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1 abril/maio de 2011 CA ÓLICA BRASÍLIA ARQUIDIOCESE DE BRASÍLIA · ANO 1 · EDIÇÃO 2 · ABRIL/MAIO DE 2011 R$ 3,50 Resposta de amor Com mais de 5 mil casamentos por ano, a Igreja de Brasília é cha- mada, no mês das noivas, a refletir sobre a altíssima dignidade com que Deus eleva o matrimônio brasilia_catolica_maio.indd 1 27/04/08 23:46

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abril/maio de 2011 ARQUIDIOCESE DE BRASÍLIA · ANO 1 · EDIÇÃO 2 · ABRIL/MAIO DE 2011 brasilia_catolica_maio.indd 1 27/04/08 23:46 1 Com mais de 5 mil casamentos por ano, a Igreja de Brasília é cha- mada, no mês das noivas, a refletir sobre a altíssima dignidade com que Deus eleva o matrimônio R$ 3,50

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abril/maio de 2011

CA ÓLICABRASÍLIA CA ÓLICACA ÓLICAARQUIDIOCESE DE BRASÍLIA · ANO 1 · EDIÇÃO 2 · ABRIL/MAIO DE 2011

R$ 3,50

Resposta de amorCom mais de 5 mil casamentos por ano, a Igreja de Brasília é cha-mada, no mês das noivas, a refl etir sobre a altíssima dignidade com que Deus eleva o matrimônio

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EXPEDIENTE:

Presidente: Dom Waldemar Passini DalbelloCoordenador: Pe. André LimaJornalista Responsável: Patrícia Quinderé (Mtb 7997/DF)Editora-chefe: Lilian AlvesProdução: Kamila Aleixo, Narlla SalesProjeto Gráfi co: Felipe Rodrigues PereiraDiagramação: Felipe Rodrigues Pereira

Tiragem: 4 mil exemplares

Arquidiocese de Brasília

RevistaBrasília Católica

Capa

Matrimônio: uma resposta de amor

Educação e Sexualidade

O Ministério da Educação estuda distribuir um kit que promove o homossexualismo a estudantes de ensino

fundamental

A partilha de casais e a vida de Santa Gianna Berett a Molla leva a todos os leigos a perceberem o verdadeiro sentido do matrimônio. Um histórico sobre a Lei do Divórcio no Brasil também é um dado importante que pode orientar a postura dos cristãos nos meios secu-lares e no auxílio a casais que sofrem essa ameaça.

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abril/maio de 2011

Redação:

Andrea VasconcelosEdmar AraújoLanier RosaDra. Lenise GarciaNarlla SalesPatrícia QuinderéSimone Sabino

Editorial

Quase santo

A Igreja tem um novo beato,

o Papa João Paulo II.

Anencefalia

Saiba o que é e por que a Igreja defende a vida dos

bebês que nascem com esta malformação.

Jornada Mundial da Juventude

Em agosto deste ano, cerca de 2 milhões de jovens se reunirão com o Papa em Madri, Espanha. Fique por dentro dos preparativos para este encontro. Esta edição, ao chegar maio,

tem muito a comemorar! A Páscoa com a sua espe-

rança de uma vida nova em Cristo Ressuscitado, a Assembleia Geral dos Bispos em Aparecida, o mês dedicado a nossa Mãe Santíssima.

Inspirados nestes sentimentos, a Revista Brasília Católica alcança a sua segunda edição, abordando

temas de interesse, visando contribuir na formação e informando sobre os acontecimentos da Igreja em seus diversos âmbitos.

De Roma, trazemos a beatificação de João Paulo II. Da Igreja no Brasil, tratamos da 49ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil que acontece na cidade de Apa-recida, em São Paulo, com decisões que afetarão os rumos da evangelização no Brasil. De Brasília, vamos apresentar os preparativos dos nossos jovens rumo a Jornada Mundial da Juventude que ocorre em Madri, em agosto deste ano, além de resgatar a sua história que começa com o Papa João Paulo II.

Em maio, mês das noivas, é importante tratar da di-mensão da vida e do matrimônio. Este a partir do pon-to de vista do sacramento, mas também como uma res-posta de amor mútua entre um homem e uma mulher, como também a Deus e a Igreja. Confira!

E em Brasília, nestes seus 51 anos de existência, te-mos muitos religiosos que são pioneiros nestas terras e partilham para nós a experiência de chegar e começar a levar a Boa Nova àqueles que também vinham de várias partes do país. E por que não falar, neste mês mariano, de uma grande devoção de nosso povo de Brasília, da Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt? Temos a honra de possuir um santuário dedicado a ela!

Desejo uma boa leitura, prezado leitor! E que estas páginas possam realmente trazer informações e tam-bém gerar momentos concretos de formação da fé.

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Fotografia:

Camilo BessoniPatrícia Quinderé

Ilustração:

Tiago Fagundes

Padre André Pereira LimaCoordenador do Setor de Comunicação

Arquidiocese de Brasília

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Santa séDa Redação

O mundo parou quando ele foi para o céu. O dois de abril de 2005 foi marcado pela tristeza e ale-gria. Tristeza pelo término na jornada de um

grande homem na Terra; alegria pela certeza de que um santo estaria ao lado da Virgem Maria. João Paulo II já foi de tudo um pouco: ator, operário, atleta. Mas o que mais fi cou gravado no coração da humanidade foi a bus-ca de Karol Woytila pela paz entre as nações e sua ami-zade com os jovens.

A beatifi cação de João Paulo II, em 1º de maio, foi anunciada após a confi rmação da cura da religiosa fran-cesa Marie Simon-Pierre Normand, que sofria de Mal de Parkinson. Wojtyla foi o 264º Pontífi ce da Igreja Ca-tólica, cumpriu sua missão como sucessor de Pedro por mais de 25 anos e teve o processo de beatifi cação mais rápido da história do cristianismo.

A Igreja está em festa pelo Beato João Paulo II. Agora é só esperar para termos um santo.

A santidade de João Paulo II

O mundo parou quando ele foi para o céu. O dois de abril de 2005 foi marcado pela tristeza e ale-gria. Tristeza pelo término na jornada de um

grande homem na Terra; alegria pela certeza de que um santo estaria ao lado da Virgem Maria. João Paulo II já foi de tudo um pouco: ator, operário, atleta. Mas o que mais fi cou gravado no coração da humanidade foi a bus-ca de Karol Woytila pela paz entre as nações e sua ami-zade com os jovens.

