas que ocorreram nos ltimos sete anos. Por exemplo, passamos a utilizar o termo literatura cinzenta ao invs de publicaes no convencionais, pois acreditamos que a expresso j foi devidamente incorporada ao vocabulrio da biblioteconomia e da cincia da informao no Brasil. Foi tambm acrescentado um captulo dedicado inteiramente Internet, e claro que praticamente todos os outros captulos abordam a rede a partir de sua perspectiva particular. Os professores que utilizaram Fontes de Informao Especializada j esto familiarizados com a estrutura da obra (por tipo de material), que foi aqui mantida, pois consideramos que a maneira mais adequada de facilitar ao estudante a compreenso da natureza, da dinmica de

produo e do controle da literatura cientfica, que so peculiares a cada um dos diversos tipos de documentos que a compem. Cada captulo procura apresentar inicialmente uma viso histrica do tipo de material que aborda, descrevendo em seguida suas caractersticas e acrescentando as formas de acesso quele material. No houve a preocupao de se esgotar as fontes de informao existentes, mas de apresentar apenas as mais importantes como exemplos, dando nfase s obras brasileiras. Os endereos da Internet mencionados no texto foram marcados com um cone ("^), e uma lista completa de URLs apresentada no Anexo. Houve uma grande mudana com relao autoria dos captulos. Esta nova edio uma obra coletiva e constitui o resultado do trabalho de I 3 autores, oriundos de quatro escolas e departamentos de biblioteconomia e cincia da informao do Brasil, Essa empreitada representa uma forma de trabalho conjunto que deveramos realizar cada vez mais (aproveitando os recursos da Internet), reunindo competncias e esforos para aperfeioar p ensino de biblioteconomia e cincia da informao no Brasil. O livro objetiva atingir principalmente o estudante de biblioteconomia, mas pode ser de utilidade para qualquer pessoa interessada em conhecer os meandros da comunicao cientfica e o papel que os diferentes tipos de documentos representam nesse universo. No nossa expectativa que esta obra seja utilizada como recurso didtico nico nas disciplinas de fontes especializadas. A nossa pretenso que, reunindo informaes dispersas na literatura, ela facilite o trabalho do professor, criando espao nas disciplinas para a explorao e aprofundamento de temas atuais e de elaborao de

trabalhos prticos, no qual o aluno possa, criativa e conscientemente, construir seu conhecimento e, a partir de sua prpria vivncia, compreender a dinmica de produo do conhecimento cientfico e tecnolgico. A sntese, que dar ao estudante a noo da dinamicidade do processo de comunicao cientfica e tecnolgica e da variedade de formas que a compem, ser alcanada mediante o trabalho do professor em sala de aula e preparar o aluno para lidar de forma competente com esse universo informacional. Agradecemos a todos os autores que atenderam com presteza ao nosso convite para colaborar nessa tarefa, especialmente s professoras Beatriz Valadares Cendn e Jeannette Marguerite Kremer que mostraram enorme interesse e dedicao na organizao e reviso dos textos. Especial meno deve ser feita profa. Carlita Maria Campos, co-autora da obra que serviu de base para a produo do presente trabalho e que, mesmo no tendo participado diretamente da reviso, sempre apoiou e estimulou o nosso esforo. Esperamos que nossos leitores, principalmente aqueles que utilizarem o livro como auxiliar didtico, possam nos ajudar no aprimoramento do mesmo com suas crticas e sugestes. Elas sero sempre bem-vindas.

Bemadete Santos Campello Belo Horizonte, maio de 1999 e-mail [email protected]

A CINCIA, O SISTEMA DE COMUNICAO CIENTFICA E A LITERATURA CIENTFICASUZANA PINHEIRO MACHADO MUELLER

Aprendemos sobre o mundo e sobre ns mesmos de muitas maneiras: observamos, ouvimos, lemos e experimentamos, e assim aumentamos nosso conhecimento. No entanto, nem sempre a percepo que obtemos da realidade confivel. Mas quando o conhecimento sobre determinado fenmeno obtido segundo uma metodologia cientfica, ou seja, o resultado de pesquisas realizadas por cientistas, de acordo com regras definidas e controladas, ento aumentam muito as probabilidades de que nossa compreenso desse fenmeno seja correta. Chamamos ao conhecimento assim obtido de conhecimento cientfico ou cincia (KERLINGER, 1979). A confiabilidade , portanto, uma das caractersticas mais importantes da cincia, pois a distingue do conhecimento popular, no cientfico. Para obter confiabilidade, alm da utilizao de uma rigorosa metodologia cientfica para a gerao do conhecimento, importante que os resultados obtidos pelas pesquisas de um cientista sejam divulgados e submetidos ao julgamento de outros cientistas, seus pares. A ampla exposio dos resultados de pesquisa ao julgamento da comunidade cientfica e sua aprovao por ela propicia confiana nesses resultados. Por essa razo, todo trabalho intelectual de

estudiosos e pesquisadores depende de um intrincado sistema de comunicao, que compreende canais formais e informais, os quais os cientistas utilizam tanto para comunicar os resultados que obtm quanto para se informarem dos resultados alcanados por outros pesquisadores. Assim, toda pesquisa envolve atividades diversas de comunicao e produz pelo menos uma publicao formal. Na verdade, uma determinada pesquisa costuma produzir vrias publicaes, geradas durante a realizao da pesquisa e aps o seu trmino. Tais publicaes variam no formato (relatrios, trabalhos apresentados em congressos, palestras, artigos de peridicos, livros e outros), no suporte (papel, meio eletrnico e outros), audincias (colegas, estudantes, pblico em geral) e funo (informar, obter reaes, registrar autoria, indicar e localizar documentos, entre outras). O conjunto dessas publicaes, que chamamos de literatura cientfica, permite expor o trabalho dos pesquisadores ao julgamento constante de seus pares, em busca do consenso que confere a confiabilidade. Em resumo, sem sua literatura, uma rea cientfica no poder existir pois, sem o aval dos seus pares, o conhecimento resultante da pesquisa conduzida pelos cientistas no ser validado e no ser considerado cientfico (ZIMAN, 1968). A produo da literatura de uma rea cientfica envolve muitas e diferentes atividades de comunicao entre os pesquisadores, algumas das quais antecedem e outras se seguem a sua publicao. Conforme suas caractersticas, essas atividades costumam ser chamadas de comunicao informal ou comunicao formal. A comunicao informal utiliza os chamados canais informais e inclui normalmente comunicaes de carter mais pessoal ou que se referem pesquisa ainda no concluda, como comunicao de pesquisa em andamento, certos trabalhos de congressos e outras

com caractersticas semelhantes. A comunicao formal se utiliza de canais formais, como so geralmente chamadas as publicaes com divulgao mais ampla, como peridicos e livros. Dentre esses ltimos, o mais importante, para a cincia, so os artigos publicados em peridicos cientficos. O conjunto dessas atividades constitui o sistema de comunicao cientfica de uma determinada rea da cincia. Esse sistema inclui, portanto, todas as formas de comunicao utilizadas pelos cientistas que pesquisam e contribuem para o conhecimento nessa determinada rea, alm das publicaes formais. Com o desenvolvimento da tecnologia de comunicao, especialmente computadores e redes eletrnicas, as formas de comunicao disponveis comunidade cientfica vm se modificando, ampliando e diversificando, tomando-se cada vez mais eficientes, rpidas e abrangentes, vencendo barreiras geogrficas, hierrquicas e financeiras. Essas mudanas esto ocorrendo tanto nos canais informais como nos formais. Dentre esses ltimos, os mais importantes, para a cincia, ainda so os artigos publicados em peridicos cientficos impressos.

1.1

CARACTERSTICAS DA LITERATURA ESPECIALIZADA

Embora a literatura produzida por diferentes reas do conhecimento apresente diferenas e peculiaridades, pode-se dizer que a literatura cientfica, como um todo, possui vrias caractersticas comuns e sofre influncias de um conjunto comum de fatores. O trabalho do profissional de informao em grande parte baseado no conhecimento e uso de fontes de informao sobre a literatura cientfica, a qual reflete as caractersticas prprias da

cincia e tecnologia modernas. Algumas dessas caractersticas afetam e dificultam bastante o trabalho profissional, entre as quais esto: o fenmeno da exploso bibliogrfica, a diversificao de formatos de apresentao e divulgao, a eliminao de barreiras no acesso (geogrficas, hierrquicas e outras), a acelerao do avano do conhecimento e consequente obsolescncia mais rpida das publicaes, a intensificao da interdisciplinaridade (unindo reas cientficas antes isoladas) e a tendncia pesquisa em colaborao. A exploso bibliogrfica, fenmeno comum a todas as reas do conhecimento e talvez a caracterstica mais visvel das literaturas cientficas, pode ser definida como a quantidade crescente de documentos cientficos produzidos e a rapidez com que esse nmero aumenta. Esse fenmeno no novo, pois vem ocorrendo de maneira exponencial desde o estabelecimento da cincia moderna e da publicao dos primeiros peridicos, no fim do sculo XVII (SOLLA PRICE, 1963). Recentemente, com o desenvolvimento das tecnologias eletrnicas de comunicao, especialmente da Internet, a questo da exploso da literatura tornou-se ainda mais complexa. Novos formatos e canais de comunicao se tornaram disponveis, expandindo de maneira nunca vista as possibilidades da comunicao e eliminando barreiras geogrficas. O fenmeno tem consequncias profundas na organizao de centros de informao. Como jamais ser possvel a qualquer centro possuir tudo o que interessa sobre um assunto, chegou-se concluso que melhor dirigir todos os esforos no sentido de garantir acesso. A poltica de seleo do acervo deve ser muito bem planejada e suplementada por esquemas de cooperao com outras bibliotecas. Mas o desenvolvimento das tecnologias de informao, ao mesmo tempo que aumentou

