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Café-com-LetrasRevista Literária da Academia

de Letras de Teófilo Otoni

Nº 10 - DEZEMBRO/2012Publicação anual

Academia de Letras de Teófilo Otoni

Fundada em 20 de dezembro de 2002Rua Dr. João Antônio, 57, fundos - centro - Teófilo Otoni – MG - 39800-016Endereços eletrônicos: [email protected] - [email protected]

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente: Amenaide Bandeira Rodrigues (Licenciada)

Vice-Presidente: Elisa Augusta de Andrade Farina (Presidente em exercício)Secrerário Geral: Wilson Colares da Costa

Tesoureiro Geral: Leuson Francisco da Cruz

CAFÉ-COM-LETRAS: REVISTA LITERÁRIA DA ACADEMIA DE LETRAS DE TEÓFILO OTONI

Publicação anual

Particicpação: Membros da Academia de Letras e convidados especiaisDigitação: Prof. Wilson Colares da CostaRevisão: Profª Amenaide Bandeira RodriguesCapa: Matheus SerôaMontagem: Roberto AchtschinImpressão: Gráfica EXCLUSIVA

Os conceitos emitidos nos textos desta edição são de inteira responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente,

a opinião da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

Dona Didinha, a pescadora de sonhos!95 anos de vida

Escritora, poetisa, artista plástica, pianista, musicista, educadora e compositora

Nasceu nesta cidade em 24 de abril de 1917, teve a infância dividida entre a Fazenda “Bom Retiro” e o colégio interno. Estudou no Colégio Santa Clara, em Itambacuri e na Escola Normal e Colégio São Francisco, em Teófilo Otoni, onde em 1933, torna-se normalista.

Em 1956, diploma-se Pianista pelo Conservatório Brasileiro de Música, do Rio de Janeiro, foi uma das fundadoras de um Departamento do Conser-vatório Brasileiro em Teófilo Otoni. Lecionou por dois anos no Grupo Escolar Teófilo Otoni, atual Escola Estadual Clotilde Onofri de Campos. No início da década de 60, passa a ministrar aulas de Canto Orfeônico no Colégio São Francisco e de Educação Artística e Musical no Colégio Estadual, hoje Escola Estadual Alfredo Sá, onde se aposenta.

Dona Didinha, como é mais conhecida, é autora de um vasto repertó-rio musical e poético, além de ser autora do hino: Canção da Comunidade, dedicado ao município de Teófilo Otoni. Em 2002, participa da fundação da Academia de Letras de Teófilo Otoni, sendo titular da cadeira 8, tendo como patrono perpétuo, o seu pai Reynaldo Ottoni Porto (1891-1947), que foi um brilhante advogado, poeta e historiador deste município.

Pastor Hollerbach

Em 2012, comemora-se o 150º aniversário de sua chegada ao povoado de Philadelphia, hoje município de Teófilo Otoni

Nasceu em Wertheim, Baden (Alemanha), a 09 de outubro de 1835 e faleceu em Teófilo Otoni, a 10 de julho de 1899 Aos 23 anos de idade, preci-samente a 14 de agosto de 1853, troca a condição de professor auxiliar pela de estudante de Teologia, no Instituto Missionário de Basel.

Em 25 de agosto de 1861 foi ordenado pastor em Weikersheim e a 08 de fevereiro de 1862, numa cerimônia realizada na capela do Instituto Missio-nário de Basel era oficialmente confirmado como missionário para o Brasil.Em 23 de maio de 1862, chega a Philadelphia.

Durante os 37 anos que serviu à região, as suas atividades não se limi-taram à religião, atuando também como elemento propulsor de extraordinário trabalho de assistência social e educacional para a comunidade. Assim, logo ao chegar a esta cidade, funda o primeiro estabelecimento oficial de ensino (escola primária), onde ministrava aulas em alemão e português (escola bi-língue).

É patrono perpétuo da cadeira de número 22 da Academia de Letras e patrono da Educação do Município, conforme lei municipal 5.553, de 28 de dezembro de 2005.

SumárioApresentação - Wilson Colares da Costa.................................................... 7Quando fala o coração - Hilda Ottoni Porto Ramos .................................... 8Viver... por viver? - Amenaide Bandeira Rodrigues ..................................... 9Essência da vida: voltar-se para o outro - Elisa Augusta de A. Farina ...... 10Essência da vida - Wilson Ribeiro ............................................................. 12A Essência da vida - Ilda Maria Costa Brasil ............................................. 13O tapete amarelo - Marlene Campos Vieira .............................................. 14A essência da Vida - Sandra Ramalho de Oliveira .................................... 15Essência da vida - Antonio Sergio Torres Ferreira .................................... 17Transitoriedade, a essência da vida - Mauro Marques de Carvalho ........ 18Um soneto a Deus - Alhis Ribeiro ............................................................. 21A essência da vida - Rogessi de Araujo Mendes ...................................... 22A Essência da Vida - André Nascimento ................................................... 24Compromisso com a Vida - Flávia Assaife Campos de Almeida ............... 25Ciências X Religião - Helena Selma Colen ............................................... 26Sejamos rosas humanas - Leandro Bertoldo ............................................ 28A Essência da Vida - Guiomar Sant’Anna Murta ....................................... 30Quando quase perdi a essência da vida - Walter Teófilo Rocha Garrocho ........31Reflexões - Altamir Freitas Braga .............................................................. 32A Vida, ato de Amor - Neri França Fornari Bocchese ................................ 35A vida é muito mais! - João Carlos Tórtora .............................................. 37A essência da Vida - Lizia Maria Porto Ramos ......................................... 39Revivendo lembranças - Humberto Luiz Salustiano Costa ....................... 40A essência da vida - Jacqueline Aisenman ............................................... 42O potencial do povo brasileiro - Jotaerre................................................... 44Essência da vida - Maia de Melo Lopo...................................................... 46Importa viver - Lucas Kind do Nascimento ................................................ 48A essência da vida - Arnaldo Pinto Júnior ................................................. 49Essência da vida - José Moutinho dos Santos .......................................... 50A essência da vida - José Geraldo Silva ................................................... 52Pulsar - Helenice Maria Reis Rocha.......................................................... 53Amor-doação... A essência da vida - Egmon Schaper .............................. 54Um Pedaço de Amor - Norma Disney Soares de Freitas .......................... 55A essência da vida - Janeuce Cordeiro Maciel.......................................... 56A essência da vida - Therezinha Melo Urbano de Carvalho ..................... 58Utopia - Ailton Ferraz Silva ........................................................................ 60A vida é... - Tadeu Raimundo Laert ........................................................... 62Essência poderosa - Leuson Francisco da Cruz ....................................... 63

Quanto vale a VIDA? - João Batista Vieira ................................................ 65Sobre a essência da Vida - Clevane Pessoa de Araújo Lopes ................ 67Academia de Letras de Teófilo Otoni: Perfil, membros titulares, corresponden-tes, beneméritos, honorários, convidados de honra e patronos ............... 68

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Apresentação

Enfim, são 10 anos de circulação!

De uma simples publicação para marcar o surgimento da Academia de Le-tras de Teófilo Otoni, a Revista Literária Café-com-Letras ao longo de dez edições, tem contribuído significativamente para a preservação e divulgação da literatura local e regional.

O periódico destina-se, conforme previsto no Regimento Interno, a publicar matérias de caráter lítero cultural e, vem sendo editado regularmente desde a fun-dação da entidade, ocorrida em dezembro de 2002. A partir da edição de número cinco, passou a ser monotemático, ou seja, a cada ano, a diretoria escolhe um tema para ser debatido e registrado em suas páginas, tanto em prosa quanto em verso. Inaugurando essa nova fase, em 2007, a revista homenageou o Bicente-nário de nascimento de Theophilo Benedicto Ottoni, reafirmando a importância do homenageado, sobretudo, no processo de colonização do Vale do Mucuri com o surgimento de Philadelphia, que seria anos depois o Município de Teófilo Otoni; em 2008, o tema foi o 110º aniversário da chegada da Estrada de Ferro Bahia e Minas em Teófilo Otoni – a edição registrou a memória social e cultural com relação à presença dessa linha férrea no cenário do nordeste mineiro e o impacto com sua desativação, em meados dos anos 60, do século passado. Já em 2009, a cidade de Teófilo Otoni tem seus cantos, encantos e recantos registrados em suas páginas por meio de uma diversificada amostragem de pensamentos em relação a esta comuna mineira.

Dando continuidade a esse projeto, em 2010, homenageou-se a terceira idade com uma diversidade de textos que exaltaram a condição de ser idoso na sociedade contemporânea. Em 2011, destacou-se a figura feminina, a edição foi totalmente dedicada às mulheres e, para celebrar o jubileu de estanho: 10 anos de fundação da Academia de Letras, a presente edição tem como tema, a VIDA. Nada mais justo celebrar a vida, no momento em que a ALTO comemora sua pri-meira década de existência.

Parabéns a todos os acadêmicos e demais amigos da ALTO que no decor-rer desse tempo ajudaram a edificar esta agremiação literária. Continuemos juntos! Caminhemos...

Saudações acadêmicas,

Prof.Wilson Colares da CostaSecretário Geral

Academia de Letras de Teófilo Otoni

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Quando fala o coraçãoHilda Ottoni Porto Ramos*

Quando escrevo,Atiro-me no reino da fantasiaRegistro o que o pensamentofaz o coração sentir!...Procuro-me reencontrar, descobrirOnde andei perdidaNa floresta do passadoCinzas, simplesmente cinzas?Reminiscências!...Lembranças se perdemSem piedadeO evento impiedoso em louco rodopio vai levando ao esquecimentomomentos!...Naqueles momentosminhas limitações conseguem superar;descobrindo novas situaçõesque despertam emoçõesonde o presente se aproximandopossa dizer aqui estoudespedida de artifíciosdeixando o coração falar:letra por letrasão palavras: falam sentimentosVerdades guardadasem prosa ou versoSigo...Vivendo!...O passado se torna presentegirando de mãos dadasnas rodas vivas da vidaCantandocirandas da saudade!...

*Convidada de Honra e membro titular da cadeira 8 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Viver... por viver?Amenaide Bandeira Rodrigues

Afinal, por que vivemos? Melhor seria se perguntássemos: viver... para quê? Ou ainda melhor se aceitássemos a vida sem muitos questionamentos para os quais nunca temos respostas satisfatórias. De um jeito ou de outro, a vida está em nossas mãos, existimos e existiremos como seres pensantes até que outros vivam em nosso lugar; essa é a lei da vida, por mais que mil respostas sejam dadas, a realidade é uma só: a vida é única para cada um de nós e o que importa é como nós, seres humanos, conduzimos nosso modo de viver sem prejudicar o próximo, não deixando a “vida nos levar”, mas fazendo com que ela seja vivida em sua plenitude na direção que a guiarmos com determinação e segurança.

*Professora graduada em Letras e Pedagogia com Pós-Graduação em Língua Portuguesa. Presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni (licenciada), titular da cadeira 01.

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Essência da vida: voltar-se para o outroElisa Augusta de Andrade Farina*

A vida é como um romance. Está cheia de suspense. Você não faz ideia do que vai acontecer até virar a página. Cada dia é uma página diferente e pode estar repleta de surpresas. Nunca se vai saber o que virá a seguir até que a veja. Cada manhã é como uma sequência de uma virada da página seguinte de um romance. É emocionante sentir o prazer da página que você vai escrever a sua história. Pode acontecer alguma coisa maravilhosa ou não, vai depender do seu posicionamento frente aos obstáculos que decerto terão que ser enfrentados.

Somos seres incompletos, estamos em constante evolução. Nascemos indivíduos, mas a meta é alcançarmos a condição de pessoas. Nessa traves-sia o aperfeiçoamento sustentará os pilares que estabelecerão o conceito de pessoa a ser formada. Pois ser pessoa, nada mais é do que “dispor-se de si e dispor-se aos outros”.

Ao nos dispormos aos outros, fazemos uma interlocução entre o “eu” que me identifica e o “outro” para quem eu me volto. Ser sujeito refere-se à capacidade que o homem tem como ser humano de ser singular, pessoal, particular, reservado. Junta-se aos outros para compor o todo, não deixando de ser o que é.

Ser o que somos demanda cuidado, já que não é possível ser somente na solidão, necessitamos do encontro, pois a vida é feita desses embates.

Quando as pessoas possibilitam voltar-se para o outro, concretizam o ato de suas singularidades, permitindo que as mesmas se pluralizem, mis-turem e acima de tudo advenham daí as influências que demarcarão suas existências.

A dinâmica é estupenda, as nossas melhores amizades foram estabe-lecidas pela casualidade de encontros que se perpetuaram e nem por isso a nossa subjetividade correu o risco de ser diluída em função do outro.

O desafio é constante, a iminência do risco é real. Os inimigos também chegam pela força desses encontros, cabendo a nós perceber a veracidade ou não dessa nova abertura que se nos apresentam como nova forma de contato ou sua execração definitiva.

A facilidade de se perder a centralidade do nosso “eu” na pluralidade do mundo e na entrega do outro, é um risco que corremos a todo momento, pois nos falta a convicção que nos permitirá fazer essa análise, ou porque estamos nos firmando intuitivamente ou por conta de uma racionalidade exa-cerbada que tolda qualquer possibilidade que venha surgir.

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Cabe a nós acreditarmos no valor da nossa potencialidade de des-considerar pessoas que nos esmagam, que nos viciam, dos que pensam por nós, que nos roubam a nossa autonomia, fazendo-nos prisioneiros de nós mesmos.

Nós escrevemos a nossa história da melhor forma possível, oportuni-zar a todos, fazer parte ou não da mesma, vai depender de como estamos dispostos a permitir que invadam a nossa privacidade, deixando à deriva os nossos mais íntimos sentimentos.

Temos que ter a certeza de que nenhuma ansiedade ou sentimento menor vai prevalecer nesse compartilhamento de ideias ou ideais que es-tamos pontuando, antes de tudo, o que importa é a nossa integridade, é a nossa busca de bem estar, é o voltar constante do “eu” para o “outro”, per-passando todos os valores capazes de nos tornar pessoas melhores a cada virada de página do livro da vida. Só assim, alguma coisa maravilhosa pode acontecer em cada manhã da nossa existência.

*Graduada em Filosofia, Professora Universitária, escritora e Vice-presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 06.

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Essência da vidaWilson Ribeiro*

A raça humana é a única espécie no planeta terra capaz de refletir, pensar sobre suas ações e projetar os seus conhecimentos para uma vida melhor.

No entanto, não somos apenas seres pensantes, mas também somos seres ativos no meio em que vivemos, mantendo relações constantes não somente com nossos semelhantes e com todas as formas de vida existente.

Por meio de uma análise sobre a vida, devemos estar cientes das obri-gações e das cobranças da sociedade, avaliando e analisando com profun-didade o motivo de realmente vivermos, porque cada indivíduo possui expe-riências únicas.

