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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
BRUNA MATHEUS
ANÁLISE DOS PRINCIPAIS ÍNDICES FINANCEIROS / ECONÔMICOS DAS
EMPRESAS SADIA S/A E PERDIGÃO S/A, NOS EXERCÍCIOS DE 2006, 2007 E
2008: Um estudo de caso.
Balneário Camboriú
2009
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BRUNA MATHEUS
ANÁLISE DOS PRINCIPAIS ÍNDICES FINANCEIROS / ECONÔMICOS DAS
EMPRESAS SADIA S/A E PERDIGÃO S/A, NOS EXERCÍCIOS DE 2006, 2007 E
2008: Um estudo de caso.
Monografia apresentada como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel em
Administração – Gestão Empreendedora, na
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de
Educação Balneário Camboriú.
Orientador: MSc. Cristina Melim Petri
Balneário Camboriú
2009
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BRUNA MATHEUS
ANÁLISE DOS PRINCIPAIS ÍNDICES FINANCEIROS DAS EMPRESAS SADIA
S/A E PERDIGÃO S/A: Um estudo de caso.
Esta monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em
Administração e aprovada pelo curso de Administração – ênfase em Gestão
Empreendedora da universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário
Camboriú.
Área de Concentração: Administração
Balneário Camboriú, 01 de dezembro de 2009.
____________________________________
MSc. Cristina Melim Petri
Orientadora
______________________________________
Esp. Osmundo Saraiva Jr.
Avaliador
______________________________________
MSc. Ricardo Titericz
Avaliador
4
EQUIPE TÉCNICA
Estagiário: Bruna Matheus
Área de Estágio: Administrativa
Professor Responsável pelos Estágios: Profª. MSc. Lorena Schröder
Supervisor da Empresa: José Carlos Boni
Professor Orientador: MSc. Cristina Melim Petri
5
DADOS DA EMPRESA
Razão Social: Distribuidora Irmãos Boni LTDA EPP.
Endereço: Rua: 3110 Nº. 481 Centro Balneário Camboriú SC.
Setor de Desenvolvimento do Estágio: Administrativo
Duração do Estágio: 120 horas
Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: José Carlos Boni Proprietário e
Administrador
Carimbo do CNPJ da Empresa:
6
AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA
Balneário Camboriú, 15 de março de 2009.
A Empresa Distribuidora Irmãos Boni LTDA EPP, pelo presente instrumento,
autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do
Relatório de Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular
Obrigatório, pelo acadêmico Bruna Matheus.
___________________________________________________
Responsável pela Empresa
7
“O que sabemos fazer, aprendemos fazendo.”
Aristóteles
8
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por tudo o que tenho e que sou, pois sem Sua presença
jamais superaria todos os desafios de minha vida.
À minha orientadora professora Cris Melim, um agradecimento por enfrentar
esse desafio comigo, por acreditar e confiar em nosso trabalho, e pelo conhecimento
transmitido na elaboração deste.
Aos colegas, agradeço os bons momentos que só conseguimos viver nesse
ambiente e as grandes amizades que pude fazer e levarei para sempre comigo.
Agradeço a meus mestres que mais do que conhecimento, compartilham
idéias, culturas e valores que me engrandeceram muito como indivíduo no decorrer
destes quatro anos.
Meu agradecimento a minha família, que colaborou muito para hoje eu ser
quem sou. Em especial ao meu pai, Rogério Matheus, porque tenho a certeza que
haja o que houver ele estará ao meu lado me apoiando, sem ele esse sonho não se
realizaria.
9
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise dos principais índices financeiros e econômicos das empresas Sadia e Perdigão, referente aos anos de 2006, 2007 e 2008. Para tanto, foram elaborados históricos das duas empresas e do processo de fusão, assim como gráficos dos principais índices financeiros, com o intuito de confrontar as informações com a situação financeira real das empresas. O tipo da pesquisa utilizada foi descritiva, e quali-quantitativa como metodologia de resolução do presente trabalho. Como forma de pesquisa utilizou-se a construção de históricos das duas empresas, a verificação dos principais índices financeiros a fim de comparar a situação financeira / econômica das duas organizações, e um breve aglomerado das principais informações expostas em importantes veículos de comunicação, percebendo as vantagens e desvantagens de cada empresa em todos esses aspectos, e certificando se as informações veiculadas pela mídia estão de acordo com que os índices financeiros obtidos demonstram. Foram identificadas vantagens obtidas pela Perdigão no quesito histórico de empresas, índices favoráveis e desfavoráveis, tanto para a Perdigão quanto para Sadia e a veracidade das afirmações veiculadas pela mídia.
Palavras chaves: índices financeiros, fusão e prejuízo
10
ABSTRACT
This work has as goal, make an analysis of the principals financials and economical index of the Sadia and Perdigão companies, analyzing the years of 2006, 2007, and 2008. For that its has been elaborated an Historic of the two companies, the fusion process and graphics of the principals financials index, with the purpose of confront the information with the real financial situation of the companies. The type of the research was descriptive and quant qualitative as a methodology of the resolution of this work. As a research way was used the construction of the historical of both companies, the verifying of the principals financials index with the purpose of compare the financial / economical situation of the two companies, and a short cluster of the most important information that has been linked in news media, verifying the advantage points of each one of the companies in all those aspects, and certifying that the media information are similar to the financials index shows by Perdigao and Sadia. Has been identifies advantages in Perdigao on the Historical of the Companies, favorable and adverse index for both companies and the truthfulness of the media affirmations. Key words: financial index, fusion and impairment.