a quantidade de textos e informaes disponveis, abriu alternativas muito eficientes para satisfazer demandas que ultrapassam as possibilidades do acervo local, entre as quais incluem-se a compra de cpia ou de acesso ao documento especfico em demanda, via meio eletrnico. Isso implica, ento, na necessidade de reserva de recursos especficos nos oramentos dos centros de informao (ou no pagamento de tais servios pelos usurios) e tambm na necessidade de treinamento de profissionais capazes de reconhecer as fontes e as maneiras mais eficientes e econmicas de acesso. Os resultados alcanados por determinado pesquisador so frequentemente retomados por outros cientistas, tericos ou aplicados, que do continuidade ao estudo, fazendo avanar a cincia ou produzindo tecnologias ou produtos neles baseados. Tem sido uma caracterstica do mundo atual que o lapso do tempo, durante o qual uma novidade cientfica permanece novidade, cada vez menor, ou seja, o tempo entre a publicao inicial de determinados resultados da pesquisa e publicaes que avanam em relao a eles est encurtando cada vez mais. A velocidade com que o conhecimento renovado, tornando ultrapassada a literatura ainda recente especialmente em algumas reas do conhecimento acarreta problemas para todos os interessados: difcil para o cientista manter-se informado ou atualizado e tambm difcil e caro para os centros de informao manter suas colees atualizadas, pois o nmero de fontes aumenta com igual velocidade. Da mesma forma, tambm o profissional encarregado de atender demandas e administrar colees encontra dificuldades. Toma-se assim importante saber o que est sendo pesquisado antes mesmo que a pesquisa termine; conhecer as tendncias e frentes de pesquisa; conhecer grupos e centros de pesquisa que trabalham na rea de

interesse. Tendo em vista esses problemas, este manual inclui captulos sobre pesquisas em andamento, encontros cientficos, literatura cinzenta, relatrios tcnicos, teses e dissertaes, alm de outros que se referem informao j formalmente divulgada: peridicos cientficos, normas tcnicas, patentes e literatura comercial, e outros ainda que se referem literatura secundria e terciria, que tm por finalidade apresentar o conhecimento consolidado e ajudar a encontrar o que se procura. Diferentemente da literatura cientfica ou acadmica, a literatura tecnolgica nem sempre recebe divulgao ampla. Isso se explica pelas suas finalidades: a cincia se baseia no consenso dos cientistas, e os autores se destacam pela frequncia com que so lidos e citados, portanto procuram ampla divulgao para seus trabalhos. Por outro lado, as empresas e indstrias que patrocinam a tecnologia visam o lucro e no lhes interessa ampla divulgao de suas tecnologias, mas sim o domnio do mercado em que seu produto se insere. Consequentemente, divulgao restrita a norma para a literatura tecnolgica. Para o profissional que pretende atender a demandas nessa rea, esses fatos tornam difcil a identificao e o acesso a documentos que potencialmente seriam de interesse para seus usurios. tradio considerar a cincia como se fosse composta de reas diversas, cada qual com suas caractersticas e limites bem estabelecidos. Assim, referimo-nos s cincias exatas e naturais, s cincias sociais e humanidades, s reas tecnolgicas e engenharias como se fossem realmente separadas. Mas todas as cincias e tecnologias referem-se natureza, e esta uma s. As divises ajudam no esforo da pesquisa e na organizao da literatura produzida, mas a verdade que, medida que nosso conhecimento

avana, diminui a clareza da diviso estabelecida. Chamamos a isso de interdisciplinaridade da cincia ou de uma determinada rea do conhecimento. As consequncias prticas desse fenmeno, que tem ocorrido de maneira muito rpida, afetam fortemente a literatura especializada, especialmente a literatura peridica: surgem novos ttulos, que se referem a novas reas de pesquisa, novas especialidades, gerando problemas de disperso de artigos e dificultando o trabalho de identificao e localizao. Significa tambm a necessidade de maiores investimentos na seleo de ttulos e na habilidade do profissional de informao. Paralelamente ao crescimento dos estudos interdisciplinares, o trabalho em equipe tambm tem sido uma caracterstica crescente da cincia moderna. Isso especialmente verdade para as chamadas cincias exatas e da natureza, mas tambm ocorre nas demais reas de conhecimento. O reflexo dessa caracterstica na literatura cientfica est na autoria mltipla de artigos e livros* Nas reas tecnolgicas, por razes que incluem a sua natureza, comum a autoria institucional.

1.2

ESTRUTURA DA LITERATURA ESPECIALIZADA

Esquemas de estruturao da literatura especializada tm sido apresentados por diversos autores como GROGAN (I992) < e SUBRAMANYAN (I98I). Tais classificaes se baseiam com frequncia no fluxo da informao, isto , os documentos so classificados de acordo com o lugar e funo que ocupam no fluxo de informao. Este um conceito que pretende representar o caminho percorrido pela pesquisa, desde que nasce uma ideia na mente de um pesquisador, passa pelo ponto mais alto que a

publicao formal dos resultados, geralmente em um artigo cientfico, e continua at que a informao sobre esse artigo possa ser recuperada na literatura secundria ou aparea como citaes em outros trabalhos. Em alguns casos, continua at que os resultados da pesquisa sejam integrados em um tratado sobre o assunto. Durante o processo, a informao veiculada por meios e canais diversos. O fluxo da informao cientfica geralmente representado atravs de um modelo. O mais famoso deles foi desenvolvido na dcada de 70 por dois autores americanos, Garvey e Griffith (GARVEY e GRIFFITH, 1972; GARVEY, 1979), que observaram como os cientistas da rea de psicologia se comunicavam e divulgavam suas pesquisas. O modelo resultante dos estudos desses dois autores foi logo adaptado para todas as reas do conhecimento. Nele o processo de comunicao aparece representado por um contnuo, onde se situam, em sucesso e por ramificaes, as diversas atividades cumpridas por um pesquisador e os documentos que tais atividades geram. Por exemplo, o incio da pesquisa logo seguido por relatrios preliminares e comunicaes de pesquisas em andamento; um pouco antes e logo aps o trmino da pesquisa h uma sucesso de seminrios, colquios, conferncias e relatrios, que geram trabalhos escritos completos ou resumos (publicados geralmente em anais) e que j sero indexados em fontes adequadas; ao submeter o seu original para publicao em peridico cientfico, aparecem as verses preliminares (preprnts), distribudas comunidade de pares; aps a publicao do artigo em peridico haver normalmente uma srie de notcias sobre ele, em veculos de alerta, ndices e resumos e talvez, tambm,

MODELO TRADICIONAL DA COMUNICAO CIENTFICA DE GARVEY E GRIFFITH (ADAPTADO)

Apresentao em seminrios, colquios

O artigo indexado Relatrios preliminares Verses preliminares so distribudas aos pares em boletins de alerta

laieioda pesquisa

Enviado a editor (e avaliadores) para avaliao

O artigo publicado em peridico cientfico

O artigo indexado em ndices e peridicos de resumo

Citao e m revises bibliogrficas anuais revietvs) (annuai

O artigo aparece citado na literatura

Contedos aparecem em textos didticos, manuais, enciclopdias

Relatrios sio apresentados em congressos

Registro (meneio) em lutas de trabalhos aceitos para publicao

Publicao em Anais de congressos

Registros em ndices de trabalhos apresentados em congressos

TEMPO

Readaptao da verso apresentada. HURD, Julie M. Models of scentiic communication. In: CRAWFORD, S. Y., HURD, J. M., WELLER, A. C. From print to electronic: the transformation of scientifc communication. Medford: Information Today, Inc., 1996. p.l 1. (ASIS Monograph Series)