Dentre as espécies na terra, talvez seja o homem o que mais bus-cou atribuir o sentido da vida, buscando incessantemente captar a es-sência de viver.

Qual relação entre nós os entes queridos, os amigos? Qual importân-cia da cultura de cada povo e o quanto ela pode interferir nas nossas de-cisões e conclusões? Em um tempo em que é possível avaliar a vida com mais tranquilidade e sabedoria, novas respostas surgem para o verdadeiro objetivo da existência.

Há quem afirme que a essência da vida está na capacidade de pensar e refletir sobre a própria existência, visando compreender certos mistérios que a envolvem, tais como: De onde venho? Por que estou aqui? Para onde vou? Quem sou eu?

Seus pensamentos são responsáveis por aquilo que você realiza, são eles que dirigem suas ações, determinam as oportunidades que surgem na sua vida e afetam as tentativas de você concretizar algo. Se você deseja mudar sua vida, deve alterar seus pensamentos. Para isso necessita saber quais as leis que os regem. Mas não é só isso: Você precisa focar nos seus objetivos de vida e não se deixar levar por distrações.

Muitas pessoas são movidas pelo mundo aparente, tornando-se prisio-neiras das ilusões mundanas, priorizando a matéria por entender que a felici-dade está associada à capacidade de possuir bens materiais transitórios.

Em suma, compartilho da ideia que o essencial da vida está na capaci-dade de direcionar os conhecimentos com intuito de proporcionar um mundo melhor para todos.

*Escritor, reside em Pavão/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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A Essência da vidaIlda Maria Costa Brasil*

Fim de tarde. Lá fora, a água cai torrencialmente. Em meu peito, triste-

za e dor. De meus olhos chovem desencantos e nostalgia. Os ruídos da chu-va e os das lágrimas confundem-se, um misto de melancolia e solidão. Em meu peito, uma energia estranha, sufocante e forte. Acredito serem partes de minhas inquietações que, após algum tempo reprimidas e sufocadas, rom-pem suas represas e se aventuram por caminhos entremeados por medos e por incertezas. O momento é de muita ansiedade e de busca. Corro atrás de uma verdade que não sei identificar e tão pouco explicar.

Não há espectadores, apenas eu e meu desconforto emocional repen-tino. Embora com os olhos lacrimejantes, amedrontada e apreensiva, procuro arrancar de mim este mal estar. A vida é efêmera, complexa e frágil. As mi-nhas sensações e emoções estão desordenadas. Não é possível entendê-las e, contrapondo os conflitos de minh’alma, está o Criador a regar a natureza e a semear a esperança de dias vindouros. O que está acontecendo? Estarei eu não sabendo lidar com os diferentes núcleos das minhas emoções?

Uau! Que trovoada estridente! Chuva, lágrimas, relâmpagos... E, como nos contos de fadas, o cenário se transforma. Desaparece a melancolia e surge uma alegria contida de menina sedenta de afeto e de carinho.

Com serenidade e com calma, olho para o infinito e, num curto espa-ço, vejo-me a brincar na chuva quando garotinha. Levanto-me do sofá e vou à porta que dá para o pátio. Paro e olho para o céu carregado de nuvens negras e deixo-me envolver pela chuva que cai. Nesse momento, lembranças e vivências da infância afloram. A garotinha sente-se dona de belíssimos so-nhos e de fantasias; no entanto, a mulher madura, que ali está, encontra-se só e muito triste.

Continuei, por algum tempo, sem saber explicar e definir meus sen-timentos; era incapaz de compreender o que estava acontecendo comigo. De repente, uma força interior diz-me para agir e, a passos lentos, deixo-me levar pela menina que renascera há poucos minutos. Sorrindo, corro para a chuva.

À proporção que a água cai sobre o meu corpo, reencontro a essência da vida.

*Reside em Porto Alegre/RS. Formada em Letras: Português-Inglês; Pós-Graduada em Recursos Hu-manos para Administração e Supervisão de Escolas, na PUC-RS, é membro correspondente da Aca-demia de Letras de Teófilo Otoni.

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O tapete amareloMarlene Campos Vieira*

Chego na janela e vejo o tapete amarelo.Fico ali parada, viajando no tempo. Meus olhos fixos no tapete de flores amarelas que a árvore da casa ao lado floriu e se cobriu, despejando pétalas na frente da minha janela.

Por certo é um presente, uma declaração de amor da natureza cobrin-do exatamente o meu lugar, o nosso lugar: o universo.

Estar ali na janela fazendo minhas viagens interiores, correndo pelos jardins suspensos da Babilônia, deitada no tapete amarelo é tudo que faço ao acordar. Muito colorido sem nenhum borrão, arte do artista divino de imensa imaginação.

Logo bem cedo pássaros cantam pulando de galho em galho celebran-do um novo dia. As abelhas trabalham incansáveis, são flores incontáveis para extrair o mel. Essa é a essência da natureza: fechar os ciclos, encerrar os capítulos, esquecer-se do inverno e viver a ardente primavera.

Assim vou cultivando meu interior, namorando o tapete amarelo, agra-decendo ao artista maior que com esmero o produziu.

Parece tão inacreditável que o vizinho plantou uma árvore e ela vez um tapete para mim. Que majestoso! Todos que passam por ali também podem pensar assim. Vou viver o amarelo, é a alegria da cor, fotografar em minhas pupilas esse acontecimento inesquecível. Fazer uma gravação no CD da mi-nha memória e passá-lo sempre, ouvindo o cantar alegre dos pássaros na árvore amarela.

Penso no hoje, no agora, na minha alma colorida de um amarelo vi-brante, o amanhã fica a cargo do artista e seu pincel mágico. Viver é se refa-zer sem medo de ser feliz, então o inesperado acontece e aparece um tapete amarelo na sua janela.

A natureza convida: fechar os ciclos, abrir-se ao novo, voar no ta-pete amarelo...

*Educadora, escritora e membro titular da cadeira 29 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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A essência da VidaSandra Ramalho de Oliveira*

Todos nós buscamos a felicidade, mas poucos sabem como ela é conquistada. Não se compra felicidade. Ela brota em nosso coração, pois é fruto de uma consciência tranquila, pura e amorosa. É a nossa essência espiritual.

No mundo atual, a sociedade nos leva a procurar o prazer e a riqueza. O sistema econômico tem semeado erros sucessivos. Sua es-trutura, apesar da grande evolução tecnológica, está formando homens solitários, gananciosos, egoístas e ambiciosos.

A sociedade doentia valoriza sempre o ter e não o ser.O sistema de valores se baseia em ilusões, falsidades, fazendo-

nos acreditar que a riqueza supre qualquer necessidade. Mas a fonte da riqueza é a consciência equilibrada.

A vida é um processo de evolução, é o leme que conduz nosso barco rumo à felicidade.

O desenvolvimento mental e espiritual é determinante para se ad-quirir a sabedoria, que é a verdadeira fonte da felicidade.

“Sabedoria não se acha em livros e sim na arte da observação de cada detalhe da vida” (autor desconhecido).

Todas as observações nos remetem ao Criador.Certamente a vida foi criada com um propósito. Se pensarmos bem

sobre isso, acharemos os meios de vivê-la plenamente e descobriremos a missão que temos de cumprir para construir um mundo melhor.

O que realmente importa é aprender a amar e compartilhar esse sentimento com os nossos irmãos.

Cultive virtudes nobres como a humildade, compaixão, justiça, sin-ceridade, harmonia, misericórdia e promoverá a paz.

O crescimento espiritual nos dá a dimensão do profundo, aprimora nosso sentimento, acende nossa luz interior.

Desperte o coração e o espírito e sentirá o vínculo que tem com a vida.

Alice Miller diz: “O espírito humano é indestrutível e sua capacida-de de se erguer das cinzas persiste, enquanto o corpo respirar.”.

Encontrará a paz interior e conseguirá controlar a mente provocan-do uma mudança no comportamento.

A vida sem objetivo espiritual torna-se vazia.Despertar a espiritualidade é retornar à força primordial do univer-

so... DEUS. É fazer desabrochar o entendimento do porquê e para que

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fomos criados.Descobrir a essência da vida é o fundamento de todo o ser e para

isso, basta-nos refletir sobre a sublimidade e a perfeição da natureza. É ela com certeza que nos levará ao encontro do Criador.

Assistente Social. Atualmente desenvolve trabalho voluntário do Núcleo do Câncer aplicando REIKI em Caratinga/MG. É membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Essência da vidaAntonio Sergio Torres Ferreira*

...Quando os fatos sobrepõem a razão,a vida explana ao olhos o delongar do tempo,onde questionamos o certo e o errado,contingenciando os sentimentos,explodindo do peito.

Maximizamos a dor, multiplicamos o amor, afloramos todos os sentimentos até os mais vulgares, já não nos permitimos o doce olhar de uma criança, desfiguramos em auto retratos, a árvore da vida.

O vento, que sempre embalou,os sonhos de todos os “ICAROS”,traz o perfume das manhãs,das ensolaradas e doces primaveras.

O néctar, do mel da vida, é vivenciar as experiências, colhendo a sabedoria da mãe natureza, que quanto mais a maltratamos,nos premia, com as mais belas e singelas maravilhas.

Definirmos o bem viver,não é tarefa de todo dia,é a constante e incansável busca,dos poetas,compositores,idealizadores,é simplesmente a essência da vida...!

*É membro titular da cadeira 21 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Transitoriedade, a essência da vidaMauro Marques de Carvalho *

Observando os mitos sobre a criação do mundo e o surgimento da hu-manidade, percebemos que existem certos traços em comum, em particular a noção das ‘trevas primordiais’, a partir das quais teriam se originado a luz e o dia (o Sol).

Além disso, a maioria dos mitos afirma que a vida teria se originado do mar, ou da ‘água primordial’, cuja existência seria anterior à luz. Desse modo, tudo o que surgiu estaria numa relação ‘filial’ com a escuridão e com o mundo aquático, também referido como o Abismo, ou Caos inicial.

Portanto, a ‘escuridão primeva’ é identificada com o ‘mar primordial’ e, em última análise, com o caos inicial e com o ‘abismo’ (identificado com o mar, que guardaria um mistério em suas profundezas).

Outro ponto comum a todas as mitologias é a associação do Céu (ou Firmamento) com o mundo das divindades (seres espirituais superiores), e da Terra (o mundo material) com os seres inferiores.

É também um tema recorrente, embora não seja unânime, a presença de uma substância ‘anterior à existência’, que teria sido, não exatamente criada, mas organizada pelo Criador, ou ‘Demiurgo’.

A maioria dessas explicações tem caráter religioso.Impossível afirmar com certeza como surgiram as religiões, uma vez

que, quando elas surgiram, o ser humano ainda não havia dominado a escrita e, por isso, não há registros totalmente confiáveis dos acontecimentos. O que se sabe com certeza é que os sistemas religiosos sempre influenciaram em grande parte a vida social de todas as civilizações conhecidas.

Os primeiros a questionarem as explicações religiosas para os acon-tecimentos do mundo parece terem sido os helenos que, em determinado momento, passaram a buscar explicações racionais para os fenômenos da natureza, em lugar das explicações mitológicas.

Chama a atenção no pensamento desses primeiros ‘físicos’, ou ‘filóso-fos da natureza’, o acentuado materialismo, tendência que desde então vem se confirmando no mundo ocidental, que parece negar qualquer possibilidade de existência, digamos, espiritual. Porém, seu pensamento era profundamen-te influenciado pela religião na qual eles foram criados.

Em outras palavras, os filósofos helênicos herdaram da antiga tradição religiosa diversos conceitos, dentre os quais a personificação das divindades. Assim, a amizade (ou amor), e o ódio (ou discórdia), presentes na filosofia empedocliana, eram, na verdade, os deuses Eros e Eris, personalidades res-ponsáveis pela união ou desagregação das coisas existentes.

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Dentre os filósofos havia, inclusive, alguns para quem os objetos ma-teriais constituíam o ‘não-ser’, enquanto os verdadeiros seres pertenceriam ao mundo espiritual. Dentre esses, destaca-se Platão, para quem o mundo material é apenas ‘uma sombra’, uma cópia das coisas existentes num mun-do melhor, de onde tudo proveio, a que ele chamou ‘mundo das ideias’ (ou ‘formas primordiais’).

Isto se reflete na Ciência, que até agora não conseguiu dar uma ex-plicação estritamente material para a existência do cosmos. Por mais que possamos regredir até um big bang ou um buraco negro, sempre restará a pergunta: Sim, mas como isso pode acontecer? De onde veio esse buraco negro e a matéria que ele atraiu para gerar a grande explosão?

Em outras palavras, “o mais antigo que se conheça não é o primeiro que tenha existido”. E isso nos levará sempre a buscar a resposta no mundo celestial, quer dizer, numa divindade que não teve começo, embora essa ideia seja extremamente difícil de aceitação entre nós, acostumados ao nos-so mundo de causa e efeito.

Na realidade, a noção de um Ser Supremo, de natureza espiritual, con-trabalançando a concepção materialista do universo vem permeando todo o pensamento ocidental, desde os primeiros filósofos. Desde então até os dias atuais, a explicação religiosa, ou espiritual, tem sido a mais racional, por mais irracional que possa parecer. Até mesmo nisso o nosso mundo é dual!

De modo que a maior contribuição da filosofia, nesse terreno, parece ter sido a noção de uma divindade única, um Ser Supremo, independente-mente dos vários nomes que lhe possam ter sido atribuídos: seja o Nous de Anaxágoras, o Demiurgo de Platão, ou o Primeiro Motor de Aristóteles, a ver-dade é que a filosofia, apesar de todo o materialismo que lhe é concernente, legou-nos, por assim dizer, a ideia de um Deus único. Para Xenófanes de Colofon, por exemplo,

Há um Deus acima de todos os deuses e todos os homens. Nem sua forma nem seu pensamento se assemelham aos dos mortais. Historicamen-te, tanto os hebreus quanto os helenos sofreram forte influência da cultura egípcia que, por sua vez, deriva da cultura mesopotâmica. De modo que Babilônia ou, ainda mas remotamente, a Suméria, pode ser considerada a ‘mãe’, a origem de toda a cultura ocidental e médio-oriental, judaico-cristã, disseminada pelo Império Romano (lembrando que o termo ‘cristo’ é de ori-gem helênica).

Por outro lado, confirmando a dualidade desse mundo em que vive-mos, encontramos no Oriente a oposição ao materialismo ocidental, expres-sa principalmente no pensamento hindu.

Quanto ao sistema filosófico chinês, este não é, afinal, tão diferente da abordagem grega, ocidental. Parece-me que a principal diferença está na maneira de expressar as opiniões, isto é, na linguagem utilizada, e não nas

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conclusões em si.Finalizando o nosso pequeno ensaio, podemos concluir que todo o

pensamento humano − religioso, filosófico e científico − vem evoluindo ao longo da história.

Isso é mais evidente no mundo ocidental, por mais bem documentado, podendo-se acompanhar a sua evolução, a alternância de opiniões, os sin-cretismos e separatismos etc.

