caderno de atenção básica - coração cerebro rim

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  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS1

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

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    CADERNOS DEATENO BSICA

    MINISTRIO DA SADE

    PREVENO CLNICA DE DOENACARDIOVASCULAR,

    CEREBROVASCULAR E RENAL

    CRNICA

    Cadernos de Ateno Bsica - n. 14

    Braslia - DF2006

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

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    CADERNOS DEATENO BSICA

    MINISTRIO DA SADESecretaria de Ateno Sade

    Departamento de Ateno Bsica

    PREVENO CLNICA DE DOENACARDIOVASCULAR,

    CEREBROVASCULAR E RENAL

    CRNICA

    Cadernos de Ateno Bsica - n. 14Srie A. Normas e Manuais Tcnicos

    Braslia - DF2006

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

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    Ficha Catalogrfica_________________________________________________________________________________________________________________________________

    Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica.

    Preveno clnica de doenas cardiovasculares, cerebrovasculares e renais / Ministrio da Sade, Secretaria de Ateno Sade,Departamento de Ateno Bsica. - Braslia : Ministrio da Sade, 2006.56 p. - (Cadernos de Ateno Bsica; 14) (Srie A. Normas e Manuais Tcnicos)

    ISBN 85-334-1197-9

    1. Doenas cardiovasculares. 2. Transtornos cerebrovasculares. 3. Sade pblica. 4. SUS (BR) I. Ttulo. II. Srie.

    NLM QZ 17__________________________________________________________________________________________________________________________________Catalogao na fonte - Coordenao-Geral de Documentao e Informao - Editora MS - OS 2006/0637

    Ttulos para indexao:Em ingls: Clinical Prevention of Cardiovascular, Cerebrovascular and Renal DiseasesEm espanhol: Prevencin Clnica de Enfermedades Cardiovasculares, Cerebrovasculares y Renales

    2006 Ministrio da SadeTodos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou totaldesta obra, desde que citada a fonte e que no seja para venda ouqualquer fim comercial.A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra de responsabilidade da rea tcnica.A coleo institucional do Ministrio da Sade pode ser acessada nantegra na Biblioteca Virtual em Sade do Ministrio da Sade: http://www.saude.gov.br/bvs

    Cadernos de Ateno Bsica n. 14Srie A. Normas e Manuais Tcnicos

    Tiragem: 1. edio - 2006 - 15.000 exemplares

    Elaborao, distribuio e informaes:MINISTRIO DA SADESecretaria de Ateno SadeDepartamento de Ateno BsicaEsplanada dos Ministrios, bloco G, 6. andar, sala 63470058-900, Braslia - DFTels.: (61) 3315-3302 / 3225-6388Fax.: (61) 3225-6388Homepage: www.saude.gov.br/dab

    Superviso geral:Luis Fernando Rolim Sampaio

    Coordenao tcnica:Antonio Dercy Silveira Filho

    Equipe de formulao/MS:Antnio Luiz Pinho RibeiroCarisi Anne PolanczykCarlos Armando Lopes do NascimentoJos Luiz Dos Santos NogueiraRosa Sampaio Vila Nova de Carvalho

    Equipe tcnica:Adelaide Borges Costa de Oliveira - DAB/MSAna Cristina Santana de Arajo - DAB/MSAntnio Luiz Pinho Ribeiro - DAE/MSCarisi Anne Polanczyk - DAE/MSCarlos Armando Lopes do Nascimento - DAE/MSJos Luiz Dos Santos Nogueira - DAE/MSMaria das Mercs Aquino Arajo - DAB/MSMicheline Marie Milward de Azevedo Meiners - DAB/MS

    Snia Maria Dantas de Souza - DAB/MSReviso tcnica:Bruce Bartholow Duncan - UFRGSCarisi Anne Polanczyk - DAE/MSErno Harzheim - UFRGSFlvio Danni Fuchs - UFRGSMaria Ins Schmidt - UFRGS

    Equipe de apoio administrativo:Alexandre Hauser Gonalves - DAB/MSIsabel Constana P. M. de Andrade - DAB/MSMarcio Carapeba Jnior - DAB/MS

    Colaboradores:Alexandre Jos Mont'Alverne Silva - CONASEMSAmncio Paulino de Carvalho - DAE/MSAna Mrcia Messeder S. Fernandes - DAF/MSAntnio Luiz Brasileiro - INCL/MSAugusto Pimazoni Netto - Consultor Mdico/ SPCarmem de Simone - DAB/MSDbora Malta - CGDANT/MSDenizar Vianna Arajo - INCL/MSDillian Adelaine da Silva Goulart - DAB/MS

    Dirceu Brs Aparecido Barbano - DAF/MSEdson Aguilar Perez - SMS/So Bernardo do Campo - SPLenildo de Moura - CGDANT/MSMrio Maia Bracco - CELAFISCNewton Srgio Lopes Lemos - DAB/MSRegina Maria Aquino Xavier - INCL/MSRenata F. Cachapuz - ANS/MSRubens Wagner Bressanim - DAB/MSVictor Matsudo - CELAFISCS

    Sociedades cientficas:Jos Pricles Steves - SBCAugusto D Marco Martins - SBC/DFlvaro Avezum - FUNCOR/SBCHlio Pena Guimares - FUNCOR/SBCMarcos Antnio Tambasci - SBDAdriana Costa Forti - SBD

    Robson Augusto Souza dos Santos - SBHPedro Alejandro Gordan - SBNPatrcia Ferreira Abreu - SBNJos Nery Praxedes - SBNMariza Helena Csar Coral - SBEMSrgio Alberto Cunha Vncio - SBEMMaria Ins Padula Anderson - SBMFCHamilton Lima Wagner - SBMFCFadlo Fraige Filho - FENAD

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    II. Introduo

    III. Risco Global - Conceito

    IV. Risco Cardiovascular - ClassificaoEstratificao de riscoFluxograma de classificao de risco vascularAvaliao clnico-laboratorialEscore de risco globalEscore Framingham Revisado para HomensEscore Framingham Revisado para Mulheres

    V. Risco de Doena Renal Crnica - Conceito e Classificao

    VI. Intervenes preventivas1. Preveno no-farmacolgica1.1 Alimentao saudvel1.2 Controle de peso1.3 lcool1.4 Atividade Fsica1.5 Tabagismo2. Preveno farmacolgica2.1 Anti-hipertensivos2.2 Aspirina2.3 Hipolipemiantes

    2.4 Frmacos hipoglicemiantes2.5 Vacinao contra-influenza2.6 Terapia de Reposio hormonal3. Abordagem integrada das intervenes

    VII. Intervenes preventivas renais

    VIII. Atribuies e competncias da equipe de sade

    IX. Critrios de encaminhamentos para referncia e contra-referncia

    X. Bibliografia

    10

    14

    16161818202122

    23

    2626262930313336363738

    40404040

    44

    47

    51

    53

    SUMRIO

    I. Apresentao 08

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    8CADERNOS DE ATENO BSICA

    I. APRESENTAO

    Ao longo dos dois ltimos

    sculos, a revoluo tecno-

    lgica e industrial, com con-

    seqncias econmicas e sociais, re-

    sultaram em uma mudana drstica

    do perfil de morbimortalidade da

    populao com grande predomniodas doenas e mortes devidas s do-

    enas crnicas no transmissveis

    (DCNT), dentre elas o cncer e as do-

    enas cardiovasculares.A carga eco-

    nmica das DCNT produz elevados

    custos para os sistemas de sade e da

    previdncia social devido mortali-

    dade e invalidez precoces, e, sobre-

    tudo para a sociedade, famlias e aspessoas portadoras dessas doenas.

    A doena cardiovascular representa

    hoje no Brasil a maior causa de mor-

    tes; o nmero estimado de portado-

    res de Diabetes e de Hipertenso

    de 23.000.000; cerca de 1.700.000

    pessoas tm doena renal crnica

    (DRC), sendo o diabetes e a hiperten-

    so arterial responsveis por 62,1%

    do diagnstico primrio dos subme-

    tidos dilise.

    Essas taxas tendem a crescer nos pr-

    ximos anos, no s pelo crescimento

    e envelhecimento da populao,

    mas, sobretudo, pela persistncia de

    hbitos inadequados de alimentao

    e atividade fsica, alm do tabagismo.

