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Felipe de Oliveira Matos “C A+B” A Gestalt de faces independe de demanda cognitiva: Um estudo com bases eletrofisiológicas NATAL- RN 2017

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Felipe de Oliveira Matos

“C ≠ A+B” A Gestalt de faces independe de demanda

cognitiva: Um estudo com bases eletrofisiológicas

NATAL- RN 2017

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Felipe de Oliveira Matos

“C ≠ A+B” A Gestalt de faces independe de demanda

cognitiva: Um estudo com bases eletrofisiológicas

Tese apresentada ao programa de Pós-

graduação em Psicobiologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título de

Doutor em Psicobiologia.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Antônio Pereira Júnior

NATAL- RN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de Biociências - CB

Matos, Felipe de Oliveira.

“C ≠ A+B” A Gestalt de faces independe de demanda cognitiva:

um estudo com bases eletrofisiológicas / Felipe de Oliveira Matos. - Natal, 2017.

71 f.: il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-graduação em Psicobiologia.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Pereira Júnior.

1. Oscilações neuronais - Tese. 2. Acoplamento de frequências cruzadas - Tese. 3. Acoplamento fase-amplitude teta-gama - Tese.

4. Fechamento perceptual - Tese. 5. Gestalt - Tese. I. Pereira

Júnior, Antonio. II. Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 159.953.35

Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351

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“C ≠ A+B” A Gestalt de faces independe de demanda

cognitiva: Um estudo com bases eletrofisiológicas

Autor: Felipe de Oliveira Matos

Local/Data: Natal, Rio Grande do Norte,15 de dezembro de 2017

Orientador: Prof. Dr. Antônio Pereira Júnior

Banca Examinadora:

_________________________________________________ Prof. Dr. Antônio Pereira Júnior

Instituto do Cérebro – UFRN (Orientador)

Prof. Dr. Guillherme de Alencar Barreto Departamento de Engenharia de Teleinformática – UFC

Prof. Dr. Bruno Duarte Gomes Instituto de Ciências Biológicas – UFPA

Prof. Dr. Hindiael Aeraf Belchior Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi – UFRN

Prof. Dr. George Carlos do Nascimento Departamento de Engenharia Biomédica – UFRN

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Dedicatória

Acredito que os “sonhos” são o combustível da alma e a fonte de imensa energia

para a manutenção da atenção e de comportamentos orientados a metas, o que nos

permite alçar voos a horizontes ilimitados. Portanto, dedico esse trabalho à minha

mãe, Maria Virgínia Souza de Oliveira, por me permitir sonhar com tudo que

pareciam improvável de ser alcançado, mas que hoje se tornou realidade.

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Muitas pessoas almejam grandes feitos.

Porém poucos estão dispostos a realmente fazê-los.

Próprio Autor

“E esse caminho

Que eu mesmo escolhi

É tão fácil seguir

Por não ter onde ir

Controlando a minha maluquez

Misturada Com minha lucidez (...)”

Raul Seixas e Claudio Roberto

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Agradecimentos

Agradeço aos docentes do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte pela receptividade e conhecimentos

compartilhados ao longo da minha formação.

Ao meu orientador Prof. Dr. Antonio Pereira Jr. pela oportunidade, credibilidade,

dedicação, ensinamentos científicos, respeito e pela amizade que adquirimos ao

longo dos anos de convivência.

Ao principal responsável por minha ida para Natal-RN, o incentivador, e quem me

deu todo suporte estrutural e afetivo em minha estadia na cidade, meu grande amigo

Sanderson Soares da Silva, um sujeito com um dos maiores “corações” que já vi.

Certamente conhecemos os verdadeiros amigos nos momentos de adversidade. E

creio que aquela viagem à Petrolina aconteceu apenas para que nossos caminhos

se cruzassem. Tenho muito orgulho de tê-lo em meu convívio mesmo que distantes

a maior parte do tempo.

À Flávia Oliveira, que juntamente com Sanderson sempre me receberam de braços

abertos e me ajudaram em tudo que precisava em Natal.

Aos amigos da psicobio, especialmente à Paula Hatum e ao Julio Leal, pelos

momentos bons e difíceis compartilhados.

À Ana Paula Reis, pelo carinho, amizade, apoio, parceria e muitos cachorros

quentes na esquina.

Aos Colegas da Universidade Federal do Pará, que conheci durante a coleta de

dados para o desenvolvimento dessa tese, principalmente às queridas Ivanira,

Susanne, Gisele, Ivete, Narrey e Dannilo, pela recepção, apoio e momentos

divertidos.

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À amiga mineirinha que só conheci no Pará, mas que foi fundamental em minha

estadia em Belém e na aquisição de dados para a tese, Gabriela Arantes Neuber.

Gabi, obrigado por tudo!

Ao companheiro de pesquisa e amigo fiel (até no nome) José Fiel. Você é um jovem

muito promissor e dedicado. Continue sempre aguerrido e firme em seus objetivos,

pois uma hora os resultados aparecerão e conquistarás o que desejares. Obrigado

por tudo!

À Críssia Agrassar, que no pouco tempo em que estive em Belém, mesmo em um

período de grande correria e intenso trabalho, me proporcionou ótimos momentos de

felicidade, alegria e diversão. Obrigado por todo o carinho!

Ao meu pai Vitor Luiz Tassi de Matos, pelo apoio durante minha investida para

ingressar no doutorado.

Ao meu filho Arthur Matos por me inspirar a ser alguém melhor dia após dia!

E para finalizar deixo aqui os maiores agradecimentos à melhor pessoa que conheci

em toda minha vida, minha mãe, Maria Virgínia Souza de Oliveira, responsável por

cultivar e incentivar todos os meus sonhos e apoia-los incondicionalmente. Faltam

palavras para expressar toda admiração e amor que tenho por você. Tudo que sou e

alcancei eu devo a você. Te Amo!

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Resumo

O acoplamento fase-amplitude (AFA) entre as oscilações neuronais nas bandas de

frequência teta (4-8Hz) e gama (30-90Hz) compõe a base da integração sensorial,

da memória e do mecanismo de seleção atencional. No presente trabalho,

apresentamos evidências por meio de eletroencefalografia (EEG) de que o AFA

entre teta e gama nos córtices pré-frontal (CPF) e parietal posterior (CPP),

respectivamente, é um processo subjacente no fechamento perceptual em uma

tarefa de reconhecimento holístico das Faces de Mooney através da formulação de

uma Gestalt. O AFA teta-gama foi quantificado através do índice de modulação (MI).

E o papel desempenhado pelas funções executivas nesse processo foi verificado por

meio de análises de regressão logística com medidas de desempenho da

inteligência geral (QI) e teste de memória operacional. Os resultados mostram um

menor MI quando as faces são apresentadas na posição canônica (hemisférios

esquerdo 1,4±0,3x10-3 e direito 1,4±0,4x10-3, p<0,001 em ambos) em relação às faces

invertidas verticalmente (hemisférios esquerdo 2,5±0,5x10-3 e direito 2,7±0,7x10-3).

Porém, o MI não se diferencia (p>0,05) quanto ao êxito ou falha na identificação das

imagens. Nenhum modelo de regressão testado permitiu a predição do sucesso na

identificação das faces baseando-se em medidas de desempenho cognitivo e o MI.

Assim, nosso estudo traz mais evidências de que o AFA está adjacente à

comunicação de longo alcance entre as áreas corticais e corrobora o descarte do

papel das funções executivas no apoio à formulação visual da Gestalt no córtex

parietal.

Palavras-chave: oscilações neuronais; acoplamento de frequências cruzadas; acoplamento fase-amplitude teta-gama; fechamento perceptual; Gestalt

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Abstract

The phase-amplitude coupling (PAC) between the neuronal oscillations in the theta

(3-6Hz) and gamma (30-90Hz) bands composes the basis of sensory integration,

memory and attentional selection mechanism. In the present work, we present

evidence through electroencephalography (EEG) that the PAC between theta and

gamma in the prefrontal cortex (PFC) and posterior parietal cortex (PPC),

respectively, is an underlying process in the perceptual closure in a recognition task

holistic view of Mooney's Faces through the formulation of a Gestalt. The PAC Tetha-

gamma was quantified using the modulation index (MI). The role played by executive

functions in this process was verified through logistic regression analysis with

measures of general intelligence (IQ) performance and working memory test. The

results show a lower MI when the faces are presented in the canonical position (left

hemispheres 1.4 ± 0.3x10-3 and right 1.4 ± 0.4x10-3, p <.001 in both) in relation to

vertically inverted faces (left hemispheres 2.5 ± 0.5x10-3 and right 2.7 ± 0.7x10-3).

However, the MI does not differ (p> .05) as to the success or failure to identify the

images. No regression model tested allowed the prediction of success in the

identification of faces based on measures of cognitive performance and MI. Thus, our

study provides further evidence that PAC is adjacent to long-range communication

between cortical areas and corroborates the discarding of the role of executive

functions in supporting Gestalt's visual formulation in the parietal cortex.

Keywords: neuronal oscillations; coupling of cross-frequencies; theta-gamma-phase

coupling; perceptual closure; Gestalt.

.

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Lista de Gráficos Gráfico – 1 Percentual médio dos acertos nos testes N-

back......................................................................................

34 Gráfico – 2 Percentual de acertos no teste de reconhecimento de

faces.....................................................................................

35 Gráfico – 3 Tempo de respostas para acertos e erros no teste de

reconhecimento de faces......................................................

36 Gráfico – 4 Índices de modulação para condições de acertos e erros

no reconhecimento de faces e faces invertidas. (A) MIs no hemisfério esquerdo e (B) MIs no hemisfério direito............

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Lista de figuras

Figura – 1 Exemplo de uma face do teste de Mooney .......................... 15 Figura – 2 Modelo neuroanatômico do processamento de faces de

Haxby, Hoffman & Gobbini (2000)........................................

23 Figura – 3 Esquema da apresentação dos estímulos no teste de

faces.....................................................................................

28 Figura – 4 Esquema da apresentação dos estímulos no teste N-Back

espacial ................................................................................

