caderno pedagÓgico - operação de migração … · ficha de identificaÇÃo da produÇÃo...

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CADERNO PEDAGÓGICO

O APRENDER, AS SUAS DIFICULDADES E ESTRATÉGIAS QUE PODEM SER 

APLICADAS PARA ENRIQUECER A PRÁTICA DO PROFESSOR

Caderno Pedagógico ­ Produção Didático­Pedagógica­ apresentado   ao   Núcleo   Regional   de   Educação   de Londrina   e   Secretaria   de   Educação   do   Estado   do Paraná­ Pr, em parceria com a Universidade Estadual de Londrina ­ UEL, como requisito obrigatório para o desenvolvimento   do   Programa   de   Desenvolvimento Educacional – PDE e respectiva conclusão de Curso.

Orientadora: Drª. Ednéia Consolin Poli

Londrina

2011

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SUMÁRIO

1. FICHA CATALOGRÁFICA........................................................................................2

2. PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA..................................................................2

3. FICHA DE IDENTIFICAÇÃO.....................................................................................4

4. APRESENTAÇÃO.....................................................................................................5

5. O QUE É APRENDER...............................................................................................7

5.1  MODELOS DE APRENDIZAGEM ............................................................................................8

5.2 O PAPEL DO ERRO NA APRENDIZAGEM ..................................................................................9

6. COMPREENDER A GRANDE DIFICULDADE E OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM NA ADOLESCÊNCIA................................................................12

6.1  A ADOLESCÊNCIA  ........................................................................................................12

6.2  O ADOLESCENTE NA ESCOLA ...........................................................................................14

7. AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO APLICADAS PELO PROFESSOR PODEM SER ENRIQUECIDAS......................................................................................................18

8. REFERÊNCIAS.......................................................................................................21

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1.FICHA PARA CATÁLOGO 2.PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: O aprender, as suas dificuldades e estratégias que podem ser aplicadas para enriquecer a prática do professor.

Autor Kelly Cristina Cortez

Escola de Atuação Colégio Estadual  Albino Feijó Sanches

Município da escola Londrina

Núcleo Regional de Educação Londrina

Orientador Drª. Ednéia Consolin Polli

Instituição de Ensino Superior UEL

Disciplina/Área  Pedagogia

Produção Didático­pedagógica  Caderno Pedagógico

Relação Interdisciplinar  Português

Público Alvo  Professor, aluno e direção

Localização  Colégio Estadual Albino Feijó Sanches. Ensino Fundamental, Médio e Educação Profissional.

Rua: Jacarezinho, 80 ­ Parque das Industrias ­ Londrina

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Apresentação:  Este   trabalho   tem   como   justificativa   apresentar   um programa de intervenção visando melhora nas relações permeadas pelo vínculo afetivo,  para  reparar  possíveis fraturas   no   processo   de   aquisição   do   conhecimento dando espaço para que haja um aprendizado vinculado a uma   discussão   da   prática   pedagógica   que   se aprofundará a necessidade da competência técnica, sem o que, a ação pedagógica será inconsistente. O objetivo é discutir a importância de uma prática pedagógica, que venha atender o real significado da interação professor­aluno dentro do processo ensino e aprendizagem. Posto isto é que convido à leitura reflexiva apontando ao final de cada tema algumas questões que me inquietou e que podem vir  a provocar novas  indagações e proposições por parte dos que destes textos se apropriarem.

Palavras­chave  Aprender;  Afetividade; Ensino­aprendizagem.

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3. FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO­PEDAGÓGICA

   PROFESSOR PDE

1. Nome da Professora PDE: Kelly Cristina Cortez

2. Disciplina/Área: Pedagogia

3. IES: Universidade Estadual de Londrina

4. Orientadora: Drª. Ednéia Consolin Poli

5. Caracterização do objeto de Estudo: Caderno Pedagógico

6.Título da Produção Didático­Pedagógica: O aprender, as suas dificuldades e 

estratégias que podem ser aplicadas para enriquecer a prática do professor.

7.  Justificativa   da   Produção:  Este   Caderno   Pedagógico   tem   como   justificativa 

apresentar aos professores, pedagogos, direção e alunos um programa de intervenção 

visando melhora nas  relações permeadas pelo vínculo  afetivo e que contribuem para 

reparar possíveis fraturas no processo de aquisição do conhecimento de cada um dando 

espaço para que haja um aprendizado vinculado a uma discussão política da prática 

pedagógica que se aprofundará  a necessidade da competência técnica, sem o que, a 

ação pedagógica será inconsistente.

8.Objetivo geral da Produção:  Discutir  através da intervenção a  importância de uma 

prática   pedagógica   em   todos   os   segmentos   da   escola,   que   venha   atender   o   real 

significado da interação professor­aluno dentro do processo ensino e aprendizagem.

9.Tipo de Produção Didático­Pedagógico: ( ) Folhas ( ) OAC (X) Outros: Caderno 

Pedagógico

10. Público­alvo: Professores, direção e alunos de 5ª série (6º ano).  

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4. APRESENTAÇÃO

Como   aluna   do   Programa   de   Desenvolvimento 

Educacional tenho vivenciado diferente experiências formativas que favorecem a reflexão 

e a transformação  da minha prática pedagógica. A elaboração do Caderno Pedagógico 

revelou um processo de apropriação da literatura especializada e dos estudos científicos 

atuais, dos quais me vi afastada por conta das demandas da atuação e do cotidiano de 

trabalho da escola em que trabalho, proporcionando prazer ao delas me apropriar.