    O Ministrio da Sade vm adotan-

    do vrias estratgias e aes para re-

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS9

    duzir o nus das doenas cardiovas-

    culares na populao brasileira como

    as medidas anti-tabgicas, as polti-

    cas de alimentao e nutrio e de

    promoo da sade com nfase na

    escola e, ainda, as aes de ateno

    hipertenso e ao diabetes com ga-

    rantia de medicamentos bsicos na

    rede pblica e, aliado a isso, a

    capacitao de profissionais. A cam-

    panha do Pratique Sade um bom

    exemplo como estratgia de massapara a disseminao da informao

    e sensibilizao da populao para

    a adoo de hbitos saudveis de vida.

    importante registrar que a adoo

    da estratgia Sade da Famlia como

    poltica prioritria de ateno bsica,

    por sua conformao e processo detrabalho, compreende as condies

    mais favorveis de acesso s medidas

    multissetoriais e integrais que a abor-

    dagem das doenas crnicas no

    transmissveis (DCNT) exige.

    Esse protocolo uma proposio do

    Departamento de Ateno Bsica/Departamento de Ateno Especi-

    alizada da Secretaria de Ateno

    Sade, sendo a primeira iniciativa bra-

    sileira de ao estruturada e de base

    populacional para a preveno pri-

    mria e secundria das doenas

    cardiovasculares (DCV) e renal crni-

    ca em larga escala. Foi rigorosamen-

    te baseado nas evidncias cientficas

    atuais e teve a contribuio efetiva de

    profissionais de reconhecido saber e

    das sociedades cientificas da rea.

    Deve ser implementado na rede p-

    blica de sade, sobretudo, nas cerca

    de 25 mil Equipes Sade da Famlia

    hoje existentes no Brasil. Isso exige umesforo conjunto dos gestores pbli-

    cos federal, estaduais e municipais,

    sociedades cientficas, instituies de

    ensino, profissionais de sade e soci-

    edade em geral para o completo xi-

    to na preveno e controle das do-

    enas cardiovasculares e renais do

    nosso pas.

    Jos Gomes Temporo

    Secretrio de Ateno Sade

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    10CADERNOS DE ATENO BSICA

    II. INTRODUO

    As doenas circulatrias so

    responsveis por impacto

    expressivo na mortalidade

    da populao brasileira, correspon-

    dendo a 32% dos bitos em 2002, o

    equivalente a 267.496 mortes. As

    doenas do aparelho circulatrio

    compreendem um espectro amplo

    de sndromes clnicas, mas tm nas

    doenas relacionadas aterosclerose

    a sua principal contribuio,

    manifesta por doena arterial

    coronariana, doena cerebro-

    vascular e de vasos perifricos,

    incluindo patologias da aorta, dos

    rins e de membros, com expressiva

    morbidade e impacto na qualidade

    de vida e produtividade da

    populao adulta. Em adio s

    doenas com comprometimento

    vascular, as doenas renais crnicas

    tm tambm um nus importante na

    sade da populao, sendo estimado

    que 1.628.025 indivduos sejam

    portadores de doena renal crnica

    (DRC) no Brasil, e 65.121 esto em

    dilise.

    So inmeros os fatos que podem

    estar relacionados com a importncia

    cada vez maior destas doenas. Parte

    pode ser devida ao envelhecimento

    da populao, sobrevida das

    doenas infecciosas, incorporao de

    novas tecnologias com diagnstico

    mais precoce das doenas e reduo

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS11

    de letalidade, mas uma parcela

    importante pode ser atribuda ao

    controle inadequado, e por vezes em

    ascenso, dos fatores associados ao

    desenvolvimento destas doenas.

    Os principais fatores de risco esto

    descritos no Quadro 1. A presena de

    9 destes fatores explica quase 90%

    do risco atribuvel de doena na

    populao ao redor do mundo. Vale

    ressaltar que muitos desses fatores de

    risco so responsveis tambm pelas

    doenas renais, sendo que a

    hipertenso arterial sistmica (HAS)

    e o diabete melito (DM) respondem

    por 50% dos casos de DRC terminal.

    Dos fatores potencialmente

    controlveis, HAS e DM, so crticosdo ponto de vista de sade pblica.

    No Brasil, dados do Plano de

    Reorganizao da Ateno

    Hipertenso Arterial e ao Diabete

    Melitus de 2001 apontaram para

    uma prevalncia destes fatores na

    populao brasileira acima de 40

    anos de idade de 36% e 10%,respectivamente. Estima-se que mais

    de 15 milhes de brasileiros tm HAS,

    sendo aproximadamente 12.410.753

    usurios do SUS. Mais de um 1/3

    Quadro 1. Fatores de risco para doena cardio-

    vascular.

    Histria familiar de DAC prematura (familiar

    1. grau sexo masculino 55 anos

    Tabagismo

    Hipercolesterolemia (LDL-c elevado)

    Hipertenso arterial sistmica

    Diabete melito

    Obesidade ( IMC > 30 kg/m)

    Gordura abdominal

    Sedentarismo

    Dieta pobre em frutas e vegetais

    Estresse psico-social

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    12CADERNOS DE ATENO BSICA

    desconhecem a doena e menos de

    1/3 dos hipertensos com diagnstico

    apresentam nveis adequados de

    presso arterial com tratamento

    proposto. Em relao ao diabete

    melito, dos 3.643.855 estimados

    como usurios do SUS, quase metade

    desconhecia este diagnstico e

    apenas 2/3 destes indivduos esto

    em acompanhamento nas unidades

    de ateno bsica.

    H consenso sobre a importncia da

    adoo de estratgias de ateno

    integral, cada vez mais precoces ao

    longo do ciclo de vida, focadas na

    preveno do aparecimento de HAS

    e DM e suas complicaes. Esto bem

    estabelecidas as aes de sade que

    devem ser implementadas para um

    efetivo controle desses fatores de

    risco visando preveno da doena

    e de seus agravos. O principal desafio

    traduzir em aes concretas de

    cuidado integral a indivduos e

    comunidades o conhecimento

    cientfico e os avanos tecnolgicos

    hoje disponveis e coloc-los no

    mbito populacional ao alcance de

    um maior nmero possvel de

    indivduos.

    Com um espectro amplo de terapias

    preventivas de benefcio comprova-

    do hoje existentes e com uma

    capacidade crescente de se

    identificar as pessoas com maior risco

    de doenas, a escolha deve obedecer

    a critrios racionais de eficcia e

    eficincia, no sendo possvel e nem

    conveniente prescrever "tudo para

    todos", levando-se em conta o risco

    de efeitos indesejveis e a

    necessidade de otimizar os recursos

    para cuidados de sade.

    Para maximizar benefcios e

    minimizar riscos e custos, preciso

    organizar estratgias especficas para

    diferentes perfis de risco, levando em

    conta a complexidade e a

    disponibilidade das intervenes.

    Felizmente, h muito que pode serfeito na preveno cardiovascular de

    menor custo e maior eficincia. A

    diversidade de opes preventivas

    reitera a necessidade de uma escolha

    racional, levando em conta o risco

    absoluto global, as preferncias e os

    recursos do paciente. A velocidade

    de mudanas nessa rea requerateno continuada para as

    novidades, tanto nos esquemas de

    classificao de risco quanto nas

    intervenes.

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS13

    Este Manual tem como objetivo

    nortear planos de ao de cuidado

    integral, com foco na preveno

    destas doenas, sistematizando as

    condutas atuais recomendadas com

    base em evidncias cientficas para a

    identificao e manejo de indivduos

    sem doena manifesta e em risco de

    desenvolverem doenas cardacas

    aterosclerticas, cerebrovas culares e

    renais, aqui denominadas conjunta-

    mente de doenas cardiovasculares,se no especificadas. parte da

    Poltica Nacional de Ateno Integral

    a HAS e DM, seus fatores de risco e

    suas complicaes e dirigido aos

    profissionais da rede pblica do

    Sistema nico de Sade, visando

    reduzir o impacto destes agravos na

    populao brasileira. A identificao,manejo e respectivas condutas

    preventivas em indivduos com

    doena manifesta so importantes,

    mas sero abordados nos Manuais

    especficos de cada doena.

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    14CADERNOS DE ATENO BSICA

    III. RISCO GLOBAL - Conceito

    Mais importante do que

    diagnosticar no

    indivduo uma patologia

    isoladamente, seja diabetes,

    hipertenso ou a presena de

    dislipidemia, avali-lo em termos deseu risco cardiovascular,

    cerebrovascular e renal global.

    A preveno baseada no conceito de

    risco cardiovascular global significa

    que os esforos para a preveno de

    novos eventos cardiovasculares sero

    orientados, no de maneiraindependente pelos riscos da

    elevao de fatores isolados como a

    presso arterial ou o colesterol, mas

    pelo resultado da soma dos riscos

    imposta pela presena de mltiplos

    fatores, estimado pelo risco absoluto

    global de cada indivduo.

