calfitice

10
VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória ES - BRASIL - 7 a 9 de setembro de 2011 Tecnologias sociais e Permacultura na construção de consciências e cidades Fernando Carneiro Pires (1), Maristela Moraes de Almeida (2) e Juliana Hammel Saldanha (3) (1) Graduando em Arquitetura e Urbanismo, UFSC e IÇARA, Brasil. E-mail: [email protected] (2) Departamento de Arquitetura e Urbanismo, UFSC, Brasil. E-mail: [email protected] (3) Bióloga, UFSC e IÇARA, Brasil. E-mail: [email protected] Resumo: A construção de cidades melhores passa pela necessidade de transformarmos e construirmos nossas consciências, uma vez que as cidades são a expressão da sociedade que a constrói e a sociedade é reflexo das pessoas e da cultura coletiva. Nesta construçãode consciências, para preparar e iniciar a transformação necessária das cidades, o trabalho corporal com bioconstrução mostra-se um bom caminho para integrar o pensamento e a ação concreta. Este artigo apresenta a experiência de duas oficinas de bioconstrução realizadas em 2010 em Florianópolis/SC, que visavam o aprendizado de tecnologias sociais por estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, através da construção de estruturas de apoio às atividades do Instituto ÇaraKura - IÇARA, uma ONG que desenvolve ações em educação ambiental, permacultura e tecnologias sociais no município. O objetivo deste trabalho é registrar as experiências destas duas oficinas, as quais oportunizaram vivências de caráter coletivo e de integração com a natureza e, como matéria prima, utilizaram o bambu e a técnica de calfitice (cal+fibra+tierra+cemento), como exemplos de tecnologias sociais aplicáveis em ambiente rural ou urbano. As técnicas construtivas e a abordagem pedagógica das oficinas basearam-se nos conceitos de Permacultura e de Tecnologias sociais e a viabilidade operacional se deu através da parceria institucional entre UFSC e IÇARA, tendo na mediação desta parceria grupos de extensão universitária com gestão estudantil. Esta parceria permanece e está entrando em uma nova etapa, a qual buscará fortalecer o contato e a troca com o curso de arquitetura e urbanismo da UFSC. Ver e vivenciar o espaço construído que antes era apenas uma idéia, é um dos resultados mais expressivos das oficinas. Outros foram a experiência do trabalho coletivo, a espontaneidade e a criação coletiva durante a execução da obra, o contato com materiais naturais, a noção prática da resistência dos materiais e a integração entre áreas acadêmicas/profissionais. Em relação às técnicas construtivas utilizadas, foi possível verificar características potenciais e limitantes da sua aplicação, das quais destacamos o baixo custo, baixo impacto ambiental e o incentivo ao manejo sustentável do bambu, com destaque à utilização de Bambusa tuldoides em lascas e com revestimento, de forma a protegê-lo de insetos e das intempéries e, com isso, viabilizar um maior uso desta espécie tão recorrente no Brasil. E além do aspecto técnico, consideramos importante destacar o trabalho em parceria da universidade e instituto e a pedagogia do trabalho coletivo aliado à convivência em grupo, como meios para a solução de problemas e a construção de cidades mais harmônicas e sustentáveis. Palavras-chave: Permacultura, Bambu, Tecnologias sociais. Abstract: Building better cities involves the need to transform our consciousness, since cities are the expression of society that builds and reflects the people and the collective culture. In building awareness, to prepare and initiate the required transformation of the cities, the workshops shows up good way to integrate thinking and concrete action. This article presents the experience of students in two workshops held in Florianopolis, Brazil in 2010, aimed at teaching social technologies at Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. Students learned by building structures that support the activities of the Institute ÇaraKura - IÇARA, an NGO that develops programs in environmental education, permaculture and social technologies in the municipality. The aim of this work is to record the experiences of these two workshops, who used bamboo as raw material and technique calfitice (Lime + fiber + tierra + cement), as examples of social technologies applicable in rural or urban setting, and developed providing

Upload: brilmarfernando

Post on 27-Dec-2015

67 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CALFITICE

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória – ES - BRASIL - 7 a

9 de setembro de 2011

Tecnologias sociais e Permacultura na construção de consciências e

cidades

Fernando Carneiro Pires (1), Maristela Moraes de Almeida (2) e Juliana Hammel

Saldanha (3)

(1) Graduando em Arquitetura e Urbanismo, UFSC e IÇARA, Brasil. E-mail: [email protected]

(2) Departamento de Arquitetura e Urbanismo, UFSC, Brasil. E-mail: [email protected]

(3) Bióloga, UFSC e IÇARA, Brasil. E-mail: [email protected]

