cada um alguÉm:*fepal.org/images/congreso2002/adultos/kauffmann_a_ cada_.pdf2 estar na...

24
Fepal - XXIV Congreso Latinoamericano de Psicoanálisis - Montevideo, Uruguay “Permanencias y cambios en la experiencia psicoanalítica" – Setiembre 2002 CADA UM ... ALGUÉM:* SOBRE A POSSIBILIDADE DE UMA ÉTICA ALTRUÍSTA Anna Luiza Kauffmann – candidata SPPA. *Trabalho apresentado no seminário “Obra de Freud IV”, sob a coordenação do Dr. Paulo Martins Machado. Setembro 2000. Ao mestre, Paulo Machado, com carinho. ( In memoriam) Introdução Acreditava Freud, que a felicidade não se tratasse um valor cultural e que o homem social fosse essencialmente alguém triste, infeliz. “O Mal-

Upload: lamkhuong

Post on 16-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Fepal - XXIV Congreso Latinoamericano de Psicoanálisis - Montevideo, Uruguay “Permanencias y cambios en la experiencia psicoanalítica" – Setiembre 2002 CADA UM ... ALGUÉM:*

SOBRE A POSSIBILIDADE DE UMA ÉTICA ALTRUÍSTA Anna Luiza Kauffmann – candidata SPPA.

*Trabalho apresentado no seminário “Obra de Freud IV”, sob a coordenação do Dr. Paulo Martins Machado. Setembro 2000.

Ao mestre, Paulo Machado, com carinho.

( In memoriam)

Introdução

Acreditava Freud, que a felicidade não se tratasse um valor cultural

e que o homem social fosse essencialmente alguém triste, infeliz. “O Mal-

2

Estar na Civilização” (Freud, 1930) ou (“A Infelicidade na Cultura”, - título

sugerido anteriormente por Freud) conta-nos que a ‘vida alheia’ é

fundamentalmente, para o indivíduo social, motivo de angústia, resignação e

sofrimento.

De fato Freud responsabiliza a civilização pela infelicidade humana,

e, ao mesmo tempo, culpa o homem, individualmente, por suas mazelas.

Segundo ele, cada ser humano é, por natureza, destrutivo e egoísta e como

tal, responsável pelas infelicidades da civilização da qual é parte inerente:

“Homo – homini – lupus”, conclui ele.

Freud pensava ainda, que a civilização ; restritiva, vingativa e cruel;

é um mal necessário para a contenção da destrutividade humana. (Marcuse,

1966). Cada indivíduo tem a civilização que merece.

Pensando assim, a teoria freudiana concebeu um sujeito

originalmente destrutivo, egoísta e desesperançado.

Seria a constatação da maldade intrínseca, do primário egoísmo

humano, a razão da desesperança do sujeito freudiano, ou, ao contrário,

desesperançado, o sujeito freudiano ter-se-ia enclausurado no reino da auto-

satisfação pulsional, numa busca desesperada de felicidade, e daí surgido a

idéia do “princípio do prazer”, como motivação maior para a sua conduta?

Existem semelhanças entre as teorias sociais de Freud e Hobbes

(Hanly, 1995). O ‘homo-homini-lupus’ tal qual ‘Leviatã’, (o monstro integrado

por seres humanos) é essencialmente egoísta, destrutivo e igualmente

precisa ser domado em prol da civilização.

3

Segundo Hobbes, a lei fundamental da natureza humana ordena

que:

“cada homem deve esforçar-se pela paz, enquanto tiver esperança

de alcançá-la: e quando não puder obtê-la, deve buscar todas as ajudas e

vantagens da guerra”. (Hobbes, 1651).

Pensando assim, a ‘paz’ seria o objetivo humano, sua lei natural.

Porém, há uma condicional, ou seja, para que este objetivo seja mantido é

imprescindível que haja esperança. Visto por outro ângulo, a civilização só é

fonte de felicidade para o homem que tem esperança.

Seria então a esperança a trava natural para a também natural

destrutividade humana? Poderíamos supor que, ‘o homo-homini-lupus’, o

leviatã da psicanálise, é produto da desesperança?

Se assim for, no que consiste tal desesperança? Em que se baseia

a ‘desesperança fundamental’ da teoria freudiana, que entende o egoísmo –

como sentimento primário e preponderante na motivação da conduta e

moralidade humanas?

Penso, como tentarei explicar adiante, que a tese do “perpétuo não-

encontro com o objeto” (objeto em si – ‘das ding’) justifique em grande parte

a desesperança; esta sim, primária; e o conseqüente egoísmo do sujeito

freudiano.

O ‘homo-homi-lupus’ seria então um homem desiludido e seu

egoísmo, o resultado de seu desencanto pela impossibilidade de encontro

com o objeto, com o ‘outro sujeito’.