    Sob o enfoque preventivo, quanto

    maior o risco, maior o potencial

    benefcio de uma interveno

    teraputica ou preventiva. O

    benefcio de uma terapia na

    preveno de desfechos no

    desejveis pode ser expresso em

    termos relativos (p. ex., pela reduo

    relativa de risco com o uso de

    determinado frmaco), ou emtermos absolutos que levam em

    conta o risco individual ou a

    probabilidade de um indivduo de

    ter eventos em um perodo de tempo

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS15

    (p. ex., 2% de mortalidade em 3

    anos). Embora tradicionalmente

    terapias com redues relativas de

    morbimortalidade sejam atrativas, o

    uso racional de intervenes,

    levando em considerao equidade

    no sistema de sade, deve incorporar

    estimativa absoluta de risco.

    Por meio desta estimativa possvel

    otimizar o uso de intervenes

    implemantadas de acordo com o

    risco cardiovascular global de cada

    indivduo, uma vez que o grau de

    benefcio preventivo obtido

    depende da magnitude desse risco.

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS17

    histria clnica (principalmente, em

    relao a manifestaes vasculares,

    sintomas de diabetes), presso

    arterial, circunferncia abdominal,

    peso e altura (ndice de massa

    corporal), e um exame clnico

    focalizado em manifestaes de

    aterosclerose.

    Indivduos mais jovens (homens com

    menos de 45 anos e mulheres com

    menos de 55 anos), sem manifestao

    de doena ou sintomas e sem

    nenhum dos fatores intermedirios

    descritos no Quadro 2 so

    caracterizados como sendo de BAIXO

    RISCO (Figura 1). Estes indivduos no

    se beneficiam de exames

    complementares, entrentanto,

    devem ser encorajados a manteremum perfil de vida saudvel.

    Homens com idade superior a 45

    anos e mulheres com mais de 55 anos

    requerem exames laboratoriais para

    estimar mais precisamente o risco

    cardiovascular. Indivduos mais

    jovens que j apresentam um oumais fatores de risco devem passar

    para a avaliao clnico-laboratorial

    subseqente. Pacientes identificados

    nessa avaliao clnica como de alto

    Quadro 2. Avaliao clnica: Achados no

    exame clnico indicativos de alto risco ou da

    necessidade de exames laboratoriais.

    Indicadores de alto risco

    Infarto do miocrdio prvio

    Acidente vascular cerebral ou ataque

    isqumico transitrio prvio

    Doena aneurismtica de aorta

    Doena vascular perifrica

    Insuficincia cardaca congestiva de etiologia

    isqumica

    Angina de peito

    Doena renal crnica

    Indicadores intermedirios de risco

    Idade > 45 anos homens, > 55 anos mulheres

    Manifestaes de aterosclerose:

    Sopros arteriais carotdeos

    Diminuio ou ausncia de pulsos

    perifricos

    Histria familiar de infarto agudo do

    miocrdio, morte sbita ou acidente vascular

    cerebral em familiares de 1o. grau ocorrido

    antes dos 50 anosDiagnstico prvio de diabete melito,

    tolerncia glicose diminuda, glicemia de

    jejum alterada, diabete gestacional.

    Diagnstico prvio de dislipidemia

    Diagnstico prvio de sndrome do ovrio

    policstico

    Tabagismo

    Obesidade (IMC >30 kg/m2) ou obesidade

    central (cintura medida na crista ilaca: > 88cm em mulheres; > 102 cm em homens)

    Hipertenso (>140/90 mmHg) ou histria de

    pr-eclampsia

    Historia de doena renal na famlia (para risco

    de insuficincia renal)

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

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    18CADERNOS DE ATENO BSICA

    Figura 1. Fluxograma de classificao de risco

    cardiovascular.risco tambm devem ser avaliados do

    ponto de vista laboratorial para

    orientao teraputica, embora j

    sejam candidatos a intervenes de

    alta intensidade ou mais agressivas,

    conforme descrito adiante.

    Avaliao Clnico-Laboratorial

    O risco cardiovascular de pacientes

    com os fatores clnicos no grupo

    intermedirio bastante hete-

    rogneo. Para estimar maisprecisamente esse risco pode-se usar

    escores de predio. Infelizmente, at

    o momento nenhum dos instrumentos

    disponveis para a estratificao de

    risco foi desenvolvido ou adaptado

    para o contexto brasileiro. Embora

    no exista consenso no escore a ser

    utilizado para estimativa de riscoglobal, recomenda-se aplicar o modelo

    de Framingham, utilizado no Manual

    de Capacitao dos Profissionais de

    Sade da Rede Bsica, revisto em 2005.

    A partir deste instrumento, os

    indivduos so classificados em risco

    de desenvolver um eventocardiovascular maior (ECV), definido

    por infarto do miocrdio ou morte

    por causa cardiovascular, conforme

    Quadro 3.

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS19

    1Frmula de Friedwald para estimativa de LDL-colesterol [vlida para nveis de triglicerdeos < 400 mg/dL]

    LDL = colesterol total - (HDL + triglicerdeos/5).

    Quadro 3. Classificao de risco global, segundo

    Escore de Framingham.

    Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

    Baixo 20%/ 10 anos

    Essa determinao de risco exige a

    obteno de pelo menos 2 exames

    complementares: glicemia de jejum e

    colesterol total. A determinao do

    perfil lipdico completo, com dosagem

    de triglicerdeos, HDL-C e estimativa de

    LDL-C1 torna a predio um pouco

    mais precisa para a maioria dos

    pacientes. Havendo disponibilidade

    desses exames, em pacientes com

    fatores que sugerem risco mais

    elevado recomendado o perfilcompleto, embora o risco possa ser

    estimado de modo adequado sem

    estes dados.

    Para pacientes com HAS ou DM,

    solicita-se ainda creatinina, exame de

    urina tipo I e eletrocardiograma (ver

    Manual de Hipertenso Arterial e

    Diabete Melito para SUS). Naqueles

    com diabete ainda deve ser

    solicitado teste Hemoglobina glicada

    (A1c) e microalbuminria, se

    ausncia de proteinria no exame de

    urina. A presena de qualquer uma

    das condies abaixo tambm indica

    alto risco:

    nefropatia (proteinria >300mg/

    dia ou 200mg protena/g Cr urinria

    ou Cr>1,5 mg/dl para homens e 1,3

    mg/dl para mulheres OU albuminria

    > 30mg/24 horas ou 30mg/gr Cr

    urinria)

    hipertrofia de ventrculo esquerdo

    ao eletrocardiograma ou

    ecocardiograma

    Em pacientes com glicemia de jejum

    > 100 mg/dL e < 126 mg/dL, com risco

    calculado pelo escore de

    Framingham moderado (entre 10 e20% em 10 anos), recomenda-se

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    18/56

    20CADERNOS DE ATENO BSICA

    rastreamento de diabete por teste

    de tolerncia glicose (TTG 75 gr).

    Nestes casos, a identificao de DM

    muda a classificao para grupo de

    alto risco. importante ressaltar que

    embora a maioria dos pacientes com

    diabete se enquadre na categoria de

    alto risco, nem todos so assim

    classificados. A avaliao e manejo

    destes casos est detalhada nos

    Manuais especficos.

    Escores de Risco Global

    As principais variveis relacionadas

    com risco so: presso arterial sistlica,

    tabagismo, colesterol total, HDL-C,

    LDL-C, intolerncia a glicose, ndice

    de massa corporal e idade. Na sua

    maioria ou em combinao elas so

    incorporadas em escores preditivos

    globais, como o Escore de Risco de

    Framingham.

    O clculo do Escore de Framingham

    est descrito nas Figuras 2 e 3 para

    homens e mulheres, respectiva-

    mente. Inicialmente so coletadas

    informaes sobre idade, LDL-C, HDL-

    C, presso arterial, diabete e

    tabagismo [ETAPA 1]. A partir da

    soma dos pontos de cada fator

    [ETAPA 2] estimado o risco

    cardiovascular em 10 anos [ETAPA 3].

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    19/56

    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS21

    Figura 2. Escore de Framingham Revisado para Homens

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    20/56

    22CADERNOS DE ATENO BSICA

    Figura 3. Escore de Framingham Revisado para Mulheres

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    21/56

    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS23

    V. RISCO DE DOENA RENALCRNICA - DRC

    Adoena renal crnica

    consiste em leso, perda

    progressiva e irreversvel

    da funo dos rins. Os principais

    grupos de risco para o

    desenvolvimento desta patologia

    so diabete mellitus, hipertenso

    arterial e histria familiar . Alm

    destes, outros fatores esto

    relacionados perda de funo

    renal, como glomerulopatias, doena

    renal policstica, doenas auto-

    imunes, infeces sistmicas,

    infeces urinrias de repetio,

    litase urinria, uropatias obstrutivase neoplasias.

