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Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Chapecó/SC, Ano 14, Nº 26, Jun. 2013
Universidade Comunitária da Região de Chapecó
Área de Ciências Sociais Aplicadas
Curso de Ciências Econômicas
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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O Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó
é uma publicação anual atrelada ao Observatório Socioeconômico da
Mesorregião Oeste de Santa Catarina do Curso de Ciências Econômicas da
Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó). Com
divulgação iniciada em 1999, o objetivo principal é disponibilizar
informações sobre a dinâmica social e econômica do município.
Coordenadores
Giana de Vargas Mores
José Martins dos Santos
Organização
Giana de Vargas Mores
Fábio Júnior Piccinini
Informações
Curso de Ciências Econômicas da Unochapecó
Av. Senador Attílio Fontana, 591-E
Bairro Efapi, Chapecó/SC, 89809-000
(49) 3321-8243
www.unochapeco.edu.br/economia
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Reitor: Odilon Luiz Poli
Vice-Reitora de Ensino, Pesquisa e Extensão: Maria Aparecida Lucca Caovilla
Vice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Cláudio Alcides Jacoski
Vice-Reitor de Administração: Antônio Zanin
Diretor da Área de Ciências Sociais Aplicadas: James Antônio Antonini
Coordenador do Curso de Ciências Econômicas: José Martins dos Santos
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SUMÁRIO
AGROPECUÁRIA .......................................................................................................... 6
Guilherme de Oliveira
Fábio Júnior Piccinini
NEGÓCIOS .....................................................................................................................16
Johnny Luiz Grando
COMÉRCIO EXTERIOR ..............................................................................................21
José Martins dos Santos
COMÉRCIO ...................................................................................................................30
Deise Maria Bourscheidt
Fábio Júnior Piccinini
CONSTRUÇÃO CIVIL ..................................................................................................36
Deise Maria Bourscheidt
Fábio Júnior Piccinini
EMPREGO .....................................................................................................................41
Frederico Santos Damasceno
SETOR PÚBLICO ..........................................................................................................48
Viviane Freitas Santos
SAÚDE ............................................................................................................................58
Fábio Júnior Piccinini
Giana de Vargas Mores
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A DINÂMICA ECONÔMICA DO SETOR AGROPECUÁRIO NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ (2000-2011)1
Guilherme de Oliveira2 Fábio Júnior Piccinini3
INTRODUÇÃO
O município de Chapecó está espacialmente localizado em uma região caracterizada pela
elevada concentração de Unidades de Produção Agropecuárias (UPA) destinadas, principalmente,
à produção de produtos de origem animal, leite, suínos e aves, além dos de origem vegetal, como
milho (IBGE, 2011). Ademais, o município é classificado como um polo regional nível B pela
pesquisa Cidades do IBGE (2008), ou seja, uma cidade capaz de atender as demandas dos
municípios vizinhos, tanto na prestação de serviços quanto no beneficiamento dos insumos
agropecuários produzidos na Mesorregião Oeste de Santa Catarina, o que lhe confere o rótulo de
capital nacional da agroindústria.
No entanto, o município de Chapecó vem enfrentando limitações para expansão de sua
capacidade produtiva agropecuária, fruto das restrições de área rural desde a metade dos anos
2000, resultado de emancipações de comunidades rurais e do crescimento urbano-industrial do
município. Portanto, pensar a sobrevivência das atividades agropecuárias, num cenário de plena
utilização da capacidade instalada, torna-se um desafio para os formuladores de políticas
públicas.
Como resultado, o setor agropecuário de Chapecó não é o que adiciona maior valor ao
Produto Interno Bruto (PIB) municipal, participação essa que é liderada pelos setores de serviços
e industrial. No entanto, o mesmo apresenta características semelhantes ao meio rural dos
municípios da Mesorregião Oeste, embora em menor escala. Nesse sentido, compreender as
regularidades do setor agropecuário no município torna-se pertinente não só para avaliar o seu
desenvolvimento, mas também por refletir a situação da região.
1 O artigo apresenta uma evolução dos dados de 2000 a 2011, pois a divulgação do comportamento dos dados referentes ao ano de 2012 será feita em outubro de 2013 pelo IBGE. 2 Doutorando em Economia do Desenvolvimento pela Universidade de São Paulo, professor licenciado da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected]. 3 Mestrando em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected].
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Diante do exposto, o objetivo deste artigo é apresentar as principais regularidades do setor
agropecuário do município de Chapecó no período de 2000 a 2011, focando principalmente nas
categorias: produção, área plantada e comercialização dos produtos de origem vegetal e animal.
Além disso, procura-se inferir sobre os possíveis cenários futuros para a atividade no município
de Chapecó.
DESEMPENHO DO SETOR AGROPECUÁRIO NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ
O município de Chapecó tem enfrentado nos últimos anos uma limitação de capacidade
para as atividades agropecuárias, as quais exigem áreas agriculturáveis em virtude das
emancipações das comunidades rurais e da expansão do setor urbano sobre o ambiente rural.
Nesse sentido, a Figura 1 apresenta a evolução da área plantada e colhida para culturas agrícolas
temporárias.
Verifica-se que não há diferença estatística entre a área plantada e a colhida entre os anos
de 2000 e 2011, exceto o período de 2004 e 2005, em que a área colhida foi inferior a
efetivamente plantada em cerca de 3.000 hectares, devido às dificuldades climáticas do período.
No entanto, destaca-se o período posterior ao ano de 2004, que apresenta uma estabilidade na
área destinada ao plantio e colheita de culturas temporárias, refletindo essa limitação de
capacidade instalada referida acima.
Figura 1 – Evolução da área plantada e colhida das culturas temporárias em Chapecó, 2000-2011
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de IBGE (2011).
Do ponto de vista do desenvolvimento rural, compreender essas transformações na
capacidade produtiva das Unidades Produtoras Agropecuárias é pertinente, tanto para a
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sobrevivência das famílias que vivem nessas localidades quanto para a diversificação das
atividades municipais, principalmente no que tange ao beneficiamento de produtos de origem
vegetal e animal, como hortaliças, frutas, queijos e vinhos. Para Chapecó isso representa um
trade-off importante, pois os limites da cidade tem se expandido, ao mesmo tempo que o setor
agropecuário tem perdido espaço frente outras atividades urbanas4.
Além da estabilização na taxa de utilização da capacidade agropecuária instalada,
destacam-se as transformações ocorridas entre as culturas temporárias nos últimos onze anos,
apresentadas na Figura 2. O feijão perde participação ao longo desses onze anos, caindo de
21,00% para menos de 10,00% no total da área plantada em Chapecó; assim como o trigo, que
chegou a ter uma modesta expansão nos últimos anos em resposta à melhora relativa nos preços
pagos ao produtor, posteriormente recuando, dadas as dificuldades climáticas de manter a cultura
na região.
É pertinente notar a elevada ascensão da cultura da soja frente a uma perda relativa de
importância da cultura do milho no município. Em 2001 o trigo respondia por 66,45% do total de
área plantada em Chapecó, porém, no ano de 2011, perdeu representatividade, caindo para
26,66%. Por outro lado, a soja respondia em 2000 por 19,01% do total da área destinada a
culturas temporárias, mas já em 2011 respondia por 47,91% do total, ultrapassando o milho e
tornando-se a cultura temporária mais importante no município de Chapecó dos últimos dois anos
(2010 e 2011). Esse resultado não é gratuito, pois nos últimos dez anos os preços relativos da soja
têm sido mais favoráveis que o do milho na região Sul, sendo natural, portanto, uma substituição
das culturas, no que tange à racionalidade do produtor individual. No entanto, do ponto de vista
regional, isso não tem sido benéfico para o beneficiamento de suínos e frangos na região, que
com a diminuição na oferta de insumos locais necessitam importar do Centro-Oeste uma
quantidade maior de milho, diminuindo as margens dos produtores rurais da região de Chapecó
(CEPEA, 2012).
4 O leitor interessado em discussões econômicas e sociológicas sobre desenvolvimento rural no Brasil pode consultar Kageyama (2008).
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Figura 2 – Participação das culturas temporárias no total da área plantada de Chapecó, 2000-2011
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de IBGE (2011). Nota: Não há dados de produção para soja para o ano de 2001.
Essa substituição de áreas destinadas às duas culturas se reflete também no
comportamento do valor bruto da produção agropecuária. A Figura 3 apresenta o mesmo
comportamento em formato de “X” da participação das culturas de milho e soja no total do valor
bruto da produção agropecuária das culturas temporárias no município de Chapecó. A soja em
2011 representou 46,51% do total do valor bruto da produção agropecuária, adicionado pelas
culturas temporárias, enquanto o milho seguiu sua trajetória descendente e representou 34,81%
do total.
Figura 3 – Participação do VBPA de soja e milho no total do VBPA em Chapecó, 2000-2011
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de IBGE (2011).
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Destaca-se, portanto, que 2011 foi um ano em que os preços agrícolas estiveram em alta
(CEPEA, 2012), sobretudo o preço relativo das commodities soja-milho, o que reforçou a
substituição de áreas plantadas entre essas culturas permanentes em Chapecó, frente a uma
estabilidade (e em alguns casos, diminuição) de outras culturais locais. Embora esse
comportamento seja resultado das livres forças do mercado e de decisões individuais dos
produtores, Chapecó deve planejar-se para um possível cenário de agravamento da insuficiência
de oferta regional de insumos para a agroindústria, mesmo porque a oferta local regional nunca
foi suficiente para o abastecimento dessa atividade, fundamental para o desenvolvimento
regional.
Do ponto de vista das atividades agrícolas permanentes, os últimos onze anos não
apresentaram mudanças significativas, ocupando uma área de 1.021 hectares em 2011,
estatisticamente a mesma área de 2000. Dentre as culturas, a erva-mate continua a ser o produto
de maior proporção, com aproximadamente 60% da área plantada.
No entanto, quando se analisa o comportamento do valor bruto da produção das culturas
permanentes nos últimos onze anos, destaca-se a dinâmica da erva-mate e da uva, que é
apresentada na Figura 4. A cultura permanente da erva-mate deixou de representar, em termos
monetários, importância relativa na economia de Chapecó, em virtude do fechamento de
pequenas indústrias beneficiadoras locais no início dos anos 2000, caindo de aproximadamente
80,18% para 33,08% em 2011.
Por outro lado, essa queda é contrabalanceada pela ascensão do cultivo de uva, que se
elevou de menos de 5,00% em 2000, para uma participação de mais de 20,00% no valor bruto da
produção de culturas permanentes no município de Chapecó. Ressalta-se que, apesar desse
comportamento, essas culturas representam uma participação muito pequena no total das
atividades agropecuárias do município, porém são muito importantes no fornecimento de
produtos oriundos de Unidades de Produção Agropecuária diversificadas.
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Figura 4 – Participação no VBPA total das culturas permanentes da erva-mate e uva em Chapecó, 2000-2011
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de IBGE (2011).
No que tange ao comportamento do setor de pecuária municipal, registrou um cenário de
intensas transformações nos últimos onze anos, bem como em 2011, o que é apresentado pela
Tabela 1. Inicialmente é importante notar que os dados não são individualmente comparáveis,
pois se tratam de rebanhos medidos em cabeças, e não é possível comparar diretamente cabeças
de frango e vacas de leite5.
Tabela 1 - Efetivo dos rebanhos, por tipo de rebanho, em número de cabeças em Chapecó, 2000-2011
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Bovino 30.630 31.100 31.566 32.866 33.930 35.000 36.000 41.560 42.500 43.000 43.000 44.650
Var(%) - 1,53 1,50 4,12 3,24 3,15 2,86 15,44 2,26 1,18 0,00 3,84
Suínos 84.690 85.735 81.850 101.860 116.038 117.800 118.100 115.100 135.915 135.950 135.950 139.539
Var(%) - 1,23 -4,53 24,45 13,92 1,52 0,25 -2,54 18,08 0,03 0,00 2,64
Ovino 3.750 3.950 4.230 4.800 5.100 5.300 5.400 4.523 5.090 5.100 7.950 8.100
Var(%) - 5,33 7,09 13,48 6,25 3,92 1,89 -16,24 12,54 0,20 55,88 1,89
Aves 3.487.855 3.556.500 3.756.550 3.276.630 3.469.800 4.664.245 4.664.350 4.664.350 5.794.304 5.794.363 5.782.522 5.820.408
Var(%) - 1,97 5,62 -12,78 5,90 34,42 0,00 0,00 24,23 0,00 -0,20 0,66
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de IBGE (2011).
5 Uma dificuldade que seria contornada com o valor da produção, no entanto, o IBGE não coleta esses dados, exceto para anos censitários.
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Verifica-se, na Tabela 1, que a atividade de suinocultura registrou uma trajetória
ascendente nos últimos onze anos, mesmo com as crises recentes nessa atividade produtiva, fruto
dos choques exógenos de preços internacionais e do encarecimento dos principais insumos. No
entanto, é provável que, após 2011, a taxa média de crescimento dos últimos onze anos caia, em
virtude da severidade da crise de 2011 que atingiu um setor em que muitos produtores locais
deixaram a atividade (CEPEA, 2011).
Ademais, a outra atividade pecuarista hegemônica no município, a avicultura, registrou
forte crescimento médio anual, na casa de 5,44%, nos últimos onze anos, em virtude do
desenvolvimento tecnológico do setor nos anos 2000, e da melhora nos preços relativos da
atividade internacionalmente, com o ganho de mercado externo da carne de frango brasileira na
Europa, África e em alguns países árabes (MDIC, 2012). Os dados de 2011 revelam que não há
sinais de enfraquecimento do efetivo de aves no município de Chapecó, mesmo frente à
diminuição de área agropecuária útil.
