bruna e rotiana.termorregulação em ectotermos

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TERMORREGULAÇÃO EM ECTOTÉRMICOS Bruna Palese Thies Lopes Rotiana Bohrer Rodrigues 25 de novembro de 2013 Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Naturais e Exatas - CCNE Curso de Ciências Biológicas Disciplina de Fisiologia Animal Comparada Prof. Bernardo Baldisserotto

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Page 1: Bruna e Rotiana.Termorregulação em Ectotermos

TERMORREGULAÇÃO EM ECTOTÉRMICOS

Bruna Palese Thies LopesRotiana Bohrer Rodrigues

25 de novembro de 2013

Universidade Federal de Santa MariaCentro de Ciências Naturais e Exatas - CCNE

Curso de Ciências BiológicasDisciplina de Fisiologia Animal Comparada

Prof. Bernardo Baldisserotto

Page 2: Bruna e Rotiana.Termorregulação em Ectotermos

Termorregulação• Manutenção de uma temperatura relativamente

constante.

Temperatura

• Principal determinante da taxa metabólica;• Determinante dos constituintes e propriedades

funcionais dos tecidos;• Processos biofísicos, velocidade das reações

bioquímicas, estados físicos de viscosidade de materiais celulares.

Page 3: Bruna e Rotiana.Termorregulação em Ectotermos

Ectotermia• Temperatura corporal determinada pelas condições

externas;• Produzem calor, mas são incapazes de produzi-lo com

rapidez suficiente ou de retê-lo;• Endotermia: aquecimento dos tecidos• Regulação por meio de diferentes estratégias e

comportamentos;• Maioria dos animais (exceto aves e mamíferos);• Alguns animais conseguem manter-se mais quentes.

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Ha = Ht ± Hr - Hc - He

a → armazenamento de calor

t → produção de calor total

r → troca de calor por radiação

c → troca de calor por convecção e condução

e → troca de calor por evaporação

Temperatura corpórea > temperatura do meio Hc e He negativos → perda de calor

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Animais aquáticos

• Não há evaporação;

• Radiação ↓ Ha = Ht - Hc

• 2 parâmetros para o armazenamento: produção total de calor aumentada ou a perda de calor minimizada.

Page 6: Bruna e Rotiana.Termorregulação em Ectotermos

• ↑ condutividade térmica e ↑ calor específico = animais pequenos com temperatura semelhante a do meio;

• alta quantidade de calor → elevada taxa de O2 → grande superfície branquial → sangue para transporte de O2;

• Circulação do sangue pelas brânquias → resfriamento

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• membrana branquial delgada → não é barreira para troca de calor;

• Solução: trocador de calor entre as brânquias e os tecidos;

• peixes grandes → nadam muito rápido;

• manter seus músculos natatórios aquecidos independente da temperatura da água;

• Atum: capaz de reter calor o suficiente para aumentar a temperatura em 10 C° ou mais acima da temperatura da água.

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Peixes de águas frias

• Concentração osmótica afeta a temperatura que a água congela;

• A água pura congela a 0°C e o aumento da concentração osmótica diminui o ponto de congelamento;

• As concentrações dos fluidos corporais de peixes marinhos correspondem aos pontos de congelamento de -0,6 a -0,8ºC, e o ponto de congelamento da água do mar é de -1,86°C.

Page 9: Bruna e Rotiana.Termorregulação em Ectotermos

• Quando a água congela, moléculas de água tornam-se orientadas como uma treliça de cristais;

• O processo de cristalização é acelerado por agentes nucleinizantes que mantém as moléculas de água na orientação espacial apropriada para o congelamento;

• Na ausência dos agentes nucleinizantes a água pura pode permanecer no estado líquido a -20°C;

• Os peixes de superfície sintetizam substâncias anticongelantes no inverno que diminuem o ponto de congelamento de seus fluidos corpóreos até aproximadamente aquele da água do mar;

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Glicoproteínas com pesos moleculares de 2600 a 33000;

Polipeptídeos e pequenas proteínas com pesos moleculares de 3300 a 13000.

• Os peixes marinhos tem duas categorias de moléculas orgânicas que os protegem contra o congelamento:

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Trematomus borchgrevinki

A glicoproteína é absorvida na superfície dos cristais de gelo e impede seu crescimento, evitando que as moléculas de água assumam a orientação própria para juntar-se a treliça de cristal.

Page 12: Bruna e Rotiana.Termorregulação em Ectotermos

• No deserto, os hábitats aquáticos apresentam as mesmas temperaturas extremas que os hábitats terrestres;

• A água possui uma capacidade de aquecimento muito maior que o ar;

• Poças de água podem apresentar temperaturas letais no fim do verão;

• Comportamento dos girinos de Rana boylii, que mudam de posição em uma poça de água em resposta a mudanças de temperatura durante o dia.