    Vale a pena ressaltar que indepen-

    dente do diagnstico etiolgico da

    DRC, a presena de dislipidemia,

    obesidade e tabagismo acelera a

    progresso da doena.

    O diagnstico da DRC baseia-se na

    identificao de grupos de risco,presena de alteraes de sedimento

    urinrio (microalbuminria, pro-

    teinria, hematria e leucocitria) e

    na reduo da filtrao glomerular

    avaliado pelo clearance de creatina.

    Todo paciente pertencente ao

    chamado grupo de risco, mesmo queassintomtico deve ser avaliado

    anualmente com exame de urina

    (fita reagente ou urina tipo 1),

    creatinina srica e depurao

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    22/56

    24CADERNOS DE ATENO BSICA

    Quadro 4. Classificao estgio da DRC

    Estgio Funo renal Clcr

    (ml/min/1,73m)

    0 Grupo de risco:

    sem leso renal

    funo normal. > 90

    1 Leso renal (mi-

    croalbuminria,pro-

    teinria), funo

    preservada, com

    fatores de risco > 90

    2 Leso renal com

    insuficincia renal

    leve 60-89

    3 Leso renal com

    insuficincia renal

    moderada 30-59

    4 Leso renal com

    insuficincia renal

    severa 15-29

    5 Leso renal com

    insuficincia renal

    terminal ou

    dialtica < 15

    estimada de creatinina e microalbu-

    minria. A microalbuminria

    especialmente til em pacientes com

    diabetes, hipertenso e com histria

    familiar de DRC sem proteinria

    detectada no exame de urina.

    O uso isolado da creatinina para

    avaliao da funo renal no deve

    ser utilizado, pois somente alcanar

    valores acima do normal aps perda

    de 50-60% da funo renal.

    Existem diferentes frmulas que

    podem ser empregadas para estimar

    o clearance da creatinina (Clcr) a

    partir da creatinina srica. A equao

    mais simplificada e conhecida a

    Equao de Cockcroft-Gault:

    De acordo com o clearance de

    creatinina, os indivduos podem ser

    classificados em 6 estgios, que

    orientaro medidas preventivas e

    encaminhamento para especialista

    (Quadro 4).

    Ccr ml/in = (140-idade) * peso * (0,85, se mulher)

    72 * Cr srica (mg/dl)

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    23/56

    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS25

    Avaliao da progresso da doena

    renal

    A filtrao glomerular, estimada pela

    depurao de creatinina, deve ser

    realizada pelo menos uma vez ao

    ano nos pacientes de risco no estgio

    0 e 1 e semestralmente no estgio 2

    da DRC.

    A avaliao trimestral recomen-

    dada para todos os pacientes no

    estgio 3, para aqueles com declnio

    rpido da filtrao glomerular (acima

    de 4ml/min/1,73m/ano), nos casos

    onde houve intervenes para

    reduzir a progresso ou exposio a

    fatores de risco para perda da

    funo aguda e quando se detecta

    fatores de risco para progresso maisrpida. As aes recomendadas para

    reduo de risco esto descritas

    adiante.

    Os pacientes nos estgios 4 e 5

    apresentam um risco maior de

    deteriorao da funo renal e

    devem OBRIGATORIAMENTE serencaminhados ao nefrologista.

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    24/56

    26CADERNOS DE ATENO BSICA

    VI. INTERVENESPREVENTIVAS

    Aproposta de Estratgia

    Global para a Promoo da

    Alimentao Saudvel,

    Atividade Fsica e Sade da

    Organizao Mundial da Sade

    sugere a formulao e implemen-

    tao de linhas de ao efetivas para

    reduzir substancialmente as doenas

    em todo o mundo por meio de

    medidas preventivas. Existem

    inmeras intervenes protetoras

    vasculares e renais de benefcio

    comprovado. Entre elas destacam-se

    adoo de hbitos alimentares

    adequados e saudveis, cessao do

    tabagismo, prtica de atividade fsica

    regular, controle da presso arterial,

    manejo das dislipidemias, manejo do

    diabete com controle da glicemia e

    uso profiltico de alguns frmacos.

    1. PREVENO NO-FARMACOLGICA

    1.1 Alimentao Saudvel

    Um dos pilares da preveno

    cardiovascular so hbitos de vida

    saudveis, incluindo alimentao

    saudvel, cujas diretrizes so

    estabelecidas pela Poltica Nacional

    e Alimentao e Nutrio (PNAN) e

    pelo Guia Alimentar para a

    Populao Brasileira e corroboram as

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    25/56

    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS27

    recomendaes da Organizao

    Mundial da Sade, no mbito da

    Estratgia Global de Promoo da

    Alimentao Saudvel, Atividade

    Fsica e Sade. Basicamente, definem

    que a energia total deve ser

    distribuda nos macronutrientes de

    gorduras, carboidratos e protenas,

    sendo o consumo de colesterol total

    inferior a 300mg/dia e de sdio < 2,0

    gr de 2 a 4 gr(equivalente a 5 gramas

    de cloreto de sdio).

    Carboidratos totais: 55% a 75%

    do valor energtico total (VET).

    Desse total, 45% a 65% devem ser

    provenientes de carboidratos

    complexos e fibras e menos de

    10% de acares livres (ousimples) como acar de mesa,

    refrigerantes e sucos artificiais,

    doces e guloseimas em geral.

    Gorduras: 15% a 30% do VET da

    alimentao. As gorduras (ou

    lipdios) incluem uma mistura desubstncias com alta

    concentrao de energia (leos e

    gorduras), que compem

    alimentos de origem vegetal e

    animal. So componentes

    importantes da alimentao

    humana, contudo o consumo

    excessivo de gorduras saturadas

    est relacionado a vrias doenas

    crnicas no-transmissveis

    (doenas cardiovasculares,

    diabetes, obesidade, acidentes

    cerebrovasculares e cncer). A

    gordura saturada no deve

    ultrapassar 10% do VET e as

    gorduras trans no devem passarde 2g/dia (1% do VET).

    Protenas: 10% a 15% do VET. So

    componentes dos alimentos de

    origem vegetal e animal que

    fornecem os aminocidos,

    substncias importantes eenvolvidas em praticamente

    todas as funes bioqumicas e

    fisiolgicas do organismo

    humano. As fontes alimentares

    mais importantes so as carnes em

    geral, os ovos e as leguminosas

    (feijes).

    Recomendaes prticas para a

    populao encontram-se descritas

    no Quadro 5. Alm destas, algumas

    estratgias dietticas especifica-

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    26/56

    28CADERNOS DE ATENO BSICA

    mente orientadas para a preveno

    das doenas cardiovasculares so

    apresentadas a seguir.

    Quadro 5. Orientaes de Dieta

    Saudvel

    SAL

    Restringir a menos 5 gramas de

    cloreto de sdio (1 colher de ch) por

    dia

    Reduzir sal e temperos prontos na

    cozinha, evitar comidas industriali-

    zadas e lanches rpidos.

    AUCAR

    Limitar a ingesto de acar livre,acar de mesa, refrigerantes e sucos

    artificiais, doces e guloseimas em

    geral.

    FRUTAS, LEGUMES e VERDURAS

    5 pores (400-500gr) de frutas,

    legumes e verduras por dia

    1 poro = 1 laranja, ma, banana

    ou 3 colheres de vegetais cozidos

    CEREAIS

    Aumentar consumo de cereais

    integrais e leguminosas (feijes,

    ervilha, lentilha, gro de bico)

    GORDURA

    Reduzir o consumo de carnes

    gordurosas, embutidos, leite e

    derivados integrais. Preferir leos

    vegetais como soja, canola, oliva (01

    colher (sopa/dia)

    Retirar a gordura aparente de

    carnes, pele de frango e couro de

    peixe antes do preparo.

    PEIXE

    Incentivar o consumo de peixes;

    comer pelo menos 03 vezes por

    semana.

    LCOOL

    Evitar ingesta excessiva de lcool

    Homens: No mais que 2 doses por dia

    Mulheres: No mais que 1 dose por

    dia

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS29

    - 1.1.1 Dietas Cardioprotetoras

    Alm dessas diretrizes gerais,

    algumas intervenes nutricionais

    mostraram-se efetivas na reduo deeventos cardiovasculares em

    indivduos de alto risco. Dietas

    protetoras so baseadas em

    alimentos de origem vegetal em

    abundncia (frutas, legumes e

    verduras, cereais integrais, gros e

    leguminosas, nozes e semelhantes),

    azeite de oliva e leos vegetais(milho, soja, canola) como a principal

    fonte de gordura (com substituio

    de manteiga e cremes), carne

    vermelha em pouca quantidade e

    bebidas alcolicas em quantidades

    no mais do que moderadas, de

    preferncia com as refeies.

