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Curso PTE Caderno de estudos

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  • Curso

    PTECaderno de estudos

  • Presidncia da RepblicaMinistrio da EducaoFundo Nacional de Desenvolvimento da Educao

  • Programas de Transporte do Escolar PTE

    Programa Nacional de FormaoContinuada a Distncia nas Aes do FNDE

    MEC / FNDE Braslia, 2013

    4 edio atualizada

  • ConteudistasOreste PretiAdalberto Domingos da Paz lida Maria Loureiro Lino

    Reviso e Atualizao 4a EdioAdalberto Domingos da PazDjailson Dantas de MedeirosSlvio Alves PortilhoRosalva Ieda Vasconcelos Guimares de Castro

    Projeto grficoVirtual Publicidade

    Diagramao e reviso de texto Laboratrio de Tecnologia da Informao e Mdias Educacionais Labtime Universidade Federal de Gois

    IlustraesProjeto inicial ZubartezVerso atual: Criao lida Maria Loureiro Lino FPEDesenvolvimento Maurcio Jos Mota UFMT

    P 942p Brasil. Ministrio da Educao (MEC).

    Programas de Transporte do Escolar 4.ed., atual. Braslia : MEC, FNDE, 2013.

    124 p. : il. color. (Formao pela Escola)

    Acompanhado de caderno de atividades (18 p.)

    1. Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate). 2. Programa Caminho da Escola. 3. Financiamento da educao. 4. Polticas Pblicas Educao. 5. Programas e aes FNDE. 6. Formao continuada a distncia FNDE. 7. Formao pela Escola FNDE. I. Brasil. Ministrio da Educao. II. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao. III. IV. Ttulo. V. Srie.

    CDU 371.217.1

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    SumrioContextualizao do curso

    Plano de ensino: Programas de Transporte do Escolar

    Para comeo de conversa

    Problematizando Unidade I Polticas Pblicas dos Programas de Transporte do Escolar

    1.1. O transporte do escolar como um direito 1.1.1. A preocupao do FNDE com a poltica do transporte do escolar 1.2. Programas de Transporte do Escolar 1.2.1. Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE) 1.2.2. Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) 1.2.3. Programa Caminho da Escola1.3. Qualidade do transporte do escolar

    Unidade II Funcionamento do Pnate 2.1. Participantes e responsabilidades

    2.1.1. FNDE2.1.2. Ente Executor (EEx)2.1.3. Conselho de Acompanhamento e Controle Social (Cacs)

    2.2. Fluxo das aes do Pnate

    Unidade III Os recursos do Pnate 3.1. Primeiras consideraes 3.2. Clculo dos recursos do Pnate 3.3. Em que utilizar os recursos3.4. Procedimentos a serem adotados pelo EEx na execuo do Pnate

    3.4.1. Procedimentos gerais 3.4.2. Procedimentos especficos nas aquisies e contrataes

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    3.5. Prestando contas dos recursos do Pnate 3.5.1. O significado de prestar contas 3.5.2. Exemplo de prestao de contas (municpio de Cidade Alta)3.5.3. A preparao da prestao de contas 3.5.3.1. Espelho dos dados solicitados para emisso das prestaes de contas no sistema SiGPC 3.5.4. A reprogramao do saldo3.5.5. Cuidados na prestao de contas3.5.6. Etapas finais da prestao de contas3.5.7. Conhecendo do Sigecon Sistema de Gesto dos Conselhos

    Unidade IV Acompanhamento e controle social dos Programas de Transporte do Escolar4.1. O conselho do Fundeb4.2. Acompanhamento e controle social

    Unidade V O Caminho da Escola 5.1. Fundamentos legais5.2. Participantes e responsabilidades5.3. O atendimento 5.3.1. Recursos oriundos do FNDE 5.3.2. Recursos prprios do ente federativo 5.3.3. Recursos do financiamento (operao de crdito) 5.4. Como acessar o Sigarp

    Retomando a conversa inicial

    Ampliando seus horizontes

    Referncias bibliogrficas

    Referncias webgrficas

    Contatos

    Glossrio

  • Contextualizao do cursoO curso Programas de Transporte do Escolar (PTE) faz parte do Programa Nacional de Formao Continuada a Distncia nas Aes

    do FNDE Formao pela Escola, desenvolvido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao (FNDE). O Formao pela Escola um programa que utiliza modalidade de educao a distncia, com o objetivo principal de capacitar os agentes, parceiros, operadores e conselheiros envolvidos com execuo, acompanhamento e avaliao de aes e programas no mbito do FNDE.

    Com esse curso, o Formao pela Escola tem por objetivo disponibilizar a voc, cursista, conhecimentos sobre a concepo dos Programas de Transporte do Escolar, em especial o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate), ressaltando seus principais objetivos e sua forma de execuo e operacionalizao, alm de detalhar a prestao de contas.

    Em 2006, com a publicao da Resoluo n 12, o clculo do valor per capita do Pnate passou a ser diferenciado, considerando a necessidade de recursos para transporte em cada ente federado, sendo institudo o Fator de Necessidade de Recursos do Municpio (FNR- M) observando as variveis: Percentual da populao rural do municpio (IBGE); rea do municpio (IBGE); Percentual da Popu-lao abaixo da linha de pobreza (Ipeadata 2000).

    A partir de 2007, outra importante mudana foi efetuada na execuo do Pnate: a incorporao de mais um elemento no clculo do valor do repasse: o Fator de Correo de Desigualdade Regional (FCDR). Tal medida visa a uma distribuio dos recursos do programa mais justa e equnime, conforme explicaremos detalhadamente na unidade III. Alm disso, em 2008, foi includo o ndice de Desenvolvimento da Educao (Ideb) no clculo do valor per capita.

    Outra novidade implementada em 2007 foi o lanamento do programa Caminho da Escola, que possibilita a renovao e amplia-o da frota de meios de transporte do escolar, concedendo financiamento aos estados e municpios brasileiros para aquisio de ve-culos. O programa tambm visa padronizao dos meios de transporte do escolar, reduo dos preos dos veculos e ao aumento da transparncia nessas aquisies.

    Em 2009, com a Publicao da Medida Provisria n 455/2009 transformada na Lei n 11.947, de 16 de junho do mesmo ano , o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) foi ampliado para toda a Educao Bsica, beneficiando tambm os estu-dantes da Educao Infantil e do Ensino Mdio residentes em reas rurais.

    Finalmente com a implantao do Fundeb, o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) se estende Educao Bsica da rede pblica de ensino.

    Voc est pronto para comear seus estudos? Ento, para iniciar, leia atentamente o plano de ensino do curso para conhecer os objetivos de aprendizagem e o contedo programtico, entre outras informaes.

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    Plano de ensino do Curso PTECarga horria: 40 horas Perodo de durao: mnimo de 30 dias e mximo de 45 dias.

    Objetivos do curso

    Objetivos gerais

    Esse curso tem como objetivo levar o cursista a: :: ampliar sua compreenso em relao dimenso poltica dos Programas de Transporte do Escolar; :: conhecer a dinmica do programa em seus diferentes aspectos de gesto; :: identificar os procedimentos contbeis do programa; :: compreender a importncia do acompanhamento e do controle social do Pnate; e :: conhecer os detalhes do funcionamento do Caminho da Escola.

    Objetivos especficos

    Unidade I Polticas Pblicas dos Programas de Transporte do Escolar

    :: compreender a dimenso poltica dos Programas de Transporte do Escolar; :: avaliar a base legal e os objetivos do PNTE, do Pnate e do Programa Caminho da Escola; :: identificar os componentes que garantem qualidade ao transporte escolar.

    Unidade II Funcionamento do Pnate

    :: descrever as funes e as responsabilidades dos participantes no desenvolvimento do Pnate; e :: identificar os passos do programa e a forma como est organizado.

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    Unidade III Os recursos do Pnate

    :: identificar os procedimentos para garantir os recursos do Pnate; :: acompanhar o clculo custo aluno/ano; :: identificar em quais elementos de despesas os recursos do Pnate podem ser gastos; e :: reconhecer o passo a passo da prestao de contas.

    Unidade IV Acompanhamento e controle social do Pnate

    :: avaliar como funciona o conselho do Fundeb e qual a sua funo no Pnate; e :: identificar os procedimentos de acompanhamento e controle social do Pnate.

    Unidade V O Programa Caminho da Escola

    :: reconhecer o Caminho da Escola como um programa que compe a poltica pblica de transporte do escolar adotada pelo governo federal;

    :: identificar cada participante do programa, suas aes e responsabilidades; e :: acompanhar cada etapa de execuo do programa.

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    Para comeo de conversaPrezado cursista,

    Bem-vindo(a) ao curso Programas de Transporte do Escolar (PTE)!Sentimo-nos gratificados por estarmos com voc durante esse curso, que faz parte do Programa de Formao Continuada nas

    Aes do FNDE, o Formao pela Escola, oferecido na modalidade a distncia. A finalidade principal do Formao pela Escola estimular voc e a comunidade escolar a participarem mais ainda na construo

    da cidadania, exercitando-a de maneira efetiva e atuando com conscincia e esprito crtico e colaborativo nos programas do FNDE, com vistas definio dos rumos da educao em sua regio, municpio e no pas.

    Certamente, voc escolheu esse curso para aprofundar seus conhecimentos e poder contribuir para que os Programas de Transporte do Escolar, em especial o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate), efetivamente produzam os resultados esperados: a melhoria das condies de acesso e de permanncia dos alunos da Educao Bsica pblica na escola. O Pnate realiza essa tarefa por meio do repasse suplementar de recursos financeiros aos estados, Distrito Federal e municpios, contribuindo para a oferta do transporte escolar aos alunos da Educao Bsica pblica que residem na rea rural.

    Outro importante programa executado pelo FNDE nesse sentido foi o Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE), que, de junho de 2004 a dezembro de 2006 (quando foi extinto), beneficiou organizaes no governamentais que atendiam ao transporte de escolares com necessidades educacionais especiais. Dele trataremos rapidamente, pois o objetivo desse curso discutirmos com maior profundidade o Pnate.