A beatifi cação de João Paulo II, em 1º de maio, foi anunciada após a confi rmação da cura da religiosa fran-cesa Marie Simon-Pierre Normand, que sofria de Mal de Parkinson. Wojtyla foi o 264º Pontífi ce da Igreja Ca-tólica, cumpriu sua missão como sucessor de Pedro por mais de 25 anos e teve o processo de beatifi cação mais rápido da história do cristianismo.

A Igreja está em festa pelo Beato João Paulo II. Agora é só esperar para termos um santo.

Em nome de todo o amor que tenho por vós, não hesito em convidar-vos: “Abri de par em par as vossas portas a Cristo!”. Que temeis? Tende confi an-ça nele. Ousai segui-lo. Isso pede evidentemente que saiais de vós mesmos, dos vossos raciocínios, da vossa “sabedoria”, da vossa indiferença, da vos-sa sufi ciência, dos hábitos não cristãos que tomastes talvez. Sim, isso pede renúncias, uma conversão, que é preciso primeiro ousar desejar, pedir na

oração e começar a praticar.Deixai que Cristo seja para vós o Caminho, a Verdade e a Vida. Deixai-o

ser a vossa salvação e a vossa felicidade. Deixai-o tomar a vossa vida toda inteira para que atinja com ele todas as suas dimensões, para que todas as vossas relações, atividades, sentimentos, pensamentos sejam integrados nele, poder-se-ia dizer “cristifi cados”. Desejo que com Cristo reconheçais

Deus como a fonte e o fi m da vossa existência.

Mensagem do Papa João Paulo II aos jovens franceses

Paris, 1 de Junho de 1980

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abril/maio de 2011CNBBPor Lanier Rosa

Em maio deste ano, acontece um dos eventos mais importantes para a Igreja no Brasil, a 49ª Assem-bleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil (CNBB). Realizada pela primeira vez em Aparecida (SP), a Assembleia deve reunir cerca de 300 bispos, en-tre os dias 4 e 13 de maio. “Nossa expectativa é de que este seja um momento rico de partilha, de fraternidade, de discernimento. O lugar para isso não poderia ser mais adequado: aos pés de Nossa Senhora a quem consagramos tudo que formos decidir e realizar,” disse o subsecretário Geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa.

Todos os membros da CNBB devem participar da As-sembleia, além dos bispos eméritos, que são convidados para o evento. Uma grande estrutura está sendo organi-zada para receber os bispos e os fi eis, que também po-derão participar da missa de abertura. Este ano, um dos temas centrais é a eleição dos novos membros da presi-dência da CNBB e presidentes das Comissões Episcopais Pastorais. Além disso, serão defi nidas as novas diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o próxi-mo quadriênio (2011-2015) e as diretrizes do Diaconato

Bispos do Brasil se reúnem em Aparecida

Cerca de 300 bispos se reunirão em Aparecida para eleger os novos membros da Presidência da CNBB

Permanente. Os assuntos litúrgicos também farão parte da pauta de discussões da Assembleia de 2011.

O Subsecretário Adjunto de Pastoral, padre Ademar Agostinho Sathier, explicou que a expectativa quanto a Assembleia é de que os fi eis estejam mais perto, tanto em Aparecida, participando das missas, quanto através de orações. “A expectativa para a vivência deste momen-to é grande. O Espírito Santo certamente nos guiará para darmos uma resposta à altura deste tempo presente que é o anúncio da ressurreição de Jesus. Pedimos aos fi eis que intercedam por nós”, disse padre Agostinho.

Padre Agostinho disse ainda que foi enviado, a 10 mil paróquias do Brasil, um subsídio de oração pelos bispos, intitulado “Rezemos com os Bispos do Brasil Reunidos em Aparecida”. A intenção é que os fi eis não somente rezem pelos bispos, mas também refl itam sobre os temas liga-dos à Igreja no Brasil. A cartilha pode ser encontrada no site da CNBB: www.cnbb.org.br.

Os fi eis que não estiverem em Aparecida poderão acom-panhar as missas e sessões de abertura e encerramento, ao vivo, através das TVs e rádios de inspiração católica.

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CNBB

Bispos na 48º Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, realizado pela primeira vez em Brasília, em 2010.

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Arquidiocese de BrasíliaPor Andrea Lopes

Falta pouco mais de cem dias para XXII Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realiza-da entre os dias 16 e 21 de agosto, em Madri, na

Espanha. Para alguns brasilienses, que se preparam há muito tempo, estes dias signifi cam a proximidade da re-alização de um sonho.

A maioria das pessoas que vai para a Jornada organi-zou algum tipo de evento ou planejou alguma atividade a fi m de obter apoio fi nanceiro para a viagem. Várias pa-róquias do Distrito Federal se mobilizaram. Uma delas foi a Paróquia Santa Mãe de Deus, em Santa Maria. Lá, 46 pessoas, entre jovens e adultos, têm trabalhado in-tensamente para pagar as despesas da Jornada. Um nú-mero recorde para a paróquia que, até então, havia sido representada por seis jovens, em Toronto (Canadá), em 2002. Em outras três jornadas, a média fi cou em dois jovens por evento. Além de ir em maior número, desta vez, o grupo visitará um outro país antes de chegar à Espanha. Eles partem no dia 11 de agosto, fi cam em Por-tugal por cinco dias para um trabalho de evangelização e seguem para Madri.

Para pagar os R$ 4.500 – valor do pacote por pessoa – eles começaram a organizar atividades há dois anos. Já fi zeram bazar, venderam cachorro-quente, pastel, bom-bons. “Fizemos este trabalho juntos e cada um também pode buscar apoio individual. Os meninos cativaram a comunidade, que ajuda, incentiva”, contou Maria Hele-na Costa, a responsável pelo grupo.

Esta será a primeira JMJ de Maria Helena e da maio-ria dos jovens, por isso, a ansiedade é enorme. “Esta não é uma viagem turística. Nós vamos para evangelizar, para escutar. Penso que será uma emoção total. Só vi-vendo para ver. Fico imaginando a hora que o Papa falar o nome do Brasil. Tenho certeza que vai ser muito emo-cionante”, exaltou.

A mesma ansiedade é dividida entre os jovens da Pa-

róquia Nossa Senhora Aparecida, no Gama. O plane-jamento da viagem começou com a participação de 30 jovens, contudo, por algumas difi culdades enfrentadas durante o período de preparação, a lista diminuiu para 14, contando com a participação do Padre Alex de Bri-to. Da mesma maneira dos jovens da paróquia de Santa Maria, o grupo do Gama também já realizou várias ati-vidades. E, além dos eventos, mantem uma conta para receber doações e patrocínios de eventos e do blog de divulgação, referentes à Jornada Mundial da Juventude.

