business process outsourcing na gestão de pessoas: consequência, dilema ou solução?

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12 Os responsáveis pela gestão de pessoas são um elemento facilitador na gestão da mudança Moneris Business Process Outsourcing na gestão de pessoas: Consequência, dilema ou solução? Hoje em dia parece ser consensual que as pessoas são um dos principais ativos de uma organização, porque são elas que promovem verdadeiramente a criação de valor. Consequentemente, uma adequada gestão das pessoas é uma condição sine qua non para as organizações potenciarem a criação de vantagens competitivas e crescerem de forma sustentável. AINDA QUE NAS EMPRESAS (ainda) persistam os modelos tradicionais de gestão e de organização do trabalho, o recurso a um paradigma mecanicista, assumidamente mais redutor e simplista, tem dado lugar a um paradigma holístico prescritor de uma visão mais integradora, participativa e valorizadora das pessoas no seio das organizações. Os gestores de pessoas passam a estar ao nível da decisão estratégica nas organizações e intervêm ao nível da definição das políticas e práticas de gestão. Numa abordagem sistémica, o processo de gestão estratégica não deve ser assumido como um exercício burocrático e desconexo do contexto interno e externo, devendo ser estimulado o respeito pelo indivíduo, a valorização das pessoas, a criatividade e incentivada a sua participação, pelo que os responsáveis pela gestão de pessoas tendem a adotar uma postura dinâmica e flexível, assumindo-se como o elemento facilitador na gestão da mudança e promoção na capacidade de reinvenção das pessoas e, consequentemente, das organizações. Não obstante estejamos a acompanhar uma “nova” realidade, as organizações continuam a ser responsáveis por dar resposta às tarefas do foro operacional e

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Os responsáveis pela gestão de pessoas são um elemento facilitador na gestão da mudança

Moneris

Business Process Outsourcing na gestão de pessoas:

Consequência, dilema

ou solução?

Hoje em dia parece ser consensual que as pessoas são um dos principais ativos de uma organização, porque são elas que promovem verdadeiramente a criação de valor. Consequentemente, uma adequada gestão das pessoas é uma condição sine qua non para as organizações potenciarem a criação de vantagens competitivas e crescerem de forma sustentável.

AINDA QUE NAS EMPRESAS (ainda) persistam os modelos tradicionais de gestão e de organização do trabalho, o recurso a um paradigma mecanicista, assumidamente mais redutor e simplista, tem dado lugar a um paradigma holístico prescritor de uma visão mais integradora, participativa e valorizadora das pessoas

no seio das organizações. Os gestores de pessoas passam a estar ao nível da decisão estratégica nas organizações e intervêm ao nível da definição das

políticas e práticas de gestão.Numa abordagem sistémica, o processo de gestão estratégica não deve ser assumido como um exercício burocrático e desconexo do contexto interno e externo, devendo ser estimulado o respeito pelo indivíduo, a valorização das pessoas, a criatividade e incentivada a sua participação, pelo que os responsáveis pela gestão de pessoas tendem a adotar uma postura dinâmica e flexível, assumindo-se como o elemento facilitador na gestão da mudança e promoção na capacidade de reinvenção das pessoas e, consequentemente, das organizações.Não obstante estejamos a acompanhar uma “nova” realidade, as organizações continuam a ser responsáveis por dar resposta às tarefas do foro operacional e

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administrativo que, embora não tenham uma relação direta com a motivação e desempenho dos trabalhadores, podem influenciar negativamente a sua satisfação, como seja o incorreto processamento do vencimentos ou o seu pagamento atrasado, para citar um exemplo clássico. De facto, o processamento de salários e o cumprimento das obrigações laborais são das atividades que exigem mais tempo aos profissionais e que não produzem valor acrescentado. Se é certo que as não conformidades podem dar lugar à insatisfação, o contrário não produz o mesmo resultado em termos de satisfação.Ainda que nos últimos anos a introdução de novas plataformas informáticas tenha agilizado a comunicação com a Autoridade Tributária e Aduaneira e com a Segurança Social, a literatura e a experiência sugerem que existe um volume muito substancial de carga de trabalho associada ao cumprimento das obrigações legais laborais. Confira-se o

estudo “Paying Taxes 2016: The Global Picture ” da coautoria do Banco Mundial que identifica o tempo médio necessário em Portugal para cumprir com as obrigações laborais em 116 horas anuais. De referir que não estão incluídos os tempos médios com a emissão das declarações mensais de remunerações (Autoridade Tributária e Segurança Social), o relatório único, a declaração anual de rendimentos, ou a resposta a inquéritos oficiais que, a título de exemplo, são responsáveis por consumir um investimento de tempo, decerto, muito mais elevado.Em função do exposto, a literatura sugere que o outsourcing de processos de gestão de suporte e de reduzido valor acrescentado é, por um lado, cada vez mais fruto do resultado natural de uma estratégia de maior eficiência e alinhamento da gestão de pessoas com o core business de uma organização e, por outro lado, um meio para garantir a realização de processos

burocráticos complexos que exigem uma forte dedicação e especialização técnica.Afigurando-se como uma consequência natural, o business process outsourcing na gestão de pessoas, é cada vez mais uma realidade, sendo fundamental a delimitação clara do âmbito a externalizar, bem como os níveis de serviço que deverão ser assegurados. Não menos importante, após selecionar um parceiro credível com reconhecida experiência e garantia de serviço, há que salvaguardar uma transição adequada e tranquila com padrões elevados na segurança e confidencialidade da informação.Em suma, a delegação bem-sucedida de processos de suporte a profissionais de confiança permitirá reduzir custos, flexibilizar estruturas, manter o foco dos responsáveis pela gestão de pessoas nas atividades de valor acrescentado e, consequentemente, aumentar a competitividade das organizações.

FRANCISCO FERNANDES, Coordenador Responsável pelo Comité Técnico Laboral do Grupo Moneris