    Por fim, vale ressaltar que a questo do transporte do escolar uma preocupao constantemente presente na agenda do governo federal, tendo sido lanado, em maro de 2007, o Programa Caminho da Escola. Este tem como objetivo renovar a frota de veculos escolares, garantir segurana e qualidade ao transporte dos estudantes e contribuir para a reduo da evaso escolar, ampliando, por meio do transporte dirio, o acesso e a permanncia na escola dos estudantes matriculados na Educao Bsica, prioritariamente residentes na zona rural das redes estaduais e municipais. O programa tambm visa padronizao dos veculos de transporte escolar, reduo de seus preos e ao aumento da transparncia nas aquisies de automotores.

    No percurso desse curso, apresentaremos conceitos, problematizaes e indagaes. Convidamos voc para a leitura e a pes-quisa, refletindo sobre o tema, respondendo s questes e realizando todas as atividades propostas, para que sua caminhada neste programa de formao continuada seja produtiva e prazerosa.

    Nossa temtica de estudo est distribuda da seguinte forma: - Na unidade I, "Polticas Pblicas dos Programas de Transporte do Escolar", procuraremos compreender a dimenso poltica da

    implementao dos Programas de Transporte do Escolar, dando maior nfase ao Pnate e ao Caminho da Escola, identificando seus objetivos e os resultados esperados;

    - Na unidade II, Funcionamento do Pnate, descreveremos o funcionamento do Programa e sua organizao; - Na unidade III, Os recursos do Pnate, detalharemos a prestao de contas e os procedimentos contbeis do Pnate;

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    - Na unidade IV, Acompanhamento e controle social do Pnate, refletiremos um pouco sobre um dos aspectos importantes das polticas sociais: o acompanhamento e o controle social dos recursos financeiros destinados a programas como o Pnate;

    - Finalmente, na unidade V, Caminho da Escola, voc ter a oportunidade de conhecer detalhes da execuo de mais um programa de transporte do escolar criado pelo governo federal.

    Com as informaes que o curso lhe propiciar e recorrendo aos seus conhecimentos e experincias, certamente sua con-tribuio ao programa ser mais efetiva e possibilitar s comunidades local e escolar melhor participao, de modo a provocar mudanas positivas no cenrio da educao em seu municpio, estado, regio e no pas.

    Voc est de parabns por demonstrar atitude cidad ao se inscrever nesse curso! Isso significa que voc deseja ampliar seus conhecimentos e intensificar sua participao em aes e programas do governo federal que venham a somar com o projeto pedaggico das escolas do seu municpio e com o plano municipal ou estadual de educao.

    Antes de iniciar a leitura das unidades, porm, gostaramos que voc refletisse brevemente sobre as questes a seguir.

    Problematizando

    No se preocupe! No queremos que voc responda de imediato a todas essas questes. Contudo, esperamos que, at o final desse curso, voc seja capaz de apresentar as respostas, alm de formular outras perguntas.

    Mas antes, leia com muita ateno, a seguinte histria.

    Qual a relao entre o transporte do escolar e a educao pblica? A quem se destina o Pnate? De onde vm os recursos para financiar o Pnate? Quem o executor e responsvel por sua implantao nos estados e municpios? Como se d o controle social do Pnate? No que consiste o Caminho da Escola? Quais so seus objetivos? Quais so os tipos de aquisies que podem ser efetuados com os recursos disponibilizados por esse programa?

    ?

    Dona Sebastiana, uma senhora de meia idade, vive na Gleba Liberdade, a 70km da sede do municpio, na divi sa de Mato Grosso com o Par. Ela casada e tem quatro filhos, sendo que dois esto em idade escolar para serem alfabetizados. Porm, em sua comunidade no h escola, pois, segundo os moradores, todos produtores familiares, a prefeitura diz que so poucas as crianas em idade escolar (umas quinze) para que seja justificada a criao de uma es cola. Tambm, outro problema a ser enfrentado a falta de professores para lecionar na localidade.

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    Na comunidade prxima, h uma escola que oferece as primeiras quatro sries do Ensino Fundamental. O proble ma chegar at l. So mais de 10km de estrada de cho. Dona Sebastiana tem medo de deixar as crianas irem a p sozinhas. O marido no pode lev-las porque tem de tra balhar na roa e ela tem de ficar em casa para cuidar dos outros dois filhos, ainda pequenos. Outros vizinhos vivem o mesmo problema. A situao da famlia do seu Chico, como conhecido o lder da comunidade, ainda mais proble mtica. Ele mora do outro lado de um rio. Os trs filhos em idade escolar, para conseguirem chegar escola mais prxi ma, teriam de atravessar o rio de barco. O Sr. Z Baiano, mo rador do local, tem barco, mas cobra para fazer a travessia.

    O secretrio de educao do municpio vive prometen do resolver a situao, mas alega que no encontra algum para assumir a funo de professor na Gleba e que no dispe de meio de transporte para buscar os alunos. Afir ma, ainda, que eles moram em local distante, com estradas ruins, sobretudo na poca das chuvas. Ao ser indagado so bre a situao, o servidor disse que estuda com cari-nho e empenho uma soluo para o problema.

    A histria de dona Sebastiana e da comunidade onde ela mora , na realidade, o que acontece com milhares de famlias no interior de nosso pas, sobretudo em reas rurais.

    O que voc sugeriria dona Sebastiana e s outras famlias da Gleba Liberdade?

    O que voc diria ao prefeito e ao secretrio de educao daquele municpio?

    Como a situao poderia ser resolvida? Como tornar real o direito de acesso das crianas escola?

    Convidamos voc para, medida que for lendo os conte-dos, refletir sobre essas questes. Ou seja, pense sobre o que pode ser feito para que o Pnate e o Caminho da Escola sejam executados com xito e como voc pode se envolver ainda mais para que a educao no seu municpio ou regio propicie a formao de sujeitos que participem de maneira ativa e crtica nos rumos deste pas.

    De nossa parte, buscamos escrever esse curso de maneira didtica para que voc possa compreend-lo sem dificuldades. Esperamos que a leitura ajude-o no somente a entender melhor a poltica pblica do transporte do escolar, mas tam-bm a construir valores, tais como cidadania, solidariedade e participao.

    Porm, preste bem ateno! O que escrevemos nesse curso apenas para comeo de conversa. Voc poder dar continuidade sua formao buscando pessoalmente mais informaes, conversando com outras pessoas, como tcnicos e consultores do FNDE ou outros especialistas e promovendo encontros e debates sobre o tema. O importante que o Pro-grama Formao pela Escola e esse curso, de maneira particu-lar, sejam o ponto de partida para uma caminhada edificante.

    Vamos, ento, leitura das unidades do curso?

    Bom estudo!

  • Unidade IPolticas Pblicas dos Programas de Transporte do Escolar

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    Unidade I

    Polticas Pblicas dos Programas de Transporte do Escolar

    Introduo

    Por que o governo federal se preocupa com o transporte de alunos da zona rural?

    Por que os Programas de Transporte do Escolar fazem parte das polticas pblicas?

    Voc se lembra de quando fizemos aluso, no curso de Competncias Bsicas, importncia de olharmos os fatos a partir de outra perspectiva, buscando uma posio diferente que nos permitisse v-los em seu conjunto, como quando se sobe um morro ou um prdio e de l se tem outra viso da paisagem ao nosso redor?

    Nesta unidade I, queremos que voc siga a mesma perspectiva de observao dos fatos. Sendo assim, o percurso de estudo dessa unidade prope que analisemos, inicialmente, o porqu de o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar fazer parte das polticas pblicas do governo. Isso lhe permitir ir alm do simples estudo da legislao e dos procedimentos dessa iniciativa.

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    So objetivos dessa unidade, ento, que voc seja capaz de:

    :: compreender a dimenso poltica dos Programas de Transporte do Escolar;

    :: avaliar a base legal e os objetivos do Pnate e do Programa Caminho da Escola; e

    :: identificar os componentes que garantem qualidade ao trans-porte do escolar.

    Constituio Federal, art. 208, seo I:

    O dever do Estado com a educao ser efetivado mediante a garantia de: [...]

    VII atendimento ao educando, em todas as etapas da educa-o bsica, por meio de programas suplementares de material didtico escolar, transporte, alimentao e assistncia sade.

    Lei n 9.394/96 art. 10

    Os Estados incumbir-se-o de:

    [...]

    VII assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual.

    Art. 11. Os Municpios incumbir-se-o de:

    [...]

    VI assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal.

    1.1. O transporte do escolar como um direito A educao dever do Estado, da famlia e tambm da

    sociedade, pois a Constituio Federal, em seu art. 205, deter-mina:

    "A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho."

    Sendo assim, alm de garantir o acesso educao, preciso oferecer condies necessrias para que os alunos cheguem escola e nela permaneam. Com esse intuito, um dos objetivos do governo federal, por meio do FNDE, assegu-rar o direito constitucional educao a todas as crianas em idade escolar. Para tanto, so desenvolvidas aes especficas, como as que dizem respeito ao transporte do escolar. Assim, o Estado intervm para que milhes de alunos no sejam impe-didos de ir escola por morarem em locais distantes, no meio rural ou em locais de difcil acesso, ou por serem portadores de necessidades especiais.

    Observe, a seguir, que se trata de um dever do Estado garan-tir esse direito populao.

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educao (Lei n 9.394/1996) tambm refora esse direito, garantido pela Constituio Federal, colocando o transporte do escolar como uma das obrigaes dos estados, do Distrito Federal e dos municpios.

    Cabe, ento, aos gestores pblicos, sobretudo dos estados, do Distrito Federal e dos municpios, a responsabilidade de tornar real o direito dos cidados de acesso escola, por meio de uma poltica pblica voltada para o transporte do escolar.

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    "O objetivo do estudo colher e disseminar um conjunto de informaes que serviro de base para subsidiar a formula-o de polticas pblicas voltadas para a melhoria do sistema de transporte escolar [...] com vistas manuteno do aluno na sala de aula, diminuindo a evaso e promovendo a equi-dade da educao. "

    (Ascom FNDE, Braslia, 1/9/2005)

    1.1.1. A preocupao do FNDE com a poltica do transporte do escolar Como j comentamos anteriormente, um dos grandes

    desafios do FNDE conhecer as reais condies do transporte do escolar nos estados e municpios brasileiros. A preocupao com a qualidade de tal servio ofertado no pas levou a Autar-quia a promover, ao longo dos ltimos anos, estudos para conhecer melhor essa realidade, a fim de repensar seus Progra-mas de Transporte do Escolar, para que os servios oferecidos sejam cada vez mais efetivos, mais seguros e de qualidade.

