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Documento registrando as atividades do encontro promovido pela ANAMMA - Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente - no side event da Rio+20

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www.anamma.com.br

Praça XV de Novembro, 42 / 3º andar – CentroCEP 20010 010 – Rio de Janeiro/RJ

Tel.: (21) 3077 4325 Fax: (21) 3077 4325

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ANAMMA e a Rio+20

A partir das discussões da Conferência das Nações Unidas Rio+20, realizada na cidade do Rio de Janeiro em junho de 2012, constatamos que as cidades – governos locais – mostraram-se bem mais eficientes na apresentação de metas concretas para as políticas de adaptação e mitigação da pegada ecológica global. Avalio que o crescente protagonismo dos governos locais pode alterar os rumos da política e os resultados práticos dessa conferência.

Ao contrário do que aconteceu em Copenhague, onde os governos nacionais apresentaram metas sem acordos prévios com estados e municípios, na Rio+20 os governos municipais reunidos na ANAMMA, C40-Cities e as outras articulações apresentaram propostas com o respaldo de quem pode de fato implantar e promover políticas públicas pela sustentabilidade das cidades.

A governança para a gestão ambiental precisa ser rearquitetada no plano global com o reforço do PNUMA, ascendendo-o ao patamar de agência ambiental. No Brasil, o modelo de governança deve espelhar esse reforço, estruturando, mesmo que tardiamente, o SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente), ajustando-o ao novo contexto político federativo para, finalmente, resolver questões como o desafiador financiamento da gestão ambiental pública.

É imperativo que as expectativas da Rio+20, a economia verde no contexto da erradicação da pobreza, assim como a estrutura de governança para o desenvolvimento sustentável, venham embasadas pelo movimento das cidades. E é neste contexto que reunimos neste caderno as ponderações construídas pelos encontros das cidades brasileiras em diversos fóruns.

C40 e CB27

Em 2005, grandes cidades como Londres, Nova Iorque, Tóquio, São Paulo, entre outras, organizaram uma instituição chamada C40 Cities - 40 grandes metrópoles - para atuarem de forma conjunta no combate à crise climática.

Várias iniciativas foram tomadas desde então por essas cidades em relação à MITIGAÇÃO (resíduos urbanos, transporte, urbanismo) e ADAPTAÇÃO (drenagem, ampliação das áreas verdes e atuação em áreas de risco).

Agora na Rio+20, o C40 reuniu 59 grandes cidades que se comprometeram a uma grande redução das emissões nos próximos anos.

O CB27, encontro organizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro às vésperas da Rio+20, e que reuniu secretarias de Meio Ambiente das capitais brasileiras, aprovou a Carta do Rio de Janeiro com compromissos e propostas sobre as tarefas das capitais no combate à crise climática.

Trazemos para conhecimento de todos alguns compromissos e metas apresentadas.

Eduardo Jorge Sobrinho Secretário do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São PauloRepresentante Anamma nos Diálogos Federativos Rumo à Rio+20

Mauro Buarque Presidente Nacional da ANAMMARepresentante dos Governos Municipais na Comissão Nacional da Rio+20

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A ANAMMA - Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente foi criada por representantes dos governos locais para congregar e representar os municípios brasileiros em assuntos relacionados ao meio ambiente.

Fundada em Curitiba, em 1988, como Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente, a ANAMMA vem marcando sua presença no desenvolvimento de ações para o fortalecimento institucional municipal em defesa do meio ambiente nas cidades.

Desde sua fundação, a entidade promove a cooperação e o intercâmbio permanente entre os órgãos ambientais, sendo precursora da grande evolução desta esfera com o início da descentralização nos anos 90 e criação, nas principais cidades brasileiras, de secretarias municipais de meio ambiente.

A ANAMMA tem tido em sua história relevante papel na estruturação e resolução de conflitos interinstitucionaisna área ambiental, tais como a aprovação da Resolução nº 237 do CONAMA,regrando o Licenciamento Ambiental, a criação das Comissões Tripartite Nacional e Estaduais, a criação e regulamentação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), a aprovação da Lei Complementar nº 140, que regulamenta o Artigo nº 23 da Constituição Federal e a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Hoje, pode-se dizer que a ANAMMA representa a mais ampla força de articulação do poder público municipal nas questões ambientais no Brasil.

MUNICÍPIOS PARTICIPANTES

A ANAMMA é a entidade federativa que representa os 5.565 municípios em quaisquer assuntos relacionados às políticas públicas de Meio Ambiente. Desta forma, ela congrega todas as secretarias, agências e fundações de Meio Ambiente do Brasil.

Ao longo dos 24 anos de existência, a ANAMMA agregou ao seu quadro de filiados aproximadamente 1.700 municípios, em diferentes regiões geográficas do País.

No site da Associação, www.anamma.com.br, os municípios filiados têm um espaço reservado para divulgar suas experiências e projetos de destaque nas Políticas Públicas de Meio Ambiente. Além disso, semanalmente, são colocadas no site matérias de destaque a respeito dos assuntos em discussão na área Ambiental, e publicadas notícias sobre os eventos que vão acontecer.

A cada dois anos, são também eleitos novos membros de sua diretoria nacional e diretorias estaduais, compostas por secretários de Meio Ambiente de cidades brasileiras, nomeados em Assembleia Geral. A atual composição da diretoria nacional da ANAMMA, para o biênio 2012-2013, encontra-se listada abaixo, com os respectivos cargos, nomes, municípios e estados dos membros.

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Praça XV de Novembro, 42 / 3º andar – CentroCEP 20010 010 – Rio de Janeiro/RJTel.: (21) 3077 4325Fax: (21) 3077 4325www.anamma.com.br

ANAMMA

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Presidente Nacional: Mauro Buarque - Município de Glória do Goitá - Pernambuco

1ª Vice-Presidente: Jussara Carvalho – Município de Sorocaba - São Paulo

2º Vice-Presidente: Marcelo Dutra – Município de Manaus - Amazonas

Secretário Executivo: Luiz Soraggi

Secretária Jurídica: Cristiane Casini – Município de Jaraguá do Sul - Santa Catarina

Secretário Técnico: Valtemir Bruno Goldmeier – Município de Novo Hamburgo - Rio Grande do Sul

Secretária de Relações do SISNAMA: Kátia Perobelli – Município de Mesquita - Rio de Janeiro

Secretário de Relações Internacionais: Fernando Guida – Município de Niterói - Rio de Janeiro

Tesoureiro: David Barreto de Aguiar – Município de Arraial do Cabo - Rio de Janeiro

CONSELHO FISCAL

Titular: Wellintânia Freitas – Município de João Pessoa - Paraíba

Titular: Agnaldo Mendonça de Limas – Município de Laguna - Santa Catarina

Titular: Marcos Vieira – Município de Maracanaú - Ceará

Suplente: Celma dos Anjos – Município de Goiânia - Goiás

Suplente: Celso Baronio – Município de Canoas - Rio Grande do Sul

Suplente: Berenice Andrade Lima – Município de Cabo de Santo Agostinho - Pernambuco

PRESIDÊNCIAS ESTADUAIS

Presidente Anamma/RJ – João Eustáquio Nacif Xavier – Município do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro

Presidente Anamma/ES – João Ismael Nardoto – Município de Vila Velha - Espírito Santo

Presidente Anamma/SC – Robson Tomasoni – Município de Blumenau - Santa Catarina

Presidente Anamma/RS – Darci Zanini – Município de São Leopoldo - Rio Grande do Sul

Presidente Anamma/BA – Fernanda Aguiar – Município de Luís Eduardo Magalhães - Bahia

Presidente Anamma/RN – José Mairton – Município de Mossoró - Rio Grande do Norte

Presidente Anamma/AL – Taciana Amorim - Município de Barra de São Miguel - Alagoas

Presidente Anamma/PE – Erivelto Lacerda – Município de Ipojuca - Pernambuco

Presidente Anamma/AP – Wanderlei Mira – Município de Ferreira Gomes - Amapá

Presidente Anamma/RO – José Gadelha – Município de Porto Velho - Rondônia

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Introdução ................................................................................................... 8

Capítulo 1 - Contribuições “The Future We Want”....................................... 11

Capítulo 2 - Cartas dos Municípios ............................................................. 14 Carta do Rio ...................................................................................... 14 Carta de Niterói ................................................................................ 17 Carta de Vitória ................................................................................ 18 Carta de Porto Alegre ....................................................................... 23 Carta de Brasília ............................................................................... 25 Carta de Sorocaba ............................................................................. 27

Capítulo 3 - Experiências Municipais ........................................................... 29 Lábrea ................................................................................................ 30 Luís Eduardo Magalhães ..................................................................... 33 Sinop .................................................................................................. 35 Jaraguá do Sul .................................................................................... 38 Sorocaba ............................................................................................. 45

Considerações Finais .................................................................................. 50

Referências bibliográficas ............................................................................. 52

Sobre os autores ........................................................................................ 54

Sumário

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INTRODUÇÃO

A Conferência Rio+20 apresenta-se como o divisor de intenções rumo a uma nova modalidade de sistema econômico, que consiga respostas às crises econômicas da atualidade demandando a absorção de um modelo de gerenciamento de recursos mais dinâmico e rápido o suficiente para instaurar uma nova ordem econômica mundial.

Contudo, é preciso mencionar que o empobrecimento do estoque de recursos naturais como um desinvestimento e assim a degradação do meio ambiente deveria ser descontada da produção com depreciação de capital. A conservação do estoque do capital natural é uma condição de sustentabilidade impossível para os recursos naturais não renováveis. Já para os recursos naturais renováveis, o estoque de capital natural deverá ser crescente ou constante ao longo do tempo, para que se amplie o conceito de sustentabilidade. Esta última consideração só é válida para um país ou uma região (por exemplo: municípios) pois, planetariamente, a exaustão pode estar muito longe ou perto de acontecer.

As atuais relações entre capital humano e capital natural são mais reais do que parecem ser, pois, hoje em dia, as grandes empresas corretoras de seguro se preocupam não somente com os passivos financeiros e ambientais das economias de países e organizações, mas também com a projeção futura de desastres, cujas causas podem estar nas modificações ambientais provocadas pelo homem.

Em janeiro deste ano, economistas da London School of Economics (LSE) divulgaram um estudo sobre os estragos provocados pelos desastres naturais à economia mundial em 2011. Foram US$380 bilhões perdidos em 820 catástrofes, sendo 90% delas relacionadas com o clima. Os ingleses ressaltam que o prejuízo do ano passado foi o dobro do registrado em 2010 e US$115 bilhões maior do que o de 2005, que detinha o dano recorde até agora. Segundo as previsões climatológicas, corroboradas pelos economistas da LSE, o mundo assistirá a mais desastres nas próximas décadas. E o palco de boa parte delas serão os países em desenvolvimento da zona do equador. Em 1980, quando foi iniciado o censo

global das catástrofes naturais, elas não chegavam a 400. Em três décadas, o índice dobrou. Alguns eventos viram sua frequência crescer mais do que os outros - o número de enchentes, por exemplo, praticamente triplicou. A velocidade com que o conjunto dos desastres seguirá seu rumo, porém, é uma incógnita. Mas a falta de preparo das nações para lidar com catástrofes e consequentemente com os danos econômicos advindos das mesmas já assustam os que, teoricamente, terão de arcar com o desembolso de ressarcir os bens a serem arruinados.

A Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, que aconteceu em junho de 2012, no Rio de Janeiro, buscou a ampliação da governança dos temas ambientais na estrutura da ONU. Há consenso de que o tema tem que ser prioritário nas Nações Unidas, mas países ricos e nações em desenvolvimento divergem no formato.

Um dos conflitos está na proposta, defendida pelos europeus, em tornar o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) uma agência nos moldes da Organização Mundial do Comércio (OMC). O PNUMA foi criado em 1972 e é um organismo atuante, publicando regularmente relatórios ambientais que são referência global. Contudo, esse organismo não deixa de ser um programa e transformá-lo numa agência daria visibilidade ao desenvolvimento sustentável, acreditam os europeus. Já outros, dizem que criar uma instituição burocrática irá consumir verbas hoje já tão escassas na área ambiental.

“O Futuro que Queremos”, título do texto preliminar das negociações da Rio+20, propõe manter a Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU, sendo isto um outro ponto de divergência entre os países. As premissas do texto buscam garantir que cada país faça suas próprias escolhas rumo ao que vem sendo chamado de economia verde e que não existam regras rígidas sobre isso, ou seja, a transformação para uma economia verde deve ser vista como uma oportunidade para os países e não uma ameaça. Países em desenvolvimento temem que esta ideia embuta padrões de como deve ser o desenvolvimento,

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apesar de o texto dizer que não serão criadas novas barreiras comerciais e não serão impostas condições entre ajuda ou transferência de recursos financeiros e tecnológicos entre os países.

O documento amplia a ideia de que a participação da sociedade tem que ser fortalecida no processo e que o acesso à informação ambiental deve ser garantido a todos e de forma transparente. O texto sugere que organizações que fazem parte do sistema multilateral (como o Banco Mundial e o FMI) criem estratégias para apoiar o desenvolvimento sustentável em países mais carentes.

A economia verde, modelo de desenvolvimento baseado em baixa queima de carbono, eficiência no uso dos recursos naturais e inclusão social, busca apontar soluções de investimento nos setores de capital natural (agricultura, pesca, água e florestas) e energia, com eficiência no uso de recursos (como, por exemplo, energias renováveis e cidades sustentáveis).

A Rio+20 ofereceu uma boa oportunidade para alertar a opinião pública mundial sobre a necessidade urgente de mudar rapidamente de rumo, se não queremos enfrentar mais algumas décadas de crises, cuja superação vai acarretar uma altíssimo custo social. O rascunho zero da Conferência falou em erradicação da pobreza, mas não mencionou redistribuição de riqueza.

Talvez, um dos resultados mais esperados da Rio+20 seja a perspectiva de as empresas poderem ter algum tipo de meta ambiental para o futuro através de uma espécie de cadastro voluntário de compromissos, de caráter público e transparente. Este registro de promessas sustentáveis do mundo dos negócios ficaria hospedado no site das Nações Unidas. Setores empresariais e grandes companhias registrariam o seu compromisso em deixar de usar determinado item em sua linha de produção, porque ele teria uma pegada ecológica desconfortável. Outros setores poderiam estabelecer promessas aos seus consumidores de cadeias de produção em locais onde não há desmatamento de florestas, destruição de

mangues, poluição das águas ou aumento da desertificação.

Um dos pontos fortes de discussão na Conferência foi a criação de um Índice de Desenvolvimento Sustentável até 2014, segundo o qual padrões de produção e de exploração de recursos naturais de maneira sustentável, puderam ser mensurados, buscando-se assim uma nova ordem de classificação na aferição dos produtos internos brutos.

Na oportunidade desse megaevento, o Brasil tendeu a funcionar como um filtro amortecedor das tensões entre países desenvolvidos e não desenvolvidos. Muitas nações emergentes temem que a ideia da economia verde sservisse de justificativa para o protecionismo e a imposição de barreiras comerciais e econômicas não tarifárias.

O Brasil objetiva que a nova governança ambiental seja voltada para um meio ambiente entrelaçado no contexto social e econômico. Pautando esse tema, o país pretendeu fazer da Rio+ 20 um encontro de discussões sobre o futuro, esperando que os países mais ricos do planeta entendam a importância da cooperação Sul-Sul e a apoiem. A governança do desenvolvimento sustentável terá de ser assumida pelo G-20, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio, a Corte Internacional de Justiça e o Conselho de Segurança da ONU.

A esperança foi de que a cúpula do Rio resultasse em metas concretas, realísticas e mensuráveis, em vez de meras discussões. Para isso a criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, nos moldes das Metas de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidas pelas Nações Unidas para combater a pobreza, tendeu a ser o mote técnico do encontro.

Mesmo corroborada pela esquerda política, a Rio+20foi um teste essencial para o sistema capitalista vigente, no qual a venda da responsabilidade social e ambiental foi o diferencial. Ao usar a economia verde como desculpa, a Rio+20 pretendeu ser um encontro técnico e político para a consolidação de mecanismos (já testados na prática) e de

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Edmilson Rodrigues da [email protected] Dr. em Engª de Minas (IST/UTL),Engº Geólogo (DEGEO/UFOP),Especialista em Geotecnia de Barragens (DECIV/UFOP)e Especialista em Gemologia (DEGEO/UFOP).

compromissos oficiais que buscassem a produção e o consumo de produtos de maior valor agregado em padrões ditos sustentáveis.

A variável denominada sustentabilidade dentro do desenvolvimento deve ser consistente com a interação entre a eficiência econômica e a justiça entre as gerações. A afirmação de que a interdependência entre economia e meio ambiente atingiu seu auge é uma falácia, pois a falta de justiça com os socialmente despojados derruba as premissas da afirmativa. A luta contra a pobreza não é o mesmo que a luta pelo meio ambiente equilibrado entre gerações.