30 Figura – 5 Foto de um participante com os eletrodos posicionados

pronto para realizar o teste ..................................................

31 Figura – 6 Distribuição topográfica das potências teta e gama durante

a realização do Teste de Mooney em um participante nas condições de acerto e erro para estímulos de faces canônicas..............................................................................

37 Figura – 7 Distribuição topográfica das potências teta e gama durante

a realização do Teste de Mooney em um participante nas condições de acerto e erro para estímulos de faces invertida verticalmente .........................................................

38 Figura – 8 Potências médias nas condições de acertos e erros para

os estímulos face e face invertida nas frequências teta e gama nos eletrodos Fp1 e P3 do voluntário 18....................

40 Figura – 9 Potências médias nas condições de acertos e erros para

os estímulos face e face invertida nas frequências teta e gama nos eletrodos Fp2 e P4 do voluntário 18....................

41 Figura – 10 Índice de modulação para erros e acertos nas condições

face e face_invertida ............................................................

42 Figura – 11 Diagramas de dispersão e valores de r das escalas e

índices do Wais III em relação ao reconhecimento de faces

45 Figura – 12

Diagramas de dispersão e valores de r das escalas e índices do Wais III em relação ao reconhecimento de faces invertidas...............................................................................

47 Figura – 13 Figura – 14

Diagramas de dispersão e valores de r entre reconhecimento das Faces e MIs......................................... Acoplamento teta-gama nas duas condições em um participante com elevado QI durante a realização do teste de faces ...............................................................................

49

51 Figura – 15 Acoplamento teta-gama nas duas condições em um

participante com baixo QI durante a realização do teste de faces.....................................................................................

52

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Lista de tabelas

Tabela – 1 Escores nas escalas e índices médios do QI dos participantes .........................................................................

34

Tabela – 2 Regressão logística do desempenho no N-back teste vs acertos Face.........................................................................

43

Tabela – 3 Regressão logística do desempenho no N-back teste vs acertos Face invertida ..........................................................

44

Tabela – 4 Regressão logística da escala do QI total vs acertos Face.. 44 Tabela – 5 Regressão logística das escalas de QI Verbal e QI de

Execução vs acertos Face ...................................................

45 Tabela – 6 Regressão logística dos índices do teste Wais III vs

acertos Face.........................................................................

46 Tabela – 7 Regressão logística da escala do QI total vs acertos Face.. 46 Tabela – 8 Regressão logística das escalas de QI Verbal e QI de

Execução vs acertos Face Invertida.....................................

47 Tabela – 9 Regressão logística dos índices do teste Wais III vs

acertos Face ........................................................................

48 Tabela – 10 Tabela – 11

Regressão logística dos Índices de modulação teta-gama vs reconhecimento de faces canônicas ............................... Regressão logística dos Índices de modulação teta-gama vs reconhecimento de faces invertida ..................................

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Sumário

1_ Introdução ................................................................................................ 14 2_ Objetivos .................................................................................................. 17 2.1_ Objetivo geral ........................................................................................ 17 2.2_Objetivos específicos ............................................................................. 17 3_Revisão de literatura ................................................................................. 18 3.1_ Processamento de estímulos de faces ................................................. 19 3.2_ Bases neurais do reconhecimento facial .............................................. 22 4_Material e métodos ................................................................................... 25 4.1_Desenho experimental ........................................................................... 25 4.2_Cuidados éticos ..................................................................................... 25 4.3_Amostra .................................................................................................. 25 4.4_Avaliação psicológica ............................................................................. 26 4.4.1_Mini exame de estado mental ............................................................. 26 4.4.2_Escala Wescheler de Inteligência para adultos .................................. 26 4.5_Estímulos e procedimentos .................................................................... 27 4.5.1_Teste de Faces de Mooney ................................................................ 28 4.5.2_N-Back ................................................................................................ 29 4.6_Os sinais eletrofisiológicos (EEG) .......................................................... 30 4.6.1_Análise dos dados do EEG ................................................................. 31 4.7_Análises estatísticas .............................................................................. 33 5_Resultado .................................................................................................. 34 6_Discussão ................................................................................................. 53 7_Conclusões ............................................................................................... 57 8_Referencias ............................................................................................... 58 Anexos .......................................................................................................... 65

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1 Introdução

O reconhecimento de faces é uma habilidade extremamente desenvolvida

em humanos e reflete a característica eminentemente social da nossa espécie

(Pollak & Sinha, 2002). Humanos recém-nascidos apresentam uma preferência inata

por estímulos faciais, que é de grande utilidade na interação com cuidadores (por ex.

familiares) (Bogin, 1997). Recentemente, demonstrou-se que humanos são capazes

de identificar faces já a partir dos 18 meses de idade, mesmo com informações

incompletas ou conflitantes, como as do teste de Mooney (Doi, Koga & Shinohara,

2009).

No campo da percepção se discute como diferentes estímulos podem ser

processados de modos distintos, sendo que duas vertentes destacam-se nesse

debate, em que são elas a do processamento configural (por partes) e holístico

(inteiro) (Piepers e Robbins, 2012). Quando se fala de reconhecimento de rostos

humanos, Piepers e Robbins (2012) enfatizam que o processamento holístico tem

recebido destaque, visto que há mais evidências de que exista um processamento

“especial” nesse tipo de estímulo devido sua importância evolutiva para

comportamento social.

Uma das bases para essa argumentação é a teoria da Gestalt, que em

alemão significa forma. De acordo com a teoria da Gestalt o conhecimento das

partes não reflete a percepção do todo. Assim, podemos elucidar que ‘A+B’ não é

simplesmente ‘(A+B)’, mas sim um novo elemento com características próprias ‘C’

(Wagemans et al. 2012). A Gestalt se baseia em sete elementos básicos:

segregação, semelhança, unidade, proximidade, pregnância, simplicidade e

fechamento perceptual.

Nesse trabalho nos ateremos de forma particular ao fechamento perceptual,

que é a habilidade humana de preencher imagens visuais apresentadas com

informações esparsas ou incompletas (Mooney, 1957). Um dos testes para

avaliação do fechamento perceptual mais amplamente conhecido é o das “Faces de

Mooney”, criadas por Craig Mooney em 1957, e que consiste na apresentação de 40

imagens (faces humanas) em preto e branco, com informação visual incompleta. Um

exemplo das faces do teste pode ser visto na figura 1.

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Figura 1 - Exemplo de uma face do teste de Mooney

O processo de reconhecimento de face envolve três etapas: 1) configuração

(dois olhos sobre o nariz e este sobre a boca); 2) processamento holístico

(elaboração de feições conjuntas em uma Gestalt); 3) processamento em relações

de segunda ordem (ou seja, o espaçamento entre características, por ex. distância

entre sobrancelhas, tamanho do nariz e boca, etc.) (Maurer, Le Grand & Mondloch,

2002). O reconhecimento das faces de Mooney, contudo, é especialmente

dependente dos processos holísticos, sendo fortemente influenciados pela

orientação do estímulo (Lantinus & Taylor, 2005a; Eimer, 2000; Doi, Sawada &

Masataka, 2007).

Estudos que utilizaram técnicas eletrofisiológicas demonstraram que nas

áreas parieto-ocipto-temporal, ocorrem os potenciais relacionados ao evento (ERP)

P1, N170 e P2, que distinguem as três etapas do processamento facial,

respectivamente, citadas anteriormente (Negrini et al., 2017; Meaux et al., 2014;

Rosburg et al., 2010; George et al., 2005; Latinus e Taylor, 2005b). Quando as faces

de Mooney são apresentadas em posição invertida verticalmente há uma atenuação

do componente N170, o que sugere a relação desse ERP com a etapa holística do

processamento da face, especialmente no hemisfério esquerdo (George et al., 2005;

Latinus e Taylor, 2005).

Recentemente, um estudo que investigou a atividade eletroencefalográfica

cortical no domínio do tempo e da frequência durante o fechamento perceptual

utilizando o paradigma das faces de Mooney (Grützner et al., 2010) foi o primeiro

trabalho a verificar que havia sincronização de oscilações gama de altas frequências

(60-100Hz) no giro temporal inferior caudal e o córtex parietal posterior (CPP). Os

autores sugerem que haja uma interação entre as áreas que processam estruturas

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visuais tridimensionais com áreas que associam informações perceptuais com

memórias de longo-prazo. Aparentemente, o reconhecimento de imagens envolve

processos mnemônicos mediados pela comunicação de longo alcance entre áreas

corticais parietais e pré-frontais (CPF) (Köster et al., (2014).

A comunicação de longo alcance pode esclarecer como diversas áreas

cerebrais atuam interagindo para orientar o comportamento e a atenção (Daume et

al., 2017, Helfrich & Knight, 2016, Szczepanski, et al., 2014). Muitas investigações

acerca de processos mnemônicos têm estudado o acoplamento de fase-amplitude

(AFA) entre baixas e altas frequências, sendo as bandas teta (3-8Hz) e gama (30-

100Hz) as que apresentam os resultados mais promissores quanto à evocação de

memórias explícita e implícita (Hassler et al., 2013; Osipova et al.,2006; Sederberg

et al., 2007), memória episódica e retrospectiva (Köster et al 2014), e memória

operacional (Daume et al., 2017; Alekseichuk et tal., 2016).

Entretanto, quanto ao reconhecimento facial até mesmo crianças a partir dos

seis meses de idade já são capazes de identificar e distinguir faces invertidas

verticalmente de faces na posição natural, quando utilizadas imagens reais

biológicas (Webb & Nelson, 2001). Já o trabalho de Doi, Koga e Shinorara (2009)

mostrou que crianças de 18 meses já são capazes de reconhecer faces como as de

Mooney, demonstrando que são capazes de realizar com eficiência o fechamento

perceptual, o que nos leva a crer que tal habilidade necessita de baixa demanda de

processos cognitivos complexos como as funções executivas, cujo principal

substrato neural é o CPF, visto que tais processos cognitivos ainda encontram-se

imaturos nessa fase da vida, não estando ainda em seu ápice de desempenho.