Resumo: A construção de cidades melhores passa pela necessidade de transformarmos e construirmos

nossas consciências, uma vez que as cidades são a expressão da sociedade que a constrói e a sociedade é

reflexo das pessoas e da cultura coletiva. Nesta “construção” de consciências, para preparar e iniciar a

transformação necessária das cidades, o trabalho corporal com bioconstrução mostra-se um bom

caminho para integrar o pensamento e a ação concreta. Este artigo apresenta a experiência de duas

oficinas de bioconstrução realizadas em 2010 em Florianópolis/SC, que visavam o aprendizado de

tecnologias sociais por estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, através da

construção de estruturas de apoio às atividades do Instituto ÇaraKura - IÇARA, uma ONG que

desenvolve ações em educação ambiental, permacultura e tecnologias sociais no município. O objetivo

deste trabalho é registrar as experiências destas duas oficinas, as quais oportunizaram vivências de

caráter coletivo e de integração com a natureza e, como matéria prima, utilizaram o bambu e a técnica

de calfitice (cal+fibra+tierra+cemento), como exemplos de tecnologias sociais aplicáveis em ambiente

rural ou urbano. As técnicas construtivas e a abordagem pedagógica das oficinas basearam-se nos

conceitos de Permacultura e de Tecnologias sociais e a viabilidade operacional se deu através da

parceria institucional entre UFSC e IÇARA, tendo na mediação desta parceria grupos de extensão

universitária com gestão estudantil. Esta parceria permanece e está entrando em uma nova etapa, a qual

buscará fortalecer o contato e a troca com o curso de arquitetura e urbanismo da UFSC. Ver e vivenciar

o espaço construído que antes era apenas uma idéia, é um dos resultados mais expressivos das oficinas.

Outros foram a experiência do trabalho coletivo, a espontaneidade e a criação coletiva durante a

execução da obra, o contato com materiais naturais, a noção prática da resistência dos materiais e a

integração entre áreas acadêmicas/profissionais. Em relação às técnicas construtivas utilizadas, foi

possível verificar características potenciais e limitantes da sua aplicação, das quais destacamos o baixo

custo, baixo impacto ambiental e o incentivo ao manejo sustentável do bambu, com destaque à utilização

de Bambusa tuldoides em lascas e com revestimento, de forma a protegê-lo de insetos e das intempéries

e, com isso, viabilizar um maior uso desta espécie tão recorrente no Brasil. E além do aspecto técnico,

consideramos importante destacar o trabalho em parceria da universidade e instituto e a pedagogia do

trabalho coletivo aliado à convivência em grupo, como meios para a solução de problemas e a

construção de cidades mais harmônicas e sustentáveis.

Palavras-chave: Permacultura, Bambu, Tecnologias sociais.

Abstract: Building better cities involves the need to transform our consciousness, since cities are the

expression of society that builds and reflects the people and the collective culture. In building awareness,

to prepare and initiate the required transformation of the cities, the workshops shows up good way to

integrate thinking and concrete action. This article presents the experience of students in two workshops

held in Florianopolis, Brazil in 2010, aimed at teaching social technologies at Universidade Federal de

Santa Catarina – UFSC. Students learned by building structures that support the activities of the Institute

ÇaraKura - IÇARA, an NGO that develops programs in environmental education, permaculture and

social technologies in the municipality. The aim of this work is to record the experiences of these two

workshops, who used bamboo as raw material and technique calfitice (Lime + fiber + tierra + cement),

as examples of social technologies applicable in rural or urban setting, and developed providing

Page 2: CALFITICE

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória – ES - BRASIL - 7 a

9 de setembro de 2011

opportunities of a collective experience and integration with nature. Construction techniques and

pedagogical approach of the workshops were based on the concepts of Permaculture and social

technologies and operational viability occurred through the institutional partnership between UFSC and

IÇARA, bearing in mediation this partnership with groups of university extension management student.

This partnership continues and is entering a new phase, which will seek strengthen contact and

exchanges with the course of Architecture and Urbanism of UFSC. See and experience the built space

that was once only an idea, is one of the most significant results of the workshops. Others were

experience of collective work, spontaneity and collective creation during the execution of work, contact

with natural materials, the notion practical strength of materials and integration between differents

professional areas. Regarding the construction techniques used, was possible to verify features and

limiting its potential application, which emphasize low cost, low environmental impact and encouraging

the sustainable management of bamboo, with emphasis on the use of Bambusa tuldoides in chips and

finishing in order to protect it from insects and thereby facilitate greater use of species as the applicant in

Brazil. And beyond the technical aspect, we consider important to highlight the partnership work of the

university and institute as well as the pedagogy of collective work with the group as a means to solve

problems and make cities more harmonious and sustainable.

