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Saúde Coletiva cadernos NESC UFRJ Relacionamento de Bases de Dados em Saúde EDITORES CONVIDADOS Claudia Medina Coeli Kenneth Rochel de Camargo Jr.

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Saúde Coletivacadernos

N E S C • U F R J

Relacionamento de Basesde Dados em Saúde

EDITORES CONVIDADOS

Claudia Medina CoeliKenneth Rochel de Camargo Jr.

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Catalogação na fonte – Biblioteca do CCS / UFRJ

C a d e r n o s S a ú d e C o l e t i v a / U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o d e J a n e i r o ,

N ú c l e o d e E s t u d o s d e S a ú d e C o l e t i v a , v . X I V , n . 2 ( a b r . j u n 2 0 0 6 ) .

R i o d e J a n e i r o : U F R J / N E S C , 1 9 8 7 - .

T r i m e s t r a l

I S S N 1 4 1 4 - 4 6 2 X

1 . S a ú d e P ú b l i c a - P e r i ó d i c o s . I I . N ú c l e o d e E s t u d o s d e S a ú d e C o l e t i v a / U F R J .

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CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (2 ) : 195 - 196, 2006 – 195

E D I T O R I A L

RELACIONAMENTO DE BASES DE DADOS EM SAÚDE

Rejane Sobrino Pinheiro1, Kenneth Rochel de Camargo Jr.2,Claudia Medina Coeli3

Susser e Susser (1996) chamaram a atenção sobre a importância para apesquisa epidemiológica de duas áreas recentes de desenvolvimento tecnológico:as técnicas em biologia e biomedicina, que vêm contribuindo para a melhorcompreensão dos processos de determinação de doenças no micronível; e astecnologias na área de sistemas de informação, que ao permitirem o armazenamentoe acesso em larga escala (geográfica e no tempo) a bases de dados com informaçõesvariadas sobre condições de vida e saúde, têm possibilitado o melhor entendimentodos processos de determinação de doenças no macronível.

O Brasil possui grandes bases de dados nacionais, de dados vitais, de morbidadee de produção de serviços, de abrangência nacional, comparáveis às que existemem diversos países centrais. É produzido anualmente um grande volume dedados, amplamente disponíveis via internet pelo Datasus/MS, cujo percentual deaproveitamento deixa ainda a desejar. Parte da argumentação gira em torno daqualidade dos dados, outra parte é que os dados não são detalhados o suficientepara serem úteis para apoiar a decisão em saúde, e há, ainda, a falta de treina-mento por parte dos gestores no uso da informação. Todo sistema de informaçãotem uma curva de implantação e, a partir do uso dos dados processados e doretorno da informação aos diferentes níveis de utilização, chegando até os quea coletam, se dá o constante processo de melhoria dos dados e do própriosistema de informações.

Lazaridis (1998) aponta que o uso de bases de dados na avaliação em saúdesegue o mantra dos três Rs – “Redução de custos; Reutilização e Reciclagem”.

1 Doutora em Saúde Pública. Profª. Adjunta do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva e do Departamentode Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina - UFRJ - End.: Av. Brigadeiro Trompowsky, s/nº - Ilhado Fundão - Praça da Prefei tura da Cidade Universi tár ia - CEP: 21949-900 - Rio de Janeiro - RJe-mail: [email protected] j.br

2 Doutor em Saúde Coletiva. Prof. do Instituto de Medicina Social - IMS/UERJ - End.: Rua São Francisco Xavier 524,7º andar Bl. D - CEP: 20559-900, Rio de Janeiro, RJ - e-mail: [email protected]

3 Doutora em Saúde Coletiva. Profª. Visitante do Departamento de Epidemiologia. Instituto de MedicinaSocial – IMS/UERJ e Pesquisadora Visitante da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/FIOCRUZ.e-mai l: coel [email protected]

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196 – CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (2 ) : 195 - 196 , 2006

