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Aula 01 28.01.2013

Assistente de turma: Helena ( [email protected] )

Bibliografia: Teoria da argumentao jurdica (Cludia S. Monteiro).

A argumentao nas decises judiciais (Paulo Mendona).

OCW FGV colocar no google.

Curso prtico de argumentao jurdica (F. Asensi).

As razes do direito: teorias da argumentao jurdica (Atienza).

tica e direito (Perlmann).

Tema da aula: Tomada de deciso e aspectos psicolingusticos. No decorrer da aula vamos falar sobre a busca da certeza, a racionalidade humana, a realidade como uma estrutura aberta, o dilogo com a realidade e no final elaboraremos um trabalho em grupo.

Objetivo da aula: Desenvolver uma atitude crtica voltada a comunicao com a complexidade do real para garantir melhor qualidade nas decises.

Hoje iremos trabalhar basicamente com fatos, para todos vocs tenham uma noo melhor de como as partes e os advogados esto trazendo a realidade para vocs.

exatamente com base nessa premissa que iremos voltar nossos olhos para a Teoria tridimensional dinmica (Teoria Tridimensional do Direito), de Miguel Reale. Segundo a referida teoria, o direito corresponde as ntimas relaes de implicao entre as dimenses tico-axiolgicas da norma, do valor e do fato.

Na nossa exposio ficaremos restritos a anlise do fato. No mdulo nmero dois o professor analisar o campo da tica.

Partindo da premissa de que as pessoas no conhecem todas as hipteses de realidades possveis, pergunta-se: como poder o juiz decidir com correo a respeito de fatos que nunca vivenciou? Digamos que Fulano seja juiz e que ele nunca tenha passado fome. Nesse contexto, como esperar que esse profissional profira uma deciso correta a respeito de uma pessoa que tenha furtado um pacote de biscoito para se alimentar?

Essa s uma ideia, onde a questo principal : como decidir a respeito das realidades que no conhecemos?

As teorias de aprendizagem vo nos dizer o seguinte: ns no precisamos vivenciar as experincias para poder aprend-las, ns apenas temos que conhec-las. O juiz tem que saber que ele faz parte de um grupo e que existem diversas outras realidades que ele no domina e que, por conta disso, ele vai precisar dialogar com outras reas do saber para poder chegar o mais prximo da justia. justamente por isso que ns estamos falando de fatos.

Fazendo um paralelo entre a Teoria tridimensional dinmica de Reale e a questo da psicologia organizacional para analisar o aspecto da competncia do juiz, podemos dizer que essa competncia corresponde a um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes colocadas a servio do sujeito para atingir algum resultado.

Os conhecimentos (o saber) estariam relacionados as normas; as atitudes vamos ver quando tratarmos do aspecto valorativo (tico) e as habilidades esto relacionadas ao poder fazer.

A vontade poltica, por exemplo, est no universo das atitudes.

Mas como obter habilidades para captar o que real? Para eu conversar com a sociedade que est a minha volta? Como eu posso saber o que est vivenciando um criana na disputa por sua guarda?

A psicologia e a linguagem vem dizendo que ns construmos o mundo por meio da linguagem. Desde pequeno construmos o nosso mundo psquico atravs da linguagem. Como eu sei que isso uma mesa? Sei que isso uma mesa sozinha? Embora o termo mesa seja uma conveno, todos ns estamos vendo que isso uma mesa. Perceba que todos ns construmos a realidade objetivamente, de forma com que o que objetivo est partindo de uma relao de intersubjetividade.

Ou seja, tudo isso nos ajuda a criar smbolos (signos convencionais) para que a nossa realidade possa ser representada e transmitida atravs da linguagem (comunicao humana).

Portanto, o trabalho dos juzes tomar uma determinada deciso. Mas o que eles vo precisar? Vo necessitar do pensamento e da percepo.

Ocorre que tanto a percepo quanto o pensamento so construdos pela linguagem e no s pelo conhecimento.

Assim, por mais que o juiz tenha um conhecimento jurdico, a forma como ele percebe o mundo, a forma como ele o interpreta o mundo em que vive foi construda atravs da experincia.

Diante de tantos pontos de vista (discursos) apresentados como chegar ao mais justo? Essa discusso do que certo e errado, do que lcito e ilcito sempre perseguiu o direito.

Se ns construmos o mundo atravs da linguagem ser que o nosso pensamento consegue captar tudo o que est a nossa volta? Pela apresentao de slides se consegue perceber que as imagens podem causar dubiedade. Uns veem melhor uma realidade, outras pessoas outra. E isso ocorre nas situaes da vida tambm.

Conforme trabalhamos nossa viso ns vamos obtendo um feeling que nos permite conhecer a realidade sem vivenci-la.

O fato de nossos sentidos (nossa percepo) nos enganar fez com que DESCARTES abolisse a percepo e dissesse que vale aquilo que ns pensamos e no aquilo que estamos vendo ou sentido.

"Havia bastante tempo observara que, no que concerne aos costumes, s vezes preciso seguir opinies, que sabemos serem muito duvidosas, como se no admitissem dvidas, conforme j foi dito acima; porm, por desejar ento dedicar-me apenas pesquisa da verdade, achei que deveria agir exatamente ao contrrio, e rejeitar como totalmente falso tudo aquilo em que pudesse supor a menor dvida, com o intuito de ver se, depois disso, no restaria algo em meu crdito que fosse completamente incontestvel. Ao considerar que os nossos sentidos s vezes nos enganam, quis presumir que no exista nada que fosse tal como eles nos fazem imaginar" (Descartes, R. Discurso do Mtodo, in Descartes, Vida e Obra. So Paulo: Nota Cultural Ltda, 1999. p. 61).

Ento, se nossos sentidos nos enganam devemos aboli-los. Ou seja, Descartes abriu mo dos nossos sentidos e a passou a valer somente os nossos pensamentos. A surgiu a famosa frase de Descartes: penso, logo existo (paradigma cartesiano; racionalismo vale o que eu penso ; o que a lgica matemtica diz o que o certo).

Ocorre que ns estamos vivenciando isso at os dias de hoje. As cincias exatas tinham como fundamento esse racionalismo. Por isso a metodologia cientfica. Eu tenho que fazer o experimento vrias vezes para poder consider-lo cientfico. Isso no surgiu na nossa histria humana de graa. Ns vivemos no imprio da religio por muitos anos e aps esse perodo a cincia acabou por tomar o seu lugar. Assim, s o que a cincia falasse era verdadeiro. O que ela no estudasse no era. Tudo isso ocorreu em razo do momento histrico que exigia a afirmao de uma cincia.

Problema que foi adotada a mesma lgica formal das cincias exatas nas cincias humanas. Mas ser que a lgica formal da pra ser utilizada nas cincias humanas? Ex: todo homem mortal. Scrates homem. Logo Scrates mortal.

Mas ser que o juiz quando aplica a lei ele chega apenas a essa concluso. Ele trabalha com a lgica ao aplicar a lei. Mas ser que o juiz faz apenas isso, ser que ele apenas a boca da lei? Ser que no existe uma coisa a mais no ser humano, no juiz, para proferir a sentena? O positivismo jurdico est trabalhado nessa lgica.

Com o passar do tempo passou-se a questionar essa ideia e a prpria racionalidade humana. Ser que no existe uma limitao na racionalidade humana? Estamos questionando a razo.

Mesmo que durante muitos anos ns tenhamos estudado o sujeito e o objeto como coisas separadas, a experincia humana nos mostrou que existe uma interao entre ambos. No h um s sujeito pensando sobre o objeto e no h um s objeto. Tudo na natureza se comunica, se dialoga. Ns no podemos ficar na posio de neutralidade. Tudo isso comeou a ser questionado.

Esse paradigma cartesiano nos fez enxergar o ser humano como mquinas.