No entanto, o que chama atenção é o crescimento da atividade de criação de bovinos no
município de Chapecó, com um crescimento médio anual de 3,56% nos últimos dez anos, mesmo
frente à limitação de área para tal atividade. De fato, como os dados do último censo
agropecuário revelam, houve uma migração da atividade de criação bovina e de produção leiteira
do Norte para a Mesorregião Oeste de Santa Catarina (IBGE, 2006). Uma migração ocasionada
pela existência de vantagens comparativas no Oeste frente ao crescimento industrial do Norte,
bem como pela política de subsídios para a atividade leiteira no estado.
Um resultado imediato dessa nova dinâmica se reflete no valor da produção dos produtos
de origem animal6, que registra um ganho de participação da produção de leite no município,
como apresentado na Figura 5, que compara a evolução de dois produtos: leite e ovos de galinha.
6 No total da produção de origem animal entram os seguintes produtos: ovos de galinha, ovos de codorna, leite, mel de abelha e lã.
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Figura 5 – Participação no VPB total do leite e dos ovos de galinha em Chapecó, 2000-2011
Fonte: Elaborada pelo autor a partir de IBGE, 2011.
Percebe-se que no início dos anos 2000 a produção leiteira registrou um elevado
crescimento na participação do seu valor bruto da produção no total dos produtos de origem
animal, respondendo por aproximadamente 80,00% da produção total em 2003. No período
também se registrou uma queda na participação dos ovos de galinha, explicada em grande parte
pela ascensão do leite na região, em oposição há uma queda relativa na sua produção.
O ano de 2011 consolidou uma trajetória dinâmica de equalização das participações dos
dois produtos no total do valor bruto da produção de origem animal, sendo que leite e ovos de
galinha representam aproximadamente 53,00% e 45,00% do total, respectivamente. Restou,
portanto, pouquíssimo espaço para os demais produtos de origem animal, com o mel e a lã, por
exemplo, com participações inferiores a 1,00%.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desse artigo foi apresentar um texto técnico sobre a evolução das regularidades
do setor agropecuário no município de Chapecó, destacando os dados da produção, área plantada
e valor bruto da produção dos produtos de origem animal e vegetal do município de Chapecó,
divulgados anualmente pelo IBGE.
Nesse sentido, o ano de 2011 parece indicar uma consolidação de uma trajetória da
dinâmica econômica no setor agropecuário do município, principalmente nas transformações
ocorridas na produção de culturas temporárias na agricultura, e no crescimento do efetivo bovino
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e no consequente crescimento da produção leiteira. De maneira geral, os dados apontam que a
especialização agropecuária inicial dos anos 1990 e início dos anos 2000, vem se traduzindo
numa diversificação produtiva no longo prazo.
No lado positivo dessa emergência de culturas destaca-se a consolidação, em 2011, do
crescimento de uma década do efetivo de bovinos e da produção de leite. Já nas culturas agrícolas
permanentes, destaca-se o avanço modesto, mas importante do cultivo de uva, que expande
atividades de beneficiamento artesanal de vinhos, frutas e derivados locais. Como aponta North
(1959), tais produtos exigem o beneficiamento local da produção, o que induz o fortalecimento
do fluxo circular da renda do município, gerando mais empregos e renda para as famílias
chapecoenses.
No entanto, o lado negativo dessa recente diversificação é reservado à evolução da
produção de soja no município, que vem substituindo a área destinada ao milho. Reconhece-se
que do ponto de vista individual não há espaço para dúvida que se os preços relativos da soja
estão mais favoráveis que os do milho, o produtor opta por essa cultura. No entanto,
coletivamente isso tem consequências negativas, principalmente para a agroindústria, que
depende do milho como um de seus principais insumos para a nutrição animal.
Os possíveis resultados do aumento de área destinada para a soja, frente a um cenário de
restrição de capacidade produtiva agropecuária, podem ser sintetizados em dois pontos: 1) a
necessidade de uma maior importação de fora do município de insumos para agroindústria;
2) uma maior desigualdade na propriedade da terra no município no longo prazo, dado que a
manter-se tal tendência, a soja exige escala, gerando, portanto, concentração fundiária. Não
obstante, sob o leque da teoria de North (1959), produtos que exigem escala, como a soja, estão
correlacionados com baixos níveis de desenvolvimento econômico e social7.
Diante desses pontos fortes e fracos, o município deve estar preparado para identificar a
tempo as possíveis ameaças e oportunidades que podem influenciar o comportamento do seu
setor agropecuário, adotando políticas públicas corretas no presente para que o setor esteja apto a
proteger-se das dificuldades, bem como potencializar os bons resultados das experiências
positivas, gerando renda e emprego para Chapecó.
7 O leitor interessado pode ver um teste empírico para a teoria da importância da agropecuária no crescimento econômico regional em Oliveira e Pereira (2011). Nesse texto, os autores demonstram que os municípios gaúchos que se especializaram no ano de 1970 em uva, leite, suínos e frango cresceram, em média, mais ao longo de 40 anos do que aqueles que se especializaram em soja, milho e arroz, por exemplo.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Produção Agrícola Municipal. IBGE: Rio de Janeiro, v. 38, p. 1-97, 2011. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/>. Acesso em: 25 mar. 2013. ______. Produção Pecuária Municipal. IBGE: Rio de Janeiro, v. 39, p. 1-63, 2011. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/>. Acesso em 25 de mar. 2013. ______. Censo Agropecuário 2006. IBGE: Rio de Janeiro, p. 1-267, 2006. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/>. Acesso em: 25 mar. 2013. BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Relatório DECOM. Defesa comercial: antidumping – medidas compensatórias – salvaguardas. Secretária de Comércio Exterior, Departamento de Defesa comercial, p. 81, 2011. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/arquivos/dwnl_1347468009.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2013. CEPEA, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – ESALQ/USP. Informativo CEPEA: conjuntura de mercado. Ano 11, ed. 557, set. 2012. Disponível em: <http://cepea.esalq.usp.br/mandioca/analises_semanais/38Set%202012/02Inf557.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2013. ______. Indicadores de suíno vivo. Banco de dados, 2012. Disponível em: <http://www.cepea. esalq.usp.br/suino/>. Acesso em: 26 mar. 2013. KAGEYAMA, A. Desenvolvimento rural: conceitos e aplicações ao caso brasileiro. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008. NORTH, D. C. Agriculture in regional economic growth. Journal of Farm Economics, v. 41, n. 5, dec. 1959. OLIVEIRA, G.; PEREIRA, A. S. O. Diferencial de desempenho socioeconômico dos municípios gaúchos 1970-2000. Ensaios FEE, v. 31, p. 599-634, 2011.
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NEGÓCIOS EM CHAPECÓ
Johnny Luiz Grando8
A análise do item “Negócios” foi realizada a partir de dados referentes às atividades
econômicas legalmente cadastradas e baixadas, que são registradas junto ao setor de Tributos da
Prefeitura Municipal de Chapecó, onde o uso destas informações possibilita identificar o
crescimento econômico local, seja ele baseado no desempenho total ou por segmento. Para
comparações em níveis mais ampliados, foram utilizadas informações do Ministério do Trabalho
(MTE), a partir da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) informadas pelas empresas,
quando num segundo momento os dados poderão ser comparados em âmbito regional e nacional.
O Brasil é reconhecido mundialmente por seu elevado potencial empreendedor. Segundo
o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), uma pesquisa realizada pela Global
Entrepreneurship Monitor (GEM), em 59 países, revelou que em 2010 o Brasil detinha a maior
Taxa de Empreendedores em estágio inicial, com um percentual de 17,5%.
O empreendedorismo se popularizou no Brasil a partir da década de 1990 e ganhou ainda
mais força com a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (2007) e a Lei do
Microempreendedor Individual (MEI) em 2008. Essa mesma pesquisa apontou que no Brasil
existem 21,1 milhões de empreendedores, perdendo somente para a China em números absolutos.
Nos últimos cinco anos, a média foi de 600 mil novos negócios por ano, devem-se somar a isso
os Microempreendedores Individuais, que chegam a 1,5 milhões de registros.
Os dados do MTE referentes a 2011, apresentados na Figura 1, mostram que foram
utilizadas as empresas legalmente registradas em Chapecó naquele ano, segundo a metodologia
utilizada pelo SEBRAE, para classificação das empresas quanto ao porte, então se conclui que
cerca de 90% dos estabelecimentos chapecoenses são microempresas.
Entre as indústrias instaladas no município, 89,47% são micro (até 19 empregados), as
pequenas (de 20 a 99 empregados) são 8,94% e as demais 1,58% se dividem entre médias (de 100
a 500 empregados) e grandes (acima de 500 empregados). Merece destaque o fato de que foram
8 Especialista em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, professor licenciado do curso de Ciências Econômicas da Universidade Comunitária da Região de Chapecó e-mail: [email protected].
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apenas quatro as empresas que possuíam mais de 500 empregados e se classificaram como
grandes.
Figura 1 - Classificação das empresas chapecoenses quanto ao número de funcionários em 2011
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (2012).
Identificou-se que no setor de Comércio e Serviços 91,25% são microempresas (até 9
empregados), enquanto as pequenas (entre 10 e 49 empregados) representam 7,41% dos
estabelecimentos e somente 1,34% das empresas são consideradas médias e grandes, por
empregarem acima de 50 funcionários.
Os novos empreendimentos de Chapecó são impulsionados pelo fato do município se
caracterizar como polo econômico regional, recebendo investimentos e consumidores não só dos
municípios vizinhos, mas também de outras regiões, inclusive outros estados e países.
Apesar da crise econômica registrada em 2008 e uma recuperação significativa em 2010
atingir indistintamente todos os setores da economia, principalmente no segundo semestre, os
dados demonstraram que o crescimento do município está fundamentado na diversidade das
atividades dos setores analisados, com um efeito positivo sobre o conjunto das atividades
econômicas locais e regionais, com foco na base exportadora regional, ou seja, nas atividades
agroindustriais. Porém, no período de 2011 e 2012, as políticas macroeconômicas aplicadas via
consumo não foram suficientes para que os indicadores de crescimento analisados apresentassem
resultados significativos.
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A Figura 2 apresenta o comparativo entre os anos de 2011 e 2012, quanto ao número de
empresas cadastradas e baixadas junto à Prefeitura Municipal de Chapecó.
O cadastro de novas empresas apresentou redução de 31,60%, partindo de 2.592 novos
registros em 2011 para 1.773 em 2012. No mesmo período, o número de empresas baixadas
apresentou redução de 4,28%, passando de 449 para 428 empresas baixadas. Desta forma, o saldo
negativo de (37,24%) deve-se principalmente à efetiva redução no número de novos cadastros,
em comparação com a baixa de empresas já existentes.
Figura 2 - Comparativo do número de empresas cadastradas, baixadas e saldo entre os anos de 2011 e 2012 no município de Chapecó
Fonte: Prefeitura Municipal de Chapecó (2013).
A redução no número de novos negócios em Chapecó no ano de 2012, comparado ao ano
de 2011, pode ser reflexo da redução da atividade econômica no país no mesmo período. O PIB
2012 foi de 0,9%, sendo serviços (1,7%), agropecuária (-2,3%) e, principalmente, o setor
indústria (-0,8%), que confirmam os resultados sentidos no município de Chapecó. Assim, os
dados analisados demonstram que, embora de forma tardia, o Brasil também foi afetado pela
crise econômica que assombra grande número de países, principalmente no continente europeu.
Na Tabela 1 são mostradas as empresas cadastradas e baixadas, nas diferentes categorias,
nos anos de 2011 e 2012. Observa-se que nos dois anos a Prestação de Serviços liderou os novos
cadastros, em 2011 representou 48,07% das novas empresas e em 2012 48,11% dos cadastros, ou
seja, 1.246 e 853 empresas respectivamente. O comércio ocupou a segunda colocação com
36,81% (954 empresas) em 2011 e 38,18% (677 empresas) em 2012.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Apesar destes números, o comércio é o setor que apresentou as maiores baixas nos dois
anos analisados, foram 187 empresas em 2011 e 177 empresas em 2012, o que representa 41,65
% e 41,36%, respectivamente, do total de empresas baixadas nestes anos. Na sequência, em
segunda posição aparecem os autônomos e os prestadores de serviços.
Tabela 1 - Número de atividades cadastradas e baixadas no município de Chapecó, nos anos de 2011 e 2012
Atividades 2011 2012
Cadastradas Baixadas Cadastradas Baixadas
Outros 17 2 18 2
Indústrias 106 17 65 20
Hotéis 4 0 3 0
Comércios 954 187 677 177
Pres. serviços. 1.246 98 853 110
Autônomos 187 123 118 111
Profissionais liberais 16 13 7 1
Escritórios gerência/depósitos 9 4 8 1
Associações e clubes 53 5 24 6
Total 2.592 449 1.773 428
Fonte: Prefeitura Municipal de Chapecó (2013).
É importante que se observe o segmento “indústria”, pois apesar do número de cadastros
de 2012 ser inferior ao de 2011, apresentou saldo positivo de 45 novas empresas. Este é um
segmento que geralmente necessita de investimentos significativos, sendo afetado diretamente
pela retração econômica, porém costuma gerar maior valor agregado e consequentemente mais
arrecadação ao município.
O incipiente de baixo crescimento da economia brasileira em 2012 se comprovou com a
divulgação de que o PIB de 2012 obteve um acréscimo de apenas 0,9%. A política econômica
que, entre outros aspectos, deu ênfase ao mercado interno via crédito e consumo, através de juros
baixos e desoneração de setores econômicos, principalmente a indústria automotiva e construção
civil, através da redução do IPI, o que não foi suficiente para manter o ritmo de crescimento dos
anos anteriores.