(Kane & Engle, 2002; Cohen et al., 1997), que encontra-se substancialmente imaturo

nessa idade (Caballero, Granberq e Tseng, 2016; Arain et al. 2013). Além disso,

Piepers e Robbins (2012) em sua revisão sobre o processo de reconhecimento de

faces defendem a hipótese em que a identificação de uma imagem como um rosto é

um processo holístico, o qual necessitaria de pouca utilização de memórias.

Sendo assim, o presente trabalho trás novas evidências sobre a dinâmica

neuronal entre o CPF e CPP por meio da quantificação do AFA entre as oscilações

de baixa frequência teta (3-8Hz) e alta frequência gama (30-100Hz), assim como

sobre o envolvimento de processos cognitivos complexos como as funções

executivas, inteligência e memória operacional nesse processo.

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2 Objetivos

2.1 Objetivo geral

Analisar a dinâmica de comunicação elétrica neuronal entre o CPF e CPP

por meio da análise do acomplamento fase-amplitude entre as oscilações de baixa

frequência teta (4-8Hz) e alta frequência gama (30-100Hz) utilizando o EEG em

humanos em um teste de reconhecimento de face e verificar a demanda de

processos cognitivos no nesse processo.

2.2 Objetivos específicos

Verificar o acoplamento de fase-amplitude teta-gama entre regiões pré-frontais e

parietais durante um teste de reconhecimento de faces.

Comparar a dinâmica do AFA entre o CPF e o CPP durante a apresentação de

faces canônicas e invertidas verticalmente.

Avaliar o perfil de lateralidade hemisférica do AFA durante o reconhecimento

holístico facial.

Testar modelos de regressão que permitam prever o êxito na formulação de uma

Gestalt por meio do AFA teta-gama entre o CPF e o CPP e o desempenho em

testes de QI e memória operacional.

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3 Revisão de literatura

Faces capturam nossa atenção de forma espontânea (Goold & Meng, 2016).

Prova disso é que bebês têm uma preferência por estímulos faciais em relação a

objetos (Pereira et al., 2017; Hoehl & Peykarjou, 2012) e adultos são experts em

processar rostos, capazes de detectar e distinguir faces em cenas naturais

desordenadas e com grande quantidade de informação visual (Moulson et al., 2011).

A identificação de faces é uma habilidade extremamente bem desenvolvida em

nossa espécie e possui um papel social fundamental (Kanwisher & Yovel, 2009;

Pollak & Sinha, 2002; Bogin, 1997).

Por se tratar de uma habilidade inata, reconhecemos faces desde muito

cedo. Recém-nascidos apresentam uma preferência por faces humanas biológicas

em relação a outros estímulos (Johnson et al., 1991) e já são capazes de

reconhecer o rosto da mãe (Sai, 2005; Bushnell, Sai & Mullin, 1989). Além disso,

crianças a partir de seis meses de idade já são capazes de identificar e distinguir

faces invertidas de faces na posição natural em imagens reais biológicas (Webb

&Nelson, 2001) e aos 18 meses já possuem a destreza em reconhecer faces

ambíguas, com informações destoantes ou esparsas, como por exemplo, as faces

de Mooney (Doi, Koga & Shinohara, 2009).

O reconhecimento facial é importante tanto na identificação social como

também de emoções elementares, as quais estão relacionadas com condições de

risco, por exemplo, nojo (que pode representar uma condição ambiental sem

higiene, onde podem ocorrer doenças), medo (que pode demonstrar uma situação

de perigo eminente) dentre outras, que são facilmente detectadas por meio de

expressões faciais (Bruce & Young, 2012). A face humana exibe uma grande gama

de sinais relacionados com idade, sexo, emoções, comportamentos sociais como as

intenções, interações, a comunicação e informações verbais (movimentos corporais

utilizados na fala) e não-verbais, que poderão ser detectadas por outras pessoas, e

influenciarão na eficiência social do indivíduo por meio da sua capacidade de

interação ambiental e social (Bruce & Young, 2012; Babbage et al., 2011; Knox &

Douglas, 2009; Schmidt & Cohn, 2001 Hornak, Rolls, & Wade, 1996).

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No campo de estudos sobre a percepção visual, o reconhecimento de faces

é um tópico bastante discutido, pois embora haja grande quantidade de

investigações, ainda não está claro como as faces são processadas e,

especialmente, quais são os mecanismo neural envolvido nessa percepção.

Contudo, sabe-se que faces possuem uma espécie de processamento “especial”,

que se diferencia do processamento de objetos, o que o torna extremamente

eficiente. Por exemplo, humanos realizam sacadas (movimentos oculares) muito

velozes em direção a faces com duração aproximada de 12ms, tempo esse muito

curto para alocarmos atenção em um local específico, enquanto raramente ocorrem

sacadas em direção a outros objetos (Graham e Meng, 2011).

Contudo, para se entender o processamento de faces é necessário

inicialmente compreender alguns termos como processamento “relacional/configural”

(por partes) e “holístico” (inteiro), utilizados para descrever como acontece o

reconhecimento de faces e que muitas vezes geram confusão na literatura por

tratarem do mesmo fenômeno, porém partindo de conceitos distintos.

3.1 Processamento de estímulos de faces

Para compreender como ocorre o reconhecimento de faces, é necessário

esclarecer de antemão alguns termos correntes na literatura. Embora esses termos

sejam utilizados para descrever o processamento de faces em modelos teóricos

distintos “relacional/configural” (partes) e “holístico” (inteiro), é assumida aqui a

condição de coexistência deles em busca de um modelo amplo que engloba as

diferentes formas de processamento visual em um sequenciamento que permite a

formulação da imagem de um rosto.

É amplamente aceito pela literatura que o reconhecimento de faces é feito

por meio do processamento holístico (Piepers & Robbins, 2012). Contudo, ainda é

controverso o que se entende como processamento por “partes” (configural) e por

“inteiro” (holístico). Entende-se como relacional/configurado o rastreamento visual

em busca de recursos fundamentais para identificação da face (dois olhos, nariz,

boca), em que as peças de informações individuais permanecem invariantes ou não

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enquanto a face se envolve em diferentes tipos de movimento (Piepers & Robbins,

2012). O processamento configurado, embora dependente das partes, considera

que essas são indissociáveis. Já o processamento holístico implica na formulação

mental da imagem como modelos, nos quais são indivisíveis as partes e inter-

relações entre elas (Piepers & Robbins, 2012; Maurer, Le Grand & Mondloch, 2002).

A proposta aqui defendida não busca diferenciar os dois tipos de

processamento configural e holístico, mas sim integra-los, visto que encontramos na

literatura subsídios consistentes para inferir que ambos compõem o reconhecimento

de faces e ocorrem como processos subjacentes. Assim, o processamento em

primeira ordem realiza a detecção de pistas visuais que permitem a formulação da

Gestalt da face, enquanto a segunda ordem permite a identificação de

características da personalidade ou emoções. Esses elementos, embora

indissociáveis na etapa considerada de primeira ordem, podem alterar em escala

(tamanho) ou posição (exemplo, espaçamento entre olhos, altura das sobrancelhas),

na etapa seguinte considerada de segunda ordem.

A percepção da face é feita de forma holística, mas depende de elementos

configurais anteriores (olhos, nariz, boca) para que seja possível o fechamento

perceptual e a completude da imagem identificada. Prova da necessidade desse

processamento prévio configural é a queda drástica na capacidade de reconhecer

rostos quando apresentados na posição invertida verticalmente (Valentine, 1988).

Essa inversão muda os parâmetros utilizados comumente na configuração da face, o

que leva a uma desorganização perceptual.

A percepção do todo é a premissa central da teoria da Gestalt, que

preconiza de modo qualitativo que a soma das partes ou elementos individuais é

maior do que somente as partes constituintes (Wagemans et al. 2012) A Gestalt se

alicerça sobre sete elementos básicos (segregação, semelhança, unidade,

proximidade, pregnância, simplicidade e fechamento).

Dentre os elementos da Gestalt o que mais tem recebido destaque na

literatura sobre o reconhecimento de faces é o fechamento perceptual. Este é a

habilidade humana de preencher imagens visuais apresentadas com informações

esparsas ou incompletas (Mooney, 1957). O fechamento perceptual de estímulos

faciais pode ser avaliado com o “Teste de Faces de Mooney”, que utiliza 40 imagens

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21

(rostos humanos) em preto e branco com informação visual incompleta (Mooney,

1957).

As Faces de Mooney são amplamente utilizadas em estudos acerca dos

mecanismos neurais subjacentes ao reconhecimento facial. O principal achado

desses estudos foi associar os potenciais relacionados ao evento (em inglês – ERP)

P1, N170 e P2 às etapas do processamento perceptual de faces (Goold & Meng,

2016; George et al., 2005; Latinus e Taylor, 2005b; Kanwisher, Tong & Nakayama,

1998). Esses resultados reforçam a hipótese de que o reconhecimento facial se

divide em três etapas: 1º) processamento configural de primeira ordem que identifica

os elementos fundamentais da face (olhos, nariz, boca, sobrancelhas, etc.); 2º)

etapa holística, em que ocorre o fechamento perceptual e a formulação da Gestalt;

3º) análise de segunda ordem em que ocorre a configuração dos elementos

fundamentais que irão dar características próprias à face (atribuição de identidade)

(Maurer, Le Grand & Mondloch, 2002).

Estudos mostraram que há atenuação de N170 quando é proporcionada

experiência prévia no reconhecimento das faces de Mooney (George et al., 2005) e

que esse efeito não é ampliado quando há treinamento na tarefa de reconhecimento

(Latinus e Taylor, 2005b). Esses achados indicam que há uma associação do N170

com a etapa holística do reconhecimento facial, visto que a experiência na tarefa

possibilita a existência de modelos para a formulação da Gestalt.