A   composição   deste   caderno   pedagógico   reúne 

diferentes temas articulados entre si e evidencia a necessidade que tive de apropriação 

de estudos e pesquisas que analisam o não aprender e suas nuances, justamente por ser 

este um fenômeno co­produzido e de múltiplas dimensões. Durante o período no qual 

este processo se desencadeou, vivenciei momentos de discussões em grupo e leitura de 

pesquisas em comum em torno do tema “afetividade e aprendizagem” e ao mesmo tempo 

fui  suscitada a assumir especificidades na produção de textos que se desenharam ao 

longo das reflexões. Desse modo, a produção que apresento neste caderno pedagógico 

tem aspectos em comum no que se refere à literatura estudada e refletida, mas também 

revela a tecitura da percepção que cada um de nós dá ao texto vivenciado nas discussões 

grupais.

No   primeiro   capítulo   intitulado  “O   que   é   aprender”, 

analiso  os  processos de  estigmatização  e  de  preconceito   comumente  produzidos em 

contextos institucionalizados e normatizados para o trabalho com o aprender, através de 

definição, os componentes da aprendizagem e as atividades mentais mobilizadas durante 

a aprendizagem. A sala de 5ª série foi tomada como lócus de reflexão acerca deste tema 

por constituir­se um espaço pedagógico onde o aprender é trabalhado. Entendo que ao 

professor cabe refletir sobre essa realidade no sentido de pensar formas de romper com a 

produção   de   estereótipos   e   marcas   impossibilitadoras   de   interações   produtoras   de 

aprendizagem.

O   segundo   capítulo   apresenta   como   temática 

“Compreender   a   grande   dificuldade   e   os   transtornos   de   aprendizagem   na 

adolescência”. Nele, quero propor a reflexão sobre os indicadores mais pertinentes para 

se   definir   as   disfunções   pesadas   na   aprendizagem   durante   a   adolescência,   depois 

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distinguir o que se refere à dificuldade, ao transtorno grave e as desvantagens. A relação 

professor­aluno e o não aprender são considerados na literatura científica e são tratados 

neste capítulo como possíveis indicadores para a compreensão deste problema.

O terceiro capítulo que compõe este caderno temático, 

intitulado  “As   estratégias   de   ensino   aplicadas   pelo     professor   pode   ser 

enriquecidas”, quero enfatizar os importantes processos próprios de cada professor e 

que o mesmo estabelece implicações com o aprender na sala de aula e que de algum 

modo estas relações estão insatisfatórias ou pouco produtivas. Discorro também sobre a 

importância de pensar nos modos de elevar a auto­eficácia de alunos que freqüentam a 

5ª série à aprendizagem, dar (re) significação ao aprender e apropriação de novos modos 

de construir conhecimento.

Posto isto que ofereço um panorama geral do que trato 

neste caderno pedagógico, e convido à leitura reflexiva apontando ao final de cada tema 

algumas questões que me inquietou e que podem vir  a provocar novas  indagações e 

proposições por parte dos que destes textos se apropriarem.

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5. CAPÍTULO 1O QUE É APRENDER     

Segundo  Perraudeau (2009), a palavra aprendizagem é 

uma das mais difíceis de definir na área da educação na qual a complexidade é  uma 

constante, podemos notar que aprender é  confundido com compreender. Para o autor 

deve se considerar  as estratégias do aluno e conseqüentemente,  ao ensinamento do 

professor.

Na metade do século XX, os progressos no conhecimento do desenvolvimento da criança e o nascimento da psicologia cognitiva revolucionaram as concepções de aprendizagem.   De   maneira   progressiva,   foram   sendo   diferenciadas   as   tarefas estritamente de aprendizagem, destinadas a fazer memorizar, consolidar, dotar de saberes ou dos saberes­fazer, e as tarefas de compreensão, destinadas a fazer refletir, levantar problemas, incitar a criar novos procedimentos. (PERRAUDEAU, 2009. p.13)

Para Perraudeau (2009, p. 21), “esta dicotomia ainda é 

formal, já que as práticas pedagógicas das nossas escolas estão longe de ter evoluído, 

pois a ambigüidade permanece”. A aprendizagem na realidade engloba atividades mais 

complexas do que aquelas relacionadas a aprender, reúne tudo o que diz respeito ao 

compreender.

O   psicólogo   Piaget   (1974)   dedicou   igualmente   muitas 

páginas a essa questão, diferenciando a aprendizagem que perpassa o acertar e objetiva 

o saber­ fazer e a aprendizagem que procede do compreender, para ele, o acerto é uma 

espécie de compreensão em ação. A aprendizagem reúne: as atividades relacionadas a 

aprender,   mesmo   que   não   haja   intervenção   da   compreensão   em   atividade   de 

memorização,   favorece automatismo, usar  e  aplicar  procedimentos simples.  Porém as 

atividades relacionadas a compreender, isto é, o que diz respeito não só a reflexão, ao 

raciocínio, mas também às trocas verbais, à criação, à inovação, à tomada de decisão e 

outros.