em obras que realizam ensaios bibliogrficos sobre as tendncias de pesquisa e desenvolvimento da rea, tipo annual reviews. Se a pesquisa teve o impacto desejado pelo seu autor, citaes ao trabalho comeam a aparecer assim que o artigo se toma disponvel. Nesse modelo fcil perceber que a informao flui por muitos canais e que diferentes tipos de documentos so produzidos, cujas caractersticas variam conforme o estgio da pesquisa e tipo de pblico a que se destina e o objetivo de quem a comunica. Com base em modelos como esse, os canais de informao foram classificados como canais informais ou canais formais. Os canais informais apresentam uma srie de caractersticas comuns: so geralmente aqueles usados na parte inicial do contnuo do modelo; o prprio pesquisador que o escolhe; a informao veiculada recente e destina-se a pblicos restritos e, portanto, o acesso limitado. As informaes veiculadas nem sempre sero armazenadas e assim ser difcil recuper-las. Exemplos tradicionais so os relatrios de pesquisa, os textos apresentados em seminrios ou reunies pequenas e mesmo os anais de alguns simpsios. Os canais formais tambm apresentam uma srie de caractersticas comuns: permitem o acesso amplo, de maneira que as informaes so facilmente coletadas e armazenadas; essas informaes so geralmente mais trabalhadas, correspondendo aos estgios mais adiantados do contnuo do modelo. Ao contrrio dos canais informais, o destinatrio da mensagem e no o pesquisador que o escolhe e consulta. Enquanto os canais informais permitem um bom nvel de interao com o pesquisador, os canais formais tradicionais geralmente no prevem isso (MEADOWS, 1974). Da mesma forma, os documentos (ou fontes) produzidos ao longo do processo de pesquisa podem ser classificados como

primrios, secundrios e tercirios.1 Documentos primrios so geralmente aqueles produzidos com a interferncia direta do autor da pesquisa. Considerando o contnuo do modelo de Garvey e Griffith, estariam principalmente no incio do processo, incluindo, por exemplo, relatrios tcnicos, trabalhos apresentados em congressos, teses e dissertaes, patentes, normas tcnicas e o artigo cientfico. Segundo GROGAN (1992), as fontes primrias, por sua natureza, so dispersas e desorganizadas do ponto de vista da produo, divulgao e controle. Registram informaes que esto sendo lanadas, no momento de sua publicao, no corpo de conhecimento cientfico e tecnolgico. As fontes primrias so, por essas razes, difceis de serem identificadas e localizadas. Esse fato gerou o aparecimento das fontes secundrias, que tm justamente a funo de facilitar o uso do conhecimento disperso nas fontes primrias. As fontes secundrias apresentam a informao filtrada e organizada de acordo com um arranjo definido, dependendo de sua finalidade. So representadas, por exemplo, pelas enciclopdias, dicionrios, manuais, tabelas, revises da literatura, tratados, certas monografias e livros-texto, anurios e outras. As fontes tercirias so aquelas que tm a funo de guiar o usurio pra as fontes primrias e secundrias. So as bibliografias, os servios de indexao e resumos, os catlogos coletivos, os guias de literatura, os diretrios e outras. Aps a publicao do artigo relatando a pesquisa em peridico cientfico, so principalmente as fontes secundrias e tercirias que ocorrem no contnuo do fluxo.

I. Embora aqui considerados como fontes tercirias, os servios bibliogrficos so tambm chamados de servios secundrios, com base em algumas classificaes da literatura, cujos autores consideram que h apenas dois tipos de fontes: primrias (a literatura propriamente dita) e secundrias (os servios bibliogrficos).

Desde o desenvolvimento do modelo de Garvey e Griffith, quase trinta anos atrs, houve um avano enorme das tecnologias da informao, que mudaram de maneira dramtica alguns aspectos da comunicao cientfica, oferecendo alternativas inovadoras para cada ponto daquele modelo. Por exemplo, o uso do computador na editorao e publicao de documentos tradicionais impressos propiciou a emergncia de bases de dados online e textos legveis por mquina; em seguida apareceram tambm peridicos inteiramente eletrnicos. O computador pessoal ligado em rede abriu novas possibilidades de comunicao pessoal o correio eletrnico e suas variaes enquanto as redes, especialmente a Internet, colocou disposio de pesquisadores formas de comunicao e divulgao nunca antes sonhadas, oferecendo ainda possibilidades de conexo entre textos, de busca, localizao e aquisio de informao. Em resumo, o modelo inicial proposto por Garvey e Griffith j no representa to bem o processo de comunicao cientfica moderno. Todas as fases desse processo foram e continuam sendo afetadas pelo emprego da tecnologia (CRAWFORD, HURT e WELLER, 1996). O quadro geral est mudando e j se antevem formas de comunicao que provavelmente colocaro o peridico tradicional em cheque, num futuro prximo. As mudanas causadas pela tecnologia tm sido to abrangentes e inovadoras que at mesmo conceitos estabelecidos como canais informais e canais formais so questionados por alguns autores, que alegam j no ser possvel distinguir com clareza as diferenas entre eles. De fato, tornou-se difcil definir o que seja comunicao formal e informal, documento primrio ou secundrio. Dada a importncia da literatura especializada para uma determinada rea de conhecimento, a sua identificao, coleta, organizao

e preservao esto entre as responsabilidades mais importantes do profissional da informao. No uma tarefa muito fcil pois, como foi dito, o volume de publicaes muito grande e continua a crescer, e os formatos em que ocorrem esto tambm em evoluo, complicando a identificao do material pertinente. Faltam instrumentos de busca adequados e abrangentes, especialmente quando a questo envolve pesquisas produzidas no Brasil. Apesar de toda a evoluo tecnolgica e mesmo por causa dela a necessidade de se conhecer as fontes e saber identificar e promover o acesso informao pertinente continua sendo to importante quanto sempre foi para os profissionais que se dedicam ao atendimento do usurio. A finalidade deste manual contribuir para isso.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS CRAWFORD, S. Y., HURD, J. M., WELLER, A. C. From prnt to electronic: the transfomnation of scientific communication. Medford: Information Today, 1996. (ASIS Monograph Series). GARVEY, W. D. Communication: the essence of science. Oxford: Pergamon Press, 1979. GARVEY, W. D, GRIFFITH, B. C Communication and information processing within scientific disciplines: empirical findings for psychology. Information Storage and Retrieval, v.8., n.3, p. 123-1 36, 1972. GROGAN, D. Science and technology: an introduction to the literature. 2nd.ed. London: C. Bingley, 1992. Cap. I: The literature, p. 14-19. HURD, Julie M. Models of scientific communication. In: CRAWFORD, S. Y HURD, J. M WELLER, A. C, From prnt to electronic: the transformation of scientific communication. Medford: Information Today, 1996. (ASIS Monograph Series), p. 11.

KERLINGER, F. N. Metodologia da pesquisa em cincias sociais: um tratamento conceituai. So Paulo: EPU/ EDUSP, 1979. SOLLA PRICE, D. J. Little science, big science. New York: Columbia University Press, 1993. MEADOWS, A. J. Communication in science. London: Butterworths, 1974. MUELLER, S. P. M. O crescimento da cincia, o comportamento cientfico e a comunicao cientfica: algumas reflexes. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, v.24, n.2, p.63-84, jun./dez. 1995. SUBRAMANYAN, K. Scientific and technical information resources. New York: M. Dekker, 1981. ZIMAN, John. Public knowledge: the social dimension of science. London: Cambridge University Press, 1968.

ORGANIZAES COMO FONTE DE INFORMAOBRNADETE SANTOS CAMPELLO

A palavra organizao costuma ser usada com dois significados. O primeiro est ligado ideia de mtodo, ordem, sistematizao. O segundo refere-se a uma entidade que rene pessoas que desenvolvem um trabalho coordenado, estruturado em torno de metas definidas, consistindo de vrios grupos ou subsistemas interrelacionados. E dirigida visando atingir metas estabelecidas, e as regras para seu funcionamento so determinadas de forma clara e registradas por escrito. E sob este aspecto que se pretende discutir as organizaes neste captulo.

2.1

CONCEITO

As organizaes tm cada vez mais importncia na sociedade contempornea. Caracterizam-se como um espao de aes econmicas no qual se concentram capital, gerncia, mo-de-obra e tecnologia, proporcionando um ambiente de convvio e de interaes constantes entre os diversos atores envolvidos em cada um dos setores acima mencionados. Constituem um ponto de convergncia da sociedade, pois geram empregos, desenvolvem tecnologia e atraem investimentos. Para sobreviverem devem

estar constantemente ligadas a outras organizaes e instituies. Por necessitarem de recursos financeiros para manter seu nvel de produo, precisam relacionar-se com as instituies financeiras e com o mercado de capitais. Para gerar produtos ou servios lucrativos (ou que tenham aceitao, no caso de empresas no lucrativas) tm que estar constantemente atentas s tendncias do mercado consumidor e s necessidades de seus clientes. Como consumidoras de matria-prima e de servios, dependem de outras organizaes e, finalmente, dependem tambm do governo, devendo estar alertas para as polticas pblicas e suas alteraes, principalmente no que diz respeito legislao tributria, trabalhista, de transferncia de tecnologia e de patentes. O desenvolvimento do capitalismo levou ao aparecimento das grandes empresas transnacionais que, hoje, com seu poder econmico e sua estrutura extremamente burocratizada, influenciam governos e ditam polticas. O aparecimento das transnacionais e das multinacionais, entretanto, no significou o fim das pequenas empresas que tm um papel preponderante nas economias, principalmente de pases perifricos. A caracterstica marcante das pequenas empresas a limitao de seus papis sociais internos que se resumem nos relacionamentos entre patro e empregados, muito diferente do que ocorre nas grandes organizaes. Nas pequenas empresas o patro desempenha vrias funes e s vezes chega a ombrear-se com os empregados na produo, sobretudo se ele prprio foi um arteso ou um operrio que por um grande esforo criou sua prpria empresa. Na grande organizao, os papis tendem a diferenciar-se. Os papis de proprietrio-acionista, empresrio, gerente so exercidos por pessoas diferentes e, alm desses, existem os de especialistas,

tcnicos, operrios qualificados, pessoal de escritrio etc. Em consequncia, os relacionamentos entre indivduos e grupos nas grandes organizaes tornam-se extremamente complexos. Os processos formais que ocorrem numa organizao so definidos em funo da racionalizao e da eficincia, sendo representados em diversos tipos de documentos, tais como organogramas, regulamentos e normas internas. Entretanto, existe toda uma gama de relacionamentos no formais que podem influenciaras formas de acesso informao nas organizaes. Esse aspecto informal resulta dos processos sociais, dos relacionamentos humanos e das tendncias culturais. As chamadas amizades de escritrio costumam ter um papel importante no desempenho das funes formais, embora no estando, claro, refletidas no organograma formal da organizao, e podem ter influncia decisiva na obteno de informaes junto a ela.

