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POEMAS E QUADRINHAS ED. INFANTIL/ CICLOS DE APRENDIZAGEM I e II / EJA APOIO À PRÁTICA PEDAGÓGICA

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POEMAS E QUADRINHAS

ED. INFANTIL/ CICLOS DE APRENDIZAGEM I e II / EJA

APOIO

À PRÁTICA

PEDAGÓGICA

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Prefeito da Cidade de Salvador JOÃO HENRIQUE DE BARRADAS CARNEIRO Secretário Municipal da Educação e Cultura NEY CAMPELLO Coordenadora de Ensino E Apoio Pedagógico ANA SUELI PINHO Equipe Técnica da Edição Original (1996) Coordenação da Elaboração dos Cadernos Kadja Cristina Grimaldi Guedes Consultoria Maria Esther Pacheco Soub Sistematização Antônia Maria de Souza Ribeiro Maria de Lourdes Nova Barboza Elizabete Regina da Silva Monteiro Edição Atualizada (2007) Alana Márcia de Oliveira Santos Coordenação da reedição dos Cadernos Maria de Lourdes Nova Barboza APRESENTAO

A reedição deste caderno atende aos objetivos da SMEC em dar

suporte didático/pedagógico às atividades de sala de aula.

Esta publicação destina-se exclusivamente para uso pedagógico nas escolas Municipais de Salvador, sendo vedada a sua comercialização. A reprodução total ou parcial deverá ser autorizada pela Secretaria Municipal da Educação e Cultura de Salvador.

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APRESENTAÇÃO É com muita satisfação que a Coordenadoria de Ensino e Apoio Pedagógico - CENAP – apresenta aos professores do Sistema Municipal de Ensino, a reedição dos Cadernos de Apoio à Prática Pedagógica. Nascidos em 1996, de um trabalho de vanguarda que conectava a teoria à prática da sala de aula das escolas municipais, tais cadernos procuravam ser – e certamente ainda são – um instrumento estratégico da nossa luta diária para aumentar os índices de desempenho acadêmico dos alunos da Rede Municipal de Ensino de Salvador. Os Cadernos de Apoio à Prática Pedagógica apresentam vários blocos de sugestões com diferentes gêneros textuais e algumas atividades voltadas para aquisição da base alfabética e ortográfica dos alunos, subsidiando os professores no seu saber-fazer pedagógico.

Acreditamos que quanto mais investirmos na formação continuada, na prática reflexiva, na pesquisa de soluções originais, mais será possível uma progressiva redefinição do nosso ofício de professor, no sentido de uma maior profissionalização. Atualizamos e publicamos esses cadernos, apostando no potencial criativo dos professores, tendo em vista o bem comum de todas as crianças, jovens e adultos que freqüentam as escolas municipais de Salvador. Sucesso professor, é o que lhe desejamos! Ana Sueli Pinho Coordenadora da CENAP

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POEMA

A poesia é considerada a semente de toda a literatura, ou seja, tudo indica que a literatura começou em forma de poesia; portanto é o gênero mais antigo de que se tem notícia. Os antigos gregos viveram uma cultura oral que desconhecia a escrita, por isso todo conhecimento era transmitido pela voz. Eles então desenvolveram técnicas rigorosas de uso da voz de modo a garantir que os ouvintes entenderiam, memorizariam e transmitiriam tudo aquilo que era falado. O modo mais eficaz para tornar isto possível era aquele em que a palavra fosse usada com um certo ritmo e a frase tivesse um limite, uma unidade métrica, o que significa dizer que fosse uma frase curta. Essa forma de expressão deu origem ao que conhecemos hoje como poesia. O poeta daquela época não tem nada a ver com o conceito de poeta que temos hoje, antigamente esta figura tinha uma função social e política da qual nunca se separava: cabia-lhe garantir a circulação do conhecimento, das idéias, da cultura produzida em sua civilização. Hoje o poeta é um escritor que produz um tipo muito especial de literatura e não está a seu cargo a divulgação pessoal do que escreve. POESIA E POEMA / VERSO E PROSA É comum o uso das palavras poesia e poema como sinônimos, porém nem toda composição versificada contém poesia. Além disso, a poesia não precisa necessariamente do verso para se manifestar; podemos encontrá-la na prosa, e até mesmo em outras manifestações artísticas como a pintura, a música, a dança etc. Isso porque a poesia é transmitida para o leitor através da subjetividade implícita em uma forma de expressão. As definições de Antônio Soares Amora para poesia e poema, verso e prosa são: Poesia é o estado emotivo e lírico do poeta, no momento da criação do poema; o estado lírico reviverá na alma do leitor se este lograr transformar o poema em poesia. Poema é a fixação material da poesia; é a decantação formal do estado lírico. São as palavras, os versos e as estrofes que se dizem e que se escrevem e assim fixam e transmitem o estado lírico do poeta. É o encontro da poesia com o leitor. Verso é, a grosso modo, cada uma das linhas fragmentadas, organizadas em estrofes, que compõem um poema. Prosa é um discurso contínuo, não fragmentado, organizado em períodos e parágrafos. CARACTERÍSTICAS DE UM POEMA