Assim como Maria Helena, o jovem Daniel Átila tam-bém participará pela primeira vez. Ele não esconde a ex-pectativa e diz acreditar que a JMJ é uma oportunidade de mostrar que existe uma comunidade de jovens que acredita que a santidade é possível. “Meu objetivo é ser testemunha do amor de Deus pela humanidade e pela juventude, além de poder conhecer pessoas de outros lu-gares que têm o mesmo objetivo que nós: salvar almas”, disse.

Eles também aproveitarão a oportunidade para passar por outros países. Na ida, conhecerão Lisboa (Portugal). Na volta, desembarcam em Frankfurt (Alemanha), Rio de Janeiro e chegam a Brasília. Daniel, que teve o seu blog promotor da JMJ (www.jsfronteiras.blogspot.com) selecionado para um encontro de blogueiros no Vatica-no, acredita que voltará mudado. “Creio que seja impos-sível presenciar um momento histórico e santo como esse e não voltar diferente. Vamos como jovens e vol-tamos como jovens evangelizadores, semeadores da paz e provando a cada dia que ser santo não é difícil. Difícil será não ser de Deus”, afi rmou.

O jovem Camilo Bessoni é a prova de que não há como voltar do mesmo modo. Ele participou da última Jor-nada Mundial da Juventude realizada em Sidney, na Austrália, em 2008. Na época, ele enfrentou 20 horas de voo junto com jovens da Obra de Maria, Canção Nova e

Madri, eu vou!Madri, eu vou!

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Comunidade Shalom. “É uma oportunidade muito sig-nifi cativa ver milhares de jovens que saem de seus países para encontrar o Papa. Os pontos altos para mim foram o da catequese e especialmente a vigília que me marcou bastante. Pude mergulhar mais em Cristo. Foi um mo-mento importante de discernimento para mim”, contou.

Segundo o padre responsável pelo Setor da Juventude da CNBB, Carlos Sávio Ribeiro, já são quase dez mil bra-sileiros inscritos na JMJ de Madri. O padre afi rma que, depois de quatro visitas à cidade sede do evento, pôde perceber que os jovens espanhois são muito acolhedores e que estão muito alegres, mesmo em meio a um período de recessão que têm vivido. “Tenho certeza que quem for, vai viver um momento muito especial”. Ele acrescen-tou que ao participar da jornada, “o jovem compreende que não está só, que existe uma Igreja que o acompanha, e que ele tem um lugar”.

A história das Jornadas Mundiais da Juventude

A JMJ foi idealizada pelo Papa João Paulo II e inspira-da nos encontros de jovens de todo o mundo em eventos especiais realizados no Domingo de Ramos, em 1983 e 1984. Um ano depois, em Roma, o Papa estabeleceu a Jornada Mundial da Juventude, que é realizada com in-tervalos de dois ou três anos. Para cada jornada, o Santo Padre sugere um tema. Este ano o tema é “Enraizados e edifi cados em Cristo, fi rmes na fé" (Col 2, 7).

“O principal objetivo das Jornadas é fazer a pessoa de Jesus o centro da fé e da vida de cada jovem para que Ele possa ser seu ponto de referência constante e também a inspiração para cada iniciativa e compromisso para a educação das novas gerações.” (Carta de João Paulo II

ao Cardeal Eduardo Francisco Pironio na ocasião do Seminá-rio sobre as Jorna-das Mundiais da Ju-ventude, organizado em Czestochowa, na Polônia).

A Cruz e o Ícone de Nossa Senhora

Além da multidão formada por jovens, a Jornada Mundial da Juventude tam-bém têm símbolos marcantes. Um deles é a Cruz Peregrina (foto ao fundo) –

também conhecida como Cruz do Ano Santo, Cruz do Jubileu, Cruz dos Jovens ou simplesmente, Cruz da JMJ. Ela mede 3,8 metros de altura e foi um presente que o Papa João Paulo II deu aos jovens para que eles pu-dessem levá-la a todo o mundo. Ela já passou por vários países e sempre está presente nas jornadas.

Junto com a Cruz, percorre o mundo o Ícone de Nossa Senhora (abaixo, à esquerda), também um presente do Papa João Paulo aos jovens. O quadro é uma réplica de um ícone sagrado e antigo que foi descoberto na Basílica para Maria a Mãe de Deus, no Ocidente. Ela é o símbolo do ensinamento de como Jesus deve ser apresentado ao mundo.

XXII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

Data: 16 a 21 de agostoLocal: Madri, EspanhaSite Ofi cial: www.madrid11.com/pt

Camilo Bessoni (centro) na Jornada Mundial da Juventude em Sidney (Austrália), 2008

Arquivo pessoal - Cam

ilo Bessoni

Madri, eu vou!Madri, eu vou!

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BIOÉTICAPor Lenise Garcia

Em breve teremos o julgamento, pelo Supremo Tri-bunal Federal, da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)-54, na qual se soli-

cita que não seja considerado crime o aborto (no proces-so, chamado de “antecipação terapêutica do parto”) de crianças portadoras de anencefalia. Também tramitam no Congresso Nacional dois projetos com a mesma fi na-lidade, o PL 4403/2004 e o PLS 50/2011.

Ninguém pode negar o sofrimento dos pais quando recebem o diagnóstico de que o seu fi lho é portador de anencefalia. Mas colocam-se algumas importantes ques-tões: Tem essa criança, apesar de sua forte defi ciência, direito à vida? Pode ela ser considerada uma “não-pes-soa”, ou, como dizem alguns partidários do seu aborto, um “sub-humano”? Representaria o aborto dessa crian-ça, efetivamente, um consolo ou uma diminuição de so-frimento para os seus pais?

Anencefalia é uma malformação congênita que ocorre já no primeiro mês de gestação, que evolui para a au-sência de parte variável do encéfalo. Ora, malformação é um processo que escapou à regulação normal. Apresenta variabilidade individual, e embora sempre seja uma ano-malia grave, há graus, sendo impossível prever a evolu-ção da criança em cada caso concreto.

Tornou-se conhecido no Brasil o caso da menina Mar-cela de Jesus, que sobreviveu por um ano e oito meses. Sendo este caso tão emblemático, no decorrer das audi-ências públicas relativas à ADPF 54, houve a tentativa de se descaracterizar a malformação da menina como sendo anencefalia. Entretanto, todos os médicos que examinaram Marcela, através de diferentes tipos de exa-mes, coincidem no diagnóstico.

