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Programa de Pós-Graduação em Odontologia ANDREA FAGUNDES CAMPELLO BORGES ACURÁCIA DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO E DA RADIOGRAFIA PERIAPICAL DIGITAL NA DETECÇÃO DE LESÕES ÓSSEAS PERIRRADICULARES CRIADAS ARTIFICIALMENTE 2015 Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura 22790-710 Rio de Janeiro, RJ Tel. (0XX21) 2497-8988

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i

Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura

22790-710 – Rio de Janeiro, RJ Tel. (0XX21) 2497-8988

ANDREA FAGUNDES CAMPELLO BORGES

ACURÁCIA DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO E DA

RADIOGRAFIA PERIAPICAL DIGITAL NA DETECÇÃO DE LESÕES ÓSSEAS PERIRRADICULARES CRIADAS

ARTIFICIALMENTE

2015

ANO

Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura

22790-710 – Rio de Janeiro, RJ Tel. (0XX21) 2497-8988

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ANDREA FAGUNDES CAMPELLO BORGES

ACURÁCIA DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO E

DA RADIOGRAFIA PERIAPICAL DIGITAL NA DETECÇÃO DE LESÕES

ÓSSEAS PERIRRADICULARES CRIADAS ARTIFICIALMENTE

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-graduação em

Odontologia da Universidade Estácio

de Sá, visando a obtenção do grau

de Mestre em Odontologia

(Endodontia).

Orientadores:

Prof. Dr. Fábio Vidal Marques

Prof. Dr. Fábio Ribeiro Guedes

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

RIO DE JANEIRO

2015

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Ficha catalográfica

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“Não importa se a estação do ano muda... Se o século vira, se o milénio é outro.

Se a idade aumenta... Conserva a vontade de viver,

Não se chega a parte alguma sem ela."

(Fernando Pessoa)

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v

AGRADECIMENTOS

Ao meu marido, Rogério Borges, por me apoiar de todas as maneiras para que

esse sonho se realizasse. Obrigada pelo amor, companheirismo e

compreensão.

Ao meu filho, Thiago, por alegrar todos os meus dias.

Aos meus pais Marli e Alberto por toda a educação e apoio. Serei eternamente

grata por tudo que fizeram e abdicaram para que eu pudesse ter um futuro

melhor.

Ao Professor Fábio Vidal, por toda a atenção dedicada para que esse trabalho

fosse realizado da melhor maneira possível. Suas orientações, conselhos e

apoio foram de suma importância para a realização desse estudo.

Ao Professor Fábio Guedes pela atenção dedicada durante a confecção das

imagens e por todas as orientações e conselhos.

À Angélica, por ser uma pessoa maravilhosa e prestativa, nos ajudando de

todas as formas possíveis.

Aos meus colegas de Mestrado, por tornarem mais agradáveis os meus dias no

PPGO. Aos amigos Fábio Barcelos, Rafaela Martins, Renata Val, Stephane

Azeredo e Sabrina Brasil, com quem sempre pude contar nas horas difíceis,

pelo convívio e aprendizado.

Ao meu amigo Leopoldo Miranda por ter segurado a barra na escultura dental

em todos os momentos que precisei me ausentar.

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vi

Ao meu amigo Maia por tantas conversas e desabafos, além das inúmeras

sindicâncias que assinei, mas que ele foi o autor.

Ao professor e amigo André Luiz Barbosa Machado pelos ensinamentos e

incentivo a ingressar no magistério.

E especialmente a Deus por Tudo.

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ÍNDICE

Página

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE FIGURAS xii

LISTA DE TABELAS xiv

LISTA DE ABREVIATURAS xv

1 INTRODUÇÃO 1

2 REVISÃO DE LITERATURA 3

3 JUSTIFICATIVA 18

4 HIPÓTESE 19

5 OBJETIVO 20

6 MATERIAIS E MÉTODOS 21

7 RESULTADOS 31

8 DISCUSSÃO 42

9 CONCLUSÃO 48

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49

11 ANEXOS 57

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RESUMO

Objetivo: O objetivo deste estudo foi determinar a acurácia da tomografia

computadorizada de feixe cônico (TCFC) comparada com a radiografia

periapical digital na detecção de defeitos ósseos perirradiculares criados

artificialmente em mandíbulas e maxilas secas de origem humana.

Materiais e Métodos: Foram criadas e alargadas progressivamente lesões

artificiais em mandíbulas e maxilas secas de origem humana, utilizando brocas

esféricas carbide de baixa rotação nos tamanhos ½, 2, 4 e 6. As radiografias

periapicais foram obtidas para cada tamanho de lesão utilizando sistema digital

intraoral de placa de fósforo (Instrumentarium Dental, Hyrila, Finlândia) e a

tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) com o equipamento Kodak

9500 cone beam, Carestream Dental (Kodak Dental System, Carestream

Health, Rochester, NY, EUA). As imagens foram avaliadas por 6 especialistas

em endodontia. Os dados foram tabulados e o grau de concordância entre

avaliadores foi avaliado por meio do Coeficiente Kappa. A acurácia de cada um

dos métodos de diagnóstico por imagem foi avaliada. As comparações entre os

exames foram realizadas pelo teste de qui quadrado (χ2) usando o software

estatístico SPSS 17.0. O nível de significância foi estabelecido em 5%.

Resultados: O índice Kappa mostrou baixa concordância entre os avaliadores.

Não houve diferença estatística entre os exames nos casos onde não havia

lesão perirradicular. A TCFC mostrou-se superior em detectar lesões

perirradiculares artificiais, onde elas realmente existiam, independente do

tamanho da lesão. O índice de acerto para a TCFC variou entre 56,94% e

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73,61%. A maior diferença entre exames deu-se nos elementos superiores (RX

28,57% e TCFC 71,42%; p valor <0,01) e nos elementos multirradiculares (RX

33,33% e TCFC 83,33%; p valor < 0,01).

Conclusão: A detecção de lesões perirradiculares artificiais em mandíbulas e

maxilas secas foi significativamente maior nos exames de TCFC quando

comparados com exame de radiografia periapical digital.

Palavras-chave: Tomografia computadorizada de feixe cônico; Radiografia

digital; lesão perirradicular, periodontite apical.

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x

ABSTRACT

Aim: The aim of this study was to determine the diagnostic accuracy of cone-

beam computed tomography and digital periapical radiography in detecting

artificially created apical lesions in a ex vivo model using human cadavers.

Materials and Methods: Simulated apical lesions were created and then

progressively enlarged by using sizes ½, 2, 4 e 6 round burns. Images were

obtained with Kodak 9500 cone beam CT (Kodak dental System, Carestream

Health, Rochester, NY) and with an intraoral digital periapical radiographic

sensor (instrumentarium dental, Hyrila, Finland) after each enlargement.

Specificity and sensitivity were calculated using the statistical software SPSS

17.0. Images were evaluated by 6 certified endodontists. The agreement was

calculated using Kappa coefficient. The accuracy of each method in detecting

apical lesion was calculated using chi square test using the statistical software

SPSS 17.0. The level of significance was set at 5%.

Results: Kappa showed low agreement among examiners. There was no

statistical difference between cone-beam computed tomography and digital

periapical radiography in cases without apical lesions. The accuracy for Kodak

9500 cone beam was significantly higher than the intraoral digital periapical

radiography accuracy for all corresponding simulated lesions. The correct

diagnostic rate for CBCT ranged between 56.94% and 73.61%. The biggest

difference between cone-beam computed tomography and digital periapical

radiography ocurred in maxillary teeth (RX 28.57% and 71.42% CBCT; p

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xi

value<0.01) and multi rooted teeth (RX 33.33% and 83.33% CBCT; p

value<0.01).

Conclusion: The cone-beam computed tomography demonstrated better

accuracy in detecting simulated lesions than digital periapical radiography for all

simulated lesions tested.

Key Words: cone-beam computed tomography; Digital radiography; apical

lesions

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Imagem digital de telerradiografia em norma frontal (SANNOMIYA,

2009).

Figura 2. Tomógrafo J. Morita Veraviewepocs 3D (retirado de MILES &

MCCLAMMY, 2009).

Figura 3. A. Princípio da formação da imagem na Tomografia convencional. B.

na TCFC (retirado de MILES & MCCLAMMY, 2009).

Figura 4. Peças anatômicas utilizadas para a seleção dos elementos dentários

Figura 5. Cortical interna após extração do molar superior.

Figura 6. A. Elemento 37 extraído. B. Elemento 37 reposicionado. C. TCFC do

elemento 37 para verificar correto reposicionamento.

Figura 7. Sistema Express Instrumentarium (Instrumentarium Dental, Hyryla,

Finlândia).

Figura 8. Posicionador XCP Instruments RINN (RINN Corporation, Elgin,

IIIinois, USA).