Animais aquáticos no deserto

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Invertebrados marinhos

• concentrações osmóticas = temperatura do meio;

• baixas temperaturas não são problemas → ponto de congelamento = meio;

• Animais de áreas de estirâncio:

↑ maré: não congelam ↓ maré: -30°C, congelando 90% de seus

líquidos corpóreos.

Page 15: Bruna e Rotiana.Termorregulação em Ectotermos

Animais terrestres

Para elevar a temperatura corpórea

Reduzir a evaporação e perda por condução

+

Aumentar a absorção por radiação e\ou a produção metabólica

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Absorção por radiação

• Utilizada por insetos e répteis

• Influenciada pela coloração

• Posição do sol

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Mudança de coloração (componente fisiológico)

• Dispersão ou contração de células de pigmento preto localizadas na pele.

• Mudanças na cor do corpo aumentam em até 75% a absorção de energia radiante.

•CORES ESCURAS = responsáveis pelo aumento na absorção das ondas curtas

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Ao atingir a temperatura ideal, há um clareamento da pele e mudança de postura.

•Alguns lagartos absorvem 73% da radiação quando escuro e 58% quando suas cores estão mais claras

• Alguns animais têm a capacidade de clarear o corpo depois de já estarem aquecidos.

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Aumento da área de exposição

• Esticando as pernas e achatando o corpo conseguem uma orientação corporal em ângulos retos em relação ao sol.

Page 20: Bruna e Rotiana.Termorregulação em Ectotermos

Alterações do contorno do corpo+Mudança na orientação do corpo em relação ao solPosturas de termorregulação do lagarto chifrudo Phrynosoma cornutum:

(a) Orientação positiva: costelas abertas deixam o corpo quase circular e o eixo mais longo do corpo fica perpendicular aos raios solares;

(b) Orientação negativa: costelas comprimidas tornam o corpo mais estreito e o eixo mais longo do corpo fica paralelo aos raios solares;

(c) Não orientado: costelas relaxadas e o sol sobre a cabeça.

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Ajustes na circulação periféricaIguana marinha

Amblyrhynchus cristatus

Galápagos - Equador

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Tempo de aquecimento XTempo de resfriamento

Iguana marinho dos galápagos:

• quando um animal frio é imerso em água, que está 20ºC acima de sua TC, o aquecimento é 2x mais rápido do que o resfriamento;

• no ar ambas as taxas são superiores, mas o aquecimento se mantém 2x mais rápido que o resfriamento.

Page 25: Bruna e Rotiana.Termorregulação em Ectotermos

• Durante o aquecimento: aumenta frequência cardíaca e Tº corpórea.

• Durante o resfriamento: diminui bruscamente a frequência cardíaca, reduzindo a circulação e retardando a perda de calor.

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• Cobras fêmeas mantêm alta sua T° corpórea quando em período de incubação de seus ovos.

ex : Serpente Piton – com auxílio de um termopar, notou-se um aumento em sua Tº corpórea que ficou 4 a 5ºC acima da Tº do ar. Aumentou a taxa de consumo de O2, e após 30 dias diminuiu em 30% seu peso corpóreo de 14,3kg para 10,3kg.

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Ectotermos terrestres no deserto

AR SECOAUSÊNCIA DE

NUVENS

FORTE RADIAÇÃO

SOLAR

VEGETAÇÃO ESPARSA

BAIXA DENSIDADE DE

INSETOS

POPULAÇÃO ESPARSA DE PEQ.

VERTEBRADOS

REDUÇÃO DE CARNIVOROS PREDADORES

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Adaptações

• Baixas temperaturas metabólicas,(amenizam a escassez de água e alimentos);

• Aumento dos limites dentro dos quais controlam a temperatura corporal e concentrações de fluido corporal;

• Tornam-se inativos durante longos períodos do ano ou adotam uma combinação de ambas as respostas.

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• Dia (quente) e a Noite (frio)

• Temperatura anual mínima: abaixo do ponto de congelamento

• temperatura anual máxima: acima de 50ºC

• Parte do solo iluminado (muito quente, letal)

• Parte do solo sombreado (frio)

• Solução: abrigos subterrâneos (temperatura anual varia entre 10 a 25ºC)

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• Lepidobatrachus laevis (Am Sul) – animal se enterra e constrói um “casulo” para se proteger da perda de água

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• Armazena H2O na bexiga urinária (até 25% MC)

• Animal se enterra (até 2 anos) Alimentam-se de térmitas

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Exemplos..

Jabuti-do-Deserto de Mohave

• Cavam buracos rasos (abrigos diários durante o verão)

• Cavam buracos profundos (hibernar no inverno)

Gopherus agassizii

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Lagarto iguanídeo “chukwalla” (Sauromallus obesus)

• California, EUA.

• Mesmas dificuldades que os jabutis, mas a resposta é diferente.

• Possuem glândulas de sal

• Não bebem água da chuva

• Obtém água das plantas que consomem (água livre e água metabólica)

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Comportamento do lagarto Sauromalus obesus

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Anfíbios no deserto

Pele permeável no deserto!

