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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REVISÃO DE COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL COMISSÃO ESPECIAL PEC 137-A/99 — SUBTETO EVENTO : Reunião ordinária Nº: 0216/00 DATA: 29/03/00 INÍCIO: 15h42min TÉRMINO: 16h56min DURAÇÃO: 01h14min PÁGINAS : 25 QUARTOS: 15 REVISORA: ELIANA BRANT SUPERVISORA: LETÍCIA CONCATENAÇÃO: LETÍCIA DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO SUMÁRIO: Discussão do parecer do Relator à proposta de emenda à Constituição em exame pela Comissão Especial. OBSERVAÇÕES CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO ESPECIAL PEC-137-A/99 SUBTETO Número: 0216/00 Data: 29/03/00

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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

NÚCLEO DE REVISÃO DE COMISSÕES

TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

COMISSÃO ESPECIAL PEC 137-A/99 — SUBTETOEVENTO : Reunião ordinária Nº: 0216/00 DATA: 29/03/00INÍCIO: 15h42min TÉRMINO: 16h56min DURAÇÃO: 01h14min PÁGINAS : 25 QUARTOS: 15REVISORA: ELIANA BRANTSUPERVISORA: LETÍCIACONCATENAÇÃO: LETÍCIA

DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO

SUMÁRIO: Discussão do parecer do Relator à proposta de emenda à Constituição em examepela Comissão Especial.

OBSERVAÇÕES

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNome: COMISSÃO ESPECIAL PEC-137-A/99 SUBTETONúmero: 0216/00 Data: 29/03/00

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Havendo número

regimental, declaro abertos os trabalhos da presente reunião.

Informo aos Srs. Parlamentares que foi distribuída cópia da ata da 5ª reunião

desta Comissão Especial, realizada no dia 22 de janeiro de 2000. Sendo assim,

indago ao Plenário se há necessidade da leitura da mesma.

O SR. DEPUTADO DARCI COELHO - Sr. Presidente, peço a dispensa da

leitura da ata.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Dispensa concedida.

Em discussão a ata.(Pausa.)

Não havendo quem queira discutir, em votação.

Os Deputados que a aprovam, permaneçam como se encontram.

Aprovada.

Expediente sobre a Mesa.

Sr. Presidente, como Presidente da Associação Paulista

de Municípios, estarei presidindo o 44º Congresso Estadual de

Municípios, a realizar-se no período compreendido de 27 de

março a 1º de abril de 2000. Estarei, portanto, impossibilitado

de comparecer a reuniões desta Comissão.

Deputado Federal Celso Giglio.

O SR. DEPUTADO CELSO GIGLIO - Sr. Presidente, pela ordem. Dada a

importância da reunião, deixei o Congresso de Municípios, nesta tarde, para vir à

reunião da Comissão Especial que trata do subteto salarial, uma vez que entendi

que a minha presença aqui, na defesa de alguns destaques que apresentamos,

seria de muita importância. Terminada a reunião, voltarei ao congresso.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Agradeço ao Deputado

Celso Giglio.

Liderança do Partido Democrata Trabalhista. Sr.

Presidente, nos termos regimentais, indico a V.Exa. o

Deputado Fernando Coruja, na condição de suplente, em

substituição ao Deputado Celso Jacob, para integrar a

Comissão Especial destinada a apreciar e proferir parecer à

Proposta de Emenda à Constituição 137-A/99.

Deputado: Miro Teixeira — Líder do PDT.

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Ordem do Dia.

Esta reunião foi convocada para continuação da discussão e votação do

parecer do Relator. Informo aos Srs. Deputados que, até o início da votação, a

Secretaria estará recebendo os destaques que V.Exas. queiram apresentar, nos

termos dos arts. 161 e 162 do Regimento Interno. Informo ainda que se encontra

inscrito, como último orador, o Deputado Antonio Carlos Biscaia.

Tenho a inscrição do Deputado Celso Giglio. Quero lembrar ao Plenário,

antes de passar a palavra ao Deputado, que, na nossa última reunião, foi feito um

acordo com todos os Deputados presentes no sentido de que o último Deputado

inscrito fosse o Deputado Antonio Carlos Biscaia; na ausência de S.Exa., a

prevalecer o acordo, não haveria inscrições. Mas como regimentalmente o

Deputado Celso Giglio tem direito a pronunciar-se, quero solicitar ao Plenário que,

dada a palavra ao Deputado Celso Giglio, cumpramos o acordo, para podermos

avançar na discussão dessa matéria.

Concedo a palavra ao nobre Deputado Celso Giglio.

O SR. DEPUTADO CELSO GIGLIO - Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs.

Deputados, conforme ofício que havia encaminhado a V.Exa., estou participando do

44º Congresso de Municípios, Presidente que sou da Associação Paulista de

Municípios, em missão oficial, representando a Câmara dos Deputados. Fiz as

honras da Casa, de manhã, e achei importante aqui vir para participar da discussão

desse assunto tão importante que afeta tantas e tantas carreiras.

A minha preocupação é de que, aprovado o relatório a que o Sr. Relator se

dedicou durante bastante tempo, se levantam importantes questões para várias

carreiras e vários setores da vida pública.

Concordamos que a Comissão deveria, em curto prazo, entregar o relatório,

mas peço ao Sr. Presidente que discutamos e votemos os destaques apresentados,

não só os de bancada, mas os individuais, que darão ao Deputado oportunidade de

apresentar sua idéia; ou então peço que posterguemos a votação do relatório por

apenas uma ou duas semanas para, juntamente com V.Exa., pela derradeira vez,

tentarmos encartar no seu brilhante relatório algumas idéias que visam

objetivamente à melhoria do relatório final, atendendo a justas solicitações de

determinadas carreiras da vida pública.

Sr. Presidente, meu pleito é que não façamos votação às pressas só para

ficarmos livres da questão do teto e subteto, mas que déssemos oportunidade

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àqueles que apresentaram destaques de discuti-los. Pedimos ainda que a votação

em bloco, que nos massacra e nos diminui, fosse deixada de lado para podermos,

em uma ou duas semanas, juntamente com V.Exa., iluminar nossas idéias com o

brilhante relatório de V.Exa.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Está encerrada a

discussão.

Tem a palavra o Relator, por vinte minutos, para réplica e considerações

sobre as sugestões apresentadas.

O SR. DEPUTADO VICENTE ARRUDA - Sras. e Srs. Deputados, serei

breve. Quero esclarecer ao Plenário que já entreguei o último texto do substitutivo,

com as modificações introduzidas no texto anterior. Elas constam do art. 2º, no

qual incluo "dos demais Poderes e do Ministério Público" e retiro o texto final,

também aplicável ao Ministério Público, porque já seria uma repetição.

O SR. DEPUTADO MARCELO DÉDA - A única alteração foi a inclusão do

Ministério Público?

