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Prefácio Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra. (S. Mateus, 5:4.) Caro(a) Leitor(a): Reflita nos caminhos traçados por Deus e ame o próximo como a si mesmo respeitan- do, acima de tudo, o seu direito à vida. A Federação Espírita Brasileira edita este livreto para que você possa compreen- der, nestas mensagens edificantes, que só Deus tem direitos sobre a vida humana. Participe da Campanha Em Defesa da Vida. Esclareça-se e diga não à violência!

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Prefácio

Bem-aventurados os que são brandos,porque possuirão a Terra.

(S. Mateus, 5:4.)

Caro(a) Leitor(a):

Reflita nos caminhos traçados por Deuse ame o próximo como a si mesmo respeitan-do, acima de tudo, o seu direito à vida.

A Federação Espírita Brasileira editaeste livreto para que você possa compreen-der, nestas mensagens edificantes, que sóDeus tem direitos sobre a vida humana.

Participe da Campanha Em Defesa daVida.

Esclareça-se e diga não à violência!

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Enfoque da

Codificação Espírita

Questão 742. Que é o que impele ohomem à guerra?

Predominância da natureza animalsobre a natureza espiritual e transbordamen-to das paixões. No estado de barbaria, ospovos um só direito conhecem o do maisforte. Por isso é que, para tais povos, o deguerra é um estado normal. À medida que ohomem progride, menos freqüente se torna aguerra, porque ele lhe evita as causas, fazen-do-a com humanidade, quando a sentenecessária.

Questão 743. Da face da Terra,algum dia, a guerra desaparecerá?

Sim, quando os homens compreen-derem a justiça e praticarem a lei de Deus.Nessa época, todos os povos serão irmãos.

Questão 746. É crime aos olhos deDeus o assassínio?

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Grande crime, pois que aquele que tiraa vida ao seu semelhante corta o fio de umaexistência de expiação ou de missão. Aí éque está o mal.

Questão 748. Em caso de legítimadefesa, escusa Deus o assassínio?

Só a necessidade o pode escusar.Mas, desde que o agredido possa preservarsua vida, sem atentar contra a de seu agres-sor, deve fazê-lo.

Questão 752. Poder-se-á ligar o sen-timento de crueldade ao instinto dedestruição?

É o instinto de destruição no que temde pior, porquanto, se, algumas vezes, adestruição constitui uma necessidade, com acrueldade jamais se dá o mesmo. Ela resultasempre de uma natureza má.

Questão 754. A crueldade não de-rivará da carência de senso moral?

Dize da falta de desenvolvimento dosenso moral; não digas da carência,porquanto o senso moral existe, como princí-pio, em todos os homens. É esse senso moral

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que dos seres cruéis fará mais tarde seresbons e humanos. Ele, pois, existe no sel-vagem, mas como o princípio do perfume nogérmen da flor que ainda não desabrochou.

Em estado rudimentar ou latente, todas as

faculdades existem no homem. Desenvolvem-se,

conforme lhes sejam mais ou menos favoráveis

as circunstâncias. O desenvolvimento excessivo

de uma detém ou neutraliza o das outras. A

sobreexcitação dos instintos materiais abafa, por

assim dizer, o senso moral, como o desenvolvi-

mento do senso moral enfraquece pouco a pouco

as faculdades puramente animais.

Questão 760. Desaparecerá algum

dia, da legislação humana, a pena

de morte?

Incontestavelmente desaparecerá e asua supressão assinalará um progresso daHumanidade. Quando os homens estiveremmais esclarecidos, a pena de morte serácompletamente abolida na Terra. Não maisprecisarão os homens de ser julgados pelos

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homens. Refiro-me a uma época ainda muitodistante de vós.

Sem dúvida, o progresso social aindamuito deixa a desejar. Mas, seria injusto paracom a sociedade moderna quem não visse umprogresso nas restrições postas à pena de morte,no seio dos povos mais adiantados, e à naturezados crimes a que a sua aplicação se acha limita-da. Se compararmos as garantias de que, entreesses mesmos povos, a justiça procura cercar oacusado, a humanidade de que usa para comele, mesmo quando o reconhece culpado, com oque se praticava em tempos que ainda não vãomuito longe, não poderemos negar o avanço dogênero humano na senda do progresso.

