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Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metalCenários econômicos e estudos setoriais
Recife | 2008
Conselho Deliberativo - PernambucoBanco do Brasil - BBBanco do Nordeste do Brasil - BNBCaixa Econômica Federal - CEFFederação da Agricultura do Estado de Pernambuco - FaepeFederação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco - FacepFederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco - FecomércioFederação das Indústrias do Estado de Pernambuco - FiepeInstituto Euvaldo Lodi - IELServiço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SebraeSecretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco - SDEServiço Nacional de Aprendizagem Comercial do Estado de Pernambuco - Senac/PEServiço Nacional de Aprendizagem Industrial - Senai/PEServiço Nacional de Aprendizagem Rural - Senar/PESociedade Auxiliadora da Agricultura do Estado de PernambucoUniversidade de Pernambuco - UPEPresidente do Conselho DeliberativoJosias Silva de AlbuquerqueDiretor-superintendenteMurilo GuerraDiretora técnicaCecília WanderleyDiretor administrativo-financeiroGilson Monteiro
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal: cenários econômicos e estudos setoriaisCoordenação geral Sérgio Buarque
Equipe técnica - SebraeJoão Alexandre Cavalcanti (coordenador da Unidade Observatório Empresarial)Ana Cláudia ArrudaEquipe técnica - MultivisãoEnéas AguiarEster Maria Aguiar de SousaGérson Aguiar de SousaIzabel FaveroJosé Thomaz CoelhoValdi DantasCoordenação da Unidade de Comunicação e Imprensa - SebraeJanete LopesRevisãoBetânia JerônimoProjeto gráfico e diagramaçãoZ.diZain Comunicação | www.zdizain.com.brTiragem100 exemplaresImpressãoReprocenter
SebraeRua Tabaiares, 360 - Ilha do Retiro - CEP 50.750-230 - Recife - PETelefone 81 2101.8400 | www.pe.sebrae.com.br
3
Sumário
Lista de tabelas e figuras ......................................................................................................5
Palavra do Sebrae ...................................................................................................................7
Apresentação .........................................................................................................................9
Capítulo 1 - Caracterização da cadeia produtiva ................................................................11
Capítulo 2 - Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil ......................................14
Capítulo 3 - Desempenho recente da cadeia produtiva em Pernambuco .......................... 26
Capítulo 4 - Dinamismo futuro da cadeia produtiva em Pernambuco ................................30
4.1 Dinamismo futuro da atividade .......................................................................................30
4.2 Perspectiva de encadeamento e adensamento ...............................................................33
4.3 Oportunidades de negócios futuros ............................................................................... 35
Capítulo 5 - Espaços das MPEs na cadeia produtiva .........................................................37
Referências ............................................................................................................................41
Apêndices .............................................................................................................................42
5
Lista de tabelas e figuras
Tabelas
Tabela 1 - Produção de aço bruto mundial (103 t) ...............................................................15
Tabela 2 - Produção de aço bruto da América Latina (103 t) ............................................... 16
Tabela 3 - Produção siderúrgica brasileira (milhões de toneladas) ..................................... 17
Tabela 4 - Distribuição regional da produção de aço (103 t) ................................................ 18
Tabela 5 - Venda de produtos siderúrgicos ........................................................................... 18
Tabela 6 - Principais exportadores e importadores de ferro-gusa ....................................... 20
Tabela 7 - Exportações brasileiras: janeiro a novembro (1.000 t) ........................................ 21
Tabela 8 - Importações brasileiras: janeiro a novembro (1.000 t) ......................................... 22
Tabela 9 - Produção siderúrgica brasileira: janeiro a dezembro (1.000 t) ............................ 24
Tabela 10 - Faturamento do setor siderúrgico brasileiro (103 US$) ..................................... 24
Diagramas
Diagrama 1 - Cadeia produtiva da metalurgia e dos produtos de metal ..............................12
Gráficos
Gráfico 1 - Evolução da produção siderúrgica brasileira (mil t) ...........................................16
Gráfico 2 - Produção brasileira de ferro-gusa (milhões de toneladas) .................................17
Gráfico 3 - Comportamento do mercado de ferro-gusa (t) ................................................... 20
Gráfico 4 - Evolução das exportações brasileiras de produtos siderúrgicos .......................21
Gráfico 5 - Brasil: metalurgia básica e produtos de metal .................................................. 23
Gráfico 6 - Índice da evolução da metalurgia básica ......................................................... 27
Gráfico 7 - Índice de evolução da produção da indústria de metais ................................ 28
Gráfico 8 - Evolução real: máquinas e equipamentos, metalurgia básica,
indústria de transformação .............................................................................. 28
6
Gráfico 9 - Distribuição dos ramos produtivos da indústria de transformação de
Pernambuco em 2004 (%) ..................................................................................29
Gráfico 10 - Taxa de crescimento das atividades mais dinâmicas da indústria
de transformação na trajetória mais provável .................................................31
Gráfico 11 - Participação dos investimentos incentivados pelo Prodepe por setor
aprovado - 2003 a 2006 (%) .............................................................................. 32
Gráfico 12 - Evolução do volume de negócios futuros da indústria metalúrgica
e produtos de metal (R$ milhões) ..................................................................... 33
Gráfico 13 - Distribuição dos ramos produtivos da indústria de transformação de
Pernambuco em 2004 (%) ................................................................................... 38
Gráfico 14 - Indústria de produtos de metal - Evolução das receitas de vendas
e do número de MPEs ........................................................................................ 39
7
Palavra do Sebrae
Os Cadernos Setoriais resultam do projeto Observatório Empresarial,
que se destina a levar tendências e cenários macroeconômicos, com vistas a
subsidiar o empresariado com informações sobre o ambiente de negócios.
Trazem assim, esses cadernos, a estrutura produtiva do setor, analisan-
do as suas características e desempenho, capacidade de competir, dificulda-
des, ameaças e oportunidades.
Cabe ressaltar, ainda, a importância deste documento como indutor
de políticas públicas capazes de criar um ambiente favorável à solução de
eventuais dificuldades no pleno desenvolvimento de cada um dos setores
estudados.
Murilo Guerra Superintendente do Sebrae em Pernambuco
9
Este documento apresenta uma análise da cadeia produtiva da indús-
tria metalúrgica e produtos de metal em Pernambuco, procurando identificar
as futuras oportunidades de negócios e os espaços para micro e pequenas
empresas. Faz parte do projeto “Cenários e estudos de tendências seto-
riais” do Sebrae Pernambuco. Além desta cadeia, o estudo analisou 12 outras
cadeias produtivas: avicultura, construção civil, têxtil e de confecções, indús-
tria naval, produtos reciclados, refino de petróleo, poliéster, indústria sucroal-
cooleira, indústria de material plástico, indústria madeiro-moveleira, turismo
e logística. Para cada uma foi produzido um relatório semelhante de análi-
se da dinâmica futura, das oportunidades de negócios e dos espaços para as
pequenas e microempresas de Pernambuco.
Cadeia produtiva é entendida, neste trabalho, como a malha de inte-
rações seqüenciada de atividades e segmentos produtivos que convergem
para a produção de bens e serviços (articulação para frente e para trás), arti-
culando o fornecimento dos insumos, o processamento, a distribuição e a
comercialização, e mediando a relação do sistema produtivo com o mercado
consumidor. A competitividade de cada uma das fases da cadeia e, princi-
palmente, do produto final, depende do conjunto dos seus elos e, portanto,
da capacidade e eficiência produtiva de cada um deles.
Apresentação
10
Embora na literatura contemporânea o conceito de competitividade
sistêmica (apoiado na concepção de cluster de Michael Porter) destaque
que a eficiência produtiva da cadeia depende de um conjunto de fatores
e condições externas à mesma (externalidades) — oferta de infra-estrutu-
ra adequada, regulação da produção e comercialização, disponibilidade de
tecnologia e de mão-de-obra qualificada, sistema financeiro, entre outras, a
análise da cadeia está concentrada no processo de produção para identifica-
ção dos elos de maior oportunidade de negócios no futuro da economia de
Pernambuco. Como o objetivo do estudo não é promover o desenvolvimento
da cadeia produtiva, mas identificar na cadeia as oportunidades de negócios,
especialmente para as MPEs, partindo da hipótese sobre a sua evolução futu-
ra, não será relevante analisar os fatores sistêmicos.