2.2 AS ORGANIZAES E A INFORMAO As organizaes constituem importante fonte de informao. O acesso s informaes de uma organizao pode se dar atravs dos indivduos a ela ligados ou dos documentos que ela gera. Algumas organizaes, por sua natureza, tm na divulgao de informaes sua prpria razo de ser. o caso da maioria das organizaes no lucrativas que produzem uma variedade de documentos que podem ser facilmente obtidos, muitas vezes gratuitamente. As organizaes que visam o lucro, embora no tornem disponveis as informaes que consideram sigilosas, costumam divulgar documentos teis, tais como relatrios, catlogos de produtos e servios, house organs e outros.

Uma forma de se ter acesso aos documentos de uma organizao atravs de sua biblioteca ou centro de informao. Desse modo, pode-se viabilizar permutas, doaes ou aquisio de materiais da prpria organizao ou utilizar-se de seus recursos bibliogrficos, atravs do emprstimo entre bibliotecas.

2.3

IDENTIFICAO DE ORGANIZAES

Os diretrios so as fontes tradicionais para a identificao de organizaes: essas obras listam os nomes das organizaes fornecendo em geral informaes tais como endereo, telefone, fax, e-mail, produtos e servios, nomes e cargos dos dirigentes e outras do gnero. As listas telefnicas, com suas Pginas Amarelas, constituem a forma mais primria de diretrio, mas atualmente uma grande variedade de diretrios tem sido publicada, cobrindo organizaes de reas especficas, com diversas opes de formatos e com informaes detalhadas sobre as organizaes que incluem. Como exemplos temos: o Guia dos Museus Brasileiros, publicado em 1997 pela Comisso de Patrimnio Cultural da Universidade de So Paulo (USP); o Guia de Bibliotecas de Instituies Brasileiras de Ensino Superior, produzido pelo Sistema de Bibliotecas e Informao da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em disquete. Existem grandes empresas especializadas na produo de diretrios, atuando na rea h muitos anos, como o Gale Group, a Dunn & Bradstreet e a Europa Publications, que oferecem seus produtos em vrias opes: impressos, em CD-ROM ou online. Essas empresas possuem enormes bases de dados com informaes sobre milhes de organizaes e divulgam e tornam disponveis seus produtos em stios na Internet.

Para identificao de diretrios, a fonte mais conhecida o Directories in Print, publicada pelo Gale Group =, que, na sua 17a edio de 1999, rene dados sobre mais de 15 mil diretrios cientficos, profissionais e comerciais de diferentes reas, no mundo inteiro, com nfase para os Estados Unidos. A natureza mutante das informaes sobre organizaes torna, neste caso, a Internet a fonte mais adequada para buscas. Muitas organizaes tm seu prprio stio, e esta uma boa opo para se obter informaes sobre organizaes que j foram identificadas e que esto presentes na rede. O importante verificar a correo das informaes, garantida pela data de atualizao do stio.

2.4

ORGANIZAES COMERCIAIS

Organizaes comerciais so aquelas que trabalham com finalidade de lucro. Podem ser empresas industriais que fabricam produtos ou organizaes que prestam servios. Uma fonte tradicional para identificao desse tipo de organizao so as Pginas Amarelas das listas telefnicas que relacionam as empresas pelo produto ou servio que oferecem, indicando simplesmente seu endereo e telefone. Fontes mais sofisticadas so as publicaes da Dunn & Bradstreet, empresa multinacional especializada em informao sobre empresas e que produz uma srie de diretrios com a finalidade de atender a diferentes necessidades de informao. O stio da Dunn & Bradstreet na Internet ^ lista seus produtos e servios e informa que a base de dados da empresa contm informaes sobre mais de 53 milhes de companhias pblicas e privadas do mundo todo. Informaes sobre organizaes comerciais brasileiras na Internet podem ser encontradas em stios tais como o Brazilian

Business Connection "*, produzido pelo Grupo Quattro Digital Media, que tem como objetivo informar sobre a presena de empresas brasileiras na Internet.

2.5 ORGANIZAES EDUCACIONAIS E DE PESQUISA

Universidades, centros ou institutos de pesquisa, bibliotecas, arquivos, museus e academias podem ser excelentes fontes de informao, pois produzem um grande volume de documentos tcnicos em suas especialidades (ver, por exemplo, o Captulo 9: Teses e Dissertaes). A fonte mais tradicional para a identificao dessas organizaes o diretrio The World ofLearning, editado anualmente desde 1950 pela Europa Publications ~, tendo atingido em 1999 sua 49a edio. Tem cobertura mundial e organizado por pas, contendo um ndice de organizaes. A editora americana Gale tem tambm uma longa tradio na publicao de diretrios e produz alguns dos mais conhecidos, como, por exemplo, o Associations Unimited, disponvel online e que d informaes sobre cerca de quinhentas mil organizaes no lucrativas no mundo inteiro. No Brasil, o Anurio Brasileiro de Educao, publicado em disquete em 1999, contm informaes sobre cerca de mil instituies brasileiras de ensino superior. A identificao de organizaes educacionais e de pesquisa brasileiras via Internet pode ser feita atravs do Prossiga, que constitui uma boa fonte para essas organizaes, apresentando diretrios como, por exemplo, Universidades e Programas de PsGraduao e Institutos de Pesquisa, Centros, Fundaes e Laboratrios

de P & D e do Universities.com s>, stio que inclui linkspra home pages de milhares de universidades e escolas do mundo todo.

2.6

ORGANIZAES GOVERNAMENTAIS

As organizaes ligadas ao governo em todos os nveis costumam publicar muitos documentos de interesse do cidado. O papel dessas organizaes como produtoras de informao ser estudado no Captulo 8: Publicaes Governamentais.

2.7

ORGANIZAES PROFISSIONAIS E SOCIEDADES CIENTFICAS

As organizaes profissionais so criadas com a finalidade de estimular o aperfeioamento de determinada classe profissional. So mantidas atravs de contribuies dos scios e no tm fins lucrativos, embora costumem cobrar pelos produtos que oferecem, que consistem geralmente de documentos resultantes de eventos que organizam. As sociedades cientficas tm uma caracterstica que as distingue das associaes profissionais, que o fato de seu foco de interesse ser normalmente uma rea do conhecimento e no uma classe profissional. Tm origem no sculo XII, quando a comunicao cientfica passou a ter importncia fundamental no desenvolvimento da cincia. O principal veculo para essa comunicao eram as sociedades cientficas, cujos membros se reuniam periodicamente para discutir os resultados de suas pesquisas, estabelecer contatos, trocar ideias. Muitas sociedades estabeleceram programas de publicaes editando peridicos especializados e anais dos encontros que realizavam. O papel das sociedades cientficas continua basicamente o mesmo e, atualmente, alm das atividades j mencionadas,

elas so as interlocutoras das comunidades cientficas que representam junto s agncias financiadoras de pesquisa. Na identificao de associaes profissionais e de sociedades cientficas pode-se utilizar o diretrio The World of Learning, j mencionado, que cobre tambm essas organizaes em mbito mundial, alm do Research Centers and Services Directories, produzido pela conhecida editora Gale e que lista aproximadamente 30 mil organizaes de pesquisa governamentais, acadmicas e independentes no lucrativas. Na Internet encontram-se inmeros stios que possibilitam sua identificao. Scientific Organizations and Associations ~ e Scientific Societies ~& so alguns exemplos. Para entidades brasileiras pode-se consultar o stio Sociedades e Associaes Cientficas e Tecnolgicas, atravs da home page do Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia (IBICT) * e do Universities.com " que inclui links para stios de universidades do mundo inteiro.