Outros estudos utilizaram faces de Mooney invertidas verticalmente e

mostraram que a alteração da orientação natural dos elementos estruturantes da

face provoca um efeito desproporcional da inversão (Doi, Sawada & Masataka,

2007; Lantinus & Taylor, 2005a; Eimer, 2000; Yin, 1969). A inversão vertical de

imagens provoca um desajuste no processamento maior para faces do que para

objetos (Haxby et al., 1999), pois não há a manutenção das proporções configurais

do estímulo visual, dificultando a Gestalt.

O efeito comportamental verificado pela inversão das faces é importante,

pois fortalece a hipótese do processamento holístico/configural, através do aumento

da demanda de tempo necessário para decidir se o estímulo é um rosto ou não.

Estudos mostram que o tempo gasto para responder a estímulos faciais invertidos é

maior que os canônicos, assim como a acurácia no reconhecimento também é

prejudicada drasticamente (Valentine, 1988). Já estudos com estímulos em

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movimento, mesmo alterando a configuração dos elementos fundamentais (posição,

distancia entre elementos, etc.), demonstraram que as faces são identificadas com

maior precisão comparadas a objetos, comprovando a maior relevância do

processamento holístico para o reconhecimento de faces (Goold & Meng, 2016;

Piepers & Robbins, 2012; Maurer, Le Grand & Mondloch, 2002). É possível que os

componentes métricos como o tamanho e o espaçamento entre características

sejam codificados de forma mais implícita e dependam menos da quantidade de

elementos durante a representação holística (McKone & Yovel, 2009).

3.2 Bases neurais do reconhecimento facial

O processamento especializado de faces em humanos é sustentado por

diversos estudos que investigaram intensivamente as áreas cerebrais envolvidas no

reconhecimento de faces nos últimos 20 anos (Duchaine & Yovel, 2015). Esses

estudos permitiram a elaboração do modelo proposto por Haxby, Hoffman e Gobbini

(2000), que integra processos funcionais com estruturas neuroanatômicas (Figura

2).

O modelo é dividido em dois sistemas. O primeiro é o núcleo (“core”), no

qual ocorre a análise visual nas áreas occipito-temporais. Há a percepção de

características faciais no giro occipital inferior, que interage paralelamente com os

sulcos temporais superiores, onde se faz relações com movimentos dos lábios,

olhos e expressões, e o giro fusiforme lateral (também conhecido como área

fusiforme da face), em que é atribuída uma identidade única para a face percebida.

O segundo sistema é o expandido (“extended”), que realiza o

processamento adicional integrado a outros sistemas. Nele se têm a participação

dos sulcos intraparietais, direcionando atenção espacial, córtex auditivo, com a

percepção de fala pré-lexical, a amígdala, insula e sistema límbico, que integram as

emoções, e por fim a região temporal anterior, que agrega à percepção uma

personalidade, um nome e informações biográficas.

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Figura 2– Modelo neuroanatômico do processamento de faces de Haxby, Hoffman & Gobbini (2000)

Esse modelo explica como o reconhecimento facial presta o papel de

integrar a identificação de uma face com todo o contexto ambiental e social. Essa

circuitaria permite a avaliação em tempo muito curto de características como

identidade, idade, emoções, intencionalidade e possibilita uma rápida reação à

situação, o que expressa o grande valor adaptativo do reconhecimento facial na

espécie humana.

Recentemente, outras áreas também tiveram sua importância atribuída no

processo de reconhecimento facial por apresentarem respostas seletivas à faces

assim como as demais citadas no modelo de Haxby, Hoffman e Gobbini (Duchaine &

Yovel, 2015):

Lobo temporal anterior: Estudos mostram uma seletividade para

faces nessa área, porém ela se mostra relativamente pequena e de

difícil investigação devido à baixa relação sinal ruído (Duchaine &

Yovel, 2015). Pesquisas indicam que essa área participa do

reconhecimento da identidade em rostos emocionais e dinâmicos

(Yang, Susilo & Duchaine, 2015), especialmente no hemisfério direito

(Avidan et al., 2014).

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Sulco temporal superior: Essa área é ativada tanto para estímulos

de faces quanto para de objetos estáticos similares, o que a deixou

por muito tempo desconhecida quanto ao seu papel no

reconhecimento facial. Entretanto, estudos recentes com imagens em

movimento mostraram que essa área está ligada à percepção do

olhar nos olhos, respondendo ao movimento dos olhos da face

observada (Calder et al., 2007, Carlin et al., 2011).

Córtex parietal: Um estudo recente mostrou por meio de técnica de

ressonância magnética, que o sulco intraparietal anterior está

associado à percepção consciente da Gestalt, desempenhando papel

semelhante à atenção e seleção perceptual (Zaretskaya, Anstis &

Bartels, 2013).

Córtex pré-frontal: Estudos tem mostrado uma atividade seletiva

para rostos no córtex pré-frontal para estímulos dinâmicos, contudo,

poucos estudos se propuseram a investigar essa atividade seletiva de

forma sistemática nessa área do cérebro (Duchaine & Yovel, 2015).

De um modo geral, muitos estudos tem confirmado a especificidade das

respostas neuronais para estímulos faciais (Hoehl & Peykarjou, 2012; McKeeff &

Tong, 2007; Righart & Gelder, 2006; Haxby et al., 1999). Dentre as áreas de maior

envolvimento no processamento de faces estão a área fusiforme da face (giro

fusiforme do lobo temporal) e a área occipital facial, que garantem o processamento

integrado de estímulos faciais. Entretanto é importante destacar que embora ambas

apresentem papel fundamental nesse processo, há um posicionamento hierárquico

entre as estruturas. Para que haja uma associação da imagem com uma memória é

necessário antes que ocorra a representação adequada dessa imagem

mentalmente.

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4 Materiais e métodos

4.1 Desenho Experimental

Estudo transversal, exploratório, descritivo e correlacional.

4.2 Cuidados éticos

O projeto de foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COPEP) da

Universidade Estadual de Maringá por meio do parecer nº 1.375.859 (ANEXO I) e

respeitou todos os preceitos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos

dispostos na resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da

Saúde.

Os participantes do estudo assinaram um termo de consentimento livre e

esclarecido – TCLE (ANEXO II) com os procedimentos, riscos e benefícios da

pesquisa detalhados, em que foi assegurado ao participante o direito de interromper

sua participação caso assim desejasse.

4.3 Amostra

Participaram do experimento 33 adultos jovens (idade 26,4±5,8 anos), do

sexo masculino. Nenhum dos participantes relatou qualquer tipo de complicação

neurológica ou psiquiátrica e todos tinham acuidade visual normal ou corrigida

durante a realização das tarefas do experimento.

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4.4 Avaliações psicológicas

O Mini Exame de Estado Mental (MEEM) foi utilizado como critério para

exclusão da amostra. A Escala Wechsler de Inteligência (WAIS III) foi utilizada para

identificar o Quociente de Inteligência (QI). Em seguida, foram realizados os Testes

“Faces de Mooney” e N-Back, ambos em versões computadorizadas. Os sinais do

EEG foram registrados durante a execução dos testes para análise off-line.

4.4.1 Mini exame de estado mental (MEEM)

O MEEM é um instrumento para a detecção de quadros de déficit cognitivo.

Foi construído e validado por Folstein et al. (1975) e consiste numa breve avaliação

do estado mental, que possibilita a identificação de alguma deficiência cognitiva.

Nesse estudo utilizou-se a adaptação feita por Chaves e Izquierdo (1992), no intuito

de se modificar ao mínimo o instrumento original e sua validade (ANEXO III).

Durante o treinamento da profissional de psicologia que atuou como avaliadora,

foram levadas em consideração as recomendações de Brucki et al. (2003) e Brito-

Marques e Cabral-Filho (2005) quanto à aplicação em indivíduos de baixa

escolaridade e em relação às estações do ano em amostras residentes no norte e

nordeste do Brasil. O escore máximo no MEEM é 30 e foi considerado com alguma

deficiência cognitiva indivíduos que alcançam pontuações inferiores a 24. Esse

valor foi o ponto de corte para que os participantes pudessem constituir a amostra

durante os outros testes e experimento.

4.4.2 Escala Weschler de Inteligência para adultos (sigla em inglês - WAIS III)

O WAIS III é o padrão-ouro para avaliação da inteligência de adultos (16 a

89 anos de idade) na clínica psicológica. O teste foi proposto por David Wescheler

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em 1955 e adaptado e validado para população brasileira por Elizabeth do

Nascimento em 2000 (Weschler, 2004). O WAIS III fornece medidas das seguintes

escalas e índices:

QI Verbal (QIV)

QI de Execução (QIE)

QI Total (QIT)

Índice de Compreensão Verbal (ICV)

Índice de Organização Perceptual (IOP)

Índice de Memória Operacional (IMO)

Índice de Velocidade e amplitude de Processamento (IVP)

4.5 Estímulos e procedimentos

Os testes de “Faces de Mooney” e N-back foram apresentados em versões

computadorizadas utilizando-se o software Presentation versão 19.0

(©Neurobehavioralsystems). Os estímulos foram apresentados em um computador

tipo PC com tela plana de 21 polegadas. Os participantes eram posicionados

sentados a 0,8 m de distância da tela e permaneciam olhando para um ponto de

fixação (cruz) no centro da mesma. Os participantes respondiam ao teste

pressionando teclas em um teclado comum de computador. Uma das mãos do

participante permanecia apoiada sobre a mesa com os dedos sobre as teclas

resposta, e a outra mão permanecia estática sobre a coxa do participante. Durante

a realização dos testes permaneciam na sala apenas o participante e um avaliador

responsável pelas instruções e controle do registro de EEG.

4.5.1 Teste de Faces de Mooney (FM)

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Proposto inicialmente por Craig Mooney (1957) o teste é baseado no

conceito de fechamento perceptual, que expressa a capacidade humana de

preencher espaços e formas em estímulos apresentados com informações visuais

esparsas, identificando imagens complexas (faces) por meio da Gestalt.