O pensamento oriental, por outro lado, é pouco documentado e, além disso, mais conservador, modificando-se e diversificando-se muito pouco ao longo do tempo.

Talvez o grande problema seja o de tomarmos por certas e definitivas simples suposições, e moldarmos nossas vidas por elas, como se fossem a verdade suprema.

Uma das características de nossa Ciência é o fato de que as grandes verdades de ontem são objetos de riso na atualidade.

Isso leva-nos a crer que, da mesma forma, aquilo que temos agora por verdade absoluta, em breve será superado.

Desse modo, acredito ser por demais importante aceitarmos o fato da transitoriedade do conhecimento, assim como da vida. (Mesmo que esta pos-sa, de algum modo, continuar após a morte...)

*Médico, escritor, reside em Manaus/AM, é membro correspondente da Academia de Le-tras de Teófilo Otoni.

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Um soneto a DeusAlhis Ribeiro*

A essência da vida: virtudes e sentimentos Em torno de um santo amor imenso Que moldou a terra, o céu, o sol intenso,E as coisas que brotam ressentimentos.

Essenciais somos quando há alguma essência No ventre de nossas almas sofridas E que vem a nascer renovadas vidas Que não venham cair no poço da demência.

Onde os falsos opulentos vivem atordoados.São eternos descobridores do nadaE surdos aos sons dos gritos esperançados .

Deus é a árvore frutífera que há em mim,Seus frutos nutrem a essência De toda a minha vida até o fim.

*Universitário do curso de Tecnologia em Radiologia/Fategídeo-Teófilo Otoni/MG.

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A essência da vidaRogessi de Araujo Mendes*

Invisto na meditação do que vejo a minha frente, pouco distante, um pé de cajá, aparentemente sem vida, desfolhado completamente; galhos retor-cidos; denodo de morte. A essência da vida daquela árvore, o que a mantém viva, são às suas raízes que, adentraram à terra; canais de alimento e, sobre-vivência da mesma, tal ruptura seria morte iminente.

O pé de cajá está firmado em suas raízes, por assim está, no tempo determinado morrerá, em pé.

Em síntese: a preservação de nossas raízes – a ética e a moral –; o respeito concernente ao alheio evidencia a essência da vida, vital para um mundo melhor – o amor. Dele surge a multiplicidade de sentires – raízes fluentes de uma maior.

A ruptura desses marcos antigos1, ou, raízes, evidenciados, através da “educação” moderna, constrange-me. A abertura demasiada que os jovens vivem nos dias atuais, tende a degenerar-lhes o caráter. A moderação traz o equilíbrio em todas as áreas de nossas vidas. Fui partícipe de um diálogo, há pouco tempo, com um senhor desconhecido, até então, mas que estava sedento por um desabafo; estávamos em um consultório médico – na sala de espera – quando, aquele pai iniciou a conversa:

– Comumente, levo o meu filho, Marcos, ainda adolescente, à escola; moramos distante, temos que usar o nosso carro; continuamente escuto as suas murmurações – finjo não entender o óbvio – tentando-me convencer a deixá-lo seguir, precocemente, só. Pensa estar crescido, não quer ser visto pelos colegas, em minha companhia, ou, em companhia da mãe; não permi-te abraços, diz não querer “pagar mico,” devemos isso à modernidade, não é mesmo? Isso me entristece... Porém, algo tem mexido comigo: observo, sempre, um jovem, mais ou menos da idade do meu filho que, todos os dias, sentado na murada perto do portão de entrada da escola; quieto e solitário, nos olha de um jeito... Se o olhar insistente do garoto chama a minha aten-ção, mais ainda é o fato de ele, entrar logo após o Marcos.

Imagine que, ontem, quando fui buscar o meu filho, à saída da escola, encontrei-o com um olho roxo. Fui à secretaria me informar sobre o ocorrido, a diretora falou-me:

– Na hora do intervalo, um coleguinha do Marcos perguntou-lhe o mo-tivo de ele se esquivar dos pais e, entrar apressadamente na escola... Ele respondeu-lhe que não era criança que, os pais eram “um saco...” O garoto respondeu ao seu filho: – Bem que eu queria os dois sacos que você joga fora todo dia! Queria ser abraçado, beijado; não andar tantos quarteirões, pra

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chegar à escola; você não merece os pais que tem! – Ouvi em silêncio o desabafo daquele senhor... Enfim, falei: amanhã é

um novo dia, espero que o garoto esteja no mesmo lugar...

1 – (... Não remova os marcos antigos...) Pv 23:10. Hermeneuticamente falando trata-se de não remover os limites de terras antigas, nem invalidar o campo dos órfãos.

*Educadora e escritora. É membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.Reside em Recife/PE

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A Essência da VidaAndré Nascimento*

Essência tem a ver com as propriedades imutáveis de alguma coisa. E sobre a vida não podemos afirmar muita coisa, a não ser que ela é bela e misteriosa. Sobre a essência da vida então podemos dizer que seja essa propriedade singular que temos os seres humanos de viver e julgar se isso é uma dádiva ou um castigo, dependendo do ponto de vista.

Segundo Einstein “Há duas formas para se viver a vida: Uma é acre-ditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre”. Por isso dependemos do ponto de vista de cada vivente, ou “sobre-vivente”, se for o caso.

A lindeza ou o horror que há em viver vai depender de cada um de nós pelo fato de sermos seres únicos, peculiares, e termos experiências também únicas, porém diversas a respeito dessa grande aventura que se chama viver.

Sendo assim, acho que seria conveniente concordar com Einstein, já que a vida, essa aventura tão louca e individual, mesmo com as tris-tezas e percalços, deve ser entendida como um presente. Deve ser ab-sorvida como um sublime milagre e vivida com esperança e amor. Esse presente deve ser vivido intensamente, enfrentando as adversidades e saboreando as alegrias.

*Escritor e Professor de Língua Portuguesa - Teófilo Otoni/MG.

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Compromisso com a VidaFlávia Assaife Campos de Almeida*

Comprometo-meTodos os dias refletir sobre o caminhoOlhar o sol e sentir-me energizadaOlhar o mar e perceber que as adversidadesSão como o ir e vir das ondas que quebram na areiaOra serenas e tranquilas outras agitadas e revoltasMas sempre quebram na areia...

Comprometo-meA ouvir o cantarolar dos pássarosA sentir o perfume das floresA beleza dos jardins

Comprometo-meA olhar o próximo com respeitoA não fazer maledicênciaA lembrar que tudo tem ação e reaçãoQue comportamento gera comportamento

Comprometo-meA tentar perdoar as injustiçasA tentar diminuir a violênciaA fazer a minha parte no ciclo da vida

Comprometo-meA enfrentar os obstáculos com coragemA superar a dor e a mágoa com perdãoA enxugar as lágrimas com o sorrisoA olhar as adversidades como oportunidades

Comprometo-meA ser eu mesma em sua essênciaA evitar as máscaras que a vida ofereceA compartilhar o caminho com outrosA simplesmente viver...

Comprometo-me.

* Escritora, Consultora Organizacional e Professora Universitária, reside no Rio de Janeiro é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Ciências X ReligiãoHelena Selma Colen*

Durante uma reunião realizada em nossa escola, o diretor pediu ajuda aos professores para a realização de um desfile cívico em nossa cidade. Quando o nosso grupo decidiu quem iria participar e como seria o desfile, ficou decidido que o tema seria:”Ciências X Religião”. Logo em seguida começaram os comentários, um opina daqui, o outro dá outro palpite dali, quando finalmente chegaram a um consenso ouviu-se um ruído um pouco insistente e um lacaio tendo em uma das mãos um cajado bateu várias vezes no chão e anunciou:

_“Sua majestade: D. Pedro de Alcântara Francisco Antonio João Carlos Xa-vier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.

Nosso diretor muito pacientemente tentou explicar-lhe;_“Majestade! Eu pedi apenas uma comemoração! Um desfile!” não vejo

motivo para o senhor encontrar-se tão nervoso!Outra professora do nosso grupo tentou argumentar:_“D. Pedro! Nós estamos apenas tentando obter as respostas.D. Pedro que

parecia cansado exclamou:_“Foi procurando as respostas que bradei:”_“Independência ou morte”!_Novamente o lacaio batia com o bastão:_“Sua Majestade está a se retirar”. Todos naquele recinto emudeceram de verdade, mas continuaram a prepa-

rar os passos, as vestimentas e os ensaios para o dia do desfile.No dia 07 se setembro de 2012 teve início ao desfile cívico com todo o

aparato que o dia pedia. Em frente ̀ a escola, todos aguardavam ansiosos debaixo de um sol escaldante.Na frente, as bailarinas com suas roupas pretas e vermelhas com detalhes dourados que sob os raios do sol cintilavam como ouro e pedrarias. Logo após as bailarinas, o bloco dos professores representados pelos alunos, pro-fessores que haviam trabalhado pelo bem do município. Em seguida lá estava ele “O PELOTÃO.” Que era composto por:dois alunos semi-nus, belos representantes dos dois sexos, um homem que levava o barro que lembrava que o homem havia sido por ele formado, um padre e um pastor que mostravam a repressão da Igreja sobre a sociedade, uma mulher, tendo uma serpente enrolada ao corpo,recordava a todos que Eva havia sido tentada por ela, outra mulher levava na mão uma proveta e na outra um bebê que lembrava a evolução da ciência ao mostrar ao mundo o 1˚ bebê de proveta ,uma mulher grávida mostrando a criança em forma-ção dentro de outro corpo, quatro moças levavam as letras iniciais das palavras do DNA,(guanina, citosina e adenina) um cartaz com o desenho do mesmo na cadeia

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evolutiva, belas moças levavam as letras que representavam a formação da mes-ma e suas bases nitrogenadas, um pequeno macaco lembrava a possibilidade de ser o homem descendente daquele mamífero, dois alunos com uma faixa com os dizeres: “Não são as respostas que movem o mundo e sim as perguntas”

A marcha continuava e somente se ouviam os passos cadentes dos alunos e as batidas da fanfarra, que em uníssono acompanhavam os passos dos alunos. Passaram pela praça próxima da escola e desceram em direção ao centro da cida-de, o povo aplaudia com bastante entusiasmo mesmo não compreendendo muito tudo que estava sendo apresentado.

Ao atingir o ponto máximo das expectativas dos organizadores, o enorme grupo aproximava-se do palanque, onde o diretor da escola explicava com um misto de paciência e entusiasmo.

_“Agora! Estamos apresentando o pelotão” Ciências X Religião” esses dois alunos com folhas de parreira lembram Adão e Eva no paraíso, teriam mesmo cometido o pecado de comer a maçã? E o homem com o barro? Somos realmente o resultado final de um trabalho com ele? E a serpente? Eva foi realmente tentada por ela? E a voz continuava formulando perguntas. E o DNA, guarda todas as heranças genéticas?

Naquele momento D.Pedro aparece com sua comitiva e dirigindo-se aos organizadores do pelotão indaga:

_E a essência? Vós a encontrastes ? João Victor, aluno do 1˚ ano, responde para aquela figura naquele momento tão emocionante e necessária:

_Está aqui no meu bolso. Já borrifei em mim e em todos os meus colegas, estamos todos perfumados. D.Pedro quase o fuzilou com o olhar:

_Estou a falar ó gajo, da outra essência! “a da vida” aquela que formula perguntas, que é motivo para pesquisas, da qual nascem as inquisições e os de-bates, que nem todos os filósofos do mundo conseguem explicar e que nem toda a tecnologia dos dias atuais consegue desvendar.

Percebendo a perturbação dele uma professora e outra se entreolharam e arriscaram a dizer:

_Senhor! Não obtivemos ainda as respostas, mas continuaremos a procu-rá-las, vamos aguardar. Ele respondeu entre os dentes:

_Não antes de mim, é claro.Naquele momento, os alunos saíram atrás dos professores que distribuíam

o comprovante do desfile, e que garantia para todos os participantes o direito aos pontos pela participação.

*Professora e escritora, reside em Ladainha/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Sejamos rosas humanasLeandro Bertoldo*

Definitivamente a vida é algo que merece ser celebrado. Acontece que, culturalmente, fomos ensinados a lutar contra o negativo, tanto pessoal quan-to coletivo. Pense nas vezes quando você era criança e ao se aproximar de uma pessoa na rua foi severamente punido com a frase: “não converse com estranhos, é perigoso!” E como isso fez com que se tornasse uma pessoa egoísta, fechada em si mesma e com muito medo do novo. Ou seja, o ser hu-mano, que é o nosso próximo a quem devemos “amar como a nós mesmos”, virou o nosso pior inimigo... Muitas vezes não deixo minha filha conversar com estranhos. Também faço parte dessa síndrome coletiva do medo e do abandono. Estamos falando de raízes profundas em nossa psique que não se desfaz de uma hora para outra. Mas devo dizer, é preciso repensar.

Não raramente somos assolados por sentimento e pensamentos con-fusos repletos de estagnações energéticas de baixa frequência que nos apri-sionam em estados mórbidos. Por mais que tentamos sair, há uma parte de nós que insiste em ficar e, muitas vezes, essa parte é mais poderosa e, assim, ficamos prostrados à mercê do que não queremos, pelo menos cons-cientemente. Mas nosso inconsciente é formado por sensações que muitas vezes desconhecemos e são elas que nos mantêm inativos. Essa inatividade dá espaço para o negativo que, não encontrando a resistência adequada, se instala em nosso ser e nos faz direcionar nossas ações de forma às vezes inadequadas contra os outros e contra nós mesmos. Neste ponto, o que nos é de maior valor – a vida – começa a perder o sentido e, se não cuidarmos ca-rinhosamente da questão, iniciamos um processo sabotador de nossos pró-prios desejos, fé, amor, alegria e mergulhamos em um mar de lamentações. A vida, assim, se torna um fardo e, ao invés de celebração, passamos a viver um grande tormento. Claro: Não é isso que queremos.

É bom que saibamos que todos nós expressamos estes sentimentos em maior ou menor grau. Tristeza, frustração, decepção são sentimentos na-turais; o que não é natural é permanecer com eles para sempre. Aliás, faz parte de nossa construção como seres em evolução, saber lidar com eles. Se a vida fosse um bem o tempo todo não haveria crescimento e, curiosamente, tudo seria sem sentido. Olha que coisa maravilhosa! Há positividade nos sen-timentos negativos, desde que transmutados. E como fazemos isso? Devo dizer que a simplicidade do entendimento não condiz com a complexidade da ação. Não podemos nos iludir, não é fácil. Trilhar este caminho foi o motivo de vida de muitos mestres, de muitos sábios por gerações inteiras. Porém, isso não deve e nem pode nos desestimular de nos atrelarmos aos mesmos

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ensejos, afinal, somos todos feitos da mesma essência amorosa e sábia e, portanto, temos a mesma capacidade de acesso.