• Rima – recurso que consiste em usar palavras que terminam de forma parecida, quase sempre no final dos versos;

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• Aliterações - recurso que consiste na repetição de sons de consoantes iguais ou semelhantes em várias palavras, dando um efeito de eco no texto;

• Assonâncias - recurso que consiste na repetição de sons de vogais iguais ou semelhantes em várias palavras, dando um efeito de eco no texto;

• Métrica – número de sílabas de cada linha ou verso e que obedece a algumas regras;

• Acentuação Tônica - Intervalos entre sílabas fortes e fracas. Nada é gratuito no texto: se o poeta usa rima ou não, se faz versos curtos ou longos, se coloca um refrão, se usa aliteração, tudo é para provocar um efeito de sentido. É como arrumar ou enfeitar uma casa: um vaso aqui, um detalhe lá, um quadro na parede – tudo para produzir efeito. Na poesia, a organização das palavras cria um novo significado. COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS NECESSÁRIAS À DICÇÃO DE UM POEMA:

Competências técnicas

� Escolha e domínio da postura – posicionamento do corpo, do rosto e do olhar; � Domínio da voz: projeção, pose, adaptação; � Domínio da respiração e dos grupos respiratórios.

Competências de interpretação

� Escolha do ritmo: determinação dos grupos respiratórios, local e duração das

pausas, velocidade de elocução; � Escolha da entonação diferenciada em: lingüística – obrigatória por ser induzida

pelas estruturas e pelos sinais de pontuação; afetiva – que se apóia nas escolhas pessoais do que se diz o poema e que de traduzir suas intenções;

� Escolha eventual do gestual como completo da voz para reforçar a interpretação; � Apropriação pessoal: a criança transmite, durante a dicção, sua própria

representação do poema. CONSIDERAÇÕES PEDAGÓGICAS Ao levantar o conhecimento prévio dos alunos, um critério lógico a ser explorado é o conteúdo básico sobre o qual se concentrará o processo de ensino e de aprendizagem. Se por exemplo, nos propomos a trabalhar com poemas, terá sentido fazer questionamentos aos alunos como: Alguém conhece alguma pessoa que escreva poemas? Que nome você daria a uma mulher que escreve poemas? E um homem? Se eu espalhar vários textos no chão, alguém saberia mostrar qual é um poema? Qual a razão de escolher este como um poema? etc.

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Desta forma, o professor poderá evitar o acúmulo de informações desnecessárias ao objetivo da intervenção bem como assegurar a coerência entre esta ação e as intervenções seguintes. OBJETIVOS

• Identificar a estrutura de um texto poético: título, versos, estrofes etc, garantindo-lhe uma competência lingüística e literária;

• Conhecer e apreciar a linguagem poética, estabelecendo um vínculo prazeroso com a leitura de poemas;

• Reconhecer aspectos da diagramação do texto poético. • Reconhecer autores do gênero e suas obras e ampliar o repertório lingüístico; • Discutir as questões lexicais apresentadas nos textos; • Identificar as diferenças entre um texto escrito em verso e em prosa; • Reconhecer o caráter polissêmico do texto poético; • Produzir textos poéticos.

ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS

• Levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema; • Explanação sobre a diferença entre poema e poesia; • Discussão sobre as características de um poema, comparando com outras

tipologias já conhecidas pelos alunos; • Promoção de leitura de textos poéticos, discutindo a forma como são

apresentados: distribuição gráfica, diagramação, ressaltando que nem todos possuem o mesmo número de estrofes ou versos, havendo textos sem separação de estrofes etc;

• Manutenção da roda de leitura como atividade permanente, incentivando aos alunos a lerem poemas e exercitarem a arte de declamar;

• Promoção de jogos: quebra-cabeça em tirinhas com as estrofes; encontrar o maior número de rimas; substituir as palavras que rimam por outras com a mesma sonoridade; identificar a maior quantidade de poemas em meio a várias tipologias diferentes dentro de um limite de tempo (explicar para os colegas a razão da escolha) etc, com o objetivo de promover a apropriação das características deste tipo de texto por parte dos alunos;

• Promoção de saraus e concursos de poesia; • Construção com os alunos, um livro contendo os seus poemas prediletos e/ou de

sua própria autoria. • Utilização do laboratório de informática para visita a sites que abordam a

tipologia (ver referências).

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QUADRINHAS

Quadra é uma estrofe de quatro versos, também chamada de quarteto. A quadra tem sentido completo e é muito freqüente no folclore popular. A quadra é folclórica porque, inventada por alguém anônimo, vai passando de boca em boca. Por isso se diz que elas fazem parte da tradição oral do povo. As rimas das quadras são simples assim como as palavras que compõem o seu texto. Também são chamadas de poesia ingênua. O primeiro contato que a criança tem com a poesia ocorre ainda no berço através das canções de ninar e prossegue com as cantigas-de-roda, os brinquedos recitados e cantados e as quadrinhas ou trovas populares. Os jogos de palavras, as onomatopéias, as repetições e as rimas contidas nestas quadras agradam muito as crianças. O trabalho com esse tipo de texto favorece a utilização de múltiplas estratégias de leitura e contempla a reflexão sobre a escrita convencional, garantidas pelo domínio oral que têm as crianças. Segundo o Novo Dicionário Brasileiro Melhoramentos, as quadras são também conhecidas como trovas – composição lírica, ligeira e de caráter mais ou menos popular; cantiga; canção. Para o grande poeta Fernando Pessoa, a quadra é o vaso de flores que o povo põe na janela de sua alma. OBJETIVOS

• Apropriar-se do sistema alfabético da escrita; • Reconhecer as características da quadra, comparando-a com outras tipologias

textuais conhecidas; • Ampliar o vocabulário; • Produzir quadrinhas.

ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS

• Levantamento os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema; • Discussão das características de uma quadrinha, comparando com outras

tipologias já conhecidas pelos alunos; • Promoção de leitura de quadrinhas, discutindo a forma como são apresentados e

o porquê da nomenclatura quadra; • Manutenção da roda de leitura como atividade permanente, incentivando os

alunos a lerem e criarem quadrinhas; • Promoção de jogos: quebra-cabeça em tirinhas com as estrofes; encontrar o

maior número de rimas; substituir as palavras que rimam por outras com a mesma sonoridade; identificar a maior quantidade de quadrinhas em meio a

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várias tipologias diferentes dentro de um limite de tempo (explicar para os colegas a razão da escolha) etc, com o objetivo de promover a apropriação das características deste tipo de texto por parte dos alunos;

• Utilização do laboratório de informática para visitar sites que abordam a tipologia (ver referências).

AVALIAÇÃO A avaliação é um ato diagnóstico contínuo que serve de subsídio para uma tomada de decisão na perspectiva da construção da trajetória do desenvolvimento do educando e apoio ao educador na práxis pedagógica. Nessa perspectiva, a avaliação funciona como instrumento que possibilita ao professor ressignificar a prática docente a partir dos resultados alcançados com os alunos,ou seja, o resultado é sempre o início do planejamento de intervenções posteriores. Sugerimos a utilização do instrumento avaliativo apresentado a seguir, para acompanhamento do desempenho dos seus alunos e replanejamento de suas ações.

Avaliação – Produção Textual Modalidades: Poemas e Quadrinhas

TÓPICOS DE REVISÃO

Sim

Desenvolvimento

e adequação ao

tema

• O texto produzido corresponde ao tema proposto? • Foi produzido o suficiente para o desenvolvimento das idéias? • O texto apresenta clareza? • O texto apresenta coesão?

Características

do gênero

• O texto caracteriza-se como um texto poético quanto a linguagem? • Apresenta estrutura de texto quanto a linguagem? • O texto apresenta estrutura de diagramação/ silhueta de texto poético e ou quadrinha? • Apresenta estrofes? • Apresenta título? • O texto esta escrito em verso? • Tem rima? • Apresenta espaço em branco entre as estrofes?