Key-words: Permaculture, Bambu, Social technologies.

1. INTRODUÇÃO

A atual lógica de desenvolvimento das cidades parece estar longe de conseguir criar ambientes saudáveis

para as pessoas e sustentáveis ambientalmente. É notável a desigualdade social e econômica que cria e

mantém a miséria de muitos para que poucos usufruam a maior parte dos benefícios produzidos pela

sociedade como um todo. Este quadro é bastante complexo e foge ao domínio da arquitetura e do

urbanismo, e mesmo de uma abordagem multidisciplinar. Nesta lógica, em que estamos historicamente

inseridos, o afastamento das pessoas entre si e com o ambiente – recursos naturais e fluxos que sustentam

a vida (CAPRA, 1999) – tem sido uma importante característica que alimenta os problemas sociais e

ambientais atuais. Partindo deste raciocínio brevemente esboçado, um possível contraponto é a

transformação dessa lógica de forma estrutural, ou seja, buscar transformar as cidades, considerando-as

como lugares de vida (PRONSATO, 2005) acima de espaços de reprodução do capital (ROLNICK,

1995), a partir das pessoas, de suas consciências e da atuação individual e coletiva, no contato direto e

interação cuidadosa com o ambiente, do qual somos parte.

Neste sentido, trabalhar coletivamente em oficinas de bioconstrução tem sido um interessante caminho,

para refletir e, ao mesmo tempo, atuar na construção, metafórica e literal, de cidades melhores. Isto

porque o trabalho físico, nesta busca, permite integrar o pensamento e a ação concreta. Esta integração

parece ser fundamental para uma efetiva transformação da sociedade, no sentido de garantir uma

sustentabilidade social (SACHS, 2000) que mantenha, de forma criativa, o ambiente e as relações

construídas nessa transformação.

Este artigo apresenta a experiência de duas oficinas de bioconstrução realizadas em 2010 em

Florianópolis/SC. As oficinas visavam o aprendizado de tecnologias sociais por estudantes da

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, através da construção de estruturas de apoio às

atividades do Instituto ÇaraKura - IÇARA, uma ONG que desenvolve ações em educação ambiental,

permacultura e tecnologias sociais no município. O objetivo deste trabalho é registrar as experiências

destas duas oficinas, as quais oportunizaram vivências de caráter coletivo e de integração com a natureza

e, como matéria prima, utilizaram o bambu e a técnica de calfitice (cal+fibra+tierra+cemento), como

exemplos de tecnologias sociais aplicáveis em ambiente rural ou urbano.

1.1. Princípios e conceitos

A base conceitual e metodológica das duas oficinas aqui descritas parte dos conceitos e princípios da

Permacultura e das Tecnologias Sociais. Trabalhamos também com bases educacionais que buscaremos

Page 3: CALFITICE

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória – ES - BRASIL - 7 a

9 de setembro de 2011

elucidar. E além destes conceitos principais, utilizamos outros termos que buscaremos esclarecer, para

melhor expressar o nosso entendimento em relação a eles.

A Permacultura foi conceituada por Bill Mollison e David Holmgren nos anos 70, como um sistema de

design para a criação de ambientes humanos sustentáveis. Neste sistema temos princípios éticos e de

design que orientam a idealização, a construção e a manutenção dos ambientes criados, com base “na

observação de sistemas naturais, na sabedoria contida em sistemas produtivos tradicionais e no

conhecimento moderno, cientifico e tecnológico” (MOLLISON, 1991, p. 8). Partindo dos princípios

éticos e de design, David Holmgren aponta sete campos de atuação que se inter-relacionam (as sete

pétalas da flor da Permacultura): manejo da terra e da natureza; espaço construído; ferramentas e

tecnologia; educação e cultura; saúde e bem estar espiritual; economia e finanças; e posse da terra e

governo comunitário. E dentro do campo espaço construído, temos como orientação, por exemplo, o uso

de materiais de construção naturais e a construção pelo proprietário (HOLMGREN, 2007).

O conceito de Tecnologias sociais, segundo a Rede de Tecnologias Sociais, é de que estas compreendem

“produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que

represente efetivas soluções de transformação social” (RTS, 2009, p. 8). Características como

simplicidade de execução, baixo custo e baixo impacto ambiental complementam este conceito em sua

aplicação nas oficinas, onde foram utilizadas tecnologias baseada no manejo e uso de bambu e terra.