11
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
Figura 1: Atividades básicas do administrador financeiro..........................................22
Figura 2: Funções da administração financeira..........................................................23
Figura 3: Índice de alavancagem financeira...............................................................24
Figura 4: Índice de grau de alavancagem..................................................................25
Figura 5: Modelo de avaliação de empresas e negócio.............................................26
Figura 6: Equação do valor contábil...........................................................................27
Figura 7: Equação do valor de mercado....................................................................27
Figura 8: Equação do preço X lucro...........................................................................28
Figura 9: Fórmula da taxa interna de retorno.............................................................30
Figura 10: Análise de tendência.................................................................................34
Figura 11: Índice de liquidez geral..............................................................................35
Figura 12: Índice de liquidez corrente........................................................................35
Figura 13: Índice de liquidez seca..............................................................................36
Figura 14: Índice de liquidez imediata........................................................................36
Figura 15: Índice de participação de capital de terceiros...........................................37
Figura 16: Índice de composição do endividamento..................................................37
Figura 17: Índice de imobilização do patrimônio líquido.............................................38
Figura 18: Índice de imobilização dos recursos não correntes..................................38
Figura 19: Índice de endividamento geral..................................................................39
Figura 20: Taxa de retorno sobre o investimento.......................................................39
Figura 21: Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido...............................................40
Figura 22: Margem bruta de lucro sobre as vendas...................................................40
Figura 23: Margem operacional de lucro sobre as vendas........................................41
Figura 24: Margem líquida de lucro sobre as vendas................................................41
Figura 25: Período médio de cobrança......................................................................42
Figura 26: Período médio de pagamento...................................................................43
Figura 27: Giro do estoque.........................................................................................43
Figura 28: Índice de giro do ativo...............................................................................44
Figura 29: Ciclos operacional e financeiro.................................................................44
Figura 30: Fator de insolvência..................................................................................45
Figura 31: Termômetro de insolvência de Kanitz.......................................................46
Figura 32: Moinho da Concórdia, primeira empresa de Atílio Fontana......................53
12
Figura 33: Funcionários da Sadia nos anos 50..........................................................54
Figura 34: Sadia Oeste S/A, em Várzea Grande, MT................................................55
Figura 35: Evolução da logomarca Perdigão.............................................................59
Figura 36: Granja de criação de Chester da Perdigão...............................................61
Figura 37: Saul Brandalise, da Perdigão....................................................................63
Figura 38: Comparativo de vendas e exportações da Sadia e Perdigão...................89
Figura 39: Comparativo de investimento e valor de mercado da Sadia e
Perdigão.....................................................................................................................90
Figura 40: Comparativo do número de funcionários e unidades industriais da Sadia e
Perdigão.....................................................................................................................91
Figura 41: Comparativo do lucro líquido da Sadia e Perdigão...................................91
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Índices financeiros da Sadia S/A................................................................67
Tabela 2: Índices financeiros da Perdigão S/A...........................................................68
14
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Índice de liquidez geral das empresas Sadia S/A e Perdigão
S/A..............................................................................................................................69
Gráfico 2: Índice de liquidez corrente das empresas Sadia S/A e Perdigão
S/A..............................................................................................................................70
Gráfico 3: Índice de liquidez seca das empresas Sadia S/A e Perdigão
S/A..............................................................................................................................71
Gráfico 4: Índice de liquidez imediata das empresas Sadia S/A e Perdigão
S/A..............................................................................................................................72
Gráfico 5: Índice de participação de capital de terceiros das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A..............................................................................................................73
Gráfico 6: Índice de composição do endividamento (curto prazo) das empresas
Sadia S/A e Perdigão S/A..........................................................................................75
Gráfico 7: Índice de imobilização do patrimônio líquido das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A..............................................................................................................76
Gráfico 8: Índice de imobilização dos recursos não correntes das empresas Sadia
S/A e Perdigão S/A.....................................................................................................78
Gráfico 9: Índice de retorno sobre o investimento das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A..............................................................................................................79
Gráfico 10: Índice de retorno sobre o patrimônio líquido das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A..............................................................................................................80
Gráfico 11: Margem bruta de lucro sobre as vendas das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A..............................................................................................................82
Gráfico 12: Margem operacional de lucro sobre as vendas das empresas Sadia S/A
e Perdigão S/A...........................................................................................................83
Gráfico 13: Margem líquida de lucro sobre as vendas das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A..............................................................................................................84
Gráfico 14: Índice de giro do ativo das empresas Sadia S/A e Perdigão
S/A..............................................................................................................................86
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................17
1.1 Tema ..........................................................................................................17
1.2 Problema de pesquisa ...............................................................................17
1.3 Objetivo Geral da pesquisa .......................................................................18
1.3 .1 Objetivos Específicos ................................................................................18
1.4 Justificativa ................................................................................................18
1.5 Contexto do Ambiente do estágio .............................................................18
1.6 Organização do trabalho ...........................................................................20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...............................................................21
2.1 Administração Financeira .........................................................................21
2.1.1 O Papel do Administrador financeiro .........................................................22
2.2 Alavancagem Financeira ..........................................................................23
2.3 Avaliação de Empresas ............................................................................25
2.4 Análise Financeira ....................................................................................31
2.4.1 Índice de liquidez .......................................................................................34
2.4.2 Índice de estrutura de capital e endividamento .........................................36
2.4.3 Índice de rentabilidade .............................................................................39
2.4.4 Índice de atividade.....................................................................................41
2.4.5 Índice de insolvência .................................................................................45
2.4.6 Considerações finais sobre a análise de índices financeiros.....................46
2.5 Fusão ........................................................................................................48
3 METODOLOGIA ........................................................................................49
3.1 Tipologia da pesquisa ................................................................................49
3.2 Sujeito do estudo .......................................................................................49
3.3 Instrumento da pesquisa ...........................................................................50
3.4 Análise e apresentação .............................................................................50
3.5 Limitações da pesquisa .............................................................................50
16
4 RESULTADOS OBTIDOS..........................................................................52
4.1 Históricos das empresas............................................................................52
4.1.1 Sadia S/A...................................................................................................52
4.1.2 Perdigão S/A..............................................................................................59
4.2 Análise dos principais índices financeiros..................................................66
4.2.1 Empresa Sadia S/A....................................................................................66
4.2.2 Empresa Perdigão S/A...............................................................................67
4.2.3 Comparativo entre as empresas Sadia S/A e Perdigão S/A......................68
4.3 Histórico da fusão entre a Sadia S/A e Perdigão S/A.................................86
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................92
6 REFERÊNCIAS..........................................................................................95
ANEXO A............................................................................................................101
ANEXO B............................................................................................................102
ANEXO C............................................................................................................106
17
1 INTRODUÇÃO
Uma empresa é criada com o intuito de gerar resultados positivos aos seus
investidores, porém arriscar parte de seu capital de giro em outras atividades
secundárias ao objetivo principal da organização pode representar um risco ao
negócio.