A análise da cadeia produtiva foi feita com base em duas fontes princi-
pais de informação, dando tratamento técnico e organizando e confrontando
dados secundários e informações bibliográficas sobre o tema (ver referências),
além da visão de empresários e técnicos expressa em entrevistas semi-estru-
turadas (ver lista de entrevistados).
O documento está estruturado em cinco capítulos: o Capítulo 1 apre-
senta uma caracterização descritiva da cadeia produtiva e dos seus elos mais
importantes (cadeia principal, cadeia a montante e cadeia a jusante), numa
abordagem teórica geral, ainda não identificando os elos presentes e impor-
tantes em Pernambuco; no Capítulo 2, uma análise do desempenho recen-
te das principais atividades da cadeia produtiva no Brasil, detalhada para
o Estado de Pernambuco no Capítulo 3; o Capítulo 4 procura explorar as
perspectivas futuras da cadeia produtiva nos próximos 13 anos (com base
na trajetória mais provável) e avança na identificação das grandes opor-
tunidades de negócios que se abrem; no Capítulo 5, uma focalização dos
espaços que as MPEs podem ocupar dentro da evolução futura da cadeia
produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal.
11Capítulo 1 - Caracterização da cadeia produtiva
A cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal está
organizada em três blocos: a cadeia principal, no centro, apresenta o pro-
cesso de produção (Diagrama 1) do ferro-gusa e da alumina, materiais bási-
cos de atuação da metalurgia de alumínio e da siderurgia, que alimentam a
indústria de laminados e suas ligas e a indústria de semi-acabados e lami-
nados de aço. Como último elo, aparecem os produtos de metal, que che-
gam como utilitários no mercado. A comercialização e distribuição, tanto no
atacado quanto no varejo, são partes complementares fundamentais da efi-
ciência da cadeia produtiva.
A principal característica da cadeia metalúrgica e produtos de metal é
o seu sistema de trabalho. Tradicionalmente se trabalha por encomenda, e
não em produção contínua e em série. Por outro lado, trabalha-se com uma
grande diversidade de produtos.
Na cadeia principal, os elos centrais são ocupados pelas atividades de
produção de ferro-gusa e ferro-liga, semi-acabados de aço, laminados pla-
nos de aço (revestidos, especiais, longos e curtos), tubos de aço (com e sem
costura), laminados longos de aço (exceto tubos), arames de aço, outros
tubos de ferro e aço, alumínio e suas ligas em formas primárias, laminados
de alumínio, zinco em formas primárias, laminados de zinco, soldas e âno-
dos para galvanoplastia; metalurgia do alumínio e suas ligas, dos metais
Capítulo 1
Caracterização da cadeia produtiva
12 Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal
preciosos, do cobre, dos metais não-ferrosos e suas ligas; e fundição de fer-
ro e aço, e de metais não-ferrosos e suas ligas.
Como atividades que resultam em produtos de metal aparecem: fabri-
cação de estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada, de esquadrias
de metal, de reservatórios metálicos e caldeiras, de caldeiras geradoras
de vapor, de artigos de cutelaria, de serralheria e ferramentas, de equi-
pamento bélico pesado (exceto veículos militares de combate), de armas
de fogo e munições, de embalagens metálicas, de produtos trefilados de
metal (padronizados ou não), de artigos de metal para uso doméstico e
pessoal, de armações metálicas para construção; forjaria, estamparia,
metalurgia do pó e serviços de tratamento de metais; produção de for-
jados de aço e metais não-ferrosos e suas ligas, de artefatos estampa-
dos de metal; serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimen-
to em metais.
A cadeia a montante tem sua base no fornecimento de maté-
ria-prima e insumos de valor agregado moderado, para produção
da cadeia principal — no caso, a mineração é responsável pela
atividade extrativa do minério de ferro, insumo básico para a
produção do ferro-gusa, e da bauxita, matéria-prima para pro-
dução de alumina.
13Capítulo 1 - Caracterização da cadeia produtiva
A produção brasileira é fortemente marcada pela utili-
zação do minério de ferro, tanto que 74% de toda a produção
nacional foram obtidos, em 2004, a partir do minério de fer-
ro e 26% através da reciclagem de oito milhões de toneladas de
sucata.
Os outros elos apontados na cadeia, afora o carvão e a ener-
gia elétrica, resultam da própria atividade da cadeia principal,
como máquinas e equipamentos, e da mecânica pesada, como cal-
deiras e fornos, além da sucata e dos reciclados, que também signifi-
cam reuso de produtos de metal. Trata-se da sobra do metal entrando
em um novo ciclo de produção.
A indústria metalúrgica é grande consumidora de energia, tanto
elétrica como de outras fontes energéticas. Intensiva no uso de carvão
para gerar energia, a siderúrgica brasileira produziu 25% da energia
elétrica necessária para as suas atividades em 2004. Novas tecnologias
vêm buscando novas fontes como combustíveis sólidos carbonosos, de
baixo custo, como o coque de petróleo e o semi-coque ou carvão, e tem
ocorrido a fusão de carga metálica como sucatas, ferro-gusa e cavacos de
usinagem, que representam um custo menor do que o apresentado nos
processos tradicionais, o que significa uma diminuição do consumo de
combustível.
Por outro lado, a cadeia a jusante é formada por elos que tomam os
produtos resultantes da cadeia principal como insumos para a sua própria
produção. Dentre tantas utilizações dos produtos da indústria metalúrgica e
produtos de metal, destacam-se as indústrias de máquinas e equipamentos,
metal-mecânica, de eletrodomésticos, construção civil, automobilística e de
equipamentos de transporte, e de embalagens.
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal14
A produção da indústria metalúrgica, especialmente da siderurgia,
vive um momento de crescimento acelerado, provocado principalmente pela
grande demanda proporcionada pela China ao mercado de ferro-gusa, que,
além disso, fez com que os preços cobrados pelo produto subissem de cota-
ção. O país também é produtor de aço bruto, sendo ainda um grande com-
prador deste produto, para sustentar o seu modelo de desenvolvimento. O
ano 2006 foi o quinto ano consecutivo de um forte crescimento da produ-
ção e da demanda no mercado mundial de aço, aquecido pelo consumo
chinês.
Para 2007 as expectativas são também positivas, mas espera-se uma
taxa de crescimento um pouco menor do que a realizada no ano anterior,
em razão do moderado desaquecimento da economia americana, que é
a maior demandadora do produto no mercado internacional.
A produção de aço bruto na América Latina apresenta resulta-
dos bem inferiores aos demonstrados pela China e pela União Euro-
péia, que se colocam como os maiores produtores mundiais de aço
bruto, com 447,8 milhões e 19,3 milhões de toneladas em 2007, res-
pectivamente (Tabela 1).
Analisando o comportamento do mercado internacional,
percebe-se uma tendência leve de aumento do consumo de pro-
Capítulo 2
Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil
15Capítulo 2 - Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil
dutos da metalurgia e que o Brasil aparece numa posição de destaque
neste mercado.
O Brasil aparece na primeira posição entre os países latino-america-
nos na produção de aço bruto, com uma produção crescente desde 1996,
sobretudo a partir de 2001, a despeito das quedas provocadas por retrações
no mercado mundial em 1998,1999 e 2001 (Gráfico 1).
A posição do Brasil no ranking dos países produtores de aço bruto
na América Latina mostra uma posição privilegiada, bem acima da produ-
ção mexicana (30,8 contra 15,7 milhões de toneladas em 2007), que vem em
segundo lugar, e seis vezes maior do que a produção argentina (4,9 milhões
de toneladas no mesmo ano), em terceiro lugar (Tabela 2).