Também alguns especialistas internacionais, a quem enviamos os exames de Marcela, a consideraram “caso típico de anencefalia”. De qualquer modo, se tivesse ha-vido nesse caso um erro de diagnóstico, a situação se mostraria ainda mais grave. Seria um indício claro de não haver segurança no diagnóstico de anencefalia, nem mesmo quando a criança já tem um ano. Como seria possível um diagnóstico seguro intra-útero?

Marcela dava mostras de reconhecer a mãe, mostran-do afl ição e chorando na sua ausência. Respirava por conta própria e comia sua papinha, até com preferências

alimentares, gostando de algumas comidas e rejeitando outras. Não podemos saber se era capaz de amar, mas certamente foi muito amada. Mesmo nos casos em que a lesão leva à morte poucos minutos após o nascimento, seria este um motivo para considerarmos essa vida hu-mana sem signifi cado? Se dissermos que se trata de uma “vida inútil”, não seria um sinal claro de termos uma vi-são utilitarista da vida humana?

Diz-nos o Papa Bento XVI: Quando seres humanos, no estado mais fraco e mais indefeso de sua existência, são se-lecionados, abandonados, mortos ou utilizados como puro «material biológico», como negar que esses são tratados não mais como “alguém”, mas como “algo”, colocando assim em questão o conceito próprio de dignidade do homem? (discur-so em 31/01/2008).

Essa dignidade é reconhecida pelos pais em seus fi lhos, e são estabelecidos laços de amor desde o início da gesta-ção. O aborto é uma falsa solução para o sofrimento da mãe. Não se pode “deletar” uma criança, como se nunca tivesse existido. Recebida com amor, deixará nos pais a recordação de terem feito por ela tudo o que era possível.

Aborto de crianças anencéfalas?

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Dra. Lenise Garcia é professora do Instituto de Biologia da UnB, membro da Comissão de Bioética da Arquidiocese de Brasília e da CNBB e presidente do Movimento Brasil sem Aborto.

Sistema cerebral

Cérebro

Sistema cerebral

Criança normal Criança anencéfala

Sistema cerebral

Cérebro

Sistema cerebral

Criança normal Criança anencéfala

O que é

A anencefalia é uma malformação congênita caracterizada por um defeito de fechamento da parte anterior do tubo neural.

Expectativa de vida

Dos bebês que nascem, cerca de 1% morre nos primeiros três meses de vida. A maioria morre no útero ou no parto. Outros sobrevivem por poucas horas. Baseada em estudos científi cos, a Igreja afi rma que o anencéfalo é um ser vivo. A malformação não impede que ele tenha o direito à vida.

Digite “Flores de Marcela” e assista ao vídeo da menina anencéfala que sobreviveu por um ano e oito meses

Tiago Fagundes

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abril/maio de 2011VIDA E FAMÍLIAPor Narlla Sales

Ao entender que as escolas brasileiras são ambien-tes hostis para adolescentes com tendências ho-mossexuais, a Secretaria de Direitos Humanos

da Presidência da República produziu um kit contendo três vídeos e um guia de orientação aos professores que deverá ser enviado a seis mil escolas de ensino médio no segundo semestre de 2011. Os vídeos, com duração em média de 5 minutos, tratam dos temas: transexualidade, bissexualidade e a relação de duas meninas lésbicas.

Segundo Padre Eduardo Vinicius de Lima Peters, co-ordenador da Comissão Arquidiocesena de Bioética, a homofobia existe, mas não é um fenômeno generalizado que necessite de uma estratégia de ordem nacional. “A formação da sexualidade deve ser orientada sob a pers-pectiva do amor, e esse kit não direciona para o respeito da dignidade humana, mas se mostra como um incenti-vo à homossexualidade”, afi rma.

Compreender a homofobia como um problema ge-ral e que necessite da intervenção do Estado, de acor-do com o padre, não favorece o respeito mútuo entre os adolescentes. Ao contrário, estigmatiza, aumenta ainda mais as diferenças. “Acho que a política, de um modo geral, é equivocada. A homossexualidade não deve ser tratada apenas como uma questão de aceita-ção, mas de modo mais amplo”, diz padre Eduardo. Ele destaca que a política de educação sexual nas escolas precisa ser repensada e passar a ser mais formativa do que informativa.

De acordo com a pedagoga e mestranda em educação, Mírian Cristine Araújo, os adolescentes ainda têm áreas na personalidade que estão em formação. “Há pessoas que possuem inclinações homossexuais e muitos tomam como absolutos os valores que encontram na escola”, ex-

plica. Mírian ressalta que não se deve ignorar a homofo-bia, mas as estratégias para amenizar os confl itos devem ser melhor aplicadas. “O mais importante é incentivar no ambiente escolar o acolhimento e o convívio sadio entre os estudantes. Isso, sim, é viver o evangelho”.

Quando o assunto precisa ser trabalhado dentro de casa, a professora e mãe de sete fi lhos, Patrícia Gomes Almeida, orienta que as famílias precisam estar prepa-radas para lidar com essas questões e, iluminadas pela sabedoria de Cristo, direcionar os fi lhos para uma vida plena e feliz.

Patrícia Almeida, que dá aulas em uma escola de en-sino público no Guará, diz que é possível observar em algumas crianças e adolescentes um comportamento sexual cada vez mais volátil. “À hora que convém, eles se comportam como homens, em outro momento, como mulheres”, descreve. A professora entende que a distri-buição do material poderá comprometer e confundir os adolescentes, uma vez que estão em processo de se des-cobrirem diante de Deus.

Um dos vídeos conta a história de um personagem chamado José Ricardo. Na história, o adolescente relata que se sente, interiormente, como mulher e que gosta-ria de ser chamado como Bianca. O kit está em processo de análise por uma comissão da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), do Mi-nistério da Educação.

A equipe da Revista Brasília Católica procurou o MEC para ouvir a posição do Governo. Embora representan-tes do Ministério já tenham se pronunciado para veícu-los da mídia secular, a assessoria de imprensa afi rmou que os membros da comissão não estão autorizados a conceder entrevista.

