caderno 2 caderno 3 caderno 4 -...

66
DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno 2 • Ética e Política • Planejamento e Gestão Estratégica Caderno 3 • Noções de Marketing Político Eleitoral • Oratória Caderno 4 • Movimentos do PDT

Upload: vodang

Post on 10-Aug-2019

239 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

DARCYcoleção

RIBEIRO

Caderno 1• Formação Política

Caderno 2• Ética e Política• Planejamento e

Gestão Estratégica

Caderno 3• Noções de Marketing

Político Eleitoral• Oratória

Caderno 4• Movimentos do PDT

FUNDAÇÃOLEONEL BRIZOLA — ALBERTO PASQUALINI

SEDE NACIONAL — BRASÍLIASetor de Autarquias Federais Sul - SAFS,Quadra 2, Lote 3, Plano Piloto,CEP: 70.042-900, Brasília-DF

Tel/Fax: (61) 3224-0791 / 3322-7198

[email protected]

www.pdt.org.br

SEDE NACIONAL — RIO DE JANEIRORua do Teatro, 39 - 2º andar, CentroCEP: 20.050-190, Rio de Janeiro-RJ

tel/Fax: (21) 2232-0121 / 2232-1016

[email protected]

www.� b-ap.org.br

www.facebook.com/pdt.org.br

Twitter: pdt_nacional

Cade

rnos

Rei

nve

nta

nd

o o

Bra

sil

• Fu

ndaç

ão L

eone

l Bri

zola

- A

lber

to P

asqu

ilini

Cole

ção

DA

RCY

RIB

EIR

O -

Vol

ume

I

Page 2: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

DARCYcoleção

RIBEIRO

Caderno 1• Formação Política

Caderno 2• Ética e Política• Planejamento e

Gestão Estratégica

Caderno 3• Noções de Marketing

Político Eleitoral• Oratória

Caderno 4• Movimentos do PDT

Page 3: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

“Os líderes surgem naturalmente, ao longo dos processos políticos, e se impõem pela sua capacidade de aglutinação e de expressão dos interesses daqueles que os elegeram seus representantes”.

Doutel de AndradeSenador

Page 4: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

“O conselho que dou para essa juventude é estudar, aprender, conhecer e se preparar para, então, se engajar: agir, criar, interagir e participar da construção das coisas. Cada um tem seu talento e sua área de interesse. O importante é se colocar a serviço do avanço e dedicar-lhe as suas energias”.Abdias do NascimentoDep. Federal e Senador do PDT

Page 5: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

PRESIDENTECarlos Roberto Lupi

VICE-PRESIDENTEAndré Peixoto Figueiredo Lima

1º VICE-PRESIDENTECarlos Eduardo Vieira da Cunha

2º VICE-PRESIDENTEMiguelina Paiva Vecchio

SECRETÁRIO GERALManoel Dias

SECRETÁRIO ADJUNTOAndre Menegotto

TESOUREIROMarcelo Oliveira Panella

CONSULTOR JURÍDICOMara de Fátima Hofans

SEC. DE RELAÇÕES INTERNACIONAISAcir Marcos Gurgacz

SEC. ADJUNTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAISMárcio Ferreira Bins Ely

VOGALMaria Aparecida Campos Straus

VOGALSirley Soares Soalheiro

LÍDER NO SENADO FEDERALAcir Marcos Gurgacz

LÍDER NA CÂMARA FEDERALWeverton Rocha Marques de Sousa

VICE-PRESIDENTES REGIONAIS: • REGIONAL SUL José Alberto Reus Fortunati

• REGIONAL SUDESTE Antônio Sérgio Alves Vidigal

• REGIONAL NORDESTE Ronaldo Augusto Lessa Santos

• REGIONAL NORTE Antônio Waldez Góes da Silva

• RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Ana Ligia Costa Feliciano

• RELAÇÕES PARLAMENTARES Weverton Rocha Marques de Sousa

SECRETÁRIO NACIONAL DE FINANÇASFrancisco Soares Loureiro

SECRETÁRIO NACIONAL DE DIVULGAÇÃO E PROPAGANDAMário Lúcio Heringer

SECRETÁRIO NACIONAL DE ASSUNTOS ORGANIZAÇÃOEverton da Conceição Gomes

SECRETÁRIO NACIONAL DE ASSUNTOS JURÍDICOSTrajano Ricardo Monteiro Ribeiro

MOVIMENTOS DE BASE:• AÇÃO DA MULHER TRABALHISTA Miguelina Paiva Vecchio

• JUVENTUDE SOCIALISTA Everton da Conceição Gomes

• MOVIMENTO DOS APOSENTADOS, PENSIONISTAS E IDOSOS

Maria José Latgé Kwamme

• MOVIMENTO NEGRO Ivaldo Ananias Machado da Paixão

• MOVIMENTO SINDICAL Milton Baptista de Souza Filho

EXECUTIVA NACIONAL DO PDT(2015 - 2017)

Direção Nacional

do PDT

FUNDAÇÃO LEONEL BRIZOLA

ALBERTO PASQUALINI (FLB-AP)

FUNDAÇÃOLEONEL BRIZOLA Manoel Dias

Presidente

EQUIPE TÉCNICAAdes Oliveira

André Menegotto

Célia Rocha

Karina Crivellani

Leonardo Zumpichiatti

Ricardo Viana

Shana Santos

Yeda Ponte

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃOEdevaldo Pereira

Elizangela Isaque

Max Monjardim

Osvaldo Maneschy

Pâmela Fonseca

Paulo Ottaran

Rafael Machado

EQUIPE DE APOIOApio Gomes

Caio Arantes

Caio Motta

Cláudia Casal

Elisabete Cristina

Elizabeth Pedrosa

Eroídes Lessa

Fernando Barbosa

Joildo Machado

Suely Moraes

REVISÃO ORTOGRÁFICAApio Gomes

Karina Crivellani

Shana Santos

Page 6: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

PALAVRA DO PRESIDENTE

Trilhas de formação

“o trabalhismo é o caminho brasileiro para socialismo” Leonel Brizola

A Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP) é o mais importante órgão de cooperação do PDT.

Tem como missão formar quadros capacitados e lideranças políticas que compreendam o Trabalhismo como uma corrente política transformadora, conectada aos setores populares progressistas do Brasil e do mundo, tendo como princípios fundantes: o nacionalismo, a democracia, a soberania nacional e o desenvolvimento econômico sustentável na perspectiva da inclusão social e produtiva do conjunto de trabalhadores brasileiros.

Como órgão auxiliar do PDT, a FLB-AP promove cursos, congressos, seminários, círculos de estudos, debates, projetos de políticas públicas de inclusão produtiva e social, além de assessorar os Movimentos de Base do PDT.

Em 2016, lançamos o projeto de descentralização das atividades de educação política, a fim de atingir de forma expressiva a nossa militância e todos aqueles que desejam se candidatar às próximas eleições.

O lançamento do curso Eleições 2016, pela Universidade aberta Leonel Brizola (ULB), representa o esforço da Direção Nacional do PDT em proporcionar aos nossos quadros uma grade de cursos e eventos de qualidade, que valorize as diferentes formas de participação e assegure o máximo aproveitamento de todos os esforços.

Fortalecendo o conceito de núcleos setoriais, essa nova edição aborda temas como: Formação Política, Planejamento e Gestão Estratégica, Noções de Marketing, Oratória, Ética e um caderno especial sobre os Movimentos de Base do PDT.

Pretendemos, com isso, consolidar uma nova estrutura de gestão e de planejamento estratégico, fortalecer a nossa Fundação nos Estados e garantir sua participação efetiva nos destinos do nosso partido.

Por um PDT popular e socialista!

MANOEL DIAS Presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini

CARLOS LUPIPresidente Nacional do PDT

PALAVRA DO PRESIDENTE

A história de um partido político é construída ao longo dos anos

O Trabalhismo é uma corrente de pensamento que já tem quase 70 anos de vida, e sempre se preocupou em preparar e formar quadros com ideologia e com ideias sobre o Brasil.

Nossas ideias sempre foram vanguardas, desde a década de 30, quando Getúlio começou a construir e tirar o Brasil do que era a Política do “Café com Leite” levando-nos para um Brasil industrial, quando começamos a conquistar os direitos dos trabalhadores.

O Trabalhismo nunca se negou a discutir o Projeto de Nação, o Projeto de Pátria. Por isso, para nós, é fundamental que o Caderno de Formação Política, a Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP) e a Universidade aberta Leonel Brizola (ULB) sejam canais permanentes para abrirem este partido, o PDT, para novos quadros, novas ideias, novas informações, novas formas de sonhar com um Brasil mais soberano e mais fraterno.

É importante que todos possam ter acesso e possam ler estes nossos documentos. Estudem a nossa história, participem da política, prestigiem as instituições e os partidos para que a democracia permaneça.

Não existe democracia sem partido político! Os partidos são a base de sustentação do elo democrático. Eles são o instrumento principal de fusão, de construção e defesa de teses e ideias sobre qual projeto de Brasil nós queremos.

Pensamos um Brasil grandioso e soberano, em que a prioridade absoluta seja a educação de tempo integral para nossas crianças, aliadas à formação e à preparação de mestres e cientistas, com tecnologias de ponta. O mercado moderno exige, cada vez mais, avanços na hora de formar esses profissionais, para que possam ter sustentação na competitividade do mundo moderno que vivemos.

Queremos convidar você que se identifica com os ideais do Trabalhismo para vir conhecer mais de perto nosso Partido. Venha conhecer nossos cursos e multiplicar nossas teses para construirmos esse Estado soberano e democrático, onde o ser humano seja prioridade absoluta. Venha, participe com a gente, leia, procure nossas bibliotecas, entre no site do Partido Democrático Trabalhista (PDT), da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (FLB-AP) e da Universidade aberta Leonel Brizola (ULB), seja protagonista da sua própria história.

Nós não queremos que você seja apenas mais um filiado, mas sim um militante. Nós queremos você atuando diretamente como personagem desta história.

É este o PDT que você tem que ajudar a construir, e é este o Partido que quer abrir as suas portas para a nova geração, que quer fazer do salário mínimo o melhor e mais eficiente instrumento de divisão de renda.

Venha para o PDT, ajude a construir o Trabalhismo do amanhã com tecnologia de ponta, formando cientistas, mestres e seres humanos que pensam, sonham e tenham como principal objetivo na vida a construção de uma Nação livre e soberana, sem nenhuma criança abandonada e nenhum idoso desrespeitado nos seus direitos. Este é o PDT que queremos oferecer a você. Participe e ajude a alcançarmos o Brasil dos nossos sonhos!

Page 7: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

DEFESA DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS

Contra o processo de extermínio físico, social e cultural que as populações indígenas têm sido submetidas ao longo de nossa história. O Trabalhismo Demo-crático assume, como um dos seus com-promissos políticos fundamentais, lutar em defesa das popu-lações indígenas, por seus direitos à auto-determinação como minoria nacional e a preservação de sua cultura, assim como ao uso dos recursos naturais necessários à sua sobrevivência e desenvolvimento.

DEFESA DA NATUREZA BRASILEIRA

Contra a poluição e a deterioração do meio ambiente resultante de uma exploração predatória que ame-aça destruir a base biológica de nossa existência, degradan-do, cada vez mais, a qualidade de vida do povo brasileiro. De-pois de empobrecer radicalmente e des-truir a fauna e a flora de todas as regiões brasileiras de antiga ocupação, agora ameaçam liquidar com a Amazônia, que é a nossa última reserva da natureza original.

O Trabalhismo De-mocrático propugna por um movimento e uma legislação que defendam o ambien-te natural do País e coíbam as diversas formas de poluição, assim como luta pela implementação de um amplo programa nacional de descon-taminação.

CONCESSÕES FEITAS A GRUPOS E INTERESSES ESTRANGEIROS

Recuperar para o povo brasileiro todas as concessões feitas a grupos e interesses estrangeiros.

Referente às ques-tões lesivas ao nosso patrimônio, à eco-nomia nacional e atentatória a nossa soberania.

DEMOCRATIZAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Resgatar o controle de nossa comunica-ção social, colocan-do-a a serviço do interesse público e trazendo-a para uma função primordial: a de contribuir para a educação e o desen-volvimento cultural do País.

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Estruturação de um sistema financeiro nacional voltado ao seu papel de agen-te financiador do desenvolvimento, de regulador da moeda e não especulativo.

CRIANÇAS E JOVENS

Assistir desde o ventre materno, alimentar, escolari-zar, acolher e educar as crianças do nosso País, com igualdade de oportunidades para todos. Apoiar as famílias para que estas possam pro-porcionar às crian-ças e jovens um ambiente favorável ao seu desenvolvi-mento. Combater a prostituição infanto-juvenil.

INTERESSES DOS TRABALHADORES

Especialmente as grandes maiorias populares que, em todas as regiões bra-sileiras, vivem em diversos níveis de pobreza e margina-lidade, ocupando--se na economia informal ou sendo cruelmente explo-rados em benefício de setores privile-giados. O caráter eminentemente popular do Partido Democrático Traba-lhista (PDT) se defi-ne a partir de suas raízes, e de uma atitude de inconfor-midade diante da miséria, da fome e do marginalismo de dezenas de milhões de brasileiros.

DEFESA DA MULHER

Somos contra a discriminação e lutamos por sua efetiva participação em todas as áreas de decisão; pela definição de seus direitos sociais, no emprego ou no lar; pela igualdade de remuneração e de oportunidades, de educação e forma-ção profissional, acentuando a ne-cessidade de que o País disponha, cada vez mais amplamen-te, de serviços de infraestrutura que venham a aliviar a mulher submetida, na sua grande maio-ria, a duas jornadas de trabalho - a do lar e do emprego.

Defendemos ações positivas que possam contribuir para a eliminação da desigualdade de gênero, abrindo as mesmas oportuni-dades para homens e mulheres em todas as esferas da vida nacional.

DEFESA DO NEGRO

Como parte fun-damental da luta pela democracia, pela justiça social e a verdadeira uni-dade nacional. Este compromisso nós concretizaremos no combate à discrimi-nação social em to-dos os campos, em especial no da edu-cação e da cultura, e nas relações sociais e de trabalho. A de-mocracia e a justiça só se realizarão, ple-namente, quando forem erradicados de nossa sociedade todos os preconcei-tos raciais, e forem abertas oportuni-dades de acesso a todos, independen-temente, da cor e da situação de pobreza.

1PROGRAMA PARTIDÁRIOOS NOVE COMPROMISSOS PRIORITÁRIOS

2 3 4 5 6 7 8 9COM-PRO-MISSO

COM-PRO-MISSO

COM-PRO-MISSO

COM-PRO-MISSO

COM-PRO-MISSO

COM-PRO-MISSO

COM-PRO-MISSO

COM-PRO-MISSO

COM-PRO-MISSO

Fiel aos princípios

históricos do Trabalhismo

Democrático, e tendo presente

a realidade atual e futura

da Nação, o Partido

Democrático Trabalhista

(PDT) propõe-se a lutar pela realização do

programa que segue:

Mais detalhes em:

pdt.org.br

Page 8: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Fundação Leonel Brizola Alberto Pasqualini (FLB-AP)

A FLB-AP busca cumprir integralmente os propósitos para a qual foi designada, enquanto órgão colaborador do PDT e como centro de excelência em formação e educação política partidária, na formulação do pensamento de esquerda.

Tem como missão “inundar o país de consciências esclarecidas”, como dizia Leonel Brizola, preparando o PDT para as transformações e atualizações programáticas e estruturais necessárias, para avançarmos nas formulações de ações práticas e de projetos, por governos efetivamente Nacionalistas, Trabalhistas e Socialistas.

Para tanto, é urgente e necessária uma reestruturação da organização de trabalho da FLB-AP nos estados brasileiros, com uma nova motivação de organização partidária, através da organização eficiente da base militante e do conhecimento partidário, construídos pelos líderes Pedetistas, e da boa e social prática política, dando uma nova dinâmica e fácil entendimento aos trabalhos de formação política formulados e proporcionados pela FLB-AP.

O atual cenário político expõe uma demanda da sociedade por participação e interferência real na política nacional, mesmo que isso necessariamente não esteja manifestado como prática ou interesse dos partidos políticos brasileiros, - seja por suas representações eleitas ou por suas práticas. Por isso, a tarefa da formação política de base torna-se atrativa aos brasileiros que buscam serem ouvidos! Assim, é necessário criarmos “portas amplas” para o ingresso de novos protagonistas na política brasileira.

Portanto, nada melhor do que reoxigenarmos nossos debates e prepararmos nossas bases militantes para o enfrentamento no campo das ideias e das ações, bem como alinhar a composição das nossas representações municipal, estadual e nacional com pessoas cada vez mais comprometidas e responsáveis com os nossos objetivos ideológicos, estatutários e de gestão da política nacional.

Acesse o site da ULB: www.ulb.org.br Inscreva-se e participe!

A Universidade aberta Leonel Brizola (ULB) e a sua metodologia

A ULB é o projeto de ESCOLA DE FORMAÇÃO POLÍTICA vinculada à FLB-AP para a organização e crescimento do PDT. Criada para proporcionar educação política e capacitar nossos militantes para transformar o Brasil, protagonizando e apresentando teses, lutas e reivindicações junto ao povo brasileiro. Por isso, é necessária constante formulação e promoção de um processo comum de aprendizado político que seja ideologicamente fundamentado nas teses Pedetistas.

Os cursos da ULB possuem como objetivo geral a formulação de ideias, sendo a política o instrumento principal para a formação e capacitação de sujeitos que queiram conhecer um pouco da trajetória da humanidade, e da formação do nosso país, para interferir em seus próprios destinos.

Todos os conteúdos são elaborados de forma simples, possibilitando o fácil entendimento para pessoas de todos os níveis de escolaridade, e situando cada cursista ao meio político-social e na história do Brasil, dando a cada um a necessária dimensão de conhecimentos capazes de esclarecer e superar as diversas contradições que lhe são impostas.

Para ilustrar melhor, a maioria dos conteúdos foi configurada como uma pirâmide:

no topo, os vídeos com as aulas que introduzem os temas; no meio, o material explicativo e, na base, as bibliografias indicadas, para aqueles que desejarem se aprofundar nos temas propostos.

Como metodologia para o uso do material didático, a sugestão é criar um ambiente comum e colaborativo de aprendizagem, através de encontros e reuniões em grupos de militantes e dirigentes partidários, com o intuito de promover um estudo coletivo e organizado de cada tema, buscando compartilhar os saberes e experiências de todos.

Para aprofundamento dos temas é possível convidar também pessoas especializadas, dentro das áreas ou assuntos tratados, nos cursos da ULB. Os palestrantes não precisam ser do PDT, mas é muito importante e fundamental que tenham identidade ideológica comum a nossa agremiação partidária.

Portanto, para aqueles que desejam fazer a diferença na política, este material pretende ser um bom e necessário começo.

Page 9: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

15

Banco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Tem mais a

anotar?

Vale tudo, só

não vale ficar

para trás. ;-).Palavras-chaves, observações rápidas etc., ficam aqui! Crie as suas! Anote-as

para pesquisar depois.

Entendendo o PDT Dinâmica do conteúdo • Organização

Palco principal

Anotações pessoais

Banco de Palavras

Aqui os conteúdos aparecem de

forma destacada e objetiva.

Quer fazer suas próprias anotações? Fique a

vontade, aqui também é usado para indicar uma

leitura complementar (Leia+), links externos

ou ainda uma dica!

Você sabia que planejar e aprender técnicas de estudo aumentam o entendimento

em até 30%?

Marcadores de páginas

Na capa interna, junto aos DVD’s, existem adesivos coloridos. Use-

os para marcar, por exemplo, as páginas iníciais de cada capítulo.

Sobre o Material DidáticoA conjuntura política do país, principalmente devido aos sucessivos escândalos de corrupção, desgastou profundamente a imagem dos partidos políticos na sociedade. A esquerda se descaracterizou, sobretudo porque os últimos governos mantiveram as bases e diretrizes de um modelo econômico neoliberal, que aprofundou a nossa dependência ao setor financeiro nacional e internacional e estimulou relações espúrias do Estado com o setor privado. O resultado dessa política é um governo atacado por setores conservadores que usam o discurso da ética sob a ótica do moralismo como forma de chantageá-lo, a fim de obterem ainda mais privilégios.

As consequências nefastas desse esgotamento político podem ser percebidas na qualidade de vida das pessoas: sistema de saúde precário, segurança pública que não protege o cidadão, educação que não ensina, desemprego, etc. Enquanto prevalece a descrença e o afastamento do cidadão comum, permanecem no poder aqueles que o utilizam para benefício próprio e de pequenos grupos privilegiados.

O antídoto para isso é a construção de um PODER POPULAR, no qual prevaleçam decisões que atendam prioritariamente o conjunto da população que, afinal, é quem paga a conta.

Portanto, não existe algo melhor do que desenvolver a consciência crítica-reflexiva para atingirmos o PODER POPULAR. Assim, a tarefa de formação política é INDISPENSÁVEL para este propósito.

Entretanto, devemos ressaltar que a consciência crítica é formada pelo estudo e pelo debate. Mas este debate e este estudo não podem ocorrer de forma aleatória ou esporádica, tampouco sem utilizar de técnicas que potencializem os resultados. Nunca é demais lembrar que os resultados da educação são atingidos em longo prazo.

Assim, surge a importância do papel de um mediador que construa a base para a construção de um conhecimento que forme a base para um PODER POPULAR! Para isso, é fundamental a figura do EDUCADOR POLÍTICO, responsável pela mediação e promoção do conhecimento partidário, para desenvolver esta importante atividade: basta vontade de aprender e algum acúmulo de conhecimento acerca da atividade política do PDT e das causas sociais.

Assim, a ULB apresenta as bases teóricas para a compreensão da política atual, bem como a fundamentação doutrinária e prática do PDT. Especialmente neste caderno, os temas tratados são desenvolvidos para uma melhor formação de base dos atuais e futuros protagonistas das políticas municipalistas brasileiras.

RECOMENDAÇÕES:

• Leitura do

material didático;

• Acompanhamento dos

vídeos e aulas dos cursos;

• Identificação e convite

de professores ou

palestrantes com

domínio dos temas para

os encontros de formação

política presenciais da

ULB a fim de desenvolver

as atividades de educação

e capacitação política;

• Promoção de debates

e discussões sobre os

temas dos conteúdos

ministrados nos cursos,

de forma frequente

e periódica;

• Divulgação e convite

das atividades e cursos

de formação política

para todos os filiados/

simpatizantes e

comunidade, inclusive

para não filiados ao PDT;

• Formação de Núcleos

de Base do PDT local e

participação em fóruns

ou grupos de discussão

pedetista acerca da

formação política.

Page 10: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

1716

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

SUMÁRIO

PALAVRA DO PRESIDENTE

TRILHAS DE FORMAÇÃO — MANOEL DIAS .................................................................... 8

A HISTÓRIA DE UM PARTIDO POLÍTICO É CONSTRUÍDA AO LONGO DOS ANOS — CARLOS LUPI ................................................. 9

PROGRAMA PARTIDÁRIO — 9 COMPROMISSOS PRIORITÁRIOS .................................... 10

FUNDAÇÃO LEONEL BRIZOLA – ALBERTO PASQUALINI (FLB-AP)................................... 12

A UNIVERSIDADE ABERTA LEONEL BRIZOLA (ULB) E A SUA METODOLOGIA ............... 13

SOBRE O MATERIAL DIDÁTICO ............................................................................................. 14

CADERNO 1FORMAÇÃO POLÍTICA .................................................................................................. 21

HISTÓRIA POLÍTICA E ECONÔMICA: DO PASSADO AO PRESENTE PARA ENTENDER O MUNDO HOJE ........................... 25

O ORGANIZAÇÃO SOCIAL NOS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE ............................ 25

ORIGEM DA PROPRIEDADE PRIVADA ....................................................................... 26

INVENÇÃO DO ESTADO ............................................................................................. 29

FORMAÇÃO DE REINOS E IMPÉRIOS ......................................................................... 29

FEUDALISMO: SISTEMA ECONÔMICO E POLÍTICO..................................................... 30

DIVISÃO DOS PODERES DO ESTADO ......................................................................... 33

CAPITALISMO: NOVO MODO DE PRODUÇÃO ........................................................... 34

REVOLUÇÃO RUSSA: NOVOS PARADIGMAS ............................................................. 35

GUERRA FRIA ............................................................................................................. 36

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 36

PARA REFLETIR .......................................................................................................... 37

SEGUNDA PARTE

FORMAÇÃO POLÍTICA, ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL ...................................... 38

DESCOBRIMENTO E OCUPAÇÃO ................................................................................ 39

O PENSAMENTO DOMINANTE DAS OLIGARQUIAS .................................................. 40

O TRABALHISMO NO BRASIL .................................................................................... 42

O QUE VEM A SER ESTE TRABALHISMO? .................................................................. 42

VIEMOS DE LONGE .................................................................................................... 43

O SURGIMENTO DO PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO ....................................... 44

A RETOMADA DO TRABALHISMO ............................................................................. 45

A VOLTA DE BRIZOLA ................................................................................................ 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 47

JOÃO GOULART

Page 11: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

1918

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

CADERNO 2ÉTICA E POLÍTICA ......................................................................................................... 49

1 ÉTICA, POLÍTICA E VALORES ................................................................................... 53

2 USO E ABUSO DA PALAVRA ÉTICA ........................................................................ 53

2.1 PERÍODO DO PENSAMENTO GREGO .................................................................. 54

2.2 PERÍODO DO PENSAMENTO CRISTÃO ................................................................ 54

2.3 PERÍODO DO PENSAMENTO MODERNO ............................................................ 56

3 ÉTICA E POLÍTICA – UMA CORRELAÇÃO NECESSÁRIA ......................................... 58

4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ÉTICA NA POLÍTICA ........................................ 59

5 CIVISMO E CIDADANIA A ÉTICA NO DIA A DIA ................................................... 59

PLANEJAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICA ................................................................ 63

AONDE QUEREMOS CHEGAR? ................................................................................ 65

A ANÁLISE DA SITUAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ..................................................... 66

MISSÃO, VIRTUDES E VISÃO DE FUTURO ............................................................. 66

ANALISAR OS AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS E DEFINIR AS ESTRATÉGIAS ................................................................................... 66

ELABORAÇÃO DETALHADA DOS PLANOS DE AÇÃO ........................................... 67

AVALIAÇÃO, VALIDAÇÃO, REAVALIAÇÃO, REDEFINIÇÃO E GESTÃO ............... 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 69

CADERNO 3NOÇÕES DE MARKETING POLÍTICO ELEITORAL ....................................................... 73

A CAMPANHA ELEITORAL ........................................................................................... 77

AVALIAÇÃO DO CENÁRIO .......................................................................................... 77

O CENÁRIO ECONÔMICO SOCIAL MUNICIPAL .......................................................... 77

QUAIS INFORMAÇÕES QUE PODEMOS COLETAR PARA O PROCESSO ELEITORAL? ................................................................ 77

COMO OBTER AS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS DA REALIDADE MUNICIPAL? ............................................................. 78

CENÁRIO POLÍTICO ...................................................................................................... 78

A AVALIAÇÃO DA ATUAL ADMINISTRAÇÃO ............................................................. 78

AS EXPECTATIVAS DOS ELEITORES PARA A PRÓXIMA ADMINISTRAÇÃO ............... 80

AVALIAÇÃO POR GRUPOS E/OU PROFISSIONAIS .................................................... 83

O HISTÓRICO DO CANDIDATO ................................................................................... 84

COMO O ELEITOR VÊ O CANDIDATO? ....................................................................... 85

PLANO DE PREPARAÇÃO E MELHORIA DA IMAGEM DO CANDIDATO .................... 86

POR QUE É O MELHOR CANDIDATO? ....................................................................... 86

O MAPEAMENTO DO TERRITÓRIO ELEITORAL .......................................................... 87

O MAPEAMENTO DAS FORÇAS POLÍTICAS ............................................................... 88

O QUADRO POLÍTICO ELEITORAL DO MUNICÍPIO ..................................................... 90

REDES SOCIAIS ........................................................................................................... 91

ORATÓRIA ..................................................................................................................... 95

ORATÓRIA BÁSICA: PERDENDO O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO ............................................................................................... 97

ORATÓRIA .................................................................................................................. 97

ORIGEM ...................................................................................................................... 97

ELEMENTOS BÁSICOS DA ORATÓRIA ........................................................................ 97

CONCEITOS E FUNDAMENTOS ESSENCIAIS .............................................................. 98

LEMBRE-SE: VOCÊ PRECISA CONVENCER .................................................................. 99

CONSIDERAÇÃO FINAL .............................................................................................. 99

CADERNO 4MOVIMENTOS DO PDT ................................................................................................ 101

AÇÃO DA MULHER TRABALHISTA - AMT ................................................................. 103

PDT DIVERSIDADE ...................................................................................................... 106

MOVIMENTO SINDICAL PDT ...................................................................................... 109

MOVIMENTO NEGRO PDT ......................................................................................... 114

O MOVIMENTO COMUNITÁRIO E SUAS PERSPECTIVAS ........................................... 116

MAPI - MOVIMENTO DE APOSENTADOS, PENSIONISTAS E IDOSOS PDT ............... 117

JUVENTUDE SOCIALISTA: GRANDE COMO O BRASIL ................................................ 118

PARABÉNS ............................................................................................................................... 124

Page 12: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

2120

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

Caderno 1• Formação

Política

DARCYcoleção

RIBEIRO

Page 13: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

2322

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

DARCYcoleção

RIBEIRO

Sobre o autor:Leonardo Zumpichiatti é economista graduado pela PUC-GO e mestre em economia pela UnB, além de ser pós-graduado em Educação pela Uninter. Também foi professor-tutor da Universidade aberta do Brasil nos cursos de graduação à distância promovidos pela UnB. É militante do PDT desde 1996 quando começou a atuar no Movimento Estudantil. Foi da Executiva Nacional da JS-PDT entre 2001 e 2007 e ministra cursos de Formação Política desde 1999. Em 2006 foi designado pela Direção Nacional do PDT para organização da Universidade aberta Leonel Brizola.

