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TítuloBENFICA 13/14 Visão sobre o Modelo de Jogo e sua Operacionalização

AutorHugo Dias

PaginaçãoJusko®

ImpressãoCafilesa

1ª ediçãoOutubro 2014

ISBN978 ‑989 ‑655 ‑235 ‑0

Depósito legal

[email protected]

Dedicatória

À minha mulher e ao meu filho Gonçalo, os amores da minha vida.

Aos meus pais que me ensinaram a sonhar e que alimentam os meus sonhos.

Aos meus sogros, pelo carinho.

A toda a minha família e amigo, pela amizade.

Ao meu grande amigo Zé, pelo exemplo que é e pela coragem que a sua presença transmite.

Ao meu primo Pedro, pela infância que passamos juntos, sempre com o futebol como ingrediente principal nas brincadeiras e nas rivalidades.

A todos os que, tal como eu, amam o futebol.

À memória da minha avó.

A si que vai iniciar esta leitura…

Assistir a um treino de Jorge Jesus é assistir a uma aula universitária.Professor Manuel Sérgio, 2013

Índice1 Introdução

2 Jorge Jesus

2.1 A ciência de Jorge Jesus ...........................................................................162.2 Histórico ...................................................................................................192.3 Palmarés ....................................................................................................192.4 O Benfica de Jorge Jesus ..........................................................................20

3 Época 2013/2014

3.1 Equipa Técnica .........................................................................................233.2 Plantel ........................................................................................................24

3.2.1 Estatística .................................................................................................... 25

4 Enquadramento teórico

4.1 O treino do futebol ..................................................................................274.1.1 Princípios do treino: .................................................................................. 27

4.1.2 Especificidade da modalidade (futebol) .................................................. 28

4.1.3 Periodização/metodologia do treino ....................................................... 28

4.2 Organização Estrutural da Equipa .........................................................324.3 Modelo de Jogo ........................................................................................334.4 Princípios de Jogo ....................................................................................344.5 As diferentes fases/ momentos do jogo .................................................36

5 Modelo de Jogo do Benfica

5.1 Onze Padrão .............................................................................................395.2 Princípios de jogo do Modelo de Jogo do Benfica ...............................405.3 Organização Ofensiva .............................................................................405.4 Transição Defesa/Ataque ........................................................................525.5 Organização Defensiva............................................................................585.6 Transição Ataque/Defesa ........................................................................67

6 Estratégia de jogo

6.1 Bolas paradas ofensivas ...........................................................................716.1.1 Canto ofensivo ............................................................................................ 71

6.1.2 Livres laterais ofensivos ............................................................................. 72

6.1.3 Livre frontal ................................................................................................ 73

6.1.4 Lançamentos laterais longos ..................................................................... 74

6.2 Bolas paradas defensivas .........................................................................756.2.1 Canto defensivo .......................................................................................... 76

6.2.2 Livre lateral defensivo ................................................................................ 76

7 Operacionalização do modelo de jogo do Benfica | Contextos de exercitação

7.1 Organização Ofensiva: 1.ª Fase de construção .....................................787.1.1 SubPrincípio: boa organização posicional .............................................. 79

7.1.2 SubPrincípio: defesas centrais a assumir o jogo ..................................... 80

7.1.3 SubPrincípio: unidade Ofensiva ............................................................... 81

7.1.4 SubPrincípio: linha defensiva de 3 ........................................................... 82

7.1.5 SubPrincípio: jogo direto do guarda ‑redes ............................................. 83

7.1.6 SubPrincípio: atrair para jogar direto ...................................................... 84

7.2 Organização Ofensiva: 2.ª fase de construção ......................................857.2.1 SubPrincípio: linha de passe no espaço entre linhas do adversário ................................................................................... 85

7.2.2 SubPrincípio: conduzir bola para atrair adversários .............................. 86

7.2.3 SubPrincípio: campo grande .................................................................... 87

7.2.4 SubPrincípios: levar a bola para o espaço vazio ..................................... 88

7.2.5 SubPrincípios: trocas posicionais sem perder funcionalidade; laterais e médios ‑ala em diferentes linhas; grande dinâmica entre laterais e médios ‑ala; laterais com grande projeção ofensiva ..................................................... 89

7.2.6 SubPrincípio: avançados procuram movimentos de rutura ................. 90

7.2.7 SubPrincípio: apoio no corredor central ................................................. 91

7.3 Organização Ofensiva: 3.ª fase (finalização) .........................................927.3.1 SubPrincípio: privilegiar cruzamentos em condições favoráveis ......... 92

7.3.2 SubPrincípio: ocupação de zonas privilegiadas de finalização ............. 93

7.4 Transição Defesa/Ataque ........................................................................947.4.1 SubPrincípio: jogador alvo ........................................................................ 94

7.4.2 SubPrincípios: unidade ofensiva; movimentos exteriores dos avançados .................................................... 95

7.4.3 SubPrincípio: rápida mudança de atitude mental (de defensiva para ofensiva) .................................................................................. 96