Como a gente comeou a perceber que em termos tecnolgicos ns evolumos muito, mas em termos ticos ns estvamos nos perdendo.

Comeou-se a perceber que a realidade, o pensamento e a linguagem so inseparveis. No h como se manter neutro. Ao fazer uma observao eu j estou me posicionando de determinada forma a respeito daquilo que eu estou vendo. H uma interao com tudo que est em nossa volta.

...a realidade, o pensamento e a linguagem so inseparveis, suscitam uns aos outros e interpretam-se uns aos outros. Marilena Chau (Convite Filosofia)

Nesse racionalismo passamos a trabalhar com a lgica, em seus aspectos instrumental, formal e normativa.

Lgica Instrumental instrumento para pensar corretamente e verificar a correo do que est sendo pensado. Mas em temos humanos como falar em correo do que est sendo pensado? Durante muitos anos, os judeus e os ciganos, por exemplo, no foram vistos como um grupo, podendo, portanto, serem descartados. Perceba que esse pensamento pode nos levar a grandes barbaridades.

Lgica Formal no se ocupa com os contedos, mas com a forma geral dos pensamentos.

Lgica Normativa fornece os princpios, leis, regras e normas que todo pensamento deve seguir, se quiser ser verdadeiro. Mas a precisamos de um contedo tico.

Ou seja, o que comeamos a questionar foi a forma como ns pensamos a respeito dessa racionalidade. Nas cincias exatas temos isso. Temos o objetivo de dominar a natureza - de dominar o objeto (Razo instrumental). A o que a grande guerra nos mostrou? Mostrou que essa neutralidade nas cincias humanas no possvel. Voc pode tentar ser imparcial, mas mesmo essa imparcialidade ser sempre questionada. No h como estar totalmente neutro. O ser humano tem sentimentos, ele no uma mquina.

Por isso prega-se que a frase de Descartes seja mudada para: Existo e sinto, logo penso. A neutralidade do ser humano no existe sozinha, ela no est dissecada da histria pessoal e social.

Velho Paradigma: As cincias exatas e naturais, por meio do seu prestgio, impuseram s cincias humanas a sua lgica, deixando de considerar o carter histrico da prpria razo.

O fortalecimento do velho paradigma promoveu a transformao do sujeito, que passou de dominador para ser dominado. Passamos a ser dominado por esse velho paradigma, por essa nova forma de pensar. A consequencia desse movimento foi o enfraquecimento de nossa viso crtica.

Todos os questionamentos que surgiram sobre tica a partir da segunda grande guerra surgiram com o objetivo de mudar a forma como o ser humano estava enxergando o mundo e as instituies sociais. Comeou-se a ser questionado o papel das cincias e o papel do Estado.

A lgica que usvamos nas cincias humanas era identificada com a lgica formal. Agora eu pergunto: j que ns estamos saindo da lgica formal, existiria uma lgica jurdica?

O que se questiona a dissociao do processo do pensar do processo do sentir. Ex: a 2 guerra deixou muitas marcas em cima desse raciocnio, pois algumas experincias com seres humanos foram feitas sem levar em considerao a sua vontade.

Por que relembrar o Tribunal de Nuremberg? As atrocidades cometidas contra ciganos, judeus, poloneses e russos no foram enquadradas no instrumento legal que obrigava a utilizao do Consentimento Informado. Como no havia uma proibio entendia-se que o que se estava fazendo era lcito. O problema que esse silogismo deixava a reflexo tica de lado.

Diante desse contexto pergunta-se: Quantas vezes mesmo os que defendem a vida humana no fazem de maneira to dogmtica e intransigente que acabam por tratar os outros homens apenas como coisas? Isso ns vemos at hoje. Quando ns dissociamos o pensar do sentir ns adoecemos.

Na hora de tomarmos uma deciso, no podemos dissociar o pensar do sentir. Naturalmente os juzes so levados ao isolamento (tem elevador privativo, almoa em local especfico, tem gabinete reservado e separado dos demais servidores). Esse isolamento, s vezes, os levam a se desconectar da realidade.

Ora se para decidir a respeito da realidade das pessoas eu devo dialogar com as vrias realidades, mas se ao mesmo tempo eu sou levado ao isolamento, o que eu devo fazer para no cair nesse isolamento mental? Como continuar a se comunicar sem desconhecer a realidade? A grande proposta desse mdulo justamente essa, como fazer para que vocs no se percam como juzes?

Ou seja, ns seres humanos utilizamos a lgica, ns utilizamos a nossa percepo, mesmo que ela nos enganem. Ela contribui muito para a nossa forma de pensar. Ocorre que para ns a lgica diferente daquela utilizada pelo computador. O ser humano capaz de utilizar o pensamento para criar formas diferentes para solucionar casos ainda no pensados e isso no ocorre com a lgica do computador.

KASPAROV: A desvantagem do homem em relao mquina que o computador psicologicamente preciso, perfeito. No tem instabilidade, mau humor, irritao, dor de cabea. J a vantagem do homem sobre o computador a flexibilidade (isso vem da nossa humanidade). O computador nasce programado para olhar o jogo de determinado jeito, com uma estratgia preestabelecida, amarrada. E no muda. Eu, no. Tenho a habilidade de refazer a estratgia, trocar minhas prioridades. A mquina movida pela lgica do clculo perfeito (essa a lgica formal). O homem tem o poder de fazer julgamentos (ele no tira simplesmente concluses). Tenho certeza de que o melhor homem, no seu melhor dia, ainda bate a eficincia da mquina -- e vai ser assim durante muito tempo." (Kasparov. Entrevista, Revista Veja, ano 37, n 34, de 25/8/2004).

Ou seja, estamos o tempo todo falando da realidade como uma estrutura aberta. Mas como estar aberto as vrias formas de realidade? Como transcender a esse isolamento da prpria estrutura e entrar em sintonia com a realidade? Como que o juiz pode fazer para sentir as necessidades das partes e proferir a deciso mais justa e equnime para aquele caso que lhe apresentado?

O juiz deve, portanto, perceber a realidade como construo ancorada na linguagem.

A linguagem um fenmeno que funciona como um processo intersubjetivo, pragmtico e ideolgico e que se manifesta eminentemente como prtica social. O processo de construo de sentido social e a relao com a linguagem

(Iran Ferreira Melo)

... tanto o mito do objetivismo como o do subjetivismo ignoram o modo como compreendemos o mundo por meio de nossa interao com ele. LAKOFF, George; JOHNSON, Mark. [1980] Metforas da vida cotidiana. Traduo de Mara Sophia Zanotto.

Campinas: Mercado de Letras; So Paulo: Educ., 2002.

A forma de pensar dialeticamente foi muito trabalhada no mundo do direito . A partir de ento surgiram diversas teorias, como o pluralismo jurdico, a teoria crtica do direito. Tudo isso foi uma forma que os estudiosos encontraram para explicar os fenmenos sociais dentro do mundo do direito.

Sabemos que... raciocinar dialeticamente tratar do controvertido, dos argumentos de persuaso que nos ajudaro a obter a adeso do auditrio. Ou seja, a forma de pensar dialtica comeou a ser muito discutida. A partir de ento comeou-se a surgir inmeras correntes de pensamento.

Mas como ficou a racionalidade aps essas transformaes? Comeou-se a perceber que a verdade deveria advir de um consenso entre os sujeitos.

Nova forma de se pensar sobre a razo: a verdade passou a ser resultado de um dilogo, de um consenso social. A nova razo brota dessa intersubjetividade do cotidiano. preciso viver de forma horizontal, desmontando os paradigmas organizacionais da estrutura do judicirio.

Relao do pensamento com o afeto. Se ns ficssemos somente com o pensamento (como queria Descartes) ns vamos ficar no nvel da abstrao. Vamos estar preocupados com a formalidade. Assim iremos nos distanciar dos valores sociais, da tica. Se eu s ficar com o que eu penso eu vou achar que o mundo tal qual como eu penso. A cada vez que eu converso com as pessoas eu vou estar refrigerando os meus conceitos.

