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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA (PPMEC) Bruno Costa Chaves AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE COMPÓSITO CIMENTÍCIO FABRICADO COM A UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE LIGAS FeSiMn. São João del-Rei, 2016

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA (PPMEC)

Bruno Costa Chaves

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE

COMPÓSITO CIMENTÍCIO FABRICADO COM A

UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE LIGAS FeSiMn.

São João del-Rei, 2016

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Bruno Costa Chaves

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE

COMPÓSITO CIMENTÍCIO FABRICADO COM A UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE LIGAS FeSiMn.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

da Universidade Federal de São João del-Rei,

como requisito para obtenção do título de Mestre

em Engenharia Mecânica.

Área de concentração: Materiais e processos

de Fabricação

Orientador: Dr. Kurt Strecker

São João del-Rei, 2016

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA (PPMEC)

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE

COMPÓSITO CIMENTÍCIO FABRICADO COM A

UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DA PRODUÇÃO DE LIGAS

FeSiMn.

Autor: Bruno Costa Chaves

Orientador: Dr. Kurt Strecker

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

Prof. Dr. Kurt Strecker

Universidade Federal de São João del Rei

Prof. Dr. Roseli Balestra

Universidade Federal de São João del Rei

Prof. Dr. Claudinei dos Santos

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

São João del Rei, 30 de outubro de 2016.

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DEDICATÓRIA

A meus pais, noiva, irmão, orientador, colegas de trabalho pela força, apoio,

incentivo, companheirismo e por acreditarem sempre no meu trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho não poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas às quais

presto minha homenagem:

Aos meus pais, José Geraldo Chaves e Wanda Léa Araújo Costa pelo apoio e

incentivo em todos os momentos de minha vida e pelo amor incondicional. Agradeço

por possibilitarem minha educação e formação profissional.

A minha noiva Silvana Facion dos Santos pelo carinho, companheirismo e por

acreditar sempre que conquistaria meus objetivos. Agradeço também a sua família

por me acolher muito bem em São João del Rei.

Ao meu irmão Rafael Costa Chaves pelos longos anos de amizade e parceria.

Ao Prof. Dr. Kurt Strecker por me mostrar os caminhos a serem seguidos e ensinamentos passados durante esses anos de convívio.

Aos técnicos André Santos e Alexandre Einstein do CITEC pelo auxílio na

realização dos ensaios mecânicos realizados na Universidade Federal de São João

del Rei.

Ao Programa de Mestrado em Engenharia Mecânica (PPMEC) da UFSJ por

todo auxílio prestado e por abrir diversas portas em minha vida.

Ao Departamento de Ciências Térmicas e Fluidos (DCTEF) por confiar em

meu trabalho à frente de diversas disciplinas.

Aos professores do PPMEC, que ajudaram de forma direta e indireta na

conclusão deste trabalho.

Aos amigos, colegas e familiares por compartilharem os momentos vividos

durante a realização do trabalho.

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“O estudo foi para mim o remédio soberano contra os

desgostos da vida, não havendo nenhum desgosto de

que uma hora de leitura não me tenha consolado”.

Montesquieu

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Resumo

A escória resulta do processo de fabricação de ferroligas, sendo muitas vezes

descartadas no ambiente. O propósito deste trabalho é avaliar as propriedades

mecânicas de um compósito cimentício fabricado com a utilização de escória

proveniente da produção de ligas FeSiMn em adição a areia. Foram fabricados

corpos de prova cilíndricos de 50 mm de diâmetro por 100 mm de altura com

diferentes frações mássicas de escória, sendo 20%, 40% e 60%, em relação ao total

de areia utilizada. O traço areia-cimento foi 3:1 e a relação água-cimento foi 0,5.

Foram fabricados também corpos de referência (sem adição de escória). Neste

experimento, a matriz do compósito foi o Cimento Portland Comum e a fase

dispersa, partículas de escória geradas na produção das ligas FeSiMn em duas

faixas granulométricas (4 – 20 US Tyler, 20 – 200 US Tyler). Os corpos foram

curados no período de 28 dias e após o tempo de cura submetidos a ensaios de

compressão, densidade, absorção de água e porosidade. A metodologia

experimental está embasada na abordagem estatística de planejamento e análise

experimental. Os resultados mostraram um ganho significativo de resistência a

compressão quando a fração de escória variou de 20% para 40%. Com 60% os

resultados mostraram a maior resistência a compressão, porém na análise

experimental o resultado não foi considerado significativo. Absorção de água

apresentou queda com o aumento da quantidade de escória, assim como a

porosidade. A densidade volumétrica teve um pequeno aumento. Quando o grão de

escória utilizado possuía maior granulometria, a resistência a compressão também

se mostrou maior.

PALAVRAS-CHAVE: escória, argamassa, compósito, propriedades mecânicas.

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ABSTRACT

The slag results from ferroalloy production process, is often discarded in the

environment. The purpose of this study is to evaluate the mechanical properties of a

cementitious composite manufactured using slag from the production of FeSiMn

alloys in addition to sand. In this experiment, the composite matrix was the Portland

Common Cement and the dispersed phase, slag particles generated in the

production of FeSiMn leagues in two particle sizes (4–20 US Tyler, 20–200 US

Tyler). Cylindrical specimens of 50 mm diameter by 100 mm in height were fabricated

with different mass fractions slag, 20%, 40% and 60%, relative to the total sand used.

The trace sand-cement was 3:1 and the water-cement ratio was 0.5. Reference

specimens were also made (without the addition of slag). In this experiment, the

composite matrix was the Portland Common Cement and the dispersed phase, slag

particles generated in the production of ferroalloys FeSiMn in two particle sizes (4–

20 US Tyler, 20-200 US Tyler). The specimens were cured in 28 days and after cure

time subjected to compression tests, density, water absorption and porosity. The

experimental methodology is grounded in the statistical approach of planning and

experimental analysis.The results showed a significant gain in compressive strength,

density, water absortion and porosity when slag fraction varied from 20% to 40%. In

composites with addition of 60% slag, the results showed the greatest resistance to

compression, but in the experimental analysis, the result was not considered

significant. Water absorption decreased with increasing the amount of slag, as well

as the porosity. The bulk density increased slightly. When the slag grain used had

higher particle size, the compressive strength was also higher.

KEYWORDS: slag, composites, mortar, mechanical porperties.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1. Mapa de Minas Gerais 02

Figura 1.2. Mapa da Região de São João del Rei - MG 03

Figura 2.1. Variação da resistência à compressão de concretos em função

da densidade dos agregados leves 06

Figura 2.2. Padrões gráficos dos graus de esfericidade e arredondamento 10

Figura 2.3. Morfologia dos grãos das areias 10

Figura 2.4. Representação esquemática da liberação de calor (A)

é a concentração de Ca2+ em solução (B) durante a hidratação do

cimento Portland. Indicações das etapas de reação: (I) Estágio inicial;

(II) Período de indução; (III) Período de aceleração;

(IV) Período de desaceleração; e (V) Estágio final. 21

Figura 2.5. Micrografia Eletrônica de Varredura da Etringita 22

Figura 2.6. Classificação dos materiais compósitos 26

Figura 3.1. Britador de mandíbula 37

Figura 3.2. Dispositivo para definição da massa específica. 38

Figura 3.3. Moldes de PVC com 50 mm de diâmetro e 120 mm de altura 38

Figura 3.4. Mini betoneira fazendo a mistura das fases. 39

Figura 3.5. Procedimento para retirar o ar do interior dos corpos de prova 40

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Figura 3.6. Procedimento para retirar o ar do interior dos corpos de prova 40

Figura 3.7. Retífica utilizada para garantir a planicidade da extremidade dos corpos

de prova 41

Figura 3.8. Corpos imersoso em água para realização do ensaio de absorção de

água. 42

Figura 3.9. a) Massa do compósito seco (M1); b) Massa do compósito

úmido (M2); c) massa do compósito imerso (M3). 43

Figura 4.0. Equipamento utilizado para realização do ensaio de compressão 45

Figura 4.1. Corpo de prova após a ruptura com a visualização das escórias 47

Figura 4.2. Densidade aparente dos compósitos cimentícios 48

Figura 4.3. Absorção de água dos compósitos cimentícios 48

Figura 4.4. Porosidade dos compósitos cimentícios 49

Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49

Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica de escória e fração de

quantidade de escória sobre a média da densidade aparente 50

Figura 4.7. Gráfico efeito da interação faixa granulométrica de escória e fração de

quantidade de escória sobre a média da absorção de água 51

Figura 4.8. Gráfico efeito da interação faixa granulométrica de escória e fração de

quantidade de escória sobre a média da porosidade 52

Figura 4.9. Gráfico efeito da interação faixa granulométrica de escória e fração de quantidade de escória sobre a média da resistência a compressão. 53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1. Classificação do agregado quanto a baridade 08

Tabela 3.1. Níveis e fatores do experimento 33

Tabela 3.2. Planejamento fatorial completo 34

Tabela 3.3. Massa mínima, por amostra de ensaio 35

Tabela 3.4. Composição química percentual da escória. Dados fornecidos

pela Granha Ligas S.A 37

Tabela 3.5. Resistência a compressão da argamassa 44

Tabela 4.1. Análise de variância e significância dos resultados 54

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas

Técnicas; CITEC: Centro de Inovação e

Tecnologia em Compósitos; CP: Cimento Portland DOE: Design of Experiment (Desenho do Experimento);

MEV: Microscopia eletrônica de varredura; Minitab: Software para análises estatísticas;

NBR: Normas Brasileiras de Regulamentação;

PVC: Policloreto de povilinila (plástico);

UFSJ: Universidade Federal de São João del

Rei US-Tyler: Tamanho de malha para seleção

MPa: Mega Pascal

g/cm³: gramas por centímetro

cúbico CH: Hidróxido de cálcio C-

S-H: Silicato de cálcio hidratado

IAP: Indice de atividade pozolânica

A/C: Relação água/cimento

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LISTA DE SÍMBOLOS

F1: Índice de basicidade;

M1: Massa do compósito seco;

M2: Massa do corpo de prova úmido M3:

Massa do corpo de prova imerso em água P: Porosidade; Aa: Absorção de

água; Dap: Densidade

aparente CaO: Óxido

de Cálcio SiO2: Sílica

C3S: Silicato tricálcico

C2S: Silicato bicálcico

Al2O3: Alumina

Ca(OH)2 : Hidróxido de cálcio

ou portlandita Si/Ca: Silício /

Cálcio Al2O3: Alumina

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 1

1.1. OBJETIVO GERAL ...................................................................................................................................... 4

1.2. OBJETIVO ESPECÍFICO .............................................................................................................................. 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................................................. 5

2.1. AGREGADOS ............................................................................................................................................. 5

2.1.1. Agregados leves ................................................................................................................................... 5

2.1.2. Agregados pesados ............................................................................................................................. 7

2.1.3. Classificação segundo a densidade .................................................................................................. 7

2.1.4. Classificação segundo a baridade ..................................................................................................... 7

2.1.5. Granulometria ..................................................................................................................................... 8

2.1.6. Geometria ............................................................................................................................................ 9

2.2. ESCÓRIA .................................................................................................................................................. 11

2.3. EFEITO POZOLÂNICO ............................................................................................................................. 12

2.4. CIMENTO PORTLAND ............................................................................................................................ 15

2.4.1. Histórico ............................................................................................................................................. 15

2.4.2. Características ................................................................................................................................... 16

2.4.3. Clínquer .............................................................................................................................................. 16

2.4.4. Adições ............................................................................................................................................... 17

2.4.5. Hidratação .......................................................................................................................................... 19

2.4.6. Principais tipos................................................................................................................................... 23

2.4.7. Comum ............................................................................................................................................... 24

2.5. COMPÓSITOS .......................................................................................................................................... 25

2.5.1. Definição ............................................................................................................................................. 25

2.5.2. Classificação ....................................................................................................................................... 26

2.5.2.1. Compósitos particulados ............................................................................................................ 26

2.5.2.2. Compósitos com partículas grandes ......................................................................................... 27

2.6. ARGAMASSA ........................................................................................................................................... 27