Questão 761. A lei de conservaçãodá ao homem o direito de preser-var sua vida. Não usará ele dessedireito, quando elimina dasociedade um membro perigoso?

Há outros meios de ele se preservardo perigo, que não matando. Demais, é pre-ciso abrir e não fechar ao criminoso a portado arrependimento.

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Questão 762. A pena de morte, quepode vir a ser banida das sociedadescivilizadas, não terá sido de necessi-dade em épocas menos adiantadas?

Necessidade não é o termo. O homemjulga necessária uma coisa, sempre que nãodescobre outra melhor. À proporção que seinstrui, vai compreendendo melhormente oque é justo e o que é injusto e repudia osexcessos cometidos, nos tempos de ignorân-cia, em nome da justiça.

Questão 763. Será um indício deprogresso da civilização a restriçãodos casos em que se aplica a penade morte?

Podes duvidar disso? Não se revolta oteu Espírito, quando lês a narrativa dascarnificinas humanas que outrora se faziamem nome da justiça e, não raro, em honra daDivindade; das torturas que se infligiam aocondenado e até ao simples acusado, paralhe arrancar, pela agudeza do sofrimento, aconfissão de um crime que muitas vezes nãocometera? Pois bem! Se houvesses vivido

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nessas épocas, terias achado tudo isso natu-ral e talvez mesmo, se foras juiz, fizessesoutro tanto. Assim é que o que pareceu justo,numa época, parece bárbaro em outra. Sóas leis divinas são eternas; as humanasmudam com o progresso e continuarão amudar, até que tenham sido postas de acor-do com aquelas.

Questão 765. Que se deve pensar dapena de morte imposta em nome deDeus?

É tomar o homem o lugar de Deus nadistribuição da justiça. Os que assim proce-dem mostram quão longe estão de com-preender Deus e que muito ainda têm queexpiar. A pena de morte é um crime, quan-do aplicada em nome de Deus; e os que aimpõem se sobrecarregam de outros tantosassassínios.

(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, 1. ed. espe-cial, FEB.)

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Bem-aventurados os quesão brandos e pacíficos

1. Bem-aventurados os que sãobrandos, porque possuirão a Terra. (S.MATEUS, 5:5.)

2. Bem-aventurados os pacíficos,porque serão chamados filhos de Deus.(S. MATEUS, 5:9.)

3. Sabeis que foi dito aos antigos:Não matareis e quem quer que mate mere-cerá condenação pelo juízo. Eu, porém,vos digo que quem quer que se puser emcólera contra seu irmão merecerá conde-nação no juízo; que aquele que disser a seuirmão: Raca, merecerá condenado peloconselho; e que aquele que lhe disser: Éslouco, merecerá condenado ao fogo doinferno. (S. MATEUS, 5:21 e 22)

4. Por estas máximas, Jesus faz dabrandura, da moderação, da mansuetude,da afabilidade e da paciência, uma lei.Condena, por conseguinte, a violência, acólera e até toda expressão descortês de que

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alguém possa usar para com seus seme-lhantes. Raca, entre os hebreus, era umtermo desdenhoso que significava homemque não vale nada, e se pronunciava cus-pindo e virando para o lado a cabeça. Vaimesmo mais longe, pois que ameaça com ofogo do inferno aquele que disser a seuirmão: És louco.

Evidente se torna que aqui, como emtodas as circunstâncias, a intenção agrava ouatenua a falta; mas, em que pode uma sim-ples palavra revestir-se de tanta gravidadeque mereça tão severa reprovação? É quetoda palavra ofensiva exprime um sentimen-to contrário à lei do amor e da caridade quedeve presidir às relações entre os homens emanter entre eles a concórdia e a união; éque constitui um golpe desferido na benevo-lência recíproca e na fraternidade; é queentretém o ódio e a animosidade; é, enfim,que, depois da humildade para com Deus, acaridade para com o próximo é a lei primeirade todo cristão.(O Evangelho segundo o Espiritismo, AllanKardec, cap. IX, 1. ed. especial, FEB.)

