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BULLYING: PENSANDO ALTERNATIVAS E PROPOSTAS PARA COMBATER ESSA VIOLÊNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR
Margarete Gabarron MAURO¹ (UEM - PDE)
Dra Leonor Dias PAINI² (UEM)
RESUMO: Este artigo apresenta um estudo referente a um tipo específico de violência conhecido como bullying escolar, que vem se tornando comum em nosso sistema de ensino, tanto público como privado. Esse estudo tem como objetivo geral investigar como essa dramática violência está sendo entendida. Metodologia: Pesquisa qualitativa, de caráter teórico-prático, em que se utilizou de um levantamento e seleção bibliográfica para compor temáticas de estudo em 10 encontros, com 30 professores do Colégio Pedro Viriato Parigot de Souza. Conclusão: Constatou-se por meio de depoimentos a existência de práticas de agressões verbais, físicas e psicológicas entre os alunos. Em relação ao corpo docente, registra-se a falta de subsídios teóricos e metodológicos do profissional em relação ao bullying e, principalmente, meios de intervenção e prevenção dessa violência. Enfim, esse trabalho possibilitou não só conhecer profundamente esse tipo de agressão física e psicológica, mas pensar e organizar ações profiláticas em conjunto com os educadores para a prevenção do bullying escolar.
Palavras-chave: Bullying escolar; agressão física e psicológica; proposta de prevenção ao bullying.
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido por meio do programa de Desenvolvimento
Educacional do Paraná (PDE), o que tem como objetivo principal proporcionar a formação
continuada de professores da Rede Pública Estadual em atividades orientadas pelos
professores da Rede de Ensino Superior.
O presente artigo pretende apresentar estudos direcionados ao conhecimento do
fenômeno bullying, violência essa que surge de forma velada, repetitiva e intimidadora e
que afeta de modo dramático a autoestima das crianças e adolescentes em fase de
desenvolvimento de sua personalidade, causando danos psicológicos irreparáveis, bem
___________________
¹Professora pedagoga do Colégio Estadual Pedro Viriato Parigot de Souza, município de Marialva, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná – PDE. E-mail: [email protected]
²Professora do departamento de Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected]
como prejuízos na vida escolar.
Nos dias atuais, a violência de forma geral tem preocupado a nossa sociedade.
Atualmente ela perpassa os muros da escola e caracteriza-se como bullying escolar, um
assunto complexo e desafiador que acaba colocando em destaque a intolerância às
diferenças e evidencia conflitos nas relações interpessoais. Ao longo da nossa caminhada
profissional nas escolas estamos em contato diariamente com situações de agressões
verbais e físicas, apelidos que humilham, ofensas diversas, disseminação de comentários
maldosos e muito desrespeito às diferenças, principalmente, às relacionadas aos alunos
que apresentam dificuldades de aprendizagem ou que demonstram tendências de
homossexualidade, ou mesmo, preconceitos que levam a comentários pejorativos sobre
peso, altura, modo de se vestir, cor de pele, tipos de cabelos, uso de óculos e outros
exemplos que fogem dos padrões impostos por um grupo de valentões. Nesse sentido, a
presença da violência dentro da escola ou em seu entorno, bem como seus efeitos
devastadores, contribuem sobremaneira para o insucesso do ensino aprendizagem,
afinal, um meio conturbado , agitado, sem paz, cria um ambiente vulnerável e suscetível a
desordem e desrespeito descaracterizando, assim, a verdadeira função da escola.
Infelizmente, o problema da violência nas instituições de ensino é de ordem
mundial. As estatísticas destacam em dados que a escola vem sendo alvo de inúmeras
ações agressivas. Como educadores devemos apresentar nossa insatisfação e
inconformidade diante de tanta violência na sala de aula e no seu espaço escolar em
geral e reafirmar a necessidade da construção de estratégias para uma ação efetiva
antibullying, buscando apoio nos diversos segmentos da escola e da sociedade em geral.
Nesta perspectiva, o presente artigo tem como finalidade relatar a experiência na
aplicação do projeto de implementação que teve seu início com a observação e coleta de
dados e extensa pesquisa a respeito do assunto. Diante da necessidade de aperfeiçoar o
coletivo do Colégio Pedro Viriato Parigot de Souza, organizou-se o Curso de Extensão no
sentido de não somente informar sobre o bullying, mas também na identificação dos
fatos, suas causas e efeitos. Os estudos realizados trouxeram aos participantes a
oportunidade de compreender e analisar detalhadamente essa violência para então, em
conjunto buscar e propor alternativas básicas para enfrentar, minimizar e, finalmente,
erradicar o bullying do sistema de ensino no referido Colégio.
1. CONHECENDO O FENÔMENO BULLYING
A palavra bullying é conceituada pela Associação Brasileira Multiprofissional de
Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA, 2003) como: “Um conjunto de atitudes
agressivas intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, de forma
velada ou explícita adotada por um ou mais indivíduos contra outros”.
Para Fante (2005, P.27), “O bullying é uma palavra de origem inglesa, adotada em
muitos países para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra
pessoa e colocá-la sob tensão [...]”. Essa terminologia explica todo tipo de atitude
agressiva, cruel, dolorosa, repetitiva e destrutiva nas relações humanas.
A palavra bullying deriva do inglês, verbo bully, significando valentão, tirano. Esse
vocábulo compreende a ação de usar a força física para impor medo e intimidação na
vítima, além de humilhar, ou ofender e excluir. O Brasil também adotou esse termo, assim
como outros países. Essa violência específica chamada bullying ocorre em todos os
espaços sociais, na família, no trabalho, na escola, enfim, onde há pessoas se
relacionando, entretanto, é na área escolar que mais se evidencia.
Essas atitudes agressivas realizadas por uma ou mais pessoas, em geral, não
possuem motivações evidentes que justifiquem os maus tratos. A brutalidade expressa um
abuso de poder com o toque de crueldade e sadismo utilizado pelos mais fortes para se
divertirem ou humilhar os mais frágeis que não conseguem se defender por apresentarem
alto grau de fragilidade, insegurança e timidez. Fante (2005) ao apontar as causas da
passividade dos mais frágeis, relata:
(...) O desequilíbrio de poder caracteriza-se pelo fato de que a vítima não consegue se defender com facilidade, devido a inúmeros fatores: por ser de menor estatura ou força física; por estar em minoria; por apresentar pouca habilidade de defesa; pela falta de assertividade e pouca flexibilidade psicológica perante o autor ou autores dos ataques (FANTE, 2005, p.28)
Sendo assim, após estudos de Fante (2005), destaca-se como definição universal
de bullying:
Um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying (FANTE, 2005, p.28-29)
Estudos abordam que “brincadeira” de mau gosto, gozações, rixas entre alunos,
brigas, xingamentos, apelidos pejorativos, opressões e humilhações, entre outros menos
ou mais graves, são atitudes que sempre estiveram presentes nas relações sejam dentro
ou fora da escola.
Compreende-se então, que esse tipo de coerção e domínio de alguns sobre outros
são ações seculares presentes desde a vida primitiva do ser humano, no entanto, em tudo
há um limite de tolerância e aceitação, pois ações e comportamentos violentos
frequentes, ainda que tratados como “normais” pela família e ignorada por educadores,
vêm acarretando sérios problemas em instituições de ensino gerando consequências
desastrosas no século XXI.
Segundo estudos de Moz e Zawadski (2007, p.18), o bullying é assim conceituado:
O bullying não é simplesmente, como muitos minimizam, um comentário ácido ocasional [...] É a crueldade frequente e sistemática, voltada deliberadamente a alguém, por parte de uma ou mais pessoas, com intenção de obter poder sobre o outro ao infligir regularmente sofrimento psicológico e ou físico.
