cadeias de produção de roupas em honduras e no...

26
Juan Ricardo Cruz-Moreira Afonso Fleury Departamento de Engenharia de Produção Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Brasil [email protected] , [email protected] , [email protected] XXIV Interational Congress of the Latin American Studies Association- LASA 2003 Cadeias de Produção de Roupas em Honduras e no Brasil; uma comparação em termos de Progresso Industrial Resumo O artigo compara as estruturas das cadeias de produção de roupas de Honduras e de Brasil, sua integração e competitividade nas cadeias internacionais de fornecimento, e propõe a analise das estratégias de geração de emprego, como também de aumento das exportações no cenário global. A metodologia de Cadeias de Formação de Valor é usada para modelar ambos os casos, a abordagem de Industrial Upgrading como marco teórico para fazer esta analise. O trabalho é baseado em pesquisa empírica em empresas dos dois países e em dados secundários. A amostra cobre uma grande variedade das empresas que constituem ambas cadeias produtivas: desde microempresas e oficinas informais de costura à medianas empresas produtoras de fibras, plantas “maquiladoras” e algumas firmas internacionais. Palavras chave: Indústria do vestuário, Cadeias globais de formação de valor, Progresso industrial, Honduras, Brasil. Apparel Productive Chains in Honduras and Brazil; a comparison in terms of Industrial Upgrading ABSTRACT This paper compares the Honduran and Brazilian apparel productive chains structures, their integration and their competitiveness in the international supply chain, as well proposes the analyses of success of the strategies of employment generation and exportation in the global scenario. The methodology of Global Value Chains is used to model both cases and the approach Industrial Upgrading is used as framework for this analyzes. The work is based in empirical research on enterprises in both countries and also in secondary data. The sample covers the variety of enterprises that constitute both productive chains cases: from micro and informal sewing enterprises to middle fiber producers, “maquiladora” plants and international companies. Key words: Apparel Industry, Global Value Chains, Industrial Upgrading, Honduras, Brazil.

Upload: truongmien

Post on 01-Oct-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Juan Ricardo Cruz-Moreira Afonso Fleury

Departamento de Engenharia de Produção Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Brasil

[email protected], [email protected], [email protected]

XXIV Interational Congress of the Latin American Studies Association- LASA 2003

Cadeias de Produção de Roupas em Honduras e no Brasil;

uma comparação em termos de Progresso Industrial

Resumo

O artigo compara as estruturas das cadeias de produção de roupas de Honduras e de Brasil, sua integração e competitividade nas cadeias internacionais de fornecimento, e propõe a analise das estratégias de geração de emprego, como também de aumento das exportações no cenário global. A metodologia de Cadeias de Formação de Valor é usada para modelar ambos os casos, a abordagem de Industrial Upgrading como marco teórico para fazer esta analise. O trabalho é baseado em pesquisa empírica em empresas dos dois países e em dados secundários. A amostra cobre uma grande variedade das empresas que constituem ambas cadeias produtivas: desde microempresas e oficinas informais de costura à medianas empresas produtoras de fibras, plantas “maquiladoras” e algumas firmas internacionais. Palavras chave: Indústria do vestuário, Cadeias globais de formação de valor, Progresso industrial, Honduras, Brasil.

Apparel Productive Chains in Honduras and Brazil; a comparison in terms of Industrial Upgrading

ABSTRACT

This paper compares the Honduran and Brazilian apparel productive chains structures, their integration and their competitiveness in the international supply chain, as well proposes the analyses of success of the strategies of employment generation and exportation in the global scenario. The methodology of Global Value Chains is used to model both cases and the approach Industrial Upgrading is used as framework for this analyzes. The work is based in empirical research on enterprises in both countries and also in secondary data. The sample covers the variety of enterprises that constitute both productive chains cases: from micro and informal sewing enterprises to middle fiber producers, “maquiladora” plants and international companies.

Key words: Apparel Industry, Global Value Chains, Industrial Upgrading,

Honduras, Brazil.

1

CADEIAS DE PRODUÇÃO DE ROUPAS EM HONDURAS E NO BRASIL; COMPARAÇÃO EM TERMOS DE PROGRESSO INDUSTRIAL

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVO O objetivo deste artigo é modelar a estrutura das cadeias produtivas globais nas quais as empresas brasileiras e hondurenhas se inserem, tentando vislumbrar se existe ou não, um processo de melhoria de posicionamento e um incremento da competitividade. Analisar quais são os caminhos seguidos que potencializam este avanço e quais as dificuldades para alcançá-lo. A análise parte de um estudo sobre as cadeias produtivas do complexo têxtil-vestuário1, setores considerados tradicionais, mas que nos últimos tempos têm trilhado processos de reestruturação produtiva tanto no interior das empresas como no contexto internacional, levando à formação de cadeias globais de produção ou formação de valor. Para a analise dos casos da produção de vestuário de Honduras e do Brasil, se utiliza a metodologia de Global Value Chains, ou Cadeias Produtivas globais. A abordagem de Industrial Upgrading é usada para avaliar o potencial de avanço e de melhoria da competitividade alcançada pelas empresas destes dos países, as quais entraram recentemente na competição global por trajetórias diferentes. O estudo sobre a estrutura, a organização e as formas de relacionamento inter-firmas das empresas das indústrias do complexo têxtil-vestuário que participam em cadeias e redes de empresas globais, pode gerar insumos para a análise da inserção e do posicionamento de empresas de outros setores industrias em países em desenvolvimento como Honduras e Brasil. Esta questão de relevância acadêmica é também importante no atual contexto em que se retomam as discussões sobre Políticas Industriais e de Desenvolvimento, a nível latino-americano e destes países especificamente. 1.1. Estrutura do artigo Apresenta-se primeiro uma introdução aos modelos e conceitos básicos que fundamentam teoricamente o estudo: o de Global Commodity Chains (Appelbaum et Gereffi, 1994, 2000) e de Global Value Chains - GVC (Gereffi, 2000; Fleury 2001) utilizada como referencia para modelar as cadeias de produção de vestuário nas quais as empresas do Brasil e de Honduras estão inseridas.

1 Utilizam-se aqui “complexo têxtil-vestuário” e “cadeias produtivas têxtil-vestuário” para agrupar o conjunto de setores ou industrias que participam delas, iniciando –se na agropecuária e na petroquímica, fornecedoras de matérias primas básicas, segundo pelas produtoras e transformadoras de fibras tanto naturais como químicas, fiações, tecelagens, empresas de confecção de roupas, até as empresas de comercialização, marketing e design; assim como também as industrias fornecedoras de equipamentos e outras correlatas. Enfim o conceito de cadeia produtiva têxtil-vestuário será utilizado em forma vertical e ampla; desde as matérias primas até o produto final: vestuário. Já o de “indústria do vestuário” ou “indústria de confecções”, pelo contrario é utilizado de forma restrita ao processo de produção e comercialização de roupas (design, costurar, comercializar, etc... ) a partir dos tecidos ou dos fios no caso das malhas. Ao mesmo tempo diferencia-se o sentido mais amplo de “confeccionados” que inclui produtos finais como lençóis, toalhas, artigos para o lar e decoração, carpetes, etc...

2

Apresentam-se em seguida os conceitos de Industrial Upgrading (Humprey et Schmitz, 1999, 2000. Kaplisky et Morris, 2001) e a tipologia de Modernização Industrial, os quais são utilizados como instrumento de análise, já que estes conceitos permitem desenhar a trajetória de aperfeiçoamento, melhoria e avanço que as empresas percorrem para posicionar-se competitivamente no mercado internacional. A continuação apresenta-se a metodologia para seleção da amostra e instrumentos utilizados no estudo de campo, A seguir descreve-se a evolução recente e as principais transformações ocorridas nas cadeias produtivas têxtil-vestuário de Brasil e de Honduras. E se modelam de acordo à metodologia proposta de GVC. No caso do Brasil, descreve-se a trajetória recente das empresas brasileiras de da indústria do vestuário, o seu recente processo de reestruturação e as estratégias coletivas para a competitividade internacional. Já no caso de Honduras descreve-se a trajetória das “maquiladoras” de roupa de hondurenhas. Para concluir se elabora um modelo com base na análise comparando o posicionamento das empresas nas cadeias e o Upgrading obtido. 2. CONCEITUALIZAÇÃO 2.1 Cadeias de formação de valor Este estudo utiliza a abordagem de Cadeias de Formação de Valor, metodologia originalmente desenvolvida como Global Commodity Chains - GCC e consolidada é consolidado por Gary Gereffi e outros autores, principalmente nas cadeias de produção nas indústrias têxtil e de vestuário. Para isto os autores se baseiam no estudo das cadeias constituídas por firmas participantes delas e sediadas em países localizados ao redor do oceano Pacífico (Appelbaum et Gereffi, Appelbaum, Gereffi e Korzerniewicz 1994), como também nas transformações ocorridas nas cadeias constituídas por empresas do México e dos Estados Unidos, antes e depois de iniciado o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, e naquelas em que participam empresas da América Central e do Caribe, e é definida assim:

"Uma cadeia global de produção consiste em elos ou operações que compreendem pontos pivotais nos processos de produção, fornecimento de matérias primas, produção e exportação; cruzando todo o espectro de atividades da economia mundial. Cada elo é por si mesmo uma rede conectada a outros elos, responsáveis por atividades correlatas. Tais redes de exportação são de importância crescente no sistema de manufatura global contemporâneo.”