Uma aposta na economia verde faz da transição para estratégias menos destrutivas da natureza e mais equitativas na partilha dos produtos internos brutos, uma maquiagem conceitual, porque os capitalistas temem o risco da depreciação monetária da mais valia.

Um novo elemento de discussão tem de ser desdejá colocado, ou seja, as decisões do futuro órgãona ONU, que terá um caráter de agência internacional, deverão ser pautadas não somente pela aprovação dos congressos legislativos nacionais,mas também por referendos populares, a princípio de forma voluntária, mas com o passar dos tempos de forma compulsória para as decisões mais polêmicas.

Quanto mais falarmos sobre crescimento verde e menos sobre transparência na governança, maisestaremos perdendo o foco sobre como as sociedades decidirão sobre o futuro que queremos. As condições tecnológicas para a universalização dos sufrágios temáticos já existem e poderão ser ampliadas com os países membros da futura agência internacional.

Alguns dirão que para internalizar uma metodologiade validação como a proposta acima, haverá uma maior dilatação nos prazos para a consecução dasdiretrizes decisórias das convenções em vigor ouainda por existirem. É possível, mas antes de tudoé preciso inovar. Os modelos dedesenvolvimentoaté então vividos colocaram a humanidade e natureza na encruzilhada em que se encontram. O progresso do desenvolvimento humano não poderá apenas ser vivido em alguns lugares e por alguns anos, mas sim, existir em todo o planeta até um futuro longínquo.

A relação entre o custo que atividades produtivas causam ao meio ambiente e o valor a ser dado aos serviços que os ecossistemas prestam à sociedade é um exemplo prático determinante de que não se pode protelar indefinidamente uma nova oportunidade histórica de repensar o desenvolvimento do mundo.

Ao final da Rio+20 esperou-se que a ONU tivesse conquistado algum tipo de avanço sobre a intrincada premissa de sustentabilidade econômica, social e ambiental. E que as hipóteses sobre a governança global dessa nova ordem planetária de sustentabilidade não se rendessem às circunstâncias casuísticas contra o princípio de igualdade entre povos e sua altiva relação com a natureza.

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CAPÍTULO 1 - CONTRIBUIÇÕES

“The Future We Want - 1“

A Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente - ANAMMA vem por meio deste apresentar suas considerações com respeito aotexto base de negociação apresentado pelas Nações Unidas para a Conferência sobreDesenvolvimento Sustentável - Riio+20, denominado“The Future We Want” (O Futuro que Queremos), e tecer comentários entre este e o texto“Contribuições do Brasil à RIO+20”, que expressa oficialmente as propostas do governo brasileiro.

No que toca o interesse dos governos locais, o documento da ONU reconhece a necessidade de participação dos governos locais no processo de tomada de decisão (parágrafo 17) tomando como essencial seu papel e a necessidade de suaintegração em todos os níveis de tomada de decisãosobre desenvolvimento sustentável (parágrafo 20).

No arranjo de cooperação, as partes se comprometema incrementar a governança e a capacitação em todos os níveis, incluindo o nível local (parágrafo 22).

Na definição da economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, um dos objetivos-chave apresentado é o de priorizar as cidades sustentáveis (parágrafo 25).

Está previsto o desenvolvimento de uma plataformapara compartilhamento de boas práticas a fim de facilitar a elaboração e a implementação depolíticas em economia verde com a criação, dentre outros, de um repositório de boas práticas naaplicação de políticas de economia verde “em nível local” (parágrafo 33, alínea c).

Há o reconhecimento que o fortalecimento da governança em nível local é fator crítico para avançar no caminho do desenvolvimento sustentável(parágrafo 44). O documento diz ainda que o fortalecimento e reforma do quadro institucional de governança deveria monitorar o progresso da implementação da Agenda 21 e outros resultados em nível local (parágrafo 44,b).Reconhece-se também a necessidade de integrar

a politica de desenvolvimento urbano sustentável como componente chave da política nacional para o desenvolvimento sustentável e, neste caso, empoderar os governos locais para trabalharem de forma mais estreita com o governo nacional.

Neste sentido, reconhece-se que as parcerias entrecidades emergiram como uma liderança nas açõespara o desenvolvimento sustentável e comprometem-se as partes a dar suporte à cooperação internacionalentre autoridades locais, incluindo o suporte de organizações internacionais (parágrafo 62).

As partes comprometem-se a promover uma abordagem holística e integrada ao planejamento e à construção de cidades sustentáveis por meio do apoio às autoridades locais, transporte eficiente e redes de comunicação, construção verde,assentamentos humanos eficientes, sistema de serviços, melhoria na qualidade do ar e da água, manejo de resíduos sólidos, planejamento eresposta ao risco de desastres e resiliênciaclimática (parágrafo 72).

O texto “Contribuições do Brasil à Rio+20” é bem mais volumoso (36 páginas), o que permite abarcar de maneira mais detalhada os 25 temas emergentesna visão brasileira. Em relação aos governos locais, temos aproximadamente 19 citações aos mesmos no decorrer do texto e o tema “Cidades eDesenvolvimento Urbano” foi tratado como tema emergente (ponto 14).

Das propostas brasileiras, acham-se contempladasno texto-base da ONU: Objetivos de DesenvolvimentoSustentável (P2), Pacto Global para Produção e Consumo Sustentáveis (P3), Repositório de Iniciativas(P4), Participação dos atores Não-Governamentais nos Processos Multilaterais (P8 E), Governança da Água (P8 F). Parcialmente encontram-se abordadasou reconhecidas no texto da ONU as seguintes propostas: Compras Públicas Sustentáveis (P3 A), Financiamento de Estudos e Pesquisas para oDesenvolvimento Sustentável (P3 C), Relatórios de Sustentabilidade (P7 A).

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CONCLUSÃO

Em que pese o descontentamento dos membros do governo brasileiro com a minuta de texto proposta pelas Nações Unidas, há de se considerar que paraos governos locais as menções atendem aos seus anseios principais. Decerto que a minuta divulgadaprocurou se resumir nos pontos principais dediscussão, uma vez que certamente sofrerá extensasmodificações durante o sempre árduo processo de negociação e que com isto houve perda de qualidadeao compará-lo com o texto proposto pelo Brasil.

Para as entidades municipais de meio ambiente, contudo, mostra-se fundamental não perder de vista as referências conquistadas com relação aos governos locais, seja no seu papel quando doprocesso de tomada de decisão ou naimplementação dos objetivos, e as importantes referências às cidades e ao desenvolvimento urbano sustentável.

“The Future We Want - 2“

Considerações finais

Considerando o propósito do documento O Futuro que queremos (“The future we want”), ressalta-se:

I - Que este futuro apregoado no tema existirá se tivermos políticas globais e recursos a serem disponibilizados aos governos locais para aimplementação das ações decorrentes e suamaterialização em obras preventivas e de reparação de efeitos causados pelas mudanças climáticas.

II – Das posições técnicas

a) Quanto à tomada de decisões

O parágrafo 17 do documento base “reconhece” a necessidade de participação dos governos locais no processo de decisão. Isto é fundamental. Hoje, no Brasil e na maioria dos países do mundo, as comunidades locais (municípios/cidades) estão sendo deixadas de lado pelos GOVERNOS CENTRAIS dos países que decidem as políticas,

sem a participação das comunidades locais, especialmente, os Municípios e/ou as Grandes Cidades, mas não se esquecendo das pequenas.

b) Quanto à capacitação e cooperação

O parágrafo 22 do documento base estabelece que as PARTES se COMPROMETEM a incrementar e apoiar os governos locais, bem como a desenvolver programas de capacitação nos municípios. Deveráhaver políticas em todos os outros países e no Brasil, com recursos financeiros, apoio técnico-científico, canais de comunicação social, e,repasses sem convênio, do Fundo Nacional para os Fundos locais ou Municipais, de forma queaconteçam as capacitações e que estas visem o enfrentamento principalmente das mudanças climáticas.

c) Quanto à economia verde

É definido no texto base, parágrafo 25, o que é economia verde, visando priorizar as cidades sustentáveis. Para os países em desenvolvimento

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Luis Carlos MestrinhoAssessor Internacional Prefeitura de ManausMarcelo Dutra Representante ANAMMA - Comissão Nacional Rio+20Secretário de Meio Ambiente da cidade de Manaus

Atenciosamente,

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mais centralizador e burocrático que outro.

Assim, falar em desenvolvimento urbano esustentável em conformidade com uma Agenda Global ou 21, sem descentralização é algo muito próximo do utópico, mas como somo de posição favorável a sua implementação cuidando que seja um instrumento de apoio e integração e jamais de discriminação contra quem eventualmente não conseguir fazê-lo.

III – Conclusão

Os municípios e comunidades locais dos mais diversos governos não centrais e especialmente os municípios brasileiros são parceiros para aimplementação de uma política global, comreflexos locais de desenvolvimento sustentado, mas acompanhado de autonomia aos gestores locais, descentralização política-administrativa, apoio técnico-científico e recursos financeiros para ações de curto, médio e longo prazos,visando reverter o quadro de aquecimento global e suas consequências.

Saliente-se as ações locais que se materializarão em obras, serviços, centros de estudo dependerãode recursos financeiros, apoio técnico-científico, canais de comunicação social, e, repasses sem convênio, do Fundo Nacional para os Fundos locais ou Municipais, de forma que aconteçam ascapacitações e que estas serão a forma cabal do enfrentamento das mudanças climáticas.

e para o mundo isto é importantíssimo, mas não pode servir de “pano” para mais umadiscriminação das comunidades locais/municipais com reflexos político-partidário.

Para a Europa e os EUA, hoje países desenvolvidos,é fácil, mas e para quem precisa chegar nesse patamar, como o fará? Novamente os municípios dependerão de recursos financeiros, apoio técnico-científico, canais de comunicação social, e repasses fundo a fundo.

Neste contexto, as políticas globais para serem implementadas nas comunidades locais, ou seja, nos municípios, dependerão de boas práticas na aplicação de políticas de economia verde, conformeprevisto no parágrafo 33, alínea “c”, masfundamentalmente de políticas de apoio e integração como já anteriormente ressaltado.Mais uma vez isto é importante ressaltar que esta estratégia global não pode transformar-se num instrumento de discriminação local, especialmente de pensamento político .

d) Agenda 21

Este documento é apontada como fator crítico a ser seguido, conforme estabelece o parágrafo 44, alínea “b”, mas frisa-se que esta agenda para ser implementada não dependerá só do município e/ou consumidor local e sim de fatores conjunturais políticos, administrativos e econômicos.

Ressalta-se no documento do governo brasileiro o tema “Cidades e Desenvolvimento Urbano”.

Aqui, ao que parece, cabe um breve momento de reflexão, considerando a atual conjuntura de centralização econômica, onde a União fica com quase 70% dos recursos arrecadados da sociedade brasileira e torna os gestores locais reféns de repasses, através de inúmeros instrumentos, um

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Valtemir GoldmeierSecretário Técnico da ANAMMA Nacional.Representante Federação dos Municípios doRio Grande do Sul

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CAPÍTULO 2 - CARTAS DOS MUNICÍPIOS

CARTA DO RIO PELA SUSTENTABILIDADE

Preâmbulo

O Grupo das Capitais Brasileiras - CB-27, constituído por 21 titulares e representantes das Secretarias Municipais de Meio Ambiente das capitais presentes no Rio de Janeiro de 15 a 18 de maio de 2012, a fim de discutir o desenvolvimento sustentável nas cidades e o papel dos governos locais para a governança da sustentabilidade global;

Considerando o rápido exaurimento dos recursos naturais do planeta;

Considerando que a concentração da população nas cidades gerou novos e importantes desafios para asustentabilidade dos centros urbanos, que são ao mesmo tempo espaços de crise, de soluções e de oportunidades;

Destacando a importância dos governos locais para a gestão do território, na sua interface direta com as comunidades e na gestão de ações e provisão de serviços críticos para o atingimento da sustentabilidade;

Considerando a necessidade de conter o espraiamento territorial de centros urbanos que comprometeo equilíbrio dos ecossistemas e aumenta os custos de provisão dos serviços públicos indispensáveis às populações;

Considerando que as carências na infraestrutura das cidades resultam em onerosa ineficiência econômica,diminuindo a sua competitividade, além de impactar o meio ambiente e a qualidade de vida daspoessoas;

Levando-se em conta que dois terços do Produto Interno Bruto Brasileiro são produzidos nas cidades e que, portanto, enquanto eixos-motores e dinamizadores da economia, estas exercerão papel preponderante na transição para uma economia verde;

Relembrando os compromissos assumidos pelas nações em prol do desenvolvimento das cidades, consubstanciados na “Declaração das Cidades e Assentamentos Humanos no Novo Milênio”, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, e na Iniciativa “Cidades sem Favelas”, que visa a melhoria na qualidade de vida de pelo menos cem milhões de pessoas até 2020;

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Respaldando o trabalho realizado pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos/ONU-Habitat e sua liderança na busca de modelos mais sustentáveis de ordenamento urbano e de urbanismo com estreita e harmoniosa colaboração com os governos locais;

Reforçando vínculos com a C-40, e visando o seu maior apoio e cooperação técnica com as cidades brasileiras,levando-se em conta a crescente responsabilidade das cidades na migração para um mundo mais sustentável;

Saudando a participação do Brasil no grupo “Amigos das Cidades Sustentáveis”, formado por 23 países com o intuito de discutir a agenda das cidades nas negociações para a Rio+20, e incentivando que o país exerça também sua liderança no conjunto das nações pela construção de uma agenda positiva para as cidades;

Cientes de que a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável pretende ser uma “Conferência de Implementação” e da responsabilidade que os governos locais têm de assumircompromissos voluntários tangíveis nesta direção; Estimulados pelos múltiplos casos de sucesso apresentados pelos municípios brasileiros nas áreas de: mitigação de emissões de gases do efeito estufa (GEE), resíduos sólidos, áreas verdes, recursos hídricos, educação ambiental, entre outros, que demonstram a atuação proativa dos governantes locais e seu engajamento na construção de comunidades mais sustentáveis, e

Destacando o papel das cidades no processo de adaptação às mudanças climáticas e ressaltando anecessidade do avanço desta agenda;

Ser necessário avançar na integração do nível local no processo de governança para a sustentabilidade, de forma intersetorial, por meio da criação e do funcionamento, de forma transversal, nos diversos níveis de governo, dos Conselhos de Desenvolvimento Sustentável e do estabelecimento de uma relação contínua entre as esferas global e locais na nova estruturação institucional das Nações Unidas para a sustentabilidade global;

Considerando a grande carência de recursos disponíveis, torna-se fundamental o acesso direto a estes para: fortalecimento das capacidades institucionais e operacionais dos governos locais, apoio à formação de quadros para a formulação e implementação de Projetos e Planos de Ação Locais, fomento do conhecimento científico e transferência de tecnologias para o desenvolvimento sustentável;

Ser importante a adoção de parâmetros novos para a mensuração do desenvolvimento que possam ir além dos atualmente admitidos para a formação do Produto Interno Bruto, uma vez que este índice mostra-se insuficiente para contabilizar os pilares sociais e ambientais. Há a necessidade de se criar indicadores de sustentabilidade de um sistema de metas, fundamental a produção dos relatórios de sustentabilidade;

1. A difundir e apoiar a adesão a programas de cidades sustentáveis que ofereçam ferramentas à sociedade para sinalizar a seus governantes o futuro que se deseja e o acompanhamento dos desempenhos das cidades, na busca da sustentabilidade;

Declara

Compromete-se

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2. A assumir o compromisso voluntário de organizar um banco de tecnologias sociais, ambientais e econômicas para a sustentabilidade das cidades brasileiras, reunindo em um espaço virtual as iniciativas em curso que demonstrem de maneira específica, mensurável e verificável o que os governos locais vêm fazendo em prol do desenvolvimento sustentável a fim de incrementar a visibilidade das ações e permitir a sua replicabilidade;

3. A redobrar esforços para que a educação ambiental seja tratada como elemento fundamental na construção de uma sociedade sustentável, incorporando conhecimentos para a revisão de atitudes e valores;

4. A buscar o estabelecimento, junto aos comunicadores de massa, de um pacto positivo para a sustentabilidade;

5. A fomentar projetos de infraestrutura verde visando a uma melhor integração entre o ambiente natural e o construído; 6. Em formular os estudos técnicos necessários ao planejamento de iniciativas dos municípios, tais como inventários de emissões de GEE, mapas de vulnerabilidade e inventários de biodiversidade urbana;

7. A estabelecer encontros bianuais, a serem realizados em uma capital previamente determinada pelo CB-27.

Às Nações Unidas e aos governos nacionais, por ocasião da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que:

1. Seja apoiada a inclusão, no documento final da Conferência de janelas, de oportunidade e instrumentos de implementação para uma urbanização sustentável;

2. Uma vez estabelecidos os Objetivos de Sustentabilidade do Milênio, que seja incluído o Objetivo de Desenvolvimento Urbano Sustentável entre eles;

3. Sejam criadas, no âmbito das Nações Unidas, plataformas virtuais abertas para disponibilizarinformações sobre a sustentabilidade integrando sistemas de comunicação internacionais e nacionais que apoiem os sistemas locais de comunicação;

4. Seja conferido ao Sistema das Nações Unidas uma estrutura de governança para o desenvolvimento sustentável que equilibre o pilar ambiental com suas estruturas econômica e social.