Ex: a partir do momento em que eu tenho amigos e familiares policiais eu passo a mudar o meu conceito de polcia. Digo isso porque os noticirios, frequentemente, demonstram que os policiais so corruptos, violentos e etc. Mas ser que todos os policiais so assim? Ser que toda a instituio prega essa atitude?

Ou seja, ns devemos conhecer os dois lados. Devemos estar atentos para todas as realidades. No podemos ficar presos aos nossos pensamentos. Devemos questionar a respeito do que estamos vendo. A realidade pode no ser o que estamos imaginando. O ideal que no cair na abstrao e interagir com o social para melhor decidir.

4) DILOGO COM A REALIDADE:

Como que podemos dialogar melhor com a realidade?

Nesse ponto iremos analisar o pensamento de Habermas, que foi um estudioso da segunda gerao da Escola de Frankfurt. Habermas foi aluno de Adorno e tornou-se seu assistente em 1956. Ensinou Filosofia primeiro em Heidelberg e depois tornou-se professor de Filosofia e de Sociologia na Universidade de Frankfurt. Em 1972, mudou-se para o Instituto Max-Planck, em Starnberg, mas, em meados de 1980, retornou para seu posto de professor em Frankfurt. Habermas foi o criador da Teoria da ao comunicativa, de significativa influncia no mundo do direito.

possvel perceber que Habermas reiteradamente defende a relevncia da comunicao na sociedade ao acastelar que o cerne da justia e, ao mesmo tempo, da democracia, depende, precipuamente, da comunicao. Situao antagnica se veria esmerar em um regime arbitrrio. Por Clayton Ritnel Nogueira - DireitoNet

A Teoria Discursiva de Habermas, aplicada Filosofia Jurdica, considerada a favor da Democracia e da Cidadania, pois coloca a possibilidade de resoluo dos conflitos no consenso de todos os concernidos. Aqui podemos ver a adeso ao auditrio, que mais tarde ser objeto de anlise de Perllman.

Perceba que quando ns comeamos a falar do dilogo isso tem todo um peso em cima da argumentao da fundamentao. procura-se explicar, fundamentar o porque de ter decidido algo de uma determinada forma.

Conjunto heterogneo de correntes da Filosofia do Direito que reaproxima o Direito da Moral e da Poltica, sem abandonar, completamente, a construo cientfica do Positivismo Jurdico, revaloriza a fundamentao racional de princpios de moralidade e justia. Caracteriza-se, ainda, pela reabilitao dos valores na interpretao jurdica e da argumentao pelo desenvolvimento de uma teoria dos direitos fundamentais.

...a superao da letra da lei como fonte exclusiva do conhecimento jurdico foi adotada como estratgia privilegiada ps-positivista e a argumentao jurdica foi adotada como estratgia de trnsito no mundo do Direito.

No que vamos deixar de utilizar as leis. Dentro do universo jurdico vamos ter uma preocupao com a argumentao. Essa a ideia ps-positivista. Passou-se a ter uma preocupao com as questes ticas em virtude, por exemplo, da barbrie causada pela segunda guerra, que legitimou sua atuao pela aplicao da letra fria da lei. isso foi o que Perelman passou a chamar de adeso ao auditrio.

Teoria da argumentao (Perelman): Construo sistemtica e rigorosa das ideias, que depende da anuncia do auditrio, estando intimamente ligada questo do assentimento.

Chaim Perelman (tica e Direito): A lgica jurdica o conjunto de tcnicas de raciocnio que permitem ao julgador conciliar, ..., o respeito ao direito e a aceitabilidade da soluo encontrada...

Quando falamos que a cincia e a sociedade vem passando por uma mudana de paradigma devemos ter em mente que o direito tambm est mudando.

DOUTRINA BRASILEIRA DA EFETIVIDADE: Corrente doutrinria capitaneada por Luis Roberto Barroso, a partir de trs mudanas de paradigma na prtica do Direito Constituicional:

-jurdica compreenso da norma constitucional como norma jurdica e reconhecimento de sua aplicabilidade plena e imediata;

-cientfica identificao de um Direito Constitucional autnomo em relao poltica e sociologia;

-institucional ascenso do Poder Judicirio, atribuindo-lhe papel de destaque na concretizao de valores e direitos fundamentais. (F. Asensi)

Anlise da doutrina brasileira da efetividade: partindo do pressuposto de que o direito existe para se realizar, a ideia de efetividade significa o desenvolvimento concreto da funo social do direito. Quando o juiz profere sentena ele no mexe somente com a vida das partes, mas com a vida da sociedade. O peso da palavra judicial maior.

Portanto, a ideia de Efetividade busca pensar o desenvolvimento dos direitos na prtica, de modo a superar a perspectiva formalista que se traduz na mera eficcia jurdica e conferir relevo ao papel da argumentao. (F. Asensi)

F. Asensi nos prope 3 elementos fundamentais (teoria da ao comunicativa)

O reconhecimento do outro como legtimo.

O reconhecimento de cada um como insuficiente ningum to ignorante que no tenha algo a ensinar e ningum to inteligente que no tenha algo a aprender.

O pressuposto de que o sentido de uma situao construdo pelo conjunto dos saberes (cincias) presentes.

A arte da conversa no homogeneizar os sentidos, fazendo desaparecer as divergncias, mas fazer emergir o sentido no ponto de convergncia das diversidades.

Isso pode ajudar a compreender e construir outras formas de soluo de conflitos que no gerem uma ciso entre os sujeitos (formas de autocomposio), mas, pelo contrrio, uma convergncia de objetivos, interesses e perspectivas distintas. (F. Asensi)

Cludia S. Monteiro item IV retrata a passagem do perodo positivista para o perodo ps-positivista, com a indicao da evoluo do pensamento humano, que deixou de ser abstrato e formal (legalista radical), para tornar-se subjetivo e ser precipuamente social. Nesse processo a argumentao ganhou papel de destaque, rompendo com o arcaico paradigma de que a verdadeira justia estava relacionada a interpretao da letra fria da lei. Surge uma nova forma de pensar a razo: a justia passa a ser resultado de um dilogo entre as reas do saber, atravs da interpretao de diferentes realidades e observao dos efeitos a serem produzidos pelo ato decisrio emanado pelo rgo judicial.

Aula 02 29.01.2013

Aula 03 30.01.2013

Prof.: Flvia Fernandes

e-mail.: [email protected]

Bibliografia recomendada: Portugus jurdico (Regina Damio).

Tema: TPICO-FRASAL est relacionado com os textos produzidos pelo juiz no desempenho de suas funes. No exerccio da atividade jurisdicional o juiz ir trabalhar com a argumentao. A sentena preparada nos moldes do texto argumentativo dissertativo.

Mas quais so as caractersticas desse texto? Primeiro ele pleno de argumentos. Inicialmente h uma tese, que defendida tanto pelo autor quanto pelo ru. Contrariamente a essa tese eu tenho uma anttese, que pela dico da palavra percebe-se que ela diametralmente oposta. Na sentena o juiz ir fazer a anlise dessas duas teses atravs da tcnica de enquadramento. Pelo enquadramento o juiz vai pegar uma dessas teses e vai explicar onde est a positividade ou a negatividade dela e vai concluir por uma delas (sntese). Isso ser a sua posio pelos argumentos apresentados por A ou por B. fato que para se posicionar por uma delas voc deve demonstrar os problemas da tese contrria. Quando voc resgata uma das posies voc tem que repetir ela no texto. Essa operao chamada de enquadramento. Cuidado!!! preciso que voc escreva algo que est na tese contrria. Para acolher uma das teses voc ter que contrapor os argumentos da tese contrria e se posicionar a favor da tese escolhida. (isso vai cair na prova)

Ex: Joo gosta de chuva porque ela refresca a cidade. Ana no gosta de chuva porque ela alaga as ruas da cidade. Quem ser que tem razo? Vamos supor que a tese de Joo seja a correta. Sendo assim, a deciso judicial dever aplicar a tcnica do enquadramento: apesar da chuva provocar alagamento na cidade (tese 2), quando chove o clima da cidade fica mais ameno (tese 1).