A saúde financeira da empresa depende de inúmeros fatores, mas no atual
mundo globalizado é necessário que haja um planejamento de identificação de
ameaças, com suas devidas medidas de precaução. Deve-se dispensar muita
atenção a qualquer fator externo à organização, pois o mesmo pode arruinar uma
corporação.
Foi isso que aconteceu com a Sadia S/A, que acabou perdendo 2,5 bilhões de
reais devido a uma operação com derivativos cambiais, e teve que ceder a fusão
com a sua principal concorrente: a Perdigão S/A. (MALVESSI, 2009).
Sendo assim, a presente pesquisa tem a intenção de analisar os
demonstrativos financeiros com o intuito de comparar a saúde financeira entre as
duas organizações e confrontar com a divulgação dos meios de comunicação aos
acionistas e demais interessados, principalmente após o prejuízo que a Sadia
amargou, gerando muita intervenção da mídia, sobretudo quanto à fusão.
1.1 Tema do estágio
Cuidar da saúde financeira da empresa é primordial, uma vez que a mesma é
uma das mais importantes pilastras de uma organização.
Dessa forma, a administração financeira vem para gerir os recursos
financeiros, visando sempre maximizar o lucro dos acionistas. (LEMES JÙNIOR,
2002).
Com o auxílio da ferramenta análise de índices, dentro da administração
financeira, podemos encontrar parâmetros que auxiliam o administrador financeiro a
manter a empresa com seu capital saudável, fazendo com que, com o auxílio das
demais ferramentas desta administração, o objetivo da administração financeira seja
sempre alcançado.
1.2 Problema de pesquisa
18
Dessa forma, se faz necessária a análise dos demonstrativos financeiros a fim
de prever possíveis contingências financeiras e estar preparado para enfrentar
essas eventualidades da melhor forma possível. Nesse contexto, o problema é:
O que demonstra os principais índices financeiros das empresas Perdigão e
Sadia nos anos de 2007 e 2008?
1.3 Objetivos da pesquisa
O presente trabalho tem como objetivo geral fazer uma análise dos principais
índices financeiros das empresas Sadia e Perdigão.
1.3.1 Objetivos Específicos
• Verificar os históricos das empresas Sadia e Perdigão desde sua criação;
• Calcular os principais índices dos grupos de liquidez, endividamento e
rentabilidade, das duas empresas, referente aos anos de 2006, 2007 e 2008;
• Constatar o que foi divulgado na mídia sobre o processo de fusão envolvendo
as duas organizações;
1.4 Justificativa da pesquisa
O trabalho consiste em analisar e interpretar as demonstrações financeiras dos
anos de 2006, 2007 e 2008 das empresas Sadia S/A e Perdigão S/A, onde houve,
posterior a estes anos, o processo de fusão e a criação de uma nova empresa: a BR
Foods. A pesquisa se justifica por registrar e compreender este fato histórico que
ocorreu com estas empresas, onde ambas tiveram seu início no estado de Santa
Catarina e em épocas próximas, e, até antes da fusão e após também, representam
um reflexo em âmbito mundial, observando a ótica dos índices financeiros.
1.5 Contextualização do ambiente de estágio
19
A Sadia S/A foi fundada por Attilio Fontana em 1944, no oeste de Santa
Catarina. Sua atividade principal sempre foi a agroindústria, processando os mais
variados tipos de carne, como suína, bovina, frango e peru, além de massas em
geral, sobremesas e margarinas. Ultimamente, se destaca em congelados
diferenciados, se preocupando sempre na inovação dos produtos. A empresa
conserva um parque fabril com 14 unidades industriais, 2 unidades agropecuárias e
centros de distribuição espalhados por 7 estados brasileiros; isso sem contar na
representação que mantém em outros 11 países, como os Emirados Árabes, Japão
e China. A Sadia S/A emprega cerca de 52 mil funcionários e mantém parcerias com
cerca de 10.000 granjas integradas de aves e suínos. (SADIA, [2008?]).
Seu último presidente do conselho de administração foi Luiz Fernando Furlan,
ex-ministro do desenvolvimento, que tem como característica um perfil mais
expansionista e empreendedor. (MEYER; COSTA, 2009).
Já a Perdigão S/A foi fundada em 1934 (10 anos antes da Sadia), em Videira (SC),
por imigrantes italianos. A empresa surgiu tendo como principal atividade o
abatedouro suíno, e hoje a empresa conta com participação no segmento de
congelados e industrializados de carnes, bem como a segmentação de massas
prontas, tortas, pizzas, folhados e vegetais congelado; além ainda de sua
participação com outras marcas na linha láctea. A empresa emprega hoje por volta
de 55 mil funcionários, e opera unidades industriais em oito estados brasileiros, além
de conter também unidades industriais em outros quatro países. Possui escritórios
comerciais espalhados pela Europa e na África, e também um centro de distribuição
na Holanda. (PERDIGÃO, [2008?])