Para Piaget apud Macedo (1994. p.70), “os educadores 

se limitam a preocupar­se com os resultados e não com o modo como o sujeito chegou a 

eles,  deixando de considerar  as construções  realizadas pelo aluno numa situação de 

erro”. Na perspectiva piagetiana, o erro é considerado como constituinte do processo de 

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construção do conhecimento.

Segundo   Reisdoefer   (2006),   o   termo   dificuldade   de 

aprendizagem é praticamente ausente na obra de Piaget:

O sujeito estudado por Piaget não tem “dificuldades”, mas problemas a resolver, procedimentos  a  construir,  compreensões a   formular.  Para  ele  não  importa  as dificuldades   de   aprendizagem   no   sentido   em   que   para   os   professores   é importante. Acredita que é algo positivo porque quem quer conhecer necessita de dificuldades,   sob   a   forma   de   problemas   formulados   sobre   o   objeto,   questões remetidas   a   um   desconhecido,   desenvolvimento   de   raciocínios,   busca   de informações   e   correção   de   erros.   É   imprescindível   então   afirmar   que   não   se pretende confundir dificuldade de aprendizagem com incapacidade de aprender. Acredita­se que o aluno com dificuldade atendido adequadamente, poderá obter êxito em seu processo de aprendizagem (REISDOEFER, 2006. p. 31).    

Para   Macedo  (1994),  as   representações   sobre   o   que 

significa errar no contexto escolar estão relacionadas às concepções sobre o erro em 

nossa sociedade. Estas, por sua vez, são dotadas de valores, crenças, regras e costumes 

relacionadas a um padrão estabelecido de normalidade. Por isso, o sujeito enquanto um 

ser social caminhará na tentativa de cumprir o que está estabelecido como padrão, quem 

não cumpre é excluído, é anormal.

 5.1 MODELOS DE APRENDIZAGEM 

A escolha do modelo de aprendizagem é determinante, 

pois envolve a prática do professor em um sentido que, em um caso, dá  primazia ao 

saber e à maneira de ensinar (modelos de tipo comportamentalista), ou seja, tradicional, 

no   outro   caso,   centra   a   atividade   do   professor   nas   necessidades   do   aluno   e   nos 

processos que ele realiza (modelo do tipo construtivista). Conforme a prática escolhida, o 

aluno,   sua   aprendizagem   e   suas   estratégias   mobilizadas   serão   vistos   de   maneira 

diferente. Qualquer abordagem escolhida pelo professor, o ponto de vista será diferente.

As  práticas  de  ensino   “tradicionais”,   aquelas  que   têm 

como objeto principal o acúmulo indiferenciado de conhecimentos e que consistem em 

esperar   que  o  aluno  esteja   pronto  para  aprender,   dão  espaço  aos  dispositivos  mais 

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atentos ao aluno capazes de colocá­lo em situação de bom desempenho: “[...] a única 

regra é o olhar positivo lançado à criança, mesmo que esteja em extrema dificuldade. Os 

professores devem, portanto, cuidar para valorizar os resultados já alcançados mais do 

que as faltas”. (ALTET, 1997).

As práticas do construtivismo ou do interacionismo são 

defendidas   por   Piaget   (1974),   diferencia   a   aprendizagem   que   procede   do   acertar   e 

objetiva o saber­ fazer e a aprendizagem que procede do compreender, para ele o acerto 

é uma espécie de compreensão em ação. Para Vygotsky (1984), a transmissão social é a 

mediação  indispensável à  aprendizagem. O professor sai  de seu pólo de ensino para 

melhor desenvolver seu papel de intermediário entre o aluno e o saber, ou seja, não é 

mais um distribuidor de conhecimento, mas tem um papel de acompanhador. As duas 

condutas de ajuda mútua professor­aluno são a mediação e a tutoria.

Para   Altet   (1997.   p.   32)   “as   pedagogias   da 

aprendizagem, qual seja, são práticas que permitem ao aluno desenvolver uma reflexão 

sobre seus procedimentos. Elas se situam em uma perspectiva metacognitiva”. Trata­se 

mais de fazer com que o aluno compreenda o que gerou o sucesso ou o fracasso em uma 

tarefa do que levá­lo a realizá­la bem. Um dos dispositivos usados para instrumentalizar o 

aluno com essa reflexão é propor a verbalização de sua atividade. Dois tipos de discurso 

podem ser provocados pelo professor, primeiro  levando o aluno a uma fala descritiva, 

levando­o a estabelecer  a cronologia  de atividade passada,  nesse caso,  as questões 

começam   com   “como”;   a   segunda   pode   visar   a   produzir   uma   fala   argumentativa,   o 

questionamento começa, então, frequentemente com a palavra  “por quê”.

 5.2 O PAPEL DO ERRO NA APRENDIZAGEM    

É   uma   característica   importante   a   ser   mencionada   e 

marca a diferença entre os dois grandes modelos de aprendizagem escolar: trata­se da 

concepção   do   erro.   Em   uma   prática   centrada   no   acúmulo   de   conhecimentos   e   no 

desempenho observável, o erro é a imagem invertida do sucesso e pode ser sancionada 

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pela nota, que é  o cursor do grau de desempenho. É considerado de forma negativa, 

indicando as lacunas sem dar os meios para remediá­las.