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Estrutura

estética

• O texto foi escrito respeitando as linhas? • A letra empregada é legível? • O texto é legível, ainda que com borrões e rasuras? • O texto apresenta margem dos dois lados da página?

Estrutura

Lingüística

De uma forma geral o aluno: • Escreve convencionalmente as palavras? • Acentua adequadamente as palavras? • Emprega a pontuação que facilita a leitura e compreensão do texto? • Usa letras maiúsculas e minúsculas adequadamente? • Emprega o vocabulário de maneira adequada? • Apresenta concordância nominal? • Apresenta concordância verbal?

POEMAS

Manuel Bandeira

PORQUINHO-DA-ÍNDIA

Quando eu tinha seis anos Ganhei um porquinho-da-índia Que dor de coração me dava Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! Levava ele pra sala Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos Ele não se importava: Queria estar debaixo do fogão Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas... - O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.

O BICHO Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade.

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O bicho não era um cão Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. O ANEL DE VIDRO Aquele pequenino anel que tu me deste, - Ai de mim – era vidro e logo se quebrou... Assim também o eterno amor que prometeste, - Eterno! Era bem pouco e cedo se acabou. Frágil penhor que foi do amor que me tiveste Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, Aquele pequenino anel que tu me deste, - Ai de mim – era o vidro e logo se quebrou... Não me turbou, porém, o despeito que investe Gritando maldições contra aquilo que amou. De ti conservo na alma a saudade celeste... Como também guardei o pó que me ficou Daquele pequenino anel que tu me deste... PARDALZINHO O pardalzinho nasceu livre. Quebraram-lhe a asa. Sacha lhe deu uma casa, Água, comida e carinhos. Foram cuidados vãos: a casa era uma prisão, o pardalzinho morreu. O corpo, Sacha enterrou no jardim; a alma, essa voou para o céu dos passarinhos! TEREZA (Estrela da vida inteira) A primeira vez que vi Tereza Achei que ela tinha pernas estúpidas. Achei também que a cara parecia uma perna Quando vi Tereza de novo Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo ( Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo renascesse)

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Da terceira vez não vi mais nada Os céus se misturaram com a terra E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas

Vinícius de Moraes A PORTA Eu sou feita de madeira Madeira, matéria morta Mas não há coisa no mundo Mais viva do que uma porta. Eu abro devagarinho Pra passar o menininho Eu abro bem com cuidado Pra passar o namorado Eu abro bem prazenteira Pra passar a cozinheira Eu abro de sopetão Pra passar o capitão. Só não abro pra essa gente Que diz (a mim bem me importa...) Que se uma pessoa é burra É burra como uma porta. Eu sou muito inteligente! Eu fecho a frente da casa Fecho a frente do quartel Fecho tudo neste mundo Só vivo aberta no céu. O ELEFANTINHO Onde vais, elefantinho Correndo pelo caminho Assim tão desconsolado? Andas perdido bichinho Espetaste o pé no bichinho Que sentes, pobre coitado? A estou com um medo danado Encontrei um passarinho!

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A CASA Era uma casa Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada Ninguém podia Entrar nela não Porque na casa Não tinha chão Ninguém podia Dormir na rede Porque na casa Não tinha parede Ninguém podia Fazer pipi Porque penico Não tinha ali Mas era feita Com muito esmero Na rua dos Bobos Número zero. AS BORBOLETAS Brancas Azuis Amarelas E pretas Brincam Na luz As belas Borboletas Borboletas brancas São alegres e francas

Borboletas azuis Gostam muito de luz. As amarelinhas São tão bonitinhas! E as pretas, então... Oh, que escuridão! O PATO Lá vem o pato Pata aqui, pata acolá Lá vem o pato Para vê o que é que há.