O SR. DEPUTADO VICENTE ARRUDA - Foi. No § 2º do art. 2º, do segundo

grau, para que ficasse mais claro, incluí a palavra "desembargadores", porque

desembargador tem uma denominação específica que poderia ser confundida só

com juízes do segundo grau.

Atendendo a um pedido quase unânime da Comissão, retirei 90% no final do

efetivo, porque haveria todos os... A gradação era de cinco em cinco para os

Tribunais Superiores até segundo grau; e os juízes de segundo grau seria de dez

em dez. Então, para que se uniformizasse toda a carreira em torno de cinco, retirei.

Só manterei isso se houver unanimidade da Comissão, se alguém não fizer

objeção.

Atendendo ao pedido do Deputado Geraldo Magela, esclareci que os

membros da Polícia Militar se referiam, única e exclusivamente, ao Território de

Rondônia.

Houve, portanto, somente modificações de redação. A única modificação

realmente de fundo é aquela que dá aos juízes de primeiro grau intervalo menor de

remuneração, que passa de dez para cinco. Acredito que não há necessidade de

falar mais sobre o texto, que está amplamente conhecido, foi divulgado pela

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imprensa. Por ocasião da votação dos destaques, falarei sobre cada um deles

especificamente. Poderíamos já iniciar a votação.

O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. DEPUTADO JORGE WILSON - Sr. Presidente, uma questão de

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - O Sr. Relator terminou?

O SR. DEPUTADO VICENTE ARRUDA - Terminei.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Concedo a palavra ao

Deputado Almeida de Jesus.

O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Sr. Presidente, Sr. Relator,

nobres colegas Deputadas e Deputados, S.Exa., o Relator, falou a respeito da

expressão "de 90%", e há um destaque dessa natureza da bancada do PL. S.Exa.

diz que acatou, mas gostaria que a unanimidade dos presentes se pronunciassem

nesse sentido. Como houve consenso — até prova em o contrário —, eu gostaria

de perguntar a S.Exa., o Relator, se está definitivamente retirada essa expressão

"de 90%". Se assim estiver, teremos muito mais facilidade de votar o relatório.

O SR. DEPUTADO MARCELO DÉDA - Sr. Presidente, peço a palavra.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Com a palavra o nobre

Deputado Marcelo Déda.

O SR. DEPUTADO MARCELO DÉDA - Obrigado, Sr. Presidente. Creio que

o Relator fez um questionamento ao Plenário com relação à alteração dos

percentuais de remuneração da magistratura. Consultando todos os colegas do

Partido dos Trabalhadores, a bancada do PT empresta solidariedade a essa

redação por entender que ela faz justiça aos juízes de primeiro grau, especialmente

os da Justiça Estadual.

O SR. DEPUTADO JORGE WILSON - Sr. Presidente, uma questão de

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Antes, quero dar uma

explicação e pedir desculpas ao Deputado Jorge Wilson. S.Exa. havia me solicitado

a palavra e a concedi ao Deputado Marcelo Déda. Gostaria de confirmar a palavra

ao Deputado Jorge Wilson.

O SR. DEPUTADO JORGE WILSON - Sr. Presidente, agradeço a V.Exa.

Tenho uma proposta a fazer, até mesmo para acelerar o nosso processo. Sugiro

que, ouvidos os membros da Comissão, se for o caso, esses destaques sejam

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votados rapidamente em bloco. Fica registrada essa sugestão para a celeridade do

processo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - V.Exa. se refere aos

destaques individuais, quanto à admissibilidade do destaque, é isso?

O SR. DEPUTADO CELSO GIGLIO - É exatamente o contrário do que eu

pedi, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Com a palavra o Deputado

Gerson Peres.

O SR. DEPUTADO GERSON PERES - Quanto à parte do percentual,

também o nosso partido está de pleno acordo.

Embora seja tarde, fiz uma sugestão ao Presidente da Comissão e quero

deixá-la registrada, porque a fiz por escrito. É com referência à redutibilidade em

relação ao subteto. A Constituição não prevê redução de salários quando

relacionado com o subteto. O teto é a referência. Então, trouxe um fato prático, em

que Governadores de Estado, procurando economizar as suas receitas ou

estabelecer subtetos mais baixos, poderão reduzir os seus salários e,

conseqüentemente, chamar os que estão ganhando igual ou um pouco acima do

que ganha o Governador para reduzir o subteto. Isto ensejará uma enxurrada de

ações no Poder Judiciário, o que vai realmente ocasionar sério prejuízo para as

previsões do Orçamento. Haverá precatórios salariais e uma série de

conseqüências.

Quero sugerir ao Relator que atente bem para esta minha sugestão: garantir

o direito adquirido dos juízes no que concerne ao salário que estejam ganhando, e

se algum Governador reduzir o salário, naquele ato de tempo, permaneceria o

mesmo salário. Isso deveria ficar expresso. Agora, quanto aos que entrarem no

serviço público ou na magistratura depois da redução do salário, perceberiam pelo

teto reduzido. Mas isso não ficou claro.

Houve uma interpretação, dada há pouco pelo secretário e assessor do

ilustre Relator, que não me convence. Mas, em todo caso, vou resguardar-me para

o plenário e para o futuro para mostrar que não estamos decidindo de maneira bem

clara para garantir o direito adquirido dos magistrados nos Estados em que os

Governadores reduzirem o subteto.

O SR. DEPUTADO VICENTE ARRUDA - Gostaria de esclarecer ao

Deputado Gerson Peres que recebi, com muito agrado, um juiz que V.Exa.

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encaminhou ao meu gabinete e expliquei a ele o que ocorreu. Esse é um ponto que

quero explicar, porque há muita dúvida sobre ele. Quero, pois, explicar pari passuo que aconteceu e como cheguei a esta redação: a remuneração, o subsídio, o

provento e a pensão devidos por Estados, Distrito Federal e Municípios não

poderão ser superiores aos subsídios do Governador do Estado, ressalvado o

disposto no art. 27, § 2º, que fixa o subsídio do Deputado Estadual em 75% do

subsídio do Deputado Federal, o art. 29, que regula o do Vereador, e o art. 93,

relativo ao do magistrado, este também aplicável aos membros do Ministério

Público.

Veja bem, durante a discussão e a negociação que mantive com os

Governadores e com o Governo Federal, eles queriam que eu fizesse uma

alteração no art. 37, inciso XV, da Constituição, que trata da irredutibilidade dos

vencimentos, para nele introduzir, como ressalva à irredutibilidade, o §11, que seria

o teto e o subteto. Eu me recusei.

Houve duas ou três reuniões com os Governadores e com os Secretários de

Administração, ocasião em que eles me trouxeram o texto para incluir. Disse a eles

que se o Governo quisesse a inclusão, deveria ter mandado na sua PEC, que eu

não seria responsável pela redução arbitrária de vencimento de nenhum servidor,

em qualquer Estado da Federação, por mero capricho, e que apenas mantinha um

teto no texto para que aquele que porventura tivesse ganhando acima do subsídio

do Governador e abaixo do teto geral permanecesse com o salário intocável. Esse

foi o entendimento.