CADERNO 1FORMAÇÃO POLÍTICA .................................................................................................. 21

HISTÓRIA POLÍTICA E ECONÔMICA: DO PASSADO AO PRESENTE PARA ENTENDER O MUNDO HOJE ........................... 25

O ORGANIZAÇÃO SOCIAL NOS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE ............................ 25

ORIGEM DA PROPRIEDADE PRIVADA ....................................................................... 26

INVENÇÃO DO ESTADO ............................................................................................. 29

FORMAÇÃO DE REINOS E IMPÉRIOS ......................................................................... 29

FEUDALISMO: SISTEMA ECONÔMICO E POLÍTICO..................................................... 30

DIVISÃO DOS PODERES DO ESTADO ......................................................................... 33

CAPITALISMO: NOVO MODO DE PRODUÇÃO ........................................................... 34

REVOLUÇÃO RUSSA: NOVOS PARADIGMAS ............................................................. 35

GUERRA FRIA ............................................................................................................. 36

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 36

PARA REFLETIR .......................................................................................................... 37

SEGUNDA PARTE

FORMAÇÃO POLÍTICA, ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL ...................................... 38

DESCOBRIMENTO E OCUPAÇÃO ................................................................................ 39

O PENSAMENTO DOMINANTE DAS OLIGARQUIAS .................................................. 40

O TRABALHISMO NO BRASIL .................................................................................... 42

O QUE VEM A SER ESTE TRABALHISMO? .................................................................. 42

VIEMOS DE LONGE .................................................................................................... 43

O SURGIMENTO DO PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO ....................................... 44

A RETOMADA DO TRABALHISMO ............................................................................. 45

A VOLTA DE BRIZOLA ................................................................................................ 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 47

Page 14: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

2524

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

HISTÓRIA POLÍTICA E ECONÔMICA: DO PASSADO AO PRESENTE PARA ENTENDER O MUNDO HOJE

ORGANIZAÇÃO SOCIAL NOS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADEA humanidade evoluiu, ao longo dos tempos, sempre através do ACÚMULO DE CONHECI-MENTOS de seus ancestrais. Cada evolução, mesmo que nos pareça irrisória nos dias atuais, representa um passo à frente e, ao mesmo tempo, a antevéspera de uma nova evolução. Assim, o simples ato de fabricar uma ferramenta, por exemplo, libera horas de trabalho para outros afazeres – seja do indivíduo, seja do agrupamento1 do qual ele é membro.

Uma das características principais do ser humano é a necessidade de viver em grupo. Através da ajuda mútua, a sobrevivência foi facilitada para a nossa espécie; sobretudo nos primórdios da humanidade, quando as condições de vida se davam em extrema adversidade. Portanto, a ideia de coletividade é inerente à raça humana, por exigência da natureza. Assim sendo, o que se produzia num bando era dividido entre todos – mesmo que não necessa-riamente em proporções iguais – de modo que, a todos, fossem possibilitadas condições de sobrevivência. Portanto, toda a produção era COLETIVAMENTE APROPRIADA.

Por outro lado, também é muito fácil percebermos que cada indivíduo era de funda-mental importância para o coletivo. Sendo uma criança, sua proteção e assistência, até que atingisse a idade adulta, equivalia a uma espécie de poupança, pois poderia garantir a subsistência dos seus ancestrais na velhice. Caso o indivíduo fosse um ancião, mantê-lo significava garantir conhecimentos acumulados por intermédio da sua experiência adquirida ao longo de seus anos de vida; portanto, facilitava a existência dos demais. Enfim, mesmo que fosse um indivíduo adulto, sua capacidade de trabalho não poderia ser facilmente reposta; pois, para forjar outro indivíduo que pudesse substituí-lo em seus afazeres – seja na caça, na agricultura ou na fabricação de utensílios – demandaria uma quantidade de tempo que poderia comprometer o bando de alguma maneira.

Então, desta forma, tudo o que fosse produzido pelo grupo era distribuído entre o próprio grupo, conforme suas peculiaridades e necessidades, não havendo distinção de função ou mesmo divisão de classes entre os indivíduos. O máximo de divisão que havia era uma DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO, dado à constituição física distinta entre a mulher e o homem. Assim, os afazeres que requeriam menos esforços físicos ou riscos geralmente eram atribuídos às mulheres.

É importante ressaltar que a Humanidade não se desenvolveu de modo linear e equâ-nime. Cada agrupamento humano possuía suas características e desenvolvimento evo-lutivo, de modo que espécimes mais primitivas conviviam com as mais avançadas. Da mesma forma, era possível que as divisões sexuais de trabalho variassem entre os grupos humanos, assim como a forma de divisão e distribuição daquilo que produziam. Até mes-mo o abandono de anciãos à morte ou o infanticídio podia ser conduta natural, em razão das necessidades de sobrevivência, deslocamento ou disponibilidade de recursos.

1 O termo “agrupamento” e seus congêneres serão utilizados por todo este texto de forma genérica para definir os grupos humanos, sejam eles: tribos, clãs, bandos etc; sempre no sentido de coletivo de seres humanos de qualquer quantidade.

Page 15: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

2726

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

Outra característica determinante para a sobrevivência de nossa espécie foi a ESPECIA-LIZAÇÃO DO TRABALHO. Enquanto um indivíduo se aprimorava numa função, logo dispen-sava – aos demais membros – algum tempo de trabalho, liberando-os para se dedicarem a outros afazeres com os quais seriam mais úteis aos outros do bando. Como exemplo, po-demos imaginar: se um membro especializa-se em fabricação de utensílios para caça; logo, outro estaria com seu tempo livre para a produção de ferramentas para pesca, ou mesmo beneficiamento de peles ou fabrico de utensílios para armazenamento.

Então, da especialização é inerente o aumento da PRODUTIVIDADE. Com mais recursos disponíveis, ocorrem duas consequências importantes: 1) aumento populacional, pois a quantidade de alimentos disponíveis garantia a subsistência de mais indivíduos; e 2) havendo recursos sobrantes, as trocas entre os grupamentos humanos passaram a ser constantes e, por fim, regulares.

Conforme essas trocas passaram a ser frequentes – ou seja, certos insumos passaram a ser importantes também para outros grupos humanos –, formou-se um COMÉRCIO regular e, com o tempo, estabeleceram-se FEIRAS, ROTAS COMERCIAIS; e, por fim, formaram-se as CIDADES, tal como são nos dias de hoje, guardadas as devidas proporções2. Mas, para que tudo isto ocorresse, uma série de avanços tecnológicos e sociais foi necessária como a in-venção do arado, da roda, do transporte por tração animal e até mesmo da moeda.

Para entendermos a história da Humanidade, nada melhor do que percebermos as ca-racterísticas físicas dos seres humanos, em geral muito pouco equipados para sua sobre-vivência. De início, é fácil observar que os humanos são a única espécie de mamífero, inclusive dentre os animais mais evoluídos e complexos biologicamente, que nascem sem poder se locomover e necessitam de cuidados especiais ao longo do seu primeiro ano de exis-tência. Isto se deve ao fato de que o ser humano nasce “prematuro”, pois o complexo cérebro que possuímos é muito grande e necessita ter flexibilidade para a estreita pas-sagem, da mãe, durante o parto. Além disto, não possui pelagem suficiente para as intempéries; tampouco um sistema de compensação das temperaturas, muito variadas, ao redor do globo em que habita-mos, em todos os recantos. Por fim, não possui garras eficientes, e tem mordedura fraca e pequena – recursos essenciais para defesa contra predadores –, além de sua visão ser limitada, sobretudo durante a noite. Assim, os nossos grandes equipamentos para lidar, positivamente, com a natureza e dominá-la foram o cérebro e o polegar opositor flexível; este nos deu habilidades ma-nuais para desenvolvermos ferramentas necessárias para superar as nossas limitações.

ORIGEM DA PROPRIEDADE PRIVADAConcomitante a isso – e até em decorrência disso –, foi inexorável o surgimento da PRO-PRIEDADE PRIVADA. Se, até então, o domínio da natureza para a sobrevivência da espécie humana era feita de forma coletiva e o produto era compartilhado, os progressivos avanços tecnológicos possibilitaram o aumento da produção; logo, EXCEDENTES foram gerados. O resultado foi o florescimento do comércio; pois, em geral, nada era compartilhado, senão aquilo que sobrasse da quantidade produzida para a subsistência coletiva. Estes excedentes

2 Em essência, as cidades são formadas por trabalhadores não ligados à agricultura e às oligarquias, assim como , pelo desenrolar dos anos, viraram sedes do estamento burocrático, conforme será visto mais adiante.

logo foram apropriados por algum motivo – como alegada liderança, maiores quantidades de horas trabalhadas etc. – ou mesmo pelo uso da força.

Assim, a propriedade privada alterou, sobremaneira, a produção e a divisão do produ-to; bem como as relações sociais existentes até então. Se, antes, a produção dependia do grupo, agora ela passa a depender do indivíduo, forjando uma nova forma de organização social. Ou seja: cada indivíduo produzindo de acordo com sua especialização, de modo complementar ao outro (tal como antes), porém, realizando trocas intragrupo, gerando um comércio (escambo) regular e necessário dentro do bando.

Devido a isto, podemos atribuir o surgimento da MERCADORIA: um produto que era produzido não para satisfazer as necessidades de subsistência dos indivíduos; mas, especial-mente, para ser trocado por outras mercadorias e, assim, saciar não só as carências biológicas humanas, mas as psicológicas também.

Entendendo melhor: o indivíduo especializado fabricava sua mercadoria, com vistas a realizar trocas e ter sua fonte regular de alimentação, abrigo e vestimentas; bem como para trocar por insumos, ferramentas, armas, amuletos etc.

Portanto, há uma mudança do estágio da subsistência para o de PRODUÇÃO DE EXCE-DENTES, consolidado ao longo de um período extenso da história da Humanidade.

Desta forma, esse produto – que se torna mercadoria – passa a ser apropriado indivi-dualmente; assim como os insumos para a produção: sejam ferramentas, sejam porções de terra para cultivo, ou criação de animais. Então, essa nova organização social requer, impli-citamente, uma cooperação e também uma competição entre indivíduos do mesmo grupo, gerando, assim, um novo tipo de equilíbrio social mais precário que o anterior.

Certamente, em decorrência disto, alguns costumes foram modificados visando a con-templar e a impor as diferenças agora existentes. A principal delas foi a HERANÇA.

Mas, para haver o direito de deixar os bens materiais para os descendentes, foi necessário

garantir a origem da prole. Se, até então, dentre os grupos humanos, os casamentos eram coleti-

vos e os filhos eram tratados como uma garantia para o grupo em tempos futuros; agora, para

assegurar a herança, era necessário que as rela-ções fossem monogâmicas, pois só desta forma ao

homem seria garantido que os descendentes fossem seus. Portanto, surge a FAMÍLIA para

assegurar a transmissão da propriedade privada.

Ao longo deste período também se processa outra importante mudança nas relações humanas, resultando na DIVISÃO DE CLASSE. Havendo maior demanda de trabalho para satisfazer a necessidade de produção de mercadorias – ou até mesmo de produtos mais elaborados, como era o caso da criação de gado –, essa mão de obra extra não poderia ser suprida pelo crescimento demográfico de uma tribo ou de um clã; considerando que, mesmo num estágio mais avançado do desenvolvimento humano, as condições de sobrevivência

Page 16: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

2928

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

eram difíceis, pois havia pouco conhecimento disponível sobre doenças, remédios, assim como pouca disponibilidade e regularidade de alimentos. Desta forma, a demanda por mão de obra foi suprida pelo emprego de ESCRAVOS. Mesmo considerando a diversidade de organização social entre as diferentes tribos ou mesmo povos, o escravo sempre foi considerado uma classe inferior de ser humano, surgindo daí o PRIMEIRO TIPO DE DIVISÃO DE CLASSE SOCIAL.

Quadro Explicativo

O SURGIMENTO DA CLASSE COMERCIANTE

Foi a partir do aumento da produção e da especialização que entra em cena uma nova classe de trabalhadores: os comerciantes.

Até então, o produto final era propriedade de quem produzia. Desta forma, o produtor possuía total controle sobre: criação, produção, distribuição e, até mesmo, seu valor de uso e de troca.

Com o surgimento do comerciante, o que era conhecido por ‘produto’ ganha o nome de ‘mercadoria’, pela via de alienação do seu produtor.

A relação de produção adquire um novo patamar: uma vez produzido o produto – nes-ta situação, já para ser negociado pelo comerciante –, o produtor passa a definir apenas seu valor de troca.

Desta forma, surge a primeira categoria de trabalhador que não produz, mas vive da produção alheia: o atravessador (como é conhecido, vulgarmente, nos dias de hoje, aquele que vai ao campo, compra a safra do agricultor, e discute o preço final da merca-doria nas bancas das centrais de abastecimentos, nos grandes centros consumidores).

Importante ressaltar que essas mudanças na trajetória da Humanidade se deram ao longo de muitos séculos. Como não é objetivo deste curso analisar e aprofundar cada período, forneceremos apenas uma visão geral de como importantes fatos foram acontecendo durante um conjunto de tempo. Portanto, muitas destas mudanças foram graduais, ocorrendo ao longo de milênios, e diversificadas, sendo que se processaram de diferentes formas e maneiras no decorrer do desenvolvimento de cada povo ou civilização.

INVENÇÃO DO ESTADODevido ao fluxo de mercadorias e à apropriação de excedentes – agora, então, denomina-dos riquezas –, novas necessidades dentre os grupamentos humanos são forjadas. As mais importantes delas (que perduram, enquanto princípio de organização social, até o presente momento), são as Leis, derivadas das regras morais existentes dentro da tribo.

Entendendo que o acúmulo de riquezas promove a cobiça, logo se fez necessário o estabelecimento de regras para garantir a propriedade privada e, por certo, um sistema de garantia dessas regras estabelecidas. Para isto, surgem legislações, que vão sendo cada vez mais complexas e elaboradas; e um tipo de trabalho especializado para garantir as leis.

Por outro lado, o mesmo acúmulo de riquezas também desperta a cobiça entre grupos humanos das cercanias, fazendo necessário haver um serviço de proteção. Então, para que houvesse segurança para a propriedade privada – assim como para as pessoas, pois o uso da força por outros grupos humanos e povos também ameaçava a vida dos demais – se formam e se estabelecem os serviços de exército e polícia3. Assim surge o ESTADO: através de uma força de coerção e dissuasão; bem como possuidora da capacidade de ofender e atacar para garantir as riquezas e a proteção.

Outra consequência decorrente da formação da propriedade privada é a superação gradativa do tipo de guerra praticado até então. Se, antes, a guerra se dava por alguma rivalidade ou por disputa de territórios, e até mesmo para assegurar recursos naturais (uma fonte de água ou um lago para a pesca), daí em diante ela vai se tornando exclusivamente para o saqueio. Portanto, foi se tornando natural a formação de exércitos para pilhagem e defesa, gerando um trabalho regular especializado de soldados.

Da mesma forma que o ferreiro transmitia sua herança e seu ofício aos seus descen-dentes, seria natural que ocorresse o mesmo com esse serviço especializado. Este tipo de transmissão de herança ficou conhecido como DINASTIA.

A LEGITIMAÇÃO DO PODER . Não é difícil acreditar que o poder, depois da propriedade, se estabeleceu pelo uso da força. Essa legitimação foi sendo construída possivelmente pelo uso de leis e co-erção – instrumentos também existentes no Estado Moderno. Mas isto, por si só, não seria garantia de manutenção do poder, pois outros indivíduos com inteligência e força poderiam estabelecer uma disputa para tomar o poder. Portanto, uma outra forma de legitimação do poder foi sendo forjada ao longo da história. Se o poder era exercido en-tre semelhantes e havia muitas coisas que eram explicadas apenas pelo sobrenatural; logo, a legitimação advinda de seres celestiais passou a ser utilizada, como podemos constatar amplamente nos livros de História.

FORMAÇÃO DE REINOS E IMPÉRIOSÉ a partir dessas dinastias que surgem os reinos e impérios, conforme observamos ao longo da história. Com a especialização e a legitimação do poder por parte de indivíduos, asse-gurar territórios para usufruir de recursos naturais também se fez necessário. Além disto, utilizando-se das justificativas de proteção, uma parte da riqueza gerada passou a ser desti-nada à adoção de novas tecnologias para forjar ferramentas de combate, equipar exércitos e construir fortalezas.

3 Não necessariamente eram exercidos por duas forças distintas, mas possuíam a mesma finalidade que possuem, hoje em dia.

Page 17: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

3130

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

Assim, conforme as conquistas foram se estabelecendo, riquezas foram sendo acumu-ladas, as populações foram crescendo (inclusive com acúmulo de mão de obra escrava) e a expansão foi se consolidando, até culminar com divisões geográficas estabelecidas. Desta forma, a história nos legou grandes impérios, como os Asteca, Maia, Mongol, Persa, Inca, Babilônio, Romano etc.

Para a compreensão do mundo a partir de uma visão do Ocidente, pela qual nossas instituições foram forjadas, vamos nos deter rapidamente no Império Romano.

O Império Romano se difunde por grande parte da Europa, Oriente Médio, Ásia e África, dominando diversos povos ao longo de cinco séculos. Quanto mais aumentava suas riquezas através da cobrança de tributos, mais investia em exércitos e armamentos para travar novas frentes de batalha. Desta forma, este Império reuniu, em seus domínios, cerca de setenta mi-lhões de pessoas, perfazendo a extensão de mais de cinco milhões de quilômetros quadrados.

Mas esta expansão chegou a um limite, atingindo seu apogeu e sua decadência. Não é de nosso interesse, aqui, discutir detalhes do ocaso de Roma, mas perceber que a sua fa-lência, sobretudo devido às Invasões Bárbaras, permitiu o surgimento de um novo sistema político e econômico que foi o FEUDALISMO.

FEUDALISMO: SISTEMA ECONÔMICO E POLÍTICOO sistema Feudal era um simples sistema de produção e extração da riqueza. Era estruturado através de: uma Nobreza, que consistia numa dinastia e num clero para legitimar esse poder; Senhores Feudais, responsáveis por uma gleba de terra (ou feudo), mediante a concessão de um Rei; e os Servos, que eram basicamente descendentes dos escravos e cidadãos do Império Romano, encarregados pela produção num sistema de partilha.

Além destas três classes sociais havia também os artesãos e comerciantes, geralmente nômades, que produziam e comercializavam mercadorias, vivendo em cidades ou agrupa-mentos conhecidos como burgos.

Aos Nobres era designada a função de proteção, enquanto que aos servos cabia a pro-dução de insumos.

Para a compreensão a que desejamos chegar é necessário entender-se que a função social do Rei era a de defesa de seus territórios e dos trabalhadores que ali vivessem; sendo que, para isto, os Senhores Feudais contribuíam, ao repassar as riquezas exploradas pelo trabalho dos seus servos. Portanto, devemos ressaltar que o poder econômico não estava nas mãos dos Reis; mas sim com o Senhor Feudal, que controlava diretamente a produção.

Sendo assim, fica claro ao nosso entendimento que o ‘poder econômico’ e o ‘poder político’ estavam em mãos distintas, neste sistema Feudal. Sendo a terra o principal insumo de produção, se a característica predominante neste período foi a descentralização do poder do Rei, podemos concluir que distribuir terras era delegar – a terceiros – uma parcela de seu poder.

Feudalismo se caracteriza como uma economia de baixa produtividade e dispersa geo-graficamente, o que encarece os custos de transporte. O comércio era fraco, não havendo unidade monetária (às vezes nem mesmo dentro de um reino), sobressaindo o escambo. Todo o excedente produzido pelos Servos era apropriado pelo Senhor Feudal; logo, não havia interesse em aumentar a produtividade. Tampouco, este sistema estimulava a criação de novas tecnologias para serem utilizadas na produção.

Entretanto, ao longo de cerca de cinco séculos de existência deste sistema, as cidades foram se multiplicando e crescendo, obedecendo a uma dinâmica própria; inclusive, atrain-do camponeses para viver em condições distintas da servidão que conheciam. Devido ao crescimento dessas cidades, a demanda por produtos agrícolas foi aumentando, a ponto de proporcionar um comércio mais intenso e regular, fortalecendo o sistema produtivo nas mãos dos Senhores Feudais.

Isto desencadeou o desenvolvimento de novas técnicas e equipamentos, que aumenta-ram a produtividade e, muitas vezes, também – como corolário – a intensidade da exploração do camponês.

Novas rotas para o Oriente foram abertas durante as Cruzadas4, criando demanda por parte dos Nobres por mercadorias sofisticadas, como a seda e especiarias, fortalecendo ainda mais o comércio e a acumulação de riquezas. O poder econômico dos Senhores Feudais só cresceu afrontando cada vez mais os interesses da Nobreza.

Como todo sistema político gera suas próprias contradições, a Burguesia, em ascensão, tinha interesses econômicos que colidiam com os interesses dos Senhores Feudais, como, por exemplo, a unificação – ou mesmo extinção – de taxas e um sistema monetário também único, pois o câmbio dificultava o comércio.

Por outro lado, aos Reis interessava o exercício do Poder de fato, que aos poucos foi se esvaindo de suas mãos para os Senhores Feudais. Desta conjunção de interesses resulta um caldo suficientemente grosso para fazer ruir o Feudalismo.

Da aliança política entre os Reis e a Burguesia surgem várias mudanças políticas, eco-nômicas e sociais. Uma das mais importantes, sob o ponto de vista político, é o surgimento de países como França, Inglaterra, Portugal, Espanha etc5. E são estes Estados que se lançam ao mar para realizarem AS GRANDES NAVEGAÇÕES, perfazendo a ACUMULAÇÃO PRIMITIVA DE CAPITAIS, base da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, que veremos mais adiante.

Sob o ponto de vista econômico, esta aliança possibilitou o surgimento do Colonialis-mo Moderno e o Mercantilismo, desencadeando anos mais tarde o Iluminismo no aspecto social e cultural.

4 Movimento Cristão que visava alcançar e dominar a cidade de Jerusalém e a Palestina, local de surgimento do Cristia-nismo, portanto a “Terra Santa”.

5 São exemplificados estes países europeus devido à herança europeia na formação econômica e política do Ocidente.

Page 18: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

3332

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

Quadro Explicativo

Muitas vezes, quando mergulhamos na História, todos os fatos parecem muito bem definidos pelas datas, dentro de uma cronologia que nos remete a um certo entendi-mento implícito de que esta é uma ciência exata.

Entretanto, é muito importante ter-se a compreensão de que os fatos são determinados por uma conjunção de fatores, que vão se desenrolando – de acontecimento em aconte-cimento –, muitas vezes irrestritos as barreiras geográficas ou culturais.

Trocando em miúdo: para melhor compreensão, podemos exemplificar um fato históri-co, como a Revolução Francesa, que teve seu desfecho em 1789.

Este marco da história da Humanidade, simplesmente, não começou em maio daquele ano, a partir do episódio conhecido por Queda da Bastilha; mas por uma conjunção de fatores (inclusive, alguns sem nenhuma correlação direta; como a erupção de um vulcão na Islândia, em 1781).

Mesmo estes dois países estando distantes, entre si, mais de 2.200 quilômetros, os efei-tos das cinzas lançadas na atmosfera causaram danos para a agricultura da época.

Este acidente climático provocou o encarecimento de gêneros alimentícios, e uma con-sequente insatisfação, cada vez mais crescente, da população com a monarquia.

Portanto, é possível afirmar-se que nada ocorre ao acaso, sem acontecimentos anterio-res que justifiquem.

Outro ponto de importância a ser ressaltado neste estudo diz respeito à constituição política do Estado – agora, então, na sua fase mais avançada: com exércitos regulares pro-fissionalizados, cobrança de tributos, relações diplomáticas e até mesmo a instituição de uma política econômica, como foi o Mercantilismo6.

Inicialmente, em sua forma menos elaborada, existiam os soberanos que, respaldados pela força ou por “unção divina”, legislavam e aplicavam as Leis. Quando muito, existia algum grupo conselheiro e designação de funções ministeriais, mas a decisão final pertencia ao soberano.

Fazendo um recuo no tempo, na chamada Antiguidade Clássica ocorreram diversos experimentos de formas de Estado, inclusive admitindo-se a divisão entre poderes, como foi o caso da República Grega e até mesmo a Democracia Ateniense.

De toda forma, é importante entender-se que a política é uma forma complexa e evo-luída das relações de Poder.

Embora, em grande parte da história, o Poder foi conquistado e mantido através da coerção – seja ela violenta ou persuasória –, com utilização de legitimação sobrenatural, cada vez mais a política vai sendo exigida para dirimir as questões de Estado e de Governo. Observe-se que o Poder Econômico finca bases no Estado desde sua constituição.

Durante o período Feudal, a Igreja Católica foi se fortalecendo enquanto instituição política, principalmente durante as Cruzadas, interferindo sobremaneira nos Estados consti-tuídos. Por outro lado, também é importante observar que o Poder Econômico, aos poucos, foi se institucionalizando e conquistando fatias do Poder – seja, inicialmente, pela compra de títulos de Nobreza pelos Burgueses mais prósperos, e/ou integrando Conselhos, Ministérios; seja, por fim, Parlamentos que promovem e institucionalizam a divisão do poder do soberano.

6 Era uma política de Estado voltada para que a Balança Comercial, o saldo entre exportações e importações resultasse positivo, gerando um acúmulo de riquezas.

DIVISÃO DOS PODERES DO ESTADOInicialmente, o Parlamento7 era uma instituição subordinada ao Rei, cuja atribuição era uma função auxiliadora e de consulta do soberano, variando até a função de definidora e arrecadadora de impostos. Entretanto, é no Parlamento Inglês – onde se inicia um conflito entre a Burguesia e a Monarquia – que vai alterar todo o sistema de representação política e interferir na política ocidental de forma significativa.

Foi durante a Guerra Civil na Inglaterra (1642-1651) que se promoveu uma subversão deste modelo com a monarquia submetida ao Parlamento, sistema que perdura até os dias atuais na Inglaterra. A partir de então, o Poder do rei tornou-se figurativo, sendo que as decisões passaram a ser tomadas por um Parlamento, contando com um Primeiro-Ministro para ser chefe de governo, escolhido dentre os parlamentares.

Destaca-se que, neste ponto – conhecido como Revolução Puritana – foi o início de uma ruptura da aliança entre burguesia e a nobreza existente desde o início da superação do regime feudal. Os burgueses, a partir deste momento, alteram o Estado para moldá-lo totalmente aos seus interesses, inclusive ressignificando o sistema social para atender seus intentos, culminando com a separação entre Estado e Religião.

Um século mais tarde, na França, a Revolução Burguesa foi mais além e extinguiu a monarquia, de forma violenta, decapitando toda a nobreza. A partir de então, pelo menos em grande parte do Ocidente, a forma de legitimação do Poder se dá através do sufrágio (voto), com um sistema tripartite contemplando um Poder Executivo, responsável pela ad-ministração do Estado e execução das leis; um Poder Legislativo, incumbido por criar as Leis; e um Poder Judiciário, designado para avaliar e impor o cumprimento das leis.

Este sistema de representação, ou de legitimação do Poder, associado às políticas de Estado para gerir a economia, ficou conhecido como DEMOCRACIA LIBERAL BURGUESA. Dentre os diversos sistemas representativos, em tese, a escolha dos representantes do Povo se dá livremente entre seus pares, superando o sistema de dinastia vigente durante muitos séculos. Assim, institui-se a máxima “um homem, um voto”.

Dentre os avanços significativos que a burguesia representou, encontra-se a busca da razão pelo uso do saber e da técnica, proporcionando progressos nestas áreas, então estagnadas desde a época Medieval, devido ao poder inquestionável da Igreja Católica, monopolizadora do saber e da fé naquele período.

Quadro Explicativo

Quando se estuda a evolução histórica de qualquer sociedade, em nosso planeta, ve-rifica-se forte correlação entre as mudanças sociais e as condições materiais presentes naquela sociedade.

Se, em determinados momentos, as condições materiais são favoráveis ao acúmulo de riquezas e centralização de poder; em outras etapas da história, percebe-se a inversão da correlação de forças devido à escassez material.

7 Considerando que um dos focos deste trabalho é entendermos o sistema político, vamos ressaltar a formação europeia, sobretudo sua constituição na Inglaterra e França, palco de duas importantes revoluções em nossa história ocidental.

Page 19: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

3534

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

CAPITALISMO: NOVO MODO DE PRODUÇÃOCom o progresso das ciências somado à acumulação de capitais, atingimos a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – início de um sistema de produção de mercadorias em larguíssima escala, com emprego da racionalização técnico-produtiva – estava inaugurando na história a MODER-NIDADE com o CAPITALISMO INDUSTRIAL.

O Capitalismo representa não só um sistema de produção, mas um fenômeno social, político e histórico, pois é uma conjugação de fatores elencados num período muito superior à circunscrição da Revolução Industrial. Veja como exemplo suas características retratadas em função da propriedade privada e mão de obra livre, num mercado concorrente; e racio-nalização dos fatores de produção com vistas a maximizar o capital empregado.

Assim, como todo fato histórico não pertence exclusivamente ao seu momento e ao seu espaço, o Capitalismo surge pelo impulso inicial do Mercantilismo – fase na qual o Estado e a burguesia convergiam esforços para promover a acumulação de capitais: o que ficou conhecido pela corrente marxista como “Acumulação Primitiva de Capitais”. E foi por intermédio deste movimento que se forjou a transição para um Estado laico, no qual a razão foi ganhando espaço com o mecenato dos burgueses aos cientistas, propiciando um verdadeiro salto nas ciências, acarretando avanços na tecnologia a ponto de atingir o desenvolvimento da máquina a vapor.

Por fim e mais importante: a mão de obra excedente proporcionada pelo “Fechamento dos Campos”8 gerou um verdadeiro exército de trabalhadores cujo único meio de subsis-tência era vender seu trabalho.

A partir de então, se forjam duas classes sociais distintas e, até mesmo, antagônicas: o PROLETARIADO moderno e a BURGUESIA industrial. Se por um lado, o Estado, agora con-trolado pela burguesia, existia em função de interesses de tal classe; por outro, temos o trabalhador desprovido de meios para resistir à exploração que era submetido. Então, pelo confronto de forças entre estas classes sociais, surge o MOVIMENTO TRABALHISTA.

Não podemos deixar de ressaltar alguns aspectos acerca da gênese do Capitalismo, muito importante para a compreensão deste fenômeno. Ele já nasce sob o signo do inter-nacionalismo, pois a produção não se restringe ao mercado local: é direcionada sistema-ticamente a atender todos os mercados possíveis que propiciassem o lucro. Portanto, a atividade econômica, cada vez mais se especializa e se concentra, tendendo ao monopólio. Em sendo internacionalista, a interferência do protecionismo de distintos Estados é danoso aos interesses do capital, sobretudo para aqueles que saíram à frente nesta corrida.