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A vingança

9. A vingança é um dos últimosremanescentes dos costumes bárbaros quetendem a desaparecer dentre os homens. É,como o duelo, um dos derradeiros vestígiosdos hábitos selvagens sob cujos guantes sedebatia a Humanidade, no começo da eracristã, razão por que a vingança constituiindício certo do estado de atraso dos homensque a ela se dão e dos Espíritos que ainda asinspirem. Portanto, meus amigos, nunca essesentimento deve fazer vibrar o coração dequem quer que se diga e proclame espírita.Vingar-se é, bem o sabeis, tão contrárioàquela prescrição do Cristo: Perdoai aosvossos inimigos , que aquele que se nega aperdoar não somente não é espírita comotambém não é cristão. A vingança é umainspiração tanto mais funesta, quanto tempor companheiras assíduas a falsidade e abaixeza. Com efeito, aquele que se entrega aessa fatal e cega paixão quase nunca se vingaa céu aberto. Quando é ele o mais forte, cai

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qual fera sobre o outro a quem chama seuinimigo, desde que a presença deste últimolhe inflame a paixão, a cólera, o ódio. Porém,as mais das vezes assume aparências hipó-critas, ocultando nas profundezas do coraçãoos maus sentimentos que o animam. Tomacaminhos escusos, segue na sombra o ini-migo, que de nada desconfia, e espera omomento azado para sem perigo feri-lo.Esconde-se do outro, espreitando-o de con-tínuo, prepara-lhe odiosas armadilhas e, emsendo propícia a ocasião, derrama-lhe nocopo o veneno. Quando seu ódio não chegaa tais extremos, ataca-o então na honra e nasafeições; não recua diante da calúnia, e suaspérfidas insinuações, habilmente espalhadasa todos os ventos, se vão avolumando pelocaminho. Em conseqüência, quando operseguido se apresenta nos lugares poronde passou o sopro do perseguidor, espan-ta-se de dar com semblantes frios, em vez defisionomias amigas e benevolentes que outro-ra o acolhiam. Fica estupefato quando mãosque se lhe estendiam, agora se recusam aapertar as suas. Enfim, sente-se aniquilado,

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ao verificar que os seus mais caros amigos eparentes se afastam e o evitam, Ah! o covar-de que se vinga assim é cem vezes mais cul-pado do que o que enfrenta o seu inimigo eo insulta em plena face.

Fora, pois, com esses costumes sel-vagens! Fora com esses processos de outrostempos! Todo espírita que ainda hoje pre-tendesse ter o direito de vingar-se seriaindigno de figurar por mais tempo na falangeque tem como divisa: Sem caridade não hásalvação! Mas, não, não posso deter-me apensar que um membro da grande famíliaespírita ouse jamais, de futuro, ceder aoimpulso da vingança, senão para perdoar. -Júlio Olivier. (Paris, 1862.)

O ódio

10. Amai-vos uns aos outros e sereisfelizes. Tomai sobretudo a peito amar os quevos inspiram indiferença, ódio, ou desprezo.O Cristo, que deveis considerar modelo,

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deu-vos o exemplo desse devotamento,Missionário do amor, ele amou até dar osangue e a vida por amor, Penoso vos é osacrifício de amardes os que vos ultrajam eperseguem; mas, precisamente, esse sacrifí-cio é que vos torna superiores a eles. Se osodiásseis, como vos odeiam, não valeríeismais do que eles. Amá-los é a hóstia imácu-la que ofereceis a Deus na ara dos vossoscorações, hóstia de agradável aroma e cujoperfume lhe sobe até o seio. Se bem a lei deamor mande que cada um ame indistinta-mente a todos os seus irmãos, ela não cou-raça o coração contra os maus procederes;esta é, ao contrário, a prova mais angustiosa,e eu o sei bem, porquanto, durante a minhaúltima existência terrena, experimentei essatortura. Mas Deus lá está e pune nesta vida ena outra os que violam a lei de amor. Nãoesqueçais, meus queridos filhos, que o amoraproxima de Deus a criatura e o ódio a dis-tancia dele. Fénelon, (Bordéus, 1861.)