R E J A N E S O B R I N O P I N H E I R O , K E N N E T H R O C H E L D E C A M A R G O J R . , C L A U D I A M E D I N A C O E L I

Segundo o autor, essas fontes de dados permitem que avaliações em saúde sejamrealizadas a um custo reduzido, já que dados colhidos anteriormente são reutilizadospara a condução de análises que não haviam sido originalmente planejadas(a idéia de reciclagem). Aos três Rs iniciais, o autor propõe a inclusão de umquarto R, para representar a necessidade do uso responsável dessas fontes no quediz respeito aos aspectos éticos e legais (particularmente em termos de integridadee segurança dos dados). Outro sentido, entretanto, que poderia ser dado para aidéia da responsabilidade, envolve o cuidado que pesquisadores devem ter aousarem fontes de dados secundários. Pesquisas baseadas na coleta de dados pri-mários partem de uma pergunta específica a ser respondida, sendo, então, utiliza-dos um conjunto de procedimentos para que todos os dados necessários à análisesejam coletados e armazenados de forma adequada. Já na pesquisa baseada emdados secundários, a questão que se coloca é buscar que perguntas podem serrespondidas considerando a qualidade e a natureza dos dados disponíveis na basede dados selecionada para a análise. As técnicas de relacionamento de registros,ao permitirem a integração de bases de dados de natureza diversa, ampliam oescopo de perguntas a serem respondidas, além de contribuir para a melhoria daqualidade dos dados registrados e permitir o seguimento longitudinal.

Este número temático da Cadernos Saúde Coletiva busca ampliar o debateem torno da integração de bases de dados em saúde, reunindo trabalhos acercadas diversas análises que podem ser feitas, tocando em temas como a avaliação daqualidade dos dados, complementação e correção dos mesmos, como em relaçãoà pesquisa em serviços de saúde. Aborda ainda a complexidade metodológica,tanto no desenvolvimento quanto no uso adequado das metodologias disponíveispara a integração de bases de dados, como no volume de trabalho manual queainda é necessário para efetuar essa integração.

Esperamos que este número auxilie a consolidação e expansão deste recursotécnico-metodólogico em nosso meio, pelo potencial que apresenta tanto emtermos de pesquisa quanto para a avaliação e gestão de serviços de saúde.

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

LAZARIDIS, E. M. Database standardization, linkage, and the protection ofprivacy. Annals Internal Medicine. v. 127(8 Pt 2), p. 696, 1997.

SUSSER, M.; SUSSER, E. Choosing a future for epidemiology: I. Eras andparadigms. American Journal of Public Health. v. 86, n. 5, p. 668 - 673, 1996.

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CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (2 ) : 411 - 416, 2006 – 411

SOBREVIDA APÓS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO EM PACIENTES INTERNADOS EM

HOSPITAIS VINCULADOS AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Survival after acute myocardial infarction in patients admitted in theBrazilian Health Unified System hospitals, Rio de Janeiro State

Catarina Cardoso Pinheiro Soares1, Rejane Sobrino Pinheiro2,Claudia Caminha Escosteguy3

RESUMO

O estudo avalia a influência dos principais fatores prognósticos disponíveis no Sistemade Informação Hospitalar (SIH/SUS) na sobrevida dos pacientes internados porinfarto agudo do miocárdio (IAM) nos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde(SUS), no Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2002. Foi realizado o relacionamentoprobabilístico de bases de dados das autorizações de internação hospitalar de 2002 edas declarações de óbito de 2002 e 2003. Entre os óbitos, 56,7% eram homens,porém a letalidade foi maior entre as mulheres (27,7%), em todas as idades. Houvebaixa utilização de UTI (29,1%), com maior utilização entre homens e em idosos.Não houve efeito estatisticamente significativo em relação à utilização de UTI eprevenção de óbito. A angioplastia coronariana (AC) e a revascularização miocárdica(RM) foram realizadas em 2,8% e 1,3% dos pacientes, respectivamente, comproporção menor entre mulheres. A letalidade em 30 dias foi de 13,6% e a letalidadeem 1 ano foi de 21,1%, com pior evolução em mulheres nos dois períodos e emindivíduos mais idosos. Verificou-se pior prognóstico pós-infarto entre mulheres eem faixas etárias mais elevadas.

