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CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA, FÍSICA E FÍSICO-QUÍMICA DE AMÊNDOAS, LIQUOR E CHOCOLATE DE VARIEDADES DE CACAU CULTIVADAS NA BAHIA- BRASIL Ana Cristina Yamamoto *1 ; Priscilla Efraim 1 FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS, UNICAMP PiBIT Palavras-Chave: Amêndoas de cacau, Liquor, Chocolate INTRODUÇÃO O cacau é um fruto de grande importância econômica pois a partir dele é possível obter subprodutos de relevância ao mercado. Atualmente, existe uma ampla variedade genética dos cacaueiros em função de programas e iniciativas de produtores para se obter materiais com maior resistência a pragas e doenças e melhores características sensoriais e físico-químicas. O objetivo do presente estudo foi avaliar as características físico-químicas de 23 variedades de cacau e dos principais produtos obtidos a partir delas: amêndoas de cacau, mateiga de cacau, licor e chocolate, visando contribuir para o conhecimento do potencial individual de cada uma para a produção de chocolate. Figura 1. Fluxograma Geral das etapas de processamento para obtenção dos liquors e manteiga de cacau para análise * Correspondência do autor: Tel.: +55 19 3251-4018 / 19 3521-3998 / 19 8381-1300. Endereço de e-mail: [email protected] METODOLOGIA Material: 23 variedades de amêndoas de cacau fermentadas e secas sob mesmos protocolos (fermentação em caixas de madeira com 300Kg de sementes com polpa e secagem ao sol em estufas de secagem. A partir dos resultados obtidos, observou-se uma ampla diversidade entre as amostras analisadas, que pode influenciar consideravelmente na utilização industrial para a produção de chocolates. A prova de corte (dados não apresentados) demonstrou que, apesar da padronização das práticas pós colheita, algumas das variedades estudadas apresentaram melhores índices de fermentação em relação a outras, verificados pela observação visual da cor e compartimentação dos cotilédones. Os valores de umidade das amêndoas foram próximos e permaneceram em torno de 6%. Já os valores de acidez total variaram entre 0,96 a 2,58% em ácido acético, confirmando as diferenças obtidas na etapa de fermentação, as quais também podem ter sido provocadas por diferenças na composição da polpa de cada material estudado. Nas análises físico-químicas do liquor dessas variedades observou-se que os valores de lipídios, proteína e teor fenólico variaram, respectivamente, em torno de 48 a 62%, 11 a 14% e 5 a 8% demonstrando novamente uma diversidade de características entre as amostras. Em relação aos resultados do chocolate, obteve-se um tamanho de partícula da massa refinada em torno de 20 a 24um. De acordo com a literatura, o tamanho não deve ser superior a 25um e inferior a 20um para que o consumidor não perceba arenosidade ao degustar o chocolate. Amêndoas de Cacau Torração (140°C / 60min) Quebra / Obetenção de Nibs Densidade aparente / Composição