Pedagogicamente, Paulo Freire em Pedagogia do oprimido (1987) e Pedagogia da Autonomia (1996), e

Donald Schon com os conceitos de “conhecer-na-ação” e “reflexão-na-ação” em Educando o profissional

reflexivo (2000) expressam bem o que se buscou trabalhar nas oficinas: um processo de aprendizado

baseado na vivência e na prática reflexiva e refletida, onde mais do que informações incorporamos

sensações e relações interpessoais e de pertencimento com o meio, ou seja, lidamos com um processo que

tem lugar, tempo e pessoas. Neste processo não lidamos apenas com conceitos e informações intelectuais,

são materialidades e relações sutis que atuam na existência com um todo. Neste sentido, trabalhar com o

corpo é uma forma de exercitar a mente e interiorizar a experiência sem fragmentar o pensamento e a

ação objetiva.

Trazendo estes conceitos para a construção de edificações e ambientes, entendemos como bioconstrução

o processo e o produto das construções com baixo impacto ambiental, que utilizam prioritariamente

materiais naturais abundantes na região, valorizam características e saberes locais e, na sua construção e

no seu uso, proporcionam uma relação de pertencimento e cuidado do homem em relação à natureza.

1.2. O local

As oficinas foram realizadas no sítio ÇaraKura, sede do Instituto de mesmo nome, localizado no norte da

Ilha de Santa Catarina, parte do município de Florianópolis. O sítio está inserido na bacia hidrográfica do

Rio Ratones, no distrito de Ratones, ao lado da trilha histórica que liga a região à Lagoa da Conceição.

FIGURA 1: Localização do Sítio ÇaraKura na bacia hidrográfica do Rio Ratones, Florianópolis/SC.

Canasvieiras

Jurerê

Page 4: CALFITICE

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória – ES - BRASIL - 7 a

9 de setembro de 2011

A Ilha de Santa Catarina possui praias, planícies e morros onde encontramos ecossistemas de restingas,

manguezais e floresta Atlântica, na sua maioria em estágio secundário de regeneração. O distrito de

Ratones encontra-se próximo aos balneários mais urbanizados da ilha (figura 1), mas é um dos que ainda

mantém predominantemente paisagens rurais (figura 2).

Esta característica rural é hoje um aspecto valorizado pelos moradores e turistas, mas carece de maior

atenção para sua manutenção, tendo em vista o processo de urbanização da ilha. A manutenção das

características rurais e o apoio a atividades produtivas de agricultura e turísticas na região são discussões

correntes que, dentre vários aspectos, reflete a relação urbano-rural das cidades.

FIGURA 2 – Paisagem rural do Distrito de Ratones, Florianópolis/SC. Fonte: acervo do autor.

O Instituto ÇaraKura – IÇARA foi criado em 2007 com o objetivo de desenvolver projetos de educação

ambiental e ações referentes a aplicação de tecnologias sociais, principalmente na construção de

habitações ecológicas, utilização de energias renováveis, recuperação de áreas degradadas, manejo e uso

do bambu, agricultura ecológica, sistemas alternativos de saneamento básico, entre outras, bem como a

valorização e resgate dos conhecimentos ancestrais. As atividades desenvolvidas pelo instituto buscam o

aprimoramento das habilidades humanas associadas à recuperação e proteção dos ambientes naturais,

promovendo a sensibilização e a participação das crianças, jovens e adultos em atividades éticas ligadas

ao uso sustentável dos recursos naturais (IÇARA, 2007). O IÇARA é formado por estudantes e

profissionais de diversas áreas.

O sítio conta com moradores permanentes e outros temporários, os quais fazem a manutenção do espaço,

cuidam dos animais e dão suporte às atividades lá desenvolvidas: vivências de estudo, oficinas, visitas e

cursos. A dinâmica de voluntariado é fundamental ao ritmo do sítio e, durante o ano de 2010, estiveram

presentes três voluntários e quatro voluntárias, dentre as quais uma arquiteta e urbanista com experiência

em calfitice.

O sítio possui 14 hectares, sendo a parte de maior utilização em torno de 1 ha, onde se encontram as

casas, a horta, os pastos, o abrigo dos animais, o rio e a represa (figura 3). Nas proximidades da Casa de

pedras foram realizadas as duas oficinas, para a construção de estruturas de apoio às atividades

desenvolvidas pelo sítio/instituto.

FIGURA 3 – Casa de pedras, Engenho e horta no sítio ÇaraKura. Fonte: acervo do autor.