    Voc sabia disso? Pois , os gestores pblicos estaduais, municipais e distritais no tm desculpa para no cumprirem com suas responsabilidades, uma vez que podem contar com o apoio do governo federal por meio das aes desenvolvi-das pelo FNDE. Ento, vamos ver a seguir o que o FNDE vem fazendo para ajudar a melhorar a qualidade do transporte do escolar no pas.

    Nesse sentido, em 2004, em parceria com o Instituto Nacio-nal de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep), do Ministrio da Educao, o FNDE realizou o 1 Levantamento Nacional do Transporte Escolar, que abrangeu 2.349 muni-cpios, distribudos em todas as unidades da federao. Essa pesquisa investigou o nmero total de alunos transportados em cada municpio; o tipo, a quantidade e a qualidade dos ve-culos utilizados; a quilometragem diria percorrida por cada um deles; e at o custo do quilmetro rodado.

    De fato, um estudo anterior realizado pelo prprio Inep, em novembro de 2003, em parceria com a Unio Nacional dos Dirigentes Municipais de Educao (Undime), apontou que:

    :: do total de estudantes que no foram escola naquele ano, 55,34% alegaram que a causa principal da ausncia s aulas foi a falta de transporte escolar; e

    :: os mais prejudicados pela falta de transporte escolar foram os alunos da zona rural.

    Em 2005, o FNDE iniciou um novo estudo sobre o transporte do escolar, em parceria com o Centro de Formao de Recursos Humanos em Transportes (Ceftru) da Universidade de Braslia (UnB).

    Ceftru: criado em 1996, um

    centro multidis-ciplinar de Cin-cia e Tecnologia

    em Transpor-tes, ligado

    Universidade de Braslia (UnB).

    Tem por misso gerar, aplicar,

    gerir e dissemi-nar conheci-

    mento cientfico e tecnolgico, contribuindo

    para a melhoria da cadeia pro-dutiva do setor de transportes.

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    Voc deve estar se perguntando:

    A resposta simples: as informaes, ao serem coletadas e analisadas, permitiro que o governo federal tenha condies de ajustar programas existentes ou mesmo elaborar novas polticas pblicas de transporte do escolar, mais adequadas realidade de nosso pas.

    A pesquisa realizada pelo FNDE/Ceftru, por exemplo, contm dados importantssimos que esto contribuindo para que os Programas de Transporte do Escolar sejam aperfeioados, conforme exposto a seguir.

    A pesquisa levantou dados sobre a situao do transporte escolar no Brasil, utilizando duas metodologias complementares: 1 ao Formulrios via web: levantamento de dados nas zonas rural e urbana, entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007,

    por meio de um questionrio com perguntas sobre o transporte do escolar, seus recursos e usurios, chamado de Levantamento Nacional do Transporte Escolar. Os gestores municipais responderam ao questionrio pela internet, no site do FNDE. Dos 5.564 municpios brasileiros, 2.277 preencheram o documento.

    2 ao Pesquisa in loco: pesquisa de campo realizada de outubro a dezembro de 2006, totalmente voltada para o transpor-te rural. Nove pesquisadores do Ceftru visitaram 16 municpios brasileiros, nas cinco regies do pas, levantando dados sobre o tema. O mesmo questionrio disponibilizado no stio do FNDE foi utilizado nessas visitas, e tambm foram feitas 1.113 entrevistas com pessoas envolvidas com o transporte do escolar motoristas, barqueiros, donos de empresas de transporte, professores, diretores, alunos, prefeitos e secretrios de educao. Para levantar mais informaes, os pesquisadores acompanharam 105 rotas (rodovirias e aquavirias), para conhecer de perto as condies de funcionamento do transporte dos alunos e dos veculos utilizados (nibus, vans, caminhes, barcos, etc.) e como a viagem de casa escola e da escola para casa, feita por milhares de estudantes diariamente.

    Pelas respostas obtidas e avaliadas, foi possvel saber que: a) 98% dos municpios oferecem transporte escolar para seus estudantes; b) do total de alunos atendidos por esse servio, 66% moram na zona rural; c) apenas 6% dos municpios participantes da pesquisa possuem frota prpria; d) as maiores despesas para o municpio ocorrem com manuteno da frota (gastos com oficinas e reparos), que alcanam 40,7%

    dos recursos disponveis, e com os insumos (combustvel, peas, pneus, etc.), que atingem 33,3% dos gastos; e) 62,5% dos municpios visitados no possuem leis que regulamentam o transporte do escolar.

    Qual o interesse do FNDE em promover esses estudos? Qual a importncia dessas informaes? ?

    Rotas aquavi-rias: so aque-las que utilizam

    embarcaes como meio de

    transporte e ocorrem nos

    mares, oceanos e leitos de rios, lagos, lagoas,

    etc.

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    De maneira resumida, a maioria dos alunos afirmou gostar do transporte escolar rural, porque ele facilita o acesso escola, educao e a interao deles com os amigos.

    Quanto aos principais motivos de insatisfao com essa poltica pblica, foram apontados:

    a) o desconforto do veculo; b) a falta de equipamentos de segurana (cinto de segurana

    e coletes salva-vidas, por exemplo); c) a superlotao (veculos muito cheios e sem assentos para

    todos os estudantes); d) a falta de assiduidade e de pontualidade dos motoristas

    (muitas faltas e atrasos); ee) as precrias condies das vias em que os veculos trafe-

    gam, pois a maior parte composta por estradas de terra, com muitos buracos. Com base nesses resultados, foram repensadas as estrat-

    gias de transporte do escolar em nvel nacional, com vistas a proporcionar aos alunos o real direito ao acesso escola. Nas prximas sees, vamos conhecer um pouco os programas institudos a partir dos resultados dessas pesquisas.

    Por fim, depois de todo esse detalhamento das pesquisas financiadas pelo FNDE sobre o transporte do escolar, voc j pode compreender a importncia de fazer levantamentos dessa natureza, pois contribuem para a eficincia e eficcia de programas e aes que visam ao acesso e permanncia do aluno na escola. Vale destacar, ainda, que esses programas e aes tm relao direta com as polticas pblicas de um governo voltado ao atendimento de setores excludos da sociedade.

    Vamos, agora, conhecer os programas voltados para o transporte do escolar, seus objetivos e as bases legais que os sustentam.

    1.2. Programas de Transporte do Escolar

    Para promover a garantia do direito educao, o governo federal colocou em prtica a poltica do transporte do escolar por meio de trs programas: o Programa Nacional de Trans-porte Escolar (PNTE), que deixou de ser executado em 2007; o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate); e o Programa Caminho da Escola.

    Temos, portanto, muito sobre o que conversar e trocar ideias. Vejamos, ento, em que consistem esses trs programas.

    1.2.1. Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE)

    O PNTE muito conhecido, tendo sido criado em junho de 1994, com o objetivo de contribuir financeiramente para facilitar ou possibilitar o acesso de alunos escola. At 2003, o programa repassava recursos, mediante convnio, a organiza-es no governamentais (ONGs) e prefeituras, para aquisio de veculos automotores zero quilmetro, destinados ao trans-porte dirio de alunos:

    :: da rede pblica de Ensino Fundamental, residentes na rea rural; ou

    :: portadores de necessidades educacionais especiais, aten-didos por escolas privadas, mantidas por ONGs sem fins lucrativos;

    Para voc ter uma ideia do quanto o governo federal investiu no programa ao longo desses anos, observe a tabela a seguir.

    E o que foi percebido quanto s consideraes feitas pelos alunos sobre o transporte escolar? ?

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    Fonte: FNDE/MEC 2007

    Fonte: FNDE/MEC 2007

    Tabela 1: Recursos Financeiros (1995 a 2003)

    Tabela 2: Organizaes no governamentais atendidas (2000 a 2003)

    De 1995 a 2003, foram investidos cerca de R$ 343 milhes, realizando-se 6.751 atendimentos. A maior parte desses recursos foi destinada s prefeituras. Quanto s ONGs, entre 2000 e 2003, 718 delas, que atendiam educao especial, foram contempladas com mais de R$ 17 milhes, conforme a tabela n 2.

    Em 2004, a poltica de financiamento do transporte do escolar passou por uma profunda alterao, com a Lei n 10.880 (de 9 de junho de 2004), tendo como consequncia imediata a restrio dos benefcios do PNTE. A partir de ento, o PNTE passou a destinar-se apenas s organizaes no governamentais sem fins lucrativos que mantm escolas de Ensino Fundamental, atendendo alunos com necessida-des educacionais especiais, das reas rurais e urbanas:

    Ano Nmero de

    atendimentos Valor em R$

    1995 314 23.676.560,00

    1996 602 36.074.576,00

    1997 414 19.990.138,07

    1998 1.558 73.937.564,44

    1999 No houve atendimento No houve recursos

    2000 858 40.270.828,11

    2001 971 48.170.360,56

    2002 895 44.388.867,75

    2003 1.139 56.855.545,80

    Total 6.751 343.364.440,73

    Ano Nmero de ONGs

    atendidas Valor em R$

    2000 231 5.595.634,00

    2001 190 4.633.674,07

    2002 115 2.808.149,85

    2003 182 4.536.947,65

    Total 718 17.574.405,57

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    Fonte: FNDE/MEC 2007

    Tabela 3: Organizaes no governamentais atendidas (2004 a 2006)

    Com a criao do Pnate, a partir de 2007, o PNTE no foi mais executado, de modo que, atualmente, o Ministrio da Educao desenvolve dois outros programas voltados ao transporte de estudantes: o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) e o Caminho da Escola, voltados aos estados, Distrito Federal e municpios, visando atender alunos moradores da zona rural da educao bsica pblica. Nas prximas sees, analisaremos cada um deles detalhadamente.

    Os recursos do Pnate so destinados exclusivamente para o transporte do escolar, ou seja, de quem est matriculado e frequenta a Educao Bsica das escolas pblicas, alm de residir na zona rural. Portanto, esses recursos no devem ser usados para transportar estudantes universitrios que frequentam cursos em municpios vizinhos, nem para levar times de futebol que disputam jogos em outras localidades nos finais de semana.