em fração /Prova de Corte / pH / acidez / umidade Moagem e Refino Liquor Compostos Fenólicos / Teor de lipídeos / Teor de Proteínas Mistura liquor com açúcar Refino Conchagem e adição de emulsificante Temperagem e Refino Chocolate Textura / Tamanho máximo de Partíicula Prensagem Manteiga de Cacau Curva de Gordura Sólida / Composição Triacilgliecrólica 0 1 2 3 4 5 6 7 8 variedades de amêndoas de cacau Análise Físico-Química das Amêndoas umidade (%) pH acidez (%ácido acético) 0 10 20 30 40 50 60 70 variedades de cacau Análise Físico-Química dos Liquors de Cacau teor de lipídeos (%) teor de proteína (%) toer fenólico Figura 3. Resultados da análise físico-química do liquor de cacau 0 2 4 6 8 10 12 14 16 PS 10.30 PH 16 FM 31 TSH 1188 TSH 565 LP 06 PAIN 9316 COMUM EET 397 PS 13.19 FA 13 VB 1128 TSH 516 CCN 10 BJ 11 PS 40.7 TSA 792 CA 1.4 VB 1151 VB515 CCN 51 SJ 02 PH 129 variedade de cacau Análise físico-química de liquor cafeina (mg/g) teobromina (mg/g) Figura 4. Resultados da análise físico-química do liquor de cacau 0 10 20 30 40 50 60 70 80 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 temperatura (°C) teor de gordura sólida (%) PH 129 BJ 11 CA 1.4 CCN 10 CCN 51 COMUM EET 397 FA 13 FM 31 LP 06 PAIN 9316 PH 16 0 10 20 30 40 50 60 70 80 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 temperatua (°C) teor de gordura sólida (%) PS 10.30 PS 13.19 PS 40.7 SJ 02 TSA 792 TSH 516 TSH 565 TSH 1188 VB515 VB 1128 VB 1151 CONCLUSÕES De forma geral, foi observada ampla diferença entre as variedades estudadas, sendo que algumas devem influenciar fortemente na produção industrial de chocolates e nas características sensoriais do produto final. Este estudo será complementado com a análise sensorial dos chocolates das diferentes variedades e testes de correlação para avaliação da influência das características físico-químicas ao sabor. Figura 2. Resultados da análise físico-química das amêndoas de cacau RESULTADOS E DISCUSSÃO Métodos: -Prova de corte: Foi realizada segundo a Instrução Normativa n° 57, de 12 de nov. de 2008 (BRASIL, 2008); -Determinações físico-químicas : pH e acidez total, teor proteínas, lipídeos realizadas segundo HORWITZ 2005; umidade pelo Gahaka IV 2002; teor fenólico segundo Efraim (2006) ; teor de teobromina e cafeína por espectroscopia de ressonância magnética nuclear e Curvas do teor de gordura sólida em função da temperatura: de acordo com Firestone (1998) Figura 5. Teor de gordura no estado sólido das manteigas de cacau das variedades estudadas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Instrução Normativa n° 57, de 12 de nov. de 2008. Regulamento Técnico da Amêndoa de Cacau. Diário Oficial da União, Brasília, 13 nov. 2008. Seção I, pg. 2. FIRESTONE, D. (Ed.). Official methods and recommended practices of the AOCS. 5.ed. Illinois: American Oil Chemists Society, 1998. 2v. HORWITZ, W. ed. AOAC Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists, 18ª ed., 2005.