A figura 3 apresenta o desenho experimental utilizado na apresentação dos

estímulos e as características de cada trial no teste de “Faces de Mooney”. Foram

utilizadas 40 faces apresentadas na posição canônica, 40 faces invertidas

verticalmente (face_in) e mais 40 distratores (objetos inanimados ou animais),

totalizando 120 estímulos apresentados aleatoriamente. O trigger para a

sincronização dos estímulos com o registro do EEG foi alocado no momento “zero”

em que se iniciava a apresentação de cada imagem. As imagens eram em preto e

branco, com dimensões de 9x12cm, centralizadas em uma tela cinza. O participante

deveria responder se identificava ou não uma face humana a cada estímulo

apresentado pressionando as teclas “seta para esquerda” (←) e “seta para direita”

(→), respectivamente. O escore foi calculado a partir do número de acertos em cada

condição.

Figura 3 – Esquema da apresentação dos estímulos no teste de faces

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29

4.5.2 N-Back

A tarefa consiste na apresentação de uma série de elementos visuais em

que o indivíduo relaciona o elemento atual com elementos apresentados

anteriormente. Os participantes realizaram três níveis de uma tarefa de n-back

espacial como apresentado na figura 4 a seguir: níveis 0-back (condição controle), 1-

back (carga de memória operacional baixa) e 2-back (carga de alta memória

operacional). O teste foi composto por estímulos em formato de quadrados pretos,

que poderiam aparecer em 14 posições dispostas em uma tela cinza. Antes de cada

estímulo foi apresentado um ponto de fixação em formato de cruz no centro da tela.

Cada trial teve duração de 2500ms sendo constituído por 500ms de apresentação

do estímulo e 2000ms de ponto de fixação. Os níveis do teste foram antecedidos por

uma tela com instruções, a qual não possuía tempo limite para ser interpretada.

Cada nível foi composto por 100 trials, sendo 28 estímulos alvo no primeiro nível, 26

no segundo e 24 no terceiro. No início de cada nível também foi apresentada a tela

com o ponto de fixação por 30 segundos para o participante se concentrar na tarefa.

Antes do teste os participantes realizaram uma etapa de treino com

informação sobre seu desempenho. Durante a fase de instrução do teste os

estímulos eram apresentados em todas as posições possíveis por 30 segundos,

seguido da apresentação rápida de cada estímulo por 500ms em uma sequência

que ia da esquerda para direita e de baixo para cima no visor. Depois eram

apresentados 10 estímulos, sendo dois alvos, em cada nível.

Como parâmetros para avaliação do desempenho no teste foram utilizados o

percentual de acertos em cada nível, o percentual total de acertos na tarefa (Vermeij

et al., 2014).

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Figura 4 – Esquema da apresentação dos estímulos no teste N-Back espacial (adaptado de Vermeij et al., 2014)

4.6 Os sinais eletrofisiológicos (EEG)

Para o registro dos sinais eletroencefalográficos foi utilizado um aparelho de

EEG BrainNet BNT- 36 (EMSA Equipamentos Médicos, Brasil) com 22 canais e

frequência de amostragem de 600 Hz, com filtro notch estabelecido em 60 Hz. Os

eletrodos foram posicionados no escalpo dos participantes de acordo com o padrão

internacional 10-20. A figura 5 a diante mostra o setup experimental com o

posicionamento dos eletrodos em um dos participantes durante coleta de dados.

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Figura 5 – Foto de um participante com os eletrodos posicionados pronto para realizar o teste

4.6.1 Análise dos dados do EEG

O processamento dos dados eletroencefalográficos foi dividido em duas

etapas: 1) seleção dos ensaios válidos e filtragem; 2) Análise espectral e índice de

modulação, ambas realizadas por meio do software “MATLAB®” versão 7.12.0.635

(R2011a) (Mathworks, EUA).

Para a seleção dos ensaios válidos e filtragem dos sinais utilizamos o

toolbox EEGlab em conjunto com o plug-in Adjust, essas ferramentas são

amplamente utilizadas pela comunidade acadêmica para processamento de sinais

de EEG em Matlab. Na etapa inicial foram excluídos segmentos dos ensaios em que

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a amplitude dos sinais ultrapassava 75µV. Em seguida utilizou-se a função

do MATLAB, que permite filtragem digital de faixas de frequência em sinais

contínuos sem distorção do sinal original. Nessa etapa utilizamos um filtro passa-

faixa de interesse entre 0.5-100 Hz, e em um filtro notch de 60 Hz para eliminar

possível interferência oriunda da rede elétrica. Em seguida utilizamos a Análise de

Componentes Independentes (em inglês, Independent Component Analysis - ICA)

para eliminação de artefatos miográficos, como por exemplo, decorrentes de

movimentos dos olhos. O plug-in Adjust permite a classificação desses componentes

identificados por meio do ICA e a eliminação dos mesmos.

Para análise do índice de modulação entre faixas de frequências cruzadas

foram utilizados os eletrodos frontais Fp1 e Fp2 para faixa teta (4-8Hz) e parietais P3

e P4 para a faixa gama (30-100Hz). A escolha dos eletrodos foi devido à distribuição

topográfica das faixas de frequência desejadas. O acoplamento da fase-amplitude

teta-gama foi calculado de acordo com os procedimentos descritos por Tort e

colaboradores (2010).

Basicamente os sinais foram filtrados nas faixas de frequências de interesse

e a transformada de Hilbert foi utilizada para derivar informações da fase dos sinais

de baixa frequência, assim como o envelope do sinal de alta frequência. Em seguida

uma série temporal foi construída de modo representar a amplitude das oscilações

gama em cada fase do sinal das oscilações teta. As fases das baixas frequências

foram divididas em 18 intervalos de 20º (0-360º) e a amplitude de gama foi calculada

para cada um desses intervalos. Se a distribuição das amplitudes for uniforme não

há acoplamento evidente. A existência do acoplamento é caracterizada por um

desvio da distribuição de amplitude com relação à distribuição uniforme da fase. Por

esse motivo, uma adaptação da divergência de Kullback–Leibler foi utilizada para

quantificar o acoplamento. Essa métrica utilizada em estatística e teoria da

informação para inferir a divergência entre duas distribuições e compreende valores

entre 0 e 1 (Kullback & Leibler, 1951) é a medida denominada índice de modulação.

Essa medida é especialmente adequada para avaliar a intensidade de acoplamento

fase amplitude por não depender do nível absoluto do sinal e por ser particularmente

insensível às mudanças nos níveis de ruído (Tort et al. 2010).

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4.7 Análises estatísticas

Inicialmente, o perfil da distribuição Gaussiana dos dados foi verificado pelo

teste de Komolgorov-Smirnov e feita estatística descritiva das variáveis. Para análise

de variância com amostras dependentes utilizamos o teste de Friedman seguido de

Wilcoxon para identificar as diferenças entre momentos. Por fim, ajustaram-se

modelos de regressão logística na tentativa de identificar possíveis variáveis

preditoras capazes de predizer a variável de interesse relativa ao fechamento

perceptual. O software utilizado para as análises estatísticas foi o SAS versão 9.3.

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5 Resultados

A tabela 1 apresenta os escores médios dos participantes no teste WAIS III,

divididos por escalas.

Tabela – 1 Escores nas escalas e índices médios do QI dos participantes

QIV QIE QIT ICV IOP IMO IVP

Média (DP)

115,25 (13,33)

110,44 (12,99)

113,97 (12,94)

118,44 (12,06)

111,94 (11,78)

106,72 (14,83)

107,75 (15,00)

O gráfico 1 apresenta os resultados médios obtidos no teste de N-back de

acordo com o percentual do desempenho em cada nível do teste, assim como o

percentual total de acertos na tarefa. O escore total do N-back não foi comparado

com o desempenho de cada nível, visto que o mesmo é composto pelo percentual

de acertos totais nos três níveis.

Gráfico 1 – Percentual médio dos acertos nos testes N-back. (*p<0,001)

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Observou-se diferença entre os percentuais de acertos nos três níveis do N-

Back (p<0,001, X2 = 85,019), sendo os valores médios encontrados no nível 0-back

99,9±0,62 %, no 1-back 95,6±5,7 % e no 2-back 71,7±20,6%. Assim os participantes

tinham melhor desempenho no nível 0-back do que em 1-back (p<0,001, Z= -4,305)

e 2-back (p<0,001, Z= -4941). E no nível 1-back obteve-se maior percentual de

acertos do que no 2-back (p<0,001, Z = -4,882).

Gráfico 2 – Percentual de acertos no teste de reconhecimento de faces. (*p=0,001;

**p<0,001)

No teste de Faces de Mooney houve diferença no número de acertos entre

as três condições (p<0,001, X2 = 51,856), como observado no gráfico 2. Os

distratores apresentaram um percentual de acertos maior (86,7±18,4 %) em relação

ao reconhecimento das faces na posição natural (76,5±10,5 %, p=0,001, Z = -3,205)

e em relação às faces invertidas (43,4±17,7 %, p<0,001, Z = -4,939). Os

participantes obtiveram melhor desempenho ao identificar faces canônicas do que

faces invertidas (p<0,001, Z = -4,943).

O gráfico 3 mostra as diferenças existentes entre os tempos de respostas

necessários para o reconhecimento das faces de Mooney em posição natural e

invertida. É possível observar que o tempo gasto para identificação de uma face

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canônica é menor (p<0,001, Z = -4762) do que para uma face invertida,

2681,98±290,7 e 3027,23±447,8, respectivamente. Além disso, os tempos gastos

em respostas exitosas são menores do que os demandados para respostas

errôneas na condição face canônica (p<0,001, Z = -4,976), sendo 2681,98±290,7 ms

(acerto) e 3320,56±547,3 ms (erro), assim como para faces invertidas (p<0,001, Z =

-4,940), sendo 3027,23±447,8 ms (acerto) e 3432,26±592,5 ms (erro) para faces

invertidas.