    1.2.2. O Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) Criado pela Lei n 10.880/2004, alterada pela Lei n 11.947

    de 16 de junho de 2009, o Pnate oferece assistncia financeira, em carter suplementar, aos estados, ao Distrito Federal e aos municpios, com o objetivo de garantir o acesso e permann-cia nos estabelecimentos escolares de alunos com as seguintes caractersticas:

    :: constantes no censo escolar;

    :: residentes na zona rural;

    :: matriculados em escolas pblicas, da Educao Bsica; e

    :: que utilizam o transporte escolar.

    Ateno!

    Os alunos matriculados em cursos de Educao de Jovens e Adultos (EJA) presencial, da Educao Bsica, tambm so atendidos pelo Pnate.

    Ano Nmero de ONGs

    atendidas Valor em R$

    2004 175 4.250.000,00

    2005 122 4.250.000,00

    2006 69 2.391.466,73

    Total 366 10.891.466,73

    Mas como saber o nmero de alunos a serem beneficiados pelo Pnate? ?

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    Por isso, o Pnate um programa de apoio ao transporte do escolar!

    Ateno!

    No Brasil, do total de recursos para o transporte escolar, segundo a origem, 77,95% eram dos prprios municpios, 16,86% federais e 4,78% estaduais (Pesquisa do Inep, 2003. Folha Online, 19 de abril de 2005).

    Por meio do Censo Escolar realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep). Nele, as secretarias de educao informam o nmero de alunos da rede estadual e as prefeituras informam os alunos da rede municipal residentes na zona rural, o que possibilita saber quantos alunos necessitaro do transporte escolar.

    Outro aspecto importante a destacar que o programa ofe-rece assistncia financeira em carter suplementar, conforme est estabelecido no art. 208 da Constituio Federal.

    Esses dois documentos estabelecem que o transporte esco-lar, imprescindvel para os alunos frequentarem regularmente a escola, obrigao dos estados, do Distrito Federal e dos municpios.

    O governo federal, mediante o Pnate, oferece uma suple-mentao, isto , um complemento. Assim, essa ajuda acres-centa recursos extras ao capital que deve j ser disponibilizado pelas outras instncias responsveis pelo ensino pblico: os estados, o Distrito Federal e os municpios.

    Portanto, diante da precariedade ou suspenso moment-nea do servio de transporte escolar, a justificativa de algumas prefeituras de que os recursos do Pnate atrasaram ou so insuficientes no faz sentido. Para voc ter uma ideia da suple-mentao do atual governo ao transporte do escolar mediante o Pnate, foram investidos, de 2004 a 2012 , mais de R$ 3,525 bilhes. Veja a tabela a seguir:

    Como voc pode ver, somente em 2012, o programa aten-deu 4.507.241 alunos de escolas pblicas da zona rural, com

    Tabela 4: Nmero de Atendimentos/Recursos Finan-ceiros repassados pelo Pnate (2004-2012)

    Mas o que significa em carter suplementar? Voc se lembra do que consta na Constituio e na LDB sobre o assunto??

    Ano

    Nmero de atendimentos

    Municpios Alunos Valor em R$

    2004 5.201 3.219.975 240.998.644,66

    2005 5.317 3.211.128 246.931.651,50

    2006 5.089 3.308.673 275.995.250,22

    2007 5.191 3.473.360 291.994.969,03

    2008 5.143 3.294.936 289.587.265,75

    2009 5.492 4.652.477 418.976.595,54

    2010 5.205 4.656.704 596.461.274,66

    2011 5.187 4.558.465 573.815.057,44

    2012 5.122 4.507.241 591.216.004,75

    Fonte: FNDE

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    O oramento do Pnate para 2013 de R$ 644 milhes, para beneficiar 4.643.378 estudantes da educao bsica habi-tantes da zona rural, assim distribudos: Educao Infantil (293.324 alunos); Ensino Fundamental (3.382.389) e Ensino Mdio (967.665).

    Jornal: A Tarde (BA), de 19 de maio de 2008.

    Ampliar, por meio do transporte, o acesso e a permanncia dos alunos matriculados na educao bsica da zona rural, das redes estaduais e municipais de ensino.

    Ateno!

    A oferta de transporte escolar dirio e gratuito aos alunos que vivem em reas rurais um importante instrumento de acesso educao e incluso social, pois inegvel que, alm de diminuir a evaso escolar, aumenta o nmero de estudantes que concluem a educao bsica.

    recursos suplementares cerca de R$ 590,6 milhes. Desse total:

    :: a rede municipal recebeu R$ 572,4 milhes; e :: a rede estadual recebeu R$ 18,8 milhes.

    A notcia abaixo fornece informaes das metas estabeleci-das para o Programa em 2009.

    Veja bem, trata-se de investimento significativo. O governo federal tem como meta, mediante a transferncia desses recur-sos s prefeituras, aos estados e ao Distrito Federal, contribuir para a concretizao do direito que os alunos da zona rural tm educao.

    Para comear, precisamos deixar claras as razes que leva-ram o governo federal a criar mais esse programa de transpor-te do escolar. Essa iniciativa est vinculada ao fato de que, em abril de 2007, o Ministrio da Educao lanou um plano de metas conhecido por Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE), que busca empreender uma mudana radical na edu-cao nacional, mediante a mobilizao de toda a sociedade pela melhoria da qualidade da educao bsica. O governo federal props, no mbito do PDE, o Compromisso Todos pela Educao, convocando os municpios, o Distrito Federal, os estados, as famlias e a comunidade a participarem da luta contra a crise da escola, caracterizada principalmente pela falta de qualidade do ensino pblico, pela repetncia, pelo abandono do espao escolar e pela falta de uma poltica de valorizao dos profissionais que atuam na rea educacional. Percebeu-se, ento, que s ser possvel modificar a situao do ensino no Brasil com a adoo de um conjunto de medidas interligadas, capazes de alterar essa realidade.

    Voc deve pensar:

    Para que fossem atingidas as metas estabelecidas no PDE, tornou-se fundamental:

    1.2.3. Programa Caminho da Escola

    Voc j ouviu falar desse programa? Sabe dizer por que foi criado, o que prope e quais as suas diretrizes? ?

    Qual a relao do Programa Caminho da Escola com essa revoluo educacional? ?

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    O governo federal estava ciente de que, mesmo com a execuo do Pnate, ainda existiam situaes em que alunos da zona rural no tinham o acesso escola garantido; logo, medi-das urgentes precisavam ser adotadas. Nesse sentido, foi criado o Programa Caminho da Escola, por intermdio do Decreto da Presidncia da Repblica n 6.768, de 10 de fevereiro de 2009 e da Resoluo n 3, CD/FNDE, de 28 de maro de 2007.

    Para que o novo Programa fosse executado, o Conselho Deliberativo do FNDE decidiu:

    Aprovar as diretrizes e orientaes para que os municpios, os estados e o Distrito Federal se habilitem ao programa Caminho da Escola possam buscar financiamento junto ao BNDES, nos exerccios de 2007 a 2009, visando aquisio de nibus de transporte escolar, zero quilmetro, assim como embarcaes novas, destinadas ao transporte dirio dos alu-nos da educao bsica, transportados da zona rural dos sis-temas estadual e municipal, no mbito do programa.

    (Resoluo n 3, CD/FNDE, de 28 de maro de 2007, art. 1)

    Ateno!

    A concesso do financiamento condicionada ao saldo disponvel na linha de crdito para o Caminho da Escola, previamente aprovada pelo BNDES. Isso quer dizer que a adeso ao Programa, pelos interessados, ampara a aquisio de veculos escolares com recursos prprios dos estados, Distrito Federal e municpios, alm da aquisio com recursos de convnio com o FNDE, por meio de emendas parlamentares e do oramento do MEC.

    O programa consiste na concesso, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), de linha de crdito especial para a aquisio, pelos estados, Distrito Fede-ral e municpios, de nibus zero quilmetro e de embarcaes novas.

    Quanto aos objetivos, o Caminho da Escola visa:

    :: renovar a frota de veculos escolares;

    :: garantir segurana e qualidade ao transporte dos estudan-tes;

    :: contribuir para a reduo da evaso escolar, ampliando, por meio do transporte dirio, o acesso e a permanncia na escola dos estudantes matriculados na educao bsica, preferencialmente residentes na zona rural das redes esta-duais e municipais;

    :: padronizar os veculos de transporte do escolar;

    :: reduzir os preos dos veculos; e

    :: aumentar a transparncia nas aquisies dos veculos esco-lares.

    Em 2007, foi disponibilizado para o Programa um oramen-to de R$ 300 milhes. Em 2008, a demanda apresentada foi grande, conforme pode-se perceber na notcia seguir:

    Mas o que o Programa Caminho da Escola e quais so seus objetivos? ?

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    MEC: procura por financiamento de transporte escolar alm do esperado

    "Nesse primeiro ano do Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE), a procura pelos recursos do Programa Caminho da Escola excedeu as expectativas do Ministrio da Educao, mostra balano do MEC. Por meio de uma linha de financiamento no Banco de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), os estados e municpios recebem auxlio para a compra de nibus, micro-nibus e embarcaes para o transporte escolar. Inicialmente, a verba destinada pelo BNDES para utilizao entre 2007 e 2009 era de R$ 300 milhes, mas o valor teve que ser dobrado(...).

    JB Online (RJ), em 19 de maio de 2008.

    Van que transportava crianas irregularmente apreendida em Arax

    Um veculo utilizado como transporte escolar foi apreendido na tarde dessa quarta-feira, em Arax, regio do Alto Paranaba de Minas Gerais, por estar transportando crianas irregularmente. De acordo com a Polcia Militar, a motorista do carro no habilitada na categoria necessria para exercer a funo possui carteira "B" e o exigido pelo Detran a "D" alm de no ter feito o curso para condutores de transporte escolar. No momento da apreenso do veculo, por meio de uma denncia annima, outras irregularidades foram constatadas. A van transitava com excesso de crianas faltava assento para trs e o pagamento das taxas cobradas em 2008 para liberao do CRLV estavam atrasadas...

    Jornal O Tempo (MG), em 5 de junho de 2008.

    Na tentativa de corresponder grande demanda dos entes federados, o Governo Federal ampliou para R$ 600 milhes o oramento do Programa. Os detalhes de execuo do programa, porm, sero apresentados na Unidade V, mais adiante.

    Para darmos continuidade s nossas consideraes sobre o transporte do escolar, leia a notcia abaixo:

    Agora trataremos de uma questo muito importante: o transporte escolar eficiente, ou seja, em condies adequadas e com segurana.