O   fator  determinante  para  classificar  os  alunos  da  5ª 

série/6º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas paranaenses, com dificuldade 

de aprendizagem, e encaminhá­los a atendimento diferenciado como Sala de Apoio à 

Aprendizagem tem sido frequentemente o erro do aluno, em especial nas disciplinas de 

Língua Portuguesa e de Matemática. Neste caso, o erro é interpretado como um indicador 

do fracasso escolar e estabelece um parâmetro para rotular, segregar e culpabilizar o 

aluno pelo não aprender.

Para Moysés e Collares (1997) os testes de inteligência 

e avaliações diagnósticas que visam classificar pessoas, abstraindo o sujeito, silenciando­

o,   para   conseguir   impor   sobre   ele   seu   “olhar   medicalizante”.   Defendem   uma   nova 

perspectiva avaliativa, na qual ao invés de buscar o defeito, a carência da criança, procura 

o que ela já sabe, o que tem, o que pode aprender a partir daí. Como resultado é possível 

constatar, segundo as autoras que:

Todos são absolutamente normais; ou, pelo menos, eram inicialmente normais... Expropriadas de sua normalidade, bloqueiam­se. E só  mostram que sabe ler e escrever quando se conquista sua confiança. Na escola, não. Afinal, não foi lá que lhes disseram que não sabem? Crianças normais que, com o passar do tempo, vão se tornando doentes, pela introjeção de doenças, de incapacidades que lhes atribuem.   Até   o   momento   em   que,   ai   sim,   já   precisam   de   uma   atenção especializada.   Não   pelo   fracasso   escolar,   mas   pelo   estigma   com   que   vivem. Muitas   já   precisam   de   um   tratamento   psicológico,   para   reconquistar   sua normalidade,   da   qual   foram   privadas   pela   escola,   pelas   avaliações   médicas, psicológicas, fonoaudiológicas, que se propuseram ver apenas o que já sabia: o que elas não sabiam (MOYSES: COLLARES, 1997. p. 63­69).

No   momento   em   que   se   definem   os   que   não   irão 

aprender, legitima­se a sua exclusão futura do rol de cidadão. Para estas autoras, (ibid. 

p.63­69)   este   processo   que   chamam  de   “tirocínio   diagnóstico”   conta   com   o   aval   da 

instituição escolar, que é uma instância reconhecida como competente, que legítima uma 

exclusão estabelecida muito antes, pelo estrato social.

Devemos, portanto considerar que o aluno tem direito ao 

erro, que deve ser reconhecido e usado como indicador que traduz o percurso autêntico 

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do pensamento em evolução. O encontro do aluno com novos obstáculos, geralmente 

provocados pelo professor, serve para lhe fazer não adquirir um novo saber, mas para 

“mudar de cultura” e “eliminar os obstáculos já acumulados pelo cotidiano” (Bachelard, 

1993). O erro é mesmo considerado como uma ferramenta para ensinar.

ATIVIDADES 

Atividade I­ ESTUDOS PARA RELEXÔES DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Esperamos que este texto seja o primeiro passo para dar suporte e condições para a elaboração de uma construção de um futuro Plano de Trabalho Docente na escola, onde os envolvidos tenham a capacidade de refletir, planejar e propor práticas inovadoras para a reorganização do trabalho escolar.

Leitura   Complementar:  ALTET,   M.  As   Pedagogias   da   Aprendizagem.   Coleção Horizontes Pedagógicos. Lisboa: Instituto Piaget. 1997. 

Atividade II

A) Com base no texto analise a realidade educacional e o papel da escola dentro desse contexto.

B)  De acordo com o texto faça uma análise crítica das ações que permeiam a construção do Plano de Trabalho Docente na escola.

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6. CAPÍTULO 2COMPREENDER A GRANDE DIFICULDADE E OS

TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM                                       NA ADOLESCÊNCIA

No capítulo  anterior,  o  não aprender   foi   tomado como 

foco das discussões e em especial as significações dadas às inadequações de alunos 

que não se enquadram aos padrões de idealização presentes nas expectativas relativas 

aos  papéis   sociais  que  se  apresentam no  cotidiano  escolar.  Este  capítulo  aponta  os 

indicadores mais pertinentes para se definir as disfunções pesadas na aprendizagem.

Considerando que o indivíduo na escola não está nela 

apenas   cognitivamente,   apresentamos   uma   discussão   que   localiza   as   principais 

demandas de desenvolvimento destes sujeitos de aprendizagem enfatizando que a idade 

em que o aluno de 5ª  série  se  encontra deve  interessar  a  quem analisa o cotidiano 

escolar   e   as   interações   nele   produzidas.   Vamos   analisar   as   mudanças   significativas 

marcadas   pelo   século   XX,   principalmente   para   os   adolescentes,   enfatizando   a 

irreverência, os questionamentos e transgressões às regras realizadas pelos jovens. E a 

necessidade de uma escola preparada para receber este adolescente.