Perceba que quando eu resgato o problema da tese contrria por meio do enquadramento eu devo emitir a opinio final. Entrando um pouco na aula do prof. Leonardo, que vai analisar a argumentao nos moldes da lei complementar 95, podemos dizer que essa escolha judicial por uma das teses representa o argumento. Assim, no enquadramento acima analisado, a concluso judicial seria: Logo a chuva no ruim para a populao.

Perceba que quando eu verbalizo o meu raciocnio (o que penso) eu estou no campo da argumentao. A argumentao , portanto, a verbalizao do raciocnio.

O que voc faz no psiquiatra, no psiclogo? Voc s fala. E isso assim porque por meio da verbalizao que se consegue chegar ao raciocnio. Ou seja, profissional ir descobrir como a pessoa para poder demonstrar o seu raciocnio.

Falcia o vcio da argumentao. Se eu tenho a argumentao (se eu verbalizei o meu raciocnio), se eu mostrei para as pessoas como eu penso, na falcia esse raciocnio falso. Eu mostro para as pessoas o que eu no penso. Eu falo por falar. Eu argumento sobre o nada. Uma das facetas dessa falcia a petio de princpios, quando o incio e o fim se interligam (exemplo: o que no pode ser o que no ; a mulher deprimida porque o marido atrai o marido a trai porque ela deprimida).

Falcia de primeira impresso voc mostra com a tcnica da argumentao que a primeira impresso que fica. Mas a se a argumentao for falaciosa voc se engana com a pessoa. Voc diz: Fulano parece ser muito bacana. Agora, aquele que j conhece diz que no bem assim. Quer ver outro exemplo: por fora bela viola, por dentro belo bolo bolorento.

O seu texto pode ser falacioso? Sim. Voc pode ser inteiro falacioso. O seu texto como juiz pode ser falacioso? Pode. Tem juiz que julga somente com nos seus valores prprios.

A eu pergunto: o que vocs acham de perder 3,99 todo ms no seu carto de crdito? Acham ruim? Poxa mais 3,99 muito pouco para dar dano moral. Digamos que o juiz pense que o consumidor no lesado em sua honra objetiva e que ele no merece dano moral. Vocs conseguem perceber o impacto que essa deciso vai causar na sociedade? Conseguem ver que os valores pessoais podem influenciar de forma negativa numa deciso? Ento cuidado!

Existe uma tcnica de argumentao que voc tem que dominar que o silogismo. O Silogismo uma tcnica de argumentao dedutiva e indutiva. A utilizao do silogismo pode levar o julgador para o acerto ou para o erro (argumentao falaciosa).

Ex: todo crculo redondo (premissa maior). O tringulo no redondo (premissa menor fiz uma comparao). Logo o triangulo no circulo.

Ex: o amor cego. Steve Wander cego. Logo, Steve Wander amor ou o amor Steve Wander? Perceba que no primeiro caso a utilizao do silogismo nos levou a uma concluso correta, mas no segundo caso isso no ocorreu.

Vamos usar isso na prtica como sentena. No caso da relao de consumo o juiz pode aplicar a inverso do nus da causa se a alegao das partes forem verossmeis. Para o juiz deferir acreditar no que a pessoa fala ele deve ter uma prova mnima. Pensar de forma contrria poderia levar o julgador a cair em um silogismo falaciosa. Isso porque se o ru tiver de m-f e o nus for invertido, o fornecedor ter que fazer prova de fato desconstitutivo do direito do consumidor, que no caso em questo impossvel (prova diablica). o caso do megabnus, quando o cara contratava o servio s para ingressar com demanda indenizatria depois.

Vamos usar na sentena o texto argumentativo dissertativo, pois ele carrega uma tese, uma anttese e uma sntese (concluso por uma das teses). Cada pargrafo conclusivo do juiz vai ser reportar a um pedido e em cada pedido do autor eu devo ter a repetio da tese, da anttese e da sntese. Eu posso fazer isso usando as oraes subordinadas concessivas.

Vamos imaginar que o autor tenha dito: eu recebi o carto megabnus e na hora de utilizar ele no bnus. O ru diz que o autor sabia que o carto era pr-pago e que o autor sabia da contratao. O que o juiz vai dizer? juiz vai dizer que apesar da parte autora sustentar que no conhecia o contrato, restou provada em audincia, pela oitiva do cd-player, que ele conhecia as formas de contratao, logo o pedido no deve ser acolhido. Perceba que o juiz decidiu com base na prova produzida em audincia luz da anttese.

Quando o juiz no tem prova para poder julgar ele julga com base no silogismo. O mais recomendado a aplicao do in dubio pro reo / pro consumidor / pro sujeito de boa-f .

Outro exemplo de deciso com base no silogismo ocorre quando o juiz admite na sentena que ambas as partes esto falando a verdade, mas que uma delas tinha por lei o dever de melhor se informar a respeito de algo e tomar alguns cuidados e, como no tomou, a ao foi julgada em seu desfavor. silogismo porque o valor pessoal do juiz deve constar na hora da sentena.

Poderia ser dito tambm que o consumidor no tomou conhecimento pleno das clusulas do contrato, eis que estavam escritas de forma tcnica e em letra pequena. Assim, pode ser julgado o caso em favor do consumidor e em prejuzo do fornecedor.

O juiz pode admitir que ambas as partes esto dizendo a verdade e mesmo assim julgar com base no silogismo. Ele pode dizer que apesar do autor estar falando a verdade, ela deveria ter agido de determinada forma. Com isso o juiz est demonstrando a experincia pessoal dele na soluo da lide.

Oraes subordinadas concessivas trabalham dentro da argumentao total. chamada de tcnica modal. a concesso para modalizar as suas oraes. Nas oraes subordinadas adverbiais eu tenho uma espcie de modalizador.

Quando eu digo que Fulano sempre faz isso, ou seja, eu conheo Fulano a temos. Perceba que se eu tirar a palavra sempre o texto ter outro sentido. A aplicao de uma palavra no texto demonstra a opinio do juiz.

Assim, existem determinadas palavras que no podem estar presentes no relatrio da sentena, pois elas demonstram a parcialidade do julgador. No pode haver, portanto, a utilizao de oraes subordinadas concessivas no relatrio.

Quando eu uso as subordinadas adverbiais concessivas a minha inteno de valorizar (enaltecer) a segunda orao. Quando eu uso as oraes subordinadas adversativas a minha inteno a de derrubar a segunda orao (mas, porm, contudo, entretanto).

Ex: apesar da parte r ter entregado a parte autora o contrato, verificou-se que ela incapaz de entender o contrato, logo, o contrato abusivo.

TCNICA DE SENTENA:

Agora iremos falar do processo de formao do texto. Dentro da publicidade, o publicitrio precisa dominar o portugus, as figuras de linguagem e a estilstica, para atingir os consumidores. Como o juiz vai trabalhar com relao de consumo, vocs precisam estar atentos para o fato de que o objetivo da propaganda burlar os sentidos do consumidor.

O CDC prioriza o consumidor porque o considera hipossuficiente e vulnervel. Exemplo de vulnerabilidade: voc vai ao mercado a noite e eles esto fazendo po. Isso para estimular o seu apetite e a voc acaba enchendo o carrinho. Outra tcnica de vulnerabilidade colocar os produtos mais caros na altura dos olhos e na altura das mos.