Muitas pessoas me pressionaram ultimamente para que eu incluísse também

no texto a ressalva do inciso XV, mas este inciso está em vigor e a colocação seria

inadequada. E quanto mais ressalvas fizermos, reforçando a vigência de

dispositivos constitucionais, mais enfraqueceremos a Constituição.

Foi por isso que mantive o texto como está.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Vamos votar. A votação

poderá ser encaminhada por até quatro Deputados, dois a favor e dois contrários,

por cinco minutos, incluindo nesse grupo o Relator. Vamos votar o texto do parecer

do Relator.

Vou só organizar a lista.

O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Sr. Presidente, peço a palavra

para uma questão de ordem.

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Agora está sendo encaminhada a

votação do texto do Relator com as modificações introduzidas?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Exato, as que estão aí.

O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Está certo.

O SR. DEPUTADO CELSO GIGLIO - Ficam ressalvados os destaques, Sr.

Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Ressalvados os destaques.

O SR. DEPUTADO CELSO GIGLIO - Ficam ressalvados inclusive os

destaques individuais, Sr. Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Inclusive os individuais.

Todos os destaques estão ressalvados.

O SR. DEPUTADO MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, os Líderes têm direito

a encaminhamento. Então, pergunto se V.Exa. considerará a palavra do Líder na

quota dos contrários e dos favoráveis ao parecer.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Sim, vou considerar.

O SR. DEPUTADO ALEXANDRE CARDOSO - Não pode.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Não, o Líder pode orientar a

bancada.

O SR. DEPUTADO ALEXANDRE CARDOSO - O Líder tem direito a falar,

independentemente dos encaminhamentos. Eu, por exemplo, vou falar como Líder.

Eu vou pedir a palavra como Líder. Eu, como Líder, posso falar a qualquer tempo

da sessão e vou falar como Líder. Não vou falar no encaminhamento.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Nenhum problema. Essa

Mesa acata. Os senhores poderão falar como Líder, sem nenhum problema.

O SR. DEPUTADO MIRO TEIXEIRA - Eu me inscrevo para que, no momento

em que V.Exa. considerar mais oportuno, eu tenha a palavra como Líder.

O SR. DEPUTADO ALEXANDRE CARDOSO - Quero comunicar à Mesa que

também falarei como Líder no momento oportuno do encaminhamento.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Essa Presidência decide.

Vamos começar, então, com os Líderes. Dou a palavra ao nobre Deputado Miro

Teixeira.

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O SR. DEPUTADO GERSON PERES - Sr. Presidente, quero encaminhar à

Mesa proposta no sentido de que os destaques simples sejam votados em bloco,

para ganharmos tempo.

O SR. DEPUTADO ALEXANDRE CARDOSO - Sr. Presidente, eu só quero

ressaltar que eu gostaria de observar determinados encaminhamentos para me

posicionar como Líder.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - V. Exa. abre mão de, como

Líder, iniciar a discussão?

O SR. DEPUTADO ALEXANDRE CARDOSO - Eu abro mão de iniciar a

discussão. Eu vou aguardar.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Eu consulto o Deputado

Miro Teixeira se gostaria de iniciar. (Pausa.)

Concedo a palavra a V.Exa.

O SR. DEPUTADO MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, gostaria de fazer um

registro. A posição do PDT será determinada pelo Deputado Eurípedes Miranda,

que estará representando a bancada. Obviamente, será uma deliberação da

bancada. Como já conheço o posicionamento de S.Exa., quero apenas fazer

alguns acréscimos de natureza política.

Tivemos um recente anúncio da recente edição de uma medida provisória

fixando em 151 reais o salário mínimo. Temos um quadro em que o servidor público

federal não recebe aumento desde 1994. Na Constituição de 1988, criamos uma

fórmula que permite a cada Poder fixar o limite da remuneração dos seus membros

e dos seus funcionários. Com relação aos Deputados, aplicou-se um sistema que

impedia absolutamente todo esse mal-estar de se discutir a própria remuneração, já

que se concedia ao Parlamentar o mesmo percentual, na mesma data em que era

anunciado o aumento do servidor público.

Nós, do PDT, entendemos que o Deputado está ganhando mal. O Deputado

está ganhando muito mal. Não fazemos essa conta de quantos salários mínimos

representa a remuneração do Deputado ou não. O trabalhador está ganhando

muito mal e o Deputado está ganhando muito mal. Não fazemos aqui proselitismo

com o assunto.

Porém, entendemos — e entendemos partidariamente — que não daremos

qualquer voto a qualquer espécie de atualização de remuneração até que se defina

a data base que deverá vigorar para os servidores públicos em geral e a atualização

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da remuneração do conjunto dos servidores públicos. Não votaremos a favor de

qualquer projeto que não restabeleça, em primeiro lugar — seria uma hipótese —,

os termos da Constituição de 1988 .

A partir da malfadada Reforma Administrativa é que surgiram todos os

problemas. O texto da Constituição de 1988 é um bom texto. Ele foi medido, foi

pesado, foi discutido com a sociedade e jamais produziu uma situação como essa

de mal-estar que seguramente todos os Srs. Deputados estão vivendo.

Se não for possível restabelecer o texto da Constituição de 1988, nós nos

colocaremos pura e simplesmente contra a fixação dos subtetos, dos critérios de

reajustamento dos membros de Poder, até que se defina a fórmula de

reajustamento dos servidores públicos de um modo geral e a fixação de sua data

base.

Sobre os comentários e as críticas quanto ao mérito do projeto em si, quanto

aos destaques, a natureza do que aqui está sendo votado, nós aqui estamos muito

bem representados pelo Deputado Eurípedes Miranda, que tem posicionamento

sólido, inclusive na defesa dos interesses dos servidores de Rondônia. Mas, de

modo geral, essa é a posição do Partido, que eu peço seja registrada na ata da

sessão.

Obrigado, Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Com a palavra, também

para encaminhar, o Deputado Geraldo Magela, por até cinco minutos.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, falo não apenas em meu nome, mas em nome da bancada do Partido

dos Trabalhadores neste encaminhamento. No debate, fiz questão de registrar a

dedicação, o espírito democrático, responsável, sério e conciliador tanto do

Presidente desta Comissão como do Relator, o que reitero neste momento.

Os Deputados Gastão Vieira e Vicente Arruda tiveram uma postura nobre ao

buscar não só o entendimento dos membros da Comissão, mas de todos os

partidos desta Casa. Se ele não existiu, não foi por falta de esforço destes dois

nobres Parlamentares. Não posso deixar de fazer este registro, sob pena de ser

injusto.