Gráfico 3 – Tempo de respostas para acertos e erros no teste de reconhecimento

de faces. (*p<0,001; **p=0,003)

Nas figuras 6 e 7 são mostradas as distribuições topográficas das potências

das frequências teta (4-9Hz) e gama (30 a 100Hz) do EEG de um único participante

nas condições de acerto e erro para os estímulos faces canônicas e invertidas

verticalmente, respectivamente, durante a tarefa de reconhecimento de Mooney. É

possível observar que a frequência teta apresenta maior potência nas áreas frontais,

enquanto gama é percebido mais na região parietal, o que ratifica a escolha de

região de interesse para as análises do acoplamento de frequências cruzadas.

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Figura 6 – Distribuição topográfica das potências teta e gama durante a realização do Teste de Mooney em um participante nas condições de acerto e erro para estímulos de faces canônicas.

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Figura 7 – Distribuição topográfica das potências teta e gama durante a realização do Teste de Mooney em um participante nas condições de acerto e erro para estímulos de faces invertida verticalmente.

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Nas páginas 40 e 41 são apresentadas as potências do EEG para as faixas

de frequência teta (4 – 8Hz) e gama baixo (30 – 55Hz) e alto (61 – 95 Hz), para as

condições de acertos e erros nos estímulos face e face invertida de um dos

voluntários para os eletrodos Fp1 e P3 (figura 8) e Fp2 e P4 (figura 9).

A figura 10 apresenta os comodulogramas dos índices de modulação (MIs)

nas condições de acertos e erros no reconhecimento de faces em posição canônica

e invertida considerando os eletrodos localizados nas coordenadas Fp1 e P3 no

hemisfério esquerdo, e Fp2 e P4 no hemisfério direito. Nota-se que há uma

modulação na condição de erro no reconhecimento de faces canônicas entre a fase

da frequência teta em Fp1 a aproximadamente 3 e 8 Hz e a amplitude de gama em

P3 nos intervalos compreendidos entre 40 e 50Hz e 70 a 90Hz. Fenômeno similar é

percebido na mesma condição na tarefa quando verificados os eletrodos do

hemisfério direito. Observa-se a modulação da fase de teta entre 3 e 6Hz na

amplitude de gama nos intervalos entre 60 e 70Hz e 90 a 100Hz, aproximadamente.

Ao analisarmos o reconhecimento das faces invertidas, é possível visualizar

a modulação da fase de teta entre 3 e 5Hz e a amplitude de gama entre 50 e 70Hz

em Fp1 e P3, respectivamente.

Entretanto, ao analisarmos estatisticamente os dados, houve diferença

(p<0,001) entre os MIs das condições acerto para Faces (1,4±0,3)x10-3 e Faces

invertidas (2,5±0,5)x10-3, e para erros considerando também Face (1,3±0,2)x10-3 e

Faces invertidas (2,4±0,5)x10-3 no hemisfério esquerdo, e acertos entre Faces

(1,4±0,4)x10-3 e Faces invertidas (2,7±0,7)x10-3, assim como entre erros para Faces

(1,4±0,4)x10-3 e Faces invertidas (2,4±0,6)x10-3 no hemisfério direito. Não houve

diferença nos MIs nas comparações entre hemisférios corticais em nenhuma das

condições presentes (p>0,05). Os resultados são apresentados na gráfico 4.

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Figura 8 – Potências médias nas condições de acertos e erros para os estímulos face e face invertida nas frequências teta e gama nos eletrodos Fp1 e P3 do voluntário 18.

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Figura 9 – Potências médias nas condições de acertos e erros para os estímulos face e face invertida nas frequências teta e gama nos eletrodos Fp2 e P4 do voluntário 18.

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Figura 10 – Índice de modulação para erros e acertos nas condições face e face_invertida. Linhas (A) condição face no hemisfério esquerdo; (B) face invertida no hemisfério esquerdo; (C) face no hemisfério direito; e (D) face invertida no hemisfério direito.

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Gráfico 4 – Índices de modulação para condições de acertos e erros no reconhecimento de faces e faces invertidas. (A) MIs no hemisfério esquerdo e (B) MIs no hemisfério direito.

Após a análise da dinâmica do AFA teta-gama entre córtex pré-frontal e

parietal posterior, foram testados modelos de regressão logística na tentativa de

identificar a probabilidade estatística do reconhecimento das Faces de Mooney em

posição canônica e invertidas verticalmente ser previsto por variáveis cognitivas.

Sendo assim, iniciou-se pelo modelo que considerou o desempenho no N-back em

relação às faces em posição natural e em posição invertida. Os resultados são

apresentados nas tabelas 2 e 3 a seguir.

Tabela 2 – Regressão logística do desempenho no N-back teste vs acertos Face Parâmetros de estimativa

Padrão

Parâmetro Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior Gradiente

FACE 2.7971 1.4935 1E7 1.87 0.0611 0.05 -0.1302 5.7243 6.516E-9 %N-back -0.01743 0.01693 1E7 -1.03 0.3034 0.05 -0.05062 0.01576 4.112E-6

Estimativa adicional

Padrão

Rótulo Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior

%N-back 0.9827 0.01664 1E7 59.05 <.0001 0.05 0.9501 1.0153

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Tabela 3 – Regressão logística do desempenho no N-back teste vs acertos Face invertida

Parâmetros de estimativa

Padrão

Parâmetro Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior Gradiente

Face Invertida 0.5829 1.5539 1E7 0.38 0.7076 0.05 -2.4627 3.6284 8.11E-11 %N-back -0.00907 0.01768 1E7 -0.51 0.6078 0.05 -0.04372 0.02558 2.646E-7

Estimativa adicional

Padrão

Rótulo Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior

%N-back 0.9910 0.01752 1E7 56.57 <.0001 0.05 0.9566 1.0253

Na figura 11 adiante são apresentadas as distribuições das variáveis

preditoras aleatórias medidas por meio do teste Wais III (escalas e índices) em

relação à variável resposta, que é o reconhecimento de face. Além disso, podem-se

observar os valores de r para essas distribuições. Como pode ser observado na

primeira linha da imagem, não foram encontradas correlações entre as variáveis e o

percentual de acerto no reconhecimento das imagens (p>0,05).

Serão mostradas as tabelas 4, 5 e 6 contendo os modelos de regressão

testados para as variáveis que se pretendia verificar como possíveis preditoras do

reconhecimento das faces de Mooney.

Tabela 4 – Regressão logística da escala do QI total vs acertos Face Parâmetros de estimativa

Padrão

Parâmetro Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior Gradient

FACE 1.7012 1.0084 1E7 1.69 0.0916 0.05 -0.2753 3.6776 -451E-13 QI total -0.00400 0.008781 1E7 -0.46 0.6488 0.05 -0.02121 0.01321 2.084E-7

Estimativa adicional

Padrão

Rótulo Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior

QI Total 0.9960 0.008746 1E7 113.88 <.0001 0.05 0.9789 1.0132

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Figura 11 – Diagramas de dispersão e valores de r das escalas e índices do Wais III em relação ao reconhecimento de faces

Tabela 5 – Regressão logística das escalas de QI Verbal e QI de Execução vs acertos Face

Parâmetros de estimativa

Padrão

Parâmetro Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior Gradiente

FACE 1.5952 1.0818 1E7 1.47 0.1403 0.05 -0.5251 3.7155 -587E-13 QIV -0.00417 0.01156 1E7 -0.36 0.7180 0.05 -0.02683 0.01848 1.285E-7 QIE 0.001189 0.01207 1E7 0.10 0.9215 0.05 -0.02247 0.02485 1.168E-7

Estimativa adicional

Padrão

Rótulo Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior

QIV 0.9958 0.01151 1E7 86.51 <.0001 0.05 0.9733 1.0184 QIE 1.0012 0.01209 1E7 82.83 <.0001 0.05 0.9775 1.0249

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Tabela 6 – Regressão logística dos índices do teste Wais III vs acertos Face Parâmetros de estimativa

Padrão

Parâmetro Estimativa Erro DF t Value Pr > | Alpha Inferior Superior Gradiente

FACE 2.0461 1.2336 1E7 1.66 0.0972 0.05 -0.3717 4.4640 3.83E-11 ICV -0.00371 0.01446 1E7 -0.26 0.7977 0.05 -0.03204 0.02463 6.903E-7 IOP -0.00062 0.01607 1E7 -0.04 0.9693 0.05 -0.03211 0.03088 6.122E-7 IMO -0.00505 0.01232 1E7 -0.41 0.6820 0.05 -0.02921 0.01911 5.655E-7 IVP 0.002285 0.01179 1E7 0.19 0.8463 0.05 -0.02081 0.02538 5.717E-7

Estimativa adicional

Padrão

Rótulo Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior

ICV 0.9963 0.01440 1E7 69.18 <.0001 0.05 0.9681 1.0245 IOP 0.9994 0.01606 1E7 62.23 <.0001 0.05 0.9679 1.0309 IMO 0.9950 0.01226 1E7 81.14 <.0001 0.05 0.9709 1.0190 IVP 1.0023 0.01181 1E7 84.85 <.0001 0.05 0.9791 1.0254

Na figura 12 à frente são apresentadas as distribuições das variáveis

preditoras aleatórias medidas por meio do teste Wais III (escalas e índices) em

relação à outra possível variável resposta, que é o reconhecimento de face invertida.

Como pode ser observado na primeira linha da imagem, não foram encontradas

correlações entre as variáveis e o percentual de acerto no reconhecimento das

imagens (p>0,05).

As tabelas 7, 8 e 9 contêm os modelos de regressão testados para as

variáveis que se pretendia verificar como possíveis preditoras do reconhecimento

das faces invertidas.

