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Fepal - XXIV Congreso Latinoamericano de Psicoanálisis - Montevideo, Uruguay “Permanencias y cambios en la experiencia psicoanalítica" – Setiembre 2002 CADA UM ... ALGUÉM:*
SOBRE A POSSIBILIDADE DE UMA ÉTICA ALTRUÍSTA Anna Luiza Kauffmann – candidata SPPA.
*Trabalho apresentado no seminário “Obra de Freud IV”, sob a coordenação do Dr. Paulo Martins Machado. Setembro 2000.
Ao mestre, Paulo Machado, com carinho.
( In memoriam)
Introdução
Acreditava Freud, que a felicidade não se tratasse um valor cultural
e que o homem social fosse essencialmente alguém triste, infeliz. “O Mal-
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Estar na Civilização” (Freud, 1930) ou (“A Infelicidade na Cultura”, - título
sugerido anteriormente por Freud) conta-nos que a ‘vida alheia’ é
fundamentalmente, para o indivíduo social, motivo de angústia, resignação e
sofrimento.
De fato Freud responsabiliza a civilização pela infelicidade humana,
e, ao mesmo tempo, culpa o homem, individualmente, por suas mazelas.
Segundo ele, cada ser humano é, por natureza, destrutivo e egoísta e como
tal, responsável pelas infelicidades da civilização da qual é parte inerente:
“Homo – homini – lupus”, conclui ele.
Freud pensava ainda, que a civilização ; restritiva, vingativa e cruel;
é um mal necessário para a contenção da destrutividade humana. (Marcuse,
1966). Cada indivíduo tem a civilização que merece.
Pensando assim, a teoria freudiana concebeu um sujeito
originalmente destrutivo, egoísta e desesperançado.
Seria a constatação da maldade intrínseca, do primário egoísmo
humano, a razão da desesperança do sujeito freudiano, ou, ao contrário,
desesperançado, o sujeito freudiano ter-se-ia enclausurado no reino da auto-
satisfação pulsional, numa busca desesperada de felicidade, e daí surgido a
idéia do “princípio do prazer”, como motivação maior para a sua conduta?
Existem semelhanças entre as teorias sociais de Freud e Hobbes
(Hanly, 1995). O ‘homo-homini-lupus’ tal qual ‘Leviatã’, (o monstro integrado
por seres humanos) é essencialmente egoísta, destrutivo e igualmente
precisa ser domado em prol da civilização.
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Segundo Hobbes, a lei fundamental da natureza humana ordena
que:
“cada homem deve esforçar-se pela paz, enquanto tiver esperança
de alcançá-la: e quando não puder obtê-la, deve buscar todas as ajudas e
vantagens da guerra”. (Hobbes, 1651).
Pensando assim, a ‘paz’ seria o objetivo humano, sua lei natural.
Porém, há uma condicional, ou seja, para que este objetivo seja mantido é
imprescindível que haja esperança. Visto por outro ângulo, a civilização só é
fonte de felicidade para o homem que tem esperança.
Seria então a esperança a trava natural para a também natural
destrutividade humana? Poderíamos supor que, ‘o homo-homini-lupus’, o
leviatã da psicanálise, é produto da desesperança?
Se assim for, no que consiste tal desesperança? Em que se baseia
a ‘desesperança fundamental’ da teoria freudiana, que entende o egoísmo –
como sentimento primário e preponderante na motivação da conduta e
moralidade humanas?
Penso, como tentarei explicar adiante, que a tese do “perpétuo não-
encontro com o objeto” (objeto em si – ‘das ding’) justifique em grande parte
a desesperança; esta sim, primária; e o conseqüente egoísmo do sujeito
freudiano.
O ‘homo-homi-lupus’ seria então um homem desiludido e seu
egoísmo, o resultado de seu desencanto pela impossibilidade de encontro
com o objeto, com o ‘outro sujeito’.
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A idéia central deste trabalho é expor e questionar os alicerces
pessimistas da teoria freudiana que fecundam a tese da ética egoísta e que
a tomam como única moral compatível com a natureza humana.
Compreendendo que tais fundamentos têm origem na concepção de
objeto, inalcansável como ‘sujeito’, como ‘outro’, e na conseqüente
destinação do desesperançado sujeito freudiano a deixar-se reger pelo
princípio do prazer como saída exclusiva para a felicidade. Busco, nas
teorias dos autores citados, fundamentações para se supor a ética altruísta
como algo possível à natureza humana. Contrário ao que possa parecer,
não pretendo aqui buscar na civilização, os responsáveis pelos “distúrbios”
éticos nos indivíduos humanos. Penso não ser culpa da civilização, do outro,
nem tão pouco mérito desta, nossa consciência ou inconsciência moral.