Diante deste cenário, a economia chapecoense é atingida pelos reflexos da economia
nacional e sofre retração, haja vista que diante de um cenário de incertezas, o número de novos
empreendimentos tende a ser reduzidos.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Essas informações contribuem para afirmar que, apesar das políticas mencionadas
impactarem em todos os segmentos de “negócios” como num todo, o município vem se
configurando como um centro regional de prestação de serviços e comércio, atendendo à
demanda de municípios menores, os quais buscam em Chapecó atividades não disponíveis ou
pouco desenvolvidas em suas localidades.
REFERÊNCIAS
CHAPECÓ - Prefeitura Municipal de Chapecó. Secretaria de Tributos. 2013. INSTITUTO BRASILEIRO DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE (IBQP). Empreendedorismo no Brasil 2011. Disponível em: <http://www.ibqp.org.br/gem/ publicacoes-detail.php?id=84>. Acesso em: 28 mar. 2013. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE). Caged Estatístico. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/geral/estatisticas.htm>. Acesso em: 21 mar. 2013. SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). Disponível em: <http://www.sebraemg.com.br/Home/HomePortal.aspx>. Acesso em: 03 de abr. 2013.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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O COMÉRCIO INTERNACIONAL DE CHAPECÓ
José Martins dos Santos9
Neste texto analisa-se o comércio internacional, com ênfase nos indicadores de
exportações, importações e saldos. No contexto analisado, ressalta-se a balança comercial com os
principais países de destino das exportações e principais países de origem das importações, os
blocos econômicos e os setores, subdivididos em bens de capital, bens intermediários e bens de
consumo.
O município de Chapecó caracteriza-se como polo agroexportador especializado na
produção de bens primários de baixo valor agregado, com forte dependência tecnológica e
biotecnológica, assim como de pacotes de insumos básicos para a produção de medicamentos
animais e fertilizantes. Não dispõe de uma indústria consolidada, fornecedora de base
tecnológica, constituindo-se, portanto, em um grande importador de tecnologia agroindustrial e
de bens finais. Contudo, em que pese sua vocação primária, destaca-se pela exportação de bens
de capital, podendo estar em curso um processo de industrialização predominantemente no setor
agroindustrial.
Os indicadores apontaram um volume de exportações da ordem de US$ 29,8 bilhões,
contra um montante de US$ 81,4 bilhões em importações, configurando-se um déficit comercial
de US$ 51,6 bilhões em 2011. A corrente de comércio avançou significativamente em 2012,
período em que as exportações alcançaram US$ 31,3 bilhões, mas as importações foram muito
superiores, totalizando US$ 113,3 bilhões. O valor das exportações cresceu 4,83%, enquanto as
importações cresceram 39,1%, elevando o déficit para US$ 81,9 bilhões, ou seja, 58,8% superior
a 2011.
O déficit fica mais evidente quando se analisam os respectivos meses de referência. No
mês de janeiro de 2012, caiu em 33% em relação a janeiro de 2011. Entretanto, nos meses
seguintes do primeiro trimestre aumentou 18,5% e 8,6%. Porém, no segundo trimestre cresceu
em média 50%, no terceiro 138,6% e no quarto trimestre 122,5%, com recordes nos meses de
9 Mestre em Economia do Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica/RS, professor do curso de Ciências Econômicas da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected].
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julho 362,8% e dezembro 222,3%, o que mostra características crescentes e persistentes de tais
déficits comerciais, ilustrados nas Figuras 1 e 2.
Figura 1 - Comércio internacional, volume das exportações, importações e saldos comerciais, 2011/2012 (US$ bilhões)
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2013).
Figura 2 - Déficits comerciais nos meses de referência, 2011/2012 (%)
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2013).
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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No tocante aos países de destino das exportações, a Venezuela assumiu o ranking dos
principais parceiros comerciais em 2011, representando 32,3% do total exportado. Seguido pelo
Chile 18,2%, Argentina 13,3%, Eslováquia 12,5%, Paraguai 7,2%, Estados Unidos 2,6%, México
2,3%, Austrália 2,0%, Uruguai 1,7% e Colômbia 1,5%, como apontam os indicadores da Figura
3.
Figura 3 - Principais países parceiros de destino das exportações chapecoenses, 2011/2012 (%)
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2013).
No ano de 2012 o Chile assumiu o ranking dos países de destino das exportações
chapecoenses, com 44,8%, ficando a Venezuela em segundo lugar com 16,9%. Porém, os Estados
Unidos, que representavam o sexto colocado em 2011, tornaram-se o terceiro maior parceiro
comercial com 9,9% em 2012. O Paraguai, com 5,5%, ganhou uma posição e a Eslováquia, com
4,9%, perdeu uma posição no ranking dos maiores parceiros comerciais do município de
Chapecó.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Figura 4 - Principais países parceiros de origem das importações chapecoenses, 2011/2012 (%)
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2013).
Com relação às importações, a China assumiu o ranking do principal parceiro comercial
em 2011 e 2012. As importações daquele país representaram 15,7% e 14,9% respectivamente,
seguidos por Argentina 14,3% e 11,9% e México 10,3% e 11,1%. Os Estados Unidos
representaram, em 2011, 10,3%, porém reduziram consideravelmente suas vendas para 6,4% em
2012, perdendo posição para o Paraguai (9,6%), Tailândia (9,4%), Japão (9,0%) e Coréia do Sul
(6,9%).
Outro aspecto relevante refere-se às exportações entre os blocos econômicos. Conforme
ilustra a Figura 5, a ALADI continua dominante em termos de participação e destino das
exportações oriundas de Chapecó, representando em 2011 um índice de 55,4%, com ligeira
redução em 2012 (51,9%). As vendas para o Mercosul avançaram de 22,3% em 2011 para 27,9%
em 2012, constituindo-se no segundo bloco econômico comprador dos produtos chapecoenses.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Figura 5 - Principais blocos econômicos parceiros de destino das exportações chapecoenses, 2011/2012 (%)
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2013).
Por sua vez, a União Europeia diminuiu a participação de 14,7% para 9,9%, refletindo
assim o contexto da crise econômica vivida por aqueles países. Estados Unidos e Oceania ficaram
em 4º e 5º lugar com 2,7% e 2,1% respectivamente em 2011. Porém, em 2012, os Estados Unidos
aumentaram 2,33 vezes suas compras, demonstrando o processo de recuperação econômica
daquele país.
No tocante às importações realizadas pelo município de Chapecó por blocos
econômicos, verifica-se que a Ásia (exclusive Oriente Médio) representou em 2011 41,7% e
48,0% em 2012. O segundo bloco mais importante é o Mercosul com 20,3% em 2011 e 21,6%
em 2012. Em seguida encontra-se a Aladi (exclusive Mercosul) com 12,4%, União Europeia com
11,7% e os Estados Unidos (inclusive Porto Rico), com 10,3%, ambos em 2011. Para 2012
mantiveram-se os mesmos blocos e praticamente os mesmos percentuais em ranking de
importância das importações chapecoenses, como observado na Figura 6.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Figura 6 - Principais blocos econômicos parceiros de origem das importações chapecoenses, 2011/2012 (%)
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2013).
Verificam-se, nessa análise comparativa, discrepâncias entre os principais blocos
parceiros de destino das exportações e principais blocos parceiros de origem das importações, ou
seja, ocorre um desequilíbrio entre os blocos para os quais o município exporta (destino das
exportações) e os blocos dos quais o município importa (origem das importações). Enquanto a
Aladi, por exemplo, assume o topo do ranking dos parceiros de destino das exportações com
55,4% em 2011 e 51,9% em 2012, no que se refere às importações o bloco representou apenas
12% em 2011 e 11% em 2012. O ranking das importações no período ficou com a Ásia, que
representou 41,7% em 2011 e 48,0% em 2012.
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Figura 7 - Principais blocos econômicos parceiros de destino das exportações versus principais blocos parceiros de origem das importações chapecoenses – 2011/2012 (%)
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2013).
Para o Mercosul, a balança comercial encontra-se relativamente equilibrada. Em 2011
comprou do município 22% e vendeu 20% do montante de comércio. Em 2012 as compras
permaneceram superiores com 28% e as vendas representaram 22%. Situação semelhante à da
União Europeia, que em 2011 suas compras foram da ordem de 15% e as compras 12%, porém
em 2012 ocorreu uma inversão, o bloco comprou 6% e vendeu 11%. Já os Estados Unidos
compraram do município 3%, mas venderam 10% em 2011. No ano seguinte, as compras
aumentaram 6% e as vendas 11%. Tal desequilíbrio, entretanto, é inerente às próprias condições
de comércio, em que operam os mecanismos da demanda e os determinantes da oferta de bens e
serviços entre o município e o resto do mundo.
Por último, analisou-se o fluxo de comércio de acordo com os setores de bens de capital,
bens intermediários e bens de consumo, como captam os indicadores da Figura 8. Observa-se que
o município é um grande exportador de bens de capital 34,7% em 2011 e 18,2% em 2012, com
importações de 27,1% e 20,7%, respectivamente, ou seja, embora o município especialize-se em
bens de consumo primários, sua balança comercial nesse setor apresenta-se superavitária.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Figura 8 - Fluxo de comércio por setores de bens de capital, bens intermediários e bens de consumo do município de Chapecó, 2011/2012 (%)
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2013).
Quanto aos bens intermediários, a relação se modifica sensivelmente. Enquanto o
município exportou 27,4%, suas importações foram da ordem de 71,2% em 2011. Em 2012 as
exportações caíram para 22,3%, mas as importações permanecem elevadas, com índice de 69%,
demonstrando assim um significativo déficit comercial nesse setor. Como era de se esperar, o
setor de bens de consumo apresentou-se superavitário, pois exportou 38% em 2011 e 50,6% em
2012. Entretanto, considera-se significativo o volume de importações de bens de consumo: US$
8,61 bilhões (10,6%) em 2011 e US$ 11,75 bilhões (10,4%) em 2012.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O município de Chapecó ganha cada vez mais status de polo comercial internacional
com uma corrente de comércio da ordem de US$ 111,3 bilhões em 2011 e US$ 144,6 bilhões em
2012. Decorrente disso, o município mantém um déficit comercial ascendente – US$ 51,6 bilhões
em 2011 e US$ 82 bilhões em 2012. Tal déficit ocorre de forma diferenciada entre os parceiros
comerciais, incluindo países e blocos econômicos, o município exporta para a ALADI, mas
importa da Ásia. Quase metade de tudo o que se vende e se compra têm destino e origem nesses
dois blocos, com o primeiro, um extraordinário superávit, e com o segundo, um déficit crônico,
ou seja, a ALADI financia nossas importações. No período analisado, as exportações de bens de
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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capital mostraram-se significativas, fato extremante positivo em uma economia de base primário.
Pode-se afirmar, além disso, que há um relativo processo de industrialização em andamento, o
qual se apresenta mais intenso no setor agroindustrial.
REFERÊNCIAS
MAIA, J. de M. Economia internacional e comércio exterior. São Paulo: Atlas, 2004. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMERCIO EXTERIOR (MDIC). Disponível em: <www.mdic.gov.br>. Acesso em: 06 jun. 2013. SOUZA, N. de J. de. Desenvolvimento econômico. São Paulo: Atlas, 2008.
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COMÉRCIO EM CHAPECÓ
Deise Maria Bourscheidt10
Fábio Júnior Piccinini11
As relações comerciais entre os países envolvem uma série de questões importantes.
Conforme Beçak (2007, p. 19), “o comércio exterior envolve especificamente a troca de bens e
serviços entre as nações. As relações entre os países ocorrem em dois níveis distintos, porém
interdependentes – configurando um sistema de inputs e outputs”.
David Ricardo, importante economista da escola clássica, destacava a importância das
relações comerciais entre os países por meio da teoria das vantagens comparativas, na qual
destacou que cada país deveria especializar-se na comercialização do produto que trouxesse mais
vantagem a ele.
Historicamente, os brasileiros sofreram com altas privações comerciais, decorrentes
especialmente devido à instabilidade monetária presente no Brasil até os anos 1990. A expansão
inflacionária inviabilizou as relações comerciais internas e externas, e esta situação refletiu no
cotidiano de toda a população, que viam suas possibilidades de compra e venda reduzidas.
A estabilização monetária foi atingida com base no aperto do crédito, entre outros fatores,
atingido com o uso de uma taxa de juros alta, refletida em uma taxa Selic de até 45% ao ano. Com
o passar dos anos, o Brasil passou a mostrar resultados positivos em termos econômicos, o que
resultou em melhoria nas vendas do comércio, tanto no varejo quanto no atacado, através das
facilidades no acesso ao crédito e na redução da taxa de juros. No município de Chapecó, esta
situação também mostrou melhorias ao longo dos anos, gerando um aumento no emprego e
melhores salários aos trabalhadores destes setores.
Para realizar um estudo voltado a prospectar e mensurar o setor, com o objetivo de fornecer
informações que possibilitem a produção de indicadores, o IBGE disponibiliza através da sua
pesquisa anual do comércio uma série de dados, e a partir de 2000 o setor passou a ser avaliado
também no âmbito regional, com estudos nas unidades federativas, tendo como variáveis
10 Mestre em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo, professora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Maria, e-mail: [email protected]. 11 Mestrando em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected].
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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investigadas: pessoal ocupado; salários, retiradas e outras remunerações; número de unidades
locais com receita de revenda; receita bruta de revenda e de comissões sobre vendas, desagregados
em cinco grupos de atividades, permitindo acompanhar o comportamento conjuntural do comércio
varejista nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas.
A Tabela 1 mostra a evolução dos ganhos de receita bruta em Santa Catarina nos períodos
entre 2003 e 2007, no qual as informações são apresentadas em 3 categorias: comércio de
veículos, peças e motocicletas; comércio atacado e comércio varejista. Sendo que os resultados
positivos desses últimos anos estão atrelados às mudanças políticas monetárias, principalmente no
que diz respeito às reduções das taxas de juros que, segundo o Banco Central do Brasil, passaram
de 25,36% no início de 2003 para 11,18% no final de 2007, resultando no aumento dos
financiamentos bancários com menores taxas e crescimento no consumo das famílias.