    Voc percebeu o risco que esses alunos estavam correndo? At quando vamos considerar situaes como essas normais? Ser que o governo federal est preocupado com essa questo??

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    1.3. Qualidade do transporte do escolar

    Faz parte da poltica do transporte do escolar no somente suplementar financeiramente as Unidades da Federao, mas exigir que os alunos sejam tratados como cidados e, sendo assim, transportados com segurana e dignidade. Contudo, isso no o que vemos muitas vezes.

    Os veculos autorizados para transportar estudantes so: nibus, micro-nibus, vans, kombis e embarcaes. No entan-to, em regies com estradas precrias, os Departamentos de Trnsito (Detran) tm autorizado o transporte em carros menores, desde que adaptados para o transporte de alunos.

    No entanto, ainda h muitas reclamaes sobre a qualidade do servio de transporte do escolar. Noticirios jornalsticos tm feito frequentes denncias a esse respeito: crianas transportadas em carrocerias de caminhes ou de picapes, em carros de passeio superlotados, etc. Com certeza, voc conse-gue imaginar que, em muitas circunstncias, os alunos da rea rural tm de escolher entre enfrentar a falta de segurana do transporte escolar ou deixar de ir escola, no mesmo?

    Outra notcia, um pouco mais antiga, merece nossa ateno:

    Ateno!

    Da frota de 5.394 veculos pesquisados, 36% no so recomendados para transportar estudantes. Entre os veculos prprios dos poderes pblicos, 48,08% foram considerados inadequados.

    Essa deciso judicial, com validade de 45 dias, na verdade concedeu um prazo para que a prefeitura adequasse os ve-culos, que efetuavam transporte escolar em sua jurisdio, ao Cdigo Nacional de Trnsito (Lei n 9.503, de 23 de setembro de 1997). O juiz justificou a deciso dizendo que seria ainda mais prejudicial no propiciar aos alunos transporte, privando--os da frequncia escolar.

    Troque ideias sobre o tema com seus colegas de curso e o tutor.

    O estudo realizado em 2003 pelo Inep sobre o transporte escolar, mencionado no incio desta unidade, apontava o pro-blema da inadequao dos veculos utilizados.

    E existem especificaes ou exigncias particulares quanto qualidade do servio de transporte escolar?

    Existem sim! Voc no pode esquecer que, em termos gerais:

    Voc concorda com o argumento do juiz? No seu municpio tm ocorrido casos parecidos? ?

    "Juiz dispensa veculos escolares de cinto e limite de passa-geiros em Minas Gerais."

    (Folha Online, 10 de agosto de 2005)

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    Ateno!

    Alm do Cdigo Nacional de Trnsito, pode existir legislao complementar, no mbito municipal e estadual, que discrimine com detalhes as exigncias de segurana para

    :: os veculos escolares de propriedade dos entes federados precisam ter o certificado de registro de veculos ou da embarcao em nome do estado, do municpio ou do Distrito Federal;

    :: os veculos contratados de terceiros devem estar registrados em nome do titular do contrato; e

    :: deve ser observada a validade da licena do servio de transporte e licenciamento do veculo.

    Alm disso, o Cdigo Nacional de Trnsito define claramen-te as exigncias a serem observadas pelos proprietrios dos veculos automotores destinados conduo coletiva de escolares. Cada veculo dever:

    :: ser registrado como veculo de passageiros; :: ser inspecionado pelo Detran semestralmente, para

    verificao dos equipamentos obrigatrios de segurana; :: possuir uma autorizao especial expedida pela Diviso

    de Fiscalizao de Veculos e Condutores do Detran e pela Circunscrio Regional de Trnsito (Ciretran);

    :: ter seguro, registrador de velocidade (tacgrafo), cintos de segurana em nmero igual lotao; e

    :: ser identificado com uma faixa horizontal, na cor amarela, em toda a extenso das laterais e traseira da carroceria, com a palavra ESCOLAR, escrita na cor preta.

    Alm disso, importante ressaltar que, pelas normas legais: :: vedada a conduo de escolares em nmero superior

    capacidade estabelecida pelo fabricante do veculo; e :: a velocidade do veculo no pode ultrapassar o limite

    estabelecido para a rodovia ou estrada (asfaltada ou no).

    Outros importantes cuidados dizem respeito manuteno do veculo, seja de frota prpria ou contratada de terceiros. Devem, pois, ser observados:

    :: pagamento de seguros, licenciamentos, impostos e taxas do ano;

    :: servios de mecnica: motor, nvel e validade do leo; suspenso, direo, cmbio, parte eltrica, funilaria e freios;

    :: compra de combustvel e de lubrificante; :: reviso visual externa: verificao de faris, pisca-pisca e

    lanternas; estado e calibragem dos pneus, limpador de para-brisa, entre outros; e

    :: reviso interna: exame das luzes e instrumentos do painel, cintos de segurana, extintor, estepe, macaco e tringulo de segurana.

    Sim, pois o motorista deve:

    :: ter idade superior a 21 anos;

    :: ser habilitado na categoria D;

    :: no ter cometido nenhuma infrao grave ou gravssima ou

    Ser que a legislao tambm se preocupa em definir o perfil do motorista?

    ?

    o transporte escolar. Portanto, importante que voc se informe sobre a legislao complementar existente em seu municpio, estado ou regio, para verificar se o transporte escolar est seguindo todas as normas estabelecidas e, consequentemente, se os estudantes so transportados com segurana e qualidade.

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    ser reincidente em infraes mdias durante os ltimos 12 (doze) meses;

    :: ter sido submetido a exame psicotcnico, com aprovao especial para transporte de alunos;

    :: ter curso de formao de condutor em transporte escolar; e

    :: possuir matrcula especfica no Detran.

    No caso de uso de embarcaes, devem-se observar as nor-mas da Autoridade Martima para Navegao, regulamentadas pela Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil. Alm disso, deve-se verificar:

    :: se h registro da embarcao na Capitania dos Portos como embarcao de transporte de passageiros;

    :: se o nmero de passageiros (alunos) transportados est de acordo com o autorizado pela autoridade martima para a embarcao;

    :: se a embarcao possui:

    a) em local visvel, placa com o nmero de inscrio da embarcao, peso mximo de carga e o nmero mximo de passageiros que est autorizada a transportar;

    b) colete salva-vidas para todos os alunos;

    c) cobertura para a proteo contra sol e chuva e grades laterais de proteo; e

    d) certificado de registro de veculo ou registro de proprie-dade da embarcao, em nome do ente federado. Tal docu-mentao deve apresentar-se devidamente regularizada

    junto ao rgo competente, conforme determinao da Resoluo n 10, do Conselho Deliberativo do FNDE, 7 de abril de 2008;

    :: se o aquavirio (condutor da embarcao):

    a) possui o nvel de habilitao estabelecido pela autoridade martima, ou seja, para operar embarcaes em carter profissional (art. 15, inciso II, letras a e c);

    b) segue as normas da autoridade martima para o transporte de passageiros; e

    c) mantm a embarcao em condies de navegao e com todos os equipamento os de segurana exigidos.

    Todos esses cuidados so fundamentais, pois os alunos so cidados e no devem ser transportados em veculos que ferem a dignidade humana ou colocam em risco sua segurana.

    Contudo, ao avaliarmos a questo do transporte do escolar, no podemos deixar de falar de outro assunto importante: o comportamento que todo aluno dever adotar dentro do veculo/embarcao que o leva para a escola.

    E no caso do transporte do escolar por meio de embarcaes, quais cuidados devero ser tomados? ?

    Voc sabe que a qualidade do transporte escolar est relacionada tambm com o comportamento do aluno que est sendo transportado?

    Voc imagina quais seriam as principais responsabilidades do aluno transportado?

    Como esse aluno pode colaborar para que o percurso at a escola e a volta para casa transcorram sem nenhum tipo de acidente?

    ?

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    Evidentemente, o aluno transportado tambm tem suas responsabilidades para evitar acidentes. As principais so:

    a) fazer fila para embarque e desembarque do veculo/embarcao, evitando correrias e atropelos;

    b) sentar, colocar o cinto de segurana e mant-lo afivelado durante todo o percurso; no caso do transporte em barco, necessrio ficar sentado e usar o colete salva-vidas, devida-mente afivelado, durante todo o trajeto;

    c) levantar para o desembarque somente aps o veculo/embarcao parar completamente;

    d) no jogar lixo pelas janelas do veculo ou para fora da embarcao (o lixo deve ser depositado em lixeiras apro-priadas);

    e) no zombar, xingar ou arremessar objetos nas pessoas que esto dentro ou fora do veculo;

    f) evitar brincadeiras que possam gerar barulho, desentendi-mentos e desordem, tirando a ateno do condutor;

    g) tratar com respeito e educao o condutor, os monitores e os colegas, evitando gestos ou palavras de gracejo ou ofensa;

    h) no colocar braos ou cabea para fora da janela do vecu-lo; e

    i) no falar com o condutor enquanto esse estiver dirigindo. Alm das responsabilidades dos alunos, outras condutas

    devem ser proibidas:

    a) fumo ou ingesto de bebidas e/ou alimentos no interior do veculo;

    b) entrada e permanncia de pessoas alcoolizadas dentro do veculo/embarcao; e

    c) transporte de produtos no interior do veculo/embarcao, como compras de supermercado, combustvel, pneus e

    outros objetos.