Possivelmente por vício de pensamento de caráter e de profissão,
sigo inconforme com teorias que, a meu ver, parcializam o entendimento do
homem ao não contemplarem sua natureza com a ‘possibilidade’ altruísta.
Fundamentalmente gostaria de compartilhar minhas inquietações
sobre o ‘Estar’ (‘Mal-estar’ ou ‘bem-estar’) como um sentimento, um estado
afetivo, produzido pelo reconhecimento da existência do ‘outro’ que a
civilização nos impõe, e/ou, com o qual nos agraça.
O conceito de objeto na teoria freudiana: a tese do não- encontro perpétuo
5
Aos empréstimos tomados da metafísica Freud acrescenta, para a
criação da teoria psicanalítica, sua forma de conceber os sujeitos e as
interações entre estes aprofundando-se na compreensão do inconsciente.
Em seu conceito de ‘objeto’, por exemplo, tal qual Kant, Freud
adere à proposta da existência de objetos absolutos (coisas-em-si),
inacessíveis ao conhecimento, à experiência possível. Ambos entendem que
na medida em que a coisa-em-si se coloca diante da nossa percepção ela se
transforma no ‘objeto-em-si’. Entretanto, se para Kant este novo ente, o
‘objeto-em-si’ é real, mesmo levando-se em conta suas determinações
subjetivas. Para Freud, diferentemente, o objeto (objeto-em-si) não possui
estatuto de realidade pois, tanto quanto a coisa-em-si, segue sendo
inacessível ao sujeito. (Garcia-Roza, 1990). Se para Kant o objeto-em-si
perde a aparência ilusória e satisfaz na medida em que passa a ser ele (e
não a coisa-em-si) o objeto de interesse do conhecimento, o peculiar na
teoria freudiana é a permanência da insatisfação com o objeto. Tal
insatisfação fomente a busca incessante da ‘coisa-em-si’, mantendo-se
assim a inviabilidade do encontro, a impossibilidade da real satisfação com o
outro.
“Dá-se com o das Ding (a coisa) freudiano algo análogo à
Recherche proustiana... Não se trata da busca da Coisa um dia possuída e
depois perdida o objeto perdido, embora nunca o tenhamos tido e que deve
ser reencontrado. Ficamos interminavelmente girando em torno de um
centro que nunca é atingido e que Freud chama de das ding. Essa busca é
governada pelo princípio do prazer (...)”. (Garcia-Roza, 1990).
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Penso que o humor melancólico, nostálgico do sujeito freudiano
(desde sempre interditado de realizar-se no impossível, desejado e
permanentemente buscado encontro com o ‘outro’) possa explicar, em parte,
o pessimismo presente na sua forma de compreender as relações entre os
homens, bem como no fato de Freud conceber o comportamento humano
norteado por um único princípio, o do próprio prazer. Ao mesmo tempo que
afirma que o sentido da vida é o encontro com outro, e que por essa razão
nosso objetivo de vida consistiria em buscá-lo, Freud concebe a existência
humana sem essa conquista, sem o encontro1. Levaríamos uma vida inteira
até nos darmos conta da impossibilidade de alcançar o que almejávamos
desde o início. Nesse meio tempo, trataríamos de dar algum sentido à vida
através da satisfação de nossas pulsões, simulando, via ação específica, o
irrealizável encontro com o outro.
Freud explica que sob a influência do princípio do prazer,
procuramos...
“... diversões poderosas que nos permitam minimizar nossa
miséria, gratificações substitutivas que a diminuam...”(Freud, 1927).
É como se o ‘princípio’ do prazer freudiano fosse menos um
princípio e mais uma ‘saída’.
1 Freud acreditava que a vida humana não tem em si nenhum propósito. “A idéia de a vida humana possuir
um propósito se forma e desmorona com o sistema religioso”. O Objetivo da vida de cada indivíduo é
“...ausentar-se de sofrimento e desprazer, ao mesmo tempo que experimentar intensos sentimentos de prazer... A vida do homem dimensiona-se sempre, de um modo geral ou mesmo exclusivo, a um desses objetivos... O que decide o propósito da vida é simplesmente o programa do princípio do prazer... Esse princípio domina o funcionamento do aparelho psíquico desde o início... Não pode haver dúvida sobre sua eficácia”. (Freud, 1930).