Figura 9. A. Registro oclusal com silicone de condensação Zetaplus®

(Zhermach, SpA, Badia Polesine RO - Itália). B. Crânio e sensores prontos para

a obtenção da imagem com auxílio do registro oclusal e posicionador.

Figura 10. Equipamento Kodak 9500 Cone Beam, fabricado pela Carestream

Dental (Kodak Dental Systems, Carestream Health, Rochester, NY, EUA).

Figura 11. Suporte de acrílico confeccionado para estabilizar a peça anatômica

durante a realização da TCFC.

Figura 12. Uso de cursor durante a confecção dos defeitos ósseos.

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Figura 13. A. Slide da radiografia digital do elemento 24 reposicionado após

confecção de defeito ósseo com broca n° 2. B. TCFC do mesmo elemento.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Comprimento em mm da ponta ativa das brocas esféricas carbide

haste longa.

Tabela 2. Numeração referente à broca utilizada para confecção do defeito

ósseo.

Tabela 3. Descrição numérica das imagens.

Tabela 4. Grau de concordância entre avaliadores.

Tabela 5. Medidas de concordância de dados categóricos.

Tabela 6. Tabela descritiva dos achados por elemento dentário.

Tabela 7. Comparação entre exames (RX e TCFC).

Tabela 8. Comparação entre exames em mandíbula.

Tabela 9. Comparação entre exames em maxila.

Tabela 10. Comparação entre exames em dentes unirradiculares.

Tabela 11. Comparação entre exames em dentes multirradiculares.

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LISTA DE ABREVIATURAS

TCFC RX TC 3D mA Kv Kvp

Tomografia computadorizada de feixe cônico Radiografia periapical digital Tomografia Computadorizada Três dimensões Miliampere (unidade de medida de intensidade de corrente elétrica) Quilovolt – Medida de tensão elétrica Quilovolt pico

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1. INTRODUÇÃO

A lesão perirradicular é uma doença inflamatória de etiologia microbiana

causada primariamente pela infecção do sistema de canais radiculares

(SIQUEIRA, 2011). Uma infecção endodôntica pode estimular o

desenvolvimento de lesões inflamatórias perirradiculares com ocorrência de

perda óssea, evoluindo frequentemente como um processo crônico com pouca

ou nenhuma sintomatologia (KAKEHASHI et al.,1965; SUNDQVIST, 1976). A

presença de alterações pulpares pode ser pesquisada através de testes

clínicos que, na maioria das vezes fornecem informações somente sobre a

resposta neurológica aos estímulos térmicos (WEISLEDER et al., 2009;

JAFARZADEH & ABBOTT, 2010; CHEN & ABBOTT, 2011).

A radiografia periapical convencional é um instrumento complementar

amplamente utilizado pelo clínico no diagnóstico e controle de lesões

perirradiculares. No entanto, as radiografias convencionais são muito sensíveis

a erros que podem ocorrer durante a aquisição da imagem como

posicionamento incorreto da película radiográfica e tempo de exposição

inadequado. Além disso, o processamento da película e seu armazenamento

podem influenciar na qualidade da imagem, e consequentemente, na

sensibilidade do método. Uma alternativa capaz de minimizar essas limitações

da técnica radiográfica convencional é a utilização de sensores intraorais

(radiografia digital). A radiografia periapical digital tem sido muito difundida

desde 1980. A utilização dos sensores digitais reduz a dose de radiação a que

o paciente é exposto e economiza o tempo dispendido durante o

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processamento radiográfico (PETERS & PETERS, 2012). Além disso, as

imagens obtidas podem ser manipuladas e avaliadas por meio de softwares

que possibilitam, entre outras coisas, avaliar de forma mais precisa o nível de

cinza dos pixels que formam a imagem e obter medidas lineares. Outra

limitação das radiografias periapicais (convencionais e digitais) é que elas

fornecem uma imagem bidimensional de estruturas tridimensionais (LOFTHAG-

HANSEN et al., 2007). Essa limitação pode ser contornada com a utilização de

exames tomográficos, mais especificamente, as tomografias computadorizadas

de feixe cônico (TCFC).

A TCFC foi introduzida na odontologia em 1990 e tem encontrado muitas

indicações na endodontia (COTTON et al., 2007; NAIR & NAIR, 2007). A TCFC

possibilita a detecção precoce de lesões perirradiculares em casos onde

nenhuma alteração foi detectada utilizando a radiografia periapical, servindo

como ferramenta no diagnóstico e proservação de patologias do periápice, bem

como na pesquisa de trincas e fraturas não detectáveis por meio de exames

clínicos e radiográficos convencionais (LEONARDO et al., 2009).

O objetivo deste estudo foi determinar a acurácia da TCFC comparada

com a radiografia periapical digital na detecção de defeitos ósseos

perirradiculares criados artificialmente em mandíbulas e maxilas secas de

origem humana.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Etiologia das lesões perirradiculares

A infecção do sistema de canais radiculares é a principal causa de

desenvolvimento de lesões que acometem a região perirradicular. Entretanto,

diversas outras condições patológicas podem estar associadas com alterações

na região perirradicular dos elementos dentários, sem mostrar relação

etiológica com inflamação pulpar. Devido à sua origem não inflamatória, o

tratamento destas condições difere das terapias habituais para as lesões

perirradiculares inflamatórias. Mesmo com todas as informações obtidas com

anamnese e exame físico, a detecção das lesões perirradiculares inflamatórias

depende de exames de imagem complementares. Dentre os exames de

imagem, as radiografias convencionais, em especial as periapicais, são

componentes imprescindíveis no processo de diagnóstico. Mais recentemente,

tomografias computadorizadas trouxeram valiosa contribuição para alguns

casos, mas a radiografia convencional representa o pilar do diagnóstico

endodôntico (SIQUEIRA et al., 2010).

A infecção do sistema de canais radiculares é o principal fator etiológico

da lesão perirradicular. Embora fatores químicos e físicos possam induzir a

inflamação perirradicular, evidências científicas demonstram que os micro-

organismos são essenciais para a progressão e manutenção da lesão

perirradicular (KAKEHASHI, et al., 1965; SUNDQVIST, 1976; MÖLLER et al.,

1981).

A infecção do canal radicular se desenvolve após necrose pulpar, que

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ocorre como resultado da cárie, trauma, doença periodontal ou procedimentos

odontológicos. Esses fatores geram uma via de acesso para os micro-

organismos chegarem ao sistema de canais radiculares. Devido à ação de

micro-organismos e seus produtos associados à resposta imunológica do

hospedeiro ocorrem alterações inflamatórias nos tecidos perirradiculares dando

origem a diferentes formas de lesões. As bactérias são os principais micro-

organismos envolvidos na etiologia das lesões perirradiculares, embora fungos,

vírus e arqueias também tenham sido encontrados nos canais de dentes com

lesão perirradicular (SIQUEIRA et al., 2010).

2.1.1. Cistos e granulomas perirradiculares de origem inflamatória

A ocorrência da patologia perirradicular está associada às respostas

inflamatória e imunológica do hospedeiro com o intuito de conter o avanço da

infecção endodôntica. A ocorrência de danos aos tecidos perirradiculares pode

resultar do efeito direto ou indireto das bactérias (SIQUEIRA et al., 2010). Este

é um processo que envolve uma série de mecanismos intrínsecos mediados

por moléculas sinalizadoras, o que resulta no desenvolvimento de lesões, que

podem representar estágios de um mesmo processo inflamatório, destacando-

se os granulomas e os cistos perirradiculares (PEIXOTO & PEIXOTO, 2012).

O granuloma é uma massa de tecido granulomatoso cronicamente

inflamado, que representa uma reação secundária e defensiva do hospedeiro

na tentativa de conter a progressão do processo infeccioso (NEVILLE et al.,

2009). Geralmente, o granuloma é assintomático e os achados radiográficos

são essenciais para avaliá-lo. Radiograficamente, verifica-se a presença de

uma área radiolúcida associada ao ápice radicular ou lateralmente à raiz, bem

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circunscrita, com perda da integridade da lâmina dura. A radiolucidez se deve à

reabsorção óssea com consequente perda de densidade do osso e substituição

por um tecido granulomatoso (SIQUEIRA et al., 2010).

O cisto perirradicular é sempre originado de um granuloma, embora nem

todo granuloma necessariamente progrida para um cisto (SIQUEIRA et al.,

2010). Segundo NEVILLE et al. (2009) os cistos são constituídos por uma

cavidade patológica revestida por um epitélio, oriundo, principalmente, dos

restos epiteliais de Mallassez que permanecem na região perirradicular após a

odontogênese e se desenvolvem como resultado de um estímulo inflamatório.

Na grande maioria das vezes o cisto perirradicular é assintomático e os

achados radiográficos se assemelham aos do granuloma, o que faz com que

essas duas patologias sejam indistinguíveis radiograficamente (SIQUEIRA et

al., 2010).

