bullying: uma violÊncia que afeta a vida · termos clareza de que estas não podem ser encaradas...
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BULLYING: UMA VIOLÊNCIA QUE AFETA A VIDA
Zélia Maria G omes Mesquita 1
Nei Alberto Salles Filho.2
RESUMO
Este artigo relata a experiência da implementação do projeto: “Bullying: uma violência que afeta a vida”, um dos temas que preocupa os educadores nos dias atuais e tem como objetivo apresentar os resultados das atividades realizadas com os alunos das 5ª séries do Colégio Estadual Wolff Klabin – Telêmaco Borba/ PR, que atende 2200 educandos, distribuídos em três turnos. Apresenta também a participação dos professores cursistas do grupo de trabalho em rede, os quais discutiram, opinaram, apontando valiosas contribuições, por meio de relatos de experiências vivenciadas no cotidiano de cada escola. Compartilhamos a mesma preocupação: cada vez mais a sociedade, tanto pelo crescimento, como por atingir faixas etárias mais baixas e com tendência a aumentar rapidamente na infância e adolescência, contribui no índice de evasão a repetência dos alunos na rede pública de ensino. Percebe-se uma grande dificuldade, por parte de todos os envolvidos no âmbito educacional, porque em primeiro lugar afeta a convivência escolar, pois é nela que as vítimas e agressores se encontram. Sendo assim, direção, equipe pedagógica, professores, comunidade, alunos em geral, ou outras instituições devem contribuir para evitar e prevenir o bullying nas escolas e garantir a permanência e o sucesso dos alunos. Temos consciência de que não existe “receita” para eliminar o fenômeno bullying, mas como educadores não podemos deixar de acreditar que é possível buscar estratégias, com o objetivo de fundamentar uma educação voltada para o resgate de valores morais, sociais, culturais e afetivos e, certamente, o desenvolvimento de ações pedagógicas voltadas para princípios que contemplem tais valores, contribuindo para uma educação para paz e à formação de pessoas mais humanas.
Palavras – chave: Bullying, vítimas, agressores, âmbito educacional.
INTRODUÇÃO
Compreendemos que a violência nos dias atuais é vista como uma das
maiores preocupações da sociedade. Essa ameaça, antes chamada de violência,
vem acontecendo cada vez mais acentuada, causando dor e angústia diante dos
1 Professora Pedagoga da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná
2 Professor Mestre da Universidade Estadual de Ponta Grossa
nossos olhos e muitas vezes não queremos acreditar que nos tornamos impotentes
frente a tantas ocorrências. Aqui citamos o nosso local de trabalho, a escola, a qual
tem como principal função a de oportunizar a aprendizagem, porém não podemos
ficar alheios diante das situações onde ocorrem brigas, invasões, depredações e até
alguns casos de mortes, como foi a tragédia em Realengo. O aumento das
ocorrências nas escolas nesse sentido vem ocasionando grande preocupação para
pais, professores e estudantes, independente da classe social a que pertence.
Vivenciamos cotidianamente várias formas de violência, prejudicando o bom
andamento do trabalho pedagógico e posteriormente atrapalhando a aprendizagem
dos alunos. Mas, não podemos esquecer que para que isso se torne efetivo é
necessário um ambiente saudável e acolhedor, canalizando aspectos positivos que
resultem na melhoria da autoestima de todos os envolvidos no processo escolar.
No decorrer das atividades desenvolvidas no ambiente escolar pudemos
constatar que para que essa realidade possa se transformar é necessário que a
família sinta-se parte da escola, assumindo a sua responsabilidade em participar da
vida de seus filhos, atentos sobre suas atitudes e comportamentos, só assim: família
e escola irmanados pela mesma causam, conseguirá reverter um pouco esse
quadro que vem tirando a paz da sociedade, a qual estamos inseridos, e temos
como dever colaborar fazendo a nossa parte, em reverter esse fenômeno que está
perturbando cada ser humano.
No cotidiano escolar percebemos claramente que o amparo e proteção
familiar, sem dúvida é um elo que deve ser resgatado e que quando nós educadores
chamamos os pais pela responsabilidade, notamos, infelizmente, que em vários
casos não enxergamos solução, porque os próprios pais estão sem estrutura familiar
e que isso está refletindo dentro do ambiente escolar, prejudicando o bom
andamento do trabalho pedagógico, e posteriormente, atrapalhando a aprendizagem
dos alunos.
CARACTERIZANDO O FENÔMENO BULLYING
O bullying pode acontecer em qualquer contexto onde pessoas convivem, tais
como escolas, famílias, vizinhos e no próprio local de trabalho. A definição mais
geral sobre este fenômeno é vista como os comportamentos agressivos, intencionais
e repetitivos que ocorrem por um ou mais alunos contra outro, causando dor,
angústia e sofrimento.
O bullying não é um fenômeno recente, é tão antigo quanto a escola.
Antigamente este tipo de violência era comum e considerado como uma
“brincadeirinha boba”, porém ninguém se preocupava com o mal que essa
brincadeira trazia. Atualmente este conceito vem mudando. Entretanto, no Brasil o
enfrentamento a esse tipo de violência é recente. Esse fato vem se modificando
graças às pessoas que estão se dedicando, estudando e pesquisando para
desvendar esse fenômeno.
Segundo Fante (2008):
O Bullying é uma palavra de origem inglesa, adotada para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar outra pessoa e colocá-la sob tensão. Inexiste um único termo na língua portuguesa para expressar as situações de Bullying-Bully (subst.) = valentão; tirano; como verbo = brutalizar, tiranizar, amedrontar. 'O Bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outros, causando dor e angústia e, executadas dentro de uma relação desigual de poder, tornando possível a intimidação da vítima' (FANTE, 2008, p.33).