Programa do Governo não corresponde à necessidade de mais respeito e acolhimento no ambiente escolar do Brasil

Educação

e homossexualidade

Tiago Fagundes

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CapaPor Narlla Sales

O ensinamento da Igreja é claro: o matrimônio é sacramento para o serviço e a edificação do povo de Deus. Historicamente, como descreve

o Catecismo, a união entre um homem e uma mulher, nas diversas culturas, é motivo de honra e alegria para a humanidade. Os esposos aprendem que o sustento e a base para um casamento feliz é encontrada na pessoa de Jesus Cristo:“[...] O Salvador dos homens e Esposo da Igreja vem ao encontro dos esposos cristãos com o sacramento do Matrimônio, dá-lhes a coragem [...] de se amarem com um amor sobrenatural, delicado e fecun-do.” §1632, CIC.

Em 2010, dados da Arquidiocese de Brasília estimam a realização de quase 5 mil casamentos realizados nas 128 paróquias do Distrito Federal. Segundo o padre João Inácio Perius, delegado com funções de Vigário Geral, o número é motivo de alegria para a Igreja de Brasília, pois representa um sinal de que os casais estão buscando vi-ver o casamento com seriedade, com a bênção de Deus. “O sacramento do matrimônio fortalece a vida do casal e os permite viver em estado de graça”, afirmou.

De acordo com o sacerdote, as famílias são o grande dom de Deus na vida de um padre. Tanto no momento de discernimento da vocação, quando na vivência dela.

Matrimônio: uma resposta de amor

Márcia e Paulo Tominaga no dia do casamento

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abril/maio de 2011

“Ser padre vale à pena para servir as famílias”, afirma.Padre João é parte de uma família numerosa: 12 fi-

lhos. Até o momento, os pais dele, Dona Alorina e Seu Valentim Perius, têm 49 netos e 38 bisnetos. De acordo com o padre, crescer em uma família que tem por base o amor de Deus, faz frutificar vocações e nos momentos difíceis, os desafios são vividos com confiança.

Para quem sonha com um casamento de novela, sem problemas ou frustrações, o casal Márcia e Paulo Tomi-naga, da paróquia Santa Clara e São Francisco de Assis, no Jardim Botânico, alerta que os relacionamentos ba-seados apenas em sentimentos, passam. “O amor é um ato da minha vontade”, diz Márcia. Casados há 14 anos, eles testemunham que sempre precisam se decidir um pelo outro para que o relacionamento seja firme.

Márcia conta que um dos grandes segredos para viver um matrimônio feliz é ter Deus como o centro. “Antes de namorar o Paulo, eu já pedia a Deus que ele me mostras-se o rapaz que Ele havia preparado para mim”. Ela conta que conheceu o esposo na época da faculdade e somente depois de concluírem os estudos, os dois se encontraram novamente e começaram a namorar. “Lembro que uma semana antes de reencontrá-lo eu fui diante do Santís-simo e pedi a Deus um namorado que fosse da vontade dEle”, conta.

Depois de pouco mais de um ano de namoro e alguns meses de noivado, no dia 14 de março de 1997, os jovens se casaram. A partir de então a família Tominaga viveu muitas bênçãos e desafios. Até hoje foram sete filhos – dos quais, três faleceram - e a oitava, que ainda está na barriga da mãe.

Na lista de alegrias e dificuldades da história de Már-cia e Paulo, eles falam sobre a gestação do segundo filho, Felipe. Nos primeiros meses uma ecografia diagnosticou um quadro de anencefalia. No caso dele, a calota crania-na não estava bem formada, o que fez com que o cérebro

ficasse exposto. Ao receber a notícia, os pais contam que não sabiam ainda a gravidade do problema, mas logo descobriram que a anomalia estabelecia uma expectati-va de vida de poucos minutos, horas e, em raríssimos casos, até um ano.

O médico do casal explicou que naquela situação seria possível, mediante autorização judicial, fazer um abor-to. Decididos, Márcia e Paulo, escolheram por preservar a vida do filho. Felipe nasceu de parto normal em 2003 e viveu por 20 minutos. Tempo suficiente, segundo o rela-to do pai, para ouvir que ele era muito amado.

De acordo com Paulo Tominaga, que é especialista em Orientação Familiar pela Universidade de La Sabana (Colombia) e Ponta Grossa (Paraná); as situações difíceis que os casais vivem servem para que cada um consiga enxergar além das próprias necessidades, sair de si. “São oportunidades que Deus nos dá para crescer no amor a Ele e no amor ao cônjuge”, diz.

Sobre a criação dos filhos, o casal é cúmplice na po-sição de que é preciso amar e cuidar, estabelecendo os limites, mas, sobretudo, fazer com que as crianças cres-çam no espírito de serviço. “Tentamos ensinar, com muito carinho, que eles não existem para ser servidos, mas para servir”, conta o pai. Um exemplo concreto na vida da família é o cuidado com a mãe, que está de re-pouso por conta da gravidez de risco. “O nosso lema é: cuidar da mamãe e fazê-la feliz”.

Com 32 anos de casamento, quatro filhos, e um neto que está prestes a nascer, o casal Elza e Edilson Marce-lino partilham que o segredo de um matrimônio feliz é ouvir a Deus e ao cônjuge. “Quando queremos fazer as coisas sozinhos, parece que tudo dá errado. Todas as nossas decisões, por menores que elas sejam, são parti-lhadas com amor”, relata Elza.

Elza e Edilson se preparam para assumir este ano o Regional Centro-Oeste 1 das Equipes de Nossa Senho-ra. Para eles, participar de um movimento que ofereça apoio e formação aos casais é fundamental para que eles cresçam na intimidade com Deus.

A chaga do divórcio - HistóricoSegundo o Catecismo da Igreja Católica, o divórcio

pretende romper o contrato livremente consentido pelos esposos de viver um com o outro até a morte. O divórcio lesa a Aliança de Salvação da qual o matrimônio sacra-mental é o sinal. O fato de contrair nova união, mesmo que reconhecida pela lei civil, aumenta a gravidade da ruptura; o cônjuge recasado passa a encontrar-se em si-tuação de adultério público e permanente. (§ 2384, CIC)

A primeira lei no Brasil que instituiu o divórcio foi sancionada pelo ex-presidente Ernesto Geisel, em 1977. Desde então, o divórcio se tornou legal no Brasil. Segun-do o advogado e vice-presidente da Associação Nacional.

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Pró-Vida e Pró-Família, Paulo Fernando, bastava reque-rer a dissolução do casamento, desde que a separação fosse comprovada há, pelo menos, cinco anos antes da vigência da lei. “Foi uma saída providencial e cômoda aos juízes para ampliar os casos dos antigos desquites”, comenta.