À frente da empresa, temos o presidente do conselho de administração
Nildemar Secches, que opera a empresa sempre focando em corte de custos.
(MEYER; COSTA, 2009).
Dessa forma, as duas empresas se tornaram concorrentes diretas, mas essa
competição chega ao fim. Devido há um fatídico episódio transações com derivativos
cambiais, a Sadia S/A, que sempre se orgulhou de ser a única das empresas desse
segmento, nascidas entre as décadas de 30 e 50 em Santa Catarina, a manter a
administração em posse dos familiares do fundador, perde cerca de 2,5 bilhões de
reais e entrega os pontos: cede à fusão com a Perdigão S/A, formando o que será a
terceira maior exportadora do país: A Brasil Foods. (COSTA, 2009).
20
Meyer e Costa (2009) destacam ainda uma característica que podem ser
vantajosa nessa fusão: a complementaridade das duas empresas. Enquanto a Sadia
se destaca na experiência em desenvolvimento e inovação em produtos, agregando
valor ao produto e tornando a margem de lucratividade maior; sem contar ainda no
vasto sistema de distribuição que atende mais de 300.000 pontos de venda no país,
a Perdigão se realça por sua eficiência operacional e agressividade comercial, e
mesmo com preços menores chega quase a mesma margem de lucro líquido da
Sadia.
1.6 Organização do trabalho
A presente pesquisa será dividida cinco partes: a primeira é a introdução, a
segunda diz respeito à fundamentação teórica, a terceira fala sobre a metodologia
de pesquisa, a quarta homilia sobre a análise de dados, na quinta temos as
considerações finais da pesquisa e a sexta fica por conta dos anexos e apêndices.
A introdução contextualiza o ambiente de estágio, bem como o problema, os
objetivos gerais e específicos da pesquisa. A relevância da pesquisa também consta
nesta introdução.
A fundamentação teórica é a parte onde constam os temas que serão utilizados
como base teórica na aplicação da pesquisa, que servirá de estrutura para a análise
de dados e considerações.
A metodologia esclarece que tipo de pesquisa será empregado, assim como as
fontes e ferramentas da mesma.
A análise de dados é a aplicação da pesquisa em si, a fim de resolver os
problemas e alcançar os objetivos constantes na introdução.
As considerações finais abrangem os comentários finais da autora sobre a
pesquisa, como também as sugestões da mesma.
E por último, os anexos e apêndices apresentam documentos relevantes para o
complemento do trabalho, tanto de autores quanto de autoria da própria
pesquisadora.
21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Administração Financeira
Em meados de 1900 a administração financeira surge como campo de estudo
separado. A ênfase, quando surgiu como ciência independente, era fusões,
formação de novos empreendimentos e os tipos de títulos que poderiam ser emitidos
a fim de levantar capital. Desde que se iniciou, a área de abrangência da
administração financeira veio sofrendo mutações, porém a evolução dos recursos
humanos fez com que essa ciência sofresse a mais notável transformação: a partir
do momento em que os acionistas se tornaram mais participativos e os
colaboradores entraram em uma nova linha de remuneração variável com bônus, o
foco agora é a maximização de valor. (BRIGHAM, 2001).
Assim sendo, para Senac (1999)
[...] o objetivo da administração financeira é conseguir os recursos
necessários para financiar a estrutura da empresa (com todos os
seus setores ou departamentos), para que cada um possa realizar
bem suas atividades, gerando lucros, além do controle financeiro.
Para o efetivo controle financeiro, é necessário que haja um bom planejamento
financeiro, que nada mais é do que
[...] a projeção das necessidades de caixa, do estabelecimento das
orientações de controle de custos, da fixação das metas das futuras
vendas e lucros, da decisão da melhor alocação dos recursos
escassos, e do desenvolvimento de estratégias alternativas no caso
de os planos existentes não funcionarem. (GROPPELLI, 1998).
Além do controle financeiro, para que ocorra essa maximização do valor da
organização, mais artifícios são utilizados, como “[...] conceitos, técnicas e práticas
de investimentos, financiamentos, gerenciamentos de risco, de relacionamento com
investidores, pagamento de dividendos e tantos outros.” (LEMES JÚNIOR, 2002).
A administração financeira deve sempre ser projetada para que os objetivos da
empresa sejam alcançados. Por isso, quanto mais definido o objetivo da
organização, melhor se adéqua a administração financeira a ele. (ASSAF NETO,
2006).
22
As últimas tendências vêm apontando para uma administração financeira
voltada para a contínua globalização dos negócios e um aumento cada vez maior do
uso da tecnologia da informação. (BRIGHAM, 1999).
2.1.1 O papel do administrador financeiro
O administrador financeiro é figura notória dentro de uma empresa, pois “além
de seu envolvimento permanente com atividades de análise e planejamento
financeiros, o administrador financeiro preocupa-se com a tomada de decisões de
investimento e financiamento.” (GITTMANN, 2004).
Hoji (2000) explica melhor cada uma das funções acima, onde a análise,
planejamento e controle financeiro dizem respeito a coordenar, monitorar e analisar
por meio de dados financeiros as atividades da empresa, determinando os recursos
financeiros necessário; as decisões de investimento ficam por conta de destinar o
capital para aplicações em ativos (correntes ou não) considerando a relação risco
versus retorno deste investimento; e as decisões de financiamento, que abrange a
capitação de recursos financeiros para financiamento dos ativos (correntes ou não),
considerando o equilíbrio dos mesmos e estrutura de capital.
Segue abaixo modelo de tomada de decisão dos administradores financeiros
de acordo com o balanço patrimonial.