A idéia central é que as cadeias produtivas têm estruturas de comando (governance) na qual uma ou mais empresas coordenam atividades econômicas geograficamente dispersas. A racionalidade econômica na cadeia produtiva vem do fato de que a(s) empresa(s) que comanda(m) a cadeia busca(m) dominar as atividades que são estratégicas e que agregam mais valor (Fleury et Fleury, 2000). Esta metodologia de análise é apropriada na conjuntura atual, na qual países em desenvolvimento abandonam as estratégias de substituição de importações e promovem grandes reestruturações industrial e produtiva para sua inserção global,

3

tentando muitas vezes emular o sucesso do modelo asiático de desenvolvimento econômico e social, pelo incentivo das exportações. No modelo de GCC se distinguem dois tipos de cadeias. As do primeiro tipo: Cadeias Lideradas pelos Produtores - “Producer Driven Chain” – PDC são aquelas nas quais grandes e integradas empresas industriais detêm o controle do sistema de produção, inclusive suas conexões para frente e para trás. As indústrias automobilísticas, de computadores, aeronáutica e de máquinas elétricas, intensivas em capital e tecnologia, são características neste tipo de cadeias produtivas que usualmente são comandadas por empresas transnacionais. As do segundo tipo: Cadeias Lideradas pelos Compradores - “Buyer Driven Chain” - BDC envolvem aquelas indústrias nas quais grandes varejistas e vendedores de marcas famosas (brandnamed marketers) têm um papel central no cenário das redes de produção descentralizada em vários países exportadores, tipicamente localizados no terceiro mundo. Este padrão de industrialização liderada pelo comércio é com freqüência intensivo em Mão-de-Obra - MDO, pelo menos em alguma de suas etapas e, característico das indústrias de bens de consumo como roupas, calçados, brinquedos e componentes eletro-eletrônicos. Já Abreu (1999) aborda essa distinção sob uma ótica global e financeira da seguinte forma: “O principal agente organizador desse novo capitalismo global são as corporações transnacionais, que podem estar organizadas segundo a lógica do capital industrial (cadeias organizadas por produtores) ou de Capital comercial (cadeias organizadas por compradores)”. Este modelo de análise apresenta quatro principais variáveis que são: (a) uma estrutura input-ouput, ou seja, um conjunto de produtos e serviços conectados numa seqüência de atividades que adicionam valor; (b) uma dimensão territorial (geográfica), que mapeia a dispersão ou concentração espacial da produção e das redes de marketing, que abrange empresas de diferentes tamanhos e tipos; (c) uma estrutura interna de governances, isto é, as relações de poder e autoridade que determinam como os recursos financeiros, materiais e humanos são alocados nas cadeias e; (d) um ambiente institucional, que pode ser local, nacional, regional ou global. Ambos os tipos de cadeias PDC ou BDC, sejam de produção industrial ou de serviços, se organizam em função do mercado global. Em função da maior efetividade integram-se vários níveis de fornecedores também globais (fornecedores de 1o, 2o, 3o,... nível), como é o caso da indústria automobilística, na qual o papel das montadoras é cada vez mais ligado ao Design e projeto de produto, à gestão da cadeia de fornecedores e à comercialização. A cadeia produtiva Têxtil-Vestuário é uma das cadeias produtivas dirigidas pelo mercado – BDC. Estas cadeias, cuja liderança é mais descentralizada que naquelas lideradas pelos produtores, têm como atores principais os seguintes: • Produtores com marca (Branded Manufacturers) • Varejistas (Retailers) • Comercializadores com marca (Brandnamed Marketers) As atividades e funções de produção mais intensivas em mão-de-obra - MDO barata e menos intensivas em capital, como a costura no caso da indústria de vestuário e outros processos de ensamblagem e transformação primária são realizados

4

prioritariamente em países menos industrializados e que apresentam vantagens de localização geográfica, de custo de MDO. 2.2 Aprendizagem, Industrial Upgrading e modernização industrial A capacidade para aprender e inovar são as indispensáveis competências que uma empresa deve possuir para enfrentar a competição na era do conhecimento. Mas como a competição não acontece mais somente entre as empresas individualmente, podemos dizer que é a competência ou habilidade que as redes e cadeias de empresas devem ter e buscar coletivamente. A notória influência das corporações globais, que dirigem estas redes de produção e comercialização mundial, assim como sua influência sobre os sistemas industriais nos países e regiões e sobre as condições sócias e econômicas. A trajetória de empresas dos países asiáticos (os Tigres – Hong Kong, Taiwan e Coréia e os recentes NIEs) são apresentados freqüentemente como exemplos de sucesso nos processos e modernização industrial e competitividade global. Para as empresas asiáticas, ícones do desenvolvimento industrial, cujo sucesso deve-se em parte à orientação para a exportação desde o inicio do processo de industrialização, à diversificação de seu tecido industrial e ao investimento em educação. A nível industrial, essa transição envolveu um extensivo processo de aprendizagem organizacional que se deu na própria estrutura da cadeia –possibilitado pela estratégia de subcontratação que tinha como objetivo explícito este aprendizado. Adquiriram assim conhecimentos específicos sobre os compradores intermediários e o mercado final, requerimentos de qualidade, prazos, e conhecimentos para a coordenação de fornecedores menores. Os quatro tigres asiáticos evoluíram rapidamente a partir das funções de ensamblagem OEA2 - Original Equipment Assembly, (Kaplinsky et Morris, 2001), lideradas pelo Japão para o modelo organizacional que foi denominado OEM (Original Equipment Manufacturer), termo primeiramente introduzido pela indústria automobilística. As empresas subcontratadas tornaram-se competidoras globais em mercados conquistados em função da criação de competências próprias para a coordenação de cadeias produtivas regionais e depois globais. Algumas empresas asiáticas, inicialmente fornecedoras OEA ou OEM das grandes marcas mundiais, passaram de OEM a ODM (Original Design Manufacturer), assumindo as atividades de design. Algumas delas conseguiram avançar mais, tornando-se OBM (Own Brand Manufacturers). As trajetórias asiáticas sugerem uma seqüência definida para as posições alcançadas nas cadeias de acordo com a tipologia de Modernização industrial que é mostrada na figura 1

2 O sistema OEA foi seguido depois no processo de industrialização de muitos países em desenvolvimento tardio e é conhecido desde sua implantação no México como sistema de Maquilas. Estas plantas de ensamblagem em geral se localizam em ZPE's - Zonas Processadoras de Exportação localizadas próximas a grandes portos. Em ambos os casos essas condições parecem, a princípio, muito restritivas e impeditivas de uma evolução significativa, principalmente no caso das empresas subcontratadas como OEA.

5

Figura 1. Trajetórias de Modernização Industrial

Estes estágios como “posições” que podem ser ocupadas pelas empresas participantes das cadeias produtivas, e que podem ser atingidas por outros diversos caminhos ou trajetórias, não necessariamente nessa ordem, o que pode ser provado por exemplos da literatura, porem que será ilustrado nos casos analisados neste artigo. Também é necessário ressaltar a possibilidade de posições intermediárias ou transitórias, nas quais as empresas realizam atividades características de vários estágios, como se vê na tabela 1 onde se compram estes estágios com as empresas lideres nas cadeias produtivas. Tabela 1. Atividades características das empresas nas diferentes posições da Tipologia de Modernização Industrial

OEA OEM ODM OBM GB

FACCIONISTAS OU

MAQUILADORAS

FORNECEDORES

DE PACOTES

COMPLETOS

FORNECEDORES

DE PACOTES COMPLETOS COM DESIGN PRÓPRIO

FORNECEDORES

DE PACOTES COMPLETOS COM MARCA PRÓPRIA

COMPRADORES

GLOBAIS (Global Buyers)

- Recebem

especificações sobre produtos e processos produtivos

- recebem insumos e componentes semi-acabados

- realizam atividades simples de montagem

- retornam o produto ao cliente para outras operações

- recebem

especificações sobre o produto

- desenvolvem especificações sobre o processo de produção

- gerenciam compras e logística

- entregam produto acabado com a marca do cliente

- atividades de design - especificação de produtos

- produzem ou terceirizam a produção

- gerenciam a cadeia de fornecedores

- eventualmente decidem sobre a comercialização

- design e de criação e

gestão de marcas - especificação de

produtos - produzem ou

Terceirizam a produção

- gerenciam a cadeia de fornecedores

- decidem sobre o processo de comercialização

- NÃO PRODUZEM - criação e gestão de

marcas próprias - atividades de

design e especificação de produtos

- terceirizam a produção

- gerenciam a cadeia de fornecedores

- decidem sobre o processo de comercialização

Fonte: elaboração própria Kaplinsky et Morris (2001) distinguem dois caminhos de inserção na economia global. A “rota baixa” é aquela de pouco crescimento, uma trajetória na qual produtores enfrentam uma intensa competição e são engajados numa “corrida para baixo”. Na outra direção, aqueles que têm percorrido a “via alta” exibiram a habilidade para entrar num círculo virtuoso de participação na economia global. Se a outra via é a oposta, pode ser que o círculo não seja virtuoso e que a competição seja cada vez mais precarizante, como parece ter sido em alguns casos. Os países asiáticos são o modelo de um processo de industrialização no qual empresas conseguiram, a partir de atividades simples de montagem e manufatura intensivas em MDO barata e pouco qualificada, características da via baixa e que, depois de um processo de aprendizagem e melhorias contínuas conseguiram passar para atividades da via alta, intensivas em capital e tecnologia e melhor remuneradas. A trajetória destas empresas e redes de produção, que inspirou o modelo de GCC, também é utilizado para a formulação da abordagem de Industrial Upgrading.

OEA OEM OBM ODM

6

Humphrey et Schmitz (2000), Kaplinsky et Morris (2001) identificam pelo menos 4 estágios ou posicionamentos nas trajetórias adotadas pelas empresas na busca do sucesso. • Upgrading em processos: melhor realização de tarefa específicas e o aumento da

eficiência dos processos internos e em cada elo (p. ex. reorganizar os processos produtivos ou introduzir novas máquinas, reduzir rotação de inventários e o desperdício de insumos) e na cadeia (p.ex. entregas mais freqüentes, menores e no prazo)

• Upgrading no produto: elaboração de um produto de melhor qualidade, mais sofisticado ou simplesmente mais barato, e ainda mais rápido que os concorrentes, o que implica em câmbios nos processos de desenvolvimento de produtos interna e externamente quando isto envolve a cadeia. Por exemplo, a miniaturização do radio transistor, tornado-o ademais mais barato e accessível, ou produzir carros que utilizam combustível mais barato (como o álcool), ou do telefone fixo ao telefone sem fio.