7.4.4 SubPrincípio: laterais profundos .............................................................. 97

7.5 Organização Defensiva: 1.ª fase – evitar construção de jogo ofensivo .......................................................................................98

7.5.1 SubPrincípio: obrigar equipa adversária a jogar longo .......................... 98

7.5.2 SubPrincípio: pressão nos corredores laterais ........................................ 99

7.5.3 SubPrincípios: permitir que o adversário saia a jogar curto; bloco defensivo coeso com duas linhas de 4 e uma de 2; bloco defensivo com o círculo central como referência ...................................100

7.5.4 SubPrincípio: bloco defensivo coeso .....................................................101

7.6 Organização Defensiva: 2.ª fase – evitar a criação de situações de finalização ......................................102

7.6.1 SubPrincípio: subir no terreno ...............................................................102

7.6.2 SubPrincípio: setores próximos ..............................................................103

7.6.3 SubPrincípio: basculação ........................................................................104

7.6.4 SubPrincípio: privilegiar coberturas defensivas ...................................105

7.7 Organização Defensiva: 3.ª fase – evitar finalização ..........................1067.7.1 SubPrincípio: estar e não aparecer nas zonas mais privilegiadas de finalização ........................................................................106

7.7.2 SubPrincípio: coberturas defensivas no primeiro 1/3 do campo ........107

7.7.3 SubPrincípio: ganhar as 2.ªs bolas ..........................................................108

7.7.4 SubPrincípio: não permitir penetrações atrás da linha defensiva ......109

7.8 Transição Ataque/Defesa ......................................................................1107.8.1 SubPrincípio: rápida mudança de atitude mental de ofensiva para defensiva ...................................................................................110

7.8.2 SubPrincípio: evitar ser ultrapassado ....................................................111

7.8.3 SubPrincípio: reduzir espaços ................................................................112

8 Sessão de treino de Jorge Jesus

8.1 Dia anterior a um jogo ..........................................................................113

9 Modelo de aquecimento para dia de jogo

10 Referências

10.1 Referências eletrónicas ..........................................................................13110.2 Referências Bibliográficas .....................................................................131

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1. Introdução

O objetivo deste documento é apresentar uma análise ao Modelo de Jogo do Benfica, expondo posteriormente uma forma de o operacionalizar através de contextos de exercitação. O clube encarnado, treinado por Jorge Jesus, tem sido alvo dos mais rasgados elogios muito devido ao seu futebol de grande cariz ofensivo, todavia na época que terminou destacou ‑se também pela sua solidez defensiva. Neste sentido, é intenção do autor deste documento abordar e fornecer aos leitores o seu estudo pessoal sobre o Modelo de Jogo da equipa treinada por Jorge Jesus, assim como criar contextos de exercitação que podem ser usados para atingir este jogar. Será também apresentada uma sessão de treino deste treinador e um modelo de aquecimento para o dia de jogo.

O Benfica, sob o comando técnico de Jorge Jesus atingiu na temporada 2013/2014 uma performance brilhante que lhe garantiu a conquista de 3 títulos: Liga Zon Sagres, Taça de Portugal e Taça da Liga. Tornou ‑se, deste modo, o primeiro clube português a conseguir vencer estas 3 competições na mesma época.

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2. Jorge Jesus

Impulsivo, controverso, apaixonante, arrebatador e visionário são adjetivos que caracterizam o mestre da tática que se enraizou no SL Benfica. Treinador de grande visão estratégica, Jorge Jesus chegou ao Estádio da Luz na época 2009/2010. Até lá, treinou alguns clubes históricos do futebol português como: Vitória de Setúbal, SC Braga, Belenenses e Vitória de Guimarães.

Como treinador do Benfica, Jorge Jesus é considerado o responsável por ressuscitar o 3.º anel do Estádio da Luz. Logo no momento da sua apresentação mostrou todo o seu carisma e confiança ao afirmar que “comigo o Benfica vai jogar o dobro”, e assim foi.

Jorge Jesus tem batido recordes como treinador do clube encarnado mas, mais do que isso, a mão de Jesus oferece grandes espetáculos de futebol com a acumulação dos tão desejados títulos. Outro feito notável é a capacidade de potencializar e moldar os jogadores de encontro à sua ideia de jogo (Fábio Coentrão no passado e Enzo Pérez no presente são exemplos disso).

O treinador encarnado fez regressar o clube às grandes noites europeias e, para grande agrado dos adeptos das Águias, começou

Nome Jorge Fernando Pinheiro de Jesus

Data de Nascimento 24 de Julho de 1954 (60 anos)

Nacionalidade Portuguesa

Naturalidade Amadora

DADOS PESSOAIS

HUGO DIAS

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a ameaçar a supremacia do FC Porto em Portugal. Feitos, que ninguém poderá retirar a Jorge Jesus.

