caderno de stylus 2

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Internacional dos Fóruns do Campo Lacaniano Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano O que tem a dizer o psicanalista sobre o autismo? 2 ISSN 1676-157X outubro 2013 n O 2 Caderno de st y lus

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Page 1: Caderno de Stylus 2

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“Mas o que me pergunto a quem tiver ouvido a comunicação que questiono é se, sim ou não, uma criança tapa os ouvidos – dizem-nos: para que? para alguma coisa que está sendo falada –

já não está no pós verbal, visto que é do verbo que se protege?”

Jacques Lacan

aLocução sobre as psicoses da criança (1968)

“Como o nome o indica, os autistas escutam a si mesmos. Eles ouvem muitas coisas. Isto desemboca inclusive normalmente na alucinação, que sempre tem um caráter mais ou menos

vocal. Nem todos autistas escutam vozes, mas articulam muitas coisas e se trata de ver precisamente onde escutaram o que articulam.

Lacan - O Sr. trata autistas? Dr. Cramer - Sim.

- Então, o que o Sr. acha dos autistas? - Que precisamente não conseguem ouvir-nos, que permanecem acuados.

- Mas isso é algo muito diferente. Eles não conseguem escutar o que o Sr. tem para dizer-lhes enquanto o Sr. se ocupa deles.

- Mas também nos custa trabalho escutá-los. Sua linguagem continua sendo algo fechada. - É muito precisamente o que faz com que não os escutemos. O fato de que eles não nos escutam.

Mas finalmente há sem dúvida algo para dizer-lhes. - Minha pergunta apontava um pouco mais longe. Por acaso o simbólico – e aqui utilizarei

um curto circuito – isso se aprende? Existe algo em nós desde o nascimento que faz com que estejamos preparados para o simbólico, para receber precisamente a mensagem simbólica,

para integrá-la? - Tudo o que disse implicava isso. Trata-se de saber por que há algo no autista ou no chamado esquizofrênico, que se congela, poderíamos dizer. Mas o senhor não pode dizer que não fala.

Que o senhor tenha dificuldade para escutá-lo, para dar seu alcance ao que dizem, não impede que se trate, finalmente, de personagens de preferência verbosos”.

Jacques Lacan

conferencia em Genabra sobre o sintoma (1975)

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O que tem a dizer o psicanalista sobre o autismo?

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ISSN 1676-157Xoutubro 2013

nO 2

Caderno de

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Page 2: Caderno de Stylus 2

3Caderno de Stylus Rio de Janeiro no. 02 p.1-116 outubro 2013

sumário05 editorial: Ida Freitas

documentos11 HISTÓRICO DO MOVIMENTO PSICANÁLISE, AUTISMO E

SAÚDE PÚBLICA 13 CARTA DA EPFCL–BRASIL AO MINISTÉRIO DA SAÚDE19 POLÍTICA E ÉTICA DA PSICANÁLISE PARA O TRATAMENTO

DAS PSICOSES: A subversão como resposta à segregação

psicanálise e instituição31 Sheila Abramovitch: Autismo na saúde mental e a psicanálise37 Maria Vitória Bittencourt: Qual o lugar da psicanálise na instituição?

teoria e clínica psicanalítica do autismo45 Luis Achilles Rodrigues Furtado: Autista: sujeito e indivíduo51 Georgina Cerquise: Observações sobre o autismo a partir do caso

clínico de Leo Kanner59 Beatriz Oliveira: O Caso Dick em questão: reflexões acerca do

tratamento possível da psicose69 Samantha A. Steinberg: A psicanálise pode atender os sujeitos com

Asperger? – Pensando a direção de tratamento no autismo a partir dos conceitos de gozo e linguagem

79 Bernard Nominé: A propósito do autismo: há, certamente, algo a dizer83 Martine Menès: O autista, um sujeito a supor93 Patrícia Oliveira: Autismo e Linguagem101 Pascale Macary-Garipuy e Marie-Jean Sauret: Os autistas escrevem