• Upgrading funcional: alcançar novos estágios (novas competências, p. ex., um produtor se encarregar também do ou mover-se para o design ou marketing) ou mix de atividades a serem dirigidas pela empresa, que agreguem valor na cadeia (ou responsabilizar-se pela coordenação do outsourcing, controle (accounting) , logística e qualidade)

• Upgrading de cadeias ou intersetorial: ocorre quando empresas aplicam a competência adquirida numa particular função numa cadeia para um novo setor (ex. marketing de exportação) ou numa nova cadeia de produção. Tal “translação” de habilidades para um novo setor parece ter um papel central para os países (como Taiwan) obterem um desenvolvimento em (de) setores que necessitam maiores habilidades (no caso: de produtores de rádio transistores para calculadoras, para televisores, para monitores de computadores, depois para laptops e agora para produtos de telefonia celular) Enfim competências adquiridas numa cadeia/setor industrial para atividades em outras

Estes tipos de Upgrading são interdependentes entre si, i.e., para entrar em um novo mercado, além de estratégias de marketing, parece necessário desenvolver capacidade para design próprio. Essa interdependência quer dizer que as mudanças ou aprendizados em cada estágio vão influenciar a estratégia geral e possibilitar ou não a passagem para outro estágio. A seqüência em que esses estágios de Upgrading foram apresentados coincide com as funções executadas pelas empresas ou posições ocupadas nas cadeias na tipologia usada por Gereffi (1999) apresentada no final do item anterior: OEA. OEM. ODM, OBEM. Essa seqüência sugere que a trajetória seguida pelos NICs asiáticos seja o caminho necessário para chegar às posições de comando. Esta comparação se resume na figura 2 a seguir; extraída de Kaplinsky et Morris (2001).

7

Fig. 2: Trajetórias dos modelos de Ind. Upgrading e de Modernização Industrial Tipos de Upgrading

Processo

Produto

Funcional

Intersetorial

Trajetória

OEA

OEM

ODM

OBM

&

GB

MUDANÇA

PARA OUTROS SETORES

Fonte: adaptado de Kaplinsly et Morris, 2001. Este esquema como a tipologia de Modernização Industrial, não inclui os Compradores Globais. Como no item anterior é necessário adiciona-los, as empresas lideres das BDCs, estarão representadas por duas categorias de Compradores Globais– GB ou seja: os brokers/coordenadores de cadeias de suprimento e as empresas lideres do varejo e varejo de marcas que não são produtores. Os Produtores com Marca já estão incluídos na posição OBM. 2.3 As indústrias têxtil e do vestuário como campo de pesquisa A cadeia produtiva têxtil-vestuário é constituída tradicionalmente por grandes setores industriais (fig.3) como a indústria química provedora de fibras feitas pelo homem e insumos para tinturaria e acabamento, a indústria agropecuária fornecedora de fibras naturais, tanto vegetais como animais e a indústria têxtil, que usualmente inclui a fiação, transformando as matérias-primas em tecidos acabados prontos para a indústria da confecção que os transforma em prendas de vestir, para finalmente serem oferecidas ao consumidor final por diferentes canais de comercialização, como mostra figura 3. Fig. 3 A estrutura da CPTV

• Indús t r ia do ves tuár io -mic ro f ib ra s , moda p ra i a , me ia s , l i nge r i e , s u r f & s p o r t w e a r• In t e r io res e Decoração , m o v e i s e t a p e ç a r i a

T e c e l a g e m / m a l h a-r i a , a c a b a m e n t o para: • V e s t u á r i o• In t . & D e c o r a ç ã o • Tapeça r i a Au tomobi l í s t i ca /Aviação• Tec idos t écn icos

F iação

F i l a m e n t o e F ib ras S in té t i cas

P e t r o q u í m i c a

Indús t r ia da m o d a

Varejo

Lo jas Espec ia l i zadas ,gri f fes

A g r o p e c u á r i aF ib ra s Na tura i s

•I n d ú s t r i a d e a u t o p e ç a s•Indús t r i a ae ronáu t i ca

( b a n c o s , r e v e s t i m e n t o s e Pneus , ou t ros )

E m p r e s a s a u t o m o b i l í s t i c a s

Out ras indus t r i a s(cabos, f ios , f i tas ind)

Dis t r ibu idoras

Cl i en te i n s t i t uc iona l ouc o n s u m i d o r f i n a lE m p r e s a s d e A v i a ç ã o

Redes Espec ia l i zadas

Vare jo

R e d e s e l o j a sE s p e c i a l i z a d a s

E m p r e s a s d e c o m e r c i o e x t e r i o r ( i m p o r t a d o r e s e e x p o r t a d o r e s )

Empresas de bens de cap i t a l( m a q u i n a s , s o f t w a r e e e q u i p a m e n t o )

CeluloseF i l a m e n t o e F ib ras Art i f ic ia is

Fonte: elaboração própria As rápidas transformações estruturais nos países desenvolvidos, a flexibilização da produção, a liberalização do comércio internacional, e a descontinuidade das etapas

8

produtivas permitiram uma rápida segmentação da produção no complexo têxtil-vestuário. As empresas dos países industrializados têm investido em desenvolvimento tecnológico, mudanças na estrutura organizacional e na cadeia produtiva, enxugamento, descentralização e deslocamento da produção para a obtenção de custos baixos nos países em desenvolvimento, flexibilidade de produção e capacidade de resposta rápida, implementando inovações na cadeia de fornecimento por meio de tecnologias de informação e transporte. A importância deste setor transcende à lucratividade empresarial, com o elo da confecção sendo ainda intensivo em MDO, é um dos mercados mais dinâmicos e competitivos, em qualquer âmbito, seja nacional ou internacional. No nível internacional o Acordo de Têxteis e Confecções - ATC, substituto do Acordo Multifibras - AMF, atua como regulador e protetor da produção, dos mercados e dos empregos gerados por esta indústria nos países industrializados, perante a competição dos países emergentes e dos menos desenvolvidos. No mapa do comércio de têxteis e vestuário se destacam três grandes centros do consumo: os Estados Unidos, a União Européia e o Japão, entre os países desenvolvidos. Já os fornecedores estão menos concentrados, mas podem agrupar-se em regiões de países que suprem as demandas dos grandes mercados, entre eles os mais definidos podem exemplificar-se: o formado por México e países da América Central e do Caribe, que suprem grande parte do mercado americano; a Europa Central e Oriental e alguns países africanos, que fornecem para a União Européia; e os competitivos países da Ásia competem no globo inteiro. Entre eles, destaque para a temida China que ameaça tomar o mercado de todos.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O complexo têxtil-vestuário foi pesquisado a nível nacional do Brasil3 e de Honduras, assim como sua inserção no contexto internacional atual, tentando captar as mais importantes etapas de desenvolvimento e mudanças organizacionais recentes, os novos fatores de competitividade no mercado internacional. Assim como a sua relocalização espacial e reestruturação produtiva. No caso do Brasil, o mapeamento das cadeias estudadas se iniciou a partir de empresas de renome, de forma intencional, tentando cobrir o maior leque representativo de todos os elos da CPTV. A amostra final constitui-se de 30 empresas em 4 estados do país, tanto nacionais como internacionais. Esta etapa se realizou no primeiro semestre de 2001 (Fleury, A., Fleury, M.T., Cruz-Moreira, J. R., et al,2001). Já no caso de Honduras, o foco do estudo foi as “maquiladoras” de roupas, que tem transformado o ambiente industrial local, principalmente como setor gerador de emprego e pelo crescimento das exportações sob essa modalidade. Foram assim realizadas entrevistas em 6 empresas entre maquiladoras para exportação e empresas que atuam no mercado local. Realizou-se a pesquisa em Maio de 2002. Em ambos os casos, associações empresariais e empresas lideres foram entrevistadas. Para a realização das entrevistas semi-estruturadas, utilizou-se um questionário guia, de similar teor em versões em Português e Espanhol.

3 Na prática, a dificuldade de equacionamento da problemática das cadeias têxteis, começa com as próprias informações estatísticas que não permitem uma visão integrada consistente em ambos países.

9

4. A PESQUISA DE CAMPO

4.1 A indústria do vestuário no Brasil

4.1.1 Importância da CPTV no Brasil e a composição da amostra A cadeia têxtil-vestuário brasileira esta formada por 43840 estabelecimentos, dos quais 30000 na indústria do vestuário, e empregava em 2000: 1.572,5 milhões de pessoas (-40,7% em relação a 1990, IEMI, 2001), daí a importância para o emprego a nível nacional. A pesar da grande heterogeneidade das empresas que compõem a cadeia, assim como a predominância microempresas e empresas de pequeno porte.

Tabela 2. Dados gerais da cadeia têxtil-vestuário no Brasil – 2000

Fibras/Filamentosa Têxteis Confecções Estabelecimentos 25 3.305 18.797 Empregos (mil) 15 339 1. 233 No. Médio de Empregados/ empresa 600 103 66 Fonte: IEMI/ABRAFAS/AFIPOL, da tabela do IEMI (2001, pág. 26) apud Prochnik (2002); (a): apenas as empresas químicas que fornecem fibras e filamentos para o elo têxtil.

Além disso, nota-se também uma media salarial total bastante baixa, segundo informações fornecidas pelo Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco, o piso salarial do setor é de R$425,00mais benefícios trabalhistas, no entanto o emprego informal na grande São Paulo (dados de campo) paga R$10.00/dia o que equivale a US$ 0,68/hora e US$ 0,31/hora respectivamente. O ”Custo Brasil” pode dobrar essa quantia para o empregador, o que provoca grande informalidade no setor.

A participação da CPTV na formação do PIB brasileiro está decrescendo.

Tabela 3. Participação percentual da CPTV e sus principais elos no total das cadeias produtivas brasileiras.

