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Caderno de Estágio
Acadêmico: Vilmar Armando Konageski Junior
Caracterização da Escola
A escola municipal de ensino fundamental Dr Ruy Ramos é uma escola de médio
porte que funciona nos três períodos diários atendendo a comunidade do bairro São José e
suas proximidades, sendo que na modalidade EJA participam alunos também de outros
municípios, os materiais didáticos são de boa qualidade, embora a manutenção dos prédios
e demais equipamentos seja um pouco insuficiente ainda há condições para desempenhar
um bom trabalho na escola, o laboratório de ciências não é de uso exclusivo e serve
também para as aulas de educação artística, sendo mais aproveitado para esta função, o que
é um fato lastimável uma vez que é necessário utilizar o laboratório nas aulas de ciências
por vários motivos.
Por ser no turno noturno, a circulação de pessoas na escola é restrita, os portões são
fechados e um funcionário controla quem entra e quem sai da escola, a escola não possui
placa, nem letreiro de identificação externa o que num primeiro instante torna difícil sua
identificação em meio as casas que existem nas proximidades. Pois a escola é toda murada
e os portões são com chapas de ferro o que não possibilita ver muito do seu interior.
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Caracterização da turma de estágio
Esta é uma turma de EJA, Educação de Jovens e Adultos, por isso estão em busca
do resgate de sua formação cultural uma vez que muitos desistiram do processo normal de
educação por motivos diversos, como a necessidade de trabalhar ou mesmo por
desmotivação quando eram mais jovens. Neste momento a turma é composta por jovens de
vinte e três anos e tem alunas mais velhas com média maior de trinta anos e uma aluna com
quase sessenta anos, no questionário aplicado sobre a escola e o que poderia ser mudado
para que os alunos aprendessem melhor, alguns escreveram que há muita diferença de idade
e isto faz com que o ritmo da aula mude, outros escreveram que mudariam os banheiros
(que estão em má condições realmente), outros as luzes (que são fracas e ficam piscando),
etc... estas opiniões são um reflexo da conservação do prédio.
A turma é muito faltosa, ou seja, o planejamento fica prejudicado pois o ritmo das
aulas é quebrado várias vezes, o ambiente não têm muitos conflitos dentro da sala de aula,
já na rua os alunos encontram algumas companhias e geralmente a policia acaba chegando
na escola, dentro da sala de aula o máximo que ocorre são algumas risadinhas e conversas
paralelas durante a realização de uma atividade escrita, pois neste momento alguns se
dispersam bem como há momentos em que todos se concentram na aula.
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Plano de Ensino
1- Dados de Identificação:
1.1- Período de realização do estágio: Maio e Junho de 2007.
1.2- Escola: Municipal de Ensino Fundamental Dr. Ruy Ramos.
1.3- Carga horária: 20 horas.
1.4- Turma: Terceira Etapa.
1.5- Número de Alunos: Aproximadamente 15.
1.6- Professora Regente: Lenir B. dos Santos.
1.7- Estagiário: Vilmar Armando Konageski Junior.
2- Ementa:
O estudo do ser humano na terceira etapa é uma forma de auxiliar no auto
conhecimento e a formação de um cidadão capaz de compreender as diversas inter-relações
entre sua vida e o ambiente em que realiza suas atividades diárias, com o objetivo de
harmonizar estas atividades para que possamos diminuir os impactos ambientais e ao
mesmo tempo propiciar uma vida digna a nós e nossos descendentes.
3- Objetivos Gerais:
3.1- Para a construção pessoal:
Socializar os conceitos científicos que os alunos já possuem de modo a promover a
construção e reconstrução do conhecimento de ambos.
Criar as condições para que haja diálogo e troca de experiências entre os educandos e o
educador para que ambos possam desenvolver-se num contexto multi-cultural da sala de
aula.
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3.2- Para mediar as aprendizagens:
Conhecer a realidade sócio cultural dos educandos, de modo à adequar a linguagem
científica, sem, no entanto, prejudicar sua aprendizagem conceitual de fenômenos.
Propor atividades que mobilizem interesse no educando, baseando-a, nas vivências de
cada um.
Discutir os assuntos propostos pelos educandos e encaminhar suas “aflições”, “dúvidas”
para a abordagem dos conceitos que serão trabalhados em sala de aula.
Apresentar os conceitos com a utilização de materiais que possam auxiliar a formação do
conhecimento aos educandos.
3.3- Objetivos específicos:
Na Situação de Estudo “Ser humano e Ambiente” o principal enfoque está na abordagem
que se faz aos sentidos humanos, desta forma, pode-se trabalhar mais detalhadamente os
cinco sentidos, de forma a introduzir conceitos de física, química e biologia que são
aplicáveis dentro de cada interação que o corpo faz com o ambiente.