Quando voc trabalha com o consumidor voc precisa entender que existe um psicolgico atuando, que liberado por meio da verbalizao, por meio da argumentao. E o publicitrio pega esse gancho. Veja o que ele fez com a Sandy. A Sandy tem uma imagem de pureza e a ele pega essa imagem e faz um paradoxo (figura de linguagem). Ele trabalha com o cone da pureza e associa em paradoxo com a palavra devassa, que a ausncia de pureza. E o publicitrio faz mais, ele utiliza outra figura de linguagem, que a ambiguidade, com o fim de mostrar que todos os consumidores bebem a sua cerveja de preferncia, mais um dia eles se rendem ao sabor da cerveja devassa. O publicitrio foi muito inteligente porque ele utilizou um nome que no positivo de forma positiva.

Outra publicidade bem elaborada a da Brastemp, utilizada no sentido de melhor. Ento o meu sof uma Brastemp, pois ele o melhor. a o publicitrio pode fazer tambm o inverso para chegar no mesmo resultado: minha banda larga tipo-net.

E que tipo de argumentao utilizada pelo publicitrio nesses discursos? Ele utiliza a argumentao falaciosa, porque ela leva o consumidor ao erro.

O publicitrio trabalha o tempo todo com o portugus, ele trabalha o tempo todo com a argumentao. Vocs, juzes tm um trabalho mais fcil. Vocs trabalham com a prova. A prova ser sempre a base da verbalizao do argumento de vocs.

Agora iremos analisar a sentena, tomando por base o caso do mega bnus. Antes disso iremos tomar nota de alguns conceitos gramaticais extremamente importantes.

Tpico frasal: a ideia ncleo da frase.

Frase: a conjunto de palavras que contm uma ideia.

Pargrafo: a unio de vrias frase.

Orao = a mesma coisa que uma frase, porm uma frase com verbo.

Dessa orao se eu tenho um s verbo ela chamada de perodo simples, ao passo que se ela tiver mais chamada de perodo composto. (fiquem atentos com a expresso perodo, porque ela vai cair na prova. Perodo nada mais do que uma frase com um ou mais verbos)

O perodo composto feito de duas formas. Quando eu tenho duas oraes com o mesmo peso porque elas tem a mesma estrutura, o perodo composto chamado de perodo composto por coordenao.

Veja que quando os perodos se equivalem em termo de poder, quando a estrutura igual, eu tenho duas oraes com SVCA + SVCA (sujeito + verbo + complemento + acessrio) .

Geralmente as oraes s no possuem o acessrio, que o adjunto adverbial de alguma coisa (tempo, modo, lugar). A maioria das vezes vocs vo encontrar o sujeito + verbo + complemento.

Voes lembram que o perodo composto por coordenao pode ser: a) aditivo (relao de adio), b) adversativo (relao de oposio); c) alternativo; d) conclusivo; e) explicativo.

Na conclusiva e na explicativa pode surgir alguma dvida. Isso porque a palavra pois, que conjuno universal, d com as duas. A diferena est no raciocnio. No raciocnio conclusivo primeiro vem o fato, depois a consequencia. Ex: fiquei gripado, logo no vou ao show. Agora, se eu colocar a consequencia primeiro e o fato depois eu estou diante de um pensamento explicativo. Ento: no vou sair, pois fiquei gripado. Posso substituir essas palavras por causa e efeito.

A outra forma de perodo composto por subordinao, muito utilizada na afirmao de um pargrafo conclusivo (na minha sntese).

O perodo por subordinao construdo da seguinte forma: eu corto um pedao da SVCA (SV-CA) e a partir disso surge uma nova orao, que vai complementar a primeira. Elas so dependentes, no podem ser separadas como no caso do perodo composto por coordenao (ex: fui a feira e comprei tomate).

Ex: eu (sujeito) desejo (verbo transitivo direito) sua vitria (objeto direito, que no caso o complemento verbal) hoje (acessrio). Veja que esse perodo simples est perfeito. E se eu quiser cortar a minha orao o sentido ir se transformar. Digamos que eu tenha separado assim: eu desejo ; sua vitria hoje. Qual dessas palavras que eu separei no segundo grupo que pode me dar um verbo possvel? S a palavra vitria que poder me dar um verbo (vencer). Vitria, na classe gramatical um substantivo. Para saber quando temos um substantivo basta botar um artigo na frente. Perceba que a palavra vitria poder me dar um verbo, que o verbo vencer. Ora, se o meu verbo nasceu de um substantivo, essa orao que vai nascer do verbo chamada de orao subordinada substantiva. E qual era a funo sinttica do vitria antes? Era objeto direito. Veja que agora ele se transformou em substantivo, mas continua levando a funo sinttica de objeto direito. A como ficar a nova orao? A nova orao ficar da seguinte forma: eu desejo que (a palavra que conjuno integrante que no precisa ser colocada) voc vena (entra o modo subjuntivo) hoje. Agora temos uma orao subordinada substantiva objetiva. Veja que eu no posso falar: que voc vena hoje. preciso falar a outra orao que ficou intacta que : eu desejo (orao principal).

Existem 3 espcies de oraes subordinadas (substantivas, adjetivas e adverbiais). No sero analisadas todas as espcies na aula, pois esse no o objetivo.

Cuidado com o texto!!! Favor no colocar muitas oraes subordinadas para no cometer o vcio de acumulamento. Isso ser analisado na prova. Cuidado para no colocar na prova eco, que ocorre quando utilizada na mesma frase varias vezes a mesma palavra. Outro problema que ser analisado a concluso falsa, que ocorre quando o aluno se perde no enquadramento. Devemos ter ateno tambm a petio de princpio, que ocorre quando voc acaba explicando com a prpria pergunta, ou seja, voc pergunta de novo fingindo que est explicando.

Alterao diacrnica = quando o sentido da palavra muda com base no tempo. Ex: Fulano cuspido e escarrado o pai. Na verdade a expresso : esculpido em carrara, porque era assim que se fazia na renascena.

Agora vamos analisar a sentena, que composta por trs partes: relatrio, fundamentao e o dispositivo. No relatrio deve ser produzido um texto narrativo, onde o juiz deve ser imparcial (no deve usar quaisquer palavras modalizadoras), s pode fazer o discurso em terceira pessoa e deve ficar atento ao tempo verbal, pois o nessa fase do processo, o tempo pode estar relacionado aos atos processuais ou aos atos das partes. Desta forma o juiz deve se ater aos verbos processuais no presente e verbos que narram os fatos no pretrito perfeito e pretrito mais que perfeito (isso porque a histria j aconteceu).

Modelo sem detalhes:

Estado do Rio de Janeiro

Poder Judicirio

1 Vara Cvel da Capital

Processo n.

Autor:

Ru:

SENTENA

Trata-se de ao pelo rito ordinrio em que a parte autora requer cancelamento do carto megabnus, cancelamento da dvida lanada em sem nome e indenizao por dano moral. Como causa de pedir sustenta que foi vtima de propaganda enganosa. Alega que, ao contratar o carto megabnus, recebeu a informao de que este se tratava de um carto de crdito sem limite, entretanto, ao tentar utiliz-lo, recebeu a recusa por falta de crdito, vindo a descobrir que se tratava de um carto de dbito.

A parte r, em contestao, argui preliminar de necessidade de percia e, no mrito, sustenta que a parte autora tomou conhecimento dos termos contratuais, ficando ciente de que o carto era pr-pago, e no de crdito.

o relatrio. Decido.

Afasto a preliminar arguida pela parte r porque/visto que nem mesmo houve indicao sobre qual seria a percia adequada para o caso em questo.

No mrito, verifico que se trata de relao de consumo, sobre a qual recaem as regras do CDC, com o que se torna possvel a inverso do nus da prova.