• Possuem a pele tão permeável quanto anfíbios de ambientes úmidos.

• Devem controlar perda e ganho de água através de comportamento.

Constroem buracos de cerca de 60cm de profundidade, e enchem as extremidades de lama.

Scaphiopus multiplicatus

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Phyllomedusa sauvagei

Chiromantis xerampelina

• Perdem água pela pele a uma taxa de 1\10 das demais = espalha com as patas secreções lipídicas de glândulas dérmicas sobre o corpo.

• Excreção de ácido úrico (uricotélicos)

• Desenvolvimento rápido em poças de chuva (2-3 semanas)

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Chiromantis xerampelina: abandona sua coloração escura e protetora (esquerda) e adota uma cor mais clara para refletir os raios de sol (direita).

Mudança de cor:

•MSH – hormônio estimulador dos melanóforos – produzido pela hipófise

•MSH => dispersão de melanina => animal escurece.

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Ectotermos terrestres no frio

• Em altitudes de 3000 metros, como no oeste da América do Norte, esses animais enfrentam temperaturas abaixo do ponto de congelamento em noites frias, mas os dias ensolarados permitem termorregulação e atividade destes.

• Resistem a temperaturas –5,5ºC

Sceloporus jarrovi

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• Tartarugas pintadas: poem ovos em ninhos que a fêmea escava no solo, num buraco de poucos cm.

• No final do verão os filhotes permanecem no ninho até a próxima primavera. Chrysemys picta

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•Ao congelar o solo os filhotes ficam expostos a temperaturas de até –10ºC.

•A camada externa da pele das tartarugas forma uma barreira que resiste a penetração dos cristais de gelo. Camada esta formada por alfa-queratina e uma camada de lipídeos mais interna.

Page 41: Bruna e Rotiana.Termorregulação em Ectotermos

•A rã (Rana sylvatica) pode sobreviver no inverno graças à capacidade de tornar-se congelada e sólida. O animal não é danificado durante o processo e é reanimado com o aumento da temperatura.

• O processo de descongelamento é ainda um mistério, os cientistas precisam identificar o “gatilho” que reinicia o batimento cardíaco da rã.

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• Imagens de ressonância magnética de uma rã durante o processo de congelamento.

•A região escura corresponde ao local onde os cristais de gelo são formados.

O congelamento progride em direção aos órgãos vitais.

•O fígado (em forma de V) é o último a congelar. O fígado produz a glicose, que diminui o ponto de congelamento e protege as células.

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• Estudos recentes revelaram que pelo menos 5 espécies de rãs da América do Norte sobrevivem ao congelamento de seus líquidos corporais a –8ºC no inverno: Hyla chrysoscelis, Hyla versicolor, Pseudacris crucifer, Pseudacris tliserjata e Rana sylvatica. Esta adaptação permite que essas espécies “hibernem” abaixo da superfície do solo da floresta onde a exposição à temperaturas abaixo de zero é inevitável.

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Hyla versicolor

• Depressão metabólica: estratégia adaptativa chave para sobrevivência em ambientes extremos

• Níveis elevados de glicose: deprimem a biossíntese de uréia no fígado.

•Rãs congeladas: apresentam mecanismos para gerar ATP a partir da fermentação do glicogênio ou glicose, e são tolerantes a períodos com pouca energia.

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Invertebrados voadores

• Tornam-se progressivamente lerdos e incapazes de voar a temperaturas baixas;

• Alguns conseguem aquecer os músculos do vôo;

• Músculos do vôo encontram-se no tórax e podem produzir calor por tremores;

• Principalmente em grandes insetos como gafanhotos, grandes mariposas, borboletas, mamangavas, vespas e abelhas

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Vantagens da ectotermia

• Conversão da energia em biomassa;

• Energia de origem alimentar;

• Necessidade de menor quantidade de alimento;

• Hábitats com suprimentos energéticos baixos.

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Desvantagens da ectotermia

• Exclusão de certos hábitats;

• Tempo de termorregulação.

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• A ectotermia não é uma simples estratégia para obter energia, mas uma complexa adaptação de caráter ancestral, que vem obtendo sucesso ao longo dos tempos e comprovando ser um modo de vida muito efetivo nos ecossistemas modernos.

Conclusão

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Baldisserotto, B. Fisiologia de peixes aplicada à piscicultura. 2ª. ed., Editora da UFSM, Santa Maria, 2009, 352p.

Hill, R.W.; Wyse, G.A.; Anderson, M. Fisiologia animal. 2a ed. Artmed, Porto Alegre. 2012, 894p.

Moyes, C.D.; Schulte, P.M. Princípios de fisiologia animal. 2a ed. Artmed, Porto Alegre. 2010, 792p.

Pough, F.H.; Heiser, J.B.; McFarland, W.N. A vida dos vertebrados. 3ª. ed., Atheneu Editora, São Paulo, 2003, 699p.

Referências bibliográficas

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Referências das imagens

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