2.1 A ciência de Jorge JesusA sua visão do futebol estará certamente aliada aos conhecimentos que adquiriu quando começou a dar os primeiros passos como treinador de futebol. Em 1993, partiu rumo à Catalunha para fazer um profícuo estágio no Barcelona de Johan Cruyff. Jorge Jesus respira golos e é expectável que tenha sido neste estágio que percebeu que o futebol é espetáculo e, por isso, é desta forma que deve ser encarado. Jesus, não joga para o resultado e de acordo com o mestre holandês, prefere equipas de cariz ofensivo.

Em 2013, Jorge Jesus teorizou sobre futebol para centenas de alunos da Faculdade de Motricidade Humana em Lisboa. De seguida, serão apresentadas algumas considerações e ideias chave que ficaram desse dia.

Para Jesus, tudo começa com um sonho. Será depois necessário haver criatividade para definir um modelo de jogo e sabê ‑lo operacionalizar será a chave para o sucesso porque, a prática é o critério da verdade. Jesus, tem uma bateria de treinos criados em função da sua ideia de jogo. A liderança (aspeto primordial para Jorge Jesus) é o princípio de tudo e é com conhecimento que se conquista a atenção dos jogadores. A organização e paixão também são fundamentos referenciados pelo treinador Campeão Nacional. Organização onde Jesus é o líder máximo e paixão, porque a paixão é o combustível que faz todo um projeto ter pernas para andar.

Jorge Jesus foi um apaixonado pela laranja mecânica liderada em campo pelo extraordinário Johan Cruyff. Esta equipa estruturava‑‑se em 1x3x4x3 e relativamente a este aspeto Jesus confidencia que apesar de este ser um sistema que lhe agrada, será também o

BENFICA 13/14 · VISÃO SOBRE O MODELO DE JOGO E SUA OPERACIONALIZAÇÃO

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sistema tático mais difícil de operacionalizar porque carece de uma grande cultura tática dos jogadores. Já, relativamente ao 1x4x3x3 Jorge Jesus considera ser o sistema mais facilmente anulável.

Jesus, destaca a importância da qualidade técnica do jogador. Refere que, quanto maior for a qualidade técnica de um jogador maior será a sua capacidade tática. Com isto, quer dizer que havendo qualidade (isso é fundamental) será mais fácil treinar a dimensão tática do jogador e isto é tarefa do treinador. Fábio Coentrão é o exemplo disso. Jorge Jesus olhou para o jogador e verificou que este tinha capacidades técnicas e físicas para desempenhar uma nova posição em campo (Defesa Esquerdo). O trabalho tático foi passado pelo treinador, mas efetivamente o potencial já existia no Fábio Coentrão. O talento e o trabalho levam ao sucesso.

Para o Mister, o modelo de jogo é a primeira coisa a ser definida. Depois, procura selecionar os jogadores que melhor se adaptam aquilo que ele pretende para a equipa. São os jogadores que têm de se adaptar ao modelo de jogo que o treinador quer implementar e não o contrário. O capitão é uma peça importantíssima no puzzle de Jorge Jesus. Na sua opinião, o tempo que tem de casa não é muito importante. Importante será, a sua capacidade de liderança e o seu conhecimento tático.

Questionado sobre a influência que tem as características do adversário no seu modelo de jogo/preparação do jogo, Jesus afirma que não há qualquer influência. No entanto, lembra que existe uma componente importante que é a estratégia de jogo. Isto sim, mecanizado relativamente ao adversário em questão. É óbvio que o modelo de jogo não altera, todavia a estratégia é definida de acordo com as características do adversário.

Em determinado momento, exemplificando com o trabalho efetuado com o jogador Ola John, Jorge Jesus menciona a importância do coletivo em detrimento do individual. Jesus indica

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que, tanto no momento ofensivo como no momento defensivo a referência do jogador deve ser, em 1.º lugar a bola, em 2.º o colega, em 3.º o espaço e em 4.º lugar o adversário. Já quando se encontra dentro da área, o espaço e o adversário invertem posições.

O seu modelo de jogo é operacionalizado/treinado com bola. Todavia, Jesus menciona que trabalhar força específica torna ‑se mais rentável sendo trabalhado sem a componente bola.

Jorge Jesus, não usa mesociclos na planificação do seu treino nem parece ter nenhuma ligação com a Periodização Tática criada pela Professor Vítor Frade. Jorge Jesus utiliza microciclos desenvolvidos em função do jogo realizado e do jogo que se vai realizar. Os treinos são desenvolvidos semanalmente ou diariamente e em todos os dias de trabalho a componente tática está presente, pois como Jesus diz “quanto melhor estiveres taticamente menos desgaste físico irão ter os jogadores”.

Jesus, afirma que não é treinador para a estrutura, mas sim um treinador para pensar a estrutura.

“Nunca desistas dos teus sonhos. Porque os sonhos não morrem, nós é que matamos os nossos sonhos.”