2.6.1. Classificação ....................................................................................................................................... 27

2.6.2. Classificação segundo emprego ...................................................................................................... 28

2.6.3. Classificação segundo tipo de aglomerante .................................................................................. 29

2.6.3.1. Argamassas de cal ........................................................................................................................ 29

2.6.3.2. Argamassas de gesso ................................................................................................................... 29

2.6.3.3. Argamassas de cimento .............................................................................................................. 29

2.6.4. Classificação segundo a dosagem ................................................................................................... 30

2.6.5. Requisitos ........................................................................................................................................... 30

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2.7. CONCRETO .............................................................................................................................................. 30

3. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................................................. 32

3.1. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ..................................................................................................... 32

3.2. PLANEJAMENTO DO EXPERIMENTO ................................................................................................... 32

3.2.1. Seleção das variáveis de resposta .................................................................................................. 32

3.2.2. Seleção dos níveis e fatores experimentais .................................................................................. 32

3.3. CARACTERIZAÇÃO DA ESCÓRIA. .......................................................................................................... 34

3.2.2. Caracterização granulométrica ....................................................................................................... 34

3.2.2. Caracterização química e mineralógica ......................................................................................... 37

3.2.2. Massa específica................................................................................................................................ 37

3.4. CONFECÇÃO DOS CORPOS DE PROVA ................................................................................................ 38

3.5. CARACTERIZAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA ...................................................................................... 41

3.5.1. Método de Arquimedes ................................................................................................................... 41

3.5.2. Resistência à compressão ................................................................................................................ 43

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................................................................... 46

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA ESCÓRIA ........................................................................................................... 46

4.2. ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................................................ 47

4.3. DENSIDADE APARENTE ......................................................................................................................... 49

4.4. ABSORÇÃO DE ÁGUA............................................................................................................................. 50

4.5. POROSIDADE .......................................................................................................................................... 51

4.6. RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO.............................................................................................................. 52

4.7. ANÁLISE DE VARIÂNCIA. ....................................................................................................................... 54

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................................................... 56

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................. 57

ANEXO A ............................................................................................................................................................ 65

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1

1. Introdução

Desde o seu surgimento, o ser humano desenvolveu habilidades e técnicas para

melhor utilizar os recursos naturais para sua sobrevivência. No início, eram fontes de

alimento e com o passar dos anos foram percebidas várias utilidades para os

recursos naturais, como por exemplo a fabricação de ferramentas para caça e pesca,

recipientes para armazenagem, moradia, transporte e geração de energia.

Com o desenvolvimento tecnológico e o advento da revolução industrial, o

objetivo principal passou a ser o crescimento econômico em curto prazo, utilizando

novos processos produtivos e a exploração intensiva de energia e matérias-primas.

A relação entre o ser humano e a natureza sempre foi muito delicada, porém

nos primórdios a natureza aceitava passivamente os despejos e os recursos eram

abundantes. Porém, com o passar do tempo o ambiente natural deu lugar aos

grandes centros urbanos caracterizados pela alta densidade demográfica, relação

desproporcional entre ambiente construído e ambiente natural, necessidade de

importação de energia para manter o sistema em funcionamento, alteração

significativa da diversidade biológica nativa, impermeabilização do solo, alteração

de cursos de água e consequentemente aumento da poluição.

As indústrias de fabricação e transformação de materiais produzem, em maior

ou menor grau, uma certa quantidade de resíduos que nem sempre são

reaproveitados ou têm um destino ecologicamente correto. Dar um destino correto a

estes subprodutos constitui um grande desafio. Em alguns casos, estes produtos

secundários podem ser reutilizados diretamente ou podem ser aproveitados como

matéria prima básica em outros processos industriais (ISO 14040, 2001).

A destinação dos resíduos afeta diretamente o meio ambiente, sendo uma

fonte de poluição do ar, água e solos, afetando também o crescimento de vegetação.

O problema da contaminação e degradação do meio ambiente devido a

natureza tóxica de alguns tipos de resíduos sólidos também é um fator

importante na destinação dos rejeitos, podendo gerar danos nos solos e

lençóis freáticos durante seu ciclo de vida (RODRIGUES, 2012).

Nos últimos anos, a preocupação com a preservação do meio ambiente vem

aumentando cada vez mais sendo possível notar maior divulgação da causa,

grande interesse das empresas em terem seus nomes ligados à preservação e

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2

principalmente reuniões de líderes mundiais em conferências das Organizações

das Nações Unidas (ONU), visando estabelecer metas e objetivos na preservação

do meio ambiente.

Diante desta realidade o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa que

contemplem a utilização de resíduos, dentro de uma visão que trata esses poluentes

como matérias-primas importantes para aplicações com maior valor agregado

visando a sua transformação em bens úteis para a sociedade e a proteção do meio

ambiente, é uma iniciativa importante e necessária (CASAGRANDE, 2008).

A utilização dos resíduos na construção civil pode ser viabilizada pela

utilização na fase dispersa de compósitos, mantendo-se o processo de

produção igual ao convencionalmente utilizado, a fim de que as propriedades

do produto sejam reproduzidas.

Neste contexto o presente trabalho visa contribuir para o reaproveitamento dos

resíduos gerados na fabricação de ferro-ligas FeSiMn encontrados na região de São

João Del-Rei, Minas Gerais fornecidos pela empresa Granha Ligas S.A, situada na

região. A figura 1.1 mostra o mapa de Minas Gerais com destaque para a região de

São João Del-Rei. Na figura 1.2 são mostradas as principais cidades da região.

Figura 1.1. Mapa de Minas Gerais

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3

F

igura 1.2. Mapa da região de São João del Rei-MG.

Atualmente, esses resíduos têm como destinação final a substituição do

cascalho em estradas de terra, sendo empregado também pela Prefeitura

Municipal de São João Del-Rei em suas atividades de tapa-buraco.

Segundo a Fundação Estadual do Meio Ambiente (2010), o processo de

obtenção das ligas FeSiMn gera como principais resíduos o material particulado

(pó) que fica retido nos filtros de mangas e nos ciclones e a escória gerada no

processo de fusão da liga. Para a produção de 1 tonelada de liga,

aproximadamente 0,9 toneladas de escória foram geradas em 2010. Rai (2002)

apresenta que aproximadamente 800 – 900 kg de escória são geradas na produção

de 1 tonelada de liga, representando 200 toneladas de escória por dia.

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1.1 Objetivo Geral

Essa pesquisa tem como objetivo geral avaliar a viabilidade técnica do

uso de escória de ferro liga sílico manganês como agregado para misturas na

fabricação de compósitos cimentícios.

1.2 Objetivo Específico

Como objetivos específicos o presente trabalho possui:

Caracterizar a escória de ferroliga através da análise granulométrica e

verificação da geometria das partículas;

Realizar dosagem de misturas de argamassa com o uso da escória de

ferroliga como agregado em diferentes proporções da escória, variação

de faixa granulométrica.

Definir a resistência a compressão, densidade aparente, porosidade e

absorção de água das condições propostas.

Avaliar o efeito pozolânico da escória.

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2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Agregados

Agregados para Construção Civil são materiais granulares, sem forma e

volume definidos, de dimensões e propriedades estabelecidas para uso em

obras de engenharia civil, tais como, a pedra britada, o cascalho e as areias

naturais ou obtidas por moagem de rocha, além das argilas e dos substitutivos

como resíduos inertes reciclados, escórias de aciaria, produtos industriais,

entre outros. Os agregados são abundantes no Brasil e no mundo.

Os agregados podem ser naturais ou artificiais. Os naturais são os que se

encontram de forma particulada na natureza (areia, cascalho ou pedregulho) e os

artificiais são aqueles produzidos por algum processo industrial, como as pedras

britadas, areias artificiais, escórias de alto-forno e argilas expandidas, entre outros.

Outro fator que define a classificação dos agregados é sua massa

específica aparente, onde podemos dividi-los em leves (argila expandida,

pedra-pomes, vermiculita), normais (pedras britadas, areias, seixos) e pesados

(hematita, magnetita, barita) (www.portaldoconcreto.com.br, 2015).

2.1.1. Agregados leves

Os agregados leves são utilizados para a fabricação do concreto leve,

com o objetivo de reduzir o peso próprio em algumas estruturas, possuindo a

vantagem de permitir melhor isolamento térmico comparado a um concreto

comum (COUTINHO, 1999).

Hoje em dia os agregados leves são fabricados por diversos processos,

como por exemplo:

Argilas ou xistos expandidos, obtidos pelo aquecimento de algumas

rochas deste tipo.

Escória de alto-forno expandida, obtida pela injeção de água, vapor de

água ou ar comprimido para resfriar a escória fundida de alto-forno.

Granulado de cortiça.

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Coutinho (1999) afirma que a maior desvantagem da utilização de

agregados leves é a obtenção de concretos com baixa resistência à

compressão. Porém, a qualidade e as propriedades dos agregados leves

variam de acordo com a densidade, obtendo variações na resistência à

compressão, conforme indicado na Figura 2.1.

Figura 2.1 – Variação da resistência à compressão de concretos

em função da densidade dos agregados leves

Fonte: COUTINHO, 1999.

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2.1.2. Agregados pesados

Para a obtenção de compostos com propriedades elevadas, utilizam-se

agregados pesados, obtidos da barita, magnetita ou escórias. Produzindo

concretos de densidade por volta de 3500 – 4500 kg/m³.

2.1.3. Classificação segundo a densidade

Conforme a massa volúmica (ϒ) do agregado a classificação é feita da

seguinte forma:

Agregados leves < 2000 kg/m³

Agregados com (ϒ) normal: 2000 a 3000

kg/m³ Agregados pesados: > 3000 kg/cm³

2.1.4. Classificação segundo a baridade

Coutinho (1999) diz que a baridade de um

agregado é definida como a massa por unidade de volume do agregado

contida num recipiente, isto é, o volume inclui os espaços entre as partículas

do agregado e entre as partículas e o recipiente.

É evidente que o intervalo granulométrico que compõe o agregado, a

forma das partículas e o seu arranjo no recipiente contribuem para o valor da

baridade e a classificação segundo a baridade é equivalente à classificação

segundo à massa volúmica, como se verifica na tabela 2.1.

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Tabela 2.1. Classificação do agregado quanto à baridade

Fonte: Coutinho, 1999.

Classificação Baridade, Exemplos de agregados Aplicação e designação do

do agregado Kg/m³ betão

Ultraleve <300 Polistireno expandido Com funções estritamente de

Polistireno expandido peletizado (d=4-5mm) isolamento térmico e sem

Vermiculite funções de resistência

Perlite expandida

Vidro expandido

Leve 300 a 1200 Argila expandida (d=5-20mm) Com funções de isolamento

térmico, resistência (betão

estrutural) e diminuição do

peso próprio

Denso (normal) 1200 a 1600; Areia Normal, com função de

1200 a 1400; Godo resistência (betão estrutural)

1300 a 1500 Rocha britada

Extradenso >1700 Limonite Com funções de proteção

Magnetite contra as radiações atômicas

Barite e com funções resistentes

2.1.5 Granulometria dos agregados

A norma ABNT NBR 7211 (2009) fixa as características exigíveis na recepção e

produção de agregados, miúdos e graúdos, de origem natural, encontrados

fragmentados ou resultantes da britagem de rochas para concreto. Dessa forma,

define areia ou agregado miúdo como areia de origem natural ou resultante da

britagem de rochas estáveis, ou a mistura de ambas, cujos grãos passam pela peneira

ABNT de 4,8 mm e ficam retidos na peneira ABNT de 0,075 mm. Define ainda agregado

graúdo como pedregulho ou brita proveniente de rochas estáveis, ou a mistura de

ambos, cujos grãos passam por uma peneira de malha quadrada com abertura

nominal de 152 mm e ficam retidos na peneira ABNT de 4,8 mm.

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2.1.4. Influência da geometria

A geometria do grão é definida quanto a relação de dimensões (grão

alongado, grão esférico, grão cúbico, grão lamelar, grão discóide ou grão

quadrático), arestas e cantos (grão anguloso ou grão arredondado) e textura

superficial das faces (grão liso ou grão áspero).