2.1.2. Diagnóstico diferencial entre cistos e granulomas

Tradicionalmente a detecção da lesão periapical é baseada no exame de

imagem. O diagnóstico diferencial é realizado por meio do exame

histopatológico dos tecidos, o que é impraticável em casos não cirúrgicos

(PETERS & PETERS, 2012). O método auxiliar de diagnóstico mais

comumente utilizado é a radiografia periapical convencional. Alguns métodos

diagnósticos, como a tomografia computadorizada (TC) e a ultrassonografia

com doppler colorido, têm sido introduzidos na tentativa de diferenciar cistos e

granulomas periapicais (AGGARWAL et al., 2008). Um estudo comparou as

imagens de TC de oito casos de lesões perirradiculares com os resultados

histopatológicos. Os autores foram capazes de distinguir entre cistos e

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granulomas na tomografia, devido a uma diferença na densidade entre o

conteúdo da cavidade cística e a densidade do granuloma (TROPE et al.,

1989).

Em outro estudo AGGARWAL et al. (2008) avaliaram doze amostras

histológicas de lesões perirradiculares e compararam com os resultados

preliminares da TC e da ultrassonografia com fluxometria doppler. O

diagnóstico preliminar realizado através do exame de imagem foi confirmado

em todos os casos. SIMON et al. (2006) usaram tomografia de feixe cônico

para medir o grau de cinza no diagnóstico pré-cirúrgico e acharam que, em

treze dos dezessete casos avaliados, os resultados das tomografias

coincidiram com os resultados histopatológicos. Por outro lado, ROSENBERG

et al. (2010) relataram que a análise através da TCFC de quarenta e cinco

amostras apresentou baixa acurácia na diferenciação entre cisto e granuloma.

2.2. Técnicas de imagem na detecção de lesões perirradiculares

Os métodos de diagnóstico por imagem empregados para avaliar a

saúde do osso perirradicular incluem: radiografia convencional intra e extra-

oral, radiografia digital, ultrassonografia, ressonância magnética, TC e TCFC

(PETERS & PETERS, 2012).

2.2.1. Radiografia intraoral convencional

Na radiografia convencional, quando um feixe de fótons de raio X

atravessa um objeto, parte dos fótons deste feixe é atenuada, e os demais

fótons expõem o filme radiográfico, modificando os cristais de prata presentes

na emulsão. Dessa forma, a imagem apresenta-se contínua e ininterrupta,

onde os tons de cinza se intercalam sutilmente. Com isso, a radiografia

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convencional pode ser considerada um método analógico, no qual as

diferenças de tamanho e distribuição dos cristais de prata resultam em uma

escala de densidade contínua (WHITE & PHAROAH, 2007).

As radiografias periapicais convencionais continuam sendo o principal

auxiliar na detecção e acompanhamento de lesões perirradiculares. Um estudo

avaliou radiograficamente pacientes que apresentavam lesões periapicais

antes do tratamento endodôntico e verificou que após quatro anos do

tratamento endodôntico, 75,4% das lesões haviam regredido completamente e

12,7% mostraram sinais de melhora (ORSTAVIK et al., 1986). No entanto, em

alguns casos o tempo de cicatrização pode ser maior e um acompanhamento

mais longo pode ser necessário. Outro estudo comparou as radiografias de

evolução das lesões perirradiculares em dois períodos de acompanhamento. O

primeiro período variou de dez a dezessete anos, e o outro de dezessete a

vinte e sete anos, após o tratamento endodôntico. Os autores observaram que

o percentual de lesões periapicais caiu de 49,8% no momento da obturação

para 16,6% na reavaliação realizada dez a dezessete anos mais tarde e para

6,4% na segunda reavaliação, realizada dez anos depois (MOLVEN et al.,

2002). O mesmo grupo avaliou quatrocentos e vinte e nove raízes utilizando-se

da mesma metodologia descrita anteriormente e encontrou 95% de sucesso

(remissão completa da radiolucidez periapical) após vinte e sete anos. Os

autores sugerem que essa demora na cicatrização pode ser explicada pelo

extravasamento de material obturador e concluíram que alterações tardias

podem ser observadas em um período de até vinte e sete anos (FRISTAD et

al., 2004). Estes resultados diferem do trabalho de WEIGER et al. (1998) que

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relataram que a maioria das lesões perirradiculares cicatriza ao longo de um

período de quatro anos.

Essas conclusões baseadas em avaliações clínicas e radiográficas

devem levar em consideração que apenas a avaliação histológica possibilita

uma definição conclusiva com relação à cicatrização completa dos tecidos

perirradiculares. GREEN et al. (1997) estudaram vinte e nove cadáveres e

descobriram que raízes que pareciam saudáveis radiograficamente mostravam

evidência histológica de inflamação leve a moderada. Os autores concluíram

que a ausência de radiolucência periapical não significa saúde do ponto de

vista histológico. Outro estudo comparou a sensibilidade da radiografia

periapical e da TCFC com os resultados histológicos e observou que em 93%

das avaliações histológicas havia periodontite apical. Em comparação, as

análises de TC detectaram lesão em 84% dos casos e a radiografia periapical

detectou periodontite apical em 71% das análises. Os autores concluíram que a

TCFC foi mais sensível na detecção de periodontite apical quando comparada

com a radiografia convencional (DE PAULA-SILVA et al., 2009b). O mesmo

grupo avaliando o reparo periapical de raízes pós-tratamento endodôntico em

animais, observou que a TCFC forneceu resultados similares aos obtidos pela

avaliação microscópica e que a avaliação radiográfica subestimou o tamanho

das lesões ósseas (DE PAULA-SILVA et al., 2009a).

2.2.2. Radiografia intra-oral digital

A interpretação radiográfica é uma ferramenta importante para

determinar a presença ou ausência de patologias perirradiculares (TEWARY et

al., 2011). No entanto, devido à possível superposição de estruturas

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anatômicas e à sensibilidade da técnica, característica da radiografia, somente

quando há destruição suficiente do osso cortical é possível visualizar

radiograficamente as lesões ósseas (BENDER & SELTZER, 1961; SLOWEY,

1974). Uma alternativa que busca obter maior sensibilidade no diagnóstico por

imagem são os sensores digitais. A radiografia digital foi introduzida há mais de

vinte anos e as vantagens desta tecnologia incluem: diminuição da dose de

radiação para capturar a imagem; capacidade de armazenamento da imagem;

disponibilidade imediata da imagem para interpretação; compartilhamento e a

manipulação da imagem por meio de softwares específicos (SOH et al., 1993).

A formação da imagem digital difere da formação da imagem

convencional. A radiografia digital não usa filme radiográfico, não envolvendo o

uso de cristais de prata. Uma imagem digital consiste de um arranjo de células

individuais organizadas em uma matriz de linhas e colunas. O valor de cinza

corresponde à intensidade de radiação absorvida naquele local durante a

exposição do receptor digital. Cada célula isolada é denominada elemento de

imagem, do inglês “picture element” (pixel) (Figura 1). Cada pixel terá um valor

correspondente à intensidade média dos fótons que atingiram a área

correspondente. Os valores numéricos que estes elementos apresentam

correspondem ao tom de cinza e a posição na qual o pixel aparecerá no

monitor (HAITER NETO & MELO, 2010).

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10

Figura 1. Imagem digital de teleradiografia em norma frontal (SANNOMIYA, 2009)

Todos os sinais elétricos de entrada, inclusive os que dão origem à

imagem radiográfica digital são convertidos em dígitos binários (bits). Oito bits

podem ser agrupados para formar uma unidade maior denominada byte. O

byte apresenta 256 possibilidades de combinações numéricas e

consequentemente 256 tons, variando do preto ao branco, sendo que preto tem

valor zero e branco tem valor 256. A cada campo da matriz é atribuído um valor

numérico que representa um valor de tom de cinza. O olho humano pode

perceber no máximo até 100 tons de cinza, de modo que a análise das

imagens digitais, quando feita por meio de softwares, torna-se ainda mais

sensível do que quando feita diretamente pelo observador (MILES, 1993).

Desde sua introdução, a utilização da radiografia digital aumentou

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consideravelmente, devido à melhora na tecnologia e à diminuição do custo de

aquisição do sensor. Alguns estudos iniciais sugeriam que as radiografias

digitais são tão precisas quanto as radiografias convencionais na detecção de

lesões perirradiculares (YOKOTA et al., 1994; MISTAK et al., 1998).

Comparando a precisão de vários sistemas digitais na detecção de lesões

perirradiculares, não foram encontradas diferenças significativas entre os

sistemas (FOLK et al., 2005). Recentemente, radiografias periapicais digitais

foram comparadas com radiografias periapicais convencionais, obtidas

utilizando filme radiográfico D-Speed (Eastman Kodak Company, Rochester,

EUA), com relação ao grau de acurácia na detecção de lesões ósseas criadas

artificialmente. Os resultados do trabalho mostraram que as imagens digitais

foram significativamente melhores do que as radiografias periapicais

convencionais na detecção das lesões perirradiculares (HADLEY et al., 2008).