Modelo de Jogoda equipa

Modelo de Treino

Modelo de Jogo criadoOperacionalizarcorresponde

correspondeSistema da equipaIdeia do treinador

Objectivos

Modelo de JogadorPotencializar

característicasIndividuais

Criatividade táticaCriatividade técnica

Disciplina táticaDisciploina de jogo

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2.2 Histórico

2.3 Palmarés

Amora 1989 ‑ 1993

Felgueiras 1993 ‑ 1998

União da Madeira 1998

Estrela da Amadora 1998 ‑ 2000

Vitória de Setúbal 2000 ‑ 2002

Estrela da Amadora 2002 ‑ 2003

Vitória de Guimarães 2003 ‑ 2004

Moreirense 2004 ‑ 2005

União de Leiria 2005 ‑ 2006

Belenenses 2006 ‑ 2008

SC Braga 2008 ‑ 2009

SL Benfica 2009 ‑ ...

HISTÓRICO COMO TREINADOR

CLUBE ÉPOCA

Campeonato Nacional 2

Taça de Portugal 1

Taça da Liga 4

Supertaça Cândido de Oliveira 1

Segunda Divisão B 1

Taça Intertoto 1

PALMARÉS

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2.4 O Benfica de Jorge JesusDepois de mais de 20 anos de pouco sucesso desportivo, o Benfica, sob a direção de Luís Filipe Vieira, escolhe como treinador da equipa das Águias, na época de 2009/2010, Jorge Jesus o 41.º treinador da história deste clube e o homem que viria a revitalizar o 3.º anel do Estádio da Luz. Logo no seu 1.º ano no clube sagra ‑se Campeão Nacional e vence a Taça da Liga. Jesus tinha prometido que a equipa ia jogar o dobro da época transata e cumpriu.

O Benfica encanta o país com o seu carrossel ofensivo e, consequentemente, o seu treinador é considerado como o mestre daquela obra. Foram goleadas atrás de goleadas, exibições de grande qualidade que devolveram o Benfica à ribalta do futebol português. Jorge Jesus, para além de conquistar os exigentes adeptos encarnados, conquista também a admiração do país e do mundo. Lançou ‑se, no final da época 2009/2010, uma onda vermelha por todo o país que ameaçava começar um novo ciclo no futebol português.

A época seguinte não foi fácil de digerir para o Benfica e seu treinador. O clube encarnado tem um arranque desastrado no campeonato somando 3 derrotas em 4 jogos, mas, pior do que isso, à 10.ª jornada do campeonato o FC Porto, de André Villas ‑Boas, recebe e esmaga o Benfica por uns históricos 5 x 0. Mas, só os mais fortes resistem e Jorge Jesus resistiu.

Em 2011/2012 o Benfica de Jorge Jesus volta a não atingir os objetivos definidos, vendo o título de campeão nacional fugir para o rival do norte e a Taça de Portugal a viajar para a Académica. No entanto, nesta época o clube encarnado realiza uma boa prestação na principal prova da UEFA, chegando até aos quartos‑‑de ‑final. O Benfica discutiu até ao último minuto da eliminatória a passagem até às meias ‑finais, no entanto, quando o Benfica procurava desesperadamente o golo que lhe garantia a passagem

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na eliminatória, foi o Chelsea por intermédio de Raúl Meireles que chegou ao golo e acabou por terminar com o sonho da equipa de Jorge Jesus.

No ano seguinte, época 2012/2013, o Benfica realiza uma memorável época desportiva, mas que fica manchada pela perda, nos últimos minutos, de 3 Títulos: Campeonato Nacional, Liga Europa (o Benfica regressa a mais uma final europeia) e Taça de Portugal. A sorte, desta vez, não quis sorrir.

Depois do êxito atingido na época de estreia no comando técnico do Benfica, Jorge Jesus não voltou, nas 3 épocas seguintes, a ter o mesmo sucesso a nível de títulos conquistados, todavia a qualidade do seu futebol continuou a merecer elogios e Jesus manteve ‑se, merecidamente, ao leme da equipa encarnada.

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3. Época 2013/2014

O Benfica, sob o comando técnico de Jorge Jesus atinge na temporada 2013/2014 uma performance brilhante que lhe garantiu a conquista de 3 títulos: Liga Zon Sagres, Taça de Portugal e Taça da Liga. Tornou ‑se, deste modo, o primeiro clube português a conseguir vencer estas 3 competições na mesma época.

O clube encarnado, depois de eliminar adversários como o Tottenham e a Juventus, repetiu em 2013/2014 a presença na final da Liga Europa. No entanto, a sorte voltou a não lhes sorrir. A final de Turim, com o Sevilha como adversário, foi perdida na lotaria das grandes penalidades. Duas finais da Liga Europa em tantas épocas: um feito assinalável.