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O pato pateta Pintou o caneco Surrou a galinha Bateu no marreco Pulou do poleiro No pé do cavalo Levou um coice Criou um galo Comeu um pedaço De jenipapo Ficou engasgado Com dor no papo Caiu no poço Quebrou a tigela Tantas fez o moço Que foi ´pra panela. O RELÒGIO Passa tempo, tic-tac Tic-tac passa hora Chega logo, tic-tac Tic-tac, e vai embora Passa tempo Bem depressa Não atrasa Não demora Que já estou Muito cansado Já pedi Toda a alegria De fazer Meu tic-tac Dia e noite Noite e dia Tic-tac Dia e noite Noite e dia Tic-tac Tic-tac Tic-tac

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Carlos Drummond de Andrade CIDADEZINHA QUALQUER Casas entre bananeiras Mulheres entre laranjeiras Pomar amor cantar. Um homem vai devagar Um cachorro vai devagar Devagar as janelas olham Eta vida besta meu deus. ENLEIO Que é que vou dizer a você? Não estudei ainda o código de amor Inventar, não posso. Falar não sei. Balbuciar, não ouso. Fico de olhos baixos Espiando, no chão, a formiga. Você sentada na cadeira de palhinha. Se ao menos você ficasse aí nessa posição Perfeitamente imóvel, com está, Uns quinze anos(só isso) Então eu diria: Eu te amo. Por enquanto sou apenas o menino Diante da mulher que não percebe nada. Será que você não entende, será que você é burra? NO MEIO DO CAMINHO No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas, Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra.

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A CARTA Há muito tempo, sim, não te escrevo. Ficaram velhas todas as notícias. Eu mesmo envelheci. Olha, em relevo, Estes sinais em mim, não das carícias (tão leves) que fazias no meu rosto: São golpes, são espinhos, são lembranças Da vida a teu caminho, que ao sol posto Perde a sabedoria das crianças. A falta que me faz não é tanto À hora de dormir quando dizias “ Deus te abençoe”, e a noite abria em sonho. É quando, ao despertar, revejo a um canto A noite acumulada de meus dias, E sinto que estou vivo, e que não sonho. QUADRILHA João amava Tereza que amava Raimundo Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili Que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Tereza para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili com J. Pinto Fernandes Que não tinha entrado na História.

Cecília Meireles ENCHENTE Chama o Alexandre! Chama! Olha a chuva que chega! É a enchente. Olha o chão que foge com a chuva... Olha a chuva que encharca a gente. Põe a chave na fechadura. Fecha a porta por causa da chuva, Olha a rua como se enche!

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Enquanto chove, bota a chaleira no fogo: olha a chama!Olha a chispa! Olha achuva nos feixes de lenha! Vamos tomar chá, pois a chuva é tanta que nem de galocha se pode andar na rua cheia! Chama o Alexandre! Chama! TANTA TINTA Ah! Menina tonta, Toda suja de tinta mal o sol desponta! (Sentou-se na ponta, Muito desatenta... E agora se espanta: Quem é que a ponta pinta com tanta tinta?...) A ponta aponta e se desponta. A tontinha tenta limpar a tinta, ponto por ponto e pinta por pinta... Ah! A menina tonta! Não viu a tinta da ponte! OU ISTO OU AQUILO Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o anel, Ou se põe o anel e não de calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares, É uma grande pena que não se possa Estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

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Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, Ou compro o doce e gasto o dinheiro. Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... E vivo escolhendo o dia inteiro! Não sei se brinco, não sei se estudo Se saio correndo ou se fico tranqüilo Mas não consegui entender ainda Qual é melhor?: se é isto ou aquilo. A AVÓ DO MENINO A avó Vive só. Na casa da avó O galo liró Faz “cocorocó!” A avó bata pão-de-ló E anda um vento-to-tó Na cortina de filó. A avó Vive só. Mas se o neto menino Mas se o neto Ricardo Mas se o neto travesso Vai à casa da vovó Os dois jogam dominó. CANÇÃO DOS TAMANQUINHOS Troc...troc...troc...troc... Ligeirinhos,ligeirinhos Troc...troc...troc...troc... Vão cantando os tamanquinhos. Madrugada, troc...troc... Pelas pedras dos caminhos Vão batendo, troc...troc... Vão cantando os tamanquinhos. Chove!Troc...troc...troc... No silêncio dos caminhos Alagados, troc...troc.. Vão cantando os tamanquinhos. E até mesmo, troc...troc...

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Os que têm sedas e arminhos Sonham, troc...troc... Com seu par de tamanquinhos.