Não se trata aqui de um manual ou de uma cartilha passo-a-passo. Somos seres livres e com grande capacidade individual de encontrarmos o caminho de casa. Cada um de nós está apto a isso, mas se olharmos com um pouco de cuidado e esmero, perceberemos que seja qual for o caminho escolhido há a presença de algo em comum, ou seja, a prática do oposto, isto é, se está triste, pense em alegria; se está doente, pense no alívio. Antes mesmo de tomar um posicionamento quanto a isso, pense ou lembre que eu não disse que seria fácil. Agir assim requer empenho, muita vontade, perse-verança e uma fé inabalável no grande processo da vida.

Assim, escolha pensamentos que o façam feliz. Faça coisas que o dei-xem feliz. Esteja com pessoas e em lugares que o façam se sentir bem. Se isso, por alguma razão, não for possível, imagine-se sendo um jardim rodeado de flores por todos os lados. Cada flor é um aspecto positivo de sua vida, de sua potencialidade como ser humano perfeito e pleno. Não sucumba à tenta-ção de relacionar perfeição com seu estado físico. Perfeição é muito mais do que isso, perfeição é estado transcendental e você é um ser transcendente, mesmo que não saiba disso. Abra espaço e crie novas experiências afirman-do positivamente o que você quer absorver desta vida. O subconsciente é a terra, o que você emite em forma de pensamento é a semente, sua palavra é o adubo que faz brotar a felicidade. Isso tudo, em uma palavra, chama-se essência. Por isso, lembre-se: Quando deixamos que a essência penetre em nossas vidas e em nossos corações, passamos a exercer, independente de quaisquer situações, uma verdadeira oração dinâmica absolutamente autên-tica e silenciosa, o que fortalece ainda mais a sua abrangência e, assim, nos transformamos. Mire-se no exemplo da rosa segundo a célebre frase do poeta e filósofo Angelus Silesius: “A rosa não tem porquê. Floresce porque floresce. Não cuida de si mesma. Nem pergunta se alguém a vê”. Ou seja, ela simplesmente é. E isso é tudo. Está nela toda a essência da vida numa virtude inabalável. Portanto, sejamos assim. Sejamos rosas humanas.

* Professor e escritor, reside em Padre Paraíso/MG. É membro correspondente da Acade-mia de Letras de Teófilo Otoni.

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A Essência da Vida(visão clássica)

Guiomar Sant’Anna Murta*

Suponho ser talvez da vida a própria essência,o movimento em si, só isto: movimento.A ânima que tem o sumo da existência

vem da moção de Deus, é da vida elemento.

Se Deus falou, soprou, ao criar a vivência,o movimento fez (bastando pensamento)...

Assim, o Criador, em sua sapiência,mistério revelou: mover-se é fundamento.

Se faz, ao se mover, o ciclo evolutivo...Pulsar é próprio dom do ser vibrante, vivo,

tal como o orbital trajeto dos planetas.

Também inspiração se move, sutilmente,pulsando a ritmar o coração e a mente,

no verso que traduz a essência dos poetas.

A Essência da vida(visão moderna)

Se penso, logo hesito...penso o logos

e o mitoà procura da essência.

Penso, logo insistoem ousadia.

Se existo,há movimento...Sempre tentoser poesia,na cadência

do meu verso!Cópia da sintonia:

Vida-Essência-Universo.

*Professora universitária aposentada, assistente social aposentada. Função atual: conta-dora de histórias.

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Quando quase perdi a essência da vida Walter Teófilo Rocha Garrocho*

Numa noite fria, pedi mais uma dose de cachaça. O copo vem pela metade exalando um cheiro de miséria, revolta, desprezo pela vida. Afinal, ainda questio-no, onde mora a decantada felicidade?

A minha boca fede, os meus olhos são vermelhos como sangue. Não reco-nheço ninguém, balbucio palavras sem nexo, imagino estar sendo perseguido por fantasmas imaginários que só eu conheço ou entendo.

Retiro do bolso um dinheiro amarrotado. O dono do bar não quer paga-mento. Tem pena de mim , da vida desgraçada que estou levando. Cabelos grandes e sujos, unhas grandes e sujas, pés descalços, roupas rasgadas, bar-ba suja e grande.

O frio é cruel e não perdoa os lúcidos. Já não sinto frio. O álcool anestesiou meus sentidos e vou sem saber para onde. Volto a conversar sozinho. Tropeço aqui e acolá. As pessoas me evitam, não querem contato. “Não, eu não converso com bêbados”, “Não, quero distância”, “Não o conheço e nem quero conhecer”.

E os caminhos são confusos, um labirinto sem saída, um navio sem porto de chegada, uma terra firme que nunca chega, uma mão amiga que nunca chega e vou tropeçando no labirinto de desgraça e miséria onde as trevas invadem cada vez mais minha mente corroída pelo vício.

Um farrapo humano entre muitos a vagar, uma escória sem oportunidades a mais no contexto da sociedade hipócrita, uma pedra no caminho da luz, um grito sem eco, um vaso fétido sem descarga, um rio poluído pelo esgoto dos sem cons-ciência, um corpo em putrefação, uma fotografia amarelada como muitas pendu-radas nos cortiços da pátria de todos.

E assim chego à loucura. Sim, a loucura chegou arrastando-me para um hospício onde hoje ainda respiro meus últimos anos, meses, dias, horas, minutos, segundos. Dopado pelos remédios, já não percebo os fantasmas imaginários, já não há pedras no caminho, já não mais uma escória para a sociedade.

Ali, entre belas árvores, sentado pelado como vim ao mundo em um banco solitário e ouvindo a música “Nossa Senhora” de Roberto Carlos, tocada nas ma-nhãs bonitas de Teófilo Otoni no programa do “radialista dos humildes”, meu amigo Élbio Pechir, penso que estou chorando, não de tristeza e sim de alegria por estar encontrando a essência da vida que pensei ter perdido.

*Escritor, residente em Barbacena/MG, Técnico em Administração, é membro correspondente da Aca-demia de Letras de Teófilo Otoni.

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ReflexõesAltamir Freitas Braga*

Quando temos como meta a busca de nossa essência, a vida será uma pluma em nossos ombros.

Nos meados do século XVII Madame de Stäel, escritora e socióloga francesa, resolveu sair mundo-a-fora esperando encontrar o ser feliz. Por an-tecedência, imaginava que o ser humano tranquilo e em paz consigo mesmo seria aquele que se integra às coisas naturais. Aquele que, em síntese, pos-sui o dom de medir, qualificar, sopesar e retirar em seu - che dove se vive - a verdadeira razão de ser, ter, viver e olvidar o que há além de suas fronteiras. De princípio o ser humano, por natureza, é criado para as relações domésti-cas e, sendo assim, não deve levar a sua ambição além desses limites, senão graças a irresistível atração pela estima geral. Naquela época predominava o pensamento filosófico das ideias revolucionárias. Do avanço material ou da busca incessante pela dominação burguesa e as ideias libertárias. Saindo, pois, da vida encastelada em que vivia Madame de Stäel, inconformada com toda riqueza a seus pés, resolveu ir à cata do ser feliz; antes desconhecendo ou até desprezando a impossibilidade da felicidade no entender de Marcel Du Marrais. Em algum lugar ela iria definir o que seria a verdadeira posição do ser humano no cotidiano. Ela queria, a todo custo, identificar e registrar para a posteridade que era possível alguém aqui ou alhures exercer concretamen-te a felicidade – dentro de seus próprios limites do sobreviver; e só.

Nas suas andanças constatou que o único ser humano feliz era o cam-ponês. Lidando com a pá, o ancinho, a retirar cotidianamente o seu sustento no amanho da terra saciava ao seu modo o essencial para a vida. Levanta-se antes mesmo do alvorecer e mal o astro rei se despedia ele se recolhia ao seio da família. Sim. Naquele tempo a rotina de um lavrador poderia ser a própria razão de viver e, em consequência, ser feliz. Ele desconhecia para além de seu quintal as ofertas de uma civilização que pecava pelo excesso. Agora, aqui precisamos identificar se o limite de cada um é um extrato de vida ou uma mera posição social.

O tema a decorrer é essencialmente filosófico. Viver não é tão somente concordar com o ciclo evolutivo da vida. É buscar o equilíbrio no Binômio: matéria-espírito. Sentir o carisma e o poder do racionalismo entremeado com o lúdico. Penetrar em pensamento no mistério insondável da criação. “Refe-rencia a vida aquele que bebe da fonte na concha das mãos”. Vive é sorver o extrato maravilhoso de cada manifestação da natureza que tudo dá e retira no seu devido tempo e ordem; ora mãe, ora madrasta. Dependendo, pois, da

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ótica dos acontecimentos que nos rodeiam o essencial para se viver poderá ser o pão ou o simples centeio. Feliz é o mendigo que possa nas noites de in-tenso frio receber um apenas agasalho. Será o bastante para o seu momento ou a sua própria essência de viver? Feliz será o crente premiado pelo retorno de suas orações; feliz será o mundo sem intolerâncias e guerras.

O ser humano, ao longo de sua existência mística tem avançado na busca do ideal de vida. A história se nos apresenta algumas civilizações que experimentaram em momentos fugazes a tranquilidade de viver. Os Essê-nios, por exemplo, respeitavam a vida natural acima de tudo, escreveram os mais antigos textos bíblicos e influenciaram o cristianismo (Manuscritos do Mar Morto). Havendo, inclusive, entendimentos teológicos afirmando que João Batista e Jesus eram essênios.

Mas, convenhamos, o avanço da humanidade não tem sido homogê-neo em termos a definir o que é o essencial para o viver cotidiano. Utopia?! No período anterior ao avanço industrial e tecnológico, isto é, na fase ar-tesanal, a humanidade experimentou uma paz social relativamente estável. Havia uma interação trabalho/família. O artesão provia o sustento de seus familiares, na maioria das vezes, utilizando-se da produção agregada à pró-pria moradia. Extraindo daí, que os valores éticos, religiosos, a convivência aconchegante emprestava força à união familiar em busca de um Ideal, de um vetor em que pudesse direcionar-se a uma sociedade condigna.

Retirar o essencial ou definir a essência da vida, eis a questão, parafra-seando Shakespeare. O ideal de viver não se coaduna com busca de largos e dificultosos horizontes. Tudo tem o seu preço. Destarte, o advento da indús-tria – o pós-artesanato - embora tenha brindado a humanidade com alguns benefícios de ordem material, não logrou conservar a boa origem natural do ser humano. Pelo contrário. Criou uma nova era. Era de incertezas no campo econômico e social. O mundo industrial passou a ser um divisor de águas: o materialismo versus espiritualismo; a ciência versus religião? A agregação ou a discórdia no seio da própria família? Indubitavelmente, o ser humano se encontra hoje no limiar de uma nova era. Nenhuma ideologia política se apre-senta madura o bastante para injetar a segurança, desenvolvimento igualitá-rio e permitir que se extraia dessa contraditória busca materialista um mínimo de cultura do bem viver. Se por um lado, o advento da fase industrial nos proporcionou certos confortos de ordem material, por outro lado, também nos trouxe as consequências, por vezes desastrosas, da inversão natural das coi-sas. Hoje assistimos à crise econômica internacional; mudanças climáticas... A essência não significa um substrato qualquer; vai mais além.

Como visto, a vida para ser bem vivida necessita de uma sobreposição de fatos e diretrizes, por exemplo, se acatássemos o simples princípio de Ulpiano: Viver honestamente (honeste vivere), não ofender a ninguém (ne-mine laedere) e dar a cada um o que é seu (suum cuique tribuere). E mais:

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“desejar ao próximo, de coração, todos os bens sobrenaturais e naturais que contribuam para seu verdadeiro bem; alegrar-se de seus bens e entristecer-se de seus males; desculpar quanto possível, suas faltas e defeitos; sofrer os incômodos que nos ocasione e perdoar-lhe as ofensas; não lhe causar constrangimento algum; fazer o bem a todos, não apenas aos que nos são simpáticos; edificar a todos com o nosso procedimento e trabalhar na medida das nossas forças pela salvação de todos”. Tais princípios não constituem base fática para muitos neste planeta onde - “choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes”.

Bom seria refletirmos sobre a singeleza das coisas em nosso entorno, buscarmos a espiritualidade, concretizarmos os valores humanos ou havere-mos de suportar a incógnita de uma existência futura indefinida...

*Escritor, residente no Rio de Janeiro/RJ, é membro correspondente da Academia de Le-tras de Teófilo Otoni.

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A Vida, ato de AmorNeri França Fornari Bocchese*

Doce é saber. Não estou sozinho. Sou uma parte. De uma imensa vida. Que generosa. Reluz em torno a mim.Imenso dom. Do Teu amor sem fim.

A vida por si só é a maior manifestação de um ato de Amor. Seja de um homem e de uma mulher ao quererem perpetuar-se no filho amado. Ou seja, do Criador, Uno e Trino ao não querer permanecer sozinho. Se fez fraterno, desmanchou-se em Amor, criando a Vida. Dela surgiu a Criatura, dotada da capacidade de Amar. Com o desejo de ser sempre melhor. Permitindo a ela o gesto contínuo pelos tempos afora de continuar re-criando a Vida, evoluindo em todos os sentidos.

Qual deve ter sido o pensamento no instante Sublime, ao dizer faça-se? O momento do Sopro nada mais foi do que a essência da Vida, o Ar penetrando no corpo, dando a existência. O viver em Plenitude, ser capaz de subsistir por si só. Um gesto perdido nas Brumas do Tempo, mas repetido em cada nascimento. Esse sopro, esse Animus, nada mais do que a essência faltante ao recém chegado para se apossar de forma gratuita do viver em perfeição, viver por si só.

Um ato questionado, com interpretações distintas, mas o mesmo, des-de os primórdios da Vida ou da Humanidade. Com certeza, só esgotará com o final dos tempos. Ato tão sublime, garantido até a última comunicação de vivência quando se dará também com o último Ser vivente, a extinção, ao exalar o suspiro derradeiro.

O sopro, recebido para dar início a uma longa jornada ou quem sabe mais curta, de poucas horas, devolve ao ambiente o que foi recebido num ato amoroso. A última golfada de ar se incorpora ao Cosmo. De lá saiu, para lá volta. A criatura deixa a história visível, fica a saudade com os que ainda fazem parte desse estágio.

Não há nada mais sublime do que receber a Vida de forma tão harmo-niosa, carregada de poesia. Um sopro, um beijo, o que é meu passa a gora ser teu também. Vai usá-lo com gratuidade e um dia será devolvido.

A essência muito pessoal é a Vida de cada um, do ser que respira por

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si só, que pertence ao Holos e, ao mesmo tempo de todos. O ar não se pren-de, ele espalha, se comunica. A próxima respirada é exatamente a mesma, mas não mais o mesmo ar. Uma lição de sublimidade, pois a vida é sagrada não pode ser isolada, ficar presa a este ou aquele. Faz parte de um universo que não conhece fronteiras. Vai se multiplicando, sem se desgastar, sem di-minuir no essencial. A manifestação do Amor, em Perfeição.