2. AS OFICINAS DE BIOCONSTRUÇÃO

Page 5: CALFITICE

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória – ES - BRASIL - 7 a

9 de setembro de 2011

A realização das duas oficinas faz parte de um impulso que visa oportunizar, aos estudantes da UFSC

especialmente, a reflexão e a vivência de modos de vida e tecnologias apropriados ao momento de

necessária adequação das atividades humanas aos ritmos naturais de sustentação da vida, responsáveis,

por exemplo, pela limpeza da água, do ar e dos pensamentos. Este impulso visa também adequar a

estrutura física do sítio à sua demanda crescente de atividades, as quais participam grupos de 10 a 60

pessoas, de diferentes idades e inclusive portadores de necessidades especiais. As estruturas que

oportunizaram as oficinas foram a construção de um sanitário externo à Casa de pedras, onde estão os

alojamentos, sede dos cursos, cozinha e refeitório, e a reforma da casinha para crianças.

Estas experiências foram viabilizadas através de uma parceria entre universidade e sociedade organizada,

que pode ser vista como uma tecnologia social em si. No caso, a parceria foi entre a Universidade Federal

de Santa Catariana - UFSC e o Instituto ÇaraKura – IÇARA. A mediação desta parceria foi feita por dois

grupos de extensão universitária com gestão estudantil e orientação docente: o Núcleo de Educação

Ambiental do Centro Tecnológico – NEAmb e o Ateliê Modelo de Arquitetura – AMA, onde membros

destes grupos eram também membros do referido instituto. Através da parceria viabilizaram-se recursos

financeiros para a alimentação dos estudantes durante as oficinas, e na primeira oficina também para o

transporte entre universidade e sítio.

2.1. O processo

O processo de idealização, organização e realização das oficinas foi se construindo ao longo do ano de

2010 de acordo com impulsos de idéias, dos moradores e voluntários do sítio, associados à viabilidade de

execução destas idéias pelos membros e parceiros do IÇARA. Um destes impulsos foi o de construir com

calfitice e usar esta técnica com estruturas de bambu em formas escultóricas, a partir do entrelaçamento e

amarração deste em lascas. A experimentação do sistema construtivo se deu entre março e maio, até a

realização da primeira oficina, tendo neste processo o acompanhamento técnico de uma arquiteta e um

estudante de arquitetura, ambos voluntários do Instituto. Durante as oficinas, as atividades foram

orientadas por moradores, voluntários e colaboradores do instituto. A segunda oficina teve um suporte

técnico menor, o que não prejudicou o resultado, uma vez que os moradores e voluntários, que

participaram da primeira oficina e estavam na segunda, conseguiram replicar com segurança as técnicas

construtivas. Vale destacar neste processo, a participação de um bambuzeiro experiente, parceiro do

Instituto, durante as duas oficinas.

As oficinas aconteceram nos meses de Maio e Setembro de 2010, ambas com duração de quatro dias. A

primeira foi realizada em dois finais de semana, com a chegada nas sextas-feiras antecedentes, de modo

que nos sábados pela manhã o grupo já estivesse reunido e integrado. A segunda aconteceu durante o

feriado de sete de setembro, com a mesma dinâmica para a chegada e inicio das atividades, contando

desta vez com quatro dias contínuos. As duas tiveram períodos de preparação, de dois meses na primeira

e um mês na segunda e, para a divulgação na universidade, foram feitos cartazes (ANEXO A).

Em relação ao término das construções, tanto o banheiro como a casinha precisaram de continuidade após

as oficinas, o que está em curso até o momento, conforme exposto na tabela 1. Esta continuidade pode ser

avaliada positivamente pelo aspecto das criações e intervenções de outros voluntários que passaram pelo

sítio após as oficinas, fazendo das construções obras de arte a muitas mãos. Já pelo aspecto funcional a

que se destinam, as obras inconclusas impedem o seu uso e a atenção a outras tarefas.

TABELA 1 – Cronograma do processo das oficinas.

2010 2011

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai

Preparação Realização Continuidade necessária para finalizar a obra

Page 6: CALFITICE

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória – ES - BRASIL - 7 a

9 de setembro de 2011

2.2. Os materiais e as técnicas

Um objetivo inerente à escolha dos materiais, técnicas e desenho das construções das oficinas, foi usar

materiais naturais e equilibrar o adensamento construído com jardins e áreas onde a natureza respire, e

ainda, produzir em ciclos onde não são gerados resíduos, mas sempre recursos, de um processo para

outro. Como exemplo destes ciclos, temos o uso da terra retirada na escavação da fossa do banheiro da

primeira oficina, na massa da parede do próprio banheiro.

Contudo, até alcançarmos este futuro ideal de geração zero de resíduos, algumas concessões são

necessárias e o uso do cimento é uma delas. Mantendo a utilização da terra local, optou-se por utilizar

cimento para estabilizar mais rapidamente a massa de recobrimento, que ficaria exposta à chuva, em uma

experimentação da técnica de calfitice (ou calfetice).