4

A idéia central deste trabalho é expor e questionar os alicerces

pessimistas da teoria freudiana que fecundam a tese da ética egoísta e que

a tomam como única moral compatível com a natureza humana.

Compreendendo que tais fundamentos têm origem na concepção de

objeto, inalcansável como ‘sujeito’, como ‘outro’, e na conseqüente

destinação do desesperançado sujeito freudiano a deixar-se reger pelo

princípio do prazer como saída exclusiva para a felicidade. Busco, nas

teorias dos autores citados, fundamentações para se supor a ética altruísta

como algo possível à natureza humana. Contrário ao que possa parecer,

não pretendo aqui buscar na civilização, os responsáveis pelos “distúrbios”

éticos nos indivíduos humanos. Penso não ser culpa da civilização, do outro,

nem tão pouco mérito desta, nossa consciência ou inconsciência moral.

Possivelmente por vício de pensamento de caráter e de profissão,

sigo inconforme com teorias que, a meu ver, parcializam o entendimento do

homem ao não contemplarem sua natureza com a ‘possibilidade’ altruísta.

Fundamentalmente gostaria de compartilhar minhas inquietações

sobre o ‘Estar’ (‘Mal-estar’ ou ‘bem-estar’) como um sentimento, um estado

afetivo, produzido pelo reconhecimento da existência do ‘outro’ que a

civilização nos impõe, e/ou, com o qual nos agraça.

O conceito de objeto na teoria freudiana: a tese do não- encontro perpétuo

5

Aos empréstimos tomados da metafísica Freud acrescenta, para a

criação da teoria psicanalítica, sua forma de conceber os sujeitos e as

interações entre estes aprofundando-se na compreensão do inconsciente.

Em seu conceito de ‘objeto’, por exemplo, tal qual Kant, Freud

adere à proposta da existência de objetos absolutos (coisas-em-si),

inacessíveis ao conhecimento, à experiência possível. Ambos entendem que

na medida em que a coisa-em-si se coloca diante da nossa percepção ela se

transforma no ‘objeto-em-si’. Entretanto, se para Kant este novo ente, o

‘objeto-em-si’ é real, mesmo levando-se em conta suas determinações

subjetivas. Para Freud, diferentemente, o objeto (objeto-em-si) não possui

estatuto de realidade pois, tanto quanto a coisa-em-si, segue sendo

inacessível ao sujeito. (Garcia-Roza, 1990). Se para Kant o objeto-em-si

perde a aparência ilusória e satisfaz na medida em que passa a ser ele (e

não a coisa-em-si) o objeto de interesse do conhecimento, o peculiar na

teoria freudiana é a permanência da insatisfação com o objeto. Tal

insatisfação fomente a busca incessante da ‘coisa-em-si’, mantendo-se

assim a inviabilidade do encontro, a impossibilidade da real satisfação com o

outro.

“Dá-se com o das Ding (a coisa) freudiano algo análogo à

Recherche proustiana... Não se trata da busca da Coisa um dia possuída e

depois perdida o objeto perdido, embora nunca o tenhamos tido e que deve

ser reencontrado. Ficamos interminavelmente girando em torno de um

centro que nunca é atingido e que Freud chama de das ding. Essa busca é

governada pelo princípio do prazer (...)”. (Garcia-Roza, 1990).

6

Penso que o humor melancólico, nostálgico do sujeito freudiano

(desde sempre interditado de realizar-se no impossível, desejado e

permanentemente buscado encontro com o ‘outro’) possa explicar, em parte,

o pessimismo presente na sua forma de compreender as relações entre os

homens, bem como no fato de Freud conceber o comportamento humano

norteado por um único princípio, o do próprio prazer. Ao mesmo tempo que

afirma que o sentido da vida é o encontro com outro, e que por essa razão

nosso objetivo de vida consistiria em buscá-lo, Freud concebe a existência

humana sem essa conquista, sem o encontro1. Levaríamos uma vida inteira

até nos darmos conta da impossibilidade de alcançar o que almejávamos

desde o início. Nesse meio tempo, trataríamos de dar algum sentido à vida

através da satisfação de nossas pulsões, simulando, via ação específica, o

irrealizável encontro com o outro.

Freud explica que sob a influência do princípio do prazer,

procuramos...

“... diversões poderosas que nos permitam minimizar nossa

miséria, gratificações substitutivas que a diminuam...”(Freud, 1927).

É como se o ‘princípio’ do prazer freudiano fosse menos um

princípio e mais uma ‘saída’.

1 Freud acreditava que a vida humana não tem em si nenhum propósito. “A idéia de a vida humana possuir

um propósito se forma e desmorona com o sistema religioso”. O Objetivo da vida de cada indivíduo é

“...ausentar-se de sofrimento e desprazer, ao mesmo tempo que experimentar intensos sentimentos de prazer... A vida do homem dimensiona-se sempre, de um modo geral ou mesmo exclusivo, a um desses objetivos... O que decide o propósito da vida é simplesmente o programa do princípio do prazer... Esse princípio domina o funcionamento do aparelho psíquico desde o início... Não pode haver dúvida sobre sua eficácia”. (Freud, 1930).