Figura 1 – Atividades básicas do administrador financeiro.
Fonte: Gitman, 2004, p.11.
Porém, o administrador financeiro conta com o auxilio de dois outros
profissionais que dão suporte às tarefas executadas por ele. São eles: o tesoureiro,
que fica responsável pelo planejamento, controle e movimentação de capital; e o
23
controlador, que fica responsável pelo planejamento, controle e análise das
operações e investimentos. (HOJI, 2000).
Tesouraria Controladoria
• Administração de caixa • Administração de custos e preços
• Administração de crédito e cobrança • Auditoria interna
• Administração do risco • Contabilidade
• Câmbio • Orçamento
• Decisão de financiamento • Patrimônio
• Decisão de investimentos • Planejamento tributário
• Planejamento e controle financeiro • Relatórios gerenciais
• Proteção de ativos • Salários
• Relações com acionistas e investidores • Sistemas de informação
• Relações com bancos
Figura 2 – Funções da administração financeira.
Fonte: Lemes Júnior, 2002, p. 7.
Penna (2008) afirma que o estilo durão do administrador financeiro não tem
mais vez. A pressão dos acionistas, clientes e demais parceiros exigindo mais
transparência, faz com que o administrador de finanças tenha que apresentar mais
que conhecimento técnico: chega para ele a era da comunicação, completada por
mais qualidades, como olhar crítico, inovação e criatividade. Isso faz com que a
interação deste profissional seja maior com todos os outros departamentos, fazendo
com que o mesmo seja um forte candidato a sucessões de presidentes gerais nas
organizações.
Porém após a crise financeira de 2007, que aconteceu nos Estados Unidos,
essa característica mais rude voltou a reinar. O intuito do gestor é, agora, ter uma
visão mais estratégica e estar acompanhando o controle do fluxo de caixa. O
mercado precisa de profissionais que tenham maior foco na gestão de custos e
controle de riscos, bem como na eficiência operacional, e negociação de contrato
com fornecedores. (GIARDINO, 2009).
2.3 Alavancagem Financeira
24
A alavancagem financeira ocorre quando a empresa usa títulos de dívida a fim
de financiar investimentos. Quando a obrigação é emitida, implica a empresa a
pagar os juros e amortizar o principal em alguma data futura. Dessa forma, como os
juros são dedutíveis do imposto de renda, sobra mais capital do lucro operacional
para os investidores. (GROPPELLI, 1998)
Para Hoji (2000, p. 183), nesse processo “[...] é como se o capital de terceiros,
utilizando-se de uma ‘alavanca’, produzisse efeitos (positivos ou negativos) sobre o
patrimônio líquido.”
Assim, devido à empresa utilizar esses títulos em sua estrutura de capital,
apesar de estar aumentando o ganho dos proprietários ou acionistas ordinários, a
empresa compromete seus ativos, fazendo que incorra um risco financeiro adicional
para os próprios acionistas ou proprietários além do próprio risco da atividade da
empresa em si. (BRIGHAM, 1999).
Santos (2005) cita um índice para calcular a alavancagem financeira. Esse
índice teria como objetivo mostrar o volume de dívidas comparado com o capital
próprio, cuja fórmula seria a divisão do passivo total pelo patrimônio líquido; o
resultado seria interpretado que para cada um real de patrimônio líquido financiando
o ativo, a proporção de capital de terceiros é o resultado. Dessa forma, quanto
menor o índice, menor a dependência do capital de terceiros, menor então a
alavancagem financeira.
AF = PT
PL
Figura 3 – Índice de alavancagem financeira
Fonte: Santos, 2005, p.16.
Porém, para mensurar o que se chama grau de alavancagem financeira (GAF),
que seria o valor numérico da alavancagem financeira em si, a fórmula é outra. Esta
se dá, então, pela divisão da rentabilidade do patrimônio líquido (que é a divisão do
lucro líquido pelo patrimônio líquido) pelo retorno sobre o ativo total (que se dá pela
divisão do lucro depois do imposto de renda, mas antes dos juros pelo ativo total). A
interpretação deste resultado segue uma escala, onde GAF = 1: alavancagem
25
financeira nula; GAF > 1: alavancagem financeira favorável e GAF < 1: alavancagem
financeira desfavorável. Assim, se o GAF for > que 1, o resultado diminuído o um
inteiro e multiplicado por 100 traz a porcentagem que o capital de terceiros está
contribuindo para o retorno adicional, já se o GAF for < que 1, a empresa está se
descapitalizando. (HOJI, 2000).
GAF = RPL
RAT
Figura 4 – Índice de grau de alavancagem.
Fonte: Hoji, 2000, p. 186.
Dessa forma, apesar da alavancagem financeira ser um artifício com o intuito
de favorecer maior lucratividade, poderá a organização enfrentar alguma
adversidade financeira, porque estará em dívida com terceiros. Assim, no risco
financeiro deve constar essa operação. (ASSAF NETO, 2006)
2.4 Avaliação de Empresas
A avaliação de empresas não passa de estimar o seu valor de mercado. Essa
avaliação pode se tornar necessária por vários motivos, dentre eles: compra ou
venda, determinação do valor das participações sociais, divisão de uma sociedade,
dissolução societária, partilha entre herdeiros, fusão de duas ou mais organizações,
privatizações, dentre outras. (SANTOS, 2005).
A Fipecafi (2001, p. 263, grifo do autor) mostra que, “[...] ao avaliar uma
empresa, objetivamos alcançar o valor justo de mercado [...] Entretanto [...] não
existe um valor correto para um negócio.”
Assim sendo, é necessário definir parâmetros que possam levar o profissional
avaliador a construir análises que se aproximem do valor monetário mais próximo da
realidade. (ASSAF NETO, 2006)
Isto posto, Oliveira (2004) criou um modelo para adequar a análise e avaliação
de empresas e negócios que chegue o mais próximo possível do preço de mercado.