6.1 A ADOLESCÊNCIA

Para   a   Organização   Mundial   da   Saúde   (OMS)   a 

adolescência  estabelece  o  período  de  10 a  19  anos  e  no  Estatuto  da  Criança  e  do 

Adolescente Brasileiro esta fase abrange dos 12 aos 18 anos. 

Profundas transformações físicas, psíquicas e sociais ocorrem na adolescência. Dá­se o nome de puberdade às modificações biológicas dessa fase relacionadas ao   crescimento   físico   e   à   maturação   sexual.   Os   sinais   físicos   sexuais desenvolvem­se   de   forma   progressiva;   há   aumento   da   massa   corporal   e   da velocidade de crescimento, cujo ápice é o estirão pubertário. Este termina com a calcificação da placa de crescimentos, sob a influência dos hormônios e com a aquisição da função reprodutora. (MANNA, 2007, p.13)

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De acordo com pesquisas é  no  início da adolescência 

que o cérebro apresenta algumas mudanças típicas no comportamento dos adolescentes 

como: o tédio, a impulsividade e a busca de novos desafios. As áreas do cérebro vão 

amadurecendo aos poucos, através do fortalecimento dos neurônios. É  só  no final  da 

adolescência que ocorre o amadurecimento do raciocínio referente aos atos, da memória, 

a ampliação  da linguagem como também do raciocínio abstrato (CAVALCANTI, 2007).

As   mudanças   físicas   no   período   da   adolescência 

também denominadas  de   “revolução  corporal”  ocorrem  tanto  nos  meninos  como  nas 

meninas, e implicam em diferentes possibilidades de interação com o outro, com a escola 

e com o conhecimento (MACEDO, 2003).

O   esquema   piagetiano   é   uma   abordagem   pertinente 

para   compreender   o   que   é   a   relação   entre   o   desenvolvimento   da   criança   e   a 

aprendizagem  do  aluno.  Nessa  abordagem,   a  aprendizagem  realiza­se  por   interação 

entre   sujeito   aprendiz   e   objeto   de   saber.   Aprender,   no   sentido   amplo   que   conjuga 

aprender e compreender resulta de uma relação do aluno com seu meio, inclusive quando 

este último é de natureza desestabilizante. As operações lógicas (organizar, relacionar, 

comparar, permutar e outros) são construídas pelo sujeito desde a mais tenra idade, em 

função   da   frequência   e  da   qualidade   das   interações   com   o   meio,   e   são   solicitadas 

constantemente durante as aprendizagens.

Segundo   Cuschnir   (1994,   p.   17):   “as   relações   que   a 

criança  faz com os objetos  e com as situações são concretas.  Quando entra  para a 

adolescência  estas   relações  tornam­se abstratas,   teóricas,  passam a  realizar  projetos 

para o futuro, raciocinam; tem idéias e ideais”.  O adolescente perde a situação de direitos 

e facilidades que pertence a infância. Neste momento, surgem às obrigações, aumenta as 

responsabilidades,   como   estudar,   escolher   roupas,   programas,   namoradas,   definir   a 

profissão etc. Necessita de se afirmar perante os outros, mesmo duvidando de si mesmo.

Analisando esta questão, a adolescência é:

[…] a etapa mais ativa da vida e o período do quais nossas capacidades físicas e cognitivas alcançam o ponto máximo de desenvolvimento. Apesar de ser a “flor da idade”,   contudo,   é   uma   fase   marcada   por   alterações   comportamentais   e sentimentais provocadas, primariamente, pela ausência de controle emocional em razão da falta de sincronismo entre um corpo quase adulto e uma mente ainda infantil.   A   característica   predominante  é   a   tomada  de  decisões   impensadas  e altamente influenciada pela pressão emocional dos pares; decisões muitas vezes incompreensíveis para a maioria dos adultos. O desenvolvimento de habilidades 

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sofisticadas de comunicação interpessoal, julgamento  e abstração, bem como de autocontrole   e   inibição   emocional   são   alguns   dos   desafios   pelos   qual   o adolescente deve transitar. (BEVILAQUA; CAMMAROTA; IZQUIERDO; 2007, p.14).

Conforme Tardeli (2007, p. 27) “é na adolescência que o 

indivíduo internaliza os valores morais e passa estabelecer ligações mais amplas com a 

sociedade e a cultura em que vive”. 

Nessa   perspectiva,   o   aluno   que   apresenta   grande 

dificuldade, ou que manifesta um transtorno, pode ser também aquele que não construiu 

ou   que   construiu   mal   as   operações,   as   estruturas   lógicas   ou   as   abstrações   que 

constituem seu pensamento. O aluno cuja disfunção não é identificada que não recebe 

um acompanhamento, corre o risco de fixar, de cristalizar a dificuldade e torna­se mais 

difícil de ser superada.

Os sinais  de alerta  são bastante  claros,  por  exemplo, 

relativamente  ao   insucesso  escolar,   ou  à   indisciplina.  Mas  a  motivação  e  a  ação  do 

professor/educador de alunos adolescentes, ou da escola com alunos adolescentes, não 

pode ser como a de um bombeiro que vai apagar um fogo. O aluno adolescente, na sua 

imensa riqueza humana, ainda desconhecida mesma para ele próprio a sua forma de ser 

única, a sua personalidade que quer desabrochar, exigem um olhar que abarque a pessoa 

no seu todo: um desafio a enfrentar pelos educadores dedicados aos jovens no nosso 

tempo.