A participação da escola, dos pais e alunos é de suma importância para
combater o bullying. É preciso que todos desenvolvam a capacidade de entender e
procurar reconhecer no outro um ser humano capaz de conviver, compartilhar e
respeitar as diferenças e fazer delas uma forma de aprendizado através das
experiências vivenciadas por ambos.
Conforme Silva (2010), devemos refletir sobre o papel da escola e da família:
A escola precisa voltar a assumir seu papel de ambiente acolhedor, pacífico e de aprendizagem. A família precisa estar mais presente na vida das crianças e jovens, propiciando um ambiente tranquilo e seguro [...] Para que haja um enfrentamento do fenômeno bullying em primeiro lugar é necessário que a escola reconheça a existência do problema e conscientize professores (as), alunos (as) e pais de que este é um problema global e que atinge os alunos emocionalmente afetando o desenvolvimento cognitivo destes. (SILVA, 2010, p.60)
A mídia, com seu forte poder de convencer e a capacidade de incentivar os
espectadores, contribui para que os jovens sigam seus “heróis” e achem que estão
agindo de forma correta. No entanto, não é o único meio que leva à formação da
personalidade da criança e do adolescente, existem outros fatores que interferem
em sua formação.
Na realidade a escola não está preparada para enfrentar os problemas atuais
e ela procura ser uma fonte de auxílio para resolver conflitos que muitas vezes vêm
da própria família desestruturada que não encontrando meios para resolver os
conflitos do ambiente familiar, delegam essa função à escola.
Todo cidadão tem o direito à escolarização, tal garantia é dada pela Lei nº
9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases Nacionais
da Educação Nacional (LDBN) ao assegurar que:
A educação, dever da família e do Estado, inspiradas nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem como finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (LDBN, título II, art. 2º).
O mesmo direito à educação, também é assegurado pela Lei nº 8069, de 13
de julho de 1990 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente,
garantindo também um dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes no
capítulo II, que é, “Estar a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
vexatório ou constrangedor” (ECA, cap. II, art.18º).
Nos documentos, estão previstos os direitos ao respeito e à dignidade, sendo
a educação um dos principais meios de transmitir o desenvolvimento e o preparo
para o exercício da cidadania.
Isso leva a refletir muito sobre a missão da escola, que não é apenas a
transmissão de conteúdos, mas também a de ensinar aos alunos valores humanos e
sociais, assim como ajudá-los a desenvolver o respeito às diferenças individuais e
ao bem comum, a solidariedade e a tolerância. A escola deveria ser um lugar de
ambientes saudáveis e seguros onde os educandos pudessem desenvolver os seus
potenciais sociais e intelectuais.
De acordo com Freire (1996):
Com relação a meus alunos, diminuo a distância que me separa de suas condições negativas de vida na medida em que os ajudo a aprender não importa que saiba o do torneiro ou o do cirurgião, com vistas à mudança do mundo, à superação das estruturas injustas, jamais com vistas à sua imobilização (FREIRE, 1996, p. 87).
Devemos nos questionar diante das consequências trágicas das violências e
termos clareza de que estas não podem ser encaradas como fatos isolados. É
necessário, ainda, refletirmos sobre a nossa prática, se esta também não está sendo
uma forma de bullying.
É importante ter em mente que professor e aluno devem estar lado a lado,
sendo o diálogo um verdadeiro exercício da democracia, no sentido do respeito
entre ambos e propiciar a criação de um ambiente apropriado de aprendizagem,
promovendo uma educação que enfatiza os valores humanos e sociais. O diálogo e
a justiça constituem um passo importante para se enfrentar os desafios e superar a
violência escolar.
Nesse contexto, a família tem um papel significativo, é ela quem vai ajudar a
combater o bullying. Teixeira (2006) citado por Almeida, Cardoso &Costac (2009)
propõe:
[...] que a escola estimule a participação e a integração da família na resolução do problema. A participação dos pais nas palestras, reuniões e debates tende a estimular o desenvolvimento de atitudes assertivas, como, respeito, tolerância entre outros. Nesses encontros os pais devem ser estimulados a denunciar aos responsáveis na escola [...] ressalta que fornecer auxílio pedagógico e psicológico aos autores e alvos desta prática e encaminhar os casos mais graves para avaliação médica como psiquiatra da infância e da adolescência são estratégias importantes para diminuir o bullying. (TEIXEIRA, apud ALMEIDA, CARDOSO & COSTAC, 2009, p. 204)
É necessário ter uma direção definida quando pensamos em promover a paz
nas escolas, porque exige uma mudança do coletivo em suas ações. Qual caminho
tomar? A educação para a paz pressupõe um conjunto de atitudes que sempre nos
acompanham, porque é um processo que dura toda nossa vida.
Nesse sentido, a educação para a paz não deve acontecer apenas nas
escolas, mas ser um processo que envolva famílias e demais espaços sociais deve
estar presente no dia a dia, temos que senti-la e compartilhar com nossos pares.
Portanto, devemos promover momentos de conhecimento, atitudes e valores que
despertem mudanças de comportamento nas crianças, jovens e também no adulto,
para prevenir a violência. Como afirmamos, o bullying é uma “violência que afeta a
vida”, pois causa uma desestrutura que afeta a criança em vários sentido como:
autoestima, constituição de amizades, desempenho escolar, relações familiares,
entre tantas outras dimensões.