    Para ilustrar tudo o que falamos at aqui sobre a qualida-de e a segurana no transporte do escolar, consideramos importante comentar sobre uma iniciativa que chegou ao conhecimento da Coordenao Geral de Transporte Escolar do FNDE. o projeto "De mos dadas com o transporte escolar", desenvolvido pela prefeitura da cidade mineira de Una. Essa uma iniciativa exemplar, pois tem apresentado excelentes resultados. O projeto, que conta com o apoio dos tcnicos da secretaria municipal de educao e do Departa-mento de Transporte Escolar (Detrae), de estabelecimentos comerciais e da comunidade, inclui as seguintes aes:

    1. Curso de capacitao para os motoristas do transporte escolar, que objetiva aprimorar os conhecimentos dos condutores, conscientizando-os de suas responsabilidades, atribuies e das relaes interpessoais que fazem parte de seu ambiente de trabalho;

    2. Projeto Monitoria, que busca a capacitao de monitores para melhor auxiliar os motoristas;

    3. Projeto Viajando com a leitura no transporte escolar, que visa desenvolver hbitos de leitura nos alunos que utilizam o nibus escolar; e

    4. Concurso municipal de desenho, frase, poesia e produo de texto em prosa, valorizando a criatividade e a origina-lidade dos trabalhos dos alunos participantes, alm de incentivar a reflexo e a discusso sobre a educao no trnsito e no transporte escolar. A atividade, que envolve alunos das redes de ensino municipal, estadual e particular, tem os seguintes critrios:

    :: as obras concorrentes devero respeitar a seguinte orienta-o: a Educao Infantil desenvolve os desenhos; o Ensino Fundamental (5 a 8 srie), a frase e a poesia; e o Ensino Mdio, a produo de texto em prosa;

    :: cada escola pode enviar Secretaria Municipal de Educao

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    (Semed), dentro do perodo preestabelecido para a inscri-o, a ficha preenchida pelo aluno e somente um desenho, uma frase, uma poesia e um texto em prosa, com a indicao de seus autores;

    :: a avaliao dos trabalhos feita por uma comisso julga-dora, instituda pela Secretaria Municipal de Educao, que observar nas obras elementos como a criatividade, a origi-nalidade, o impacto visual, a pertinncia ao tema proposto, clareza e coeso textual e ainda a espontaneidade; e

    :: a premiao (do 1 ao 3 lugar, para cada gnero textual) efetuada com doaes de empresas colaboradoras do projeto e com certificados de participao expedidos pela Semed.

    A seguir, a ttulo de exemplificao, colocamos a poesia de Ana Paula Silva Braga, aluna do Ensino Fundamental na Escola Municipal Manuelina Lopes Siqueira (Una/MG), que obteve o primeiro lugar no concurso, no ano de 2006, na modalidade poesia:

    De mos dadas com o Transporte Escolar

    "Acordo s cinco da manh e o nibus eu tenho que pegar. s vezes eu tenho que correr porque ele no pode esperar, pois estudo longe, e demoro pra chegar. Quando entro no nibus, dou um sorriso Para o motorista cumprimentar. Desejo-lhe boa sorte para nos transportar. s vezes o sono chega e eu comeo a cochilar. Acordo na prxima parada, quando o colega vai entrar. Chego no colgio onde vou estudar Pois, peo a Deus pra me iluminar, para eu poder me formar. Quando soa o sinal, as aulas chegaram ao final. Vou para o nibus, para casa retornar. Chegando na parada, paro e olho para atravessar, Porque amo minha vida e no quero que um veculo venha me atropelar."

    Unidade I em snteseNessa unidade, buscamos compreender o sentido poltico dos Programas de Transporte do Escolar, cujo objetivo central possibilitar o acesso e a permanncia de milhes de alunos na escola. Para alcanar esses objetivos, o FNDE transfere recursos suplementares, por meio do Pnate e Caminho da Escola a esta-dos, Distrito Federal e municpios. De tudo o que tratamos aqui, o mais importante voc compreender que o transporte do escolar no uma simples ao compensatria ou suplementar para ajudar financeiramente os estados, o Distrito Federal e os municpios. Faz parte das polticas dos estados e do governo federal propiciar aos cidados, matriculados no ensino bsico pblico, residentes na zona rural ou portadores de necessi-dades educacionais especiais, acesso e permanncia na escola. Trata-se de direito que lhes garantido pela Constituio Fe-deral.

  • Unidade IIFuncionamento do Pnate

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    Unidade II

    Funcionamento do Pnate

    Vimos na unidade anterior que o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar foi criado em 2004, com o objetivo de ajudar financeiramente, de forma suplementar, estados, Distrito Federal e municpios, com vistas oferta de transporte para alunos da Educao Bsica do ensino pblico, residentes na zona rural.

    Nesta unidade, conversaremos um pouco sobre o funcionamento do Pnate, discorrendo sobre os entes participantes, suas responsabilidades e sobre os fluxogramas de aes do programa.

    Esta unidade de estudo tem por objetivos levar voc a:

    :: reconhecer as funes e as responsabilidades dos participantes no desenvolvimento do Pnate; e

    :: identificar os fluxos de aes do programa e a forma como este est organizado.

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    Voc se lembra da histria da dona Sebastiana e da comunidade da Gleba Liberdade? Voc acha que aquelas pessoas tinham conhecimento do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar?

    bem provvel que no soubessem muito sobre o programa, pois, caso contrrio, teriam argumentado com o secretrio muni-cipal de educao quando ele disse que estava procurando encontrar uma soluo para o problema da falta de transporte dos estudantes da comunidade, no mesmo?

    Ento, imagine-se na Gleba, participando de uma reunio da comunidade, em que as pessoas lhe solicitassem explicaes sobre o Pnate, detalhando, inclusive, seu funcionamento.

    Voc daria conta da tarefa? O que lhes diria?

    Leia esta unidade, aprimorando seus conhecimentos e identificando o que seria importante dizer dona Sebastiana e aos vizi-nhos que vivem a mesma situao. Anote e pense na soluo do problema que lhe propusemos no incio do curso.

    Para comear, bom que identifiquemos os participantes do programa e as responsabilidades de cada um.

    2.1. Participantes e responsabilidadesComo vimos, o Pnate foi institudo pela Lei n 10.880/04

    (alterada pela Lei n 11.947, de 16/06/2009), que atribui ao FNDE a responsabilidade pela execuo e ao Conselho Delibe-rativo do FNDE (CD/FNDE) a competncia de regulamentar os critrios de operacionalizao.

    Os participantes do programa e suas respectivas respon-sabilidades esto definidos no art. 3 da Resoluo CD/FNDE n 12, de 17 de maro de 2011. Vejamos, ento, quem so esses participantes e as suas responsabilidades:

    :: FNDE: rgo responsvel pela assistncia financeira, nor-matizao, coordenao, acompanhamento, fiscalizao, cooperao tcnica e avaliao da efetividade da aplicao dos recursos financeiros;

    :: Ente Executor (EEx): responsvel pelo recebimento e execuo dos recursos financeiros, transferidos pelo FNDE conta do Pnate. Esse papel pode ser exercido pelas:

    a) secretarias de educao dos estados e do Distrito Federal, responsveis pelo atendimento aos alunos das escolas pblicas da Educao Bsica das suas redes de ensino;

    b) prefeituras municipais, responsveis pelo atendimento aos alunos das escolas da Educao Bsica pblica de sua rede.

    :: Conselho de Acompanhamento e Controle Social (Cacs): rgo do Fundo de Desenvolvimento e Manuteno da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (Fundeb), responsvel pelo acompanhamento e controle social, assim como pelo recebimento, anlise e encaminhamento da prestao de contas do programa ao FNDE, conforme estabelecido na Lei n 11.494, art. 24, 13, de 20 de junho de 2007.

    Para melhor compreender as descries apresentadas acima, observe atentamente a figura a seguir:

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    "Prestar assistncia tcnica e financeira e executar aes que contribuam para uma educao de qualidade a todos."

    Ateno!

    O FNDE conta com recursos provenientes do Tesouro Nacional, sendo uma das principais fontes a receita de arrecadao da contribuio social do salrio-educao.

    2.1.1. FNDEVoc se lembra do que falamos sobre o FNDE no curso de

    Competncias Bsicas? Vamos rever as principais informaes dessa Autarquia.

    O FNDE foi criado pela Lei n 5.537, de 21 de novembro de 1968, modificada pelo Decreto-Lei n 872, de 15 de setembro

    Figura 1: Participantes do Pnate e responsabilidades

    Que tal detalharmos melhor a participao dos envolvidos? Ento, vejamos:

    de 1969, e uma Autarquia federal vinculada ao Ministrio da Educao, tendo por finalidade legal captar recursos e canaliz--los para o financiamento de projetos de ensino e pesquisa, inclusive alimentao escolar e bolsa de estudo, observadas as diretrizes do Plano Nacional de Educao. Atualmente, tem como misso declarada em seu planejamento estratgico:

    Vimos tambm que, para dar conta dessa misso, o FNDE recebe recursos financeiros do governo federal e os repassa para financiamento de projetos, aes e programas educacio-nais (entre os quais temos o Pnate), visando contribuir para a efetivao do direito educao de qualidade a todos.

    A Autarquia transfere parte desses recursos aos estados, ao Distrito Federal e aos municpios, para que sejam aplicados, por exemplo, nos Programas de Transporte do Escolar.

    Talvez voc esteja se questionando:

    Ser que o FNDE se restringe a repassar recursos aos bene-ficirios dos Programas de Transporte do Escolar?

    A resposta no. A Autarquia, alm de efetuar a assistncia financeira suplementar aos Programas de Transporte do Esco-lar, a entidade responsvel pela normatizao, abertura das contas correntes para repasse dos recursos, acompanhamen-to, fiscalizao, cooperao tcnica e avaliao da aplicao dos recursos do programa, diretamente ou por delegao.

    Obs: PC = Prestao de ContasFonte: FNDE.

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    2.1.2. Ente Executor (EEx)Em relao ao Pnate, as secretarias estaduais de educao

    e as prefeituras so os rgos executores responsveis pelo recebimento e execuo dos recursos financeiros transferidos pelo FNDE para uma conta especfica, bem como pela elabora-o da prestao de contas.

    2.1.3. Conselho de Acompanhamento e Controle Social (Cacs) Para esse Programa, no foi criado um conselho prprio

    para o acompanhamento, controle social, comprovao e fis-calizao dos recursos. o Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Desenvolvimento e Manuteno da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Edu-cao (Cacs/Fundeb) que realiza essa tarefa, constituindo-se, portanto, em outro participante do Pnate, cujo papel de suma importncia. Falaremos sobre o conselho especificamente na unidade IV.

    2.2. Fluxo das aes do Pnate Vimos que no programa h diferentes participantes, com

    responsabilidades diversificadas, buscando, porm, o mesmo objetivo: o acesso do aluno escola e sua permanncia durante todo o ano escolar.Ateno!

    Voc se lembra de que, at 2006, o Ente Executor tinha de enviar para o FNDE a designao da equipe coordenadora, feita por ato do poder Executivo? Essa equipe, composta de no mnimo dois membros, era responsvel por assessorar o EEx no que diz respeito s gestes financeira, tcnica e operacional do Pnate. O fato de no serem enviados os nomes dos participantes dessa equipe poderia provocar a suspenso do repasse de recursos. Pois , essa situao sofreu uma pequena alterao. A partir de 2007, o acompanhamento e o controle social sobre a aplicao dos recursos do Pnate sero exercidos junto aos respectivos EEx pelos Cacs/Fundeb, constitudos na forma estabelecida no 13 do art. 24 da Lei n 11.494, de 2007.