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Talvez seja possível também pensarmos a partir deste enfoque
mais uma razão para que o objeto freudiano seja essencialmente objeto da
pulsão. Se como ‘sujeito’ o objeto da busca (a coisa-em-si) é inacessível,
como ‘objeto (gratificação pulsional), ao contrário, ele está disponível e pode
ser encontrado, bastando para isso que nos deixemos guiar pelo princípio do
prazer, ou, se preciso, por seu correlato o ‘princípio de realidade’ que é
ainda o princípio do prazer, só que em consonância com as exigências
externas.
Na teoria freudiana a compreensão da ética encontra-se
impregnada por esse pessimismo em relação à natureza humana,
fundamentando-se na noção de que a única moral possível ao homem seria
a moral da conveniência, própria de uma ética egoísta que visa apenas
contemplar o próprio sujeito da conduta.
Fico com a impressão de que é como se para Freud a essência
do outro, sua ‘alma’ ficasse para sempre aderida à coisa-em-si, não vindo
jamais a fazer parte do objeto-em-si apreensível pelo sujeito. Perdido ‘para
sempre’ na sua essência, restar-nos-ia do outro, apenas o ‘objeto’ e
portanto, a possibilidade de utilizá-lo de acordo com os interesses de nossas
pulsões. Haveria somente um sujeito – logo, apenas um ‘desejo’. Não se
trataria propriamente de um vínculo entre sujeitos, mas da ação de um
sujeito que toma a si próprio como fim último de sua conduta, levada a cabo
através da relação com o objeto.
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O ‘encontro’ como origem do sujeito.
Insatisfeito com as concepções metafísicas sobre o homem, e
contrário à dicotomia sujeito e objeto, Heidegger os concebe como
integrantes de um único todo; o sujeito é o objeto que é também sujeito;
compreendendo o ‘ser’ humano a partir de uma nova ontologia. Sendo
ontológico aquilo que possibilita as várias maneiras de algo tornar-se
manifesto, presente, sentido, e existência, o que emerge, que se desvela,
para Heidegger existir ontologicamente, ‘ser’, é a maneira como alguma
coisa ou alguém é percebido, compreendido e finalmente conhecido para o
ser humano, para o ‘ser-aí’ ou ‘Dasein’. Nós humanos nos percebemos e
percebemos os outros na medida em que ‘somos-aí’. Mas em que consiste o
‘ser-aí’, o humano? Consiste em ‘ser-no-mundo’, ‘ser-com-os-outros’, ‘ser-si-
mesmo’. “Ser-no-mundo” corresponde às múltiplas maneiras, possibilidades,
que o homem vive ou pode viver. Os vários modos como ele se relaciona e
atua com os entes que a ele se apresentam. “Ser-com” é um componente
fundamental e original do ser-aí do existir humano, significando ‘ser-junto’ a
algo ou alguém, na presença do outro. “Ser-com-os-outros” é nossa forma
genuína de ser e diz respeito a como atuamos, sentimos, e pensamos os
outros. O “ser-si-mesmo”, autenticamente, depende e se baseia nos modos
de ser-com-os-outros e consiste em manter-se alguém, (cada um) e alguém-
com-os-outros, na presença de todos (do impessoal, do ninguém).
(Heidegger, Martin, 1927).
Penso que a fenomenologia existencialista fornece uma possibilidade
de enriquecer nossa abordagem das questões do comportamento moral
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humano. Embrenhando-se com sutileza nas delicadas teias das interações
intersubjetivas, Heidegger expõe um outro vértice a ser considerado na
busca de compreensão das origens da constituição do sujeito ético. Digo isto
porque me parece que o sujeito da teoria de Heidegger, é mais “humano”
que o nosso, o da teoria freudiana.
Não me refiro aqui ao adjetivo ‘humano’ (bondoso, generoso;
passivo de erros, etc.), mas sim a ‘mais humano’ no sentido de estar mais
próximo do que seria a ‘natureza’ humana, o primariamente, genuinamente
humano.
Sublinho, a seguir, excertos da obra de Freud onde ele delineia o
nosso sujeito.