Na lei civil, Paulo Fernando explica que a separação judicial é uma forma de dissolução da chamada socieda-de conjugal, sociedade que se concretiza através do ca-samento. A separação judicial, no entanto, não põe fi m ao casamento. Somente o divórcio ou a morte de um dos cônjuges é que dissolve o casamento. O divórcio, na esfe-ra civil, permite que o homem ou a mulher se casem no-vamente. “A atual Constituição Federal, de 1988, admi-tiu o divórcio como forma de dissolução do casamento”, afi rma o advogado. Ele explica que no divórcio, todas as obrigações e direitos do casamento terminam, fi cando cada pessoa livre para formar nova família, situação não reconhecida pelo Direito Canônico.

Com a Lei 11441, de 4 de janeiro de 2007, o divórcio e a separação consensuais podem ser requeridos por via administrativa, não sendo necessário ingressar com um ação judicial para o efeito. “Basta comparecer, assistidos por um advogado, a um ofício do registro civil e apresen-tar o pedido. Tal facilidade só é possível quando o casal não possui fi lhos menores de idade ou incapazes”, afi rma.

Com a publicação da Emenda Constitucional 66, os casais que desejam se divorciar podem fazê-lo sem a necessidade da separação prévia. A medida extinguiu os prazos que eram obrigatórios para dar entrada no pedi-do. É o chamado divórcio instantâneo.

Para solicitar o divórcio, basta o advogado represen-tante do casal se dirigir a qualquer tabelionato de notas com a certidão de casamento, o RG e o CPF. Em alguns locais, o processo é concluído em algumas horas.

A útima novidade é o projeto da Senadora Patrícia Sabota (PDT-CE), que altera o Código de Processo Civil. Com o texto aprovado no Senado e em tramitação na Câ-mara dos Deputados, fi ca permitido que os pedidos de separação e divórcio possam ser realizados por meio da internet, com a dispensa de advogados e audiências nas quais os esposos se encontram pessoalmente . “Será tão fácil divorciar-se e casar-se novamente como requerer um nada consta no cartório ou retirar uma segunda via de uma conta”, lamenta Paulo Fernando.

Santa Gianna Beretta Molla – Médica, esposa e mãe

Dia 28 de abril é celebrado o dia de Santa Gianna Be-retta Molla, esposa de Pietro Molla. O casal teve quatro fi lhos: Pierluigi, Maria Zita, Laura e Gianna Emanuela.

Santa Gianna foi proclama-da santa pela Igreja e descrita pelo, então, papa João Paulo II, como exemplo de mãe, esposa e profi ssional.

Os dois milagres mais im-portantes realizados sob a intercessão de santa Gianna, que atestaram a beatifi cação e canonização, aconteceram no Brasil. Em um deles, um bebê foi gestado sem a presença do líquido amniótico no ventre da mãe, em Franca, São Paulo.

Na quarta e quinta gestação de Gianna, os bebês não chegaram a nascer. Aparentemente não houve explica-ção para os abortos espontâneos. Em 1961, Gianna en-gravida mais uma vez. Como médica, ela tinha consci-ência sobre complicações e os riscos da nova gravidez. Foi diagnosticado um fi broma no útero e a necessidade de uma cirurgia para retirá-lo. O médico, então, propôs três medidas: retirar o útero – o que implicaria na morte da criança -, abortar o feto ou uma cirurgia que retiraria o tumor – que precisaria ser feita independente se ela estivesse grávida ou não. Nesta última opção, poderia ser preservada a gravidez, mas colocaria em risco a vida da mãe.

Santa Gianna, em um ato livre e heróico, consciente dos riscos e da oferta que fazia naquele momento de-cidiu pela cirurgia de retirada do tumor. Recomendou diversas vezes ao marido que não hesitasse em escolher, caso fosse necessário, pela vida do bebê.

No dia 21 de abril de 1962, Gianna Emanuela nasceu. Uma semana depois, Gianna Beretta falece e deixa um testemunho fi rme e coerente com o Amor que a amou primeiro.

“Sempre me pareceu uma mulher completamente nor-mal, mas como me disse o Monsenhor Carlo Colombo, a santidade não é feita somente de sinais extraordinários. É feita, sobretudo, da adesão cotidiana aos desígnios inescrutáveis de Deus”, disse Pietro Molla sobre a espo-sa em entrevista à jornalista italiana Giuliana Peluchi, que foi publicada em forma de livro. A tradução no Brasil foi lançada pela editora Paulinas e se chama Uma Vida Pela Vida.

Na juventude, Gianna teve dúvidas sobre qual a seria a vontade de Deus a respeito de sua vocação, se deveria ou não se casar. Decidiu-se pelo casamento e mostrou ao mundo que é possível constituir uma família santa.

Segundo Pe. João Perius, crescer em uma estrutura fa-miliar saudável e temente a Deus, permite que os fi lhos estejam atentos e abertos a descobrir com alegria a mis-são que Deus tem para cada um deles.

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abril/maio de 2011

No início deste ano, o Papa Bento XVI se reuniu com os membros do Tribunal da Rota Romana, instância de apelo superior da Santa Sé para a

inauguração do ano judiciário. Em seu discurso, o Santo Padre afi rmou que o relacionamento entre o direito e a pastoral caminham juntos buscando vínculos entre si, fundados no amor para a verdade.

Para tal é necessário se fazer uma melhor preparação antes do casamento. Segundo Bento XVI, após o Síno-do dos Bispos sobre Eucaristia, a sua carta ressalta um maior zelo na formação dos casais de namorados. “Um cuidado particular deve ser colocado para que o acompa-nhamento da preparação seja remoto, próximo, imedia-to”, declarou o Papa.

O primeiro passo é reconhecer o verdadeiro sentido de um sacramento. Nas orientações para os sacramen-tos na Arquidiocese de Brasília, o então arcebispo, Dom João Braz de Aviz reconhece o valor desta união feita por Deus. “Tendo o Cristo Senhor elevado a instituição natural do Matrimônio à condição de Sacramento, o amor entre os cônjuges, benção e dom de Deus, vivido à luz da fé, se torna um sinal expressivo da união invisível do Cristo para com a sua Igreja”.

Casados há 24 anos e meio, Jorge Luis e Solange de Campos, da pastoral Familiar da Paróquia Nossa de Guadalupe – Asa Sul, comentam. “Nosso matrimônio é mais importante que nossas profi ssões, nossas famílias de origem, nossos amigos. E nos dedicamos de corpo e alma ao bem um do outro e a educação dos fi lhos na fé”.