A produção brasileira de ferro-gusa também vem apresentando, des-
de 2000, uma trajetória de forte crescimento (Gráfico 2), a despeito das que-
das ocorridas em 2005 e 2006. Essa produção vem sendo puxada, sobretudo,
por parte das usinas integradas que contribuem com uma parte menor (71%),
embora os produtores independentes comecem a ganhar um pouco mais de
espaço nesta área (Tabela 3). Em 2007, a produção de ferro-gusa atingiu 35,5
milhões de toneladas, sendo o ano de maior produção da série.
A produção de aço não se distribui, todavia, de forma regular no espaço
nacional. Dentre os Estados brasileiros, o que aparece em destaque na pro-
dução de aço bruto, responsável por 35,3% da produção nacional é Minas
Gerais, que apresentou uma produção de 11,9 milhões de toneladas, em
2007. Em seguida, São Paulo, que responde por 20,4% da produção nacio-
nal — o equivalente a 6,9 milhões de toneladas — em 2007. Espírito Santo
Tabela 1 • Produção de aço bruto mundial (103 t)
GruposJaneiro/Novembro
07/08 (%)Outubro
2007
Novembro07/08 (%)
2007 2008 2007 2008
China 447.832 383.615 16,7 42.922 39.691 38.071 4,3
U.E. 193.314 190.358 1,6 17.793 17.356 16.921 2,6
C.E.I. 113.272 108.915 4,0 10.518 10.145 10.134 0,1
Japão 109.811 106.169 3,4 10.371 10.114 10.006 1,1
E.U.A. 89.573 91.517 (2,1) 8.484 8.040 7.411 8,5
Outros 257.114 243.404 5,6 24.096 23.615 22.274 6,0
Total 1.210.918 1.123.978 7,7 114.184 108.881 104.817 4,0
Obs.: Dados correspondentes à produção de aço bruto dos países associados ao IBS.
Fonte: IBS.
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal16
Tabela 2 • Produção de aço bruto da América Latina (103 t)
PaísesJaneiro/Novembro
07/08 (%)Outubro
2007
Novembro07/08 (%)
2007 2008 2007 2008
Brasil 30.773,4 28.254,5 8,9 2.871,6 2.704,5 2.704,5 6,2
México 15.752,1 14.884,6 5,8 1.451,4 1.419,1 1.419,1 2,3
Argentina 4.897,1 5.145,9 (4,8) 490,4 409,3 409,3 19,8
Venezuela 4.582,0 4.434,6 3,3 429,7 322,5 322,5 33,2
Chile 1.535,5 1.488,9 3,1 134,0 132,6 132,6 1,1
Colômbia 1.152,7 1.119,5 3,0 102,6 100,7 100,7 1,9
Peru 785,4 814,7 (3,6) 96,7 77,5 77,5 24,8
Trinidad e Tobago 622,8 634,5 (1,8) 63,0 38,5 38,5 63,6
América Central 389,7 332,5 17,2 36,1 32,7 32,7 10,4
Cuba 241,1 230,7 4,5 23,7 20,9 20,9 13,4
Paraguai 88,4 100,7 (12,2) 7,7 4,7 4,7 63,8
Equador 80,1 78,4 2,2 7,4 7,3 7,3 1,4
Uruguai 65,9 50,7 30,0 6,1 7,0 7,0 (12,9)
Total 60.988,2 57.570,2 6,9 6.720,4 6.277,3 6.277,3 8,4
Fonte: ????
17Capítulo 2 - Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil
Tabela 3 • Produção siderúrgica brasileira (milhões de toneladas)
ProdutosJaneiro/Dezembro 07/08
(%)
Outubro
2007
Novembro
2007
Dezembro 07/08
(%)
Últimos
12 meses2007* 2008 2007* 2008
Aço bruto 33.784,3 30.900,9 9,3 2.898,8 2.871,6 3.010,9 2.646,4 13,8 33.784,3
Laminados 25.578,2 23.453,3 9,1 2.249,3 2.204,6 2.195,0 1.901,6 15,4 25.578,2
Planos 15.727,6 14.403,2 9,2 1.367,6 1.337,2 1.355,4 1.262,3 7,4 15.727,6
Longos 9.850,6 9.050,1 8,8 881,7 867,4 839,6 639,3 31,3 9.850,6
Semi-acabados
para vendas6.004,6 6.076,6 (1,2) 593,2 568,4 602,0 490,9 22,6 6.004,8
Placas 3.935,9 3.838,6 2,5 453,0 386,6 418,8 327,9 27,7 3.935,9
Lingotes,
blocos e
tarugos
2.068,9 2.238,0 (7,6) 140,2 181,8 183,2 163,0 12,4 2.068,9
Ferro-gusa 35.539,7 32.451,6 9,5 3.094,8 3.106,0 3.246,6 2.895,8 12,1 35.539,7
Usinas
integradas25.844,1 22.985,0 12,4 2.287,3 2.222,5 2.387,2 2.091,2 14,2 25.844,1
Produtores
independentes9.695,6 9.466,6 2,4 807,5 883,5 859,4 804,6 6,8 9.696,6
Ferro-esponja 362,0 375,9 (3,7) 34,6 30,3 34,4 7,5 358,7 362,0
*Dados preliminares
Fonte: IBS
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal18
e Rio de Janeiro seguem na terceira e quarta posições, com 19,9% e 18,4%,
respectivamente, da produção nacional. Os outros Estados comparecem dis-
cretamente na produção, perfazendo todos apenas 6,1% do aço bruto produ-
zido no país (Tabela 4).
A despeito de o mercado interno ter crescido anualmente apenas 2,1%,
em média, nos últimos 10 anos, as vendas de laminados e semi-acabados,
nos últimos três anos, vêm crescendo de forma bem acentuada, passando de
16 milhões de toneladas, em 2005, para 20,5 milhões em 2007. De 2006 para
2007, os laminados, no total das vendas, apresentaram o maior índice de cres-
cimento — 17,1% contra 11,6% dos semi-acabados. Por outro lado, as vendas
no mercado externo registraram uma queda acentuada de 17,5%, passando de
11,7 milhões de toneladas, em 2006, para 9,6 milhões em 2007, o que deno-
ta sinais de desaquecimento da economia dos EUA em razão da crise no setor
imobiliário, uma vez que este setor representa um dos principais consumido-
res de aço (Tabela 5).
Tabela 4 • Distribuição regional da produção de aço (103 t)
Estado
Janeiro/Dezembro - 2007
Aço bruto (%)Laminados e semi-
acabados para vendas(%)
Minas Gerais 11.915,7 35,3 10.622,0 33,6
São Paulo 6.889,6 20,4 7.062,2 22,4
Espírito Santo 6.711,9 19,9 6.007,2 19,0
Rio de Janeiro 6.219,1 18,4 4.886,5 15,5
Outros 2.048,0 6,1 3.005,1 9,5
Total 33.784,3 100,0 31.583,0 100,0
*Dados preliminares
Fonte: IBS.
Tabela 5 • Venda de produtos siderúrgicos
ProdutosMercado interno Mercado externo
2006 2007 var. (%) 2006 2007 var. (%)
Laminados 16.847,5 19.723,3 17,1 6.283,9 4.796,0 -23,7
Planos 10.335,9 12.120,5 17,3 3.877,1 2.962,9 -23,6
Longos 6.511,6 7.602,8 16,8 2.406,8 1.833,1 -23,8
Semi-acabados 683,5 762,8 11,6 5.403,9 4.849,1 -10,3
Placas 283,1 318,6 12,5 3.638,1 3.558,2 -2,2
Blocos e tarugos 400,4 444,2 10,9 1.765,8 1.290,9 -26,9
Total 17.531,0 20.486,1 16,9 11.687,8 9.645,1 -17,5
Fonte: Boletim anual IBS.