Ao governo brasileiro, fica acordado que:

1. Seja estabelecido um Pacto Federativo pela sustentabilidade que disponha sobre as responsabilidades de cada ente federado e preveja os recursos necessários à sua implementação, incluindo a criação de fundos financeiros alavancados por meio da oneração de produtos e serviços não sustentáveis;

2. Estimule os financiamentos públicos que contemplem critérios de sustentabilidade nos empreendimentos. Rio de Janeiro, 17 de maio de 2012.

Recomenda

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Há 20 anos, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92) já recomendava urgência no estabelecimento de pactos entre governos e sociedade civil por meio da elaboração e aprovação de agendas, com ações e metas a serem atingidas a curto, médio e longo prazos. Assim, foi proposto que se criassem as Agendas 21 – globais, nacionais e locais. Nesta mesma conferência se universalizou o conceito de Sustentabilidade que exige, além de ações específicas de gestão ambiental, um foco no planejamento com participação social e com afirmação de valores socioambientais. Para tanto, mostrou-se a importância da negociação de interesses, da promoção de parcerias, da articulação intersetorial e intergovernamental baseada num diálogo que respeite a identidade local, a diversidade cultural e a responsabilidade intergeracional na negociação sobre as diferentes opções de futuro. Uma das máximas da Rio 92, que resumiu suas conclusões, foi a do “Pensar Global e Agir Local” – a qual evidenciou de modo exemplar o papel fundamental das políticas locais para o processo de tomadas de decisão exigido nessa nova visão da Humanidade sobre os rumos do Planeta. Agora, 20 anos depois, quando podemos ver o quanto se acentuaram as consequências da globalização, constatamos de forma inequívoca a consistência e importância do conceito de sustentabilidade. No entanto, agora também se pode ver de forma clara a necessidade de “Agir Global ao Pensar Local”, pois todas as políticas de intervenção ou compensação tomadas pelos grandes blocos de nações afetam profundamente as realidades locais. Portanto, evidencia-se a necessidade e a urgência de uma união regional e internacional dos gestores públicos locais para garantir que as ações globais sejam ancoradas na visão de suas conseqüências sobre os diferentes territórios. E que essa união, ao promover um apoio mútuo consistente e solidário, possa fortalecer as ações em cada localidade – onde a vida realmente acontece e onde se determina o futuro de cada cidadão deste planeta. Assim propomos a presente Carta de Niterói, decorrência dessas reflexões e principalmente do amadurecimento de vários processos participativos ocorridos ao longo desses 20 anos, nos quais a população pôde exercer seu protagonismo por meio de organizações governamentais e não governamentais em suas localidades.

CARTA DE NITERÓI - TERRITÓRIOS SEM FRONTEIRAS

Preâmbulo / Justificativa / Contexto

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Desde a Conferência RIO 92, diversas propostas foram discutidas e formuladas com um crescenteconhecimento científico sobre a real condição planetária em relação aos riscos do esgotamento da capacidade de suporte à vida, em se mantendo nosso atual modo de produção, transporte, consumo e pós-consumo. A partir desse conhecimento, e com a maior sensibilidade da opinião pública mundial a respeito do tema, especialmente diante das crescentes catástrofes devido à mudança global do clima, muitos acordos e protocolos foram firmados por alguns países e rejeitados por outros. No entanto, nossas sociedades seguem, com pouca ou nenhuma mudança nos modelos de desenvolvimento experimentados. Daí a importância da Conferência RIO+20 na qual as decisões coloquem foco na ação e não mais apenas na intenção.

A cidade de Vitória concorda que é relevante a busca de interlocução com as instâncias locais do mundo, governamentais ou não, na RIO+20, e unir-se ao movimento mundial das cidades sustentáveis, entendendo a capacidade dessas de influir nas decisões tomadas na conferência. Esperamos que sejam cobrados os resultados não alcançados e negligenciados por países que ainda não aderiram aos tratados e convenções anteriores.

Vitória é uma capital com dimensões reduzidas (94 km²) e abrange, em grande parte do seu território (cerca de 40%) fragmentos significativos da mata atlântica e ecossistemas associados, como manguezal e restinga, protegidos como Unidades de Conservação. Possui também grandes áreas ajardinadas e 16 parques urbanos para lazer e contemplação pela população. Sendo uma cidade litorânea, com montanhas, planícies, praias, baias e enseadas, é muito vulnerável às mudanças climáticas, principalmente por ser densamente ocupada em áreas aterradas de mar, manguezal e encostas. Sua localização e geografia influenciaram o desenvolvimento do setor portuário, tendo historicamente sua economia voltada ao comércio exterior e dependente das relações regionais, nacionais e internacionais. Por causa do seu dinamismo econômico e porser o centro da região metropolitana, com cerca de 1,5 milhão de habitantes, a cidade busca incessantemente a melhoria da qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental, econômica, social e cultural.

A promoção e a melhoria contínua da qualidade de vida da cidade de Vitória e o resgate do patrimônio natural devem ser priorizados pela administração pública, iniciativa privada, sociedade civil organizada e pelos cidadãos. Estamos incumbidos de repensar as estratégias para conservação e preservação do ambiente natural e humano em que a cidade está inserida, desenvolvendo políticas de geração de trabalho e de distribuição de renda, que erradiquem a miséria e mantenham o equilíbrio ambiental, para que seus habitantes vivenciem uma Vitória que promova a paz e preserve a natureza para todas as gerações. Para melhorarmos as condições de vida no planeta é necessário, em nossa cidade, rever modos de vida, hábitos e atitudes, adotando o lema: pensar globalmente e agir localmente.

Para contribuir com a mobilização mundial das instâncias locais pela recuperação das condições seguras da manutenção da vida no planeta, reconhecemos a necessidade de repensar e mudar o modo como vivemos nas cidades e, para isso, apresentamos nossas expectativas e posicionamentos para a Conferência Rio+20, da qual esperamos encaminhamentos que nos levem às ações, e que nos leve a experimentar e adotar modos inovadores de produção, transporte, consumo e pós-consumo.

CARTA DE VITÓRIA PELO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

I - Introdução

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1 - A cidade de Vitória/ES opina que, para atingir o Desenvolvimento Sustentável, entre outras ações, é imprescindível a constante democratização dos espaços de gestão ambiental, com autonomia dos órgãos e Conselhos de Meio Ambiente, o fortalecimento e a implantação do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, ampliando nos municípios os alicerces da sustentabilidade: ser economicamente viável, socialmente justo, ambientalmente adequado e culturalmente aceito, integrado às ações regionais e às tendências globais, respeitando a autonomia e a soberania das cidades pelo direito dos seus cidadãos ao meio ambiente equilibrado. A consolidação do SISNAMA proporcionará a descentralização e o protagonismo dos municípios, conforme definição das competências conferidas pela LC 140/2011, que demandam a instalação das Comissões Tripartites Nacional e as Estaduais, a capacitação dos órgãos estaduais e municipais pelo IBAMA e o repasse dos recursos federais para a sua estruturação e funcionamento, de modo que possam assumir plenamente suas novas e antigas responsabilidades. Propomos a adoção no SISNAMA de uma estratégia de sustentabilidade financeira similar aos já consagrados SUS (Sistema Único de Saúde) e SUAS (Sistema Único de Assistência Social).

2 - A cidade de Vitória/ES opina que para o adequado tratamento das questões de sustentabilidade de forma intersetorial são necessários a criação e o funcionamento, de forma transversal, dos Conselhos deDesenvolvimento Sustentável nas três esferas de governo, e a estruturação institucional para asustentabilidade global, na ONU, que estabeleça relação direta entre o Conselho de Desenvolvimento Global e os Conselhos de Desenvolvimento Sustentável Locais.

3 - A cidade de Vitória/ES clama e se compromete em fazer sua parte para que a educação ambiental seja tratada como elemento fundamental para a construção das sociedades sustentáveis. É por meio dela que crianças, jovens e adultos poderão identificar os conceitos do que é pertencer e ser responsável pelas próprias ações no planeta, articulando conhecimentos para revisão das suas atitudes e valores.

4 - A cidade de Vitória/ES acredita que os veículos de comunicação devem assumir a responsabilidade dedivulgar ações e informações que contribuam para a sustentabilidade do planeta. A comunicação massiva deve ser encorajada a funcionar como outro elemento fundamental para o desenvolvimento sustentável e a construção de uma inovadora cultura em favor das atitudes sustentáveis, promovendo a disseminação das melhores práticas de sustentabilidade e dos riscos iminentes de esgotamento da capacidade de suporte dos ambientes.

5 - A cidade de Vitória/ES reconhece que desde a Rio 92 houve disseminação da consciência e educaçãoambiental, especialmente pela inclusão dos temas como ecologia nos currículos educacionais, descobertas científicas sobre o limite da biosfera em absorver impactos e o temor de que o atual modelo de desenvolvimento ocasione catástrofes. Essa consciência pouco se refletiu em mudança de comportamento, sobretudo no modo de consumo. Dessa forma, é clara a necessidade de mudanças na postura da sociedade em relação ao quanto e ao que se consome, pois o consumidor é o ator social mais poderoso para valorizar produtos sustentáveis e rejeitar os não-sustentáveis. Cabe então aos governos

II - Nossas contribuições

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implementar mecanismos que garantam ao consumidor transparência a respeito dos níveis de consumo de recursos naturais, como energia e geração de Gases de Efeito Estufa (GEEs), desde a produção até o pós-consumo, e incentivar a aquisição dos bens de produção local, viabilizando também a geração de emprego e renda. Compete aos governos a implementação da logística reversa, responsabilizando cada agente por sua parcela na cadeia produção-consumo-descarte. Os governos devem, igualmente, implantar medidas tributárias para subsidiar produtos verdes e externalizar os custos dos produtos de baixa sustentabilidade, estimulando economicamente o consumo sustentável e desconstruindo a lógica de que fazer o certo é caro.

6 - A cidade de Vitória/ES propõe que a Convenção Rio+20 estabeleça um Pacto Para as Cidades Sustentáveis,envolvendo a criação de um fundo destinado a custear pesquisas, atividades de extensão e ações para a adaptação das cidades ao cenário socioambiental e econômico decorrente das mudanças do clima. Para tanto, é necessário que os governos criem barreiras comerciais aos produtos de baixa sustentabilidade, formulem estratégias comuns para externalização dos custos ambientais desses produtos e criem estímulos econômicos à produção sustentável. É igualmente relevante o compartilhamento entre países e cidades das melhores tecnologias e metodologias de produção mais limpa, sem custos para países em desenvolvimento e menos desenvolvidos.

7 - A cidade de Vitória/ES concorda com as propostas e ratifica a adesão ao Programa “CidadesSustentáveis”, que oferece ferramentas à sociedade para sinalizar aos seus governantes o futuro querequer e o acompanhamento do desempenho da cidade, na busca da sustentabilidade.

8 - A cidade de Vitória/ES concorda que a ONU apoie e incentive a constituição de políticas nacionais eregionais com a formação de quadros em desenvolvimento local integrado e sustentável, atentos às suasespecificidades, e a partir disso adote e implante em escala mundial sistemas locais de indicadores sociais, ambientais, políticos, econômicos e culturais, que mensurem a qualidade de vida nas cidades, permitindo às populações locais participarem e avaliarem as políticas de sustentabilidade implementadas em cada cidade e no conjunto delas.

9 - A cidade de Vitória/ES concorda que a ONU crie plataformas abertas e multilíngues para disponibilizarinformações sobre sustentabilidade, integrando os sistemas de comunicação nacionais e internacionais,promovendo e apoiando sistemas locais de comunicação. A cidade de Vitória se propõe a participar daplataforma, contribuindo com informações para a construção de um processo democrático e sustentável de desenvolvimento, no qual os atores devam ser envolvidos e informados sobre como:

a) Evoluir nas políticas setoriais do direito à moradia para políticas de direito à cidade, com construçõessustentáveis no contexto dos espaços urbanos seguros; eliminar a pobreza; promover a inclusão social e a saúde por meio das atividades físicas e esportivas; reduzir as desigualdades e incentivar a inovaçãotecnológica aliada à gestão e à governança participativa e democrática.

b) Garantir amplo acesso à educação, ao esporte e à cultura para crianças, adolescentes e jovens,promovendo a formação profissional, o desenvolvimento pessoal e a capacidade de reflexão sobre os valores que orientam a vida em sociedade, com preservação e recuperação da natureza;

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c) Garantir amplo acesso dos idosos, pessoas com deficiência e mobilidade reduzida e outras minorias aos esportes, à cultura, à educação, à saúde e ao uso dos espaços públicos, de forma geral.

d) Aprimorar mecanismos de financiamento, subsídios e arranjos institucionais para suprir déficits egarantir a inclusão e o acesso às cidades saudáveis.

e) Descentralizar a gestão energética, estabelecer diretrizes e legislação local que incentive o uso deenergias renováveis e ganhos progressivos de eficiência energética; desenvolver políticas de incentivo àredução do uso da energia baseada no petróleo e carvão, incentivar a adoção dos combustíveis mais limpos, priorizando seu uso no transporte coletivo público, encorajando também o modal bicicleta com a construção de uma rede cicloviária eficiente, e estabelecer limites de emissões de poluentes que busquem, gradativamente, alcançar os índices preconizados pela Organização Mundial da Saúde.

10 - A cidade de Vitória/ES apoia a implementação dos projetos de mobilidade urbana com baixa emissão de carbono, a construção de ciclovias e ciclofaixas e a instalação das estações de “bicicletário móvel”.

11 - A cidade de Vitória/ES reconhece os diferentes formas de socialização e cultura das sociedades e propõe a criação de políticas públicas para valorizar e preservar a sociodiversidade, com especial atenção às populações tradicionais, à economia solidária e criativa e aos econegócios.

12 - A cidade de Vitória/ES propõe uma forte atuação para adaptação às mudanças climáticas, com redução das vulnerabilidades e dos prováveis danos, priorizando medidas que busquem, preventivamente, a proteção da vida humana e que tragam cobenefícios imediatos à saúde pública e à conservação dos recursos naturais essenciais à manutenção da vida, em todas as suas formas. Propõe, ainda, estratégias integradas entre os entes federados para tais fins e que sejam implantadas medidas estruturantes para prevenir e reduzir os impactos existentes em relação ao aumento dos potenciais alagamentos e escorregamentos.

13 - A cidade de Vitória/ES concorda que políticas estruturantes de recursos hídricos, resíduos sólidos, de biodiversidade e de florestas sejam democratizadas nas tomadas de decisões, com comprometidaparticipação da União, Estados e Municípios e da sociedade civil organizada, por meio do controle social, contribuindo e monitorando diretrizes, metas e ações, enfatizando o desenvolvimento com sustentabilidade, sem retrocessos, com preservação do patrimônio natural e cultural, que devem estar na base de nosso desenvolvimento.

14 - A cidade de Vitória/ES concorda que seja viabilizada a participação das comunidades limítrofes einternas aos ambientes naturais, tornando essa participação fundamental na gestão desses espaços pelo saber acumulado e pela lógica da ação coletiva.

15 - A cidade de Vitória/ES propõe que a ONU difunda e estimule a adesão das cidades a um modelo decompras sustentáveis pelos órgãos públicos, como ferramenta de gestão do desenvolvimento sustentável, e base para a nova economia verde, um dos temas prioritários das discussões da Conferência RIO+20, e, ainda, que haja incentivo para que esse modelo seja adotado pelas grandes corporações privadas.

16 - A cidade de Vitória/ES se compromete a incentivar o desenvolvimento de um polo de pesquisatecnológica com foco em sustentabilidade e baixo carbono, transporte sustentável e a implementação da logística reversa, reaproveitamento de resíduos e coleta seletiva em todo o município.

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17 - A cidade de Vitória/ES preocupa-se com a Segurança Alimentar relacionada à fome, à contaminaçãoquímica dos alimentos e à redução da produtividade provocada pelos eventos climáticos e solicita medidas urgentes para estabelecer estratégias mundiais de comunicação dos riscos de contaminação química, a serem evidenciados nos rótulos dos produtos e nos pontos de vendas de alimentos frescos. E solicita a ampliação das ações da Food and Agriculture Organization - FAO - para coleta e distribuição de alimentos saudáveis e não alterados geneticamente às populações carentes. Além dessas medidas, o incentivo e apoio às pesquisas de avaliação dos efeitos do uso desses alimentos ao longo do tempo, nas pessoas e animais que os consomem. Por fim, que sejam propostas políticas mundiais que favoreçam a agricultura familiar sustentável, o acesso a terra, aos meios de produção e à preservação das sementes crioulas, com financiamentos e materiais para a prática da agricultura ecológica e equilibrada.