O bullying não é apenas um ato ofensivo simples e sem maiores consequências,
como muitas vezes, é tratado. Essa violência é cruel, deliberada e seu autor conquista um
poder sobre alguém, amedrontando-o com um prazer sádico, por isso, só é bullying
quando a ação se repete continuamente sobre a vítima.
O bullying é uma realidade que sempre existiu nas relações humanas, mas não
havia dedicação em estudar esse assunto. No passado a vítima dessa violência calava-
se, abandonava a escola ou mudava-se de residência, sentindo-se culpada. Atualmente,
os estudos apontam o bullying como uma violência em destaque mundial devido ao seu
alarmante crescimento e pela sua perversidade, muitas vezes, com finais trágicos.
Pesquisas efetuadas pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à
Infância e Adolescência (ABRAPIA, 2003) destacam que os primeiros estudos sobre
bullying foram realizados a partir da década de 70. O percursor desses estudos Dan
Olweus, professor na Universidade de Berger na Noruega, foi um dos primeiros a realizar
levantamentos sobre o problema de intimidação e agressões no ambiente escolar.
No Brasil as pesquisas são pequenas mas já é possível estimar que 45% dos
estudantes brasileiros do ensino fundamental, sofrem de Bullying, Esses dados foram
coletados e divulgados pelo Centro Multidisciplinar de Orientação sobre Bullying Escolar
(CEMEOBES – 2007).
Um dos estudos efetuados no Brasil e que merece destaque é o da estudiosa Cleo
Fante, que realizou uma vasta pesquisa em 2002 e 2003 sobre o assunto com dois mil
alunos de escolas públicas e privadas da região de São José do Rio Preto, interior de São
Paulo. O resultado da pesquisa revelou que 49% dos estudantes estavam envolvidos com
bullying. Desses, 22% eram vítimas 15% agressores e 12% vítimas agressoras.( FANTE,
2005)
Os indícios apontados pelas pesquisas deixam claro que o assunto é amplo,
complexo e desafiador, por isso, merece atenção quanto às consequências dessa
violência. Os meios de comunicação divulgam cotidianamente episódios graves ocorridos
no país, casos de agressões físicas e até mesmo de homicídios seguidos ou não de
suicídios que apresentam como principal motivo o fenômeno bullying e que poderiam ter
sido evitados se houvesse um maior enfrentamento pela sociedade.
Como destaca Gabriel Chalita (2008, p.109) “O bullying é uma violência que cresce
com a cumplicidade de alguns, com a tolerância de outros e com a omissão de muitos”.
Diante dos fatos é preciso esclarecer a todos os educadores que a omissão, o
desconhecimento ou até mesmo a negação da existência dessa violência, reproduz e
colabora para o seu crescimento na sociedade.
1.1. OS AUTORES E AS GRAVES CONSEQUÊNCIAS DESSA DRAMÁTICA
VIOLÊNCIA
Dentre as mazelas sociais, o bullying emerge como um dos temas mais
emblemáticos da atualidade. É um fenômeno social cruel, uma vez que se apresenta com
maior frequência entre crianças e adolescentes em idade escolar, sendo estes imaturos,
frágeis, com a personalidade em construção, tornam-se presas fáceis.
Muitos estudiosos tratam esse fenômeno como algo de extrema relevância para a
sociedade e dentre eles, Cleo Fante (2005) destaca-se, apontando sobretudo que esse
fenômeno tem protagonistas desempenhando papéis bem definidos, sendo assim
classificado:
1- VÍTIMA TÍPICA: É aquele indivíduo ou grupo de indivíduos, pouco socializado,
inseguro, que se sente inferiorizado, é retraído, apresenta baixa autoestima.
Essas vítimas são escolhidas sem motivos evidentes, que podem estar ligados à
maneira de se vestir, a falta de habilidade ou destreza para a prática desportiva, por não
se encaixarem nos padrões de beleza física imposto pelo grupo (serem muito gordos ou
magros, terem cabelos muito armados e encaracolados, nariz grande, orelhas evidentes,
etc), por possuírem problemas de dicção ou na fala, por usar óculos, ser muito estudioso
e dedicado e ser considerado “CDF” “CAXIAS” ou “NERDS”. Normalmente recebem
apelidos, são ofendidos, humilhados, discriminados, excluídos, tem seus pertences
escolares e pessoais roubados.
O indivíduo ou grupo que se classifica como vítima típica, geralmente não pede
ajuda, sofre calada, silenciosamente, por insegurança, vergonha, constrangimento, medo
que as agressões sofridas aumentem. Nas pesquisas realizadas pela ABRAPIA (2003),
41,6% das vítimas admitiram não ter contado a ninguém sobre seu sofrimento diante das
agressões.
Dentre as vítimas, podem se destacar ainda dois aspectos distintos relacionados
ao seu comportamento, como a vítima considerada provocadora e a vítima agressora.
Para Fante e Pedra (2008, p.59), a vítima provocadora está relacionada àqueles
indivíduos que tem um comportamento de aspecto provocador, é aquela criança ou
adolescente impulsivo, imaturo, inquieto, agitado, dispersivo, geralmente ligado a alunos
com quadro de hiperatividade. São vítimas que com seu comportamento de aspecto
provocador, acabam atraindo reações agressivas contra si próprias e não conseguem
revidar as agressões e ofensas, enfim, acabam levando a culpa dos seus atos impulsivos,
enquanto os verdadeiros agentes agressores continuam incógnitos em suas táticas de
provocações e agressões.
Já a vítima agressora, é aquela que reproduz os maus tratos sofridos. Essa vítima
escolhe indivíduos mais frágeis e vulneráveis e comete todos os tipos de atrocidades, ou
seja, passa a reproduzir o comportamento de bullying, formando um círculo vicioso que
proporciona a expansão desse fenômeno.
Para Fante e Pedra (2008), são vítimas agressoras alunos que:
São aqueles que são ou foram vitimizados e que acabam reproduzindo os maus-
tratos sofridos. Integram-se a grupos para hostilizar seu agressor ou elegem uma
outra vítima como “ bode expiatório”. Adotam as atitudes de intimidação das quais
foram vítimas ou apóiam explicitamente os que assim procedem. Em casos
extremos, são aqueles que se munem de armas e explosivos e vão até à escola
em busca de justiça. Matam e ferem o maior número possível de pessoas e dão
fim à própria existência.(FANTE E PEDRA, 2008,p.60)
2- AGRESSOR: O agressor é normalmente o indivíduo que apresenta baixa resistência
à frustração, é impulsivo, inescrupuloso, intolerante, não aceita ser contrariado, ou
respeitar regras impostas e possui conduta antissocial. Seu tom de voz é geralmente
agressivo e não aceita ser contrariado.
O sujeito agressor sente uma necessidade de dominar, subjugar, humilhar,
ameaçar o mais fraco, até atingir o que deseja, o agressor irá maltratar a vítima visando
ridicularizá-la.
Normalmente os agressores provêm de famílias com históricos complicados,
ausência de pais ou pais com condutas muito violentas, severas e punitivas, ou o
contrário, pais com posturas permissivas, com excesso de tolerância e excesso de
“mimos”.