1990 2000 Toda a cadeia 3,2% 1,8% Ind. Têxtil 1,8% 0,9%

Valor Agregado

In. Vestuário e Acessórios 1,4% 0,9% Toda a cadeia 7,5% 6,6% Ind. Têxtil 1,5% 0,9%

Pessoal Ocupado

In. Vestuário e Acessórios 6,0% 5,7% Fonte: IBQP-PR in Prochnik 2002 A mostra foi intencional buscando modelar às dinâmicas mais recentes que afetam as empresas e cadeias do setor, e ficou constituída como na tabela 2 a seguir:

Tabela 4. Distribuição das empresas constituintes da amostra

Produtoras de insumos Produtoras têxteis e de confecção

Distribuição e varejo

1 Empresa integrada desde a fiação ate a comercialização

7 Empresas de confecção integradas para a frente 6 ( 2 MNC e 2 NC) Empresas produtoras de fibras, filamentos e fios têxteis e industriais 1 Empresa produtora de linhas para Costura 1 Empresa de insumos químicos básicos 1 Empresa produtora de equipamento para a f iação

6 Tecelagens de tecidos para a confecção de vestuário 1 Tecelagem de tapetes e carpetes 1 Tecelagem especializada em tecidos para automóveis 1 Facção de Costura 1 Produtora de insumos químicos para têxteis

3 Varejistas

10

4.1.2 A participação dos têxteis e vestuário brasileiros no Mundo A participação do Brasil em ambos casos é pequena. Em 2002 o setor exportou US$ 506,9 milhões em confecções, US$ 121,0 em outras manufaturas, US$ 225,8 milhões em tecido (sendo US$ 172,7 em tecidos de algodão), US$ 164,5 milhões em fibras têxteis, US$ 197,0 milhões em fios e US$ 55,5 milhões em filamentos. Somado um total de US$ 1,1807 bilhão, com uma queda de 9,3 % referente a 2001, quando as exportações alcançaram 1,3 bilhões de dólares. O déficit nas exportações da cadeia, que chegou em 2000 a US$ 384 milhões, passou para um superávit de US$ 73,4 milhões em 2001. Mesmo assim 2003 e apesar dessa recuperação, o Brasil ainda só fornece o 0.7% do total das exportações de vestuário no comercio internacional (dados da ABIT in Salomão, 2003). O principal destino das exportações de vestuário brasileiras é normalmente a Argentina, em 1999 absorveu 30,41% equivalentes a US$ 50,74 milhões e a 3100 toneladas, o produto mais comprado são as roupas de malha (US$ 32,31 milhões em 1999) seguidas pêlos tecidos planos (US$ 18,43 milhões em 1999) de acordo ao Analise Setorial da Gazeta Mercantil (Tessari, 2001) A Tabela 3 mostra a evolução na década de noventa do comercio de têxteis e de vestuário brasileiro no mundo. Tabela 5. Participação brasileira no mercado de têxteis e de confecções

1995 1996 1997 1998 1999 2000 US$ bi. % US$ bi. % US$ bi. % US$ bi. % US$ bi. % US$ bi. %

Mundo Têxteis 111,1 100 113,6 100 119,3 100 112,5 100 113,0 100 126,1 100 Confecções 124,0 100 128,7 100 141,9 100 149,3 100 150,0 100 165,5 100

Brasil Exp. Têxteis 999 0,9 1007 0,9 1022 0,9 892 0,8 822 0,7 900 0,7 Imp. Têxteis 1362 1,2 1110 1,0 1201 1,0 1065 1,0 898 0,8 1112 0,9 Exp. Confecções 298 0,2 248 0,2 211 0,2 185 0,1 173 0,1 282 0,2 Imp. Confecções 372 0,3 371 0,3 451 0,3 369 0,3 206 0,1 185 0,1 Fonte: Dados da OMC em Prochnik 2002

Houve recuo das vendas para o MERCOSUL, América Latina e Ásia no último ano, as vendas cresceram para América do Norte (os três países do NAFTA) e para a União Européia de acordo á ABIT. O aumento das vendas de artigos com marcas brasileiras ainda não é representativo em valores, mas o sucesso feito pêlos designers e pelas marcas ajuda a criar imagem. A estratégia segundo o presidente da ABIT é deixar o corpo a corpo com os produtores de tecidos asiáticos, e tentar vender as roupas prontas com maior valor agregado (Caixeta, 2002). 4.1.3 A reestruturação produtiva Após a abertura do mercado em 1990 a indústria brasileira está passando por um radical processo de reestruturação. No setor têxtil-vestuário a abertura do mercado teve como conseqüências à invasão de produtos de origem asiática a preços baixíssimos, conseguindo impactar fortemente a indústria nacional. Como resposta a esses desafios, as empresas brasileiras adotaram estratégias de redução de custos, por meio principalmente da desverticalização crescente de seus processos, recorrendo a práticas de subcontratação produtiva. Essa subcontratação conhecida no Brasil como terceirização, muitas vezes leva a una grande precarização (Cruz-Moreira, 2001) do trabalho. Do outro lado há grupos que modernizam suas

11

técnicas de gestão movem-se para a jusante, na tentativa de fortalecer competências de mercado, porem desenvolvendo uma base forte de poucos e muitas vezes exclusivos fornecedores. Verificou-se também um movimento de relocalização dos elos produtivos da cadeia, deslocando-se dos tradicionais centros produtores do Sul e Sudeste, em direção a regiões que apresentassem custos, principalmente de trabalho, mais reduzidos, o que fez com que muitas empresas estabelecessem unidades produtivas principalmente na Região Nordeste do Brasil, por causa dos incentivos oferecidos por estados dessa região. Esta reação, assim como investimentos elevados na modernização do equipamento e estratégias de gestão empresarial com metas e objetivos mais integrados, visando a eficiência coletiva ao longo da cadeia produtiva, tem como resultado uma notória recuperação da indústria fundamentada na inovação, no design e nas tecnologias de gestão. Em nível de capital as empresas brasileiras ou atuando no Brasil tendem a ser de capital exclusivamente nacional ou exclusivamente internacionais, há exceções no inicio da CPTV, onde algumas empresas internacionais produtoras de fibras são parcerias com grandes grupos nacionais do setor têxtil. Alem da conjuntura internacional a cadeia textil-vestuário brasileira se viu afetada por outros eventos como a crise interna do algodão. No final dos anos 80 a praga do bicudo destruiu as plantações de algodão no Nordeste brasileiro, passando o país em 1992 de grande produtor a ser um dos maiores importadores. Houve uma importante relocalização dos cultivos ao Centro Oeste, onde os índices de produtividade são comparáveis aos da Turquia, e os de produção custos só maiores que os da China. Esta elevada produtividade se deve às condições ambientais e às estratégias conjuntas de governo e empresários, que incluem pesquisas tecnológicas para o melhoramento das variedades e do cultivo e sua transferência aos produtores. A partir de 1997 as importações começaram a cair (Gorini, 2000) e o Brasil começa a ressurgir como exportador (Prochnik, 2002). O algodão representa o 90% de todas as fibras naturais utilizadas no Brasil (Haguenauer et al, 2001), e 75 % das roupas confeccionadas neste país, são feitas com esta matéria de acordo a ABRAVEST. Sendo que em malhas de algodão o Brasil é o 3 produtor mundial (Gorini, 2000) ficando atras dos Estados Unidos e da China, somente, destacam- se também os tecidos denim e confeccionados para o lar. Entre as principais mudanças de estratégias das corporações multinacionais e suas subsidiarias no país, se destacam a reordenação de suas linhas de produto e produção para especialidades4 e inovações, fibras de alto valor agregado, em geral defendidas por patentes e comercializadas com altos investimentos na divulgação de marca. Tentando diferenciar seus produtos dos asiáticos mais baratos. Elas também fizeram alianças estratégicas com empresas a montante tronado-se importantes prestadoras de serviço e recuperando assim um pouco de governance no contexto nacional As empresas de capital nacional de ficam no meio, produzindo uma diversidade de fibras químicas (pseudo commodities) em processos de tipo batelada (“batch”),

4 No sentido definido anteriormente, ou seja, as fibras que seriam classificadas como pseudo-commodities e as especialidades propriamente ditas.

12

atendendo às empresas de médio porte produtoras de tecidos. O foco está mais na produção do que no produto e no serviço. A questão da escala é importante, se bem que não em termos absolutos. 4.1.4 A estrutura das cadeias têxtil-vestuário brasileiras e as empresas lideres As maiores empresas exportadoras do Brasil, são empresas integradas desde a fiação do algodão até a produção de artigos como camisetas de malha e jeans. Elas também suprem o mercado interno com produtos de vestuário padrão, eles são: Vicunha, Coteminas e Santista5, representando juntos um terço das exportações brasileiras (Prochnik, 2002). A pesquisa (Fleury, A., Fleury, M.T., Cruz-Moreira, J. R., et al, 2001), identificou estas empresas como os Produtores com Marca, do modelo de GCC; alem de atuar com marcas próprias, também são fornecedores de insumos/produtos finais para outras companhias nacionais e internacionais, através de subcontratações, licenciamentos e suministros de matérias primas. Entre os clientes da Vicunha, por ex. encontram-se empresas Comercializadoras de Marcas internacionais como: Nike, Reebok e Adidas e a cadeia norte-americana de lojas Lane Briant (Prochnik, 2002). As tecelagens de médio porte e as empresas faccionistas de costura, constituem o elo de produção, que fica emparedado entre às grandes fornecedoras de fibras e as grandes demandantes da indústria do vestuário, é o elo com as maiores fraquezas e maior competição interna. No entanto a outros grupos de importância no país constituídos por empresas de porte médio de confecções e malharias, tradicionalmente verticalizados, mas que utilizam a subcontratação principalmente na etapa da costura, atendem o mercado nacional com estratégias diversas, entre elas se destacam a Hering, de Millus e Marisol, responsáveis por 36.1% da receita do segmento de acordo ao Balanço anual da gazeta Mercantil em 2001. São empresas também Produtoras de Marca, mas que atuam cada vez mais no varejo e investem forte nas competências necessárias para a competitividade nesse elo. Também atuam como produtoras como marca empresas internacionais estabelecidas recentemente no Brasil, como a Sara Lee, que adquiriu a maior produtora de roupa intima masculina a Zorba, ela não possui varejo próprio. Ha mais tempo no Brasil atuam empresas como a VF e a Levi’s, inicialmente elas tinham operavam instalações próprias, porem recentemente enxugaram suas linhas de produção, terceirizando ou importando, sua comercialização se da através de lojas de departamentos e licenciamento da marca em outros casos. Nos nichos de Varejo de Marcas de maior preço, marcas européias atuam com grandes % de importação: Armani e Hugo Boss, entre as mais tradicionais. A Benetton chegou a investir numa mega-fabrica de São José dos Pinhais, que finalmente foi desativada devido à queda demanda desta marca no Brasil e no MERCOSUL. A espanhola Zara, recém chegada no país, também importa. A concorrência nacional para essas marcas está formada por empresas que já nasceram muito fortes do lado do Marketing e do Design e pouco se envolvem em atividades de produção. Estão incluídas nesta categoria empresas detentoras de

5 Algumas de estas empresas também são multinacionais, como é o caso da Santista que tem produção no Chile e na Argentina.