2.2.3. Tomografia computadorizada de feixe cônico

O desenvolvimento de um tomógrafo relativamente pequeno e de menor

custo (Figura 2), especialmente indicado para a região dentária e maxilofacial,

proporcionou grandes avanços no diagnóstico, planejamento e pesquisa nas

diversas especialidades odontológicas. Segundo SCARFE et al. (2006) o

desenvolvimento da TCFC possibilitou a obtenção de imagens tridimensionais

dos tecidos e estruturas mineralizadas do complexo maxilofacial, com mínima

distorção e dose de radiação significantemente reduzida, em comparação à TC

tradicional.

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Figura 2. Tomógrafo J. Morita Veraviewepocs 3D (MILES & MCCLAMMY, 2009)

A TCFC foi introduzida na década de noventa por dois grupos (MOZZO

et al., 1998; ARAI et al., 1999). Nos últimos anos, a técnica ganhou

rapidamente aceitação pelas especialidades odontológicas, em particular,

ortodontia, endodontia, implantodontia e cirurgia bucomaxilofacial (PETERS &

PETERS, 2012). As vantagens que a TCFC pode oferecer, em especial para o

diagnóstico e planejamento do tratamento, estão cada vez melhor

documentadas e incorporadas na prática odontológica. Recentemente, a

Associação Americana de Endodontia e a Academia Americana de Radiologia

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Oral e Maxilofacial emitiram diretrizes sobre as indicações da TCFC no

diagnóstico odontológico (TYNDALL et al., 2011; HARRIS et al., 2012;

PETERS & PETERS, 2012), consolidando ainda mais o uso dessa técnica na

prática clínica e na pesquisa.

A obtenção da imagem é feita utilizando um feixe cônico de radiação

associado a um receptor de imagens bidimensional. Nesta técnica, o conjunto

fonte de raios X-receptor de imagens gira 360º, uma única vez, em torno da

região de interesse (SCARFE et al., 2006). Durante este giro, múltiplas

projeções bidimensionais em ângulos diferentes são obtidas e enviadas ao

computador. Essas projeções contêm toda a informação necessária para

compor a matriz da imagem em três dimensões (3D). Após a coleta da

imagem, toda a informação necessária para gerar as imagens de interesse está

contida na imagem matriz (XAVES et al., 2005). Cortes nos três planos do

espaço podem então ser obtidos a partir desta imagem tridimensional. É

possível também obter reconstruções panorâmicas e cefalométricas a partir da

imagem tridimensional inicial.

Assim, ao contrário da TC tradicional, que necessita de tantas voltas

quanto forem necessárias dependendo da espessura do corte e do tamanho da

estrutura, resultando em maior exposição do paciente à radiação devido ao seu

feixe de raios X em forma de leque, a TCFC necessita de apenas um giro ao

redor da área de interesse para obter as informações necessárias para a

reconstrução das imagens, conforme mostra a Figura 3 (WHAITES, 2003).

Ainda, ao contrário da TC convencional, onde o tamanho do voxel é

determinado pela colimação do feixe de raios X antes e depois do paciente e

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pelo avanço da mesa no gantry (aparato que permite o deslocamento do

paciente posicionado sobre a mesa de exame), resultando em voxels

anisotrópicos (altura = largura <profundidade), na TCFC o tamanho do voxel é

determinado pelo tamanho de cada pixel no receptor de imagem, gerando

voxels isotrópicos (altura = largura= profundidade), que resultam em imagens

com nitidez superior (SCARFE, et al., 2006). Desta maneira, foi possível reduzir

a dose de exposição do paciente à radiação em até 98% em relação à TC

médica e diminuir a presença de artefatos na imagem obtida, permitindo assim

uma melhora na imagem tridimensional (XAVES et al., 2005).

Figura 3. A. Princípio da formação da imagem na Tomografia convencional. B. na TCFC (MILES & MCCLAMMY, 2009).

2.3. Limitações na detecção de lesões perirradiculares pelos exames de

imagem

O diagnóstico de lesões perirradiculares representa uma estratégia

essencial para determinar a seleção de um protocolo terapêutico efetivo

(ESTRELA et al., 2008). Alguns estudos têm demonstrado que uma lesão

perirradicular de origem endodôntica pode estar presente sem estar visível

radiograficamente (BENDER & SELTZER, 1961; VAN DER STELT, 1985;

A B

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WHITE et al., 1995). De acordo com BENDER & SELTZER (1961) lesões

artificiais produzidas em cadáveres podem ser detectadas por radiografias

convencionais somente quando a perfuração produz uma destruição extensa

da cortical óssea na superfície externa, ou quando houver erosão da superfície

interna da cortical. Outras condições como variações anatômicas, densidade

óssea, angulação do feixe de raios-x e contraste radiográfico também podem

influenciar na interpretação radiográfica (PETERS & PETERS, 2012).

TSAI et al. (2012) avaliaram a acurácia de dois aparelhos TCFC

comparados com radiografia periapical digital na detecção de lesões ósseas

artificiais criadas em mandíbulas humanas e observaram que a radiografia

digital obteve o pior resultado. Relataram ainda que os dois aparelhos de TCFC

tiveram baixa acurácia para lesões menores que 0,8 mm.

2.3.1. Padronização e qualidade da imagem

Idealmente, o acompanhamento radiográfico de uma lesão perirradicular

é realizado com o auxílio de um posicionador radiográfico com o objetivo de

reproduzir a imagem anterior, tanto em relação à região a ser radiografada

quanto em relação à angulação utilizada na tentativa de minimizar as

distorções. Para PETERS & PETERS (2012) o tipo de aparelho, tensão e

corrente, tempo de exposição, tipo e tamanho do filme radiográfico devem ser

os mesmos, para comparação das imagens. No caso de radiografias digitais,

todas as radiografias devem ser obtidas usando o mesmo sistema e analisadas

com o mesmo programa, para garantir a qualidade similar e possível

comparação entre imagens. A ausência de uma padronização na obtenção,

processamento e avaliação das imagens inviabiliza a comparação entre as

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mesmas, e sua consequente utilização em trabalhos científicos. Em uma

análise retrospectiva da padronização e do grau de adoção de medidas para

maior excelência na obtenção e armazenamento das imagens radiográficas,

esses autores observaram que 8,5% das imagens foram classificadas como

distorcidas, seja por estarem alongadas ou encurtadas. Os autores destacaram

a necessidade de uma melhor formação dos radiologistas e atualização dos

dentistas para garantir a alta qualidade dos exames radiográficos, além da

implementação de programas internos de garantia de qualidade nas clínicas

radiográficas (HELLSTERN & GEIBEL, 2012). Um exemplo da falta de

padronização na obtenção de imagens radiográficas é descrito no trabalho de

MOLVEM et al. (2002), no qual os autores observaram que 4,9% das

radiografias avaliadas não possuíam qualidade que permitisse uma avaliação

precisa da imagem.

2.3.2. Sobreposição de estruturas anatômicas

Ao estudar a região periapical com o objetivo de diagnosticar possíveis

alterações patológicas, o clínico precisa estar atento para identificar o chamado

“ruído anatômico”, que se refere à sobreposição de estruturas anatômicas e

distorções geométricas (HUUMONEM & ORSTAVIK, 2002; NAIR & NAIR,

2007; PATEL et al., 2009). A TCFC permite uma visualização em 3D, diferente

da radiografia periapical, que produz uma imagem bidimensional. Esta

característica da TCFC possibilita a visualização de detalhes, sem

sobreposição de estruturas anatômicas, facilitando a detecção de lesões não

percebidas na radiografia periapical (TSAI et al., 2012).

2.3.3. Distorção da imagem

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Distorções, alongamentos ou encurtamentos podem ser um problema

em qualquer área das arcadas dentárias, em especial na região de molares

superiores, pois as imagens distorcidas ocorrem em conjunto com projeções

anatômicas sobrepostas às áreas de interesse (PETERS & PETERS, 2012).

Quando há possibilidade, o ideal é que a película ou sensor seja

colocado paralelamente ao elemento dentário. A anatomia da cavidade oral

pode exigir que o filme seja colocado angulado em relação ao longo eixo do

dente. O posicionamento do feixe de raios-x mais apicalmente, pode resultar

em projeção do arco zigomático sobre as raízes. Ao mesmo tempo,

dependendo do ângulo escolhido pode ocorrer distorção das porções

radiculares. Raízes divergentes podem apresentar diferentes níveis de

encurtamento ou alongamento, enquanto que raízes fusionadas ou muito

próximas podem não ser visualizadas separadamente, apesar da obtenção de

imagens em diferentes angulações horizontais (LOFHAG-HANSEN et al.,

2007).