Comungamos com Jares (2002), quando diz:
A paz refere-se a uma estrutura e às relações sociais caracterizadas pela ausência de todo o tipo de violência e pela presença de justiça, igualdade, respeito e liberdade. Por isso, dizemos que a paz se refere a três conceitos intimamente ligados entre si: o desenvolvimento, os direitos humanos e a democracia (JARES, 2002, p.131).
Para que tudo isso possa se tornar efetivo, é necessária uma mudança
pessoal e nos sistemas de ensino, onde a preocupação não seja apenas de
saberes, mas sim de uma nova maneira de ser, de se comportar. No entanto,
deixamos claro que é um desafio. Devemos ter a coragem de romper com
paradigmas e criar novas formas de SER, e CONVIVER. Assim, aceitando o novo
pode-se construir a paz.
Hoje, percebemos que palavras importantes na vida, estão ficando de lado,
em “extinção”, por exemplo: o amor, a amizade, o respeito, a tolerância etc, ou
desconsideradas por parte da teoria da educação.
A vida parece tomar outro rumo, colocamos a culpa na sociedade que está
mudada, esquecendo que esta mudança está em cada um, em assumir a sua
responsabilidade diante dos conflitos que estão acontecendo. Não querer mudar o
passado, porque surgiram os conflitos, as violências, mas a partir deles construir um
novo olhar de afeto, criando laços de confiança mútua.
Percebe-se no ambiente escolar que ainda existem ações imediatistas e
impensadas, criando muitas vezes um ambiente inadequado, onde fica impossível
transmitir conhecimentos e viver relações positivas, que pensamos em passar para
os alunos. Não é fácil administrar essa convivência, pois viver em sociedade é
respeitar as diferenças. Mas está claro que só existirão mudanças de atitudes e
comportamentos, quando todos os envolvidos no processo de educação estiverem
cientes que dependemos uns dos outros para viver e mudar.
(Menciona-se no recorte do caderno de provas (PDE, 2007), elaborada pela
COPS UEL), a relação família e a escola e a realização do trabalho coletivo:
Na relação entre a família e a escola, pode-se apontar a transição de uma fase em que a família confiava plenamente na escola, estabelecendo até uma cumplicidade, para uma outra em que a família passa, de um lado a criticar a escola e de outro, contraditoriamente, a transferir suas responsabilidades sobre a mesma. [...] Numa perspectiva democrática, a participação de todos os segmentos da comunidade educativa é fundamental. É importante que a escola trabalhe com a conscientização dos pais, para uma verdadeira participação consciente, através de uma comunicação clara sobre as propostas e a prática pedagógica. [...] A questão dos limites precisa de reflexão por parte dos pais e professores. (PDE, 2007, p.12)
Para isso é preciso entender que o caminho para a paz é assegurar direitos
individuais e sociais, onde as pessoas devem se dispor a negociar, dialogar, buscar
consenso. Se compreendermos isso, estaremos próximos de iniciar a cultura pela
paz.
Acredita-se que uma das causas que geram os conflitos atualmente é o não
reconhecimento dos nossos valores, que dão significado e direção as nossas vidas.
Não é necessário estabelecer e defender uma escala de valores, mas dar espaço e
liberdade para que os alunos analisem e reflitam sobre seus próprios valores.
Devemos proporcionar-lhes condições de reflexão, para que descubram o que
querem da vida e não apresentar uma imposição.
Conforme García e Puig (2010):
Só se aprende a viver de forma democrática vivendo democraticamente. Esse é o mais poderoso argumento para defender a participação dos alunos na vida escolar. Os valores de igualdade, autonomia, liberdade, cooperação, solidariedade, participação e justiça, que costumam iluminar os ideários escolares, são aprendidos de fato à medida que os alunos têm a
oportunidade de percebê-los na organização do trabalho e na convivência dentro da instituição. (GARCÍA e PUIG, 2010, p.93).
É importante lembrarmos que a responsabilidade é de todos. É preciso parar
de apontar culpados, romper o “jogo de empurra-empurra”. Assim, a presente
proposta pretende encontrar, nos valores humanos e no pensamento da Educação
para a Paz, o cultivo e respeito em relação a atitudes benéficas, reconhecendo que
esses valores provêm de família, da sociedade, da religião e da escola.
Nessa perspectiva, entendemos que todos são responsáveis, mas que é por
intermédio da “escola” que as relações pedagógicas, como todas as relações
humanas, realizam-se. Portanto, no processo de intervenção na escola,
abordaremos etapas que busquem a reflexão dos alunos sobre seu próprio
cotidiano, sua vida, como o bullying afeta sua forma de viver e conviver, traz medos,
insegurança e baixa seu rendimento escolar.
Por esse caminho García e Puig (2010) afirmam:
Quando uma escola é capaz de encontrar o equilíbrio entre o ideal comunitário e o ideal democrático, ela está apta para contribuir significativamente com a formação moral de seus alunos. (GARCÍA E PUIG, 2010, p.135)
Atitudes como as citadas acima, podem contribuir para uma mudança de
comportamento dos alunos, professores e demais envolvidos. O coletivo deve
buscar novas maneiras de consolidar a participação efetiva da cultura da paz por
meio da reconstrução dos valores humanos e sociais que são essenciais para
promover momentos de convívio, partilhando e construindo uma proposta nova de
uma sociedade ativa e responsável, cientes de que a paz está em nossas mãos e
isso só será possível se esse desafio for assumido por todos.