Observa-se em suas ações que o agressor sente prazer em causar sofrimento ao
outro. Perante a isso, a estudiosa Cleo Fante (2005) destaca que quem vitimiza:
[...] procura inconscientemente encontrar nessa conduta uma maneira de reproduzir os comportamentos agressivos introjetados pelos modelos educativos, ou quem sabe, chamar a atenção para que alguém o perceba, ouça, compreenda e que possa vir em seu auxílio. (FANTE, 2005,p.208)
3- ESPECTADOR: Em qualquer relação interpessoal, principalmente onde há relações
entre crianças e adolescentes, o bullying se torna cada vez mais evidente e o número de
espectadores é muito grande.
Os espectadores são aqueles que se calam diante de atitudes de agressão, que
não se envolvem diretamente ao verem outros indivíduos sendo agredidos, humilhados ou
simplesmente insultados, ou seja, assistem imparcialmente a ocorrência do bullying,
geralmente por medo de tornarem-se a “próxima vítima”.
Os espectadores são imparciais, não saem em defesa do agredido e também não
se juntam ao grupo dos agressores. Na compreensão de Fante e Pedra (2008):
Eles não sofrem e nem praticam bullying, mas sofrem as suas consequências, por presenciarem constantemente as situações de constrangimentos vivenciados pelas vítimas. Muitos espectadores repudiam as ações dos agressores, mas nada fazem para intervir.(FANTE E PEDRA, 2008, p.61)
Nessa perspectiva, o bullying é tecido como uma trama cruel e implacável que
marca profundamente suas vítimas e que tem como participantes, a vítima que é
humilhada, o agressor que é temido e o espectador que assiste a tudo de forma
imparcial.
Essa configuração, fortalece, incentiva e perpetua esse fenômeno atual tão
devastador.
As consequência das atitudes que envolvem as ações consideradas bullying,
proporcionam sérios prejuízos na vida de todos os envolvidos nessa violência, sobretudo
na vítima dessa agressão que tem sua saúde física e mental comprometidas. Os efeitos
são desastrosos e os traumas ocasionados pelo bullying poderão permanecer durante a
vida toda do indivíduo com consequências irreversíveis.
Cleo Fante (2005 p.25), alerta que “[...] esse fenômeno tem grande poder de
desencadear transtornos psíquicos e que pode se transformar em tragédia social”. As
vitimas dessas atitudes agressivas e repetitivas têm dificuldades em enfrentar esses
valentões, sofrendo em silêncio por longos períodos. Esses maus tratos torna o indivíduo
apático, retraído para o mundo que o rodeia, tímido na relação interpessoal, com sérios
problemas de autoestima. A consequência mais evidente é o desinteresse pela escola,
falta de ânimo e dificuldade no rendimento escolar.
Outras consequências que também podem ocorrer são os transtornos como: fobia
social ou escolar, depressão, perda de sono, diarreia, dores constantes de cabeça. Em
decorrência a esses transtornos psíquicos, podem haver tragédias como homicídios,
seguidos ou não de suicídios, como observamos nos exemplos de tragédias mundiais.
Essas situações caóticas que a cometem a sociedade, não só afetam a vítima, mas todos
em geral.
O indivíduo na constituição humana tem necessidade de pertencer a um grupo, de
ser aceito nesse grupo, de ser valorizado e ter amigos. Entretanto, quando esse indivíduo
sofre intimidação ou qualquer outra ação do bullying, isso pode levá-lo a fazer parte de
grupos violentos, as “gangues”, ou mesmo compensar seu sofrimento procurando nas
drogas a base para superar seus medos, a frustração de não ser aceito e de não ser
corajoso o suficiente para enfrentar os seus agressores.
Diante de todos esses aspectos, a necessidade de conhecimento sobre o assunto
e metodologias eficazes no combate ao bullying devem ser prioridade na escola, na
família e na sociedade. Essa medida, possibilitará o efetivo crescimento físico e psíquico,
bem como a preservação da integridade e do caráter de nossas crianças e jovens para
que eles aprendam a viver em grupo de maneira harmoniosa, respeitando as diferenças,
sendo feliz e fazendo com que o outro também o seja, aceitando uns aos outros como
realmente são. Somente assim, construiremos uma sociedade mais justa e menos
violenta.
1.2. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLA
A natureza humana, infelizmente não é espontaneamente respeitosa e generosa,
essas virtudes necessitam ser constantemente assimiladas e exercitadas ao longo da vida
do homem.
Esses conhecimentos são experimentados, primeiramente na família ou grupo, em
que o sujeito se insere. Assim, cabe aos pais e responsáveis conduzir o indivíduo, pelos
princípios e valores básicos necessários à formação da personalidade, do caráter moral,
da civilização e da ética. A partir dessa reflexão, entendemos que compete aos pais a
responsabilidade pelas ações violentas e abusos praticados pelos filhos.
De acordo com estudos, os fatores externos compostos pela família é que
determinam o desenvolvimento da personalidade da criança e do adolescente,
afinal é na família que a criança constrói seus modelos, seus primeiros
aprendizados e as primeiras relações interpessoais que a formarão globalmente.
Fante (2005), afirma que o ambiente familiar é fundamental para a formação de
atitudes agressivas ou não agressivas.
É no ambiente familiar que a criança aprende ou deveria aprender a relacionar-se com as pessoas, respeitar e valorizar as diferenças individuais, desenvolver a empatia e adotar métodos não violentos de lidar com seus próprios sentimentos e emoções e com os conflitos surgidos nas relações interpessoais. Portanto, é nesse contexto que a criança deveria aprender a criar mecanismos de defesa e de auto superação e desenvolver atitudes e valores humanistas que a estruturem psicologicamente e norteiem seu desenvolvimento social. (FANTE, 2005, p.174)
É a partir de uma família com estrutura sólida que a criança e o adolescente retiram
as suas necessidades de amor, de limites, de carência, de valorização, de solidariedade e
respeito. Esses valores auxiliarão o indivíduo em formação a desenvolver a autodefesa, a
autoafirmação, equilibrando sua autoestima, preparando-o para a superação dos embates
que a vida venha oferecer. A família sempre será a principal referência para o indivíduo
(CHALITA, 2008, p.164-166).
É importante destacar que o modelo de educação adotado pelos pais causa efeitos
profundos na formação do indivíduo, pois ninguém nasce bullie, isso acontece em
decorrência de problemas e conflitos criados no interior da família que refletirão no
processo de formação da criança. Assim, os estímulos positivos como afeto, diálogo,
união, companheirismo com regras e valores exemplificados e construídos com paciência
e persistência levarão a criança a desenvolver uma personalidade saudável com
autoestima elevada frente às dificuldades cotidianas, com aceitação e tolerância às regras
e normas de convivência impostas pela sociedade.
No entanto, uma educação excessivamente rígida imposta por pais autoritários,
agressivos, altamente protetores ou permissivos, podem gerar filhos inseguros, com
dificuldade de relacionamentos pessoais, possibilitando a presença de comportamento
bullie. Ou, ainda os filhos acabam reproduzindo tipos de violência nas relações com os
colegas, tornando-se agressores. Portanto, é preciso evitar uma educação
demasiadamente autoritária ou completamente permissiva.
Em relação à correção de atitudes dos filhos, é necessário que os pais tenham
pleno equilíbrio, pois se na correção, os pais fizerem-na de forma grosseira, com
intolerância, xingamentos, maledicência com castigos físicos, maus tratos, humilhações
físicas e verbais, chantagem, correção pública de forma depreciativa, ridicularizando o
filho, certamente, essa criança, além de seguir o exemplo agressivo dos familiares, será
propenso a encontrar refúgio nas drogas, álcool, roubos, formação de gangues entre
outros.