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O duelo

11. Só é verdadeiramente grandeaquele que, considerando a vida uma viagemque o há de conduzir a determinado ponto,pouco caso faz das asperezas da jornada enão deixa que seus passos se desviem docaminho reto. Com o olhar constantementedirigido para o termo a alcançar, nada lheimporta que as urzes e os espinhos ameacemproduzir-lhe arranhaduras; umas e outroslhe roçam a epiderme, sem o ferirem, nemimpedirem de prosseguir na caminhada.Expor seus dias para se vingar de umainjúria é recuar diante das provações davida, é sempre um crime aos olhos de Deus;e, se não fôsseis, como sois, iludidos pelosvossos prejuízos, tal coisa seria ridícula euma suprema loucura aos olhos dos homens.

Há crime no homicídio em duelo; avossa própria legislação o reconhece.Ninguém tem o direito, em caso algum, deatentar contra a vida de seu semelhante: éum crime aos olhos de Deus, que vos traçou

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a linha de conduta que tendes de seguir.Nisso, mais do que em qualquer outra cir-cunstância, sois juízes em causa própria.Lembrai-vos de que somente vos será per-doado, conforme perdoardes; pelo perdãovos acercais da Divindade, pois a clemênciae irmã do poder. Enquanto na Terra correruma gota de sangue humano, vertida pelamão dos homens, o verdadeiro reino deDeus ainda se não terá implantado aí, reinode paz e de amor, que há de banir para sem-pre do vosso planeta a animosidade, a dis-córdia, a guerra. Então, a palavra duelosomente existirá na vossa linguagem comolongínqua e vaga recordação de um passadoque se foi. Nenhum outro antagonismo exis-tirá entre os homens, afora a nobre rivali-dade do bem. Adolfo, bispo de Argel.(Marmande, 1861.)

(O Evangelho segundo o Espiritismo, AllanKardec cap. XII, 1. ed. especial, FEB.)

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A lei de amor

8. O amor resume a doutrina de Jesustoda inteira, visto que esse é o sentimento porexcelência, e os sentimentos são os instintoselevados à altura do progresso feito. Em suaorigem, o homem só tem instintos; quandomais avançado e corrompido, só tem sen-sações; quando instruído e depurado, temsentimentos. E o ponto delicado do sentimen-to é o amor, não o amor no sentido vulgar dotermo, mas esse sol interior que condensa ereúne em seu ardente foco todas as aspi-rações e todas as revelações sobre-humanas.A lei de amor substitui a personalidade pelafusão dos seres; extingue as misérias sociais.Ditoso aquele que, ultrapassando a suahumanidade, ama com amplo amor os seusirmãos em sofrimento! ditoso aquele queama, pois não conhece a miséria da alma,nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vivecomo que transportado, fora de si mesmo.Quando Jesus pronunciou a divina palavra amor, os povos sobressaltaram-se e os már-tires, ébrios de esperança, desceram ao circo.

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O Espiritismo a seu turno vem pronun-ciar uma segunda palavra do alfabeto divino.Estai atentos, pois que essa palavra ergue alápide dos túmulos vazios, e a reencarnação,triunfando da morte, revela às criaturasdeslumbradas o seu patrimônio intelectual.Já não é ao suplício que ela conduz ohomem: condu-lo à conquista do seu ser, ele-vado e transfigurado. O sangue resgatou oEspírito e o Espírito tem hoje que resgatar damatéria o homem.

(O Evangelho segundo o Espiritismo, AllanKardec, cap. XI, 1. ed. especial, FEB.)

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Criminosos Arrependidos

Verger

(Assassino do arcebispo de Paris)

A 3 de janeiro de 1857, Mons.Sibour, arcebispo de Paris, ao sair da Igrejade Saint-Étienne-du-Mont, foi mortalmenteferido por um jovem padre chamado Verger.O criminoso foi condenado à morte e executa-do a 30 de janeiro. Até o último instante nãomanifestou qualquer sentimento de pesar, dearrependimento, ou de sensibilidade.