Treinador Principal Jorge Jesus

Treinador Adjunto Raúl José

Treinador Adjunto Miguel Quaresma

Treinador Adjunto Minervino Pietra

Preparador Físico Mário Monteiro

Treinador de Guarda ‑Redes Hugo Oliveira

Benfica LAB (coordenador) Bruno Mendes

GEC Evandro Mota

Video Analista Marco Pedroso

EQUIPA TÉCNICA

3.1 Equipa Técnica

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3.2 Plantel

Nota: Estes foram todos os jogadores utilizados pelo Benfica na época 2013/2014. Bruno Cortez, Matic e Ola John também fizeram parte deste plantel até Janeiro de 2014.

Artur 30 22 4 4 2639 29 1 0 7 0 0

Oblak 26 21 5 0 2251 25 0 0 2 0 0

Paulo Lopes 3 1 1 1 270 7 0 0 0 0 0

Maxi Pereira 43 32 8 3 3649 40 3 0 13 1 0

Sílvio 22 20 0 2 1821 21 1 0 5 0 0

J. Cancelo 2 1 0 1 70 1 1 0 0 0 0

Siqueira 33 25 7 1 27 33 0 1 12 2 0

ESTATÍSTICA

JOGADOR J V E D M T SU GM A AA V

3.2.1 Estatística

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Legenda: J (Jogos); V (Vitórias); E (Empates); D (Derrotas); M (minutos/ tempo de utilização); T (Titular); SU (Suplente Utilizado); GM (golos marcados); A (amarelos); AA (acumulação de amarelos); V (vermelhos diretos).

ESTATÍSTICA (CONT.)

A. Almeida 25 18 5 2 1796 15 10 0 7 0 0

Luisão 49 36 9 4 4433 49 0 6 4 0 0

Garay 49 36 9 4 4397 48 1 8 4 0 0

S. Vitória 5 3 1 1 392 5 0 0 1 0 1

Jardel 14 11 2 1 1093 12 2 0 3 0 0

Fejsa 27 22 3 2 2111 24 3 0 0 0 0

A. Gomes 23 17 4 2 1361 14 9 2 4 0 0

Lindlöf 2 1 0 1 118 1 1 0 0 0 0

Enzo Pérez 47 34 9 4 3695 42 5 5 13 1 0

R. Amorim 37 28 6 3 1902 21 16 0 7 0 0

B. Silva 3 2 0 1 31 0 3 0 0 0 0

Markovic 49 38 7 4 2844 30 19 7 3 0 1

Salvio 22 16 4 2 1116 12 10 2 4 0 0

I. Cavaleiro 19 12 5 2 856 9 10 1 1 0 0

Gaitan 43 31 8 4 3401 39 4 8 0 0 0

Sulejmani 26 16 7 3 1205 13 13 3 0 0 0

Djuricic 22 15 3 4 1064 14 8 2 3 0 0

Lima 51 38 10 3 3509 37 14 21 2 0 0

Cardozo 32 21 8 3 1827 21 11 11 0 0 0

Rodrigo 43 34 7 2 2726 33 10 18 4 0 0

Funes Mori 5 3 1 1 366 4 1 0 1 0 0

JOGADOR J V E D M T SU GM A AA V

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4. Enquadramento teórico

4.1 O treino do futebolSegundo Carvalho (1984), treino desportivo pode ser definido como um processo pedagógico complexo conduzido sistematicamente que, servindo‐se de diversos conteúdos (contextos de exercitação/exercícios), executados de acordo com os princípios gerais pedagógicos e os principais métodos de treino, visam alcançar objetivos previamente fixados.

4.1.1 Princípios do treino1:

• Princípio da individualidade: cada pessoa reage de formadiferente ao estímulo (sexo, idade, carga genética etc.);

• Princípioda continuidade:nomínimoduas a três vezesporsemana;

• Princípiodareversibilidade:separarmosdetreinaracondiçãofísica reverte progressivamente ao nível inicial;

• Princípio da adaptação: carga com alguma intensidade –recuperação–adaptação;

• Princípiodasobrecarga:aumentoprogressivodoestímulo

• Princípio da especificidade: as mudanças funcionais emorfológicas do organismo acontecem somente nos órgãos, células e estruturas que sejam suficientemente ativadas.

1 In Cerqueira, L. R. (2013). O treino do Futebol num paradigma de complexidade. Braga

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4.1.2 Especificidade da modalidade (futebol)

• AResistência específicado futebol: a capacidadedemanterum elevado nível de rendimento, num regime intermitente, durante o tempo relativo à duração do jogo (90) min. ‑FC média 170)

• AForçaespecíficadofutebol:capacidadederealizarcontraçõesmusculares concêntricas e excêntricas na luta permanente pela posse da bola e/ou obtenção do golo.

• A Velocidade específica do futebol: capacidade de executarações tático/técnicas com bola no mínimo tempo possível.

• AFlexibilidade específicado futebol: capacidadede realizarmovimentos dinâmicos de grande amplitude articular na ação direta sobre a bola.

No Futebol, o “rendimento desportivo” pode ser aplicado a inúmeros fatores, habitualmente denominados de “fatores de rendimento” e estão reunidos em dimensões que agrupam características de uma determinada grandeza a que a literatura habitualmente consagra em quatro dimensões: tática (estratégico); técnica; psicológica (emocional) e física (energético ‑funcional)2.