Desta forma, ao Capitalismo urge superar o Estado devido à heterogeneidade que este possui. Para tanto, é necessário à burguesia restringir o caráter do Estado a uma instituição meramente administrativa; não mais política. Assim, enquanto sua forma pura é ressaltada, este sistema aponta antagonismos do Estado que outrora o fez surgir, buscando teoricamen-te os meios de superá-lo. Na prática, o Capitalismo se utiliza do Estado – legítimo detentor do monopólio da violência – para impor seus interesses, submetendo a classe operária à concorrência externa e interna, tendendo para a formação de monopólios e oligopólios, bem como a formação de cartéis.

E é com base neste Estado capturado pela burguesia que surgem várias formas de or-ganização dos trabalhadores, que antes estavam submetidos às condições mais precárias e insalubres que, muitas vezes, a própria escravidão não foi capaz de impor aos seres huma-nos: jornadas de trabalho de até 16 horas; acidentes de trabalho que deixavam mutilados

8 Na Inglaterra, em fins do Século XVIII, foi aprovada uma legislação em que os campos comuns que restavam foram repartidos entre os grandes proprietários rurais. Nessas extensões rurais sobrevivia grande número de camponeses que, sem modo de sustento, foram forçados a migrar para as cidades.

trabalhadores – desprovidos de qualquer auxílio; trabalho infantil a partir de cinco anos de idade; gestantes só tinham permissão para deixar seus postos na hora de parir etc. E mais: não havia qualquer sistema de garantia na aposentadoria, tampouco o salário era fixado com base em alguma regra, ficando o trabalhador sujeito ao julgamento do seu patrão na hora de receber seu salário.

Segundo as palavras de Norberto Bobbio,

Ela [Ideologia Capitalista] é tão forte e eficaz que faz acreditar na ideia de que o Capitalismo seja uma coisa só com a igualdade dos cidadãos, a liberdade e a fun-ção puramente administrativa do Estado. A ideologia liberal e liberalista oculta, completamente, o momento de coerção implícito no mercado do trabalho livre e na concepção individualista do Estado.

Quadro complementar

Analisando sob este ponto de vista, fica claro que o Estado para o qual todos contribuem – por intermédio de pesados impostos – serve, prioritariamente, a uma camada da população, apenas e com um agravante: as leis e a estrutura burocrática são voltadas para os interesses desta minoria.

Você concorda com esta afirmação?

REVOLUÇÃO RUSSA: NOVOS PARADIGMASMuito diferente do que teorizado por Karl Marx, em sua ampla obra, a primeira experiência de Estado comunista se deu em um país cujas forças produtivas do Capitalismo ainda não haviam se desenvolvido plenamente. Na Antiga Rússia, onde subsistia o feudalismo dos Czares, tal como na Europa Medieval, o proletariado chega ao Poder por intermédio de um golpe na combalida monarquia Russa, então desgastada pela sua participação na Primeira Guerra Mundial, e, meses mais tarde, se instaura o Primeiro Estado Socialista com a ascensão ao poder do Partido Bolchevique.

O campo fértil para as ideias socialistas se deu a partir de uma urbanização e industriali-zação que absorvia parte da mão de obra que sobrevivia mediante intensa exploração (assim como se deu na Revolução Industrial). Além disto, a propriedade rural era concentrada e submetia os camponeses à mesma sorte de exploração dos demais trabalhadores.

Este caldo de insatisfação é aumentado devido ao controle rígido de um regime Abso-lutista, por parte do Czar Nicolau II, bem como a crise de desabastecimento decorrente da derrota imposta pelos alemães na Primeira Guerra, além da derrocada militar anterior pela disputa da Manchúria com o Japão.

Após a queda do Czar, um governo provisório assumiu o poder; porém, esta coalizão era formada por latifundiários e industriais liberais interessados em manter o país no con-flito armado. Assim, em outubro de 1917, os bolcheviques depõem o governo provisório e instala o Comissariado do Povo tomando medidas em favor da massa trabalhadora, como a autogestão das indústrias – em que trabalhassem pelo menos cinco trabalhadores –, reforma agrária com as propriedades confiscadas e a retirada da Rússia do conflito armado.

Page 20: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

3736

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

Entretanto, as oligarquias não entregariam facilmente o Poder e mergulharam o país numa Guerra Civil que perdurou até 1921. Com a vitória dos Bolcheviques, foi instaurado um Parlamento, com a chefia de um comitê liderado por um presidente. Instaura-se, então, o primeiro governo proletário da história à frente de uma nação.

Seguindo uma Economia Planificada, num território muito rico de recursos naturais, rapi-damente a URSS se transforma em potência econômica, militar e política fazendo frente aos demais países capitalistas, sobretudo os da Europa e os Estados Unidos. Seu poderio militar foi constatado após a vitória sobre os Nazistas na Segunda Guerra Mundial, demonstrando a capacidade de defesa e agressão ao qual foi levado o Estado Russo.

Este mesmo governo proletário, guardando as controvérsias que estão sendo analisadas por historiadores, possibilitou enormes avanços no campo da ciência e tecnologia, bem como a elevação do bem-estar material do povo daquele país. Seu modelo foi exportado para diversos países do mundo, chegando a comportar mais da metade da população vivendo sobre o regime socialista. Entretanto, após forte crise econômica na década de 1980, a URSS se desintegra e seus países membros adotam o sistema capitalista como modo de produção.

GUERRA FRIAEsta disputa entre estados capitalistas versus estados de economia planificada desencadeou uma disputa geopolítica internacional, após a derrocada do Nazismo na Europa, ficando conhecida como Guerra Fria, que consistiu na interferência política direta e indireta por parte dos EUA e da URSS sobre países de todo mundo. Além disto, ambas as nações líderes deste processo produziram uma corrida armamentista e espacial, assim como o apoio em conflitos armados ao redor do globo terrestre.

O combate ao Comunismo, promovido pelos países capitalistas, foi motivo para interven-ções militares, espionagem e financiamento de políticos opositores a governos progressistas e nacionalistas, sobretudo na América Latina. Com isto, nosso país sofreu diretamente as consequ-ências dessa intervenção na nossa política interna durante os governos Trabalhistas de Getúlio Vargas e Jango Goulart, conforme veremos mais à frente, na segunda parte deste material.

CONCLUSÃOEnfim, chegamos ao ponto necessário para entendermos todo o sistema político, social, cul-tural e econômico em que vivemos hoje. Com o conhecimento de suas raízes nos é permitido conhecer a gênese das instituições que nos é peculiar neste início do século XXI.

A propriedade privada, a produção de mercadorias, a acumulação de capitais e mais todo o aparato da moeda, bancos e a suprema proteção do Estado, não surgiram ao acaso. São todos fruto de um processo social que foi sendo erguido com propósitos estreitos e muito pouco altruístas.

Independentemente de valores morais e éticos, o Capitalismo se estabeleceu enquanto sistema social; e é nele em que vivemos atualmente em nosso Brasil. Se é para amenizá-lo ou superá-lo, também se faz necessário conhecermos a história de nosso país, que vai muito além daquele olhar superficial tratado na disciplina de história no período colegial.

Ainda, outra importante mudança social, política e cultural foi experimentada pela hu-manidade ao buscar superar o instituto da propriedade privada; entretanto não logrou êxito essa experiência, devido a uma série de fatores que escapam do contexto desta publicação.

O que há de se ressaltar é que o trabalhador organizado tem plenas condições de alçar o controle do Estado e fazê-lo funcionar ao intento coletivo.

PARA REFLETIR:AS ELITES E O CONTROLE DO ESTADO

Nos dias atuais, convivemos em nosso cotidiano com uma série de problemas em nossa sociedade, que pouco se tenta compreender; muitas vezes aceitando pagar por remédios que quase nunca surtem efeito.

É comum ouvir em fila de banco, em transporte coletivo, nos mais simples dos encon-tros sociais: que para se combater a violência, é necessária mais polícia, mais repressão, ou mesmo até a pena de morte; é o que nos deixam entender.

Se o problema é estrutural, como por exemplo, a concentração fundiária, a reforma agrária teria surtido efeito; mas, nos dias atuais, o agronegócio é intocável, de acordo com “especialistas” selecionados.

Para a educação ou saúde, o descaso é dos governantes que não investem o sufi-ciente porque desviam recursos, como afirmam sempre os noticiários.

Pela qualidade da má representação nos poderes legislativos, somente o voto certo do povo ignorante é a solução – como deixam entender os articulistas e intelectuais contratados pelos meios de comunicação.

As campanhas eleitorais mereceriam um capítulo à parte; sobretudo quando os candidatos aos Poderes Executivo e Legislativo apresentam soluções convincentes, por serem reais, para melhor gerir o âmbito que disputam.

Quem já convive na política – ou quem ainda pretende envolver-se – o respeito ad-quirido em sua área de atuação para avaliação dos eleitores – precisa ter em mente que, tradicionalmente, as imagens cumprem um papel de buscar entorpecer o eleitor e evitar o verdadeiro debate democrático; havendo candidatos que são muito bem adestrados para desempenharem determinados papéis.

Em alguns casos, fica patente: exibe-se uma retórica tecnocrática com orgulho, dando vida para planilhas de cálculo mal-elaboradas, extraídas muitas vezes de fontes duvidosas (ou enviesadas).

Assim, os reais problemas da sociedade são encobertos até aonde for possível, dei-xando terreno fértil para a inação de um povo que tem sempre reavivada suas esperanças.

Ainda pior, as causas dos problemas da sociedade são omitidas e escondidas; pois a solução da maioria dos problemas reside justamente em extirpar aquilo que os causa.

O que fazer?

Page 21: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

3938

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

VIVEMOS EM UMA FALSA DEMOCRACIA

A principal verdade que é omitida ao povo diz respeito ao controle do Estado. Consi-derando que, se vivemos em uma democracia, este ente deveria atender igualitariamente a todos: seja por projetos sociais, educacionais, segurança ou sistema de justiça.

No Brasil, sabemos que não somos iguais (e não pelo fato de sermos um povo rica-mente mestiçado).

É senso comum, em nosso país, reconhecer que “os ricos não vão para a cadeia” – seja por corrupção, estelionato, assassinato ou diversos outros crimes tipificados no Código Penal. Sobretudo, se houver uma contenda entre pessoas abastadas e despossuídas é normal que vaticinem qual será a sentença quando julgadas pelos tribunais; se julgadas forem.

O sistema educacional é o maior produtor de desigualdades com substanciais dife-renças educacionais entre regiões geográficas, capital e interior, ou mesmo a periferia das grandes cidades.

Enquanto são reservadas, à massa excluída, as piores escolas (com professores sem recursos e mal remunerados); para as classes média e alta há disponibilidade de recursos para gastarem com mensalidades de escolas que possuem infraestrutura e contratam os melhores professores. O mesmo pode ser considerado em relação à saúde pública.

Além de todas estas deformações de cunho social, o sistema tributário nacional é altamente punitivo para as camadas situadas na base da pirâmide: quem ganha mais, paga – proporcionalmente – menos impostos.

Se a teoria sobre tributação indica que um dos princípios tributários é a equidade, por que, então, insistimos nesse modelo perverso que empobrece aos menos abastados?

Você concorda que o Brasil é uma democracia? E o que seria uma democracia ver-dadeiramente, em sua opinião?

SEGUNDA PARTE

FORMAÇÃO POLÍTICA, ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASILNesta parte de nosso curso, estudaremos a formação política, econômica e social do Brasil de forma resumida. O objetivo é que possamos compreender como nossa nação foi cons-truída – a partir de uma ótica crítica da realidade – de modo que possamos entender seus conceitos fundamentais que nos facilitarão o pleno entendimento do funcionamento de nossa sociedade nos dias atuais.

Em resumo, se de alguma forma enxergamos uma luta de classes, na história do Brasil, esta se dá entre as Oligarquias – levadas ao Poder para agirem como “gerentes” de um em-preendimento estrangeiro – e o Povo, que historicamente tenta superar sua condição de trabalhador subalterno, herdeiro da exploração que nos foi imposta pela escravidão.

Portanto, entender a luta de classes no Brasil é entender, em síntese, a “Casa Grande & Senzala”, transpondo para os tempos atuais – em que os palácios permanecem enquanto Casa Grande; e as favelas e periferias se constituem a imensa Senzala.

Indo além, ao compreender nosso desenvolvimento social esperamos nos defrontar com um dilema: de que lado você está?

“E você samba de que ladoDe que lado você sambaVocê samba de que ladoDe que lado você sambaDe que lado, de que ladoDe que lado, de que ladoVocê vai sambar?”

(Samba do Lado, Chico Science)

DESCOBRIMENTO E OCUPAÇÃOSe a maioria das pessoas na escola decorou que “o Brasil foi descoberto em 21 de abril de 1500 por Pedro Álvares Cabral”, há aqueles que questionam duramente essa versão da his-tória. Não querendo alimentar polêmicas, mesmo que concordemos com certas posições neste debate, nosso intuito aqui é estabelecer uma relação de causa e efeito, nada mais.

Como visto anteriormente, as Grandes Navegações foram um processo de acumulação de riquezas, patrocinado pela Burguesia Mercantil daquela época e referendado pelo Estado, dentro daquela aliança entre reis e burgueses já citada.

Assim sendo, a chegada do Império Português nessas terras da América não teve a finalidade de uma conquista heroica, tampouco um legado científico para a humanidade, mas estritamente se deu para a busca de riquezas para a Coroa daquela nação, pouco após os Espanhóis aportarem em territórios mais ao norte deste continente.

Objetivamente não foi encontrado, de imediato, nenhum valor comercial por aqui. Foi iniciado, anos mais tarde após a descoberta, um pequeno ciclo de extração do pau-brasil, o qual não justificava financeiramente a ocupação deste vasto território.

Entretanto, o Império Português dominava o processo fabril de açúcar, cultivado em suas colônias ao longo do Atlântico sul. Inclusive dispunha do maquinário fabril para trans-formar o melaço em açúcar. Assim, em aliança com o capital flamengo, detentor dos canais de distribuição deste produto, viabilizou-se este empreendimento em terras brasileiras.

Além da tecnologia e dos canais de distribuição, a produção em larga escala que se desenhava neste continente requereria mão de obra na mesma proporção. Como o impé-rio português não dispunha de recursos humanos para tanto, a solução inicial foi prover trabalho dos nativos, então, em grande quantidade. De certa forma, isto não foi viável, so-bretudo pela brava resistência indígena, restando poucos indivíduos para tocarem tamanho empreendimento.

A solução foi a captura de mão de obra escrava na África, dado que os portugueses já haviam realizado guerras de dominação com as populações daquele continente mais de um século antes. Assim, conhecedores do mercado de mão de obra escrava, o ciclo produtivo da cana-de-açúcar é iniciado no Brasil, atingindo importância e relevância para tal empreendimento.

Page 22: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

4140

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

É importante ressaltar que o açúcar foi fundamental para o Velho Continente. Foi a extração dessa energia dos trópicos que permitiu ao trabalhador braçal superar as intempé-ries daquele continente frio, em que, em longos períodos o trabalho era inviável. Portanto, o nosso açúcar foi essencial para aumentar a produção na Europa, perfazendo então um maior acúmulo de riquezas aos países europeus – detentores, já naquele período histórico, de bastante tecnologia.

Portanto, o Brasil se viabiliza como um empreendimento comercial. Nascemos enquan-to uma colônia de exploração destinada a prover recursos para as potências dominantes na Europa, sobretudo lucros para o sistema colonialista que se impunha a partir de então. Ao contrário de outras colônias ao norte da América, os colonizadores que aqui chegaram tinham um objetivo claro e bem definido: extrair riquezas.

Assim se dá a formação política, social e econômica do Brasil: nossos governantes tinham como finalidade administrar um empreendimento comercial; e não fundar uma nação e bus-car a prosperidade de um povo. Nossas terras eram “propriedades” de um Rei que controlava um vasto império; portanto, estávamos alijados de um dos meios de produção; a mão de obra disponível era escrava, cujo único direito era o trabalho explorado de forma máxima; e, por fim, o capital e a tecnologia disponíveis também eram estrangeiros, o que fortalecia esta característica de que o Brasil era apenas um empreendimento comercial.

Desta forma, podemos entender o pensamento das nossas oligarquias que se sucederam no poder desde o início do Brasil: explorar ao máximo os recursos disponíveis, gerenciar o empreendimento estrangeiro e atender aos interesses de além mar. Essa elite dominante nunca forjou um pensamento de que o Brasil poderia ser uma nação, com um povo e um território em que houvesse igualdade.

O PENSAMENTO DOMINANTE DAS OLIGARQUIASO Brasil foi forjado na desigualdade. Foi-nos imposta a diferença entre as pessoas como fator fundante, pois o índio e o negro, nestas terras, eram considerados tal como animais para o trabalho.

Ao longo da história, não houve uma diferença simples entre quem tem e quem não tem; mas quem pode e quem não pode. Parece uma diferença sutil, mas não é.

As raças que se juntaram para transformar o Brasil sempre foram vistas, pela elite do-minante, como uma subespécie, destinada a exercer o trabalho (tal como num regime de castas existente na Índia).

Esta diferenciação era profunda; era fundada na violência e sem a perspectiva de as-censão social, pois estas elites dominavam os meios de produção e superexploravam o trabalho. O Poder sempre esteve concentrado nas mãos de uma minoria, e essas detinham o aparelho do Estado para usarem conforme seus interesses. Nada muito diferente daquilo que temos hoje, entretanto, o que há persiste com recortes mais suaves, mas não se esconde dos observadores mais sagazes tamanha violência.

Ao analisarmos o Ciclo da cana-de-açúcar entendemos todo o processo de formação econômica, política e social do Brasil. Com algumas pequenas diferenças, o mesmo se deu com o Ciclo do Ouro, da Borracha, do Algodão, do Café etc. O princípio era o mesmo: sem-pre uma oligarquia dominante disposta a atender os interesses comerciais estrangeiros, detentoras dos meios de produção e do aparelho estatal, buscando maximizar seus lucros e, assim, superexplorando a mão de obra.

Isto explica o fato de não termos uma educação pública de qualidade e, por consequên-cia, um desenvolvimento tecnológico capaz de nos alçar ao mesmo nível de desenvolvimento das grandes potências.

A exemplo, temos dois fatos marcantes na história brasileira: a Independência do Brasil e a Proclamação da República. O primeiro, nada mais foi do que as oligarquias locais desejarem se livrar de uma potência militar decadente que era Portugal e, com isto, se despojar do peso que acarretava: maiores tributos, regras e uma sorte de entraves impostos que dificultavam o lucro.

Mas essa independência política se deu apenas em relação ao Império Português, le-vando-nos a uma dependência econômica em relação à Inglaterra, com quem já tínhamos fortes relações comerciais desde a “Abertura dos Portos às Nações Amigas”, episódio ensinado com ênfase, por nossos professores.

Para Portugal, essa “independência” também foi um bom negócio. Detentor de um déficit comercial e financeiro com a Inglaterra desde o Tratado de Methuen, ao “Império Brasileiro”, recém-fundado, coube a herança de pesadas dívidas. Assim, a relação de depen-dência política do Brasil com sua metrópole se transmuta para uma relação de dependência econômica com os britânicos.

Quanto à Proclamação da República, nada de heroico e brioso aconteceu. Ocorreu ape-nas um golpe de estado perpetrado pelas oligarquias insatisfeitas com o governo de D. Pedro II. Fato curioso é que, em 13 de maio de 1888, a Coroa Brasileira, por pressão dos ingleses, aboliu a escravidão para, em 15 de novembro do ano seguinte, ser proclamada a República. Mesmo que alguns ideais republicanos e mesmo até alguns sinceros tenham servido de pretexto, a verdade é que a Abolição da Escravatura foi a gota d'água que transbordou a insatisfação das oligarquias contra a monarquia vigente no país.

Tanto que – ao seguirmos com a história do Brasil, enquanto República – não percebe-mos significativos avanços políticos, econômicos ou mesmo sociais. Seguiu-se apenas um conluio entre as elites para governar.

O voto era censitário e, mais adiante, virou o voto de cabresto; o estamento público atendia somente àqueles que eram apaniguados por este sistema. Direitos e Justiça fun-cionavam apenas para uma minoria privilegiada, sendo os magistrados alçados ao cargo por indicações, assim como todos os demais cargos públicos. O Estado se endividava para cobrir as despesas financeiras das elites, sufocando muitas vezes a atividade econômica.

No campo da cultura e das artes, somente o que vinha de fora era valorizado. Nada do que fosse produzido aqui tinha valor. Tudo se copiava dos europeus, inclusive o modo de se vestir e se portar.

Não nos esqueçamos de que tudo isto não ocorreu sem que houvessem vozes que des-toassem; muitas com veemência. Ao longo de nossa história, foram diversos movimentos contestatórios; inclusive muitos de cunho revolucionário. Entretanto, todos os movimentos de maior destaque foram sufocados pelo poder do Estado.

Mas a história nem sempre obedece a um curso traçado pelo poder dominante. Há momentos em que o esgarçamento do tecido social provoca rupturas institucionais, e novos atores irrompem no cenário político.

Este foi o caso da Revolução de 1930 – quando os revoltosos do Movimento Tenentista chegam ao poder liderados por Getúlio Dornelles Vargas. Após serem derrotados no projeto da Aliança Liberal nas eleições presidenciais de 1929 pelo voto de cabresto, uma sucessão de fatores provoca o enfraquecimento da política Café com Leite (como era conhecida a alternância de poder em São Paulo e Minas Gerais); dentre eles a Crise Mundial de 1929, que abalou profundamente as economias periféricas mundial.

Page 23: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

4342

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

É neste momento da história do Brasil que começa e se implantar um projeto de nação. Até então inexistente. Foi a partir dos movimentos contestatórios iniciados pelas classes médias ur-banas e intelectuais liberais que foi forjado no seio da sociedade um sentimento de indignação.

O TRABALHISMO NO BRASILA história do Trabalhismo muitas vezes se confunde com as conquistas sociais do nosso povo. Mas estas conquistas não foram traçadas pelo acaso, tampouco as mudanças ocorridas na estrutura do nosso país devem-se ao bom-humor das elites brasileiras. Praticamente tudo o que há de avanços econômicos e sociais no nosso país são direta ou indiretamente ligados ao Trabalhismo.

A saúde pública, mesmo que há muito carecendo de melhor atenção, não existia como gratuita antes do governo de Getúlio Vargas. O trabalhador, antes deste período, quando trabalhasse menos de doze horas era tachado como preguiçoso, podendo ser dispensado pelo patrão por qualquer motivo; e não lhe restava nenhum direito ou mesmo garantia. A educação pública, antes acessível aos pouquíssimos pobres, passou a ser massificada na cidade e no campo. Toda a estrutura de um país moderno e produtivo surgiu pelas mãos do Trabalhismo, pois se assim não fosse, talvez nossa economia ainda estivesse entregue à uma monocultura.

É claro que, apesar de muito feito, este projeto de nação não foi finalizado, restando uma gama de problemas que perduram.

A Carta-Testamento, escrita por Getúlio Vargas, denuncia a espoliação de nosso povo e as forças que agiram para impedir que este projeto fosse adiante. O Trabalhismo sofreu muitos revezes, porém não foi apenas uma corrente política que foi derrotada, mas um projeto de nação que visava a melhores condições de vida para todo o povo brasileiro.

O QUE VEM A SER ESTE TRABALHISMO?Para entender-se o Trabalhismo, vamos relembrar rapidamente o assunto visto anteriormente:

É muito importante compreender o surgimento do Estado, como um ente que capitulou a uma minoria que se apropriou do poder para obter vantagens pessoais. Decorre então o crescimento dessas sociedades até a formação de reinos e impérios, chegando à Revolução Francesa e à Revolução Industrial: marcos da organização do Estado Moderno e da produção de bens para a sociedade. Consolida-se então um Estado e um modo de produção, domi-nados por uma elite, numa relação social em que há exploradores, detentores dos meios de produção, e explorados, possuidores apenas de sua força de trabalho para sobreviverem.

Neste momento da história é que se apresenta o Trabalhismo enquanto alternativa aos explorados. Se toda produção é realizada por intermédio do trabalho, por que então o trabalhador fica com a ínfima parte da riqueza produzida?

O Trabalhismo brasileiro avançou nesta discussão capital x trabalho com a compreensão de que ela também se reproduz no contexto internacional, no qual países desenvolvidos, detentores de capital e tecnologia, importam matérias-primas e vendem produtos com valor agregado, gerando pobreza ao resto do mundo.

O PDT (tal como o antigo PTB) entende e demonstra que a prática do Trabalhismo se dá na regulação e ampliação dos direitos dos trabalhadores e na educação como fator de desenvolvimento e superação da exploração internacional. Portanto, nosso Trabalhismo se atém à geração e à distribuição da riqueza como elemento fundamental de sua teoria.

VIEMOS DE LONGEO Trabalhismo no Brasil surge a partir da Revolução de 1930, com a chegada ao poder de Getúlio Vargas. Inicialmente, inspirado pela doutrina liberal democrática – defensora de que os conflitos econômicos e sociais são dirimidos pelo mercado e pelas instituições do Estado –, o governo provisório chefiado por Vargas institui uma série de medidas de inclusão do povo trabalhador às instituições da República, até então fundada para servir as oligarquias dominantes, conforme vimos.

Entretanto, estas oligarquias removidas do poder se articulam visando a se restabele-cerem no comando. Como fato relevante, podemos citar a Revolta Constitucionalista, em 1932, promovida pela oligarquia cafeicultora paulista, a qual mesmo demagogicamente angariando amplo apoio da população paulistana, foi rapidamente sufocada.

Quanto mais o governo revolucionário acumulava forças, mais reivindicações sociais eram atendidas, como a legislação que garantia direitos aos trabalhadores e o voto da mulher.

Importante ressaltar que a história contada pelos vencedores do Golpe de 1964 busca retratar a figura do Presidente Getúlio Vargas como um ditador populista e demagogo. O trabalho de novos historiadores comprometidos com a ciência demonstra o contrário.

Este período do século XX foi marcado por diversas transformações sociais, nas quais muitas vezes exigiu governos fortes para a condução política de uma nação; não sendo diferente no Brasil. Apesar de as tentativas de ligar Vargas a figuras nefastas do Fascismo e do Nazismo com alegações de que este flertava com Hitler; em 1937, o próprio embaixador alemão, Karl Hitter, foi convidado a se retirar do Brasil por fazer propaganda nazista.

Vale ressaltar que o período inicial de Vargas no poder foi instituído através de um governo provisório; seguido pelo regime constitucional, a partir de 1935, com a eleição da Assembleia Constituinte. Somente em 1937, devido às tentativas de golpe – tanto dos comu-nistas (1935) quanto dos integralistas (1937) – é que foi instituído um governo autocrático, o Estado Novo. Numa destas tentativas de golpe, o próprio Getúlio Vargas foi obrigado a defender o governo e o Palácio do Catete de armas na mão.

Além disto, é importante ressaltar que Vargas instituiu uma ditadura contra as oligarquias: muito diferente da ditadura militar no período posterior, levada ao poder para submeter o povo, gozando de todo apoio estadunidense, conforme revelam documentos sobre a operação Brother Sam.

Destaque-se também que, neste período, houve profundos avanços políticos econômi-cos e sociais para o povo brasileiro. Participar da política por intermédio da sua representação sindical; ter acesso a bens e serviços; ter sua cultura valorizada, como foi com o samba e com a capoeira; possuir garantias legais e acesso à justiça são conquistas que se configuram en-quanto democracia. Diferentemente do povo ser chamado às urnas somente para referendar o sistema de exclusão em que vivem, como vem acontecendo por longos períodos no Brasil.

Também importante é o caráter nacionalista deste período. Ao contrário dos governos sabujos de até então nas suas relações internacionais, Vargas deu ao Brasil relevância entre as nações do mundo, fazendo valer os interesses da pátria em busca de independência política e econômica.

Foi ele que iniciou a industrialização rompendo com a economia da monocultura ex-portadora vigente desde os primórdios da colonização portuguesa. Esta política de inde-pendência e autonomia passou a contrariar muitos interesses, internos e externos, daqueles que se beneficiavam secularmente com nossa submissão. São esses interesses conjugados que levaram à derrubada de Getúlio Vargas em 1945.

Page 24: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

4544

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

Interessante perceber que os militares de alta patente retornaram ao Brasil fortemen-te influenciados pelos americanos após a Segunda Guerra Mundial. É notório que os EUA possuíam interesses diretos em nossas riquezas, conforme revela a história. Por outro lado, a convivência dos soldados americanos negros com os soldados brasileiros, mestiços e mis-turados, irmanados na luta, independentemente da cor de sua pele, também foi impulsor do Movimento pelos Direitos Civis dos Negros da América do Norte.

A vitória do General Dutra, mesmo apoiado por Getúlio Vargas, marca o retorno de políticas antinacionais e liberalizantes. Toda a poupança interna formada de 1930 a 1945 – passando inclusive pelo esforço de guerra, em que o Brasil logrou grande êxito econômico – foi toda gasta num período de cinco anos, principalmente com importações de produtos supérfluos.

O SURGIMENTO DO PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIROÉ preciso observar que a Revolução de 1930 e o Governo Provisório abrigam uma gama de setores da sociedade de matizes e interesses distintos. Alguns desses setores pertenciam a oligarquias regionais e a grupos de interesse que sempre desejavam ser contemplados pelo governo. Vargas habilmente manejava o jogo político entre estes interesses conflitantes, fazendo avançar o projeto maior de nação que defendia.

A partir do Movimento Queremista (movimento espontâneo, surgido, em 1945, com o objetivo de defender a permanência de Getúlio Vargas na Presidência da República), é fundado o PTB, articulado por sindicalistas que não se sentiam representados dentro do PSD, que era formado por diferentes setores da sociedade que seguiam com as políticas do líder Getúlio Vargas.

Algumas correntes das ciências sociais ligadas à Universidade de São Paulo acusam o sindicalismo da época enquanto pelegos, manipulados pelo governo para abafar o verda-deiro sindicalismo e os “legítimos” interesses da classe trabalhadora.

Entretanto, essa corrente não leva em consideração que foi somente pela força do estado, antes a serviço das elites, que os sindicatos passaram a existir. A polícia que an-teriormente reprimia as mobilizações dos trabalhadores, agora garantia as reuniões e as greves; assim como o imposto sindical sustentava financeiramente o funcionamento autônomo destas entidades.