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3. JUSTIFICATIVA

Há um consenso de que o diagnóstico conclusivo com relação ao tipo de

lesão perirradicular só é possível através de análises histológicas. No entanto,

o mesmo só é viável em procedimentos cirúrgicos. Dessa forma, a adoção de

técnicas mais sensíveis de diagnóstico por imagem se faz necessária para o

diagnóstico precoce e acompanhamento evolutivo das lesões perirradiculares.

Poucos estudos comparam as diferenças de interpretação nas imagens

utilizando TCFC e radiografia periapical digital no diagnóstico de lesões

pequenas localizadas em osso esponjoso. Tendo em vista as limitações da

radiografia periapical convencional e considerando que a radiografia periapical

digital é um exame mais barato que a TCFC, que expõe o paciente a uma dose

menor de radiação e que pode ser utilizado dentro de um consultório

odontológico, justifica-se investigar a precisão das imagens obtidas por meio da

tomografia computadorizada de feixe cônico e da radiografia periapical digital

na detecção de lesões ósseas perirradiculares pequenas.

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4. HIPÓTESE

A hipótese é que a utilização de Tomografia computadorizada de feixe

cônico pode aumentar a precisão na detecção de lesões ósseas

perirradiculares estritas ao osso esponjoso, comparativamente à radiografia

digital.

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5. OBJETIVO

O objetivo deste estudo foi determinar a acurácia da TCFC comparada

com a radiografia periapical digital na detecção de defeitos ósseos

perirradiculares criados artificialmente em peças anatômicas (mandíbulas e

maxilas secas) de origem humana.

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6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1. Seleção da amostra

Foram utilizadas uma mandíbula e duas maxilas provenientes de crânios

humanos secos com boa integridade óssea obtidas no departamento de

anatomia da Faculdade de Odontologia da Universidade Iguaçu (Figura 4).

Para seleção dos elementos dentários incluídos no estudo, foram realizadas

imagens por meio de tomografia computadorizada de feixe cônico, utilizando o

equipamento Kodak 9500 Cone Beam, fabricado pela Carestream Dental

(Kodak Dental Systems, Carestream Health, Rochester, NY, EUA), a 90

quilovolt pico (KVP), 10 miliAmpere (mA), campo de visão 18,4 x 20,6 cm,

voxels 0,3 mm e tempo de escaneamento de vinte e quatro segundos, com

objetivo de excluir elementos que apresentassem sinais de tratamento

endodôntico prévio, presença de cárie ou restauração extensa, fratura, imagem

radiolúcida sugestiva de lesão perirradicular, proximidade com seio maxilar,

cavidade nasal e canal mandibular. Depois de feita esta primeira seleção

através da tomografia, os dentes foram cuidadosamente extraídos com o

auxílio de fórceps e periótomo. Após a extração, foi feita uma análise visual do

alvéolo para verificar a integridade da cortical interna (Figura 5). Os dentes que

tiveram suas raízes fraturadas ou alguma parte do trabeculado ósseo fraturado

durante a extração foram excluídos nesta etapa. Após a extração e análise

visual, os dentes foram reposicionados e foi realizada uma nova tomada

tomográfica para verificação do correto posicionamento dos mesmos no alvéolo

(Figura 6). Nesta etapa, os elementos que não puderam ser reposicionados de

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maneira correta também foram excluídos. Desta forma sobraram seis dentes

maxilares (três incisivos, um primeiro pré-molar, um segundo pré-molar e um

molar) e cinco dentes mandibulares (um incisivo, um canino, um pré-molar e

dois molares). Não foram incluídos no estudo os terceiros molares.

Figura 4. Peças anatômicas utilizadas para a seleção dos elementos dentários.

Figura 5. Cortical interna após extração do molar superior.

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Figura 6. A. Elemento 37 extraído. B. Elemento 37 reposicionado. C. TCFC do elemento 37 para verificar correto reposicionamento.

6.2. Radiografia periapical digital

As radiografias digitais foram obtidas utilizando o sistema Express

Instrumentarium (Instrumentarium Dental, Hyryla, Finlândia) (Figura 7). O

mesmo possui um sistema digital de placa de fósforo e com o aparelho de raio

X da marca XDent X70 parede digital 70 Kvp 8 mA (XDent Equipamentos

odontológicos, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil). Para a realização das

tomadas radiográficas foi utilizada a técnica do paralelismo com um

posicionador XCP Instruments RINN (RINN Corporation, Elgin, IIIinois, EUA)

(Figura 8).

Figura 7. Sistema Express Instrumentarium (Instrumentarium Dental, Hyryla, Finlândia).

A B C

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Figura 8. Posicionador XCP Instruments RINN (RINN Corporation, Elgin, IIIinois, USA).

6.3. Confecção dos guias de estabilização dos posicionadores

radiográficos

Para estabilizar o posicionador radiográfico, foi confeccionado um

registro do plano oclusal para cada região a ser radiografada a fim de

reproduzir o posicionamento do sensor para todas as tomadas radiográficas

(Figura 9 A e B). O material utilizado foi silicone de condensação Zetaplus

(Zhermach, SpA, Badia Polesine RO - Itália). O objetivo do registro é permitir a

uniformização e reprodutibilidade da posição do filme no momento das

tomadas radiográficas.

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Figura 9. A. Registro do plano oclusal com silicone de condensação Zetaplus® (Zhermach, SpA, Badia Polesine RO - Itália). B. Crânio e sensores prontos para a obtenção da imagem com auxílio do registro oclusal e posicionador.

6.4. Tomografia computadorizada de feixe cônico

As TCFC foram realizadas utilizando um equipamento o Kodak 9500

Cone Beam, fabricado pela Carestream Dental (Kodak Dental Systems,

Carestream Health, Rochester, NY, EUA)(Figura 10), a 90 KVP, 10 mA, campo

de visão 18,4 x 20,6cm, voxels 0,3 mm e tempo de escaneamento de vinte e

quatro segundos. Para estabilização das peças anatômicas no tomógrafo foi

utilizada uma plataforma de acrílico confeccionada para esta finalidade (Figura

11).

A

B

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Figura 10. Equipamento Kodak 9500 Cone Beam, fabricado pela Carestream Dental (Kodak Dental Systems, Carestream Health, Rochester, NY, EUA).

Figura 11. Suporte de acrílico confeccionado para estabilizar a peça anatômica durante a realização da TCFC.

6.5. Confecção dos defeitos ósseos

Após o registro das imagens iniciais, os dentes foram removidos, e no

fundo do alvéolo foi confeccionado um defeito ósseo. Foram utilizadas brocas

carbide de haste longa para peça reta (KG Sorensen, São Paulo, Brasil) nas

seguintes numerações: 1/2, 2, 4 e 6. As brocas foram utilizadas em seqüência,

iniciando da broca de menor calibre (1/2) até a broca de maior calibre (6). As

perfurações foram realizadas até que todo o diâmetro da parte ativa da broca

ultrapassasse a cortical óssea do alvéolo. Para garantir que a broca penetrasse

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todo o comprimento da ponta ativa, o comprimento total do alvéolo era medido

e somado à medida da ponta ativa de cada broca. Assim, comprimento de

trabalho no qual a broca era utilizada, consistia da soma do comprimento do

alvéolo mais o comprimento da ponta ativa da broca (Tabela 1).

Dessa forma, para um alvéolo com 11mm de comprimento utilizando a

broca n°6 por exemplo, o comprimento que ela deveria entrar no alvéolo seria

11mm + 1,8mm. Para controlar a profundidade de perfuração, foram utilizados

cursores (Figura 12). Os defeitos ósseos foram confeccionados por um único

operador.

Tabela 1. Comprimento em mm da ponta ativas das brocas esféricas carbide haste longa.

Broca Ponta ativa

½ 0,6 mm

2 1,0 mm

4 1,4 mm

6 1,8 mm

Figura 12. Uso de cursor para orientar a confecção dos defeitos ósseos.

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Depois da confecção do defeito ósseo, o dente era reposicionado no

alvéolo, e eram refeitas as tomadas radiográficas e a obtenção da imagem com

o tomógrafo, conforme descrito anteriormente. Esse passo a passo foi repetido

após a utilização de cada uma das brocas, aumentando progressivamente o

diâmetro das mesmas. Para cada imagem obtida era atribuída uma

nomenclatura, que consistia do número do elemento dentário, tipo de exame rx

(radiografia periapical digital) ou ct (TCFC) e um número de 0 a 4 que

correspondia à broca utilizada para confecção do defeito ósseo (tabela 2). Por

exemplo, a imagem tomográfica do elemento 12 com defeito ósseo realizado

com a broca n° 6 era a imagem 12 ct 4.