Sujeito freudiano, ética e moral3
Segundo a teoria freudiana, a conduta humana não é regida por
princípios éticos. Devido a sua incapacidade original de distinguir o bem do
mal, o homem se submete às leis morais da civilização a custo de garantir a
satisfação de seus impulsos. Por meio desta restrição imposta pelo princípio
de realidade é possível salvaguardar as gratificações exigidas pelo princípio
de prazer. (Rinaldi, 1996).
Em virtude da prematuração, o bebê humano é incapaz de levar a
cabo sozinho a ação específica4, necessitando da ajuda alheia para realizá-
3 “Ética é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto... Diz-se de categorias e valores utilizados na descrição e análise realizadas pelo observador, e que não correspondem, necessariamente, àqueles que vigoram na sociedade ou cultura em estudo... Moral é o
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la. A ‘experiência de satisfação’ está assim marcada pelo desamparo
primordial que caracteriza o ser humano. Para Freud é em função deste
desamparo que nos sujeitamos às exigências morais, às regras de
convivência, de consideração ao alheio aos nossos próprios interesses,
sustentando a tese de que
“... o desamparo inicial dos seres humanos é a fonte de todos os
motivos morais.” (Freud, 1985).
Freud refere que nos primeiros anos de vida nosso psiquismo
está predominantemente ocupado pelo id e que este ignora valores, bem e
mal, esforçando-se unicamente pela satisfação de suas necessidades
pulsionais de acordo com o princípio do prazer.
“O pulsional (freudiano) não contém em si nenhuma indicação
que nos torne capazes de diferenciar o bem do mal”. (Garcia-Roza, 1990).5
A teoria freudiana, pulsional, invalida a possibilidade de existência
de preocupação, respeito e consideração como o outro, como originais ao
ser humano, pois estas seriam atribuições do superego (como causa e
conseqüência da ação repressiva do ego surgidas posteriormente no
indivíduo por força da realidade externa. Não havendo superego, não há
ética. Soma-se a isso a inexistência, na teoria freudiana do Amor
conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.” (Novo Aurélio, 2000). 4 Ação específica: alteração do mundo externo (fornecimento de alimento, aproximação do objeto sexual) necessária à suspensão provisória da estimulação interna e permanente dos neurônios (pulsão). 5 Diferentemente de Freud, Davi Hume sustenta a tese da existência de um instinto ou tendência direta (não mediada pela civilização ou por interesses próprios do ser humano em buscar a satisfação do outro, uma espécie de pulsão altruísta na qual se baseia sua conduta ética. ( Hume, ‘Uma investigação sobre os Princípios da Moral”, 1751).
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propriamente dito como atributo da natureza humana. O amor libidinal não é,
por definição, amor pelo outro. Sentimentos de ternura, consideração,
‘amizade’ só são possíveis ao ser humano quando Eros, o pulsional, é
inibido em sua meta. Segundo Freud, o amor verdadeiro entre os humanos é
excepcional, só existindo entre a mãe e seu filho homem.
Em O Mal-estar na Civilização (1930), ele descreve o id dominado
por pulsões destrutivas, afirmando a existência de uma destrutividade
autônoma, não vinculada à pulsão sexual, o que corresponde à tese
filosófica do mal radical do homem. (Garcia-Roza, 1990). Diz ele:
“a inclinação agressiva é uma disposição autônoma, originária do
ser humano... os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas
e que , no máximo, podem defender-se quando atacadas; pelo contrário, são
criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa
quota de agressividade. Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não
apenas um ajudante potencial ou um objeto sexual, mas também alguém
que os tenta a satisfazer sobre ele a sua agressividade, a explorar sua
capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu
conhecimento, apoderar-se de suas posses, humilhá-lo, causar-lhe
sofrimento, torturá-lo e matá-lo. – Homo homini lupus.” (Freud, 1930).
Reportando-se ao ego, Freud atesta que a repressão é o
mecanismo de defesa por excelência da moralidade humana do qual aquele
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se utiliza a fim de lidar com o antagonismo irremediável entre as exigências
da pulsão e as restrições da civilização, entre o id e o superego.
“A história do homem é a história da sua repressão, (por essa
razão) o conceito de homem que emerge da teoria freudiana é a mais
irrefutável acusação à civilização... e, ao mesmo tempo a mais inabalável
defesa desta... A cultura coage tanto a existência social como a biológica,
não só partes do ser humano, mas também sua própria estrutura instintiva.