OS REFLEXOS DO BULLYING NA ESCOLA E NA SOCIEDADE
Durante a implementação do projeto bullying com atividades relacionadas
para detectar as formas de violência entre alunos, percebe-se a gravidade das
situações que estão ocorrendo, porque as manifestações em forma de agressões
físicas ou verbais, por meio de ridicularização, chacota e preconceitos em geral são
constantes. São fatores diversos responsáveis por essa situação: superlotação nas
salas de aula, alunos desmotivados e muitas vezes semianalfabetos os quais diante
da dificuldade de aprendizagem esquecem-se do motivo o qual os leva aos bancos
escolares e buscam se destacar de outra forma para chamar a atenção; essas
observações estão refletindo, hoje, nas escolas. No sexto ano pólo, o qual faz parte
do Colégio Estadual Wolff Klabin, observamos atitudes e motivos diversos para os
alunos se tornarem “rebeldes”, são alunos repetentes de 2, 3 e até de 4 anos na
mesma série, que se tornam desmotivados sem autoestima e muitas vezes se
achando incapazes de aprender, porque já estão rotulados como “reprovados”.
Verificamos casos que puderam ser trabalhados com a participação da
família, infelizmente nos casos mais graves não contamos com o seu apoio, a qual
comentava a tradicional frase: “Não posso com a vida dele”. Relato neste artigo
alguns casos que se destacaram. O aluno R.S.A., foi abandonado pela mãe que o
teve quando era solteira, o mesmo mora com a avó, porque a mãe casou e seu
marido não aceitou o menino, tem outros filhos no colégio e acompanha
normalmente a vida escolar deles, porém se nega em ser responsável pelo R.S.A, o
qual bate nos colegas, ameaça, gazeia, pula muro e muitas vezes vem alcoolizado
“estudar”; quando é chamado para conversar é educado, pede desculpas, mas
pratica ações erradas todos os dias. Outro caso é o aluno D.N, o qual a mãe
participa, já teve outros filhos na escola que são destaques na sociedade, mas o
mesmo gazeia, responde grosseiramente, debochando dos professores e colegas;
como dizem alguns professores é “mal educado”. O aluno A.P.S. mora com a avó,
porque a mãe preferiu ir embora com outro homem, mas não usa isso como motivo
de rebeldia, pelo contrário, o aluno se destaca entre os outros, é dedicado, feliz,
educado e querido por todos. E também destacamos o tradicional grupo de alunos,
muitas vezes chamado de gangue, que andam unidos para intimidar provocando
medo nos alunos indefesos.
Pode-se perceber que são vários os fatores que influenciam as pessoas a se
envolverem como agressores do bullying, na escola, na sociedade, enfim no dia a
dia. Infelizmente, ouvimos dizer que já é “normal” que temos que aprender a
conviver com esse fenômeno chamado bullying.
Diante dessa realidade colocada, é mais que urgente promover a construção
de valores e limites, que vêm se tornando uma tarefa difícil muitas vezes
considerada por parte dos pais e professores “quase impossível”.
Freire (1997) escreveu:
Que coisa estranha, brincar de matar índio, de matar gente. Fico a pensar aqui, mergulhado no abismo de uma profunda perplexidade, espantado diante da perversidade intolerável desses moços desgentificando-se, no ambiente em que decresceram em lugar de crescer. (FREIRE, 1997, p.66)
Este triste episódio, onde cinco jovens jogaram álcool no índio pataxó Galdino
dos Santos, numa parada de ônibus em Brasília em 1997, chocou o educador Paulo
Freire e a nós todos e, infelizmente, as penalidades foram suaves em relação a
tamanha barbárie do ato hediondo.
No livro Pedagogia da Indignação, onde ficam registrados os últimos escritos
de Paulo Freire, antes de morrer em 22 de abril de 1997, ele acrescenta:
É possível que na infância, esses malvados adolescentes tenham brincado, felizes e risonhos, de estrangular pintinhos, de atear fogo no rabo de gatos pachorrentos só para vê-los aos pulos e ouvir os seus miados desesperados, e se tenham divertido esmigalhando botões de rosa nos jardins públicos com a mesma desenvoltura com que rasgavam, com afiados canivetes, os tampos das mesas de sua escola. E isso tudo com a possível complacência quando não com estimulo irresponsável dos seus pais. (FREIRE, 1997, p.66)
Toda a sociedade está vivendo um período de desafios, onde sentimos que
só os direitos são reconhecidos como prioridade, deixando de lado os deveres, os
quais devem caminhar junto. É dever nosso, enquanto educadores, promover
momentos de discussões e debates no interior das escolas, conhecer bem o ECA e
outras legislações pertinentes à Educação, para nos sentirmos seguros e juntos
buscarmos a construção de limites que vemos como uma necessidade que deve
estar posta na prática educadora e não é de forma autoritária que atingiremos tal
propósito. Pedro Bodê (2006) afirma:
Por outro lado tal, cria obstáculos à construção da autoridade e do limite para os jovens, uma vez que se confunde o sentido mesmo e o significado destas noções. Autoridade nada tem haver com posturas autoritárias, muito ao contrário, os processos autoritários são a própria negação da autoridade, aprendemos com Max Weber. Sem autoridade, por sua vez, é impossível a constituição do limite, uma vez que este precisa, necessariamente, daquela para ser operado. Isto é claramente observável no espaço escolar, no qual professores esvaziados, por motivos vários em sua autoridade, tentam resolver os problemas autoritariamente e assim acabam entrando no círculo vicioso que, por fim, legitima ações policialescas, distanciado-se cada vez mais das soluções efetivas do problema que são, por vezes e, paradoxalmente, menos problemáticos que as soluções propostas. (BODÊ, 2006, p.13)
Segundo Bodê (2006) a escola tem condições de colocar limites sem usar de
atitudes autoritárias, porque tem condições de interferir no ambiente escolar, pois é
por meio deste espaço pedagógico que o educando aprende, muitas vezes, a seguir
normas através do diálogo. Mas, também ressalta em seu trabalho, que hoje está se
tornando comum a presença da patrulha escolar nas escolas até em casos banais,
só para amedrontar os alunos, deixando muitas vezes de lado o papel da escola e
dos professores em resgatar a confiança e a responsabilidade dos educandos.