O calfitice é uma técnica colombiana utilizada em construções com Guadua Angustifolia (espécie de

bambu nativa da América do Sul) e, no Brasil, o calfitice tem sido usado em obras e oficinas de

bioconstrução (ESPIRALANDO, 2008). Nesta técnica se utiliza cimento e cal para estabilizar a terra - o

cimento estabilizando a areia e a cal a argila. A palavra vem de sua composição (em espanhol): Cal+Ferro

ou Fibra+Tierra+Cemento. O traço utilizado nas oficinas foi 1:2:6 (cimento CP3:cal hidratada:terra 70%

areia 30% argila) em volume. Junto da massa, na função da fibra, foram utilizados sacos plásticos ou de

juta reaproveitados Na primeira oficina os sacos foram aplicados após o masseamento e na segunda,

aperfeiçoando a técnica, também amarrados à estrutura de bambu antes da aplicação da massa (figura 4).

Para o acabamento final foi utilizada nata de cimento com pigmento no traço 1:2 (cimento:cal de pintura)

em quilos para 10 litros de água.

O bambu utilizado foi da espécie Bambusa tuldoides, cultivada no próprio sítio. A folhagem é utilizada na

alimentação dos animais e as touceiras tem funções de quebra-vento e cercas-vivas. A sua aplicação foi

na forma natural, em lascas de variadas dimensões, trançadas e amarradas (figura 4). Para proteger os

bambus da umidade do solo, as lascas foram fixadas sobre a fundação de pedra. A proteção a insetos e a

água da chuva foi feita com o recobrimento da estrutura pelo calfitice.

O conjunto bambu-calfitice assemelha-se à argamassa armada, mas sabe-se que as características

químicas, físicas e mecânicas não podem ser diretamente relacionadas, devido, por exemplo, ao módulo

de elasticidade do bambu ser no máximo 10% o do aço (PEREIRA, 2008). No entanto, além de outras

formas de utilizar o bambu e a terra, este conjunto mostrou-se uma interessante alternativa ao uso do aço

e do cimento, por ser de baixo custo e, em relação ao impacto ambiental, estar associado ao cultivo e

manejo sustentável do bambu.

FIGURA 4 – Etapas do sistema bambu-calfitice (cal+fibra+terra+cimento). Fonte: acervo do autor.

Os materiais utilizados na execução foram: luva de borracha, serra, facão, barbante sintético, cal, cimento,

terra, água, pó xadrez, cimento branco (para nata de pintura com cores claras), cal de pintura, fibra de

sisal, saco de juta, saco de cebola – plástico, marreta, pedras (fundação), barras metálicas (conexão

parede-fundação) e objetos de vidro – principalmente garrafas e pratos.

Page 7: CALFITICE

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória – ES - BRASIL - 7 a

9 de setembro de 2011

3. OFICINA DE BIOCONSTRUÇÃO E SANEAMENTO ECOLÓGICO

A primeira oficina abordou, além da bioconstrução, o tema de saneamento ecológico, através da

implantação de um banheiro com o tratamento local dos efluentes, onde não há coleta de esgoto sanitário.

A edificação do sanitário foi a obra executada na oficina e, em relação ao saneamento ecológico, foi

realizada uma palestra com a doutoranda do Grupo de Estudo em Saneamento Descentralizado –

GESAD/ENS/UFSC que pesquisa o sanitário seco do Sítio ÇaraKura.

A forma e a localização do banheiro foram idealizadas pelos moradores e, partindo de desenhos (figura 5)

e maquetes de estudo, chegou-se na estrutura e quantidade dos materiais. O desenho considerou aberturas

inferiores e uma zenital para circulação do ar e as dimensões do sanitário feminino para o seu uso por

cadeirantes. A maquete física de estudo foi construída uma semana antes da oficina, com lascas de bambu

simulando a execução em escala real, e nela foi possível verificar a resistência das lascas às curvaturas

desejadas e definir algumas amarrações e cruzamentos de lascas de caráter estrutural. A maquete também

serviu para ilustrar a estrutura aos participantes na primeira etapa da oficina.

FIGURA 5 – desenhos de estudo para orientar a execução durante a oficina. Fonte: Instituto ÇaraKura.

No período de preparação da oficina foram realizados testes do sistema bambu-calfitice, e também o

preparo do terreno, onde foi necessário realizar transposição de duas árvores (Ipê- amarelo), a fundação,

com pedras locais e barras de aço em arco (reaproveitadas), para a conexão com as paredes, e a promoção

da oficina junto a UFSC (tramite institucional, divulgação e inscrição).