Evocado no mesmo dia da execução,deu as seguintes respostas:

1. Evocação. R. Ainda estou presoao corpo.

2. Então a vossa alma não está intei-ramente liberta? R. Não... tenho medo...não sei... Esperai que torne a mim. Nãoestou morto, não é assim?

3. Arrependei-vos do que fizestes? R. Fiz mal em matar, mas a isso fui levado

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pelo meu caráter, que não podia tolerarhumilhações... Evocar-me-eis de outra vez.

4. Por que vos retirais? R. Se ovisse, muito me atemorizaria, pelo receio deque me fizesse outro tanto.

5. Mas nada tendes a temer, uma vezque a vossa alma está separada do corpo.Renunciai a qualquer inquietação, que não érazoável agora. R. Que quereis? Acaso soissenhor das vossas impressões? Quanto amim, não sei onde estou... estou doido.

6. Esforçai-vos por ser calmo. R.Não posso, porque estou louco... Esperai,que vou invocar toda a minha lucidez.

7. Se orásseis, talvez pudésseis con-centrar os vossos pensamentos... R.Intimido-me... não me atrevo a orar.

8. Orai, que grande é a misericórdia deDeus! Oraremos convosco. R. Sim; eu sem-pre acreditei na infinita misericórdia de Deus.

9. Compreendeis melhor, agora, avossa situação? R. Ela é tão extraordináriaque ainda não posso apreendê-la.

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10. Vedes a vossa vítima? R. Pare-ce-me ouvir uma voz semelhante à sua, dizen-do-me: Não mais te quero... Será, talvez,um efeito da imaginação!... Estou doido, vo--lo asseguro, pois que vejo meu corpo de umlado e a cabeça de outro... afigurando-se-me,porém, que vivo no Espaço, entre a Terra e oque denominais céu... Sinto como o frio deuma faca prestes a decepar-me o pescoço,mas isso será talvez o terror da morte... Tam-bém me parece ver uma multidão de Espíri-tos a rodear-me, olhando-me compadeci-dos... E falam-me, mas não os compreendo.

11. Entretanto, entre esses Espíritoshá talvez um cuja presença vos humilha porcausa do vosso crime. R. Dir-vos-ei que háapenas um que me apavora o daquele aquem matei.

12. Lembrai-vos das anteriores exis-tências? R. Não; estou indeciso, acredi-tando sonhar... Ainda uma vez, precisotornar a mim.

13. (Três dias depois.) Reconhecei--vos melhor agora? R. Já sei que não mais

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pertenço a esse mundo, e não o deploro.Pesa-me o que fiz, porém meu Espírito estámais livre. Sei a mais que há uma série deencarnações que nos dão conhecimentosúteis, a fim de nos tornarmos tão perfeitosquanto possível à criatura humana.

14. Sois punido pelo crime que co-metestes? R. Sim; lamento o que fiz e issofaz-me sofrer.

15. Qual a vossa punição? R. Soupunido porque tenho consciência da minhafalta, e para ela peço perdão a Deus; soupunido porque reconheço a minha descrençanesse Deus, sabendo agora que não devemosabreviar os dias de vida de nossos irmãos;sou punido pelo remorso de haver adiado omeu progresso, enveredando por caminhoerrado, sem ouvir o grito da própria cons-ciência que me dizia não ser pelo assassínioque alcançaria o meu desiderato. Deixei-medominar pela inveja e pelo orgulho; enganei--me e arrependo-me, pois o homem deveesforçar-se sempre por dominar as máspaixões o que aliás não fiz.

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16. Qual a vossa sensação quandovos evocamos? R. De prazer e de temor,por isso que não sou mau.

17. Em que consiste tal prazer e taltemor? R. Prazer de conversar com oshomens e poder em parte reparar as minhasfaltas, confessando-as; e temor, que nãoposso definir um quê de vergonha por tersido um assassino.