Faz parte de um imenso amor, como diz a poesia franciscana do Ho-mem do Milênio, São Francisco de Assis. Soube Amar sem distinção a todas as criaturas. Com poesia, criou o Cântico das Criaturas.

Ainda ecoam os valores no âmago de cada ser vivente, num en-caixe perfeito de um Sistema maior, ao mesmo tempo com inter-relação e inter-dependência. A vida, a expressão amorosa com anuências Divi-nas e Humanas.

*Professora, mestre em Ciências Sociais Aplicadas, Presidente da Academia de Letras e Arte de Pato Branco/PR. É membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni

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A vida é muito mais!João Carlos Tórtora*

Há algum tempo eu tenho estado contemplativo e reflexivo, muito mais do que de costume. Hoje, ao acordar, decidi não prosseguir nesse estado de êxtase, procurando um sentido para a vida.

O olhar, que vaga pelo éter, anseia por explicações existenciais e pelo sentido das inter-relações dos seres e as coisas.

O voo dos pássaros me desperta, o zumbido das abelhas me atiça e as folhas das árvores e flores que gingam ao vento constituem um cenário quimérico que me intriga e faz-me buscar definições para a vida e para as minhas ações.

Acordei assim, desejando saber o que ficará de mim quando deixar esta vida. As questões que me afligem são “o que é a vida?... qual é a sua essência?... por que eu vivo?

Converso comigo mesmo e me abro sem os subterfúgios de uma falsa modéstia.

O mundo é algo tão perfeito que, se nós vivemos, certamente, existe uma razão para isto. Não acredito na coincidência do encontro fortuito de um espermatozóide e um óvulo. Estou certo que vivo para criar, pois tudo o que faço é fruto das intrincadas relações entre os lóbulos do meu cérebro, ou é uma consequência do trabalho mecânico, impulsivo, dos meus braços, per-nas e outras partes acéfalas do meu corpo.

Os pássaros amarelos de bico preto continuam voando, a brisa flui entre os meus dedos e sopra o meu rosto. É a vida, que se oferece sem a pretensão de uma definição.

A vida! Diferente na biologia, na religião, na química, na física e na cabeça de cada um.

Qual é a sua essência? A contragosto começo a pensar que, talvez, eu seja apenas um mem-

bro desta enorme comunidade formada por todos os seres vivos racionais e irracionais e, assim como todos, com virtudes e defeitos. Tampouco rejeito ser apenas um número, pois estes são muito iguais, efêmeros e desprovidos dos referenciais que distinguem a personalidade.

Vem-me à cabeça que a vida é condição para que exista a sociedade... a comunidade. Porém, ainda que um ser pudesse respirar e se movimentar, qual seria o sentido dessas ações se ele estivesse em completo isolamento?

As letras e os números são a essência do alfabeto e da tabuada, mas o que seriam daqueles sem estes. A vida é singular, mas é a diversidade que lhe dá sentido.

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Não somos exatamente iguais e, certamente somos distintos nas nossas ações. A vida é igual nas suas diferenças e é diferente nas suas igualdades.

Os pássaros, agora amarelos, pousam e o vento sopra forte. Já não busco a complexidade da definição. É a vida passando por pas-

sar, do mesmo jeito e diferente a cada momento. A vida não se resume ao momento da fecundação. Também não é tão

simples quanto a fusão de moléculas com as suas partículas atômicas ou a comunhão de forças vetoriais que permitem os movimentos dos corpos. A vida não se define, completamente, no âmago exclusivo da biologia, da quí-mica, da física ou mesmo da religião.

A vida não é o fato, mas o ato!Não haveria sentido eu ter nascido se não existissem as pessoas, os

animais... as ações.A essência da vida é a pluralidade. É diversidade de elementos e ações que se repetem e se renovam no

nosso cotidiano que dá sustentação à nossa existência.O importante não é nascer, mas conviver, exercitando os nossos sen-

timentos e esmerando-se nos nossos atos. Se somos apenas um número ou letra, não importa. As letras, em determinados momentos, se acentuam e os números crescem.

Muitos tentaram definir a vida e caracterizar a sua essência e, nes-te sentido, em detrimento de qualquer conceito científico fundamentado e assinado por estudiosos, eu vou ficar com a sensibilidade despreten-siosa do poeta:

“a vida não é só isto que se vê...” Amanhã vou acordar mais leve, desincumbido desse enigma existen-

cial e acreditando que o importante não é viver, mas conviver, pois a plurali-dade é a essência da vida.

“... a vida é um pouco mais!”

* Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Gama Filho. Professor Titular de Microbiologia da Universidade Federal Fluminense, Universidade Gama Filho e Universidade Católica de Petrópolis. É membro correspondente Academia de Letras Teófilo Otoni. Re-side em Petrópolis.

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A essência da Vida Lizia Maria Porto Ramos*

Essência, segundo Aurélio, o que constitui algo, substância. Óleo fino, aro-mático, extraído de certos vegetais. Ainda segundo Aurélio, vida, existência, man-ter-se em atividade constante.

Assim sendo, pensemos a vida como um constante caminhar e a sua es-sência, os bons e maus momentos vividos, o respirar, o bater do coração, o divagar em pensamentos, o rir e chorar, o emocionar, o sentir-se alegre ou triste.

Se o começar da vida é fruto da aleatoriedade de um espermatozóide mais esperto que se cruza com um óvulo maduro, a partir do momento que somos lan-çados para fora do útero materno e tomamos ciência do nosso viver, o que vamos fazer ou deixar de fazer desse nosso caminhar, é responsabilidade nossa.

Estar vivo, em essência é estar pleno, íntegro, completo. É o estar contente ainda que descontente, é o caminhar de mãos

dadas, é fluidez. É saber que o ontem já se foi, mas o amanhã está por vir. É esperança.É saber que a vida é dádiva, é sabor de fruta no pé, é essência aromática

extraída da nossa capacidade de superar, de sentir-se inteiro ainda que dividido. Vida é coragem de dizer a verdade, é combinação de opostos. Vida é mo-

eda de duas faces.Vida é resgate, é crédito, é ato de fé. Fé em si mesmo e na nossa capacida-

de de lidar com a adversidade.Vida é a certeza vestida de dúvidas, é busca, é questionamento.Vida é destemor. É convicção. É muitas vezes insensatez.É que no potencial divino que alimenta o ócio. É ânimo. Em essência, vida

é alma atemporal.É algo que transcende o aqui e o agora, o hoje e o ontem. Vida é estar pre-

sente ainda que ausente.Vida é aprendizado constante, é renovação. É compromisso.É não se deixar abater pelo tédio.Vida é desafio. É andar no fio da navalha com convicção e equilíbrio. Vida é saber olhar de frente. É ter coragem, agir com o coração. É

ternura. É crer em si mesmo e na possibilidade de ser feliz, ainda que essa felicidade seja efêmera...

Efêmera é a arte de bem viver!

*Escritora, educadora e membro titular da cadeira 3 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Revivendo lembrançasHumberto Luiz Salustiano Costa*

Em minhas lembranças que vêm ocupando espaço no jornal da Associação dos Amigos e Filhos de Teófilo Otoni, que se edita em Belo Horizonte, tenho feito uma agradável viagem no tempo, e com isso tenho aprendido o quanto é saudável rever o passado e nele encontrar vida em cada momento da nossa vida. Nada se perde ao longo dos anos, tudo permanece indelevelmente marcado em nossa memória, no culto à saudade.

Num simples exercício de memorização, muitos fatos e acontecimentos que no passado fizeram parte do nosso cotidiano vêm à baila, transportando-nos a uma época bem distante da nossa existência. O nosso cérebro, nas suas múltiplas funções, nos permite esse divagar no tempo, buscando na imaginação lugar para transportar para o presente o tempo pretérito.

E neste relembrar, muitos são os episódios que tivemos a ventura de pre-senciar como testemunhas oculares, e ainda hoje podemos descrevê-los com to-dos os seus detalhes, com absoluta perfeição de detalhes, como se os estivésse-mos vivenciando no momento presente.

Somos do tempo em que os carnavais de rua, com seus blocos caricatos e suas alegorias, encantavam a todos: foliões e os circunstantes.

Somos do tempo em que as tardes de domingo levavam grandes multidões aos campos de futebol, com a prática daquele esporte projetando grandes cra-ques, que jogavam por amor à camisa;

Somos do tempo em que os associados da União Operária Beneficente “Deus, União e Trabalho”, de que foi um dos fundadores o imortal Eloino Matos, sempre tiveram na devida conta a intransigente defesa dos valores éticos de sua entidade maior, honrando-a e dignificando-a em tudo aquilo que de mais importan-te ela representava para todos eles;

Somos do tempo em que a festa do centenário da cidade que nos viu nas-cer foi o grande acontecimento do século XX, com toda a comunidade vivendo intensamente o auspicioso evento;

Somos do tempo em que uma grande multidão se reunia nas proximidades do Bar Trianon, na Praça dos Choferes, para ouvir através de um alto falante as transmissões da Copa de 50, que lamentavelmente perdemos para o Uruguai;

Somos do tempo em que o lendário consertador de guarda-chuva, de nome Palé, que era cego, não perdia um jogo de futebol do clube do seu coração, o Clu-be Atlético Teófilo Otoni;

Somos do tempo em que o Cine Império, também conhecido como Cine Poeira, exibia os famosos seriados, deixando o espectador ansioso para a chega-da da próxima semana, quando se dava a continuação do enredo;

Somos do tempo em que o footing era o point preferido e muito frequentado no perímetro urbano, que ia do Automóvel Clube ao Bar Vitória, anexo ao cinema

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do mesmo nome, mostrando as moças em desfile, para contemplação dos rapa-zes em busca de uma namorada;

Somos do tempo em que existia fidelidade na política partidária. Quem era, por exemplo, PR era PR, quem era PSD, era PSD, custasse o que custasse;

Somos do tempo em que a energia elétrica era explorada pela empresa Epaminondas Otoni, em condições sabidamente precárias, e para que a Cemig pudesse assumir aquele tipo de serviço foi preciso que o povo teófilo-otonense tornasse acionista da estatal, o que custou o sacrifício de muitas pessoas menos favorecidas, que não se negaram a contribuir com a compra de ações;

Somos do tempo em que a cidade recebeu com profunda reverência em procissão, da Estação da Bahia e Minas à Praça Tiradentes, os restos mortais do seu imortal fundador Teófilo Benedito Otoni, que foram colocados no panteon construído no centro da cidade, com aquela finalidade;

Somos do tempo em que as festas religiosas, dos católicos e dos luteranos, eram recebidas com muito respeito e fé, sendo as principais datas das referidas denominações religiosas, celebradas de modo o mais participativo;

Somos do tempo em que o respeito pelas professoras era total, com os pais depositando inteira confiança nas escolas dos seus filhos, que em verdade primavam pelo ensino de qualidade;

Somos do tempo em que não existia lei proibindo que uma criança pudesse aprender um ofício qualquer, profissionalizando-se desde cedo;

Somos do tempo em que um simples engraxate desfrutava da estima e da admiração da comunidade, no reconhecimento do seu labor. Dois profissionais daquela área ainda hoje têm os seus nomes lembrados: Luiz e Paulinho, uma espécie de Cosme e Damião, com o seu ponto na Praça Tiradentes, o mesmo acontecendo em relação ao Seu João engraxate;

Somos do tempo em que a sociedade cultivava o salutar hábito das visitas domiciliares, estreitando amizades na mais rica e fecunda troca de gentilezas;

Somos do tempo em que a velha e saudosa Bahia e Minas foi o grande meio de transporte ferroviário do qual se utilizavam vastas regiões produtoras para baianos e mineiros;

Somos do tempo em que os apelidos é que mais identificavam as nossas ruas. Dentre tantos exemplos eram conhecidas as ruas do Sapo, do Arrasta Couro, do “Quenta” Sol, do Pau Velho, dos Pinhões, das Flores e do Jardim;

Somos do tempo em que a vida era menos agitada e que podíamos vivê-la em sua essência, longe dos atropelos e da violência do mundo de hoje. Afinal, a vida é um dom de Deus, competindo-nos tê-la sempre como uma dádiva, em toda a sua plenitude.

*Jornalista, é membro honorário da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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A essência da vidaJacqueline Aisenman*

Viver. Um conjunto de outros verbos a serem conjugados durante um período indeterminado. Viver é amar, ser amado, deixar de amar, voltar a amar. Sofrer, lutar, abandonar, alcançar. Um amontoado de verbos que se conjugam ao longo do que chamamos existência. Acompanhados de pro-nomes que nos preenchem: tu, ele, ela, nós, vós, eles. Eu. Viver tem seus adjetivos, advérbios. Vida boa ou má, viver bem ou mal. Viver é simples. Viver é complicado. Viver é tudo o que temos quando não pensamos naquilo que chamamos vida e seguimos, atos, palavras e omissões, em frente. Algumas vezes olhando para trás, noutras sonhando apenas com o que está à frente.

E o que seria o que nos move dentro do viver? O que seria a essência mesmo da vida?

Seria o amor, que move nossos atos, deságua de nós palavras? O amor é causa e consequência de muito o que vivemos. Movidos por ele so-nhamos, combatemos medos reais e irreais. Nos entregamos e entregamos tudo de nós. Seria o amor o âmago da vida?

Do nascimento até a morte, eis o que denominamos vida. O espaço que temos para existir entre o momento que respiramos fora do ventre até o instante em que a última respiração nos faz abandonar o corpo. Entre uma respiração e outra, quantos minutos, quantos anos, quantas emoções se pas-saram? Contamos a idade, mas não contamos as emoções. Contamos as vitórias e as derrotas, mas não contamos as respirações.

Somos passageiros de nosso próprio corpo no dia a dia em que evolu-ímos, ou pelo menos tentamos evoluir, nesta caminhada, a vida. Passageiros muitas vezes mais observadores do que ativos personagens. Deixamos a vida passar, olhando para os finais de semana e esquecendo que cada dia que intermeia os finais de semana é o último de nossa vida. Deixamos nos-sos sonhos e ilusões de um amanhã vago vencer o hoje, única coisa que te-mos por certa. Permitimos às lembranças e saudades serem maiores e mais importantes do que o hoje.

Seria a esperança a essência da vida? Ou seria apenas mais um dos artefatos que usamos para esquecer o único e exato ponto, o ponto de parti-da e chegada: nós estamos aqui de passagem, a eternidade não nos perten-ce neste mundo onde vivemos.

Então seria o que, o que seria a essência da vida?Seria talvez a morte, o único passadouro comum a todos, levando ao

desconhecido, o mesmo desconhecido que aqui nos trouxe?Todos os dias morremos. Ao dormir, ao finalizar etapas, ao nos desligar

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daquilo que não é mais necessário. A morte é a essência mesmo da vida. Sem ela e todas as suas facetas, não haveria vida.

Seus fins e seus meios, da vida, não teriam razões. Seria somente uma caminhada vã para lugar algum.

Mas todos os dias morremos. Todos os dias nos despedimos das horas que nos foram oferecidas, das pessoas que amamos, da luz do sol, do brilho da lua, dos sons, das cores, dos odores... E todos os dias seguintes a estes, renascemos.