Sr. Presidente, a postura do Partido dos Trabalhadores é muito clara:

defendemos a existência de um teto nacional, que, aliás, já deveria ter sido fixado

não fosse a omissão ou a dificuldade de entendimento entre o Presidente da

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República, o Presidente do Congresso Nacional e o Presidente do Supremo

Tribunal Federal. Infelizmente, temos de trabalhar em cima da emenda que veio

para fixar o subteto, que não poderia existir, porque ainda não existe o teto.

Temos de tratar de diversas assuntos nesta emenda. Concordamos com

algumas propostas que entendemos serem corretas, como, por exemplo, a

equivalência do Ministério Público com o Poder Judiciário e a fixação do subteto.

Mas não concordamos com outras propostas que estão no relatório. Por isso,

vamos apresentar destaques para votação em separado e ressalto aqui alguns

pontos.

O que ficou consignado para a opinião pública como teto duplex é a

possibilidade do acúmulo de aposentadorias com exercício de cargo eletivo e de

cargo de confiança. Consideramos que isso descaracterizará o teto que estamos

propondo. Contra a idéia do teto duplex, propusemos o teto limpo de R$ 11.500,00

tanto para as aposentadorias, quanto para o exercício de funções ou cargos de

serviços públicos, ou mesmo para os membros do Poder, valor com o qual não

concordávamos de início. Havíamos proposto o valor de R$ 10.800,00. No entanto,

decidimos não brigar por essa diferença, porque há questões maiores no debate

sobre teto e subteto.

Também não podemos concordar com o reajuste automático dos salários

dos membros dos Poderes. Com a promulgação da emenda, não apenas os nossos

salários como os salários dos Ministros de Estado, os salários de juízes e outros

salários serão automaticamente reajustados. Gostaríamos de ver votada no

Congresso Nacional uma proposta de reajuste dos salários dos Parlamentares, que

poderiam, na visão do PT, até estar abaixo do teto fixado para o País, como

também dos magistrados e dos membros do Poder Executivo.

Essa é a contribuição do Partido dos Trabalhadores para o aprofundamento

do debate sobre essa questão.

O art. 2º, § 5º possibilita ao Supremo Tribunal Federal reajustar o teto salarial

na medida em que propuser ao Congresso Nacional o reajuste do salário dos

Ministros que compõem aquele Tribunal. Achamos isso equivocado, porque me

parece que o Poder Executivo adota uma posição de Pilatos, querendo jogar sobre

o Judiciário toda essa responsabilidade. Nós, mesmo tendo que aprovar,

estaríamos isentos da iniciativa, quando deveríamos ter a postura de preservar o

Judiciário, como de resto todos os Poderes.

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Quero dizer que a nossa posição também é a de que não deveríamos estar

votando essa questão antes de definir o salário mínimo; antes de ter na Comissão,

hoje a ser instalada no Congresso Nacional, uma posição em relação ao salário

mínimo.

Faço, inclusive, um apelo ao Sr. Presidente: se a decisão é de votar — e não

vamos descumprir o acordo feito na semana passada, vamos estar aqui para dar o

nosso voto contra o parecer do Relator, defendendo os nossos destaques —, que

não votemos em plenário antes da votação do salário mínimo. O Congresso

Nacional precisa discutir a questão do salário mínimo com soberania e

independência. E se não votarmos o salário mínimo e votarmos o teto salarial,

reajustando os nossos salários em até 43%, quando o salário mínimo terá somente

11% de reajuste, correremos o risco de sermos atacados publicamente pela

população.

Sr. Presidente, finalizo, pois vejo que V.Exa. já se prepara para alertar-me

sobre o tempo a que tenho direito. Quero dizer ainda que, na nossa consideração, o

teto só poderia ser votado quando estivesse resolvida a questão do reajuste dos

servidores públicos, que já estão há cinco anos sem nenhum reajuste.

Coincidentemente, amanhã os servidores públicos federais de todo o País estarão

participando de um ato aqui no Congresso Nacional, onde estarão defendendo o

reajuste salarial.

Nossa posição é, portanto, contrária, pelas razões expostas, apesar de

reconhecermos o esforço e o mérito do Sr. Relator.

Muito obrigado.

O SR. DEPUTADO ALEXANDRE CARDOSO - Sr. Presidente, eu vou falar

pela Liderança do PSB.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - V.Exa. vai falar pela

liderança do Bloco PSB/PCdoB. V.Exa. tem três minutos para usar a palavra, mas

eu peço ...

O SR. DEPUTADO ALEXANDRE CARDOSO - Sr. Presidente, eu não vou

gastar os três minutos.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Só um minuto, Deputado,

eu só queria esclarecer. Eu tinha dado a V.Exa. preferência da palavra no início da

votação. V.Exa. me comunicou que gostaria de ouvir os outros Deputados para

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concluir o seu pensamento. Claro que V.Exa. tem atividades no plenário e esta

Presidência vai saber compreender. V.Exa. quer usar da palavra agora?

O SR. DEPUTADO ALEXANDRE CARDOSO - Quero.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Deputado Marcelo Déda,

V.Exa. está inscrito. Eu posso?

O SR. DEPUTADO MARCELO DÉDA - Sem problemas. Eu apenas

perguntaria à Mesa se vai fazer alternância, para que se estabeleça um

contraditório entre o orador que falará a favor e o orador que falará contra. Ah, Sr.

Presidente, não tem alternância! Perdão, Presidente. Cedo, com muita honra,

minha vez ao nobre Deputado.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Se não existe ninguém a favor, o

contra vai ganhar.

O SR. DEPUTADO MARCELO DÉDA - Às vezes o silêncio é eloqüente.

Pode ter um contraditório...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Com a palavra o Deputado

Alexandre Cardoso por três minutos.

O SR. DEPUTADO ALEXANDRE CARDOSO - Presidente, eu tenho o maior

respeito pela Relatoria e por essa Mesa. Eu gostaria que alguém me explicasse

como é que se pode falar em subteto se nós não definimos questões básicas, como

o teto, o salário mínimo e a data base. Sou frontalmente contra esse subteto. As

pessoas que participaram desse debate há dois anos perguntavam como é que um

professor de uma universidade estadual vai ganhar menos do que o professor da

universidade federal? Quer dizer, essa é uma matéria de enorme complexidade.

Com todo o respeito que tenho pelo Deputado Vicente Arruda, o PSB é

frontalmente contra a questão do teto.

Foi feito um acordo para que a votação fosse realizada hoje, mas veio uma

medida provisória que atropelou a própria Câmara. Faço um apelo no sentido de

darmos uma resposta com uma certa independência. Eu não sei como poderíamos

definir alguns critérios nesta Comissão sem que essa questão do teto seja definida.

Existem tantas divagações que o Deputado Aloísio Mercadante, eu e o Deputado

José Dirceu fizemos uma visita ao Presidente do Supremo e vimos que existe um

enorme desentendimento sobre o teto.