4- Metodologia:
Acreditando que conhecimento é uma elaboração histórica que se estabiliza no tempo e
que é constantemente recriado junto as pessoas nas interações sociais e que ensinar é
mediar a produção de novos significados possibilitando ao aluno a apropriação do
conhecimento, acreditando nisso proponho realizar as aulas de ciências buscando
confrontar os saberes prévios dos estudantes em relação aos conceitos a serem
desenvolvidos, bem como elaborar atividades que contemplem diversas metodologias como
resolução de problemas com pesquisa bibliográfica em livros e materiais de circulação
como revistas e jornais, bem como realizar um questionário para ser respondido com os
conhecimentos que já possui e depois pesquisar sobre o assunto e rever suas idéias.
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5- Avaliação:
Entendo por avaliação, como acompanhamento dos processos de apropriação do
conhecimento cientifico intermediado em sala de aula pelo professor, bem como o registro
da elaboração do pensamento científico em discussões realizadas sobre o conteúdo
abordado.
5.1- Critérios: (parâmetros que me permitem julgar)
Relaciona as informações, fatos;
Participa das discussões, demonstra envolvimento;
Utiliza adequadamente os conceitos em estudo expressando-os em linguagem científica;
Revela pensamento crítico em sala de aula;
Mantêm-se interessado ao desenvolvimento das aulas;
Observa demonstrando curiosidade no conhecimento;
Relaciona-se com os colegas e professor respeitando as diferenças.
5.2- Instrumentos:
Questionário;
Conversas Formais / Informais;
Produção de textos;
Atividades práticas;
Sistematização.
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6- Cronograma:
Abril Maio Junho13 – Observação de uma aula e conversa com a direção sobre a realização do estágio.
4 - Apresentação do conteúdo, Atividades de sensibilização. Discussão dos conhecimentos que já possuem sobre os temas a serem abordados.
1 – Sentido da Audição.
11 – Sistema Nervoso. 2 –Sentido do Olfato.18 – Sentido da Visão. 15 – Exercícios de Revisão.25 – Primeira Prova. 22 – Prova final.
7- Bibliografia:
7.1- Situação de estudo:
Ser Humano e Ambiente: percepção e interação / Orgs. Milton Antonio Auth, Cléria Bitencorte Meller. – Ijuí: Ed. Unijuí, 2005. – 152 p.
7.2- Livro didático:
VALLE, Cecília. Ser Humano e Saúde 7ª Série. 1ª edição, Curitiba: Positivo 2004.
8- Sobre as aulas:
O primeiro contato com a escola foi no dia em que me dirigi para conversar com a
professora de ciências, Lenir, eu cheguei na escola e procurei a secretaria, e não tinha
ninguém, procurei então a sala dos professores e também não tinha ninguém, desci algumas
escadas e vi uma sala de aula aberta fui até lá e no caminho encontrei a coordenadora
pedagógica da escola, então eu falei para ela que queria combinar com a professora os dias
em que faria estágio na escola, ela se assustou e me disse que não era bem assim, que eu
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não podia chegar e fazer estágio na hora que eu quisesse, percebi logo que ela não estava
tão bem informada, pois algumas semanas antes minha mãe já tinha ido até a escola e
conversado com a professora e com ela, após este breve relato os ânimos se alteraram e já
era possível eu conhecer a professora Lenir para então combinar os dias para realizar o
estágio. Dizem que a primeira impressão é a que fica, neste caso não pude conferir, pois a
coordenadora não veio mais no turno da noite e eu não pude mais conversar com ela, foi
realmente um acaso no dia em que eu cheguei na escola de encontrá-la e se eu fosse de me
impressionar com pessoas alteradas provavelmente não teria mais ido à escola.
Neste dia não pude ter certeza de que dias eu realizaria o estágio, pois a professora
não tinha dado nem um dia de aula, e queria iniciar o conteúdo com a turma e desta forma
ela poderia até me dizer como era o ritmo dessa turma para que eu pudesse planejar melhor
as minhas aulas. Fiquei um tanto frustrado, pois o estágio de muitos de meus colegas já
havia iniciado, e no meu caso estava em uma turma estranha do curso de biologia, as
meninas mais brigavam com a professora na aula do que a professora falava, fui
percebendo que não poderia contar em terminar junto com as colegas e desta forma teria
que buscar uma alternativa, tudo isso antes mesmo de começar...