A vivência cotidiana familiar é projetada pela criança na escola, assim, a criança ou
o adolescente que vive modelos violentos em família, apresenta muitas dificuldades na
escola, como ansiedade, rebeldia, medo, agressividade com colegas e outros. Segundo
Fante (2005, p.175) “[...] as raízes dos comportamentos agressivos estão fincados na
infância, sendo o modelo de identificação familiar o elemento fundamental para a sua
compreensão”.
A família é detentora da educação básica do ser humano e não pode falhar.
Portanto assim, o bullying não deve ser ignorado pela família. Se a criança reproduz o
que vive, então, a família está disseminando também ações agressivas e violentas. Sabe-
se que a desestrutura familiar causada por conflitos, separação dos conjugues,
desigualdade social (pobreza, miséria, falta de moradia, saúde e educação) é alicerce
para a formação de atitudes agressivas nas crianças e jovens.
Há também pesquisas que mostram a influência que os meios de comunicação
exercem, contribuindo largamente para o aumento da agressividade. De certa forma, a
sociedade vem sendo bombardeada dia a dia com a exaltação do ser violento e destrutivo
nos noticiários televisivos como em jornais, filmes com cenas violentas e relatos de casos
de violência envolvendo crianças e adolescentes em escolas e na sociedade em geral. A
tarefa da família é estar sempre atenta ao comportamento de seus filhos, assim afirma
Gabriel Chalita (2008):
[...] o bullying é uma violência silenciosa, e a vítima nem sempre tem em sua “bagagem” habilidades pessoais desenvolvidas para livrar-se da agressão, ou nem sempre encontra espaço para compartilhar com os pais os sofrimento por qual ela passa. Contudo, é importante que os pais estejam atentos a alguns indicadores suspeitos, que vão dos mais simples aos mais desesperados pedidos de socorro.(CHALITA, 2008, p.174)
1.3.A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA
O bullying sempre existiu no ambiente escolar, mas só nas últimas décadas vem
sendo pesquisado e estudado de forma comprometida. Hoje, grande parte da sociedade
escolar tem vivenciado a existência do bullying, tanto real como virtual.
A escola é responsável pela aprendizagem e formação do ser, mas tem sido o
espaço de conflitos violentos.
É na instituição de ensino onde se encontram diferentes indivíduos que se originam
de diferentes realidades familiares e sociais que podem propagar e multiplicar atitudes
violentas. Assim, nesse espaço de grandes interações e diversidades culturais, a escola
pode apresentar-se como um ambiente de alegrias, sucesso e amizades eternas,
entretanto, também pode representar o contrário, como tristezas, insucessos, brigas,
medos, violência.
Para Cleo Fante (2005, p.168-169), “A escola tem o dever de prevenir o fenômeno
violência que se desenvolve em seu contexto e de intervir, impedindo a sua proliferação”.
A autora afirma que o clima da escola, as características de cada indivíduo da
comunidade e as relações interpessoais são os fatores que poderão aumentar ou
disseminar o bullying.
É na escola que a criança passa longo período de sua existência e nesse contexto
surge a figura do professor e de todos os representantes da instituição de ensino
envolvidos na educação. É fundamental que esses agentes de transformação construam
um espaço sem diferenças, sem exclusões e discriminações em que todos possam ter os
mesmos direitos para tornarem-se cidadãos de respeitos e de sucesso. E a finalidade da
escola deve ser a de propagar um tratamento igualitário, assim confirma a estudiosa Cleo
Fante (2005, p.185), a escola tem “o propósito de igualar as discrepâncias e diferenças
existentes na sociedade”.
Para a realização da aprendizagem, o clima propício deve ser a do respeito entre
professores e alunos, cada um aceitando o outro na sua totalidade. Em situação de
conflito, o professor sabiamente deve entender com sabedoria o aluno e ter discernimento
ao tratar com as diferenças e a diversidade cultural de cada educando, incentivando e
propondo a participação de todos. Assim, os professores enfrentam novas situações em
sua prática cotidiana e suas funções se ampliam devido à omissão de famílias que
delegam à escola a função de educar os filhos. As ações de agressividade, ausência de
limites e de diálogo respeitoso em que prevaleça a valorização e a simpatia mútua entre
os alunos são situações vividas cotidianamente pelos professores em sala de aula.
Ser professor atualmente é difícil e muito lhe é exigido, sendo que pouco ou nada
se faz por esse profissional, especialmente, na melhoria de suas condições de trabalho. O
professor, na maioria das vezes, encontra-se sozinho para resolver as situações de
bullying dentro da sala de aula. Ele é o primeiro a tomar conhecimento do problema, ora
sendo procurado pela vítima para relatar seu sofrimento, ora presenciando em sua aula,
certas atitudes que em nada se parecem como simples brincadeiras, tornando-se
verdadeiras ações de martírio, dor, discriminação e exclusão.
Afinal, o que tem restado ao professor é apenas chamar atenção constante dos
alunos e colocar-se contra a esse tipo de atitude, muitas vezes, frustrando-se com o
descaso de sua prática pedagógica, sem conseguir resolver o problema.
Diante disso, cabe ao professor atentar-se frente às atitudes que possam gerar o
bullying nas escolas, exigindo das instâncias superiores providências legais para ajudá-
los no combate ao bullying. Cleo Fante, assim se posiciona:
[...] Seus profissionais devem ser capacitados para atuar na melhoria do ambiente escolar e das relações interpessoais, promovendo a solidariedade, a tolerância e o respeito às características individuais, utilizando estratégias adequadas à realidade educacional que envolve toda a comunidade escolar.(FANTE 2005, p. 169)
1.4. A URGENTE NECESSIDADE DE AÇÕES EFETIVAS PELA ESCOLA PARA COMBATER O FENÔMENO BULLYING
Infelizmente, temos como realidade em muitas de nossas escolas, o envolvimento
de crianças e jovens em agressões por serem “diferentes”. O preconceito em relação às
diferenças individuais é muito visível no espaço escolar por estarem em meio à
diversidade e, assim, expostos ao bullying.
A violência bullying deve ser totalmente combatida, de forma urgente e contínua,
pois deixou de ser apenas indisciplina. É na escola que se manifesta em alto grau de
evidência, o bullying entre os alunos. De acordo com Lizia Helena Nagel (2011), algumas
frases de nossos alunos em conversas informais em sala de aula que são consideradas
espontâneas e aceitas naturalmente podem conter o início da evolução do bullying.
É urgente a necessidade de ações efetivas para auxiliar os bullynistas (tanto
agressor, espectador e vítima) a mudar esse comportamento. Esse aspecto é destacado
nos estudos de Fante (2005):
[...] Se essas mudanças se iniciarem desde os primeiros anos escolares, reduzirão o comportamento agressivo e minimizarão a sua propagação [...] Devido ao seu poder propagador e multiplicador, a escola deve ensinar os alunos a lidarem com suas emoções para que não se envolvam em comportamentos violentos, transformando-os em agentes disseminadores de uma cultura de paz que se estenda aos seus demais contextos de vida.(FANTE, 2005, p.209)
Os estudos realizados demonstram-nos que é preciso reconhecer a relevância da
educação para solucionar ou minimizar essa trágica realidade. Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, nº9394/96, no Artigo 22, estabelece que
é dever da escola assegurar aos alunos formação para cidadania, fornecendo-lhes meios
para o progresso no trabalho, no estudo e na vida.
O Estatuto da Criança e do Adolescente refere-se à escola como “transparente,
democrática e participativa, formadora de cidadãos, pessoas preparadas para o exercício
dos direitos e cumprimento dos deveres”. Ao Conselho Tutelar compete atender a criança
e o adolescente, bem como a seus pais ou responsáveis, toda vez que representar
situações de risco pessoal ou social (ver ECA, artigos 4º, 5º, 15º). É garantido, na
Constituição e nas leis, o respeito e a dignidade do ser humano em fase de
desenvolvimento e também adulta.