Tabela 2. Numeração referente à broca utilizada para confecção do defeito ósseo

Numeração N° da broca

0 Sem defeito

1 ½

2 2

3 4

4 6

6.6. Análise das imagens

As radiografias foram obtidas em software cliniview (Instrumentarium

Dental, Hyryla, Finlândia) e as tomografias diretamente no software de

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visualização de imagem Kodak dental imaging CS 3D Imaging (Kodak Dental

Systems, Carestream Health, Rochester, NY, EUA).

As imagens foram colocadas, de forma randomizada, em uma

apresentação de PowerPoint para avaliação dos observadores. A apresentação

com um total de 110 imagens foi enviada via email, a 10 avaliadores,

contactados previamente, todos especialistas em endodontia.

Os cortes tomográficos foram selecionados previamente com o auxílio

de um radiologista para que todos os avaliadores observassem a mesma

imagem. Foi selecionado o corte tomográfico que, segundo consenso entre o

radiologista e o endodontista responsáveis pelo trabalho, possuía a imagem

mais nítida com relação à presença ou ausência de lesão perirradicular. A

imagem (corte) tomográfica selecionada correspondia à imagem que seria

recebida pelo profissional caso o mesmo solicitasse o exame tomográfico para

avaliação de um caso em sua prática clínica.

Os endodontistas responderam a um questionário fechado adaptado do

protocolo de TSAI et al. (2012), avaliando as imagens quanto à existência ou

não de lesão perirradicular. O questionário constava das seguintes

possibilidades de resposta: presente, ausente ou duvidoso (Figura 13).

Figura 13. A. Slide da radiografia digital do elemento 24 reposicionado após confecção de defeito ósseo com broca n° 2 (24 rx 2). B. Slide da TCFC do mesmo elemento (24 ct 2).

A B

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Cada slide continha uma radiografia ou um corte da TCFC a ser

analisada. Os observadores receberam orientações para realizar a avaliação

que compreendia:

1- Os elementos indicados devem ser avaliados quanto à presença de

lesões perirradiculares com a seguinte classificação: Presente, ausente

ou duvidoso.

2- Nos slides com o rx periapical os dentes a serem analisados estão

numerados em vermelho, os slides da TCFC apresentam somente o

corte a ser analisado.

3- No próprio slide tem espaço para marcarem a resposta, mas se

preferirem escrever em outro arquivo, indiquem a resposta pelo número

do slide que está no canto inferior esquerdo.

4- Avaliem as imagens no modo apresentação de slide em uma tela de

computador, em ambiente com iluminação adequada, evitando

smarphones, tablets, ipad, iphone etc.

5- O avaliador pode utilizar o tempo que julgar necessário.

6- Os slides não devem ser modificados.

6.7. Análise Estatística

Os dados foram tabulados e o grau de concordância entre avaliadores

foi avaliado por meio do Coeficiente Kappa. A acurácia de cada um dos

métodos de diagnóstico por imagem foi avaliada. As comparações entre os

exames foram realizadas pelo teste de qui quadrado (χ2) usando o software

estatístico SPSS 17.0. O nível de significância foi estabelecido em 5%.

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7. RESULTADOS

Das peças anatômicas selecionadas foram utilizados onze elementos

dentários, sendo cinco anteriores e seis posteriores. Com isso, foram obtidas

110 imagens, entre radiografias e tomografias. Estas 110 imagens foram

enviadas a dez avaliadores dos quais somente seis responderam ao

questionário, conforme tabela 3.

Tabela 3. Descrição numérica das imagens radiográficas e tomográficas enviadas e respondidas.

Elemento Rx TCFC Avaliador0 Avaliadorf Avaliação Total

12 5 5 10 6 60 660

21 5 5 10 6 60

22 5 5 10 6 60

27 5 5 10 6 60

24 5 5 10 6 60

25 5 5 10 6 60

32 5 5 10 6 60

33 5 5 10 6 60

35 5 5 10 6 60

37 5 5 10 6 60

47 5 5 10 6 60

Avaliadoro - N° de avaliadores que receberam o questionário Avaliadorf - N° de avaliadores que responderam o questionário

O coeficiente Kappa, mostrou que houve baixa concordância entre os

avaliadores que variou de 0,17 a 0,64 (tabela 4). O Kappa é uma medida de

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32

concordância Inter observadores onde o valor 1 representa total concordância

conforme mostra a tabela 5. A tabela 6 mostra os achados dente a dente, com

o percentual de acerto para cada imagem.

Tabela 4. Grau de concordância entre avaliadores.

Avaliadores Kappa Avaliadores Kappa Avaliadores Kappa

Avaliador 1 Avaliador 2

0,24 Avaliador 2 Avaliador 3

0,29 Avaliador 3 Avaliador 5

0,34

Avaliador 1 Avaliador 3

0,30 Avaliador 2 Avaliador 4

0,23 Avaliador 3 Avaliador 6

0,31

Avaliador 1 Avaliador 4

0,18 Avaliador 2 Avaliador 5

0,37 Avaliador 4 Avaliador 5

0,21

Avaliador 1 Avaliador 5

0,35 Avaliador 2 Avaliador 6

0,30 Avaliador 4 Avaliador 6

0,17**

Avaliador 1 Avaliador 6

0,64* Avaliador 3 Avaliador 4

0,30 Avaliador 5 Avaliador 6

0,22

*Maior grau de concordância **Menor grau de concordância

Tabela 5. Medidas de concordância de dados categóricos (Landis & Koch, 1977).

Valores Kappa Interpretação

0,81 a 1,0 Perfeito

0,61 a 0,80 Excelente

0,41 a 0,60 Bom

0,21 a 0,40 Regular

0,00 a 0,20 Fraco

<0,00 Muito fraco

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33

Tabela 6. Tabela descritiva dos achados por elemento dentário.