13

marca, cujas plantas produtivas realizam protótipos ou atividades muito especializadas, e aquelas que atuam no varejo especializado com alto valor agregado pelas marcas, utilizam pequenas redes de lojas exclusivas com nomes de designers, como a Zoomp, M. Officer, e Ellus, entre outras. O varejo de produtos de preço médio, esta passando por uma reestruturação, influenciada também pela moda, em suas estratégias tem enorme peso o design e a publicidade, a holandesa C&A é pioneira. A Riachuelo, que responde pelo varejo do grupo Guararapes, tem estratégia própria, e recentemente passou de ser um meio de escoamento dos produtos padrão do grupo, investindo forte na revalorização da marca no varejo de moda, terceirizando grande parte de sua produção que é controlada por gestores de moda. No mesmo segmento compete a recente aquisição da JCPenney; a gaúcha Renner, juntas investem em estratégias de massificação da moda, captando clientes do pequeno varejo formal e do pulverizado informal, representam somente o 3% do comercio de roupas brasileiro, suas redes possuíam 204 lojas em todo o país e investiram R$ 600.000.000,00 em 2001 (uns US$ 166,000,000.00). As Grandes redes varejistas comercializam produtos de vestuário padronizados entre elas as lojas de departamento multimarcas e os hiper e supermercados como Walmart e Carrefour atuando como marcas próprias, ou “genéricas”, baseando-se em altos volumes e baixos preços, o que favorece o fornecimento de empresas que fabricam produtos padronizados em grande escala e baixo custo. Consequentemente, a organização da cadeia produtiva fica sob responsabilidade desta última. 4.1.5 O ambiente institucional Aqui pretende-se destacar somente alguns dos pontos mais importantes do ambiente institucional em que as empresas brasileiras das CPTV se desenvolvem, alem do grande e competitivo mercado, no qual há nichos dos mais diversos poderes aquisitivos. Pela sua importância para o emprego, e dada a reestruturação e relocalização relatada, a diverso níveis governamentais: federal, estadual e municipal, as industrias constituintes das cadeias têm sido objeto de estudos e projetos de industrialização, geração de emprego, revitalização, etc. destaque para o Fórum da competitividade que reúne: governo, associações empresarias em diversas instancias, Estes estudos pretendem entre outros, gerar insumos para determinar as linhas de credito que o governo deve apoiar. Destaque para as instituições de capacitação, que também estão se reestruturando para acompanhar as mudanças e demandas da indústria. Para muitas das empresas da amostra alguma relação com universidades parece desconhecida, em outros casos a relevância do Centro de Tecnologia para a Indústria Química e Têxtil - CETIQT6, no Rio de Janeiro, e o Centro de Tecnologia de Vestuário CETVEST ambos do SENAI7, são explicitadas. As empresas privadas também realizam parcerias com centros de ensino como da FEI - Faculdade de Engenharia Industrial que tem um laboratório implantado com recursos das empresas de fibras sintéticas e de insumos químicos para a indústria têxtil, o instituto de Pesquisas Tecnológicas também oferece serviços de testes de laboratório para a CPTV.

6 O CETIQT é um Centro de reconhecido nível internacional, com cursos de nível técnico têxtil, e superiores de Design e engenharia Têxtil, recentemente inauguraram um MBA na área Têxtil e que organiza uma destacada Conferencia Internacional sobre Têxteis e Vestuário cada 4 anos. O CETVEST treina operários, técnicos e supervisores e estará formando a primeira turma de Gestores de Vestuário com nível universitário em 2003, também iniciará proximamente um MBA em negócios do vestuário. 7 Serviço nacional da Industria organismo federal, financiado pelo setor privado e atuante em quase todas as ramas industriais.

14

Alem disso há mais de 34 cursos universitários privados que pegaram oferecem desde cursos superiores de etilismo, produção, marketing até um recente MBA em moda. O terceiro setor tem apresentado respostas à demanda de profissionais para a população carente. Diversos tipos de estratégias estão sendo tomados para melhorar a competitividade e aumentar as exportações, como é o caso dos consórcios de exportação, e as campanhas de marketing internacional apoiadas pelas associações empresariais e o governo. 4.2 A indústria hondurenha da maquila de roupas - IHMR 4.2.1 A composição da IHMR e da amostra A Indústria Hondurenha da Maquila de Roupas estava formada em 2000 por 216 empresas e em 2001 eram 208 segundo a AHMA (de acordo ao banco Central 64% do total da IMH pertence a IHMR), divididas nas Zonas Livres -Zoli e nas Zonas de Processamento Industrial -ZPI, em 1990 a IMH empregava 9.030 pessoas e em Abril de 2002 eram 105.693 dos quais 67% ao mulheres e 33% homens, constituindo-se na principal fonte de emprego industrial do país. Resultando uma média de trabalhadores 507 por planta produtiva nas maquilas. Em Honduras, a mostra também foi intencional buscando dentro do possível, representar a composição da IMHR e seu entorno, a pesar dos poucos vínculos com a indústria e o mercado local, com mostra a tabela 6 a seguir: Tabela 6. Distribuição das empresas constituintes da amostra Produtoras de insumos Produtoras têxteis e de confecção Distribuição e varejo 3 maquiladoras nacionais integradas produção de tecidos à confecção de vestuário (roupa intima, malharias, calcas e camisas de tecido plano) 1 Empresa Estrangeira integrada da fiação à comercialização, com serviços “fullpackage”

1 microempresa faccionista fullpacakge

1 grande empresa têxtil nacional

1 microempresa informal de confecção que tem seus próprios canais de comercialização

4.2.2 O mercado das maquilas hondurenhas As empresas da IMRH produzem exclusivamente para a exportação8 ao mercado norte-americano, devido aos incentivos e isenções das leis de importação daquele país. De acordo a dados da CEPAL –ONU nos produtos classificados nos itens 842 a 846 da SITC ocupou em 2000 o 4º lugar em exportações ao mercado norte-americano9 com US$ 78, 2 milhões aumentando sua participação de 0,2 para 4 % (variação de 2206%) de 1985 a 2000,e no mesmo período a participação de esses item nas exportações do país passou de 5,7 para 78,2 % significando uma variação de 1277 % (Mortimore, 2002) Já segundo a AHMA, Honduras ocupa o primeiro lugar dentre os países da América Central desde 1998, e desde 1999 o primeiro dentre os países da Bacia do Caribe e o segundo lugar mundial, em exportações de roupa aos Estados Unidos.

8 As importações hondurenhas dos Estados Unidos, para as maquilas não são consideradas aqui, pois elas chegam e saem com isenções tarifarias sob o um dos regimes de maquila de exportação. Não se teve acesso a estatísticas para outro tipo de comercio internacional na CPTV hondurenha que não das maquilas ou que diferencia-se claramente. 9 Neste caso inclui Estados Unidos e Canadá.

15

Tabela 7. Exportações das maquilas hondurenhas a Estados Unidos10 Exportações 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Variação % (US$ milhões) 646,0 921,1 1219,5 1659,0 1855,1 2158,3 2361,4 2344,2 262,9 % Fonte: dados do IDS/OEC in Honduran Apparel Manufacturers Association. “Apparel Industry Statistics 2001” O comercio exterior de têxteis11 que não se rije pêlos regimens tarifários da maquila segundo dados do BCH de 1999 a 2001, é bem menor do que o volume das exportações da maquila, embora deficitário, supõe-se que essas importações suprem o mercado interno e algumas são de insumos complementares para a produção das maquilas, de fornecedores de fora dos Estados Unidos, pratica comum de algumas empresas asiáticas operando no país, o balanço geral é mostrado a seguir na tabela 8: Tabela 8. Balanço comercial têxtil11 hondurenho (US$ milhões) 1999 2000 2001 Exportações FOB (não incluí maquila) 3,9 7,0 6,1 Importações CIF (não incluí maquila) de acordo SAC* 85,9 80,9 60,1 Saldo sem maquila -82,0 -73,9 -54,0 Saldo do Balanço Geral incluindo exportações da maquila 2076,3 2287,5 2290,2 Diferença % 2317,1 2727,6 3710,6 Elaboração própria a partir de dados do BCH - Subgerencia de Estudios Económicos Honduras en cifras 1999-2001 e da AHMA 2001. * SAC=Sistema Arancelário Centro-americano Como visto na tabela anterior, as importações para o mercado local são pouco pequenas, devido à dimensão do mercado interno e ao baixo poder aquisitivo da maioria da população. A maior parte das importações de roupa quando não são da América Central, são maioritariamente asiáticas, que ingressam na região através do Panamá, ademais é afetado pêlo contrabando e pelas importações de roupa americana usada, que inicialmente vinham como dação para ações de caridade de igrejas ou em épocas de calamidade por desastres naturais. Este tipo de importações afeta fortemente à pequena e média indústria local foi muito mais afetada pelas importações de produtos As maquiladoras não concorrem com a indústria local, além do que os incentivos foram criados para incentivar a exportação, a empresa local que é muito taxada, não teria igualdade de condições para concorrer, por tanto para comercializar seus produtos no mercado local, a IHM deve alem de pagar as devidas taxas solicitar autorização. A maior parte produção da IHMR é de roupas de vestuário padrão como: camisas de malha, roupa interior masculina e feminina, roupa desportiva, blusas (sweters), abrigos e roupa infantil e para adultos (camisas e calças compridas); para empresas detentoras de marca e grandes firmas varejistas dos Estados Unidos. 4.2.3 A evolução da indústria maquiladora hondurenha Honduras tem partilhado com os outros países da América Central processo de industrialização similar, no presente se ligam estreitamente também aos do Caribe, em parte por causa da influencia e estratégias econômicas da América do Norte na região. A partir de 74 começa o draw back (lei USA) e em 76 e criada a primeira Zona Libre Portuária (estatal – que funciona até hoje como centro de logística e consolidação d cargas, teve seu auge na época áurea das “Compañias Bananeras”), Nas décadas de 1980 e 1990 a indústria do vestuário que já tinha vínculos com o mercado americano,