É claro que, esse modelo é uma base, e o nível de detalhamento necessário em
26
cada uma das áreas de abrangência dependerá da realidade do negócio em
assunto.
Figura 5 – Modelo de avaliação de empresas e negócio
Fonte: Oliveira, 2004, p. 30.
Na figura acima se pode perceber que o modelo proposto por Oliveira (2004) é
dividido em oito partes (cinco estratégicas e três operacionais), e quatro
condicionadores. Em nível estratégico temos a análise de mercado, análise de
tecnologia, análise de goodwill, análise de vantagem competitiva e análise de
estratégias; em nível operacional temos análise de modelo de gestão; análise de
logística e outros processos e análise de indicadores econômico-financeiros. Quanto
aos condicionadores, são eles: situação dos fatores externos, sinergia entre os
produtos e serviços oferecidos, qualidade nas negociações e capacitação
profissional da equipe.
27
Porém, existem metodologias já formadas, que geralmente são utilizadas em
conjunto, para buscar esse valor. São elas: valor contábil; valor patrimonial de
mercado; valor de liquidação; preço / lucro; capitalização dos lucros; múltiplos de
faturamento; múltiplos de lucro; fluxo de caixa descontado; valor presente líquido;
opções reais; e TIR e Payback. (SANTOS, 2005).
A metodologia do valor contábil sugere que a empresa seja avaliada pelo valor
do patrimônio líquido contábil. O que se faz nesse método é avaliar o ativo
econômico depurado dos passivos (sejam de curto ou longo prazo). Nesse método,
a empresa valeria o capital que representa em seu balanço patrimonial na conta
patrimônio líquido. Porém, deve-se ressaltar que a contabilidade não foi feita para
mensurar o quanto a empresa vale, e sim para a mensuração do lucro, por isso esse
método limita o encontro do valor de uma organização, inclusive porque se
desconsidera o risco empresarial. (BRASIL, 1999). Dessa forma, o valor da empresa
segue a seguinte equação:
Valor contábil (PL) = Ativo total – Passivo total
Figura 6 – Equação do valor contábil
Fonte: Santos, 2005, p. 100.
A avaliação por meio do valor patrimonial de mercado incide em mensurar
ativos e passivos com base em seu valor atualizado (de mercado). É muito parecido
com o valor contábil, porém os valores são ajustados, então nesse caso chega-se
mais próximo ao valor real de mercado. (FIPECAFI, 2001). Assim, a equação para
encontrar esse valor se dá por:
Valor de mercado (PL) = Ativo total ajustado – Passivo total ajustado
Figura 7 – Equação do valor de mercado
Fonte: Santos, 2005, p. 105.
O método de avaliação pelo valor de liquidação não tem equação, pois consiste
em empregar um valor a empresa com base no possível preço de venda dos bens e
28
direitos no mercado, caso a empresa encerrasse suas atividades naquele momento.
Esse método acaba sendo mais vantajoso para os compradores, porque o valor
contábil dos ativos da organização acaba sendo realizado comumente em valores
inferiores. (SANTOS, 2005).
A avaliação por preço / lucro compara índices de valor e rentabilidade das
ações com empresas do mesmo segmento para ver como esse índice se encontra
em relação ao mercado. Porém, como limitações se podem citar que: o lucro usado
na fórmula é o contábil (não ajustado pelo valor atual), a ignorância do valor do
capital no tempo e os riscos intrínsecos; e analisa apenas a idéia de eficiência
comercial. (FIPECAFI, 2001). A fórmula que encontra esse valor é:
Índice de P/L = Preço de mercado por ação
Lucro contábil por ação
Figura 8 – Equação do preço x lucro
Fonte: Santos, 2005, p. 105.
O método de capitalização dos lucros “[...] parte dos lucros médios ponderados
antes dos juros e tributos e capitaliza-os com o uso de uma taxa subjetivamente
determinada. [...] o fator de capitalização é o mais polêmico.” (FIPECAFI, 2001).
Não contém uma formula específica, porém os passos são os seguintes:
devem-se pegar os lucros operacionais dos períodos que se deseja analisar a
empresa; depois ponderá-los de acordo com a importância, logo deverá ser feita a
somatória destas ponderações de lucros e dividi-las pela a somatória dos fatores de
ponderação para adquirir os lucros operacionais médios ponderados; divide-se este
pela taxa de capitalização, para obter o valor operacional da empresa; somam-se os
ativos operacionais e daí se chega ao valor total da empresa. Assim, a limitação
deste indicador novamente se dá pelo valor fornecido pela contabilidade tradicional.
(SANTOS, 2005).
Os múltiplos de faturamento é uma versão simplificada do método de
capitalização dos lucros. Nesse caso, o lucro é substituído pelo faturamento, e isso
se torna melhor para as empresas que não tem um sistema contábil confiável.
(FIPECAFI, 2001).
29
Os passos para a obtenção deste indicador baseiam-se na multiplicação da
receita líquida de vendas (do último ano ou de uma média de vários anos), pelo
quociente da divisão do preço das ações pela receita média por ação de uma
empresa de porte e atividade similar; após, soma-se o valor do ativo (operacional e
não operacional) do último ano de atividade da empresa; aí então se obtém o valor
da empresa. (SANTOS, 2005).
Os múltiplos de lucro é o método que demonstra o valor da empresa calculado
na multiplicação do lucro operacional (do último ano ou de uma média de vários
anos), pelo quociente da divisão do preço das ações pelo lucro operacional médio
da ação retirado de empresas de mesmo ramo e porte da empresa avaliada; em
seguida, soma-se o valor do ativo (operacional e não operacional) do último ano de
atividade da empresa; para obter-se, assim, o valor da empresa. (SANTOS, 2005).