Contudo, essa coação é a própria pré-condição do progresso. Se tivessem
liberdade de perseguir seus objetivos naturais, os instintos básicos do
homem seriam incompatíveis com toda a associação e preservação
duradoura: destruiriam até aquilo a que se unem ou em que se conjugam.”
(Marcuse, 1955).
Essa repressão se daria em dois níveis: o filogenético, alicerçado
nas fantasias de castração advindas da civilização repressiva desde a horda
primitiva, e o ontogenético que corresponde à evolução do indivíduo
reprimido desde seus primeiros anos de vida até sua existência social
consciente. Entretanto, suaviza Freud, a repressão, o aniquilamento da
pulsão, não é a única saída que o ser humano tem para lidar com a
infelicidade que ocorre sempre que a descarga pulsional não é possível.
Lembra-nos ele que; a fim de combater a infelicidade sobrevinda do próprio
corpo, do mundo externo e, a mais penosa de todas, a que advém dos
nossos relacionamentos com os outros seres humanos; podemos também
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lançar mão de outros mecanismos: o controle e postergação da satisfação
pulsional-princípio de realidade – ou a sublimação.
Todavia parece que Freud não estava, de fato, convencido de que
pudéssemos ser felizes com qualquer dessas estratégias. Com o
aniquilamento da pulsão, refere que o indivíduo atinge tão somente a
felicidade da quietude. Se pensar em controlar a pulsão, reprimi-la, que não
se iluda, pois terá de satisfazê-la mais tarde. Caso opte pela sublimação,
Freud adverte que, mesmo para os poucos que possuem dotes e
disposições especiais para sublimar suas pulsões, o método não
proporciona uma proteção completa contra o sofrimento e habitualmente
falha quando a fonte do sofrimento é o próprio corpo da pessoa. (Freud,
1930). Deduz-se daí que o ‘ego’ inevitavelmente fracassa na tarefa de pôr
em harmonia as demandas pulsionais e as exigências do superego; sem
conciliação, o ego (ao menos o ‘ego civilizado’), está fadado à infelicidade.
Quanto ao superego, a constituição moral do sujeito freudiano tem
nele sua origem, no sentimento de culpa. Freud não me parece claro ao
descrever as qualidades afetivas, “o humor” deste sentimento. Quando
afirma que o sentimento de culpa é a própria pulsão destrutiva dirigida contra
o ego (a maldade original internalizada sobre a forma de superego), faz-nos
supor o caráter ambíguo (persecutório – depressivo) do sentimento de culpa.
Em Totem e Tabu (1913) Freud assevera que tal sentimento de
culpa (origem dos vínculos sociais) é derivado do parricídio originário. A que
espécie de culpa Freud se refere aqui? O autor descreve a ambivalência que
antecede o seu surgimento, sugerindo tratar-se de uma culpa depressiva,
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baseada na consideração pelo objeto. Entretanto, tudo o mais da tese
freudiana do assassinato do pai primevo faz-nos supor o caráter
persecutório de tal sentimento. As ansiedades relacionadas às fantasias
filogenéticas que cercam tal evento não denotam preocupação com o objeto.
Trata-se de ameaças ao sujeito, que se submete às leis do pai,
internalizadas após o crime, a fim de evitar a castração. Diz Marcuse:
“ ... O pai primevo, como arquétipo da dominação, inicia uma
reação em cadeia de escravização, rebelião e dominação reforçada, que
caracteriza a história da civilização... O indivíduo escravizado introjeta seus
senhores e suas ordens no próprio aparelho mental” (Marcuse, 1968).
Essa destrutividade dirigida para dentro (para o ego) constitui o
âmago moral do sujeito freudiano.
Segundo Freud, um processo semelhante acompanha o
desenvolvimento ontogenético do indivíduo, sendo que no período inicial da
infância essa coerção é exercida pelos pais e outros educadores. Tanto as
interdições, quanto a coerção que as acompanha são gradativamente
internalizadas através das identificações parentais. Com o desfecho do
Complexo de Édipo nosso agente moral, o superego, assume para si essa
função coercitiva e a inclui entre seus mandamentos.
“... É só por esse meio que a criança se torna um ser moral e
social.” (Freud, 1930).