A norma ABNT NBR 7211 (2009), especifica um limite superior para o

índice de forma de agregados graúdos para concreto, não havendo, entretanto,

nenhuma especificação ou relação deste valor para especificar um agregado

miúdo para argamassa.

Bouqeuty et al. (2007) observaram que a forma do agregado miúdo é um

parâmetro essencial na determinação das propriedades de uma argamassa, e

que a maneira como o agregado é obtido influencia significativamente no

tamanho e forma dos agregados. A origem dos agregados miúdos determina a

forma de suas partículas. Agregados miúdos naturais tendem a ser

arredondados, devido ao efeito cumulativo de colisões múltiplas e abrasão. Já

os agregados miúdos industriais são produtos de trituração que determinam

grãos com formas distintas de partículas, que dependem da composição da

rocha-mãe, modo de fratura, coordenação durante a trituração, e a relação de

redução. O processo de trituração tende a produzir partículas angulares de

forma afiada. Partículas angulares de maior dureza produzem um pacote

granular de menor densidade, baixa tensão e maior ângulo de atrito crítico

quando comparado com os agregados miúdos naturais (CORTES et al., 2008).

Tristão (2005) observou, em estudos realizados com argamassas, que em

função dos diferentes parâmetros texturais encontrados para os diferentes agregados

utilizados em seu estudo, as propriedades das argamassas no estado fresco foram

alteradas sendo que, quanto mais arredondado e esférico o grão e menos rugosa sua

textura superficial, menor a quantidade de pasta de argamassas, o que implica em um

menor consumo de aglomerantes e de água de amassamento. Ainda segundo Tristão

(2005) a forma dos grãos de areia para argamassa de revestimento deve ser

representada através da determinação do arredondamento e da esfericidade. Para

expressar esses coeficientes existem métodos, alguns por

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comparação visual com imagens de padrões definidos e outros quantitativos

(ARAÚJO, 2001; D´AGOSTINO, 2004; TRISTÃO, 2005).

Segundo a ABNT NBR 7389 (2009), deve-se avaliar a forma do grão

visualmente, ou com auxílio de lupa, e compara-se com padrões gráficos que

indicam o grau de esfericidade e arredondamento, conforme figura 2.2.

Figura 2.2. Padrões gráficos dos graus de esfericidade e

arredondamento. Fonte: ABNT NBR 7389 (2009).

Uma classificação numérica fornecida pelo programa QWIN realizada em

laboratório foi proposta por D´Agostino (2004) para o grau de arredondamento,

conforme apresentado na figura 2.3.

Figura 2.3. Morfologia dos grãos das areias

Fonte: D´Agostino (2004);

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2.2. ESCÓRIA

A escória de FeSiMn é um resíduo gerado na produção da liga de ferro silício

manganês (FeSiMn). Esta liga faz parte do grupo das chamadas ligas de manganês.

As ligas de manganês compreendem quatro tipos de ligas. Uma é a liga de FeSiMn,

que possui a maior produção dentre as quatro ligas de manganês, as outras são três

classificadas em categorias de acordo com o seu teor de carbono: Ferro Manganês

Alto Carbono, representado por FeMnAC (6-7% de carbono), Ferro Manganês Médio

Carbono representado por FeMnMC (1-2% de carbono) e Ferro Manganês Baixo

Carbono representado por FeMnBC (0,1-0,5% de carbono). A liga de ferro silício

manganês (FeSiMn) apresenta teores que variam de 12 a 25% de silício. A produção

nacional do setor de ferroligas à base de manganês alcançou 687 mil t sendo que

deste total cerca de 350 mil t da liga de FeSiMn no ano de 2007 (SANTANA, 2008).

A escória é gerada no processo de fabricação das ligas a partir do material de

ganga associada a minérios bem como os fluxantes adicionados à carga. Os fluxantes

são adicionados para atuarem: auxiliando na fundição, na atividade dos óxidos na

escória, na temperatura de fusão da escória, na viscosidade e condutividade elétrica.

A geração de escória para a produção da liga FeSiMn por uma única empresa situada

no Brasil no ano de 2003 foi de 112 mil t (NÓBREGA et al, 2005). Entre as aplicações

para a escória, são citadas: base para a pavimentação de estradas, lastro para

ferrovia, produção de aços com baixo teor de manganês (DEMIDOV et al, 2000;

HOLAPPA et al, 2004), e na maioria das empresas produtoras a escória é descartada.

Estudos sobre a avaliação ambiental da escória de ferro-manganês que foi utilizada

como revestimentos de pavimentos na cidade de Salvador no estado da Bahia –

Brasil, concluíram que os resíduos não podem ser classificados como inerte

conforme a NBR 10004 (2004) (NÓBREGA, 2005).

Uma das propriedades mais importantes da escória, sob o ponto de vista

siderúrgico, é a sua fluidez, a qual depende da relação entre os teores de cal e sílica,

denominada índice de basicidade simplificado. A proporção de cal tem importância

especial para a remoção do enxofre, originária do carvão mineral. Em alto fornos a

carvão vegetal, esta circunstância tem importância secundária, já que este tipo de

combustível não contém quase nenhum enxofre. As escórias obtidas em fornos a

carvão vegetal apresentam então a sílica como componente predominante

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e são classificadas como ácidas, enquanto as escórias obtidas em fornos a carvão

mineral são básicas. O resfriamento quando realizado com grandes quantidades de

água produz a escória granulada, a qual é parcialmente utilizada pela indústria

cimenteira, podendo ser empregada também como agregado miúdo ou como parte do

aglomerante. O resfriamento brusco, ao provocar a vitrificação do material, aumenta

sua pozolanicidade, o que justifica abordar mais especificamente esta característica.

As pozolanas mais utilizadas atualmente têm sido a microssílica, o carvão ativado e a

escória (COUTO et al, 2010).

As características físicas como densidade, porosidade e tamanho da partícula

dependem do tipo de resfriamento da escória e de sua composição química.

Outro fator importante é o poder aglomerante da escória, que depende da

relação entre a quantidade dos compostos SiO2, CaO e MgO presentes na

escória. Este poder aglomerante é definido como reatividade hidráulica.

Segundo Samet (2004) esta reatividade hidráulica depende da

composição química, fase vítrea do resíduo e da granulometria do grão da

escória. Este índice de hidraulicidade ou módulo de basicidade pode ser

calculado da seguinte forma (NKINAMUBANZI et al, 2000):

F1= CaO / SiO2 (2.1)

Se F1< 1, a escória é considerada ácida e sua hidraulicidade é baixa.

Se F1 > 1, a escória é considerada básica e sua hidraulicidade é boa.

2.3. EFEITO POZOLÂNICO

Segundo a ABNT NBR 12653 (2012), pozolanas são materiais silicosos ou

silicoaluminosos que, por si sós, possuem pouca ou nenhuma atividade aglomerante,

mas que, quando finamente divididos e na presença da água, reagem com o hidróxido

de cálcio para formar compostos com propriedades aglomerantes. Essas melhoras se

devem ao fato que durante o processo de hidratação do cimento, além de se formar

produtos cimentantes caracterizados como gel do tipo C-SH, também é liberado cerca

de 20% de hidróxido de cálcio que acabam por reagir com

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a pozolana para formar novos produtos cimentantes, similares aos iniciais,

diferenciados apenas pela relação Si/Ca (TASHIMA et al., 2011), tendo como resultado

a produção de fases químicas com maior estabilidade e poder aglomerante (CARMO;

PORTELLA, 2008).

Porém para que a adição em questão apresente uma alta reatividade, é

necessário principalmente que o material tenha uma elevada finura, grandes

quantidades de SiO2 + Al2O3 em sua composição, e uma mineralogia amorfa.

Os compósitos cimentícios de alta resistência e alto desempenho estão

diretamente ligados à incorporação de material pozolânico. Conforme

afirmaram Mehta e Monteiro (2008), um fator importante é a redução do volume

total e o tamanho dos poros (importante para o aumento da resistência

mecânica do compósito de cimento Portland).

Além disso, segundo Valenzuela e Chodounsky (2010), a evolução das

adições minerais pozolânicas tornou possível produzir concretos cada vez

mais resistentes e duráveis, muito além do que se pensava ser possível há

anos. Neste sentido, podese considerar as pozolanas como ferramentas

capazes de viabilizar os concretos de alto desempenho, que são um

aprimoramento de concretos convencionais a partir da redução da porosidade

e das modificações microestruturais.

Reação pozolânica é o nome dado à reação química entre uma pozolana e o

hidróxido de cálcio (CH) para formar o silicato de cálcio hidratado (C-S-H), que é o

principal produto cimentante da hidratação do cimento Portland (MEHTA E

MONTEIRO, 2008). A reação de hidratação do cimento Portland forma o C-S-H,

porém a reação pozolânica não forma este material a partir da combinação entre a

água, os compostos do cimento e a pozolana e sim numa etapa posterior à reação

de hidratação. Isto é, a pozolana reage com o CH formado pelas reações de

hidratação, em presença de água numa etapa secundária à reação de hidratação,

por isto também é conhecida como reação secundária.

A importância técnica dos cimentos com adições pozolânicas deriva

principalmente de três aspectos:

1. A reação é lenta, e, portanto, a taxa de liberação de calor e de

desenvolvimento da resistência serão consequentemente lentas.

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2. A reação consome hidróxido de cálcio, em vez de produzi-lo, o que

representa uma contribuição importante para a durabilidade da pasta

endurecida de cimento frente a meios ácidos.

3. Estudos sobre a distribuição do tamanho das pastas de cimento

hidratadas com adições mostram que os produtos da reação são bastante

eficientes no preenchimento dos espaços capilares grandes, melhorando

assim a resistência e reduzindo a permeabilidade do sistema.

A pozolanicidade das adições, ou seja, a capacidade de formar

compostos cimentantes desde que na presença de água e hidróxido de cálcio,

pode ser avaliada com algumas técnicas normatizadas pela ABNT, a partir de

métodos indiretos de quantificação do potencial reativo, como o índice de

atividade pozolânica (IAP) com cimento Portland (NBR 5752, 2012) ou cal

hidratada (NBR 5751, 2012), ou por método direto e acelerado, como o ensaio

Chapelle Modificado (NBR 15895, 2010), o qual determina a capacidade da

adição pozolânica em fixar cal.

Donatello et al. (2010) recomendaram que, para avaliar a atividade

pozolânica de um material, é importante a escolha do método a ser utilizado,

baseando-se nas limitações e nas condições de ensaio. Estes pesquisadores

também indicam que a avaliação seja realizada por mais de um método e a

comparação dos resultados de diferentes métodos deve contemplar uma

análise crítica a respeito da temperatura e do tempo de cura das amostras.

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2.4. CIMENTO PORTLAND

2.4.1. Histórico

Os primeiros relatos sobre a história do cimento, ou Caementu no latim

(pedra proveniente de rochedos), se dão há cerca de 4500 A.C., no Egito Antigo.

Nessa época, utilizava-se uma liga composta por uma mistura de gesso calcinado

para unir as pedras que davam sustentação à construção dos monumentos.

Mas ao longo dos anos o cimento passou por um processo evolutivo, e

obras como o Panteão e o Coliseu receberam a aplicação de terras de origem

vulcânicas que, ao entrarem em contato com a água, sofriam um tipo de

reação que provocava o seu endurecimento. No entanto, os ensaios para o

aperfeiçoamento do cimento não pararam e, em 1756, o inglês John Smeaton

conseguiu desenvolver, por meio da calcinação de calcários moles e argilosos,

um produto com alto poder de resistência.

Em 1791, James Parker experimentou uma mistura de sedimentos de rochas da

ilha de Sheppel e patenteou, em 1796, um cimento com o nome de "Cimento

Romano". Experiência que motivou, em 1818, o francês Louis Vicat a inventar o

cimento artificial por meio da mistura de componentes argilosos e calcários.