Tabela 7 – Regressão logística da escala do QI total vs acertos Face Invertida Parâmetros de estimativa

Padrão

Parâmetro Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior Gradiente

Face Invertida -0.4896 1.0835 1E7 -0.45 0.6513 0.05 -2.6132 1.6340 -9.27E-8 QIT 0.001854 0.009453 1E7 0.20 0.8445 0.05 -0.01667 0.02038 4.745E-6

Estimativa adicional

Padrão

Rótulo Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior

QIT 1.0019 0.009471 1E7 105.79 <.0001 0.05 0.9833 1.0204

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Figura 12 – Diagramas de dispersão e valores de r das escalas e índices do Wais III em relação ao reconhecimento de faces invertidas

Tabela 8 – Regressão logística das escalas de QI Verbal e QI de Execução vs acertos Face Invertida

Parâmetros de estimativa

Padrão

Parâmetro Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior Gradiente

Face Invertida -0.4713 1.1385 1E7 -0.41 0.6789 0.05 -2.7027 1.7600 9.09E-11 QIV 0.01192 0.01199 1E7 0.99 0.3201 0.05 -0.01158 0.03542 7.283E-7 QIE -0.01069 0.01228 1E7 -0.87 0.3839 0.05 -0.03476 0.01337 6.672E-7

Estimativa adicional

Padrão

Rótulo Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior

QIV 1.0120 0.01213 1E7 83.42 <.0001 0.05 0.9882 1.0358 QIE 0.9894 0.01215 1E7 81.44 <.0001 0.05 0.9656 1.0132

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Tabela 9 – Regressão logística dos índices do teste Wais III vs acertos Face Invertida

Parâmetros de estimativa

Padrão

Parâmetro Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior Gradiente

Face Invertida -0.08698 1.3347 1E7 -0.07 0.9480 0.05 -2.7030 2.5290 2.05E-10 ICV -0.00115 0.01537 1E7 -0.07 0.9405 0.05 -0.03127 0.02898 9.23E-7 IOP -0.00629 0.01682 1E7 -0.37 0.7084 0.05 -0.03927 0.02668 8.296E-7 IMO 0.005611 0.01300 1E7 0.43 0.6659 0.05 -0.01986 0.03108 7.605E-7 IVP 0.000463 0.01239 1E7 0.04 0.9702 0.05 -0.02381 0.02474 7.716E-7

Estimativa adicional

Padrão

Rótulo Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior

ICV 0.9989 0.01535 1E7 65.06 <.0001 0.05 0.9688 1.0289 IOP 0.9937 0.01672 1E7 59.44 <.0001 0.05 0.9610 1.0265 IMO 1.0056 0.01307 1E7 76.94 <.0001 0.05 0.9800 1.0312 IVP 1.0005 0.01239 1E7 80.74 <.0001 0.05 0.9762 1.0247

A figura 13 a seguir apresenta as distribuições e valores de r entre o

percentual de acertos no reconhecimento das faces canônicas e os índices de

modulação entre teta e gama em ambos os hemisférios.

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Figura 13 – Diagramas de dispersão e valores de r entre reconhecimento das Faces e MIs

Não foram verificadas correlações significativas entre os MIs de ambos os

hemisférios com o percentual de acertos nas faces canônicas. Entretanto, a seguir

são apresentados os modelos de regressão logísticas testados utilizando-se os MIs

como variáveis aleatórias com intuito de preverem o desempenho na tarefa de

fechamento perceptual. Os resultados são apresentados nas tabelas 10 e 11.

Tabela 10 - Regressão logística dos Índices de modulação teta-gama vs reconhecimento de faces canônicas

Parâmetros de estimativa

Padrão

Parâmetro Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior Gradiente

FACE 0.8046 0.5199 1E7 1.55 0.1218 0.05 -0.2145 1.8236 8.802E-8 MIHE 456.47 672.82 1E7 0.68 0.4975 0.05 -862.24 1775.17 6.36E-11 MIHD -136.62 520.37 1E7 -0.26 0.7929 0.05 -1156.53 883.29 1.37E-10

Estimativa adicional

Padrão

Rótulo Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior MIHE 1.74E198 1.17E201 1E7 0.00 0.9988 0.05 -23E200 2.3E201 MIHD 4.66E-60 1E7 0.05

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Tabela 11 - Regressão logística dos Índices de modulação teta-gama vs reconhecimento de faces invertida

Parâmetros de estimativa

Padrão

Parâmetro Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior Gradiente

FACE Invertida -0.7072 0.5695 1E7 -1.24 0.2143 0.05 -1.8233 0.4090 6.14E-12 MIHE -83.1556 324.25 1E7 -0.26 0.7976 0.05 -718.68 552.37 2.85E-15 MIHD 242.76 243.85 1E7 1.00 0.3195 0.05 -235.17 720.69 7.53E-15

Estimativa adicional Padrão

Rótulo Estimativa Erro DF t Value Pr > |t| Alpha Inferior Superior

MIHE 7.69E-37 1E7 0.05 MIHD 2.69E105 6.56E107 1E7 0.00 0.9967 0.05 -128E106 1.29E108

As figuras 14 e 15 apresentam os índices de modulação nas condições de

acerto e erro durante o reconhecimento de faces e faces invertidas de dois

participantes com valores de QIs localizados nos extremos da amostra. Não são

evidentes as diferenças de modulações entre indivíduos.

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Figura 14 – Acoplamento teta-gama nas duas condições em um participante com elevado QI durante a realização do teste de faces. (A) acoplamento amplitude fase médio durante condições de acertos no teste, (B) acoplamento amplitude-fase médio durante condições de erros no teste. As figuras seguintes representam o acoplamento fase-amplitude em trial unitário sendo: (C) acerto em face, (D) erro em face, (E) acerto em face invertida, (F) erro em face invertida.

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Figura 15 – Acoplamento teta-gama nas duas condições em um participante com baixo QI durante a realização do teste de faces. (A) acoplamento amplitude fase médio durante condições de acertos no teste, (B) acoplamento amplitude-fase médio durante condições de erros no teste. As figuras seguintes representam o acoplamento fase-amplitude em trial unitário sendo: (C) acerto em face, (D) erro em face, (E) acerto em face invertida, (F) erro em face invertida.

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6 Discussão

O presente estudo teve como objetivo principal estudar a dinâmica da

comunicação neuronal entre o CPF e o CPP durante uma tarefa de reconhecimento

facial e verificar a demanda cognitiva para o desempenho na tarefa por meio de

comparações com testes de inteligência e memória operacional.

Os escores do teste WAIS III mostram que o desempenho dos participantes

está de acordo com a normatização populacional, que é de 100 pontos com desvio

padrão de 15, oscilando entre 85 e 115 (Cohen, Swerdlink & Sturman, 2014). O QI

total médio da amostra do estudo foi de 113,98±12,94.

O desempenho na tarefa de N-back depende da capacidade da memória

operacional e possui forte correlação com o QI total (Fukuda et al. 2011; Jaeggi et

al., 2008). Estudos mostram uma atenuação no desempenho a partir do nível 2-back

em uma tarefa similar à utilizada no presente estudo (Vermeij et al., 2014). No nível

3-back o desempenho cai acentuadamente (Callicott et al., 1999). No presente

estudo, optamos por utilizar até o estágio 2-Back afim de evitar fadiga mental e

prejuízos na tarefa posterior (Tanaka, Ishii & Watanabe, 2015; Gergelyfi et al 2015).

Os resultados obtidos por meio do N-back representaram a eficácia da tarefa para

discernir desempenhos de acordo com o nível de exigência da memória operacional.

Houve diferença entre os três níveis complexidade (p<0,001), sendo 0-Back

(99,9±0,62 %) maior que 1-Back (95,6±5,7) e 2-Back (71,7±20,6%), assim como o 1-

back foi maior que o 2-back.

Na tarefa das faces de Mooney os resultados mostraram diferenças

(p<0,001) no desempenho no reconhecimento de faces (76,5±10,5 %), faces

invertidas (43,4±17,7 %) e distratores (86,7±18,4 %). Os distratores foram utilizados

para verificar o nível de atenção dos participantes durante a realização da tarefa,

sendo considerada satisfatória a acurácia em torno de 70%. Apenas um indivíduo

apresentou percentual de acertos no reconhecimento de distratores categorizado

como outlier (52,5%). Contudo, o desempenho do mesmo no reconhecimento de

faces e faces invertidas era compatível com os demais participantes da amostra.

A diferença entre o desempenho no reconhecimento de faces e faces

invertidas é provavelmente um produto da dificuldade em realizar a etapa configural

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de primeira ordem do reconhecimento facial, no qual se cria um rascunho visual

contendo dois olhos sobre um nariz e uma boca. A dificuldade em realizar essa

etapa no caso das faces invertidas, prejudica a segunda etapa holística do

processamento de faces, o fechamento perceptual em uma Gestalt (Maurer, Le

Grand & Mondloch, 2002). Outros estudos mostram a diferença na capacidade de

reconhecimento das faces de Mooney quando são apresentadas na posição

canônica e invertidas, assim como apresentaram evidências eletrofisiológicas da

atenuação do componente N170 durante o reconhecimento das faces invertidas

(Taubert et al., 2014; Grützner et al. 2010; Latinus & Taylor, 2006a; George et al.,

2005).

Como esperado, observamos diferenças no tempo de resposta necessário

para identificar faces de faces invertidas durante o teste de Mooney (Itier et al.,

2006; George et al., 2005). O tempo de resposta para identificação das faces

canônicas (2681,98±290,7 ms) era menor que das faces invertidas (3027,23±447,8

ms; p<0,001). As respostas erradas para faces canônicas (3320,56±547,3 ms)

também foram mais rápidas do que para falhas ao identificar faces invertidas

(3432,26±592,5 ms, p= 0,003). Por fim, as faces canônicas e faces invertidas

identificadas corretamente obtiveram respostas mais rápidas do que ambas

identificadas de forma errada (p<0,001).

A análise dos índices de modulação do AFA mostrou uma comodulação

entre as faixas teta (3-8Hz) e gama (40-50Hz e 70-90Hz) associada com as

respostas erradas para o reconhecimento de face na posição canônica no hemisfério

esquerdo. Fenômeno similar ocorre no hemisfério direito em teta (3- 6Hz) e gama

(60-70Hz e 90-100Hz) (Figura 10). Entretanto, os MIs não foram diferentes entre as

condições acerto e erro para nenhuma das condições.