Mario Quintana

O POEMA Um poema como um gole d’água bebido no escuro. Como um pobre animal palpitando ferido. Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna. Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema. Triste. Solitário Único. Ferido de mortal beleza. CIDADEZINHA CHEIA DE GRAÇA Cidadezinha cheia de graça... Tão pequena que até causa dó! Com seus burricos a pastar na praça... Sua igrejinha de uma torre só... Nuvens que venham, nuvens e asas, Não param nunca nem um segundo... E fica a torre, sobre as velhas casas, Fica cismando como é vasto o mundo!... Eu que de longe venho perdido, Sem pouso fixo (a triste sina!) Ah, quem me dera ter lá nascido! Lá toda a vida poder morar! Cidadezinha...Tão pequenina Que toda cabe num só olhar... O PATO TIRA RETRATO O pato ganhou sapato, Foi logo tirar retrato. O macaco retratista Era mesmo um grande artista.

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Disse ao pato: “não se mexa Pra depois não ter queixa”. E o pato, duro e sem graça Como se fosse de massa! “Olhe pra cá direitinho: Vai sair um passarinho”. O passarinho saiu, Bicho assim nunca se viu. Com três penas no topete E no rabo apenas sete. POEMA TRANSITÓRIO Eu que nasci na Era da Fumaça: - trenzinho Vagaroso com vagarosas paradas em cada estaçãozinha pobre para comprar pastéis pés-de-moleque sonhos - principalmente sonhos! Porque as moças da cidade vinham olhar p trem passar Elas suspirando maravilhosas viagens E a gente com um desejo súbito de ficar ali morando sempre...Nisto, o apito da locomotiva e o trem afastando e o trem arquejando é preciso partir é preciso chegar é preciso partir é preciso chegar...Ah, como essa vida é urgente! ...no entanto Eu gostava era mesmo de partir... E até hoje quando acaso embarco Para alguma parte Acomodo-me no meu lugar Fecho os meus olhos e sonho: viajar,viajar mas para parte alguma.. viajar indefinidamente... como uma nave espacial perdida entre as estrelas.

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Gonçalves Dias NÃO ME DEIXES! Debruçada nas águas dum regato A flor dizia em vão À corrente, onde bela se admirava: “Ai, não me deixes, não! Comigo fica ou leva-me contigo Dos mares à amplidão; Límpido ou turvo, te amarei constante; Mas não me deixes, não!” E a corrente passava; novas águas Após as outras vão; E a flor sempre a dizer curva na fonte: “Ai, não me deixes, não!” E das águas que fogem incessantes À eterna sucessão Dizia sempre a flor, e sempre embalde: “Ai, não me deixes, não!” Por fim desfalecida e a cor murchada, Quase a lamber o chão, Buscava inda a corrente por dizer-lhe Que não a deixasse não. A corrente impiedosa a flor enleia, Leva-a do teu torrão; A afundar-se dizia a pobrezinha: “Ai, não me deixes, não!” LEITO DE FOLHAS VERDES Pó que tardas, Jatir, que tanto a custo À voz do meu amor moves teus passos? Da noite a viração, movendo as folhas, Já nos cimos do bosque rumoreja. Eu sob a copa da mangueira altiva Nosso leito gentil cobri zelosa Com mimoso tapiz de folhas brandas, Onde o frouxo luar brinca entre flores. Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco, Já solta o bogari o mais doce aroma! Como prece de amor, come estas preces, No silêncio da noite o bosque exala. Brilha o luar no céu, brilham estrelas, Correm perfumes no correr da brisa, A cujo influxo mágico respira-se

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Um quebranto de amor, melhor que a vida! A flor que desabrocha ao romper d’alva Um só giro do sol, não mais, vegeta: Eu sou aquela flor que espero ainda Doce raio de sol que me dê vida. Sejam vales ou montes, lago ou terra, Onde quer que tu vás, ou dia ou noite, Vai seguindo após ti meu pensamento; Outro amor nunca tive: és meu, sou tua! Meus olhos outros nunca viram, Não sentiram meus lábios outros lábios, Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas A arazóia na cinta me apertaram. Do tamarindo a flor jaz entreaberta, Já solta o bogari mais doce aroma; Também meu coração, como estas flores, Melhor perfume ao pé da noite exala! Não me escutas, Jatir! Nem tanto acodes À voz do meu amor, que em vão te chama! Tupã! Lá rompe o sol! Do leito inútil A brisa da manhã sacuda as folhas! CANÇÃO DO EXÍLIO Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá. Minha terra tem palmeiras, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho – à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras

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Onde canta o sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o sabiá.

QUADRINHAS

Quando passas pela rua Sem reparar em quem passa, A alegria é toda tua É minha toda desgraça

Aqui tens meu coração, Mete a mão, tira-o com jeito; Lá verás que amor tão grande Em palácio tão estreito.