Portanto, temos sindicatos livres que disputavam no seio do governo seus legítimos interesses, mesmo que divergindo do arcabouço teórico formulado por intelectuais ligados a corrente ideológica do Partido Comunista.

E é por este PTB que Getúlio Vargas retorna à vida pública e é eleito pelo voto direto para Presidente da República. Com esta força política organizada e apoio popular através do voto direto, o segundo governo de Vargas busca avanços sociais e políticos, imprimindo um viés mais nacionalista e soberano do Brasil, sendo emblemática a criação da Petrobras e da Eletrobras, dando autonomia energética para o país se desenvolver economicamente.

O suicídio de Vargas consegue frear o Golpe de Estado em curso, cujo objetivo era inter-romper o movimento de consolidação de nossa soberania. Porém, é a partir do PTB que o Trabalhismo toma corpo no Brasil, mesmo que destoando teoricamente das teses oriundas, sobretudo do Labor Party, tendo como referência o nacionalismo e o desenvolvimento eco-nômico que contemple o povo trabalhador, imprimindo dignidade às classes subalternas antes atendidas apenas com a caridade cristã.

São com as ações do governo de Vargas que o povo trabalhador passa a ser protagonista na política nacional, sendo o antigo PTB então sua voz e sua representação.

A RETOMADA DO TRABALHISMOFoi pelas mãos de João Goulart, presidente nacional do PTB, que o Trabalhismo volta ao protagonismo político na nação, quando eleito por duas vezes Vice-presidente do Brasil. Sendo o partido que mais crescia no país durante este período, o PTB chega novamente ao poder com a renúncia do presidente Jânio Quadros.

Entretanto, as oligarquias, então claramente casadas com o imperialismo norte-ameri-cano neste período de Guerra Fria, buscam por intermédio dos chefes militares impedirem a posse de Jango. Mas é pela ousadia política do então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que esse golpe é impedido.

Brizola comanda uma resistência, mobilizando as forças policiais do Estado (Brigada Militar) e convocando a população para defender a constituição, episódio conhecido como Campanha da Legalidade.

Usando da palavra, por intermédio das rádios que foram se interligando país afora, o destemido governador gaúcho fura o bloqueio da mídia e consegue conclamar todos os brasileiros a resistirem. Milhares de gaúchos se alistam em milícias por todo o Rio Grande dispostos a defenderem a Legalidade.

Em outros estados, as manifestações populares são reprimidas, como no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em Goiás, o governador Mauro Borges adere à Legalidade e mobiliza forças para marchar sobre a capital federal e dissipar o golpe em curso.

Mesmo sob ameaça de bombardeio ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho e local em que transmitia seus discursos, Brizola não recua. Após o apoio do Terceiro Exército co-mandado pelo General Machado Lopes, os legalistas equilibram as forças bélicas e frustram os planos dos golpistas.

Entretanto, Jango é empossado como Presidente num sistema parlamentarista, votado pelo Congresso Nacional na calada da noite. O golpe que não se concretizou pelas armas, foi implementado por uma artimanha política, com a aceitação de Jango, ludibriado por Tan-credo Neves, que conseguiu encontrá-lo, no Uruguai, antes de chegar ao território brasileiro. Portanto, o PTB chega novamente ao governo, mas com poderes reduzidos.

É pela via democrática que Jango recupera novamente os poderes plenos do Presiden-cialismo, num plebiscito realizado em janeiro de 1963. Derrotadas nas urnas, as oligarquias passam a conspirar contra o governo constitucional e referendado pelo povo, mas desta vez contando com o apoio pleno dos americanos, dispostos a tudo para evitar o que chamavam de “uma nova Cuba”. Desta forma, buscam todos os tipos de ações para desestabilizar o governo, com denuncismos e manobras sórdidas.

Reafirmando o compromisso com o povo, o presidente João Goulart lança as Reformas de Base, constituindo alicerces para o desenvolvimento do país; bem como a Lei de Remessa de Lucros, limitando a repatriação de capital investido no Brasil.

Impossibilitados de vencerem o Trabalhismo, mesmo utilizando-se de todas as artimanhas sujas, a direita apela para um Golpe de Estado, instituindo uma ditadura militar que durou longos 21 anos. Com o apoio direto dos Estados Unidos, os militares golpistas buscam forças para evitar um levante popular, tal como a Campanha da Legalidade. Jango busca a resistência, mas sabendo da possibili-dade de um derramamento de sangue, prefere seguir para o exílio, de onde somente voltaria morto.

Page 25: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

4746

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 1Formação Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 1Formação Política

A VOLTA DE BRIZOLAApós amargar 15 longos anos de exílio, Brizola retorna ao Brasil com a Lei de Anistia e tenta, em vão, recuperar a sigla PTB. Através de uma manobra jurídica, Golbery do Couto e Silva, a eminência parda da ditadura, entrega a sigla a Ivete Vargas como garantia de que este novo partido não seguiria os passos do verdadeiro Trabalhismo.

Brizola não se dá por vencido e cria o Partido Democrático Trabalhista (PDT), enquanto fiel depositário da herança Getulista e das lutas sociais das décadas anteriores. Além disto, surpreende a todos ao lançar-se candidato a governador pelo estado do Rio de Janeiro, obtendo vitória mesmo com uma tentativa de fraude.

Apoiado por outros grandes Trabalhistas, sobretudo Darcy Ribeiro, Brizola faz um gover-no voltado para o povo trabalhador do Rio, buscando recuperar os anos de atraso imposto pela ditadura, que submeteu a população a uma brutal concentração de renda, gerando pobreza, miséria, desemprego e enormes déficits educacionais e de moradias.

Dentre outros programas, os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) foram construídos às centenas. Enfim uma escola de verdade para as crianças, onde existia toda infraestrutura necessária para o aprendizado, como:

• Nova proposta pedagógica;• Valorização dos quadros do magistério;• Horário integral;• Três refeições;• Aulas de reforço;• Biblioteca;• Quadras poliesportivas;• Piscinas (em algumas).

Eis a “gota d’água” para as elites: primeiro, enquanto governador gaúcho, encampa duas empresas multinacionais de telefonia e energia (ITT e Bond and Share) e coloca-as a serviço do povo; depois, com um microfone em punho, consegue abortar um golpe de estado; sobrevive física e politicamente ao exílio; e, por fim, quer educar descentemente as crianças pobres.

Mesmo com uma crise econômica que avassala o país e com os principais meios de comunicação em sistemática oposição, Brizola faz um governo austero e progressista, se credenciando para a Presidência da República. Entretanto, outra manobra para evitar que o ex-governador gaúcho chegasse ao poder é realizada. O movimento pelas ‘Diretas Já’ – que reunia milhões de brasileiros de norte a sul – é barrado no Congresso Nacional, que apresenta como solução a eleição indireta.

Finalmente chegam as Eleições Diretas em 1989, com Leonel Brizola à frente nas pesqui-sas. As oligarquias agem para dividir a esquerda e lançar uma candidatura que contemplasse seus interesses e que caísse nas graças do povo. Depois de várias tentativas de fabricar criaturas, conseguem um “Caçador de Marajás”; vindo das Alagoas.

Com toda campanha difamatória e uma possível fraude, mais uma vez o sonho do velho caudilho de chegar à Presidência é adiado. Brizola não alcança o segundo turno por uma diferença menor que 1%, levando Lula a decidir com Collor a eleição presidencial, sendo o primeiro facilmente batido pelo segundo, beneficiado por uma manipulação por parte da Rede Globo de televisão.

Nas eleições para governador de 1990, Brizola recebe oficialmente o reconhecimento do povo carioca: é eleito no primeiro turno com uma diferença de 43% para o segundo colocado.

Agora, mais do que nunca, no segundo governo obtido com imenso apoio popular, os ataques dos meios de comunicação são implacáveis. Não havendo “cavalos de batalha” para queimarem Brizola e seu governo, conseguem fabricar um: a violência.

Arrastões e tiroteios nos morros cariocas são destacados na grande imprensa brasileira. A ordem dos grandes jornais era atacar Brizola, destacando tudo que houvesse de ruim em sua gestão para colocar em evidência.

Desgastado pela mídia, Leonel Brizola amarga a derrota nas urnas em 1994, que elege Fernando Henrique Cardoso em primeiro turno na onda do Plano Real.

Brizola chega ao fim de sua jornada terrena, em 21 de junho de 2004, vitimado por um infarto fulminante. Mesmo após alguns reveses eleitorais, sua morte prova a força de seus ideais quando Brizola é aclamado nos quatro cantos do país pelo povo. Seu velório no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul foi acompanhado por milhares de populares que fizeram questão de dar seu último adeus ao seu líder.

Ao Estado cabe garantir a riqueza e a divisão de classes, administrando os antagonismos existentes no seio da sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAlgumas destas publicações possuem diversas edições por diferentes editoras, até mesmo em formato digital, pois ultrapassaram o prazo de direitos autorais:

CAIO, Prado Júnior. História Econômica do Brasil. Ed. BrasilienseFURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Ed. Cia das Letras.RIBEIRO, José Augusto. A Era Vargas. Vol. I, II e III. Ed. Casa de Jorge. Rio de Janeiro, 2001.FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime patriarcal.HOBSBAWN, Eric J. A Era das Revoluções. Ed. Paz e Terra.HOBSBAWN, Eric J. A Era dos Impérios. Ed. Paz e Terra.HOBSBAWN, Eric J. A Era do Capital. Ed. Paz e Terra.HUBERMAN, Leo.  A História da Riqueza do Homem. Ed. LTC.ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da propriedade privada e do Estado.SODRÉ, Nelson Werneck. Formação Histórica do Brasil. Ed. Brasiliense.BANDEIRA, Moniz. Brizola e o Trabalhismo. Editora Civilização Brasileira.RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. Editora Companhia das

Letras.SÉ, Joao Trajano Sento. Brizolismo. Ed. Espaço e Tempo.OTERO, Jorge. João Goulart - lembranças do exílio - Casa Jorge Editora.MANESCHY, Osvaldo; SAPUCAYA, Madalena; BEKER, Paulo. Com a palavra Leonel Brizola - Ed.

Espaço e Tempo.

Page 26: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Ética e Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Ética e Política

4948

Caderno 2• Ética e Política• Planejamento e

Gestão estratégica

DARCYcoleção

RIBEIRO

Page 27: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Ética e Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Ética e Política

5150

DARCYcoleção

RIBEIRO

Sobre os autores:Prof. Carlos Michiles, PHD em Ciência Política pela Univ. de Manchester - Inglaterra. Prof. Júlio Rocha, Militante orgânico do PDT há 35 anos, cursou Filosofia na FAFIMC, é jornalista e acadêmico de Direito.

Caderno 2• Ética e Política

CADERNO 2ÉTICA E POLÍTICA ......................................................................................................... 49

1 ÉTICA, POLÍTICA E VALORES ................................................................................... 53

2 USO E ABUSO DA PALAVRA ÉTICA ........................................................................ 53

2.1 PERÍODO DO PENSAMENTO GREGO .................................................................. 54

2.2 PERÍODO DO PENSAMENTO CRISTÃO ................................................................ 54

2.3 PERÍODO DO PENSAMENTO MODERNO ............................................................ 56

3 ÉTICA E POLÍTICA – UMA CORRELAÇÃO NECESSÁRIA ......................................... 58

4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ÉTICA NA POLÍTICA ........................................ 59

5 CIVISMO E CIDADANIA A ÉTICA NO DIA A DIA ................................................... 59

PLANEJAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICA ................................................................ 63

AONDE QUEREMOS CHEGAR? ................................................................................ 65

A ANÁLISE DA SITUAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ..................................................... 66

MISSÃO, VIRTUDES E VISÃO DE FUTURO ............................................................. 66

ANALISAR OS AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS E DEFINIR AS ESTRATÉGIAS ................................................................................... 66

ELABORAÇÃO DETALHADA DOS PLANOS DE AÇÃO ........................................... 67

AVALIAÇÃO, VALIDAÇÃO, REAVALIAÇÃO, REDEFINIÇÃO E GESTÃO ............... 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 69

Page 28: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Ética e Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Ética e Política

5352

1 ÉTICA, POLÍTICA E VALORESEste curso tem o singelo objetivo de apenas contextualizar a evolução do conceito de Ética, sua relação com a atividade política e os valores que a cosmovisão de cada período produziu para orientar seus cidadãos. Apresentamos os três macroperíodos históricos que a humani-dade produziu até os dias de hoje. São eles:

1. período do pensamento grego;2. período do pensamento cristão; e3. período do pensamento moderno.

Evidente que não detalharemos estes períodos, justificado pelo pequeno espaço que dispomos para um exercício didático de uma aula. Apenas faremos indicações conceituais para que possa – quem tiver interesse – continuar neste estudo fascinante em entender a importância do significado de ética para a humanidade em geral e, em particular, para cada sociedade e grupo social específico.

O tema sobre ética, política e valores é um assunto que deve interessar a todas as pes-soas que se preocupam com o tratamento que o poder público proporciona à sociedade.O poder público ocorre através do poder exercido por pessoas que são eleitas e exercem um mandato delegado pelo voto, como vereador, prefeito, deputado estadual, governador até o Presidente da República. Mas não apenas estes, e sim todas as pessoas que convivem dentro de uma instituição: seja a família, a escola, o sindicato, e todas as esferas públicas e privadas do convívio humano.

Entretanto, é através dos cargos que o poder do Estado age em relação às questões que interessam à população, como os recursos financeiros e materiais que garantam saúde pública, educação pública e segurança pública para não citar outros assuntos públicos, como os investimentos na infraestrutura pública para a sociedade viver melhor.

Este assunto sobre ética – sua utilização no exercício da política e os valores que orientam esta utilização – é um assunto muito importante para ignorar o seu significado histórico e suas consequências para as pessoas que vivem seu cotidiano em sociedade.

2 USO E ABUSO DA PALAVRA ÉTICANão há um termo mais usado e amplamente invocado em discussões, assertivas, afirmações e acusações, quando se pretende afirmar valores, do que a expressão “ética”. Especialmente no plano dos valores políticos. A ética tem sido usada para além e aquém de seu significado que, na maioria das vezes, não se sabe o seu exato significado. Mas todos usam como se fosse uma vara de condão, que tudo dissolve, denuncia e corrige. Sempre apontando o dedo para o outro e nunca para si mesmo.

Por um lado, porque se trata de uma expressão, usada num contexto democrático, em que todos podem invocar para se proteger e acusar, denunciar e absolver; mas também por ser uma expressão polissêmica; ou seja, pode ser usada em vários sentidos. Como algumas expressões em português: como o termo ‘manga’, por exemplo, que pode ser tanto referente à fruta, como a uma parte da camisa; além de outros significados, dependendo da região geográfica em que se fala.

Diferente, porém, de um pedaço de manga, a recorrência à ética – como valor a orientar o comportamento político de uma sociedade – requer que sua utilização seja explicada, e revelado seu contexto histórico em que o conceito de ética vem se desenvolvendo e assu-mindo outros significados. Vejamos.

Page 29: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Ética e Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Ética e Política

5554

2.1 PERÍODO DO PENSAMENTO GREGOCosmovisão de Aristóteles (384-322 a.C) e a ética

Aristóteles, um dos maiores pensadores da Humanidade, é seu criador e o ponto de referência original para se começar a entender a origem e a evolução da palavra ética.

Dentre as centenas de obras de Aristóteles, a maioria perdidas no tempo, sobrevive uma famosa: “Ética a Nicômacos”. Nesta obra – cujo título é uma homenagem a seu pai e a seu filho, com o mesmo nome, Nicômaco –, aborda o tema da ética como sinônimo de felicidade humana, que consiste em certa maneira de viver bem, que leva à sua felicidade. A vida de uma pessoa é o resultado do meio em que vive, das leis, dos costumes e das instituições adotadas pela comunidade à qual a pessoa existe. Para Aristóteles, o homem é um animal social por natureza e sua felicidade está ligada a este convívio com as outras pessoas.

É muito importante observar que no universo rico do pensamento de Aristóteles se destacam duas obras fundamentais, que são as mais lidas e adotadas para o entendimento sobre a relação entre ética e política: “Ética a Nicômacos“ e “Política“. Tais obras são impres-cindíveis para o aprendizado do pensamento aristotélico e sua concepção de mundo: um todo harmônico em que tudo e todos devem funcionar para a realização e felicidade in-dividual. Uma vida terá valido a pena de ser vivida se ela foi capaz de ter realizado as suas potencialidades de ser humano.

O importante na vida de uma pessoa é aquilo que se chama de Areté: as virtudes alcan-çadas por uma pessoa ao longo de sua trajetória de vida. Esta expressão Areté é a chave para se entender o significado de ética, em Aristóteles – o caminho da realização e o desabrochar dos talentos de uma pessoa.

O universo (ou o cosmos) é um território finito e harmonioso; de tal maneira que a pró-pria palavra “teoria” significa a contemplação do divino existente. O universo (ou o cosmos) forma um todo harmonioso que facilita a realização da função e a finalidade que cada pes-soa deve ter neste território definido pela harmonia de seu funcionamento. O vento existe para ventar; o mar para marear; o sapo para sapear. Cada um deve encontrar seu papel para desempenhar a sua função neste universo e, assim, atingir a Areté, que é a plena realização de suas virtudes.

A este estado de realização Aristótetes chama de eudaimonia – a vida feliz.

Por fim, mas não finalmente, estas são as principais noções que definem a expressão “ética” em Aristóteles. Ética como realização da felicidade individual. Areté.

2.2 PERÍODO DO PENSAMENTO CRISTÃOConcepção cristã de ética – ruptura com o pensamento aristotélico

Tradicionalmente, no ensino da história da Filosofia, o período que marca o advento do Cristianismo não é considerado como uma fase de ruptura com um modelo de pensamento filosófico, como a visão do universo (ou cosmos) aristotélico, como vimos anteriormente.

O Cristianismo sempre foi visto mais como um pensamento religioso que marcou a faixa de tempo da Idade Média. Não como uma visão inovadora do pensamento filosófico. Nesta exposição sobre a transformação dos valores sobre ética, seguimos o raciocínio formulado por Luc Ferry, em seu pequeno magistral livro “Aprender a Viver” (2006), que tem sido am-plamente divulgado pelo filósofo brasileiro Clóvis de Barros Filho. Este, junto com o também filósofo Julio Pompeu, publicou o livro intitulado “Somos todos Canalhas”. Nesta obra, consta

um diálogo entre os dois autores (Capítulo I - pensamento grego; e Capítulo II – Cristo e os modernos), em que o professor Clóvis identifica o comportamento canalha àquele que age quebrando as normas comuns para se beneficiar em prejuízo do outro.

É importante frisar que, para o pensamento grego, o mundo social era formado por valores aristocráticos; e o universo estava organizado segundo uma escala hierárquica, em que os me-lhores talentos deveriam estar acima dos demais com menos inteligência. Aristóteles, em sua obra “Política”, advoga que a melhor vida para os escravos é mesmo a escravidão. Pelo menos, como escravos, estavam longe da guerra e com vida. O modelo grego de pensamento não reconhecia valor no trabalho. O trabalho deveria ser desempenhado pelos menos inteligentes: pessoas sem talento e sem condições de realizar as virtudes da vida, que é a excelência de uma vida bem-dotada. Nota-se que – na ênfase desse mundo organizado aristotélico – o sujeito tem que encontrar sua função no mundo para ser feliz. Poucos, porém, teriam essa possibilidade para o gozo das virtudes, porque os talentos não podem ser iguais.

Assim, a cosmovisão, para os gregos, tem uma conotação individual, cuja finalidade é a busca de sua felicidade pessoal através da realização de seus talentos e dons.

Jesus Cristo é o seu criador. Suas ideias, nesse contexto, revelam-se como uma ação re-volucionária que rompe com o pensamento hegemônico dos gregos e do Império Romano, cujo imperador Marco Aurélio era um filósofo estoico, que dominava todas as formas de pensar e agir do mundo grego.

A principal peça teórica do Cristianismo está inscrita na Parábola dos Talentos, descrita por Mateus, Marcos, Lucas e João. Nesta parábola, Jesus prega que a desigualdade não é natural;

nada tem a ver com a moral e política. A virtude moral dos homens não está em seu talento, mas no uso que esse homem faz de seu talento para

o benefício do outro. Reside aqui a incipiente noção da fraternidade – que se tornaria a marca

predominante dos valores cristãos.

Rompe com o universo aristocrático para valorizar o mérito de cada um e o seu uso em benefício de todos. Ideias que contrastam com aquelas vigentes na época. Para o Cristianismo, os talentos são realmente individuais e até desiguais. Entretanto, a diferença dos talentos entre as pessoas – o fato de uma pessoa ser mais ou menos inteligente do que a outra – não define o sentido do que é ser homem. O que conta, para o Cristianismo, é a capacidade que todo homem possui de aprimorar o seu livre-arbítrio para que possa utilizar seus talentos que atenda o outro. Ou seja, o que devemos fazer com nossos talentos: colocá-lo a serviço do egoísmo pessoal ou para fazer deste talento um meio de solidariedade.

Jesus Cristo, como líder e precursor desta forma de pensamento, introduz – como valor universal da Humanidade – a noção de livre-arbítrio (liberdade); de igualdade (todos iguais); e de fraternidade (amor).O livre-arbítrio é o espaço da liberdade para que os indivíduos realizem o sentido do amor fraterno em relação a seus semelhantes.

Diferente de Areté (felicidade), o Cristianismo apresenta a noção de Ágape (amor).

Page 30: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Ética e Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Ética e Política

5756

2.3 PERÍODO DO PENSAMENTO MODERNOA ética e os valores de conduta e ação

Na passagem do pensamento cristão para o pensamento moderno, acontece certa continuidade, na medida em que o princípio cristão da liberdade, igualdade e fraternidade é inscrito na bandeira do maior símbolo desta passagem, que foi a Revolução Francesa, em 1789. Este evento é considerado, portanto, uma revolução – no plano laico – das ideias do pensamento cristão. Noutras palavras: uma revolução laica das ideias cristãs. Uma revolu-ção que reconhece a força do apelo da liberdade e da fraternidade tendo no centro de seu pensamento a razão do homem.

Neste sentido, não se pode ignorar que, para este acontecimento concorrer, alguns grandes pensadores criaram as diretrizes doutrinárias com obras que abalaram a cosmologia antiga e a reavaliação das autoridades religiosas da concepção cristã, colocando no centro do mundo o homem.

Como Nicolau Copérnico (1543), com sua obra “Sobre a revolução das Orbes Celestes“, até os “Principia Mathematica”, de Newton (1687); passando pelos Princípios de Filosofia, de Descartes (1644) e pela publicação das teses de Galileu Galilei, com a obra “O Diálogo Sobre os Dois Principais Sistemas de Mundo (1632)”.

Estas são as obras que produziram uma reviravolta no entendimento predominante, até então, sobre a vida e o funcionamento do mundo: não mais um mundo organizado e harmô-nico como preconizado pela visão do mundo grego; nem um mundo regulado por valores teológicos. A partir deste contexto em diante, o mundo torna-se um ambiente indefinido, infinito, aberto e caótico; e precisa de valores produzidos pela inteligência do homem para organizar este mesmo mundo. Não mais a partir de conceitos metafísicos ou religiosos, mas a partir de um entendimento que orienta o comportamento dos homens em sociedade.

Numa obra fundamental, “O mal-estar na Civilização”, o criador da psicanálise, Sigmund Freud, dizia que a vida na civilização é um horror e um caos; mas sem a civilização, seria muito pior. Ou seja, o mundo está numa encruzilhada de crise, mas poderia estar muito pior se não fosse o esforço feito pela inteligência humana em organizar este mundo, explicar o funcionamento da sociedade e estabelecer regras de conduta que melhorem sempre o convívio humano em sociedade. Porque, fora desse parâmetro, é a barbárie.

A ética, nesta nova concepção humana da sociedade, deixa de ser um critério de vida para ser um critério de conduta. Tanto para ampliar a noção de liberdade e o reconhecimento dos valores de fraternidade e igualdade, como abre espaço para o comportamento racional calculado, que atinge seu apogeu com a teoria do “consequencialismo”: ética de resultados, na medida em que uma ação que age bem e de acordo com seu cálculo em atingir seus objetivos alcançará o resultado esperado.

Esta concepção – que provém de Nicolau Maquiavel (1469-1527) – passa a ser am-plamente utilizado pela sociedade como cálculo de obter o êxito na vida. Mas não no fim da vida, como queria Aristóteles para avaliar se a vida valeu a pena ou não; ou se o sujeito utilizou bem ou não seu talento para se tornar feliz no que faz.

A ética política, em Maquiavel, não tem mais a função de assegurar a felicidade e a vir-tude, segundo afirmava Aristóteles. Também não tem mais nada a ver, como o pensamento da Idade Média: uma preparação dos homens ao Reino de Deus, através da ação fraterna.

A ética passa a ter, para Maquiavel, suas próprias regras e características. Encara a reali-dade como é; a realidade política e social como é, a verdade efetiva. Fala sobre a sabedoria de agir conforme as circunstâncias – o que requer diferenciar o comportamento, em política, entre o leão que amedronta os lobos e a raposa que procura conhecer e manipular os lobos.

Mas esta é uma visão parcial da ética moderna. A outra vertente com sua característica humanista resultam do entendimento democrático sobre as regras de comportamento.

A noção de ética moderna, portanto, não é uma verdade estabelecida a priori. A ética passa a ser a consequência ou o resultado de um entendimento entre as partes ou sujeitos ativos que formam a ação de uma instituição, de uma sociedade. Não existe uma tabela axiológica para orientar o comportamento da boa vida. Não existe uma resposta pronta para os problemas que sempre estiveram presentes e os problemas que não existiam antes. As soluções para os problemas e desafios não se impõem antes de um entendimento ou diálogo para construir uma solução.

A ética que temos que seguir, hoje, significa o uso da inteligência e da nossa capacidade

de compartilhar o entendimento a serviço do aperfeiçoamento da convivência humana. Uma

vez definidas, democraticamente, as regras para uma finalidade, todos têm de segui-las. O não cumprimento das mesmas equivale ao

comportamento de um canalha, cuja definição pode ser aquele que descumpre acordos definidos pelo entendimento da inteligência para satisfazer

um apetite pessoal, em detrimento do outro.

Neste caso, o critério para a ação ética, hoje, é o exercício do diálogo permanente sobre a melhor e mais adequada maneira para manter o convívio de forma partilhada e não imposta de forma unilateral. Surge com a presença e reconhecimento do outro, a alteridade. Todos coparticipam das respostas produzidas para enfrentar e resolver os problemas da sociedade.

Assim, a ética que devemos assumir como consciência dos tempos atuais é o exercício de uma prática de ‘busca de respostas’ para problemas atuais. A ética atual não pode ser a busca incessante das satisfações egoístas e pessoais, consumistas e alienadas; mas uma janela que se abre para os valores que custou a vida de muitos seres humanos para conquistar a liberdade, a fraternidade e a igualdade para uma sociedade democrática. Trata-se de um desafio coletivo e não individual.

A ética – assim – é a vitória da convivência sobre a vontade individual. Vitória da consci-ência, da inteligência, do interesse público sobre o interesse privado, onde residem os vícios da má gestão da coisa pública.

Page 31: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Ética e Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Ética e Política

5958

3 ÉTICA E POLÍTICA: UMA CORRELAÇÃO NECESSÁRIAQual a relação entre ética e política? Os princípios éticos são suscetíveis de orientar a política? Ou, pelo contrário, ética e política são inconciliáveis?

A ética – que é uma das grandes áreas em que se divide o pensar do ser humano – desde sua origem teve (e tem) uma íntima ligação com a política. Ética é um conceito eminentemen-te ligado ao coletivo (ao social), seja este coletivo a corporação (o caso das éticas profissio-nais), a nação ou a humanidade (onde se colocam todas as questões dos direitos humanos).

O conceito de ética é também algo estreitamente vinculado ao sentimento dos povos, ao seu modo de viver e aos seus costumes, como indica a raiz grega da palavra (ethos); tem, naturalmente, evoluído no seu conteúdo, como evoluem esses costumes ao longo do tempo e da história. As éticas de hoje são, em vários aspectos, profundamente diferentes das antigas. A forma de encarar a escravidão é, provavelmente, o exemplo mais evidente dessas diferenças que abrangem muitos outros aspectos relevantes. Os antigos não conheciam, por exemplo, qualquer ética da humanidade; e um dos seus princípios de virtude era o de fazer o mal aos povos inimigos.

Quanto à política, a sua ideia desdobra-se em dois conceitos diferentes que convivem quotidianamente na opinião dos cidadãos e na motivação da ação dos políticos: Um é o de que a política, a mais nobre das ocupações humanas, é o empenho na realização do bem comum, do bem da coletividade ao qual se aplica como a um propósito final – é a concepção de Platão e de Aristóteles, filósofos gregos que a explicitaram na sua polêmica de afirmação da filosofia (que se confundia para eles com a política), contra o pragmatismo dos sofistas e dos retóricos que ensinavam a linguagem eficaz para o manejo das assembleias e das funções políticas. O outro é o de que a política é a arte e a sabedoria de conquistar e de manter estável o poder. O fazer o bem, nesta visão, não é propriamente um fim, mas um meio de ganhar o apoio dos cidadãos para a conservação e a estabilização do poder, empregado em paralelo com outros meios também válidos, como o marketing, controle da mídia, clientelismo e, até mesmo, a mentira, a violência e a corrupção. Este é o conceito derivado das interpretações mais correntes dos conselhos de Maquiavel (1469-1527) e é o que melhor se enquadra nas concepções da política atual.

4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ÉTICA NA POLÍTICAAinda que as relações entre ética e política tenham se mostrado sempre difíceis de conciliar, tal fato não impede que exista um largo consenso sobre os princípios básicos da ética que devem ser seguidos pelos políticos:

a) receptividade: o político tem o estrito dever de ouvir as sugestões e críticas dos que o elegeram e de promover a sua permanente consulta;

b) transparência: o político tem a obrigação de explicitar os objetivos da sua ação, as razões das suas opções e dar conta dos resultados alcançados, de modo a que aqueles que o elegeram possam analisar e avaliar o seu desempenho;

c) dignidade pessoal: as pessoas implicadas nas suas ações têm o direito de serem tratadas como seres humanos, cidadãos; e não como simples meios para atingir seus obje-tivos eleitorais;

d) transparência dos interesses: o político deve distinguir – com clareza – os diferen-tes interesses: os seus, os partidários e os da comunidade que o elegeu e que representa, colocando estes últimos acima de todos os outros;

e) serviço público: a atividade política é uma atividade voluntária e exercida por cida-dãos que se dispõem a servir outros cidadãos como seus representantes. Neste sentido, é inadmissível e eticamente intolerável que alguns políticos ocupem a política para se servir a “si mesmos” e não a comunidade que os elegeu;

f) responsabilidade: o princípio da responsabilidade de um político comporta três dimensões essenciais:

• Assumir plenamente as responsabilidades perante os cidadãos que o elegeram, dando conta do que fez e não fez no exercício do cargo para o qual foi eleito;

• Assumir plenamente os erros que lhe forem apontados diretamente ou àqueles em que ele delegou competências por sua livre iniciativa;

• Tomar as decisões que se impõem que sejam tomadas, mesmo quando estas lhes forem desfavoráveis.