4.1.3 Periodização/metodologia do treino

Oliveira, J.G. diz que a periodização é um aspeto particular da programação, que está relacionado com o permanente desenvolvimento das capacidades tático ‑técnicas individuais e coletivas, com a lógica evolutiva dos esforços (treino e jogo) e das subsequentes adaptações do organismo do jogador e da equipa a nível tático, técnico, físico, cognitivo e psicológico. Também significa dividir em períodos mais ou menos alargados,

2 In Cerqueira, L. R. (2013). O treino do Futebol num paradigma de complexidade. Braga

BENFICA 13/14 · VISÃO SOBRE O MODELO DE JOGO E SUA OPERACIONALIZAÇÃO

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definidos cronológica e estrategicamente, em alguns momentos estandardizados, com objetivos específicos para facilitar a construção de todo o processo evolutivo de elaboração do treino e consequente rentabilidade competitiva.

4.1.3.1 Periodização convencional

O foco está na necessidade de atingir objetivos relacionados com qualidades ou capacidades físicas (resistência, força, velocidade, etc.), nos diversos períodos e fases.

Adota um período de preparação longo. Vê como imprescindível o período preparatório como base para toda a época desportiva. A preparação é dividida em duas grandes fases: a geral e a específica, sendo que a primeira serve de base para a segunda.

Relativamente ao período competitivo, este está dividido em 3 períodos: um primeiro de desenvolvimento e conservação da forma, um segundo de reconstrução da forma e por fim, um terceiro de conservação da forma. Carvalhal (2001) afirma que, a periodização convencional tem imperativamente que ser dividida em etapas, fases, ciclos (picos de forma), entre outros aspetos. As diferentes dimensões que nele interagem (tática, técnica, psicológica e estratégica), são estudadas de forma isolada.

Podemos então depreender que a Periodização convencional é baseada numa análise estritamente física e encara a preparação de uma equipa individualmente, caso a caso. Visa a melhoria das capacidades condicionais, pois a sua principal preocupação é a forma, mas sempre em termos físicos. O estado de forma procurado é essencialmente físico, (quantitativamente) (Oliveira, 2003).

4.1.3.2 Treino integrado

No treino integrado, o treinador procura recriar no treino determinados comportamentos que sucedem no jogo. Nesta metodologia de treino existe o fundamento de que a parte física

HUGO DIAS

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está aliada aos aspetos táticos e técnicos. Aqui, o equilíbrio entre a ligação destas partes do treino é realizado com base no critério do treinador.

De uma forma geral, no treino integrado são usados exercícios de futebol, pouco rigorosos, no que diz respeito ao modelo/ideia de jogo da equipa. No treino integrado a especificidade é a modalidade (futebol). Considerações sobre esta metodologia:

• Procura rentabilizar os aspetos técnicos no mesmo grau derelação com os aspetos físicos;

• Privilegiaacomponentetécnicaemdetrimentodatática;

• O período preparatório ainda assume importância comoalicerce do período competitivo;

• Procura essencialmente melhorar as capacidades físicas,melhorando a execução técnica.

4.1.3.3 Periodização tática

O foco da periodização tática é o jogar que se pretende que a equipa transporte para a competição.

A periodização tática foi desenvolvida pelo professor Vítor Frade em Portugal. Mais do que um modelo de periodização, a periodização tática é uma orientação metodológica. Aqui, sobrepõe ‑se o coletivo ao individual e não se planeia uma época desportiva, dividindo ‑a em diferentes fases. Na periodização tática, a única estrutura é o morfociclo que se rege por 3 princípios:

• Princípiodaprogressãocomplexa:paraFrade,V. (2013)estárelacionado com os vários fatores de complexidade com que a equipa progride/cresce na forma de jogar (distribuição semanal dos conteúdos, próxima equipa adversária, alteração na nossa equipa por alguma lesão ou castigo);

BENFICA 13/14 · VISÃO SOBRE O MODELO DE JOGO E SUA OPERACIONALIZAÇÃO

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• Principio das propensões: criar contextos de exercitaçãopropícios/orientados para aquilo que queremos atingir (Frade, V. (2013));

• Princípiodaalternânciahorizontalespecífica:paraMendonça,P. (2014) citando Tamarit, X. (2013) consiste em treinar sempre em função da especificidade (do jogar idealizado pelo treinador) sem estar no entanto no mesmo nível de especificidade. Ou seja, devemos treinar sempre o nosso jogar mas a diferentes níveis do nosso jogar, tanto a nível da contração muscular como da alternância entre princípios e subprincípios de jogo, para que se respeite a recuperação emocional e a recuperação do esforço/desempenho dentro das diferentes manifestações das contrações musculares.

Nesta metodologia de treino, é imprescindível que o treinador tenha uma ideia de jogo e que, para que seja mais fácil operacionalizá ‑la em contextos de exercitação, a organize de forma estruturada. O grande princípio da Periodização Tática é a especificidade da ideia de jogo.