Para os noivos Kaline Cardoso e Sérgio Marcell Guerra, membros da Comunidade Católica Shalom em Brasília, o matrimônio é uma benção de Deus na qual Ele os capacita para viverem conforme o evangelho. “É uma via de santi-dade e, por isso, deve ser partilhado e testemunhado com toda a Igreja, e para toda humanidade”. Após quatro anos e sete meses de namoro, eles se preparam para o casa-mento que ocorre no fi nal deste mês. “Uma boa prepara-ção durante o namoro ajuda o casal a juntos superarem os desafi os do matrimônio, pois este tempo é fundamental para o conhecimento do outro e para o autoconhecimen-to. É, também, o tempo para o exercício do diálogo, da oração como casal, a intimidade com Deus.”

Para fi nalizar o discurso, o papa exemplifi ca outros as-pectos que devem ser considerados no processo, como um melhor atendimento dos sacerdotes. “Por meio de um diálogo cheio de respeito e cordialidade, o pastor procura ajudar a pessoa a situar-se seriamente perante a verdade sobre si mesma e sobre a sua própria vocação humana e cristã para o matrimônio”.

DICAS PARA UMA PREPARAÇÃO NO NAMORO

O casal Solange e Jorge explica o acompanhamento da Pastoral Familiar na preparação para o casamento

1) Questiona-se seriamente os noivos sobre seu relacionamento e que o amor não é só sentimen-to, mas é também uma decisão;

2) Questiona-se seriamente os noivos sobre se re-almente acreditam na Igreja e pretendem seguir seus ensinamentos;

3) Explica-se as questões de bioética, sexualidade e de planejamento familiar de forma clara e efi caz;

4) Que seja feita com antecedência uma orienta-ção para que os casais possam aprender o Método Billings;

5) Esclarece-se os motivos de nulidade: impedi-mentos, erros de consentimento e erros de forma canônica;

6) Explica-se que o Sacramento do Matrimônio não é um contrato entre duas pessoas, mas uma instituição divina e que Cristo participa dessa união que não poderá ser desfeita.

O caminho matrimonialPor Patrícia Quinderé

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EntrevistaPor Simone Sabino

Com 94 anos de idade, Padre Armando pode ser considerado uma das maiores testemunhas da história que Brasília abriga. Ele foi coroinha de

Pe. Pio, esteve na Segunda Guerra Mundial, assistiu a ascensão e queda de personagens históricos como Hitler e Mussolini e conheceu nada mais que sete Papas ao lon-go dos anos de seu sacerdócio. Hoje, 58 anos após a sua ordenação, Padre Armando concedeu-nos uma entrevis-ta em que partilha de suas memórias e realizações em prol da Igreja de nossa capital.

BC: Conte-nos um pouco dessa sua trajetória tão bonita e como aconteceu o seu chamado a ser pa-dre.

Padre Armando: Estive nos cinco anos da Segunda Guerra, por isso atrasei muito a ser ordenado padre. Fui ordenado aos 28 anos. Fiz somente cinco anos de teologia. Eu era fascista, primeira linha, mas depois de ver todo aquele desastre da guerra, pensei: “Não vale a pena”. Deus me chamou e me mostrou que não valia a pena dar tudo por nada. Resolvi fazer mais. Foi quando, depois de cinco anos de guerra, eu voltei para casa e co-mecei a procurar alguma congregação que me aceitasse.

Muitos me negaram, diziam: “Aqui, não!”. Era lógico! Porque depois da guerra com aquela confusão, eles não queriam aceitar mais ninguém. Até que um dia, entrei na Basílica de São José Triunfal, em Roma, e o padre me perguntou: “O que procuras?”. Eu disse: “Quero ser pa-dre, mas ninguém me quer”. Ele respondeu: “Calma!” e me apresentou a outro padre que me perguntou: “Você sabe escrever com máquina?” e eu respondi: “Sim, cla-ro”. Ele, então, me disse: “Responda essa carta!”. Eu li, escrevi na máquina e pronto! O padre me disse: “Bravo! Tu vais ser meu secretário”. Fiquei desorientado, mas ali começou minha carreira sacerdotal, em 1947. De Fasano, me mandaram a Milão. Lá, fiz quatro anos de teologia e dois de noviciado; entrei nos chamados “Ser-vos da Caridade” e, depois, fui ordenado padre, em 19 de dezembro de 1953, pelo bem-aventurado Ildefonso Schuster, cardeal em Milão, que me disse: “Vai! Prega, perdoa e consagra!”.

Mas como foi o seu envio para o Brasil e, mais espe-cificamente, Brasília?

Fiquei só um ano como padre na Itália, me ordenei em 1953 e em 1954 já desembarquei no Brasil. Minha mãe

Padre Armando BrédiceVigário da Paróquia Santa Terezinha no Cruzeiro Novo

Fotos: Arquivo pessoal

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abril/maio de 2011

até reclamava: “Tenho um filho padre, mas de que vale? Não ficará aqui”. Trabalhei no Paraguai por cinco anos, passei pelo Rio Grande do Sul e fui subindo, subindo. Passei por São Paulo, até que, em 1983, cheguei em Bra-sília. Aqui não havia nada. Era um barracão. Então, es-colhi Brasília para minha morada e estou aqui servindo como posso e tudo que você vê nessa igreja foi, primeira-mente, obra de Deus, mas também fruto de muitos anos de sofrimento e trabalho.

E como foi esse começo aqui na capital?

Começamos formando uma escola para os mais po-bres, depois passamos a ir, em todas as quartas-feiras, para a rodoviária e levávamos uma merendinha e uma ajuda para o povo que havia chegado do Nordeste e fi-cava lá amontoado. Nós os orientávamos para onde de-viam ir. Em tudo que podíamos ajudar os pobres, aju-dávamos. Em tudo que posso ajudar aos necessitados, eu ajudo. Antes de tudo como padre, nos sacramentos, depois como caridade. O nosso lema é: “Em tudo amor”. Compreender, acolher e amar. Sem isso não se faz nada. Não fazemos nada com a dureza. Precisamos ter amabi-lidade. Aprendi a ser assim devido ao sofrimento. Pas-sei por inúmeras dificuldades ao longo da vida. Estive na Guerra Fascista, depois na Guerra da Espanha e na Segunda Guerra Mundial. Minha vida foi muito atribu-lada, mas com as dificuldades aprendi a compreender qualquer situação e qualquer pecado, sobretudo dos jo-vens.