2.8

ORGANIZAES INTERNACIONAIS

Muitas organizaes internacionais foram criadas para promover a colaborao entre os Estados membros, eliminando conflitos e estabelecendo esquemas de cooperao entre eles. So organizaes intergovernamentais baseadas em acordos ou tratados formais, firmados entre os governos dos pases membros. Constituem importante instrumento de relaes internacionais e atuam em diferentes setores. A Organizao das Naes Unidas (ONU) *^ a maior e mais conhecida dessas organizaes. Surgiu em 1945, substituindo a Liga das Naes, com o objetivo de resolver pacificamente as questes internacionais e de promover

o desenvolvimento econmico e social dos povos. E formada por inmeras agncias que cobrem os mais variados assuntos, incluindo, entre outros, alimentao (Food and Agriculture Organization, FAO), sade (Organizao Mundial da Sade, OMS), educao e cultura (Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura, UNESCO). Outra categoria de organizao internacional aquela que congrega pessoas e entidades particulares de vrios pases, sendo mantidas por contribuies de seus associados, com a finalidade de promover atividades em determinado setor cujos interesses extrapolam as fronteiras de um pas. o caso da Organizao Internacional de Normalizao (ISO) ", que desenvolve atividades de normalizao tcnica que vo afetar todas as naes industrializadas e em processo de industrializao. Outro exemplo a Federao Internacional de Associaes e Instituies Bibliotecrias (IFLA) "S5, que congrega pessoas e associaes do mundo inteiro interessadas no aperfeioamento das bibliotecas e das questes da biblioteconomia. As organizaes internacionais constituem fontes de informao importantes, dada a variedade de suas atividades que cobrem os mais diversos assuntos e a quantidade de materiais que publicam. difcil calcular a quantidade de documentos publicados pelas organizaes internacionais, mas sabe-se que eles so produzidos em grande nmero, resultantes das atividades tpicas dessas organizaes, ou seja, estudos, encontros, conferncias, pesquisas, trabalhos de campo, dentre outros. Essa documentao produzida para agilizar a participao dos membros, sejam eles governos ou indivduos no trabalho da organizao. O uso dessa documentao por pessoas no pertencentes instituio no est previsto. Assim, o conhecimento

da estrutura e das atividades das organizaes internacionais fundamental para quem deseja obter seus documentos. Analisando documentos das organizaes intergovernamentais, WILLIAMS (1989) observa que, devido diversidade do seu tamanho e a abrangncia de suas responsabilidades, a natureza e a qualidade dos documentos que essas organizaes geram tambm so bastante diversificadas. O autor identifica os seguintes tipos de documentos e sistema de informao das organizaes intergovernamentais: publicaes para distribuio externa So documentos disponveis para venda ou para distribuio gratuita ao pblico externo. Podem variar em formato e em nmero de cpias e serem adquiridos na prpria organizao ou em distribuidores autorizados. Esses documentos podem, inclusive, ser publicados por editoras comerciais privadas; documentos internos So geralmente acessveis apenas aos funcionrios e aos governos membros da organizao. Podem estar listados em bibliografias, catlogos ou ndices publicados pela organizao, com indicaes tais como distribuio limitada, restrito ou para uso interno. Pessoas interessadas nesse tipo de documento podem contatar diretamente o setor que o produziu ou o representante do seu governo naquela organizao; documentos de arquivo So quaisquer documentos produzidos pela organizao, mantidos permanentemente nos seus arquivos, para fins administrativos ou histricos. O acesso a esses documentos depende de critrios estabelecidos pela organizao;

bibliotecas/centros de informao Quase todas as organizaes internacionais mantm bibliotecas ou centros de informao, e seus servios esto, geralmente, disponveis ao pblico externo. A biblioteca da ONU, em Nova Iorque, por exemplo, fornece uma srie de servios aos usurios externos, alm de elaborar ndices e outros instrumentos bibliogrficos para acesso documentao da organizao; redes de informao A abrangncia de suas atividades, bem como o grande volume de material sobre assuntos de seus interesses, tem levado algumas organizaes intergovernamentais a criar redes sofisticadas de informao. Esses sistemas algumas vezes em cooperao com outras organizaes colecionam, resumem, indexam e disseminam informaes sobre os assuntos de interesse da organizao e so de grande utilidade para a comunidade cientfica. Um exemplo desses sistemas o International Nuclear Information System (INIS) da International Atomic Energy Agency (IAEA). Essas categorias de documentos e recursos informacionais lio, de maneira geral, comuns s organizaes internacionais, l imbora possam variar em termos de acessibilidade de uma organizao para a outra. A entidade que congrega as organizaes internacionais, a Union of International Associatons (UIA), publica, j h algum tempo, o Yearbook of International Organizations, j na 34a edio m 1997. O stio da UIA "* na Internet contm links para um nmero enorme de organizaes internacionais, facilitando sua

identificao e proporcionando o acesso a informaes sobre as mesmas. Nos stios dessas organizaes possvel encontrar as ltimas novidades sobre suas atividades (eventos, programas, servios de informao, publicaes, quadro de associados etc), alm de links para stios de outras organizaes e documentos muitas vezes em texto completo que podem ser de grande interesse.

2.9 AsONGsOrganizao No Governamental ou ONG o termo usado internacionalmente para designar organizaes que realizam trabalhos voltados para o bem pblico, sem ligao com o Estado e sem compromisso com as polticas oficiais. O termo foi criado na dcada de 40 pela ONU que reconheceu a importncia dessas organizaes como representantes da sociedade civil participativa. Embora a concepo original da ONG suponha sua independncia poltica, muitas delas tm ligaes com os governos de seus pases (como o casp das ONGs na Sucia, que so financiadas pelo Estado) e com organizaes internacionais (isto acontece com algumas que mantm relaes oficiais com a ONU, atuando como membros do seu Conselho Econmico e Social e servindo como porta-vozes de outras). As ONGs surgiram no bojo dos movimentos sociais que buscavam o reconhecimento dos direitos de setores excludos ou discriminados. A questo ecolgica, em evidncia a partir do incio da dcada de 90, tambm se constituiu num propulsor para a criao de ONGs. No Brasil, as primeiras ONGs surgiram na dcada de 60 como uma reao ao regime militar, voltadas para a defesa de presos

polticos e para a anistia de exilados. A busca do reconhecimento dos direitos sade, educao, moradia etc. dos setores sociais excludos foi o fator que levou ao aparecimento de muitas hoje atuantes. Aquelas dedicadas s causas ecolgicas tambm existem em grande nmero. Das cinco mil que se estimavam haver no Pas, na dcada de 90, cerca de 40% eram voltadas a questes ecolgicas. A democratizao da sociedade brasileira na dcada de 90 refora o papel das ONGs como promotoras da cidadania e sua busca de articulao com outras instituies que lutam por uma sociedade democrtica, ampliando o espao das pessoas que, cada vez mais, tm interesse em participar das solues dos problemas coletivos. A identificao de ONGs pode ser feita nas mesmas fontes utilizadas para identificar organizaes internacionais, pois muitas delas atuam nesse nvel. As brasileiras se congregam em torno da Associao Brasileira de ONGs (ABONG) e podem ser identificadas a partir de stios mantidos por determinadas ONGs na Internet, que fazem links para organizaes congneres. o caso do OCARA "*\ stio que promove o intercmbio de informaes e experincias entre ONGs, associaes e movimentos populares, indicando links para vrias das organizaes brasileiras.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BAVA, Silvio Caceia. As ONGs e as polticas pblicas na construo do estado democrtico. Revista do Servio Pblico, v. 18, n.3, p.97-100, 1994. FERREIRA, Meireluce da Silva, MUSSI, Raimundo Nonato Fialho. Organismos internacionais para cincia e tecnologia. Cincia da Informao, v. 17, n.2, p.93-97, 1988.

KOMOROWSKI, Walter J. An analysis of United Nations serial publishing patterns and practices. The Seriais Librarian, v. 16, n. 112, p.205-223, 1989. MONTALLI, Ktia Maria Lemos, CAMPELLO, Bemadete Santos. Fontes de informao sobre companhias e produtos industriais: uma reviso de literatura. Cincia da Informao, v.26, n.3, p.321-326, 1997. RIOS, Jos Arthur. Organizaes. In: DICIONRIO de cincias sociais. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas, 1986. p.848-850. WILLIAMS, Robert V. Using the information resources of the global village: the information systems of international intergovemmental organizations. Special Libraries, v.80, n.l, p.l-8, 1989.