7

Talvez seja possível também pensarmos a partir deste enfoque

mais uma razão para que o objeto freudiano seja essencialmente objeto da

pulsão. Se como ‘sujeito’ o objeto da busca (a coisa-em-si) é inacessível,

como ‘objeto (gratificação pulsional), ao contrário, ele está disponível e pode

ser encontrado, bastando para isso que nos deixemos guiar pelo princípio do

prazer, ou, se preciso, por seu correlato o ‘princípio de realidade’ que é

ainda o princípio do prazer, só que em consonância com as exigências

externas.

Na teoria freudiana a compreensão da ética encontra-se

impregnada por esse pessimismo em relação à natureza humana,

fundamentando-se na noção de que a única moral possível ao homem seria

a moral da conveniência, própria de uma ética egoísta que visa apenas

contemplar o próprio sujeito da conduta.

Fico com a impressão de que é como se para Freud a essência

do outro, sua ‘alma’ ficasse para sempre aderida à coisa-em-si, não vindo

jamais a fazer parte do objeto-em-si apreensível pelo sujeito. Perdido ‘para

sempre’ na sua essência, restar-nos-ia do outro, apenas o ‘objeto’ e

portanto, a possibilidade de utilizá-lo de acordo com os interesses de nossas

pulsões. Haveria somente um sujeito – logo, apenas um ‘desejo’. Não se

trataria propriamente de um vínculo entre sujeitos, mas da ação de um

sujeito que toma a si próprio como fim último de sua conduta, levada a cabo

através da relação com o objeto.

8

O ‘encontro’ como origem do sujeito.

Insatisfeito com as concepções metafísicas sobre o homem, e

contrário à dicotomia sujeito e objeto, Heidegger os concebe como

integrantes de um único todo; o sujeito é o objeto que é também sujeito;

compreendendo o ‘ser’ humano a partir de uma nova ontologia. Sendo

ontológico aquilo que possibilita as várias maneiras de algo tornar-se

manifesto, presente, sentido, e existência, o que emerge, que se desvela,

para Heidegger existir ontologicamente, ‘ser’, é a maneira como alguma

coisa ou alguém é percebido, compreendido e finalmente conhecido para o

ser humano, para o ‘ser-aí’ ou ‘Dasein’. Nós humanos nos percebemos e

percebemos os outros na medida em que ‘somos-aí’. Mas em que consiste o

‘ser-aí’, o humano? Consiste em ‘ser-no-mundo’, ‘ser-com-os-outros’, ‘ser-si-

mesmo’. “Ser-no-mundo” corresponde às múltiplas maneiras, possibilidades,

que o homem vive ou pode viver. Os vários modos como ele se relaciona e

atua com os entes que a ele se apresentam. “Ser-com” é um componente

fundamental e original do ser-aí do existir humano, significando ‘ser-junto’ a

algo ou alguém, na presença do outro. “Ser-com-os-outros” é nossa forma

genuína de ser e diz respeito a como atuamos, sentimos, e pensamos os

outros. O “ser-si-mesmo”, autenticamente, depende e se baseia nos modos

de ser-com-os-outros e consiste em manter-se alguém, (cada um) e alguém-

com-os-outros, na presença de todos (do impessoal, do ninguém).

(Heidegger, Martin, 1927).

Penso que a fenomenologia existencialista fornece uma possibilidade

de enriquecer nossa abordagem das questões do comportamento moral

9

humano. Embrenhando-se com sutileza nas delicadas teias das interações

intersubjetivas, Heidegger expõe um outro vértice a ser considerado na

busca de compreensão das origens da constituição do sujeito ético. Digo isto

porque me parece que o sujeito da teoria de Heidegger, é mais “humano”

que o nosso, o da teoria freudiana.

Não me refiro aqui ao adjetivo ‘humano’ (bondoso, generoso;

passivo de erros, etc.), mas sim a ‘mais humano’ no sentido de estar mais

próximo do que seria a ‘natureza’ humana, o primariamente, genuinamente

humano.

Sublinho, a seguir, excertos da obra de Freud onde ele delineia o

nosso sujeito.

Sujeito freudiano, ética e moral3

Segundo a teoria freudiana, a conduta humana não é regida por

princípios éticos. Devido a sua incapacidade original de distinguir o bem do

mal, o homem se submete às leis morais da civilização a custo de garantir a

satisfação de seus impulsos. Por meio desta restrição imposta pelo princípio

de realidade é possível salvaguardar as gratificações exigidas pelo princípio

de prazer. (Rinaldi, 1996).