Participaram 11 estudantes na primeira etapa (7, 8 e 9 de Maio) e 9 na segunda (14, 15 e 16 de Maio), dos

cursos de arquitetura e urbanismo, biologia e engenharia sanitária e ambiental. E além destes, estavam

presentes os moradores e voluntários do Sítio, totalizando de 15 a 20 pessoas em média nos turnos. A

programação seguiu o ritmo apresentado na tabela 2.

TABELA 2 – Programação da oficina de bioconstrução e saneamento ecológico.

7, 8 e 9 de maio 2010

14, 15 e 16 de maio 2010

Sexta Sábado Domingo Sexta Sábado Domingo

7h

Despertar

Despertar

8h Desjejum Desjejum

M (9h-12h) Prática Prática Prática Prática

Almoço Almoço

T (14h-18h) Chegada Prática Prática Chegada Prática Prática

Jantar Jantar

N (20h-22h) Alojamento Palestra Despedida Alojamento Sarau Despedida

Na chegada, entre o jantar e o alojamento, foi feito o acordo de convivência e uma primeira apresentação

de todos; nos momentos de alimentação buscava-se sintonizar o grupo na importância e gratidão pelo

alimento e estes eram seguidos de conversas informais que contribuíam para a harmonização e sintonia do

grupo; nos turnos de prática os participantes se revezavam entre atividades específicas, de modo a passar

por todas as etapas e variar os movimentos e tipos de atenção solicitados; e as noites de palestra e sarau

foram momentos de troca de informações e aproximação entre as pessoas.

Page 8: CALFITICE

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória – ES - BRASIL - 7 a

9 de setembro de 2011

No primeiro final de semana foi montada a estrutura de bambu e no segundo foi realizada a aplicação da

massa de calfitice. Para trabalhar no alto, foi montado um andaime de bambu no interior da construção, a

partir de um tripé e varas horizontais amarradas com câmara de pneu.

FIGURA 6 – Evolução da obra. Fonte: Instituto ÇaraKura.

Para conclusão da obra, foi necessário continuar o recobrimento dos bambus por calfitice após os dois

finais de semana da oficina. Durante esta continuidade necessária, que se deu num ritmo conciliado às

outras atividades do sítio, varias pessoas participaram e novas idéias foram incorporadas. Uma destas

idéias foi a alteração da cobertura para uma forma mais escultórica e lúdica, chegando-se na forma final

alusiva a uma saracura.

4. OFICINA DE BIOCONSTRUÇÃO “CASINHA PARA CRIANÇAS”

A segunda oficina foi organizada dando continuidade às atividades de bioconstrução envolvendo

estudantes da UFSC e o IÇARA, tendo como objetivo a construção de uma casinha para crianças, a partir

da existente no sítio. Nesta segunda construção experimentando a técnica de bambu em lascas com

calfitice, buscou-se uma forma bastante lúdica, a de um tamanduá.

A experiência adquirida com a primeira oficina permitiu a organização e realização desta segunda com

um menor apoio técnico prévio, sendo elaborado apenas um desenho de estudo, com a distribuição de

lascas principais para a formação da estrutura. Deste estudo foi possível estimar a quantidade de material

necessário para a execução.

A oficina contou com a participação de 10 estudantes das áreas de arquitetura e urbanismo, biologia e

engenharia sanitária e ambiental e seguiu a programação apresentada na tabela 3.

TABELA 3 – Programação da oficina de bioconstrução casinha para crianças.

Dias 3, 4, 5, 6 e 7 de setembro 2010

Sexta Sábado Domingo Segunda Terça

7h

Despertar

8h Desjejum

M (9h-12h) Prática Prática Prática Prática

Almoço

T (14h-18h) Chegada Prática Prática Prática Prática

Jantar

N (20h-22h) Alojamento Filme, Sarau, Descanso Despedida

De modo semelhante à oficina anterior, o ritmo colocado pela programação incentivou a interação dos

participantes entre si, com o ambiente e com os materiais e as técnicas que estavam sendo trabalhados de

forma experimental. Assim, novamente oportunizou-se uma série de percepções e vivências que

promovem a construção de referências concretas e sutis de convivência em grupo e de trabalho coletivo.

Desta vez, por serem mais dias consecutivos, as etapas de preparação, posicionamento e amarração das

varas, a colocação dos sacos sobre a estrutura e o masseamento foram trabalhadas de forma contínua.