METODOLOGIA
Seguindo as estratégias das ações desenvolvidas na implementação do
projeto, as atividades foram direcionadas no sentido de serem diversificadas e
motivadoras, possibilitando despertar o interesse dos alunos durante a
implementação e a participação dos educadores no GTR (Grupo de Trabalho em
Rede). O trabalho foi de extrema importância e relevância para o desenvolvimento
de ações no contexto escolar, vivenciado pelas colegas professoras cursistas,
possibilitando a vivência e discussões de situações pedagógicas, que contribuíram
para enriquecer a participação de cada profissional, onde todos tiveram a
oportunidade de se expressar através de suas experiências.
A primeira etapa do GTR teve por objetivo unir esforços e buscar estratégias
para minimizar os agentes do bullying. Analisando as respostas, verificamos
claramente a preocupação de todos, relatamos algumas citações referentes às
respostas das alunas cursistas:
Questão 1: Que estratégia você professor sugere para minimizar os agentes
do bullying?
O bullying está presente em todas as escolas, aliás sempre esteve, embora antes com outro nome e também de uma forma mais discreta, pois isso não era tão divulgado. Penso que a melhor forma de resolver, ou pelo menos minimizar esse problema é tratar do assunto com os alunos, através de palestras, conversa na sala, projetos sobre valores (respeito, solidariedade, amor etc.) envolvendo todos os alunos. (R.P.S 12/10/2011)
Acredito que, quando a escola se constituir num verdadeiro território democrático e de respeito ao outro, o bullying poderá ser minimizado. No entanto, esse ambiente deverá ser construído por todos os seus atores: alunos, professores, equipe pedagógica, equipe administrativa e de apoio e, principalmente, a família. Quanto a isso, acredito que não podemos ter a visão ingênua e simplista de que, de um dia para o outro, esse quadro se altere e nem a visão determinista de que não é possível mudar. O importante é que todos assumam o compromisso com a mudança. (O.G.B.B 16/10/2011)
Ter paz é estar bem com o próximo e ter obediência a Deus, tentando manter a paz em nossas relações. Sabendo que a paz começa dentro dos lares, vivendo sob regras morais e religiosas. Se a paz não estiver dentro de cada um de nós será difícil colocá-la de fora para dentro, pois se a criança estiver vivendo em um ambiente conturbado, isso passará a ser para ela, normal. Nós, enquanto comunidade escolar, podemos acrescentar valores como: perdão, paciência, respeito pelo próximo; embora seja difícil, a paz é um objetivo que vale a pena ser buscado, mesmo que alcancemos a longo prazo. Precisamos realizar um trabalho em que família e escola possam se unir em prol de uma pacificação dos espaços de uma forma geral, respeitando-se sempre. (N.M.R.A. 28/10/11)
Questão 2: De que forma a escola e os pais podem identificar as vítimas ou
agressores do bullying? Qual o papel de cada um perante essa situação?
Os pais e a escola devem estar atentos aos comportamentos desenvolvidos pela criança, com o passar dos anos, dentro e fora da escola. Os pais são os maiores parceiros da escola na busca pela erradicação do bullying. A escola, por sua vez, deve estar preparada para observar melhor seus alunos com um olhar diferenciado, principalmente aqueles que possuem comportamento agressivo dentro e fora da sala de aula. A escola deve elaborar projetos de conscientização e prevenção ao bullying e também contribuir para que os professores desenvolvam a capacidade de observar melhor quem são as vítimas e culpados por esse tipo de violência dentro da escola. (A.C.C. 05/11/2011)
A sintonia entre a escola e a família é de suma importância, a união das partes fará com que o problema seja identificado mais rapidamente, antes que seja mais profundo. Identificar o agressor, buscar o diálogo, identificar as causas, propor ações coletivas e individuais na escola, são medidas possíveis de serem realizadas, sendo esse um problema que sempre vai permear as relações. A escola precisa estar atenta e preparada para intervir quando o problema for identificado. (L.A.D. 13/10/2011)
Suas colocações são bastante pertinentes, principalmente no que se refere à necessidade de a escola desenvolver uma postura de observação mais apurada em relação aos alunos. Nesse sentido, acredito que os professores podem contribuir de forma significativa, uma vez que estão em contato mais direto com os estudantes. (O.G.B.B. 07/11/11)
Todas essas estratégias foram pensadas e organizadas para motivar os
alunos, criando um ambiente onde predominaram a cooperação, o diálogo e o
respeito às diferenças entre as pessoas. Por isso, neste artigo relatamos as
atividades e os resultados observados no desenvolvimento do projeto, realizado no
colégio, com os alunos das 5ª séries. A seguir compartilhamos algumas atividades e
os resultados obtidos durante o decorrer do seu desenvolvimento:
DINÂMICA DAS FLORES
A dinâmica consiste em promover um momento de confraternização entre os
alunos. Providencie um cartãozinho com a imagem das seguintes flores: orquídea,
margarida, rosa, e girassol. Esses cartõezinhos deverão ser entregues aos membros
anteriormente.
Duas pessoas deverão ler a mensagem abaixo (como um jogral). Pedir a
todos que estejam atentos à leitura.
1 – Dentre as obras da criação de nosso Deus destacamos as flores. As flores
fazem parte da lembrança de bons momentos e das principais celebrações da vida.