Em virtude da prematuração, o bebê humano é incapaz de levar a

cabo sozinho a ação específica4, necessitando da ajuda alheia para realizá-

3 “Ética é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto... Diz-se de categorias e valores utilizados na descrição e análise realizadas pelo observador, e que não correspondem, necessariamente, àqueles que vigoram na sociedade ou cultura em estudo... Moral é o

10

la. A ‘experiência de satisfação’ está assim marcada pelo desamparo

primordial que caracteriza o ser humano. Para Freud é em função deste

desamparo que nos sujeitamos às exigências morais, às regras de

convivência, de consideração ao alheio aos nossos próprios interesses,

sustentando a tese de que

“... o desamparo inicial dos seres humanos é a fonte de todos os

motivos morais.” (Freud, 1985).

Freud refere que nos primeiros anos de vida nosso psiquismo

está predominantemente ocupado pelo id e que este ignora valores, bem e

mal, esforçando-se unicamente pela satisfação de suas necessidades

pulsionais de acordo com o princípio do prazer.

“O pulsional (freudiano) não contém em si nenhuma indicação

que nos torne capazes de diferenciar o bem do mal”. (Garcia-Roza, 1990).5

A teoria freudiana, pulsional, invalida a possibilidade de existência

de preocupação, respeito e consideração como o outro, como originais ao

ser humano, pois estas seriam atribuições do superego (como causa e

conseqüência da ação repressiva do ego surgidas posteriormente no

indivíduo por força da realidade externa. Não havendo superego, não há

ética. Soma-se a isso a inexistência, na teoria freudiana do Amor

conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.” (Novo Aurélio, 2000). 4 Ação específica: alteração do mundo externo (fornecimento de alimento, aproximação do objeto sexual) necessária à suspensão provisória da estimulação interna e permanente dos neurônios (pulsão). 5 Diferentemente de Freud, Davi Hume sustenta a tese da existência de um instinto ou tendência direta (não mediada pela civilização ou por interesses próprios do ser humano em buscar a satisfação do outro, uma espécie de pulsão altruísta na qual se baseia sua conduta ética. ( Hume, ‘Uma investigação sobre os Princípios da Moral”, 1751).

11

propriamente dito como atributo da natureza humana. O amor libidinal não é,

por definição, amor pelo outro. Sentimentos de ternura, consideração,

‘amizade’ só são possíveis ao ser humano quando Eros, o pulsional, é

inibido em sua meta. Segundo Freud, o amor verdadeiro entre os humanos é

excepcional, só existindo entre a mãe e seu filho homem.

Em O Mal-estar na Civilização (1930), ele descreve o id dominado

por pulsões destrutivas, afirmando a existência de uma destrutividade

autônoma, não vinculada à pulsão sexual, o que corresponde à tese

filosófica do mal radical do homem. (Garcia-Roza, 1990). Diz ele:

“a inclinação agressiva é uma disposição autônoma, originária do

ser humano... os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas

e que , no máximo, podem defender-se quando atacadas; pelo contrário, são

criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa

quota de agressividade. Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não

apenas um ajudante potencial ou um objeto sexual, mas também alguém

que os tenta a satisfazer sobre ele a sua agressividade, a explorar sua

capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu

conhecimento, apoderar-se de suas posses, humilhá-lo, causar-lhe

sofrimento, torturá-lo e matá-lo. – Homo homini lupus.” (Freud, 1930).

Reportando-se ao ego, Freud atesta que a repressão é o

mecanismo de defesa por excelência da moralidade humana do qual aquele

12

se utiliza a fim de lidar com o antagonismo irremediável entre as exigências

da pulsão e as restrições da civilização, entre o id e o superego.

“A história do homem é a história da sua repressão, (por essa

razão) o conceito de homem que emerge da teoria freudiana é a mais

irrefutável acusação à civilização... e, ao mesmo tempo a mais inabalável

defesa desta... A cultura coage tanto a existência social como a biológica,

não só partes do ser humano, mas também sua própria estrutura instintiva.

Contudo, essa coação é a própria pré-condição do progresso. Se tivessem

liberdade de perseguir seus objetivos naturais, os instintos básicos do

homem seriam incompatíveis com toda a associação e preservação

duradoura: destruiriam até aquilo a que se unem ou em que se conjugam.”

(Marcuse, 1955).

Essa repressão se daria em dois níveis: o filogenético, alicerçado

nas fantasias de castração advindas da civilização repressiva desde a horda

primitiva, e o ontogenético que corresponde à evolução do indivíduo

reprimido desde seus primeiros anos de vida até sua existência social

consciente. Entretanto, suaviza Freud, a repressão, o aniquilamento da

pulsão, não é a única saída que o ser humano tem para lidar com a

infelicidade que ocorre sempre que a descarga pulsional não é possível.

Lembra-nos ele que; a fim de combater a infelicidade sobrevinda do próprio

corpo, do mundo externo e, a mais penosa de todas, a que advém dos

nossos relacionamentos com os outros seres humanos; podemos também

13

lançar mão de outros mecanismos: o controle e postergação da satisfação

pulsional-princípio de realidade – ou a sublimação.