Porém, foi o inglês Joseph Aspdin, em 1824, quem revolucionou as

experiências com o cimento. Aspdin teve a ideia de queimar pedras calcárias e

argila e depois triturá-las até obter um pó fino. Esse produto ao secar e em

contato com a água se tornava sólido com uma rocha e era resistente a ambientes

úmidos. Surgia então, o "Cimento Portland" que foi patenteado por Joseph

Aspdin, em homenagem às rochas da ilha britânica de Portland, as quais

apresentavam características próprias como cor, durabilidade e resistência.

Entretanto, foi Isaac Charles Johnson, em 1845, quem conseguiu

aperfeiçoar o Cimento Portland. Após várias observações, Johnson elevou a

temperatura da queima para 1400ºC e moeu o clínquer, produto originário

dessa queima, para obter um pó mais fino e com uma qualidade superior.

No decorrer dos anos, diversas indústrias cimenteiras começaram a surgir

e a desenvolver pesquisas sobre o processo de fabricação do Cimento Portland.

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2.4.2. Características

O cimento Portland é um material pulverulento, constituído de silicatos e

aluminicatos complexos (clínquer), que, ao serem misturados com a água,

hidratam-se, formando uma massa gelatinosa, finamente cristalina, também

conhecida como “gel”. Esta massa, após contínuo processo de cristalização,

endurece, oferecendo então elevada resistência mecânica.

Ele pode ser definido também, como sendo um aglomerante ativo e hidráulico.

Aglomerante, pois é o material ligante que promove a união dos grãos

de agregados.

Ativo, por necessitar de um elemento externo para iniciar sua

reação. Hidráulico, porque este elemento externo é a água.

Concluímos então que a água tem um papel de destaque dentro da

engenharia do concreto, tão importante que a relação entre o peso da água e o peso

do cimento dentro de uma mistura recebeu um nome: fator água cimento (A/C).

Este fator é a base para a definição de todas as misturas compostas com

cimento e água (concreto, argamassa, grout, etc.) devendo ser muito bem

compreendido por todos aqueles que trabalham com o concreto. A água deve

ser empregada na quantidade estritamente necessária para envolver os grãos,

permitindo a hidratação e posterior cristalização do cimento.

O fator A/C deve ser sempre o mais baixo possível, dentro das

características exigida para o concreto e da qualidade dos materiais

disponíveis para a sua composição (www.portaldoconcreto.com.br, 2015).

Pode-se dizer que o cimento é composto de clínquer e adições que

reagem em contato com a água (hidratação).

2.4.3 Clínquer

O clínquer tem como matérias-primas constituintes o calcário e a argila,

obtidos de jazidas situadas na região das fábricas de cimento. Em seu processo

produtivo, a rocha calcária é primeiramente britada, moída e em seguida misturada,

em proporções adequadas, com argila moída. A mistura formada atravessa então um

forno giratório de grande diâmetro e comprimento, cuja temperatura interna

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chega a alcançar 1450ºC. O intenso calor transforma a mistura em um novo material,

denominado clínquer, que se apresenta sob a forma de pelotas. Na saída do forno o

clínquer, ainda incandescente, é bruscamente resfriado para posteriormente ser

finamente moído, transformando-se em pó.

A principal característica do clínquer em pó é a capacidade de reagir

quimicamente em presença de água, tornando-se em um primeiro momento

pastoso e com o passar do tempo ele endurece, adquirindo elevada resistência

e durabilidade. Devido a essa peculiaridade, o clínquer pode ser definido como

um ligante hidráulico de elevada resistência.

2.4.4 Adições

As adições são outras matérias-primas que, misturadas ao clínquer na fase

de moagem, permitem a fabricação dos diversos tipos de cimento portland hoje

disponíveis no mercado. Essas outras matérias-primas são o gesso, as escórias

de alto-forno, os materiais pozolânicos e os materiais carbonáticos.

O gesso tem como função básica controlar o tempo de pega, isto é, o

início do endurecimento do clínquer moído quando este é misturado com

água. Caso não se adicionasse o gesso à moagem do clínquer, o cimento,

quando entrasse em contato com a água, endureceria quase que

instantaneamente, o que inviabilizaria seu uso nas obras. Por isso, o gesso é

uma adição presente em todos os tipos de cimento portland. A quantidade

adicionada é pequena: em geral, 3% de gesso para 97% de clínquer, em massa.

As escórias de alto-forno são obtidas durante a produção de ferro-gusa nas

indústrias siderúrgicas e se assemelham aos grãos de areia. Antigamente, as escórias

de alto-forno eram consideradas como um material sem maior utilidade, até ser

descoberto que elas também tinham a propriedade de ligante hidráulico muito

resistente, ou seja, que reagem em presença de água, desenvolvendo características

aglomerantes de forma muito semelhante à do clínquer. Essa descoberta tornou

possível adicionar a escória de alto-forno à moagem do clínquer com gesso,

guardadas certas proporções, e obter como resultado um tipo de cimento que, além

de atender plenamente aos usos mais comuns, apresenta

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melhoria de algumas propriedades, como maior durabilidade e maior resistência final.

Os materiais pozolânicos são rochas vulcânicas ou matérias orgânicas

fossilizadas encontradas na natureza, certos tipos de argilas queimadas em elevadas

temperaturas (550°C a 900°C) e derivados da queima de carvão mineral nas usinas

termelétricas, entre outros. Da mesma forma que no caso da escória de alto-forno,

pesquisas levaram à descoberta de que os materiais pozolânicos, quando

pulverizados em partículas muito finas, também passam a apresentar a propriedade

de ligante hidráulico, se bem que de forma distinta. Isto porque não basta colocar os

materiais pozolânicos, sob forma de pó muito fino, em presença de água, para que

passem a desenvolver as reações químicas que os tornam primeiramente pastosos e

depois endurecidos. A reação só vai acontecer se, além da água, os materiais

pozolânicos moídos em grãos finíssimos também forem colocados em presença de

mais um outro material. O clínquer é justamente um desses materiais, pois no

processo de hidratação libera hidróxido de cálcio (cal) que reage com a pozolana.

Esse é o motivo pelo qual a adição de materiais pozolânicos ao clínquer

moído com gesso é perfeitamente viável, até um determinado limite. E, em

alguns casos, é até recomendável, pois o tipo de cimento assim obtido ainda

oferece a vantagem de conferir maior impermeabilidade, por exemplo, aos

concretos e às argamassas. Outros materiais pozolânicos têm sido estudados,

tais como as cinzas resultantes da queima de cascas de arroz e a sílica ativa,

um pó finíssimo que sai das chaminés das fundições de ferro-silício e que,

embora em caráter regional, já têm seu uso consagrado no Brasil, a exemplo

de outros países tecnologicamente mais avançados.

Os materiais carbonáticos são rochas moídas, que apresentam

carbonato de cálcio em sua constituição, tais como o próprio calcário. Tal

adição serve também para tornar os concretos e as argamassas mais

trabalháveis, porque os grãos ou partículas desses materiais moídos têm

dimensões adequadas para se alojar entre os grãos ou partículas dos demais

componentes do cimento, funcionando como um verdadeiro lubrificante.

Quando presentes no cimento são conhecidos como fíler calcário.

Conclui-se, pois que, de todas as adições, o gesso não pode, em hipótese

alguma, deixar de ser misturado ao cimento, e que as demais matérias-primas

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adicionadas (escória de alto-forno, materiais pozolânicos e materiais carbonáticos)

são totalmente compatíveis com o principal componente do cimento portland – o

clínquer – acabando por conferir ao cimento pelo menos uma qualidade a mais.

2.4.5. Hidratação

A hidratação é fundamental para materiais cimentícios. É um processo no

qual um fluido em suspensão se transforma em um sólido rígido, a temperatura

ambiente, sem necessidade de transferência de calor ou qualquer outro tipo de

processo ou agente externo e com mínima variação do volume total.

Segundo Scrivener e Nonat (2011) por ser fundamental para a formação e o

desenvolvimento das propriedades de compostos cimentícios é extremamente

importante compreender os mecanismos adjacentes do processo de hidratação.

Mais especificamente, um maior conhecimento dos mecanismos de hidratação

pode, por exemplo, mostrar um caminho para a incorporação de uma maior

quantidade de materiais suplementares ou o desenvolvimento de novos clinquers.

O termo hidratação, por definição, indica a reação química de uma dada

espécie química com água convertendo-se em hidrato, pela introdução de

água em sua molécula. No âmbito restrito da química do cimento este termo

refere-se ao conjunto de mudanças que ocorrem quando o cimento anidro ou

uma de suas fases constituintes é misturado com água. O fenômeno é

complexo envolvendo reações químicas que superam a simples conversão de

espécies anidras em hidratos correspondentes (TAYLOR, 1997).

Assim, o desenvolvimento da resistência mecânica de uma pasta de cimento

ou seus compósitos decorre da hidratação do cimento, especificamente dos

silicatos tricálcico (C3S) e bicálcio (C2S), que constituem tipicamente cerca de

75% da composição do cimento Portland, sem adições minerais. Esta reação

resulta na formação de hidróxido de cálcio ou portlandita, Ca(OH)2, constituindo,

em geral, 20 a 25% do volume de sólidos da pasta de cimento hidratado e que

cristaliza no meio após saturação da água de mistura e início da formação dos

silicatos de cálcio hidratados (CSH) que liberam calor.

O CSH consolida-se como um sólido poroso, essencialmente amorfo ou pouco

cristalino, com características de um gel rígido. Em geral, possui estrutura lamelar

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em forma acicular, mas pode não apresentar esta morfologia específica devido à

redução do espaço suficiente para a sua precipitação, quando há redução da relação

água/cimento. Na sua completa hidratação, a composição aproximada corresponde ao

C3S2H3, adotada em cálculos estequiométricos.

Dependendo da relação de CaO/SiO2 do cimento e outros fatores como

por exemplo, a temperatura, tempo de cura e aditivos, o CSH não é bem

definido podendo assumir variadas estequiometrias, A estrutura varia desde

formas semicristalinas a cristalinas (BLACK et al, 2003).

É importante entender que, ao adicionar água ao cimento, muda-se não só

a consistência, mas também ocorrem as hidratações dos compostos

presentes. Todas essas reações químicas que ocorrem após a adição de água

ao cimento são as mesmas, independentes da classificação do cimento

Portland, variando apenas a velocidade com que elas ocorrem. Essa

velocidade vai depender da quantidade de cada fase presente e do tamanho

das partículas de cimento (HIEBBELER et al, 2000).

O mecanismo de hidratação do cimento pode ser dividido didaticamente

em cinco etapas: estágio inicial (I), período de indução (II), período de

aceleração (III), período de desaceleração (IV); estágio final (V) ou período de

reação lenta. A termodinâmica das reações químicas permite visualizar esse

perfil a partir da determinação do calor de hidratação de uma pasta de cimento

Portland. A Figura 2.4 associa a taxa de liberação de calor de hidratação de

uma pasta de cimento Portland à variação da concentração de íons cálcio em

solução, com o tempo de hidratação (JAWED et al., 1983; ZAMPIERI, 1989).

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21

Figura 2.4. Representação esquemática da liberação de calor (A) é a

concentração de Ca2+

em solução (B) durante a hidratação do cimento Portland.

Indicações das etapas de reação: (I) Estágio inicial; (II) Período de indução; (III)

Período de aceleração; (IV) Período de desaceleração; e (V) Estágio

final. Fonte: JAWED et al., 1983; ZAMPIERI, 1989.

Estágio inicial ou de pré-indução (I): o pico inicial é atribuído a uma

combinação exotérmica de molhagem das partículas, de reações iniciais de

dissolução de sulfatos alcalinos e liberação de íons K+, Na

+ e SO4

2-, dissolução do

sulfato de cálcio até a saturação, à liberação de íons Ca2+

e SO42-

. A hidratação

do sulfato de cálcio semi-hidratado (CaSO4.1/2H2O) para dihidratado

(CaSO4.2H2O) também contribui para a ocorrência do primeiro pico de liberação

de calor (JAWED et al., 1983; ZAMPIERI, 1989). Neste estágio inicia-se a

dissolução das fases anidras C3S, C3A e C4AF dando origem a uma camada de

gel de silicato de cálcio hidratado (C-S-H) que reveste a superfície dos grãos

anidros do clínquer. Os íons liberados com a dissolução do C3A e do C4AF

reagem com os íons Ca2+

e SO42-

dando origem a um gel amorfo, rico em

aluminato, sobre a superfície dos grãos do clínquer e de bastões ou pequenas e

espessas agulhas de etringita (Figura 2.5) (JAWED et al., 1983; ZAMPIERI, 1989).