Então, Sr. Presidente, pelo respeito que tenho a essa Relatoria e a essa

Mesa, em nome do Partido Socialista Brasileiro, em nome do PCdoB, em virtude

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dos novos fatos que aconteceram nesta semana, deixarei aqui um apelo no sentido

de que adiemos a votação, porque são fatos que estão influenciando a vida da

sociedade brasileira. Foi a primeira vez que a questão do salário mínimo foi tratada

dessa forma. Não vou entrar no mérito, porque sou frontalmente...

Imagina-se que a União seja o equilíbrio da Federação. Então, não sei como

São Paulo, Rio de Janeiro ou Rio Grande do Sul vão ter subteto. Parece-me pouco

prática a matéria. Como vamos discriminar determinadas atividades estaduais, que

simplesmente têm delegações diferentes? Não são mais importantes ou menos

importantes. Quer dizer, por terem delegações diferentes, vamos discriminar essas

atividades?

A posição da Liderança do Bloco Parlamentar PSB/PCdoB é contrária à

matéria.

Em nome da Liderança, faço um apelo à Mesa no sentido de adiarmos a

votação da matéria, para amadurecermos nossas avaliações a seu respeito, e não

a definirmos antes de serem definidas matérias importantes, como o salário mínimo

e o próprio teto.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Com a palavra, para

encaminhar, o nobre Deputado Marcelo Déda.

O SR. DEPUTADO MARCELO DÉDA - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Durante a discussão, tive oportunidade de registrar a posição do Partido dos

Trabalhadores e também a nossa opinião pessoal a respeito da forma equivocada

com que esse debate tem sido conduzido. Fiz questão de frisar que, na minha

opinião e sob a ótica do meu partido, a responsabilidade pelo equívoco na

condução do tema, isto é, a fixação de teto e criação de subtetos, é do Poder

Executivo. Só ao Governo interessa a criação deste conflito e do litígio permanente

e constante entre os Poderes da República. É também o responsável pelo processo

de desgaste que, inicialmente, sofreu o Supremo Tribunal Federal, porque foi

imprudente, data maxima venia, ao aceitar o jogo proposto pelo Executivo e

antecipar-se na concessão do auxílio-moradia, que, sem dúvida alguma, constituiu

uma das páginas mais dramaticamente negativas para a história da Suprema Corte

do nosso País. Quer ele agora desgastar o Poder Legislativo, a partir da forma

como a questão foi conduzida para nós.

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Um tema que tem a destinação moralizadora de ajustar as contas públicas,

de buscar uma relação decente e adequada entre a maior e a menor remuneração

no serviço público e estabelecer um teto que impeça a criação de supersalários

dentro do Estado brasileiro, ou seja, um projeto com objetivo tão nobre e

interessante, de uma hora para outra, desvirtua-se e passa a simbolizar, na prática,

o reajustamento de vencimentos dos agentes políticos do Estado: Presidente da

República, Ministros do STF — em conseqüência, Ministros dos Tribunais

Superiores e Juízes — e Parlamentares — em conseqüência, Parlamentares

Estaduais, porque têm seus vencimentos vinculados aos dos Deputados Federais.

Mais uma vez vamos estar na berlinda, porque a maioria desta Casa aceitará

a forma como o Governo estipulou as regras do jogo.

Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, sou da opinião — repito

— de que precisaríamos ter enfrentado a redação do malfadado art. 48, inciso XV,

do Sr. Relator da Reforma Administrativa, meu amigo e hoje auxiliar do Sr.

Presidente da República, o ex-Deputado Moreira Franco. Essa redação é a origem

desta crise, da incapacidade que se revelou de os Poderes fixarem o teto e

poderem disciplinar a forma pela qual os seus membros reajustariam seus

vencimentos. Obviamente, seria por meio de leis, mas as iniciativas teriam de ser

disciplinadas de modo a que cada Poder tivesse autoridade e competência legal

para dar início ao processo legislativo da remuneração dos seus membros. Na hora

em que se mantém intocável esse artigo, estamos somente empurrando com a

barriga essa situação de crise latente.

Não tenham dúvida, daqui a dois, três ou quatro anos a crise estará de volta,

e voltará com um componente exclusivo, meus senhores e minhas senhoras. E

sabe qual é esse componente? É a redação dada ao § 5º do art. 2º da emenda,

sobre a possibilidade que terá o Supremo, que é a referência, que é o paradigma do

teto, de mandar projeto alterando a remuneração dos seus membros e deflagrando

de novo todo o processo. Isso quer dizer que temos uma situação mal resolvida,

temos uma crise latente no que concerne à remuneração dos agentes políticos do

Estado brasileiro. Então, essa situação que está no seio, na forma como tramitou

esse projeto nos preocupa imensamente.

Apresentamos destaques, e outros colegas também o fizeram. Os

destaques, obviamente, vão atingir questões pontuais da emenda, mas não

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resolveremos o problema se não tivermos coragem, até que esse projeto vá à

votação no plenário, de voltarmos a estudar o problema.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, gostaríamos de deixar registrado que na

nossa análise há outro grave problema de ordem política, sobre o qual também

responsabilizo o Poder Executivo.

Primeiro, defendo que não se dá para confundir a remuneração dos

Parlamentares, dos membros e titulares de Poder, com a remuneração do

salário-mínimo. Não é a questão de valores. Precisamos travar esse debate com a

sociedade, mas não dá para desprezarmos ou não levarmos em consideração o

tratamento que o Poder Executivo deu a esta Casa e ao tema salário mínimo.

Humilhou a Comissão, humilhou o seu Relator e humilhou, por extensão, toda a

Câmara dos Deputados, inclusive o seu Presidente, que constituiu a Comissão

Especial para analisar o salário mínimo. É essa a interpretação, infelizmente, que

será jogada à opinião pública. Salário mínimo resolvido via medida provisória, da

forma mais abjeta possível, com esse maldito e até irônico número 151, e a questão

do teto remuneratório resolvido na fórmula de uma aplicação automática do

reajuste, que é o que dispõe o art. 2º.

Essa aplicação automática do reajuste é outro motivo que colocará o

Congresso na berlinda, assim como colocará o Supremo Tribunal Federal e os

demais Poderes da República em situação de desgaste de credibilidade e

legitimidade.

Quero também deixar registrado o seguinte: seja o teto, seja o piso salarial

do serviço público, devem estar incorporados à uma política de remuneração do

servidor público.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, é inaceitável considerarmos natural que este

Governo esteja há seis anos sem praticar nenhuma espécie de reajuste nos

vencimentos e na remuneração dos servidores públicos federais deste País. Não dá

para aceitar esse tipo de comportamento, essa insensibilidade em relação a

categoria que tem sido vitimada por esse comportamento, que termina por fazer —

como sempre — do servidor público federal o bode expiatório da crise do Estado

brasileiro e o único e quase exclusivo responsável pelas políticas de ajuste. Mas é

ele, na prática, que há seis anos não conhece reajuste sequer de um centavo de

real nos vencimentos ou na remuneração que percebe. Também considero grande

contradição. Discutamos o teto e o subteto, mas dentro do bojo de um debate mais

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amplo, geral, de um debate sobre o reajuste geral dos vencimentos e da

remuneração do serviço público federal brasileiro, que já não suporta enfrentar o

sexto ano sem qualquer espécie de atenção do Governo Federal, sem qualquer

sensibilidade do Executivo, sem qualquer preocupação por parte daqueles que

gerenciam a administração pública no Brasil.