Todavia parece que Freud não estava, de fato, convencido de que

pudéssemos ser felizes com qualquer dessas estratégias. Com o

aniquilamento da pulsão, refere que o indivíduo atinge tão somente a

felicidade da quietude. Se pensar em controlar a pulsão, reprimi-la, que não

se iluda, pois terá de satisfazê-la mais tarde. Caso opte pela sublimação,

Freud adverte que, mesmo para os poucos que possuem dotes e

disposições especiais para sublimar suas pulsões, o método não

proporciona uma proteção completa contra o sofrimento e habitualmente

falha quando a fonte do sofrimento é o próprio corpo da pessoa. (Freud,

1930). Deduz-se daí que o ‘ego’ inevitavelmente fracassa na tarefa de pôr

em harmonia as demandas pulsionais e as exigências do superego; sem

conciliação, o ego (ao menos o ‘ego civilizado’), está fadado à infelicidade.

Quanto ao superego, a constituição moral do sujeito freudiano tem

nele sua origem, no sentimento de culpa. Freud não me parece claro ao

descrever as qualidades afetivas, “o humor” deste sentimento. Quando

afirma que o sentimento de culpa é a própria pulsão destrutiva dirigida contra

o ego (a maldade original internalizada sobre a forma de superego), faz-nos

supor o caráter ambíguo (persecutório – depressivo) do sentimento de culpa.

Em Totem e Tabu (1913) Freud assevera que tal sentimento de

culpa (origem dos vínculos sociais) é derivado do parricídio originário. A que

espécie de culpa Freud se refere aqui? O autor descreve a ambivalência que

antecede o seu surgimento, sugerindo tratar-se de uma culpa depressiva,

14

baseada na consideração pelo objeto. Entretanto, tudo o mais da tese

freudiana do assassinato do pai primevo faz-nos supor o caráter

persecutório de tal sentimento. As ansiedades relacionadas às fantasias

filogenéticas que cercam tal evento não denotam preocupação com o objeto.

Trata-se de ameaças ao sujeito, que se submete às leis do pai,

internalizadas após o crime, a fim de evitar a castração. Diz Marcuse:

“ ... O pai primevo, como arquétipo da dominação, inicia uma

reação em cadeia de escravização, rebelião e dominação reforçada, que

caracteriza a história da civilização... O indivíduo escravizado introjeta seus

senhores e suas ordens no próprio aparelho mental” (Marcuse, 1968).

Essa destrutividade dirigida para dentro (para o ego) constitui o

âmago moral do sujeito freudiano.

Segundo Freud, um processo semelhante acompanha o

desenvolvimento ontogenético do indivíduo, sendo que no período inicial da

infância essa coerção é exercida pelos pais e outros educadores. Tanto as

interdições, quanto a coerção que as acompanha são gradativamente

internalizadas através das identificações parentais. Com o desfecho do

Complexo de Édipo nosso agente moral, o superego, assume para si essa

função coercitiva e a inclui entre seus mandamentos.

“... É só por esse meio que a criança se torna um ser moral e

social.” (Freud, 1930).

Hanly (1995) chama nossa atenção para os trabalhos de Freud ‘O

Ego e o Id’ (1923) e ‘A Perda da Realidade na Neurose e na Psicose’ (1924),

15

onde este autor estabelece um paralelo entre as funções do superego

(consciência moral) e o conceito de imperativos categóricos de Kant,

afirmando que o Imperativo Categórico de Kant é assim o herdeiro do

Complexo de Édipo. Hanly vê semelhança entre as duas morais (kantiana e

freudiana), pois, segundo ele, como na lei kantiana o dever se sobrepõe aos

interesses individuais do sujeito. O superego impõe o dever de repudiar o

prazer agressivo de triunfar sobre o pai no sentido de obter a mãe para si.

(Hanly, 1995).

Parece-me entretanto que há diferenças fundamentais entre as

duas ‘morais’ (kantiana e freudiana). Já no emprego do termo

IMPERATIVOS CATEGÓRICOS, por Freud, revelam-se compreensões

distintas sobre a ‘lei moral’. Freud utilizou-se do conceito kantiano

IMPERATIVOS CATEGÓRICOS, para nomear uma conduta que pela teoria

de Kant, se baseia em Imperativos Hipotéticos (que contém uma

condicional). O leimotiv da moral do sujeito freudiano seria: Na hipótese de

vir a ser castrado, pelo meu pai... opto por abrir mão de minha mãe. O

sujeito freudiano desconhece a lei moral pura (kantiana), do agir por respeito

ao dever. Segundo essa:

“Resulta precisamente o contrário do princípio da moralidade

tomar o princípio da própria felicidade qual motivo determinante da vontade”

(Kant, 1735).

Toda lei moral deve tratar as outras pessoas como fins em si

mesmos, nunca meramente como meios.