A violência bullying deve ser enfrentada sem medos e omissões por todos, porque
as consequências dessa agressividade não acometem somente ao agressor ou a vítima,
mas a todos os cidadãos que pertencem a uma sociedade que desrespeita a identidade
do outro.
Temos que usufruir dos direitos humanos, conforme rege o artigo 5º da
Constituição Federal de 1988. Todos somos iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade.
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988).
As ausências desse princípio na escola, na família e em todos os demais
segmentos sociais podem criar conflitos que contribuem para formar um círculo vicioso,
proporcionando a destruição provocada pelo bullying. Será, ainda, possível reverter essa
desalentadora situação de violência presente na comunidade escolar?
São inúmeros os questionamentos. No entanto, as ações antibullying são morosas
ou quase inexistentes. Na educação antibullying há uma severa exigência do professor,
como se ele fosse o único responsável em reverter esse processo destrutivo. Na
sociedade contemporânea, a ideia humilde em perceber e apreender o sofrimento do
outro, ajudando-o no resgate da dignidade humana está ultrapassada e utópica.
Com o apoio de políticas públicas através da união dos educadores e de toda a
comunidade escolar, pais e sociedade em geral podemos sensibilizar os órgãos
superiores e seus representantes no sentido de auxiliarem as escolas em projetos e
ações antibullying.
De acordo com Lélio Braga Calhau (2010, p. 125-127) o Poder Judiciário já está
agindo e, temos também, o respaldo da Constituição Federal (1988), do ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente), através do Conselho Tutelar no amparo aos direitos e deveres
do cidadãos.
Sendo assim, como educadores devemos apresentar formalmente a nossa
insatisfação e inconformidade diante de tanta violência em sala de aula e no espaço
escolar em geral e, reafirmar estratégias para uma ação efetiva antibullying, buscando o
total apoio dos segmentos superiores da educação, da justiça e de toda a sociedade.
2.AÇÕES DA IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA: UM ESTUDO DE CASO
O bullying precisa ser enfrentado com conhecimento e seriedade, pois passou a
ser um fenômeno mundial que afeta de modo dramático todas as classes e sexos
deixando marcas profundas nas vítimas. Essas agressões físicas e psicológicas
desencadeiam uma série de prejuízos no indivíduo e para tanto precisa ser desenvolvido
um amplo trabalho voltado para a prevenção e enfrentamento dessa dramática e cruel
violência.
Sendo assim, o estudo focado nesse artigo concretizou-se através da formação de
um grupo de estudo junto aos profissionais do colégio Pedro Viriato Parigot de Souza,
através do Curso de Extensão com o título BULLYING ESCOLAR: limites, alternativas e
propostas. O mesmo foi composto por 10 encontros com 4 horas semanais, no período
noturno das 19 às 23 horas e as discussões em torno da temática versaram sobre as
seguintes questões:
1ª Ação: Aplicação de questionário como instrumento para efetuar a coleta de dados aos
professores e também com o coletivo da escola em estudo. O mesmo será composto por
questões objetivas e subjetivas com o intuito de coletar informações globais referentes ao
conhecimento que o coletivo da escola possui sobre o fenômeno bullying tão presente em
nossa sociedade e em especial no contexto escolar.
2ª Ação: Introdução ao tema violência social e escolar, focando o bullying escolar em um
estudo amplo sobre sua trajetória histórica, causas e consequências, com elaboração de
questões para análise, reflexão e debate em grande grupo.
3ª Ação: Trabalho com o filme: “Bang Bang você morreu”. Reflexão, debate e atividades
para identificar precocemente situações e casos de bullying.
4ª Ação: Estudo sobre o bullying escolar e o papel da família como reprodutora dessa
violência. Levantamento de questões, análise, reflexão e discussão em grande grupo.
5ª Ação: Estudo sobre o bullying escolar e a importância do papel da escola no combate
a essa violência.
6ª Ação: Estudo das variações do bullying: Bullying homofóbico, Cyberbullying, assédio
moral e outros e a legislação vigente.
7ª Ação: Prognósticos e tratamento das questões relacionadas à violência bullying e seus
transtornos. Análise de pesquisas efetuadas na comunidade escolar sobre bullying com a
organização de grupos de estudo para subsidiar teórica e metodologicamente a temática
bullying.
8ª Ação: Estudo sobre as estratégias de combate ao bullying e elaboração de propostas
pelos participantes para o combate e prevenção do bullying na escola em que atuam.
9ª Ação: Apresentação e análise dos resultados das pesquisas aplicadas aos
participantes do Curso de Extensão sobre a temática bullying e, por fim, a avaliação dos
resultados obtidos durante a Implementação do Projeto, por intermédio de coleta de
opiniões dos participantes do Curso de Extensão.
Pretende-se com essas ações interventivas perceber a existência do problema na
escola e fornecer apoio aos profissionais da educação em reconhecer, refletir, discutir e
buscar maiores conhecimentos sobre essa cruel violência que causa tanta destruição no
ser humano em desenvolvimento.
Os estudo foram realizados a partir do material didático-pedagógico produzido no
curso PDE e por textos complementares sobre a temática em pesquisa. Também veio de
encontro e serviu de apoio para a pesquisa os levantamentos de dados efetuados pela
Equipe Multidisciplinar, voltada para a educação das relações Étnico-Raciais, a qual
desenvolveu trabalho de pesquisa na escola sobre o preconceito, com foco no bullying. A
amostragem envolveu os três turnos do colégio, composto por 933 alunos e comprovando
as pesquisas que alertam que em todo o meio escolar a violência bullying está presente.
3- ANÁLISE E RESULTADO DA PESQUISA
Os dados coletados foram apresentados por meio de gráficos. Esse método de
visualização proporcionará a compreensão mais detalhada do estudo efetuado na
pesquisa.
Através do universo pesquisado pelo projeto da Equipe Multidisciplinar, relacionada
às questões Étnico-Raciais, que contribuiu grandemente com a nossa pesquisa sobre a
temática bullying escolar, verificou-se que na instituição pesquisada confirma-se a
existência do fenômeno bullying conforme as respostas obtidas pelos alunos quando
foram questionados se já haviam sofrido bullying na escola. No período da manhã
composto por 460 alunos, 53% responderam não ter sofrido bullying na escola, sendo que
45% responderam que sofreram bullying, e 2% não informaram. No período da tarde dos
303 alunos pesquisados, 64% disseram não ter sofrido bullying, 35% relataram ter sofrido
essa agressão e 1% não informou. No período noturno os dados são alarmantes, pois dos
170 alunos pesquisados 51% disseram não ter sofrido bullying na escola, seguido por um
índice bastante alto em torno de 49% relataram ter sido vítima de bullying e 1% dos
pesquisados não informaram ter sofrido essa agressão.
Com relação aos dados fornecidos pelos alunos do turno da manhã, tarde e noite
do colégio Pedro Viriato Parigot de Souza, percebemos claramente a existência de
bullying na instituição pesquisada. Esses dados coletados confirmam as pesquisas
brasileiras que destacam que 45% dos estudantes sofrem de bullying, dados esses
divulgados pelo Centro Multidisciplinar de orientação sobre o bullying escolar
(CEMEOBES, 2007). infelizmente, a violência na escola vem crescendo e tornando-se um
problema de ordem mundial. As estudiosas Miriam Abramovay e Maria das Graças Rua
(2003), afirmam que:
As situações de violência comprometem o que deveria ser a identidade da escola – lugar de sociabilidade positiva, de aprendizagem de valores éticos e de formação de espíritos críticos, pautadas no diálogo, no reconhecimento da diversidade e na herança civilizatória do conhecimento acumulado. Essas situações repercutem sobre a aprendizagem e a qualidade de ensino tanto para alunos quanto para professores. (ABRAMOVAY e RUA, 2003, p. 65)
Assim sendo, a presença da violência na escola, bem como seus efeitos
contribuem sobremaneira para o insucesso do ensino-aprendizagem, afinal num meio
conturbado e sem paz, o ambiente escolar torna-se vulnerável e a escola descaracteriza-
se e sua função deixa de existir.