Nesse sentido, nosso encaminhamento é contra o texto apresentado pela

relatoria. Vamos votar contra. E se o projeto for aprovado, vamos discutir os

destaques que apresentaremos.

O SR. DEPUTADO CELSO GIGLIO - Sr. Presidente, peço a palavra para

uma questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DEPUTADO CELSO GIGLIO - Apresentei requerimento de

adiamento de votação por cinco sessões, Sr. Presidente. Pediria a V.Exa. que

colocasse em votação.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Com a palavra o autor do

requerimento.

O SR. DEPUTADO CELSO GIGLIO - Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs.

Deputados, este é um tema polêmico. Assistimos a grandes expressões da nossa

Casa exporem suas opiniões contrárias, sobretudo no momento da votação do

relatório. Todos nós entendemos o esforço do Presidente desta Comissão,

juntamente com o Sr. Relator, que se esmerou em apresentar seu trabalho com

muita dignidade. Entretanto, como ele mesmo informa, não foi possível chegar a

entendimento comum em muitos e muitos pontos.

Muitos segmentos não foram atendidos nas suas justas e corretas

reivindicações. Inúmeras categorias sentem-se prejudicadas. Pedimos, Sr.

Presidente, Sr. Relator, que o nosso requerimento seja acatado e que esta votação

seja adiada, uma vez que já se iniciou o processo de votação, porque não nos resta

alternativa senão votar contrariamente a este relatório.

Percebemos, Sr. Relator, a sua sensibilidade em ouvir todos os segmentos e

modificar o relatório para melhorá-lo em muitos pontos. No entanto, entendo que

este não é momento para que se faça a votação de assunto tão polêmico e com

tantos e tantos colegas apresentando destaques e suas opiniões.

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Não será possível, será muito difícil aceitar, Sr. Presidente, Sr. Relator, que

em tema como este os destaques individuais sejam votados em bloco e haja

pressão contrária castrando o direito de o Deputado expor as suas idéias.

Por isso, Sr. Presidente, peço deferimento do meu requerimento e adiamento

desta votação por cinco sessões.

O SR. DEPUTADO JORGE WILSON - Sr. Presidente, para contraditar, por

favor.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Antes de passar a palavra

ao Deputado Gerson Peres, que havia solicitado primeiramente, quero comunicar

ao Deputado Celso Giglio que nenhuma decisão com relação à votação dos

destaques individuais em globo foi tomada, até porque só posso tomar essa

decisão após a votação do relatório do Sr. Relator.

Com a palavra o Deputado Gerson Peres.

O SR. DEPUTADO GERSON PERES - Sr. Presidente, o problema do teto é

muito complexo, porque quem fez a reforma administrativa no Governo foi pessoa

que nada entendia de administração pública e que desejava implantar regras como

se o serviço público fosse uma entidade de direito privado. Ele não tinha

sensibilidade para tal tarefa. Aliás, homem preparado, mas teve vários fracassos

na administração pública. Apesar de todo respeito que tenho por essa pessoa, não

posso deixar de criticar o Dr. Bresser Pereira.

Pois bem, o teto já existia na Constituição de 1988. O que houve foi omissão

do Poder Judiciário e falta de vontade política do Poder Executivo em aplicar a

referida Constituição. Está lá o artigo que trata do teto. É o art. 17 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, um dos mais rigorosos artigos que a

Constituição tem, o único que elimina o direito adquirido na redutibilidade do salário,

e de maneira expressa. Nem o Supremo Tribunal Federal nem os tribunais

aplicaram esse artigo para acabar com essa disparidade; pelo contrário,

continuaram com as vinculações irregulares de leis protecionistas que geraram esse

problema.

Agora, estamos querendo remendar a inteligência, a experiência e a

paciência do Deputado Vicente Arruda e de V.Exa. que, naturalmente, estão

conduzindo, com a vontade do Governo de dar uma solução imediata, uma regra

que — concordo com o Deputado Marcelo Déda — não durará muito tempo.

Teremos problemas à frente. Temos que, entretanto, reconhecer que esta é matéria

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urgente para todos os segmentos dos três Poderes e que também envolve a

sociedade dos trabalhadores.

Temos de conciliar isso e procurar decidir concomitantemente com esta

votação. Acho que não seria bom para nenhum de nós, seja do Poder Judiciário, do

Poder Legislativo ou do Poder Executivo, votarmos nossos aumentos sem antes

analisarmos o daqueles que sustentam esse Poder: os servidores públicos. Esse é

um ponto fundamental que V.Exa. tem que considerar no pedido do adiamento

desta votação.

O segundo ponto que quero registrar é que há também de se tornar um

pouco mais transparente a redação do dispositivo na lei a respeito do que nós, do

Poder Legislativo, realmente vamos perceber além do teto. Acho que como está

redigido, data venia Deputado Vicente Arruda, não se colocou nesse texto

pontualmente quais são os direitos remuneratórios do Parlamentar acima do teto,

direitos indenizatórios e não o salário. Por quê? Porque a imprensa confunde a

opinião pública quando diz que o Deputado ganha o que se gasta no gabinete, o

que se paga de passagem, o que se tem de moradia. O Deputado fisicamente não

ganha isso. Essas são verbas indenizadoras do exercício do mandato e não do

Deputado nominalmente citado, mas dos Deputados durante todo o percurso

republicano e democrático, enquanto existir Congresso Nacional.

Acho que vamos errar novamente em não dizer quais são as verbas

indenizatórias, especificando-as com coragem e transparência. Temos de acabar

com esse negócio de falar em verbas inerentes à função do cargo. Amanhã pode vir

um Deputado ou uma interpretação que embuta ali mais uns "cruzados" e lá vem a

imprensa achincalhar os que aqui estão trabalhando com responsabilidade.

O SR. DEPUTADO VICENTE ARRUDA - Isso só pode ser feito através de

resolução, Deputado.

O SR. DEPUTADO GERSON PERES - Depois V.Exa. me interpela. Eu não

concordo que a resolução seja feita. Eu concordaria na limitação e só a

Constituição delimita normas legais e de resolução. Isso tem de acabar de uma vez

por todas.

Acho que o teto é uma conquista de moralização de costume político. Por

isso, temos de dar a todos os demais fatores indenizatórios inerentes aos três

Poderes transparência e pontuação, para que acabemos, de uma vez por todas,

neste Congresso, com os achincalhes e com os ataques que vão formando a

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opinião pública contra o Congresso e derrubando os alicerces do regime

democrático.