16

“Devo ser honesto porque tenho o dever de ser honesto, quer seja

de meu interesse ou não”. (Kant, 1735).

O superego da teoria freudiana, ao contrário, age sob o princípio

de realidade com o intuito de satisfazer seus interesses, gratificação

pulsional, e evitar a retaliação.

Retornando aos precursores da moral, suas origens filogenéticas,

alguns autores mencionam o caráter contratual da civilização na teoria de

Freud, à semelhança das teorias filosóficas de Hobbes7 e Rousseau. (Hanly,

1995; Rinaldi, 1996), sendo que para Doris Rinaldi, a originalidade da

concepção freudiana está no fato de compreender este contrato como tendo

sido fundado por um crime.

“... Um ato memorável e criminoso, que foi o começo de tantas

coisas: da organização social, das restrições morais...” (Freud, 1913).

“A sociedade (segundo Freud) passa a existir a partir de um ato

fundador ... do qual deriva o contrato suscitado pelo sentimento de culpa, em

virtude do crime cometido em comum e pela necessidade de impedir a sua

repetição”. (Rinaldi, 1996).

Com base nestas concepções, a psicanálise freudiana referente à

gênese da moralidade, proporciona um entendimento naturalista para os

princípios egocentrados do comportamento humano, concluindo que nossa

motivação para a conduta ética é essencialmente egoísta.

7 “Ela (a moralidade) não tem raízes constitucionais na natureza humana ... (sendo)... um artefato fundamental na medida em que possibilita todos os outros artefatos da sociedade, da cultura e da ciência, através da regulamentação da agressão intra-específica, tornando a cooperação possível nas tarefas de aperfeiçoamento da condição humana.” (Thomas Hobbes, Leviatã, 1651).

17

Das possibilidades altruístas do indivíduo humano

Altruísmo é etmologicamente “alter”, alteridade, reconhecimento

do outro. O altruísmo é objetal, e pressupõe o compartilhamento entre dois

“sujeitos” – a intersubjetividade.

O altruísmo para Sigmund e Anna Freud: Assim como S. Freud,

Anna Freud não compreendia o altruísmo como inerente à natureza humana.

Segundo ela, trata-se de um mecanismo de defesa do ego que possibilita

aos indivíduos humanos adiar a gratificação pulsional em favor de outras

pessoas. Anna Freud chama este mecanismo de “rendição altruísta”. (Anna

Freud, 1946).

O ego e o bom objeto de Melanie Klein

Melanie Klein não faz referência ao “altruísmo primário”, em sua

obra. Inversamente, grande parte de suas contribuições ao estudo da

natureza humana dizem respeito aos desenvolvimentos de sua tese sobre a

“inveja” como sentimento primário do ser humano – subproduto da pulsão de

morte – tomada aqui por suas qualidades destrutivas.

Todavia, idéias kleinianas tais como da inexistência de um

período inicial de desconhecimento por parte do sujeito da presença do

‘outro’, relações de objeto interno precoces, viabilizam, uma compreensão

psicanalítica de teses, filosóficas, que sustentam a noção da existência de

um altruísmo compatível com a natureza dos indivíduos, humanos.

Mencionarei alguns trabalhos de Klein onde seus questionamentos a

respeito da própria teoria das posições e correspondentes ansiedades me

18

parecem enriquecer sobremaneira a compreensão da origem da

preocupação com o outro: Conceito fundamental para o estudo da ética

humana. A partir de seu trabalho ‘Notas Sobre Alguns Mecanismos

Esquizóides’ (1946) seus aprofundamentos na compreensão dos

mecanismos de projeção e introjeção levaram-na à noção de uma maior

interpenetração entre as formas persecutórias e depressivas da ansiedade,

concluindo não só a existência de ansiedades depressivas na posição

esquizoparanóide (portanto mais precoces do que supunha até então),

quanto a possibilidade de tais ansiedades estarem vinculadas à objetos

parciais ou à partes do self tomadas como objetos, ou melhor, quase

objetos. (Petot, 1992).

No artigo de 1948, ‘Sobre a Teoria da Ansiedade e da Culpa’

Klein enfatiza a presença de “bons” sentimentos, de amor pelo objeto e de

tendência para a reparação no lactente muito pequeno.

Se por um lado Klein vincula, e quase condicione, o amor

generoso à gratidão ao objeto que proporciona satisfação e, ou à

necessidade de reparar os danos causados à este (generosidade secundária

à satisfação ou à destruição) ela também assinala, como referido acima, a

existência de uma preocupação com o objeto, o outro, já na origem do

psiquismo humano. A noção de que muito precocemente (PS) pode-se

constatar a existência de preocupação com o objeto, culpa não-

persecutória*, (culpa pelo sentimento alheio) dirigidos a objetos parciais

parece indicar a possibilidade de que o altruísmo, seja algo inato no

* Talvez se pudesse supor aqui a existência de um sentimento de culpa ocasionado pela sensação do ainda

não feito de bom, mais do que pelo já feito de mau.