A parte autora sustenta que foi vtima de propaganda enganosa, entretanto, do seu depoimento pessoal em AIJ, foi possvel verificar que ela tomara conhecimento dos termos contratuais, logo no resta verificado o abuso da propaganda enganosa, tampouco o dano moral

Por outro lado, a parte autora se manifesta pelo cancelamento do contrato, o qual deve ser acatado, face o princpio da liberdade de contratar, art. 421 e 422 do CC/02.

Diante do exposto, afasto a preliminar arguida e, no mrito, julgo parcialmente procedente os pedidos e: a) declaro cancelado o carto de crdito megabnus emitido em nome da parte autora, de n. 1924.XXXX.999, devendo a parte r faz-lo em 10 (dez) dias a contar da publicao desta, sob pena de multa diria de R$100,00 (cem reais); b) julgo improcedentes os demais pedidos.

Custas e honorrios

P.R.I.

Data

Assinatura.

Estado do Rio de Janeiro

Poder Judicirio

1 Vara Cvel da Capital

Processo n.

Autor:

Ru:

SENTENA

(no se coloca nada abaixo da palavra sentena. A expresso vistos, relatados e etc. s utilizada em acrdos )

Trata-se (O verbo deve sempre ser utilizado no singular. Isso porque o verbo est representando uma partcula de um sujeito indeterminado, que a partcula se. Mas isso eu sei porque, sei porque o verbo tratar transitivo indireto. Quem, trata, trata de alguma coisa. Quando o meu verbo transitivo indireto, ele precisa de uma preposio qualquer, que o escudo contra o agente da passiva. No existe agente da passiva em VTI, mas apenas em VTD. Quando colocamos a partcula de indeterminao do sujeito se depois de um VTI, no podemos colocar o verbo no plural, pois assim estaramos identificando o sujeito. Agora, se o sujeito estivesse no plural o verbo estaria tambm no plural. Se estivssemos falando de embargos a escrita ficaria: trata-se de embargos) de ao pelo rito ordinrio em que (se no for espao fsico de local, lugar, a expresso correta em que. Acho que li algo na lei. Ento temos, a lei em que vi. A palavra onde fica s para lugar aonde voc pode chegar) a parte autora requer cancelamento do carto megabnus, cancelamento da dvida lanada em sem nome e indenizao por dano moral. Como causa de pedir sustenta que foi vtima de propaganda enganosa. Alega que, ao contratar o carto megabnus, recebeu a informao de que este se tratava de um carto de crdito sem limite, entretanto, ao tentar utiliz-lo, recebeu a recusa por falta de crdito, vindo a descobrir que se tratava de um carto de dbito.

A parte r, em contestao, argui preliminar de necessidade de percia e, no mrito, sustenta que a parte autora tomou conhecimento dos termos contratuais, ficando ciente (gerndio pressupe mais uma orao para dar sentido) de que o carto era pr-pago, e no de crdito. Perceba que at agora o juiz somente utilizou verbos processuais no presente. Acabou o relatrio, vamos para a segunda fase da sentena, que a fundamentao (art. 93, IX, CF88). Se no houver fundamentao o ato nulo. Todo ato administrativo deve ser fundamentado. Vai mudar, tudo o que ele no faz no relatrio ele vai fazer na fundamentao. Vai ser parcial, vai discorrer sua fundamentao em texto dissertativo, vai utilizar modalizadores, vai fazer discurso direto, os tempos verbais vo variar se eles forem processuais e narrativos.

o relatrio. Decido.

Afasto a preliminar arguida pela parte r porque/visto que nem mesmo houve indicao sobre qual seria a percia adequada para o caso em questo.

No mrito, verifico que se trata de relao de consumo, sobre a qual recaem as regras do CDC, com o que se torna possvel a inverso do nus da prova.

A parte autora sustenta (o verbo deve ficar no presente porque ela sustentou na petio) que foi (ter sido) vtima de propaganda enganosa (orao coordenada vou iniciar a segunda com uma conjuno adversativa), entretanto, do seu depoimento pessoal em AIJ, foi possvel verificar que ela tomara conhecimento dos termos contratuais (para modalizar eu poderia ter colocado tomara conhecimento, devidamente,), logo no resta verificado o abuso da propaganda enganosa, tampouco (nem) o dano moral (poderia ter sido colocado ponto final na frase e iniciado assim: nesse passo, o dano moral alegado no ocorreu, nem a constituio indevida da dvida). Perceba que o enquadramento est nas duas primeiras linhas quando eu volto ao que o autor alegou. A minha tese est no depoimento colhido em AIJ. Outro enquadramento est na quinta linha, quando eu aponto que a parte autora tinha conhecimento. A sntese (concluso) est no final, quando eu nego o pedido de dano moral.

Por outro lado, a parte autora se manifesta pelo cancelamento do contrato, o qual deve ser acatado, face o princpio da liberdade de contratar, art. 421 e 422 do CC/02.

Jurisprudncia: 28 toques de espaamento + itlico, quando tiver mais de 4 linhas. Se tiver menos deve colocar no corpo do texto. Encerrada essa parte passaremos para o dispositivo. No dispositivo o juiz pode ter 3 comandos: declarar, constituir, desconstituir ou condenar. Nesse caso a parte autora pediu a declarao e a condenao.

Diante do exposto (isso posto; posto isso jamais posto isto...), afasto a preliminar arguida e, no mrito, julgo parcialmente procedente os pedidos e: a) declaro cancelado o carto de crdito megabnus emitido em nome da parte autora, de n. 1924.XXXX.999, devendo a parte r faz-lo em 10 (dez) dias a contar da publicao desta, sob pena de multa diria (a multa diria porque estamos falando de obrigao de fazer. Se fosse obrigao de pagar a multa seria fixa.) de R$100,00 (cem reais); b) julgo improcedentes os demais pedidos. Para treinar melhor, procurar na jurisprudncia do TJ o tema da jurisprudncia que vocs querem fazer. Depois pegar a ntegra da sentena e fazer.

Custas e honorrios (salvo nos juizados).

P.R.I.

Data

Assinatura.

Caso Megabnus O Unibanco criou um carto de crdito internacional sem limites e ofereceu ao pblico. Na verdade, esse carto era de dbito e que o titular no precisava ter conta no banco. Eram oferecidos bnus em condies especficas, tais como a recomendao do carto para terceiros. Trata-se de um carto pr-pago que no possua limite mesmo, esse carto no dava direito a crdito algum num primeiro momento. Essa dubiedade causou confuso em muitas pessoas. Sentenas foram proferidas concedendo altos valores a ttulo de dano moral. Houve uma enxurradas de demandas nos juizados. Com o passar do tempo o MP fez TAC com o Unibanco e as decises pararam de conferir dano moral aos consumidores.

Aula 04 - 31.01.2013

Prof.: Maria Augusta

Frase 01 Convm, a despeito das evidncias lhe serem favorveis a contratao de profissional experiente. Convm, a despeito de as evidncias lhe serem favorveis, a contrao de profissional experiente.

Frase 02 Posto que no lhe aprouvesse tais atitudes deveria acatar-lhe. Posto que no lhe aprouvessem tais atitudes, deveria acat-las.

Frase 03 H provas consistentes, a cuja apresentao no se pode insurgir. H provas consistentes, contra cuja apresentao no se pode insurgir.

Aula 05 - 01.02.2013

Pro.: Leonardo Jacintho

TEORIA DA ARGUMENTAO JURDICA

NOO DE ARGUMENTAO PROPRIAMENTE DITA

Primeiro vamos analisar a distino entre argumentar, convencer e persuadir. A diferena entre a argumentao e a exposio de ideias est no fato de que na argumentao existe o propsito do convencimento. Ou seja, argumentar levar ao conhecimento. Se eu quero meramente apresentar as minhas ideias eu fao uma mera exposio. S existe argumentao efetiva se houver um objetido de conhecimento. Isso o pacto argumentativo.