Disse isso não por ser contrário ao trabalho do Deputado Arruda. Considero

o trabalho do Deputado Arruda muito bem feito e muito bem situado. Perdoe-me

S.Exa. Eu, se estivesse no lugar de V.Exa., colocaria item por item dos fatores

indenizatórios inerentes à função dos juízes, dos Deputados e dos membros do

Poder Executivo. Vamos fazer isso.

Concordo plenamente com que seja feito o adiamento, talvez nem por cinco

reuniões, mas por três ou quatro, mas que V.Exas., Sr. Presidente e Srs. Relatores,

acoplem a votação dessa matéria com a votação do aumento dos servidores

públicos.

Quanto ao salário mínimo, perdoem-me os meus colegas, mas ele já está

decretado; não temos mais para onde correr. O Poder Executivo decidiu que serão

151 reais. Se formos aumentá-lo, ele vai vetar. No próximo ano, há outro salário

mínimo. Não adianta discutirmos essa matéria. Eu não estou mais preocupado com

o salário mínimo. O Governo que arque com as conseqüências do seu ato, injusto

ou não, fixando em 151 reais o teto salarial mínimo do País. Não vou entrar nesse

mérito, mas no salário dos servidores, sim.

Por isso, Sr. Presidente, eu apelaria também para que fizéssemos esse

adiamento, com a aquiescência dos nossos pares. Que o Deputado Arruda, hoje à

noite, no travesseiro macio e tranqüilo que lhe concede a sua vida pública,

meditasse um pouco mais e inserisse logo na Constituição todos os fatores

indenizatórios inerentes às nossas funções, de maneira transparente — passagens

aéreas, tanto; auxílio-moradia, tanto. Vamos acabar com esse negócio de

esconde-esconde, pois temos de assumir a responsabilidade daquilo que fazemos

com transparência, de outra forma vamos continuar sendo avacalhados

permanentemente, para a nossa tristeza, Deputado Arruda, porque somos, como

todos os demais colegas, bons Parlamentares que não merecem esse tratamento.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Com a palavra o nobre

Deputado Jorge Wilson.

O SR. DEPUTADO JORGE WILSON - Sr. Presidente, venho acompanhando

os debates atentamente. Considero que a proposição feita pelo Deputado Celso

Giglio vem com algumas asserções muito bem feitas. Entretanto, Sr. Presidente,

Deputado Celso Giglio, esse problema já não pertence mais tão-somente ao Poder

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Legislativo; toda a Nação, no dia de hoje, está esperando uma decisão desta

Comissão. Tenho certeza de que V.Exa. e o nobre Relator, Deputado Vicente

Arruda, deram o maior e melhor dos seus esforços para que esse trabalho

chegasse ao ponto final.

Não podemos, neste momento, de maneira alguma, querer atrelar esta

votação à votação do salário mínimo. Pelo menos o Partido do Movimento

Democrático Brasileiro não aceita isso. Alho é alho, bugalho é bugalho. Estamos

tratando aqui de coisa totalmente diferente.

Entretanto, diz a sabedoria que aquilo que for resolvido de consenso e com

bom senso é o que importa. Por esta razão, não concordamos com as cinco

reuniões de adiamento solicitadas pelo Deputado Celso Giglio. Eu contraproponho

que seja feito o adiamento desta votação por quatro sessões e que na próxima

quarta-feira coloquemos um ponto final, um ponto definitivo nesta matéria, até

porque a Nação está cobrando de nós essa solução.

Muito obrigado.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Com a palavra o

Deputado José Genoíno, como Líder.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Não, Sr. Presidente, eu não sou mais

Líder, estou pedindo a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Pela ordem?

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Sr. Presidente, quero solicitar ao

Relator um esclarecimento sobre a matéria que iremos deliberar.

Deputado Vicente Arruda, essa solicitação é necessária perante esta

Comissão, porque os Líderes da base do Governo têm feito comentários com

outros Parlamentares e com a imprensa, sobre os quais considero importante que

sejamos esclarecidos. Segundo informação dos Líderes — que, por sinal, estão

poucos mobilizados para esta votação, pois vi que a Liderança do Governo está

mais mobilizada para aprovar, na Comissão de Constituição e Justiça e de

Redação, a urgência para a votação do projeto referente aos crimes de

responsabilidade fiscal do que para esta votação na nossa Comissão —, em

reunião da qual V.Exa. participou no Palácio do Planalto, juntamente com o Poder

Judiciário, negociou-se um acordo referente ao § 3º, que trata da limitação do

acúmulo de aposentadorias. Teria havido concordância de que nos julgamentos do

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direito adquirido em relação às aposentadorias o Poder Judiciário pudesse adotar

outra posição.

Na medida em que muitos Parlamentares, eu mesmo, assim como minha

bancada, somos contra esse acúmulo, sendo esse o ponto central de nossas

divergências, é necessário que V.Exa. esclareça — e nas diversas reuniões essa

questão foi tratada — qual seria a posição do Poder Judiciário em relação ao art. 3º,

com relação a permitir o chamado teto duplex e, nos julgamentos dos duplex e

triplex, se haveria algum posicionamento do Poder Judiciário no sentido de manter

a emenda constitucional.

O SR. DEPUTADO VICENTE ARRUDA - Muito embora eu não tenha

participado da reunião de cúpula, eu quero dizer...

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - V.Exa. participou da reunião de base.

O SR. DEPUTADO VICENTE ARRUDA - Quero dizer que o meu texto serviu

de base à negociação dos três Poderes. E a razão por que se fez isso é a seguinte:

em primeiro lugar, nós não podemos nunca imaginar de que modo o Poder

Judiciário irá julgar as questões constitucionais, legais ou de caso postos em sua

jurisdição, porque ele é o intérprete máximo da lei, ele é que vai interpretar e

determinar a extensão da aplicação do dispositivo objeto da consulta ou da

proposição posta à sua apreciação.

Quero dizer que tudo foi feito partindo de um princípio: queríamos dar

oportunidade a que a reforma administrativa, aprovada recentemente nas duas

Casas do Congresso Nacional, tivesse oportunidade de operar e ter eficácia, porque

muitos dos seus dispositivos não foram aplicados até hoje porque não se

promulgou a lei de que trata o artigo, a Lei nº 4.815.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - É a tal lei conjunta.

O SR. DEPUTADO VICENTE ARRUDA - É a tal lei de iniciativa conjunta.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Ninguém quer ser conjunto dessa lei.

O SR. DEPUTADO VICENTE ARRUDA - Muito bem. Então, o que eu ia

fazer? Nós, realmente, estamos diante de uma dificuldade. Até agora as condições

políticas não permitiram que se chegasse a um consenso para que o teto fosse

estabelecido. E neste País há muita gente interessada em que ele não seja

estabelecido.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - É verdade.