Em 2004, o senhor recebeu o título de Cidadão Ho-norário de Brasília. Também já recebeu uma ben-

ção especial do Papa João Paulo II, conte-nos um pouco dessas experiências.

Fui naturalizado brasileiro e depois recebi o título de Cidadão Honorário de Brasília, sinto-me um verdadeiro cidadão brasiliense, pois aqui construí grande parte da minha história. Ainda hoje, me lembro da fundação da cidade, em 1960, quando o então governador de Roma enviou aquela estátua da Loba que pode ser vista no Buri-ti e disse: “Que Brasília seja uma nova Roma dos tempos modernos!”. Quanto ao Papa João Paulo II, lembro-me que já estava me despedindo dele e pensei em pedir-lhe uma benção. Eu disse: “Santidade, o senhor permite que eu leve essa bênção aos brasileiros?”. Ele respondeu: “Sim, padre Armando, leve esta benção a quem tu quiseres, e diz aos brasileiros que eu amo o Brasil!”.

O senhor tornou-se um amigo de Padre Pio e, quando jovem, foi coroinha dele. O que mais mar-cou essa passagem na sua vida?

Ele ficava no convento próximo à minha casa e eu, ain-da criança, tinha uma grande curiosidade de conhecer o famoso “Frei Pio”. Então, um dia, entrei na sua clausura. Ao perceber a minha presença, ele disse: “Que queres?”. Eu respondi: “Queria conhecê-lo”, ele levantou os olhos e disse: “Conheceu? Agora tchau!”. Esse foi só o primeiro contato. Lembro que a última coisa que me deu foi um saquinho de confetes e disse: “Vai, leva pra o Brasil”. Ele costumava ser duro com quem tinha o coração fechado e o procurava apenas querendo fuxicar ou falar da Igreja, mas para os outros era um pai. O dia dele era no confes-sionário. Começava às quatro da manhã com a celebra-ção da missa e depois ia para o confessionário.

E hoje, padre aos 94 anos e ainda ativo na missão, quais são as suas atividades e projetos?

Hoje, acolho casais. Sou diretor espiritual de encon-treiros do Encontro de Casais com Cristo, sou cursilhista e estou sempre com os jovens da comunidade fazendo diversas atividades. Estarei nesse trabalho até quando Deus quiser, porque dei a minha vida a Cristo e até o último momento que eu respirar estarei aqui. Tudo pode mudar, mas Cristo não muda. Cristo ontem, hoje e sem-pre! Tudo isso pela intercessão de Maria que é mais do que a estrela da minha vida, sem ela, eu não teria feito nada, me consagro a ela duas vezes por dia. Desde que estou aqui, a cada mês publico um artigo sobre Maria e, com a graça de Deus, farei um livro com esses artigos que intitularei de “Último canto do cisne”.

Padre Armando com o atual presidente da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa.

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abril/maio de 2011Pastoreio

“Com Maria no Espírito Santo em Cris-to ao Pai”, este é o carisma do Movimento Apostólico de Schoenstatt, nascido em 18 de outubro de 1914. Seu fundador, padre José Kentenich reuniu-se com jovens seminaristas palotinos e convi-dou a Mãe de Deus para se estabelecer

em uma pequena capela, chamada Aliança de Amor, e fazer do local um santuário de graças. Logo no início, as evidências da intercessão de Nossa Senhora já eram

percebidas por muitos e a partir de então o movimento se espalhou por todo o mundo.

A espiritualidade tem o objetivo de “levar todos a uma profunda vivência de fé, por meio de uma Aliança de amor com a virgem Maria, uma consagração. Vemos Ma-ria como formadora de Cristo em nós, como educadora do homem novo. Ela é a companheira perene de Cristo na obra da redenção”, explica a assessora do Movimen-to Apostólico de Schoenstatt de Brasília, irmã Adriane Maria.

Assim, Nossa Senhora não se apresenta somente como um modelo, ela é dinâmica, atuante na obra de Deus. E para isso, as irmãs desenvolvem um trabalho evangeli-zador dentro dos santuários e das paróquias, levando a mensagem do homem novo. “Nós chamamos de parte inspiratória, ou seja, uma grande responsabilidade que o carisma que o padre Kentenich tem para a Igreja a fi m de que seja difundido”, completa irmã Adriane. Por esta razão, Maria é Três Vezes Admirável: Filha predileta do Pai celestial, Mãe do Filho e Esposa do Espírito Santo e Íntima na comunhão com a Trindade.

O lema do movimento é “Nada sem vós, nada sem nós”, pois a participação humana também é importante na obra de redenção. Segundo a assessora, o santuário só existe se pessoas contribuírem espiritualmente com ofertas.

A estrutura é bem defi nida sendo dividida nos Insti-tutos, Uniões, grupos da Liga e Movimento Popular e de Peregrinos. Estes quatro grupos se distinguem entre si segundo os graus de obrigatoriedades de seus com-promissos apostólicos, de santifi cação pessoal e de vida comunitária.

No Brasil, Schoenstatt nasceu em 1935 e aos poucos se espalhou por todo o país. Chegou em Brasília há 15 anos e atende cinco dioceses. Dom Ávila as acolheu em

uma área militar. Terreno, este, doado para a construção do Santuário.

SantuárioO santuário Tabor da Esperança foi inaugurado em 19

de março de 2000 pelo então arcebispo de Brasília, car-deal Dom José Freire Falcão. No local, as homenagens a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt são constantes, recebendo visitas nacionais e internacionais. Para Luciane dos Santos Alves, da Pa-róquia Nossa Senhora do Carmo, no Gama, reconhecer o valor do santuário e sua importância no processo de transformação espiritual são atitudes iniciais para quem deseja seguir o carisma do movimento. “A tranquilidade do local nos transforma!”, revela.

No dia 22 de maio é comemorado o aniversário do Tabor da Esperança. Pessoas oriundas das dioceses de formosa, Anápolis, Brasília e cidades do entorno partici-parão da festa, que receberá peregrinos durante todo o dia. “Queremos deixar o convite a todos para festejarem conosco a celebração de 11 anos do nosso santuário”, convida irmã Adriane.

Movimento Apostólico de Schoenstatt

Site: www.maeperegrina.com.br Fones: (61) 3302-2103 /1874.

Rodovia DF 001 km4 EPCT –Leste – sentido Sobradinho (DF) – após a

academia de Polícia Federal

Patrícia Quinderé

Por Patrícia Quinderé

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13 de maiodia de nossa senhora

de fátima

Meu Deus, eu creio, adoro, espero e vos amo. Peço-vos perdão pelos que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam

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