19Capítulo 2 - Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil
Não obstante a queda das vendas brasileiras no mercado
mundial, o segmento de mercado de ferro-gusa continua apre-
sentando uma grande dinâmica, fazendo circular como matéria de
exportação uma quantidade aproximada de 18 milhões de tonela-
das por ano. O Brasil coloca-se entre os países exportadores na pri-
meira posição, com 7 milhões de toneladas exportadas, anualmen-
te, seguido da Rússia com 4,9 milhões e da China com 2,2 milhões
de toneladas, além de outros exportadores menos expressivos (Tabela
6). Cabe observar, todavia, que esta liderança do Brasil no suprimento
mundial de ferro-gusa deve ser vista com certa cautela, uma vez que o
produto encerra um baixo valor agregado e um alto potencial de agres-
são ao meio ambiente.
A produção brasileira de ferro-gusa vem crescendo de forma cons-
tante, tendo quase dobrado entre 1998 e 2005, elevando a sua participa-
ção no mercado internacional. A importação mundial de ferro-gusa apre-
senta uma flutuação (aumentando ou reduzindo), sendo que entre 2003
e 2005 vem aumentando de forma continuada. Também cresce, embora
mais discretamente e de forma mais irregular, o consumo interno do produ-
to (Gráfico 3).
Como mostra a Tabela 7, de janeiro a novembro de 2007 as exportações
brasileiras de produtos semi-acabados apresentaram uma trajetória de queda
(15,6%) em comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque
para os laminados planos, que respondem por 71% do total, cuja queda foi de
25,85%. Cabe registrar, por outro lado, que a queda na quantidade exportada
foi relativamente compensada pela elevação dos preços no mercado, fazendo
com que a queda em dólares se situasse em apenas 0,97%.
No ranking internacional, o Brasil é considerado o 10º maior produ-
tor, figurando, ainda, como o 10º colocado entre os países exportadores de
aço (exportações diretas), o que corresponde a 3,5% da exportação mundial
e resulta num saldo comercial de US$ 6,9 bilhões, em torno de 15% do saldo
comercial do país. A recuperação dos preços tem sido notável para as exporta-
ções brasileiras, sobretudo a partir de 2001, denotando uma situação promis-
sora para o setor nos próximos anos (Gráfico 4).
Do lado das importações brasileiras de produtos de metalurgia, a tra-
jetória vem mostrando um comportamento bastante irregular de 2006 para
2007 (janeiro a julho). Com efeito, comparando os dois períodos, observa-
se que as importações de semi-acabados caíram nada menos que 94,4%,
enquanto os laminados planos subiram 42,1%. Em relação aos laminados
longos e transformados, os comportamentos foram, respectivamente, de
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal20
Tabela 6 • Principais exportadores e importadores de ferro-gusa
Exportadores Milhões toneladas/ano Importadores Milhões toneladas/ano
Brasil 7 EUA 6
Rússia 4,9 União Européia 4,6
China 2,2 Coréia do Sul 1,5
Ucrânia 0,8 Taiwan 1
Índia 0,3 Ásia 0,8
Outros 2,2 Outros 4,1
Mundo 17,4 Mundo 18
Fonte: Petrus, 2007.
21Capítulo 2 - Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil
queda (15,2%) e de alta (13,7%), de acordo com a Tabela 8. É curioso notar,
por outro lado, que o valor pago pelas importações praticamente se manteve
inalterado (0,03%) com a queda de alguns produtos, sendo compensado pelo
aumento de outros.
O bom desempenho da balança comercial do setor reflete, por sua
vez, a sua boa performance ao longo dos últimos anos. De fato, de 1996 a
2004, pode-se observar que o valor de transformação industrial do segmen-
to apresentou uma trajetória de crescimento bastante positiva, subindo ano
Tabela 7 • Exportações brasileiras: janeiro a novembro (1.000 t)
Produtos 2006 2007 var. (%)
Semi-acabados 5.215,1 4.725,1 -9,40
Planos 3.567,6 2.667,5 -25,85
Longos 2.186,1 1.872,8 -14,33
Transformados 406,5 328,0 -19,31
Total 11.405,3 9.593,4 -15,89
Valor (milhões US$ FOB) 6.205 6.145 -0,97
Ferro-gusa (1000 t) 5.515,8 5.495,7 -2,14
Fonte: MDIC/SECEX (embarcado).
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal22
a ano. Saiu de R$ 161 bilhões no primeiro ano da série analisada e atingiu um
volume de negócios no valor de R$ 479 bilhões em 2004. O Gráfico 5 mostra
que há uma clara correlação entre os desempenhos do segmento em análise
e o setor industrial como um todo.
A siderurgia brasileira terminou o ano 2007 apresentando um cresci-
mento expressivo de 9,3% na produção de aço bruto, em relação a 2006, tota-
lizando 33,8 milhões de toneladas. No que se refere aos laminados, neste
último ano a produção foi recorde, atingindo 25,6 milhões de toneladas, o
que significa um aumento de 9,1% em relação a 2006. O consumo aparente
total também se mostra em crescimento, tendo aumentado 10,9%, atingindo
a marca de 18,6 milhões de toneladas.
O consumo interno de aços planos também mostrou um crescimento
expressivo de 17,1% em 2007, sendo possível perceber que foi fortemen-
te influenciado pelos segmentos automotivo, de máquinas industriais, de
objetos de utilidade doméstica e comercial, dinamizados pela retomada
do crescimento econômico nacional com reflexos na ampliação do empre-
go e da renda, bem como do crédito facilitado pela queda dos juros.
Também os aços longos demonstraram uma tendência de cres-
cimento sustentado, desde 2005, registrando um aumento de 16,8%
em 2007 e refletindo o melhor desempenho da construção civil, espe-
cialmente da construção de habitações estimulada pela expansão do
crédito e pela melhoria do marco regulatório. As vendas internas de
semi-acabados, por sua vez, tiveram um acréscimo de 11,6% em
2007, chegando a 762,8 mil toneladas.
Num retrospecto sobre o desempenho do setor, desde a sua
implantação no parque industrial brasileiro até os dias atuais,
pode-se afirmar que as atividades da indústria metalúrgica no
Tabela 8 • Importações brasileiras: janeiro a novembro (1.000 t)
Produtos 2006 2007 var. (%)
Semi-acabados 805.131 50.451 -93,73
Laminados planos 463.575 861.955 85,94
Laminados longos 353.882 362.406 2,41
Transformados 171.731 209.075 21,75
Total 1.794.319 1.483.887 -17,30
Valor (milhões US$ FOB) 1.361.388 1.714.967 25,97
Fonte: MDIC/SECEX.
23Capítulo 2 - Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil
Brasil foram fortemente marcadas pela intervenção do Estado. Nos primei-
ros anos da década de 90, era visível o esgotamento do modelo de produção
em empresas estatais. Entre 1991 e 1993, oito empresas estatais com capa-
cidade para produzir 19,5 milhões de toneladas (70% da produção nacional)
foram privatizadas.
Com o processo de privatização, o setor ganhou um novo dinamismo.
Entre 1994 e 2007, as siderúrgicas investiram mais de US$ 15 bilhões, dando
prioridade para a modernização e atualização tecnológica de suas usinas. A
produção nacional cresceu de 25 milhões de toneladas ao ano, que era a pro-
dução em 1999, para 33,8 milhões em 2007. Hoje o setor é formado por 25 usi-
nas, sendo 14 administradas e 11 integradas, comandadas por 11 empresas:
Acesita, Aços Villares, Belgo, Arcelor Brasil, CSN, CST, Grupo Gerdau, Side-
rúrgica Barra Mansa, Usiminas-Cosipa, V&M do Brasil e Villares Metals.
Estas empresas representam uma capacidade instalada de produção de 37
milhões de toneladas por ano de aço bruto. Praticamente o aço bruto produ-
zido aqui é capaz de atender ao consumo interno, pois a produção nacional
atende 95% da demanda interna de aço. A produção atual de aço bruto e de
produtos siderúrgicos é de 33,8 milhões e 31,5 milhões de toneladas, res-
pectivamente (Tabela 9).
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal24
A indústria metalúrgica tem se mostrado dinâmica, acreditando-se
que seja responsável por um faturamento líquido anual da ordem de US$ 32
bilhões, o que representa 1,26% do PIB nacional. É um setor importante na
economia brasileira, mantendo 110 mil empregos diretos (Tabela 10).