Hanly (1995) chama nossa atenção para os trabalhos de Freud ‘O
Ego e o Id’ (1923) e ‘A Perda da Realidade na Neurose e na Psicose’ (1924),
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onde este autor estabelece um paralelo entre as funções do superego
(consciência moral) e o conceito de imperativos categóricos de Kant,
afirmando que o Imperativo Categórico de Kant é assim o herdeiro do
Complexo de Édipo. Hanly vê semelhança entre as duas morais (kantiana e
freudiana), pois, segundo ele, como na lei kantiana o dever se sobrepõe aos
interesses individuais do sujeito. O superego impõe o dever de repudiar o
prazer agressivo de triunfar sobre o pai no sentido de obter a mãe para si.
(Hanly, 1995).
Parece-me entretanto que há diferenças fundamentais entre as
duas ‘morais’ (kantiana e freudiana). Já no emprego do termo
IMPERATIVOS CATEGÓRICOS, por Freud, revelam-se compreensões
distintas sobre a ‘lei moral’. Freud utilizou-se do conceito kantiano
IMPERATIVOS CATEGÓRICOS, para nomear uma conduta que pela teoria
de Kant, se baseia em Imperativos Hipotéticos (que contém uma
condicional). O leimotiv da moral do sujeito freudiano seria: Na hipótese de
vir a ser castrado, pelo meu pai... opto por abrir mão de minha mãe. O
sujeito freudiano desconhece a lei moral pura (kantiana), do agir por respeito
ao dever. Segundo essa:
“Resulta precisamente o contrário do princípio da moralidade
tomar o princípio da própria felicidade qual motivo determinante da vontade”
(Kant, 1735).
Toda lei moral deve tratar as outras pessoas como fins em si
mesmos, nunca meramente como meios.
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“Devo ser honesto porque tenho o dever de ser honesto, quer seja
de meu interesse ou não”. (Kant, 1735).
O superego da teoria freudiana, ao contrário, age sob o princípio
de realidade com o intuito de satisfazer seus interesses, gratificação
pulsional, e evitar a retaliação.
Retornando aos precursores da moral, suas origens filogenéticas,
alguns autores mencionam o caráter contratual da civilização na teoria de
Freud, à semelhança das teorias filosóficas de Hobbes7 e Rousseau. (Hanly,
1995; Rinaldi, 1996), sendo que para Doris Rinaldi, a originalidade da
concepção freudiana está no fato de compreender este contrato como tendo
sido fundado por um crime.
“... Um ato memorável e criminoso, que foi o começo de tantas
coisas: da organização social, das restrições morais...” (Freud, 1913).
“A sociedade (segundo Freud) passa a existir a partir de um ato
fundador ... do qual deriva o contrato suscitado pelo sentimento de culpa, em
virtude do crime cometido em comum e pela necessidade de impedir a sua
repetição”. (Rinaldi, 1996).
Com base nestas concepções, a psicanálise freudiana referente à
gênese da moralidade, proporciona um entendimento naturalista para os
princípios egocentrados do comportamento humano, concluindo que nossa
motivação para a conduta ética é essencialmente egoísta.
7 “Ela (a moralidade) não tem raízes constitucionais na natureza humana ... (sendo)... um artefato fundamental na medida em que possibilita todos os outros artefatos da sociedade, da cultura e da ciência, através da regulamentação da agressão intra-específica, tornando a cooperação possível nas tarefas de aperfeiçoamento da condição humana.” (Thomas Hobbes, Leviatã, 1651).
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Das possibilidades altruístas do indivíduo humano
Altruísmo é etmologicamente “alter”, alteridade, reconhecimento
do outro. O altruísmo é objetal, e pressupõe o compartilhamento entre dois
“sujeitos” – a intersubjetividade.
O altruísmo para Sigmund e Anna Freud: Assim como S. Freud,
Anna Freud não compreendia o altruísmo como inerente à natureza humana.
Segundo ela, trata-se de um mecanismo de defesa do ego que possibilita
aos indivíduos humanos adiar a gratificação pulsional em favor de outras
pessoas. Anna Freud chama este mecanismo de “rendição altruísta”. (Anna
Freud, 1946).
O ego e o bom objeto de Melanie Klein
Melanie Klein não faz referência ao “altruísmo primário”, em sua
obra. Inversamente, grande parte de suas contribuições ao estudo da
natureza humana dizem respeito aos desenvolvimentos de sua tese sobre a
“inveja” como sentimento primário do ser humano – subproduto da pulsão de
morte – tomada aqui por suas qualidades destrutivas.
Todavia, idéias kleinianas tais como da inexistência de um
período inicial de desconhecimento por parte do sujeito da presença do
‘outro’, relações de objeto interno precoces, viabilizam, uma compreensão
psicanalítica de teses, filosóficas, que sustentam a noção da existência de
um altruísmo compatível com a natureza dos indivíduos, humanos.