Elemento exame Presença de

lesão Ausência de

lesão Dúvida

12 rx0 0,00% 100,00%* 0,00%

12 rx1 0,00%* 100,00% 0,00%

12 rx2 0,00%* 100,00% 0,00%

12 rx3 50,00%* 0,00% 50,00%

12 rx4 83,33%* 0,00% 16,66%

12 ct0 16,66% 50,00%* 33,33%

12 ct1 83,33%* 0,00% 16,66%

12 ct2 33,33%* 50,00% 16,66%

12 ct3 66,66%* 0,00% 33,33%

12 ct4 100,00%* 0,00% 0,00%

21 rx0 16,66% 33,33%* 50,00%

21 rx1 16,66%* 66,66% 16,66%

21 rx2 33,33%* 16,66% 50,00%

21 rx3 16,66%* 66,66% 16,66%

21 rx4 50,00%* 16,66% 33,33%

21 ct0 0,00% 83,33%* 16,66%

21 ct1 50,00%* 33,33% 16,66%

21 ct2 50,00%* 33,33% 16,66%

21 ct3 50,00%* 16,66% 33,33%

21 ct4 66,66%* 33,33% 0,00%

22 rx0 0,00% 100,00%* 0,00%

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34

22 rx1 0,00%* 100,00% 0,00%

22 rx2 0,00%* 100,00% 0,00%

22 rx3 16,66%* 83,33% 0,00%

22 rx4 0,00%* 100,00% 0,00%

22 ct0 33,33% 50,00%* 16,66%

22 ct1 0,00%* 33,33% 66,66%

22 ct2 16,66%* 33,33% 50,00%

22 ct3 16,66%* 50,00% 33,33%

22 ct4 50,00%* 33,33% 16,66%

27 rx0 16,66% 83,33%* 0,00%

27 rx1 0,00%* 100,00% 0,00%

27 rx2 33,33%* 66,66% 0,00%

27 rx3 33,33%* 66,66% 0,00%

27 rx4 16,66%* 50,00% 33,33%

27 ct0 0,00% 83,33%* 16,66%

27 ct1 100,00%* 0,00% 0,00%

27 ct2 100,00%* 0,00% 0,00%

27 ct3 33,33%* 33,33% 33,33%

27 ct4 66,66%* 16,66% 16,66%

24 rx0 0,00% 100,00%* 0,00%

24 rx1 0,00%* 100,00% 0,00%

24 rx2 50,00%* 33,33% 16,66%

24 rx3 33,33%* 50,00% 16,66%

24 rx4 33,33%* 33,33% 33,33%

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35

24 ct0 33,33% 0,00%* 66,66%

24 ct1 100,00%* 0,00% 0,00%

24 ct2 100,00%* 0,00% 0,00%

24 ct3 100,00%* 0,00% 0,00%

24 ct4 100,00%* 0,00% 0,00%

25 rx0 0,00% 83,33%* 16,66%

25 rx1 0,00%* 83,33% 16,66%

25 rx2 50,00%* 33,33% 16,66%

25 rx3 0,00%* 83,33% 16,66%

25 rx4 0,00%* 50,00% 50,00%

25 ct0 50,00% 0,00%* 50,00%

25 ct1 100,00%* 0,00% 0,00%

25 ct2 50,00%* 0,00% 50,00%

25 ct3 66,66%* 16,66% 16,66%

25 ct4 66,66%* 16,66% 16,66%

32 rx0 0,00% 83,33%* 16,66%

32 rx1 0,00%* 100,00% 0,00%

32 rx2 33,33%* 33,33% 33,33%

32 rx3 66,66%* 16,66% 16,66%

32 rx4 83,33%* 0,00% 16,66%

32 ct0 0,00% 100,00%* 0,00%

32 ct1 50,00%* 16,66% 33,33%

32 ct2 50,00%* 16,66% 33,33%

32 ct3 100,00%* 0,00% 0,00%

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36

32 ct4 83,33%* 0,00% 16,66%

33 rx0 33,33% 66,66%* 0,00%

33 rx1 33,33%* 33,33% 33,33%

33 rx2 16,66%* 83,33% 0,00%

33 rx3 66,66%* 33,33% 0,00%

33 rx4 66,66%* 0,00% 33,33%

33 ct0 100,00% 0,00%* 0,00%

33 ct1 83,33%* 16,66% 0,00%

33 ct2 83,33%* 16,66% 0,00%

33 ct3 50,00%* 33,33% 16,66%

33 ct4 83,33%* 16,66% 0,00%

35 rx0 66,66% 33,33%* 0,00%

35 rx1 100,00%* 0,00% 0,00%

35 rx2 100,00%* 0,00% 0,00%

35 rx3 100,00%* 0,00% 0,00%

35 rx4 83,33%* 0,00% 16,66%

35 ct0 100,00% 0,00%* 0,00%

35 ct1 66,66%* 0,00% 33,33%

35 ct2 100,00%* 0,00% 0,00%

35 ct3 83,33%* 0,00% 16,66%

35 ct4 83,33%* 0,00% 16,66%

37 rx0 83,33% 0,00%* 16,66%

37 rx1 66,66%* 0,00% 33,33%

37 rx2 66,66%* 0,00% 33,33%

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37

37 rx3 50,00%* 0,00% 50,00%

37 rx4 66,66%* 0,00% 33,33%

37 ct0 50,00% 33,33%* 16,66%

37 ct1 66,66%* 16,66% 16,66%

37 ct2 66,66%* 0,00% 33,33%

37 ct3 83,33%* 0,00% 16,66%

37 ct4 83,33%* 0,00% 16,66%

47 rx0 33,33% 0,00%* 66,66%

47 rx1 0,00%* 83,33% 16,66%

47 rx2 33,33%* 50,00% 16,66%

47 rx3 33,33%* 33,33% 33,33%

47 rx4 50,00%* 50,00% 0,00%

47 ct0 33,33% 16,66%* 50,00%

47 ct1 33,33%* 50,00% 16,66%

47 ct2 33,33%* 33,33% 33,33%

47 ct3 100,00%* 0,00% 0,00%

47 ct4 50,00%* 0,00% 50,00%

* % de acerto

A comparação entre o percentual de acertos na detecção de lesões

perirradiculares obtidas pelos dois exames testados é apresentada na tabela 7.

Não houve diferença estatística nos casos onde não havia lesão perirradicular

quando comparados os exames. No entanto, a TCFC mostrou-se superior em

sua capacidade de detecção das lesões perirradiculares artificiais, onde elas

realmente existiam, independente do tamanho das mesmas.

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Quanto maiores as lesões, maior o percentual de acerto tanto para a TCFC

quanto para a radiografia periapical. De um modo geral não houve diferença no

percentual de acerto entre as lesões confeccionadas com as brocas n° 04 e n°

06 para as TCFC. Houve maior grau de acerto para a radiografia periapical nos

casos onde não havia lesão, ou seja, a TCFC produziu mais falsos positivos do

que a radiografia. A radiografia periapical teve baixa taxa de acerto, menos que

50%, mesmo em lesões confeccionadas com brocas n° 6 que possui diâmetro

da ponta ativa igual a 1,8 mm.

Tabela 7- Comparação entre exames (RX e TCFC).

Exame % de acerto p valor

RX 0 TCFC 0

48,61 37,5

0,15*

RX 1 TCFC 1

26,38 56,94

0,02

RX 2 TCFC 2

41,66 61,11

0,04

RX 3 TCFC 3

40,27 73,61

0,03

RX 4 TCFC 4

45,83 73,61

0,04

p valor = Comparação entre a frequência de acerto obtida nos dois grupos utilizando o

teste qui quadrado (χ2). *sem diferença estatística

A acurácia de detecção de lesões perirradiculares em mandíbula pode ser

observada na tabela 8. Não houve diferença significativa nos casos onde não

havia lesão. As maiores diferenças entre os exames na mandíbula foram

observadas para as brocas de numeração ½, 2 e 4. Quanto maior o tamanho

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da lesão maior o grau de acerto. Para a broca n° 6 não houve diferença

estatística entre os resultados dos exames utilizados.

Tabela 8- Comparação entre exames em mandíbula.

Exame % de acerto p valor

RX 0 TCFC 0

36,66 30,00

0,1*

RX 1 TCFC 1

40,00 60,00

0,02

RX 2 TCFC 2

43,33 66,66

0,02

RX 3 TCFC 3

63,33 83,33

0,03

RX 4 TCFC 4

70,00 76,66

0,09*

p valor = Comparação entre a frequência de acerto obtida nos dois grupos utilizando o

teste qui quadrado (χ2). *sem diferença estatística

As diferenças entre os exames foram maiores na maxila, aproximadamente

2,5 vezes mais acertos para os exames de TCFC. Mesmo em lesões com

1,8mm de diâmetro o percentual de acerto para Rx era de 28% contra 71% da

TCFC, conforme mostra a tabela 9.

Para dentes unirradiculares os melhores resultados, quando não havia

lesão, foram observados para a radiografia periapical. A tomografia

computadorizada apresentou muito falso positivo (tabela 10). A diferença na

acurácia de detecção de lesão entre exames foi maior nas lesões em dentes

multirradiculares, nos quais houve quase 2 vezes mais acertos quando utilizada

a TCFC conforme mostra a tabela 11. Não foi encontrada diferença

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40

significativa entre os exames em dentes multirradiculares quando não havia

lesão (tabela 11).

Tabela 9- Comparação entre exames em maxila.

Exame % de acerto p valor

RX 0 TCFC 0

57,14 42,85

0,03

RX 1 TCFC 1

16,66 56,76

0,01

RX 2 TCFC 2

35,71 57,19

0,03

RX 3 TCFC 3

23,80 61,90

0,01

RX 4 TCFC 4

28,57 71,42

<0,01

p valor = Comparação entre a frequência de acerto obtida nos dois grupos utilizando o

teste qui quadrado (χ2). *sem diferença estatística

Tabela 10- Comparação entre exames em dentes unirradiculares.

Exame % de acerto p valor

RX 0 TCFC 0

57,14 42,85

0,04

RX 1 TCFC 1

19,04 54,76

0,03

RX 2 TCFC 2

38,09 54,76

0,04

RX 3 TCFC 3

50,00 66,66

0,04

RX 4 TCFC 4

47,61 69,04

0,03

p valor = Comparação entre a frequência de acerto obtida nos dois grupos utilizando o

teste qui quadrado (χ2). *sem diferença estatística

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Tabela 11- Comparação entre exames em dentes multirradiculares.

Exame % de acerto P valor

RX 0 TCFC 0

36,66 30,00

0,7*

RX 1 TCFC 1

40,00 76,66

0,025

RX 2 TCFC 2

46,66 70,00

0,03

RX 3 TCFC 3

33,33 83,33

<0,01

RX 4 TCFC 4

43,33 80,00

<0,01

p valor = Comparação entre a frequência de acerto obtida nos dois grupos utilizando o

teste qui quadrado (χ2). *sem diferença estatística

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42

8. DISCUSSÃO

Tradicionalmente, a detecção da lesão perirradicular é realizada por um

exame de imagem. O método auxiliar mais comumente utilizado é a radiografia

periapical (PETERS & PETERS, 2012). Alguns outros métodos de imagem

como as radiografias extraorais, TCFC, TC, ressonância magnética e

ultrassonografia têm sido propostos por diversos autores (TROPE et al., 1989;

SIMON et al., 2006; AGGAEWAL et al., 2008; ROSENBERG et al., 2010;

PETERS & PETERS, 2012). Para avaliar a acurácia na detecção de lesões

perirradiculares artificialmente criadas em mandíbula e maxila humana seca,

foram utilizados dois métodos de diagnóstico por imagem. A radiografia

periapical foi escolhida por ser o principal método de exame complementar

utilizado pelos endodontistas na detecção de lesões ósseas. Foi utilizado o

sistema digital, que apesar de manter algumas limitações da radiografia

convencional, tem a vantagem de eliminar as falhas no processamento, além

de ser um equipamento que tem se tornado cada vez mais acessível aos

clínicos em seus consultórios (SOH et al., 1993). Alguns estudos sugerem que

as radiografias periapicais digitais são tão precisas quanto as radiografias

convencionais na detecção de lesões perirradiculares (YOKOTA et al., 1994;

MISTAK et al., 1998; HADLEY et al., 2008). A TCFC foi utilizada por ser um

tomógrafo de menor custo que o tradicional e especialmente indicado para a

região maxilofacial (SCARFE et al., 2006), e tem um impacto substancial no

diagnóstico e planejamento endodôntico (MOTA DE ALMEIDA et al., 2014).