Page 38: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

22

Figura 2.5. Micrografia Eletrônica de Varredura da

Etringita Fonte: LIMA, 2007.

Período de indução (II): uma camada de gel se deposita sobre os grãos

anidros de cimento que forma uma espécie de barreira entre as fases anidras e a

solução aquosa. Este gel amorfo e coloidal é originado a partir da precipitação

inicial da etringita, e em menor escala, de C-S-H, sendo rico em sílica e alumínio e

com presença dos íons cálcio e sulfato (KADRI e DUVAL, 2002). Ocorre aumento

nas concentrações dos íons Ca2+

, K+, Na

+, SO4

2- e OH

- em solução. A

concentração de íons cálcio na fase aquosa atinge o seu patamar de saturação e

inicia-se o declínio (HEWLETT, 2006). Este período, que também é denominado de

dormência, tem duração aproximada entre 30 minutos e 3 horas, finalizando

quando a camada de gel depositada sobre os grãos de clínquer é destruída ou se

torna mais permeável à difusão iônica. Este período é caracterizado pela baixa

taxa de evolução de calor. Continuam a crescer as concentrações de íons Ca2+

e

OH-, mas de forma não linear. Verifica-se um elevado grau de supersaturação

quanto ao Ca(OH)2 até atingir o patamar, quando se inicia a precipitação. O tempo

necessário para atingir a supersaturação depende fortemente da relação a/c e do

tamanho do cristal de C3S (JAWED et al., 1983).

Período de aceleração (III): predomina o mecanismo de dissolução-precipitação,

com consequente supersaturação iônica da fase aquosa e rápida formação de C-S-H.

Os principais produtos formados são C-S-H e CH [Ca(OH)2]. Correspondem à reação

do estágio III, que resulta em um declínio gradual da concentração de íons Ca2+

na

solução. Este período finaliza com o aparecimento do segundo pico na curva (Figura

2.4) e sinaliza o início da desaceleração na geração

Page 39: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

23

de calor do sistema. O fenômeno da pega se dá no decorrer do período de aceleração,

em que os silicatos, sobretudo a alita (C3S), passam a se hidratar rapidamente até

atingir a taxa máxima de hidratação ao final desse período, que corresponde ao

máximo de calor liberado. Ocorre também precipitação da etringita. A taxa de

hidratação neste período é controlada pela formação do C-S-H. Durante o período de

aceleração, a taxa e a extensão da hidratação são dependentes da área específica do

clínquer (MOSTAFA e BROWN, 2005).

Período de desaceleração (IV): tem início com diminuição gradual da taxa

da evolução do calor, dado à redução gradual na concentração de íons em

solução, em decorrência da precipitação de hidratos que recobrem as

partículas do cimento e dificultam a solubilização das fases anidras (KADRI e

DUVAL, 2002). Após o período aproximado de 24 horas tem-se continuidade

das reações lentas que dão origem também a C-S-H e CH. O mecanismo de

reação passa a ser controlado por difusão iônica ou por reação topoquímica.

Estágio final (V): um novo ombro sequencial que pode ocorrer, porém

menos distinto que o anterior, tem sido associado à hidratação da fase ferrita

ou a conversão da fase AFt para AFm (EMOTO, 2007). A formação de placas

hexagonais delgadas de monossulfoaluminato de cálcio (fase AFm), a partir de

reação do trissulfoaluminato de cálcio (fase AFt) com C3A e o C4AF, ocorre

por indisponibilidade de sulfato de cálcio no sistema

Fatores como temperatura, presença de álcalis, pressão, umidade relativa

do ar, superfície específica e relação água/cimento pode fazer com que uma

determinada fase interaja de forma distinta com a água, resultando em

produtos de hidratação com variações em sua resistência mecânica,

cristalinidade, permeabilidade, dentre outros.

2.4.6 Principais Tipos de Cimento Portland

Existem no Brasil vários tipos de cimento portland, diferentes entre si,

principalmente em função de sua composição. Os principais tipos oferecidos no

mercado, ou seja, os mais empregados nas diversas obras de construção civil são:

• cimento portland comum;

• cimento portland composto;

Page 40: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

24

• cimento portland de alto-forno;

• cimento portland pozolânico.

Em menor escala são consumidos, seja pela menor oferta, seja pelas

características especiais de aplicação os seguintes tipos de cimento:

• cimento portland de alta resistência inicial;

• cimento portland resistente aos sulfatos;

• cimento portland branco;

• cimento portland de baixo calor de hidratação;

• cimento para poços petrolíferos.

Todos os tipos de cimento mencionados são regidos por normas da

ABNT, que dispõe de escritórios ou representações espalhadas pelo País, nos

quais poderão ser adquiridas essas normas.

2.4.7 Cimento Portland Comum

O primeiro cimento portland lançado no mercado brasileiro foi o conhecido CP,

correspondendo atualmente ao CP I, um tipo de cimento portland comum sem

quaisquer adições além do gesso (utilizado como retardador da pega). Ele acabou

sendo considerado na maioria das aplicações usuais como termo de referência para

comparação com as características e propriedades dos tipos de cimento

posteriormente aparecidos. Foi a partir do amplo domínio científico e tecnológico

sobre o cimento portland comum que se pôde desenvolver outros tipos de cimento,

com o objetivo inicial de atender a casos especiais. Com o tempo verificou-se que

alguns desses cimentos, inicialmente imaginados como especiais, tinham

desempenho equivalente ao do cimento portland comum original, atendendo

plenamente às necessidades da maioria das aplicações usuais e apresentando, em

muitos casos, inclusive, alguma vantagem adicional. O cimento tipo CP I é pouco

utilizado no país, apenas 1% de todo o cimento consumido no Brasil é do tipo CP I,

seja pela questão de custos, ou mesmo pela questão ambiental, por ser ele um tipo de

cimento que utiliza muito clínquer (www.cimento.org, 2015).

Page 41: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

25

2.5. Materiais compósitos

Segundo Padilha (2007), os materiais são substâncias com propriedades

que tornam úteis na construção de máquinas, estruturas, dispositivos e produtos.

Para cada material específico tem-se um tipo de aplicação. As propriedades

específicas são resultantes de uma seleção e controle do processo de fabricação

dos materiais, usados para converter a matéria-prima no produto final. A

classificação de materiais é um processo que tem como objetivo agrupar todos os

materiais com características comuns. Os materiais sólidos são frequentemente

classificados em três grupos principais: materiais metálicos, materiais cerâmicos

e materiais poliméricos ou plásticos. Esta classificação é baseada na estrutura

atômica e nas ligações químicas predominantes em cada grupo. Um quarto grupo,

os materiais compósitos, tem sido incorporado nesta classificação nas últimas

décadas por diversos autores (PADILHA, 2007).

2.5.1. Definição

Um compósito é definido como sendo um material multifásico cujas

fases constituintes devem ser quimicamente diferentes e estar separadas por

uma interface distinta. No desenvolvimento de materiais compósitos, os

cientistas e os engenheiros combinam vários metais, cerâmicas e polímeros

com o objetivo de obter uma nova geração de materiais com melhorias em

suas propriedades mecânicas, tais como rigidez, tenacidade e resistência nas

condições ambientes e de altas temperaturas (CALLISTER, 2014).

Materiais compósitos são constituídos, por duas ou mais fases: uma

contínua, denominada matriz e as demais fases dispersas que é envolvida pela

matriz. Os compósitos possuem propriedades em função das propriedades de

suas fases constituintes, de suas quantidades relativas e da geometria da fase

dispersa, ou seja, a forma das partículas e o tamanho, a distribuição e a

orientação dessas partículas (CALLISTER, 2014).

Page 42: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

26

2.5.2. Classificação

Os materiais compósitos são classificados de acordo com as

características de suas fases: tipo de matriz, tipo de reforço, geometria, orientação

das fibras, entre outros métodos. Na literatura a classificação geralmente é feita

referindo à natureza da fase matriz, classificando os compósitos em: metálico,

cerâmico e polimérico; e também à natureza da fase dispersa: compósitos

particulados, compósitos estruturais e compósitos híbridos. A figura 2.6

apresenta um fluxograma simples para a classificação dos materiais compósitos.

Figura 2.6. Classificação dos materiais compósitos

Fonte: Adaptado CALLISTER, 2014

2.5.2.1. Compósitos particulados

Segundo Callister (2014), os compósitos particulados possuem a fase dispersa

equiaxial (as dimensões das partículas são praticamente as mesmas em todas as

direções). Nessa classe existem duas subclassificações, conforme a Figura 2.4, os

compósitos com partículas grandes e os compósitos reforçados por dispersão. No

trabalho estudado, não consta compósitos reforçados por dispersão.

Page 43: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

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2.5.2.2. Compósitos com partículas grandes

Nos compósitos com partículas grandes as interações partículas-matriz não

são tratadas no nível atômico ou molecular, deve ser tratada com a mecânica do

contínuo. O termo grande é utilizado para indicar o tratamento das interações.

Nesse tipo de compósito, a fase particulada é mais dura e mais rígida do que a

matriz. Devido a essa diferença ocorre a restrição do movimento da fase matriz na

vizinhança de cada partícula. Neste caso, a matriz transferirá uma parte da tensão

aplicada às partículas, que suportem uma fração da carga (CALLISTER, 2014).

Os compósitos com partículas grandes são utilizados em todos os três

tipos de materiais (metais, polímeros e cerâmicos). Como exemplos de

compósitos particulados muito utilizados pela indústria de construção civil

temos o concreto e a argamassa.

2.6. Argamassa.

Argamassa é definida como sendo a mistura de aglomerantes e

agregados minerais com água possuindo capacidade de endurecimento e

aderência, eventualmente fazem parte de sua composição produtos especiais,

denominados aditivos. Sendo empregada em alvenarias, para assentamento de

pedras, tijolos, blocos onde favorecem a distribuição de esforços. Nos

acabamentos, em emboço, reboco, tetos e pisos. E nos reparos de obras de

concreto, com injeções utilizando aditivo expansor.

Segundo a norma ABNT NBR 13281 (2005), argamassa é uma mistura

homogênea de agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo

ou não aditivos, com propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser

dosada em obra ou em instalação própria (argamassa industrializada).

2.6.1 Classificação das argamassas

As argamassas podem ser classificadas segundo diversos critérios. A ABNT

NBR 13281:2005 classifica as argamassas, de acordo com seu emprego. Mas

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28

também pode ser classificada segundo o tipo de aglomerante ou de acordo

com a dosagem.

2.6.2. Classificação segundo emprego

Argamassa para assentamento em alvenaria de vedação: Argamassa

indicada para ligação de componentes de vedação (como blocos e

tijolos) no assentamento em alvenaria, com função de vedação.

Argamassa para assentamento em alvenaria estrutural: Argamassa

indicada para a ligação de componentes de vedação (como blocos e

tijolos) no assentamento em alvenaria, com função estrutural.

Argamassa para complementação da alvenaria (encunhamento):

Argamassa indicada para fechamento da alvenaria de vedação, após a

última fiada de componentes

Argamassa para revestimento interno: Argamassa indicada para

revestimento de ambientes internos da edificação, caracterizando-se

como camada de regularização (emboço ou camada única).

Argamassa para revestimento externo: Argamassa indicada para

revestimento de fachadas, muros e outros elementos da edificação em

contato com o meio externo, caracterizando-se como camada de

regularização (emboço ou camada única).

Argamassa de uso geral: Argamassa indicada para assentamento de

alvenaria sem função estrutural e revestimento de paredes e tetos

internos e externos.

Argamassa para reboco: Argamassa indicada para cobrimento de

emboço, propiciando uma superfície fina que permita receber o

acabamento; também denominada massa fina.