Tabela 1 – Receita bruta de revenda de mercadorias no estado de Santa Catarina de 2003 a 2007
Fonte: Pesquisa Anual do Comércio.
Na categoria comércio de veículos, peças e motocicletas; comércio por atacado; e
comércio varejista os ganhos chegam a R$ 32,32 bilhões; R$ 14,42 bilhões; R$ 12,73 bilhões
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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respectivamente, com variações de 221,35%; 214,76%; 188,70%. O total negociado nos setores
do comércio registra aumento de R$ 32,29 bilhões, ou seja, variação de 203,65%. Segundo
informação da Prefeitura Municipal de Chapecó, a projeção para exercício de 2010 da receita
bruta de revenda estimada chega a R$ 6,63 bilhões; e número de estabelecimentos com receita de
revenda em 5.513 empresas.
A partir da Figura 1 são apresentados os índices do comércio varejista ampliado de Santa
Catarina, com periodicidade mensal nos períodos que correspondem a dezembro de 2005 a
dezembro de 2011, com variação percentual acumulada de 12 meses, base fixa de 2003 e ajuste
sazonal.
Figura 1 - Índice do comércio varejista ampliado de Santa Catarina
Fonte: Elaborada pelos autores com base nas Series Estatísticas IBGE.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, analisando os períodos
de 2005/2006, percebe-se uma queda significativa no resultado do índice, devido à baixa renda
agrícola na região Sul do Brasil em decorrência das quebras de safras de milho, trigo e arroz.
Outro fator que impacta diretamente refere-se ao crescimento do comércio varejista nas regiões
Norte e Nordeste do país. Em contrapartida ao cenário anterior, em 2008 ocorre uma expansão no
PIB no primeiro trimestre, o que impulsiona o crescimento do índice.
O agravamento da crise internacional no setor imobiliário dos Estados Unidos acaba
refletindo e ocorre novamente uma baixa acentuada, em decorrência da retração do setor
industrial na fabricação de máquinas e implementos agrícolas, calçados, carnes e automóveis,
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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produtos que fazem parte da pauta de exportação da região, fazendo surgir um efeito em cadeia
que afeta o comércio.
Na sequência, na Figura 2 são apresentados alguns dados sobre o comércio varejista e
atacadista de Chapecó, no período de janeiro a dezembro de 2012. Num primeiro momento
destaca-se o número médio de salários mínimos dos trabalhadores admitidos e desligados do
comércio varejista e atacadista, sendo que ambos os setores apresentaram relativa variação, sendo
que no comércio atacadista os valores médios maiores são nos meses de julho, setembro, outubro
e novembro. No comercio varejista os meses com maior médio são: julho, outubro, novembro e
dezembro, com destaque ao mês de dezembro de 1,61 salários mínimos devido ao 13º salário e as
festividades de final de ano.
Figura 2 – Número médio de salários dos trabalhadores admitidos e desligados no comércio varejista e atacadista em 2012
Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados do CAGED.
Quanto aos resultados de horas contratadas no comércio, segundo os dados do CAGED, o
número mínimo de horas contratadas no comércio foi de 40 horas, sendo que o máximo
correspondeu a 43 horas nos meses de outubro e novembro no comércio varejista; e nos meses de
março, maio e novembro no comércio atacadista.
Com base nas informações obtidas quanto ao tempo de emprego no comércio de Chapecó,
para o período de 2012, na Tabela 2 fica evidente que grande parte dos empregados, num total de
5.823, ou seja, 64,68% completam apenas um ano de trabalho no comércio varejista. Evidencia-
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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se que os resultados têm relação com o baixo salário médio oferecido, que corresponde a R$
733,52, frente a outros setores da economia de Chapecó.
Tabela 2 – Faixa de tempo – emprego, em 2012
Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados do CAGED.
Outro ponto importante a ser considerado está relacionado aos 2.043 desligamentos, ou
seja, cerca de 22,68%; e que está vinculado à modalidade de contrato de experiência de 3 meses
do Código das Leis Trabalhistas. Quanto ao comércio atacadista, 58,95% dos trabalhadores
completam um ano de serviço.
Ao abordar informações pertinentes à segurança e redução nos riscos de inadimplência no
ato da venda do produto, a Tabela 3 estabelece as estatísticas geradas nos anos de 2011 e 2012, a
fim de fazer um comparativo da evolução dos meses de janeiro a dezembro.
Tabela 3 - Consultas (SPC, cheque) nos períodos de janeiro a dezembro de 2011 e 2012
Fonte: Elaborada pelos autores com base na Câmara de Dirigentes Lojistas de Chapecó.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Os resultados na diminuição das consultas de cheque demonstra o quão absolutamente
imperfeito se tornou para o comerciante não ter garantia alguma sobre o retorno do pagamento
feito pelo cliente, em contrapartida ao uso do cartão de crédito, que lhe garante o pagamento e
permite ao consumidor fazer pagamentos em prestações. Além dos juros cobrados pelas
instituições financeiras, principalmente do cheque especial, inviabilizando seu uso com relação às
menores taxas praticadas por outros financiamentos. Os meses de abril, maio e dezembro
apresentam redução de 16,14%; 14,23% e 15,29%, respectivamente.
No que se refere às consultas do SPC, o mês de julho apresentou aumento de 11,82%,
seguidos por outubro, com 11,14% e agosto, com 9,71%; isto pode estar atrelado ao aumento da
inadimplência do consumidor e à facilidade de acesso aos financiamentos. Nota-se que no mês de
dezembro ocorre o inverso, com queda de 7,48%, fator esse explicado pelo recebimento do 13º
salário.
A Unochapecó, por meio do Curso de Ciências Econômicas, vem elaborando uma
pesquisa desde novembro de 2012 no município de Chapecó, com o objetivo de prospectar
cenários a partir do Índice Endividamento e Inadimplência do Consumidor Chapecoense.
REFERÊNCIAS BANCO CENTRAL DO BRASIL (BCB). Histórico das taxas de juros. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?COPOMJUROS>. Acesso em: 13 maio 2013.
______. Boletim regional. Disponível em: <http://www.bcb. gov.br/pec/boletimregional/ port/2008/07/br200807b2p.pdf>. Acesso em: 14 maio 2013.
______. Boletim regional. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pec/boletimregional/ port/2009/10/br200910b4p.pdf>. Acesso em: 15 maio 2013.
BEÇAK, P. Evolução das relações comerciais Brasil-Estados Unidos de 1945 a 1995: no contexto da política externa e dos “interesses nacionais”. 2007. Tese (Doutorado em História) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS E DESEMPREGADOS (CAGED). Disponível em: <http://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.php>. Acesso em: 13 fev. 2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Notas técnicas. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria/pia/empresas/2009/ notatecnica2009.pdf>. Acesso em: 9 maio 2013.
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CONSTRUÇÃO CIVIL EM CHAPECÓ
Deise Maria Bourscheidt12 Fábio Júnior Piccinini13
A economia brasileira, a partir de 2008, foi marcada por investimentos públicos em
diversos setores, impulsionados pela evolução da demanda doméstica, aumento da confiança
estrangeira e seus investimentos, o que possibilitou financiar o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) criado pelo governo federal em 2006, com o objetivo de impulsionar
diferentes áreas da economia e solucionar antigos problemas relacionados ao baixo crescimento do
PIB em relação ao ano de 2006.
Desde então, registra-se uma expansão dos investimentos do setor de construção civil, o
qual vem auxiliando, através de um pacote imobiliário, no acesso das pessoas de baixa renda a
uma moradia e em especial à manutenção de emprego e renda para a população.
O pacote imobiliário teve como referência a melhoria das condições de crédito (crescimento no volume e nos prazos de financiamento imobiliário nos segmentos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas), a isenção de IPI para materiais de construção e os programas habitacionais, tanto para o sistema de mercado como para os de interesse social, com destaque para o Programa Habitacional Popular - Minha Casa, Minha Vida, cujo objetivo é atender as necessidades de habitação da população de baixa renda nas áreas urbanas (SOUZA; MANOEL, 2012, p. 5).
Este comportamento retrata uma política governamental voltada à geração de emprego e
renda, em um momento de crise, o que pode ser considerado, conforme Furtado (2009), uma
política anticíclica keynesiana. Keynes (1936) afirmava que o investimento é primordial para a
geração de emprego e renda, sendo uma das funções do governo, como forma de estimular a
demanda.
Segundo o quinto balanço regional de Santa Catarina do PAC 2, no programa “Minha
Casa, Minha Vida” foram destinados cerca de R$ 954,43 milhões. Com relação ao financiamento
SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), o valor foi de R$ 4,39 bilhões. Nos dois
programas incluem-se o período de 2007 a 2010, segundo registro de outubro-dezembro de 2012.
12 Mestre em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo, professora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Maria, e-mail: [email protected]. 13 Mestrando em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected].
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Com relação ao município de Chapecó o investimento previsto de R$ 2.174.711,80 teve como
destino a urbanização do Loteamento Eldorado III e Bairro Vila Real.
Diante destes resultados, o município de Chapecó vem registrando uma expansão no setor
de construção civil e imobiliário. Em consequência deste estímulo na economia e com o objetivo
de proporcionar o bem-estar da população, ocorre no ano de 2012 um aumento na concessão de
alvarás de licença para construção de imóveis concedidos pela prefeitura. Conforme pode ser
visualizado na Figura 1, o número total de permissões no ano de 2012 foi de 1.458, sendo 1.011
para construções de imóveis residenciais e 285 para imóveis comerciais. Se comparados ao ano de
2011, houve um aumento de mais de 8,01% no número de residenciais passíveis de construção.
Figura 1 - Número de alvarás de licença para construção no município de Chapecó, 2011/2012
Fonte: Elaborada pelos autores com base na Secretaria do Planejamento de Chapecó (2013).
A expansão no número de alvarás, concedida no setor residencial, pode estar relacionada
à concessão de loteamentos, que totalizaram quatro no segundo semestre de 2012, conforme
aponta o Quadro 1. Esta forma de organização habitacional, aliada ao programa habitacional
“Minha Casa Minha Vida”, possibilita a construção de um número maior de casas próprias.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Quadro 1 - Loteamentos aprovados no segundo semestre de 2012
Loteamento Data Aprovação Bairro
Vederti 23/08/12 Linha Simonetto
Horizontes azuis III 29/08/12 Santo Antonio
Jardim Paraiso 17/09/12 Linha Faxinal dos Rosas
Zanrosso II 19/12/12 Efapi
Fonte: Secretaria do Planejamento de Chapecó (2013).
Este resultado reflete, entre outros fatores, os efeitos do programa de governo intitulado
“Minha Casa Minha Vida”, que foi lançado em 2008 e facilitou o acesso das famílias de baixa
renda à casa própria.
O programa já entregou mais de 1 milhão de unidades habitacionais em todo o País, a um investimento de mais de R$ 156 bilhões. De acordo com o Ministério das Cidades, o programa representou um impacto positivo de 0,8% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, por meio de geração de empregos e movimentação da cadeia produtiva (BRASIL, 2013, p. 1).
Com relação às pessoas empregadas, o ramo de construção civil vem apresentando
crescente procura por profissionais no país. O Sindicato da Construção de São Paulo, em parceria
com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), constatou que o ramo da construção civil registrou um
aumento de 3,02% no ano de 2012, em comparação com o ano de 2011. Desta forma, foram
criadas 95,7 mil novas vagas no Brasil (SINDUSCON-SP, 2013).
No município de Chapecó, o setor também registrou uma expansão, sendo que a idade
média dos trabalhadores da construção civil foi de 32 anos no segundo semestre de 2012 e a
idade mínima registrada foi de 15 anos. Mesmo tendo aumentado o nível de exigência em termos
de qualificação dos trabalhadores da construção civil, esta pode ser conseguida em curto período
de tempo.
Outro indicador relevante para a análise foi a quantidades de horas de contrato dos
trabalhadores. O número máximo de horas registradas foi de 44 para praticamente todos os
meses, com exceção do mês de dezembro, no qual o valor caiu para 42.
Com relação ao número mínimo de horas, ocorreu uma considerável variação como pode
ser observado na Figura 2. O mês de agosto registrou o maior valor para o fator (20 horas) e o
menor período de contratação foi no mês de outubro, sendo de apenas 5 horas contratadas.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Figura 2 - Quantidade de horas contratadas no período de agosto a dezembro de 2012
Fonte: Elaborada pelos autores com base no MPE (2013).
Em relação à questão que envolve a produção de custos de materiais e serviços do setor da
construção civil, o IBGE, em parceria com a Caixa Econômica Federal, afirma que são feitos
levantamentos mensais nas grandes regiões e unidades federativas, desde 1969. com análise dos
preços de materiais e salários pagos. Em 1997 ocorre a ampliação do sistema, que passou a
abranger o saneamento e infraestrutura. Tendo como unidade de pesquisa os fornecedores de
materiais de construção e empresas construtoras do setor.
O objetivo deste estudo é de proporcionar aos servidores públicos e coordenadores das
empresas privadas, a possibilidade de elaboração de projetos e tomada de decisões quanto à
melhor forma de utilização desses recursos e prospectar cenários futuros, conforme a evolução
apresentada do índice. Sendo que em dezembro de 2012, segundo relatório divulgado pelo IBGE,
no estado de Santa Catarina os custos do mês de junho foram significativamente influenciados
pelo comportamento dos salários do pessoal ocupado no setor, destacando-se que no segundo
trimestre ocorrerem reajustes da categoria provenientes das convenções coletivas de trabalho
celebradas, que exerceram forte influência na sua composição. Estas mudanças registraram, em
dezembro de 2012, custo médio do m2 de R$ 882,50 com variação do índice mensal de 0,96% em
relação ao mês anterior, sendo que no acumulado do ano os aumentos chegam a 10,18%.