10 Com dados da USITC em 1997 54,6 % do total de exportações hondurenhas a Estados Unidos entraram de acordo às normas HTS 9802 (Mortimore,2002). 11 Aqui incluindo itens de vestuário

16

se reestrutura para aproveitar as novas oportunidades que propiciavam as leis de produção compartilhada americanas12. Se fizeram estudos13 de mercado para produtos que fossem competitivos com as oportunidades da maquila (807 hoje 908), - consultorias internacionais e financiamento de USAID, se organiza a Fundação (privada) para o Incentivo e Desenvolvimento das Exportações- FIDE . Os estudos ressaltaram as oportunidades para a montagem de produtos de vestuário, eletro-eletrônicos e autopeças entre outros, dada a existência previa da industria têxtil e do vestuário e suas baixas barreiras de entrada, é a que predomino até hoje a pesar de esforços de diversificação. para estimular o investimento internacional e as exportações se elaboraram leis especiais complementares às de importação preferencial dos Estados Unidos, coexistem hoje 3 regulamentações legais para a maquila (BCH, 2001): • ZOLI - Zonas Livres: a lei original data de 1976 e reformada em 1998 administração

do Estado Nacional, funcionam a nível municipal, o que converte todo o país em Zona Livre de facto. Exonera todas as taxas relativas a impostos de importação e exportação de mercancias, assim como do Imposto sobre a Renda IR (Jenkins, Esquivel et Larrin B., 1998), mas estão sujeitas à vigilância fiscal. Havia oito ZOLI’s com 46 empresas da CPTV (53,5% do total de empresas) em 2002.

• ZIP – Zonas Industriais de Processamento para a Exportação: decretadas em Abril de 1987, para atrair investimento externo, de propriedade y administração privada, localizadas em Zonas geográficas autorizadas pelo Estado, sujeitas à vigilância fiscal, gozam de todas as exonerações das ZOLI. Eram 15 ZIP’s, nas quais operavam 99 empresas da CPTV (78,6%) em 2002.

• RTI - Regimen de Importação Temporária: data de 1984, para promover as exportações e a subcontratação de empresas locais, que exportem 10% de sua produção, recebem todas as exonerações anteriores, exceto para exportações à América Central. A isenção do IR, inicialmente só por 10 anos.

Atualmente estuda-se a compatibilização de todos as modalidades e as empresa que funcionam sob o RIT estão passando ao sistema ZOLI. 4.2.4 Investimento nas maquilas hondurenhas O capital investido na IMHR é majoritariamente de empresas de USA e alcança 40%, o investimento nacional responde pelo 31%, as empresas de Coréia, Hong Kong e Taiwan por 21% e o restante 8% é de investidores de outros países.

Tabela 9. Origem do capital das maquilas hondurenhas em 2001

Países No. Honduras 64 Estados Unidos 81 Países Asiáticos (Coréia, Hong Kong, Taiwan China, Singapura) 52 Canadá 3 L.América (Colômbia e Barbados) 2 Joint ventures 6 TOTAL 208 Fonte: AHMA, 2001.

12 As leis de incentivo à produção compartilhada dos Estados Unidos, eximem de impostos sobre a matéria prima ou componentes de origem americana utilizados na montagem de produtos os componentes em países com baixos salários e que serão reexportados a Estado Unidos. As taxas de importação incidem somente sobre o valor agregado no país onde se realizou a montagem que normalmente eqüivale ao valor dos salários pagos por este serviço. 13 Entre outros: “Honduras Free Zone Development: a Strategy for FIDE”. The Services Group, 1988

17

O investimento acumulado a 2001 alcançava US$ 670,1 milhões de capital estrangeiro e US$751,5 Milhões de capital nacional.

O capital chega como investimento direto das empresas, ou pela subcontratação de empresas locais. As empresas americanas são mais propicias a realizar Joint-ventures com grupos nacionais e vimos que alguns grupos hondurenhos acabam nacionalizando a totalidade do capital, mantendo as relações comerciais. Muitas das empresas asiáticas se instalaram aqui para aproveitar as quotas não preenchidas e os benefícios de acesso ao mercado americano que desfrutam os países da América Central e do Caribe. Aproveitam também os incentivos à exportação e ao investimento externo. Outras vieram como fornecedores globais de empresa americanas. As empresas asiáticas coordenam atividades de produção e/ou atuam como “Fornecedores de Pacotes Completos” para clientes americanos. Esta coordenação lhes confere um nível de governance sobre as empresas locais subcontratadas e grande poder de negociação com as empresas clientes. Em muitos casos se repete o padrão de triangulação da produção, usado na expansão de capacidade do Japão para os Tigres. Entre as firmas com operações em Honduras, joint ventures ou que compram das empresas hondurenhas estão: Sara Lee Intimates, Hanes Choloma, Victoria Knits, VFI de Honduras, Gildan Activewear, Confecções Perry, Jockey Honduras, Spencer’s Honduras, JC Sewing Supply, Wrangler Honduras, Lovable de Honduras; entre as americanas; Febena, as empresas Yantex, Quantex da Zip Formoza se destacam entre as asiáticas; entre os mais importante grupos hondurenhos são HINDELVA e ELCATEX. 4.2.5 Valor agregado das exportações e salários da maquila hondurenha O valor agregado14 é o resultante das divisas que fica país, tirando do valor total das exportações os insumos comprados localmente, o valor do aluguel de instalações e equipamentos, outros serviços e principalmente salários. O Valor Agregado de 1994 a 2001 e projeções até o ano 2005 são mostrados na tabela 10 a seguir: Tabela 10. Evolução do valor agregado da maquila gerado no país (US$milhões/ano)

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001* Var. % 1994-2000

PIB Geral 26862 37507 47774 61084 70438 77095 87523 89711 225,82 V. Agregado da IHMR ** 1748 2491 3554 5169 6375 7846,7 8005,4 6884,3 357,97 V. Agregado da IHMR como % do V.A. Nacional

6,5% 6,64% 7,44% 8,47% 10,05% 10,18% 9,15% 7,67% 40,77

Elaborado a partir de dados do BCH e dados do IDS, em AHMA, 2001. *dados previstos. **somente dados das exportações 807 Projeções para 2005 esperam alcançar US$ 878 milhões em base a um crescimento anual de 10% partindo de US$600 milhões exportados em 2001.

14 O Valor Bruto de Produção Incluí: (a) Consumo Intermediário: Aluguel de edifícios, arrendamento de maquinaria e equipamento, combustíveis e lubrificantes, energia elétrica e água, gastos em transporte de pessoal, gastos com serviços de profissionais, manutenção e reparos, seguros (excluindo seguros de vida), serviços vário, portuários e alfandegários, telefone, fax, e correio. (b) Salários, Benefícios e doações, Instituto Hondurenho de Segurança Social, Instituto nacional de Formação Profissional, juros, taxas indiretas.

18

O salário anual dos trabalhadores das maquilas cresceu, é o principal item do valor agregado, que representou em 2000: 61,9% do Valor Bruto de Produção e 92,7 % do Valor Agregado Bruto, como mostra a tabela 11: Tabela 11. Evolução dos salários nas maquilas de roupa hondurenhas (US$/ano) Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Salário mínimo oficial com bônus aplicáveis

1302,10 1692,01 1893,01 2118,82 2151,02 2441,31

Salário mínimo oficial com colaterais e bônus aplicáveis

1963,69 2551,73 2854,85 3195,40 3234,95 3681,73

Salário hora* 0,62 0,80 0,90 1,00 1,02 1,16 Fonte: Elaborado com dados da AHMA 2001. * Calculado a partir de 12 meses/ano, 4 semanas/mês, 44horas/semana trabalhadas. O montante dos salários nas maquilas é superior ao de atividades similares na indústria local, argumenta-se que isto se deve às horas extras e longas jornadas realizadas nas empresas maquiladoras, e não a uma maior remuneração real. O valor hora de acordo à Werner International Inc. (apud Mortimore, 2002) em 1998, em 2001era de US$ 0,91 divulgado por FIDE em Fevereiro de 2002, era de US$,98 com todos os encargos. 4.2.6 Ambiente institucional No caso de Honduras, o ambiente também é extremamente competitivo, as empresas locais concorrem pêlos poucos espaços sobrantes do mercado interno, pequenas redes locais de roupas populares e redes especializadas de “boutiques” ou “ateliers” produzem moda feminina para os setores da classe media alta, assinados por designers locais, algumas delas subcontratam a produção inclusive em oficinas familiares, outras produzem elas próprias. As empresas nacionais competem com os estabelecimentos que vendem marcas internacionais. As redes de varejo estrangeiras se instalam importam muitos produtos padrão através do Panamá. Há indústria que produz para o mercado local, sofreu uma grande informalização, com menores ou nenhum incentivo ou isenções, um mercado com baixo poder aquisitivo, utiliza também a subcontratação. A maquila representa para o país, a pesar de polemica, um símbolo de modernidade industrial, é interessante como os empreendedores locais utilizam o termo “maquila” para muitas atividades industriais, embora não utilizem a enssamblagem ou a subcontratação e muito menos a exportação. Por outro lado para a maioria da população, maquila é quase sinônimo das indústrias têxteis e da confecção. No entanto há uma grande diferença entre as maquilas de exportação e as que atuam para o mercado local, desde o equipamento, métodos de organização da produção, salários e condições laborais. Aquelas dirigidas para o mercado internacional, produzindo roupas de marcas famosas, muito sensíveis às pressões do consumidor e da mídia internacional de acordo a alguns tem melhorado muito, inclusive tentando diminuir a rotação da MDO. Em quanto a capacitação da força de trabalho o INFOP, que recebe financiamento da empresa privada, tem participado da capacitação da MDO, más muitas das empresas preferem capacitar seu pessoal dentro da mesma firma e tem escolinhas próprias para o treinamento nas suas instalações. A AHMA, o INFOP e a Cooperação Técnica de Taiwan trabalham para a instalação de um Centro de Capacitação Tecnológica para a Indústria Têxtil. Ademais foi apontado

19

por um consultor estrangeiro da área de RH, que num dos maiores grupos, para a sua admiração, encontrou alto % de engenheiros com pós-graduação em centros de estudo internacionais, mais alto do usual em outros países. Não obtive dados concretos más cabe mencionar que a oferta de cursos de graduação em engenharia industrial, por exemplo, cresceu muito no país, em função da demanda de recurso humanos capazes para processo de reindustrialização, e que é um curso quase sempre oferecido nas novas universidades privadas estabelecidas nas ultimas décadas, coincidentes com o período de desenvolvimento da maquila, e que vieram a suprir necessidades que a universidade publica não supria. 5. TRAJETÓRIAS DAS EMPRESAS EM DE ACORDO AOS ESTÁGIOS DE

MODERNIZAÇÃO INDUSTRIAL E COMPARAÇÃO EM TERMOS DE INDUSTRIAL UPGRADING.