Elas têm o poder de transformar um dia comum em uma data especial, um ambiente
simples em aconchegante e um momento qualquer em inesquecível.
2 - Gostaríamos de destacar nesse momento as ORQUÍDEAS. Elas são um
demonstrativo do amor do Pai celestial, trazendo a lembrança da beleza, perfeição e
pureza espiritual. Ao pensarmos na beleza das orquídeas, lembramos da beleza de
cada aluno aqui presente. Sabemos que nos tornamos mais bonitos quando
estamos felizes e sorridentes. Se você tem o cartão com a imagem de uma
orquídea, coloque-se em pé e distribua sorrisos aos que estão ao seu redor.
3 – Dentre as tantas flores, gostaríamos de falar agora da MARGARIDA. Sempre tão
delicada, nos remete à lembrança da inocência e do amor leal. Ao criá-la, nosso
bom Deus nos deu a oportunidade de trazer a cada um de nós o sentimento de
lealdade ao nosso irmão. Se você tem o cartão com a imagem de uma margarida,
coloque-se em pé e demonstre seu sentimento de lealdade, apertando a mão dos
que estão ao seu redor.
4 – Continuando com nossas flores, ressaltamos agora a beleza irradiante do
GIRASSOL. Sua cor forte nos faz lembrar do Sol com toda a sua glória e altivez,
esboçando o cuidado infinito do Pai Eterno por nós. Dentro de suas pétalas cabe
muita alegria. Se você tem o cartão com a imagem de um girassol, coloque-se em
pé e demonstre sua alegria distribuindo abraços aos que estão ao seu redor.
5 – As ROSAS são as flores que mais atraem pela sua beleza. Elas podem ter
diversas cores e cada cor transmite um sentimento, seja este de amizade, paz,
encanto, admiração, gratidão, carinho e amor. Quando penso nas rosas, penso no
amor de Deus por nós. Esse amor demonstra cuidado, zelo e sacrifício por cada um
de nós. Se você tem o cartão com a imagem de uma rosa, coloque-se em pé e
demonstre seu amor ao próximo, distribuindo beijos aos que estão ao seu redor.
6 – Por meio das flores podemos expressar nossos sentimentos aos nossos colegas
de classe.
A dinâmica das flores foi realizada na turma 5ª série G, do Colégio Estadual
Wolff Klabin e o resultado foi muito satisfatório, a maioria dos alunos participou com
responsabilidade e seriedade. Após a dinâmica, levamos para a classe um
ramalhete de flores diversificadas e entregamos uma flor para cada aluno. Falamos
aos alunos que iriamos conversar sobre a beleza de cada flor e começamos a
questionar individualmente “ Fulano, que beleza você vê na margarida?” e assim
por diante, até que cada um falasse da sua flor. Então comparamos a beleza das
flores com as pessoas, enfatizando que uma é diferente da outra; que cada pessoa
é única, tem características e beleza própria. A partir daí, houve uma reflexão sobre
alguns valores, como: respeito, amizade, compreensão, solidariedade, amor,
humildade, aceitação do próximo, socialização, companheirismo etc.
A atividade desenvolvida proporcionou um ambiente acolhedor, no qual o
aluno sentiu-se parte integrante desse meio, durante a socialização com as cursistas
do GTR, tivemos a oportunidade de discutir, refletir e contribuir por meio de trocas
de experiências. A partir desse contato com os professores cursistas percebemos
que o caminho para solucionar a maioria dos problemas da escola é mudar nossa
prática, abrindo espaço para o aluno participar, pois sabemos que ele é o fruto do
nosso trabalho. E é a partir desse contato que ele irá perceber o seu valor dentro da
escola e da sociedade, respeitando e fazendo-se ser respeitado. Segundo uma das
integrantes do grupo de trabalho em rede:
Sua proposta de trabalho resgata um ponto essencial e que, às vezes, parece esquecido no contexto escolar – a sensibilidade. Outro ponto positivo que observo nessa atividade é propiciar aos alunos a oportunidade de direcionar o olhar para as diferenças e reconhecer em cada uma delas a beleza da singularidade. O fechamento da proposta com a reflexão sobre os valores explicita o compromisso com a formação humana dos alunos. (O.G.B.B. 09/11/11)
ESCOLHA DOS BICHOS "MAIS"
1- Objetivos:
- Cultivar uma boa convivência no grupo, na amizade e na verdade;
- Perceber as razões da falta de fraternidade e dos conflitos que surgem no grupo de
jovens, no grupo de trabalho;
- Rever as próprias atitudes, para tentar mudar.
2- Passos:
- Cada participante recebe um papel onde está escrito o nome de um bicho, com
algumas características, procurando interiorizá-las e expressá-las no grupo em
forma de dramatização.
Exemplo:
A cobra: É traiçoeira, perigosa, esperta e oportunista, envenena o grupo, é
fofoqueira e quer ver “o circo pegar fogo”.
O gato: Companheiro, prestativo, carinhoso, esperto.
A borboleta: Não é acomodada. Alegra o ambiente, íntegra.
O papagaio: Fala, fala, não fala nada que contribua. É inteligente, aprende o que os
outros fazem, tanto o bem como o mal.
O cavalo: Dá patadas em todos.
O pavão: Fica sempre de leque aberto. Acha que é o mais bonito, mais inteligente,
aquele que sabe mais.
O boi: Sossegado, tranquilo, é esforçado e topa qualquer trabalho.
O pombo: Sempre se preocupa em conversar com os companheiros.