Tenho vontade de ver-te, Mas não sei como acertar; Passeias onde não ando, Andas sem eu te encontrar

Um dia, à beira de um lago Por acaso fui parar; Vi no fundo a tua imagem. Quis me deitar e afogar.

Tens um livro que não lês, Tens uma flor que não desfolhas Tens um coração aos pés E para ele não olhas.

Costumei tanto os meus olhos A namorarem os teus, Que de tanto confundi-los, Nem já sei quais são os meus.

Quem me dera a liberdade Que a réstia do luar tem, Entrava pela janela, Ia falar do meu bem.

Quatrocentos guardanapos, Seis vinténs em cada ponta. Você diz que sabe tanto, Venha somar essa conta!

Companheiro me ajude Que eu não posso cantar só. Eu sozinho canto bem, Com você canto melhor.

Amar e saber amar São pontinhos delicados. Os que amam são sem conta, Os que sabem são contados.

Minha gente, venham ver Coisa que nunca se viu: O tição brigou com a brasa E a panelinha caiu.

Eu chupei uma laranja, As sementes deitei fora. Da casca fiz um barquinho: - Meu amor, vamos embora

Eu não tenho pai nem mãe Nem nessa terra parentes. Sou filho das águas claras,

Eu vou fazer um relógio De um galhinho de poejo Para contar os minutos

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neto da águas correntes.

Do tempo que não te vejo.

Coração de pedra dura Como pedra de amolar. O ferro do Fogo abranda, Tu não queres abrandar.

O castelo pegou fogo, São Francisco deu sinal. Acode, acode, acode a bandeira nacional

Não tenho medo do homem, nem do ronco que ele tem. O besouro também ronca. Vai se ver, não é ninguém.

Um, dois, três, Quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, para doze faltam três.

Eu queria ter agora Um cavalinho de vento Para dar um galopinho Na estrada do pensamento.

Mamãezinha neste dia, Vamos todos abraçá-la, Desejando-lhe saúde, Muita paz e alegria.

Se a tarde cair triste Com ar de que vai chover, Não te esqueça de meus olhos Que choram por não te ver.

A Matriz deu meia-noite, O Rosário bateu duas. Já está chegando a hora Do meu bem sair à rua.

Tenho fome, tenho sede, Mas não é de pão nem vinho; Tenho fome de um abraço, Tenho sede de um beijinho.

Mamãe é uma rosa Que papai escolheu Eu, sou o botão que a roseira deu.

Roseira, dá-me uma rosa; Craveiro, dá-me um botão; Menina, dá-me um abraço, Que te dou meu coração

Escuta tapete de ouro Conta um segredo pra mim Que tamanho é o tesouro que te faz brilhar assim

Menina, casa comigo, Que eu sou bom trabalhador; Com chuva não vou na roça, Com sol eu também não vou.

CANÇÃO DE INVERNO Pinhão quentinho! Quentinho pinhão! E tu bem juntinho Do meu coração... Mario Quintana

Ciranda, cirandinha, Vamos todos cirandar, Vamos dar a meia-volta, Volta e meia vamos dar

Mocinha de blusa branca Com lenço da mesma cor Mocinha diga a seu pai Que eu quero seu amor.

Na palma da minha mão Trago uma consoante Com ela escrevo mamãe A quem amo bastante.

“Todo o mundo se admira Da macaca fazer renda. Eu já vi uma perua Ser caixeira duma venda”.

Eu sou pequenininha Do tamanho de um botão Carrego papai no bolso

Entre os dias da semana Olhada à minha maneira De todos o mais bacana

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E mamãe no coração.

sem dúvida é a quarta-feira.

Lua de prata Presa em cetim Brilhas tão linda longe de mim...

Namora padre, namora Namora que é coisa boa Namora, padre namora Jesus Cristo te perdoa

Vou mandar um recadinho À menina mais bonita À que tem trança comprida Amarrada com uma fita.

Sete mais sete são quatorze Três vezes sete, vinte e um Tenho sete namorados Não me caso com nenhum.

Joguei o limão pra cima Caiu na Sacristia Bateu na careca do padre Isto mesmo que eu queria.