19

indivíduo. Abre-se a perspectiva de considerar o comportamento ético como

próprio da natureza humana, inerente ao indivíduo, original, e não tão

somente um artefato da civilização.

Por exemplo, para Thomas Nagel, o princípio do altruísmo está

fundamentado na concepção que o sujeito tem de si como meramente uma

pessoa entre outras. O altruísmo, diz ele, não se constitui numa disposição

afetiva. Sua possibilidade de existir independe da bondade humana, estando

sua origem vinculada à capacidade cognitiva do sujeito de se perceber

simultaneamente como “eu” e como “alguém”, ou seja, um indivíduo

especificável impessoalmente.

“Se o sujeito for capaz de reter (em sua mente) a dupla

concepção de si próprio como ‘eu’ e como ‘alguém’, ele possui (admite; deve

aceitar) certas condições formais de raciocínio exigidas pelo altruísmo”.

(Nagel, 1970).

Se, como assegura Nagel, o altruísmo depende

fundamentalmente do reconhecimento da realidade da existência do objeto

(existência subjetiva, onde o objeto é percebido como um outro sujeito além

do sujeito) e da equivalente capacidade de reconhecer-se como meramente

um indivíduo entre tantos, podemos concluir que o sujeito kleiniano é

potencialmente altruísta, já que para Melanie Klein a noção de objeto (objeto

interno; outro sujeito) e da relação objetal permeia a subjetividade do

indivíduo humano desde seu nascimento. Na medida em que o sujeito

reconhece a existência subjetiva do objeto, ou seja, percebe o outro como

20

sujeito na relação, nenhum outro processo psíquico precisa segundo Nagel

ocorrer para que nele se estabeleça a disposição altruísta.

Recorro novamente à tese de Heidegger sobre o ‘ser’, na qual ele

concebe o altruísmo não como uma contingência, mas como algo inerente à

própria existência do sujeito humano.

A condição que Heidegger designa ‘ser-no-mundo’ deve ser

entendida como a situação do cuidado. O cuidado é o ‘cuidar-do-outro’, a

solicitude própria do ‘ser-aí’. Existir é Ter-que-se-ocupar do ente

intramundando, preocupado e solícito com os outros. (Heidegger, 1927).

Em seu estudo Ética e finitude Loparic sublinha a relevância e o

caráter inovador da filosofia heideggeriana no que diz respeito à tese do

indivíduo como capaz de conceber-se como ser mortal, finito e de que ser

justamente essa percepção que possibilita ao sujeito ser genuinamente

ético9. (Loparic, 1995).

“... Um ente que tem interesses fundamentais num dever, sabe de

si como quem ainda-não-cumpriu, e se questiona sobre aquilo que possa ser

o seu dever. Esse ‘ainda-não’ de um cumprimento ainda indeterminado é

testemunha de que um ente, cujo interesse se prende a um dever, é finito no

seu próprio fundamento”. (Heidegger, 1927; in Loparic, 1995).

9 Faz parte do ser-aí, ser-no-mundo, a possibilidade da impossibilidade, ou seja o ‘ser-para-a-morte’; a possibilidade de não mais ser, de não mais haver possibilidades. Essa noção da própria mortalidade é fundamental para a constituição ética do sujeito heideggeriano. O que difere do princípio de ‘transcendência’, de imortalidade como propósito da conduta moral de outras teorias filosóficas, e que, parece-me, também alicerçar a teoria freudiana. Sem poder me estender no assunto, refiro apenas a hipótese de que haja exigências de equivalência entre o próprio indivíduo e Deus (Deus-pai; pai-primevo Deus) no ‘ideal de ego’ do sujeito freudiano. Como Deus, o sujeito ético freudiano almeja a imortalidade, e por ele, por este ideal submeter-se à moral.

21

Além da própria finitude, a ética existencialista supõe o

reconhecimento do outro como ser finito. Ser solícito significa cuidar do outro

como acontecência finita.

Cabe ainda explicar no que consiste o altruísmo, a solicitude, o

cuidar. Cuidar, do outro segundo Heidegger, é criar condições para o ser-si-

mesmo’ do outro; lidar com ele de maneira a possibilitar o seu

desvelamento, o seu existir autêntico.

“O homem ético, no sentido de Heidegger, não busca o prazer,

fugindo da dor. Nem tampouco, ... insiste na dor contra o prazer. Ele não dá

preferência à eternidade contra a transitoriedade. Ele escolhe antes

transcender o prazer e o desprazer, a vida e a morte, para deixar que

aconteça (ser autêntico e permitir isso ao outro)... A ética de Heidegger não

oferece regras para dirigir os cursos da ‘ação moral’, destinada a corrigir ou

suprimir o finito (o imperfeito, o inacabado): ela é uma ética do ‘morar’, (ser-

no-mundo)”. (Loparic, 1995).