    Para participar do Pnate, no necessrio fazer qualquer tipo de solicitao junto ao FNDE, nem elaborar plano de trabalho ou celebrar convnio.

    Agora que voc j conhece quem so os participantes do programa e quais so suas responsabilidades, vai compreender melhor a dinmica de funcionamento e organizao do Pnate.

    Mas como funciona o Pnate?

    O que preciso fazer para receber os recursos

    do programa?

    O que fazer, ento?

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    Vejamos, ento, os passos principais para o funcionamento do Pnate e o que cada participante deve realizar. Antes, porm, queremos chamar a ateno para um aspecto bem simples do programa:

    Portanto, no h necessidade de ajuste, acordo ou qualquer outro instrumento legal.

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    As atividades de realizao do censo escolar so coordenadas, tanto no mbito dos estados e do Distrito Federal quanto no dos municpios, pelas secretarias estaduais, municipais e distrital de educao.

    Ateno!

    No responder ao censo escolar ou no informar o nmero de alunos da Educao Bsica, residentes em reas rurais, implica, para o Ente Executor, o no recebimento dos recursos financeiros do Pnate.

    Os municpios que tm a rede pblica de Ensino Fundamental integralmente estadualizada e recebem ou receberam recursos do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) por transportar alunos matriculados nos estabelecimentos estaduais faro o acompanhamento e o controle do programa por meio do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb do seu estado. o que determina o art. 9 da Resoluo n 73, do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao (FNDE/MEC), de 10 de setembro de 2007.

    E se o municpio transportar alunos da rede estadual?

    Mas de que maneira os recursos so repassados?

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    ?

    A seguir, identificamos os principais passos da execuo do Pnate:

    1. O ponto de partida o registro do alunado da rea rural no censo escolar, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep), em parceria com as secretarias estaduais, municipais e dis-trital de educao.

    Portanto, na ocasio da elaborao do censo escolar, os estados, o Distrito Federal e os municpios, por meio das res-pectivas secretarias de educao, informam, alm de outros dados educacionais, o nmero de alunos da Educao Bsica do ensino pblico (includos aqui os do EJA e da Educao Especial), matriculados nas redes escolares, residentes na zona rural e que utilizam o transporte escolar.

    Nesse caso, os municpios que transportem alunos da rede estadual devero declarar no censo escolar esse quan-titativo atendido para que lhes sejam repassados os recursos correspondentes.

    H trs possibilidades:

    a) as secretarias estaduais de educao repassam s prefeitu-ras os recursos recebidos pelo FNDE para o transporte de alunos da rede estadual;

    b) o FNDE repassa diretamente s prefeituras, caso o estado prefira assim. Essa opo requer que a secretaria estadual de educao envie ofcio de autorizao ao FNDE;

    c) os estados que no formalizarem a autorizao devero executar diretamente os recursos financeiros recebidos, ficando vedado o repasse, a qualquer ttulo, para outros entes federados.

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    Bem, voc viu apenas o primeiro passo do Pnate. Veja, ento, os procedimentos seguintes:

    2. A partir dos dados do censo escolar e do montante de recursos disponveis para o programa constante da Lei Oramentria Anual (LOA) , o Conselho Deliberativo do FNDE, por meio de Resoluo, define a forma de clculo e o valor por aluno a ser repassado aos estados, Distrito Federal e municpios; a periodicidade dos repasses; e as orientaes e instrues necessrias execuo do programa.

    3. Objetivando a execuo descentralizada, o FNDE realiza transferncia automtica dos recursos financeiros para uma conta especfica (aberta pelo FNDE) da prefeitura ou da secretaria estadual/distrital de educao, em nove parcelas iguais, entre os meses de maro e novembro. O montante a ser transferido aos estados, Distrito Federal e municpios ser proporcional ao nmero de alunos atendidos pelo transporte escolar (conforme o censo) em cada um desses entes governamentais.

    4. Recebidos os recursos, o EEx deve observar o tempo em que os recursos ficaro em conta corrente sem serem utilizados, preferencialmente aplicando os valores no mercado financeiro, na mesma instituio bancria em que foram creditados. O dinheiro somente pode ser utilizado para pagamento de despesas admitidas pelo programa (assunto abordado detalhadamente na prxima unidade de estudo).

    5. O Pnate passa a ser executado sob a responsabilidade do EEx, que dever atentar-se s regras estabelecidas para o programa pelo Conselho Deliberativo do FNDE e pela legis-lao pertinente.

    6. Durante a execuo, ocorre o acompanhamento e o contro-le social exercidos pelo Cacs/Fundeb sobre a transferncia e a aplicao dos recursos do Pnate.

    Figura 2: Fluxo das Aes do Pnate

    Ateno!

    O FNDE divulga a transferncia dos recursos de duas formas:

    a) no stio ;

    b) enviando correspondncia ao Cacs/Fundeb, Assembleia Legislativa ou Cmara Municipal.

    7. A prestao de contas feita pelo Ente Executor encami-nhada ao conselho do Fundeb at 28 de fevereiro do exerc-cio seguinte ao do recebimento dos recursos.

    Fonte: FNDE.

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    Figura 3: Fluxo do Pnate

    8. O conselho do Fundeb analisa o demonstrativo da execuo da receita e da despesa e de pagamentos efetuados, a conciliao bancria e o extrato bancrio, elaborando o parecer conclusivo sobre a prestao de contas.

    9. Em seguida, at 15 de abril do exerccio seguinte ao do recebimento dos recursos, o conselho do Fundeb remete ao FNDE::: o parecer conclusivo do Cacs/Fundeb;

    :: o demonstrativo da execuo devidamente preenchido e conferido; :: a conciliao bancria (se for o caso); e :: o extrato bancrio.

    Em 2012, o FNDE implantou um novo procedimento de prestao de contas com base nas Resolues CD/FNDE n 02/2012 e 43/2012. Agora, todas as fases de comprovao do uso de recursos repassados pelo FNDE a ttulo de transferncias obrigat-rias/legais e voluntrias devem ser processadas on-line por meio do Sistema de Gesto de Prestao de Contas (SiGPC).

    Observe na Figura 3 os diferentes passos e procedimentos e estude o fluxo de funcionamento do Pnate.

    Com a Figura 3 , ficou um pouco mais claro o passo a passo da execuo do Pnate? Esperamos que sim!

    O Pnate um programa de execuo simples. Seu funcionamento eficiente e eficaz, porm depende muito de quanto voc o conhece e de sua participao para que ele seja realizado adequadamente. importan-te tambm que voc avalie como o Pnate executado em seu municpio ou regio, e se todos os aspectos aqui mencionados so cumpridos. Assim, os objetivos do Pnate sero alcanados e haver controle social sobre os recursos disponibilizados. Contribua! Voc pode ajudar sua regio a se tornar um referencial de excelncia no transporte escolar.

    Fonte: FNDE.

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    Unidade II em snteseNessa unidade, falamos sobre o funcionamento do Pnate, apresentando as diferentes etapas de execuo do programa, segundo a

    legislao em vigor. Demos destaque ao papel dos envolvidos, enumerando as responsabilidades do FNDE, do Ente Executor e do conse-lho do Fundeb. Por fim, convidamos voc para no somente conhecer os participantes e as funes de cada um, mas tambm a atuar de maneira colaborativa, a fim de que o apoio ao transporte do escolar tenha xito e cumpra sua funo social.

  • Unidade IIIOs recursos do Pnate

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    Unidade III

    Os recursos do Pnate

    Conversamos, nas duas primeiras unidades, a respeito de como o Pnate faz parte das polticas sociais e educacionais e como ele funciona para atender aos alunos residentes na zona rural, possibilitando o seu acesso escola.

    Agora, nesta terceira unidade, estudaremos alguns pontos relacionados aos recursos do Pnate: de onde vm, a partir de quais critrios definido o custo aluno/ano, em que o dinheiro pode ser gasto e como prestar contas.

    Portanto, o que esperamos, aps esta leitura, que voc seja capaz de: :: identificar os procedimentos para garantir os recursos do Pnate; :: conhecer como calculado o custo aluno/ano;:: identificar em quais elementos de despesas os recursos do Pnate podem ser gastos; e :: discorrer sequencialmente sobre os passos da prestao de contas.

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    No meio educacional, temos ouvido muitas vezes frases do tipo: Mexer com dinheiro no comigo. Eu no levo jeito. Eu no entendo nada de contabilidade.

    Ser que temos essa mesma atitude quando se trata do nosso prprio dinheiro, ganho com o suor do trabalho? Pla-nejamos despesas, comparamos as receitas (salrio) com as despesas mensais (fixas e eventuais), procuramos economizar, pechinchar, comprar em lojas com promoes ou preos mais em conta, no assim?

    E quanto aos recursos financeiros destinados educao? No so nossos? No saram de nossos bolsos, por meio dos impostos que pagamos, conforme estudamos no curso de Competncias Bsicas? O que dizer, ento, comunidade da Gleba Liberdade, diante da alegao dos dirigentes municipais sobre falta de recursos financeiros para o transporte escolar das crianas que l moram? Como garantir recursos para o transpor-te do escolar? Como esses recursos esto sendo utilizados?

    Vamos, ento, conversar um pouco sobre isso.

    3.1. Primeiras consideraes

    Vimos, na unidade anterior, que receber recursos do Pnate muito simples e sem burocracia: basta as secretarias de edu-cao participarem do censo escolar, informando o nmero de alunos residentes na zona rural que utilizam transporte escolar. Mas por que, ento, h prefeituras que no recebem ou deixa-ram de receber os recursos?

    Leia a notcia publicada na internet:

    Voc deve estar surpreso, assim como ns ficamos, questio-nando-se:

    Ento, gostaramos de perguntar: Voc sabe se seu municpio est ou esteve na lista de munic-

    pios irregulares e/ou inadimplentes? Se a resposta for afirmativa, voc conhece os motivos?

    Para voc, o que algumas prefeituras e secretarias de educao teriam feito ou deixado de fazer para que o FNDE suspendesse o repasse dos recursos financeiros destinados ao transporte do escolar?