Mencionarei alguns trabalhos de Klein onde seus questionamentos a
respeito da própria teoria das posições e correspondentes ansiedades me
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parecem enriquecer sobremaneira a compreensão da origem da
preocupação com o outro: Conceito fundamental para o estudo da ética
humana. A partir de seu trabalho ‘Notas Sobre Alguns Mecanismos
Esquizóides’ (1946) seus aprofundamentos na compreensão dos
mecanismos de projeção e introjeção levaram-na à noção de uma maior
interpenetração entre as formas persecutórias e depressivas da ansiedade,
concluindo não só a existência de ansiedades depressivas na posição
esquizoparanóide (portanto mais precoces do que supunha até então),
quanto a possibilidade de tais ansiedades estarem vinculadas à objetos
parciais ou à partes do self tomadas como objetos, ou melhor, quase
objetos. (Petot, 1992).
No artigo de 1948, ‘Sobre a Teoria da Ansiedade e da Culpa’
Klein enfatiza a presença de “bons” sentimentos, de amor pelo objeto e de
tendência para a reparação no lactente muito pequeno.
Se por um lado Klein vincula, e quase condicione, o amor
generoso à gratidão ao objeto que proporciona satisfação e, ou à
necessidade de reparar os danos causados à este (generosidade secundária
à satisfação ou à destruição) ela também assinala, como referido acima, a
existência de uma preocupação com o objeto, o outro, já na origem do
psiquismo humano. A noção de que muito precocemente (PS) pode-se
constatar a existência de preocupação com o objeto, culpa não-
persecutória*, (culpa pelo sentimento alheio) dirigidos a objetos parciais
parece indicar a possibilidade de que o altruísmo, seja algo inato no
* Talvez se pudesse supor aqui a existência de um sentimento de culpa ocasionado pela sensação do ainda
não feito de bom, mais do que pelo já feito de mau.
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indivíduo. Abre-se a perspectiva de considerar o comportamento ético como
próprio da natureza humana, inerente ao indivíduo, original, e não tão
somente um artefato da civilização.
Por exemplo, para Thomas Nagel, o princípio do altruísmo está
fundamentado na concepção que o sujeito tem de si como meramente uma
pessoa entre outras. O altruísmo, diz ele, não se constitui numa disposição
afetiva. Sua possibilidade de existir independe da bondade humana, estando
sua origem vinculada à capacidade cognitiva do sujeito de se perceber
simultaneamente como “eu” e como “alguém”, ou seja, um indivíduo
especificável impessoalmente.
“Se o sujeito for capaz de reter (em sua mente) a dupla
concepção de si próprio como ‘eu’ e como ‘alguém’, ele possui (admite; deve
aceitar) certas condições formais de raciocínio exigidas pelo altruísmo”.
(Nagel, 1970).
Se, como assegura Nagel, o altruísmo depende
fundamentalmente do reconhecimento da realidade da existência do objeto
(existência subjetiva, onde o objeto é percebido como um outro sujeito além
do sujeito) e da equivalente capacidade de reconhecer-se como meramente
um indivíduo entre tantos, podemos concluir que o sujeito kleiniano é
potencialmente altruísta, já que para Melanie Klein a noção de objeto (objeto
interno; outro sujeito) e da relação objetal permeia a subjetividade do
indivíduo humano desde seu nascimento. Na medida em que o sujeito
reconhece a existência subjetiva do objeto, ou seja, percebe o outro como
20
sujeito na relação, nenhum outro processo psíquico precisa segundo Nagel
ocorrer para que nele se estabeleça a disposição altruísta.
Recorro novamente à tese de Heidegger sobre o ‘ser’, na qual ele
concebe o altruísmo não como uma contingência, mas como algo inerente à
própria existência do sujeito humano.
A condição que Heidegger designa ‘ser-no-mundo’ deve ser
entendida como a situação do cuidado. O cuidado é o ‘cuidar-do-outro’, a
solicitude própria do ‘ser-aí’. Existir é Ter-que-se-ocupar do ente
intramundando, preocupado e solícito com os outros. (Heidegger, 1927).
Em seu estudo Ética e finitude Loparic sublinha a relevância e o
caráter inovador da filosofia heideggeriana no que diz respeito à tese do
indivíduo como capaz de conceber-se como ser mortal, finito e de que ser
justamente essa percepção que possibilita ao sujeito ser genuinamente
ético9. (Loparic, 1995).