18. Desejais reencarnar na Terra? R. Até o peço e desejo achar-me constante-mente exposto ao assassínio, provando-lheo temor.

Monsenhor Sibour, evocado, disse queperdoava ao assassino e orava para que ele searrependesse. Disse mais que, posto estivessepresente à sua evocação, não se lhe tinhamostrado para lhe não aumentar os sofrimentos,porquanto o receio de o ver já era um sintomade remorso, era já um castigo.

P. O homem que mata sabe que, aoescolher nova existência, nela se tornaráassassino? R. Não; ele sabe que, escolhen-

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do uma vida de luta, tem probabilidades dematar um semelhante, ignorando porém se ofará, pois está quase sempre em luta consigomesmo.

A situação de Verger, ao morrer, é a dequase todos os que sucumbem violentamente.Não se verificando bruscamente a separação,eles ficam como aturdidos, sem saber se estãomortos ou vivos. A visão do arcebispo foi-lhepoupada por desnecessária ao seu remorso; masoutros Espíritos, em circunstâncias idênticas, sãoconstantemente acossados pelo olhar das suasvítimas.

À enormidade do delito, Verger acrescen-tara a agravante de se não ter arrependido aindaem vida, estando, pois, nas condições requeridaspara a eterna condenação. Mas, logo que deixoua Terra, o arrependimento invadiu-lhe a alma e,repudiando o passado, deseja sinceramente repa-rá-lo. A isso não o impele a demasia do sofrimen-to, visto como nem mesmo teve tempo para sofrer,mas o alarme dessa consciência desprezadadurante a vida, e que ora se lhe faz ouvir.

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Por que não considerar valioso essearrependimento? Por que admiti-lo dias antescomo salvante do inferno, e depois não? E porque, finalmente, o Deus misericordioso para openitente, em vida, deixaria de o ser, porquestão de horas, mais tarde? Fora para causaradmiração a rápida mudança algumas vezesoperada nas idéias de um criminoso, endurecidoe impenitente até à morte, se o trespasse lhe nãofosse também bastante, às vezes, para reco-nhecer toda a iniqüidade da sua conduta.Contudo, esse resultado está longe de ser geral o que daria em conseqüência o não haver

Espíritos maus. O arrependimento é muita veztardio, e daí a dilação do castigo.

A obstinação no mal, em vida, provém àsvezes do orgulho de quem recusa submeter-se econfessar os próprios erros, visto estar o homemsujeito à influência da matéria, que, lançando--lhe um véu sobre as percepções espirituais,o fascina e desvaira. Roto esse véu, súbita luz oaclara, e ele se encontra senhor da sua razão. Amanifestação imediata de melhores sentimentosé sempre indício de um progresso moral rea-lizado, que apenas aguarda uma circunstânciafavorável para se revelar, ao passo que a per-

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sistência mais ou menos longa no mal, depois damorte, é incontestavelmente a prova de atraso doEspírito, no qual os instintos materiais atrofiam ogérmen do bem, de modo a lhe serem precisasnovas provações para se corrigir.

(O Céu e o Inferno, Allan Kardec, 2a parte, cap.VI, p. 328-332, 57. ed. FEB.)

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Pena de morte

Todos os fundadores das grandesinstituições religiosas, que ainda hojeinfluenciam ativamente a comunidade hu-mana, partiram da Terra com a segurançado trabalhador ao fim do dia.

Moisés, ancião, expira na eminência doNebo, contemplando a Canaã prometida.

Sidarta, o iluminado construtor doBudismo, depois de abençoada peregrinaçãoentre os homens, abandona o corpo físico,num horto florido de Kuçinagara.

Confúcio, o sábio que plasmou todo umsistema de princípios morais para a vida chi-nesa, encontra a morte num leito pacífico,sob a vigilância de um neto afetuoso.

E, mais tarde, Maomé, o criador doIslamismo, que consentiu em ser adoradopelos discípulos, na categoria de imortal,sucumbe em Medina, dentro de sólida ma-dureza, atacado pela febre maligna.