Recentemente, a técnica ganhou maior aceitação nas mais diversas

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43

especialidades odontológicas, em particular, ortodontia, endodontia,

implantodontia e cirurgia bucomaxilofacial (PETERS & PETERS, 2012).

O Coeficiente Kappa, teste que avalia o grau de concordância entre os

avaliadores, mostrou baixo grau de concordância entre eles, principalmente

para a radiografia periapical digital, possivelmente pelo fato de que lesões

restritas ao osso esponjoso são mais difíceis de serem visualizadas

radiograficamente (BENDER & SELTZER, 1961). O maior grau de

concordância interobservadores ocorreu entre o avaliador 1 e o avaliador 6

(Kappa = 0,64), que coincidentemente foram os avaliadores que apresentaram

maior índice de acerto. O baixo grau de concordância entre os avaliadores nos

exames de TCFC pode ser explicado pela falta de familiaridade com o exame,

uma vez que os cortes foram previamente selecionados por um radiologista em

concordância com um endodontista. As imagens mostravam, nos casos de

presença de lesão, nítida descontinuidade da lâmina dura. Não foi realizada

calibração entre os avaliadores para evitar influenciar nos resultados. Foram

enviadas imagens dos cortes tomográficos pré-selecionados por um

radiologista, para simular o exame que o profissional receberia em sua clínica

caso solicitasse a TCFC para detecção de lesão perirradicular. Não foi enviado

o software de visualização para evitar que cada avaliador examinasse um corte

diferente do outro, além da possibilidade do avaliador não saber manipular o

software.

É sabido que uma lesão perirradicular pode estar presente sem ser visível

radiograficamente (BENDER & SELTZER, 1961; VAN DER STELT, 1985;

WHITE et al., 1995; LOPEZ et al. 2014). Levando em consideração que apenas

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44

a avaliação histopatológica é capaz de definir de forma conclusiva o estado de

saúde dos tecidos perirradiculares, alguns autores compararam a acurácia, de

exames de imagem, na detecção de algum tipo de alteração perirradicular, com

os resultados histopatológicos e observaram que a TCFC foi mais eficaz que a

radiografia periapical. Estes achados estão de acordo com os nossos

resultados onde a TCFC teve maior sensibilidade quando comparada com a

radiografia periapical, mesmo sendo usada a radiografia digital que elimina as

variáveis de processamento, mas mantém as limitações de posicionamento e

de ser uma imagem bidimensional de estruturas tridimensionais. A capacidade

de detectar a presença do defeito ósseo nos casos em que ele realmente

existia foi de 0,829 para a TCFC contra 0,434 da radiografia periapical, ou seja,

a TCFC teve quase o dobro da sensibilidade na detecção de lesões incipientes.

De acordo com BENDER & SELTZER (1961), lesões confinadas ao osso

esponjoso não produzem imagem radiográfica, sendo somente possível a

visualização das mesmas quando a lesão envolve o osso cortical vestibular ou

lingual. Neste estudo foi observado que quanto maior o diâmetro da ponta ativa

da broca que confeccionou o defeito ósseo, maior o percentual de acertos tanto

para a TCFC quanto para a radiografia periapical, o que está de acordo com o

trabalho de TSAI et al. (2012) que observou que para defeitos menores que 0,8

mm era difícil até mesmo para as TCFC detectarem as lesões.

A comparação entre o percentual de acertos entre exames na detecção

não apresentou diferença estatística nos casos onde não havia lesão

perirradicular. No entanto, a TCFC mostrou-se superior em sua capacidade de

detecção das lesões perirradiculares artificiais, onde elas realmente existiam,

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45

independente do tamanho das mesmas. Tais achados estão em concordância

com os trabalhos encontrados na literatura (DE PAULA-SILVA et al., 2009a; DE

PAULA-SILA et al., 2009b; TSAI et al., 2012).

Quando analisamos somente o grau de acerto, não encontramos diferença

entre as brocas 3 (n°4) e 4 (n° 6) para as imagens de TCFC, talvez a partir do

diâmetro de 1,4 mm o grau de acerto para a TCFC seja mais estável, como

observaram TSAI et al. (2012) que afirmaram que a acurácia da TCFC foi

excelente para lesões maiores que 1,4mm.

Em exames de imagem o profissional precisa estar atento para identificar

sobreposição de estruturas anatômicas e distorções geométricas

(HUUMONEM & ORSTAVIK, 2002; NAIR & NAIR, 2007; PATEL et al., 2009). A

TCFC permite a produção de uma imagem em 3D, que possibilita a

visualização de detalhes, diminuindo sobreposições e facilitando a detecção de

lesões não percebidas na radiografia periapical (TSAI et al., 2012). Apesar

destas características a TCFC apresentou maior índice de falsos positivos, o

que talvez possa ser explicado pela falta de familiaridade dos observadores

com o exame. É possível que tenha ocorrido confusão com o trabeculado

ósseo ou até mesmo com algum acidente anatômico como o canal mandibular,

sugerindo a necessidade de se incluir aos programas de pós graduação um

treinamento direcionado aos exames de TCFC. A radiografia periapical

apresentou baixa acurácia, quando comparada aos resultados da TCFC.

As maiores diferenças entre os resultados dos exames em mandíbulas

foram observados em lesões confeccionadas com as brocas ½, 2 e 4, com a

broca 6, que possui ponta ativa com diâmetro de 1,8mm, não foi observada

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diferença significativa entre os exames. Possivelmente para lesões maiores

que 1,8mm de diâmetro, em osso mais compacto como no caso da mandíbula,

a acurácia da radiografia periapical digital e da tomografia computadorizada de

feixe cônico tenda a ser mais parecida. Na maxila ocorreu um índice de acerto

2,5 vezes maior para TCFC que para a radiografia periapical, mesmo em

lesões com 1,8mm de diâmetro. Possivelmente por ser um trabeculado ósseo

menos denso e com maiores interferências anatômicas, seja necessária uma

lesão com diâmetro um pouco maior para poder ser detectada pela radiografia

periapical. Outro aspecto a ser observado foi o fato de que quando se

comparam os resultados entre dentes unirradiculares e multirradiculares a

vantagem da TCFC em relação à radiografia periapical convencional na

detecção de lesões artificiais fica muito mais evidente em dentes

multirradiculares concordando com a literatura que relata que a diferença entre

os exames é maior para os molares (VENSKUTONIS et al., 2014). A TCFC,

diferente da radiografia periapical que nos fornece uma imagem bidimensional,

possibilita um exame dinâmico com corte nos três eixos, facilitando a detecção

de lesões não percebidas na radiografia periapical (TSAI et al., 2012). Esta

pode ser a justificativa para uma maior vantagem da TCFC na região de

elementos superiores, e em elementos multirradiculares.

Não foram encontrados na literatura trabalhos que comparassem a

acurácia dos exames em maxila com os obtidos em mandíbula. Todos os

trabalhos encontrados na literatura, foram realizados em mandíbula (BARBAT

& MESSER, 1998; DE PAULA-SILVA et al., 2009a; DE PAULA-SILA et al.,

2009b; TSAI et al., 2012), provavelmente pela dificuldade de encontrar

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elementos dentários superiores que mantivessem a cortical interna do alvéolo

íntegra após a extração do elemento dentário. Uma dificuldade encontrada no

presente trabalho foi conseguir selecionar peças anatômicas nas quais fosse

possível realizar a extração de elementos dentários superiores sem que

houvesse a ruptura da cortical interna e comunicação com o assoalho de seio

maxilar.

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9. CONCLUSÃO

A acurácia na detecção de lesões perirradiculares artificiais em mandíbulas

e maxilas secas foi significativamente maior nos exames de TCFC quando

comparados com exame de radiografia periapical digital, independente do

tamanho da lesão. Essa vantagem é ainda mais evidente em dentes superiores

e em elementos multirradiculares. Quanto maior o defeito ósseo maior o índice

de acerto tanto para TCFC quanto para a Radiografia periapical digital.

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11. ANEXOS

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