O urubu: Só vê carniça. É pessimista, descrente. Só gosta de coisa ruim. Quer ver o
grupo morrer.
A formiga: É operária, trabalhadeira, trabalha sempre em grupo.
Galinha d'Angola: Fala a mesma coisa o dia inteiro: "Tô fraco". Não acredita em si
mesma, mas tem que falar.
O bicho preguiça: Vagaroso, preguiçoso. Nunca faz nada. Está sempre “pendurado"
nos outros.
- O animador verifica se todos compreendem os diferentes papéis (animais),
podendo acrescentar outros, se necessário.
- O animador observa o que cada animal expressa características positivas ou
negativas. Nunca as duas juntas.
- O animador em papelógrafo o comportamento dos animais e afixar na parede.
- Trabalho em grupo:
a) Quais desses animais encontramos em nosso ambiente escolar?
b) Analisar 3 bichos considerados mais importantes para o grupo.
Essa dinâmica foi realizada na turma 5ª série E, do Colégio Estadual Wolff
Klabin, os alunos participaram e refletiram sobre o que é necessário mudar em suas
atitudes para crescerem. Eles escolheram os animais com que mais se identificaram
e colocaram suas características relacionadas ao bicho escolhido. Conversamos
sobre o que foi vivenciado: a conscientização do respeito às diferenças.
O objetivo da dinâmica “Escolha dos Bichos Mais” foi melhorar a convivência
das relações interpessoais entre os educandos, sendo a escola um ponto de
encontro para o desenvolvimento de atividades saudáveis.
De acordo com a educadora do GTR:Esses momentos dedicados às dinâmicas que oportunizam reflexões precisam fazer parte do dia a dia da escola, já que na vida familiar podemos afirmar que quase não acontece mais, por inúmeros motivos. A escola precisa abrir espaço para isso e poderemos assim estar ajudando a solucionar muitas situações conflituosas da nossa realidade. (L.A.D. 15/11/11)
MÚSICA - A PAZ (ROUPA NOVA)Composição: Michael Jackson – Versão: Nando
• Após ouvir e assistir ao vídeo “A paz”, expresse por meio de um
desenho. O que é paz para você? Em seguida apresente para o
grande grupo.
Após a exposição dos alunos, falamos que quando ouvimos uma música
devemos prestar atenção na letra, na mensagem que ela traz, entregamos a eles
uma cópia da música e analisamos juntos cada estrofe. Esta atividade foi aplicada
aos alunos da 5ª série E e G do Colégio Estadual Wolff Klabin.
A principal causa dos conflitos que atingem a humanidade está na negação
dos valores. Diante de tantas mudanças, as pessoas passaram a dar menos
importância aos valores e precisamos, dentro do processo educacional, levar os
alunos a refletirem e a fazerem opções positivas frente à realidade. Sendo assim,
concordamos com a colocação da professora A.F.S., quando acrescenta no GTR:
Essa proposta de trabalho, com os resultados apresentados, comprova que é necessário resgatar a sensibilidade de todos os alunos e que através da música e de atividades reflexivas é possível “ressignificar” o espaço escolar levando os alunos e todos que estão inseridos nesse espaço educativo a vivenciar uma nova cultura, permeada pela paz, solidariedade e respeito às diferenças. (19/11/11)
FILME - FORMIGUINHA Z
Desenho animado sobre uma formiguinha questionadora, que busca um lugar
melhor para viver. Ela deseja, na verdade, uma transformação de maneira
espontânea e desinteressada e não concorda com a discriminação no formigueiro.
O filme “Formiguinha Z” foi trabalhado nas turmas 5ª série E e G. No início,
alguns comentaram que já conheciam, então enfatizamos que prestassem atenção,
para que no final analisássemos e relacionássemos com a nossa vida. Após o
término do filme comentamos sobre os conceitos: organização, liderança,
obediência, união, sempre relacionando família e escola.
Seguindo as estratégias das ações propostas, após assistir ao filme,
sensibilizamos e conscientizamos os alunos, oportunizando o debate sobre a
influência dos meios de comunicação no nosso dia a dia, sempre orientando e
levando-os a refletir sobre seus atos. Comungamos com a opinião da cursista
C.P.S.C., GTR 2011, quando afirma:
Um filme bem escolhido e estudado antes de mostrarmos a nossos alunos pode ser um excelente recurso para transmitir valores, pois sabemos que nossos jovens são muito influenciados pelos astros de cinema, devemos também orientar e aconselhar aos nossos jovens, quando percebemos que o filme tal tem trazido mensagens que induzem à violência e discriminação, em todos os sentidos, faz parte do nosso trabalho levarmos os alunos à reflexão e a perceber o que realmente os filmes querem transmitir, é uma excelente oportunidade para debates e reflexões. (22/11/11)
HISTÓRIA DO TSURU
O tsuru é um dos mais conhecidos símbolos da paz. Segundo a antiga
tradição oriental, fazer mil garças em origami é um ato de esperança. Daí surgiu o
hábito de fazer uma corrente de Tsurus para realizar desejos: a recuperação de um
doente, a felicidade no casamento, a entrada para a universidade, a conquista de
um emprego.
A primeira referência sobre essa tradição foi encontrada no livro Senbazuru
Orikata (Dobradura de mil garças), de RoKoAn, publicado em 1797, mas foi uma
menina chamada Sadako Sassaki que imortalizou a corrente dos mil tsurus como
símbolo eterno de paz e harmonia. Sadako nasceu em Hiroshima, logo após a
cidade ter sido atingida por uma bomba nuclear, na Segunda Guerra Mundial. Por
causa das radiações, essa garotinha adquiriu uma doença fatal. Aos dez anos, ao
saber da lenda do tsuru, ela decidiu fazer mil pássaros de dobradura para ter saúde
suficiente para viver. Mas, quando chegou no pássaro de número 964, Sadako
morreu. Foram seus amigos e parentes que terminaram a corrente.