O bem-estar na civilização

Finalizando, penso que a desmistificação do ser humano através

do aprofundamento na compreensão das motivações inconscientes para o

seu funcionamento moral foi, sem dúvida, um passo importante dado pela

psicanálise freudiana. Entretanto, não me parece que devamos seguir

atrelados à noção que remete toda a origem motivacional da nossa conduta

ao narcisismo, à satisfação pulsional. Creio que não seguiremos avançando

22

na compreensão de nosso psiquismo se tomar-mos por princípio que toda

atitude altruísta está baseada em formação reativa, masoquismo ou

narcisismo moral. Pensar na possibilidade de um altruísmo inato no

indivíduo humano não me parece ingenuidade. Da mesma forma, cogitar

que nossa conduta, quando ética, possa estar sustentada por tais princípios

não me soa idealista. Entendo que o sujeito é ético na medida em que seu

comportamento é essencialmente motivado pelo intuito de possibilitar a

existência do outro da forma mais autêntica possível. Ser (altruísta) é deixar

que os outros também ‘sejam’, e ser feliz assim. Ter ‘cada um’ como

‘alguém’, e fundamentalmente alguém alcançável, torna crível a

possibilidade intrínseca do ser humano de ter prazer com o prazer do outro.

A fim de aproximar a ética do humano melhor seria falar em “estado mental

ético”. Aquele “bem-estar” que permeia a experiência emocional do sujeito

quando este se reconhece agraciado exclusivamente pela percepção do

prazer do outro.

Por que pensar que em relação à humanidade...

... “só nos resta esperar que o outro dos dois ‘Poderes Celestes’,

o eterno Eros, desdobre suas forças para se firmar na luta com seu não

menos imortal adversário (Tanatos)”. (Freud, 1930).

Quem sabe podemos tomar como verdadeira a afirmação de Kant

de que ...

... “no bem-estar alheio encontramos nós não somente um prazer

natural, mas, também, uma necessidade...”. (Emmanuel Kant, 1787).

23

BIBLIOGRAFIA ALBERONI, Francesco; VECA, Salvatori. (1988). O Altruísmo e a Moral. Rio

de Janeiro: Rocco, 1990. BEAUVOIR, Simone. (1946). Todos os Homens são Mortais. Rio de Janeiro:

Nova Fronteira, 1983. FREUD, Anna. (1946). O Ego e os Mecanismos de Defesa. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1996. CAP. 10: Uma Forma de Altruísmo. FREUD, Sigmund. Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de

Janeiro: Imago, (1980). ____. (1895). Projeto para uma Psicologia Científica. Obras Psicológicas

Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, (1980). ____. (1913). Totem e Tabu. Obras Psicológicas Completas de Sigmund

Freud. Rio de Janeiro: Imago, (1980). ____. (1916[1917]). A Teoria da Libido e o Narcisismo. Obras Psicológicas

Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, (1980). ____. (1927). O Futuro de uma Ilusão. Obras Psicológicas Completas de

Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, (1980). ____. (1930). O Mal-estar na Civilização. Obras Psicológicas Completas de

Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, (1980). GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. (1990). O Mal Radical em Freud. Rio de

Janeiro: Zahar, 1997. HANLY, Charles. O Problema da Verdade na Psicanálise Aplicada. Rio de

Janeiro: Imago, 1995. HEIDEGGER, Martin. (1927). Ser e Tempo. Parte I - 9 ed. Petrópolis:

Vozes, 2000. HOBBES, THOMAS. (1651). Leviatan-o la Materia, Forma y Poder de Una

Republica Eclesiástica y Civil. México: Fondo de Cultura Econômica, 1998.

KANT, Emmanuel. (1787). Crítica da razão Prática. Rio de Janeiro: Ediouro,

1998. KLEIN, Melanie. (1948). Envidia e Gratitud y Outros Trabajos. Obras

Completas Melanie Klein. Buenos Aires: Paidós, 1987, v. 3. Cap. 2: Sobre la Teoria de la Ansiedad y la Cuba.

24

LOPARIC, Zeljko. Ética e Finitude. São Paulo: EDUC, 1995. MARCUSE, Herbert. (1966). Eros e Civilização - uma interpretação filosófica

do pensamento de Freud. Rio de Janeiro: Zahar, 1968. NAGEL, Thomas. (1970). The Possibility of Altruim. New Jersey: Princeton

University Press, 2000. PETOT, Jean-Michel. Melanie Klein - O ego e o bom objeto - 1932-1960.

São Paulo: Perspectiva, 1992. RINALDI, Dóris. (1996). A Ética da Diferença - Um debate entre psicanálise

e antropologia. Rio de Janeiro. Anna Luiza Kauffmann Av. Palmeira,559 ap: 201 90470-300- Porto Alegre-RS-Brasil E-mail: [email protected]