Os resultados da análise do AFA mostram que a inversão do estímulo

provocou o maior MI das oscilações teta do CPF sobre as oscilações gama do CPP

nos dois hemisférios cerebrais (gráfico 4). É possível que esse aumento do MI se

deve pela tentativa de rastrear elementos configurais na primeira etapa do

reconhecimento facial. Uma vez que esses elementos não são detectados não há o

fechamento em uma Gestalt e a formulação visual do rosto (Goold & Meng, 2016;

Taubert et al. 2015; Itier et al., 2006; Maurer, Le Grand & Mondloch, 2002; Valentine,

1998). Podemos considerar que essa maior exigência no rastreamento de elementos

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visuais causa um aumento da demanda cognitiva durante o reconhecimento facial,

aumentando o tempo de resposta e justificando a maior incidência de falhas em

faces invertidas verticalmente (Itier et al., 2006).

Nossos achados apontam que a identificação de estímulos faciais depende

muito pouco de mecanismos associados com a memória operacional. Esse achado

está em conformidade com a proposta de que o reconhecimento de faces é

realizado de maneira holística/configural, diferente de outros estímulos visuais

(Piepers e Robbins, 2012; Maurer, Le Grand & Mondloch, 2002). Aparentemente,

essa é uma característica compartilhada com outros estímulos biológicos, como a

percepção do movimento (Bardi, Regolin & Simion, 2011).

No presente estudo, não verificamos lateralização hemisférica com relação

ao AFA teta-gama entre o CPF e o CPP. Diferente de trabalhos anteriores que

sugeriram uma distinção no papel de cada hemisfério cerebral no reconhecimento

de faces (Ramon & Rossion, 2012; Rossion et al., 2006), em que o lado esquerdo é

responsável pelo fechamento perceptual e a decisão se a imagem é ou não uma

face, enquanto o hemisfério direito interpretaria se aquele rosto pertence a alguém

conhecido ou não (Parkin & Williamson, 1987). O motivo da discrepância pode ter a

ver com a especificidade do teste de Mooney, no qual a expectativa do participante é

de que nenhuma das faces é familiar.

Embora a atividade teta no CPF module a atividade gama no CPP durante

os erros no reconhecimento das faces, e, o MI seja maior nas faces invertidas em

relação às faces canônicas, não houve correlações com as escalas da inteligência

medida pelo WAIS III e a memória operacional. Faces capturam a atenção de

humanos naturalmente, sem utilizar mecanismos de controle de atenção específicos.

Outro aspecto interessante é que o estudo que encontrou atividade seletiva para

faces no CPF utilizou estímulos em movimento, enquanto nossas faces eram

apresentadas de forma estática (Duchaine & Yovel, 2015). O não envolvimento de

vias cognitivas pré-frontais no reconhecimento de faces evidencia a existências de

uma circuitaria específica para identificação de rostos e reflete o valor adaptativo

dessa função para a integridade social do indivíduo (Bogin, 1997).

Nossos achados permitem dizer que o AFA teta-gama entre CPF e CPP está

associado à formulação visual da Gestalt, possivelmente mediando processos

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atencionais, que podem provocar um foco exarcebado nas partes prejudicando a

visualização do inteiro.

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7 Conclusão

Os resultados indicam que a comunicação de longo alcance entre áreas

corticais pré-frontais e parietais está subjacente à formulação da Gestalt, o que foi

observado por meio do acoplamento da fase de teta frontal e amplitude de gama

parietal em ambos os hemisférios durante o fechamento perceptual no teste de

reconhecimento de faces.

A intensidade do acoplamento entre as regiões diferem quando faces são

apresentadas em posição natural e invertidas verticalmente, o que pode estar

relacionado com a menor acurácia na segunda condição. Os resultados indicam que

durante o reconhecimento de faces canônicas há menor necessidade de modulação

entre áreas frontais e parietais, denotando menor esforço cognitivo para executar a

tarefa, fato que provavelmente se deva pela grande eficiência que humanos

possuem em reconhecer faces. Esse resultado também corrobora com um modelo

de processamento de faces holístico/configural, pois a menor eficácia no

reconhecimento de faces invertidas está associada a maior modulação durante a

tarefa, o que demonstra um maior esforço cognitivo para o reconhecimento holístico

desses estímulos.

Finalmente, os resultados dos modelos de regressão logística entre as

escalas do teste de inteligência e a memória operacional, vêm sustentar a hipótese

de que o reconhecimento de faces é extremamente especializado, demandando

pouco da cognição mesmo quando os estímulos possuem informações conflitantes e

incompletas. Isso demonstra o grande valor adaptativo social que o reconhecimento

de faces possui na espécie humana.

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ANEXO I

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ANEXO II

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE

Gostaríamos de convidá-lo a participar da pesquisa intitulada “Padrão de oscilações neuronais associado com o desempenho em testes de memória operacional e a inteligência em humanos”, que faz parte do curso de educação física e é coordenada pelo Prof. Ms. Felipe de Oliveira Matos da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O objetivo da pesquisa é verificar como o desempenho em testes de memória operacional está correlacionado com a dinâmica de sincronização de áreas corticais pré-frontal e córtex parietal posterior em humanos. Para isto a sua participação é muito importante, e ela se daria por meio da resposta a questionários e realização de um teste de inteligência em um primeiro dia, e, da avaliação cognitiva participando de dois testes computadorizados com registro eletroencefalográfico em um segundo dia. Informamos que não é esperado nenhum tipo de desconforto, uma vez que não há procedimentos invasivos. Gostaríamos de esclarecer que sua participação é totalmente voluntária, podendo você: recusar-se a participar, ou mesmo desistir a qualquer momento sem que isto acarrete qualquer ônus ou prejuízo à sua pessoa. Informamos ainda que as informações obtidas serão utilizadas somente para os fins desta pesquisa, e serão tratadas com o mais absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua identidade. Os registros de sinais biológicos que serão realizados, serão armazenados na universidade durante o período da pesquisa e poderão ser descartados posteriormente. Os benefícios esperados são contribuir para a construção do conhecimento acerca dos mecanismos cerebrais envolvidos no funcionamento da memória operacional e funções executivas que ajudará, futuramente, a melhor compreensão dessas habilidades.

Caso você tenha mais dúvidas ou necessite maiores esclarecimentos, pode nos contatar nos endereços abaixo ou procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da UEM, cujo endereço consta deste documento. Este termo deverá ser preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma delas, devidamente preenchida e assinada entregue a você.

Além da assinatura nos campos específicos pelo pesquisador e por você, solicitamos que sejam rubricadas todas as folhas deste documento. Isto deve ser feito por ambos (pelo pesquisador e por você, como sujeito ou responsável pelo sujeito de pesquisa) de tal forma a garantir o acesso ao documento completo.

Eu,……………………………………………….. declaro que fui devidamente esclarecido e concordo em participar VOLUNTARIAMENTE da pesquisa coordenada pelo Prof. Felipe de Oliveira Matos.

_____________________________________ Data:……………………..

Assinatura ou impressão datiloscópica

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Eu, Felipe de Oliveira Matos, declaro que forneci todas as informações

referentes ao projeto de pesquisa supra-nominado.

________________________________________ Data:..............................

Assinatura do pesquisador

Qualquer dúvida com relação à pesquisa poderá ser esclarecida com o

pesquisador, conforme o endereço abaixo:

Nome: Felipe de Oliveira Matos

Endereço: Praça independência, 385 - Centro, Ivaiporã -PR

Telefone: (43)3472-5950

e-mail: [email protected]

Qualquer dúvida com relação aos aspectos éticos da pesquisa poderá ser

esclarecida com o Comitê Permanente de Ética em Pesquisa (COPEP)

envolvendo Seres Humanos da UEM, no endereço abaixo:

COPEP/UEM

Universidade Estadual de Maringá.

Av. Colombo, 5790. Campus Sede da UEM.

Bloco da Biblioteca Central (BCE) da UEM.

CEP 87020-900. Maringá-Pr. Tel: (44) 3261-4444

E-mail: [email protected]

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ANEXO III

-------------------Mini-mental1-------------------- (Folstein, Folstein & McHugh, 1975)

Paciente: _______________________________________________

Data de avaliação: __________ Avaliador: ______________________

Orientação

1) Dia da Semana (1 ponto) ( ) 2) Dia do Mês (1 ponto) ( ) 3) Mês (1 ponto) ( ) 4) Ano (1 ponto) ( ) 5) Hora aproximada (1 ponto) ( ) 6) Local específico (andar ou setor) (1 ponto) ( ) 7) Instituição (residência, hospital, clínica) (1 ponto) ( ) 8) Bairro ou rua próxima (1 ponto) ( ) 9) Cidade (1 ponto) ( ) 10) Estado (1 ponto) ( )

Memória Imediata

Fale três palavras não relacionadas. Posteriormente pergunte ao paciente pelas

3 palavras. Dê 1 ponto para cada resposta correta. ( )

Depois repita as palavras e certifique-se de que o paciente as aprendeu, pois mais adiante você irá perguntá-las novamente.

Atenção e Cálculo

(100-7) sucessivos, 5 vezes sucessivamente (93,86,79,72,65)

(1 ponto para cada cálculo correto) ( )

Evocação Pergunte pelas três palavras ditas anteriormente (1 ponto por palavra)( )

Linguagem 1) Nomear um relógio e uma caneta (2 pontos) ( )

2) Repetir “nem aqui, nem ali, nem lá” (1 ponto) ( )

3) Comando:”pegue este papel com a mão direita, dobre ao meio e coloque no

chão (3 pontos) ( )

4) Ler e obedecer: “feche os olhos” (1 ponto) ( )

5) Escrever uma frase (1 ponto) ( )

6) Copiar um desenho (1 ponto) ( )

1 INTERPRETAÇÃO DO MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MMSE)

Pontuação Escolaridade Diagnóstico < 24 Altamente escolarizado Possível demência < 18 2º grau Possível demência < 14 Analfabeto Possível demência

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Escore: ( / 30)

Paciente: _________________________________ 2Idade: __________

Data de Avaliação: ______________

“feche os olhos”

ESCREVA UMA FRASE

COPIE O DESENHO

2 CONTINUAÇÃO MINI-MENTAL