18 - A cidade de Vitória/ES ratifica os termos da “Carta dos Municípios pelo DesenvolvimentoSustentável”, que estabelece compromissos das Administrações Municipais organizadas com a Frente Nacional dos Prefeitos – FNP e apoia a proposta da ANAMMA em prol do fortalecimento do SISNAMA, especialmente em relação ao financiamento que garanta sua autonomia, como ocorre com o Sistema Único de Saúde – SUS - e o Sistema Único de Assistência Social - SUAS.

19 - A cidade de Vitória/ES concorda com as proposições contidas no documento “Contribuições do Brasilpara a RIO+20”, especialmente com respeito à participação dos atores não-governamentais nos processos multilaterais (P8) e Governança da Água (P9).

20 - A cidade de Vitória/ES se compromete a criar a Subsecretaria Municipal de Sustentabilidade, tendocomo principais focos o trabalho em conjunto com outras secretarias municipais, o desenvolvimento de um polo de pesquisa tecnológica com foco em sustentabilidade e baixo carbono, o transporte sustentável e a implementação da logística reversa e coleta seletiva em todo o município.

21 - A cidade de Vitória/ES reconhece e apoia as 20 Metas do Plano Estratégico 2011-2020 acordadasdurante a COP 10 da Convenção da Biodiversidade, conhecidas como Metas de Aichi, e se compromete na busca de estratégias municipais para o seu alcance.

22 - A cidade de Vitória/ES reconhece a importância da criação de Unidades de Conservação em áreascríticas e/ou geograficamente mais restritas, e compromete-se a adotar ações e políticas públicas para mitigar os impactos das atividades humanas nessas áreas.

23.A cidade de Vitória/ES propõe a discussão, formulação e implementação de políticas públicas, ações,projetos e programas integrados na costa capixaba, especialmente para a região do Banco de Abrolhos e da Cadeia Vitória - Trindade, e apoia as ações que contribuam para a criação de áreas marinhas protegidas, de acordo com o Mapa “Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira” (PROBIO/MMA) e com as Metas da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas.

24. A cidade de Vitória/ES reconhece a paisagem como um pressuposto para sociedades sustentáveis locais e regionais, de foco multidimensional e de agregação de valores, e apoia os princípios dos documentos nacionais e internacionais, dos quais o Brasil é signatário, relativos à proteção da paisagem.

25.A cidade de Vitória/ES solicita a observação às contribuições acima apresentadas e apoia de formageral o texto base apresentado pelas Nações Unidas para a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável - RIO+20, “The Future We Want” (O Futuro que Queremos), especialmente nas proposições de interesse dos governos locais.

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1 - O Brasil, em processo de conquista de um novo tipo de desenvolvimento, busca imperiosas articulações de suas políticas social, econômica, cultural e ambiental. Neste contexto, a políticaambiental precisa ser consolidada e absorvida pela cultura da Administração Pública, de Empreendedores, de Consumidores, dos Movimentos Organizados da Sociedade e do Setor Produtivo, na amplitude do atual estágio democrático do país, em etapas que exigem um constante e dinâmico repensar de estratégias na busca de um Marco Conceitual de Desenvolvimento, com erradicação da pobreza e miséria, para responder às necessidades presentes sem comprometer, ainda mais, as possibilidades das gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.

2 - O Desenvolvimento Sustentável vai se tornar uma realidade através da constante democratização de todos os espaços de Gestão Ambiental, com cidadania e empoderamento dos órgãos e conselhos de Meio Ambiente, na perspectiva de fortalecimento e efetiva implementação do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA.

3 - Resgate da Carta de Brasília - I Encontro de Secretários de Meio Ambiente, no que tange à moção aprovada: Estados e Municípios destinarem minimamente 1% de suas receitas aos respectivos órgãos ambientais, pleiteando rubrica específica no Orçamento Geral da União para promoção da modernização e fortalecimento da governança dos órgãos ambientais brasileiros, principalmente os municipais. Isto é um imperativo histórico para que todos os municípios possam constituir um órgão de gestão ambiental que contribua efetivamente para o desenvolvimento.

4 - As políticas estruturantes de Recursos Hídricos, Resíduos Sólidos e de Biodiversidade e Florestas precisam ser entendidas na dimensão da democratização da tomada de decisões, ou seja, com efetivae comprometida participação das instâncias republicanas de poder (União, Estados e Municípios e da sociedade civil organizada, contribuindo e monitorando Diretrizes, Metas e Ações em seu desempenho, no sentido de enfatizar o real desenvolvimento com sustentabilidade, sem retrocessos, com preservação do nosso patrimônio natural, que está na base de nosso desenvolvimento.

5 - Ferramentas Estratégicas e Estruturantes para os objetivos discutidos e propostos neste II Encontro Brasileiro de Secretários de Meio Ambiente – Articulação pela Sustentabilidade:

A) Resgate da Tripartite como elemento de gestão, em todos os três níveis.

B) Apoio e fortalecimento de projetos que visem o pagamento de serviços ambientais no campo e na cidade.

C) Compromisso de articulação política na implementação da Lei Complementar n.140/2011.

D) Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação como Patrimônio da Humanidade, e mecanismosde popularização e democratização do seu acesso (ou do acesso aos mesmos), buscando a sustentabilidade no desenvolvimento.

CARTA DE PORTO ALEGRE

Desenvolvimento Econômico e Social comSustentabilidade Ambiental

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E) Difusão e efetivação do Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC, que trata de compras sustentáveis, como ferramenta e indução da gestão que garante a obrigação legal e constitucional consagradora do desenvolvimento sustentável.

F) Educação Ambiental como política transversal de gestão, entendendo o Ser Humano como parte da natureza, com a compreensão do lugar da Educação como espaço e ambiente estruturante de criação e articulação do conhecimento para revisão de atitudes, comportamentos, valores da sociedade e do modelo de desenvolvimento.

Destaca-se o papel estratégico dos Educadores Ambientais.

Destaca-se, ademais, a necessidade de assegurar maiores níveis de responsabilização e engajamento dos meios de comunicação de massa em seu papel de educação ambiental, coerente e promotor de valores e comportamentos para o desenvolvimento sustentável.

G) Segurança Alimentar como fator de soberania e segurança nacional.

H) Revisão da infraestrutura do país com mudanças estratégicas em mobilidade urbana e logística de transporte, integração de modais, matriz energética, entre outros fatores de sustentabilidade.

I) Estratégias integradas entre os entes federados para mitigação dos efeitos e concretização de políticas de monitoramento e ações de adaptação, com garantia de recursos para as medidas necessárias ao enfrentamento das mudanças climáticas.

J) Saneamento ambiental como direito universal de acesso e sua real concretização.

K) Criação e implementação, no âmbito dos Estados e Municipios, dos Conselhos de Desenvolvimento Sustentável, representados pelos diversos segmentos da sociedade. Assim, a partir das Ferramentas Estratégicas e Estruturantes acima apresentadas, propugnamos:

1) Diálogo contínuo, como pedra fundamental na busca dos consensos entre as correntes de pensamento da coletividade nacional, para as imprescindíveis articulações e ações políticas pela sustentabilidade.

2) Assinatura, pela ABEMA e ANAMA, do Protocolo de Adesão ao Programa Cidades Sustentáveis.

Assinam este documento:

Hélio Gurgel – Presidente da ABEMAMauro Buarque – Presidente da ANAMMAJussara Cony – Secretária de Estado do Meio Ambiente do Governo do Estado do RSGiovani Cherini – Presidente da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Federal.

Porto Alegre, 27 de Janeiro de 2012.

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Considerando a necessidade premente da disseminação do ideal da sustentabilidade como um modo de vida e como uma questão de consciência para a população brasileira e mundial.

Considerando que a agenda ambiental é a agenda do desenvolvimento, e que a solução dos gargalos desta agenda passam pelo diálogo e convergências federativas no plano interno, e pelo multilateralismo no plano internacional.

Considerando que esta agenda deve assegurar a proteção ambiental com a inclusão social e o desenvolvimento econômico, dimensionando-os como partes inseparáveis de uma mesma questão.

Considerando a biodiversidade brasileira como o maior patrimônio do povo de nosso país e, portanto, a fonte primaz de toda a possibilidade de desenvolvimento, e daí a necessidade de sua proteção e democratização ao seu acesso.

Considerando a importância do contínuo diálogo entre os poderes instituídos da República na solução das controvérsias da área ambiental.

Considerando o protagonismo da área ambiental, a qual via de regra está à frente de seu tempo face às demandas que a ela se apresentam e dela requerendo planejamento e visão de longo prazo.

Considerando a necessidade de modernização da gestão ambiental e reconhecendo no licenciamento ambiental um importante instrumento de gestão para induzir ao desenvolvimento sustentável, manifesta nas Associações Abema e Anamma preocupação com o seu aprimoramento e com a clara definição de competências de licenciamento no âmbito da Federação brasileira.

Considerando que a área ambiental, por sua posição central e estratégica para o futuro do país, deve ser tratada como uma questão de Estado e não como uma questão de governo.

Considerando o papel do Brasil como potencial líder mundial na definição de uma agenda propositiva de sustentabilidade para o mundo, e as implicações advindas deste protagonismo.

E, por fim, considerando a importância das posições equilibradas que permitam o diálogo entre as maisdiversas correntes de pensamento e que propiciem efetivamente as imprescindíveis articulações políticas pela sustentabilidade.

DECIDEM as Associações – Abema e Anamma, presentes à ARTICULAÇÃO POLÍTICA PELA SUSTENTABILIDADE – ENCONTRO BRASILEIRO DE SECRETÁRIOS DE MEIO AMBIENTE, apoiadas pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, APROVAR ESTACARTA DE BRASÍLIA EM DEFESA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL , com os seguintes enunciados:

1 – O debate público acerca das questões ambientais deve ser presidido pela visão do desenvolvimento sustentável, e necessariamente embasado pelo conhecimento científico e tecnológico, patrimônio da humanidade, para desenvolver a Nação preservando-se a natureza.

2 – Os Órgãos Gestores de Meio Ambiente devem passar por um processo estruturante de fortalecimento institucional e de aprimoramento e modernização de governança, provendo o Poder Público em suas três esferas das condições materiais e de recursos humanos compatíveis com suas responsabilidades para com o futuro do povo brasileiro.

CARTA DE BRASÍLIA - EM DEFESA DODESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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3 – Aprova-se moção no sentido em que Estados e Municípios destinem minimamente 1% (um por cento) de suas receitas aos seus respectivos órgãos ambientais, pleiteando rubrica específica no Orçamento Geral da União para a promoção da modernização da governança dos órgãos ambientais brasileiros,principalmente os municipais. 4 – Aprova-se moção no sentido em que todos os municípios brasileiros tenham um órgão especializado para a área ambiental. 5 – O processo de licenciamento ambiental deve ser modernizado e tornado mais célere e transparente, com a digitalização de todos os processos e sua disponibilização pela internet para toda a população.

6 – Considera-se estratégica a articulação política entre os órgãos ambientais da União, dos Estados e dos Municípios para a efetiva integração dos gestores ambientais nos três níveis da Federação, de modo a assegurar a gestão integrada e a consolidação efetiva do Sisnama.

7 – As Políticas de Resíduos Sólidos, Recursos Hídricos e de Florestas e Biodiversidade são estruturantes para o projeto de desenvolvimento econômico e social com sustentabilidade ambiental.

8 - A implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o cumprimento de suas metas constituem prioridade dos órgãos ambientais brasileiros, os quais devem trabalhar com o conceito integrado de Saneamento (água, esgoto, resíduos e drenagem), asseverando-se de que o cumprimento do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana apenas dar-se-á com a universalização do saneamento básico no Brasil.

9 - Os órgãos de saneamento do país devem implantar suas políticas em articulação com as políticas ambiental, habitacional, de saúde e de ciência e tecnologia.

10 - Afirma-se a necessidade de compreensão por parte da sociedade do papel dos catadores brasileiros para o desenvolvimento econômico, social, humano e cultural com sustentabilidade ambiental, evoluindo na concepção de que estes trabalhadores devam ser inseridos no mundo do trabalho como “Agentes Comunitários do Meio Ambiente”.

11 – Reconhece-se a importância do Pagamento por Serviços Ambientais como ferramenta para o desenvolvimento sustentável, assim como o papel fundamental da educação ambiental.

12 – Relativamente à Rio+20 – Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, acordamos presentes em buscar apoio para a realização de um Fórum de Gestores Ambientais paralelo à Conferência,assim como examinar a proposta de criação da Organização Mundial de Desenvolvimento Sustentável, com sede a ser estabelecida na cidade do Rio de Janeiro, com a finalidade de monitorar e promover metas de desenvolvimento sustentável, para a transição para a economia verde de baixo carbono.

13 – Propos-se a realização do II Encontro de Articulação Política pela Sustentabilidade – Encontro Brasileiro de Secretários de Meio Ambiente, em Porto Alegre, nos dias 25 e 26 de janeiro, durante a realização do Fórum Social Mundial Temático de Justiça Social e Ambiental, em homenagem póstuma ao Ministro José Lutzenberger, tendo como pautas a integração da gestão ambiental brasileira e a preparação dos Órgãos Ambientais para a Rio+20, assim como para refletir acerca dos resultados práticos desta Carta.

14 – Propos-se realizar o III Articulação Política pela Sustentabilidade – Encontro Brasileiro de Secretários de Meio Ambiente, em Porto Seguro/BA, em conjunto com o 22º Encontro Nacional da ANAMMA, no mês de maio de 2012.

Brasília, 26 de outubro de 2011.

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Os dirigentes municipais de meio ambiente, reunidos no município de Sorocaba, estado de São Paulo, entre os dias 25 e 29 de setembro de 2011, no 21º Encontro Nacional da ANAMMA, manifestam o que segue:

É inegável que o país vive um momento de crescimento econômico em todas as suas regiões. Esse crescimento já apresenta reflexos nos municípios brasileiros, em especial nos investimentos em infraestrutura, majoritariamente instalados em pequenos e médios municípios, e na área social, em habitação, saneamento e resíduos. Para que possamos compatibilizar tais avanços com a política ambiental, é imperioso buscar o equilíbrio desse processo, para que ele aconteça com sustentabilidade ambiental, inclusão social e que desenvolvimento econômico induza tal processo.

Clima - Na perspectiva da construção de cidades sustentáveis, tema central deste 21º Encontro, a questão climática se mantém como a grande estratégia de potencializar a agenda ambiental no país, pela iminência da realização da Conferência das Partes da Convenção da Nações Unidas sobre a Mudança Global do Clima, a ser realizada em no Rio de Janeiro, em 2012 – a Rio+20.

Entendemos que é necessário reforçar a dimensão local dessa agenda, especialmente como parte no plano das negociações internacionais. Com esse objetivo, a ANAMMA estreitará relações e parcerias com as organizações internacionais de governos locais.

Trabalhará também no estímulo e identificação de financiamento para a confecção dos Planos Municipais de Mudanças Climáticas. A importância do papel dos governos locais é central no combate aos efeitos do aquecimento global e nas políticas de adaptação. A agenda climática impõe a necessidade de repensar as cidades. Mobilidade e circulação, eficiência energética, destinação de resíduos, situações de risco e exposição a eventos climáticos extremos, compras públicas sustentáveis e construção sustentável, são algumas das políticas que podem e devem ser desenvolvidas pelas autoridades locais.

É importante que o Ministério do Meio Ambiente disponibilize um canal para que os municípios possam contribuir na atualização do Plano Nacional de Mudanças Climáticas. Para ter propostas concretas, a ANAMMA buscará estreitar suas relações com as entidades municipalistas nacionais e com o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

A ANAMMA continuará a reivindicar à Presidência da República Assento formal na mesma. Reforço do SISNAMA - Em 2011 comemoramos 30 anos da Lei Federal nº 6.938, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA. A efetivaconsolidação do Sistema Nacional de Meio Ambiente ainda vai propiciar um avanço muito expressivono processo de descentralização e aumento do protagonismo dos municípios na política ambientalnacional. Nesse contexto, ganha enorme destaque a regulamentação das competências e a afirmação da prerrogativa dos municípios para licenciarem atividades de impacto local.

É completamente inexplicável a demora e a descaracterização da PLP 12/2003, que foi consensualizada para regulamentar o artigo 23 da CF. Em nossos últimos encontros anuais, evidenciamos a necessidade urgente da aprovação dessa proposta. Lembrando que a PLP foi a única medida ambiental do PAC 1, motivo pelo qual reforçamos nosso apelo ao MMA e ao Palácio do Planalto para que resolva com urgência essa questão.

CARTA DE SOROCABA

21º Encontro Nacional da ANAMMA

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Programa Nacional de Desenvolvimento da Gestão Local - A ANAMMA entende que é necessário desenvolver uma política efetiva de estruturação das Secretarias Municipais de Meio Ambiente para consolidar o SISNAMA, sistema que prevê a participação dos três níveis de governo e que, desde sua criação em 1981, apenas disponibilizou o programa de capacitação.