5 CIVISMO E CIDADANIA A ÉTICA NO DIA A DIAAristóteles definia o homem como um animal político; isto é, a sua natureza deve ser pro-curada nas comunidades de que faz parte e é reconhecido como membro pelos seus pares.

Nesse sentido, a dimensão ética no cotidiano se traduz em dois termos que urgente-mente precisamos resgatar em nossas comunidades: cidadania e civismo.

O termo cidadania, de origem latina (status civitatis), define, desde finais do século XVIII, o vínculo que liga os indivíduos a um Estado, e se corporiza num dado estatuto jurídico--político, que lhes confere um conjunto de direitos e deveres.

Entre os deveres de qualquer cidadão (aquele que possui uma dada cidadania) está o dever de participar na vida da sua comunidade, contribuindo, por todas as formas ao seu

Page 32: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Ética e Política

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Ética e Política

6160

alcance, para mantê-la e melhorá-la. Este dever é simultaneamente um direito: o de participar nas tomadas das decisões que afetem a comunidade no seu conjunto.

O termo civismo refere-se mais especificamente às atitudes e comportamentos que, no dia a dia, manifestam os diferentes cidadãos na defesa de certos valores e práticas assumidas como fundamentais para uma vida coletiva, de modo a preservar a sua harmonia e melhorar o bem-estar de todos os seus membros.

Cidadania e civismo fazem assim parte de um mesmo processo, inerente à vida em so-ciedade, ambos os conceitos são verdadeiros suportes da vida social. Uma sociedade cujos membros sejam indiferentes às questões da vida em comum não existe como tal.

A cidadania é o patrimônio fundamental de qualquer cidadão; pois é a mesma que lhe garante o acesso ao conjunto de bens que coletivamente foram sendo criados e acumulados, em termos econômicos, culturais, sociais etc.

Sem esta cidadania – isto é, sem a pertença a um dado estado-nação –, o indivíduo está completamente desprotegido no mundo. É por esta razão que a cidadania exige que os cidadãos participem na sua defesa.

As questões do civismo centram-se, sobretudo, no âmbito das práticas quotidianas, principalmente na forma como os cidadãos contribuem ou não para melhorar o bem-estar coletivo. Abordaremos o civismo a partir de três dimensões:

a) dimensão ética: A atitude cívica é inseparável da ética; isto é, de uma ação norteada por princípios que livremente o indivíduo escolheu para se relacionar com os outros. "Não faças aos outros aquilo que não queres que façam a ti" é não apenas um princípio ético uni-versal, mas também um princípio cívico. “Não devo colocar o lixo na porta do meu vizinho, porque não gostaria que ele fizesse a mim”;

b) dimensão normativa: Um comportamento cívico é frequentemente encarado como o respeito por um conjunto de regras de convivência que estão definidas na lei, em pos-turas municipais etc. Estas prescrições, frutos de consensos coletivos, mais não visam do que integrar os indivíduos numa organização social e evitar o conflito nas suas relações. A exigência do cumprimento destas normas seria, por outro lado, uma forma excelente para a aquisição de bons hábitos cívicos;

c) dimensão identitária: As sociedades, como as cidades, são anteriores aos próprios indivíduos que as constituem. Tem memórias, valores e heranças patrimoniais que impor-tam preservar, sob pena de perderem aquilo que as diferencia e as individualiza como tais. O civismo é em última instância uma atitude de defesa da própria cidade e da cultura que a mesma possui.

Cidadania e civismo são assim conceitos fundamentais que abrangem a dimensão ética de uma sociedade democrática; isto é: uma sociedade que garante os direitos fundamentais dos cidadãos, como a liberdade e a igualdade; mas que também necessita, e se retroalimenta, da participação ativa dos mesmos.

Page 33: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Planejamento e

Gestão Estratégica

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Planejamento e Gestão Estratégica

6362

DARCYcoleção

RIBEIRO

Sobre o Autor: Marcos Antonio Lemos Fabre, Graduado em Administração de Empresas e Direito com Pós em Gestão de Pessoas, Pública e Educação Profissional e Tecnológica com atuação nas áreas de redução de custos de Energia e Desenvolvimento de Pessoas, Gestão e Estratégia.

Caderno 2• Planejamento e

Gestão Estratégica

CADERNO 2ÉTICA E POLÍTICA ......................................................................................................... 49

PLANEJAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICA ................................................................ 63

AONDE QUEREMOS CHEGAR? ................................................................................ 65

A ANÁLISE DA SITUAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ..................................................... 66

MISSÃO, VIRTUDES E VISÃO DE FUTURO ............................................................. 66

ANALISAR OS AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS E DEFINIR AS ESTRATÉGIAS ................................................................................... 66

ELABORAÇÃO DETALHADA DOS PLANOS DE AÇÃO ........................................... 67

AVALIAÇÃO, VALIDAÇÃO, REAVALIAÇÃO, REDEFINIÇÃO E GESTÃO ............... 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 69

Page 34: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Planejamento e

Gestão Estratégica

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Planejamento e Gestão Estratégica

6564

PLANEJAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICA

“Não importa quão impossível isso tudo possa parecer...Nunca subestime o poder de um sonho”.(Autor desconhecido)

AONDE QUEREMOS CHEGAR? Esta pergunta impõe algumas reflexões sobre quem somos e o futuro pretendido por nós; e o que precisa ser pensado para que possamos responder à outra, igualmente importante: Como chegar até lá?

Podemos sonhar; mas não podemos nos iludir. Precisamos dar atenção ao projeto, mantê-lo sempre no foco.

Escolhas, sim, teremos de fazê-las a partir do conhecimento que temos, ou deveríamos ter, é claro.

Preparar as oportunidades, definir o que queremos e qual a nova posição que desejamos estar no futuro podem fazer a diferença entre a estagnação e o desenvolvimento; por isto é fundamental o compromisso de todos os envolvidos.

Temos de estar preparados para o êxito, com alternativas para evitar os insucessos.

“Ninguém faz bem o que faz contra vontade; mesmo que seja bom no que faz.”Agostinho de Hipona (Santo Agostinho)

A clareza da posição atual é condição fundamental para que possamos iniciar o planejamento e a gestão estratégica de um determinado projeto.

Este diagnóstico deve reunir o máximo de informações; e um ponto que não pode ser esquecido é a análise da disponibilidade de recursos e da conjuntura social, política, econômica, tecnológica e cultural. Dependendo do contexto, devemos situá-lo nos âmbitos municipal, estadual, nacional e internacional.

Importante: quando se trata de terceiros, é fundamental “não achar”. É preciso analisar se as pessoas: precisam de ajuda; o tipo de ajuda e, principalmente, se elas querem ser ajudadas, pois até o bem deve ser feito zelosamente.

Uma posição no futuro tem de fazer sentido não só para você; se o projeto for coletivo, deve fazer para todos ou, pelo menos, para os seguidores. E, para tê-los juntos, é preciso propósitos verdadeiros e motivadores.

Page 35: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Planejamento e

Gestão Estratégica

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Planejamento e Gestão Estratégica

6766

Na elaboração de um planejamento e gestão estratégica, algumas etapas devem estar bem claras:

· Primeira — analisar a situação da organização – hegemonia e macrovariáveis; caso ainda não exista, contextualizá-las;

· Segunda — missão, valores e visão de futuro;

· Terceira — analisar os ambientes internos e externos, e definir as estratégias;

· Quarta — elaboração detalhada dos planos de ação;

· Quinta — avaliação, validação, reavaliação, redefinição e gestão.

A ANÁLISE DA SITUAÇÃO DA ORGANIZAÇÃOPara desenvolver inteligência estratégica é importante analisar informações da organização, definindo e nominando: negócio, principais atividades e os fluxos das informações; fatos relevantes, desde a fundação; receitas e custos; ambiente organizacional; empregados ou pessoas envolvidas; clientes ou pessoas a que se destina; cultura organizacional; posicionamento, em relação a terceiros, concorrentes ou congêneres, e situação destes; e outras que julgue relevante.

MISSÃO, VIRTUDES E VISÃO DE FUTUROFalar a verdade sobre a organização. Resumidamente, podemos definir assim alguns conceitos:

· Missão — Motivo da existência da organização (o que é, por que e para que existe?).

· Virtudes — Princípios éticos e morais que norteiam a postura e a conduta.

· Visão — Para aonde está seguindo (aspiração e sonho de aonde quer chegar).

ANALISAR OS AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS E DEFINIR AS ESTRATÉGIASAs estratégias precisam ser definidas em função das análises dos ambientes interno e externo. Também precisam estar alinhadas com a missão e com os valores, para que possa ser possível definir metas e planos de ação para alcançar a posição da visão de futuro.

Mapa de Diagnóstico da Situação e Formulação de Estratégias

MapaDiagnóstico de Situação eFormulação de Estratégias

Ambiente externo Oportunidades

Ambiente externo Ameaças

Ambiente interno Forças

Estratégias de desenvolvimento

(Forças e oportunidades)Maximizar/Potencializar/

Aproveitar

Estratégias de manutenção/

fortalecimento(Forças e ameaças)

Combater/Minimizar

Ambiente interno Fraquezas

Estratégia de crescimento(Fraquezas e

oportunidades)Capacitar/Cooperar

Estratégia de sobrevivência(Fraquezas e ameaças)

Concentrar/Associar

O Mapa de Diagnóstico de Situação e Formulação de Estratégias permite que você faça a análise do ambiente interno, relacionando os pontos fortes (forças) e os pontos fracos (fraquezas). Em seguida, faça o mesmo com o ambiente externo (Oportunidades e ameaças).

Feito isto, formule estratégias a serem desenvolvidas a partir da confrontação dos ambientes interno e externo, obedecendo a estes parâmetros:

— onde há forças e oportunidades: devemos traçar estratégias para potencializar/aproveitar;

— onde temos forças e ameaças: devemos produzir estratégias de combate ou minimização;

— onde há fraquezas, mas há oportunidades: deve-se buscar capacitação ou atuar cooperativamente;

— onde fraquezas e ameaças estão juntas: as estratégias devem buscar a sobrevivência ou a associação.

Esta é uma sugestão de análise primária. Você pode e deve desenvolver outras sem se prender à metodologia básica, fazendo as análises da particularidade do seu caso e de sua realidade.

ELABORAÇÃO DETALHADA DOS PLANOS DE AÇÃODefinir as ações talvez seja, para muitos, o mais fácil a fazer; contudo, são nelas que devemos nos debruçar, pois representam a fábrica que transforma os sonhos em realidade (imaginação em alvos concretos) para alcançar a visão de futuro.

O plano de ação deve conter:

· Ação: o que fazer.· Responsáveis: quem.· Metas: o que ser; o que ter.· Cronograma: quando.· Local: onde.· Indicador: por que fazer.

· Caminhos: prever problemas e alternativas – como fazer.

· Recursos, custo e outros: quanto.· Pessoas dispostas a ajudar e a quem pedir ajuda:

com quem contar.· Outros que julgar necessários ao seu projeto: sua

percepção sobre o assunto.

Page 36: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Planejamento e

Gestão Estratégica

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Planejamento e Gestão Estratégica

6968

AVALIAÇÃO, VALIDAÇÃO, REAVALIAÇÃO, REDEFINIÇÃO E GESTÃO.

“O gestor tem que buscar resultados efetivos, com, sem ou apesar das condições”.

Iniciativa com “acabativa”. Planejamentos ótimos – do ponto de vista técnico – sucum-bem em pouco tempo por não ter quem os acompanhe, impulsione ou não terem uma linha de chegada.

Lembre-se que a linha de chegada de um é a partida do outro, como um moto-contí-nuo – que não termina nunca. Então, esteja preparado; e prepare sua equipe para:

· Ouvir e agradecer.

· Selecionar e preparar líderes.

· Desenvolver, promover unidade e motivar equipe.

· Simplificar, delegar, cobrar ou trocar com rapidez, mas no tempo certo.

· Gerenciar o tempo, de acordo com gravidade, urgência e tendência.

· Conduzir, conciliando interesses com a preservação da identidade.

· Perseverar, apesar das oposições, distrações, difamações e do perigo – previna-se.

“Homens como eu não correm e se escondem”. (Neemias)

Monitorar cada etapa é de suma importância. As reuniões de Acompanhamento do Planejamento Estratégico (APE) devem ser realizadas com regularidade. Devem, inclusi-ve, fazer parte do planejamento.

Da mesma forma que é preciso grande esforço para construir um APE, é necessário um esforço maior para consolidá-lo e, principalmente, mantê-lo.

Buscando a excelência

O objetivo de todo este trabalho é a busca da “excelência” voltada para o bem comum. E, para alcançá-la, procuramos identificar alguns pilares capazes de conciliar a essência do público com as nuances da organização, a fim de darmos sustentação ao nosso trabalho.

Os cinco pilares que elegemos são:

· Empatia — Ver, “como que se colocando” no lugar do outro.

· Ética — Princípios ideais do comportamento humano.

· Envolvimento — Vínculos (elos) criados e fortalecidos.

· Eficiência — Realizar melhor e mais.

· Eficácia — Perpassar (ultrapassar) o alvo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:CAVALCANTE, A. O que realmente importa? Rio de Janeiro: Sextante, 2012. 144 p.

TOSTA, C. A. Planejamento e gestão estratégica. Rio de Janeiro: FGV, 2014. 60 p. :il.

CIRILO, F. Planejamento e gestão estratégica. Vitória-ES.

WARREN, R. Liderança com propósitos: princípios eficazes para o líder no século XXI. Tradução Jorge Alberto Russo. São Paulo: Editora Vida, 2008. 223 p. :il.

DIAMOND, J. O mundo até ontem: o que podemos aprender com as sociedades tradicionais? Tradução Maria Lúcia de Oliveira – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2014. 616 p. :il.

Page 37: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 2Planejamento e

Gestão Estratégica

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 2Planejamento e Gestão Estratégica

7170

ANEXOSEstratégia:

Descrição:

Indicador Resp.

P =

Prev

isto

R

= Re

aliz

ado

Metas Análise dos

RESULTADOS Área2016 2017 2018 2019

P

R

P

R

P

R

Ação Descrição Responsável Previsão Status

Status: PENDENTE — EXECUÇÃO — CONCLUÍDO

Estratégia: 1Plano: 3Objetivo:Responsável:Orçamento:Indicador:Situação atual:Meta:Líder do Plano:

Observações sobre o plano que o responsável pela área queira anotar:

Análise Crítica: PREENCHAR SEMPRE QUE HOUVER UMA ATIVIDADE, ORÇAMENTO OU META EM VERMELHO!

CRONOGRAMA/ORÇAMENTO:

Onde foi o desvio?

Meta, indic. orçam? Qual mês?

O que aconteceu?

Porque aconteceu? Como corrigir? Até quanto? Qual Custo? Aprovado?

ATIVIDADE

JAN

FEV

MA

R

ABR

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ STATUS DECLARAÇÃO PARA:

QUANDO: DECLARAÇÃO DECLARAÇÃO

Aprovado

ORÇAMENTO R$

R$

ATIVIDADE

JAN

FEV

MA

R

ABR

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ STATUS DECLARAÇÃO PARA:

QUANDO: DECLARAÇÃO DECLARAÇÃO

Aprovado

ORÇAMENTO R$

R$

2011 2012 2013 JAN

FEV

MA

R

ABR

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ META

20142015 2016 2017

META · · · 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 300 · · ·ACUMULADO 24 24RESULTADO 300

NÃO CUMPRIU

CUMPRIU

LEGENDA DO STATUSENTREGUE

ATRASADO

NÃO COMEÇOU

350

300

250

200

150

100

50

0

IND

ICA

DO

R/M

ÊS:

25 25 25 25 2525 25 2525 25 25

300

META

VENDA

24

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ META

DESEMPENHO/MÊS: INDICADOR: CRONOGRAMA: ORÇAMENTO:

Page 38: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

7372

Caderno 3• Noções de Marketing

Político Eleitoral• Oratória

DARCYcoleção

RIBEIRO

Page 39: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

7574

DARCYcoleção

RIBEIRO

Sobre o Autor: Texto produzido pela equipe da Fundação Leonel Brizola — Alberto Pasqualini (FLB-AP).

Caderno 3• Noções de

Marketing Político Eleitoral

CADERNO 3NOÇÕES DE MARKETING POLÍTICO ELEITORAL ....................................................... 73

A CAMPANHA ELEITORAL ........................................................................................... 77

AVALIAÇÃO DO CENÁRIO .......................................................................................... 77

O CENÁRIO ECONÔMICO SOCIAL MUNICIPAL .......................................................... 77

QUAIS INFORMAÇÕES QUE PODEMOS COLETAR PARA O PROCESSO ELEITORAL? ................................................................ 77

COMO OBTER AS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS DA REALIDADE MUNICIPAL? ............................................................. 78

CENÁRIO POLÍTICO ...................................................................................................... 78

A AVALIAÇÃO DA ATUAL ADMINISTRAÇÃO ............................................................. 78

AS EXPECTATIVAS DOS ELEITORES PARA A PRÓXIMA ADMINISTRAÇÃO ............... 80

AVALIAÇÃO POR GRUPOS E/OU PROFISSIONAIS .................................................... 83

O HISTÓRICO DO CANDIDATO ................................................................................... 84

COMO O ELEITOR VÊ O CANDIDATO? ....................................................................... 85

PLANO DE PREPARAÇÃO E MELHORIA DA IMAGEM DO CANDIDATO .................... 86

POR QUE É O MELHOR CANDIDATO? ....................................................................... 86

O MAPEAMENTO DO TERRITÓRIO ELEITORAL .......................................................... 87

O MAPEAMENTO DAS FORÇAS POLÍTICAS ............................................................... 88

O QUADRO POLÍTICO ELEITORAL DO MUNICÍPIO ..................................................... 90

REDES SOCIAIS ........................................................................................................... 91

ORATÓRIA ..................................................................................................................... 97

ORATÓRIA BÁSICA: PERDENDO O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO ............................................................................................... 97

ORATÓRIA .................................................................................................................. 97

ORIGEM ...................................................................................................................... 97

ELEMENTOS BÁSICOS DA ORATÓRIA ........................................................................ 97

CONCEITOS E FUNDAMENTOS ESSENCIAIS .............................................................. 98

LEMBRE-SE: VOCÊ PRECISA CONVENCER .................................................................. 99

CONSIDERAÇÃO FINAL .............................................................................................. 99

Page 40: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

7776

A CAMPANHA ELEITORAL

AVALIAÇÃO DO CENÁRIOUma boa campanha de Prefeito, Vice-prefeito ou Vereador começa com a realização de um diagnóstico – o mais detalhado possível – da realidade política, econômica e social do município.

O ideal em um processo eleitoral é que o candidato elabore um planejamento básico – que esteja bem organizado antes da homologação da candidatura na Convenção do Partido – que agregue as três principais etapas de uma campanha:

• pré-eleitoral;• eleitoral; e• pós-eleitoral.

O CENÁRIO ECONÔMICO SOCIAL MUNICIPALQual a realidade do município hoje?

O primeiro passo para a preparação da campanha é conhecer a realidade do município. O Candidato precisa demonstrar ao eleitor que conhece bem a situação de sua cidade.

As informações coletadas durante o processo pré-eleitoral podem servir para a elaboração do plano de mandato majoritário e proporcional; e até mesmo para elaboração do plano de governo local, como também contribuir na definição da marca, do slogan da campanha e do discurso do candidato.

QUAIS INFORMAÇÕES QUE PODEMOS COLETAR PARA O PROCESSO ELEITORAL?

• Como está a situação econômica do município hoje? • O município vive um processo de crescimento?• Quais os setores econômicos que estão em desenvolvimento?• Quais os setores que estão em declínio?• Existe desemprego no município?• Onde estão as maiores oportunidades de emprego?• Qual a vocação econômica do município? • Quais as potencialidades naturais e geográficas?• Quais os grandes problemas do município hoje? • Como está a saúde; a educação; a segurança; o saneamento básico; o meio

ambiente?

Page 41: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

7978

COMO OBTER AS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS DA REALIDADE MUNICIPAL?Levante e pesquise estudos e/ou diagnósticos realizados pela Prefeitura ou por entidades como universidades, Estado, institutos de pesquisa, associações de comerciantes, sindicatos etc.

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

MODELO AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICO MUNICIPAL

Município: ________________________ Data: _____/ _____/ _______

CENÁRIO POLÍTICO

A AVALIAÇÃO DA ATUAL ADMINISTRAÇÃOOs candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador devem realizar um processo reflexivo

crítico da atual gestão municipal. O ideal é o período se ampliar até as duas gestões municipais anteriores.

OBS: É muito importante para o candidato a vereador conhecer as ações realizadas pela Câmara Municipal local, como também as principais leis ou processos legislativos.

DOIS ENFOQUES PARA O PROCESSO AVALIATIVO

ATUAL GESTÃO (Visão Majoritária):

• Qual era o cenário político e econômico na ocasião da eleição que elegeu o atual prefeito?

• Por que o atual prefeito se elegeu?

• Quais eram as expectativas dos eleitores?

• Quais foram as principais propostas do candidato a prefeito?

• Qual foi o lema da campanha do candidato a prefeito vencedor?

• Quais foram as forças políticas que apoiaram o candidato a prefeito?

• Quais foram as principais estratégias da campanha do candidato a prefeito?

• Como o eleitor avalia hoje o prefeito e sua administração?

ATUAL GESTÃO (Visão Proporcional):

• Qual era o cenário político e econômico na ocasião da eleição que elegeu os atuais vereadores?

• Quais eram as expectativas dos eleitores?

• Quais foram as principais propostas dos vereadores eleitos?

• Quais foram os principais lemas das campanhas dos vereadores eleitos?

• Quais foram as principais estratégias da campanha dos vereadores eleitos?

• Como o eleitor avalia hoje a Câmara Municipal?

OBS: Esta avaliação pode ser feita por pesquisa de campo e por grupos qualitativos.

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

AVALIAÇÃO DA ELEIÇÃO ANTERIOR

QUAL ERA O CENÁRIO POLÍTICO?

Município: ________________________ Data: _____/ _____/ _______

COMO O ELEITOR AVALIA O PREFEITO ATUAL E SUA ADMINISTRAÇÃO? PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS

Page 42: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

8180

AS EXPECTATIVAS DOS ELEITORES PARA A PRÓXIMA ADMINISTRAÇÃOEm uma etapa preparatória de campanha eleitoral é muito importante para os candidatos conhecerem quais as principais expectativas do eleitorado.

Mesmo não estando em campanha oficial, os candidatos estarão participando de eventos, reuniões, entrevistas; e farão visitas à lideranças políticas, econômicas e sociais – respeitando, naturalmente, a lei eleitoral do país e seus devidos prazos.

Lembre-se... As opiniões, convicções políticas e sociais dos candidatos serão ouvidas, anotadas, divulgadas e lembradas. Se estiverem de acordo com as expectativas da maioria dos eleitores, certamente ajudarão a fortalecer a imagem do candidato.

A PREPARAÇÃO DOS CANDIDATOS

“Ano eleitoral não é tempo de plantar. É tempo de colher o que se plantou ao longo da vida”.

“Em política, o candidato é exatamente o que os eleitores veem e acreditam que ele seja”.

COMO VOCÊ ORGANIZOU A SUA TRAJETÓRIA COMO CANDIDATO?

• O que você defende e acredita?• Quais são as suas qualidades?• Quais são os seus defeitos?• Como você avalia a sua personalidade?• Como os outros avaliam a sua personalidade, qualidades, defeitos e crenças/

ideologia?• Como você avalia a sua aparência, postura, capacidade de inter-relacionamento?• Qual é a sua principal ação ou contribuição para a sua cidade? • O que te marca?• Em que segmento ou segmentos você se destaca?• Qual a imagem que o eleitor tem do candidato?

• Prefeito:• O eleitor vê em você o perfil para ser o prefeito do seu município?• O eleitor vê você preparado para administrar o seu município?

• Vereador: • O eleitor vê em você o perfil para ser legislador do seu município?• O eleitor vê você preparado para legislar e fiscalizar as ações do Executivo do seu

município?

Lembre-se...

Você poderá conquistar votos por vários motivos; mas só receberá a votação necessária para se ganhar uma eleição se o eleitorado concluir que você é a melhor opção como candidato: identificando-se com suas causas, ideologias, planos, ações e objetivos.

COMO CANDIDATO VOCÊ DEVE SE PREPARAR:

• Ter personalidade marcante;

• Mostrar que está preparado para o mandato;

• Ter espírito de estudo;

• Buscar somar experiências;

• Conhecer bem o seu município;

• Ter humildade, simpatia, firmeza, simplicidade.

AUTOAVALIAÇÃO

É possível se ver candidato com potencial de perder voto? Isso ocorre devido à insis-tência na não correção ou modificação de algumas ou pequenas deficiências pessoais.

Disponibilizamos uma série de perguntas que poderão ajudar a identificar defeitos e qualidades de um candidato. Para cada pergunta o candidato poderá marcar SIM ou NÃO na coluna correspondente.

Lembramos que esta etapa é um levantamento das qualidades e defeitos dos candida-tos majoritário e proporcional; e que o eleitor quer e busca candidatos cada vez melhores e comprometidos com suas causas e com as causas da comunidade.

Lembre-se...

Se o candidato tiver dificuldade para responder as perguntas abaixo, peça ajuda de uma pessoa que o conhece bem. Muita seriedade e humildade na hora da autoavaliação.

Depois de responder a todas as perguntas, utilize também o quadro de “Qualidades e Defeitos – Como estou hoje?”. Relacione as suas principais qualidades e deficiências.

OBS: As qualidades descritas no quadro devem ser anotadas, e usadas na construção da imagem do candidato; e as deficiências devem ser analisadas com muito cuidado para correção imediata.

Realizando a autoavaliação o candidato deve elaborar imediatamente um Plano de Melhoria da sua imagem. Caso tenha recurso disponível, procure a ajuda de profissionais do comportamento e comunicação para treinar o candidato.

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

AUTOAVALIAÇÃO DO CANDIDATO Data: _____ / _____ / _______

COMO SOU EU? Sim Não

1. Sou uma pessoa de boa aparência: limpo, higiênico e arrumado?

2. Sei me vestir adequadamente para cada ocasião?

Page 43: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

8382

3. Tenho bons modos, boa postura, gestos e andar?

4. Tenho uma fisionomia agradável? Sou uma pessoa simpática?

5. Tenho o hábito de cumprimentar as pessoas com cordialidade?

6. Sou o tipo de pessoa que tem facilidade para fazer contatos e se relacionar com outras pessoas?

7. Sou uma pessoa que tem um bom equilíbrio emocional?

8. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Ele é uma pessoa educada”.

9. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Ele é uma pessoa inteligente”.

10. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Ele é uma pessoa humilde”.

11. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Ele é uma pessoa que tem uma vida exemplar”.

12. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Ele é muito trabalhador”.

13. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Gosto de ouvi-lo falar”.

14. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Ele tem um bom papo”.

15. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Ele sempre me tratou muito bem”.

16. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Ele sempre cumpre o que promete”.

17. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Admiro-o! É um grande vencedor”.

18. Sou o tipo de pessoa em que o eleitor pode afirmar: “Confio nele. Será um bom prefeito ou um bom vereador ”.

COMO ESTOU HOJE?

MINHAS QUALIDADES MINHAS DEFICIÊNCIAS

AVALIAÇÃO POR GRUPOS E/OU PROFISSIONAISEsta é a forma mais eficiente de Análise do Perfil do Candidato: reunir um grupo de pessoas que conheça e conviva com o candidato para analisar os aspectos positivos e negativos de sua personalidade, como a aparência, postura, comunicação, relacionamento, temperamento e outros fatores que são importantes na formação da sua imagem.

Uma boa dica é formar grupos de várias localidades e de várias profissões com o objetivo de identificar a imagem que o eleitor faz do candidato. Se possível, dentro de uma linha orçamentária existente na campanha do candidato, é aconselhável que este grupo de análise seja conduzido por um profissional da área política, do marketing e psicologia.

AVALIAÇÃO DE GRUPO

Disponibilizamos um questionário que ajudará na construção da autoavaliação em grupo.

Lembramos que deverão ser analisados os resultados de pesquisas feitas para identificar a imagem que o eleitor faz do candidato – não identificando apenas as deficiências; mas também, e principalmente, os aspectos positivos.

As informações obtidas nos questionários (autoavaliação e avaliação de grupo) serão utilizadas para a elaboração do Plano de Melhoria Pessoal do Candidato.

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

PERFIL PESSOAL DO CANDIDATO

AVALIAÇÃO DE GRUPO Data: _____ / _____ / _______Precisa

Melhorar

Sim Não

1. Aparência: limpo, higiênico e arrumado.

2. Maneira de se vestir.

3. Postura: gestos, andar, bons modos (educação).

4. Forma de cumprimentar e agradecer as pessoas.

5. Fisionomia, simpatia.

6. Sociabilidade, facilidade para contatos e relacionamento.

7. Controle e equilíbrio emocional.

8. Comunicação.

a) Tom de voz, forma de se expressar.

b) Vocabulário.

c) Forma de discursar.

d) Capacidade para debates.

Page 44: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

8584

e) Saber ouvir.

9. Conhecimentos e cultura geral.

10. Organização pessoal.

a) Organização da agenda.

b) Cumprimento dos horários e compromissos.

Anotações

O HISTÓRICO DO CANDIDATOConstruir uma imagem baseada na maneira de ser e de se relacionar com outras pessoas faz parte do processo de fortalecimento e preparo de um candidato, paralelo ao seu histórico profissional e pela sua atuação política e comunitária.