Também pudemos observar a falta de profundidade ao conceituar o fenômeno
bullying nas respostas coletadas nas questões subjetivas presentes no curso de
capacitação que os educadores, ao serem questionados sobre o que é bullying.
Destacam as seguintes afirmações: “bullying para mim é uma violência grave” “bullying é
uma forma de agressão” “bullying é uma brincadeira boba que acaba em pancadaria”.
Frente a estas afirmações constata-se falta de profundidade dos educadores ao
conceituar bullying. Compreende-se que o bullying não é apenas um ato ofensivo simples
e sem maiores consequências, como muitas vezes é tratado. Essa violência é cruel,
deliberada e seu autor conquista um poder sobre alguém, amedrontando-o com um
prazer sádico, por isso, só é bullying quando a ação se repete continuamente sobre a
vítima, pois ações e comportamentos violentos frequentes, ainda que tratados como
“normais” pela família e ignorada por educadores, vêm acarretando sérios problemas em
instituições de ensino gerando consequências desastrosas no século XXI.
No Curso de Capacitação, os educadores responderam a um questionário, cujas as
questões referiam-se, principalmente, à formação sobre o assunto bullying e suas
expectativas a respeito.
A intenção principal do questionamento é verificar como o bullying está sendo
entendido e, consequentemente, organizar práticas de prevenção a essa violência no
espaço escolar.
As respostas foram analisadas e apresentadas em forma de gráficos. O gráfico 1 e
2, apresentam o resultado das questões: “em sua formação acadêmica você recebeu
conhecimento acerca da violência escolar?” “ Em sua atuação profissional recebeu
alguma capacitação sobre violência escolar, principalmente sobre bullying?”
Gráfico 1 Gráfico 2
Fonte: Implementação pedagógica – PDE – 2011 Fonte: Implementação pedagógica – PDE – 2011
Diante dos dados obtidos nos gráficos 1 e 2, podemos constatar a ausência na
formação acadêmica, bem como na atuação profissional de cursos que proporcionam os
profissionais da educação a discutir, analisar e refletir essa temática.
Também ficou destacado através de comentário dos cursistas como: “não temos
informação e nem formação específica sobre o bullying, que possa nos ajudar a enfrentar
esse problema tão evidente em nossas escolas”. “precisamos de mais cursos de
capacitação, pois como educadora tenho que estar preparada para enfrentar situações de
agressividade e assim garantir uma escola de qualidade”. “esse é o primeiro curso que
3 7 %
6 3 %S i m
N ã o
S i m2 7 %N ã o
7 3 %
faço sobre a temática bullying”.
Segundo a autora Cléo Fante (2005, p.92) a prevenção do bullying deve começar
pela a capacitação dos profissionais da educação, a fim de que saibam identificar,
distinguir e diagnosticar o fenômeno, bem como conhecer as estratégias de intervenção e
prevenção.
Portanto, ficou evidente após esse estudo que para enfrentarmos essas atitudes
violentas no sistema de ensino temos que ter como meta principal a capacitação dos
professores e de todos os funcionários que compõem as instituições de ensino.
O gráfico 3, demonstra o resultado da questão: “Através de quais meios você
tomou conhecimento sobre o bullying?”
Gráfico 3
Fonte: dados coletados na implementação pedagógica – PDE 2011
Como maior percentual de fonte informativa aparece a mídia, sendo a “TV” o
principal meio de informação acompanhado por leituras efetuadas por revistas e jornais.
Observa-se mais uma vez que esse tipo de violência vem sendo negligenciada na
formação de nossos profissionais. A ausência de uma disciplina voltada ao bullying no
currículo acadêmico e de cursos de capacitação desses profissionais na esfera de
atuação é lamentável, tendo em vista o perfil da sociedade contemporânea.
O gráfico 4, apresenta a questão: “Quais destas ações, que apresentam
comportamento de bullying, ocorrem com maior frequência em seu dia a dia escolar?”
Foram sugeridas diversas ações, como mostra o gráfico. Foram obtidas 141 respostas,
isso demonstra que o nosso professor e todos os profissionais da educação tem
vivenciado esse tipo de comportamento na escola. Pois, a facilidade em apresentar os
exemplos de ações praticadas pelos alunos sugere que esses profissionais estão
incomodados e carentes de soluções para o problema.
4 0 %
3 8 %
5 %3 % 1 4 %
T V
J o r n a i s e / o u r e v i s t a s
C a p a c i t a ç ã o r e c e b id a n a e s c o l a e m q u e t r a b a lh aC u r s o d e g r a d u a ç ã o
O u t r o s
Gráfico 4
Fonte: dados coletados na implementação pedagógica – PDE 2011
De acordo com os 30 educadores que participaram da pesquisa, os dados
destacam que os mesmos vivenciam ações que representam comportamento de bullying.
Os apelidos ofensivos, zoar, sacanear, causando constrangimento e humilhações
configuram entre os mais presentes no dia a dia da escola pesquisada, seguidos com
uma diferença pequena por atos como empurrar, bater, chutar, dar beliscões e etc.
Mesmo tendo em evidência as agressões físicas e verbais não podemos desconsiderar a
presença em torno de 18% das formas que envolve o aspecto psicológico que inclui as
ações que acabam isolando o indivíduo do seu grupo social.
Diante desse estudo concluímos que é possível identificar inúmeras formas de
violência no interior da escola que prejudicam o processo ensino-aprendizagem, como
também a vida psicossocial do indivíduo. As consequência das atitudes que envolvem as
ações consideradas bullying, proporcionam sérios prejuízos na vida de todos os
envolvidos nessa violência, sobretudo na vítima dessa agressão que tem sua saúde física
e mental comprometidas. Os efeitos são desastrosos e os traumas ocasionados pelo
bullying poderão permanecer durante a vida toda do indivíduo com consequências
irreversíveis.
Cleo Fante (2005), em seus estudos alerta que esse fenômeno pode causar
desequilíbrio no psiquismo do indivíduo acarretando transtornos na personalidade da
vítima.
1 4 %
1 4 %
6 %
2 1 %1 1 %
9 %
1 3 %
6 %6 %
B a t e r , e m p u r r a r , c h u t a r , d a r b e l i s c õ e s , c o l o c a r o p é n a f r e n t e p a r a p r o v o c a r q u e d a s
A m e a ç a r v e r b a l m e n t e
R o u b a r o u d a n i f i c a r p e r t e n c e s
A p e l i d o s o f e n s i v o s , z o a r , s a c a n e a r , c a u s a n d o c o n s t r a n g i m e n t o e h u m i l h a ç ã o
F a z e r s o f r e r c o m c o m e n t á r i o s i n s u l t u o s o s e h u m i l h a n t e s
D e s t r u i r r e p u t a ç õ e s ( f o f o c a s , e s p a l h a r r u m o r e s m a l i c i o s o s e c r u é i s )
E x c l u i r , i s o l a r , i g n o r a r o i n d i v í d u o d e u m g r u p o
M e n s a g e n s o f e n s i v a s a t r a v é s d e b i l h e t e s
M e n s a g e n s o f e n s i v a s a t r a v é s d a i n t e r n e t f e i t a e m p á g i n a s d a w e b , e - m a i l , c e l u l a r e s e t c
A questão referente ao gráfico 5, ressalta o cyberbullying. Sabe-se que o uso de
informações tecnológicas de comunicação, como e-mail, celular, as diversas redes
sociais, podem promover a prática de mensagens instantâneas de difamação pessoal
com intenção de ferir e humilhar. Foi questionado se o professor havia enfrentado esse
caso de bullying.