Apresentamos, para tanto, uma proposta concreta de estruturar as secretarias municipais, contemplando como meta inicial até 2014 todos os municípios com população acima de 20 mil habitantes. Falamos de um universo de menos de 1.500 municípios que aglomera mais de 80% da população brasileira. Este programa nacional é decisivo para que impactemos de forma positiva o órgão de controle federal – o IBAMA e todos os órgãos estaduais de controle – OEMAS, uma vez que com a assunção desta competência originária dos municípios, desafogaremos os protocolos dos estados e da União. A perspectiva é que dupliquemos o efetivo atual de técnicos e gestores ambientais no Brasil.

Dentre as tarefas que serão colocadas para o setor ambiental, está a revisão da resolução n. 237/97, a reativação das Comissões Técnicas Tripartites Estaduais e a tipificação do impacto federal e do impacto local. São questões de grande complexidade, que requerem um intenso processo de diálogo entre o MMA, a ABEMA e a ANAMMA.

A ANAMMA manifesta sua preocupação com a ausência de reuniões da Comissões Tripartites Nacional e apela ao MMA que reverta essa situação. Solicitamos ao MMA que, ao retomar seu funcionamento, possa desenvolver o Programa Nacional de Desenvolvimento da Gestão Local, agenda que apresentamos como tema prioritário.

A agenda da Copa 2014 - As discussões em torno da importância da realização do evento Copa 2014 estão superadas. O momento é de permear todas as suas iniciativas, especialmente a implantação da infraestrutura, para que observem o processo formal do licenciamento ambiental e a previsão de todos condicionantes e compensações ambientais.

A ANAMMA envidará esforços para ter uma agenda nacional voltada para contemplar os parques naturais municipais, programa de produção de orgânicos e modais de transporte de passageiros que tenham foco no transporte público de qualidade e de baixa emissão de carbono.

A ANAMMA assumirá a tarefa de compor e induzir a formação de comitês locais de meio ambiente e sustentabilidade em todos os estados-sede para repercutir e desdobrar as decisões e arranjos do Comitê Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade. PARCERIA INSTITUCIONAL COM A ABEMA E COM A SOS MATA ATLÂNTICA- A ANAMMA torna público seu contentamento em firmar parcerias institucionais com a Associação Nacional de Estados e Meio Ambiente e com a Fundação SOS Mata Atlântica, a serem firmadas por instrumento de Acordo de Cooperação Institucional, a fim de promover a estruturação dos governos locais para a efetivação das estruturas de gestão em todos os municípios dos estados membros, assim como a construção dos Planos Municipais de Recuperação e Manutenção da Mata Atlântica.

E para que produza seus efeitos, os municípios participantes do 21º Encontro Nacional da ANAMMA firmam a carta. Sorocaba, 28 de setembro de 2011

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CAPÍTULO 3 - EXPERIÊNCIAS MUNICIPAIS

Alcançar um entendimento da realidade ambiental do país a partir do exemplo das cidades é a proposta do presente capítulo. A ANAMMA, como entidade que representa os municípios em suas esferas de atuação na gestão ambiental pública, ou seja, como instituição nacional que congrega as secretarias, fundações e agências municipais de Meio Ambiente, apresenta, neste sentido, a possibilidade de identificação de um panorama da gestão ambiental a partir de cinco exemplos com grande representatividade a nível nacional.

Alguns critérios básicos foram adotados para que as cidades escolhidas pudessem caracterizar de forma mais abrangente situações ambientais presentes em grande escala no Brasil e que merecem destaque no escopo desta avaliação do RQMA. Desta forma, tais cidades não poderiam ser capitais e deveriam possuir faixas de populações médias e distintas, estando situadas nas cinco regiões demográficas brasileiras, a saber: Lábrea (região Norte), Luís Eduardo Magalhães (Nordeste), Sinop (Centro-Oeste), Sorocaba (Sudeste) e Jaraguá do Sul (Sul).

Acima de tudo, buscou-se com este recorte a individualização de problemas e situações ambientais relevantes em cada cidade mencionada. No caso de Lábrea, por exemplo, são mostradas as tensões locais e políticas de combate ao desmatamento; em Luís Eduardo Magalhães, as possibilidades para a gestão de resíduos sólidos com inclusão social; em Sinop, questões referentes à falta de estruturação física e técnica para o controle e fiscalização ambiental nas cidades; em Sorocaba, o desafio da revitalização dos corpos hídricos urbanos e, finalmente, em Jaraguá do Sul, as soluções e caminhos que apontam para uma gestão ambiental mais efetiva, através de legislações específicas, além de um gráfico das condições que o país dispõe hoje para mitigação e prevenção de desastres naturais e controle em áreas de risco.

Como foco do trabalho, são apresentadas experiências e programas relacionados aos temas abordados, com ênfase nas ações relativas a problemas ambientais característicos das cidades brasileiras e que alcançaram nos últimos anos resultados positivos, servindo como cases ou modelos para uma gestão ambiental social e ambientalmente responsável.

1 - INTRODUÇÃO

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2 - DESENVOLVIMENTO

2.1 - CIDADE: LÁBREA/AM | TEMA: DESMATAMENTO

ESTADO: AMAZONAS | REGIÃO NORTE

Lábrea, no sul do estado do Amazonas, é um município com uma considerável extensão territorial, mesmo em relação a outros municípios da região norte. São 68.234 km2 de extensão, possuindo uma população de 37.701 habitantes (IBGE, 2010). A cidade foi fundada no ano de 1881 pelo “Coronel de Barranco”, o maranhense Antônio Pereira Labre, sendo que o seu crescimento econômico se deu por impulso da exportação do látex trabalhado pelo seringueiro nordestino na Amazônia. A localização de Lábrea no km 0 da rodovia BR-230, a Transamazônica, que liga a sede à cidade de Humaitá (AM), confere importância geográfica ao município no contexto regional. A cidade está a pouco mais de 400 km de Porto Velho (em linha reta são apenas 197 km) e vem sofrendo cada vez mais a influência da rodovia, muito embora esta seja quase intransponível emperíodo de inverno amazônico. Em relação a Manaus, os barcos de passageiros ou “recreios” e as balsas levam em média de quatro a cinco dias percorrendo o sinuoso rio Purus. Lábrea

fica distante a 703 km (linha reta) da capital do Amazonas, sendo a hidrovia um eixo vital na vida econômica do município, mesmo após a abertura da rodovia na década de 70 pelo governo militar.

Marcada por um baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH 2000 = 0,598), Lábrea é o quadragésimo no ranking do IDH para o estado do Amazonas (IBGE, 2010). O município também é marcado por grande desigualdade social: 61,04% sobrevive com renda mensal abaixo de um salário mínimo (IBGE, 2009). Não obstante, são marcas das últimas administrações públicas municipais a falta de transparência nos gastos públicos, falta de planejamento e a não priorização das áreas ambiental e de produção. Por consequência, a população de Lábrea vem assistindo nos últimos vinte anos à brutal evasão de divisas na forma do principal ativo da região que são seus recursos naturais em abundância, principalmente o pescado e a madeira.

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O avanço da chamada ¨fronteira agropecuária¨ culminou com o aparecimento de Lábrea na lista elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente entre os municípios que mais desmatam no Brasil. Para se ter uma ideia, em 2005, o INPE detectou um aumento de 87% de área desmatada na região nos anos de 2003 e 2004.

A forte pressão do desmatamento sofrida não só por Lábrea mas pelos municípios da região sul do Estado do Amazonas a colocam ainda, em 2009, como o município com maior proporção de destruição florestal.

Mapa registrando o avanço do desmatamento na Amazônia. Fonte: SDS/AM

Desmatamento de 2006 a 2009, em Lábrea. Fonte: Imazon

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O ano de 2008 é o ano que marca também oinício do trabalho do Consórcio FORTIS (Programa de Fortalecimento Institucional do Sul do Amazonas), projeto desenvolvido por um conjunto de ONGs socioambientais com a liderança do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), cujo objetivo principal era o de impedir, por meio da intervenção das organizações da sociedade civil, dos poderes públicos municipais, estadual e federal, a tendência perniciosa de desmatamento e grilagem. Para alcançar seus objetivos, o Consórcio FORTIS investiu basicamente na capacitação das pequenas associações, dos movimentos sociais de amplitude regional e nacional com atuação no município (como o GTA,a CPT, o CNS e COIAB ) e na articulação direta desses segmentos com agentes governamentais das três esferas, promovendo encontros deformação de lideranças, capacitações, semináriose intercâmbios com variadas temáticas, como manejo dos recursos naturais, legislação ambiental, organização social (associativismo e cooperativismo, formação de conselhos de Unidades de Conservação, etc.).

O decreto presidencial 7.008/2009 institui a Operação Arco Verde - Terra Legal, iniciativa coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Casa Civil da Presidência da República comobjetivo de construir marinhas uma agenda positiva para o município em contraponto às medidas de fiscalização e restrição às atividades predatórias. A partir da chegada em Lábrea, em outubro de 2010, do “Mutirão Arco Verde Terra Legal” onde as instituições governamentais do estado do Amazonas e Governo Federal estiveram em peso, as organizações da sociedade civil apresentaram sua carta de ações que possibilitou sua inserção na agenda e gerou mais tarde a formação de um comitê local de acompanhamento das ações da Operação Arco Verde no âmbito do município de Lábrea.Desde então, grupos de trabalho temáticos vem se reunindo regularmente com o intuito de monitorar as ações e propor agendas propositivas para a região, como a implementação de programas e políticas públicas de apoio ao agroextrativismo, a promoção de atividades econômicas sustentáveis e regularização fundiária.

1- Grupo de Trabalho Amazônico

2 - Comissão Pastoral da Terra

3 - Conselho Nacional das Populações Extrativistas

4 - Coordenação das Organizações Indígenas da

Amazônia Brasileira

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2.2 - CIDADE: LUÍS EDUARDO MAGALHÃES/BA | TEMA: RESÍDUOS SÓLIDOS

ESTADO: BAHIA | REGIÃO NORDESTE

Luís Eduardo Magalhães possui 11 anos de emancipação política, tempo suficiente para que o município aumentasse em mais de 150% a suapopulação. O antigo Mimoso do Oeste, na época distrito de Barreiras, passou dos 18 mil habitantes, em 2000, para os atuais 60 mil. O extraordinário crescimento tem uma explicação: o município se tornou um dos mais importantes polos do agronegócio do Brasil. São cultivados em sua extensão territorial mais de 270 mil hectares, destacando-se o plantio da soja, que ocupa uma área superior a 175 mil hectares, seguido das culturas de milho, algodão e frutas para exportação.

O município está localizado no entroncamento da BR-020 com a BR-242, fazendo fronteira com Tocantins e Goiás. O forte potencial agrícola atraiu quase quatro mil empresas, dentre indústrias, comércios, prestadores de serviços, quatro grandes bancos, além de empresas autônomas. Na cidade, é possível encontrar desde lojas de tratores, máquinas e insumos agrícolas até grifes famosas de

roupa, hotéis e bons restaurantes. O crescimento econômico acelerado tem, no entanto, o seu ônus. É preciso promover infraestrutura, saúde e educação para todos que chegam a Luís Eduardo em busca de emprego. Uma evidência disto é o acúmulo dos Resíduos Sólidos Urbanos, que acabam dispostos inadequadamente gerando outros aspectos negativos à qualidade de vida das pessoas.

O plantio de árvores, a destinação correta dos resíduos sólidos e a implantação de ações ambientalmente corretas constituem um desafio ainda maior para a Administração Pública quando a cidade é composta por uma grande diversidade cultural, migrantes de todo o país e até do exterior, e com a ausência de um sentimento de pertencimento à cidade, acarretando a falta de cuidado com o meio ambiente, já que parte da população migrou para o município apenas em busca de trabalho e renda. Foi pensando nisso que o Conselho Municipal de Meio Ambiente desenvolveu uma campanha de amor à cidade,

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com a frase: “eu amo, eu cuido, eu vivo em Luís Eduardo Magalhães”. Neste mesmo espírito de cuidado e de solidariedade, nasceu o programa Coleta Seletiva Solidária, sendo a primeira cidade da Bahia a adotar a Coleta Seletiva em todo o território.

O programa Coleta Seletiva Solidária, lançado em 23 de maio de 2011, tem o objetivo de estruturar, organizar e apoiar uma associação de catadores, incentivar a coleta seletiva, fortalecer o sentimento de solidariedade e inclusão social, além de reduzir a quantidade de materiais recicláveis que é enterrado e depositado no lixão. A diretriz foi a de que a gestão ambiental deve permear todas as áreas do conhecimento, bem como dividir responsabilidades.

Como resultados, o município conseguiu, por meio do programa, retirar do lixão cinco catadores que lá trabalhavam há muitos anos. Esses catadores foram convidados a participar do programa, assim como todos os outros que ouviram na rádio o anúncio e convite para efetuarem um cadastro na Secretaria Municipal

de Meio Ambiente com o objetivo de participar de um projeto de coleta seletiva. Os catadores que aceitaram as regras assinaram um termo de compromisso que prevê, entre outras coisas, a não aquisição de produtos oriundos de furto, a coleta de materiais recicláveis, pelos catadores, em estado de sobriedade. Aderindo ao programa, o catador recebe um carrinho para puxar e coletar os materiais recicláveis, uniforme, EPI, crachá e uma cesta básica por mês. Além disso, recebe cartão de vacinação e instruções para o uso de EPI.

No início, muitos catadores optaram por trabalharem individualmente, como ainda o fazem, considerando que quando se unem para a coleta de materiais recicláveis o lucro é menor. Com a ajuda de estagiários, as residências interessadas em doar o material reciclável foram cadastradas, mas os catadores eram poucos e enfrentaram dificuldades em bater de porta em porta para buscar o material reciclável. Assim, o Poder Público disponibilizou um caminhão e a coleta seletiva é hoje feita diariamente, em todos os bairros da cidade, como uma coleta convencional.

Desmatamento de 2006 a 2009, em Lábrea. Fonte: Imazon

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Além do caminhão, a prefeitura cedeu um terreno público para que o material coletado pelo caminhão e pelos carrinhos fosse depositado. Uma equipe efetua a triagem, separando os materiais por tipo e cor. Nesta fase já são colocados em grandes sacolas e depois comercializados. O dinheiro arrecadado é dividido entre os participantes. A rotatividade de catadores é grande, a renda ainda é mínima,mas há a permanência de um grupo de catadores

que acredita no programa, mantendo viva a esperança, com vontade de trabalhar e almejando formalizar a associação. O alcance do programa foi notável e até na maior feira de agronegócio do Norte e Nordeste já foi implantado o programa de coleta seletiva, coletando, em 10 dias, 936 kilos de material reciclável. Considera-se que o grande avanço, no entanto, é o fato de não haver mais catadores no lixão e que o mesmo vem sendo recuperado.

2.3 - CIDADE: SINOP/ MT | TEMA: ESTRUTURAÇÃO E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

ESTADO: MATO GROSSO | REGIÃO CENTRO-OESTE

Sinop é uma das principais cidades do estado de Mato Grosso, conhecida hoje como a Capital do Nortão, e pólo de referência em todo o Norte mato-grossense. O clima do município é quente e o regime de chuvas é equatorial, caracterizando-se por um período chuvoso no verão e um período seco no inverno.Neste período, a vegetação encontra-se muito seca e a umidade de ar muito baixa, o que favorece a práticao de queimadas. No município, as

queimadas representam um papel significativo na poluição atmosférica e, consequentemente, fator de risco para a saúde da população e do meio ambiente como um todo. Como a fumaça das queimadas percorre grandes extensões, provoca poluição na região do entorno do município, levando prejuízos para toda a região, a preocupação não pode ser apenas local, mas sim regional.

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Diante destes desafios, a Administração Municipal de Sinop criou em fevereiro de 2009 a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, quando iniciou seus trabalhos e desde então, vem trabalhando intensamente na preservação ambiental. Também criou e alterou a legislação ambiental municipal com o a finalidade de fortalecer o Sistema Municipal Gestão Ambiental, assim como desenvolveu diversas ações de educação, prevenção, monitoramento, fiscalização e combate ao fogo, buscando sempre trabalhar em parceria com órgão e entidades e o apoio da sociedade civil como um todo.

Tabela . Numero de Focos de Calor dos 19 Municípios da região Centro Norte do Mato Grosso (Nortão), detectados pelo INPE. *Dados até 19 de Dezembro

Em respeito às legislações federais e estaduais e com a finalidade integrar, viabilizar e fortalecer o Sistema Municipal de Gestão Ambiental criou o FAMUS - Fundo Ambiental do Município de Sinop e implementou o COMAM - Conselho Municipal de Meio Ambiente.