    Salienta-se que as dietas so ricas emfibras alimentares e pobres em

    alimentos com carboidratos simples

    refinados e em alimentos

    industrializados. Alm disso, um

    elemento importante nessas dietas

    o teor mais elevado de cidos graxos

    omega 3, ingesto aumentada deste

    esta relacionada a reduo de riscocardiovascular. leos vegetais, como

    os de canola e de soja, leo de peixes,

    especialmente de guas frias e

    gordurosos, representam fontes

    alimentares ricas nesses nutrientes.

    1.1.2. Dietas Hipocolesterolmicas

    e Anti-Hipertensivas

    Uma dieta rica em fitoesteris

    (substncias vegetais presentes nos

    gros comestveis como sementes,

    soja, cereais, especialmente milho,

    legumes, frutos secos), protena de

    soja, fibras solveis e amndoas

    capaz de reduzir nveis de colesteroltotal e sua frao LDL-C em

    magnitude similar quela obtida

    com estatinas. A dieta ideal para

    paciente com hipertenso --

    caracterizada por ser pobre em sal,

    rica em potssio e com grande

    quantidade de frutas, legumes,

    verduras e produtos lcteos, reduziu

    os nveis pressricos e as taxas de

    hipertenso em magnitude

    comparvel quela obtida com o

    emprego de alguns frmacos anti-

    hipertensivos. Para maiores detalhes,

    ver o Manual de Hipertenso

    Arterial Sistmica.

    1.2. Controle do peso

    Existe uma clara associao entre

    peso e risco cardiovascular. Em

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    28/56

    30CADERNOS DE ATENO BSICA

    indivduos acima do peso ideal, a

    reduo de peso reduz o risco

    cardiovascular e a incidncia de

    diabete melito. Alm disso, o

    tratamento da obesidade a curto e

    mdio prazo reduz os nveis de

    glicemia, presso arterial e melhora

    o perfil lipdico. O diagnstico de

    obesidade feito a partir do ndice

    de massa corporal (IMC = peso/

    altura), sendo o ponto de corte > 30

    kg/m. Indivduos com IMC entre 25

    e 29,9 kg/m so considerados pr-

    obesos e se associados com

    obesidade central (cintura >88

    mulheres e >102 para homens) ou

    outros fatores de risco, devem ter

    interveno e serem acompanhados.

    O tratamento inicial do indivduo

    obeso ou pr-obeso, mas com outrosfatores de risco visa promover perdas

    de 5 a 10% do peso inicial em at seis

    meses de tratamento, com

    manuteno do novo peso em longo

    prazo. Espera-se uma perda mdia

    de peso de 0,5 a 1kg/semana. O

    tratamento inicial pode ser feito com

    orientao de uma dieta com dficitde 500 a 1000 kcal/dia (valor

    energtico total 1000 a 1800 kcal/

    dia), associado com atividade fsica

    regular. O aumento da atividade

    fsica deve ser gradual, 10 min/3x/

    semana at 30-60 minutos

    diariamente. Orientaes especficas

    sobre reduo de peso encontram-

    se no Manual de Obesidade doMinistrio da Sade.

    importante salientar que alm da

    dieta e da atividade fsica, o manejo

    da obesidade envolve abordagem

    comportamental, que deve focar a

    motivao, condies para seguir o

    tratamento, apoio familiar,

    tentativas e insucessos prvios,

    tempo disponvel e obstculos para

    as mudanas no estilo de vida.

    Para indivduos que atingiram o peso

    ideal ou esto neste nvel

    importante enfatizar a necessidade

    de manuteno deste alvo, por meio

    da ingesta energtica adequada eatividade fsica regular. O paciente

    obeso que perdeu peso deve ser

    alertado de que, para manter o seu

    novo peso necessrio comer menos

    e/ou exercitar-se mais do que fazia

    antes do emagrecimento, para

    manter o novo peso alcanado.

    1.3. lcool

    A ingesto leve a moderada de

    bebidas alcolicas, equivalente a

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    29/56

    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS31

    duas doses para homens e uma dose

    para mulheres (dose = 1/2 uma

    cerveja, ou 1 clice de vinho ou 1/2

    drinque de destilado por dia) pode

    estar associada com menor

    incidncia de doena cardiovascular.

    Vale lembrar, entretanto, que a

    ingesto excessiva de lcool um

    importante fator de risco para morbi-

    mortalidade em todo o mundo, alm

    de ser fator de risco para acidente

    vascular cerebral, fibrilao atrial einsuficincia cardaca, de forma que

    o consumo de lcool no deve ser

    estimulado de forma generalizada.

    Para pacientes que optem por

    manter ingesto regular de lcool, os

    profissionais de sade devem

    recomendar a restrio para

    quantidades menos deletrias(Quadro 5).

    1.4. Atividade Fsica

    A prtica de atividade fsica

    regularmente promove efeito

    p r o t e t o r p a r a a d o e n a

    cardiovascular. A recomendao da

    atividade fsica como ferramenta de

    promoo de sade e preveno de

    doenas baseia-se em parmetros de

    freqncia, durao, intensidade e

    modo de realizao. Portanto, a

    atividade fsica deve ser realizada por

    pelo menos 30 minutos, de

    intensidade moderada, na maior

    parte dos dias da semana (5) de

    forma contnua ou acumulada.

    Realizando-se desta forma, obtm-se

    os benefcios desejados saude e a

    preveno de doenas e agravos no

    transmissveis, com a reduo do risco

    de eventos cardio-circulatrios,como infarto e acidente vascular

    cerebral.

    A orientao ao paciente deve ser

    clara e objetiva. As pessoas devem

    incorporar a atividade fsica nas

    atividades rotineiras como caminhar,

    subir escadas, realizar atividades

    domsticas dentro e fora de casa,optar sempre que possvel pelo

    transporte ativo nas funes dirias,

    que envolvam pelo menos 150

    minutos/semana (equivalente a pelo

    menos 30 minutos realizados em 5

    dias por semana). O efeito da

    atividade de intensidade moderada

    realizada de forma acumulada o

    mesmo daquela realizada de

    maneira contnua, isto , os trinta

    minutos podem ser realizados em

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    30/56

    32CADERNOS DE ATENO BSICA

    uma nica sesso ou em duas sesses

    de 15 minutos (p.ex. manh e tarde)

    ou ainda, em trs sesses de dez

    minutos (p.ex. manh, tarde e noite).

    Dessa maneira, atenua-se ou

    elimina-se a principal barreira

    aquisio do hbito da realizao da

    atividade fsica devido a falta de

    tempo (Figura 4).

    De forma prtica, atividade fsica

    moderada aquela que pode ser

    realizada mantendo-se a conversao.Por exemplo, uma caminhada com o

    passo acelerado, com a percepo

    do aumento da freqncia cardaca

    e da freqncia respiratria, sem

    impedir a possibilidade de dilogo

    com outra pessoa. Em outras

    palavras, a atividade no deve ser

    fatigante, pois a ela deixaria de sermoderada e passaria a ser intensa.

    Para prtica de atividades

    moderadas no h necessidade

    d a r e a l i z a o d e a v a l i a o

    cardiorrespiratria de esforo para

    indivduos iniciarem um programa

    de atividades fsicas incorporado s

    atividades do dia- a- dia. A avaliao

    mdica e de esforo em indivduos

    assintomticos deve se restringir

    apenas a pacientes com escore de

    Framingham alto ou aqueles que

    desejem desenvolver programas de

    exerccios estruturados ou atividades

    desportivas que exijam nveis de

    atividade fsica de alta intensidade.

    Em relao a crianas e adolescentes

    em idade escolar recomenda-se que

    devam estar envolvidos em

    atividades fsicas de intensidade

    moderada e vigorosa de 60 minutos

    ou mais diariamente, que sejam

    apropriadas ao estgio decrescimento e desenvolvimento,

    variadas e que propiciem prazer.

    Deve-se estimular a prtica de

    atividades fsicas fora do horrio

    escolar em um contexto ldico e

    desestimular o hbito de assistir TV,

    video-game e uso computadores

    como forma de lazer. Na escola,incentivar o fortalecimento das aulas

    de educao fsica como estratgia

    de aumento do gasto energtico. A

    no ser em situaes especficas de

    agravos sade, nunca se deve

    afastar essas crianas e adolescentes

    das aulas de educao fsica. As

    crianas e adolescentes com

    sobrepeso devem ser estimuladas a

    se integrar aos grupos de prtica de

    atividade fsica fortalecendo-se

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    31/56

    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS33

    vnculos sociais e afetivos.