Algumas considerações sobre a periodização tática:

• No período pré‑competitivo deve haver uma adaptação aoesforço (2/3 dias);

• Estabeleceacriaçãodeummicrociclopadrão(morfociclo);

• Independentementedehaverparagensnacompetição,apráticamantém ‑se sempre;

• Criaçãodecontextosdeexercitaçãorelativosàformadejogarpretendida;

• Jogadores disponíveis para treinar sempre em intensidade,assegurando a recuperação entre esforços;

• Terematençãoafadigafísicaeprincipalmenteafadigatática/emocional.

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JOG

O

FOLG

A

JOG

O

RecuperaçãoAtiva

SubPrincípios e SubSubPrincípios

de jogo

Complexidade baixa

Descontinuidade Alta

Subprincípios e SubSubPrincípios

de jogo com tensão da contração muscular

aumentada

Complexidade moderada

Descontinuidade alta

MacroPrincípios e SubPrincípios de jogo com duração

da contração muscular

aumentada

Complexidade alta

Descontinuidade baixa

Subprincípios e SubSubPrincípios

de jogo com velocidade da

contração muscular

aumentada

Complexidade baixa

Descontinuidade moderada

Recuperação / Ativação

SubPrincípios e SubSubprincípios

de jogo

Complexidade baixa

Descontinuidade moderada

D 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb. D

Microciclo com jogo de Domingo a Domingo

D 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb. D

Microciclo com jogo a meio da semana e sem folga

JOG

O

JOG

O

JOG

O

RecuperaçãoAtiva

SubPrincípios e SubSubPrincípios

de jogo

Complexidade baixa

Descontinuidade Alta

Recuperação / Ativação

SubPrincípios e SubSubPrincípios

de jogo

Complexidade baixa

Descontinuidade moderada

Recuperação / Ativação

SubPrincípios e SubSubPrincípios

de jogo

Complexidade baixa

Descontinuidade moderada

Subprincípios e SubSubPrincípios

de jogo com velocidade da

contração muscular

aumentada

Complexidade baixa

Descontinuidade moderada

RecuperaçãoAtiva

SubPrincípios e SubSubPrincípios

de jogo

Complexidade baixa

Descontinuidade Alta

4.2 Organização Estrutural da EquipaA estrutura é uma forma. O resultado desta estrutura deve ser ex‑pressado de acordo com uma dinâmica constante, variável e sem perda de funcionalidade. Estes aspetos são alcançados com a exis‑tência de subestruturas fixas e móveis. De uma forma simplificada, a subestrutura fixa é resultado da distribuição posicional dos jogado‑res na zona central. No que diz respeito à subestrutura móvel, deve ser entendido que esta é constituída pelos restantes jogadores e deve “girar” em torno da subestrutura fixa.

BENFICA 13/14 · VISÃO SOBRE O MODELO DE JOGO E SUA OPERACIONALIZAÇÃO

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Convém salientar que determinadas estruturas favorecem ou desfa‑vorecem um determinado estilo de jogo. Assim, torna ‑se claro que a escolha da estrutura tem de estar de acordo com a dinâmica coletiva que se quer impor.

A colocação dos jogadores onde o seu rendimento é superior tam‑bém influencia a dinâmica do tipo de jogo que se queira levar a cabo. Serão estas as condicionantes que irão beneficiar coletiva‑mente a equipa.

Torna ‑se evidente a importância que os treinadores têm ao conse‑guirem medir com sucesso as vantagens e desvantagens que cada estrutura possui para a concretização do jogar que foi previamente idealizado.

Mendonça, P. (2014) citando Cano, O. (2009) diz ‑nos que o nível estrutural da equipa é caracterizado pela colocação dos jogadores (espaços iniciais de intervenção de cada um deles), e a sua relação com os espaços dos restantes colegas de equipa em termos de lar‑gura e profundidade. Daqui nasce o número de linhas e a distri‑buição de cada jogador dentro dessas linhas, de acordo com a sua posição específica.

4.3 Modelo de JogoO modelo de jogo é tudo. Ao referirmos tudo, referimos com a consciência do impacto que esta afirmação tem. O modelo de jogo é a ideia de jogo inicial do treinador adaptado à realidade do clube onde está inserido.

Um treinador quando inicia um projeto deve ter a capacidade de analisar minuciosamente o contexto onde se vai inserir (país, re‑gião, clube, história, adeptos, jogadores, adversários, etc.) e, junta‑mente com a sua ideia de jogo inicial desenvolver um modelo de jogo que será concretizado respeitando todo este paradigma.

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O treinador possui, previamente, uma intenção daquilo que pos‑teriormente pretende operacionalizar (ideia de jogo). Esta deverá ser apresentada aos jogadores no início do processo (pré ‑época, partindo do princípio que o treinador inicia um projeto de raiz) para que eles, com tempo, se possam identificar com aquilo que será desenvolvido.