6.2 O ADOLESCENTE NA ESCOLA

A   escola,   tal   como   a   conhecemos,   nasceu   como 

instituição   focalizada   no   desenvolvimento   racional   e   cognitivo   das   crianças,   e 

progressivamente, com o prolongar da escolaridade obrigatória, também dos jovens.  Em 

consequência deste processo, observa­se uma expectativa com que a sociedade olha 

para a escola, vendo nela a  instituição que poderá  ser capaz de vencer o desafio de 

ensinar,  mas  de verdadeiramente  educar  as  crianças e  os   jovens  que a   freqüentam, 

complementando ou mesmo suprindo nessa tarefa a própria família.

Ao   longo   dos   últimos   anos   tem­se   assistido   a   uma 

grande evolução do conceito e da prática de educação ao nível do ensino, a pessoa­aluno 

é   vista   como  um  todo,  procurando­se  o  seu  desenvolvimento   integral   e  privilegiando 

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métodos   de   ensino   e   de   abordagem   da   criança   aptos   a   estimular   os   passos   de 

crescimento intelectual, humano e social próprios de cada etapa da infância. Infelizmente, 

não podemos ainda dizer o mesmo no que diz respeito à fase da adolescência. Na grande 

maioria dos casos, a escola, continua a limitar­se a um ensino tipo acadêmico, remetendo 

o olhar educativo sobre o aluno adolescente, como pessoa que vive uma fase crucial do 

seu desenvolvimento para a boa vontade de alguns professores mais predispostos para o 

diálogo pessoal.   

A adolescência é, com certeza, uma das etapas da vida 

dos   alunos   em   que   a   necessidade   de   educação,   entendida   como   serviço   ao 

desenvolvimento global da pessoa. A escola é hoje um lugar privilegiado de vivência da 

adolescência. É o espaço físico, social, humano e, porque não dizer, também ideológico – 

visto ser a escola o lugar das idéias por excelência, o lugar da sua transmissão, do seu 

debate, da sua assimilação ou rejeição, em que a adolescência acontece, durante muitas 

horas de quase todos os dias, em inúmeros casos até aos 17 ou 18 anos de idade.

Nesse   sentido,   o   ambiente   escolar   terá   que   ter 

necessariamente   em   conta   desafios   tais   como:   olhar   para   o   adolescente   na   sua 

necessidade de desenvolvimento e da consolidação da identidade e da capacidade de 

inter­relação, catalizar o seu processo de descoberta de si próprio como pessoa única, 

valiosa, digna, possibilitar o contato, pessoal e estável, com figuras significativas, bem 

como o confronto com valores, atitudes e ideais que poderão dar sentido e objetivos a sua 

vida. Esse ambiente educativo deverá  proporcionar ao adolescente a possibilidade do 

encontro consigo mesmo, num contexto simultaneamente protegido e aberto, que lhe de 

todo o tempo necessário para se ir consolidando como pessoa, sem ter que se esconder, 

ou   converter   em   agressividade   descontrolada,   as   suas   fragilidades,   dúvidas   e 

descobertas.

Como afirma Van Gennep  (apud FAR, 2007),  em  “Os 

ritos de passagem”,   “viver  é  continuamente desagregar­se e reconstituir­se,  mudar  de 

estado e de forma, morrer e renascer. É agir e depois parar, esperar e repousar, para 

começar em seguida a agir, porém de forma diferente.

O adolescente precisa de uma turma para reforçar sua identidade, precisa estar no ponto extremo para ser completamente diferente e não se sentir misturado com o status quo. […] é representado pelo pai e a mãe, a família. Ele precisa ser completamente diferente para dizer: “Eu sou eu, não sou 

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igual, e eu sim é que vou saber fazer as coisas direito”. Utilizo o grupo para pertencer,   sentir­se   pertinente,   e   assim   ter   poder.   Esse   poder   chega   a situações   perigosas,   verdadeiras   guerras   entre   grupos,   tomadas   de territórios, com confrontos mortais (grifo do autor). (CUSCHNIR, 1994, p.83).

Em   todas   as   etapas   é   importante   que   a   relação 

escola/aluno seja de respeito junto aos grupos ou turmas, procurando sempre dialogar 

com   os   lideres   sem   atitudes   autoritárias,   mas   através   da   colaboração,   aceitando 

sugestões   para   a   tomada  de   atitudes.   É   nesse   estágio   que  o  adolescente  passa   a 

desenvolver a abstração, ou seja, a capacidade de compreensão atinge o ponto máximo 

no colegial.  Os interesses são variados e encontram dificuldades de concentração em 

atividades que exigem demasiada atenção.

Para   Bombonatto   (2007,   p.   21)   “muitos   adolescentes 

passam por conflitos no processo ensino e aprendizagem com a entrada no mundo adulto 

e o desejo  de se afastar do seio familiar”. O jovem tem necessidade de ser aceito pelo 

grupo,  assumindo um estilo  para  agradar  não somente  a  si  e   sim principalmente  os 

outros. Começa a questionar as normas sociais e inicia a descoberta de valores como: 

liberdade, privacidade, democracia, respeito e outros.