    RECOMENDAO

    DE ATIVIDADE FSICAContnua OU

    acumulada

    Maioria dosdias da

    semana

    Pelo menos 30

    minutos/dia

    Moderada

    Figura 4. Orientaes chaves para prtica de

    atividade fsica.

    1.5. Tabagismo

    A recomendao para abandono

    do tabagismo deve ser universal,

    sendo particularmente til na

    preveno de doena cardiovascular,

    cerebro-vascular e renal. Diversasintervenes farmacolgicas e no

    farmacolgicas, inclusive o simples

    aconselhamento de parar de fumar,

    possuem benefcio comprovado

    para efetivo abandono do

    tabagismo. A farmacoterapia

    melhora, de maneira clinicamente

    importante, a cessao do hbito de

    fumar. Para o sucesso do tratamento,

    entretanto, fundamental que opaciente esteja disposto a parar de

    fumar. No Quadro 6 esta descrita a

    abordagem inicial de qualquer

    indivduo fumante.

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    32/56

    34CADERNOS DE ATENO BSICA

    Quadro 6. Abordagem do indivduo que tabagista

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS35

    importante salientar que o apoio

    farmaco-terpico tem um papel bem

    definido no processo de cessao de

    fumar, que minimizar os sintomas

    da sndrome de abstinncia quando

    estes representam uma importante

    dificuldade para o fumante deixar de

    fumar. Algumas medicaes tm

    eficcia comprovada em auxiliar o

    fumante a deixar de fumar. Os

    medicamentos nicotnicos, tambm

    chamados de Terapia de Reposiode Nicotina (TRN), se apresentam nas

    formas de adesivo e goma de

    mascar. Os medicamentos no-

    nicotnicos so os antidepressivos

    bupropiona e nortriptilina, e o anti-

    hipertensivo clonidina. A TRN

    (adesivo e goma de mascar) e a

    bupropiona so consideradosmedicamentos de 1 linha, e devem

    ser utilizados preferencialmente. A

    nortriptilina e a clonidina so

    medicamentos de 2 linha, e s

    devem ser utilizados aps insucesso

    das medicaes de 1 linha.

    1.5.1. Farmacoterapia

    Segundo orientao do INCA -

    Ministrio da Sade (www.inca.gov.br/

    tabagismo), a prescrio de apoio

    medicamentoso, deve seguir os

    critrios abaixo:1. fumantes, que fumam 20 ou mais

    cigarros por dia;

    2. fumantes que fumam o 1 cigarro

    at 30 minutos aps acordar e

    fumam no mnimo 10 cigarros por

    dia;

    3. fumantes muito dependentes

    (com escore do teste de Fagerstrm

    >5, ou avaliao individual do

    profissional);

    4. fumantes que j tentaram parar de

    fumar anteriormente apenas com a

    abordagem cognitivo-comporta-

    mental, mas no obtiveram xito,

    devido a sintomas da sndrome de

    abstinncia;

    5. sem contra-indicaes clnicas.

    Em geral, a monoterapia suficiente

    para a maioria dos pacientes, sendo

    recomendada para pacientes maisdependentes (> 20 cigarros/dia) a

    posologia descrita no Quadro 7.

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    36CADERNOS DE ATENO BSICA

    2. PREVENO FARMACOLGICA

    2.1. Anti-Hipertensivos

    A hipertenso arterial sistmica

    fator de risco cardiovascular de alta

    prevalncia no Brasil. Est bem

    documentado que o risco pode ser

    controlado pela da reduo dos

    nveis pressrios, e de terapia

    farmacolgica especfica.

    Dos frmacos disponveis o que se

    mostrou mais efetivo na preveno

    de desfechos cardiovasculares foi o

    diurtico tiazdico em doses baixas.

    Os tiazdicos mostraram-se eficazes

    em um amplo espectro de pacientes

    hipertensos e, em conjunto com

    inibidores da enzima conversora deangiotensina (iECA), at em

    pacientes ps-acidente vascular

    cerebral e com nveis de presso

    arterial considerados normais. Os -

    bloqueadores reduzem o risco para

    mortalidade coronariana e total bem

    como para re-infarto, quando

    administrados para pacientes cominfarto prvio.

    Em decorrncia desse benefcio

    comprovado, do custo relativamente

    Quadro 7. Farmacoterapia anti-

    tabagica.

    Goma de mascar de nicotina (2-4mg):

    utilizar goma de mascar com o

    seguinte esquema:

    semana 1 a 4:

    1 tablete a cada 1 a 2 horas

    semana 5 a 8:

    1 tablete a cada 2 a 4 horas

    semana 19 a 12:

    1 tablete a cada 4 a 8 horas

    Adesivo de nicotina:

    semana 1 a 4:

    adesivo de 21 mg a cada 24 horas

    semana 5 a 8:adesivo de 14 mg a cada 24 horas

    semana 9 a 12:

    adesivo de 7 mg a cada 24 horas

    Bupropiona

    1 comprimido de 150 mg pela

    manh por 3 dias,

    1 comprimido de 150 mg pela

    manh e outro comprimido de 150

    mg, 8 horas aps, a partir do 4 dia

    at completar 12 semanas

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS37

    baixo de genricos anti-hipertensivos

    e da taxa pequena de efeitos

    adversos na maioria dos pacientes,

    esses medicamentos formam a linha

    de frente para o manejo farmaco-

    lgico do risco cardiovascular.

    Recomenda-se iniciar com diurtico

    tiazdico (hidroclorotiazida), na dose

    de 12,5mg a 25mg ao dia, pela

    manh. No havendo controle s

    com diurtico, deve ser introduzido

    Bloqueadores (propranolol) ou iECA(captopril, enalapril) como terapia

    adicional. Estas seqncias, diurtico

    baixa dose mais beta-bloqueador ou

    iECA, so convenientes para a

    maioria dos indivduos, incluindo

    aqueles portadores de co-

    morbidades.

    recomendado para que todo

    paciente com Hipertenso Arterial

    Sistmica atinja controle dos nveis

    pressricos de

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    2.3. Hipolipemiantes

    Os frmacos hipolipemiantes

    estatinas so efetivas em reduzir os

    nveis sricos de colesterol eespecialmente os eventos vasculares

    maiores e mortalidade total.

    Atualmente, as estatinas fazem parte

    do arsenal teraputico e preventivo

    para pacientes com alto risco

    cardiovascular, mesmo para aqueles

    com alteraes pouco significativas

    do perfil lipdico. A recomendao

    atual para uso de estatinas na

    preveno primria depende do risco

    global, sendo menos relevante o

    nvel de colesterol-LDL. Quanto

    maior o risco, maior o benefcio

    clnico e mais custo-efetivo o

    tratamento.

    Todos indivduos com nveis elevadosde colesterol LDL-c, independente do

    risco global devem ser orientados

    para adoo de medidas no-

    farmacolgicas, com dieta pobre em

    colesterol e atividade fsica.

    Indivduos de alto risco com doena

    cardiovascular, especialmente com

    manifestaes de doenaaterosclertica como cardiopatia

    isqumica, doena cerebrovascular,

    devem ser considerados para terapia

    com estatinas independente dos

    nveis de colesterol basal. Da mesma

    forma aqueles sem doena

    manifesta, mas com risco pelo escore

    de Framingham superior a 20% em

    10 anos tambm devem serconsiderados para terapia com

    estatina.

    A estatina de referncia a

    sinvastatina, sendo preconizada dose

    nica de 40 mg/dia, administrada a

    noite. Diversas estatinas esto

    disponveis, sendo aceito um efeito

    semelhante entre os frmacos da

    classe, desde que respeitada a

    equipotncia da dose, conforme

    Quadro 8.

    Quadro 8. Equivalncia de doses das

    estatinas.

    Estatina Dose Dose

    equivalente mxima

    a 40 mg/dia

    Sinvastatina

    Lovastatina 80 mg 80 mg

    Fluvastatina 80 mg 80 mg

    Pravastatina 40 mg 80 mg

    Atorvastatina 10 mg 80 mg

    Rosuvastatina 10 mg 40 mg

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS39

    de CK. Os fibratos, cido nicotnico e

    ciclosporina aumentam o risco de

    rabdomilise. A presena de dor

    muscular ou aumento de CK superior

    a 10 vezes o valor normal deve

    orientar suspenso do tratamento.