PALAVRAS-CHAVE

Infarto agudo do miocárdio, sobrevida, sistemas de informação em saúde,mortalidade hospitalar

ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the mortality after acute myocardial infarction(AMI) in patients admitted at hospitals in the Brazilian Health Unified System (SUS).The admissions registered in the Hospital Information System (SIH/SUS) database,occurred in the Rio de Janeiro State hospitals in 2002, were analyzed. The administrativedatabase of the hospital discharge claims data was linked to the Mortality InformationSystem database, 2002 a 2003, for 1-year follow-up, using the probabilistic linkagewith the RecLink computational program. 56,7% of the patients who died were male,

1 Médica e Sani tar ista - End.: Avenida Br igadeiro Trompowski, s/n°. - I lha do Fundão - Praça daPrefeitura da Cidade Universitária - CEP: 21949-900. e-mail: [email protected]

2 Doutora em Saúde Públ ica. Professora Adjunta do Núcleo de Estudos de Saúde Colet iva e doDepartamento de Medicina Preventiva / Faculdade de Medicina - UFRJ.

3 Doutora em Saúde Pública. Chefe do Serviço de Epidemiologia - Hospital dos Servidores do Estado/ Ministério da Saúde.

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C A T A R I N A C A R D O S O P I N H E I R O S O A R E S ,R E J A N E S O B R I N O P I N H E I R O , C L A U D I A C A M I N H A E S C O S T E G U Y

but the mortality was greater among the female (27,7%), at all ages. Few patientsused the Intensive Care Unity (UTI) (29,1%), with more utilization among men andelderly. There was no statistical association between UTI use and mortality. Theangioplasty and myocardial revascularization were performed for 2,8% and 1,3% ofthe patients, respectively, with less use among women. In-hospital mortality was11,6%, the 30-days mortality was 13,6% and 1-year mortality was 21,1%, withhigher mortality for women and for elderly.

KEY WORD

Acute myocardial infarction, survival, health information system, mortality

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DAC) são a principal causa de morbidade emortalidade nos países desenvolvidos e uma das principais causas entre ospaíses em desenvolvimento (Mansur et al., 2001). No Brasil, são responsáveispor 27,2% do total de óbitos por causas conhecidas, sendo os óbitos porinfarto agudo do miocárdio (IAM) representantes de 23% do total das mortespor DAC (MS, 2002).

O IAM requer internação e assistência imediata, devido ao maior risco demorte na primeira hora após o início dos sintomas. Cerca de 20% a 25% dospacientes morrem nos primeiros 30 dias após o IAM. Depois desse período, asobrevida é de 50%, mesmo em pacientes não internados à época do infarto(Melo, 2004). Mudanças na mortalidade e na sobrevida após IAM relacionam-seà melhoria no acesso hospitalar e às tecnologias de prevenção e tratamento decomplicações fatais, como arritmias e parada cardíaca (Melo, 2004).

Atualmente, o SUS é responsável por aproximadamente 67% do total deinternações (Castro, 2006) e estudá-las pode auxiliar no processo de tomadade decisão referente a uma grande parcela da população que necessita decuidados de saúde.