Desta forma, pode-se concluir que o setor de construção civil de Chapecó vem se
expandido com base no aumento do número de alvarás de licenças concedidos pela prefeitura. O
programa de incentivo do governo federal, aliado à expansão de loteamentos no munícipio,
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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incentivou o aumento das construções, bem como a expansão do número de pessoas empregadas
no ramo.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Estados terão crédito de R$ 1 bilhão para PAC e Minha Casa, Minha Vida Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2013/02/19/estados-terao-credito-de-r-1-bi-para-pac-e-minha-casa-minha-vida>. Acesso em: 03 mar. 2013. FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil SINAPI: resultados dezembro 2012. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/sinapi/sinapi_ 201212comentarios.pdf>. Acesso em: 04 jul. 2013. KEYNES, J. M. Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Atlas, 1982. PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO (PAC). 6º Balanço (2011-2014) Ano II Santa Catarina. Disponível em: <http://www.pac.gov.br/pub/up/relatorio/64d9cdb166 fb96c380d6dd61dae2e765.pdf>. Acesso em: 03 jul. 2013. SINDICATO DE CONSTRUTORES DE SÃO PAULO (SINDUSCON)-SP. Notícias da construção 2012. Disponível em: <http://www.sindusconsp.com.br/msg2.asp?id=6300>. Acesso em: 05 abr. 2013. SOUZA, S. de; MANOEL, A. Economia brasileira e condições de vida e de trabalho da população: reações à crise internacional. Revista Economia e Tecnologia, v. 7, abr. 2012.
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MERCADO DE TRABALHO EM CHAPECÓ
Frederico Santos Damasceno14
O trabalho tem como objetivo atender as necessidades individuais das pessoas e da
sociedade em geral. Assim, a mão de obra é o principal recurso de um povo, de uma nação, pois é
alocada na produção dos setores primário, secundário e pelo setor de serviços. Os dados sobre
emprego possuem importância na tomada de decisões dos agentes econômicos, como as famílias,
empresas e governos para adotarem estratégias que maximizam a satisfação de seus interesses,
bem como da comunidade em geral.
A cidade de Chapecó é considerada um grande polo econômico, de suma importância
também para o desenvolvimento socioeconômico do Oeste Catarinense, por isso entende-se que
dados sobre emprego, em especial mão de obra existente, podem contribuir para o
desenvolvimento da região. A decisão de participar da força de trabalho é influenciada por vários
fatores, dos quais se podem destacar os socioeconômicos, culturais e demográficos - como a renda
familiar, o número de filhos, a presença de idosos na família, a localização geográfica, o nível
educacional, a idade, o sexo, dentre outros que afetam a escolha do trabalho.
De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED)
do Ministério do Trabalho (MTE), que registra o perfil dos indivíduos desligados ou admitidos, o
Brasil criou 1.301.842 postos de trabalho com carteira assinada em 2012. Este número representa
um crescimento de 3,43% em relação à quantidade de empregos de dezembro de 2011. Disto
decorre o entendimento de que este aumento foi devido ao saldo de 21.619.521 admissões contra
20.317.679 desligamentos. Ainda de acordo com o CAGED, a região Sul apresentou uma
expansão de 234.355 postos de trabalho.
Para a cidade de Chapecó, objeto de nosso estudo, serão utilizados os dados
disponibilizados mensalmente pelo MTE através do CAGED. As variáveis que se buscou analisar
são dividas nas seções: variabilidade do saldo de emprego, idade e escolaridade.
É importante destacar, conforme Tabela 1, que no ano de 2012 houve 5.895 admissões por
primeiro emprego e 37.457 admissões por reemprego, reintegrações e contratação de trabalho por
14 Mestre em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Maringá, professor do curso de Ciências Econômicas da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected].
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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prazo determinado. Isso significa que em 2012 ocorreram um total de 43.352 admissões, já o
número de demissões somaram 41.339. Neste número estão incluídas as pessoas que foram
demitidas sem justa causa, por término de contrato de prazo determinado, bem como por término
de contrato corresponde a 55,27% do total de desligados. Já as demissões por justa causa
apresentam 2% do total dos desligamentos, ao passo que por pedido e devido a falecimento
corresponderam a 42,4% e 0,033% respectivamente, do total de desligados.
Desta forma, ocorreu um aumento do número desempregos de 2.013, ou seja, houve uma
expansão de aproximadamente 4,64% no número de empregos gerados. Outro fato a ser citado é a
geração de novos postos de trabalho, como 5.895 primeiros empregos, que corresponde a 13,5%
das novas admissões.
Tabela 1 – Admissões e desligamentos do emprego formal em Chapecó, participação segundo as principais categorias (2012)
Admitidos Desligados
Meses Primeiro emprego
Reemprego, reintegração e
contrato de trab. por prazo
determinado
Sem justa causa, término de
contrato prazo det., término de
contrato
Demissão com justa causa
A pedido Por morte e
invalidez
Janeiro 528 3053 1806 80 1561 15
Fevereiro 756 3327 1866 74 1539 7
Março 601 3518 1953 68 1629 10
Abril 646 3080 1617 75 1405 10
Maio 470 3151 2010 53 1329 11
Junho 364 2867 1789 70 1348 15
Julho 359 3144 1898 65 1445 6
Agosto 419 3462 2008 67 1471 16
Setembro 608 3141 1788 49 1393 9
Outubro 450 3431 1927 72 1608 13
Novembro 414 3146 1816 78 1451 11
Dezembro 280 2137 2368 69 1357 14
Total 5895 37457 22846 820 17536 137
Fonte: Elaboração própria com base em CAGED/Ministério do Trabalho e Emprego.
No tocante ao número de admitidos, constata-se que a idade em que houve maior número
de contratações foi de 16 a 24 anos, seguida do grupo de 30 a 39 anos, conforme a Tabela 2. O
primeiro caso grupo apresenta o maior percentual de contratações com 44,7%, enquanto o grupo
de 30 a 39 anos tem o percentual de 22% do total de admissões. É importante destacar que o
grupo que possui pessoas de 50 anos ou mais representam 3,89% do total de admitidos, ao passo
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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que as pessoas que possuem de 10 a 15 anos representam cerca de 1% deste total. Quando se
analisa o número de desligados, observa-se que os grupos que tem o maior percentual são os
mesmos dos admitidos, ou seja, o grupo de 16 a 24 anos, seguido do grupo de 30 a 39 anos. Este
último apresenta 23,44% ao passo que o primeiro grupo apresenta 40,72%. Por fim, observa-se
na Tabela 2 que somando os grupos de 50 a 65 anos ou mais se tem um percentual de 4,71% do
número do total de desligamentos.
Tabela 2 – Admissões e desligamentos do emprego formal em Chapecó, participação segundo as principais categorias (2012)
Admitidos Desligados
10 a 15 anos
16 a 24 anos
25 a 29
anos
30 a 39 anos
40 a 49
anos
50 a 64 anos
65 anos ou mais
10 a 15 anos
16 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 64 anos
65 anos ou mais
Jan. 8 1586 687 792 363 143 2 8 1407 734 824 325 158 6
Fev. 134 1833 780 831 364 135 6 2 1448 762 790 333 145 6
Mar. 17 1810 821 896 415 157 3 17 1452 751 858 398 177 7
Abr. 63 1724 706 769 338 120 6 9 1280 644 718 305 145 6
Maio 22 1579 701 792 369 151 7 11 1330 705 840 347 162 8
Jun. 9 1367 680 737 307 127 4 9 1285 694 732 353 142 7
Jul. 12 1538 667 798 346 134 8 6 1359 708 796 383 150 12
Ago. 3 1655 796 883 405 133 6 66 1466 700 783 384 153 10
Set 178 1658 663 788 323 136 3 2 1304 661 812 348 109 2
Out. 17 1704 767 860 380 147 6 8 1488 730 864 361 159 10
Nov. 6 1561 698 801 338 152 4 1 1343 704 765 365 171 7
Dez 1 1161 472 509 198 76 0 61 1590 689 861 420 180 7
Total 470 19176 8438 9456 4146 1611 55 200 16752 8482 9643 4322 1851 88
Fonte: Elaboração própria com base em CAGED/Ministério do Trabalho e Emprego.
Quanto à escolaridade, constata-se na Tabela 3 que o número de admitidos foi maior para
as pessoas que possuíam Ensino Médio Completo e Ensino Fundamental Completo, com 51,30%
(22.240 empregos) e 15,35% (6.654) dos empregos respectivamente. Já os trabalhadores que não
são alfabetizados e possuem até o 5ª ano completo do Ensino Fundamental, foram os que
apresentaram juntos os menores índices de pessoas admitidas no mercado de trabalho, com apenas
2,47% deste total. É importante destacar que os indivíduos que possuem curso superior ou estejam
cursando uma faculdade apresentam um índice de admissão em torno de 10,2%.
Neste sentido, ressalta-se que os trabalhadores assumem a educação e a profissionalização
como investimento no mercado de trabalho. Este investimento é denominado pelos economistas
como capital humano. Segundo Ehrenberg e Smith (2000), essas habilitações e conhecimentos
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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provenientes da educação, bem como da profissionalização geraram um estoque de capital
produtivo e este capital produtivo estará relacionado diretamente com o fator salário recebido e os
psicológicos.
Portanto, os investimentos em educação fazem com que o individuo busque retornos
financeiros, haja vista que muitas vezes os retornos psicológicos não são observáveis. Logo, para
que se verifique aumento da oferta de empregos é necessário que os salários sejam cada vez mais
atrativos.
Tabela 3 - Admitidos e desligados do emprego formal em Chapecó, participação em (%) segundo a escolaridade em 2009
Escolaridade Admitidos % Desligados %
Analfabeto 198 0,46 197 0,48
Até o 5ª ano incompleto do Ensino Fundamental 872 2,01 865 2,09
5ª ano completo do Ensino Fundamental 926 2,20 962 2,33
Do 6ª ao 9ª ano incompleto do Ensino Fundamental 3.868 8,92 3.762 9,10
Ensino Fundamental completo 6.654 15,35 6.794 16,43
Ensino Médio incompleto 4.152 9,58 3..994 9,66
Ensino Médio completo 22.240 51,30 21054 50,93
Educação Superior incompleta 1.958 4,52 1.673 4,05
Educação Superior completa 2.454 5,66 2.038 4,93
Total 43.352 100,00 41.339 100,00 Fonte: Elaboração própria com base em CAGED/Ministério do Trabalho e Emprego.
Tomando-se por base a Tabela 3 e a Figura 1, no que se refere à escolaridade dos
indivíduos desligados, o grupo que apresentou maior percentual foi o de trabalhadores com
Ensino Médio Completo (50,93%), seguido pelo grupo de profissionais com ensino fundamental
completo (16,43%). Dos dados obtidos da Tabela 3, constata-se ainda que as maiores variações
entre admitidos e desligados é dos profissionais que possuem o Ensino Médio completo e os que
possuem Superior completo com 1,08% e 0,73%, respectivamente. Isso mostra que o número de
admitidos nestas categorias é bem maior que o número de demitidos. Destaca-se que o grupo com
a menor a variação entre admitidos e demitidos é das pessoas que não são alfabetizadas.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Figura 1 - Participação do grau de escolaridade no total de admitidos e demitidos referente à média no ano de 2012
Admitidos Desligados
Fonte: Elaboração própria com base em CAGED/Ministério do Trabalho e Emprego.
Na análise da relação de admitidos, constata-se que houve maior contratação de mão de
obra no mês de março de 2012, com 4.102 contratados, principalmente da faixa etária dos 25 aos
64 anos, ao passo que dezembro apresentou o maior número de desligados, com um total de
3.747. Nessa categoria, a faixa etária predominante foi de 16 aos 24 anos, seguido do grupo de 40
a 64 anos. Uma das justificativas pode estar relacionada ao fato de que no mês de março, com o
carnaval e o fim das férias de boa parte da população, o setor de serviços, o principal responsável
pela contratação da força de trabalho, volta a contratar. Já no mês de dezembro, embora seja de
festas natalinas e festas de final de ano, o comércio tende a diminuir suas contratações.
Há de se destacar que com o passar do tempo, sobretudo com o desenvolvimento
socioeconômico, alguns tipos de empregos se expandiram e outros diminuíram. Isto fez com que
tanto trabalhadores e empregadores se adaptassem às mudanças tecnológicas de produção. Além
disso, novos empregos surgiram, dado o desenvolvimento de novas habilidades. É importante
mencionar que para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisar o emprego
no país, precisa fazer uma classificação em setores da economia, os quais podem ser classificados
em subsetores, conforme é mostrado no Quadro 1. Desta forma, pode-se analisar o número de
admitidos em 2012 em relação ao gênero, por subsetor.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Quadro 1- Participação por sexo no total de admitidos, referente à média no ano de 2012
IBGE subsetor Masculino Feminino IBGE subsetor Masculino Feminino
01-Extrativa mineral 12 0 14-Serv. industriais de utilidade pública 188 32
02-Ind. de produtos minerais não metálicos 379 60 15-Construção civil 5.225 359
03-Ind. metalúrgica 758 86 16-Comércio varejista 4.743 5442 04-Ind. mecânica 936 133 17-Comércio atacadista 1.450 646 05-Ind. material elétrico e de comunicações 410 42
18-Instituiçoes de crédito, seguros e capitalização 147 135
06-Ind. material de transporte 190 25
19-Com. e adm. de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico 1.887 1672
07-Ind. madeira e do mobiliário 397 204
20-Transportes e comunicações 3.092 445
08-Ind. papel, papelão, editorial e gráfica 199 200
21-Serv. de alojamento, alimentação, reparação, manutenção, redação 2.031 2505
09-Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 87 187
22-Serviços médicos, odontológicos e veterinários 323 845
10-Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, 422 249 23-Ensino 373 634 11-Ind. têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 59 251
24-Administraçao pública direta e autárquica
2 84
12-Ind. de calçados 4 6
25-Agricultura, silvicultura, criação de animais, extrativismo vegetal 467 212
13-Ind. de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 2.671 2.446
Total 6.524 3.889 Total 19.928 13.011 Fonte: Elaboração própria com base em CAGED/Ministério do Trabalho e Emprego.