PESQUISAS EM ANDAMENTOBERNADETE SANTOS CAMPELLO

O ritmo acelerado em que as mudanas cientficas e tecnolgicas ocorrem atualmente faz com que muitos dos resultados de pesquisa divulgados nos canais formais de comunicao (peridicos e livros, principalmente) j estejam ultrapassados quando so publicados. Isso mais evidente ainda no que se refere tecnologia e desenvolvimento industrial, quando o produto desenvolvido hoje torna-se obsoleto amanh. A morosidade de publicao do peridico cientfico, que ainda o principal veculo de divulgao da pesquisa em muitas reas do conhecimento, tem levado ao aparecimento de formas alternativas de divulgao, sendo a mais recente delas a publicao eletrnica (ver Captulo 5: O Peridico Cientfico). A comunicao entre pesquisadores, atravs de correio eletrnico e de listas de discusso, via Internet, tambm vem possibilitando uma maior rapidez no processo de divulgao da cincia (ver Captulo 4: Encontros Cientficos). Outras tentativas, que tm contribudo para agilizar o processo formal de comunicao cientfica, incluem o lanamento de revistas destinadas exclusivamente publicao de resultados parciais de pesquisas e o uso de relatrios tcnicos como veculo de relatos de pesquisa. No entanto, o ritmo em que a cincia e a tecnologia tm

evoludo exige mais do que a agilizao dos meios de comunicao formais, pressionando os pesquisadores a tomar conhecimento do que est sendo pesquisado antes que os resultados atinjam a fase de divulgao formal, ou seja, h uma demanda crescente por informaes sobre pesquisas em andamento. Embora em algumas circunstncias seja necessria a realizao de pesquisas sobre um mesmo tema por vrios cientistas, como no caso das investigaes sobre AIDS, a maioria dos pesquisadores deseja empreender trabalhos inditos e originais. Isto ocorre principalmente na rea acadmica, onde o candidato obteno do grau de doutor obrigado a desenvolver pesquisa original como requisito obteno do ttulo. H tambm uma grande preocupao por parte dos rgos financiadores da pesquisa em divulgar amplamente os trabalhos que esto financiando, de maneira a evitar pesquisas desnecessariamente repetitivas, aproveitando melhor os recursos financeiros, geralmente escassos.

3.1

FONTES PARA IDENTIFICAO

A forma mais comum pela qual um pesquisador toma conhecimento das pesquisas que seus colegas esto realizando atravs do contato pessoal. Essa prtica ocorre com intensidade na vida de cientistas, que mantm conversas frequentes com colegas da mesma rea, atravs de telefonemas ou correio eletrnico, por ocasio da realizao de eventos como congressos ou seminrios, ou quando se renem em bancas de avaliao de teses e dissertaes e de concursos docentes. Entretanto, para a maioria dos pesquisadores necessrio recorrer a fontes formais, uma vez

que as oportunidades de contato pessoal com seus pares podem ser restritas. Instituies, tais como universidades, institutos e centros de pesquisa e desenvolvimento geralmente divulgam os trabalhos que esto sendo realizados por suas equipes atravs de suas prprias publicaes: boletins, revistas, jornais ou mesmo listas elaboradas especialmente para dar conhecimento de sua produo cientfica. Mas essas iniciativas tm utilidade bastante limitada por fornecer informaes dispersas e fragmentadas. A natureza passageira desse tipo de informao, que exige atualizao constante, sempre foi um empecilho para que as fontes impressas se constitussem em instrumentos adequados para identificao de pesquisas em andamento. Nesse sentido, a Internet provocou um grande impacto na rea cientfica, ao possibilitar a divulgao dessas pesquisas em dois nveis: atravs do correio eletrnico, facilita os contatos pessoais entre pesquisadores e, atravs das listas de discusso, dos stios de instituies de pesquisa e de servios especficos para este fim, possibilita o acesso formal aos dados que tm uma atualizao mais garantida. As entidades financiadoras de pesquisa, geralmente rgos governamentais ou fundaes, tm interesse em divulgar informaes sobre as pesquisas que financiam (no os resultados propriamente ditos) e mantm bases de dados que constituem uma excelente fonte para identificao de pesquisas em andamento. A Federal Research in Progress Database (FEDRJP) um exemplo. Mantida pelo governo americano e disponvel atravs de provedores comerciais, uma enorme base de dados sobre projetos financiados pelo governo federal dos Estados Unidos, incluindo ttulo do projeto, data de incio da pesquisa, data provvel do trmino, pesquisador

principal, instituio onde se realiza a pesquisa, resumo da pesquisa e relatrio do seu andamento (esses dados podem variar, dependendo da origem da informao). A FEDRIP substituiu em parte a funo exercida pela Smithsonian Scientific Information Exchange (SSIE), servio especializado em divulgar pesquisas em andamento e que funcionou desde 1949, incluindo, inicialmente, apenas pesquisas desenvolvidas na rea de medicina. Atualmente, a FEDRIP cobre as reas de cincias fsicas, engenharia e cincias da vida. um servio que cobrado e pode ser obtido atravs do National Technical Information Service (NTIS) . Existem bases de dados que cobrem determinado assunto, como, por exemplo, a BlOtechnical REsearch Projects in the European Cbmmun/y (BIOREP) e a AGricuttural REsearch Projects in the European Community (AGREP); como seus prprios nomes indicam, abrangem projetos no mbito da Unio Europeia. Universidades e centros de pesquisa costumam manter listas de pesquisas em andamento. Essas listas encontram-se dispersas na Internet e so teis apenas quando o usurio j identificou as instituies que deseja consultar; para buscas por assunto elas so bastante inadequadas. Outra opo para identificao de pesquisas em andamento so os diretrios de pesquisadores. H na Internet um stio que rene esses diretrios: o Directores ofScientists on the WWWfrom Micro World=. Nesse caso a busca feita pelo nome do pesquisador, sendo necessrio identific-lo para fazer contato e, ento, obter dados sobre seu projeto. No Brasil, a fonte mais abrangente o Diretrio dos Grupos de Pesquisa no Brasil , criado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) em 1992. As informaes a respeito esto disponveis gratuitamente na Internet

atravs do Prossiga "& e incluem o nome do grupo, pesquisadores participantes, linhas de pesquisas em andamento, produo cientfica e tecnolgica e publicaes. O Diretrio representa a nova filosofia de divulgao de dados do CNPq, que passa a trabalhar no mais com base nos projetos de pesquisa, mas nos grupos de pesquisadores existentes em universidades, instituies isoladas de ensino superior, institutos de pesquisa cientfica e tecnolgica, laboratrios e organizaes no governamentais com atuao em pesquisa. Os dados so fornecidos pelas prprias instituies de pesquisa atravs de levantamentos realizados a cada dois anos. O esforo do CNPq em sistematizar e divulgar dados de pesquisas em andamento teve incio em 1968, com a publicao Pesquisas em Processo no Brasil, que teve mais duas edies, em 1969 e 1970. Em 1976, foi criado o Sistema em Linha de Acompanhamento de Projetos (SELAP) com a finalidade de acompanhar programas, projetos e outras atividades do II Plano Bsico de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico. O SELAP, projetado para constituir um sistema de informaes para gerncia de atividades em cincia e tecnologia, era tambm uma fonte de informaes para pesquisas em andamento, mas as dificuldades relacionadas coleta de dados e atualizao das publicaes levou sua desativao. Alguns peridicos especializados costumam apresentar notcias de pesquisas em andamento em suas sees de notas prvias. Existem tambm peridicos dedicados exclusivamente publicao de resultados parciais de pesquisas: so os chamados letters journals (ver Captulo 5: O Peridico Cientfico). Essas publicaes surgiram especificamente para atender necessidade que os pesquisadores tm de garantir a prioridade de suas descobertas e ideias

o que s ocorre a partir do momento em que essa descoberta divulgada , mas podem ser uma fonte importante para identificao de pesquisas em andamento. Durante algum tempo, esse tipo de peridico gerou polmica entre os pesquisadores: muitos consideravam que a pesquisa s deveria ser divulgada aps ter sido finalizada e que os resultados deveriam ser publicados como relatos completos, avaliados pelas comisses editoriais dos peridicos aos quais fossem submetidos. Acrtica feita aos letters journals baseava-se no argumento de que a avaliao dos resultados parciais no seria suficiente para garantir a qualidade e a seriedade da pesquisa. As crticas, entretanto, no foram suficientes para evitar o aparecimento de tais publicaes e, atualmente, existe um nmero significativo delas em todas as reas do conhecimento, principalmente naquelas em que a publicao a garantia de prioridade da ideia. Exemplos desse tipo de publicao so Letters in Mathematical Physics e Materials Letters.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS FREEMAN, Robert R. Current research information in the USA. Journal of Information Science, v.20, n.5, p.356-362, 1994. LANCASTER, F. W. Acessibilidade da informao na pesquisa cientfica em processo. Cincia da Informao, v.4, n.2, p. 109-117, 1975. SAMAHA, E. La informacin sobre las investigaciones em curso de realizacin. Boletin de la Unesco para las Bibliotecas, v.32, n.5, p.347-357, 1978.

ff

ENCONTROS CIENTFICOSBERNADETE SANTOS CAMPELLO

A pesquisa cientfica um processo complexo, e durante sua execuo o pesquisador assume diversas funes: a de lder de equipe, a de captador de recursos, a de comunicador, dentre outras. A funo de comunicador de fundamental importncia nesse processo, pois o pesquisador precisa estar constantemente atualizado em relao aos avanos de sua rea, inteirando-se do que outros cientistas esto fazendo e, por outro lado, mostrando o que ele prprio est realizando, como forma de ter seu trabalho avaliado pelos seus pares e de garantir a prioridade de suas descobertas.

4.1

CONTATOS PESSOAIS E ELETRNICOS

O processo de comunicao cientfica tem sido objeto de inmeros estudos que abordam tanto a comunicao formal, que ocorre atravs da literatura, quanto a comunicao que acontece informalmente, por meio de contatos pessoais. Esses estudos indicam que os contatos pessoais individuais face a face, por correspondncia, telefone e, hoje, cada vez mais frequentemente, atravs de correio eletrnico so comuns no processo de comunicao e ocorrem sempre entre os membros de determinada comunidade cientfica.