Argamassa decorativa em camada fina: Argamassa de acabamento

indicada para revestimentos com fins decorativos, em camada fina.

Argamassa decorativa em monocamada: Argamassa de acabamento indicada

para revestimento de fachadas, muros e outros elementos de edificação em

Page 45: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

29

contato com o meio externo, aplicada em camada única e com fins decorativos.

2.6.3. Classificação segundo o Tipo de aglomerante.

Argamassas aéreas: Cal aérea, gesso e etc.

Argamassas hidráulicas: Cal hidráulica e cimento;

Argamassas mistas: Argamassa com um aglomerante aéreo e um hidráulico

2.6.3.1 Argamassas de cal

Podem ser usadas no traço 1:3 ou 1:4 de cal e areia para assentar tijolos e

no primeiro revestimento de paredes (emboço), devendo nestes casos a areia ser

média. Para o revestimento fino (reboco) usa-se o traço 1:1, sobre o emboço.

Neste caso a areia deve ser fina e peneirada, assim como a cal. Para melhorar a

impermeabilidade e a resistência destas, pode-se acrescentar 50 a 100 kg de

cimento por m³ de argamassa. Argamassas de cal podem ser preparadas em

grandes quantidades, utilizando-se durante toda obra (pega lenta).

2.6.3.2. Argamassas de gesso

Obtém-se adicionando água ao gesso, aceitando-se também pequena

percentagem de areia. A principal utilização é em interiores, na confecção de

ornamentos ou estuque. Assim seu uso em construção rural é muito reduzido.

2.6.3.3. Argamassas de cimento

Podem ser usadas em estado de pasta (cimento e água) para vedações

ou acabamentos de revestimentos, ou com adição de areia. A adição de areia

torna-as mais econômicas e trabalháveis, retardando a pega e reduzindo à

retração. Devido à pega rápida do cimento (em torno de 30 minutos) as

argamassas com esse aglomerante devem ser feitas em pequenas

quantidades, devendo ser consumidas neste período.

Page 46: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

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2.6.4. Classificação segundo a dosagem

Pobres ou magras: Quando o volume de aglomerante é insuficiente para

encher os vazios do agregado.

Cheios: Quando os vazios do agregado são preenchidos exatamente

pela pasta

Ricas ou gordas: Quando houver excesso de pasta.

2.6.5. Requisitos

A norma ABNT NBR 13281:2005 apresenta os requisitos que as

argamassas destinadas ao assentamento de paredes ou ao revestimento de

paredes e tetos devem cumprir, sendo classificadas de acordo com as

características e propriedades que apresentam.

2.7. Concreto

Concreto é constituído por uma mistura proporcional de cimento, água,

pedra e areia, sendo que o cimento ao ser hidratado pela água, forma uma

pasta resistente e aderente aos fragmentos de agregados (pedra e areia),

formando um bloco monolítico (www.portaldoconcreto.com.br, 2015).

O concreto possui como vantagens o baixo custo relativo, a

disponibilidade de seus materiais componentes em quase todos os lugares,

versatilidade e adaptabilidade, sua durabilidade e sua possibilidade de

incorporar com vantagens rejeitos industriais poluentes.

A dosagem ou traço é a proporção entre todos os materiais que constituem

o concreto. Cada material a ser utilizado na dosagem deve ser analisado

previamente em laboratório, a fim de verificar a qualidade e para se obter os dados

necessários à elaboração do traço (massa específica, granulometria, etc).

A porosidade do concreto tem influência na permeabilidade e na

resistência das estruturas, por isso o concreto deve ter uma boa distribuição

granulométrica a fim de preencher todos os vazios (OLIVEIRA, 2013).

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31

As propriedades do concreto e sua importância para os engenheiros se

dividem em duas fases da sua vida; fase de mistura, lançamento, compactação e

acabamento e a fase do concreto em endurecimento, endurecido e em serviço.

Trabalhabilidade, plasticidade, retração autógena, tempo de pega inicial e tempo

de pega final são alguns exemplos das propriedades do concreto na primeira fase.

Resistência do concreto à compressão e à tração, resistência ao desgaste

superficial, resistência ao impacto, módulo de elasticidade, porosidade, fluência e

retração são alguns exemplos de propriedades do concreto na segunda fase

(www.portaldoconcreto.com.br, 2015).

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32

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Procedimentos Experimentais

A seguir são descritos os procedimentos experimentais utilizados no

desenvolvimento deste trabalho, que consistiu na amostragem e caracterização da

escória, confecção dos corpos de prova e caracterização mecânicas destes. A

metodologia experimental está baseada na abordagem estatística de planejamento e

análise experimental (MONTGOMERY, 1997), com a utilização de um planejamento

fatorial. As etapas deste procedimento serão detalhadas nos itens seguintes.

3.2. Planejamento de Experimentos.

Para investigar propriedades que dependem do resultado da interação

de vários fatores, utilizam-se métodos de planejamento de experimentos, que

permite avaliar quantitativamente a influência de variáveis sobre as respostas

de interesse e sobre suas possíveis interações.

3.2.1. Seleção das variáveis de respostas

As variáveis de respostas escolhidas a serem analisadas neste trabalho

são: densidade aparente, densidade volumétrica, porosidade, absorção de

água, resistência mecânica à compressão, módulo de elasticidade, seguindo

as normas de cada tipo de ensaio.

3.2.2. Seleção dos fatores e níveis experimentais

Neste experimento, a matriz do compósito foi o Cimento Portland

Comum e a fase dispersa, partículas de escória geradas na produção das ligas

FeSiMn nas faixas granulométricas (800 – 0,075 mm; 4,75 – 800) e foi utilizada

areia fina para construção civil.

Os fatores e níveis foram selecionados com base nos estudos de artigos

discutidos na revisão bibliográfica e nos objetivos do projeto. Este trabalho pretende

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33

identificar quais fatores/níveis apresentam efeito significativo sobre as variáveis-

respostas selecionadas, verificando a possível utilização dos compósitos

desenvolvidos em setores industriais.

Dentre os fatores de maior relevância e possíveis de serem controlados,

escolheram-se dois, entre eles: fração volumétrica de escória, faixa

volumétrica das partículas de escória. Os fatores mantidos constantes no

experimento foram: tempo de mistura (~15min), temperatura ambiente de

fabricação, tempo de cura (28 dias) e teor água/cimento (0,5).

A fração volumétrica de escória na matriz cimentícia foi investigada em três

níveis: 20, 40 e 60% em volume em substituição de agregado de areias usadas.

A tabela 3.1 exibe os fatores e os níveis experimentais investigados

neste experimento.

Tabela 3.1. Níveis e fatores do experimento

Fonte: Autor

Fatores de experimento Níveis

Fração mássica de escória 1. 20%

(% da massa de areia) 2. 40%

3. 60%

Faixa granulométrica 1. 20-200

(US-Tyler) 2. 4-20

O planejamento fatorial completo foi adotado, ou seja, o experimento foi

realizado em todas as possíveis combinações dos níveis dos fatores. O

planejamento fatorial gerado a partir dos níveis e fatores apresentados na

tabela 3.2 2¹ 3¹ que fornece um resultado matemático de 6, representando o

número total de combinações distintas a serem realizadas neste experimento.

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Tabela 3.2. Planejamento fatorial completo

Planejamento Fatorial

Condições Fatores

Fração mássica da escória Faixa granulométrica da escória Experimentais

(%) (US-Tyler)

C1

20

20-200

C2 4-20

C3

40

20-200

C4 4-20

C5

60

20-200

C6 4-20

Foi adotado o método de aleatorização na preparação dos corpos de

prova, assim como na etapa de realização dos ensaios, permitindo uma

ordenação arbitrária das condições experimentais, evitando que efeitos de

fatores não controlados possam afetar a variável-resposta.

3.3. Caracterização da escória

Os resíduos para estudo foram fornecidos pela empresa Granha Ligas

S.A em sua forma bruta necessitando passar por um processo de redução

granulométrica para obter partículas para serem utilizadas como agregados na

fabricação dos compósitos.

O material obtido foi separado em lotes e utilizado para: arquivo do projeto,

granulometria, determinação da densidade e confecção dos corpos de prova.

3.3.1 Caracterização granulométrica

Para a fabricação de compósitos, a granulometria é um parâmetro

fundamental, pois diversos fatores dependem do tamanho do material a ser

trabalho, no caso do concreto, por exemplo, existe a exigência citada em

norma para granulometria específica do material utilizado como agregado

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miúdo e agregado graúdo. A argamassa também possui a faixa granulométrica

defina em norma para o agregado miúdo.

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35

A primeira etapa para classificar o material obtido foi a redução da

granulometria com a utilização de um moinho de mandíbula do Laboratório-

Escola de Cerâmica (LEC) da UFSJ.

Após esta etapa, o primeiro critério utilizado para a classificação dos

tamanhos das matérias-primas foi a retenção/passagem em uma série de

peneiras com aberturas de: 0,075 mm (200 US Tyler), 0,800 mm (20 US Tyler) e

4,75 mm (4 US Tyler) da empresa Bertel Indústria Metalúrgica LTDA.

Segundo a norma ABNT NM 248 (2003), após a separação da amostra em

lotes, as massas de cada lote devem ser medidas através da balança digital.

A série de peneiras deve ser encaixada formando um único conjunto

com abertura de malha em ordem crescente da base para o topo.

O primeiro lote é colocado sobre a peneira superior do conjunto,

evitando a formação de uma camada espessa de material sobre qualquer uma

das peneiras, pois o acúmulo de material sobre uma peneira impede o igual

acesso de todos os grãos à tela, durante sua agitação, como também pode

provocar a deformação permanente da tela. A tabela 3.3 indica a quantidade

máxima de material sobre as telas das peneiras.

Tabela 3.3. Máxima quantidade de material sobre as telas

das peneiras. Fonte: (ABNT NM 248, 2003) Máxima quantidade de material sobre a tela kg 3,6

2,7

1,8

1,4

0,89

0,67

0,33

0,20

Abertura de malha mm

50

37,5

25

19

12,5

9,5

4,75

< 4,75

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36

A série de peneiras foi levada ao agitador de peneiras por 10 e 15 minutos

e as frações retidas nas peneiras deve ser medida através de uma balança

digital para avaliar a influência no tempo de agitação na acomodação dos

grãos nas peneiras. Caso haja pouca diferença, o menor tempo será utilizado

como padrão no restante do ensaio.

Após a agitação mecânica, a peneira superior é destacada e agitada

manualmente (com tampa e fundo falso encaixados) até que após um minuto

de agitação contínuo a massa de material passante seja inferior a 1% da massa

do material retido. A agitação deve ser feita em movimentos laterais e

circulares alternados, tanto no plano horizontal quanto inclinado.

Ainda de acordo com a norma ABNT NM 248 (2003) o material retido na

peneira deve ser removido para uma bandeja identificada. Escovar a tela em

ambos os lados para limpar a peneira. O material removido pelo lado interno é

considerado retido (juntar na bandeja) e o desprendido na parte inferior como

passante. O procedimento deve ser repetido para todas as peneiras do conjunto.

A massa total do material retido em cada uma das peneiras e no fundo

do conjunto é medida e o seu somatório não deve diferir mais de 0,3% da

massa inicial do lote.

Para a realização dos cálculos e apresentação dos resultados a norma

ABNT NM 248 (2003) indica o cálculo da porcentagem retida (em massa) em cada

peneira com aproximação de 0,1%, para todos os lotes. As amostras devem

apresentar necessariamente a mesma dimensão máxima característica e, nas

demais peneiras, os valores de porcentagem retida individualmente não devem

diferir mais que 4% entre si. Caso isto ocorra, o peneiramento deverá ser repetido.

Realizar os cálculos das porcentagens médias, retida e acumulada, em cada

peneira, com aproximação de 1% e também determinar o módulo de finura (soma

das porcentagens retidas acumuladas em massa de um agregado, nas peneiras da

série normal, dividida por 100) com aproximação de 0,01.

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37

3.3.2. Caracterização química e mineralógica

A composição química percentual da escória fornecida pela Granha

Ligas S.A é apresentada na tabela 3.4.