O Fundo Ambiental Municipal é um valioso instrumentode gestão, fomento de ações estratégicas que visa à preservação ambiental, à qualidade de vida das pessoas e ao desenvolvimento sustentável, já que representa uma porta de entrada para recursos, especificamente para o meio ambiente.

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O COMAM – Conselho Municipal de Meio Ambiente é um órgão colegiado, de caráter consultivo e deliberativo, que integra a estrutura institucional da Secretaria. É um instrumento valioso que proporciona a participação da sociedade e a democratização da gestão ambiental municipal, enriquecendo o debate público sobre a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida de toda a população.

A Secretaria de Meio Ambiente vem tomando medidas preventivas, como notificar os proprietários de imóveis para manter a limpeza das áreas a que lhe pertencem, sob pena de cobrança de multa e demais providências administrativas e judiciais, ficando a cargo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, por meio do Departamento de Fiscalização, a vistoria e autuação dos infratores. Pois a falta de limpeza em terrenos baldios e chácaras pode gerar problemas diversos em virtude do acúmulo de lixo e entulho e do crescimento do mato resultando em queimadas nos períodos de baixa precipitação. Além disso, o mato alto e o lixo podem viabilizar a formação de reservatórios de água, que se tornam criatórios para o mosquito da dengue. Já entulhos e restos de materiais de construção servem de abrigo para aranhas e escorpiões. O ideal é manter limpas as áreas próximas das residências, terrenos baldios e chácaras, evitando o acúmulo de lixo e entulhos, e evitando também as queimadas.

O Departamento de Fiscalização Ambiental, através da implantação do Sistema de Monitoramento diário dos focos de calor do município, com auxilio dos dados do INPE, juntamente com o disk denúncias e a equipe de brigadistas, consegue monitorar as queimadas no município e realizar a aplicação imediata das penalidades cabíveis, assim

como a reparação do dano cometido. Sendo que todos os recursos advindos das multas aplicadas vão para as FAMUS, e são revertidos em prol do meio ambiente

No ano de 2009, o município de Sinop apresentou uma redução de 70% dos focos de calor em relação a 2008, somente com a mobilização da sociedade e ações simples. Porém no ano de 2010 observamos um aumento de 300% nos focos de calor com relação a 2009, segundo o Banco de Dados de Queimadas do INPE. Por se tratar de um ano extremamente seco, o número de queimadas acidentais intensificou-se muito e a secretaria não possuía estrutura mínima para auxiliar a sociedade. Diante deste fato, tornou-se indispensável a intensificação das ações para coordenar, monitorar e combater as queimadas no município.

Com a elaboração do Projeto Paranka de prevenção e combate às queimadas, foi possível angariar fundos junto ao Conselho Nacional de Direitos Difusos do Ministério da Justiça, para estruturar a secretaria e juntamente com a Defesa Civil do Estado de Mato Grosso formar a equipe de brigadistas do município.

O projeto foi aprovado em janeiro de 2011 e a liberação do recurso ocorreu no mês de maio. O montante liberado foi utilizado em ações educativas, de prevenção e combate às queimadas. Além de serem usados para a estruturação do projeto, na contratação de brigadistas, na compra de veículos e demais equipamentos utilizados no combate a incêndios, além do aluguel de trator de esteiras e caminhões pipas com equipamentos anti-incêndio.

Equipamentos do Projeto Paranka de prevenção ecombate a queimadas.

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Foram realizadas mais de 420 denúncias pelo disk queimadas-0800 durante os cinco primeiros meses do projeto, totalizando 225 atendimentos, a queimadas de lixos em fundo de quintais, 145 de combate a incêndios em terrenos baldios e chácaras e o restante em matas. No ano de 2011 observou-se uma redução de aproximadamente 40 % do número de focos de calor, em relação a 2010, segundo o Banco de Dados de Queimadas do INPE,

melhorando desta forma a qualidade do ar.O Projeto Paranka é um projeto de implementação constante, ou seja, foi implantado este ano, e continuará funcionando nos próximos anos na cidade de Sinop, regulamentado pela lei 1453/2011. Porém muito mais tem de ser feito em toda a região para que possamos ter uma melhor qualidade de ar e de vida.

2.4 - CIDADE: JARAGUÁ DO SUL/SC TEMA: POLÍTICAS PÚBLICAS NA GESTÃO AMBIENTAL

ESTADO: SANTA CATARINA | REGIÃO SUL

Situada na região norte de Santa Catarina, a cidade de Jaraguá do Sul, polo da microrregião do Vale do Itapocu, com 135 anos e população estimada de cerca de 143.206 habitantes, é cercada de montanhas da cadeia da Serra do Mar e cortada por três rios de médio porte e seus afluentes.

Jaraguá do Sul ocupa lugar de destaque no contexto industrial catarinense como cidade sede de importantes indústrias do ramo metal-

mecânico e de grandes nomes dos ramos têxtil e alimentício do Brasil. O dinamismo econômico e a oferta de emprego fizeram com que o município se tornasse polo receptor de novos fluxos migratórios, associados à migração rural e urbana interna.

Contudo, o grande desenvolvimento econômico, apresentado nas últimas décadas, trouxeconsigo,de forma acelerada, o desenvolvimento populacional e urbano.

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Segundo o IBGE (2010), o município de Jaraguá do Sul cresceu 30% (trinta por cento) nos últimos dez anos, as estimativas previstas. A taxa de crescimento anual pode comprometer o seu alto Índice de Desenvolvimento Humano, colocando em risco a qualidade de vida de sua população.

Além de outras consequências relacionadas à necessidade de implantação de infraestrutura para atender ao aumento da demanda de bens e serviços públicos, esse crescimento econômico e urbano ocasionou o surgimento de loteamentos clandestinos e irregulares, construções indevidasem áreas de risco ou áreas de preservação permanente (APP), ocupação de áreas de várzea,impermeabilização do solo, assoreamento do leito dos rios e o aumento do volume de água dos rios na época de chuvas intensas.

É importante ressaltar que o município de Jaraguádo Sul localiza-se numa área de considerável suprimento hídrico, com elevados índices pluviométricos. E, em função das características geomorfológicas da região e dos aspectos culturais,essa expansão urbana apresenta certas particularidades. Tanto a configuração geomorfológica da região, de ser vale fluvial encaixado em área de encostas e serras de declividade suave à íngreme, bem como o histórico de ocupação populacional, proveniente dos primórdios da colonização, favoreceram a

Em 1º de outubro de 2005, pela Lei Complementarnº 41/2005, foi criada a Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama), sendo a representantelocal do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama). Esta tem como missão principal implementar as Políticas Locais de Meio Ambienteno âmbito territorial do município de Jaraguá do Sul.

Dentre seus objetivos, a Fujama busca promovero diagnóstico, o planejamento e a execução das políticas ambientais, exercendo as funções

2.4.1 - AÇÕES PÚBLICAS

a) Gestão Ambiental Municipal

ocupação das áreas próximas às vias hidrográficas.

Com o registro de fortes precipitações ocorridas no estado de Santa Catarina nos últimos anos, os desastres naturais, que contemplam processos e fenômenos localizados, tais como deslizamentos, inundações e erosões, passaram a constituir um tema cada vez mais presente no cotidiano das cidades afetadas. E, neste contexto, Jaraguá do Sul tem sofrido expressivos danos e perdas, de caráter social, econômico e ambiental.

É frente a esta realidade já posta e, almejando garantir a sustentabilidade econômica, social e ambiental do município tanto a curto como a médio e longo prazo que o município de Jaraguá do Sul (PMJS) tem desenvolvido, planejado e implantado projetos em diversos setores, visando a melhoria das condições de vida dos munícipes.

Destacamos, neste sentido, a importância da governança ambiental na promoção de ações que resultem não só na mitigação dos impactos gerados, mas, especialmente, na prevenção de desastres naturais e no planejamento e implementação de políticas públicas para o alcance do desenvolvimento sustentável de nossas cidades.

de fiscalizar, licenciar e executar Educação Ambiental (EA) informal, visando com que asociedade jaraguaense assuma a sua corresponsabilidade na conservação e preservação dos recursos naturais.

Neste sentido, estão entre as suas metas: propor medidas tendentes ao aperfeiçoamento, atualização e eficiência dos mecanismos de defesa ambiental no âmbito do município; cumprir e/ou fazer cumprir as deliberações do

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Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), bem como a legislação ambiental em vigor; promover a educação ambiental informal através de palestras, seminários, exposições, eventos, oficinas, entre outros; capacitar a sociedade para a participação ativa na preservação, conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; estimular e contribuir

Antes da Habilitação no Consema (Resolução nº 04/2007), o município já realizava a atividade de licenciamento ambiental por meio de convênios firmados com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FATMA). Atualmente, além das atividades previstas no anexo III da Resolução Consema nº 004/2008, a Fujama licencia outras seis atividades de competência da FATMA, conforme Convênio de Cooperação Técnica firmado no ano de 2010.

Desde 2006, já foram emitidas aproximadamente 1.300 Certidões e Licenças Ambientais e cercade 700 autorizações para: supressão de vegetação, corte eventual ou isolado e transporte de produtos florestais. No início,sentiu-se dificuldade com a falta de responsabilidade e comprometimento das empresas com relação ao cumprimento de

Dentre as atribuições diárias realizadas pela equipe da Fujama e reconhecendo a sua obrigação como órgão responsável pela Educação Ambiental (EA) informal, verificou-se a necessidade de compreender como a EA pode dar respostas mais efetivas para os constantes problemas

para a recuperação de áreas degradadas; estimular e contribuir para a proteção das áreas de preservação permanente (APPs); fiscalizar todas as formas de agressão ao meio ambiente e orientar sua recuperação, autuando e aplicando as penalidades previstas em lei; e, assessorar a Administração Municipal no que concerne aos aspectos do meio ambiente.

b) Licenciamento Ambiental Municipal

c) Educação Ambiental Municipal

condicionantes, especialmente com relação à comprovação da destinação adequada de resíduos industriais. Porém, com o passar do tempo, essa cultura já foi em grande parte assimilada, até mesmo com o surgimento de novos profissionais na área ambiental (consultorias), os quais se tornaram multiplicadores das nossas informações.

c) Fiscalização Ambiental

A equipe de fiscalização da Fujama trabalha de forma integrada com a equipe técnica e jurídica, visando não apenas a punição dos infratores da legislação ambiental, mas, especialmente, a orientação e determinação das exigências técnicas necessárias para as devidas adequações das atividades e recuperações das áreas degradadas.

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locais de impacto e degradação ambiental. Assim, considerando o resultado de percepções, observações e análises advindas das atividades técnicas, jurídicas, de fiscalização e de EA, e dentre os diversos procedimentos de pesquisa bibliográfica realizados, entendeu-se ser de

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fundamental importância levar à comunidade jaraguaense o conhecimento de seus direitos e deveres estabelecidos pela Educação Ambiental. Constantemente, tem-se ouvido falar que a EA é primordial para crianças e adolescentes, contudo, tornou-se necessário e urgente o aprimoramento do processo de aprendizagem do indivíduo com relação às questões ambientais. A EA deve abranger todas as faixas etárias e níveis de sua formação intelectual, especialmente na fase adulta, sujeita a percepções equivocadas com relação à utilização dos recursos naturais, além do desconhecimento dosreais impactos causados pelas atividades humanas e dos fundamentos básicos do direito ambiental.

Esse trabalho vislumbra despertar o interesse das pessoas a buscarem soluções para os problemassocioambientais verificados no entorno das instituições de ensino, das empresas, das comunidades de bairro, por meio da participação em programas solidários, discutindo a legislação e as políticas públicas locais, entre outras atividades.É de fundamental importância que haja uma transformação cultural, por meio da mudança de hábitos pela comunidade. A comunidade precisa mudar seus hábitos, e para isso não basta apenas passar a ser uma sociedade que consuma produtos ecologicamente corretos ou que dê a destinação adequada aos resíduos gerados, cada pessoa precisa se sensibilizar com as questões ambientais, conhecer como suas atitudes podem fazer a diferença, participar do planejamento da

cidade, discutindo as políticas públicas, como já pesquisado por Pernambuco e Gouvea Silva (2006), por exemplo.

Neste sentido, a equipe da Fujama ressalta aimportância da EA para a transformação da sociedadeatual em uma sociedade sustentável, dando ênfaseàs dimensões da sustentabilidade e sua relação com a EA e tem trabalhado com temas que abordamas causas dos desastres naturais ocorridos no Estadode Santa Catarina, as mudanças climáticas, a sustentabilidade, a ética e a cidadania, entre outros.

Diante do tema apresentado, verifica-se que estamos em um novo percurso educativo, onde é necessário que haja um equilíbrio entre a concepção passiva da aprendizagem e a concepção dinâmica, fazendo com que os atores envolvidos se responsabilizem e aprendam a trabalhar de forma autônoma, com iniciativa e criatividade, adquirindo espírito crítico e exercitando o seu discernimento e cidadania.

A sustentabilidade dos projetos de EA se apóia nas parcerias e no envolvimento de toda a comunidade devido a necessidade do trabalho cooperativo e solidário para que se possa buscar o equilíbrio ambiental do município. A equipe da Fujama adota estratégias didático-pedagógicas aplicadas em oficinas de trabalho e mobilização de parcerias na busca de recursos financeiros e da manutenção dos recursos naturais.

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Após a realização de estudos que ajudaram a compreender o processo de urbanização, a administração municipal tem optado por agir em algumas frentes, não apenas com obras emergenciais e inócuas a longo prazo, mas realizando planejamento e integração entre as diversas secretarias da Prefeitura. Uma delas está relacionada aos problemas das inundações recorrentes, sobretudo na área urbana, procurando,assim, viabilizar o problema dentro dos limites impostos pela própria urbanização já estabelecida e apresentando um caráter mais corretivo, através de medidas essencialmente estruturais. Outra frente que pode ser citada está estreitamente relacionada a esta questão, mas vai além de seus limites, pois pensa também na projeção futura do crescimento populacional e urbano, agindo então na prevenção, nas áreas ainda passíveis desta ação.

De acordo com o Geólogo Normando Zitta, consultortécnico contratado pela Prefeitura/Fujama (NOSSA, 2010), “com relação ao gerenciamento de áreas de risco, é necessário responder a quatro perguntas: O que ocorre? (identificar as tipologias dos processos); quando os problemas ocorrem? (correlacionar com dados meteorológicos); onde os problemas ocorrem? (mapeamento das áreas de risco); e, o que fazer? (adotar medidas corretivas e preventivas – estruturais e não estruturais)”.Neste sentido, cabe citar as seguintes obras/açõesde prevenção: Reassentamento de famílias em áreas

Como critério para indicação dos territórios a serem inicialmente desocupados, foram utilizados os estudos geológicos e pesquisa socioeconômica indicando respectivamente graus de vulnerabilidade social e geotécnica, ou seja, foram escolhidos os locais que apresentaram maior risco de ocorrência de desastres e que, simultaneamente, demonstraram maior vulnerabilidade socioeconômica. Desta forma, foram selecionadas três áreas, a saber:

de risco; obras de contenções em áreas de risco; revitalização de rios e recuperação da capacidade hídrica (Rio Cerro e Rio da Luz) em áreas de inundação;revitalização de rios e recuperação da capacidade hídrica – Parque Linear (Rio Chico de Paulo e Três Rios)em áreas de inundação; criação de um grupo detrabalho, liderado pelo promotor regional de justiçado Meio Ambiente para tratar de aterros em áreas alagáveis e em planície aluvionar; parceria com aSecretaria de Obras para a limpeza frequente daspontes; criação de um grupo de trabalho para afundação de um instituto de planejamento, visando ajustar a reordenação do uso do solo no município levando em consideração os aspectos relacionados àDefesa Civil; demolição das casas nas áreas de risco,visto que 65% das ocorrências de 2011 foram reincidentes dos eventos ocorridos em 2008; divulgaçãodos dados técnicos da Defesa Civil (banco de dados);criação de leis e decretos municipais materializandoe especializando as áreas de risco; aprovação da Lein°5.483/2009, para a exigência de alvará de construçãopara ligação água e luz; Parceria com a Fujama paraa agilização nos processos de licenciamento das áreasde recuperação e programa integrado de educação ambiental; realização do 1º Seminário Municipal de Defesa Civil, com a participação de vários órgãos daPrefeitura, Ministério Público e sociedade civil, o quegerou a Carta de Intenções que tem como objetivo principal apontar o resumo das ações sugeridas durante os debates.

2.4.2 - TRABALHO INTEGRADO (DEF. CIVIL, FUNDAÇÃO DE MEIO AMBIENTE E ÓRGÃOS PÚBLICOS MUNICIPAIS)

a) Programa de prevenção: reassentamento de famílias em áreas de risco

Loteamento Osmar Nunes Flores, RI-068 e Morro Gustavo Lessmann, para este Programa de Recolocação. O Programa em si tem como visualização a relocação de famílias de baixa renda localizadas em áreas de risco onde essas áreas, após suas famílias serem relocadas, serão destinadas a Recuperação de áreas Degradadas através do plantio de arbóreas e arbustivas; além do acompanhamento sócio-ambiental, psicológico e auxílio e ensino através de educação ambiental.