A escola tem um papel muito importante para o jovem, 

além de  desenvolver   a  área   cognitiva,  é   primordial   para  a   construção  da   identidade 

individual e grupal. Não transmite somente conhecimentos acadêmicos, mas sim valores 

éticos,   morais   que   permeiam   a   sociedade,   que   influenciará   em   suas   expectativas   e 

decisões (BOMBONATTO, 2007).

É   importante   que   no   projeto   político   pedagógico   da 

escola esteja  inseridos atividades que promovam o respeito pelo próximo, ética, enfim 

ações importantes que poderão contribuir para a vida do jovem, na sociedade. A figura do 

professor é primordial no processo de ensino e aprendizagem no sentido de superar a 

imagem do professor que detém o saber, onde este tem somente a responsabilidade de 

transmitir o conhecimento de maneira passiva, ou fazendo o uso do poder com posturas 

autoritárias.  

O   desenvolvimento   do   ser   humano   passa   pela   dimensão   social   e   envolve cognição, afeto e moral. Sua teoria vem fortalecer o foco central desta temática que é a relação professor ­aluno, caracterizada, positiva ou negativamente, pelas intenções afetivas que por ela perpassam. No estágio das operações formais, o desenvolvimento   afetivo   emergem   das   mesmas   fontes   do   desenvolvimento cognitivo e das estruturas intelectuais. Na adolescência, o desenvolvimento afetivo 

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é marcado pelo desenvolvimento dos sentimentos idealistas e a continuação da formação da personalidade (Piaget, 1995, p. 59 apud KULOK, 2002).

Reafirmando   algumas   colocações   em   relação   a 

afetividade, é  importante compreender que na relação professor/aluno a “afetividade” é 

como   uma   “energia”   que   leva   a   ação,   pois   possibilita   um   clima   mais   propício   ao 

enfrentamento   dos   desafios   da   aprendizagem,   aumenta   o   rendimento   e   melhora   a 

interação de todos.

ATIVIDADES 

Atividade I­ ESTUDO PARA RELEXÔES DA RELAÇÃO COM O ADOLESCENTE

Este texto dará suporte e condições para reflexão sobre os indicadores mais pertinentes para  se  definir   as  disfunções  pesadas  na  aprendizagem durante  a  adolescência    na escola de hoje, portanto os envolvidos tem a capacidade de refletir,  planejar e propor práticas inovadoras para a reorganização do trabalho escolar.

Leitura   Complementar:  BOMBONATTO,   Q.   O   sentido   da   escola.  Revista   Mente   e Cérebro,  São  Paulo,   v.   3,  Série  Especial:   o  olhar   adolescente:   os   incríveis   anos  de transição para a idade adulta, p. 21­29, 2007.

Atividade II

A) Com base no texto analise as disfunções pesadas na aprendizagem durante a adolescência.

B)   A partir da síntese das idéias principais do texto, escreva um relatório sobre a relação professor­aluno e o não aprender, onde são consideradas na literatura científica   e   tratadas   neste   capítulo   como   possíveis   indicadores   para   a compreensão deste problema.

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7. CAPÍTULO 3AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO APLICADAS PELO PROFESSOR 

PODEM SER ENRIQUECIDAS

Ajudar um aluno quando se depara com um obstáculo é 

um ato de remediação, mas não seria mais útil prevenir, antecipar o obstáculo para agir 

na raiz? É sobre a prática pedagógica do professor, de suas estratégias no dia a dia da 

sala de aula , que o capítulo centra sua reflexão.

As estratégias dos alunos correspondem as estratégias 

dos  professores,elas   se   referem a   transmissão  e  às  posturas  do  professor   em suas 

interações educativas com o aluno. Sobre essa questão, Fayol e Monteil (1994) observam 

que: “o bom emprego de uma estratégia exige uma mobilização espontânea, por parte do 

sujeito, de seus procedimentos, bem como uma consciência do procedimento escolhido, 

da eficácia da escolha e da validade da realização”.

Medeiros et al. (2000), confirma em seus estudos, que 

as experiências do cotidiano escolar vão sendo internalizadas nos alunos, (positiva ou 

negativamente) e passam a agir  nestes, como sinalizador de sua capacidade, de seu 

potencial produtivo, podendo influenciar em seu desempenho escolar como um todo.

Segundo   Perraudeau   (2009),   dentro   do   ensino   e 

aprendizagem, o primeiro aspecto a se considerar é a prevenção, onde volta­se para o 

papel   e   os   meios   dos   quais   dispõe   o   professor   para   ajudar   o   aluno   a   mobilizar 

procedimentos, a realizar uma escolha e a modificar o que não convém. Segundo aspecto 

é  relativo aos meios utilizados pelo professor para levar o aluno à  aprendizagem. E o 

terceiro aspecto é o que permite ao professor a compreender os procedimentos do aluno 

e   fazer   com   que   este   elucide   melhor   suas   estratégias   e   as   modifique   quando   for 

necessário.