A vida é um dom. A morte, sua essência. E o renascimento, aqui ou onde o inesperado nos fizer despertar, é a esperança mais pura de um viver eterno.

*Escritora, reside em Genebra/Suíça, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni

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O potencial do povo brasileiroJotaerre*

À espera de um ônibus, numa rodoviária de uma cidade do interior de Minas, ouvi a conversa de dois homens de idade avançada, questionando os problemas da vida. Fiquei com vontade de entrar na conversa, mas achei que ouvir, seria melhor e foi o que fiz.

A conversa era tão interessante que perdi a noção de onde estava, o que estava fazendo e para onde ia. Os dois homens falavam sobre o poten-cial do povo brasileiro.

O povo brasileiro tem um grande potencial criativo. Uma criativida-de incrível que é usada para todos os fins, até para dar um jeito em pro-blemas que ainda não existem, criando assim o famoso bordão: “jeitinho brasileiro de ser”. O jeitinho veio e ficou, passa de geração para geração, assim como os elementos da cultura popular, que é outro potencial fortís-simo do povo brasileiro.

A cultura popular no Brasil é tão forte, que grande parte da população vive em torno de crenças, sejam elas religiosas ou não, lendas e mitos, que existem tantos quantos são os grão de areia do mar. Mas, não poderia ser melhor se não existisse o grande paradoxo entre um povo com um grande potencial cultural e do outro lado uma dominação e manipulação de pessoas pelo sistema de governança vigente.

O país é rico em recursos naturais e tem uma economia forte, mas seu povo ainda vive com dificuldade econômica e muitos até na miséria. Um país, onde poucos têm muito e muitos têm tão pouco. Esse paradoxo econômico é igual ao cultural, seria um objeto de pesquisa, análise sociológica e até antro-pológica para cientistas e interessados no assunto.

Diante de tamanha confusão, vemos na cultura uma forma de humani-zação das pessoas.

A prática de atividades culturais pode despertar o gosto pela a arte e pela cultura, mas a cultura não é tão simples como a arte, que pode ser visu-alizada e entendida rapidamente. A cultura depende de um aprofundamento maior, que envolve informação e conhecimento a longo prazo.

A cultura quando reconhecida pelo sujeito, o torna um ser huma-no, dono do seu próprio nariz. Um ser que dificilmente será manipulado por outro.

A cultura na sua plenitude é a essência da vida. É igual a oxigênio e a água na nossa vida, pena que muitas pessoas não sabem disso. Grande parte da população em nosso país vive em um mundo controlado, onde a dominação exercida pelo poder vigente, controla os meios de comunicação

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(principalmente a televisão), que massifica dia a dia, um sistema de alienação bem sutil e sofisticado que chamaremos de globalização.

Entender a cultura é um processo complexo e ao mesmo tempo sim-ples. É simples porque exige a busca de informação e conhecimento, através de um processo democrático e de fácil acesso, e é complexo, porque exige boa vontade e mudança de conceitos pessoais.

A cultura quando muda a vida de uma pessoa, ela vem agregada a outros conceitos primordiais na construção do ser humano, tais como: ética, honestidade, humildade, bondade, paciência, esperança, otimismo, respeito aos direitos e às diferenças do outro.

É devido a esses conceitos que impossibilita a muitas pessoas de en-tenderem a cultura, conceitos como a ética, humildade e honestidade, estão em extinção na nossa sociedade e quem os tem, é criticado por tê-los.

Numa sociedade que prega a ganância, o consumo exagerado, cres-cer as custas dos outros e onde o ditado “os fins justificam os meios” o fator mais importante é o individualismo, outro paradoxo da ignorância. Por que o individualismo é tão grande, se não conseguimos viver um sem o outro?

A essência da vida está em saber viver bem e aproveitar bem a vida sem prejudicar o outro, mas sim, vivendo com o outro. Este estágio pode ser alcan-çado através da cultura que torna o homem um ser humano de verdade.

Depois de muito tempo ouvindo a conversa dos dois homens, quando meu ônibus acabara de chegar na rodoviária, a curiosidade falou mais alto e resolvi cumprimentar os dois e falar da conversa boa que estava ouvindo. Foi quando vi várias folhas escritas nas mãos dos mesmos, era o planejamento de uma palestra que fariam para estudantes na faculdade da cidade. Um era professor de história e o outro sociólogo, a palestra seria sobre direitos humanos e cultura.

*Bibliotecário, fotógrafo e produtor cultural. Reside em Belo Horizonte/MG.

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Essência da vidaMaia de Melo Lopo*

Aos sessenta segundos, vou morar na tua mente nobre poeta,aos cinquenta e nove,a rosa cresce livre entre os espinhos, não se magoa,

aos cinquenta e oito, cavalgo sobre flores selvagens, no jardim doce coração,aos cinquenta e sete, geme dentro de mim a morte da paixão,

aos cinquenta e seis, as douradas dunas do meu corpo nem descansam,aos cinquenta e cinco, não sigo o deserto do ouro e dos brilhantes,

aos cinquenta e quatro, vou na paz da rude liberdade entre sonhos gritantes,aos cinquenta e três, ouço a brisa do vento que me beija e acalma,

aos cinquenta e dois, sinto na alma a fria e cruel verdade,aos cinquenta e um, olho o céu, cabem nuvens de sangue encarniçadas,

aos cinquenta, vejo corvos negros em agonia a parecerem touros nas touradas.

Aos quarenta e nove, o silêncio da minha sombra amortalha a vida,aos quarenta e oito, andam abutres nos magros corpos esfaimados,

aos quarenta e sete, crianças olham o rio sem alegria, pobres abandonados,aos quarenta e seis, o destino do prazer ri de Lisboa como um palhaço,

aos quarenta e cinco, o justo poeta no mundo não escreve à toa,aos quarenta e quatro,chantagistas, vira casacas sem palavra não se perdoa,

aos quarenta e três,mendiga pede pão ao Universo, triste e viva só quer um abraço,aos quarenta e dois, nas horas mortas engordam, riem de mim os tiranos,

aos quarenta e um, hipócritas sem vergonha fecham-se em esgotos sensuais,aos quarenta, na aurora esverdeada, o leito do sexos e revolta, gritos banais.

Aos trinta e nove, drogas mudas, delirantes rugidos, feras fogem,aos trinta e oito, leoas de rubi amuam, acusam a poetisa sem esperança,

aos trinta e sete, rudes traidoras mordem mas não enchem a pança,aos trinta e seis, ferida suporta mil tormentos, velha fingida, falsa matreira,

aos trinta e cinco, sem eira nem beira a fome no festim desdentado da miséria,aos trinta e quatro, a garganta dos canalhas ecoa um escarro negro da tua perdição,

aos trinta e três, soluça a musa no fogo expelido na boca da palavra ardente,aos trinta e dois, lê o coração o sonho doloroso, beijo em sangue quente,aos trinta e um, oh poeta do encanto escreve o pranto da eterna solidão,

aos trinta, o amigo traidor cospe na tua dor e a morte segue sem perdão.

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Aos vinte e nove, ai, se a gente sempre visse como alguém se esconde,aos vinte e oito, a podridão é peste, na doença toda a gente foge,

aos vinte e sete, anjos voam, levam quem amas porque ninguém te quer,aos vinte e seis, num oásis o amor em flor morre em ti simples mulher,

aos vinte e cinco, partirás no vazio da mentira e no lixo frio olhar,aos vinte e quatro,a alma mora na magia da cidade e no brilho do prazer,

aos vinte e três, traineiras levam estrelas de fogo em corações de luz,aos vinte e dois, segredo guardado se conquista rompe sem um tema,

aos vinte e um, serei o que não sei ser, danço o fado na lua do mar,aos vinte, apaixono-me na saudade a sustentar a cruz do poema.

Aos dezenove, o coração solta a porta aberta e se fecha a quem partiu.aos dezoito, não volta já possuiu, a beleza é sombra sem luz sem prece a Jesus,

aos dezessete, sozinha ando no limite da vida, onde anda a noite vazia,aos dezesseis, fujo da secreta mágoa do destino, consolo eu via,

aos quinze, se finge, a morte falou ao fado, na filosofia a vil palavra foi embora aos catorze, suspirei no igual da minha carne e no sangue da fina dor,aos treze, a voz é clamor na carta da poetisa com poesia essencial.aos doze, a pomba arde no fogo do sol e queima a chama do amor,

aos onze, marcha o vazio da fome e hoje grita uma mãe num hospital,aos dez, morre a palavra que engana e nasce o delicado verso sofredor.

Aos nove, a tarde é triste, a luz apaga a liberdade no medo de ser livre,aos oito, beija a emoção do anoitecer no brilho mais alto do Universo,

aos sete, sinto-me na grande miragem Lusitana que arrasta e cega meu olhar,aos seis, brilha a margem da loucura e a poetisa não beija e quer beijar,

aos cinco, a cega mensagem termina no vislumbre dar prazer aos amigos ser feliz,aos quatro, a noite atrai esplendores do silêncio, desprezo à porta alento do Inverno,

aos três, a indiferença da raiva economiza vingança ao bem que conforta,aos dois, ah o clarão da razão, gritem aos petulantes em força, vou gritar depois,

aos um, nenhum dia é deserto, acende na verdade a ingratidão que viveu,aos zero segundo, minutos foram a essência da vida, na solidão a poetisa morreu.

*Artista plástica é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni. Reside em Lisboa/Portugal

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Importa viverLucas Kind do Nascimento*

Essa vida que se temComo mãe, é só umaEterna vida para quem crêMas uma vida para ser vividaSofrida, abatida, aguerridaMas vida!Curtida, agradecida, coloridaMais vida!Conectada, incrementada, implementadaSempre vida!Essência para quem viveEssencial pra quem conviveVida que te quero vida!

*Advogado, pedagogo e estudante de Letras, atualmente trabalhando na Coordenadoria Jurídica do Instituto de Metrologia e Qualidade do Estado de Minas Gerais – IPEM-MG.

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A essência da vida Arnaldo Pinto Júnior*

Para mim, a essência da vida está resumida em uma palavra única: amor. É uma palavrinha mágica com apenas duas sílabas e quatro letras, sem acentos gráficos, que atua como inspiradora maior de tudo de bom que acontece na vida de todos nós.

O amor é um fator transcendente em qualquer situação. Tanto em situações simplórias como uma saudação jovial, quanto outras mais complexas como uma união caracterizada por um adultério.

O desejo carnal, o prazer sexual, para alguns, é tudo de bom dentro da nos-sa vida e representa o amor maior que duas pessoas comungam envolvidos pelo libido mútuo. A sensação do prazer sexual, entretanto, se é importante naquele momento sublime, não pode ser considerado como símbolo do amor, super inspi-ração que a vida nos oferece.

Para outros, o amor por um clube de futebol é tudo de mais sagrado que a vida pode lhe oferecer. Observe a paixão extravasada por um torcedor pelo clu-be de seu coração. Tanto pode ser pelo Cruzeiro, pelo Atlético, pelo Vasco, pelo Flamengo, pelo Coríntians ou até pelo nosso América teófilo-otonense. Vale gritar, vale chorar, vale brigar, tudo por um clube que, para o seu torcedor, é a sua se-gunda pele.

O ser humano não economiza amor. Pode ser o amor filial, o amor materno, ou até o amor por animais e/ou objetos de valor expressivo ou apenas de valor sentimental. Como é linda a reciprocidade do amor pai/mãe com os filhos. Como é interessante o amor que alguém demonstra por algum bem de estimação ou por um animal também referenciado que pode até provocar um trauma quando, por um motivo qualquer, ocorre a perda daquele irracional tão querido.

E pelas plantas? Como ficam dóceis aquelas pessoas que se dedicam a cuidar de plantas. As plantas não falam, é verdade, mas inspiram de tal forma uma reciprocidade amorosa que jardineiros e jardineiras conversam docemente com elas entendendo que as respostas chegam através do florescimento e dos frutos que elas oferecem.

Ainda que superficialmente, acredito ter abordado a magnitude do amor, a essência da vida. Falta apenas lembrar o mandamento primeiro da lei divina, que é “Amar a Deus sobre todas as coisas”. A nossa vida só se completa se entender-mos que esta nossa existência é uma dádiva do Pai Eterno e a nossa forma de agradecimento, só pode ser, dedicando-lhe todo o amor que nossa alma consegue manifestar.

* Jornalista e professor, é membro benemérito da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Essência da vida

José Moutinho dos Santos*

“VIDA” (Do Lat.Vita),é um substantivo feminino que nos Sentidos clássicos, científicos, históricos e cristão, é comemorada e lembrada por todo mundo.

.A VIDA, é uma dádiva... compõe-se de propriedades naturais e científicas, distinguindo-se das outras, quando se trata de “vida humana”, de conformidade com suas características como, p. ex. o raciocínio e a razão, sem contudo, dissociar-se das demais vidas no sentido amplo.

Nos planos humanos, vegeta ou animal, a VIDA é um bem mais su-blime que Deus criou. Sua essência está na capacidade reprodutiva, man-tendo-se sempre em atividades procriativas na evolução de cada espécie, multiplicando-a, na infinita grandeza desse dom dado por Deus, criador do universo e de todas as criaturas.

A reprodução, a gestação e a adaptação de cada ser ao meio, em seu habitat, são elementos primordiais à manutenção da vida com pre-servação e respeito em todos os sentidos e instâncias. Nesse ponto, para nós humanos, vale imaginar que a essência da vida é parte integrante do reflexo de nossas ações: se, se quer mais amor no mundo, criem mais amor nos corações, sejamos tolerantes se queremos mais tolerância. A VIDA não é uma coincidência, ela é a consequência de nós mesmos.

A VIDA é a coisa mais notável que Deus nos concedeu, dando a seu “gestor” a condição de praticar os atos, de acordo com a sua inteligência e a razão. Há todavia, quem vai além dos limites e pratica a selvageria, vio-lentando e ceifando vidas, cometendo degradantes e desumanas atitudes indesejáveis.Nesse ponto é bom lembrar que, no aspecto jurídico, o artigo 5º da Carta Magna de l988, garante a “inviolabilidade do direito à vida” já o Código Penal Brasileiro vigente, preceitua em seu artigo 121 – “ Matar alguém: pena – reclusão, de seis a vinte anos,” com as agravantes ou ate-nuantes, nos incisos seguintes, conforme a ocorrência do homicídio.

Como se pode ver, o conjunto de propriedades e qualidades man-tém nossas atividades, e a vida humana que decorre do nascimento até a morte. É lembrada e ovacionada em diversas formas e ocasiões: “ Há numa vida humana cem mil vidas, cabem num coração cem mil pecados!” (Olavo Bilac, poesias, p. 174); “Minha vida era um palco iluminado,/ Eu vivia vestido de dourado/ - Palhaço das perdidas ilusões.” (Orestes Barbo-sa, Chão de Estrelas, p.274).