As perspectivas para o setor no Brasil são promissoras. Segundo o Insti-
tuto Brasileiro de Siderurgia (informe PAC Siderúrgico), a previsão de inves-
Tabela 9 • Produção siderúrgica brasileira: janeiro a dezembro (1.000 t)
Produtos 2006 2007 var. (%)
Aço bruto 30.900,9 33.784,3 9,3
Laminados 23.453,3 25.578,2 9,1
Planos 14.403,2 15.727,6 9,2
Longos 9.050,1 9.850,6 8,8,
Semi-acabados para venda 6.076,6 6.004,8 -1,2
Placas 3.838,6 3.935,9 2,5
Lingotes, blocos e tarugos 2.238,0 2.068,9 -7,6
Ferro-gusa 32.451,6 35.539,7 9,5
Usinas integradas 22.985,0 25.844,1 12,4
Produtores independentes 9.466,6 9.695,6 2,4
Ferro-esponja 375,9 362,0 -3,7
Fonte: IBS.
Tabela 10 • Faturamento do setor siderúrgico brasileiro (103 US$)
EspecificaçãoNovembro
07/08 (%)Janeiro/Novembro
07/08 (%)2007 2008 2007 2008
Faturamento 3.122.878 2.260.388 38,8 28.884.813 22.720.011 27,8
Mercado interno 2.611.792 1.607.845 62,4 22.899.207 16.716.872 37,0
Mercado externo 506.610 634.184 (20,3) 6.001.002 5.899.848 1,7
Outras receitas 5.277 8.357 (36,9) 84.404 103.291 (18,3)
Impostos pagos 881.386 428.646 69,0 8.064.400 4.462.684 36,7
IPI 88.140 52.815 66,9 759.239 565.590 34,2
ICMS 334.032 211.585 57,9 2.997.504 2.215.598 35,3
Outros 259.193 164.145 57,9 2.297.717 1.681.396 36,7
Nota: conversão pelo dolar médio do mês (R$/US$ 1,770)
Fonte: IBS
25Capítulo 2 - Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil
timentos no setor, no período 2007-2012, é de US$ 17,2 bilhões
contra US$ 18,9 bilhões realizados no período 1994-2006. Estes
investimentos deverão ampliar a capacidade de produção nacio-
nal em 15,1 milhões de toneladas, elevando a capacidade insta-
lada, em 2012, para 59 milhões de toneladas. Este novo ciclo de
investimentos estará voltado para atender ao crescimento da deman-
da interna de mais de um milhão de toneladas por ano, no período
2007-2012. O mercado brasileiro é atraente e grupos produtores do
exterior estudam a possibilidade de investir na construção de novas
usinas, sobretudo no Norte e no Nordeste, com investimentos voltados
para a exportação de produtos semi-acabados.
Embora as perspectivas para o setor sejam positivas, deve-se tomar
cuidado para que alguns gargalos não se mostrem impeditivos de cresci-
mento para a indústria no Brasil. Dentre os possíveis problemas, o Minis-
tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior destaca a capa-
cidade insuficiente para o crescimento da indústria local e a deficiência na
oferta de logística — acesso a portos, ferrovias e energia. Também o capi-
tal elevado pode se mostrar como um estrangulamento à capacidade de
crescimento do setor, com juros altos praticados no mercado, além da carga
tributária elevada, da carência de mão-de-obra capacitada no mercado, do
baixo nível de concentração aliado à utilização de escalas empresariais ina-
dequadas, afora as questões de ordem internacional como o protecionismo
que alguns países oferecem aos seus produtos, reduzindo a competitividade
do setor.
Para o enfrentamento desses gargalos, o MDIC sugere a promoção de
parcerias com indústrias intensivas no uso do aço, bem como incentivo ao
uso do aço na construção civil, aumento do valor agregado dos produtos para
ampliação da participação no comércio internacional, desenvolvimento de
projetos tecnológicos cooperativos para aumentar a competitividade e promo-
ção de investimentos na área de infra-estrutura energética e logística.
Pode-se afirmar, contudo, que as perspectivas para o setor são otimistas
em função de alguns fatores que garantem a dinamização do mercado, tais
como aumento da demanda interna, ênfase dada ao processo de internacio-
nalização com aquisição de laminações no exterior por empresas nacionais,
elevação das exportações de semi-acabados e construção de novas siderúrgi-
cas no Maranhão, Ceará, Pará e Mato Grosso do Sul.
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal26
A metalurgia básica no Brasil tem se expandido ao longo dos últimos
anos. Embora de forma moderada, as perspectivas nos mercados externo e
interno são favoráveis à expansão do parque regional de produção, com a
sua ampliação para o Norte/ Nordeste — São Luís, Sepetiba, Fortaleza e
Corumbá.
A história econômica de Pernambuco registra que o Estado já foi des-
taque na produção metalúrgica no passado, quando até a década de 70
chegou a ocupar a quarta posição de produtor de metalurgia no ranking
nacional. O Estado já teve até montadora de automóveis e foi fornecedor
de materiais, exportando para Bahia e Minas Gerais. Depois, a produ-
ção local foi perdendo vigor e só agora está voltando a se recuperar.
Pernambuco tem atualmente uma produção centrada em algu-
mas unidades produtivas, com destaque para a Cosiper, que demons-
tra uma capacidade produtiva de 120 mil toneladas por ano de ferro-
gusa. A Açonorte e a Gerdau operam com uma capacidade ociosa e
podem ampliar a sua produção para exportação.
A partir de 1999, como mostra o Gráfico 6, a tendência
de crescimento, embora irregular, acompanhou a produção da
metalurgia básica no Estado, tendo o ano 2000 atingido o ápi-
ce da curva da produção ( 81,79%), voltando a cair um pou-
Capítulo 3
Desempenho recente da cadeia produtiva em Pernambuco
27Capítulo 3 - Desempenho recente da cadeia produtiva em Pernambuco
co nos anos seguintes para em 2004 apresentar um crescimento positivo
(77,39%).
A evolução da indústria de metais também tem se mostrado bastante
irregular, embora demonstre uma tendência de crescimento significativo nos
últimos nove anos, especialmente a partir de 1998, tendo chegado ao índice
mais elevado em 1999 e caído no ano seguinte, voltando a crescer em segui-
da (Gráfico 7).
Na análise do comportamento da evolução do valor de transformação
industrial apresentado pela metalurgia básica e produtos de metal, do valor
de transformação industrial apresentado pela indústria de transformação e do
PIB de Pernambuco, entre 1996 e 2004, pode-se notar que a partir de 1997 este
setor assume uma nítida tendência de crescimento. Desconsiderando as duas
outras linhas, sempre houve uma tendência ascendente, com exceção de 2003,
que se mostrou bastante atípico para toda a economia nacional, chegando a
demonstrar, no último ano da série, um crescimento superior a 300% para o
período. Enquanto isso, os dois outros indicadores — volume de negócios da
indústria de transformação e PIB do Estado — mantêm-se encostados, com
ligeiras oscilações, chegando juntos ao último ano que compõe a análise. Tal
averiguação faz concluir que o setor vem apresentando uma dinâmica de
crescimento mais forte do que o resto da economia estadual (Gráfico 8).
29Capítulo 3 - Desempenho recente da cadeia produtiva em Pernambuco
Em outra análise comparativa da evolução da participa-
ção relativa do setor na produção da indústria de transforma-
ção pernambucana, com relação à evolução do valor de transfor-
mação industrial do Estado, tomando como referencial os valores
praticados em bilhões de reais, em 2005, pode-se observar que para
os anos abordados, os setores de metalurgia e produtos de metal
tiveram uma participação em 1996 de R$ 210 milhões contra R$ 5,1
bilhões praticados pela indústria de transformação, em geral, des-
crevendo uma linha ascendente (com exceção, mais uma vez, do ano
2003) e chegando a atingir, em 2004, último ano em análise, R$ 900
milhões, quando a indústria de transformação estadual atingia R$ 5,7
bilhões, depois de demonstrar uma tendência de oscilação no mesmo
período (Gráfico 9).