Existem no Brasil diversos sistemas de informação em saúde, que proporcionamum acesso rápido e de baixo custo às informações de saúde e apresentamcobertura nacional, o que torna mais fácil a recuperação dos dados. Entretanto,suas utilidades dependem da qualidade dos dados. O Sistema de Informaçãosobre Mortalidade (SIM) tem sido bastante analisado no Brasil, o que tem permitidoa melhoria da qualidade de seus dados. Estudo nacional avaliou a pertinência dautilização do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde(SIH-SUS) na qualidade da assistência e risco de óbito hospitalar por IAM.Concluiu que, de forma geral, seu uso foi pertinente como um instrumento auxiliarna avaliação da qualidade da assistência ao infarto agudo do miocárdio, pelomenos no Município do Rio de Janeiro (Escosteguy et al., 2002; 2005).

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CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (2 ) : 411 - 416, 2006 – 413

S O B R E V I D A A P Ó S I N F A R T O A G U D O D O M I O C Á R D I O E M P A C I E N T E S I N T E R N A D O S

E M H O S P I T A I S V I N C U L A D O S A O S I S T E M A Ú N I C O D E S A Ú D E N O E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O

O objetivo desta pesquisa é analisar a sobrevida de pacientes com infartoagudo do miocárdio internados no SUS no Estado do Rio de Janeiro utilizandobases de dados secundárias.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram selecionadas, do SIH-SUS, as internações com o diagnóstico principalde IAM (I21 ou I22), segundo a Classificação Internacional de Doenças eProblemas Relacionados à Saúde - 10ª Revisão (CID-10), realizadas em hospitaisvinculados ao SUS, no Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2002.

Inicialmente, 5.166 registros de internações foram analisados e 723 observaçõesforam excluídas (13,9%), 609 por aparecerem mais de uma vez no banco dedados (repetições e reinternações), 122 não infartados e 7 indivíduos menoresde um ano, restando, então, 4.427 registros de internação.

Para a análise de sobrevida, os registros dos pacientes com IAM foramrelacionados aos registros do SIM dos anos de 2002 e 2003, por meio derelacionamento probabilístico através do software RecLink (Camargo Jr. & Coeli,2000), baseando-se na metodologia sugerida por Coeli e Camargo Jr. (2002).

O tempo de sobrevida foi calculado pelo intervalo de tempo entre a admis-são hospitalar e o óbito, em indivíduos acompanhados por um ano.

RESULTADOS

Das 4.427 internações por IAM, 62,4% eram de homens. A média de idadedas mulheres foi de 63,6 anos e de 59,1 anos em homens. Mais de 50% dasinternações concentraram-se na região Metropolitana, enquanto as internaçõesdas demais regiões dividiram-se homogeneamente.

A reinternação por IAM foi de 4,1%. A permanência hospitalar média foide 9,5 dias. Cerca de 29,1% dos pacientes fizeram uso de Unidade de TratamentoIntensivo (UTI), com utilização maior entre homens (65,3%) do que entremulheres (34,7%) e em indivíduos mais idosos. Mais internações ocorreram noshospitais municipais (34%), estaduais (21,3%) e filantrópicos (16,5%).

A angioplastia coronariana (AC) foi realizada em 2,8% dos pacientes,enquanto a revascularização miocárdica (RM), em 1,3% dos casos, com menorproporção entre mulheres. Dos pacientes que foram submetidos à AC, 84,8%sobreviveram, o mesmo ocorrendo em 87,7% dos pacientes que realizaram aRM. O percentual de indivíduos submetidos a esses procedimentos foi maiorentre os pacientes internados em UTI.

A letalidade hospitalar foi de 11,6% e variou segundo o sexo do paciente(13,5% para as mulheres e 10,5% para os homens, p < 0,01), idade (p < 0,01) enatureza jurídica do hospital que realizou a internação (16,8% para os universitários,

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aproximadamente 13% para os filantrópicos e federais e 9,4% para os privadoscontratados; p < 0,05) (Tabela 1).

A letalidade em 30 dias após a internação foi de 13,6%, com variações emrelação ao sexo (16,1% das mulheres e 12,1% dos homens, p < 0,01), faixa etáriae natureza jurídicas do hospital (18,6% nos hospitais universitários, 15% nosfilantrópicos e 8,1% nos federais, p < 0,05).