Se o candidato já participou ou participa da vida política municipal (tendo atuação ativa em entidades comunitárias, por exemplo), a sua imagem foi, é, ou será construída não só pelo seu real comportamento e desempenho, mas também por aquilo que os adversários e a própria imprensa local pregaram e divulgaram sobre ele, influenciando forte ou fracamente na opinião dos eleitores.

É por isto que se diz:

“Em política, o candidato é exatamente o que os eleitores veem e acreditam que ele seja”.

O QUE LEVANTAR

• É importante identificar os fatos positivos e negativos da sua trajetória política. O candidato precisará ter de forma imediata respostas ou justificativas referentes aos fatos e temas correntes ou passados.

• É preciso identificar os fatos relevantes:

— conquistas;

— méritos;

— as posições em defesa de causas sociais;

— a trajetória política.

OBS: Estes dados deverão ser utilizados na elaboração do currículo que será apresentado na campanha e para valorizar a imagem do candidato.

• Identificar fatos e acontecimentos negativos (sobretudo aqueles que já foram ou poderão ser de domínio público).

OBS: Provavelmente os adversários irão utilizar esses fatos para denegrir a imagem do candidato. Por isto é preciso analisá-los e preparar as estratégias para a defesa ou para neutralizá-los.

COMO O ELEITOR VÊ O CANDIDATO?A melhor maneira de descobrir o potencial do candidato é por meio de pesquisas, sejam elas simples ou complexas, impessoais ou profissionais.

Tendo recursos na campanha, o candidato não deve desprezar o uso das pesquisas de opinião realizadas por institutos de pesquisa ou empresas tecnicamente preparadas para este fim.

Caso o candidato não tenha recurso suficiente para a realização de uma pesquisa profissional, recorra à pesquisa informal no reduto de maior influência eleitoral, registrando a opinião daqueles que fazem parte do reduto do candidato ou são lideranças ou formadores de opinião.

Os resultados destas pesquisas deverão ser utilizados na elaboração do Plano de Preparação do Candidato e de melhoria da sua imagem.

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

HISTÓRICO DO CANDIDATO Data: _____ / _____ / _______

Fatos positivos

Fatos negativos (confidências)

Page 45: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

8786

PLANO DE PREPARAÇÃO E MELHORIA DA IMAGEM DO CANDIDATO

A autoavaliação, avaliação de grupo e pesquisas de opinião nos mostram o potencial de sucesso de um candidato a vereador, prefeito ou vice-prefeito. Devemos relacionar os aspectos negativos, as deficiências e definir a maneira de preparar o candidato de forma rápida e eficiente.

Algumas pessoas possuem dificuldades em aceitar suas deficiências e são resistentes no aspecto mudança. Por isto, é preciso ter muito cuidado no tratamento dos problemas.

O ideal é buscar profissionais com credibilidade para fazer a preparação, tendo o máximo de profissionalismo no processo eleitoral.

Lembre-se que campanha é um processo desgastante para o candidato e para as inúmeras pessoas que, direta ou indiretamente, fazem parte do projeto do ganho eleitoral e as falhas devem ser mínimas durante o processo.

Vale sempre lembrar o sábio provérbio “Santo de casa não faz milagres”. Quanto mais profissional for a campanha, melhor será o resultado esperado.

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

O PLANO DE MELHORIA Data: _____ / _____ / _______

DEFICIÊNCIA O QUE FAZER PARA MELHORAR

POR QUE É O MELHOR CANDIDATO?O objetivo de qualquer candidato é ganhar a eleição; e esta se ganha conquistando a maioria dos votos. Para ganhar a maioria dos votos é preciso conquistar a maioria dos eleitores.

VOTO CONTA-SE UM POR UM E NÃO POR LOTE!

A maioria dos eleitores necessitará ser conquistada e convencida e todos precisarão ver e se convencer de que você é o melhor candidato (a melhor opção).

Depois das avaliações e da elaboração do Plano de Melhoria é hora de transformar o candidato em um produto do “mercado eleitoral”.

Pense...

• E quem é o melhor candidato?

• O que sensibiliza o eleitor?

Respostas:

a) A personalidade do candidato: sua aparência, sua postura, sua educação, suas qualidades pessoais e sua capacidade de relacionamento;

b) Seu currículo: o eleitor deve reconhecer a competência do candidato como alguém que faz;

c) O conhecimento do município: o candidato deve demonstrar que conhece muito bem o seu município – sua história, seu povo, seus problemas e as propostas de solução;

d) O carisma: o candidato precisa demonstrar liderança, proatividade, energia positiva, simpatia;

e) A comunicação: saber ouvir, saber conversar, saber discursar.

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

POR QUE É O MELHOR CANDIDATO Data: _____ / _____ / _______

O MAPEAMENTO DO TERRITÓRIO ELEITORALO mapeamento territorial é de fundamental importância para o planejamento da campanha e para conhecer a densidade eleitoral do candidato no momento. Nesta fase preparatória da campanha, pode ser feita uma pesquisa para saber como está o candidato em cada região, em cada bairro.

Como fazer isto?

• Dividir o município por regiões. Geralmente a divisão é feita por bairros;

• Pesquisar o número de habitantes/eleitores de cada bairro;

• Fazer uma pesquisa de intenção de votos, levando em consideração o número de eleitores de cada região;

• Identificar também o percentual de rejeição;

• Na pesquisa deverão ser incluídos os demais prováveis candidatos.

Page 46: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

8988

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

O MAPEAMENTO DO TERRITÓRIO ELEITORAL Data: _____ / _____ / _______

REGIÃO POPULAÇÃO Nº ELEITORES PERCENTUALSOBRE O TOTAL

PESQUISA: DENSIDADE ELEITORAL DO CANDIDATO Data: _____ / _____ / _______

REGIÃO/BAIRRO ELEITORES ÍNDICES

Nº TOTAL % ACEITAÇÃO

% REJEIÇÃO

O MAPEAMENTO DAS FORÇAS POLÍTICAS

“O Candidato será bom de voto se tiver apoio de pessoas que sejam boas de voto”

Ninguém ganha uma Campanha eleitoral sozinho. O candidato deverá ter, em cada região, em cada bairro, os seus multiplicadores de votos. É na etapa preparatória da campanha que se deve identificar os possíveis colaboradores e multiplicadores.

Vale lembrar que os candidatos adversários também estarão, como todos os nossos candidatos, em todas as regiões do município, buscando o apoio das lideranças.

Como fazer um bom processo de levantamento de lideranças?

• Identificar nomes de pessoas que já foram candidatos a prefeito, vice, vereador, em outras eleições; e lideranças partidárias;

• Relacionar as pessoas que ocupam cargos de diretoria de entidades da comunidade;

• Identificar as lideranças das famílias, dos jovens, dos idosos, dos grupos de mulheres;

• Relacionar os possíveis candidatos a vereador;

• Relacionar os cabos eleitorais tradicionais.

OBS: Fique atento, pois existem pessoas que tentam se beneficiar financeiramente do candidato para resolver problemas pessoais na garantia de ter influência ou uma quantidade segura de votos.

Ninguém tem segurança de voto.Voto é individual e se conquista no convencimento.

Compra de voto é crime e deve ser combatido!

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

O MAPEAMENTO DE FORÇAS POLÍTICAS Data: _____ / _____ / _______

Região

População

Nº Eleitores

1. LIDERANÇAS POLÍTICAS

Nome Representatividade

2. LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS

Nome Entidade que representa

Page 47: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

9190

3. POSSÍVEIS CANDIDATOS(AS) A VEREADORES(AS)

Nome Sigla Representatividade

O QUADRO POLÍTICO ELEITORAL DO MUNICÍPIOCampanha majoritária:

Na maioria das campanhas majoritárias, as possíveis coligações são definidas nos últimos dias antes das convenções partidárias.

Formar a melhor coligação ou ter o apoio das principais forças políticas do município proporciona ao candidato a perspectiva e a expectativa da vitória.

Por isto é muito importante levantar o quadro político eleitoral do município:

• Quais os partidos existentes? Quantos filiados?

• Quem são suas lideranças?

• Quais os nomes dos possíveis candidatos a prefeito, a vice e vereador?

• Qual foi o desempenho do partido na última eleição?

• Qual é a tendência de coligação de cada partido?

OBS: O quadro político eleitoral deve ser muito bem avaliado pelo candidato e seus principais assessores.

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

ETAPA PREPARATÓRIA DO PROCESSO ELEITORAL

O QUADRO POLÍTICO PARTIDÁRIO DO MUNICÍPIO Data: _____ / _____ / _______

PARTIDO Nº DE FILIADOS PRINCIPAIS LIDERANÇAS

REDES SOCIAISPré-campanha eleitoral em redes sociais

O candidato deve se atentar a todas as regras e legislação referente ao uso da internet em pré-campanha eleitoral.

Devido ao caráter dinâmico e ao fato de as normas sempre estarem em discussão, é de extrema importância que se tenha uma postura ética perante o uso de redes sociais e de todos os outros meios eletrônicos.

Redes Sociais durante a campanha eleitoral

As redes sociais são ferramentas importantes no processo de divulgação das propostas e teses do candidato durante o período eleitoral. Para isto, o candidato deverá definir alguns passos:

Primeiro passo: Quem cuidará da imagem, contatos e postagem das redes sociais do candidato? O próprio candidato, assessores ou terceiros (parentes, amigos, empresas)?

Segundo passo: Quais são os objetivos e o público-alvo do candidato nas redes sociais. O candidato não poderá esquecer que serão compartilhados dados da campanha, fotos, propostas e que tudo estará disponível para elogios, críticas, colaboração, perguntas e dúvidas.

Terceiro passo: Defina a rede social que será utilizada na campanha. Existem inúmeras redes de relacionamento atualmente. Portanto, observe se o perfil da rede escolhida corresponde aos objetivos e públicos definidos para o processo de construção da campanha eleitoral. Antes de tomar a decisão quanto à rede que será utilizada na campanha, responda algumas perguntas:

• Que tipo de informação vou compartilhar durante a minha campanha?

• Vou utilizar informações pessoais, políticas ou profissionais na rede?

• Utilizarei a rede para assuntos pessoais, familiares, políticos, profissionais; ou apenas para expor temas e teses da campanha?

• Deixarei dados pessoais como aniversário, telefone, endereço, formação profissional

Page 48: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Noções de Marketing

Político Eleitoral

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Noções de Marketing Político Eleitoral

9392

ou política para que qualquer pessoa veja?

• Adicionarei qualquer pessoa ou farei seleção dos usuários da rede?

• De quanto tempo terá o candidato ou sua assessoria para acessar e atualizar a rede social?

• O candidato conseguirá postar nas redes sociais sem a ajuda de alguém?

• Precisará de ajuda ou de uma assessoria durante a utilização da rede social?

• Terá pessoas competentes e com habilidades em informática para ajudar quanto ao uso das redes sociais?

• Utilizará contas em diferentes redes ou concentrará em uma ou em algumas redes sociais?

Pense nisso...

Talvez uma boa estratégia para o processo eleitoral seja separar a conta pessoal já existente em uma rede da conta de campanha eleitoral que será criada exclusivamente para o processo eleitoral.

Muitos não conseguem separar o processo eleitoral da vida familiar ou até profissional e isto poderá trazer problemas para o candidato durante a disputa eleitoral.

Cuidados com a imagem do candidato

A avaliação quanto à exposição do candidato por imagens através de fotos ou vídeos deverá ser estudada caso a caso.

Dependerá da estratégia de campanha do candidato definir os critérios da divulgação de ações, visitas, agendas, discursos e demais compromissos eleitorais.

Lembre-se de classificar as fotos e vídeos de acordo com os eventos. Não misture datas e acontecimentos. Demonstre organização quanto aos registros de campanha, através da data e de um breve histórico do acontecimento, procurando ser o mais profissional possível no trato das fotografias, produção de vídeos e divulgação dos mesmos nas redes.

Cuidados com senhas de segurança nas redes sociais

O processo de utilização das redes sociais em uma campanha política vem aumentado a cada eleição; e o cuidado com as senhas é sempre importante.

O candidato terá um leque de opção na hora de escolher quais as redes sociais que utilizará em sua campanha; por isto, é sempre bom utilizar senhas seguras e diferentes para cada tipo de rede que o candidato utilizar.

Evite senhas fáceis ou iguais para todas as redes; assim o candidato diminui os riscos e constrangimentos futuros através de uma invasão em sua rede de relacionamento.

Observe o nome do candidato nas redes sociais

O candidato deverá observar o processo de identificação de sua imagem na rede que escolher para campanha eleitoral.

Ninguém quer ser confundido com outra pessoa por causa de homônimos – muito menos um candidato a vereador, prefeito ou vice-prefeito. Então, preste atenção nisso e solicite ajuda para montar a melhor estratégia com relação nome político que será utilizado.

Solicitações de amizades e contatos nas redes sociais

Solicitação de amizade nas redes sociais é muito comum e o candidato deverá ter cuidado com isso.

Por mais que as redes tenham ferramentas de segurança para evitar constrangimentos aos seus usuários, o candidato deve ficar atento às solicitações de amizades durante a campanha.

Ao aceitar uma solicitação de amizade, o candidato permite a todos acessarem a sua vida e intimidade; terem acesso aos seus amigos, conhecidos, familiares. Tudo isto aumenta a possibilidade de que esta exposição traga problemas ou constrangimentos futuros.

Fale sempre a verdade

A maior cobrança a um candidato durante sua vida política é com relação à verdade.

Dificilmente um candidato terá sucesso respaldando suas ações em mentiras ou falsidades na rede, dando valor a boatos, mentiras, fatos sem provas, deduções ou fofocas.

O candidato deve ser verdadeiro. Isto lhe trará credibilidade e personalidade na hora de convencer o eleitorado através da internet.

Lembre-se...

Qualquer pessoa tem o direito de não divulgar informações pessoais, profissionais ou políticas. Escolha não divulgar informações ao invés deturpar, inventar ou mentir na rede.

Publicações nas redes

O candidato deverá ter atenção no momento de publicar mensagens, fotos ou até vídeos nas redes sociais.

Antes de enviar qualquer conteúdo, reflita se este será útil ou trará interesse por parte da rede de pessoas que acompanham a campanha.

Avalie o valor e o benefício político e eleitoral de cada futura publicação.

Procure ler e reler, ver e rever todos os conteúdos que serão postados; e tome cuidado com informações que não possuem origem. Na dúvida, não publique!

Page 49: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Oratória

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Oratória

9594

DARCYcoleção

RIBEIRO

Sobre o Autor: Paulo Ottaran, Graduado em Jornalismo pela PUC/RS e em Direto pela Universidade Católica de Brasília, é radialista há mais de 30 anos com atuação em Rádio, Televisão, Mídia Impressa e Eletrônica. Instrutor de Oratória e preparação de quadros políticos na Fundação Alberto Pasqualini (RJ). Criador da Oficina de comunicação FALE FÁCIL!, que tem percorrido todas as regiões do país, há 10 anos é apresentador titular de A VOZ DO BRASIL, além de integrar o cast do Cerimonial Oficial da Câmara dos Deputados e moderador contratado para Debates e Workshops. Na Fundação Brizola/Pasqualini é moderador na formação de quadros políticos com a aplicação do Curso de Oratória. Este curso de publicação livre na internet teve, somente no canal do YouTube, cerca de 50 mil visualizações e 70% deste total, downloads. Mais informações sobre seu trabalho no site pessoal http://www.pauloottaran.com.br.

Caderno 3• OratóriaCADERNO 3

NOÇÕES DE MARKETING POLÍTICO ELEITORAL ............................................................ 73

ORATÓRIA .......................................................................................................................... 95

ORATÓRIA BÁSICA: PERDENDO O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO! ........................... 97ORATÓRIA .................................................................................................................... 97ORIGEM ........................................................................................................................ 97ELEMENTOS BÁSICOS DA ORATÓRIA .......................................................................... 97CONCEITOS E FUNDAMENTOS ESSENCIAIS ................................................................. 98LEMBRE-SE: VOCÊ PRECISA CONVENCER .................................................................... 99CONSIDERAÇÃO FINAL ................................................................................................ 99

Page 50: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

9796

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

ORATÓRIA BÁSICA: PERDENDO O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO!

ORATÓRIANa mais correta acepção da palavra, Oratória é a arte de falar em público de modo elo-quente; e, desta forma, informar, influenciar ou entreter os ouvintes. É um conjunto de re-gras e técnicas adequadas que, num discurso, fazem destacar a fluência e a percepção de uma pessoa e seu poder de convencimento.

ORIGEM A prática da Oratória vem da Grécia Antiga. Para um orador romano, oratória era pré-requi-sito para sua permanência em qualquer posto. A facilidade de se expressar era considerada uma importante habilidade para a vida pública e privada. Talvez, por isto, até hoje, os estu-diosos considerem ícones na oratória, Aristóteles, Cícero e Quintiliano.

ELEMENTOS BÁSICOS DA ORATÓRIANa oratória, existem elementos básicos que norteiam sua condução; pelos quais é possível entender melhor como se dá, como se pratica e como se fundamentam seus conceitos:

• “quem diz “

• “o que diz”

• “a quem diz”

• “por que meio”

• “de que forma”

Bons oradores são aqueles capazes de alterar as emoções dos seus ouvintes; e não ape-nas informá-los. Entre as personalidades que ficaram famosas pelos dotes como grandes oradores estão Demóstenes e Cícero.

Page 51: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 3Oratória

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 3Oratória

9998

Demóstenes — Segundo a mitologia grega, Demóstenes perdeu o pai logo aos sete anos de idade, e viu sua heran-ça roubada por seus tutores. Durante sua infância, assistiu a um julgamento no qual um orador chamado Calistrato teve um desempenho brilhante e, com sua defesa, conseguiu reverter o resultado que era desfavorável ao réu. Ele então invejou a glória do Orador, ao ver a multidão escoltá-lo e felicitá-lo; e ficou ainda mais impressionado com o poder da palavra e a fluência oral que parecia capaz de mudar todo cenário de um julgamento, como num passe de mágica. Ali-mentou, então, a esperança de se tornar um grande orador, mas esbarrava neste sonho pessoal, devido à sua gagueira. Conta-se que a força de perseverança de Demóstenes fez com que superasse a gaguez, declamando poemas enquan-to corria na praia contra o vento; e também – sendo este o fato mais conhecido – forçando-se a falar com seixos na boca. Não em pouco tempo, mas encontrando em si mesmo ferramentas capazes de driblar as dificuldades e com enor-me esforço pessoal, Demóstenes venceu a gagueira e se tor-nou o maior orador da Grécia.

CONCEITOS E FUNDAMENTOS ESSENCIAISÉ imprescindível que, no processo de treinamento e capacitação para Oratória, levemos em consideração alguns fundamentos essenciais:

1. Comunicação não tem segredo, tem técnicaQuando você começar a se descobrir, encontrará por si mesmo a técnica adequada

para superar suas limitações. Cumpra-a à risca e dedique-se, o máximo que puder, a fazer com que dê certo.

2. A chave para enfrentar o medo é a preparaçãoSabe aquela justificativa de que “de nada adianta confiar em Deus, se você não faz a

sua parte que é rezar...”? A única forma de enfrentar o medo é se preparar. Por isto, treinar é fundamental. Ao treinar: errou? Não gostou? Repita... Faça tantas vezes quanto for suficien-temente necessárias.

3. A Comunicação não é apenas verbal; é linguagem corporalProcure eliminar os “tiques”. Mãos e expressões faciais falam mais do que você. Em al-

guns casos, falam por você. Por isto, o espelho é importante para delimitar seu improviso. De todas as ferramentas, ele é o único que não vai te enganar.

4. Conhecer o público a quem vai se dirigir é fundamental Antes de ir a um encontro, ou a uma apresentação, tome conhecimento de que tipo de

público o espera. Seu comportamento vai variar de acordo com a plateia. Se não conhecer ninguém, ao chegar ao local, procure saber um pouco sobre o evento, sobre o local e sobre as pessoas. Pequenas considerações do ambiente podem fazer uma grande diferença.

5. Não existe fórmula de sucesso, mas excelência e primor no desempenhoUma pessoa sempre será diferente da outra. As dores de cabeça de um podem ser co-

muns a outras pessoas. Em uma campanha eleitoral, as concepções são individuais. Isto sig-nifica dizer que você precisa ter excelência em sua apresentação, porque é ÚNICO. E, como tal, precisa reunir todo o conhecimento adquirido, toda a técnica individual criada para o

seu perfil e ficar o mais à vontade possível – dentro dos limites básicos de comportamento.

6. Deixar uma boa impressão é fundamentalLembre-se: ninguém é perfeito. Embasado nisto, procure sempre ser o mais natural

possível. É, no mínimo, deselegante falar sobre algo que não tem conhecimento ou tentar responder a qualquer sorte. É fundamental a humildade de reconhecer que desconhece determinado assunto ou que não entendeu uma pergunta feita. Evitar enfrentamento com temas polêmicos lhe poupará consequências danosas; e mostrará equilíbrio e serenidade. Lembre-se sempre: a primeira imagem é a que fica.

LEMBRE-SE: VOCÊ PRECISA CONVENCERAntes de ser candidato a prefeito ou vereador, você é candidato a convencer você mesmo de que tem condições de exercer esta função. Toda a força inspiradora e estimuladora que está dentro de você precisa aflorar, de modo a você se tornar uma pessoa leve, convincen-te e eficiente na forma de fazer chegar sua mensagem ao eleitor.

CONSIDERAÇÃO FINALAvalie estes três pontos circunstanciais e tente respondê-los sem pensar muito. A resposta que você der a cada uma destas questões será a chave principal da sua cami-nhada:

• Se você estivesse no lugar do seu eleitor, votaria num candidato como você?

• Se a resposta for SIM, relacione alguns fatores que possam ser classificados como determinantes para o seu voto;

• Se você conseguisse eleger um Prefeito (ou um Vereador) como você, o que exigi-ria dele como compromisso de mandato?

Page 52: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Movimentosdo PDT

DARCYcoleção

RIBEIRO

CADERNO 4MOVIMENTOS DO PDT ................................................................................................ 101

AÇÃO DA MULHER TRABALHISTA - AMT ................................................................. 103

PDT DIVERSIDADE ...................................................................................................... 106

MOVIMENTO SINDICAL PDT ...................................................................................... 109

MOVIMENTO NEGRO PDT ......................................................................................... 114

O MOVIMENTO COMUNITÁRIO E SUAS PERSPECTIVAS ........................................... 116

MAPI - MOVIMENTO DE APOSENTADOS, PENSIONISTAS E IDOSOS PDT ............... 117

JUVENTUDE SOCIALISTA: GRANDE COMO O BRASIL ................................................ 118

Page 53: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

103102

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

Ação da Mulher Trabalhista - AMTA fundação do movimento de mulheres pedetistas inicia-se com a formação de grupos de mu-lheres nas capitais dos estados, acompanhando o movimento geral da sociedade. A partir daí se organizavam nos estados, expandindo para os demais municípios. Somente depois de alguns estados com grupos de mulheres se organizando é que a constituição de uma entidade nacional começa a tomar corpo.

A princípio, existiam movimentos e nomenclaturas variadas, assim como direções com visões políticas distintas. Era necessário um investimento para a unificação dos movimentos estaduais.

O primeiro roteiro nacional, pelos estados, foi feito para mobilização e organização dos mesmos para o Congresso Nacional. Tal iniciativa foi estimulada e fortalecida pelo líder Brizola, que forneceu o investimento estrutural necessário. Até então, os estados que tinham AMT or-ganizada (seja com a nomenclatura que fosse) não se relacionavam entre si: não havia troca de ideias/experiências ou unidade em torno de bandeiras comuns. Mesmo quando se encontravam em atividades do Partido, não havia espaços de discussão para as mulheres.

Nesta oportunidade, foram visitados os 27 Estados; mas as reuniões eram organizadas pelos homens do Partido, uma vez que na ampla maioria dos Estados não havia AMT formada. Essas re-uniões aconteciam na sede do Partido, nos estados em que havia uma; em outros, eram feitas em instituições públicas, como Assembleia Legislativa ou Câmara de Vereadores e prédios escolares.

O objetivo das reuniões era explicar um pouco sobre a organização do movimento, e definir uma Comissão Provisória para dar andamento no trabalho. Nesta oportunidade, eram levados para o Estado uma bandeira e um estatuto da AMT para conhecimento. Ao final das reuniões estaduais, não se identificava muita mobilização para andamento do trabalho; todavia, foi neste roteiro que muitos Estados organizaram seus movimentos de mulheres. No Congresso Nacional se definiu o nome do movimento passando a se chamar Ação da Mulher Trabalhista.

A princípio, a organização do movimento em torno da executiva de mulheres era centrada na figura da presidente, que realizava um papel bastante tradicional. A presidente da AMT não concretizava um trabalho efetivo no movimento, não tinha expressão interna no partido, tão pouco participava das campanhas eleitorais subindo nos “palanques”, estimulando candidaturas femininas; assim como não tinha envolvimento com movimentos sociais para fora do Partido.

Desta forma, a expansão e o fortalecimento do movimento se encaminharam através desse roteiro, com a participação dos estados nos Congressos Nacionais; bem como com a conquista de alguns homens como parceiros do movimento.

Importante ressaltar que os enfrentamentos realizados pelo companheiro e presidente Lupi, ao decidir ficar ao lado da luta das mulheres por participação política nos espaços de decisão, é considerado um marco nas conquistas internas do movimento.

Foi a partir do tensionamento do movimento que ele incorporou o discurso e os valores imbricados na luta pela igualdade, que hoje culminaram no investimento alto em qualificação para militantes da AMT, além da abertura de espaços importantes para as mulheres, tais como a Vice-presidência nacional do Partido.

Desde sua fundação, a Ação da Mulher Trabalhista acompanhou o movimento geral da socie-dade; portanto, as demandas do movimento tinham dois focos principais: a participação política interna e a luta por igualdade mais ampla. No que diz respeito à participação política interna, esta foi se consolidando na medida em que o movimento passou a se tornar mais orgânico — não só como segmento específico organizado; mas, acima de tudo, como grupo organizado dentro do Partido que se mobiliza em torno das pautas e bandeiras comuns do PDT e dos trabalhadores.

Page 54: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

105104

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

Neste sentido, a Ação da Mulher Trabalhista continua lutando por visibilidade e valorização do movimento nos estados. Em alguns casos, ainda se depara com muitas barreiras promovidas pelo machismo e pela homofobia.

As direções nacionais do PDT e da AMT têm se mobilizado para enfrentar o preconceito, não apenas como medida de avanço do movimento no país; mas, acima de tudo, como valor central do Partido na busca de uma sociedade mais justa e igualitária.

No que se refere à luta por igualdade, esta se dá em diversas esferas da vida social, reque-rendo que a AMT se envolva com o movimento feminista e dos trabalhadores para além das fronteiras partidárias.

Uma das principais bandeiras do PDT é a educação; logo, a AMT intensifica sua participação nesse debate pelo viés da educação Integral e não sexista. Defende a criação de escolas de edu-cação infantil em tempo integral; a garantia de escolas de educação integral, em tempo integral; a ampliação da rede de educação inclusiva; bem como a inclusão do tema de direitos humanos, com recorte para Lei Maria da Penha, nos currículos escolares desde a educação infantil.

A luta ao lado dos trabalhadores é posição central que orienta a direção social, política e ideológica do Partido; por esta razão, a busca incessante pela igualdade no trabalho se faz pre-sente como uma das bandeiras principais do nosso movimento. A AMT vem lutando pela criação de espaços de qualificação profissional para mulher, bem como de criação de mecanismos de atendimento à mulher vítima de assédio ou discriminação no ambiente de trabalho.

Na história do movimento de mulheres, é possível identificar a presença constante das pautas que tratam da saúde — não só do seu acesso e garantia ou pela defesa do SUS; mas tratando de pontos ainda polêmicos, como a garantia de prática legal do aborto terapêutico. A AMT introduziu, há muito tempo, o debate — nos seus fóruns de discussão e nas formações para as agentes públicas — a respeito da defesa de vacina para meninos e meninas para prevenção do HPV.

No movimento feminista, uma das principais bandeiras de luta é o enfrentamento à violên-cia, voltando sua participação para a criação de Centros de Referência e Atendimento à Mulher, em âmbito estadual, municipal e regional. Além disto, reivindica-se a qualificação da rede de segurança pública, com aparelhamento estrutural e formativo, para o atendimento à mulher vítima de violência.

Estas são algumas das bandeiras mais defendidas pela Ação da Mulher Trabalhista; mas não todas. Para sua materialização é necessária a participação política da mulher; assim como a transversalidade nas políticas públicas, com recorte ou não de gênero, que visem a dar mais acesso a bens e recursos públicos ao conjunto das mulheres.

A AMT tem se engajado há anos na criação e participação dos Conselhos de Direitos da Mu-lher, bem como nas Conferências de Políticas Públicas para as Mulheres, em âmbitos municipal, estadual e nacional.

A participação política não pode se restringir ao universo partidário: tão pouco pode ocorrer descolado de seus valores e princípios. Seu aprofundamento e ampliação são essenciais. Dentre as ações vislumbradas, encontra-se a criação das procuradorias da mulher no Poder Legislativo. O que nos remete ao debate atual sobre o sistema político e a participação das mulheres.

Este não é um debate novo; mas, sem dúvida, ainda necessita de muita discussão na so-ciedade — não só no que se refere à inserção política da mulher, mas também sobre o todo do sistema político vigente.

Algumas questões têm sido debatidas e levantadas como bandeiras: manutenção das polí-ticas existentes (cota de 30%); fiscalização e penalização dos partidos e das mulheres utilizadas

para cumprimento de cotas (“laranjas”); e garantia de participação e representação das mulheres em todas as instâncias partidárias e de governo (tais como secretarias, departamentos, autar-quias etc.).

Cabe ressaltar que a defesa das bandeiras político-ideológicas do PDT e da AMT não podem se restringir ao discurso: estes temas devem tomar as ações dos sujeitos políticos a fim de que ganhem concretude.

Sendo assim, a Ação da Mulher Trabalhista vem intervindo nos seus diversos espaços, carre-gando estas bandeiras — sejam nas reuniões da Internacional Socialista, na Internacional Socia-lista de Mulheres —, participando de ações internacionais na defesa dos direitos das mulheres do mundo, em todas as áreas de atividade: quando ocupam cargos políticos indicados pela AMT, ou eleitas; quando se inserem nos espaços de participação formais e informais constituídos na sociedade; ou mesmo em espaços de participação intrapartidários.

Pensar em participação política impõe refletir sobre a qualidade desta participação; logo, pensar em formação política.