5.1 Similaridades e diferencias entre as CPTVs brasileiras e hondurenhas A maneira de síntese ressaltam-se aqui as similaridades e diferenças das CPTV de ambos países: em relação a atividades realizadas ou elos ocupados, as empresas hondurenhas atuam basicamente nos elos intermediários da cadeia, ou seja na produção têxtil e na confecção de roupas e nas atividades de apoio a elas. Não há empresas fortes atuando no inicio na produção de fibras (e a produção de algodão e puçá e declinante) não á estimulo para investimentos nestes elos devido aos regulamentos da maquila, já no caso do Brasil as empresas participam de diversas formas, em todos elos das cadeias, desde a produção de fibras até o comercio de marcas próprias no exterior. As operações do tipo OEA nas CPTV brasileiras, não necessariamente os materiais provem do exterior o u estão diretamente ligadas as cadeias ou empresa internacionais, devido principalmente à distancia e custos de transporte. Em relação à geografia, as empresa brasileiras tem um espectro maior, sendo em ordem de importância a América do Sul, os Estado Unidos e a Europa os mercados de destino. Já as empresas hondurenhas estão inseridas nas CPTV que tem como mercado alvo o mercado norte-americano, seja por relações bilatérias entre empresa americanas e hondurenhas e ou triangulações incluindo empresas asiáticas. Alem do mais as negociações e acordos em torno do mercado americano se realizam em bloco com outros países das Américas no Norte, Central e do Caribe. A competição internacional faz parte do dia a dia de todas as empresas maquiladoras hondurenhas. O ambiente institucional brasileiro da maioria das empresas que não exporta e totalmente nacional, exceto pela influência da moda, condição também necessária para o sucesso no mercado nacional, altamente competitivo. Já no comercio internacional as relações mais consolidadas são dentro do MERCOSUL, os impostos sobre a produção e a legislação trabalhista são apontados como as maiores causas do alto “custo Brasil”. No nível de capacitação de RH o Brasil tem, como relatado nos itens anteriores, maior tradição e numero de instituições em todos os níveis. Com este panorama as governances ou poder de negociação no caso das empresas hondurenhas é subordinado ao das empresas compradoras do mercado americano, motivo pelo qual as empresas esforçam-se por alcançar as competências de fullpackage - ODM e de coordenação intermediarias nas CPTV. As governances no mercado interno para as CPTV brasileiras estão divididas entre as multinacionais atuando à montante, as produtoras de fibras e as lideres do varejo e comercializadoras de marca, já no mercado internacional ainda o poder é das empresas compradoras; os

20

grandes varejistas e comercializadores de marca. No entanto empresas de moda tentam chegar diretamente ao consumidor dos mercados centrais: americano e europeu. A continuação utiliza-se os conceitos de Industrial Upgrading e de Modernização industrial para descrever sinteticamente alguns casos representativos de trajetórias de empresas brasileiras e hondurenhas pesquisadas. Em seguida se comparam ambas as trajetórias para finalmente apresentar as observações finais e conclusões. 5.2.1 Trajetórias das empresas brasileiras Fig. 4. Produtoras com marca Tipos de Upgrading

Processo

Produto

Funcional

Intersetorial

Produtoras com Marca integradas à jusante

Produtoras de insumos com Marca

= estágios alcançados pelas empresas às quais se refere a trajetória = empresas ou funções subcontratadas

= indica trajetória das empresas analisadas

= Indica relação de subcontratação A empresas produtoras com marca, foram inicialmente produtoras integradas OEM, que nunca atuaram como OEA e consolidaram suas marcas pela qualidade. Para fazer frente aos desafios da competição algumas investiram primeiro no varejo próprio e no licenciamento, desverticalizando a maior parte de sua produção. Num segundo momento focalizam em novas competências essenciais como o design, ferramenta para a consolidação de novas marcas e dos canais de varejo especializado. As trajetórias das Produtoras de Insumos de Marca, representa a trajetória de grandes e médias tecelagens e algumas produtoras de fibras, cujos produtos finais são insumos na CPTV. Estas empresas alcançam renome como produtoras de matérias primas de qualidade e, que transmitem o valor da sua marca a aquelas empresas produtoras de vestuário que os utilizam na confecção de suas roupas. No caso das produtoras de fibras, chegam a coordenar/financiar campanhas junto a designers e a tecelagens que acabaram alavancando suas vendas e as dos parceiros. Neste caso, projeto e desenvolvimento de produtos são atividades técnicas, mas não de P&D que são realizadas nas matrizes. Já o design de moda está mais ligado à estética e ao marketing. As competências dos parceiros somadas criam a eficiência

OEM

OEM

OEM OBM

ODM

Varejista OEA

OEM OBM

21

coletiva dentro da CPTV. Estas empresas não atuam diretamente no varejo de vestuário. Fig. 5. Comercializadoras com marca Tipos de Upgrading

Processo

Produto

Funcional

Intersetorial

Comercializadores com Marca baseados em Design

As empresas lideres: Comercializadoras com Marca, como já descrito tem pouca ou nenhuma atuação na produção, a não ser a prototipagem e/ou produções especiais, a qual é cada vez mais terceirizada em empresas do tipo OEM ou OEA. Inicialmente estas empresas têm como competências o design e nele focalizam esforços, assim como nas funções de marketing e varejo/distribuição. As empresas e suas marcas fashion estão consolidando-se no Brasil, algumas delas começam a ter presença no exterior, entre elas marcas de moda praia, feminina e jeans. A comercialização de varejo é realizada por meio de redes próprias e licenciadas ou, ainda através de redes especializadas de vestuário de moda. Fig. 6 Varejistas Tipos de Upgrading

Processo

Produto

Funcional

Intersetorial

Trajetória dos Varejistas com Marca

Trajetória dos Grandes Varejistas

No Brasil as maiores lojas de departamentos (Mesbla e Mappin) faliram na década passada, na atualidade o que encontramos são redes de lojas de varejo especializado em roupas com Marca, e grandes varejistas do tipo “hipermercados”, tanto nacionais quanto de capital estrangeiro. No Primeiro caso: os Varejistas com Marca, alguns dos quis se iniciaram como produtores OEM que desenvolveram o seu próprio varejo, e outros que começaram como varejistas, que desenvolveram e consolidaram suas marcas. Atualmente suas atividades focalizam o desenvolvimento e a consolidação de marcas, a coordenação da cadeia de fornecimentos, gestão de estoques e a logística; quase toda à sua produção é terceirizada. Uma função nova que se destaca é a dos gerentes e coordenadores de produto encarregados de interpretar as tendências, coordenam a criação e a produção junto aos subcontratados, os quais muitas vezes são fornecedores fullpackage OEM ou ODM

ODM OBM

Varejistas Exclusivos

OEA OEM

OEM

OEA

ODM

Varejistas

Varejistas Com Marca

Grandes Varejistas

OBM

ODM OEAOEM

22

5.2.2 Trajetórias das empresas maquiladoras de Honduras Fig. 7. Maquiladoras OEA e OEM Tipos de Upgrading

Processo

Produto

Funcional

Intersetorial

Trajetória dos Varejistas com Marca

As primeiras maquilas hondurenhas,foram inicialmente empresas nacionais operando como OEM e OBM para o mercado nacional e algumas para a exportação também. Com os altos incentivos à maquila nos anos 80 e às sucessivas emendas ao longo dos 90, transforma a atuação de muitas empresas já instaladas e propicia os novos investimentos nacionais como internacionais na modalidade OEA, alcançando em conjunto apreciável participação no mercado de roupas americano. Perante a ferrenha competição os maiores grupos empresariais tratam de adquirir novas competências e integrar vertical ou horizontalmente. Quando as competências requeridas não são encontradas localmente elas são subcontratadas no exterior, tal é o caso de uma empresa que procura ser fornecedor fullpackage com Design – ODM. Com o RIT e as modificações nas ZOLI, empresas locais estão sendo subcontratadas quando há crescimento da demanda ou para atividades com menor valor, no movimento característico desta cadeia produtiva. Empresas de serviços de apoio variados estão possibilitando a realização de maiores atividades no país, preenchendo quase todos os elos da cadeia. 5.3 Considerações em relação ao progresso industrial das empresas nas CPTV

hondurenhas e brasileiras Em relação aos estágios de Modernização Industrial, vimos que em ambos casos as empresas não começaram de zero, no caso das maquiladoras OEA hondurenhas, inicialmente elas atuavam como OEM nacionais. No caso do Brasil a subcontratação é adotada nas ultimas décadas, tendo como resultado a eficiência e diminuição dos custos da empresas lideres (produtoras , varejistas e comercializadoras com marca), por outro lado nas empresas subcontratadas há grande informalidade e precarização do trabalho, com raras exceções onde o desenvolvimento de fornecedores faz parte das empresas lideres da CPTV. Em ambos os casos as empresas e sus recursos humanos dominam os processos nas atividades e elos das CPTV em que atuam. A inserção nas CPTV internacionais no caso de Honduras potencializou uma maior e qualificada oferta de cursos universitários de administração de negócios e de engenharia industrial, por exemplo,