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Page 1: C) 80 PS 10.30 EET 397 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA, FÍSICA … · O cacau é um fruto de grande importância econômica pois a partir dele é possível obter subprodutos de relevância

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA, FÍSICA E FÍSICO-QUÍMICA DE AMÊNDOAS, LIQUOR E CHOCOLATE DE VARIEDADES DE CACAU CULTIVADAS NA BAHIA- BRASIL

Ana Cristina Yamamoto*1; Priscilla Efraim1 FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS, UNICAMP

PiBIT Palavras-Chave: Amêndoas de cacau, Liquor, Chocolate

INTRODUÇÃO O cacau é um fruto de grande importância econômica pois a partir dele é possível obter subprodutos de relevância ao mercado. Atualmente, existe uma ampla variedade genética dos

cacaueiros em função de programas e iniciativas de produtores para se obter materiais com maior resistência a pragas e doenças e melhores características sensoriais e físico-químicas. O objetivo do presente estudo foi avaliar as características físico-químicas de 23 variedades de cacau e dos principais produtos obtidos a partir delas: amêndoas de cacau, mateiga de cacau,

licor e chocolate, visando contribuir para o conhecimento do potencial individual de cada uma para a produção de chocolate.

Figura 1. Fluxograma Geral das etapas de processamento para obtenção dos liquors e manteiga de cacau para análise

* Correspondência do autor: Tel.: +55 19 3251-4018 / 19 3521-3998 / 19 8381-1300. Endereço de e-mail: [email protected]

METODOLOGIA • Material: 23 variedades de amêndoas de cacau fermentadas e secas sob mesmos protocolos (fermentação em caixas de madeira com 300Kg de sementes com polpa e secagem ao sol em estufas de secagem.

A partir dos resultados obtidos, observou-se uma ampla diversidade entre as amostras analisadas, que pode influenciar consideravelmente na utilização industrial para a produção de chocolates. A prova de corte (dados não apresentados) demonstrou que, apesar da padronização das práticas pós colheita, algumas das variedades estudadas apresentaram melhores índices de fermentação em relação a outras, verificados pela observação visual da cor e compartimentação dos cotilédones. Os valores de umidade das amêndoas foram próximos e permaneceram em torno de 6%. Já os valores de acidez total variaram entre 0,96 a 2,58% em ácido acético, confirmando as diferenças obtidas na etapa de fermentação, as quais também podem ter sido provocadas por diferenças na composição da polpa de cada material estudado. Nas análises físico-químicas do liquor dessas variedades observou-se que os valores de lipídios, proteína e teor fenólico variaram, respectivamente, em torno de 48 a 62%, 11 a 14% e 5 a 8% demonstrando novamente uma diversidade de características entre as amostras. Em relação aos resultados do chocolate, obteve-se um tamanho de partícula da massa refinada em torno de 20 a 24um. De acordo com a literatura, o tamanho não deve ser superior a 25um e inferior a 20um para que o consumidor não perceba arenosidade ao degustar o chocolate.

Amêndoas de Cacau

Torração (140°C / 60min)

Quebra / Obetenção de Nibs

Densidade aparente / Composição em fração /Prova de Corte / pH / acidez / umidade

Moagem e Refino

Liquor

Compostos Fenólicos / Teor de lipídeos / Teor de Proteínas

Mistura liquor com

açúcar

Refino

Conchagem e adição de emulsificante

Temperagem e Refino

Chocolate

Textura / Tamanho máximo de Partíicula

Prensagem

Manteiga de Cacau

Curva de Gordura Sólida / Composição Triacilgliecrólica

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variedades de amêndoas de cacau

Análise Físico-Química das Amêndoas umidade (%)

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Análise Físico-Química dos Liquors de Cacau

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SJ 02

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TSH 516

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TSH 1188

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VB 1128

VB 1151

CONCLUSÕES De forma geral, foi observada ampla diferença entre as variedades estudadas, sendo que algumas devem influenciar fortemente na produção industrial de chocolates e nas características sensoriais do produto final. Este estudo será complementado com a análise sensorial dos chocolates das diferentes variedades e testes de correlação para avaliação da influência das características físico-químicas ao sabor.

Figura 2. Resultados da análise físico-química das amêndoas de cacau

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Métodos: -Prova de corte: Foi realizada segundo a Instrução Normativa n° 57, de 12 de nov. de 2008 (BRASIL, 2008); -Determinações físico-químicas : pH e acidez total, teor proteínas, lipídeos realizadas segundo HORWITZ 2005; umidade pelo Gahaka IV 2002; teor fenólico segundo Efraim (2006) ; teor de teobromina e cafeína por espectroscopia de ressonância magnética nuclear e Curvas do teor de gordura sólida em função da temperatura: de acordo com Firestone (1998)

Figura 5. Teor de gordura no estado sólido das manteigas de cacau das variedades estudadas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Instrução Normativa n° 57, de 12 de nov. de 2008. Regulamento Técnico da Amêndoa de Cacau. Diário Oficial da União, Brasília, 13 nov. 2008. Seção I, pg. 2. FIRESTONE, D. (Ed.). Official methods and recommended practices of the AOCS. 5.ed. Illinois: American Oil Chemists Society, 1998. 2v. HORWITZ, W. ed. AOAC Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists, 18ª ed., 2005.