O pacto argumentativo (acordo argumentativo) a disposio que o auditrio (elemento; grupo;pessoa) tem de ouvir.

O processo argumentativo construdo pelo pacto, a o indivduo pode aceitar ou no, ou seja, pode haver conhecimento ou no.

Argumentar e persuadir possuem o mesmo objetivo, que convencer o seu auditrio.

Quanto a necessidade de convencimento que uma sentena traz, esse aspecto est em discusso ultimamente. Isso porque, por meio da sentena, o juiz est exercendo um processo de convencimento da sociedade.

Convencer o objetivo. Da dizer que argumentar e persuadir so os processos para se chegar ao objetivo. O que essencial no processo argumentativo que ausente na persuaso? Na argumentao voc traz de maneira explcita os argumentos. O pacto argumentativo traz de forma explcita os argumentos.

Enfim, na argumentao o jogo explcito. Ao passo que na argumentao voc leva o indivduo a tirar por si mesmo uma concluso sem apresentar argumentos explcitos. A persuaso pode ocorrer por seduo, por imposio ou por ameaa.

Esse processo de abstrao que a persuaso desenvolve se adqua a cada auditrio. A maneira de se persuadir uma criana no a mesma de se persuadir um homem de 30 anos. Tudo bem que na argumentao eu tambm tenho que levar em considerao a diferena de auditrio.

Na persuaso, em muitas vezes preciso recorrer ao emprego das falcias.

A persuaso pode ser utilizada para fazer com que o auditrio deseje celebrar o pacto argumentativo. Isso ocorre, por exemplo, no caso dos agentes de sade, que desejam remover os dependentes qumicos das ruas da cidade.

Na tcnica argumentativa voc utiliza elementos formais, teorias, teses, tudo com o objetivo de convencer o seu auditrio. Agora, o convencimento do auditrio tambm pode ser feito por meio da persuaso, quando se utiliza de recursos no formais para fazer surgir a ideia no auditrio.

Um dos elementos fundamentais do processo argumentativo a competncia lingustica e discursiva. Essa competncia um argumento oculto.

Analogia: voc sai da EMERJ e vai em uma livraria. Voc no tem referncia da editora e nem do autor. Voc encontra dois livros com o ttulo quase que idntico. A nica diferena entre eles est na capa. O primeiro tem uma capa berrante e o segundo tem uma capa mais sbria. Se voc compra o de capa berrante e no gosta do que l nele voc tende a imaginar que o livro de capa mais sbria tambm no ir prestar.

Pode ser criado um escudo protetor em face do pacto argumentativo. Esse escudo quebra o pacto argumentativo e impede o convencimento. Isso ocorreria se um professor de portugus no tivesse conhecimento da lngua.

O que se quer dizer que o processo de convencimento ocorre de maneira oculta atravs da competncia oculta.

Temos de construir a nossa competncia lingustica e discursiva com alto grau de argumento oculto. Para desenvolver a competncia lingustica e discursiva eu devo buscar clareza e preciso.

A clareza e preciso vo estar na lei complementar 95/98 (veio consolidar as mudanas democrticas propostas pela CRFB). Para compreend-la precisamos resgatar dois conceitos: a eficcia e a eficincia.

A eficcia atingir plenamente o objetivo proposto. Eficincia alcanar o objetivo da melhor maneira possvel, empregando menos esforo.

E o conceito de efetividade? A presena de eficcia e eficincia em todo o processo gera a efetividade.

Aplicando isso ao ato da comunicao temos: construir um texto eficaz atingir o objetivo proposto em relao a determinado pblico. Agora eu levei isso em 100 ou em 10 pginas. Se eu tinha condio de fazer em 10 pginas e utilizei 100 eu no fui eficiente.

Eficcia e eficincia vo resgatar as noes principais para a elaborao dos textos segundo a lei complementar 95/98.

A Lc n. 95/98, didaticamente, elenca uma srie de regras que do clareza e preciso redao legislativa e que deveriam nortear tambm a redao dos atos administrativos, judiciais e das peas jurdicas em geral.

O problema que esse trabalho encontra barreiras em questes polticas, que se fundamentam no argumento de restrio a liberdade construtiva do magistrado. O que se prope no a construo de uma linguagem mais acessvel ao jurisdicionado e no uma imposio de regras especficas.

Nesse ideal existe at uma proposta de criao de um manual especfico para regular a redao desses atos.

O nmero que vem depois de uma lei o que se no a prpria lei? Ou seja, o n. tem alguma significao? No. Ele aparece nos textos por mera tradio. Podemos colocar o nmero da lei logo aps o seu nome. O que se prope a adoo de um critrio mais simplificado para escrever.

Na escrita moderna no necessrio elevar a palavra para indicar V. Ex. Hoje pode ser escrito da seguinte forma: v. exa.

Outro ponto est na necessidade de primeiro descrever o que a sigla para somente depois abreviar.

Algarismos romanos aps o nome devero ser mantidos no ordinal at o IX (primeiro, segundo, terceiro e assim vai). Antes do nome ser sempre ordinal.

A lei complementar prega a utilizao das palavas e expresses em seu sentido comum, salvo quando a norma versar sobre assunto tcnico, hiptese em que se empregar a nomenclatura prpria da rea em que se esteja legislado.

Vale advertir que ao ser escolhido um padro aportuguesado para uma expresso estrangeira deve-se seguir esse padro at o final. No se pode variar. Comeou com um vai at o final.

Pode ser utilizado sentido figurado em lei? No, pois a norma taxativa em relao as leis. Mas e em relao as sentenas? Na sentena podem ser utilizadas metforas, desde que haja bom senso. Agora, a metfora deve funcionar como elemento acessrio e no como um elemento substitutivo. E mais, a metfora deve ser adequada ao pblico auditrio.

Numa sentena pode existir tanto o emprego de termos tcnicos como a aplicao de metforas, tudo com o fim de que essa deciso atinja outras pessoas que no s os detentores do conhecimento jurdico.

Vislumbrar o que se v mal, o que se v com pouca luz. Vis = mal, lumbrar = pouca luz. Sendo assim, como que se pode imaginar que o juiz utilize vislumbrar para fundamentar as suas decises. Assim, vislumbrar vai funcionar bem em frases negativas (ex: no vislumbrando a presena de fumus boni iuris e periculum in mora).

Inconteste, geralmente empregado no sentido de que no se pode contestar, no se poder refutar. Ocorre que esse termo est sendo empregado no sentido equivocado. Uma testemunha conteste uma testemunha vlida. Uma testemunha inconteste uma testemunha invlida. Ou seja, inconteste no a mesma coisa que incontestvel.

Qual a diferena entre usar e utilizar? Usar fazer o uso da coisa com o propsito que existe. Se eu pego uma caneta para escrever eu estou usando a caneta. Agora se seu pego a caneta para prender o cabelo eu estou dando utilizando a caneta em outro sentido que no foi o que destinado a ela propriamente.

Qual a diferena entre alegar e arguir. Normalmente utilizamos como sinnimos, mas no so. Em essncia alegar significa trazer algo novo ao discurso, uma nova forma de dizer. Ao passo que arguir, significa questionar, discutir. Eu s posso questionar algo que j foi posto e no algo que no existe.

Portanto eu vou alegar questes de mrito e arguir questes processuais. Questes prejudiciais de mritos podem ser arguidas ou alegadas.

E o aduzir? Qual a diferena de alegar e o aduzir? So usados como sinnimos. Esto na mesma famlia, mas o aduzir tem um sentido a mais. E qual ? Aduzir tem um sentido somatrio. Qual o contrrio de aduzir? abduzir. Aduzir tem um efeito somatrio que s pode ser utilizado quando voc j empregou elementos ao texto.

A alnea b do art. 11 da lei complementar 95/98 diz que devemos utilizar frases curtas e concisas. No podemos colocar a virgula e o gerndio, pois isso sintoma de frase alongada desnecessariamente.