Gráfico 5
Fonte: Implementação pedagógica – PDE 2011
Foi constatado pelo gráfico 5 que 67% dos participantes não enfrentam casos de
bullying virtual, 33% dos participantes responderam ter enfrentado em seu dia a dia casos
de Cyberbullying.
Essa variante do fenômeno bullying presente no cotidiano escolar é preocupante. A
violência virtual utiliza-se do avanço tecnológico para potencializar atitudes agressivas e
desumanas em relação ao homem.
De acordo com Beatriz Santomauro (2010, p.68) o Cyberbullying é ainda mais cruel
que o Bullying tradicional. Fante e Pedra (2008) abordam que a vítima de Cyberbullying,
torna-se um sociofóbico por desconfiar de todos que fazem parte dos seu grupo social. As
pesquisas realizadas de modo geral demonstram que com o avanço tecnológico e o
surgimento da internet essa violência tem assumido proporções devastadoras,
preocupando a escola e a sociedade de modo geral.
A questão representada no gráfico 6, refere-se ao gênero predominante na prática de bullying.
Gráfico 6
3 3 %
6 7 % S i m
N ã o
Fonte: Implementação pedagógica – PDE 2011
Ao analisá-lo, observa-se que as agressões ocorrem em maior intensidade em
torno de 60% no sexo masculino, sendo que 40% ocorre com o sexo feminino, e também
faz destaque em torno de 16% que as agressões existem tanto no sexo feminino como no
masculino.
Nas contribuições relatadas pelo grupo de estudo online (GTR) e debates no curso
de capacitação, os participantes destacam que atualmente vem ocorrendo crescimento
do sexo feminino nas agressões no ambiente escolar, sendo as agressões virtuais as
mais usadas pelo sexo feminino.
Conforme o levantamento de dados realizados pela ABRAPIA (2002), os meninos
estão mais envolvidos com o bullying, tanto como autores, quanto como alvos. Já entre as
meninas, embora com menor frequência o bullying também ocorre e se caracteriza
principalmente como prática de exclusão ou difamação.
No gráfico 7, questionados sobre “a origem das agressões denominadas como
bullying”, os educadores deram 58 respostas em que os fatores predominantes estão
representados no gráfico.
Gráfico 7
Fonte: Implementação pedagógica – PDE 2011
Percebe-se que em relação às causas determinantes 38% dos educadores
4 0 %
6 0 %F e m i n i n o
M a s c u l i n o
2 6 %
3 8 %
1 4 %
2 2 %
F a t o r e s f a m i l i a r e s
F a t o r e s s o c i a i s
F a t o r e s e d u c a c i o n a i sI n f l u ê n c i a s d a e v o l u ç ã o d a m í d i a
acreditavam que o fator social era o responsável pelo comportamento agressivo e 26%
opinaram que o contexto familiar pode ser o determinante dessas condutas agressivas,
22% acreditavam na influência da mídia como o fator que gera a agressividade e 14%
estavam ligados aos fatores educacionais.
Fante (2005) chama-nos a atenção para os fatores externos e internos que podem
influenciar a violência escolar. A autora cita como fator externo o contexto social que
exclui aqueles que não têm acesso ou benefícios sociais, causando as desigualdades
sociais e favorecendo a formação de ações agressivas que são banalizadas pelos meios
de comunicação. Outro aspecto a considerar é que a família, que é o primeiro local onde
as crianças aprendem a relacionar-se com o outro, afinal é nessa instituição secular que a
criança constrói seus modelos, seus primeiros aprendizados é onde deveria aprender a se
relacionar pacificamente com seus semelhantes. Como fatores internos, Fante (2005)
aponta a escola, local em que as diferenças individuais têm sido ignoradas para a
imposição da disciplina em detrimento da aplicação e do manejo de conteúdos,
condenando aqueles que não apresentam um mesmo resultado, distanciando-os dos
objetivos de melhoria de vida por meio da educação recebida na escola. Muitas vezes, a
escola promove a discriminação e, consequentemente, origina os conflitos, estresse e
inadaptações e a relação professor-aluno torna-se uma luta constante de poderes e força,
resultando em alunos e professores insatisfeitos e frustrados. É necessário que essas
relações sejam de respeito, pois a função maior da escola é ou deveria ser a de igualar,
onde todos possam ter os mesmos direitos, o que favorece a formação de cidadãos
respeitosos e de sucesso.
Em relação ao Gráfico 8, a questão foi direcionada ao profissional de educação participante do curso: “Você já sofreu algum tipo de violência verbal ou física no ambiente escolar?”
Gráfico 8
Fonte: Implementação pedagógica – PDE 2011
Nesse estudo constatamos através do gráfico 8, que um grande número de
3 3 %6 7 %
S i m
N ã o
educadores pesquisados em torno de 67% disseram não ter sofrido agressão em seu
ambiente de trabalho, mas 33% disseram ter sofrido agressão.
Confirmamos ainda, através de questionamentos, com o grupo pesquisado, que
poucas medidas foram tomadas em relação a situação expostas acima e que as que
foram postas em prática se restringiram apenas em diálogo direto com o agressor sem
maiores consequências e atitude por parte da instituição.
Os gráficos 9 e 10, apresentam as seguintes questões: “Em sua sala de aula ou
escola de atuação já aconteceu ou acontece casos de bullying?”; “Em caso afirmativo,
que medidas foram tomadas?” No gráfico 9 foram obtidas 30 respostas e no gráfico 10,
um total de 67 respostas.
Gráfico 9 Gráfico 10
Fonte: Implementação pedagógica – PDE 2011 Fonte: Implementação pedagógica – PDE 2011
Através do gráfico 9, observamos um dado relevante, pois o grupo pesquisado
destaca que um total de 90% era casos de bullying em sua escola de atuação, sendo que
10% das respostas destacam não ter presenciado casos de bullying em sua sala de aula
ou no ambiente escolar de atuação.
Também conforme em destaque no Gráfico 10, as medidas tomadas frente aos
casos de bullying se incidem em encaminhar os alunos para a direção ou coordenação
com 39% seguido de conversação com alunos envolvidos em torno de 30%, convocação
da família como medida de enfrentar a agressão com 22%, encaminhamento para a
polícia 7%, nada foi feito com 2% e expulsão do aluno 0% (não aparece como medida).
O gráfico 11 representa as respostas à questão: “Você já realizou intervenção
diante de algum caso de bullying em sala de aula? Ou no setor de trabalho?”
Gráfico 11
9 0 %
1 0 %
S i m
N ã o
3 0 %
3 9 %7 %
2 2 %2 %
C o n v e r s a ç ã o c o m a l u n o s e n v o l v i d o s
E n c a m i n h a m e n t o p a r a a d i r e ç ã o e / o u c o o r d e n a ç ã oE n c a m i n h a m e n t o p a r a a p o l í c i a
C o n v o c a ç ã o d a f a m í l i a
N a d a f o i f e i t o
Fonte: Implementação pedagógica – PDE 2011
A amostragem do gráfico 11 faz destaque que 57% dos educadores pesquisados
realizaram intervenções diante de caso de bullying, sendo que 43% relatam que não
realizaram nenhuma intervenção mesmo tendo sofrido agressão.