Conforme se observa no Quadro 1, o menor número de funcionários contratados em
Chapecó no ano de 2012 foi na indústria de calçados, que apresentou 8 funcionários, sendo 6
mulheres. Uma das razões para este número reduzido de contratações se deve à forte
concorrência das indústrias chinesas que, por possuírem custos mais baixos, conseguem vender a
preços mais competitivos e consequentemente dominam o mercado. Outro setor que se destaca
pela baixa contratação de mão de obra é o extrativismo mineral, no qual ocorreram somente 12
contratações neste mesmo ano, sendo todas do gênero masculino.
Vale ressaltar que o comércio atacadista e principalmente o varejista, foram os setores que
mais contrataram trabalhadores, com 2.096 e 10.185, respectivamente, neste mesmo ano. No
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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tocante à contratação por gênero no comércio atacadista, 69% foram mulheres ao passo que no
varejista foi de 69% homens. Já a construção civil foi o segundo subsetor que mais contratou,
com 5.584 trabalhadores, sendo 93,57% de admitidos do sexo masculino, configurando-se como
o segundo subsetor que mais contratou homens, atrás do subsetor de extrativismo vegetal, que só
contratou homens. Em terceiro lugar ficou o subsetor da indústria de produtos alimentícios,
bebidas e álcool etílico, com 5.117 trabalhadores, sendo 52,20% homens e 47,80% de mulheres.
Por fim, cabe destacar que dos 25 subsetores analisados, conforme se verifica no quadro
1, em 16 deles ocorreu predomínio das contratações masculinas em detrimento das femininas. As
contratações femininas apresentaram números maiores nos subsetores: indústria de papel,
papelão, editorial e gráfica; indústria da borracha, fumo, couros, peles, similares e indústrias
diversas; serviços médicos, odontológicos e veterinários; ensino; indústria têxtil do vestuário e
artefatos de tecidos; e administração pública direta e autárquica. Os dois últimos apresentaram
80,97% e 97,67%, respectivamente, de contratações do gênero feminino.
Apesar da crise da Europa, sobretudo da Grécia e a lenta recuperação dos Estados Unidos,
o Brasil apresentou o número de 1.301.842 postos de trabalho com carteira assinada em 2012.
Isso representou um crescimento de 3,43% em relação à quantidade de empregos de dezembro de
2011. Como Chapecó está crescendo economicamente, a tendência é que os setores de comércio
e construção civil continuem sendo os principais responsáveis pelo maior índice de admissão de
trabalhadores. Vale destacar também que o Ensino Médio concluído ainda é a qualificação mais
exigida pelas empresas na contratação de mão de obra.
REFERÊNCIAS
EHRENBERG, R. G.; SMITH, R. S. A moderna economia do trabalho: teoria e política pública. São Paulo: Makron Books, 2005. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em: <http//www.ibge.gov. br>. Acesso em: 10 nov. 2010. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE). CAGED Estatístico. Disponível em: <http://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.php>. Acesso em: 19 mar. 2013.
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SETOR PÚBLICO: A NECESSIDADE DE RETOMADA DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO EM CHAPECÓ
Viviane Freitas Santos15
Ninguém melhor para definir as prioridades dos gastos do executivo do que os/as
cidadãos que constroem a cidade, esse é o objetivo no qual se insere a proposta de orçamento
participativo. Iniciativa democrática, com forte participação popular e que traz dois grandes
ganhos ao município: inserção da população na dinâmica política da região e orientação
administrativa para os lugares na qual é mais urgente a participação do setor público. Embora não
consiga resolver todos os empecilhos que cabem ao município e sua população, este mecanismo
de planejamento garante o acesso das camadas mais pobres à gestão pública (MARQUETTI,
2009). Se o objetivo do setor público é, também, promover redistribuição da renda gerada, este é
um dos instrumentos que mais contribuem para esse fim. Portanto, uma variável fundamental
para que sejam efetivadas as deliberações dos fóruns de orçamento participativo. Nesse sentido, o
objetivo deste artigo é discutir a adoção do município de Chapecó ao modelo de gestão pautada
no orçamento participativo.
SOBRE O ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
Todos e todas que estão envolvidos na construção do Orçamento Participativo (OP) o
veem como um elemento de inserção popular na dinâmica política de seu município. Esse
mecanismo leva às camadas mais pobres o poder decisório acerca dos encaminhamentos quanto
ao uso dos recursos arrecadados pelo executivo municipal, portanto, insere-se como um elemento
com características de promoção da equidade, solidariedade, democracia e eficiência
(MARQUETTI, [s.d.]). Seu uso implica em garantir, ao envolvido no processo de construção
orçamentária, amplo conhecimento da máquina pública, desde o momento do planejamento até a
efetivação da benfeitoria. E isto leva a uma mudança na percepção do que é público, que passa a
ser percebida não como algo distante e alheio a vida particular, mas sim como uma fonte
15 Mestra em Economia do Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, professora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected].
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decisória importante e parte da vida cidadã, compondo, portanto, uma transformação cultural e
política.
A proposta de construir um orçamento com participação popular é fruto dos movimentos
sociais, em especial aqueles ligados ao uso do solo e a apropriação dos espaços urbanos pela
camada popular que a formou. Insere-se num contexto de redemocratização quando, em 1988, a
nova Constituição encaminhava para uma descentralização político-administrativa com
fortalecimento da democracia por meio do empoderamento das comunidades locais no processo
decisório sobre políticas públicas (COSTA, 2010). Portanto, o OP é um processo pelo qual a
sociedade decide, de forma direta, a aplicação dos recursos em obras e serviços que serão
executados pela administração municipal (PORTO ALEGRE, 2013).
Avritzer e Navarro (2003) caracterizam o OP como uma forma de balancear a articulação
entre a democracia representativa e a democracia participativa. Marquetti (2009) destaca ainda a
capacidade do OP de “inverter prioridades”, pois privilegia os investimentos e a oferta de
serviços públicos nas regiões mais carentes das cidades. Pires (1999) ressalta que o uso do OP
caracteriza-se por um plano com indicação de objetivos e meios financeiros para atingi-los, uma
lei, um instrumento de controle, um conjunto de decisões políticas que tem impacto sobre a vida
econômica.
O primeiro município brasileiro a adotar o OP como metodologia de definição das
prioridades administrativas foi Porto Alegre/RS, sob a gestão de Olívio Dutra (PT), em 1989
(ROVER, 2003; MARQUETTI, 2003; COSTA, 2010). A proposta está assentada em quatro
pilares básicos: a) identificação dos problemas e da necessidade do território; b) na identificação
dos projetos prioritários; c) na implementação dos investimentos; d) na sua monitorização e
avaliação.
Para tanto, o município é divido em territórios, os quais, por meio de assembleias
regionais e temáticas, definem suas necessidades e urgências. Ainda nesse momento, são
escolhidos aqueles que serão os delegados e conselheiros do OP. Para o caso dos delegados, é
eleito um para cada dez participantes das assembleias, estes acompanham diretamente a execução
do OP e mantém a comunidade da qual são representantes informados sobre a efetivação dos
encaminhamentos. Logo, quanto maior for a participação popular nas assembleias, mais
delegados poderão ser retirados. Quanto aos conselheiros, poderão ser eleitos dois participantes
das assembleias por região, estes irão compor o Conselho de Orçamento Participativo (COP),
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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“órgão máximo que planeja, propõe, fiscaliza e delibera sobre o conjunto de receitas e despesas
do orçamento municipal, além de revisar, anualmente, o Regimento Interno do OP, seus critérios
gerais e técnicos” (PORTO ALEGRE, 2013)16. É fundamental destacar que as assembleias são
abertas à participação de qualquer cidadão, com direito a voz e voto.
As secretarias municipais acompanham o processo de decisão, entretanto com
participação limitada à disponibilização de informações técnicas acerca da viabilidade das
decisões. Além disso, são retirados dois representantes da administração pública para compor o
COP, mas estes não têm direito a voto (MARQUETTI, 2003).
Definidos os delegados e conselheiros, forma-se o COP e toma corpo a construção do
orçamento baseado nas prioridades definidas em assembleias que versão sobre as seguintes
temáticas: educação, esporte e lazer; transporte e mobilidade urbana; habitação; organização da
cidade; desenvolvimento urbano e ambiental; desenvolvimento econômico, tributação, turismo e
trabalho; cultura; saúde e assistência social. O que for definido como prioridade pelas
assembleias, será levado ao COP e três áreas serão selecionadas e constituirão as prioridades de
ação da cidade para o próximo ano (PORTO ALEGRE, 2013). A aplicação dos recursos segue a
seguinte linha de prioridade: a carência do serviço ou infraestrutura da região; população total da
região, prioridade temática da região face a face àquelas escolhidas pela cidade como um todo
(MARQUETTI, 2009).
Figura 1 - Organograma de funcionamento do orçamento participativo
Fonte: Elaborada pela autora com base em Pires (1999).
16 Conforme a estrutura do orçamento participativo de Porto Alegre/RS.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Ao fim do processo, encaminha-se a proposta de orçamento e o plano de investimentos
anual à Câmara de Vereadores, que incorpora as demandas do executivo e formaliza uma
proposta orçamentária, fruto do diálogo entre o setor público e a sociedade civil organizada.
Além do ganho material, no que se refere à qualidade de vida, há uma inserção da populacional
na dinâmica política. O avanço ao construir espaços públicos de decisão conjunta está no fato de
ocorrer a apropriação do cidadão do que lhe é direito, de aprofundamento no conhecimento da
cidade e de transformação do papel do gestor público. A relação clientelista entre setor público e
a sociedade é, definitivamente, rompida. Além disso, o OP rompe com o formalismo da
democracia representativa, no qual prefeitos e suas equipes, técnicos e vereadores são os únicos
responsáveis pela condução do processo orçamentário (PIRES, 1999).
A ADOÇÃO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO EM CHAPECÓ
O uso do orçamento participativo como metodologia de gestão governamental, no que se
refere ao orçamento público, teve sua primeira plenária realizada em 1997, sob a gestão do então
prefeito José Fritsch (PT), e estava baseada no modelo aplicado até então pela prefeitura de Porto
Alegre/RS. Foram encontradas dificuldades para a obtenção de dados, pois somente foram
disponibilizados aqueles referentes aos anos de 2001 e 2002, neste sentido, a análise ficará
restrita a estes anos.
A implantação do modelo de orçamento participativo esteve fundamentada em quatro
fases que vão da apresentação metodológica até sua execução. O município foi dividido em 10
regiões, sendo que 07 na sede e três na zona rural. O critério para a formação da região foi
fundamentada em sua identificação sociocultural, facilidade de deslocamento e capacidade de
mobilização (CHAPECÓ, [s.d.] apud ROVER, 2003). Diferente de Porto Alegre, que estabelece
13 áreas de deliberação popular, Chapecó elencou cinco grandes áreas: organização da cidade,
saúde; educação, cultura, esporte e lazer; assistência social e habitação e desenvolvimento
econômico e agrícola (ROVER, 2003). No primeiro ano houve participação de,
aproximadamente, 15 mil pessoas (CHAPECÓ, 2001).
Além das questões referentes ao OP, no momento das plenárias de bairro houve um
momento para formação política, ocasião fundamental para que ocorresse maior apropriação
teórica acerca dos temas que perpassam o debate sobre gestão pública. A instrumentalização do
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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cidadão para a tomada de decisão ocorre neste momento, facilita o reconhecimento do que é
prioridade nas comunidades e contribui para o fortalecimento da democracia participativa. A
inserção de um momento em que é garantida a reflexão acerca dos temas que tocam a
comunidade assegura que haja efetiva deliberação acerca das reais necessidades, sem moeda de
troca ou favorecimentos. O comprometimento da prefeitura com o desenvolvimento e
apropriação do orçamento participativo pela comunidade evidencia a vontade política no
encaminhamento das deliberações. Percebe-se ainda, que há uma menor inserção das camadas
populares na ocupação dos espaços públicos, o que antes era um “verdadeiro instrumento de
combate ao neoliberalismo” (UCZAI, 2002 apud CHAPECÓ, 2002), torna-se obsoleto e,
progressivamente, inexistente.
Efetivamente, o OP em Chapecó funcionou, com adequações à realidade local, até 2004, a
média de participante esteve em torno de 10 mil pessoas (REGOSO et al., [s.d.]). Para o ano de
2001, o Plano de Investimentos teve a seguinte ordem de prioridades: educação e cultura,
desenvolvimento econômico e agricultura, saúde, assistência social, habitação e regularização
fundiária, esporte e lazer, por fim, meio ambiente. Foi investido um total de R$ 2.950.000,00, de
recursos próprios, em obras que contemplaram toda a cidade. A inserção da OP na dinâmica da
sociedade chapecoense avançou para além das questões mais técnicas de orçamento, gestão e
planejamento. Também se inseriu no âmbito educacional, trazendo a concepção de educação
popular para o ambiente escolar. Além das reformas dos Planos Pedagógicos para a conquista
deste fim, também se tornaram prioridade as ações que inserisse jovens e adultos no ambiente
escolar, principalmente na zona rural da cidade (CHAPECÓ, 2002).
Na zona rural, por sua vez, os investimentos no desenvolvimento econômico tiveram
grande inserção das questões que tocam a agricultura familiar. A inclinação da região para a
agricultura foi contemplado pelo OP, mas como foco nos empreendimentos de agricultura
familiar. O objetivo era impulsionar a ampliação de oportunidades de trabalho e renda, adequadas
às características da sua população, principalmente a parcela excluída (CHAPECÓ, 2002).