A dobradura Tsuru é bastante fácil de fazer, siga as instruções:
Disponível em: http://www.sushiyoshi.com.br/origami_tsuru.htm. Acesso em 26/06/2012.
Ao desenvolver a atividade “História do Tsuru” com as turmas 5ª séries E e G,
procuramos sensibilizar os alunos pela luta da menina Sadako Sassaki, que não
desistiu e lutou até o fim, transmitindo a todos que conviviam com ela fé e
esperança. Devemos trazer esse exemplo como experiência de vida.
Hoje nossos jovens estão acabando com suas vidas por meio das drogas,
violência etc. Em relação à dobradura do Tsuru, cada aluno escreveu uma palavra
que significasse paz e colocou na dobradura que foi usada para enfeitar a árvore de
natal do Colégio Estadual Wolff Klabin.
A execução dessa atividade sensibilizou os alunos, mostrando-lhes que
nunca podemos deixar de buscar alternativas para transformar nosso sonho em
realidade, devemos acreditar e reconhecer que, por meio de atitudes corretas,
poderemos reconstruir uma sociedade mais justa e igualitária.
Algumas considerações dos participantes do GTR confirmam que, somente
através de um trabalho, pautado em uma nova prática, poderá contribuir para uma
mudança de comportamento das pessoas envolvidas, dentro do processo
educacional.
Atividades, como essas realizadas no projeto, são válidas e necessárias,
conforme relata uma participante do GTR:
Essa temática fala da fé e da esperança, que são pontos essenciais a serem resgatados, sobretudo, hoje em dia, entre os nossos jovens e adolescentes, pois como foi dito: “...nossos jovens estão acabando com suas vidas através das drogas, violência etc.” A meu ver, isso tudo está acontecendo, principalmente, porque a nossa sociedade não tem mais nada de bom a oferecer a esses jovens, ou se tem, então algo está errado, já que não está oportunizando. Cadê a cultura, atividades saudáveis onde esses futuros adultos possam ter esperança, fé e sonhos? Pois uma sociedade sem sonhos, sem fé e sem esperança não tem motivos para seguir em frente, para lutar por dias melhores, enfim, tudo isso é muito importante para que haja paz e uma sociedade sem violência. (A.F.L. 20/11/11)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A promoção da paz na escola, hoje, é um desafio para todos, vai além dos
muros da mesma. Porém, acreditamos que todos os caminhos devem passar
primeiro pelo diálogo, já que a ausência da paz é a falta do diálogo entre as partes.
No tocante ao colégio essa parte é composta por muitas pessoas, o que torna o
desafio maior ainda. Trazer para esse debate todas as partes interessadas é
fundamental, pois a partir das discussões e reflexões é que as ações poderão ser
desenvolvidas e num segundo momento seus resultados serem avaliados.
É importante que os pais e educadores considerem que antes de repreender
os filhos ou alunos é preciso saber ouvi-los, com disposição de ajuda ao
fortalecimento da autoestima na resolução de seus conflitos. Para isso é necessário
que se reforcem os aspectos positivos da criança/adolescente e seus acertos, para
que se sintam seguros e confiantes, somente assim é possível o rompimento da
barreira que impede a vítima de denunciar.
Cabe aos responsáveis do colégio capacitar seus profissionais para a
observação, e identificação, diagnóstico, intervenção e encaminhamentos corretos.
Levar o tema à discussão, com toda a comunidade escolar e traçar estratégias
preventivas que sejam capazes de fazer frente ao fenômeno, por meio de inúmeras
atividades (palestras, filmes, dinâmicas etc).
É preciso, cada vez mais, construir um vínculo positivo entre todos que estão
na escola e apostar na mudança de comportamento. Dessa forma, não podemos
esquecer de que a observação e o diálogo são ferramentas indispensáveis para a
concretização na busca pela Paz.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: 2007.
Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
FANTE, C.; PEDRA, J. A. Bullying escolar: perguntas & respostas. Porto Alegre:
Artmed, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos.
São Paulo: Editora UNESP, 2000.
GARCÍA, Xus Martín; PUIG, Josep Maria. As sete competências básicas para educar em valores. São Paulo: Summus, 2010.
JARES, Xesús R. Educação para a paz: sua teoria e sua prática. - Porto Alegre:
Artmed, 2002.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Processo de seleção PDE Caderno de Provas Gestão Escolar. 02/12/2007.
SILVA, A. B. B. Bullying: mentes perigosas na escola. Rio de Janeiro: Objetiva,
2010.
Sites consultados:
BODÊ, P.R. de M. Juventude e Medo. Disponível em:
2006/gover_2006_01_juventude_medo_pedro_bode.pdf. Acesso em 19 de junho de
2012.
___________. Disponível em:
http://www.onu_brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php. Acesso em 19 de
junho de 2012.
TEIXEIRA, Gustavo Henrique. Bullying, a violência escolar. 2006. Disponível em:
http://www.comportamentoinfantil.c. htm. Acesso em 01 de novembro de 2010.
Disponível em: http://www.ja-online.net/ajudaja1.asp?Contador=3155 . Acesso em
Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/50389501/17/Dinamica-Escolha-dos-bichos-
mais . Acesso em
Disponível em: http://www.sushiyoshi.com.br/origami_tsuru.htm . Acesso em
Disponível em: www.youtube.com/watch?v=1JtbViXsSJs . Acesso em