O principal investimento da Ação da Mulher Trabalhista, nos últimos quatro anos, foi a forma-ção política das militantes. Hoje, as ações formativas estão centradas em: formação de dirigentes; formação de multiplicadoras (no momento são as Secretárias de Formação dos Estados); forma-ção para vereadoras; levantamento da memória da AMT; realização de uma caracterização dos estados, a partir de levantamento com as executivas; assessoramento para revisão estatutária; organização do Congresso Nacional; e diálogo com a FLB-AP e ULB, visando a incluir na sua pauta de formação as questões de gênero com orientação teórico-metodológico e político-ideológico afinadas com o movimento de mulheres.

Este cenário de interação social e partidária trouxe desafios que mobilizaram a Ação da Mulher Trabalhista, fazendo — deste 2016 — um ano de avanços e de muito trabalho.

Isto se expressa, inclusive, no 6º Congresso Nacional — que contará com uma nova dinâmica de caráter formativo e deliberativo, não só em seu conteúdo, mas também em sua forma –, cujo tema central será os movimentos sociais hegemonizados por mulheres. Para este objetivo, já estão ocorrendo, em todas as instâncias do movimento, discussões de temas diversos que têm sido levantados pela AMT, nos estados e municípios.

Estas discussões resultarão em um conjunto de deliberações/posições a serem defendidas neste Congresso. Como a sociedade passa por profunda transformação, de maneira alguma é possível pretender-se esgotar os temas; logo, a cada Congresso, as deliberações vão se soman-do, ampliando o espectro de temas acumulados, buscando a cada dia seu aprofundamento nas AMT’s.

A construção destas deliberações quanto às posições da Ação da Mulher Trabalhista é uma forma de estabelecer, formalmente, a direção política do movimento. Desta forma, desatrelando a responsabilidade das gestões definirem as posições do conjunto de militantes.

Enfim, sua história e momento atual apresentam um movimento dinâmico e consciente que vem se transformando, na medida em que se propõe a fazer uma autocrítica constante. Acredi-ta-se que o caminho construído tem contribuído para a democracia interna, para o exercício do poder, para a promoção de práticas emancipatórias; deste modo, incentivando a ampliação da participação das militantes que, a cada momento, conquistam mais espaço para vocalizar suas demandas, reflexões, questionamentos e posições, dentro ou fora dos espaços de organização partidária.

Page 55: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

107106

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

PDT Diversidade

“E como somos parte do povo brasileiro, o PDT Diversidade só

tem a contribuir para as lutas do nosso partido.”

Fundado em 22 de agosto de 2015, no Rio de Janeiro, a história do PDT Diversidade con-funde-se com as lutas do PDT na defesa do povo brasileiro — entre os excluídos e vulne-rabilizados pelo Capitalismo —, desde a Carta de Lisboa, em 17 de junho de 1979. O PDT Diversidade teve a sua aprovação no V Congresso Nacional do PDT, em 24 de agosto de 2013, a partir das proposições no GD (Grupo de Discussões) de Direitos Humanos. E as decisões aprovadas neste congresso foram ratificadas na reunião da Executiva Nacional do PDT, rea-lizada em 14 de julho de 2015.

As primeiras ações efetivas do PDT que ainda abordavam, embora isoladamente, a agen-da da Diversidade datam de 2001. E, mesmo com as iniciativas espalhadas pelo país, a agenda tomou maior corpo a partir de 2007, iniciada nas discussões promovidas no XIII Congresso Nacional da Juventude Socialista; e presentes na atuação de estados com movimentos no campo da Diversidade, como Minas Gerais, Distrito Federal e Rio de Janeiro.

As proposições com maior ênfase, no âmbito LGBT, como política oficial de partido, passaram a valer no V Congresso Nacional do PDT, nas discussões no campo dos Direitos Humanos. Igualmente, a criação do PDT Diversidade, nas redes sociais, em março de 2013, aglutinou uma série de militantes e simpatizantes da luta pela agenda LGBT.

A presença do PDT Diversidade, com membros orgânicos, está constituída em 10 esta-dos; e com atuação orgânica na Rede Trans Brasil, na Diretoria da União Nacional dos Estu-dantes (UNE), com a Amanda Anderson (A primeira diretora transexual eleita na história do movimento estudantil brasileiro, pela UNE, no 54° Congresso da UNE, em Goiânia, entre dias 3 e 7 de junho de 2015.), e em movimentos de defesa dos Direitos Humanos, no combate sistemático à discriminação e na defesa dos direitos da população LGBT.

Igualmente, o PDT Diversidade participa da Frente Pluripartidária LGBT, desde 23 de fevereiro de 2016. Esta Frente tem como objetivo defender as pautas da Diversidade, no Congresso Nacional, em defesa dos Direitos Humanos e na construção de políticas públicas efetivas para a população LGBT, em todo o país.

A conjuntura política e econômica brasileira interferiu na vida do povo brasileiro e, particularmente, na população LGBT, que é estimada em 20 milhões de brasileiros — apro-ximadamente 10% do contingente populacional estimado pelo IBGE; ainda que nem todos os bissexuais, com o temor da discriminação, se declarem como tais, em um país onde ainda os Direitos Humanos não são respeitados.

Mesmo com os avanços desenvolvimentistas dos governos Lula e Dilma na classe mé-dia — e a consequente diminuição do índice de miseráveis —, muito precisa ser feito para a população LGBT, no campo dos Direitos Sociais e Políticos.

Ainda que tenham ocorrido avanços no campo dos Direitos Civis e Individuais, para os brasileiros, como um todo, estes direitos são constantemente negados aos LGBTs, que ca-recem de acesso a: pleno emprego e respeito aos direitos trabalhistas; saúde de qualidade; ensino público de qualidade; cultura e lazer. Estes direitos fundamentais são negados, em

especial, às cidadãs transexuais e travestis (TTs), discriminadas não apenas pela sua orien-tação sexual, como também pela sua identidade de gênero.

Pautas políticas — como a Convenção 111 da OIT, que aborda sobre a não discriminação de qualquer pessoa no mundo do trabalho — não são respeitadas pelas empresas ou insti-tuições privadas. Por mais que órgãos como o Ministério do Trabalho e Emprego pudessem fiscalizar, com o emprego máximo de seus componentes, a situação permanece ainda aquém das necessidades de um país continental como o brasileiro.

Vale atentar que esta Convenção passou a ser vigente no Brasil — ironicamente — em pleno regime ditatorial, a partir do Decreto 62.150, de 19 de janeiro de 1968: ano em que foi promulgado o AI-5!

Em tempos de terceirização, com a aprovação do PL 4330/2004, pela Câmara e sua remessa para discussão no Senado, se o direito dos trabalhadores brasileiros se torna pre-carizado e volta às relações de trabalho na Primeira República (incluindo, claro, até a “quar-teirização”), os direitos ainda se tornam mais vulnerabilizados para as mulheres, para os negros e, em especial, à população LGBT, já discriminada no mundo do trabalho, desde o seu acesso até sua permanência.

Não há, na esfera federal, órgãos da Administração Pública que tratem com profundi-dade o tema da inserção da população LGBT no mundo do trabalho, principalmente como política pública a ser encampada como POLÍTICA DE ESTADO e não meramente de governo.

Não há sequer Secretarias ou Coordenações de Amparo ao Trabalhador LGBT na esfera nacional — provando, de forma prática, o quanto esta luta deve ser travada no mundo do trabalho em prol destes cidadãos brasileiros, segregados dentro de sua própria pátria.

Não há políticas de inserção de LGBTs diante da discriminação institucionalizada. Elas alcançam até espaços em que qualquer brasileiro poderia servir à Pátria, nas Forças Arma-das , a começar pela discriminação no alistamento, incluindo o bullying e o assédio moral a que constantemente cidadãs e cidadãos LGBTs sofrem, de forma vexatória, sem que os seus direitos mais elementares como brasileiras e brasileiros sejam respeitados.

Na educação, não há medidas que contemplem a população LGBT à altura, diante do conservadorismo e do reacionarismo da direita brasileira, entre adeptos da liberal-demo-cracia, do conservadorismo, da direita cristã e do neointegralismo.

Mesmo com as tentativas de inserção da população LGBT no Plano Nacional de Educa-ção (PNE), muitas foram as resistências, de fundo ideológico de direita, nas diversas Câmaras Municipais espalhadas no país, sem levar em conta que os LGBT’s são cidadãos que trabalham e que contribuem intelectualmente para o país, inclusive pagando diariamente impostos, direta ou indiretamente pelo que consomem.

Não há qualquer projeto sério de Reforma Universitária que assegure o acesso e a per-manência de LGBT’s e nem linhas de pesquisa que atendam a respeito da cidadania LGBT e o quanto ela foi excluída na História Social e na História Política do país.

O índice de evasão escolar de LGBT’s se torna ainda maior nos Ensinos Fundamental e Médio. E as tentativas de inserção de transexuais e travestis ao Ensino Superior não são colocadas como políticas públicas do Estado Brasileiro; mas existem no Brasil, por iniciativas isoladas de quem anseia promover por justiça social, cidadania e igualdade.

A omissão do movimento estudantil a esta pauta obriga a nós, trabalhistas, marcarmos posição, diante da própria omissão de partidos com setoriais LGBT’s em torno deste tema tão caro ao país.

Page 56: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

109108

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

A ausência de um debate sério sobre a auditoria da dívida pública, que atinge 42% do PIB brasileiro, é um dos fatores que atrapalham a marcha na ampliação dos Direitos Sociais da população LGBT — sem contar com a sonegação de impostos que, anualmente, atingem 10% do PIB do país.

Sem estes recursos e com a aplicação de políticas econômicas ortodoxas, o povo é penalizado. E a população LGBT, que lentamente conquista sua cidadania, a duras penas, é a mais atingida com os cortes orçamentários. Privilegia-se o capital especulativo e os ban-cos, mas a comunidade LGBT, como parte do povo brasileiro, é duramente atingida com o desemprego e a perda dos serviços promovidos pelo Estado.

A violência contra os LGBTs — sem que haja medidas efetivas para coibir os atos contra a proteção da idoneidade física, emocional e psicológica — compele a nós, trabalhistas, os esforços na luta pelos Direitos Humanos, preconizados não apenas na Carta de Lisboa, como também no Programa do PDT, no Manifesto do PDT, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Carta de Mendes e no Manifesto Trabalhista do Século XXI.

A Organização das Nações Unidas (ONU) tem demonstrado, através de relatórios, preo-cupação, com o aumento de crimes contra esta população no Brasil, que é recordista em assassinatos de pessoas LGBTs, por mais de meia década. Como não há especificidade na contabilização dos dados, esses crimes podem ser muito maiores. Segundo os relatórios, 63% dos assassinatos mundiais ocorrem no Brasil; sendo 54% destes de mulheres travestis e transexuais.

O combate à invisibilidade social de LGBTs é uma causa que compele ao PDT, ao mesmo tempo em que a agremiação trabalhista defende as mulheres, os jovens, os negros, os idosos e os que vivem em situação de extrema vulnerabilidade. Todos nós integramos e fazemos parte do povo brasileiro.

Os compromissos do PDT com esta causa compelem para o preparo ideológico não apenas dos LGBTs, como de toda a militância, para a defesa dos Direitos Humanos como um dos vetores centrais, ao lado do nacionalismo democrático-popular e do trabalhismo. Em suma: agendas que unem o povo brasileiro na sua luta ao socialismo, marcado por uma sociedade igual, justa, fraterna, solidária e sem discriminação.

Somos parte do povo brasileiro e não podemos reproduzir as práticas de preconceito e de invisibilidade social, inclusive nas instituições políticas e nos movimentos sociais.

O PDT tem um dever a esta população LGBT, que integra o povo brasileiro e que trabalha, contribuindo para o bem-estar da nossa pátria, sem que os seus direitos sejam devidamente reconhecidos. Nossa legenda trabalhista, em nome dos seus compromissos com a nação, defende a causa da Diversidade em um projeto nacional e popular, na busca por um país digno aos seus.

Muitos são os desafios para a formação política no campo da Diversidade. E elas não se esgotam em 2016.

E a agenda no campo dos Direitos Humanos — no combate à discriminação e à invi-sibilidade social da população LGBT — é uma luta que compele o esforço de todos nós, trabalhistas, na construção de uma agenda nacionalista, democrática e popular que nos leve a uma sociedade socialista, baseada na igualdade, no pleno respeito aos Direitos Humanos e baseado na solidariedade e na plena dignidade da pessoa humana.

Movimento Sindical PDTPropomos um sindicalismo que assuma, cada vez mais, a responsabilidade de fortalecer uma agenda cidadã; que reflita, claramente, as novas e complexas demandas dos trabalhadores e da sociedade.

As lutas por aumento de salários, pela valorização de direitos — como transporte e alimentação — são importantes; no entanto, reconhecemos que é preciso ir além, criando novas alternativas para exercício de um novo protagonismo dos trabalhadores que buscam melhores condições de saúde, educação, modernização das políticas urbanas, segurança e outras medidas para que o trabalho seja um instrumento para uma vida melhor.

É absolutamente necessário e urgente colocar o trabalho e os trabalhadores no centro das decisões, em todas as esferas de poder, devidamente capacitados para participar, qualita-tivamente, da formulação das políticas públicas e ações que interferem no desenvolvimento social, econômico e cultural do País.

Este processo de estruturação do Movimento Sindical do PDT se desenvolve, em nível nacional e nos estados, sob inspiração das históricas lutas a favor das Reformas de Base — fiscal, tributária, bancária, agrária, educacional e política.

Esta será, também, uma oportunidade singular para avançar na construção de novas bandeiras do Partido, compatíveis com as transformações e a velocidade com que impactam a sociedade e o mundo do trabalho.

Nesta complexa conjuntura atual — em que a direita golpista se assanha ante o desgaste de um governo progressista, que perdura há mais de uma década — nosso Partido deverá ser capaz de construir uma agenda positiva, reafirmando, a cada momento, que as crises eventuais não podem ser combatidas com posturas recessivas.

A nossa receita sempre reafirmará que as crises devem ser combatidas com programas de distribuição de renda, fortalecimento da produção nacional e com o empreendedorismo — fórmulas capazes de alavancar geração de trabalho, renda e mais oportunidades.

Hoje, mais do que no passado, precisamos construir nossa soberania econômica para atender às reais necessidades de nosso povo, cessando a sangria de nossas riquezas e pro-movendo distribuição de renda mais equitativa.

O TRABALHO, COMO CENTRO DOS NOSSOS COMPROMISSOS.Nestes tempos em que o mundo do trabalho vivencia grandes transformações — e cujos impactos são sentidos diretamente em nossa realidade — novos processos de produção se estabelecem na indústria, no comércio e serviços, na agricultura e na administração pública.

O mundo do trabalho percebeu grandes transformações nos últimos anos, trazendo tecnologias, cada vez mais integradas ao modo de trabalhar, de se organizar e de viver. Hoje, aprendemos, inclusive, a conviver com tecnologias assistivas que garantem mais cidadania para os deficientes.

É verdade que, neste processo, ainda perduram as mesmas contradições de sempre, em que os ricos ficam cada vez mais ricos, ampliando os dilemas étnicos, raciais e ambientais.

Page 57: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

111110

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

O nosso projeto de transformações das mazelas do Brasil parte do reconhecimento da história do Trabalhismo brasileiro, iniciada por Getúlio Vargas, seguida por João Goulart e Leonel Brizola.

Sabemos que estes são fortes referenciais que poderão contribuir, de maneira decisiva, com a construção de um projeto nacional, num tempo em que muitos, simplesmente, de-sistiram de seguir a história das lutas dos trabalhadores.

E, para tanto, será essencial que este projeto que haveremos de apresentar para a nação possa ir além dos diferentes desenvolvimentismos de ocasião, notadamente o neodesenvol-vimentismo, que, em muitas situações, consiste quase que somente numa pretensa suposi-ção de que a expansão do polo moderno e multinacional da economia irá, gradativamente, eliminar a pobreza dos segmentos populares da nossa sociedade.

Acreditamos que a necessária construção de um projeto de nação deverá combinar a questão do desenvolvimento com a participação da sociedade, resgatando, deste modo, a força e a tradição da história do Trabalhismo do PDT.

A apresentação de uma agenda marcada pela força do trabalho não pode significar que balizaremos as nossas lutas no limite das questões salariais. Esta questão é muito importante; mas buscaremos ir muito além.

É importante, também, reiterar que não falamos de qualquer trabalho: apontamos, em nossos diálogos, cada vez mais, o “Trabalho Decente”, conforme pressupõe os conceitos modernos da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

E falar da centralidade do trabalho requer pensar o trabalho que vai além do emprego.

Estamos falando para além do emprego formal — seja também do empreendedorismo, desde as suas microvariações, passando pelo trabalho cooperativo e solidário; além de outras tantas possibilidades que, ao mesmo tempo, sejam capazes de gerar renda, e possibilitem avançar a liberdade dos indivíduos.

Não somos um partido que defende um trabalho repetitivo, penoso — análogo à es-cravidão — e que fortalece inúmeras discriminações e desigualdades.

Queremos reforçar uma perspectiva, em que o trabalho esteja, de fato, no centro dos debates: em que os trabalhadores sejam protagonistas de seu tempo e senhores de seus destinos.

Nosso projeto deverá levar em consideração a realidade de diferentes cidades — sejam elas pequenas, médias ou grandes —, nas regiões metropolitanas ou no interior de todos os estados brasileiros. Será em cada uma das cidades que haveremos de construir agendas locais de desenvolvimento sustentável, em diálogo com diversos segmentos sociais.

UM PARTIDO MAIS FORTE PARA OS NOVOS DESAFIOS

Uma agenda nacional atualizada e contemporânea — que tenha entre as suas grandes prioridades as questões relacionadas ao mundo do trabalho — deverá ser capaz de fortalecer uma perspectiva, em que a produção de bens e serviços ajude a colocar o Brasil no centro da agenda estratégica da geopolítica internacional.

E, para tanto, a prioridade da nossa agenda certamente será com grande destaque a

questão da educação: a educação é uma das chaves para enfatizar, cada vez mais, em nos-so país, um sentimento de que a democracia e a cidadania têm lugar garantido em nossa realidade.

Estes anseios, expectativas e objetivos não poderão ser implantados descolados das demandas socioeconômicas e culturais, geradas pela complexidade urbana.

É verdade que não seremos parte de uma massa de manobra, que vive em função das expectativas e dos sabores de uma mídia que, cotidianamente, procura encontrar os motivos seguintes para a “espetacularização” das crises.

E, para que o nosso Partido possa se fortalecer, cada vez mais, deveremos construir uma agenda que enfrente a questão da educação política como uma prioridade organizativa; sobretudo para a preparação de quadros para o Movimento Sindical — estreando novos tempos, no âmbito de nossa organização de apoio e colaboração do PDT.

É sob esta atmosfera que queremos desafiar os companheiros sindicalistas a aprofundar um debate — realizado de maneira democrática —, que respeite as diferenças; e que, ao final, sejamos capazes de materializar uma agenda operativa, construída com base na plura-lidade e diversidade existente no sindicalismo; sempre observando e seguindo os princípios programáticos e ideológicos do Partido Democrático Trabalhista.

Haveremos de evidenciar alguns pontos centrais desta agenda política. E, para tanto, apresentamos esta plataforma com 12 pontos fundamentais:

• Protagonismo do Movimento Sindical na agenda nacional — Este é o tempo de um agir político de um sindicalismo cidadão; momento em que se exige e se aposta em uma visão estratégica para que o movimento sindical possa exercer, cada vez mais, o seu papel. Nós acreditamos que a construção de um projeto na-cional de desenvolvimento deve ter o Movimento Sindical como um protagonista fundamental.

• O Conhecimento deve ser o centro de um Projeto Nacional de Desenvolvi-mento — A quantidade de conhecimento agregada, — incorporada por cursos de aperfeiçoamento, ou mesmo no ensino profissionalizante — como forma de ampliar a participação dos trabalhadores no valor agregado dos produtos e serviços e a sua efetiva emancipação. Esta questão está diretamente relacionada à história do Partido, em torno da valorização das bandeiras da educação. Uma vez mais fortaleceremos uma agenda nacional, em que se prioriza, entre outras questões, a necessidade de qualificação profissional.

• Necessidade de ampliação da participação do valor do trabalho na formação do preço final dos bens e serviços produzidos — A base desta questão se refere à elevação da valorização do trabalho. Certamente, esta medida exige um movimento sindical e uma sociedade civil organizados; cada vez mais capacitados. Reconhecer as diferenças entre emprego e trabalho significa elevar a compreensão a respeito das múltiplas formas de geração de renda e oportunidades; preparando, assim, a nossa ação com foco no fortalecimento do papel do trabalho na agenda nacional.

• Demandas complexas do trabalhador — Um sindicalismo cidadão, que reco-nheça e fortaleça as demandas por educação, saúde, moradia, transporte, alimen-tação, cultura, segurança e lazer, entre outras questões. Trata-se, portanto, de um sindicalismo que reconhece o trabalhador em sua plenitude de cidadania: motivo pelo qual buscaremos garantir a inclusão, de maneira adequada, dos deficientes. A garantia das cotas é o ponto de partida. Entretanto, é preciso evitar a existência de procedimentos imorais que mascaram a inclusão, como os que são praticados

Page 58: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

113112

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

— quase que como norma — por empresas brasileiras e multinacionais que aqui estão instaladas.

• Garantir, em nossa agenda, a defesa da igualdade de gênero, raça e da juven-tude — Fortalecer a participação das mulheres, dos negros e dos jovens significa apostar em uma agenda em que as pessoas não sejam discriminadas pela etnia, gênero e, muito menos, por sua idade. É lamentável que ainda existam situações em que mulher e negros recebam menos pelo mesmo trabalho.

• Incorporar e fortalecer a verdadeira história e os ensinamentos do Trabalhis-mo — Uma forte formulação a respeito dos ideais do Trabalhismo ajuda na com-preensão do passado, e responde indagações do presente, contribuindo, assim, para formulações em direção ao futuro. Retomar e valorizar as históricas Reformas de Base, ainda inconclusas em nosso país.

• A Produção Nacional — Fortalecer o Brasil significa, também, garantir a valoriza-ção dos bens e serviços, dos processos e da produção das empresas que aqui se instalam e desenvolvem seus negócios.

• Modernização dos sindicatos — Este processo sugere: a) fortalecer as possibilida-des de discussão do papel do conhecimento e das tecnologias, visando a potencia-lizar os sindicalistas e o conjunto dos trabalhadores para discussões em igualdade de condições com o empresariado; b) visão econômica, política, social e cultural ampliada com foco no desenvolvimento sustentável; c) produção de pesquisas e trabalhos que garantam maior competência nas discussões e na formação; d) defender uma agenda de efetiva prestação de contas do uso do imposto sindical; é preciso ter transparência na utilização destes recursos — os Tribunais de Contas poderão cumprir papel relevante neste processo; e) é preciso desenvolver meios que garantam uma adequada e eficiente comunicação dos sindicatos com os traba-lhadores; f) é por este motivo que o Partido deverá fortalecer, também, o trabalho de educação e capacitação política; e g) representação do Funcionalismo Público.

• A Soberania Nacional — Em um tempo de globalizações, há aqueles que sugerem que o Brasil deve ser, prioritariamente, uma nação exportadora de matéria-prima; o que não concordamos. Acreditamos que o fortalecimento de nossa soberania implica valorizar, especialmente, o fortalecimento de segmentos capazes de agregar mais valor na economia. A soberania nacional é, fundamentalmente, uma questão política da maior relevância.

• Uma nova Petrobras para um novo Brasil — Nestes tempos, em que uma série de escândalos faz com que a maior empresa pública nacional esteja sob ataque, é preciso retomar a credibilidade desta instituição, garantindo seu fortalecimento e sua valorização como uma empresa que foi capaz de descobrir petróleo no Pré-sal, criando assim uma nova agenda, desta tecnologia, em nível mundial.

• A Liberdade de organização sindical e a valorização das convenções da OIT — A Organização Internacional do Trabalho, suas convenções e tratados são importantes referenciais para o sindicalismo que, acreditamos, seja baseado nos pressupostos da liberdade e da autonomia dos trabalhadores.

Entretanto, é preciso que se diga bem alto que a defesa dos valores da liberdade não pode “mascarar” processos em que, por vezes, se pulverizam bases sindicais, e entidades são criadas muito mais para atender interesses pontuais em detrimento das necessidades dos trabalhadores.

Reiteramos, ainda, o fato que os servidores públicos ainda convivem com uma

legislação restritiva em relação à liberdade de organização sindical. Precisamos lutar pela garantia da ampla participação dos diferentes ramos dos trabalhadores, no campo e na cidade, no setor privado e na esfera pública.

• Construção, fortalecimento e valorização de um Projeto Nacional — No mo-mento em que os partidos e movimentos de esquerda são chamados a recriar agendas capazes de mobilizar antigas e novas gerações, é preciso ter coragem para enfrentar o capital financeiro e sua agenda conservadora.

Um projeto nacional deve considerar complexidades urbanas e suas demandas; e expressar-se nos diferentes tamanhos de cidades — pequenas, médias e grandes — de todos os estados brasileiros.

E mais: precisaremos aprofundar o debate — entre outras questões — sobre as aplica-ções das contas do FGTS e do FAT; e apresentar sugestões sobre possibilidades de amplia-ção destes investimentos em atividades em que o Estado possa, com eficácia, garantir o fortalecimento, em favor de nossa população, de uma série de áreas de infraestrutura que continua debilitada.

Page 59: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

115114

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

MOVIMENTO NEGRO PDTO PDT foi o primeiro partido político a destacar o combate ao racismo e à discriminação sofridas pela população afrodescendente, no Brasil, e a fazer deste combate um dos seus compromissos programáticos. Seu Marco Zero é a Carta de Lisboa. Até então, os partidos de esquerda, de modo geral, falavam apenas da luta de classes e da defesa dos oprimidos e marginalizados — ignorando e negando mesmo a questão racial.

Os trabalhistas que se reuniram no Encontro de Lisboa entenderam que, em o nosso país, ninguém é mais oprimido e excluído do que a população negra: maioria minorizada pela dis-criminação e pelo preconceito que — embora sub-reptícios; e por isto mesmo! — são de uma crueldade desumana, mascarados por trás da falsa democracia racial.

A Secretaria Nacional do Movimento Negro do PDT foi germinada através do feliz reencontro de dois seres políticos de maior envergadura moral, que se destacaram, além das fronteiras brasi-leiras, durante o século 20. De um lado, intelectual universal orgânico — totalmente consciente de seu papel de protagonista com as causas da igualdade racial, que foi o saudoso Senador Abdias Nascimento; de outro, nosso líder Leonel Brizola, um estadista sensível à luta dos afro-brasileiros na busca da equidade racial, e que durante o transcorrer de sua trajetória, até então, já tinha demonstrado seu apreço e compromisso por uma sociedade justa e igualitária, livre do racismo, preconceito e discriminação.

Vale registrar, neste trabalho, três ações das muitas realizadas durante o seu mandato como ainda Governador do Estado do Rio Grande do Sul:

• Execução da primeira reforma agrária no Brasil, com a entrega de lotes de terra aos agricultores gaúchos. Não por coincidência, o primeiro a receber seu título de posse da terra, no Banhado do Colégio, foi um agricultor negro conhecido por “Nascente”. A reforma agrária havia sido anteriormente reivindicada pelos abolicionistas, como, por exemplo, o engenheiro negro André Rebouças, para que os negros escravizados, ao serem libertados, tivessem sua terra de moradia e cultivo; e não ficassem entregues à própria sorte e sem recursos de sobrevivência, sendo presos, muitas vezes pelo crime de vadiagem.

• Nomeação para Secretário de Estado, do advogado Negro Lameson Porto, que, segundo testemunho de muitos gaúchos, foi um dos melhores Secretários de Saúde que o Rio Grande do Sul já teve.

• Concessão de uma justa pensão ao Almirante Negro João Cândido, líder da Revolta da Chibata, ocorrida em novembro de 1910, que culminou com o fim dos castigos físicos e açoites que eram aplicados aos praças pela Marinha de Guerra brasileira.

• À frente do Governo do Rio de Janeiro, o Governador Brizola realizou também ações que impactaram e serviram de exemplo para outras unidades da Federação e, até mesmo, do Governo Federal, dentre as quais se destacam:

• Criação da Comissão de Defesa do Negro, no Conselho Estadual de Segurança e Direitos Humanos da Secretaria Estadual de Justiça.

• Criação da Secretaria de Estado de Defesa das Populações Negras, cujo gestor foi Abdias do Nascimento. Esta foi a primeira Secretaria, no Brasil, a ser criada com esta finalidade (antes, inclusive, da III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata de 2001).

• Decreto instituindo, no Rio de Janeiro, o dia 21 de março como o dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial.

• Realização da feira da cultura afro-brasileira, por ocasião das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de novembro.

• Construção do monumento em homenagem a Zumbi dos Palmares, na Praça Onze — berço do samba, no Rio de Janeiro –, ao lado da Passarela do Samba.

• Para os candidatos ao legislativo e executivo, o Movimento Negro apresenta algumas propostas para uma gestão popular, comprometida com o enfrentamento às desigual-dades racial e social:

• Adesão do Município ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial — SINAPIR;

• Implementar, nas escolas, as Leis 10639/2003 e 11645/2008;

• Implementar o Estatuto da Igualdade Racial, no Município;

• Implementar Políticas de Saúde, no Município, alinhadas com a política de saúde inte-gral da população negra do Ministério da Saúde;

• Desenvolver e garantir recursos para projetos sociais que resgatem e preservem a cul-tura afro-brasileira, estimulando o lançamento de editais específicos;

• Incentivar o turismo étnico-racial;

• Criar programa de geração de emprego, venda e empreendedorismo afrodescendente, possibilitando a inserção no mercado de trabalho de forma qualificada;

• Implementar políticas de Ações Afirmativas para afrodescendentes (mulheres, jovens, idosos e adultos) com projetos específicos de empoderamento nas diversas áreas como: educação, lazer, saúde, esporte, mercado de trabalho, geração de renda, direitos hu-manos, cultura e moradia;

• Fortalecer o Programa de Combate ao Racismo Institucional.