Assim a VIDA é uma Essencialidade Divina, retratada nas infinitas

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e variadas das formas: na música, na poesia e nas artes e simbolizada no amor e na lembrança de cada um de nós... e... por que não dizer: no sorriso de uma criancinha!!!

*Advogado, escritor e membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni-MG. Reside em Belo Horizonte/MG.

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A essência da vidaJosé Geraldo Silva*

Vida em que se vive o fruto do viver a sentir seu valor indecifrável de ser; o sentido, a essência de estar aqui por algum motivo justo, necessário por uma vez ou mais vezes em cumprimento ao conteúdo que tudo isso enfa-tiza; a missão contida de amar, caminhar com fé, de liberdade comprometida; de sabedoria para vencer e sentir perceptível vivente frutificado de bênçãos, bondade e amor...

Vida que vida dá e permite ir se trilhando enaltecido de fortaleza, a ultrapassar barreiras, fraquezas; vencer lutas, sentir seu valor múltiplo trí-plice, infinito... A vissitude de amor, de aqui estar, de ser amado, regenerar o destruído, reerguer o caído, aquecer o frio, realizar o sonhado, acertar o errado, concluir o desejado; a aquiescência pura tirada da alma sopro de vida a mostrar a razão de tudo em minúcias que faz traduzir em grandeza o sus-tento, a razão de tê-la como patrimônio incomprável, inigualável que se pode perceber no pulsar do coração, no correr do sangue nas veias , no raciocinar da mente, no sorrir, no derramar de lágrimas, no calor, no arrepiar do corpo, no suor que se derrama com altivez, no sentimento espiritual e gestos que palavras não traduzem...

Deus por certo autor desse bem precioso permite e conforta a quem o valoriza profundamente, seu sentido esmero e gracioso, o que nos deixa de pé a movimentar, sentir, ver, ouvir, falar, colher com gratidão sua semente que germina aqui na terra uma única vez, de um único modo; cresce, transforma, permanece até o próprio Deus quiser. No mais profundo do saber de glórias, liberdade, amor, fé, sabedoria; desapego ao material, sentimento imortal:

_Vida é expressão de amor, é essência que alimenta o ser que vive, fica, vai e que jamais morre, continua...

Uma árvore que mesmo sem galhos, sem folhas não morrem as raízes, sobrevive às intempéries de tempo a qualquer estação, situação, resiste a tudo, permanece...

*Escritor e membro titular da cadeia 11 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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PulsarHelenice Maria Reis Rocha

Leve é a brisa que move a sementeleve é o pó que abriga a sementeleve é o vento que move a brisaleve é a água que molha o ventoa vida,cavalgando o vento em flor e ventopulsa arfante em canto e pazlevando em bruma semente e ventopulsando em cor e sonhoa barca movente que arfa em ritmoo coraçãozinho valenteque inspira este versopulsando em dança e pazo coraçãozinho valenteque move este versopulsando em ritmo e aro coraçãozinho valenteque pede este versosingela homenagem a tudo o que pulsa e respirae sonha.

*Poetisa , musicista, professora e membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni. Reside em Belo Horizonte/MG.

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Amor-doação... A essência da vidaEgmon Schaper*

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida...” (João 14,6)

Deus amou tanto a humanidade, que nos deu seu único filho amado, como redentor! E Jesus foi gerado no seio de Maria, gerado, não criado.

Sim, Deus quis ter família! Deu-nos o sopro da Vida, amor-doação e não existe nada mais de tão valioso!

Fazemos parte do projeto de Deus, mas estamos negando esta vida, nos deparamos com uma cultura de morte que às vezes nos sufoca; sufocan-do-a em todas as suas manifestações.

Poderíamos discursar ou levantar teses, usar de instrumentos cien-tíficos sobre a essência da vida... mas se não nascer dentro de nós uma nova criatura, um novo elemento humano: com sabedoria, alegria e paz para transformar as vidas de tantos sofridos e oprimidos, não viveremos jamais. Pois só nos doando, nos dissolvendo no meio do povo, sendo absorvidos por ele é que viveremos.

O próprio Cristo nos fala: “Quem perder a sua vida, vai ganhá-la”.Parece uma loucura imaginar um amor assim, é um mistério incompre-

ensível, mas é possível, pois nossa fé nos questiona a todo momento e não estamos sozinhos. Vivamos mais! Vivamos unidos!

“ Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida e é bonita e é bonita...!”

*Artista plástico e ativista político.

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Um Pedaço de AmorNorma Disney Soares de Freitas*

Amor existe pedaço?Como?Já idosa, o amor tem que ser só inteiro. Inteiro só para você.Você come, saboreia, prova, repete e diz: Hum, que coisa gostosa. Não é comida, é sentimento que Deus nos dá.Uns amam o dinheiro, amam os filhos,o marido,os netos,os amigos.Eu, quero amar a Deus.Cada dia mais quero crescer nesse amor.Porque com Deus, amamos os demais e a tudo.Amo a família, os pobres, os maltratados.Quem ama a Deus eterno, ama, ama, ama.Uma vez disse que devemos amar até doer. Não?Devemos amar até sentir algo diferente.Sentir o verdadeiro amor.Hoje tudo está tão triste.É por causa do amor?Já disse: Cadê os pedaços que faltam?Tem que ser o amor inteiro.O amor de Deus não vem aos pedaços.Devemos amar a Deus para que o nosso lar, que é um projeto de Deus,Para ser abrigo seguro para todos os familiares.Assim disse que o lar é um pomar onde encontramos frutos para servir a fome de carinho.Obrigada meu Deus,Porque o Senhor me deu um lar aqui na terra e um lar celestial para viver sempre com minha grande família,A família de Deus.Em Cristo.

*Reside em Fortaleza/CE, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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A essência da vidaJaneuce Cordeiro Maciel*

Um dia o Poema deitou-se na Poesia e cessou. A Prosa, que assis-tia atenta ao espetáculo mudo, surrupiou-se naquela roupagem e se pôs a versar sobre o assunto em linhas compridas, contadas até o fim da página. Segundo ela, o poema não passava de um homem globalizado, timoneiro na rota capitalista, atento ao espetáculo das bolsas de valores e do câmbio, ocu-pado de números e déficits e lucros e bandos e contrabandos. Ainda bem o dia raiava para ele se vestir na posição de sentido, em versos sempre eretos, combinados em terno e gravata e sapatos finos. A sala, fechada a sete por-tas, dava a impressão de guardar naquele homem, em vez do mapa, a pró-pria mina. Qualquer um que se atrevesse a chegar ao Poema era sabatinado e impedido por uma ilha de assistentes que o guardavam de todos os lados, respondendo por ele, transmitindo-lhe a última palavra obedecida.

Mas o Poema em linha reta era também um nicho de desconforto e mal-estar. Apesar de levar a vida a ferro e fogo, havia uma goteira que pinga-va sempre no seu telhado, tentando escorregá-lo naquele chão. Segundo a Prosa, com seus ares de sábia, aquela goteira era a força humana da vida. E assim ele viveu por tristes longos anos, até que numa noite de serão, afogado no ciclo vicioso dos números infinitos, a chuva alagou a sala e trouxe consigo, a galope num arco-íris, a dona Poesia. Sem pedir licença, ela rompeu todas as portas, afogou os números e adentrou o homem. Abriu-lhe as janelas até que ele visse a escuridão da noite sem véu. Em seguida, ela o tirou para dançar e os dois bailaram naquele chão molhado e escorregadio, ao som da chuva plácida e cadente. Faltava-lhes espaço para tanta euforia, então de-ram de abrir as portas. Era agora o Poema-homem que, embebido daquela energia feminina que lhe fomentava os interstícios, alongava-se no espaço e derrubava as paredes com ferramentas invisíveis. Já cansado, esgueirou-se no chão. A poesia pôs-se sobre ele e começou a tirar-lhe a roupa molhada. Despiu-o lentamente, peça a peça, e fez ver-lhe o próprio corpo, no original, pedindo alma. Então ela o penetrou, frágil e francamente, até o fim do último ruído de amor.

A noite se foi e o dia trouxe o sol. O Poema olhou-se ao redor. Era a mesma sala, os mesmos números, as mesmas paredes e portas, os mes-mos assistentes, no entanto ele estava nu. Ainda era um homem confundido na polaridade, dividido entre o ser e o estar, entre a massa e as próprias entranhas, entre o que se diz e o que parece ser, mas aquele já não era o ambiente no qual podia se mover. Seu corpo agora despido pedia os ares e os mares. Seu eco agora lógico sentia sede de chuva e de sol fragrantes na

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pele. Depois de fazer amor de verdade com a Poesia, ele se tornara o Poema de versos livres.

Segundo a Prosa, que ora vos narra tão vestida de poesia, ele já é o Poeta vivendo a própria experiência de felicidade. Trabalha com afinco, suave e levemente e, de janela sempre aberta, vai rimando verdes e cinzas para combater a opacidade da vida. E ela termina a história pedindo licença para saudar o Poeta, por ser ele, especialmente, um cosmopolita solitário, um indignado sem razão aparente, um abestalhado que antevê o fim no começo e o começo no fim. A olhos tão comuns, o louco, o ébrio, e, por que não dizer, o antissocial, o inadaptável, na contramão da história, por ver o mundo nos olhos de dentro. Mas também aquele que é capaz de sangrar até sair pela tangente e se banhar na essência da vida.

*Professora, escritora e membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni. Reside em Turmalina/MG

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A essência da vidaTherezinha Melo Urbano de Carvalho*

Se perguntarem quem souÉ melhor dizer – Não seiO que eu era, não sou maisReinventei a vida.Eu era pluma, hoje sou açoEra rosa, hoje sou rocha. Como sei pouco, e sou pouco,faço o que me cabeme dando por inteira. A verdade que é luzardendo na escuridãoDa terra nasce e crescena mão de cada um. Não somos melhoresnem piores. Somos iguais.Viemos das mesmas raízes. Me olho sem medo de me verReinventando a vida sozinhaNo fundo dos meus sentimentosDesde o tempo em que o medoMe ensinava a calar. Do ontem ganheio jeito de me repartir:amor, verdade, valor da famíliaseguem comigoabrindo caminhos revendo os percorridos.

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O ontem não dóivai comigoBase na minha construção humanaAgora é fazer o que precisoFazer o que acho que seiFazerSem precisar bengalas ou aceitaçãoAprendi.

(A)Justa(da) na realidadeBusco nas palavrasMostro meu ser.

Se perguntarem quem souÉ melhor dizer – Não seiO que eu era, não sou maisReinventei a vida.

*Educadora, escritora, poetisa e membro titular da cadeira 25 da Academia de Le-tras de Teófilo Otoni.

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UtopiaAilton Ferraz Silva*

Na selva de pedra em que me estranheiConcreto armado, estática arquitetura,Fui tolo, fui mártir, mendigo e rei,Narciso convicto e em desventura.

Conquanto o caminho seja surpreendenteE na estrada da vida de repenteA fadiga e a dor nos assolamCorroem-nos, e nos esfola,

E como um solitário e andarilhoSem rumo, a ermo e sem teto.À procura, como nesse epíteto,O que não se consegue decifrar.

Brinquei, joguei sonhador que fui,Briguei, enxovalhei construtor que sou,Zombeteiro, fiz ciranda de amor.Hoje sou funesta pirâmide que rui.

O eu egoísta e avaro sonhava,Absorto em minha utopiaNo espectro da noite não percebiaQue o filho de tanto amar definhava.

Assim, nasceu, cresceu, viveu, e amou,Brincou, plantou, estudou e amouOrou, rezou, amou e morreu,E o sepultado nesta vida fui eu.

Sou matuto lá no meu SanharóDo canavial, fui o cortador,Bagaço seco é fornalhaToquei boiada, girei moenda e a mó.

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Percorri praias, paineiras e prados,Ando devagar, a passada não falha,Pastoreei ovelhas, puxei arados,Cedo madruga quem muito trabalha.

Cultivei rosas, extraí perfume,E o odor, voraz, o suar consome,No íntimo, assola o desespero,Sei, a essência da vida é o tempero.

Fui um bravo, o brado retumba, ressoaAltaneiro ginete de boa cervizAplaudi quem um canto entoaOfendi, humilhei, ficou a cicatriz.

Sonhei a vida, busquei a felicidade,Amei, desejei, fugi, e fui egoísta.Encontrei a paz, apregoei a humildade,No curso da vida sempre fui otimista.

*Poeta e Agente de Correios em Teófilo Otoni/MG.

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A vida é...Tadeu Raimundo Laert*

A vida é um mistériotão belo e profundo.Nada neste mundoAlcança seu valor.

A vida éum “clik” divino.Milagre latente.Dom e presente, a vida é.

A vida não se medetambém não se explica.Experiência tão rica,envolvente e palpitante.

A vida éuma breve viagem.Sopro de paz,Chama fugaz, a vida é...

A vida é um pulsaruma grande aventura.Elo de ternurade Criador pra citação

A vida é um só momento,que é todo seu,que Deus lhe deu, a vida...

A vida é uma cançãoSentida no caminho.Não se canta sozinhoé preciso ter alguém

A vida éum dar e receber.Na longa esperaBreve primavera, a vida é,,,

*Compositor e cantor.

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Essência poderosaLeuson Francisco da Cruz*

Já era de madrugadaBem longe do amanhecerQuando um intenso perfumeVeio a despertar-me.E se espalhou pelo quartoObrigando-me a sair da cama.Queria entender a razãoDaquele agradável cheiro.Fiquei surpreso ao perceberQue o aroma de repenteTomava toda a casa.Abri a porta e saíE aquele mesmo perfumeParecia acompanhar-me.Andei por vários lugaresBecos, ruas e praçasDa minha amada cidadeE sentia cada vez maisAquela essência envolvente.Um vento soprou forteVi uma rosa vermelhaPerdendo uma a umaas suas lindas pétalas.A fragância então aumentouJuntando-se a daquela flor.Continuei a caminhadaQueria levar aquele odorPor mais e mais localidades.Notei que os mendigosQue ali passavam a noiteCom seus malfadados corposPareciam renovados.Percebi que os boêmiosDos botequins e baresLogo deixavam a farraE procuravam seus lares.Arruaceiros e desordeirosNão discutiam nem brigavam

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Saqueadores e ladrõesNão roubavam nem saqueavam.Como também os drogadosNaquele dado momentoNão dopavam nem drogavam.Passando pelos hospitaisPercebi que os pacientesNaquele mágico momentoConversavam e se alegravamTalvez com o alívio das dores.Na minha imaginaçãoVeio a feliz conclusão:Que só uma essência divinaPode mudar as situaçõesTransformando...Guerras e conflitosEm momento de “Paz”.

*Membro titular da cadeira 12 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Quanto vale a VIDA?João Batista Vieira*

Ontem, dia 1º de Janeiro, enquanto meu carro estava estacionado em uma determinada rua da cidade, entrara um filhote de gato, todo mo-lhado e prestes a morrer debaixo do veículo. Ao vê-lo, dei marcha à ré com bastante cuidado, a fim de não atropelá-lo. Depois pedi ajuda para que o colocasse em um lugar seguro.