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal30
A dinâmica futura da economia pernambucana, segundo a trajetória
mais provável1, facilitada pela recuperação econômica do Brasil, principal-
mente a partir de 2011, e pela estabilidade internacional com ampliação e
abertura do comércio, arrastará o conjunto das atividades produtivas do
Estado. De acordo com o estudo da mudança futura da estrutura produtiva
de Pernambuco, as atividades da cadeia produtiva da indústria metalúrgi-
ca e produtos de metal deverão crescer em ritmo superior à média do PIB
pernambucano.
4.1 Dinamismo futuro das atividades
De acordo com as hipóteses consideradas na trajetória mais pro-
vável, nos próximos 13 anos a indústria metalúrgica deverá atingir
8,2% de crescimento, no período 2006-2020, começando de forma dis-
creta com 5%, em 2007, e subindo para 6,2% já entre 2008 e 2010,
para se consolidar num crescimento de 9,1% no período que vai de
2011 a 2020. O desempenho do crescimento da produção de pro-
dutos de metal deverá atingir uma taxa média de 9,93% ao ano
no mesmo período. E evoluirá de 5% no primeiro período, e 6,2%
no segundo, quando acompanhará o perfil da indústria meta-
Capítulo 4
Dinamismo futuro da cadeia produtiva em Pernambuco
1 Sebrae/Multivisão. Cenários alternativos de Pernambuco. Recife, 2007.
31Capítulo 4 - Dinamismo futuro da cadeia produtiva em Pernambuco
lúrgica, para se soltar, no último período, superando esta em 2,5% e chegan-
do a uma taxa de 11,6%, acima da média da indústria de transformação nos
13 anos, ou seja, 8,53% ao ano (portanto, bem acima da média de expansão
da economia pernambucana estimada em 6,27%). O movimento de expan-
são econômica da atividade será acelerado a partir de 2011, acompanhando
a demanda (Gráfico 10).
Pela análise do Gráfico 11, a produção de produtos de metal estaria
em sexta posição entre as atividades da indústria de transformação, acima
inclusive da metalurgia básica, que apresenta uma tendência de crescimen-
to um pouco inferior, não obstante ascendente. Além disso, o governo tem
anunciado investimentos incentivados pelo Prodepe, que devem benefi-
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal32
ciar, particularmente, o setor de produtos de metal. Dos R$ 4 bilhões apro-
vados no período 2003-2006, 5,23% deles são classificados nas catego-
rias metal-mecânica e transportes (inclui produtos de metal) e 3,89% na
metalurgia.
As duas atividades da cadeia crescerão juntas nos próximos 13
anos, praticamente triplicando o volume de negócios. A taxa de cresci-
mento médio anual, que entre 2002 e 2006 foi da ordem de 9,93% para
produtos de metal e de 8,2% para metalurgia básica, como resultado
do crescimento diferenciado das atividades na economia pernambu-
cana, tenderá a aumentar a participação relativa da indústria meta-
lúrgica na indústria de transformação, passando de R$ 1,24 bilhão,
em 2007, para R$ 3,74 bilhões, em 2020 (Gráfico 12). Também os
produtos de metal acompanharão este desempenho, mesmo que
em escala menor, partindo de um volume de negócios em torno
2 Para mais detalhes sobre a metodologia de simulação, ver Apêndice B.
33Capítulo 4 - Dinamismo futuro da cadeia produtiva em Pernambuco
de R$ 920 milhões, em 2007, e alcançando R$ 2,75 bilhões em 20202. Isso
significa que a participação relativa futura das atividades deverá, a partir
de 2010, representar 7,1% da indústria de transformação no Estado — já em
2020, 8,5% dela. Para a metalurgia básica, o que se supõe é que ela até 2010
represente 9,7% da indústria de transformação e, mesmo crescendo, chegue a
perder ligeiramente sua posição, representando 9,26% da produção da indús-
tria de transformação em Pernambuco.
4.2 Perspectivas de encadeamento e adensamento
A competitividade dos setores de metalurgia e produtos de metal em
Pernambuco depende dos segmentos interessados em disponibilizar minério
de ferro, carvão ou coque, e adequar uma rede logística para a compra des-
tas matérias-primas. A disponibilidade de logística é indispensável para a
importação de carvão ou coque, e também para a exportação de seus produ-
tos. A existência de portos, ferrovias e rodovias é de grande importância para
que os produtos aqui gerados se tornem competitivos nos mercados interno
e externo.
Também a disponibilidade de mão-de-obra qualificada para abaste-
cer o setor é fundamental para que a indústria metalúrgica possa se desen-
volver no Estado. Pernambuco já foi um pólo de produção de produtos de
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal34
metal, mas a decadência do parque industrial do setor também ocasionou a
perda dessa capacidade de oferta de mão-de-obra especializada, fator que
deve cobrar investimentos urgentes em escolaridade e capacitação de nível
técnico.
Outras matérias-primas que também entram na produção precisam ter
o seu abastecimento garantido, para que o setor se desenvolva em Pernambu-
co. Com relação ao consumo de energia, uma das inovações para a sua redu-
ção é a autogeração de energia com o gás de alto forno.
Hoje, um dos requisitos fundamentais para que se desenvolva a indús-
tria metalúrgica é a sua sustentabilidade ambiental. É sabido que se trata
de atividade altamente poluidora. Para que tenha o menor impacto ambien-
tal possível, deve-se investir em novas tecnologias, inclusive de reaproveita-
mento de água e utilização de sucata. Além disso, o desenvolvimento do setor
requer uma disponibilidade de recursos hídricos abundantes no local. Para
que o desenvolvimento do setor se dê dentro das características de sustenta-
bilidade ambiental, é preciso racionalizar o consumo de água, baixando os
níveis de consumo — por exemplo, a recirculação da água de resfriamento
dos altos fornos possibilitaria o aproveitamento dos aqüíferos de Jatobá, em
São José do Belmonte.
Os insumos principais para o desenvolvimento da cadeia são minério
de ferro e carvão mineral ou coque. O Brasil importa quase todo o carvão
metalúrgico e o coque necessário para a produção da metalurgia O minério
de ferro, insumo básico da cadeia a montante para a produção da indústria
de metal e produtos metalúrgicos, é encontrado em cinco áreas em Per-
nambuco: Salgueiro, Parnamirim, São José do Belmonte, Floresta, Custó-
dia e Passira. Mas o minério de ferro aqui encontrado é de baixo teor e as
reservas são pequenas, fazendo com que a indústria metalúrgica tenha
que importar estes insumos e demonstrar dependência de outros produ-
tores de minério de ferro de alto teor.
Em relação às perspectivas futuras de encadeamento produtivo
da cadeia, os empresários e técnicos do setor entrevistados durante o
levantamento de informações foram pessimistas, mesmo consideran-
do os projetos incentivados pelo Prodepe e os que foram anunciados
para estruturar a economia pernambucana.
4.3 Oportunidades de negócios futuros
De acordo com a trajetória mais provável da economia de
Pernambuco e, particularmente, das atividades principais da
35Capítulo 4 - Dinamismo futuro da cadeia produtiva em Pernambuco
cadeia, nos próximos 13 anos deverá se expandir bastante o
seu volume de produção. O produto da indústria metalúrgica
aumentará de R$ 1,24 bilhão, em 2007, para R$ 3,74 bilhões, em
2020, chegando a cerca de R$ 1,49 bilhão em 2010. Da mesma
forma, a produção de produtos de metal também crescerá, partindo
de um montante de R$ 920 milhões, em 2007, para R$ 1,10 bilhão,
em 20203. Estes números mostram a ordem de grandeza da amplia-
ção dos negócios na cadeia produtiva e, portanto, das oportunida-
des que surgirão para os fornecedores e os segmentos que utilizam os
seus produtos.
Analisando o conjunto da cadeia produtiva, serão identificadas
as grandes oportunidades de futuro, mapeando os elos mais frágeis (ou
sem chance em Pernambuco) e destacando os de maior potencial no
Estado4.