Considerando o homem, não um ser passivo, totalmente 

dominado   pelas   ações   do   meio,   mas   um   ser   influente   em   todos   os   processos.   Um 

participante ativo dos rumos de sua vida, que de acordo com seu interesse, pode interferir 

no curso dos acontecimentos da mesma. 

[…]   O   homem  aprende   e   adquire   experiências  observando   as   conseqüências dentro   de   seu   ambiente,   assim   como   as   vivências   das   pessoas   a   sua   volta, 

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considerando que, pensamentos, convivência, crenças e expectativas fazem parte de um processo. (BANDURA apud SOUSA, 2007 p. 163)

Como o aluno passa grande parte do seu tempo no ambiente escolar, é 

natural,  que  seu comportamento  seja  afetado  pelas   relações  que  lá   se  estabelecem. 

Acontece  que  não  podemos  esquecer  que   suas  estratégias  utilizadas   também estão 

relacionadas, em parte, ao contexto social,   familiar e cultural do aluno. Nesse caso, o 

papel  da escola é   importante,  pois  compensa na medida do possível  a  oferecer:  um 

ambiente seguro, um clima pacífico, referências quanto ao agir, conteúdos estruturados e 

outros.

O comportamento humano,  gerado a partir  das  interações do  indivíduo com o meio, pode variar de indivíduo para indivíduo. O ambiente se apresenta de modo igual para todos e é denominado, dentro da Teoria Social Cognitiva, de ambiente potencial. Dentro deste ambiente potencial, o indivíduo faz um recorte do que lhe parece importante, criando o seu ambiente real. É neste ambiente real que ele passa a atuar  e exercer  sua capacidade de agente humano,  influenciando­o e sendo influenciado por ele. ( BANDURA apud TORISU; FERREIRA, 2009, p.170).

                               Todos os envolvidos no processo educativo podem 

possibilitar aos alunos o desenvolvimento de uma autoestima mai elevada ao utilizar­se de 

feedback  e   incentivos  positivos,  permitindo­lhes,  que  estes  se   familiarizem com suas 

próprias estruturas mentais sem perder a confiança, otimismo e controle, ao incentivá­los 

ao esforço e persistência, ajudando a entender o que sabem e o que não sabem, ao 

acompanhar e avaliar não só os conhecimentos e habilidades, mas também traçar metas 

para uma aprendizagem mais efetiva, possibilitando­lhes condições para que melhorem 

(AZZI; POLYDORO; BZUNECK, 2006, p. 149).

As   tarefas   ou   atividades   devem   conter   partes 

relativamente fáceis e partes mais difíceis para todos, que se trabalhe com atividades 

complementares,   interessantes   e   de   enriquecimento   aos   que   concluírem   primeiro, 

permitindo  que  cada  um siga  o  seu  próprio   ritmo.  Alternar   trabalhos   individuais   com 

trabalhos em pequenos grupos, desde que estes não se cristalizem e todos recebam a 

devida assistência. (STIPEK 1993 apud BZUNECK, 2004).

No  ambiente  escolar,   deve­se  evitar   toda  a   forma  de 

comparação social, ou seja, evitar dar a mesma tarefa a todos e cobrar deles o mesmo 

ritmo, não agrupá­los em função de suas capacidades e evitando o clima competitivo em 

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sala (BANDURA 1986 apud BZUNECK, 2004).

As estratégias de ensino são constituídas pelo conjunto 

das condutas didáticas, pedagógicas e relacionais que o professor utiliza para dar sua 

aula. Elas não se resumem a uma exposição indiferenciadas de saberes mais ou menos 

afastados da realidade do aluno; elas se apoiam em uma postura de interação que visa a 

compreender o aluno em suas escolhas de procedimentos a fim de acompanhá­lo da 

maneira mais eficaz possível em suas aprendizagens. Estes princípios indicam que todos 

os   envolvidos   no   processo   educativo   podem   oferecer   ao   estudante   condições   mais 

favoráveis para que tenha prazer ao estudar.

  ATIVIDADES 

Atividade I­ ESTUDOS PARA RELEXÔES DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Este texto dará suporte e condições para uma reflexão sobre as estratégias de ensino aplicadas pelo  professor,  enfatizando os   importantes  processos de cada um e  que o mesmo estabelece implicações com o aprender em sala de aula. Portanto os envolvidos serão capazes de refletir, planejar e propor práticas inovadoras para a reorganização do trabalho escolar.

 Leitura Complementar: BZUNECK, J. A. As crenças de autoeficácia e o seu papel na motivação dos alunos. In: BZUNECK, J. A.; BORUCHOVITCH, E. (Org.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea. 3. ed. Petrópolis­RJ: Vozes, 2004.

                                         

Atividade II

A) Com base no texto analise a importância de elevar a autoestima dos alunos que frequentam as escolas públicas onde estamos inseridos.  

B) A partir da síntese das idéias principais do texto, escreva um relatório sobre o desempenho dos alunos de 5ª séries das escolas onde desenvolvemos a nossa prática pedagógica. E organize algumas estratégias de aprendizagem para um Plano de Trabalho Docente que respeite as individualidades dos alunos.

C)  Quais   as   contribuições   deste   debate   para   construção   do   Projeto   Político Pedagógico, visando uma prática social coletiva?

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