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b) Programa Encosta Legal

c) Revitalização das sub-bacias Chico de Paulo e Três Rios

Trata-se de um programa de educação ambiental de ocupação de áreas de encostas que visa, por meio de apresentações teatrais, esclarecer a importância do agente da defesa civil, alertar sobre os perigos de se estabelecer residências em

No âmbito do planejamento, encontra-se o programa de revitalização das sub-bacias Chico de Paulo e Três Rios, visto tratar-se de obra fundamental para proporcionar a melhoria das condições de vida da população destas áreas, assegurar a ocupação e o desenvolvimento sustentável destas áreas, bem como promover a educação ambiental e a inserção do munícipe como efetivo cidadão, atuante e responsável pelo meio em que vive. Além de beneficiar diretamente

áreas de risco, como as encostas, e principalmente aumentar ou criar uma cultura de percepção de riscos, mostrar e estabelecer cuidados a serem tomados com o Meio Ambiente em geral no Município.

estas comunidades, estas ações inserem-se num plano macro de benefício para todo o município.A PMJS optou pelo programa de revitalização destas sub-bacias. Ao fazer esta opção, Ao fazer esta opção, a Prefeitura pretende estabelecer o bem comum de forma efetiva e não paliativa, demonstrando preocupação com um novo modelo de gestão ambiental, aliado à promoção de desenvolvimento sustentável e à ética na relação com seus munícipes.

Os principais objetivos a serem atingidos com a implantação do programa são:

• Recuperar diretamente as calhas do Ribeirão Chico de Paulo e Três Rios.• Diminuir as áreas de inundação que atualmente afetam diretamente mais de500 propriedades.• Revegetalizar os córregos e implantar parque linear com ciclovia.• Aumentar o número de pessoas conscientizadas para a conservação,recuperação e construção do seu ambiente.• Melhorar os indicadores de saúde da população residente, com a queda deíndices epidemiológicos, queda da ocorrência de doenças infecto-contagiosase respiratórias e da mortalidade infantil.• Proteger e recuperar o meio ambiente degradado e ameaçado.• Aumentar a acessibilidade aos bens e serviços públicos, como saneamento,educação e saúde.• Elevar o nível de organização comunitária.• Ampliar a cidadania.• Incluir socialmente.

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Este programa integra-se nesta frente preventiva, uma vez que foi planejado para revegetar uma sub-bacia hidrográfica, que ainda dispõe de muitas áreas não ocupadas pela urbanização. A administração do município de Jaraguá do Sul tem imbuída em seu âmago a consciência ambiental necessária para olhar além do momento presente. Esta consciência demanda que, procure estabelecer políticas públicas de ocupação mais ordenada e sustentável. Dentro deste enfoque, começou a tratar da drenagem fluvial urbana dentro do conceito de bacia hidrográfica, extrapolando as ações estruturais meramente corretivas no leito dos rios, como dragagens. Desta forma, volta seu olhar para as sub-bacias e, nestas, onde a ocupação urbana ainda não se instalou de forma decisiva, busca recompor a mata ciliar e cuidar para que ela seja realmente uma área de preservação permanente. Essa busca visa não só atender a legislação existente, como também garantir a conservação do patrimônio ambiental e uma qualidade de vida melhor aos seus munícipes, tanto a curto, como a médio e longo prazo.

Além da preocupação com a revegetação e a demarcação das áreas de APP, o programa busca a conscientização coletiva para a efetiva preservação destas áreas. Para tanto prevê, trabalho de educação e conscientização ambiental com as comunidades habitantes nesta sub-bacia. Afinal, o melhor controle e garantia de sucesso de preservação ambiental em longo prazo, perpassa pela educação e pelo desenvolvimento de uma consciência que valorize o bem comum, o interesse coletivo e o cuidado com o meio-ambiente.O Programa em si tem como visualização final

a revitalização dos Rios e Ribeirões através da Retirada de lixo das margens, Dragagem, plantio de mata ciliar e Educação Ambiental.

A recomposição da mata ciliar com espécies nativas em acordo com a legislação ambiental vigente é o objetivo principal a ser alcançado através da proposta do PRAD (Plano de Recuperação de Área Degradada). Além da mata ciliar, a revegetação de taludes também será executado, concomitantemente com critérios de estabilização, recomposição e beleza cênica. Esta última será contemplada com a adoção de critérios paisagísticos que independem do objetivo principal do PRAD, porém, está intrinsecamente ligado, visto que, além de paisagístico também se utilizará critérios ambientais. A Recuperação da Mata Ciliar expande a área verde e melhora a permeabilidade do solo, contribuindo para controlar as enchentes. Ela também reduz áreas de risco e protegem os córregos, pois evitam a construção de habitações irregulares nas áreas de várzea. A metodologia desse trabalho foi baseada na busca de diferentes percepções, que englobam o pesquisador/observador, técnicos e usuários, utilizando-se principalmente de métodos qualitativos como o levantamento documental, observação in loco, entrevistas e formulários, este último complementando a pesquisa qualitativa com alguns dados quantitativos. Os resultados obtidos corroboram com a hipótese gerada, de que faltam critérios biofísicos, sociais e econômicos no planejamento, projeto e gestão dos parques lineares em áreas de fundo de vale, afetando o desempenho e a sustentabilidade da proposta.

d) Programa de Revitalização e Recuperação de Capacidade Hídrica de Escoamento do Rio Cerro e Rio da Luz

e) Serviços de técnicos de hidrologia e engenharia hidráulica

Após as grandes tragédias de janeiro de 2008 e 2011 e para melhorar o sistema de informação do mapeamento das áreas vulneráveis ambientalmente (áreas suscetíveis a alagamentos e

inundações), é de interesse público a necessidade de deter ferramentas técnicas para evitar ocupações em áreas de alagamento, gerar alertas específicos para a população que reside

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nessas áreas bem como elaborar recomendações específicas para o uso racional dessas áreas no município de Jaraguá do Sul dentre outros.

Assim, a Fundação de Meio Ambiente de Jaraguá do Sul está buscando a contratação de serviços técnicos especializados de hidrologia e engenharia hidráulica para fornecer dados técnicos para

evitar assim perdas de vidas humanas, de danos materiais e ambientais, decorrentes de inundações e alagamentos em áreas críticas através da elaboração de Mapas de Frequências (identificação de frequência), recomendações de uso e ocupação do solo e elaboração de modelos matemáticos (Equações de Previsão de Cheias) para deflagração de alertas.

2.5 - CIDADE: SOROCABA/ SP | TEMA: RECUPERAÇÃO DE RIOS E CÓRREGOS URBANOS

Sorocaba tem realizado muitas ações integradas nos últimos cinco anos objetivando a requalificação dos espaços públicos urbanos. A revitalização e recuperação do rio Sorocaba e diversos córregos urbanos é um dos mais importantes programas, uma vez que integra várias ações, tais como: coleta e tratamento de esgotos domésticos, recomposição das margens, recuperação da mata ciliar, proteção e recuperação de nascentes, implantação de parques lineares, ciclovias e parques em fundos de vales, produção de mudas de árvores frutíferas e nativas, programas de

ESTADO: SÃO PAULO | REGIÃO SUDESTE

educação ambiental, disposição adequada de resíduos sólidos, entre outras.

Como resultado dessas ações, a paisagem da cidade vem se modificando. Ao mesmo tempo em que a qualidade das águas é recuperada, também são criados espaços de lazer e recreação para a população, que passa a valorizar mais o espaço urbano. Também como consequência, há que se registrar o aumento da biodiversidade desses sistemas.

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Com a volta dos peixes e animais de vida aquática, é comum ver pessoas pescando às margens do rio Sorocaba.

Complementarmente, foi desenvolvido o Programa de Recuperação de Mata Ciliar e Nascentes e a revitalização dos demais córregos urbanos, com o

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plantio de 150 mil mudas de espécies nativas entre 2009 e 2011.

As ações de educação ambiental desenvolvidas pelo município permitem o envolvimento da comunidade nas ações de plantio e revitalização do rio Sorocaba e seus afluentes.

Sorocaba está situada na porção sudoeste do estado de São Paulo, entre as coordenadas 23º21’ e 23º35’ de latitude sul e 47º17’ e 47º36’ de longitude oeste. Possui uma área territorial de 449,12 km² e uma população de 586.625 habitantes (IBGE, 2010), sendo que 98,98% concentram-se na zona urbana, que corresponde a 81,14% da área total do município. Assim, a densidade demográfica é elevada (1.306,2 hab./km²), comparada à do estado (167,9 hab./km² - SEADE, 2011).

É importante destacar que Sorocaba teve, no período de 2000 a 2010, uma taxa de crescimento populacional anual de 1,75%, bem maior que a do estado de São Paulo, que foi de 1,09% (SEADE, 2011). Registre-se também o processo de metropolização e a característica de polo que a cidade desempenha perante a Região Administrativa de Sorocaba. Atualmente, o município está entre as dez maiores economias do estado, decorrente de seu amplo parque industrial e de um forte setor de serviços.

2.5.1 - CONTEXTUALIZAÇÃO

O território é marcado por uma densa e perene malha hídrica composta por mais de duas mil nascentes, dezenas de córregos e alguns rios, destacando-se os rios Sorocaba e Pirajibu por suas maiores vazões. No entanto, esse patrimônio ambiental sofre, ainda hoje, grande pressão do modelo tradicional de desenvolvimento econômico, agrícola, imobiliário e industrial, que causa constante pressão e degradação sobre os recursos naturais da cidade, especialmente os corpos de água e as nascentes.

Diante dessa necessidade de cuidados por parte do poder público na manutenção da adequada qualidade de vida para todos, o governo municipal vem desenvolvendo ações corretivas e preventivas no que tange à gestão ambiental dentro do escopo de atuação local. A política de recuperação de rios e córregos urbanos se caracteriza por ser integradora e capilarizadora da efetivação das políticas ambientais.

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O Serviço Autônomo de Água e Esgoto – SAAE Sorocaba vem realizando nos últimos 20 anos um trabalho intenso de despoluição dos rios e córregos do município, com a implantação dos interceptores das redes coletoras de esgoto nas margens desses cursos d’água, estações elevatórias de esgoto (EEE) e estações de tratamento de esgoto (ETE), trabalho este que o colocou em destaque entres as principais empresas de saneamento do país. O tratamento dos esgotos teve início em 2004, com a inauguração da Estação de Tratamento de Esgotos Sorocaba 1, que atendia a 50% da população urbana.

b) Qualidade de Rios e Córregos Urbanos

c) Revitalização dos Córregos Urbanos

Atualmente o município possui um índice de coleta e afastamento de esgoto de 98% (noventa e oito por cento) e encontram-se em operação as Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) Sorocaba 1, Sorocaba 2, Pitico, Itanguá, Quintais do Imperador e Ipaneminha do Meio. Essas estaçõespossuem capacidade de atendimento a 96% dapopulação urbana, com eficiência média de remoçãode carga orgânica de 90%. Com a operação da ETE Aparecidinha, prevista para dezembro de 2011, o tratamento dos esgotos domésticos atingirá um índice de 100%, etapa fundamental no processo de despoluição dos rios e córregos urbanos.

O tratamento dos esgotos permitiu a recuperação dos teores de oxigênio dissolvido no rio Sorocaba conforme atestam os resultados do monitoramento realizado pela Agência Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB.

Em 2004 as águas desse curso de água apresentavam 1 mg/L O2. Com a entrada em operação da primeira ETE, esses teores de oxigênio dissolvido atingiram a média de 4 mg/L,

e evoluíram para 5 a 6 mg/L à medida que novas estações de tratamento foram instaladas.

O SAAE Sorocaba vem desenvolvendo o Programa Córrego Educador com o objetivo de promover a melhoria da qualidade das águas das sub-bacias do rio Sorocaba, monitorando a eficiência dos trabalhos de despoluição dos córregos e do rio Sorocaba (SAAE, 2011).

Os trabalhos de revitalização dos córregos urbanos envolvem a implantação de coletores de esgoto, galerias de águas pluviais, restauração das margens, limpeza e adequação ambiental (desassoreamento, plantio de gramíneas e árvores nativas, paisagismo e equipamentos de lazer).

Até o presente foram revitalizados 573 hectares com a implantação de áreas verdes e parques urbanos. Os trabalhos de limpeza e desassoreamento realizados pelo SAAE envolvem rotineiramente uma extensão de 53 km ao longo dos córregos urbanos.

2.5.1 - AÇÕES DESENVOLVIDAS

a) Despoluição dos Rios e Córregos Urbanos

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d) Recuperação de Matas Ciliares e Nascentes

e) Produção de Mudas

Como consequência da intensa urbanização, as áreas ciliares sofrem pressões que implicam a sua degradação. O Programa de Recuperação de Matas Ciliares e Nascentes, instituído em 2009, e atualizado em 2010, tem como meta recuperar 100% das matas ciliares e nascentes até 2020, nas áreas urbana e rural (SEMA, 2010).

Para colocar em prática a recuperação das áreas ciliares degradadas, o município de Sorocaba estabeleceu parcerias com Organizações Não Governamentais (ONGs), além de gerenciar projetos próprios. O desenvolvimento dos projetos de recuperação em Áreas de Preservação Permanente Públicas conta com

membros da Cooperativa de Egressos, Familiares de Egressos e Reeducandos de Sorocaba e Região – COOPERESO, sob supervisão de técnicos da Secretaria de Meio Ambiente.

A maior ação de recuperação realizada pela Prefeitura ocorreu com o “Mega Plantio”, evento realizado em dezembro de 2010 numa área de 300.000 m² às margens do rio Sorocaba, que contou com a participação de cerca de 10 mil pessoas, entre grupos, empresas, escolas, organizações, entidades, igrejas, participações individuais e famílias. Na oportunidade, foram plantadas 50 mil mudas, de 80 espécies nativas, em uma hora.

A Prefeitura de Sorocaba possui hoje dois viveiros de mudas nativas, localizados no Horto Municipal e no Parque Municipal Chico Mendes. Ambos mantêm mudas recebidas por doações, compensações ambientais e por aquisição própria, e os estoques médios giram em torno de 15 mil mudas. Essas mudas são utilizadas pela Prefeitura para seus projetos de arborização e recuperação de Áreas de Preservação Permanente, além da manutenção dos estoques com finalidade de doação a munícipes.

Além disso, o município de Sorocaba conta hoje com uma estrutura de produção de mudas de espécies arbóreas com capacidade para produzir mais de 500 mil mudas por ano. Essa estrutura de produção conta com três locais de trabalho. Com a responsabilidade de coletar, beneficiar e germinar sementes de espécies arbóreas nativas e exóticas, a Universidade de Sorocaba (UNISO) participa desse processo, com o fornecimento de plântulas para os dois locais de produção, podendo oferecer 100 milmudas anuais à Prefeitura.

A germinação das plântulas e seu desenvolvimento até a fase de muda para plantio são desenvolvidos nas penitenciárias Dr. Danilo Pinheiro - P1 e Antonio Souza Neto Presídio - P2, ambos com capacidade de produção em torno de 15 mil mudas por mês cada um. Nos presídios, por meio de convênio com a Fundação Professor Manuel Pedro Pimentel de Amparo ao Preso (FUNAP), os detentos trabalham na produção de mudas, recebendo salários e reduzindo suas penas. Este projeto de cunho socioambiental está se desenvolvendo de maneira satisfatória, pois, além dos ganhos sociais, a produção das mudas atinge suas metas, com qualidade suficiente para os plantios realizados pela Prefeitura de Sorocaba e/ou para doação aos munícipes e municípios conveniados.

Rio Sorocaba e áreas derevegetação de sua mata ciliar

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f) Ciclovias

g) Coleta e Destinação de Resíduos Sólidos Urbanos

h) Educação Ambiental

Em 2005, diante de uma política municipal voltada para ações desenvolvidas dentro do conceito de “Cidade Saudável” e “Cidade Educadora”, Sorocaba iniciou os trabalhos para elaboração e criação de um Plano Cicloviário para o município. Lançado oficialmente em setembro de 2006, o Plano Cicloviário de Sorocaba tornou-se uma referência nacional. A meta atualizada do projeto prevê a implantação de uma rede cicloviária de 100 km,

composta por ciclovias e ciclofaixas, até 2012.Atualmente encontram-se implantados cerca de 80 km de ciclovias em importantes artérias do sistema viário municipal. Essas ciclovias desenvolvem-se em grande parte ao longo dos cursos de água, permitindo uma maior integração dos munícipes com os recursos hídricos que cortam a malha urbana, contribuindo para a conscientização ambiental.

Constitui-se em importante medida para a proteção dos recursos hídricos e matas ciliares do município, que produz diariamente cerca de 400 toneladas de resíduos que são dispostos adequadamente em Aterro Sanitário.