Outra possibilidade de contatos pessoais entre pesquisadores so os encontros ou eventos que renem, em um nico local, nmero significativo de membros de uma comunidade cientfica, ampliando a comunicao pessoal, na medida em que permitem troca de informaes de maneira intensa, envolvendo maior nmero de pessoas. A grande quantidade de eventos de carter cientfico que ocorrem atualmente em todas as reas do conhecimento mostra que o encontro pessoal ainda uma forma de comunicao que muito agrada aos cientistas e pesquisadores. Mesmo com as novas possibilidades trazidas pela tecnologia, como, por exemplo, as teleconferncias e as listas de discusso via correio eletrnico, que permitem a comunicao rpida e a baixo custo, os encontros continuam a ocorrer com frequncia, reunindo os membros de uma comunidade cientfica e/ou tcnica para exporem e discutirem seus trabalhos, envolvendo-os num processo de avaliao que constitui o cerne da atividade de pesquisa. A apresentao de trabalhos em encontros constitui a oportunidade que o pesquisador tem de ver seu trabalho avaliado pelos pares ou colegas, de forma mais ampla, diferentemente do que ocorre, por exemplo, quando submete um artigo a um peridico cientfico que avaliado por uma comisso editorial composta por um nmero restrito de membros e que, normalmente, demora meses para completar o trabalho de julgamento. A apresentao oral do trabalho no encontro tem a vantagem de possibilitar que crticas e sugestes sejam feitas na hora, de forma a permitir uma retroalimentao instantnea, podendo envolver vrios pontos de vista. A possibilidade de se comunicar pessoalmente com seus

pares de fundamental importncia para o cientista, constituindo uma das maiores motivaes para seu comparecimento a eventos, e a impossibilidade de participar pode trazer uma sensao de isolamento e frustrao. Esse processo tradicional de comunicao cientfica poder, aos poucos, ser substitudo pelos encontros eletrnicos possibilitados pela tecnologia de redes. Em primeiro lugar, sabe-se que o volume de comunicao via listas de discusso na Internet est aumentando significativamente no mbito da cincia. Algumas vantagens desse tipo de comunicao j so visveis e podem ser assim resumidas: possibilidade de acesso informal a um nmero enorme de informaes, interao facilitada e rpida com os pares, permitindo compartilhar ideias, obter uma variedade de sugestes e crticas e oportunidade de descobrir pesquisadores com os mesmos interesses. Alm disso, existem outras vantagens da chamada comunicao mediada por computador (computer mediated communication) sobre os meios tradicionais de comunicao: o receptor no precisa estar no local na hora em que a mensagem est sendo transmitida, e essa pode ser transmitida a qualquer hora, independentemente de fuso horrio; no h o domnio da discusso por um nmero pequeno de indivduos, tendo todos os participantes, at os mais tmidos, a mesma oportunidade de expor suas ideias; h o nivelamento dos participantes em termos de titulao, pois a nica identificao usada o nome da instituio; e, finalmente, h tempo suficiente para preparar os comentrios. O processo de participao em listas de discusso, via correio eletrnico, parecido com o que ocorre em encontros pessoais: sendo a utilizao da linguagem cada vez mais informal nesse meio, a comunicao assemelha-se apresentao de um trabalho em

evento; um meio de comunicao escrita que reproduz a espontaneidade e a flexibilidade da conversao verbal. Essa informalidade, embora benfica no sentido de facilitar e agilizar a comunicao, traz problemas no que diz respeito s citaes, que constituem um mecanismo essencial no processo de criao cientfica e que no podem ser ignoradas. Nas listas de discusso, as citaes ao material existente na prpria rede carecem de maior normalizao por estarem ainda incipientes as tentativas de padronizao, e as citaes ao material bibliogrfico tradicional (peridicos, livros etc.) so falhas, dificultando a recuperao. H uma poltica de auto-regulao que previne falhas nas discusses, tais como afastar-se do tpico do debate, fazer comentrios de natureza pessoal e chamar ateno utilizando-se de recursos como pontos de exclamao ou maisculas. De qualquer forma, o papel do mediador ou dono da lista o de intervir para evitar estes problemas, podendo tomar conhecimento das mensagens antes de divulg-las. No h preocupao em fazer a sntese da discusso, e isso tambm aproxima a lista de discusso da comunicao verbal. Tudo indica que o correio eletrnico no precisa ficar limitado troca de informaes curtas e factuais: sabe-se que ele tem o potencial para veicular a troca de ideias mais elaboradas e mensagens longas. A recuperao das informaes contidas nas listas o ponto menos discutido; se a comunicao atravs do correio eletrnico vier a substituir alguns dos registros formais do conhecimento, transformando-se em uma forma definitiva de registro, deve-se pensar em meios de recuper-los de forma rpida e segura. Essas caractersticas da comunicao eletrnica levam concluso de que, a partir do momento em que a tecnologia estiver

disponvel a um maior nmero de pesquisadores, essa forma de comunicao passar a ser cada vez mais utilizada.

4.2

EVENTOS CIENTFICOS

Existem vrios tipos de encontros cientficos, cuja denominao varia em funo de sua abrangncia e de seus objetivos. Alguns encontros voltam-se exclusivamente para a comunicao de pesquisas e renem uma audincia empenhada em discutir avanos de seu campo de conhecimento, sendo, normalmente, organizados pelas associaes cientficas. Outros congregam participantes voltados para a prtica profissional e so organizados pelas entidades profissionais. Em cada um desses casos, a organizao e os trabalhos apresentados tm caractersticas distintas. De maneira geral, os encontros apresentam uma estrutura semelhante, que pode variar de acordo com o tamanho do evento. O congresso um evento de grandes propores, de mbito nacional ou internacional, que dura normalmente uma semana e rene participantes de uma comunidade cientfica ou profissional ampla. Hoje, praticamente todas as reas do conhecimento realizam, atravs de suas sociedades e associaes, pelo menos um congresso de mbito nacional ou internacional, que ocorre a intervalos de dois ou mais anos. Um exemplo o Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentao, que vem se realizando desde 1954 a intervalos relativamente regulares, reunindo grande nmero de participantes; o mais recente ocorreu em 1997. As atividades que compem o congresso so as mais variadas e incluem conferncias, palestras, painis, mesas redondas e outras. As conferncias so um tipo formal de apresentao, feitas por convidados especiais, geralmente uma figura de destaque na rea. Podem

fazer parte de uma sesso solene de abertura ou encerramento do congresso. As palestras, feitas tambm por pessoas convidadas, so apresentaes formais e diferem da conferncia apenas por permitirem o debate do palestrante com a plateia. So chamadas de plenrias, por reunirem todos os participantes do evento. As mesas redondas e os painis tambm so atividades que ocorrem durante os congressos, consistindo na apresentao, por um nmero restrito de pesquisadores convidados (geralmente quatro ou cinco), de um tema comum que, ao final, debatido com a plateia. Essas atividades compem o conjunto de sesses de temas oficiais, apresentadas por pesquisadores de renome, convidados pelos organizadores do evento. As sesses de temas livres so a alma do congresso; o momento em que os participantes, geralmente divididos em grupos de interesse, apresentam os resultados de suas pesquisas para serem discutidos. Os trabalhos apresentados nas sesses livres so submetidos antecipadamente pelos autores comisso organizadora e julgados por uma comisso cientfica ou tcnica. A aceitao do trabalho d ao autor o direito de apresent-lo nas sesses livres. Geralmente a participao de um pesquisador em um congresso s possvel se ele tem seu trabalho aceito, j que condio essencial para que as agncias financiadoras forneam-lhe os recursos financeiros. Dados os elevados custos de participao, no comum que pesquisadores compaream por conta prpria, principalmente os que esto em incio de carreira. Muitos organizadores aproveitam a oportunidade para oferecer cursos de curta durao que podem ocorrer como atividades pr ou ps-congresso e, em alguns casos, paralelamente ao evento. Venda de publicaes especializadas, exposio de equipamentos,

apresentao de filmes cientficos e tcnicos e demonstraes as mais variadas ocorrem paralelamente ao evento e podem, muitas vezes, desviar o participante do objetivo principal mas, ao mesmo tempo, constituem excelente oportunidade de atualizao. Simpsio, jornada, seminrio, colquio, frum, reunio, encontro so denominaes dadas a eventos cientficos de mbito menor que o do congresso, tanto em termos de durao, quanto de nmero de participantes, cobrindo campos de conhecimento mais especializados. Algumas excees ocorrem no uso dessa terminologia: a Reunio Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia (SBPC), por exemplo, um evento de grandes propores, que rene milhares de pesquisadores, especialistas e estudantes de todas as reas cientficas. A programao de um evento tem incio muito tempo antes de sua realizao, e a escolha do prximo local feita geralmente durante a sesso de encerramento, em assembleia com a presena de todos os participantes. A divulgao comea com a chamada de trabalhos (call forpapers), atravs de diversos meios de comunicao, e consiste em convite aos pesquisadores para submeterem seus trabalhos, na descrio dos temas a serem abordados, bem como nas instrues para apresentao do texto. Com base nisso, os pesquisadores preparam e enviam seus trabalhos e iniciam os procedimentos a fim de obter recursos para sua participao junto aos rgos de fomento pesquisa.