Na prestação de contas do plano de investimento de 2001 foram contabilizadas 52
unidades agroindustriais familiares. A priorização da agricultura familiar objetivava a
permanência da família no campo e seu estímulo produtivo, isto tem efeitos além do econômico:
aumenta a identificação do homem do campo com a região em que vive, sua permanência no
local, uma vez que são criados os meios de sua sobrevivência. Além do ganho econômico, existe
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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uma forte valorização da cultura do campo, trata-se de um fortalecimento também das culturas
tradicionais. A construção dos projetos que tocavam essas famílias era coordenada pelo COP e
pelo Conselho de Desenvolvimento Rural de Chapecó (CONDERC). De assistência técnica,
obras de infraestrutura, educação e saúde a zona rural da cidade contou com acesso às instituições
públicas para que houvesse organização coletiva e solidária, para a melhoria da qualidade de vida
e inserção ativa do trabalhador do campo nas discussões sobre a cidade. “Antes a área prioritária
para investimentos era o centro da cidade, hoje a periferia é priorizada nos investimentos públicos
mais próximos e com maior qualidade” (CHAPECÓ, 2002, p. 07).
No plano de investimentos de 2002 foram orçados R$ 5.000.000,00 de investimentos em
recursos próprios (CHAPECÓ, 2002). Neste ano, a prioridade das ações do Plano de
Investimento este centrado na pavimentação e drenagem das ruas da cidade, seguido pelo
aperfeiçoamento e aprofundamento das ações de desenvolvimento econômico e agricultura.
O orçamento previsto para este segmento era de R$ 800.000,00, o dobro do destinado para ações
de educação e cultura, e saúde17, terceiro lugar nas prioridades do orçamento participativo. É
perceptível a continuidade das ações desenvolvidas no ano anterior, de valorização da agricultura
familiar e da cultura do campo, além de maior instrumentalização da zona rural para sua maior
autonomia.
Ainda em 2002, as ações visavam a inserção maior da comunidade e os repasses dos
delegados eram no sentido de aprofundamento do debate teórico e maior apropriação sobre os
encaminhamentos. Nos pontos discutidos nas plenárias temáticas, a organização comunitária e
seu espaço dentro das instituições públicas estão listadas entre as prioridades. O que significa um
novo papel para a administração pública, pois uma vez deliberado os encaminhamentos via OP
rompe-se com parte da democracia representativa.
SUA URGÊNCIA ATUAL
O último ano em que houve efetivo planejamento do OP no município foi em 2004, após
a vitória do então prefeito João Rodrigues (DEM/PFL), a metodologia do orçamento participativo
foi radicalmente modificada. A forma como está organizada hoje tem um caráter muito mais
consultivo à população, que participa através de e-mail ou protocolando sugestões para a
17 No que se refere aos recursos próprios, pois estes setores ainda contam com recursos oriundos da União.
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construção do Plano Diretor da cidade. A atual dinâmica tende mais a desmobilizar do que
estimular a sociedade a compreender e se apropriar dos caminhos que levam ao controle da coisa
pública. Se entre os anos de 2003 e 2004 houve, em média, cerca de 10 mil pessoas participando
das assembleias temáticas, hoje são pouco mais de 300 e-mails com sugestões de pauta e
prioridades. A população deixa de ter um papel deliberativo e assume um papel coadjuvante,
apenas consultivo.
Dos dez anos que separam o uso do OP como modelo de planejamento do orçamento, até
a presente data, é possível observar o crescimento econômico da sociedade chapecoense. O bairro
com maior rendimento mensal é o Centro, com valor médio mensal de R$ 1.848,86, enquanto
aquele com menor renda computada é São Pedro, com R$ 327,11. Embora o crescimento médio
para a última década tenha sido de 5,36%, segundo os dados do IBGE, percebe-se que este
incremento de renda não foi sentido por todos os bairros, pois para o bairro São Pedro a renda
média é menor que a metade do salário mínimo oficial. Isto sugere a necessidade de intervenção
do governo municipal, compreender as características desse bairro, identificar os gargalos e assim
construir as ações para que seja revertido os indicadores de concentração de renda, pois a análise
está concentrada apenas no caráter monetário, ou seja, na renda.
Os dados para a primeira década de 2000 indicam um crescimento da população da
cidade, e um crescimento da população da zona rural no ano de 2010. As deliberações acerca das
comunidades da zona rural, na construção do OP para os anos de 2001 e 2002, certamente
contribuíram para que houvesse essa manutenção da população no campo, e seu crescimento no
ano de 2010.
Tabela 1 - Distribuição demográfica de Chapecó (2000, 2007, 2008, 2009, 2010) Habitantes Urbana % Rural %
2000 146.967 134.592 91.57% 12.375 8.43%
2007 164.803 153.443 93% 11549 7%
2008 179.073 166.538 93% 12.535 7%
2009 174.187 161.994 93% 12.253 7%
2010 183.530 168.113 91.61% 15.417 8.39%
Fonte: Elaborada pela autora com base em Banco de dados de Chapecó.
O crescimento da renda municipal é visto no dinamismo que se observa na cidade. A frota
de veículos, as expansões comerciais e o número de instituições de ensino superior evidenciam
que a cidade demanda bens e serviços em quantidades crescentes. Dentre as principais fontes de
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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arrecadação do município, o ICMS18 desponta com larga vantagem, no ano de 2011 foi repassado
para o município o equivalente a R$ 70.987.086,42 para os cofres públicos, segundo os dados da
Controladoria Geral do Município. Essa cifra garantiu ao município o sétimo lugar no valor
repassado em 2011, ocupando o sexto lugar na colocação econômica do estado.
Tabela 2 - Receita e despesa pública do município, 2000-2010
Ano Receita Despesa
2000 R$ 60.473.204,12 R$ 57.482.750,63
2001 R$ 71.096.115,70 R$ 71.024.430,61
2002 R$ 74.894.180,87 R$ 73.252.344,00
2003 R$ 122.705.954,74 R$ 116.263.860,33
2004 R$ 152.684.245,38 R$ 141.576.106,60
2005 R$ 164.410.727,01 R$ 142.096.809,84
2006 R$ 182.239.686,43 R$ 178.264.441,13
2007 R$ 224.826.038,30 R$ 216.646.161,30
2008 R$ 271.261.163,51 R$ 216.391.061,48
2009 R$ 298.729.901,93 R$ 283.972.808,49
2010 R$ 328.591.838,00 R$ 319.321.155,00
Fonte: Elaborada pela autora com base em Banco de dados de Chapecó.
Em segundo lugar na composição da receita municipal está o repasse do Fundo de
Participação dos municípios garante ao município R$ 44.335.982,05, cujo valor expressivo
demonstra que o município insere-se entre os mais dinâmicos do estado catarinense e que suas
inversões podem ser mais bem distribuídas através da retomada do OP. Da receita apurada para o
município, o setor terciário (comércio, serviços ICMS, serviços ISS, economia informal) foi
responsável por 72,46% da composição da renda municipal. Corroborando com os dados
relativos ao ICMS, apresentados anteriormente, e demonstrando sua importância. O setor que
mais incorporou rendimentos ao município foi a macro empresa (indústria, comércio e serviços),
no ano de 2010 faturou cerca de R$ 2.400.000,00, o que indica o dinamismo e a força do setor em
relação ao estado.
18 ICMS é a sigla que identifica o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. É um imposto que cada um dos Estados e o Distrito Federal podem instituir, como determina a Constituição Federal de 1988.
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Acompanhando o estado, os dados do Censo 2010 para o índice de Gini19 na cidade é de
0,48%, o índice estadual que está em 0,436 e em primeiro lugar no ranking de distribuição de
renda do país, demonstrando que a cidade encontra-se em uma zona de relativa distribuição de
renda quando comparada aos dados nacionais. Entretanto, quando se observa que a parcela da
população correspondente aos 10% mais ricos apropria-se de 38,7% da renda gerada no
município, ainda há muito que se fazer na cidade; uma vez que os 20% mais pobres apropriam-se
de, apenas, 4,81% da renda gerada, revelando o quão gritante é a necessidade de uma intervenção
pública nesse segmento.
Além de questões no que se refere à concentração de renda, ações de infraestrutura
exigem maior atenção da gestão pública municipal. Coleta de lixo, calçamento de vias, transporte
urbano são gargalos nas grandes cidades do país e naquelas em franco crescimento não é
diferente. O uso do OP ajudaria de maneira significativa a elaboração de soluções para este
segmento, estabelecendo um plano de ação condizente com as urgências reais do município.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É imperioso que a cidade seja apropriada por quem a construiu e um dos mecanismos para
a efetiva participação popular é via Orçamento Participativo. Instrumento governamental de
democracia participativa, que permite aos cidadãos influenciar e decidir sobre a aplicação do
orçamento municipal. Além de contínua formação política, democrática e cidadã, o continuado
uso deste mecanismo inverte valores, coloca o povo na frente e na deliberação das prioridade
municipais, o pensamento coletivo se sobrepõe às construções individualizantes, vence o povo.
Hoje, o planejamento feito no setor público mantém o uso tradicional das prerrogativas do
legislativo e do executivo, fundamentadas em um espaço com pouca participação popular.
Retornou-se à democracia representativa e desconstruiu a inserção popular na gestão municipal,
rompeu-se um a perspectiva de gestão que “serve à comunidade”. Forte retrocesso no que se
refere à gestão pública, formação política e construção popular da cidade.
Não há consultor mais apropriado para diagnóstico da realidade do que o indivíduo que
está inserido em sua comunidade, com propriedade, as suas reais necessidade. Assim, utilizar do
19 Mede a concentração de renda de um determinado grupo. Varia de zero (igualdade plena dos rendimentos) a um (concentração da renda, uma pessoa detém toda a renda).
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OP não é importar um modelo pré-determinado de implantação do método, mas sim adaptá-lo à
realidade local, assegurando as características regionais, mas com efetiva participação popular. O
planejamento participativo é necessário para atender as reais necessidades da população colocar a
avaliação da gestão administrativa na pauta de debate e por inserir politicamente o cidadão na
construção da cidade.
REFERÊNCIAS
CHAPECÓ – Prefeitura Municipal de Chapecó. Prestação de contas orçamento participativo 2001. Chapecó: 2002. ______. Prestação de contas orçamento participativo 2002. Chapecó: 2003. COSTA, Danielle Martins Duarte. Vinte anos de orçamento participativo: uma análise da experiência em municípios brasileiros. Cadernos de Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 15, n. 56, p 08-28, 2010. GENRO, Tarso (Org.). Porto da cidadania: a esquerda no governo de Porto Alegre. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1997. MARQUETTI, Adalmir A. Até onde vão os efeitos redistributivos do OP. Disponível em: <http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=483>. Acesso em: 01 jun. 2012. ______. Participação e redistribuição: o orçamento participativo em Porto Alegre. In: AVRITZER, Leonardo; NAVARRO, Zander (Orgs.). A inovação democrática no Brasil. São Paulo: Cortez, 2003, p. 129-156. MOURA, Reidy R. de. Compromisso governamental e orçamento participativo: estudo comparativo entre as experiências em Blumenau e Chapecó, Santa Catarina. Revista Kátal, Florianópolis, v. 10, n. 2, p. 206-214, jul./dez. 2007. PIRES, Valdemir. Orçamento participativo: o que é, para que serve, como se faz. Piracicaba, 1999. REGOSO, Edson Luis et al. A gestão pública transparente por meio da participação popular: um estudo de caso. Chapecó, [s.d.]. Disponível em: <http://www.unifae.br/ publicacoes/pdf/IIseminario/politicas/politicas_02.pdf>. Acesso em: 01 maio 2012. ROVER, Oscar José . O orçamento participativo de Chapecó e sua dimensão rural. In: AVRITZER, Leonardo; NAVARRO, Zander (Orgs.). A inovação democrática no Brasil. São Paulo: Cortez, 2003.
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UMA ANÁLISE DESCRITIVA SOBRE OS PRINCIPAIS FATORES DA SAÚDE PÚBLICA EM CHAPECÓ
Fábio Júnior Piccinini20
Giana de Vargas Mores21
A saúde e a assistência à saúde merecem destaque pelas suas dimensões e contribuições
para as variáveis socioeconômicas, devido aos entraves enfrentados em obter o acesso a esse
serviço, à complexidade dos problemas de saúdes gerados e aos custos envolvidos. Essas questões
remetem aos economistas como possibilidade de elaboração de estudos mais aprofundados sobre
este cenário.
No Brasil, a economia da saúde surgiu como disciplina acadêmica em meados de 1980,
tendo ocorrido no final desta década a criação da Associação Brasileira de Economia da Saúde. As
pesquisas nessa área vêm gerando debates entre profissionais da área pública e economistas,
utilizando-se como embasamento nas disciplinas de epidemiologia e estatística (PROJETO
ECONOMIA DA SAÚDE, 2007).
No entanto, neste campo, existem diferentes posições entre os profissionais envolvidos.
Diante da perspectiva de conciliar os campos da economia e da saúde, Del Nero (2002)
demonstra a interligação entre fatores socioeconômicos e a melhoria do padrão de saúde da
população, como por exemplo, os casos de mortalidade infantil estarem relacionados ao nível de
renda (ou seja, quanto maior a renda, menor será a mortalidade infantil), e os de redução da
tuberculose a partir da melhoria das condições habitacionais.
Por meio destas concepções, objetiva-se neste âmbito realizar uma análise descritiva das
estatísticas apresentadas no âmbito da saúde no município de Chapecó/SC, relacionando com
variáveis socioeconômicas.