Algumas informações possibilitam uma postura mais otimista com
relação ao desempenho futuro da cadeia da indústria metalúrgica e produ-
tos de metal em Pernambuco, com destaque para as atividades que pode-
rão ser ampliadas no Pólo Guseiro de São José do Belmonte. Também mere-
cem ênfase a implantação da refinaria em Suape, que poderá gerar coque
de petróleo, disponibilizando até um milhão de toneladas por ano, e a ado-
ção de tecnologias que barateiam a produção, como o processo Tecnored,
que, além de melhorar a qualidade técnica da produção, deixará os preços
mais competitivos no mercado.
A possibilidade de implantação do Pólo Guseiro de Suape abrirá algu-
mas perspectivas, pois este pólo poderá trabalhar com minério de ferro de
alto teor, produzindo 2,25 milhões de toneladas de ferro-gusa por ano. Para
a viabilidade deste pólo, eventuais fornecedores como a CVRD e a MHAG,
além da logística de transporte a se instalar na área.
O projeto conta com a disponibilidade local de um milhão de toneladas
por ano de coque de petróleo, com teor de enxofre adequado, que pode ser
oferecido com preços competitivos. E ainda poderá contar com a disponibi-
lidade de minério de ferro de boa qualidade, a partir da consolidação indus-
trial do processo Tecnored (desenvolvimento tecnológico da aglomeração do
coque de petróleo para possibilitar a substituição total do carvão vegetal).
O processo Tecnored como tecnologia nacional apresenta vantagens
como matérias-primas e combustíveis de baixo custo, alta flexibilidade de
produção e alta produtividade, alta eficiência energética e alta compatibi-
lidade ambiental, baixo custo de investimento e baixo custo de produção,
e modularidade.
3 Ver nota anterior sobre metodologia de simulação.
4 As entrevistas com empresários e técnicos ajudaram a refinar a concepção da equipe da Multivisão que, no entanto, ampliou a visão sobre as oportunidades, considerando os desdobramentos da trajetória mais provável (hipóteses gerais sobre a economia e o encadeamento produtivo) sobre a cadeia.
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal36
Segundo alguns entrevistados, o crescimento da cadeia dependerá,
especialmente, do acesso garantido aos fornecedores de matéria-prima e da
garantia de comercialização da produção. Alguns dos grandes empreendi-
mentos previstos para o Estado poderão significar uma garantia de demanda.
Um exemplo seria a oportunidade aberta pela implantação do estaleiro em
Suape. Pernambuco também terá uma perspectiva de implantação da indús-
tria de petróleo, que é muito importante para o desenvolvimento da cadeia
como um todo. “Um navio poderia ser comparado a um avião, que troca todas
as tubulações e joga fora, de dez em dez anos”, lembra um dos entrevistados,
salientando as oportunidades de mercado da cadeia.
Diretamente nos elos da cadeia principal, as grandes oportunidades de
investimento futuro para produção em Pernambuco de insumos, matérias-pri-
mas e serviços industriais:
•produçãodesemi-acabadoselaminadosdeaço;
•produçãodetubosdeferroeaço(comesemcostura);
•produçãoderelaminados,trefiladoseperfiladosdeaço;
•metalurgiadoalumínioesuasligas;
•produçãodelaminadosdealumínio;
•produçãodesoldaseânodosparagalvanoplastia;
•fundiçãodeferroeaço;
•fabricaçãodeestruturasmetálicaseobrasdecaldeirariapesada;
•fabricaçãodeesquadriasdemetal;
•fabricaçãodetanques,reservatóriosmetálicosecaldeiras;
•fabricaçãodecaldeirasgeradorasdevapor,forjariaeestamparia;
•produçãodeartefatosestampadosdemetal;
•usinagem,solda,tratamentoerevestimentoemmetais;
•fabricaçãodeartigosdecutelaria,serralhariaeferramentas.
Na cadeia a montante, as seguintes oportunidades de investimento com
grande dinamismo futuro:
•coletaedistribuiçãodesucata;
•coletaeprocessamentoderecicladosdemetal.
Na cadeia a jusante, as seguintes oportunidades de negócios:
•indústriametal-mecânica,máquinaseequipamentosindustriais
e agrícolas;
•indústria de equipamentos de transporte (indústria naval e
ferroviária);
•indústriadeembalagemleve;
•construçãocivil.
37Capítulo 5 - Espaços das MPEs na cadeia produtiva
Estimando que as MPEs produzam cerca de 16% do valor da produção
das atividades-âncora (metalurgia e produtos de metal)5, percentual calcu-
lado pelo IBGE para a participação dos pequenos negócios na indústria do
Nordeste, em 2004, as micro e pequenas indústrias de Pernambuco teriam
produzido cerca de R$ 157.480 milhões naquele ano. Por outro lado, con-
siderando as taxas futuras de crescimento das atividades e a ampliação do
volume de negócios da cadeia, a produção total das MPEs e o espaço para
novos empreendimentos de pequeno porte aumentam de forma significativa
nos próximos 13 anos (mesmo supondo que as MPEs continuem ocupando o
mesmo percentual do produto, hipótese conservadora já que inovações tecno-
lógicas podem reduzir a configuração eficiente das atividades).
Como mostra o Gráfico 13, as atividades-âncora (metalurgia e produtos
de metal) deverão aumentar de R$ 211.439 milhões, em 2007, para cerca de
R$ 758.015 milhões, em 2020, e R$ 283.886 milhões em 2010 (mais que tri-
plicando em 15 anos). Considerando a média de faturamento das MPEs (e
supondo que se manteria a mesma proporção no futuro), também aumentará
bastante o espaço para implantação de novos empreendimentos de pequeno
porte6. Das 662 pequenas empresas operando em 2004, este número cres-
cerá para 782, em 2007, e para 902, em 2010, chegando a 1.304 pequenos
empreendimentos em 2020. Os números mostram uma ordem de grandeza
Capítulo 5
Espaços das MPEs na cadeia produtiva
3 Dado do IBGE para indústria do Nordeste em 2004, utilizado como proxy da participação das MPEs nas atividadesâncora da cadeia.
4 Nas simulações da evolução futura do número de MPEs e das receitas de vendas em cada segmento produtivo (indústria, comércio e serviços), foram utilizadas duas fontes de dados distintas para o ano-base 2004: Rais/MTE, para a definição do número de MPEs em 2004; e IBGE, para a definição da receita de vendas no mesmo ano.
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal38
do número de novas micro e pequenas empresas que poderão ser implanta-
das para atender à crescente demanda futura de produtos na cadeia (segun-
do hipóteses da trajetória mais provável) — cerca de 120 novos empreendi-
mentos serão implantados no período 2008-2010 (uma média de 40 novas
empresas por ano) e por volta de 402 no período 2011-2020.
O segmento de produtos de metal apresenta uma das mais altas parti-
cipações de unidades de MPEs (cerca de 97%). A quantidade delas deverá
alcançar a marca de 1.304 unidades, em 2020, contra 782 em 2007, o que
significa a criação de 552 novas MPEs nos próximos 13 anos. As perspec-
tivas de receita irão oscilar de R$ 157 milhões, em 2004, para cerca de R$
758 milhões, em 20207.
No segmento industrial de metalurgia básica, o número de micro e
pequenas empresas deverá alcançar a marca de 416 unidades, em 2020,
contra 170, em 2007, o que significa a criação de 246 novas MPEs nos
próximos 13 anos (média anual de 19 novos empreendimentos). Há
perspectiva de que as receitas médias se elevem de R$ 115 milhões
( 2004) para cerca de R$ 1 bilhão (2020), crescendo quase dez vezes
mais em 16 anos (Gráfico 14).
As micro e pequenas empresas encontram algumas barrei-
ras à entrada, especialmente por que o setor exige um alto inves-
timento de capital para uma boa parte de seus negócios, afora
mão-de-obra qualificada e capacidade tecnológica para produ-
7 Para mais detalhes sobre a metodologia de simulação, ver Apêndice C.
39Capítulo 5 - Espaços das MPEs na cadeia produtiva
ção. O empresário deverá ser, antes de tudo, um grande empreendedor para
aproveitar as oportunidades no mercado pernambucano, atuando em parce-
rias quando do fornecimento de componentes, por exemplo. Hoje ninguém
detém um setor da cadeia por completo. Se o mercado restringe as grandes
atividades da cadeia para as grandes empresas, o empresariado de menor
porte deverá seguir os “grandes”, a fim de formar coalizões e consórcios para
competirem no mercado.