    Indivduos com nveis de

    triglicerdeos elevados (>200mg/dl)

    tambm apresentam risco elevado

    para complicaes vasculares, sendo

    mais importante em portadores de

    diabetes. Em todos os casos devemser afastadas causas secundrias

    (diabete descontrolada, hipotireoi-

    dismo e ingesta abusiva de lcool) e

    instituda dieta especfica. Indivduos

    devem ser orientados a ingesto

    pobre de aucares, amido, carboidra-

    tos e lcool.

    Em indivduos sem diabetes, a terapiacom frmacos como medida para

    reduo eventos cardiovascu-lares

    controversa, entretanto, nveis

    >500mg/dl apresentam risco de

    pancreatite aguda e trombose e

    devem receber terapia farmaco-lgica

    especfica, com fibratos ou cido

    nicotnico, se no respon-derem adieta. O manejo da hipertriglice-

    ridemia est detalhado nos

    Protocolos do Ministrio da Sade

    para Medicamentos Excepcionais.

    Os efeitos adversos incluem miosite

    e aumento das transaminas

    hepticas. Por causa destes efeitos, as

    transaminases (TGO e TGP) devem ser

    monitoradas antes do incio do

    tratamento e aps 6-12 semanas do

    inicio do tratamento e repetidas

    pelo menos em uma ocasio em 3-6

    meses ou quando h incremento da

    dose. Doena heptica ativa ou

    crnica com elevao basal de

    transaminases antes do inicio dotratamento contra-indicao para

    o uso de estatinas. Alm disso,

    pacientes que apresentarem

    elevaes superiores a 3 vezes os

    valores normais de referncia, devem

    ter a dose da medicao reduzida ou

    suspensa.

    A elevao de CK (creatinoquinase)acompanhada ou no de dores

    musculares pouco freqente, de

    modo que a sua dosagem de rotina

    no est indicada no acompa-

    nhamento dos pacientes em uso de

    estatinas. Entretanto, pacientes com

    suspeita clnica (dores musculares e/

    ou articulares difusas, tipo fadiga e

    presso) ou com uso de frmacos que

    aumentam a incidncia de miopatia

    devem ser avaliados com dosagem

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    2.4. Vacinao Contra Influenza

    Existe uma associao clinicamente

    importante entre influenza e doena

    aterotrombtica, sugerindo que avacinao contra esse agente

    infeccioso poderia exercer efeito

    protetor importante contra

    desfechos relevantes (p. ex. de

    mortalidade e taxa de hospitalizao

    por causas cardiovasculares). O

    Ministrio da Sade recomenda que

    indivduos com idade superior ouigual a 60 anos bem como indivduos

    com doena cardiovascular sejam

    vacinados. Ainda no est definido

    se essa recomendao deve ser

    estendida tambm como uma forma

    de preveno de eventos cardio-

    vasculares em indivduos < 60 anos

    sem doena cardiovascular e com

    perfil de risco cardiovascular

    moderado ou alto.

    2.5. Terapia Hormonal com

    Estrgenos

    Atualmente, reconhecido que aterapia hormonal com estrgenos

    est associada a um aumento na

    incidncia de eventos isqumicos

    cardiovasculares bem como de

    tromboembolismo venoso e de

    neoplasia ginecolgica. Dessa forma,

    no momento, no existe indicaopara o uso de qualquer forma ou

    dosagem de terapia hormonal com

    estrgenos e progesterona como

    medida de preveno cardiovascular.

    3. ABORDAGEM INTEGRADA DAS

    INTERVENES

    O Quadro 9 resume uma abordagem

    integrada das intervenes baseadas

    na estratificao de risco global.

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    Quadro 9. Intervenes recomen-

    dadas em preveno cardiovascular

    de acordo com a classificao de risco

    global.

    Baixa

    Mdia

    Alta

    Interveno*

    Aconselhamento quanto a :

    Fumo

    Nutrio: Alimentao saudvel

    Manuteno de peso/cintura

    Atividade fsicanfase em medidas no farmacolgicas e diurtico de baixadose para hipertenso, estgio 1, quando presente

    Vacinao anual contra influenza em adultos > 60 anos

    Adicionar:

    Intensificao de conselhos sobre estilo de vida

    Nutrio

    Dieta com caractersticas cardio-protetorasConsiderar farmacoterapia contra tabagismo

    Considerar programa estruturado de atividade fsica

    Aspirina em baixa dose

    Adicionar:

    Intensificao de alvos de tratamento para hipertenso

    Estatinas

    Beta-bloqueadores para pacientes ps-infarto, anginaIECA para pacientes diabticos e com DRC

    Intensidade

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    Aes de Intensidade Baixa

    As intervenes de baixa intensidade

    incluem aconselhamento quanto

    realizao de atividade fsica regular

    de intensidade moderada a intensa,por no mnimo 30 minutos, na maiorparte dos dias; orientaes gerais

    sobre dieta saudvel; abandono do

    tabagismo; e manuteno de peso e

    cintura nas faixas consideradas

    saudveis.

    Indivduos hipertensos, mas de baixo

    risco global devem ter seus nveis

    pressricos tratados, sempre quepossvel, a partir de medidas no

    farmacolgicas. Quando est

    indicada farmacoterapia, deve-sefavorecer o uso de um diurtico

    tiazdico.

    Adultos com idade maior do que 60

    anos devem receber vacinao anual

    contra influenza.

    Aes de Intensidade Moderada

    Intervenes de intensidade

    moderada iniciam com a intensi-

    ficao de hbitos de vida saudveis.Recomendaes nutricionais incluem

    uma dieta com caractersticas

    nutricionais cardioprotetoras; o uso

    de lcool em moderao e junto s

    refeies; e um estmulo ao aumento

    nas quantias ingeridas de fitosteris,

    gros e feijes.

    Intervenes farmacolgicas desti-

    nadas cessao do tabagismo

    devem ser consideradas, caso o

    simples aconselhamento do mdico

    no tenha sido efetivo. O uso de

    antiplaquetrios (aspirina, se

    possvel) est indicado, especial-

    mente naqueles com risco maior ecom um ntido interesse em prevenir

    doena.

    Aes de Intensidade Alta

    Alm das intervenes de intensi-

    dade moderada, as intervenes de

    alta intensidade incluem o uso de

    frmacos como estatinas e inibidores

    da ECA. O uso de beta-bloqueadores

    indicado em pacientes ps-infarto

    do miocrdio, bem como insuficincia

    cardaca, tais doenas so abordadas

    nos Manuais especficos. O manejo da

    HAS deve ser intensificado em

    pacientes que apresentam diabete

    melito, evidncia de proteinria e

    perda de funo renal.

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    A vacinao anual contra a

    influenza, por ser uma medida

    pontual, de baixo custo (especialmente

    quando feita em formato de

    campanha) e com benefcios no-

    cardiovasculares adicionais,

    indicado em pacientes menores de

    60 anos com doenas cardacas.

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    Para o indivduo com diabete

    recomendado um controle rigorosoda glicemia, com valores alvo deglicemia de jejum entre 80-120mg/dl

    e hemoglobina glicada (A1c) < 7%.A presena de microalbuminria comou sem hipertenso deve ser tratadacom um iECA (captopril, enalapril).

    Da mesma forma, deve ser realizadoo controle rigoroso da pressoarterial em todos os pacientes. Aintensidade do controle da presso

    arterial e os nveis alvo variam deacordo com a presena deproteinria, conforme descrito noQuadro 10.

    Quadro 10. Manejo da HipertensoArterial Sistmica

    Condio Presso Tratamentoarterial 1a. escolhaideal

    Sem

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    lembrando que nesses casos a

    hidratao realizada com cautela;

    Alm destas medidas gerais,

    importante ressaltar que pacientescom DRC devem ser encaminhados

    precocemente ao nefrologista. As

    indicaes para avaliao por um

    especialista incluem:

    Clearance da creatinina abaixo de

    30 ml/min/1,73m - RISCO IMINENTE

    - encaminhamento prioritrio

    Reduo acelerada do clearance

    de creatinina acima de 4 ml/min/ano

    Clearance da creatinina abaixo de

    60 ml/min/1,73m

    Proteinria de qualquer nvel na

    ausncia de retinopatia diabtica ou

    hipertensiva

    Hipertenso arterial de difcil

    controle, litase renal, infeco

    urinria de repetio (acima de 3

    episdios ao ano)

    Hiper ou hipopotassemia,

    hematria sem causa aparente.

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    VIII. ATRIBUIES E COMPETNCIASDA EQUIPE DE SADE

    Aequipe mnima de Sade

    da Famlia constituda por

    um mdico, um enfermeiro,

    um a dois auxiliares de enfermagem

    e quatro a seis agentes comunitrios

    de sade, devendo atuar, de forma

    integrada e com nveis de

    competncia bem estabelecidos, na

    abordagem da avaliao de risco

    cardiovascular, medidas preventivas

    primrias e atendimento a

    hipertenso arterial e diabete melito.