Não sei se aquele gatinho sobreviveu. Fui para casa com aquela cena na mente. As fortes chuvas caídas na região deixaram um rastro de morte e destruição. E os animais domésticos abandonados sofrem os horrores porque seus “donos” os lançam nas ruas à mercê da própria sorte. A pergunta que não quer calar é: quanto vale a vida?

Dizem que a vida não tem preço, é dádiva de Deus e o bem mais precioso. Até aí, tudo bem. Mas será que só restringe à vida humana? Imagine um lugar que só tenha humanos... Não há outra forma de vida, nem pássaros de vários tipos e cores, borboletas de vários tipos e cores, plantas e árvores, animais que rastejam, animais de leite, galinhas, patos e gansos, cachorros de várias raças, macacos, insetos, bichos de várias espécies, gatos etc. Você teria uma vida saudável? Seus filhos seriam felizes sem nenhum animalzinho para brincar? Você conseguiria entrar numa floresta e sentir – se bem sem nenhum canto sequer? Olharia para o céu e não veria o voo em forma de V de um bando de aves marinhas dando um espetáculo e copiado por pilotos de aviões de caça? A vida tem um preço sim, senhor! Só que humano não pode pagar. Só quem a deu é que pode dizer o valor e comprar a hora que bem entender. Não se trata de dinheiro, ou bens materiais, nem tampouco poder. As vivências humanas devem passar pela sensibilidade e respeito às outras formas de vida. Cada um tem um Éden para cuidar, cada Adão deve saber o jar-dim que tem; e cada jardim anseia por um Adão zeloso e sensível.

O gato não tem sete vidas, ele tem só uma; o homem é que parece que tem sete e que vive se desperdiçando como numa roleta russa. Na verdade, o ser humano quer descarregar suas frustrações e loucuras em animais que só querem ser cuidados! Muitas vezes, gatos e cães sofrem por confiar que uma pessoa é de fato seu dono e acabam torturados pelo carrasco.

Os animais também têm sentimentos e a vida deles é dádiva do criador. Cada vez que o homem maltrata um animal, ele está se senten-ciando a viver em um lugar que a vida já não mais está ali. Um jardim sem flor, uma floresta sem bichos, um lugar sem floresta, um rio sem

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peixes, um leito sem água, um céu sem revoar de aves, um vale de os-sos secos.

Cada vez que morre um animal fora da cadeia alimentar, é um pe-daço de mim e de você que morre. E quando aprendemos e valorizamos a linguagem das plantas e dos bichos é um pedaço do mal que deixamos de cultivar.

*Professor, escritor e membro titular da cadeira 10 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Sobre a essência da VidaClevane Pessoa de Araújo Lopes*

Na constância das primícias às finalizações, a essência da Vida tem um segredo de casulo, de semente,gestação ou floração, mas somos seres impacientes,vivemos muito depressa, nas acontecências inesperadas,nas programadas, sem as devidas paciênciasque permitem a maturação.Na essência da vida, reside a palavra milagre, o verbo da construção, a soma, a multiplicação.Por causa de subtrações e divisões, somos às vezes insensatos, tememos qualquer redução, mas nela , tantas vezes, imprime-se , na eclosão de todas as espécies, a história necessária a cada ser,no espaço do estar para crescer.quem sabe voar...

*Escritora, residente em Belo Horizonte é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni

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Academia de Letras de Teófilo OtoniQuadro Social

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Academia de Letras de Teófilo Otoni

“Resgatando a arte literária na cidade”

Perfil, membros titulares, correspondentes, beneméritos, honorários, convidadas

de honra e patronos

Fundada oficialmente em 20 de dezembro de 2002, é composta por 30 membros titulares e efetivos; cada cadeira é desginada numericamente e tem um patrono, imutável, em homenagem a personalidades que tenham se notabilizado nas letras, nas ciências, nas artes, na política, na educação e na imprensa. A entidade tem por objetivos: realizar estudos e pesquisas na área da literatura local e regional; promover e incentivar a cultura através da realização de conferências, exposições, concursos, cursos e outras ativi-dades de natureza cultural; coletar, pesquisar, elaborar e divulgar estudos e informações de cunho cultural, relacionados aos intereses da entidade, bem como congregar os esforços daqueles que se interessam pelo processo cultural, o cultivo e divulgação da língua e literatura nacionais.Realiza, anu-almente, a tradicional “Noite do Café Com-Letras”, com recital de poesias, lançamento da Revista “Café-com-Letras”, com trabalhos dos acadêmicos e convidados especiais e, ocasionamente, posse de novos membros titulares e correspondentes.

Mantém a Biblioteca D. Didinha e o Núcleo de Documentação de Lite-ratura Isaura Caminhas Fasciani, destinado ao resgate, à guarda e conser-vação de livros, documentos (manuscritos e iconográrficos) e demais objetos de valor histórico cultural com referência à literatura no município de Teófilo Otoni e região do Vale do Mucuri.

Desenvolve em parceria com a União Estudantil de Teófilo Otoni e Conselho Municipal da Juvetude, atividades de estímulo à leitura e escrita por meio da realização anual do Prêmio Literário Jovem Escritor para os alunos na faixa estária dos 14 aos 29 da comunidade escolar da educação básica e superior.

A entidade instituiu, a partir deste ano, o Prêmio Academia de Le-tras de Teófilo Otoni: Troféu Cultural Isaura Caminhas com premiação anual nas seguintes modalidades: Prêmio ALTO conjunto de obra literária; Prêmio ALTO produção literária: poema, romance, conto, crônica, crítica literária, roteiro adaptado e literatura infantojuvenil; Prêmio ALTO produção técnico - científica e intelectual: dissertação, tese, ensaio, artigo científico, artigo

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jornalístico e monografia; Prêmio ALTO expressiva atividade elevadora da cultura teófilo-otonense; Prêmio ALTO livro do ano: por obra poética ou em prosa lançada no decorrer do ano; Prêmio ALTO incentivo cultural para pes-soas físicas ou jurídicas, promotoras da arte e cultura no município e Prê-mio ALTO escritor do ano.

Outrossim, foi instituída “A Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha” des-tinada a homenagear pessoas físicas e jurídicas que tenham se destacado na criação e promoção lítero-cultural, através de atividades pertinentes às con-tribuições literárias, culturais, artísticas, religiosas e pesquisas em favor do desenvolvimento da pessoa humana e da sociedade teófilo-otonense ou pelo estabelecimento de políticas e projetos para o desenvolvimento da educação, o ensino e civismo no município e região do Vale do Mucuri.

Quadro Social

Convidadas de HonraGuiomar Sant’Anna Murta, Hilda Ottoni Porto Ramos, Isaura Caminhas Fas-

ciani (In memoriam) e Maria Laura Pereira da Silva Couy.

Membros TitularesAmenaide Bandeira RodriguesAntônio Sérgio Torres Ferreira

Elisa Augusta de Andrade FarinaHilda Ottoni Porto Ramos

Maria Laura Pereira da Silva CouyMarlene Campos Vieira

Neuza Ferreira SenaLuiz Alberto Bassoli

Ricardo Lopes Marques JúniorJoão Batista Vieira de Souza

José Geraldo SilvaJosé Carlos Pimenta

Leuson Francisco da CruzLizia Maria Porto RamosOlegário Alfredo da Silva

Raquel Melo Urbano de CarvalhoTherezinha Melo Urbano de Carvalho

Tadeu Raimundo LaertWilson Colares da Costa

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Membros CorrespondentesAltamir Freitas Braga – Rio de Janeiro/RJ

Walter Teófilo Rocha Garrocho – Barbacena/MGLuiz Paulo Lírio de Araújo – In memoriam

Norma Disney Soares de Freitas – Fortaleza/CEDaniel Antunes Júnior – Belo Horizonte/MGJoão Santos Gomes – Medeiros Neto/BA

José Moutinho dos Santos – Belo Horizonte/MGJean Albuquerque – Nova Viçosa/BA

João Marques de Oliveira Neto – Osasco/SPGessimar Gomes de Oliveira – Montes Claros/MG

Amir Fernandes de Souza – Nanuque/MGFrancisco Soriano de Souza Nunes – Rio de Janeiro/RJClevane Pessoa de Araújo Lopes – Belo Horizonte/MG

Helena Selma Colen – Ladainha/MGCosme Custódio da Silva – Salvador/BA

Marco Aurélio de Freitas Lisboa – Belo Horizonte/MGDarlan Alberto Tupinambá Araújo Padilha – São Paulo/SP

Rozelene Furtado de Lima – Teresópolis/RJWilson de Oliveira Jasa – São Paulo/SP

Lucilene Ianino Lima Peçanha – Belo Horizonte/MGMaria Cristina Carone Murta – Belo Horizonte/MG

Ieda Cunha Cavalheiro – Porto Alegre/RSJosé Aparecido Araújo – São Paulo/SPBruno Resende Ramos – Teixeiras/MG

Renata Rimet Ramos Silva – Salvador/BAArahilda Gomes Alves – Uberaba/MG

Ilda Maria Costa Brasil - Porto Alegre/RSMaria Helena Sleutjes – Juiz de Fora/MG

Mauro Marques de Carvalho – Manaus/AMWilson Ribeiro – Pavão/MG

Valdeck Almeida de Jesus – Salvador/BAFernando Catelan – Mogi das Cruzes/SP

Carlos Lúcio Gontijo – Santo Antonio do Monte/MGLuciana Tannus de Andrade - Aracaju/SE

Adão Alves de Oliveira Filho – Uberlândia/MGEmerson Maciel Santos – Laranjeiras/SE

Jelvisson dos Santos Nascimento – Salvador/BARogessi de Araújo Mendes – Recife/PE

José Geraldo Tavares – Juiz de Fora/MGLilian de Sousa Farias – Aracajú/SE

Jacqueline Bulos Aisenman – Genebra/SuiçaNelci Veiga Mello – Campo Mourão/PR

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Lúcia Helena Pereira – Natal/RNElizabeth Abreu Caldeira Brito – Goiânia/GOValdivino Pereira Ferreira – Turmalina/MG

Ormuz Barbalho Simonetti - Natal/RNDilercy Aragão Adler – São Luiz/MA

Maria Norma Lopes de Macedo – Turmalina/MGJaneuce Maciel Cordeiro – Turmalina/MG

Jane Guilherme da Silva Rossi – Guarulhos/SPFrancisco Alves Bezerra – São Bernardo do Campo/SP

João Carlos de Oliveira Tórtora – Petrópolis/RJRoberto Prado Barbosa Junior – São Vicente/SP

Alexandre Cezar da Silva - Ocara/CEFernando da Matta Machado – Rio de Janeiro/RJ

Paulo Cesar de Almeida – Andrelândia/MGMônica Yvonne Rosemberg – São Paulo/SP

Marcus Vinícius Bertolini Rios – Iúna/ESMaria da Conceição Rodrigues Moreira – Belo Horizonte/MG

Helenice Maria Reis Rocha – Belo Horizonte/MGRodrigo Marinho Starling – Belo Horizonte/MGWeder Ferreira da Silva – Rio de Janeiro/RJ

Benvinda da Conceição de Melo Lopo – Lisboa/PortugalCláudio de Almeida – São Paulo/SP

Marcelo Allgayer Canto – Cachoeirinha/RSCelso Gonzaga Porto – Cachoeirinha/RS

Alcione Sortica – Porto Alegre/RSFrancisco José da Silva – Bom Jesus do Galho/MG

Décio de Moura Mallmith – Porto Alegre/RSJorge Henrique Vieira Santos – Nossa Senhora da Glória/SE

Flávia Assaife Campos Almeida – Rio de Janeiro/RJOdyla Pinto de Paiva – Rio de Janeiro/RJ

Maria da Glória Oliveira Brandão Marques – Itabuna/BANeri França Fornari Bocchese – Pato Branco/PR

Paulo André Gazzinelli – Belo Horizonte/MGPaulo Roberto de Oliveira Caruso – Rio de Janeiro/RJ

Carmem Terezinha Rodrigues Moraes – Porto Alegre/RSLeandro Bertoldo da Silva – Padre Paraíso/MG

Carlos Henrique Pereira Maia – Niterói/RJMamede Gilford de Meneses – Itapipoca/CESandra Ramalho de Oliveira – Caratinga/MG

Isabel Cristina Silva Vargas – Pelotas/RSGleidston Céar Rodrigues Dias – Lagoa da Confusão/TO

Irineu Barone Costa – Belo Horizonte/MG

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Membros BeneméritosMaria José Haueisen Freire

Gilberto Ottoni PortoTheomar Sampaio Paraguassu

Detsi Gazzinelli Jr.Arnaldo Gomes Pinto Júnior

Membros HonoráriosHumberto Luiz Salustiano Costa

Wilson Pires NevesIvan Claret Marques Fonseca

Patrono OficialProf. Celso Ferreira da Cunha

Patronesse: Núcleo Documentação de Literaturae do Prêmio Academia de Letras

Isaura Caminhas Fasciani

Patronesse: Bibliotecae da Medalha de Mérito Cultural

Hilda Otoni Porto Ramos - DªDidinha

Patrono: Publicações EspeciaisAlbert Schirmer

Patrono: Membros CorrespondentesLuiz de Almeida Cruz

Patrono: Membros HonoráriosSerafim Ângelo da Silva Pereira

Patrono: Membros BeneméritosHorácio Rodrigues Antunes

Patrono:Prêmio Jovem EscritorFábio Antonio da Silva Pereira

Voluntários da Secretaria GeralEduardo Amorim SilvaEgmon Schaper Filho

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Patronos Perpétuos In Memoriam

Cadeira: Patrono:01............................................................Pedro de Paula Ottoni02............................................................Ruy Homero de Oliveira Campos03............................................................Lourenço Ottoni Porto04............................................................Olbiano Gomes de Mello05............................................................Paul Max Rothe06............................................................Pedro Antonio do Nascimento07............................................................Régulo da Cunha Peixoto08............................................................Reynaldo Ottoni Porto09............................................................Augusto Pereira de Souza10............................................................Adail Barbosa de Oliveira11 ............................................................Lourival Pechir12............................................................Dom Quirino Adolfo Schmitz13............................................................Joaquim Nunes14............................................................Joaquim Alves Portugal15............................................................Tristão Ferreira da Cunha16............................................................José Alfredo de Oliveira Baracho17............................................................Nelson de Figueredo18............................................................Rubem Somerlate Tomich19............................................................Dely Coelho Nogueira20............................................................Darcy de Almeida21............................................................Libório Zimmer22............................................................Johann Leonard Hollerbach23............................................................Petrônio Mendes de Souza24............................................................Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto25............................................................ Ione Lewicki da Cunha Mello26............................................................Leônidas Alves Lorentz27............................................................Luiz Gonzaga de Carvalho28............................................................Noé Rodrigues dos Santos29............................................................João Salomé de Queiroga30............................................................José Gonçalves Sollero

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