    945 municpios perdem verba de transporte escolar

    Prefeituras inadimplentes perdero, a partir deste ms, os repasses de verbas federais destinadas a custear o transpor-

    te de alunos matriculados em escolas pblicas de Ensino Fundamental (...) Os repasses previstos no Pnate (Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar) vm do FNDE (Fun-do Nacional de Desenvolvimento da Educao). A verba, de R$ 401 milhes, administrada pelo Ministrio da Educao e vem do Oramento da Unio. O dinheiro ajuda 3,4 milhes de crianas a irem para a escola, em 5.122 prefeituras. Desse total, 1.032 municpios esto inadimplentes, ou seja, deve-riam ter prestado contas do dinheiro que receberam em 2007 at 15 de abril de 2008 e no prestaram (...).

    Folha Online (SP), em 18 de maio de 2008.

    Mas como possvel que tantos municpios fiquem irregulares com o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar? Ser que esse programa to complicado que as pessoas no conseguem seguir as normas, obedecer ao que est estabelecido para o seu funcionamento?

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    Respondendo pergunta feita anteriormente, os motivos que fazem com que o FNDE suspenda os repasses de recursos financeiros do Pnate so:

    :: o no envio da prestao de contas por parte dos municpios no prazo previsto; :: apresentao de prestao de contas com irregularidades ou no aprovadas pelo conselho do Fundeb; :: aplicao dos recursos financeiros em desacordo com as diretrizes do programa; e :: a determinao judicial, com prvia apreciao pela Procu-radoria Federal no FNDE.

    Ento, para que as prefeituras e secretarias de educao recebam os recursos financeiros do Pnate, elas devem, obri-gatoriamente: :: aplicar os recursos financeiros em conformidade com as diretrizes do programa; :: realizar a prestao de contas dos exerccios de 2004 a 2010 e entreg-la para avaliao ao Cacs/Fundeb, no prazo estipu-lado; e :: ter essa prestao de contas aprovada pelo conselho do Fundeb.

    Porm, mesmo com essa obrigatoriedade e com a ao do governo federal, disponibilizando recursos para o Pnate, nem sempre os alunos so atendidos e respeitados em seu direito como cidados. Por que ser?

    Os principais problemas de irregularidades so: :: a no prestao de contas; e :: a apresentao de prestao de contas com irregularidades.

    A questo da prestao de contas um tema que merece uma discusso mais aprofundada, por isso nada melhor do que conhecer os aspectos financeiros e contbeis do programa. isso o que voc vai ver a partir de agora. Assim, poder exercer, cada vez melhor, os seus direitos e deveres, fazendo o acompa-nhamento e o controle social do Pnate.

    Ento, vamos comear discorrendo sobre como feito o clculo dos recursos financeiros do Pnate.

    3.2. Clculo dos recursos do Pnate Como vimos na unidade I, o clculo dos recursos financeiros

    destinados ao Pnate definido a partir de dois dados oficiais: :: o quantitativo de alunos da Educao Bsica residentes na zona rural, que informado no censo escolar do ano anterior ao do atendimento; e :: os recursos especficos destinados ao Pnate pela Lei Oramen-tria Anual (LOA).

    Para saber sobre o Pnate, voc pode: :: consultar a pgina do FNDE na internet, www.fnde.gov.br, (em

    Transporte do Escolar/Consultas), onde voc encontrar as informaes atualizadas;

    :: ir prefeitura ou secretaria de educao, onde poder saber da situao atual e anterior; e

    :: telefonar para o FNDE (consulte nmeros de telefones ao final deste caderno) e solicitar a informao desejada.

    Ateno!

    A partir de 2012, O FNDE implantou um novo modelo para gerir as prestaes de contas, dos recursos repassados a partir do ano de 2011, por meio do Sistema de Gesto de Prestao de Contas: o SiGPC Contas On-line.

    Essa nova sistemtica foi regulamentada pela Resoluo n 02/2012 do Conselho Deliberativo do FNDE.

    Quais irregularidades podem ocorrer no programa? O que fazer para evit-las e, assim, no prejudicar os alunos da zona rural? ?

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    Ateno! Em 2004, o valor do custo-aluno foi estipulado em R$ 76,00

    ao ano. Em 2005, foi de R$ 80,00, um aumento de 5,3%. Isso representou para o Pnate um oramento de R$ 265,19 milhes para transportar 3,3 milhes de alunos das redes pblicas de ensino. A partir de maro de 2006, com as mudanas dos critrios e do clculo dos recursos a serem disponibilizados, o menor valor per capita passou a ser de R$ 81,56 e o maior valor chegou a R$ 116,36 de acordo com a rea rural do municpio, a populao moradora do campo e a posio do municpio na linha de pobreza.

    Alm desses dois dados oficiais, o FNDE, sempre atento s diferenas regionais e importncia de equidade na gesto, definiu uma nova regra para que o custo aluno/ano, a partir de 2006, fosse diferenciado por estados e por municpios: o fator de necessidade de recursos do municpio (FNR-M).

    Trata-se de um ndice a ser utilizado para definir o que cada estado, o Distrito Federal e os municpios recebero de verba suplementar para apoiar os gastos com o transporte dos alunos da Educao Bsica, residentes na rea rural.

    O FNR-M foi definido a partir da multiplicao das seguintes variveis: :: o percentual da populao rural do municpio (IBGE 2000); :: a rea do municpio (IBGE 2001);:: o percentual da populao abaixo da linha de pobreza de R$ 75,00 (Ipeadata 2000);

    :: o ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (Ideb/Inep). Esse elemento foi includo no clculo do FNR-M a partir de 2008.

    Com base nesses dados, os estados e municpios espalhados em todo o territrio nacional foram divididos em quatro faixas, de acordo com as necessidades de recursos do Pnate.

    A prxima etapa foi classificar cada Unidade da Federao (estado) nas quatro faixas, conforme demonstrado no quadro abaixo.

    Voc sabe o que o FNR-M? ?

    Faixas Necessidades de recursos

    Faixa 1 Muito baixa

    Faixa 2 Baixa

    Faixa 3 Mdia

    Faixa 4 Alta

    Quadro 1: Faixas de necessidade de recursos de estados e municpios

    Quadro 2: Distribuio dos estados em relao s necessidades de recursos

    Faixas Necessidades de

    recursos Estados

    Faixa 1 Muito baixa RJ, SC, RS, PR, SP e DF

    Faixa 2 Baixa SE, ES, RN, GO, AL, PB, PE e MG

    Faixa 3 Mdia TO, MS, RO, MT, MA, PI, CE e BA

    Faixa 4 Alta RR, AP, AC, AM E PA

    Fonte: FNDE

    Fonte: FNDE

  • Uni

    dade

    III -

    Os

    recu

    rsos

    do

    Pnat

    e

    47

    Ao observar o quadro, procure identificar em qual faixa seu estado est includo.

    Agora, vamos para a segunda parte da elaborao do FNR-M, que a definio das necessidades de recursos dos municpios dentro de cada estado.

    Voc pode imaginar como foi feita essa nova classificao? Na verdade, foi utilizado o mesmo processo, ou seja, o FNDE,

    depois de muitos estudos, agregou grupos de municpios com os valores do FRN-M mais prximos, resultando na tabela 5.

    "Tabela 5: Valores per capita - 2013"

    UF

    DF 128,51 -- -- --RJ 121,21 124,43 126,76 132,31SC 120,95 123,84 125,50 128,54RS 120,84 123,52 124,87 128,28PR 120,73 123,62 125,12 128,73SP 120,96 124,31 125,65 134,31SE 123,59 130,27 132,78 137,44ES 122,89 128,57 132,02 136,32RN 124,83 129,53 131,25 136,74GO 123,14 129,26 133,77 142,07AL 123,07 130,04 131,70 137,23PB 128,14 129,85 132,97 139,62PE 123,20 129,43 132,87 143,64

    MG 123,24 128,08 131,70 142,95TO 127,79 135,34 140,32 149,65MS 127,19 135,26 137,67 148,36RO 129,28 135,48 139,34 149,43MT 127,61 135,88 142,31 150,33MA 125,83 135,71 139,39 148,56PI 127,79 135,64 140,44 150,57CE 125,49 134,58 138,46 147,81BA 125,85 134,94 139,90 149,23RR 141,30 143,21 147,71 156,56AP 143,90 149,81 153,73 172,24AC 149,31 150,74 151,43 162,62AM 133,27 144,31 152,07 170,20PA 128,10 136,58 142,63 159,02

    Faixa 1 Faixa 2 Faixa 3 Faixa 4Muito Baixa Baixa Mdia Alta

    VALORES PER CAPITA 2013

    Porm, as novidades sobre o clculo dos valores a serem repassados conta do Pnate no pararam por a. Outra im-portante mudana foi feita em 2007, conforme exposto no quadro abaixo:

    Para calcular o valor per capita de 2007, alm de man-ter o fator de necessidade de recursos do municpio (FNR-M), considerou-se tambm o Fator de Correo de Desigualdades Regionais (FCD-R), que realizado pelo ajuste da mdia mvel incorporando a influncia das reas vizinhas para evitar grandes diferenas nos valores per capita a serem repassados para os municpios de uma mesma regio.

  • Curs

    o PT

    E

    48

    D3.502 alunos

    R$ 114,98

    Primeiramente, voc viu que o FNDE, preocupado em poder repassar recursos de maneira mais justa, adotou para o ano de 2006 o fator de necessidade de recursos do municpio (FNR-M). Essa estratgia representou um grande avano para a poltica de suplementao de recursos para o transporte escolar, pois buscou respeitar as diferentes necessidades de cada municpio, dentro de cada estado.

    Porm, apesar da adoo do FNR-M, ainda persistiam dis-tores que precisavam ser corrigidas, como no caso de dois municpios fronteirios que estavam recebendo valores muito diferentes. Por essa razo, o FNDE adotou, em 2007, o Fator de Correo de Desigualdades Regionais (FCD-R), que foi desen-volvido pela equipe tcnica do Ceftru/UnB.

    A mdia mvel espacial parte do pressuposto geogrfico de que localidades mais prximas umas das outras tm mais semelhanas, ou seja, possuem as mesmas necessidades e caractersticas. Com base nessa ideia, os recursos financeiros

    anuais, repassados pelo FNDE conta d