Em relação aos gráficos 12 e 13, foram relacionadas as questões: “Como
profissionais da Educação, vocês se sentem preparados para intervir na prevenção ou no
controle de possíveis situações de bullying entre educandos? “Na sua opinião, a escola
está preparada para intervir nas ações que são consideradas bullying?”
Gráfico 12 Gráfico 13
Fonte: Implementação pedagógica – PDE 2011 Fonte: Implementação pedagógica – PDE 2011
Os dados apontados no gráfico 12, destacam que 83% dos profissionais da
educação não se sente preparado para intervir em possíveis situações de bullying e 17%
destacam estar preparados para intervir na prevenção e combate do bullying.
As contribuições através dos debates no grupo de estudo confirmam pelos
seguintes comentários a falta de preparo e a insegurança frente a essa grave violência.
“Não estamos preparados para lidar com essa agressão, pois precisamos de união da
comunidade escolar para enfrentar através de projetos certas situações de violência”.
“Como profissional da educação sinto que tenho o dever de enfrentar e combater essa
5 7 %4 3 %
S i mN ã o
2 3 %
7 7 %S i m
N ã o
1 7 %
8 3 %
S i m
N ã o
violência tanto no meio escolar como também fora dele, mas preparada ainda não estou
pois preciso adquirir mais conhecimentos a cerca do assunto para lidar melhor com cada
situação” .
Pode-se perceber pelo gráfico 13 que 77% dos educadores destacam que a escola
também não está preparada para intervir nas ações consideradas de bullying e 23%
acredita que a escola está preparada para essa intervenção.
O gráfico 14, conclui o trabalho de investigação demonstrando o resultado nas 30 respostas à questão: “A sua escola realiza algum trabalho de intervenção e prevenção do bullying?”
Gráfico 14
Fonte: Implementação pedagógica – PDE 2011
Os educadores pesquisados foram enfáticos em torno de 83% afirmaram que não
existem projetos sobre violência na escola com foco no bullying, sendo que apenas 17%
destacaram já ter vivenciado algum tipo de projeto de intervenção e prevenção ao bullying
Em relatos, os cursistas pesquisados expressaram que:“não há nenhum projeto
sobre violência na escola”. “Esse é o primeiro projeto que está sendo desenvolvido
na escola e espero que seja ampliado”. “Até o momento a escola ainda não possui
projetos desenvolvidos para combater o bullying e acredito que isso seja de suma
importância para o bom andamento da escola, pois os casos acontecem com muita
fequência e sob os nossos olhos”.
Através dos gráficos 9,10,11,12,13 e 14, podemos perceber que grande parte dos
educadores tem vivenciado a existência do bullying. As pesquisas sobre esse fenômeno,
avançaram a partir desse milênio e muitos educadores questionam que a escola tem sido
espaço de conflitos violentos.
Diante de todo essa análise demonstrada, este trabalho foi de grande relevância e
acreditamos termos atingido o objetivo principal do projeto, pois através da
implementação pedagógica na escola pudemos possibilitar momentos ricos de interação
1 7 %
8 3 %
S i m
N ã o
entre os participantes com discussões, trocas de experiências, anseios, frustrações em
relação à temática. Refletindo junto aos cursistas no final do curso de capacitação, foi
elaborado um projeto piloto de ações antibullying, o qual passa a ser parte integrante do
Projeto Político Pedagógico da escola pesquisada, constituindo-se em ponto de partida
para chegarmos à construção de uma sociedade menos violenta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em nossa sociedade a violência tem sido alvo de muitas preocupações. Atualmente
ela rompeu os muros da escola e caracteriza-se como bullying escolar, um assunto
considerado pelos pesquisadores como complexo e desafiador que necessita de
intervenção ampla e sistêmica. Essa forma de violência expõe de maneira devastadora a
intolerância às diferenças como também produz a insensibilidade e a covardia nas
relações interpessoais atingindo, sobretudo a ação ensino- aprendizagem.
Estudiosos do assunto destacam a relevância do papel da educação no sentido de
solucionar ou minimizar essa trágica realidade dentro de nossas escolas. Ressaltam
ainda a necessidade de um aprofundamento teórico sobre o assunto, com elaboração de
ações conjuntas para a prevenção do fenômeno bullying.
Portanto, nos estudos efetuados e a partir dos dados coletados com os educadores
do Colégio Pedro Viriato Parigot de Souza, no curso de capacitação, ficou evidente a
fragilidade frente ao assunto bullying. Percebemos claramente que dos trinta (30)
educadores 63% não tiveram conhecimento teórico e metodológico em sua formação
acadêmica e que 73% também não estão recebendo de forma efetiva capacitação
específica sobre o bullying no decorrer de sua vida profissional.
Diante dos estudos realizados com os educadores, a presença de bullying em sala
de aula ou no ambiente escolar atingiu um alto percentual, em torno de 90% e as
intervenções mais comuns são o diálogo, sermões, advertências, enfim, os casos são
encaminhados para a coordenação que na maioria das vezes convoca os familiares.
Neste caso, essas atitudes são contidas temporariamente, mas não erradicadas, pois, as
causas da violência não estão sendo tratadas. O aluno recebe a punição e mais tarde,
volta a praticar o bullying.
Confirmamos que os educadores possuem uma certa insegurança quanto a
tomada de providência em relação às ações de agressão entre os alunos e que procuram
agir com cautela, utilizando diálogo, mas todos foram enfáticos ao revelar que diversas
vezes encaminharam para a direção e ou coordenação para que os mesmos pudessem
resolver os problemas envolvendo o bullying.
Ficou claro através da pesquisa realizada com os profissionais da educação que
eles não estão preparados para intervir nas possíveis situações de bullying.
Aproximadamente 80% dos educadores não se sentem capazes de realizar essa
intervenção. Portanto, ressalta-se a urgência de criação de meios para que esses
profissionais possam adquirir conhecimentos específicos e, assim, organizar estratégias
para minimizar essas atitudes agressivas e prevenir sua propagação.
Em virtude dessas constatações e conscientes da urgência e da atenção que esse
tema necessita, fica evidenciado que os profissionais de educação necessitam de apoio
constante para intervir no combate e prevenção ao bullying. Como já confirmado, é na
escola que se despontam as diferenças com todas as suas diversidades e conflitos, então
para enfrentarmos esse desafio temos que ter como meta principal a capacitação dos
professores e de todos os funcionários que compõe a instituição de ensino.
Enfim, para enfrentarmos essas atitudes violentas temos que unir nossas forças e
organizar, conjuntamente com a comunidade educativa, ações efetivas e implantá-las no
Projeto Político Pedagógico. Somete assim, essas ações serão postas em prática, tendo
como meta reconhecer, diagnosticar e enfrentar a violência, assumindo sem medo
atitudes metodológicas e estratégias pedagógicas de não tolerância a esses maus tratos
entre os alunos.
Após a conclusão desse estudo acreditamos que somente com educadores
devidamente preparados e capacitados teremos a identificação do sofrimento pelo
bullying, possibilitando a elaboração e execução de projetos antbullying, chamando a
atenção da comunidade escolar e sociedade em geral para que olhem sensivelmente
esse drama que insiste em crescer no espaço escolar. E, com base nessas constatações,
possamos atingir o máximo de adeptos contra essa violência cruel que é tão prejudicial no
ser humano em formação e assim, construirmos uma sociedade harmoniosa, solidária,
igualitária e menos violenta.
REFERÊNCIAS
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