    Agente Comunitrio de Sade

    1) Esclarecer a comunidade sobre os

    fatores de risco para as doenas

    cardiovasculares, orientando-a sobre

    as medidas de preveno.

    2) Identificar, na populao em geral

    pessoas com fatores de risco para

    doena cardiovascular, ou seja: idade

    igual ou superior a 40 anos, vida

    sedentria, obesidade, hipertenso,

    colesterol elevado, mulheres que

    tiveram filhos com mais de 4 quilos

    ao nascer e pessoas que tm ou

    tiveram pais, irmos e/ou outros

    parentes diretos com doena

    cardiovascular, doena renal ou

    diabetes.

    3) Encaminhar consulta de

    enfermagem os indivduosrastreados como suspeitos de serem

    de risco para doena cardiovascular.

    4) Encaminhar unidade de sade,

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    para avaliao clnica adicional e

    exame laboratoriais, as pessoas com

    fatores de risco para doena

    cardiovascular, renal ou diabete

    (Quadro 2).

    5) Verificar o comparecimento desses

    indivduos s consultas agendadas na

    unidade de sade, retorno para

    resultado de exames e acompanha-

    mento peridico.

    6) Perguntar, se o indivduo esta

    seguindo as orientaes de dieta,

    atividades fsicas, controle de peso,

    cessao do hbito de fumar e da

    ingesto de bebidas alcolicas, e

    naqueles hipertensos e ou diabtico

    se est aderindo terapia prescrita.

    7) Registrar, em sua ficha de

    acompanhamento, o diagnstico dedoenas cardiovasculares ou fatores

    de risco importantes, como

    tabagismo, obesidade, hipertenso,

    diabetes de cada membro da famlia.

    Auxiliar de Enfermagem

    1) Verificar os nveis da presso

    arterial, peso, altura e circunferncia

    abdominal, em indivduos da

    demanda espontnea da unidade

    de sade.

    2) Orientar a comunidade sobre a

    importncia das mudanas nos

    hbitos de vida, ligadas alimentao e prtica de atividade

    fsica rotineira.

    3) Orientar as pessoas da

    comunidade sobre os fatores de risco

    cardiovascular, em especial aqueles

    ligados hipertenso arterial e

    diabetes.

    4) Agendar consultas e reconsultas

    mdicas e de enfermagem para os

    casos indicados.

    5) Proceder as anotaes devidas em

    ficha clnica.

    6) Cuidar dos equipamentos

    (tensimetros e glicosmetros) e

    solicitar sua manuteno, quando

    necessria.

    7) Encaminhar as solicitaes de

    exames complementares para

    servios de referncia.

    8) Controlar o estoque demedicamentos e solicitar reposio,

    seguindo as orientaes do

    enfermeiro da unidade, no caso de

    impossibilidade do farmacutico.

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS49

    9) Fornecer medicamentos para o

    paciente em tratamento, quando da

    impossibilidade do farmacutico.

    Enfermeiro

    1) Capacitar os auxiliares de

    enfermagem e os agentes

    comunitrios e supervisionar, de

    forma permanente, suas atividades;

    2) Realizar consulta de enfermagem,

    abordando fatores de risco,

    tratamento no-medicamentoso,

    adeso e possveis intercorrncias ao

    tratamento, encaminhando o

    indivduo ao mdico, quando

    necessrio;

    3) Desenvolver atividades educativas

    de promoo de sade com todas aspessoas da comunidade;

    desenvolver atividades educativas

    individuais ou em grupo com os

    pacientes hipertensos e diabticos;

    4) Estabelecer, junto equipe,

    estratgias que possam favorecer a

    adeso (grupos com dislipidemia,

    tabagistas, obesos, hipertensos e

    diabticos);

    5) Solicitar, durante a consulta de

    enfermagem, os exames mnimos

    estabelecidos nos consensos e

    definidos como possveis e

    necessrios pelo mdico da equipe;

    6) Repetir a medicao de indivduoscontrolados e sem intercorrncias;

    7) Encaminhar para consultas

    mensais, com o mdico da equipe, os

    indivduos no-aderentes, de difcil

    controle e portadores de leses em

    rgos-alvo (crebro, corao, rins,

    olhos, vasos, p diabtico, etc.) ou

    com co-morbidades;

    8) Encaminhar para consultas

    trimestrais, com o mdico da equipe,

    os indivduos que mesmo

    apresentando controle dos nveis

    tensionais e do diabetes, sejam

    portadores de leses em rgos-alvo

    ou co-morbidades;

    9) Encaminhar para consultas

    semestrais, com o mdico da equipe,

    os indivduos controlados e sem

    sinais de leses em rgos-alvo e sem

    co-morbidades;

    Mdico

    1) Realizar consulta para

    confirmao diagnstica, avaliao

    dos fatores de risco, identificao de

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    50CADERNOS DE ATENO BSICA

    possveis leses em rgos-alvo e

    comorbidades, visando estratifi-

    cao de risco cardiovascular e renal

    global;

    2) Solicitar exames complementares,

    quando necessrio;

    3) Prescrever tratamento no-

    medicamentoso;

    4) Tomar a deciso teraputica,

    definindo o incio do tratamento

    medicamentoso;

    5) Programar, junto equipe, estratgias

    para a educao do paciente;

    6) Encaminhar s unidades de

    referncia secundria e terciria as

    pessoas que apresentam doena

    cardiovascular instvel, de incio recente

    sem avaliao, hipertenso arterialgrave e refratria ao tratamento, com

    leses importantes em rgos-alvo, com

    suspeita de causas secundrias e

    aqueles que se encontram em estado

    de urgncia e emergncia hipertensiva;

    7) Encaminhar unidade de

    referncia secundria, uma vez aoano, todos os diabticos, para

    rastreamento de complicaes

    crnicas, quando da impossibilidade

    de realiz-lo na unidade bsica;

    8) Encaminhar unidade de

    referncia secundria os pacientes

    diabticos com dificuldade de

    controle metablico;

    9) Encaminhar unidade de

    referncia secundria os casos de

    dislipidemia grave que no responde

    a terapia no medicamentosa e

    farmacolgica inicial;

    10) Perseguir, obstinadamente, os

    objetivos e metas do tratamento

    (nveis pressricos, glicemia pr-

    prandial, hemoglobina glicada,

    controle dos lipdeos e do peso,

    abstinncia do fumo e atividade

    fsica regular).

    Equipe multiprofissional

    A insero de outros profissionais,

    especialmente nutricionistas,

    assistentes sociais, psiclogos,

    odontlogos, professores de

    educao fsica, vista como bastante

    enriquecedora, destacando-se a

    importncia da ao interdisciplinar

    para a preveno dos fatores de risco,

    do DM e da HA, das doenas cardio,

    cerebrovasculares e renais.

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    49/56

    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS51

    Com a finalidade de garantir

    a ateno integral ao

    portador de Risco Cardiovas-

    cular e renal, faz-se necessria uma

    normatizao para acompanha-

    mento, mesmo na unidade bsica de

    sade. Em algumas situaes, haver

    necessidade de uma consulta

    especializada em unidades de

    referncia secundria ou terciria,

    devendo-se, nesses casos, ser

    estabelecida uma rede de referncia

    e contra-referncia.

    Critrios de encaminhamento para

    unidades de referncia

    Insuficincia cardaca congestiva

    (ICC)

    Insuficincia renal crnica (IRC)

    Angina do peito

    Suspeita de HAS e diabetes

    secundriosHAS resistente ou grave

    HAS e DM em gestantes

    HAS e DM em crianas e

    adolescentes

    Edema agudo de pulmo prvio

    Complicaes oculares

    Leses vasculares das

    extremidades, incluindo o p

    diabtico

    IX. CRITRIOS DEENCAMINHAMENTOS PARAREFERNCIA ECONTRA-REFERNCIA

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

    50/56

    52CADERNOS DE ATENO BSICA

    AVE prvio com dficit sensitivo

    e ou motor

    Infarto agudo do miocrdio

    prvio

    Diabticos de difcil controle

    Diabticos para rastreamento de

    complicaes crnicas (se isto no

    for possvel na unidade bsica)

    Dislipidemia de difcil controle

    Doena aneurismtica de aorta

  • 8/14/2019 Caderno de Ateno Bsica - Corao Cerebro Rim

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    PREVENO CLNICA DE DOENAS CARDIOVASCULARES, CEREBROVASCULARES E RENAIS53

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