A coleta dos resíduos sólidos urbanos abrange 100% da malha urbana e as comunidades rurais com demanda. Para tanto, são disponibilizados

contêineres para todos os domicílios, permitindo a mecanização da coleta. A coleta de resíduos daconstrução civil nas regiões em que ocorria sua deposição inadequada, inclusive nas margens de riose córregos, vem sendo disciplinada pela implantaçãodos “Ecopontos”. Atualmente encontram-se instalados 18 deles, com previsão de expansão. Além disso, promove-se a reciclagem desses resíduos,utilizado na recuperação de estradas rurais.

Desenvolvida no âmbito formal e não formal. Nas escolas realiza-se a capacitação de agentes multiplicadores (professores) e a equipe da Secretaria de Meio Ambiente - SEMA subsidia asações com a temática recursos hídricos em projetos de educação ambiental e eventos/campanhas alusivos ao meio ambiente.

O “Mega Plantio Escolar”, evento setorizado com oobjetivo de mobilizar a comunidade escolar narecuperação das áreas verdes próximas às instituiçõesde ensino, é composto de três etapas: capacitaçãode crianças e professores para o plantio; plantio eacompanhamento e monitoramento das áreas recuperadas. Em 2011, foram plantadas 10.000 mudas de espécies nativas no âmbito desse projeto.

São realizados eventos alusivos ao tema com o objetivo de mobilizar a comunidade local sobre a importância de conservação e recuperação dos recursos hídricos, a exemplo do que ocorre

durante o mês de março (mês da água), quando são realizadas oficinas e distribuição de mudas, exposições educativas, concursos, como o “Retratando o Rio Sorocaba”, palestras e seminários, entre outros.

A Educação Ambiental desenvolvida nos parques por educadores ecológicos apresenta uma gama diversificada de estratégias voltadas para o tema. Essas ações, dirigidas à comunidade, abrangem as diferentes faixas etárias. Dentre as atividades podemos destacar os clubes ecológicos, como o “Clube da Água”, os cursos de férias, como o intitulado “Uma Gota, Um Rio” e visitas monitoradas aos diversos parques abordando a importância da mata ciliar, das nascentes, qualidade da água para manutenção da biodiversidade e da qualidade de vida. Como instrumento de divulgação, a SEMA conta com a parceria da Secretaria de Comunicação e com um site próprio.

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Atualmente, Sorocaba conta com 23 Parques Urbanos, dentre os quais oito são parques ecológicos, isto é, parques com importantes amostras de fauna, flora, recursos hídricos e beleza cênica do município e região. Em 2011 foi criado o Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade, que se constitui como a primeira unidade de conservação da categoria de proteção integral. Este parque contém uma área de 603.000 m², sendo a maior área protegida do município e

i) Parques

que para sua instalação está recebendo os recursos da compensação ambiental da terceira fábrica de veículos da Toyota Motor Company, em fase de instalação no município.

Destaca-se, do período de 2009 a 2011, o grande aumento das áreas protegidas de Sorocaba como o Parque Ecológico, saltando de um índice de 0,35% para 0,75% do território protegido como Parque Ecológico/Unidade de Conservação.

Parque linear construído ao longo do rio Sorocaba

Na região Amazônica, grandes esforços nos últimos anos tem sido voltados para promover a governança ambiental e a contenção do processo de desmatamento da região. Este tem esbarrado ainda na fragilidade técnica e operacional das organizações de base e do poder público municipal. O apoio às iniciativas locais, especialmente aquelas lideradas por grupos de organizações da sociedade civil, os projetos apoiados por agências de cooperação internacional, a captação de recursos junto ao Fundo Amazônia, a maior

presença do estado na região, a maior intervenção das organizações locais em políticas públicas para ordenamento e gestão territorial, abertura e institucionalização de espaços de diálogo com organismos estatais responsáveis por Unidades de Conservação, terras indígenas e projetos de assentamento, trouxeram avanços importantes e abririam espaços preciosos para a cidadania no município de Lábrea, embora se reconheça que ainda haja um enorme caminho a se trilhar e desafios do tamanho da dimensão territorial de

3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

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município a se enfrentar, não sem o somatório de todas as parcerias institucionais envolvidas.

Em outro âmbito, programas ambientais como o de coleta seletiva pautado na inclusão social, adotado no município de Luís Eduardo Magalhães, demonstram que o conjunto de esforços proporciona o fortalecimento das ações pela conquista de melhores condições de vida à comunidade, em prol da preservação ambiental. A coleta seletiva é uma ótima estratégia para evitar os malefícios causados ao meio ambiente, gerados pelo lixo, pois, além de poupar os recursos naturais, reduz a saturação dos aterros sanitários, proporciona ganhos com a venda dos produtos recicláveis e promove a geração de empregos. A doação do material reciclável serve de estímulo para a população se identificar como responsável quanto ao uso e a destinação dos materiais recicláveis, contribuindo para a mudança de postura. A implantação da associação de catadores deixa o poder público municipal em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Em relação ao programa de recuperação e revitalização dos corpos hídricos urbanos, Sorocaba demonstrou que um programa bem executado e com comprometimento político, qualidade técnica e envolvimento da população pode ter grande impacto e efetividade. Destaca-se, neste sentido, que poucas cidades deste porte possuem hoje um programa similar no Brasil. Como resultados visíveis, registram-se o aumento da biodiversidade nos sistemas aquáticos e em sua área florestal, a volta dos peixes e animais de vida aquática. Além disso, a paisagem da cidade vem se modificando e, ao mesmo tempo em que a qualidade das águas é recuperada, espaços de lazer e de recreação são implementados, requalificando o espaço urbano e contribuindo sobremaneira para a melhoria da qualidade de vida na cidade.

Como conclusão geral, a ANAMMA destaca o papel dos atores locais e dos municípios na condução das políticas e programas de conservação e recuperação do Meio Ambiente, sendo estas o locus

não apenas dos principais problemas ambientais e conflitos sociopolíticos, mas de onde surgem grandes soluções e programas-modelo no caminho da sustentabilidade.

Deste modo, a participação da sociedade civil conjuntamente com o governo municipal garante uma continuidade de ações planejadas e necessárias ao alcance dos objetivos das políticas públicas requeridas. O gerenciamento dos grandes desafios ambientais do país necessita de soluções complexas e sistêmicas de todos os responsáveis, passando por mudanças comportamentais. Assim, para que as políticas públicas relativas às questões socioambientais sejam efetivas, especialmente quando se busca a sustentabilidade, é preciso que os agentes públicos se inter-relacionem com a comunidade, trabalhando com uma educação socioambiental que subsidie os caminhos para a transformação por meio da sensibilização individual e coletiva, com efeito multiplicador, capacitando a sociedade a participar de forma crítica e efetiva do planejamento das políticas públicas municipais, discutindo quais são suas reais necessidades e conhecendo a legislação, bem como os programas públicos e privados relacionados à manutenção da qualidade ambiental, percebendo as inter-relações dos fatores socioeconômicos, políticos e culturais nos níveis local, regional, nacional e transnacional que interferem na qualidade de vida local.

Diante deste relato, espera-se que tanto os técnicos e gestores, bem como conselheiros e público em geral compreendam que para o alcance de uma boa governança ambiental na promoção de ações que resultem não só na mitigação dos impactos gerados, mas, especialmente, na prevenção de desastres naturais e no planejamento e implementação de políticas públicas necessárias ao desenvolvimento sustentável de nossas cidades, torna-se imprescindível o trabalho integrado entre as várias secretarias do poder executivo municipal e demais órgãos interessados, o envolvimento dos conselheiros e do poder legislativo e a efetiva participação social.

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4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES AGROEXTRATIVISTAS DA ASSEMBLEIA DE DEUS DO RIO ITUXI (2011). Memorial da luta pela reserva extrativista do Ituxi em Lábrea: registro da mobilização social, organização comunitária e conquista da cidadania na Amazônia. Org. Josinaldo Aleixo [Brasília] : Instituto Internacional de Educação do Brasil; [Lábrea] : Associação APADRIT. 82p.

BRASIL.Coletânea de Legislação Ambiental: Constituição Federal e Lei Federal nº 6.938/81 - Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama). Organização Odete Medauar. 8ª ed.rev., ampl. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.

FRANCO, M.H.M. (2011) Novas Configurações Territoriais no Purus Indígena e Extrativista, in MENDES, G. Álbum Purus, Manaus AM. pp.153-166.

MATHEWS, Mason (2009). Social Economics Change in the Transition from Patron-client to Social Movemensts Networks in Brasilian Amazonian. In. ALMEIDA, A.W.B. (Org.). Conflitos Sociais no Complexo Madeira. Manaus: UEA Edições. p. 249-272.

MENEZES, T. (2009) Expansão da Fronteira Agropecuária e Mobilização dos Povos Tradicionais no Sul do Amazonas. In: ALMEIDA, ALfredo Wagner B. de; (Org.). Conflitos sociais no complexo madeira. Manaus: UEA Edições, p. 231-246. ______, (2011) Dois destinos para o Purus: desenvolvimentismo, socioambientalismo e emergência dos povos tradicionais no Sul do Amazonas. In MENDES, G (org). Álbum Purus. Manaus: EDUA, .131-152.

PERNAMBUCO. Marta Maria e GOUVEA DA SILVA. Antonio Fernando. Paulo Freire: a educação e a transformação do mundo. In: CARVALHO, Isabel Cristina Moura de; et al (org.). Pensar o Ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, UNESCO, 2006.

Prefeitura de Sorocaba. Serviço Autônomo de Água e Esgoto. Programa Córrego Educador. São Paulo, 2011.

Prefeitura de Sorocaba. Secretaria do Meio Ambiente. Programa de Recuperação de Mata Ciliar e Nascentes de Sorocaba. São Paulo, 2010.

REVISTA NOSSA. O futuro já chegou. Por Priscilla M. Pereira. Santa Catarina. Edição 135. Ano 11, abril/2010.

TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela do (Orgs). Desastres naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, 2009.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Cidades@. Brasília, 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 12 set. 2011.

São Paulo. FUNDAÇÃO ESTADUAL SISTEMA DE ANÁLISE DE DADOS – SEADE. Perfil Municipal. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfilMunEstado.php>. Acesso em: 15 set 2011._________Lei Federal Nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, dispõe sobre o Regime de Concessão e Permissão da Prestação de Serviços Públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências. Disponível no endereço eletrônico: http://www.planalto.gov.br/legislação/

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____________ Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível no endereço eletrônico: http://www.planalto.gov.br/legislação/

____________ Lei Federal Nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, institui normas gerais para licitação e contratação de Parceria Público-Privada no âmbito da administração pública. Disponível no endereço eletrônico: http://www.planalto.gov.br/legislação/

____________ Lei Federal Nº 11.107, de 06 de abril de 2005, dispõe sobre normas gerais de contratação de Consórcios Públicos e dá outras providências, e o Decreto regulamentador Nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007. Disponível no endereço eletrônico:http://www.planalto.gov.br/legislação/

____________ Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível no endereço eletrônico: http://www.planalto.gov.br/legislação/

____________ Lei Federal Nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, institui normas gerais para licitação e contratação de Parceria Público-Privada no âmbito da administração pública. Disponível no endereço eletrônico: http://www.planalto.gov.br/legislação/

____________ Lei Federal Nº 11.107, de 06 de abril de 2005, dispõe sobre normas gerais de contratação de Consórcios Públicos e dá outras providências, e o Decreto regulamentador Nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007. Disponível no endereço eletrônico: http://www.planalto.gov.br/legislação/

____________Lei Federal Nº 11.445, de 01 de janeiro de 2007, Política Nacional de Saneamento Básico, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências; e o Decreto regulamentador Nº 7.217, de 21 de junho de 2010. Disponível no endereço eletrônico: http://www.planalto.gov.br/legislação/

____________Lei Federal Nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências; e o Decreto regulamentador Nº 6.660, de 21 de novembro de 2008. Disponível no endereço eletrônico: http://www.planalto.gov.br/legislação/

CONAMA. Resolução Nº 358, de 29 de abril de 2005, dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências, revoga as disposições das Resoluções Nº 5/93 e Nº 283/01. Disponível no endereço eletrônico: http://www.mma.gov.br/conama/

IBGE - Capturado em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1, 26/01/2011.

JARAGUÁ DO SUL. Lei Municipal Nº 4.302, de 16 de junho de 2006, institui o Sistema para a Gestão Sustentável de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos no Município de Jaraguá do Sul e dá outras providências. Disponível no endereço eletrônico: http://www.leismunicipais.com.br

5 - SAIBA MAIS: Site ANAMMA: www.anamma.com.br

Site CONAMA: www.mma.gov.br/conama

Site IBGE: www.ibge.gov.br/cidadesat

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Cristiane Casini é advogada, bacharel em direito pela Universidade Regional de Blumenau (Furb), especializanda em Democracia e Participação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Servidora pública do município de Jaraguá do Sul desde 2003, começou a atuar como Coordenadora Jurídica Ambiental da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama) no ano de 2005. Desde 2009 exerce a função de Secretária de Assuntos Jurídicos da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma), além de ser conselheira titular e membro das Câmaras Técnicas de Assuntos Jurídicos dos Conselhos de Meio Ambiente nas três esferas de governo (Comdema, Consema e Conama).

Fabíola Maria Gonçalves Ribeiro, graduada em Engenharia Química (1978) e Engenharia Sanitária (1981) pela Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, Brasil. Foi funcionária da Agência Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, (1991 a 2008), e atualmente atua na Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura de Sorocaba como Gestora de Desenvolvimento Ambiental, em projetos/programas/planos de resíduos sólidos, recursos hídricos, áreas contaminadas, entre outros.

Fernanda Aguiar é bacharel em Direito, especialista em Educação Ambiental e em Gerenciamento de Recursos Hídricos. Exerce a função de Secretária Municipal de Meio Ambiente de Luís Eduardo Magalhães desde 2009 e é Presidente da representação no Estado da Bahia da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma/BA).

Jussara de Lima Carvalho é engenheira química pela Universidade Federal de São Carlos (SP, 1982), mestra em Saneamento e Hidráulica pela EESC

6 - SOBRE OS AUTORES

-USP e doutoranda em Governança da Água no estado de São Paulo, pelo Programa de Ciência Ambiental da USP. Trabalhou na gestão de recursos hídricos como Secretária Executiva do Comitê de Bacias Hidrográficas dos rios Sorocaba e Médio Tietê de 1997 a 2007 e, desde 2009, exerce a função de Secretária de Meio Ambiente do município de Sorocaba.

Luciara Vidal Mota é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (BH, 2003) e mestranda em Análise e Crítica de Arte pela Universidade Federal Fluminense. Possui formação complementar em Responsabilidade Socioambiental pela Fundação Getúlio Vargas (RJ, 2010) e em Cultura Espanhola/ Organização Política da União Européia pela Universidad de La Rioja (Espanha, 2007). Atuou de 2000 a 2006 em Educação Ambiental, com a coordenação de projetos e criação de produtos audiovisuais voltados à temática ambiental. Atualmente trabalha na ANAMMA, como coordenadora de comunicação.

Marcelo Horta Messias Franco é sociólogo pela Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte, 2004), com especialização em Indigenismo pela Universidade Positivo/Opan (Curitiba, 2010), e mestrando pela Universidade de Santiago de Compostela (USC) no curso “Planificação e estratégias territoriais na sociedade de informação: oportunidades de desenvolvimento em um mundo globalizado”. Residente na cidade de Lábrea, Amazonas, há 6 anos, quando veio trabalhar pelo ONG OPAN – Operação Amazônia Nativa. Atualmente trabalha no Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB, onde atua pelo Programa Sul do Amazonas.

54 www.anamma.com.br

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FRANCO, L. ; SORAGGI, L. ; BUARQUE, M. .... [et al.]. Rio+20:

Anamma e o futuro que queremos. Rio de Janeiro: Associação

Nacional dos Órgãos Municipais de Meio Ambiente, 2012.

LINKS ÚTEIS:

www.anamma.com.br (site ANAMMA )

www.abema.org.br (site ABEMA)

www.c40cities.org (site C40, com ações e metas apresentadas na Rio+20)

hotsite.mma.gov.br/rio20 (hotsite MMA, com informações sobre o legado da Rio+20)

http://www.uncsd2012.org/ (site ofical da Rio+20 - ONU)

Editores Colaboradores: Cristiane Casini, Edmilson Costa, Eduardo

Jorge Sobrinho, Fabíola Ribeiro, Fernanda Aguiar, Fernando Guida,

Jussara Carvalho, Letícia Barroso, Luis Carlos Mestrinho, Luiz Soraggi,

Marcelo Dutra, Marcelo Franco, Mauro Buarque, Rogério Rodrigues,

Sueli Tonini, Valtemir Goldmeier

Coordenadora de Comunicação:

Luciara Franco

Assessoria de Comunicação e Revisão Técnica:

Angélica Motta

Assessoria Executiva:

Ana Carolina Almeida

Design Gráfico:

Sacha Santana

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