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Com Jesus, entretanto, a despedida édiferente.

O divino fundador do Cristianismo, quedefine a Religião Universal do Amor e daSabedoria, em plena vitalidade juvenil, édetido pela perseguição gratuita e trancafia-do no cárcere.

Ninguém lhe examina os antecedentes,nem lhe promove recursos à defensiva.

Negado pelos melhores amigos, encon-tra-se sozinho, entre juízes astuciosos, qualovelha esquecida em meio de chacais.

Aliam-se o egoísmo e a crueldade parasentenciá-lo ao sacrifício supremo.

Herodes, patrono da ordem pública, cha-mado a pronunciar-se em seu caso, determinase lhe dê o tratamento cabível aos histriões.

Pilatos, responsável pela justiça, abs-tém-se de conferir-lhe o direito natural.

E, entregue à multidão amotinada na ce-gueira de espírito, é preferido a Barrabás, omalfeitor, para sofrer a condenação insólita.

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Decerto, para induzir-nos à compaixão,aceitou Jesus padecer em silêncio os errosda justiça terrestre, alinhando-se, na cruz,entre os injuriados e as vítimas sem razão, detodos os tempos da Humanidade................................................................

Cristãos de todas as interpretações doEvangelho e de todos os quadrantes do mun-do, atentos à exemplificação do EternoBenfeitor, apartai o criminoso do crime,como aprendestes a separar o enfermo daenfermidade!

Educai o irmão transviado, quantocurais o companheiro doente!

Desterrai, em definitivo, a espada e ocutelo, o garrote e a forca, a guilhotina e ofuzil, a cadeira elétrica e a câmara de gásdos quadros de vossa penologia, e oremos,todos juntos, suplicando a Deus nos inspirepaciência e misericórdia, uns para com osoutros, porque, ainda hoje, em todos os nos-sos julgamentos, será possível ouvir, no áditoda consciência, o aviso celestial do nosso

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Divino Mestre, condenado à morte semculpa:

Quem estiver sem pecado, atire aprimeira pedra!

EMMANUEL

(Religião do Espíritos, psicografia de Francisco C.Xavier, p. 125-127, 17. ed. FEB.)

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Acerca da penade morte

Indaga você como apreciam os desen-carnados a instituição da pena de morte, eacrescenta: não será justo subtrair o corpoao espírito que se fez criminoso? será lícitopermitir a comunhão de um tarado com aspessoas normais?

E daqui poderíamos argumentar: quem de nós terá usado o corpo como devia?quem terá atingido a estatura espiritual daverdadeira humanidade para considerar-seem plenitude de equilíbrio?..........................................................

Eliminar a carne não é modificar oespírito...........................................................

(...) e as vítimas da forca ou do fuzila-mento, do machado ou da cadeira elétrica,se não constituem padrões de heroísmo erenunciação, de imediato, além-túmulo, vam-

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pirizam o organismo social que lhes impôs oafastamento do veículo físico, transforman-do-se em quistos vivos de fermentação dadiscórdia e da indisciplina...........................................................

Jesus, o divino libertador, veio quebraras algemas que nos jungiam aos princípiosdo castigo igual à culpa...........................................................

Organizar a penitenciária renovadora,onde o serviço e o livro encontrem aplicaçãoadequada, é a solução para o escuro proble-ma da criminalidade, entre os homens, mes-mo porque o melhor desforço da sociedade,contra o delinqüente, é deixá-lo viver, nareparação das próprias faltas...........................................................

Se você demonstra interesse tão grandena regeneração dos costumes, defendendocom tamanho entusiasmo a suposta legali-dade da pena de morte, vasculhe o própriocoração e a própria consciência e verifiquese está isento de faltas. Se você já superou os

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óbices da animalidade, adquirindo a grandecompreensão a preço de sacrifício, estimariasaber se terá realmente coragem para amal-diçoar os pecadores do mundo, atirando--lhes: a primeira pedra .

IRMÃO X

(Cartas e Crônicas, psicografia de Francisco C.Xavier, p. 93-95, 9. ed. FEB.)