“... Um ente que tem interesses fundamentais num dever, sabe de
si como quem ainda-não-cumpriu, e se questiona sobre aquilo que possa ser
o seu dever. Esse ‘ainda-não’ de um cumprimento ainda indeterminado é
testemunha de que um ente, cujo interesse se prende a um dever, é finito no
seu próprio fundamento”. (Heidegger, 1927; in Loparic, 1995).
9 Faz parte do ser-aí, ser-no-mundo, a possibilidade da impossibilidade, ou seja o ‘ser-para-a-morte’; a possibilidade de não mais ser, de não mais haver possibilidades. Essa noção da própria mortalidade é fundamental para a constituição ética do sujeito heideggeriano. O que difere do princípio de ‘transcendência’, de imortalidade como propósito da conduta moral de outras teorias filosóficas, e que, parece-me, também alicerçar a teoria freudiana. Sem poder me estender no assunto, refiro apenas a hipótese de que haja exigências de equivalência entre o próprio indivíduo e Deus (Deus-pai; pai-primevo Deus) no ‘ideal de ego’ do sujeito freudiano. Como Deus, o sujeito ético freudiano almeja a imortalidade, e por ele, por este ideal submeter-se à moral.
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Além da própria finitude, a ética existencialista supõe o
reconhecimento do outro como ser finito. Ser solícito significa cuidar do outro
como acontecência finita.
Cabe ainda explicar no que consiste o altruísmo, a solicitude, o
cuidar. Cuidar, do outro segundo Heidegger, é criar condições para o ser-si-
mesmo’ do outro; lidar com ele de maneira a possibilitar o seu
desvelamento, o seu existir autêntico.
“O homem ético, no sentido de Heidegger, não busca o prazer,
fugindo da dor. Nem tampouco, ... insiste na dor contra o prazer. Ele não dá
preferência à eternidade contra a transitoriedade. Ele escolhe antes
transcender o prazer e o desprazer, a vida e a morte, para deixar que
aconteça (ser autêntico e permitir isso ao outro)... A ética de Heidegger não
oferece regras para dirigir os cursos da ‘ação moral’, destinada a corrigir ou
suprimir o finito (o imperfeito, o inacabado): ela é uma ética do ‘morar’, (ser-
no-mundo)”. (Loparic, 1995).
O bem-estar na civilização
Finalizando, penso que a desmistificação do ser humano através
do aprofundamento na compreensão das motivações inconscientes para o
seu funcionamento moral foi, sem dúvida, um passo importante dado pela
psicanálise freudiana. Entretanto, não me parece que devamos seguir
atrelados à noção que remete toda a origem motivacional da nossa conduta
ao narcisismo, à satisfação pulsional. Creio que não seguiremos avançando
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na compreensão de nosso psiquismo se tomar-mos por princípio que toda
atitude altruísta está baseada em formação reativa, masoquismo ou
narcisismo moral. Pensar na possibilidade de um altruísmo inato no
indivíduo humano não me parece ingenuidade. Da mesma forma, cogitar
que nossa conduta, quando ética, possa estar sustentada por tais princípios
não me soa idealista. Entendo que o sujeito é ético na medida em que seu
comportamento é essencialmente motivado pelo intuito de possibilitar a
existência do outro da forma mais autêntica possível. Ser (altruísta) é deixar
que os outros também ‘sejam’, e ser feliz assim. Ter ‘cada um’ como
‘alguém’, e fundamentalmente alguém alcançável, torna crível a
possibilidade intrínseca do ser humano de ter prazer com o prazer do outro.
A fim de aproximar a ética do humano melhor seria falar em “estado mental
ético”. Aquele “bem-estar” que permeia a experiência emocional do sujeito
quando este se reconhece agraciado exclusivamente pela percepção do
prazer do outro.
Por que pensar que em relação à humanidade...
... “só nos resta esperar que o outro dos dois ‘Poderes Celestes’,
o eterno Eros, desdobre suas forças para se firmar na luta com seu não
menos imortal adversário (Tanatos)”. (Freud, 1930).
Quem sabe podemos tomar como verdadeira a afirmação de Kant
de que ...
... “no bem-estar alheio encontramos nós não somente um prazer
natural, mas, também, uma necessidade...”. (Emmanuel Kant, 1787).
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