O método do fluxo de caixa descontado é o meio pelo qual
[...] calcula-se o valor da empresa ou do investimento como sendo o
resultado líquido entre o valor de suas operações e o valor do
endividamento e de outras formas de obrigações junto a investidores
que têm ordem de prioridade superior a dos acionistas ordinários
(como, por exemplo, ações preferenciais e debêntures). (SANTOS,
2006).
O valor da empresa, nesse método, é calculado com base no acúmulo dos
fluxos de caixa da atividade principal; é descontada, então, uma taxa que incorre o
risco do comércio e mercado; após se adiciona neste valor os ativos não
operacionais; chagando-se, antão, no valor da empresa. Esse método é um dos
mais utilizados para encontrar o valor de uma empresa, pois se baseia no fluxo de
caixa ao Ives de medidas contábeis e mensura o custo do capital, mostrando o que
realmente interessa para uma avaliação. (SANTOS, 2005).
Para mensurar o valor da empresa pelo método do valor presente líquido,
calcula-se em forma de viabilidade de projeto. Para encontrar essa viabilidade, o
cálculo é simples: o valor presente líquido se dá pela subtração entre valor presente
menos investimento inicial. O valor encontrado se interpreta da seguinte forma: se
igual ou maior que zero, o projeto é viável; se negativo (menor que zero) o projeto
não é viável. (GROPPELLI, 1998).
Também com base em viabilidade de projeto, o método das opções reais utiliza
a técnica de árvores de decisão, que é uma representação gráfica de decisões em
30
sequência, suas alternativas e resultados possíveis. Dessa forma, são analisadas
probabilidades e valores de capital investido e resultante para determinar a
viabilidade do projeto. (SANTOS, 2005).
O penúltimo método a ser utilizado como avaliação do valor da empresa é o
TIR, que é a taxa interna de retorno. Essa taxa tem o intuito de igualar o fluxo de
caixa das saídas aos das entradas, e a lógica desse processo é que se o projeto
oferecer um retorno maior ou igual ao custo de capital da organização, ele estará
gerando caixa suficiente para arcar com os juros e remunerar os acionistas. (LEMES
JÚNIOR, 2002).
Gitman (2001) corrobora que se a TIR for maior que o custo do capital, o
projeto é viável; caso for menor, o projeto é inviável. Assim, a fórmula que define a
TIR se dá pela seguinte fórmula:
$ 0 = Σ FCt
(1 + TIR)t
Figura 9 – Fórmula da taxa interna de retorno
Fonte: Gitman, 2001, p. 303.
Por fim, para avaliar a empresa por meio do payback, ou período de
recuperação dos investimentos, também será utilizada a viabilidade de projeto como
condicionadora. Assim, o payback corresponde ao número de anos que serão
necessários para obter o retorno do investimento inicial do projeto, e caberá a
empresa decidir se o período de retorno encontrado será viável ou não para o
projeto. (GROPPELLI, 1998).
Para calcular o período de payback de um projeto, Santos (2005, p. 122) dividiu
o cálculo em seis passos:
• 1º Passo: identifica-se o custo inicial ou valor atualizado do investimento
para t0.
• 2º Passo: descontam-se os fluxos de caixa projetados para t1, t2, t3,... tn, ao
custo de capital ou taxa de desconto que represente o risco do negócio.
• 3º Passo: somam-se os fluxos de caixa atualizados ano a ano.
• 4º Passo: verifica-se até que ano a empresa recuperou a predominância do
investimento inicial.
31
• 5º Passo: calcula-se quanto falta recuperar e em que período ocorrerá.
• 6º Passo: soma-se o número de anos necessários para a recuperação da
predominância do investimento inicial ao resultado da divisão entre a quantia
restante a recuperar e o valor do fluxo de caixa atualizado do período em que
ocorrerá a recuperação do total do investimento inicial.
Assim sendo, as principais intenções dos modelos de avaliação de empresas
são atingir “[...] uma amplitude maior de análise, bem como uma estruturação mais
universal e aceita entre as partes envolvidas.” (OLIVEIRA, 2004, p. 23).
2.5 Análise Financeira
Para Treuuherz (1999, p. 20) a análise financeira tem como objetivo
fundamental “[...] proporcionar a comparação de dados financeiros de uma ou mais
empresas [...]”.
Salazar e Benedicto (2004, p. 246) acrescentam, afirmando que “A análise
financeira de empresas de qualquer ramo de atividade [...] indica os pontos fracos e
fortes do seu empenho operacional e financeiro.”
Corrobora Herrmann Júnior (2004, p. 52), afirmando que essa análise “[...] tem
em vista o estudo da liquidez financeira do patrimônio, cujo conhecimento interessa
principalmente nos casos de outorga de créditos e de operações de saneamento
financeiro.”
Independente da finalidade dessa análise, seja ela de comparação entre
empresas ou investigação de uma organização específica, “O fato de os dados
contábeis serem registros de eventos já ocorridos (passados, portanto), não significa
que não seja possível aplicar os métodos a demonstrações financeiras projetadas
para o futuro.” (SANVICENTE, 1987, p. 164, grifo do autor).
E é nesse ponto que a análise financeira serve para a tomada de decisão, pois
“Os estudos de análise de demonstrações financeiras auxiliam o gestor a identificar
deficiências [presentes], e então empreender ações para melhorar o desempenho
[futuro] da empresa.” (SALAZAR; BENEDICTO, 2004, p. 250).
A contabilidade é a grande pilastra de sustentação da análise financeira, pois
como articula Silva (2005, p. 31-32)
A contabilidade é tida como a linguagem dos negócios e está muito
relacionada com a análise financeira. As demonstrações contábeis
32
fornecidas pela contabilidade constituem importante grupo de
informações que serão examinadas no processo de análise
financeira.