Tabela 1Distribuição dos óbitos hospitalares, em 30 dias e em 1 ano, segundo características dospacientes e do atendimento.

* p<0,01 ** 0,01<p<0,05 NS Não Significativo.

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S O B R E V I D A A P Ó S I N F A R T O A G U D O D O M I O C Á R D I O E M P A C I E N T E S I N T E R N A D O S

E M H O S P I T A I S V I N C U L A D O S A O S I S T E M A Ú N I C O D E S A Ú D E N O E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O

Cerca de 21,1% dos pacientes evoluíram para o óbito em 1 ano: 25,7% dasmulheres e 18,3% dos homens (p < 0,01); 23,0% dos com idade entre 56 e 75anos e 38,1% dos com 76 anos ou mais (p < 0,01); 25,8% dos pacientes internadosem hospitais universitários, aproximadamente 21,0% dos internados em hospitaisestaduais, municipais e filantrópicos (p < 0,05), e 15,1% dos internados emhospitais federais.

Em 1 ano, a letalidade foi maior nas regiões Serrana (24,6%), da BaixadaLitorânea (24,1%) e Serrana (24,6%), mas sem significância estatística.

Cerca de 50% dos pacientes que foram a óbito em 1 ano morreram em até 9dias a partir da data de internação. Apenas 25% dos pacientes sobreviveram até68,5 dias, demonstrando que a maioria dos óbitos aconteceu precocemente.

A análise das causas básicas de óbito demonstrou uma prevalência de 75,4%de óbitos por doenças do aparelho circulatório, 6,6% de óbitos por causas maldefinidas e 5,9% por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas. Chama aatenção o registro de causas mal definidas, que, em 16,1% dos casos, ocorreuquando o óbito foi hospitalar, e, em 17,7%, em 30 dias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A letalidade foi maior em indivíduos mais idosos, em ambos os sexos.A proporção de casos de IAM foi maior entre o sexo masculino, porém aletalidade foi maior entre as mulheres, similar ao encontrado na literatura nacional(Passos et al., 1998; Peixoto et al., 2006). A utilização de UTI, em ambos os sexos,encontra-se muito abaixo do preconizado. Foi identificada baixa realização deAC e de RM, uso menos freqüente em mulheres.

Não foi possível a análise de fatores de risco individuais relacionados a co-morbidades e gravidade do caso, uma vez que o sub-registro de informações nocampo de diagnóstico secundário é bastante elevado (apenas 11,5% de preenchimento).

A mortalidade precoce, em 30 dias, foi maior na região Centro-Sul Fluminensee Serrana e menor na Metropolitana I, o que pode apontar para o perfil daassistência. Apesar de pouco elucidativa, a natureza jurídica dos hospitais podetentar captar as diferenças da qualidade de assistência e da complexidade doscasos, além da capacidade tecnológica das unidades hospitalares.

O tempo médio de permanência, a mortalidade hospitalar e em 30 dias podemestar sugerindo a prática de altas precoces e baixa qualidade de assistência,evidenciadas pelo alto número de óbitos hospitalares pouco tempo após a internaçãoe número de óbitos não hospitalares em até 30 dias após a ocorrência do IAM.

Maior cuidado deve ser dado ao acesso aos serviços de saúde e à tecnologiadiagnóstica e terapêutica, dado que influenciam diretamente na sobrevidadestes indivíduos.

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R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

CAMARGO JR., K. R.; COELI, C. M. Reclink: an application for database linkageimplementing the probabilistic record linkage method. Cadernos de Saúde Pública.

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CASTRO, M. S. M. Desigualdades sociais no uso de internações hospitalares noBrasil: o que mudou entre 1998 e 2003? Ciência & Saúde Coletiva. 2006.(no prelo).