Minha mãe tem sua cama Eu tenho meu cortinado Minha mãe tem seu marido Eu tenho meu namorado

Sou bonito, sou valente, Pego cobra pelo meio Tua boca é muito grande Nunca vi bicho mais feio

Eu não vou em sua casa Pra você não ir na minha Você tem a boca grande Vai comer minha galinha

Você me chamou de feio Sou feio, mas sou dengoso Também o tempero é feio Mas faz o prato mais gostoso.

Cravo branco, cravo branco Cravo de toda nação Quando o cravo muda de cor Quanto mais quem tem paixão.

Alecrim verde, cheiroso Na janela de meu bem Ainda bem não me casei Já me dão os parabéns

O cravo quando nasce Toma conta do jardim Eu também vivo querendo Quem tome conta de mim.

Nunca vi o limoeiro Dar limão bem na raiz Nunca vi rapaz solteiro ter palavra no que diz.

Ninguém viu o que viu Debaixo de um limoeiro Vi uma moça bonita Pondo rosa no cabelo.

Cravo branco na janela É sinal de casamento Menina guarda teu cravo Que ainda não chegou teu tempo.

O limão não é fruta doce No meio tem azedume Eu também sou meio azeda Quando me aperta o ciúme. Quem quiser que alecrim cheire

Alecrim verde, cheiroso Ele seco cheira mais Mulher que se fia em homem Morre seca dando ais.

Atirei limão verde De cima de uma cascata Deu no ouro, deu na prata Caiu no colo da mulata.

Quem me dera ser um cravo Pra ficar no seu cabelo

Ninguém viu o que eu vi hoje Debaixo do pé de alecrim

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Gravando meu nome no peito Como carimbo no selo.

Duas pombinhas arrulhando Viva o Senhor do Bonfim.

Quando vim da minha terra Muita gente lá chorou Só uma velha, muito velha Muita praga me rogou.

Eu de cá e tu de lá No meio tem a lagoa De dia não tenho tempo De noite não tem canoa.

Nesta falta de dinheiro Muita gente passa mal Para luxar não compra açúcar Come comida sem sal.

Morena, minha morena, Carocinho de dendê Se eu fosse rapaz solteiro Me casava com você

Como vem aquela nuvem Com vontade de chover Como vem o meu benzinho Como vontade de me ver.

Ó rosa, rosa morena Que morena rosa eu sou Ó rosa, rosa morena Tu que és o meu amor.

Índio do mato é xavante Milho socado é xerém E a gente chama xará Quem o mesmo nome tem.

Da tua casa pra minha há de ser salto de cobra Tenho fé em Deus do céu De tua mãe ser minha sogra.

Mandei buscar na farmácia Remédio pra tua ausência Me mandaram água de flor E biscoito paciência.

Eu tenho um vestidinho Todo cheio de babado Toda vez que visto ele Arranjo logo um namorado.

Lá no céu tem mil estrelas Reluzindo de riqueza Quem quiser casar comigo Não repare a pobreza.

A maré que enche e vaza Deixa a praia descoberta Um amor vence outro Nunca vi coisa tão certa

Do pinheiro nasce a pinha Da pinha nasce o pinhão Da mulher nasce a firmeza Do homem a ingratidão.

Mamãe mandou dizer Pra eu levar um abacaxi Eu então levei meu primo Que estava hospedado aqui

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. REFERÊNCIAS

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BRASIL. Revista Ciências Hoje para Criança, nº 27 (contracapa), 2002.

BRASIL. Revista Nova Escola, nº 68, Rio de Janeiro, 1986.

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Paulo: Ática, 1991.

JOLIBERT, Josette. Formando Crianças Leitoras..Porto Alegre: Artes Médicas,

1996.

JOLIBERT, Josette. Formando Crianças Produtoras de Textos. Porto Alegre: Artes

Médicas , 1996.

PIAGET, Jean. Linguagem e Pensamento da Criança. São Paulo: Martins Fontes,

1986.

PORTILHO, Eponina .Vamos Ler e Escrever Bem. Rio de Janeiro: Conquista, 1998.

RIO, Maria José Del. Psicopedagoia da Língua Oral: um enfoque comunicativo, Porto

Alegre: Artes Médicas, 1996.

TEBEROSKY, Ana e CARDOSO, Beatriz. Reflexões sobre o Ensino da Leitura e da

Escrita, São Paulo:Trajetória Cultural/ UNICAMP, 1989.

SITES CONSULTADOS:

jangadabrasil.com.br/outubro/cn21000d.htm

www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=1