Page 9: CALFITICE

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória – ES - BRASIL - 7 a

9 de setembro de 2011

Na oficina foi realizada toda a estrutura de bambu, formando o corpo e cabeça do tamanduá, e o calfitice

foi aplicado no corpo. A cabeça foi deixada sem revestimento, para este ser mais bem definido depois,

uma vez que, pelas dimensões que tomou, ficaria muito pesada se revestida com a massa de calfitice.

Após a oficina foi realizada a pintura do corpo por fora, a pintura da barriga por dentro, com temas

lúdicos (formigas e partes internas do corpo), o reforço da “coluna” do tamanduá para sustentação da

cabeça, por uma vara de bambu como viga, e, como solução para o recobrimento dos bambus da cabeça,

esta foi envolvida em malha de juta com nata de calfitice.

FIGURA 7 – Desenho e obra da casinha para crianças em forma de tamanduá. Fonte: Instituto ÇaraKura.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência de organizar e participar das oficinas, bem como acompanhar a continuidade da execução

das obras, traz para reflexão alguns resultados. Destacamos pelo aspecto pedagógico ou de formação

social a vivência do espaço construído que antes era apenas idéia, a experiência do trabalho coletivo, a

espontaneidade e a criação coletiva durante a execução da obra, o contato com materiais naturais e a

noção prática da resistência destes materiais. Em relação às técnicas construtivas utilizadas, destacamos o

baixo custo e o baixo impacto ambiental que as obras tiveram e, apontamos o manejo sustentável de

bambu e sua utilização em lascas com recobrimento de calfitice como interessantes tecnologias sociais, as

quais merecem maior atenção e aprimoramento, mas já se mostram como alternativas viáveis a

construções rurais e urbanas.

Considerando a oficina uma vivência como um todo, onde além das tecnologias e conceitos

experimentados existe uma convivência em grupo e ritmos de trabalho cooperativo, percebe-se que este

formato promove uma experiência pedagógica positivamente distinta dos formatos mais recorrentes do

ensino formal, o que deixa como resultado, mais do que o aprendizado e as construções materiais,

sentimentos e sensações agradáveis e motivadoras em cada participante. Para manter atividades com este

caráter, e em continuidade à integração promovida entre áreas acadêmicas/profissionais, a parceria

institucional entre UFSC e IÇARA permanece, buscando aproximar trabalhos de Permacultura e

Tecnologias sociais dos cursos universitários que lidam com o território e os recursos naturais. Nesta

busca, o contato e a troca com o curso de arquitetura e urbanismo mostram-se uma necessidade, a qual

tomou força com realização das oficinas apresentadas e, a partir deste trabalho, está se fortalecendo.

Por fim, consideramos que oportunizar a “construção” de consciências atentas às questões ambientais

(através do contato com a natureza e com isso criar e valorizar sentimentos de pertencimento, como foi

buscado nas oficinas apresentadas) é um interessante caminho para a atuação de cada um e de grupos no

sentido de construir cidades mais harmônicas e sustentáveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPRA, Fritjof. Alfabetização ecológica: o desafio da educação no próximo século. Berkeley: Center for

Ecoliteracy, 1999.

ESPIRALANDO BIOARQUITETURA. Apostila Espiralando. Bauru, 2008.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

Page 10: CALFITICE

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis - Vitória – ES - BRASIL - 7 a

9 de setembro de 2011

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

HOLMGREN, D. Os Fundamentos da Permacultura. Austrália: Holmgren Design Services, 2007.

IÇARA. Estatuto Social do Instituto ÇaraKura. Florianópolis, 2007.

MOLLISON, B. Introdução à Permacultura, Tagari Publications, 1991.

PEREIRA, M. A. R.; BERALDO, A. L. Bambu de corpo e alma. Bauru: Canal 6, 2008.

PRONSATO, S. A. D. Arquitetura e Paisagem: projeto participativo e criação coletiva. São Paulo:

Annablume/FUPAM/FAPESP, 2005.

ROLNIK, R. O que é Cidade. São Paulo: editora Brasiliense, 1995

RTS REDE DE TECNOLOGIAS SOCIAIS. Tecnologias Sociais: Caminhos para a sustentabilidade. Brasília,

2009.

SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000.

SCHON, D. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre:

Artes Médicas Sul, 2000.

AGRADECIMENTOS

Pela realização das oficinas e por este artigo agradecemos aos moradores e voluntários do Sítio ÇaraKura,

aos participantes das oficinas, à PRAE/UFSC – Pró Reitoria de Assuntos Estudantis, ao bambuzeiro

Rodrigo Primavera, à professora Alice T. Cybis Pereira e ao professor Lino F. B. Peres. Todos foram

fundamentais neste processo.

ANEXO A – Cartazes para divulgação das oficinas