OEM Nacionais OBM Nacionais

OEA Internacionais

OEM Internacionais

Capacidade de DesignSubcontratada

Internacionalmente

23

sendo a iniciativa privada responsável por grande parte desta tarefa. As empresas da CPTV através das associações empresariais, junto com o governo e organismos de cooperação técnica internacional implementam projetos para atingir novas capacidades tecnológicas. A possibilidade de adquirir competências no curto prazo é limitada à aquelas que os sistemas de exportação compartilhada permitem. No médio e longo prazo competências do lado da comercialização, como o design, marketing e desenvolvimento de marcas serão necessárias. À montante é muito difícil desenvolver competências no fornecimento de matérias primas básicas é muito difícil, devido ao alto investimento requerido e a supercapacidade da Ásia. No Brasil as competências de processo existem em todos os elos existem, os elos com mais problemas são os do fornecimento de fibras, com a diferencia que a existe uma capacidade instalada vinculada às multinacionais e empresas nacionais que tenta modernizar-se. O elo que enfrenta mais dificuldades é o elo da produção, mas que também tem realizado grandes investimentos na modernização do maquinário. No elo de confecções é donde se encontram as maiores deficiências, principalmente em escala de produção devido a inexistência de grandes fabricas de roupa, aduzido aos altos custos trabalhistas. No nível das competências para o desenvolvimento de produtos, as condições são mínimas para as empresas de Honduras, alem das competências em design que precisam ser desenvolvidas assim como estar a par das inovações em materiais e principalmente no entendimento das tendências de moda no mercado internacional; essas são as competências que as empresas lideres detêm e das quais retiram o maior valor agregado = lucro, por tanto não será fácil que sejam delegadas a outras empresas que obtendo-as poderão vir a ser seus competidores, como a aconteceu internamente e com os asiáticos em determinadas funções de coordenação. Já no Brasil as CPTV são como as suas empresas heterogêneas, diversas e muitas, algumas empresas dominam completamente as competências necessárias a todos os estágios da trajetória de Industrial Upgrading, algumas as desenvolveram passando por todas elas, em certos casos já terceirizaram aquelas menos agregadoras de valor, e somente coordenam os fornecedores, outras realizam parcerias estratégicas. No caso das novas comercializadoras com marca fundamentadas no design elas entraram diretamente nesses elos, como os marketers do tipo NIKE, o que foi possibilitado pelas capacidades existentes nos outros elos e por um mercado dinâmico, como poder aquisitivo e com gosto para a moda. Estas empresas estão tentando se posicionar internacionalmente como comercializadoras de artigos de marcas exclusivas e de alto valor. 6. Conclusões Em suma, concluímos que as trajetórias para o Industrial Upgrading são diversas e que as empresas industriais em ambos países procuram a competitividade e alcançar o sucesso já obtido por outras empresas como as nações asiáticas, em ambos os casos alem as trajetórias apresentadas mostram que as estratégias e os caminhos são diversos, assim como seus alcances. Se olharmos para os dados apresentados em volumes de exportação, as empresas hondurenhas se saem melhor, elas precisam exportar já que não tem o grande mercado que o Brasil possui. Espera-se que o desenvolvimento de novas

24

competências somado às relações previas (algumas de mais de duas décadas) com as empresas compradoras de USA, lhes possibilitem quando o mercado for liberalizado nesse e em outros mercados. Já no caso das empresas das CPTV brasileiras. Graças a esse mercado as empresas puderam desenvolver as competências valiosas para suas estratégias de atingir os mercados de moda, mais sofisticados e com maior valor agregado. Apesar de ser do maior valor agregado as vendas soa menores nestes setores, porem a visibilidade que a moda esta trazendo para o Brasil tem resultados positivos na divulgação das suas competências. Essas competências ademais de visar o mercado internacional devem preservar o atrativo mercado nacional da concorrência internacional. O Upgrading funcional, ou seja, a mudança de atividade não é um estagio tingido ainda pela generalidade das empresas em ambos países. As estratégias estão focadas na consolidação de posições e nichos de mercado n a CPTV. Há em ambos países grupos econômicos que também realizam investimentos em outros setores, mas não como conseqüência de uma evolução tecnológica e das competências adquiridas na CPTV. No caso de Honduras um ganho da exposição ao comercio internacional é a ainda pequena em outros setores industrias sob a forma de maquilas, como eletroeletrônicos, moveis e produtos agrícolas. A analise conclui, que para a competitividade e o sucesso sô serão alcançados juntando competências de negociação nos foros internacionais, multi e bilaterais de comercio, mais as medidas internas de desenvolvimento de competências técnicas e tecnológicas e de gestão assim como políticas fiscais, tributárias e incentivos para o desenvolvimento industrial pleno. Principalmente em setores tão competitivos como as CPTV. Por último constata-se que, a competitividade industrial e das exportações. Assim como os modelos e conceitos de Industrial Upgrading, e as trajetórias de modernização industrial seguidas pelos paises asiáticos, não garantem necessariamente à geração de riqueza e bem estar das nações que recém ingressam nestes mercados. Como mostra disto o baixo nível salarial dos trabalhadores da costura em ambos países, conseguido pela desvalorização cambial e a perda de poder de consumo. 7. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ABREU, Alice Rangel de Paiva.: Para além do trabalho: uma agenda de pesquisa para o pólo automotivo do Rio de Janeiro, 1a Sessão do Ciclo de Seminários Temáticos Interdisciplinares “Os Estudos do Trabalho: Novas Problemáticas, Novas Metodologias e Novas Áreas de Pesquisa”, CEBRAP/USP/UNICAMP, São Paulo, 28/05/19991999.

APPELBAUM, Richard P. & GEREFFI, Gary. Power and Profits in the Apparel Commodity Chain. In BONACICH, Edna et al , Global Production: the Apparel Industry in Pacific Rim. Philadelphia, PA: Temple University Press, 1994.

BANCO CENTRAL DE HONDURAS; Subgerencia de Estúdios Econômicos: “Honduras em cifras 1999-2001” Tegucigalpa, M.D. C., Honduras C. A. www.bch.hn consultado em setembro de 2002.

BANCO CENTRAL DE HONDURAS; Subgerencia de Estúdios Econômicos: “La Actividad maquiladora en Honduras 1999-2001” Tegucigalpa, M.D. C., Honduras C. A. Agosto de 2001.

25

CAEIXETA, Nely. “O brilho da moda” Reportagem da capa; Revista Exame Edic. 777, ano 36, no. 21, 16 de Outubro, Editora Abril, São Paulo, 2002.

CRUZ-MOREIRA, J. R., Perspectivas para las cooperativas de Confección de Vestuário en el estado de São Paulo, Brasil. In CONGRESSO DA ASOCIACION LATINOAMERICANA DE SOCIOLOGIA, Antigua Guatemala. XXIII ALAS. ANAIS - CD-ROM e Livro de Resumos, 2001.

FLEURY, A., FLEURY, M.T., CRUZ-MOREIRA, J. R., et al: A competitividade das cadeias produtivas da Industria têxtil baseadas em fibras químicas. Relatório de pesquisa contratada pelo BNDES. Fundação Carlos Alberto Vanzolini, 2001 Disponível em: http://www.vanzolini.org.br/areas/desenvolvimento/cadeias-texteis/.

FLEURY. A. et FELURY, M.T., Estratégias empresariais e formação de compet6encias: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria brasileira: Atlas, 2000.

GEREFFI, Gary. La transformación de la industria de la indumentaria en América del Norte: Es el TLCAN una maldición o una bendición? Integración & Comercio (Separata), Banco interamericano de Desarrollo, departamento de Integración y Programas Regionales, Instituto para la Integración de América latina y el Caribe – INTAL. Año 4, no. 11, Mayo agosto de 2000.

GORINI, Ana Paula Fontenelle. Panorama do setor têxtil no Brasil e no Mundo: reestruturação produtiva e perspectivas. BNDES Setorial, Rio de Janeiro. N.12, p. 17-50, set. 2000.

HAGUENAUER, L., BAHIA, l., CASTRO, P., et RIBEIRO, M., Evolução das Cadeias Produtivas Brasileiras na Década de 90, Brasília, IPEA/INPES, TEXTOP/DISCUSSÃO No. 786, 2001.

HONDURAN APPAREL MANUFACTURERS ASSOCIATION. “Apparel Industry Statistics 2001”.

HUMPREY, J., Schmitz, H., Governance and Upgrading in Global Value Chains, a background paper for the Bellagio Value Chain Workshop. IDS, University of Sussex,UK, Agosto de 2000.

JENKINS. Mauricio, ESQUIVEL, Gerardo et LARRAIN B., Felipe, Export Processing Zones in Central America. Development Discussion Paper; Central America Project Series. DP no. 4. Harvard Institute for international Development, harvard University. July, 1998.

KAPLINSKY, Raphael et MORRIS, Mike. A habook for value Cahin Analysis- IDRC. Nov , 16. 2001.

MANO, Cristiane. “A ditadura da moda” Revista Exame Edic. 777, ano 36, no. 21, 16 de Outubro, Editora Abril, São Paulo, 2002.

MORTIMORE, Michael. When does apparel become a peril? On the nature of industrialization in the Caribbean Basin. In Gereffi, G., Spener, D., and Bair, J. Editors .”Free trade and uneven development; the North American Apparel Industry after NAFTA”. Temple University Press. Philadelphia, 2002.

PROCHNIK. Victor. Cadeia Têxtil e Confecções. Nota Técnica Final, Campinas: UNICAMP-IE. Relatório de Pesquisa “Estudo da Competitividade de Cadeias Integradas no Brasil: impactos das Zonas de Livre Comercio”. 2002.

SALOMÃO. Christine. “Crescem as exportações para a América do Norte.” Gazeta Mercantil; Indústria & Serviços: C-1. Têxteis e Confecções. 18 de fevereiro de 2003.

TESSARI, A indústria da moda (Vol I) Analise Setorial, Panorama Setorial, Gazeta Mercantil, Janerio, 2001.