Tabela 3.4 – Composição química percentual da escória. Dados

fornecidos pela Granha Ligas S.A

Porcentagem em peso

Óxidos (%)

SiO2 26

Al2O3 10

CaO 27,8

MgO 11

FeO 0,20

MnO 23

3.3.3. Massa específica da escória

A medição da massa específica da escória foi realizada baseando-se no

método de Chapman, porém foi utilizada uma proveta graduada e aferida no

lugar do tubo de Chapman.

Segundo a norma ABNT NBR 9776 (1987), a amostra de escória moída foi

levada à estufa para secagem (105 ºC – 110 ºC) até constância de massa. Para

realização do experimento colocou-se água na proveta até a graduação de 200

ml, em seguida foi introduzida, cuidadosamente, 500 g de agregado miúdo

seco no frasco e sendo devidamente agitada para eliminação de bolhas de ar.

O nível atingido pela água na proveta indica o volume em ml, ocupado pelo

conjunto água-escória. A figura 3.2 representa o procedimento realizado.

Page 55: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

38

Figura 3.2 – Dispositivo para definição da massa específica. A

massa específica do agregado é calculada mediante a expressão:

(3.1) Onde:

L =leitura do frasco (volume ocupado pelo conjunto água-agregado miúdo).

3.4. Confecção dos corpos de prova

Para a fabricação dos corpos de prova foram utilizados moldes

cilíndricos de PVC com dimensões 50 mm de diâmetro e 120 mm de altura,

garantindo a condição básica especificada na norma ABNT NBR 5738 (2008) de

altura igual a duas vezes o diâmetro, mostrados na figura 3.3

Figura 3.3. Moldes de PVC com 50 mm de diâmetro e 120 mm de altura

Page 56: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

39

Os moldes cilíndricos foram fixados na base de madeira com silicone

para garantir a vedação impedindo vazamento de água.

As fases foram misturadas em uma mini betoneira representado na figura 3.4.

Figura 3.4 – Mini betoneira fazendo a mistura das fases.

Após a mistura, o material foi vazado nos moldes. Para verter o material no

molde, primeiramente foram colocadas camadas até a metade do molde e o

material adensando para se acomodar no molde, após o adensamento o restante

do molde foi preenchido até a borda e o material foi adensado e nível na parte

superior. Após o preenchimento dos moldes, o conjunto foi levado a um agitador

de peneiras para que o ar fosse removido de dentro do corpo de prova, evitando a

formação de grandes poros. O objetivo desta etapa é permitir que as bolhas de ar

surjam na superfície dos corpos moldados. Finalmente os corpos de prova foram

ensacados, conforme figura 3.5 e foram para sala de cura durante 28 dias.

Page 57: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

40

Figura 3.5 – Procedimento para retirar o ar do interior dos corpos de prova.

Após a cura de 28 dias, os corpos foram retirados dos moldes de PVC, o

aspecto do corpo de prova após a retirada do molde pode ser observado na

figura 3.6. Pode-se observar retração no material após o período de cura.

Figura 3.6 – Corpos de prova curados

Para garantir o paralelismo das faces dos corpos fabricados foi utilizado

a retífica, processo observado na figura 3.7.

Page 58: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

41

Figura 3.7– Retífica utilizada para garantir a planicidade da extremidade dos

corpos de prova

Para cada condição foram fabricados 14 corpos de prova, 6 utilizados na

ensaio de resistência a compressão e 6 para o ensaio de absorção de água. Os

outros dois corpos restantes foram utilizados em pré-teste.

3.5. Caracterização dos corpos de prova

Após o tempo de cura, os corpos foram medidos e pesados novamente

em balança com precisão de 0,1 g, separados para diferentes finalidades e

ensaiados para determinação da resistência à compressão, densidade

aparente, porosidade e absorção de água.

3.5.1. Método de Arquimedes

Os ensaios de densidade aparente, porosidade e absorção de água foram

realizados segundo o método de Arquimedes que apresenta as seguintes fórmulas:

Page 59: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

42

Para a realização do método de Arquimedes foram selecionados 6 corpos de

cada condição, e estes foram cortados ao meio para que na vasilha pudesse caber a

maior quantidade possível no momento de deixar os corpos submersos, figura 3.8.

Figura 3.8 – Corpos imersoso em água para realização do ensaio de

absorção de água.

Page 60: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

43

Neste procedimento os corpos foram colocados na estufa por 24 horas

para que resquícios de água fossem eliminados. Passadas as horas

necessárias os corpos foram pesados para a definição da massa do compósito

seco (M1), figura 3.9 (a), e foram colocados em um recipiente com água ligado

a uma bomba de vácuo, para eliminar o ar presente no interior dos corpos e

garantir maior precisão nos valores desejados.

Passadas 24 horas os corpos foram removidos da vasilha e um por um

foram pesados, com o auxílio de um suporte ligado a um gancho situado na

extremidade inferior da balança e uma bacia com água, submersos para

obtenção da massa do corpo de prova imerso em água (M3), figura 3.9 (c).

A massa do corpo de prova úmido (M2) foi obtida após a medição do

corpo imerso. O corpo foi retirado da bacia e secado superficialmente com

papel toalha e colocado na balança imediatamente, figura 3.9 (b).

Figura 3.9. a) Massa do compósito seco (M1); b) massa do compósito

úmido (M2); c) massa do compósito imerso (M3).

3.5.2. Resistência à compressão

Após o período de 28 dias de cura os testes de resistência de compressão

através da ruptura dos corpos de prova deve ser realizado. De acordo com a

norma ABNT NBR 13279 (2005) o corpo de prova deve ser posicionado no

dispositivo de apoio do equipamento de modo que a face rasada não fique em

contato com o dispositivo de apoio nem com o dispositivo de carga.

Page 61: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

44

A norma ABNT NBR 13279 (2005) estipula também que o ensaio deve seguir a

seguinte carga a ser aplicada e a equação de cálculo da resistência à compressão:

Aplicar carga de (500 + 50) N/s até a ruptura do corpo de prova.

A resistência à compressão é calculada segundo a equação:

Rc = F

c (3.5) A

onde:

Rc , é a resistência à compressão, em megapascals (MPa);

Fc , é a carga máxima aplicada, em newtons

(N); A, é a área da seção( m²)

A norma ABNT NBR 13279 (2005) estabelece também que o dispositivo de

carga deve ser capaz de aplicar uma carga de 500 N/s. Deve ser provido de um

dispositivo indicador construído de forma que o valor indicado no momento da

ruptura da argamassa permaneça indicado depois da máquina de ensaio ter sido

descarregada. O prato superior do dispositivo deve ser capaz de se alinhar

livremente no momento do contato com a argamassa e, durante a aplicação da

carga, a posição relativa dos pratos inferior e superior deve permanecer

inalterada. Os pratos devem ser de aço, ter (40,0 + 0,1) mm de comprimento, (40 +

0,1) mm de lado e no mínimo 10 mm de espessura. A tolerância de planicidade

sobre toda a superfície de contato com a argamassa deve ser de 0,01 mm.

De acordo com a norma ABNT NBR 13281 (2005) as argamassas

destinadas ao assentamento de paredes ou ao revestimento de paredes e tetos

devem cumprir alguns requisitos, sendo classificadas conforme o valor obtido

para a resistência à compressão de acordo com a tabela 3.5.

Page 62: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

45

Tabela 3.5. Resistência à compressão da argamassa

Fonte:(ABNT NBR 13281:2005)

Classe Resistência à compressão (MPa)

P1 < 1,5

P2 1,5 a 3,0

P3 2,5 a 4,5

P4 4,0 a 6,5

P5 5,5 a 9,0

P6 > 8,0

O equipamento utilizado para realização do ensaio está representado na

figura 4.0 apresenta o ensaio realizado.

Figura 4.0 – Equipamento utilizado para realização do ensaio de compressão

Page 63: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

46

4. Resultados e Discussões

Neste capítulo serão apresentados resultados obtidos através do

método experimental anteriormente descrito, em uma primeira etapa serão

apresentados os resultados obtidos referentes a análise da escória. Na

segunda etapa serão apresentados os gráficos referentes aos resultados

obtidos nos ensaios mecânicos para comparar as principais características de

uma argamassa produzida com materiais convencionais com uma argamassa

produzida utilizando compósito com escória.

4.1 Caracterização da escória

a) Análise da massa específica da escória.

O ensaio realizado segundo o método de Chapman para determinação

da massa específica da escória apresentou como resultado: 2860 kg/m³.

De acordo com a especificação para agregados, a escória pode ser

considerado um agregado com massa específica normal, pois se encontra

entre 2000 kg/m³ e 3000 kg/m³.

b) Índice de basicidade

O índice de basicidade da escória calculado pela equação 2.1, aponta um

valor de 1,07, sendo considerada ácida com baixa hidraulicidade.

c) Análise morfológica da escória

A análise do grau de esfericidade a arredondamento da escória foi realizada

através de imagens e posteriormente comparados com as figuras 2.2 e 2.3.

Fazendo-se a avaliação da escória obtida e comparando-as com a classificação

apresentada nas figuras 2.2 e 2.3, conclui-se que as partículas de escória são

angulosas, alguns casos subangulosas com baixo grau de esfericidade As

observações realizadas foram qualitativas, tornando-se possível observar através

Page 64: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

47

das fotos que a escória possui uma superfície relativamente lisa, podendo ser

observado na figura 4.1.

Figura 4.1. Corpo de prova após a ruptura com a visualização das escórias.

4.2. Análise estatística

A tabelas com os valores obtidos para densidade aparente, absorção de

água, porosidade e resistência a compressão estão no Anexo 1 do trabalho. A

figura 4.2 traz o gráfico dos valores médios obtidos para densidade aparente

com desvio padrão. Na figura 4.3 são apresentados os valores médios para

absorção de água com desvio padrão. Os resultados de porosidade são

apresentados na figura 4.4, enquanto que a resistência a compressão dos

corpos de prova está representada na figura 4.5.

Page 65: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

48

Figura 4.2. Densidade aparente dos compósitos cimentícios

Figura 4.3. Absorção de água dos compósitos cimentícios

Page 66: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

49

Figura 4.4. Porosidade dos compósitos cimentícios

Figura 4.5. Resistência a compressão dos compósitos cimentícios

4.3. Densidade Aparente

De acordo com a figura 4.1 os valores médios obtidos para densidade aparente

do compósito fabricado com faixa granulométrica de 4 – 20 US Tyler ficaram entre

2,00 a 2,22 g/cm³. A maior incorporação de escória na composição do corpo de prova

teve como consequência o aumento da densidade aparente, devido

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50

ao fato da escória possuir uma massa específica superior à massa específica da areia

utilizada.

Nos corpos de prova fabricados com granulometria da escória na faixa de 20

– 200 US Tyler o valor médio da densidade aparente variou de 1,88 a 2,14

g/cm³, ocorrendo o mesmo efeito que na faixa de 4 – 20 US Tyler por conta da

massa específica do agregado.

O valor médio da densidade aparente obtido dos corpos de prova

fabricados na condição de referência foi de 1,83 g/cm³.

A comparação apresentada na figura 4.1 mostra que a densidade

aparente aumentou de acordo com a granulometria da escória.

Figura 4.6. Gráfico efeito da interação faixa granulométrica de escória e fração

de quantidade de escória sobre a média da densidade aparente.

4.4 Absorção de água

A absorção por imersão é uma característica importante da argamassa,

principalmente quando a argamassa for usada em revestimento para piscinas,

caixas d´água, diques e outras aplicações onde o contato com a água é

constante. Absorção de água por imersão é a medida do percentual de água

absorvido até a saturação quando o corpo de prova fica imerso em água.

Os valores médios obtidos para absorção de água nos corpos de prova

fabricados na faixa de 4 -20 US Tyler apresentaram uma variação entre 5,61 e 8,43

Page 68: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

51

%. Neste caso os corpos de prova com maior quantidade de escória apresentaram

menor absorção de água, devido à redução na porosidade do compósito fabricado.