Me encontrei pela segunda vez com a professora e nada, na terceira vez consegui as
datas que estão no cronograma, não coloquei o segundo e o terceiro encontro no
cronograma porque fiquei pouco tempo na escola, com as datas então pude pensar em como
iniciaria, a professora Lenir me disse que eu tinha total liberdade para escolher os
conteúdos que eu gostaria de trabalhar, tinha que ser apenas sobre o corpo humano, a
reprodução e os órgãos reprodutivos e DSTs foram os conteúdos que ela escolheu para
trabalhar antes que eu começasse, desta forma escolhi trabalhar com os sentidos e o sistema
nervoso, utilizei a situação de estudo do Gipec, por ser uma indicação da professora Eva
Boff que é a professora do regular, as alunas de biologia utilizaram suas situações de
estudo, a minha que eu havia desenvolvido no semestre passado é sobre a biosfera terrestre
(nada a ver, relativamente, com o corpo humano, pelo menos naquilo que se refere
diretamente sobre os órgãos e suas funções).
Para iniciar o estágio decidi realizar uma atividade de sensibilização, para que os
alunos percebessem que existem diversas formas de energia a nossa volta e que algumas
podemos perceber enquanto que outras podemos apenas sentir.
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Após iniciei a introdução com o sistema nervoso, uma vez que é ele que coordena
através do cérebro, todas as funções vitais do corpo. Com o decorrer da primeira aula,
percebi que os alunos desta turma não gostam muito de aula expositiva, ou seja, creio que
falar sobre o sistema nervoso tentando explicar seus fundamentos e fazendo perguntas para
que eles interagissem seja “expositivo”, no entanto minha expositividade não surtou o
efeito que eu esperava e no final da aula as 22:23, decidi olhar o caderno de um aluno que
ia indo embora e não vi nada... e isto com certeza não é o que eu esperava pois tudo o que
eu falei, tudo que eu desenhei no quadro, aquele aluno não achou importante e não escreveu
nada.
Na seqüência trabalhei com a visão, os alunos tem um livro didático que a
professora utiliza com eles, perguntei como era a aula deles quando tinham um conteúdo
novo e eles disseram que liam e copiavam para o caderno o que havia no livro, decidi então
ceder e já que minha aula estava “meia boca”, e a professora me disse que os alunos
disseram para ela que eu falava demais na aula, decidi calar-me e os primeiros 40 minutos
foram de cópia do livro, não me contive e o restante da aula foi a meu modo, já que não
tinham “copiado” a aula anterior fiz um xerox e entreguei a cada um, se não iam dizer, não
tenho nada no caderno. Parece que as coisas não mudam de vez, tem que haver uma certa
sutileza e o modo que os alunos do EJA estão nas aulas também é muito sutil, muitas vezes
querem escutar e outras já não suportam ouvir nem uma palavra, desta forma o
planejamento rígido não dava certo, pois se era dia de prova e eu percebesse que os alunos
queriam ouvir? O que faria. Optaria claro em ir adiante ou revisar, como eram poucos os
dias, optei por uma revisão que antes da prova sempre cai bem!
Existiam muitos problemas na escola, drogas, violência,... No último dia em que fui
pegar o atestado fui envolvido por uma atmosfera de terror na escola, um aluno eu vem no
ônibus de Coronel Barros, imagine Coronel Barros uma cidade pacata, pois bem era para
mim pelo menos, houve uma briga no portão da escola e os alunos que vem da cidade
brigaram e um foi esfaqueado, foi muito difícil ver os professores e a secretária
aterrorizados com algo que infelizmente está tomando conta de todo o país, pelo menos os
alunos ainda respeitam os professores, pelo menos no turno da noite de EJA.
Outro fato é certas “birras” entre os alunos e certos professores, pois o professor de
história é uma espécie de supervisor, ele cuida a disciplina dos alunos no recreio, nas aulas,
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etc. ele já está aposentado mas voltou a trabalhar, ele tem os seus motivos não o culpo
disso, mas no decorrer das aulas fui descobrindo que ele fica cuidando da vida de todos os
alunos e se um aluno faz alguma coisa que ele considera imprópria ele é quem vai até o
diretor para delatar o aluno, pode ser aluno ou aluna, não quis me meter nisso, mas um dia
enquanto eu estava intermediando a aprendizagem dos alunos fiz uma pequena pausa para
que copiassem um desenho que eu fiz no quadro e fui até a porta quando descobri o
professor ao pé da porta, com alguns papéis perfeitamente instalado no banco do lado de
fora, totalmente discreto. Neste momento eu era o alvo, não me preocupei muito, mas
admito que pensei, o que será que ele vai falar da minha aula na sala dos professores? Mas
logo esqueci o caso, não totalmente, pois sempre fazia alguns desenhos ou passava algumas
questões no quadro e ia até a porta nos dias que seguiram este fato e não o vi mais, acho
que ele já descobriu o que queria de mim, o que é? É uma das questões que ficarão sem
resposta após a realização deste estágio na Escola Dr. Ruy Ramos, fiquei muito satisfeito e
creio que foi possível aprender mais do que ensinar aos jovens de quarenta anos.
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