ESCOSTEGUY, C. C.; PORTELA, M. C.; MEDRONHO, R. A.; VASCONCELLOS, M. T. L.O Sistema de Informações Hospitalares e a assistência ao infarto agudo domiocárdio. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 36, n. 4, p. 491 - 499, 2002.

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INSTRUÇÕES PARA OS COLABORADORES

Os Cadernos Saúde Coletiva publicam trabalhos inéditos consideradosrelevantes para a área de Saúde Coletiva.

SERÃO ACEITOS TRABALHOS PARA AS SEGUINTES SEÇÕES:Artigos (resultantes de pesquisa de natureza empírica, experimental ou conceitual,

ou ensaios teóricos e/ou de revisão bibliográfica crítica sobre um tema específico; máximode 25 páginas); Debate (a partir de apresentações orais em eventos científicos, transcritos esintetizados; máximo de 20 páginas); Notas (relatando resultados preliminares ou parciaisde pesquisas em andamento; máximo de 5 páginas); Opiniões (opiniões sobre temasligados à área da Saúde Coletiva, de responsabilidade dos autores, não necessariamenterefletindo a opinião dos editores; máximo 5 páginas); Cartas (curtas, com críticas a artigospublicados em números anteriores; máximo de 2 páginas); Resenhas (resenhas críticas delivros ligados à Saúde Coletiva; máximo de 5 páginas); Teses (resumo de trabalho finalde Mestrado, Doutorado ou Livre-Docência, defendidos nos últimos dois anos; com nomedo orientador, instituição, ano de conclusão, palavras-chave, título em inglês, abstract ekey words; máximo 2 páginas).

APRESENTAÇÃO DOS MANUSCRITOS:Serão aceitos trabalhos em português, espanhol, inglês ou francês. Os originais

devem ser submetidos em três vias em papel, juntamente com o respectivo disquete(formato .doc ou .rtf), com as páginas numeradas. Em uma folha de rosto deve constar:Título em português e em inglês, nome(s) do(s) autor(es) e respectiva qualificação(vinculação institucional e título mais recente), endereço completo do primeiro autor(com CEP, telefone e e-mail) e data do encaminhamento. O artigo deve conter título dotrabalho em português, título em inglês, resumo e abstract, com palavras-chave e keywords. As informações constantes na folha de rosto não devem aparecer no artigo.Sugere-se que o artigo seja dividido em sub-itens. Os artigos serão submetidos a nomínimo dois pareceristas, membros do Conselho Científico dos Cadernos ou eventual-mente ad hoc. O Conselho Editorial dos Cadernos Saúde Coletiva enviará carta respostainformando da aceitação ou não do trabalho.

A aprovação dos textos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos autorais depublicação nesta revista, a qual terá exclusividade de publicá-los em primeira mão. Oautor continuará a deter os direitos autorais para publicações posteriores.

Caso a pesquisa que der origem ao artigo encaminhado aos Cadernos tenha sidorealizada em seres humanos, será exigido que esta tenha obtido parecer favorável de umComitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, devendo o artigo conter a referência aeste consentimento, estando citado qual CEP o concedeu, e cabendo a responsabilidadepela veracidade desta informação exclusivamente ao autor do artigo.

• Formatação: Os trabalhos devem estar formatados em folha A4, espaço duplo,fonte Arial 12, com margens: esq. 3,0 cm, dir. 2,0 cm, sup. e inf. 2,5 cm. Apenas aprimeira página interna deverá conter o título do trabalho; o título deve vir em negrito eos subtítulos em versalete (PEQUENAS CAPITAIS) e numerados; palavras estrangeiras e o quese quiser destacar devem vir em itálico; notas explicativas, caso existam, deverão vir no péde página; as citações literais com menos de 3 linhas deverão vir entre aspas dentro docorpo do texto; as citações literais mais longas deverão vir em outro parágrafo, com recuode margem de 3 cm à esquerda e espaço simples. Todas as citações deverão vir seguidasdas respectivas referências.