A alnea b do art. 11 da lei complementar 95/98 diz que devemos construir as oraes na ordem direta, evitando preciosismo, neologismo e adjetivaes dispensveis.

O preciosismo a utilizao de um termo tcnico que no conhecido pela populao. Ex: emprego da palavra nosocmio para dizer hospital. Ou seja, devemos empregar a palavra de acordo com o auditrio, de acordo com o padro mdio de conhecimento da populao.

Isso tem de ser fixado na cabea do magistrado, pois ele escreve no s para as partes, mas para todos os cidados. O Estado tem essa funo educativa do povo.

tendncia natural que o advogado enfeite demais a petio para poder agradar o seu cliente.

O emprego de termos tcnicos e termos em latim devemos atentar para a necessidade de explicar o significado do termo.

Quando voc traz uma palavra em latim para um texto em portugus ela tambm apresenta uma funo ttica.

Interna corporis = quase nunca se utiliza essa expresso latina na sua forma declinada.

O que significa a quo? empregado como inicial, mas tem o sentido de anterior. Mas e se no lugar de falar tribunal a quo eu falar sentena a quo, isso est correto? O correto seria flexionar e colocar sentena a qua, deciso a quo.

Neologismo a inveno de palavras com o uso que se justifica tecnicamente ou poeticamente. E no direito, eu posso criar palavras? Sim, mas desde que apaream coisas novas.

Hoje o direito inventou que quando duas coisas colidem existe uma colidncia. Ocorre que essa palavra no existe. Quando duas coisas colidem ocorre uma coliso.

Outro problema do neologismo no direito colocar i e des na frente de tudo. Eu posso dar provimento para um pedido. Eu posso no dar provimento para um pedido. Improvimento ou desprovimento no existe. Isso tambm neologismo.

Ainda vamos rejeitar o neologismo do inobstante.

O direito penal criou inao. Mas ser que inao a mesma coisa que uma no ao? O correto no h.

H ainda um universo enorme de neologismo que vamos analisar com calma. A adjetivao pode ser dispensvel tambm. Ou seja, toda adjetivao valorativa, impressionista deve ser dispensada. Da no cabe que a fundamentao do juiz seja carregada de adjetivao dispensvel.

Ao lado dessa adjetivao dispensvel existe uma muleta de linguagem. O emprego de necessrio destacar que... cumpre ressaltar que..... O que devemos ressaltar apenas o que imprescindvel, o que foge realmente do padro.

A alnea d deve ser adaptada. Para ns fica obrigatrio utilizar os tempos verbais com preciso. Eu vou pensar sempre na linha do tempo. Se eu quiser me referir a um fato pontual no passo que teve incio e fim conhecidos eu devo utilizar o pretrito perfeito. Para eu me referir a uma ao ocorrida anteriormente a uma ao j enunciada no passado eu devo utilizar o pretrito mais que perfeito.

Nesse sentido, veja a frase: quando eu cheguei, ela saiu. Os verbos so cheguei e saiu esto no pretrito perfeito. Se as aes esto no mesmo tempo h uma concomitncia no passado. Nessa frase temos uma ideia de encontro. Se eu no quero passar essa ideia eu tenho que trocar a forma verbal. Assim eu evitaria que algum pudesse supor que ela saiu por minha causa.

Soluo do problema: quando eu cheguei, ela tinha/havia saiu. Perceba que nesse caso eu desloquei a ao dela para anterior a minha. Aqui ns no nos encontramos. A quebra da causalidade foi construda com o pretrito mais que perfeito.

O pretrito imperfeito assim chamado porque ele no tem um aspecto durativo. Eu sei que ele teve um incio e um fim, mas no sei qual foi. Se eu disser: quando cheguei, ela saia / estava saindo. Que relao essa? D pra dizer que existe um nexo de causalidade entre as duas aes?

Dominar pretrito perfeito, pretrito imperfeito e pretrito mais que perfeito uma obrigao do magistrado. Assim ele vai eliminar a existncia de nexos de causalidade.

Cuidado tambm para no traduzir o que alegado como um fato verdadeiro pelo autor. Ento devemos escrever: o autor alega que teria contrado. Aqui empregamos o futuro do pretrito, dando ao fato um aspecto de hiptese.

Eu vou usar verbos no presente para atos processuais. Vou usar verbos no passado para fatos no passado em si.

A alnea e diz que devemos utilizar os recursos de pontuao de forma judiciosa, evitando os abusos de carter estilstico.

Art. 11, inciso II, a - a sentena deve deixar claramente dito o que o juiz pretendida com a exposio dos fatos.

A respeito do alcance da norma h toda uma apresentao da lgica criada para o Brasil para a elaborao de textos legislativos.

Art. 11, inciso II, b - evitar o emprego de sinonmia com propsito meramente estilstico. Isso vale para termos tcnicos, que no so construdos por meio de sinnimos. Em todas as reas do conhecimento isso respeitado, menos no direito.

No CPC est dito petio inicial. No mximo que voc pode fazer reduzir para inicial. Qualquer outro sinnimo est errado. O termo tcnico deve ser empregado para no afastar do cidado comum a compreenso necessria do termo.

Outra ideia: voc colocou no texto autor, depois colocou demandante, reclamante e assim por diante. Se comeou com autor vai at o final. No mximo parte autora.

O termo contratante e contratado tcnico e deve ser mantido. No d pra fugir, eu tendo de manter a tcnica.

Art. 11, inciso II, c - evitar ambiguidades.

Art. 11, inciso II, d - evitar a prtica de sentidos regionais.

Art. 11, inciso II, e - devemos usar as siglas j consagradas. Toda primeira vez que ela aparecer no texto ela deve vir acompanhada da sua explicao.

Ex: a AGU (Advocacia Geral da Unio). Um dos usos do parnteses explicar o significado de algumas siglas. Mas ser que posso fazer o contrrio? Sim. E quando eu fizer isso eu vou indicar que a partir daquele momento eu s vou usar siglas.

Para se referir a Constituio Federal o correto colocar CRFB e no CF/88 ou s CF ou s CB. Vamos analisar outras siglas:

ONU

PUC

PIS

Pasep

ONG

UFRJ

Uerj

Emerj

aids

Confins

UFRGS

A regra : sigla at 3 letras tanto faz se voc l letra por letra ou fala a palavra corrida. De qualquer forma as letras devem estar todas em maiscula (ex: AGU).

Tendo a sigla 4 letras, se vamos ler como palavra, devemos escrever como palavra (ex: Emerj; Cofins; Pasep). Se no der para ler o que est escrito ns devemos deixar tudo em letra maiscula (UFRJ; UFRGS).

Perigos: plural de sigla tradicionalmente se fazia com a duplicao da letra. Antigamente se abreviava pgina com pp.. Modernamente se utiliza pgs..

Exmo. excelentssimo; Ilmo. ilustrssimo; Mmo. (ou m.) meritssimo (entenda que M.M. J foi validado como correto, mas est equivocado.). Dmo. dignssimo (est proibido usar).

Grafia de nmeros, percentuais, datas, valores, etc. Vamos usar a base do manual do senado como orientao do que vem a ser correto ou no.

Pelo manual do Senado, para separa dia, ms e ano ns somente podemos usar / ou -. O correto seria 2-2-13 ou 2/2/13. No correto utilizar agora o 2013 no final.

Manual do senado Item 3 (emprego das iniciais maisculas e minsculas); item 4 (a escrita dos numerais); item 9.1 (detalhes grficos).

Manual da presidncia da repblica ler cap. I (o que a redao oficial); cap II; cap III (a parte de hfen e acentuao ortogrfica est desatualizada); ateno com o item 9.3 (vai cair na prova); item 9.3.2.

PORTUGUS JURDICO EMERJ CP.I 2013.1 Sala 203