O modelo de jogo é a fotografia da realidade que queremos mode‑lar e será nesta modelação que haverá a aproximação entre o mo‑delo real (o que realmente acontece) e a ideia inicial do treinador (o que o treinador queria que acontecesse).

O modelo de jogo deve conter todas as fases do jogo: organização ofensiva, organização defensiva, transição ofensiva, transição de‑fensiva e esquemas estratégicos. Os MacroPrincípios, SubPrin‑cípios e SubSubPrincípios de jogo são aquilo que irá servir de orientação para o desenvolvimento de todo o processo e que irá culminar com o concretizar do jogar pretendido. Será desta for‑ma que será possível responder às exigências de todas as distintas fases de jogo.

Como tem sido referido, o Modelo de Jogo é resultado de um grande número de situações. Mas, o que será sempre determinante são as escolhas do treinador (relacionadas com a sua ideia de jogo, conceção de jogo, metodologia de treino, operacionalização do processo) e sua capacidade de criar uma ligação perfeita com to‑dos os fatores externos. Definitivamente, o modelo de jogo é tudo.

4.4 Princípios de JogoSão 3 os princípios de jogo:

• Princípiosfundamentais:

• Recusarainferioridadenumérica;

• Evitaraigualdadenumérica;

• Criarasuperioridadenumérica;

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• Princípiosespecíficosouculturais:

• Ofensivos(penetração;coberturaofensiva;mobilidade;es‑paço);

• Defensivos(contenção;coberturadefensiva;equilíbrio;con‑centração);

• Princípiosrelacionadoscomanossaideiadejogo:

• PrincípiosdaOrganizaçãoOfensiva:posseecirculaçãodebola com o objetivo geral de desorganizar e desequilibrar a estru‑tura defensiva do adversário com a finalidade de aproveitar essa desorganização para marcar golo;

• PrincípiosdaTransiçãoDefesa/Ataque:tiraraboladazonade pressão com o objetivo geral de aproveitar a desorganização defensiva da equipa adversária para criar oportunidades de golo (profundidade) ou para iniciar a organização ofensiva;

• PrincípiosdaOrganizaçãoDefensiva: defesa à zonapres‑sionante com o objetivo de condicionar, direcionar e pressionar a equipa adversária de forma a provocar o erro e ganhar a posse de bola;

• PrincípiosdaTransiçãoAtaque/Defesa:ataqueaoportadorda bola e espaço circundante com o objetivo de aproveitar a de‑sorganização ofensiva da equipa adversária para ganhar a posse de bola ou para iniciar a organização defensiva de forma coesa.

De uma forma geral, podemos dizer que os princípios de jogo são toda a nossa intencionalidade no que diz respeito à nossa ideia de jogo e sustentam os critérios adotados pelas diferentes escalas da equipa (individual, setorial, intersetorial e coletiva).

Para que mais facilmente seja possível operacionalizar a nossa ideia de jogo, os princípios de jogo podem ser hierarquizados em: MacroPrincípios, SubPrincípios e SubSubPrincípios de jogo. Estes últimos da hierarquia são aspetos que à partida desconhecemos e

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que vão aparecer com a dinâmica do processo em curso (a opera‑cionalização da nossa ideia de jogo).

4.5 As diferentes fases/ momentos do jogoÉ de uma forma totalmente aleatória que os diferentes momentos de jogo surgem. Neste sentido, um jogo de futebol é então cons‑tituído pela associação dos diferentes momentos do jogo. Mesmo com esta separação do jogo em diferentes fases, o treinador deve entendê ‑lo de acordo com a sua globalidade.

Os diferentes momentos do jogo são: Organização Ofensiva, Or‑ganização Defensiva, Transição Defesa/Ataque e Transição Ata‑que/Defesa.

A Organização Ofensiva refere ‑se aos comportamentos que a equipa assume quando tem a posse de bola e tem como objetivo preparar e criar situações ofensivas de forma a marcar golo.

Relativamente à Transição Defesa/Ataque, este momento refere ‑se aos comportamentos que se devem adotar no momento imedia‑to à recuperação da bola. São momentos de extrema importância, uma vez que, tal como na transição defensiva (Ataque/Defesa), as duas equipas encontram ‑se desorganizadas para as novas funções que têm de assumir e, por isso, podem aproveitar estes segundos cruciais para proveito próprio.

A Organização Defensiva são os comportamentos que a equipa assume quando não tem a posse de bola, com o objetivo de se or‑ganizar de forma a impedir que a equipa adversária prepare e crie situações de golo.

No que diz respeito à Transição Ataque/Defesa, este momento são os comportamentos que se devem adotar no momento imediato à perda da posse de bola. São momentos de extrema importância, uma vez que, tal como na Transição Ofensiva (Defesa/Ataque), as duas equipas encontram ‑se desorganizadas para as novas funções

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que têm de assumir e, por isso, podem aproveitar estes segundos cruciais para proveito próprio.