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• Ilustrações: o número de quadros e/ou figuras (gráficos, mapas etc.) deverá sermínimo (máximo de 5 por artigo, salvo exceções, que deverão ser justificadas por escritoem anexo à folha de rosto). As figuras poderão ser apresentadas em nanquim ou produzi-das em impressão de alta qualidade, e devem ser enviadas em folhas separadas e emformato .tif. As legendas deverão vir em separado, obedecendo à numeração das ilustra-ções. Os gráficos devem ser acompanhados dos parâmetros quantitativos utilizados emsua elaboração, na forma de tabela. As equações deverão vir centralizadas e numeradasseqüencialmente, com os números entre parênteses, alinhados à direita.

• Resumo: todos os artigos submetidos em português ou espanhol deverão ter resu-mo na língua principal (Resumo ou Resumen, de 100 a 200 palavras) e sua tradução eminglês (Abstract); os artigos em francês deverão ter resumo na língua principal (Résumé) eem português e inglês. Deverão também trazer um mínimo de 3 e um máximo de 5palavras-chave, traduzidas em cada língua (key words, palabras clave, mots clés), dando-sepreferência aos Descritores para as Ciências da Saúde, DeCS (a serem obtidos napágina http://decs.bvs.br/).

• Referências: deverão seguir a Norma NBR 6023 AGO 2000 da ABNT. No corpodo texto, citar apenas o sobrenome do autor e o ano de publicação, seguido da páginano caso de citações (Sobrenome, ano: página). No caso de mais de dois autores, somenteo sobrenome do primeiro deverá aparecer, seguido da expressão latina ‘et al.’. Todas asreferências citadas no texto deverão constar nas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ao final doartigo, em ordem alfabética, alinhadas somente à esquerda, pulando-se uma linha deuma referência para outra, constando-se o nome de todos os autores. No caso de maisde uma obra do mesmo autor, este deve ser substituído nas referências seguintes àprimeira por um traço e ponto. Não devem ser abreviados títulos de periódicos, livros,locais, editoras e instituições.

Seguem exemplos de, respectivamente, artigo de revista científica impressa e veicula-do via internet, livro, tese, capítulo de livro e trabalho publicado em anais de congresso(em casos omissos ou dúvidas, referir-se ao documento original da Norma adotada):

ESCOSTEGUY, C. C.; MEDRONHO, R. A.; PORTELA, M. C. Avaliação da letalidade hospitalar doinfarto agudo de miocárdio do Estado do Rio de Janeiro através do uso do Sistema de Informa-ções Hospitalares/SUS. Cadernos Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.7, n.1, p. 39-59, jan./jul. 1999.

PINHEIRO, R.; TRAVASSOS, C. Estudo da desigualdade na utilização de serviços de saúde poridosos em três regiões da cidade do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro,v.15, n.3, set. 1999. Disponível em: <http://www.scielosp.org/cgi-bin/wxis.exe/iah/>.Acesso em: 2 jan. 2005.

ROSEN, G. Uma história da Saúde Pública. Rio de Janeiro: Abrasco. 1994. 400p.

TURA, L. F. R. Os jovens e a prevenção da AIDS no Rio de Janeiro. 1997. 183p. Tese (Doutoradoem Medicina) - Faculdade de Medicina. UFRJ, Rio de Janeiro.

BASTOS, F. I. P.; CASTIEL, L. D. Epidemiologia e saúde mental no campo científico con-temporâneo: labirintos que se entrecruzam? In: AMARANTE, P. (Org.) Psiquiatria social e

reforma psiquiátrica. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1994. p. 97-112.

GARRAFA, V.; OSELKA, G.; DINIZ, D. Saúde Pública, bioética e equidade. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA, 5., 1997, Águas de Lindóia. Anais. Rio de Janeiro:Abrasco, 1997. p. 59-67.

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