A luta dos afro-brasileiros contra a discriminação e as desigualdades raciais é parte inte-grante e fundamental da história da nacionalidade brasileira, pois se iniciou no século XVI, com a chegada ao Brasil dos primeiros africanos escravizados. Esta luta que se travou primeiramente contra a instituição da escravidão e que tem como símbolo a epopeia do Quilombo dos Palmares, estende-se hoje a todos os campos, em especial à educação, à cultura, aos meios de comunicação, ao mercado de trabalho e à esfera jurídico-policial.

Ao contrário da percepção de senso comum, o racismo não beneficia apenas os grupos do-minantes — mas todos que usufruem de benefícios materiais proporcionados por um mercado de trabalho em que ocorre todo tipo de discriminação.

O efeito mais perverso do racismo à brasileira é sua introjeção por uma parcela significativa dos próprios afro-brasileiros, que, aceitando sua suposta “inferioridade”, se considera incapaz de enfrentar a discriminação de que é vítima; seja individualmente, na busca legítima da mobilidade ascendente; seja no plano coletivo, na luta contra o racismo institucional.

O PDT reafirma compromisso do Partido como parte fundamental da luta pela democracia, pela justiça social e a verdadeira unidade nacional.

BIBLIOGRAFIA:História de Luz: 100 anos Sem Dragão 130 anos Abolição Ceará — I. Paixão;Revista Brava Gente nºs 1 e 2 — FLBAP;Carta de Lisboa — Comentários Dra. Edialeda Salgada do Nascimento;O negro no mercado do trabalho — Artigo I. Paixão;A questão quilombola — I. Paixão;DPA/Palmares — I. Paixão;Estatuto Igualdade Racial — SEPPIR — PR;Centenários negros — Fundação Cultural Palmares.

Page 60: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

117116

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

O Movimento Comunitário e suas PerspectivasA afirmação do Partido Democrático Trabalhista – PDT – é um partido que se coloca no cenário nacional como um partido que luta pela Soberania Nacional, pelas causas do Trabalhismo Bra-sileiro, e pelas Reformas de Base.

Dentro deste contexto, a Direção Nacional em conjunto com sua militância, sempre nos orientou e nos incentivou a organizarmo-nos nas diversas frentes de luta do povo brasileiro, como por exemplo, Juventude, Mulher, LGBTT, Sindical, Movimento Comunitário, entre outras.

À frente do Movimento Comunitário, nós – os trabalhistas – já atuamos com destaque, bus-cando nossa reorganização. Manoel Dias, Secretário-Geral Nacional do PDT, em uma conversa, disse-me uma vez: “Temos uma longa tarefa que é reorganizar esta importante frente do Partido. Temos que buscar os caquinhos e reconstruir o Movimento Comunitário”.

Hoje, a sociedade mudou, evoluiu, se desenvolveu, e não cabe mais a concepção de que temos trabalhadores diferentes na cidade e no campo, como foi concebido nos séculos XVIII e XIX.

Os trabalhadores rurais, hoje, se encontram em lavouras mecanizadas; e nas cidades a di-versidade é imensa – não só a classe operária é explorada. Temos diversos setores: comerciário, motoristas, prestadores de serviços, empreendedores, etc.

Neste sentido também se ampliam as lutas comunitárias. E nós – que estamos engajados nesta luta - devemos estar presentes em diversos setores; estar enraizados na luta de nosso povo e ativos nas Associações de Moradores, buscando melhorias nos bairros; nas Associações de Pais e Mestres das escolas, lutando por um ensino de tempo integral, gratuito e de qualidade, nos Movimentos Habitacionais, na luta pela reforma urbana e na conquista da moradia digna; nos Conselhos de Segurança Pública, entre outros.

Naqueles municípios que possuem Conselhos Institucionais Municipais formados como por exemplo, de Cultura, da Saúde é de fundamental importância participarmos, pois assim estare-mos fortalecendo os espaços democráticos e mais uma vez enfatizando a nossa luta pelo fim da desigualdade e a participação da sociedade em assuntos que são do nosso interesse coletivo.

Para nós do PDT, neste ano de 2016, teremos uma oportunidade especial que será a VI Confe-rência das Cidades, onde haverá eleições dos referidos conselhos nas esferas Municipal, Estadual e Federal. E deveremos estar presentes atuando nos diversos estados, organizando nosso povo; conduzindo o Movimento Comunitário para a unicidade, a nível nacional.

Devemos buscar abrigo na CONAM (Confederação Nacional das Associações de Moradores) - maior entidade do Movimento Comunitário -, que abriga, em seu seio, federações estaduais, municipais, associações de moradores e movimentos habitacionais – que congregam a luta de nosso povo.

Como o PDT compartilha desse objetivo, que são os anseios do povo brasileiro para melho-res condições, devemos respeitar nossas bases do movimento comunitário, e quando houver movimentos organizados fora deste parâmetro, teremos que, num debate franco, respeitar estas organizações comunitárias; e conduzir com respeito e tranquilidade estas diferenças em prol da luta de nosso povo e do crescimento partidário.

Todos nós – os comunitaristas – temos que ter o entendimento que nossa vida tem que ser dedicada à luta de nosso povo e à construção de um partido forte, enraizado no seio de nossa sociedade.

Neste processo, temos que ter a clareza de nossos objetivos que é a luta por um Brasil so-berano, melhor e justo, e que acima de tudo, caminhe rumo ao Socialismo.

MAPI - Movimento de Aposentados, Pensionistas e Idosos PDTO MAPI — Movimento de Aposentados, Pensionistas e Idosos PDT —, já previsto desde o primeiro estatuto do Partido Democrático Trabalhista, efetivou-se em 2003 e hoje, é um movimento nacional já presente, oficialmente, em mais de 20 estados brasileiros.

Nosso movimento surgiu pela necessidade de reivindicar os direitos de milhões de apo-sentados que recebem proventos insuficientes para suas despesas básicas e de suas famílias.

O MAPI luta para reverter o quadro atual que tem penalizado os aposentados de todo Brasil: são trabalhadores que, no passado, contribuíram para o desenvolvimento do País; e hoje, têm seus direitos negados.

Muitos dos aposentados brasileiros, assim como os pensionistas, têm importante função na sustentação e arrimo da família brasileira, e quase sempre são desrespeitados.

Nós — do MAPI — temos a obrigação de defender os aposentados que estão desespe-rados por seus minguados salários; e temos enfaticamente que lutar contra o descaso, na questão da saúde dos idosos.

O MAPI, sendo um movimento partidário, está atento e comprometido, totalmente, com os ideais do PDT. E um partido político só existe com bandeiras, cartas e compromissos de princípios com e para a nossa sociedade.

É necessário lutar por políticas públicas de valorização, do resgate e do conhecimento em benefício desta expressiva parcela da população brasileira, que vem sendo massacrada e excluída pelos artifícios e políticas perversas que retiram, e não garantem importantes conquistas da nossa história.

Page 61: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

119118

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

Juventude Socialista: Grande como o BrasilJuventude Socialista do PDT (JS) é a organização de jovens do PDT, o Partido Democrá-tico Trabalhista.

Fundada em 1981, congrega jovens trabalhistas, social-democratas e socialistas que acreditam no Trabalhismo brasileiro como o caminho genuinamente nacional para a cons-trução de uma sociedade socialista.

A JS/PDT é o primeiro grupo de jovens a se organizar dentro de um partido político no ciclo que se iniciou a partir da redemocratização brasileira, final dos anos 70, e completa neste ano de 2016, 35 anos.

O movimento precursor da juventude dos trabalhistas brasileiros foi a Ala Moça — fun-dada em 1945, logo após a criação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), através dos setores operários e estudantis, liderados por José Vecchio. Naquele momento, coube ao estudante de engenharia Leonel Brizola se tornar o primeiro presidente.

Em 3 de outubro de 1952, na V Convenção Nacional do PTB, em Petrópolis, Rio de Janeiro, a Ala Moça foi rebatizada, tornando-se, então, Mocidade Trabalhista. Neste mesmo encontro trabalhista, João Goulart (Jango) foi eleito Presidente Nacional da legenda, posição que somente deixaria com o golpe civil-militar de 1964.

Vale destacar que Feliciano Araújo, que se tornaria mais tarde deputado, foi o primeiro presidente da Mocidade Trabalhista.

A Ala Moça foi fruto da união de estudantes e jovens trabalhistas que — aderindo às políticas sociais promovidas por Getúlio Vargas; e impregnados pelas ideias defendidas pelo Movimento Queremista — não seguiriam nem o projeto liberal dos jovens que com-punham a recém-criada UDN (os famosos "punhos de renda"), e nem o dogmatismo dos jovens adeptos ao PCB.

Da Ala Moça, surgiram quadros juvenis de projeção nacional, como Fernando Ferrari, Sereno Chaise, Pedro Simon, Nei Ortiz Borges, Antônio de Pádua Ferreira da Silva.

Esta organização produziu quadros que, mais tarde, fizeram parte da política estudantil, durante a década de 1960: alguns pertenceram à Ação Popular (AP), tais como Vania Bam-birra, Herbert de Souza (Betinho) e Vinicius Caldeira Brant; outros, à Organização Marxista Revolucionária/Política Operária (OMR-POLOP), como Theotonio dos Santos, Ruy Mauro Marini e Maria do Carmo Brito. A Mocidade Trabalhista também geraria quadros de vulto, como Matheus Schmidt, Pedro Porfírio e Danilo Groff.

A partir de 1978, durante o processo de formação partidária, dois núcleos juvenis fo-ram formados, denominados "Juventude Trabalhista do PTB", no Rio de Janeiro era liderado por Alfredo Sirkis; enquanto no Rio Grande do Sul, por Calino Pacheco Filho.

Com a perda da sigla do PTB para o grupo de Ivete Vargas, e com a formação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), em 26 de maio de 1980, fazia-se necessário o restabeleci-mento de uma organização, dentro do Partido, que abarcasse o segmento juvenil, apresen-tando-lhes os valores do chamado novo Trabalhismo.

Este novo grupamento de jovens teve como uma de suas primeiras tarefas conduzir uma faixa à cidade gaúcha São Borja, simbolicamente escolhida para a chegada de Leonel Brizola ao Brasil, em 7 de setembro de 1979, quando de seu retorno do exílio. A faixa que

antecederia a nova organização trazia escrito o slogan "Juventude Trabalhista, Popular e Socialista" e sugeria ali seu caráter político ideológico.

Enfim, a Juventude Trabalhista (JT), que se tornou a organização juvenil do recém-criado PDT, foi fundada oficialmente em 15 de fevereiro de 1981 — quando ocorreu seu I Encontro Nacional, que teve como lema a mesma expressão trazida na faixa utilizada em São Borja nos idos de 1979, "Juventude Trabalhista, Popular e Socialista".

Esta nova organização se configurava por meio da defesa da Soberania Nacional, da democracia, e que tinha no Trabalhismo brasileiro o cerne que embasava suas concepções de ideário socialista.

Naquele Encontro Nacional, estiveram presentes 123 delegados – oriundos de 10 esta-dos brasileiros e Distrito Federal, com o destaque às bancadas oriundas dos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Os militantes que ali circularam se intitulavam social-democratas, socialistas, trabalhistas; e mesmo alguns comunistas associados à uma corrente ligada ao velho líder comunista, Luís Carlos Prestes.

Ao longo do Encontro ocorreram muitos debates sobre as novas condições que se abriam no Brasil. Foram discutidos, por exemplo, democracia e outros temas relevantes que surgiam naquele ambiente de liberdade e esperança.

Ao final do encontro, como síntese do refazimento (para ser fiel à expressão de Darcy Ribeiro), o pernambucano Anacleto Julião — ex-exilado e filho do lendário líder das Ligas Camponesas Francisco Julião — foi eleito primeiro presidente da JT, com a principal tarefa de dirigir a montagem da estrutura organizacional do movimento.

Destaque-se que já organizada na maioria dos estados brasileiros, a Juventude Traba-lhista realizou, nos dias 23 e 24 de janeiro de 1982, o I Congresso Nacional da JT, na cidade do Rio de Janeiro, que ratificou a presidência de Anacleto Julião. Neste mesmo Congresso foi escolhido também o primeiro Diretório Nacional composto de 30 membros titulares e 15 suplentes.

A Juventude Trabalhista incorporou a seu título a palavra “socialista” e assim foi rebati-zada como Juventude Trabalhista e Socialista (JTS), em seu II Congresso Nacional, também realizado no Rio de Janeiro, entre os dias 12 e 14 de outubro de 1983.

Vale destacar que, embora boa parte dos quadros juvenis fossem “Prestista” (ligados ao grupo liderado por Luís Carlos Prestes) e socialistas, a escolha do novo nome e sigla (JTS) sofreu certa resistência inicial do então líder trabalhista do PDT Leonel Brizola – que pre-feria e desejava a Juventude nos moldes da antiga Mocidade Trabalhista do PTB pré-1964.

O atual nome — Juventude Socialista do PDT (JSPDT) — foi escolhido no III Congresso Nacional da JTS, realizado entre 1° e 3 de fevereiro de 1985, em Niterói - Rio de Janeiro.

O nome da juventude do PDT foi consagrado como Juventude Socialista (JS), com a aprovação de uma forte bancada constituída por marxistas e, em destaque, os oriundos do segmento Prestista e do Coletivo Gregório Bezerra (CGB).

O novo presidente seria Carlos Alberto Tejera De Ré (Minhoca) e a sua Vice-Presidente Izaura Gazen, que mais tarde, a partir do IV Congresso Nacional da JS, realizado em 1986, até o V Congresso Nacional, em 1989 assumiria a Presidência.

Page 62: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

121120

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

Nesta época, a Juventude Socialista passou a ser uma grande contribuinte de quadros para o Trabalhismo brasileiro; paralelamente, passou a ter uma participação de destaque nos Movimento Estudantil e em suas principais entidades de representação: União Nacional dos Estudantes - UNE e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas - UBES.

Pode-se afirmar que, a partir do XIV Congresso Nacional, realizado na Praia Grande – SP, a Juventude Socialista do PDT, que agora adotara também como sigla apenas JS se conso-lidaria em praticamente todos os estados brasileiros.

A atual direção foi eleita no XV Congresso Nacional, realizado entre 1° e 3 de junho de 2012, em Fortaleza. Este congresso inovou, ao realizar o 1º Encontro Nacional de Jovens LGBT. Esta foi a primeira vez que ocorreu um encontro com esta temática dentro dos movimentos de cooperação do PDT.

Foi neste mesmo Congresso que foi eleito o catarinense Luiz Marcelo Camargo, presidente.

Desde 9 de setembro de 2015, a presidência da Juventude Socialista passou a ser exerci-da pelo o carioca Everton Gomes, que, em razão desta substituição, vem liderando a gestão com vistas a realização do XVI Congresso Nacional da Juventude Socialista, previsto para ocorrer na Cidade de São Paulo.

Esta gestão trouxe importantes iniciativas, como os “Retiros Socialistas” (encontros regio-nais de formação política dos jovens); além de ter realizado um “Encontro Nacional do Mo-vimento Reinventar” e o “1º Seminário Nacional: Juventude, Políticas Públicas e o Trabalhismo”.

ATUAÇÃO

A Juventude Socialista está organizada em todos os Estados da Federação, com núcleos de base, além de direções e diretórios organizados nos planos municipal, estadual e nacional.

A JS atua nos diferentes movimentos políticos de jovens, sempre levando à frente as bandeiras ligadas ao Trabalhismo e ao PDT. Hoje, temos frentes de jovens negros, LGBT, mulheres, estudantil, políticas públicas (PPJ), mídia ativismo, trabalhadores e outras que estão sendo criadas.

Como resultado natural do desenvolvimento político produzido pela militância na Ju-ventude Socialista, nossos militantes compõem a estrutura interna do próprio PDT (direções e diretórios) e atuam nos governos nos quais nosso Partido está inserido.

SIMBOLOGIA

• Nossa denominação é JUVENTUDE SOCIALISTA DO PARTIDO DEMOCRÁTICO TRA-BALHISTA e nossa sigla pode ser representada como JS ou JSPDT.

• Nossa bandeira é fundo branco, com a mão esquerda ao centro, segurando a rosa socialista, ambas em vermelho, com a expressão “JUVENTUDE SOCIALISTA DO PDT” escrita abaixo.

• A "Oração Latina", música do compositor e cantor maranhense César Teixeira, é o hino adotado pela Juventude Socialista.

PRINCÍPIOS

a) Socialista: Somos socialistas, na medida em que reconhecemos que só o socialis-mo é a garantia de desenvolvimento econômico, político e social para as maiorias nacionais dos países emergentes; e, assim, garante a eliminação da exploração dos trabalhadores e a consequente eliminação da pobreza e miséria;

b) Anti-imperialista: A JS é uma organização integrada na luta anti-imperialista do povo brasileiro.

A via brasileira para socialismo é a via de uma nação pobre, colonizada e dependente que, para atingir níveis de organização capazes de construir o socialismo, necessita transfor-mar esta realidade, rompendo com o ciclo de desenvolvimento dependente e com a divisão internacional do trabalho.

c) Popular: O povo trabalhador é — e será — a força que efetuará as transformações sociais.

Para realizar esta tarefa, é preciso forjar a unidade de todas as classes e setores explora-dos pelo Capitalismo. Consideramos indispensável a construção da unidade popular.

d) Democrática: A criação de condições para construir o socialismo depende da trans-formação dos sistemas de instituições políticas vigentes; ou seja, abrir caminho para uma democracia plena, substituindo o poder das minorias antinacionais e antipopulares, e antipopulares pelo poder popular.

O socialismo e a causa adquirem, em nosso Continente, um caráter, mais que nunca, mar-cadamente democrático; aprofundar a democracia — superando os limites que lhe impõe o capital estrangeiro e os grupos nacionais exploradores — na perspectiva do socialismo e do povo popular, é tarefa fundamental de nossos jovens.

e) Internacionalista: Mantemos relações — institucionais e de colaboração — com as organizações juvenis irmãs e amigas do mundo inteiro; mantemos uma prática internacionalista de solidariedade e apoio efetivo a todas as lutas de libertação nacional, especialmente as lutas dos povos da América Latina e do Caribe; apoia-mos a luta pelo socialismo no mundo e expressamos solidariedade aos povos que lutam pela construção do mesmo.

A Juventude Socialista entende que as relações internacionais inspiram a necessidade de praticar e desenvolver a solidariedade internacional e fortalecer a unidade do movimento juvenil democrático e progressista internacional aproveitando mutuamente as experiências de nossas organizações.

f) Nacionalista: Defendemos a soberania nacional sobre o território nacional, as ri-quezas e a cultura do Brasil, valorizando a miscigenação dos povos que constituíram este país.

g) Trabalhista: Foi o Trabalhismo — através de suas mais destacadas lideranças, como Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola, Alberto Pasqualini e Darcy Ribeiro — que construiu as bases para o desenvolvimento e industrialização nacional, ao instituir a indústria de base, a legislação trabalhista com o salário mínimo, as férias anuais, a jornada de oito horas.

Lutamos pela preservação das conquistas do Trabalhismo e pela reconquista da sobe-rania nacional com justiça social.

Page 63: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

123122

Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o Brasil

Caderno 4Movimentos

do PDT

Banco de PalavrasBanco de Palavras Coleção Darcy Ribeiro - Volume ICadernos Reinventando o BrasilCaderno 4Movimentos do PDT

“O Trabalhismo é o caminho brasileiro para a construção de uma sociedade democrática e socialista".

FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO• Filiação: pode integrar a Juventude Socialista qualquer pessoa que concorde com

nossa ideologia, programa e propostas, e que tenha entre 14 e 32 anos.

A filiação é um ato individual e deve ser apresentada ao Núcleo de Base (NB) ou à Direção Municipal da JS de sua cidade.

• Núcleo de Base: pode se constituir por locais de atividade (escolas, universidades, empresas, associações de classe ou categorias profissionais), de moradia (bairro, rua, quadra, vila, condomínio, comunidade) ou área de interesse (ecologia, direitos humanos, questões étnicas, entre outras).

O número mínimo para compor um núcleo de base deve ser de cinco (05) integrantes.

• Laços Nacionais: A Juventude Socialista atua no Movimento Estudantil, como membro efetivo do "Movimento Reinventar", que é uma plataforma político-estu-dantil, não partidário que congrega estudantes de todos os níveis, espalhados pelo Brasil, que reconhecem o Trabalhismo brasileiro e o Socialismo Democrático como valores fundamentais.

Para tanto, lançam mão de atividades nas escolas e universidades do país, difundindo as bandeiras educacionais desenvolvidas por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, e que prezam pela educação pública e de qualidade e integral.

• Laços Internacionais: A Juventude Socialista é membro-pleno e a única repre-sentante no Brasil da International Union Socialista of Youth (IUSY) que é a União Internacional das Juventudes Socialistas.

A IUSY — maior organização juvenil política no mundo — representa 134 organiza-ções-membros de mais de 80 países, de orientação socialista, social-democrata e trabalhista.

Seu funcionamento se dá através do desenvolvimento e fortalecimento das organiza-ções filiadas, de diferentes países, apoiando atividades, realizando intercâmbios, encontros internacionais de jovens e cursos dos mais variados temas ligados à juventude.

São valores da IUSY: a liberdade e respeito aos direitos humanos; a luta por justiça social e democracia; e também a defesa do fim de qualquer forma de opressão.

- A Juventude Socialista integra — como membro pleno — a Conferência Permanente dos Partidos Políticos Para a América Latina e Caribe da Juventude (COPPPAL JUVENIL), ligada à organização COPPPAL, formada por organizações de juventude dos partidos políticos na América Latina e no Caribe.

Destina-se a promover e avançar na análise da região, consulta e ação, a fim de estabe-lecer um compromisso permanente com a independência, a soberania, liberdade, demo-cracia, igualdade e solidariedade, no espírito da declaração de Princípios COPPPAL - Escola de Manágua, Nicarágua, adotado em 19 de Setembro de 1988.

Integram a COPPPAL Juvenil as organizações democráticas de jovens pertencentes aos partidos políticos nacionais, populares e progressistas que priorizam a questão da democra-cia, soberania; e, ao mesmo tempo, apoiam a criação de uma ordem mais justa e equitativa no âmbito internacional e também a unidade dos povos latino-americanos.

Este é o lema da COPPPAL JUVENIL: "Por integração dos partidos políticos e desenvol-vimento democrático das juventudes latino-americanas e caribenhas".

- A Juventude Socialista mantém, ainda, laços, na qualidade de membro observador, na Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD) que é uma organização juvenil internacional reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma ONG da juventude mundial.

A entidade foi fundada em 1945, em Londres, no encerramento da Conferência Mun-dial da Juventude, como um amplo movimento internacional da juventude após o fim da Segunda Guerra Mundial.

É a FMJD que promove o Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, que ocorre por todo o mundo a cada dois anos.

Bibliografia:

- Estatuto da Juventude Socialista do PDT.

- Página: www.wfdy.org / www.juventudcopppal.com.ar / www.iusy.org

- Documento: Brasil mostra a tua cara! - Tese para o 41º Congresso da UBES.

- Documento: Interseções - Diálogos Colaborativos sobre Juventude, políticas públicas e o Trabalhismo.

- Cadernos da Juventude - 1ª Edição.

Page 64: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

www.flb-ap.org.br www.ulb.org.br

www.radiolegalidade.com

RÁDIO

Parabéns!

Concluímos com êxito a nossa inicialização ao PDT!

Até aqui foram tratados temas básicos referentes à gestão de campanha eleitoral e ao conhecimento ideológico e partidário.

Agora, inicia-se mais uma nova etapa: tornar o processo de educação e formação política real no dia a dia da militância política, organizando os NÚCLEOS DE BASE (NB).

O NB é uma ferramenta importante para o processo pré-eleitoral, eleitoral e pós-eleitoral, pois este método organiza a base militante e a rede de apoiadores, além de manter mobilizado o partido local frente às temáticas mais importantes da nossa política, que poderão contribuir nas pautas eleitorais. Assim, o NB trata-se de uma modalidade de organização que prioriza a reunião e a integração de pequenos grupos de pessoas ou militantes com alguma afinidade, mas com um conteúdo político direcionado e atento a atualidade.

Esta é uma nova forma de fazer política! Durante o dia a dia os filiados ao PDT estão sempre reunidos com pessoas, seja no trabalho, na escola, com os vizinhos, com a família. O NB pode iniciar sem o formalismo convencional, em um ambiente aberto e democrático para a participação de todos na política!

Convide as pessoas próximas e forme um Núcleo de Base! Promova reuniões e discuta os conteúdos deste material, aliados aos temas atuais da realidade brasileira!

Lembre-se de que o Núcleo de base está inserido no Estatuto do PDT:

Art. 28 - Núcleo de Base é uma unidade de cooperação e de mobilização do Partido organizado por categoria profissional, por local de trabalho, de moradia, de estudo ou por movimentos sociais, sempre vinculado a um Diretório Distrital ou de Bairro, ao Diretório Municipal ou, ainda, em situações especiais, aos Movimentos Partidários, aos Diretórios Estaduais e Nacional.

§ 1º - Os NÚCLEOS DE BASE serão constituídos pelos filiados na respectiva área territorial ou de atuação.

§ 2º - Para a constituição de um Núcleo de Base são necessários cinco (5) filiados no mínimo. Sempre que o número de integrantes ultrapassar a vinte e cinco (25), o núcleo será desmembrado.

Art. 29 - A estruturação e o funcionamento dos Núcleos de Base serão regulados pelo Regimento Interno do Diretório Estadual que deverá ser submetido à aprovação da Direção Nacional.

www.pdt.org.br

Page 65: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

Esta publicação é parte integrante dos CADERNOS REINVENTANDO O BRASIL, DA FUNDAÇÃO LEONEL BRIZOLA - ALBERTO PASQUALINI - FLB-AP, UNIVERSIDADE LEONEL BRIZOLA - ULB, PDT. Impresso em 2016, composto em DAX de Hans Reichel • ADOBE MYRIAD PRO de Robert Slimbach, Carol Twombly, Fred Brady e Christopher Slye • ADOBE MINION PRO de Robert Slimbach • SEGOE PRINT de Brian Allen, Carl Crossgrove, James Grieshaber e Karl Leuthold, com capa em papel Supremo 250g/m2, miolo em AP 75g/m2. Design/projeto gráfico e diagramação de Haroldo Brito para Criatus Design.

FUNDAÇÃO LEONEL BRIZOLA - ALBERTO PASQUALINI

SEDE NACIONAL BRASÍLIASetor de Autarquias Federais Sul - SAFS, Quadra 2, Lote 3, Plano Piloto, CEP: 70.042-900, Brasília-DF

Tel/Fax: (61) 3224-0791 / 3322-7198

[email protected]

www.pdt.org.br

SEDE NACIONAL RIO DE JANEIRORua do Teatro, 39 - 2º andar, CentroCEP: 20.050-190, Rio de Janeiro-RJ

tel/Fax: (21) 2232-0121 / 2232-1016

[email protected]

www.flb-ap.org.br

www.facebook.com/pdt.org.br

Twitter: pdt_nacional

1Já podeis da Pátria filhosVer contente a Mãe gentil;Já raiou a LiberdadeNo Horizonte do BrasilJá raiou a LiberdadeJá raiou a LiberdadeNo Horizonte do Brasil

Brava Gente BrasileiraLonge vá, temor servil;Ou ficar a Pátria livre,Ou morrer pelo Brasil.Ou ficar a Pátria livre,Ou morrer pelo Brasil.

2Os grilhões que nos forjavaDa perfídia astuto ardil,Houve Mão mais poderosa,Zombou deles o Brasil.Houve Mão mais poderosaHouve Mão mais poderosaZombou deles o Brasil.

3O Real Herdeiro AugustoConhecendo o engano vil,Em despeito dos TiranosQuis ficar no seu Brasil.Em despeito dos TiranosEm despeito dos TiranosQuis ficar no seu Brasil.

4Ressoavam sombras tristesDa cruel Guerra Civil,Mas fugiram apressadasVendo o Anjo do Brasil.Mas fugiram apressadasMas fugiram apressadasVendo o Anjo do Brasil.

5Mal soou na serra ao longeNosso grito varonil;Nos imensos ombros logoA cabeça ergue o Brasil.Nos imensos ombros logoNos imensos ombros logoA cabeça ergue o Brasil.

6Filhos clama, caros filhos,E depois de afrontas mil,Que a vingar a negra injúriaVem chamar-vos o Brasil.Que a vingar a negra injúriaQue a vingar a negra injúriaVem chamar-vos o Brasil.

7Não temais ímpias falanges,Que apresentam face hostil:Vossos peitos, vossos braçosSão muralhas do Brasil.Vossos peitos, vossos braçosVossos peitos, vossos braçosSão muralhas do Brasil.

8Mostra Pedro a vossa fronteAlma intrépida e viril:Tende nele o Digno ChefeDeste Império do Brasil.Tende nele o Digno ChefeTende nele o Digno ChefeDeste Império do Brasil.

9Parabéns, oh Brasileiros,Já com garbo varonilDo Universo entre as NaçõesResplandece a do Brasil.Do Universo entre as NaçõesDo Universo entre as NaçõesResplandece a do Brasil.

HINO DA INDEPENDÊNCIA

Page 66: Caderno 2 Caderno 3 Caderno 4 - pdtceara.org.brpdtceara.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Cadernos-Reinventando-o...DARCY coleção RIBEIRO Caderno 1 • Formação Política Caderno

DARCYcoleção

RIBEIRO

Caderno 1• Formação Política

Caderno 2• Ética e Política• Planejamento e

Gestão Estratégica

Caderno 3• Noções de Marketing

Político Eleitoral• Oratória

Caderno 4• Movimentos do PDT

FUNDAÇÃOLEONEL BRIZOLA — ALBERTO PASQUALINI

SEDE NACIONAL — BRASÍLIASetor de Autarquias Federais Sul - SAFS,Quadra 2, Lote 3, Plano Piloto,CEP: 70.042-900, Brasília-DF

Tel/Fax: (61) 3224-0791 / 3322-7198

[email protected]

www.pdt.org.br

SEDE NACIONAL — RIO DE JANEIRORua do Teatro, 39 - 2º andar, CentroCEP: 20.050-190, Rio de Janeiro-RJ

tel/Fax: (21) 2232-0121 / 2232-1016

[email protected]

www.� b-ap.org.br

www.facebook.com/pdt.org.br

Twitter: pdt_nacional

Cade

rnos

Rei

nve

nta

nd

o o

Bra

sil

• Fu

ndaç

ão L

eone

l Bri

zola

- A

lber

to P

asqu

ilini

Cole

ção

DA

RCY

RIB

EIR

O -

Vol

ume

I