Na Tabela 1 são apresentados os gastos públicos municipais, por função, nas variáveis:
saúde, atenção básica, assistência hospitalar, vigilância sanitária, vigilância epidemiológica,
alimentação e nutrição, saneamento básico urbano.
20 Mestrando em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected]. 21 Mestre em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: [email protected].
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Tabela 1 - Variáveis do sistema de saúde do município de Chapecó, no período de 2010 e 2011 Variáveis 2011 (R$) 2010 (R$) Variação (%)
Saúde 123.390.614,07 102.557.108,09 20,31
Atenção básica 57.302.485,21 41.318.472,60 38,68
Assistência hospitalar 55.571.077,94 49.954.978,08 11,24
Vigilância sanitária 1.086.448,52 992.090,80 9,51
Vigilância epidemiológica 656.727,02 558.160,01 17,66
Saneamento básico urbano 2.567.836,44 7.757.400,26 -66,90
Total 240.577.200,20 203.140.219,80 18,43
Fonte: Elaborada pelos autores com base em Secretaria do Tesouro Nacional (2013).
Com base nos dados da Tabela 1, observa-se que houve um aumento do investimento em
saúde no município de Chapecó, de R$ 102.557.108,09 em 2010 para R$ 123.390.614,07 em
2011, o que representa um crescimento na ordem de 20,31%. Na atenção básica, este aumento
chega a 38,68%, passando de R$ 41.318.472,60 para R$ 57.302.485,21. Quanto à assistência
hospitalar, no período em análise, percebe-se um aumento de 11,24% entre os valores de R$
49.954.978,08 em 2010 para R$ 55.571.077,94 no ano de 2011.
Referente à vigilância sanitária (que corresponde a um conjunto de ações capazes de
eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde por meio de ações de fiscalização da circulação de
bens e prestação de serviços e pela educação da população), registrou-se um aumento dos
investimentos de 9,51%, passando de R$ 992.090,80 em 2010 para R$ 1.086.448,52 no ano de
2011. No campo de vigilância epidemiológica, que tem como propósito fornecer orientação
técnica permanente para os profissionais da saúde, na tomada de decisões referentes ao controle
de doenças e agravos, este recurso teve um crescimento de 17,66%.
Cumpre destacar a importância dos investimentos, principalmente em saneamento básico
urbano, em que houve a diminuição de 66,90% no montante dos recursos destinados à área,
sendo que os investimentos em 2010 foram de R$ 7.757.400,26, reduzidos a R$ 2.567.836,44 em
2011. Isso demonstra uma realidade adversa com relação às mudanças que o município de
Chapecó vem enfrentando nos últimos anos. Destaca-se o aumento populacional observado nos
censos demográficos de 2000 e 2010 (IBGE), que indicaram uma população de 146.967 habitante
em 2000 e de 183.530 habitantes no ano de 2010, o que pode implicar em uma série de
problemas futuros, como no que se refere ao abastecimento público de água, às condições
sanitárias das famílias menos favorecidas, ao impacto ambiental, entre outros.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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A Tabela 2 mostra a relação da produção físico-financeira de exames de imagem e
diagnóstico de Chapecó e região, em meses de 2012.
Tabela 2 – Quantidade e valores gastos nos diagnósticos de Chapecó e região (de janeiro a novembro de 2012)
Tipo de exame Quantidade Gasto (R$)
Ultrassonografia 19.373 668.317,38
Tomografia computadorizada 5.031 672.973,51
Raio x 66.053 502.536.49
Mamografia 7.338 330.210,00
Densitometria óssea 294 22.764
Ressonância magnética 6.499 1.918.116,00
Contraste para ressonância magnética 430 32.250,00
Total 105.018 4.147.167,36
Fonte: Elaborada pelos autores com base em Secretaria de Saúde de Chapecó (2013).
De acordo com a Tabela 2, os gastos mais expressivos em diagnósticos no período de
janeiro a novembro de 2012 de Chapecó e região estão mais concentrados na ressonância
magnética, tomografia computadorizada e ultrassonografia, com valores de R$ 1.918.116,00,
R$ 672.973,51 e R$ 668.317,38, respectivamente. Em relação às quantidades, em primeiro lugar
aparece o raio x, seguido pela ultrassonografia e mamografia.
A utilização da Estratégia Saúde da Família, como ferramenta de reorganização da
atenção básica, é observada por meio da expansão do número de equipes de saúde da família no
município, que totalizam atualmente 38 equipes. A Rede de Atenção à Saúde (RAS) de Chapecó
é composta por: 27 centros de saúde da família, 13 serviços de especialidades, 03 centros de
atenção psicossocial, 03 ambulatórios, 01 laboratório de análises clínicas e ambientais, 06
farmácias, 24 dispensários de medicamentos, 01 vigilância em saúde. Os serviços privados
contratados são aproximadamente 50, nas mais diversas áreas da saúde, em complementação à
rede pública municipal (CHAPECÓ, 2013).
A Tabela 3 apresenta os profissionais da rede pública municipal no que tange aos serviços
da saúde, em 2011 e 2012.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Tabela 3 – Número de servidores da Prefeitura Municipal de Chapecó em 2011 e 2012, por profissão da área da saúde
Profissão 2011 2012
Auxiliar de enfermagem 221 240
Agente de combate às endemias 50 59
Estagiário 31 39
Agente comunitário de saúde 277 285
Outros 100 60
Médico 137 120
Auxiliar administrativo 67 60
Fonte: Elaborada pelos autores com base na Secretaria de Saúde de Chapecó (2013).
De acordo com o quadro de colaboradores da Secretaria da Saúde de Chapecó, os cargos
que tiveram maior contratação em 2012 foram: auxiliar de enfermagem (19 contratações), agente
de combate a endemias (9 contratações), estagiário e agente comunitário de saúde (ambos com 8
contratações). O inverso ocorreu nas categorias: outros, médico e auxiliar administrativo.
A Tabela 4 apresenta as imunizações aplicadas no município de Chapecó durante o
período de 2011 e 2012.
Tabela 4 – Número de doses aplicadas para imunização no município de Chapecó, em 2011 e 2012
Mês 2011 2012 Diferença Variação (%)
Janeiro 9481 10676 1195 12,60
Fevereiro 9992 11541 1549 15,50
Março 6763 13120 6357 94,00
Abril 8553 10509 1956 22,87
Maio 14375 16435 2060 14,33
Junho 9939 23407 13468 135,51
Julho 8398 22867 14469 172,29
Agosto 10980 15646 4666 42,50
Setembro 8139 11358 3219 39,55
Outubro 9632 11259 1627 16,89
Novembro 8729 14400 5671 64,97
Dezembro 8846 10250 1404 15,87
Total 113827 171468 57641 50,64
Fonte: Elaborada pelos autores com base em Programa Nacional de Imunizações (2013).
Segundo o Governo Federal (2013), a vacinação é a maneira mais eficaz de prevenir
doenças. O Brasil tem evoluído nos últimos anos nessa área, especialmente com a criação do
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 1973, que facilitou o acesso da população às
vacinas. Diante disso, na Tabela 4 pode-se verificar que ocorreu maior variação das vacinas no
município de Chapecó nos meses de junho e julho, representando a aplicação de 13.468 e 14.469
doses, respectivamente.
A Tabela 5 demonstra as variáveis referentes às internações hospitalares do Sistema de
Único de Saúde (SUS) de janeiro a dezembro de 2012 no município de Chapecó. Os dados
apresentados referem-se aos valores totais gastos nos serviços de internação e hospitalares e
profissionais, valores médios da permanência em que o paciente ficou internado e as taxas de
mortalidade.
Tabela 5 – Dados mensais das internações hospitalares do SUS em Chapecó, 2012
Mês Valor total
(R$) Valor serviços hospitalares
Valor serviços profissionais
Valor médio internações
Média permanência
Taxa mortalidade1
Janeiro 1.675.901,81 1.304.779,51 371.122,30 1.192,81 3,6 4,41
Fevereiro 1.963.495,16 1.519.701,28 443.793,88 1.305,52 3,5 4,32
Março 1.881.737,13 1.470.134,30 411.602,83 1.282,71 3,6 4,02
Abril 1.816.053,57 1.420.657,74 395.395,83 1.291,65 3,7 4,13
Maio 2.031.160,74 1.561.968,92 469.191,82 1.439,52 3,7 4,46
Junho 1.942.278,57 1.522.394,67 419.883,90 1.341,35 3,7 4,63
Julho 1.838.181,93 1.448.962,58 389.219,35 1.312,05 4,1 5,21
Agosto 2.129.284,15 1.639.603,91 489.680,24 1.525,28 3,8 3,65
Setembro 2.229.289,39 1.738.027,51 491.261,88 1.562,22 3,9 4,70
Outubro 1.994.693,05 1.507.522,65 487.170,40 1.428,86 3,5 3,72
Novembro 2.001.991,05 1.552.669,02 449.322,03 1.452,82 3,6 3,85
Dezembro 1.873.640,53 1.453.460,13 416.880,40 1.533,26 3,8 4,26
Total 23.377.707,08 18.139.882,22 5.234.524,86 1.386,50 3,7 4,28
Fonte: Elaborada com base no Ministério da Saúde/Sistema de Informações Hospitalares do SUS (2013). Nota: 1 Razão entre a quantidade de óbitos e o número de autorizações de internações hospitalares (AIH) pagas, computadas como internações, no período, multiplicada por 100.
Conforme os dados disponibilizados pelo Datasus, os maiores gastos nas internações
hospitalares ocorreram nos meses de maio de 2012, correspondendo a R$ 2,031 milhões; agosto
com R$ 2,129 milhões; setembro com R$ 2,229 milhões; novembro com R$ 2,001 milhões.
Quanto aos valores médios das internações, ficaram em R$ 1.439,52 (maio); R$ 1.525,28
(agosto); R$ 1.525,28 (setembro) e R$ 1.452,82 (novembro). Os serviços hospitalares estão entre
as maiores despesas, em comparação aos serviços profissionais, totalizando R$ 18,139 milhões
frente aos R$ 5,234 milhões.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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Nesta discussão, cumpre destacar sobre o cálculo do Índice de Desempenho do SUS
(IDSUS), utiliza-se a técnica de econométrica, chamada de análise de componentes principais,
adotada para cálculo dos pesos de cada variável utilizada no estudo. A Figura 1 demonstra cada
indicador que faz parte deste índice e seus respectivos pesos (importância).
Figura 1 – Representação gráfica da composição dos indicadores que formam o IDSUS
Fonte: CGMA/DEMAS/SE/MS (2011).
Para caracterizar cada município, são utilizadas informações segundo os determinantes da
saúde, condições de saúde da população e estrutura do sistema de saúde. Em 2012, segundo o
Índice de Desempenho do SUS, quanto ao acesso e à efetividade da atenção básica, das atenções
ambulatorial e hospitalar, das urgências e emergências, o município de Chapecó obteve a nota
7,35. Nesse sentido, a região de saúde do Extremo Oeste II recebeu a nota 7,09 e o estado de
Santa Catarina apresentou a nota 6,29 (primeiro lugar no Brasil). Cumpre ressaltar que o IDSUS
Brasil ficou com uma média de 5,40 (BRASIL, 2011).
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção básica: acolhimento a demanda espontânea - queixas mais comuns na atenção básica. Brasília: v. 2, n. 28, 2012. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/ publicacoes/cadernos_ab/caderno_28.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2013.
______. Portal do Governo Federal. Saúde. Disponível em: <http://www.brasil.gov. br/sobre/ saude/programas-e-campanhas/campanhas-de-vacinacao-2>. Acesso em: 19 abr. 2013.
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______. Ministério da Saúde/Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicada/Departmant for International Development. Projeto Economia da Saúde – PES: reforçando sistemas de saúde para reduzir desigualdades – 2002-2006 – relatório de atividades. Brasília, jan. 2007. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/livro_pes.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2013
______. Ministério da Saúde. IDUS: Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde. Brasília: v. 1, 2011. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/IDSUS_29-09-12.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2013. ______. Ministério da Saúde/Secretaria Executiva/Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS/ Coordenação-Geral de Monitoramento e Avaliação. Programa de Avaliação para a Qualificação do SUS. Brasília, 2011. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/>. Acesso em: 11 abr. 2013. ______. Ministério da Saúde. Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações. Brasília, 2013. Disponível em: <http://pni.datasus.gov.br/>. Acesso em: 15 abr. 2013. ______. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS – Datasus. Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Brasília, 2013. Disponível em: <www2.datasus.gov.br/ DATASUS/index.php?area=0405>. Acesso em: 15 abr. 2013. ______. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Brasília, 2013. Disponível em: <https://www.tesouro.fazenda.gov.br/>. Acesso em: 11 abr. 2013. CHAPECÓ - Prefeitura Municipal de Chapecó/ Secretaria da Saúde. Banco de dados. Chapecó, 2013. DEL NERO, C. R. O que é economia da saúde?. 2002. Disponível em: <http://www.ppge.ufrgs.br/ATS/disciplinas/2/nero-2002.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2013. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censos Demográficos 2000, 2010. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2013 SANTA CATARINA - Portal do Governo do Estado de Santa Catarina. Vigilância sanitária: inclusão social e construção da cidadania. Disponível em: <http://www.vigilanciasanitaria.sc. gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=15&Itemid=40>. Acesso em: 19 abr. 2013.
Caderno de Informações Socioeconômicas do Município de Chapecó, v. 14, n. 26, jun. 2013
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AGRADECIMENTOS
Para a realização deste Caderno, o agradecimento pelas informações é feito, em especial,
para:
- Banco de Dados do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Comunitária da
Região de Chapecó;
- Prefeitura Municipal de Chapecó;
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
- Ministério da Saúde;
- Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
- Ministério do Trabalho e Emprego;
- Professores do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Comunitária da Região
de Chapecó;
- Secretaria da Fazenda do Estado de Santa Catarina;
- Sistema de Informações do Banco Central, entre outros.