As MPEs têm maiores chances na indústria e no segmento de prestação
de serviços especializados. Esta atividade desenvolve muito bem a subcontra-
tação, que é diferente da terceirização, pois o subcontratado participa do pro-
jeto e acompanha o projeto até o final do processo de execução, entregando a
peça que foi encomendada. A cadeia trabalha, via de regra, por encomenda, o
que facilita este tipo de negócio.
Também aparece como espaço para as MPEs na cadeia a formação de
centrais de serviços. Hoje já estão em atuação várias empresas de serviços de
usinagem, por exemplo.
No prolongamento da cadeia principal, um grande segmento disponí-
vel para os pequenos negócios é a comercialização, particularmente o comér-
cio varejista, na relação com o consumidor de diferentes graus de exigência
de qualidade.
Na cadeia a montante, os espaços para MPEs são pequenos, especial-
mente nas atividades de mineração, onde, normalmente, atuam as grandes
Cadeia produtiva da indústria metalúrgica e produtos de metal40
empresas. Também na produção e no fornecimento de máquinas e equipa-
mentos, Pernambuco não se mostra capaz de abrir concorrência, nem nacio-
nal e muito menos internacional. O comércio de sucatas e recicláveis poderá
abrir espaço para a atuação de pequenos empreendedores — principalmente
os cooperativados.
Por outro lado, um grande potencial de atuação das MPEs destaca ati-
vidades que não estão explicitadas nos elos da cadeia produtiva, tais como:
•forjaria,estampariaetratamentodemetais;
•fabricaçãodeartigosdecutelaria,serralheriaeferramentasmanuais;
•produçãodearamesdeaço;
•fundiçãodeferroeaço;
•fabricaçãodeestruturasearmaçõesmetálicas;
•fabricaçãodeesquadriasdemetal;
•fabricaçãodetanques,reservatóriosmetálicosecaldeiras;
•fabricaçãodecaldeirasgeradorasdevapor,forjariaeestamparia;
•produçãodeartefatosestampadosdemetal;
•serviçosdeusinagem,solda,tratamentoerevestimentoemmetais;
•serviçosdemanutençãoereparaçãodeequipamentoseferramentas;
•serviçostécnicosespecializados;
•comérciovarejistadeutensílioseferramentas;
•coletaedistribuiçãodesucata;
•coletaeprocessamentoderecicladosdemetal;
•oficinamecânica.
41
MAIA GOMES, Gustavo; VERGULINO, José Raimundo. Perfis econô-
micos e construção de cenários de desenvolvimento para o Estado de
Pernambuco. Relatório setorial integrante do projeto “Economia de Per-
nambuco: uma contribuição para o futuro”. Recife: Governo do Estado/
Secretaria de Planejamento/Promata, 2005.
FADE/UFPE/SEPLANDES/CONDEPE/IPEA. Estudo dos impactos sócio-
econômicos e espaciais do projeto de duplicação da BR- 232: identificação
de clusters. Recife, 2002.
PETRUS CONSULTORIA GEOLÓGICA. Perfil setorial do ferro-gusa no
Estado de Pernambuco. Recife, 2007.
SEBRAE/MULTIVISÃO. Cenários alternativos de Pernambuco. Recife,
2007.
______. Evolução da estrutura produtiva futura de Pernambuco. Recife,
2007.
CARVALHO, Raphael R. Estratégias de operações na indústria metal-mecâ-
nica brasileira: formulação, implementação e impactos sobre o desempenho
empresarial. Dissertação de mestrado. 2005.
BNDES/FINAME. Siderurgia brasileira - Uma visão prospectiva. 2001.
Referências
42
Apêndices
A - Lista de entrevistados
Alexandre Valença (presidente do Sindicato de Metalurgia de
Pernambuco)
Girley Brasileiro (consultor do Simmepe)
Wanda Fazano (gerente da Priori Engenharia e Metalurgia)
B - Metodologia de simulação macroeconômica
Para mais detalhes sobre a metodologia de simulação da evolu-
ção futura da participação dos setores produtivos no PIB agregado,
sugerimos a leitura do texto “Desempenho econômico e desempenho
industrial no Brasil”, de Regis Bonelli e Armando Castelar (Ipea,
2003), no qual os autores destacam que a distribuição setorial de
longo prazo do PIB segue um padrão de mudança onde, num pri-
meiro momento, as atividades agropecuárias perdem peso em
relação à indústria que, mais à frente, perde espaço para o setor
43
de serviços. Ademais, a intensidade e o ritmo da transforma-
ção estrutural da economia pernambucana foram condicionados
pelo resultado combinado de cinco processos referidos na trajetó-
ria futura mais provável: a distribuição setorial dos investimentos
produtivos; os impactos previsíveis dos grandes investimentos na
estrutura produtiva; os investimentos em infra-estrutura previstos
influenciando a competitividade de atividades e potencialidades de
Pernambuco; os fatores externos (mundiais e nacionais) com impacto
na estrutura produtiva do Estado; e a distribuição da demanda de bens
e serviços de consumo final, que resulta da renda gerada na economia
(efeito renda).
C - Metodologia de simulação do market share das MPEs
A metodologia de simulação da expansão do número de empresas e do
volume de vendas em cada segmento foi construída a partir dos dados dis-
poníveis nas seguintes fontes: Rais/MTE, ano-base 20048; PAS/IBGE, ano-
base 2004 e PIA/IBGE, ano-base 2004. Estes relatórios forneceram os dados
relativos ao número de empresas (com ou sem empregados), ao volume de
vendas e ao valor da produção no ano-base 2004. A estimativa do volume de
vendas futuras de um dado segmento produtivo ‘i’, em um ano ‘j’, foi obtida
multiplicando-se o PIB do segmento ‘i’ (importado das simulações macroeco-
nômicas), no ano ‘j’, pela relação entre o volume de vendas e o PIB do segmen-
to ‘i’, no ano-base 2004 (obtido das fontes citadas). Tal relação, para simplifica-
ção, foi considerada constante ao longo do horizonte. A simulação da evolução
futura do número de empresa do segmento ‘i’, no ano ‘j’, foi, por sua vez, obti-
da dividindo-se o valor do volume de vendas do segmento ‘i’, no ano ‘j’, pelo
valor médio das vendas do segmento no ano ‘j’, o qual foi estimado como uma
proporção da receita média do setor, no ano ‘j’. Esta proporção (dada pela rela-
ção entre as vendas do segmento ‘i’ e as vendas do setor em 2004) foi mantida
constante ao longo do horizonte. A simulação da evolução do contingente de
MPEs e dos respectivos volumes de negócios para o segmento ‘i’, no ano ‘j’,
foi feita multiplicando-se os valores alcançados para o segmento ‘i’, no ano ‘j’,
pelas relações de participação das MPEs no número de empresas e no volu-
me de negócios, verificadas em 2004. Vale mencionar que a participação no
número total de empresas foi mantida constante ao longo da projeção, mas a
participação nas vendas evoluiu linearmente ao longo do horizonte, partin-
do, em 2004, de 14,9% para 20%, em 2020.
8 De acordo com o manual de instrução de preenchimento da Rais, devem declarar anualmente, entre outros estabelecimentos e entidades do setor formal, todos os estabelecimentos inscritos no CNPJ, com ou sem empregados. Assim, os estabelecimentos que não mantiveram vínculos empregatícios ou mantiveram suas atividades paralisadas, durante o ano-base, estão obrigados a entregar a Rais denominada “negativa”. A base estatística Estabelecimento (ESTB), utilizada neste estudo e distribuída no âmbito do Programa de Disseminação de Estatísticas do MTE, considera todos os estabelecimentos declarantes com ou sem empregados.