A figura 4.2 apresenta os valores médios obtidos para absorção de água dos

corpos de prova fabricados na faixa de 20 – 200 US Tyler. Percebe-se a variação entre

8,31 e 11,10%. De maneira similar aos resultados obtidos para a faixa de 4 – 20 US

Tyler a absorção de água caiu com o aumento da quantidade de escória.

Os corpos de prova da condição de referência apresentaram valor médio

de absorção de água de 9,64%.

Na comparação entre as duas faixas granulométricas e a condição de

referência é possível perceber que quanto maior a granulometria da escória

menor será a absorção de água.

Figura 4.7. Gráfico efeito da interação faixa granulométrica de escória e fração

de quantidade de escória sobre a média da absorção de água

4.5 Porosidade

Conforme dito anteriormente para a análise da absorção de água, os corpos

de prova fabricados com maior quantidade de escória apresentaram menor

porosidade e como consequência menor absorção de água. De acordo com a

figura 4.3 valores médios obtidos variaram entre 12,42 a 16,79% de porosidade.

A figura 4.3 mostra que o valor médio obtido para porosidade nos corpos de

prova fabricados na faixa de 20 – 200 US Tyler ficou entre 16,30 e 20,79%. Neste

caso o acréscimo de escória também acarretou em uma redução nos poros.

Page 69: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

52

Para a condição de referência o valor médio obtido para a porosidade foi

de 17,99%.

É possível avaliar que o aumento na granulometria da escória

adicionada acarretou em uma redução na porosidade do compósito,

reduzindo também a absorção de água.

Figura 4.8. Gráfico efeito da interação faixa granulométrica de escória e

fração de quantidade de escória sobre a média da porosidade

4.6. Resistência a compressão

O ensaio para determinar a resistência à compressão foi realizado em

corpos de prova 50 x 100 mm conforme a NBR 13279 (ABNT, 2005).

Os valores obtidos para resistência a compressão dos compósitos

fabricados na faixa de 4 – 20 US Tyler obtiveram uma média de 19,5 a 24,0 MPa.

Quanto maior a fração percentual em massa de escória, em adição a areia,

maior foi o valor médio da resistência a compressão.

Os valores médios obtidos de resistência a compressão para a faixa de 20 –

200 US Tyler. Os valores médios variaram de 16,3 a 21,1 MPa, apresentando

também ganho de resistência de acordo com o aumento da quantidade de escória.

Page 70: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

53

Os corpos de prova de referência (areia + cimento) apresentaram um valor

médio de resistência a compressão de 16,5 MPa, conforme mostrado na figura 4.4.

De acordo com os valores obtidos pode-se perceber o aumento da

resistência com o aumento percentual da escória, fato este que pode ser

explicado devido ao efeito pozolânico devido à presença de silicatos e

aluminicatos na composição da escória, que em contato com a água adquire

um endurecimento, aumento a resistência do compósito a medida que a

quantidade dessa substância for aumentada na fabricação.

Ao analisar a figura 4.4 é possível perceber que a granulometria da escória

também exerceu influência sobre a resistência a compressão do compósito. Os

corpos de prova fabricados na faixa de 4 – 20 US Tyler obtiveram um melhor

desempenho comparados com os corpos de prova fabricados na faixa de 20 – 200

US Tyler e os corpos de prova de referência. Tanto a faixa de 4 – 20 US Tyler e 20 –

200 US Tyler apresentaram ganho devido a reação pozolânica, porém as partículas

maiores de escória dificultaram a propagação das trincas, obrigando-as a

percorrer um caminho maior durante a compressão, e como consequência dessa

obstrução ocorreu o aumento da resistência mecânica.

Pela tabela 3.5 pode-se considerar uma argamassa do tipo P6;

Figura 4.9. Gráfico efeito da interação faixa granulométrica de escória e fração

de quantidade de escória sobre a média da resistência a compressão.

Page 71: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

54

4.7. Análise de variância

Pelo método de análise de variância (ANOVA) é possível avaliar se o

aumento ou redução de uma propriedade obteve valores significativos, dentro

da margem de 5% de significância.

As tabelas e o método de cálculo serão apresentados no Anexo A deste

trabalho.

Para as propriedades avaliadas foi possível perceber que houve uma

significância no aumento da fração de escória de 20% para 40% e no aumento

da granulometria da escória presente nos corpos de prova.

Quando se aumentou a fração percentual de 40% para 60%, dentro da

margem de significância de 5%, não houve um aumento representativo de

acordo com o método de análise de variância.

Os valores apresentados nas tabelas acima foram utilizados na

realização da análise de variância do experimento, com objetivo de identificar

se as variações foram significativas, com uma confiabilidade de 95% no teste.

A tabela 4.5 apresenta os resultados obtidos na análise de variância

mostrando quais fatores foram significativos para cada propriedade analisada.

Na análise de variância é utilizado como parâmetro para comparação de

avaliação dos resultados o test f, de acordo com a seguinte condição:

Se f calc > f tab → SIM (resultado possui significância)

Se f calc < f tab → NÃO (resultado não possui significância) Tabela

4.1. Análise de variância e significância dos resultados

Fator Densidade Absorção Porosidade Resistência aparente de água aparente a compressão

Fração escória SIM SIM SIM SIM

Faixa granulométrica SIM SIM SIM SIM

Nível

20 % - 40% SIM SIM SIM SIM

40% - 60% NÃO NÃO NÃO NÃO

20 – 200 US Tyler SIM SIM SIM SIM

4 – 20 US Tyler

Page 72: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

55

De acordo com as informações apresentadas na tabela 4.5 percebe-se

que a variação da quantidade de escória e do tamanho das partículas da

escória possuem uma influência nos resultados das propriedades avaliadas.

Porém quando houve o aumento na quantidade de escória ocorreu de 40%

para 60%, a análise de variância mostrou que apesar do valor da propriedade ter

apresentado um aumento, esse aumento não pode ser considerado significativo

dentro da margem de 95% de aceitação do experimento. Quando a análise é feita

no aumento do tamanho das partículas da faixa de 20 – 200 US Tyler para 4 – 20

US Tyler pode-se concluir que os resultados são significantes e portanto houve

um aumento considerável nas propriedades do compósito.

Page 73: Bruno Costa Chaves - UFSJ · Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.5. Porosidade dos compósitos cimentícios 49 Figura 4.6. . Gráfico efeito da interação faixa granulométrica

56

5. CONCLUSÃO

O processo de fabricação dos compósitos desenvolvidos mostrou ser

simples, sendo os materiais obtidos da mistura direta entre as fases.

As principais conclusões obtidas foram:

i. A incorporação progressiva da quantidade de escória, como também na

granulométrica da escória, conferiu aumentos na densidade aparente, devido

à massa específica da escória ser maior que a massa específica da areia.

ii. As propriedades porosidade aparente e absorção de água apresentaram

comportamentos semelhantes. Os menores resultados foram obtidos na faixa

granulométrica de 4 – 20 US Tyler e 60% de adição de escória. Os resultados

mostram que o aumento da quantidade de escória e do tamanho da partícula

reduz os poros do compósito aumentando a sua impermeabilidade.

iii. Quanto à resistência a compressão, observou-se um aumento em relação a

argamassa sem substituição. Essa propriedade é bastante afetada pela

fração e pela granulometria da escória. A medida que aumenta a quantidade

de escória o compósito sofre um ganho de resistência a compressão, isso

acontece devido às reações pozolânicas da escória. O efeito pozolânico

ocorre devido a presença de silicatos e aluminicatos no material, que ao

entrar em contato com água sofre reações que ocasionam em um

endurecimento do material. O aumento do tamanho das partículas de

escória, com resistência e dureza maior que a matriz (Cimento), faz com que

as trincas percorram um caminho maior no momento da compressão, por

este motivo a resistência a compressão do compósito aumenta a medida

que a granulometria da escória aumenta. iv. A condição de 60% de adição de escória na faixa de 4 – 20 US Tyler

apresentou baixa porosidade, baixa absorção de água e elevada

resistência a compressão, podendo ser considerada a melhor condição

observada no experimento.

Em geral conclui-se que é possível o reuso das partículas de escória em

compósitos cimentícios para aplicações não-estruturais, em se tratando

das propriedades mecânicas encontradass.

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57

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ANEXO A – Tabelas com os valores obtidos nos ensaios de densidade

aparente, absorção de água, porosidade e resistência a compressão.

Fração Faixa Densidade Aparente (g/cm³)

Condição de granulométrica

Corpos de prova

escória de escória

(US Tyler) CP08 CP09 CP10 CP11 CP12 CP13 Média Desvio

Padrão

C1 20% 20 – 200 1,86 1,88 1,89 1,84 1,93 1,86 1,88 0,03

C2 20% 4 – 20 2,02 1,98 2,02 1,91 2,09 1,98 2,00 0,06

C3 40% 20 – 200 2,06 2,09 2,10 2,15 2,04 2,11 2,09 0,04

C4 40% 4 – 20 2,20 2,15 2,39 2,12 2,07 2,12 2,18 0,11

C5 60% 20 – 200 2,13 2,14 2,15 2,10 2,18 2,16 2,14 0,03

C6 60% 4 – 20 2,22 2,16 2,26 2,18 2,24 2,23 2,22 0,04

Ref - - 1,87 1,89 1,86 1,85 1,88 1,86 1,87 0,01

Fração Faixa Absorção de água (%)

Condição de granulométrica

Corpos de prova

escória de escória

(US Tyler) CP08 CP09 CP10 CP11 CP12 CP13 Média Desvio

Padrão

C1 20% 20 – 200 11,62 10,81 9,84 12,91 9,28 12,01 11,1 1,34

C2 20% 4 – 20 8,21 8,69 7,84 10,63 7,01 8,20 8,43 1,21

C3 40% 20 – 200 8,70 9,90 8,10 8,15 8,80 8,87 8,75 0,65

C4 40% 4 – 20 5,12 5,50 6,12 6,27 7,12 6,27 6,07 0,7

C5 60% 20 – 200 8,30 7,80 9,00 7,90 8,34 8,49 8,31 0,43

C6 60% 4 – 20 5,84 6,45 4,28 6,35 5,14 5,63 5,61 0,81

Ref - - 10,07 8,19 10,02 10,52 8,66 10,36 9,64 0,97

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Fração Faixa Porosidade (%)

Condição de granulométrica

Corpos de prova

escória de escória

(US Tyler) CP08 CP09 CP10 CP11 CP12 CP13 Média Desvio

Padrão

C1 20% 20 – 200 21,59 20,34 18,63 23,77 18,09 22,34 20,79 2,02

C2 20% 4 – 20 16,55 17,22 15,80 20,29 14,62 16,28 16,79 1,92

C3 40% 20 – 200 17,18 17,89 17,60 18,87 16,78 16,50 17,19 0,57

C4 40% 4 – 20 11,28 11,82 14,63 13,28 14,76 13,30 13,18 1,42

C5 60% 20 – 200 15,97 15,85 16,90 16,50 16,34 16,22 16,30 0,38

C6 60% 4 – 20 12,99 13,94 9,68 13,83 11,53 12,57 12,42 1,61

Ref - - 18,79 15,47 18,68 19,46 16,29 19,23 17,99 1,68

Fração Faixa Resistência a compressão (MPa)

Condição de granulométrica

Corpos de prova

escória de escória

(US Tyler)

CP CP CP CP CP CP CP Média Desvio

01 02 03 04 05 06 07 Padrão

C1 20% 20 – 200 15,9 17,5 16,7 15,4 16,4 16,4 15,7 16,3 0,7

C2 20% 4 – 20 18,1 16,6 13,0 17,0 17,0 17,9 19,5 17,0 1,9

C3 40% 20 – 200 19,1 20,3 21,2 19,0 18,8 20,0 17,9 19,5 1,1

C4 40% 4 – 20 21,7 22,4 22,5 22,8 23,3 22,7 22,4 22,6 0,4

C5 60% 20 – 200 23,5 21,3 21,1 20,1 20,1 21,8 20,1 21,1 1,2

C6 60% 4 – 20 26,3 24,0 23,1 22,5 24,4 20,8 24,0 23,6 1,6

Ref - - 15,7 15,8 17,0 17,5 17,4 17,5 14,4 16,5 1,1