4.3

FUNES DOS ENCONTROS CIENTFICOS

Os encontros cientficos tm sido bastante estudados por pesquisadores interessados em definir melhor o seu papel no

contexto da comunicao cientfica. Os resultados desses estudos, que vm sendo realizados no mbito das mais variadas disciplinas, mostram que os eventos podem desempenhar diversas funes: encontros como forma de aperfeioamento de trabalhos Vrias pesquisas mostram que cerca de metade dos trabalhos apresentados em encontros cientficos foi modificada substancialmente aps a apresentao, tendo em vista as sugestes feitas pelos participantes durante as sesses. Isso indica que o encontro desempenha um papel de aperfeioamento, contribuindo para melhorar a qualidade dos trabalhos; encontros como reflexo do estado-da-arte Embora essa funo tenha sido pouco estudada, h evidncias de que o encontro, atravs dos painis ou do conjunto das prprias apresentaes, pode funcionar como uma oportunidade de se traar o estado-da-arte de determinada rea, permitindo examinar tendncias e perspectivas, j que rene um volume significativo de informaes que normalmente aparecem dispersas em peridicos diversos, ao longo do tempo. O conjunto dos trabalhos apresentados, mais os relatos dos painis ocorridos durante o encontro, podem reletir o panorama da rea e o perfil dos seus membros; encontros como forma de comunicao informal Os eventos oferecem aos participantes a oportunidade de se comunicarem pessoalmente com seus pares, de maneira informal: a troca de informaes sobre projetos, o planejamento de trabalhos conjuntos, a oportunidade de novos pesquisadores conhecerem os membros mais antigos e inmeras outras interaes ocorrem nos eventos, ilustrando o papel que os contatos pessoais desempenham no processo

de comunicao cientfica. As chamadas conversas de corredor constituem para muitos pesquisadores a parte mais importante do encontro.

4.4

FONTES PARA IDENTIFICAO DE ENCONTROS CIENTFICOS

A maioria dos eventos cientficos bem divulgada, pois seu sucesso depende fundamentalmente do nmero de participantes que consegue atrair, embora haja alguns encontros de mbito restrito, com divulgao precria, sendo difcil obter informaes sobre os mesmos. A divulgao feita atravs de mala direta aos participantes em potencial, de boletins de entidades cientficas e tcnicas, de publicaes especializadas, de stios de instituies promotoras e listas de discusso na Internet e, dependendo do tipo de evento, da imprensa em geral. J que os interessados precisam tomar conhecimento da realizao do evento com bastante antecedncia, de modo a poder preparar adequadamente suas apresentaes e buscar financiamento que viabilize sua participao, os organizadores procuram atingir esse pblico logo que o encontro comea a ser planejado. Algumas instituies renem e sistematizam informaes sobre eventos, de forma a facilitar sua identificao. No Brasil, o IBICT tem trabalhado nesse sentido e vem divulgando sistematicamente eventos brasileiros desde 1978, quando publicou a Lista de Reunies Tcnico-Cientficas Realizadas no Brasil. A publicao evoluiu e consolidou-se no Calendrio de Eventos em Cincia e Tecnologia, que vem sendo editado regularmente em forma impressa; atualmente pode tambm ser consultado na Internet, no stio da instituio. Lista todo tipo de evento de interesse para pesquisadores

e para a indstria, no mbito do Brasil e do Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul). Outra fonte que sistematiza informaes sobre eventos o Prossiga, que permite a identificao de eventos estrangeiros, apresentando informaes sobre uma variedade de encontros de todas as reas. Listas por assunto tambm esto disponveis na Internet, como, por exemplo, a Base de Dados de Eventos em C&T: Qualidade e Produtividade "ea TMS World Meetings Calendar^, que toma disponveis informaes sobre eventos na rea de engenharia e cincia dos materiais e outras. Dada a transitoriedade desse tipo de informao, a Internet , sem dvida, o meio ideal para sua identificao, e a as listas de discusso so as fontes mais teis por sua agilidade e atualidade.

4.5 A LITERATURA ORIGINADA DE ENCONTROS CIENTFICOS Os documentos gerados em encontros cientficos podem aparecer antes, durante ou depois do evento, e sua natureza varia, dependendo da rea de conhecimento. So publicados comumente na forma de anais, reunindo o conjunto dos trabalhos apresentados e, s vezes, tambm as palestras e conferncias que ocorreram durante o evento.

4.5.1

FORMA DOS ANAIS

Os anais aparecem numa variedade de formas que vo desde a publicao feita pela prpria instituio organizadora,' at a

I. Isso ocorre quando o financiamento concedido pela agncia financiadora do evento inclui a publicao dos anais.

publicao por editoras comerciais profissionais, caso em que o produto se apresenta na forma de volumes de excelente qualidade editorial. No primeiro caso (publicao feita pela prpria entidade que organiza o evento), a tiragem costuma ser pequena, pois a distribuio restrita aos inscritos (geralmente a taxa de inscrio d direito ao recebimento dos anais) e, portanto, sem divulgao ampla. A normalizao pode ser deficiente, apresentando falhas nos dados bibliogrficos essenciais para a identificao do documento, tais como data, local de publicao ou entidade organizadora, o que pode trazer dificuldades para tratamento e recuperao dos anais em servios bibliogrficos e bibliotecas. Caracterizam-se, portanto, como uma forma tpica de literatura cinzenta, apresentando os problemas disto decorrentes (ver Captulo 6: Literatura Cinzenta). Hoje em dia, com as possibilidades da editorao eletrnica, a publicao de anais ficou facilitada e no mais ocorrem os atrasos de publicao que eram comuns anteriomente; em muitos casos o participante recebe os anais durante a realizao do encontro. Essa agilidade possvel quando a impresso feita diretamente dos originais dos prprios autores, enviados em disquete, eliminando-se a etapa da editorao; nesse caso, a comisso organizadora define normas bem detalhadas para a digitao dos textos, de forma a garantir um formato final previamente padronizado. A publicao de anais por editoras comerciais e sua distribuio atravs dos canais normais de venda (livrarias e distribuidoras) no ocorre com frequncia no Brasil. Essa prtica mais comum em pases adiantados, que contam com um mercado consumidor de informao mais amplo e consolidado. Nesse caso, a forma fsica dos anais no difere da de um livro formalmente editado, e a

nformao sobre o fato de que aquela publicao composta Je trabalhos apresentados em determinado evento aparece normalmente na folha de rosto. Pode ocorrer tambm o caso de anais publicados em periJicos. Isso acontece quando a entidade organizadora responsvel sor alguma publicao peridica e decide incorporar, em um fascculo lormal ou em um suplemento especial da revista, os anais do evento. Essa prtica pode facilitar a divulgao mas, ao mesmo tempo, acar"etar problemas de aquisio para os no-assinantes da revista que Lenham interesse em obter os anais.

4.5.2

NATUREZA DOS ANAIS

Em algumas reas do conhecimento, os trabalhos apresentados em encontros cientficos tm sido considerados como uma forma intermediria de documento, sucedendo os estgios mais informais do processo de comunicao cientfica correspondncia, anotaes de laboratrio, cartas ao editor etc. e precedendo a fase de formalizao final, que o artigo de peridico. Nesse modelo evolucionrio da literatura cientfica, considera-se que todos os trabalhos apresentados em encontros iro, mais cedo ou mais tarde, transformar-se em artigos a serem publicados em peridicos cientficos, devendo, portanto, ser vistos como documentos provisrios que sero substitudos pelos permanentes (artigos de peridicos). Entretanto, em outras reas, os anais so a nica forma de disseminao desses trabalhos. O anais podem conter os resumos ou os trabalhos na ntegra, dependendo do objetivo do encontro, bem como da disponibilidade de recursos financeiros para sua publicao, e isso varia em cada rea

do conhecimento. Pesquisa recente (MELLO, 1996) mostra, por exemplo, que na rea de medicina veterinria no Brasil, a prtica mais comum a publicao de resumos, e na de biblioteconomia/ cincia da informao a de trabalhos completos. Isso, mais o fato de que, na medicina veterinria, mais da metade dos trabalhos publicada posteriormente como artigo de peridico, enquanto que na biblioteconomia/cincia da informao a publicao posterior nula indica que, na primeira rea, os anais representam um tipo de documento preliminar, provisrio, ena segunda ele deve ser visto como um documento permanente. Conclui-se, portanto, que a natureza do material (provisrio ou permanente) difere de rea para rea e, consequentemente, seu tratamento em bibliotecas depender dessa caracterstica. A atividade acadmica ou profissional exercida pelos autores dos trabalhos um ponto que ajuda a entender a natureza dos anais como forma de comunicao cientfica. O estudo comparativo dos anais das reas de medicina veterinria e biblioteconomia/ cincia da informao, acima mencionado, mostrou que, tambm nesse ponto, os anais diferem, dependendo da rea. Na primeira, a maioria dos autores ligada a instituies acadmicas e de pesquisa, enquan