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O SR. DEPUTADO VICENTE ARRUDA - Tive, então, que improvisar e criar

uma arquitetura funcional provisória que, ao mesmo tempo, preservasse a estrutura

constitucional permanente e colocasse uma pá de cal na discussão do teto. Para

fazer isso eu teria de criar um teto provisório, mesmo porque o que me foi passado

pela Comissão de Constituição e Justiça e de Redação foi que seria impossível

fixar um subteto se não houvesse um teto. Então, criei um teto, e como o paradigma

é o Supremo Tribunal Federal, o que fiz? Coloquei todos os Poderes no mesmo

nível de igualdade, pois não se pode ter a pretensão de que os membros do

Supremo Tribunal Federal tenham um subsídio, os do Congresso outro e o Poder

Executivo outro. Nunca houve isso na história da República. E não seria justo

porque os três Poderes são iguais e harmônicos.

A fim de corrigir a distorção pela não-aplicação da lei, criei um teto provisório

tendo por base o maior índice, a maior remuneração dos membros do Supremo.

Esse texto foi modificado e criou-se, então, um teto de 11 mil reais para os três

Poderes. Como o subsídio dos Deputados era de 8 mil reais, pois não tivemos

coragem de igualá-lo, embora tivéssemos condições para isso, e o subsídio do

Supremo já era há muito tempo de 12.700 reais, não estaríamos concedendo

aumento algum, ao contrário, estaríamos reduzindo esse teto, que era de 12.700

reais, para 11.500 reais. Evidentemente, nada é mais claro, nada é mais

transparente, nada é mais público do que a discussão de uma emenda

constitucional, porque ela vai ser votada pelo Congresso Nacional em duas sessões

deliberativas consecutivas.

Dessa forma, tive de estabelecer um teto. Eu poderia tê-lo deixado

subjacente para decidi-lo internamente, para que ninguém soubesse. Eu acho, e

não tenho nenhuma vergonha de dizer, que coloquei o valor do teto igual para os

três Poderes porque isso é justo, foi feito no melhor espírito constitucional do

equilíbrio entre os três Poderes. Por isso, não me envergonho. Pus minha coragem

e minha cabeça à disposição da imprensa, sabendo que ela poderia ser batida.

Como se tratava de um teto provisório, porque o definitivo só poderia ser aplicado

mediante lei, ficaram de fora os aposentados, pois o art. 40, § 11 da Constituição

Federal só terá aplicação, como diz o texto — e eu gostaria que o Deputado

Marcelo Déda verificasse —, só poderá entrar em vigor quando for estabelecido o

teto previsto no art. 37, inciso XI. As aposentadorias ficavam de fora, pois não se

está criando um teto definitivo. Este só será possível com a promulgação da lei de

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que trata o art. 49, inciso XV. Então, para evitar que não houvesse simultaneamente

a fixação de um teto para os aposentados — e foi iniciativa do Governo, que me

advertiu para o perigo —, concordei com que fosse fixado um teto para os

aposentados.

Pois bem, vejamos agora porque incluí na exceção da aposentadoria o

mandato eletivo, o cargo em comissão e os cargos legalmente acumulados. O

maior erro do art. 40, § 11, foi deixar de lado o mandato eletivo, pois nenhum

aposentado neste País terá a iniciativa de concorrer a qualquer cargo eletivo se ele

perder suas vantagens de aposentado. E são as únicas três hipóteses possíveis

para o aposentado do serviço público voltar à ativa: mandato eletivo, cargo em

comissão ou acumulação de cargo científico ou de professor.

Meu objetivo foi preservar a experiência e os quadros, evitar o abandono dos

aposentados, evitar que o Congresso se transformasse num centro de amigos

poderosos, de empresários, de gente do poder, de pessoas atrás de subsídios.

Esse foi o erro fundamental. Então, consenti que se fizesse isso, e me orgulho de

tê-lo feito, porque estou respeitando o direito do aposentado de participar da vida

pública. De qualquer maneira, também enfrentei a crítica da imprensa sobre o teto

duplex.

Para finalizar, quero dizer que precisamos ter a coragem de votar esta

emenda, para acabar com essa controvérsia que ainda deixa inquieta a Nação. Há

problemas maiores a serem resolvidos. A implantação do teto certamente criará no

País uma batalha judicial. Procurei, na medida do possível, evitar que ela venha a

ser travada por meio de ressalvas em algumas situações, mas só o Poder Judiciário

poderá dizer se vai ser preservado o direito adquirido, que é um direito subjetivo,

pessoal, de cada um. O direito adquirido é uma circunstância jurídica que cerca o

patrimônio de cada indivíduo, e só o Judiciário poderá dizer se a norma

constitucional irá ou não preservar o direito adquirido de alguém. Não compete à

norma constitucional, que tem vigência imediata e geral a partir da data de sua

publicação, dizer isso.

As situações pessoais terão que ser resolvidas como sempre foram: no

Poder Judiciário. Não posso dizer, por exemplo, que tal norma preserva os direitos

adquiridos, sob pena de estar reconhecendo que estou legislando para o passado.

A norma tem que ser neutra, e sua aplicação, sua inteligência, sua interpretação

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cabem unicamente ao Poder Judiciário, provocado pelo interesse de cada um que

se sentir prejudicado.Trata-se de uma questão polêmica.

Eu não queria aceitar esta Relatoria, pois sabia da complexidade e da

dificuldade que iríamos enfrentar.

Bem, Srs. Deputados, acho que já estamos realmente na Ordem do Dia, e

sugiro ao Sr. Presidente que coloque em votação o requerimento de adiamento.

Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Nobre Deputado Marcelo

Déda, esta Mesa tem sido extremamente condescendente com as discussões nos

últimos momentos, chegando a ferir o Regimento Interno. Gostaria, entretanto, que

V.Exa. me permitisse primeiramente, antes de conceder-lhe a palavra, decidir sobre

o requerimento de adiamento.

Lamento, nobre Deputado Celso Giglio, mas não posso submeter à votação

o requerimento de V.Exa., uma vez que, segundo consulta que fiz à Secretaria,

V.Exa. não é Líder nem Vice-Líder de seu partido.

O SR. DEPUTADO CELSO GIGLIO - Sr. Presidente, sou Vice-Líder — a

indicação não deve ter chegado aqui.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Pode ser que a indicação

não tenha chegado, mas eu preciso basear-me naquilo que consta nos registros da

Secretaria. Nos termos do art. 193 do Regimento Interno, não tenho condições de

acatar o requerimento de adiamento de V.Exa.

Por outro lado, não posso prosseguir com esta reunião, pois a Presidência

da Casa avisa que a Ordem do Dia já teve início, de modo que tenho de suspender

esta reunião, marcando outra para amanhã, às 10h, no Plenário nº 9 desta Casa.

O SR. DEPUTADO CELSO GIGLIO - Sr. Presidente, existe clima, existe

clima...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Gastão Vieira) - Está encerrada a presente

reunião.

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