Dessa forma, se faz necessário conhecer os principais demonstrativos
financeiros, que Treuherz (1999) identifica como a Demonstração de Resultados do
Exercício (DRE) e o Balanço Patrimonial (BP).
Ribeiro (1997, p. 43) define o Balanço Patrimonial como “[...] a demonstração
financeira que evidencia resumidamente o Patrimônio da entidade, quantitativa e
qualitativamente.”
O nome Balanço dá-se devido à “[...] idéia de equilíbrio entre Ativo e Passivo.”
(PADOVEZE, 1996, p. 33).
Dessa forma, o Balanço Patrimonial é dividido em Ativo e Passivo, onde
Ativo constitui a representação, em termos monetários, de todos os
bens e direitos de propriedade da empresa, ou seja, descreve os
recursos investidos pela empresa. Passivo se refere às obrigações
contraídas com terceiros, ao capital comprometido pelos proprietários
e aos lucros que foram reinvestidos na empresa. (SALAZAR;
BENEDICTO, 2004, p. 21, grifo do autor).
O balanço, dividido em ativo e passivo, gera grupo de contas, sendo que no
ativo constam: o circulante, que demonstra bens e direitos que se converterão em
capital no mesmo exercício; o realizável de longo prazo, que agrupam bens e
direitos de exercícios seguintes; o permanente, que são os bens e direitos que não
se destinam à venda e geralmente tem vida longa, estes se subdividem em
investimentos (aplicações que resultam rendimentos, mas que não estão ligados à
atividade principal da empresa), imobilizado (que são os recursos utilizados na
atividade do ramo principal da empresa) e diferido (aplicações que trarão benefícios
em longo prazo). (MARION, 1998).
Ainda Marion (1998) disserta sobre as contas que compreendem o passivo de
um balanço, onde contém o circulante, que são obrigações que serão saldadas
ainda no exercício; exigível a longo prazo, que compreende as obrigações que serão
quitadas nos próximos exercícios; e patrimônio líquido, que nada mais é do que o
capital dos sócios que estão aplicados na organização.
Resumidamente o conteúdo do balanço deve adotar a equação A = PE + PL,
sendo que A representa o ativo integral, ou seja, a soma de bens e direitos; PE
33
significa passível exigível, que diz respeito às obrigações com credores ou terceiros
quaisquer; e PL concebe o patrimônio líquido, que nada mais é do que o capital de
posse dos proprietários ou capital próprio. (SANVICENTE, 1987).
Já o Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE) é “[...] o relatório que
confronta as receitas e despesas pertencentes a um período específico.” (SALAZAR;
BENEDICTO, 2004, p. 50).
Completa Sanvicente (1987, p. 166) assegurando que “[...] com a acumulação
das receitas e despesas de um período também podemos conhecer o resultado
(lucro ou prejuízo) desse período.”
Silva (1999) mostra a estrutura da DRE da seguinte forma: no topo coloca-se o
valor total da receita; após são deduzidos descontos, abatimentos e devoluções,
onde se obtém a receita líquida; da receita líquida é descontado o custo da
mercadoria vendida, e obtém-se o lucro bruto; logo, são descontadas as despesas
operacionais (despesas de vendas, administrativas, financeiras) para encontrar o
lucro operacional; desconta-se do lucro operacional despesas não operacionais, a
fim de encontrar o lucro antes do imposto de renda e contribuição social; dessa
forma, é descontado os impostos antes mencionados e alcança-se, por fim, o lucro
líquido ou prejuízo do exercício.
Em resumo, pode-se dizer que o DRE consiste em apontar os lucros ou perdas
de determinado período em uma organização, tendo em vista melhor visualização do
ganho ou prejuízo do período e evidenciar os resultados para melhor compreensão
por parte de usuários externos. (TREUHERZ, 1999)
Após conhecer os principais aspectos contábeis relevantes, ainda quanto à
análise financeira é necessário destacar que ela pode ser horizontal, quando é feito
um acompanhamento do desenvolvimento de um determinado item em períodos de
tempo distintos; ou vertical, quando analisamos os demonstrativos de um
determinado período a fim de avaliar os itens e constatar qual a participação de cada
um deles no total desse demonstrativo. Seja qual dessas análises for adotada, a
utilidade é a mesma: confrontar os saldos obtidos com algum outro indicante.
(SANVICENTE, 1987, meu grifo).
Para auxiliar nas análises horizontal e vertical, podemos usar um artifício
chamado análise de tendência, que nada mais é do que posicionar os mesmos
índices ao longo do tempo, a fim de conseguir evidências de melhora ou piora no
34
decorrer dos anos, e ainda promover a comparação entre duas empresas, como
mostra a figura 9. (BRIGHAM, 2001, grifo do autor).
Figura 10 – Análise de tendência.
Fonte: Adaptado de Brigham, 2001, p. 109.
Uma das formas de analisar uma empresa financeiramente é por meio de seus
índices financeiros, que são conjeturados para auxiliar na avaliação das
demonstrações como um todo, criando também parâmetros para comparação com
outras empresas. (HOJI, 2000). Assim, os principais índices financeiros são: índices
de liquidez, índices de estrutura de capital e endividamento, índices de atividade;
índices de rentabilidade e índices de insolvência.
2.5.1 Índices de liquidez
Treuherz (1999, p. 73), afirma que “Os índices de liquidez possibilitam uma
avaliação da capacidade da empresa de saldar suas dívidas.”
Completa Silva (2005, p. 308) assegurando que “Em geral, a liquidez decorre
da capacidade de a empresa ser lucrativa, da administração de seu ciclo financeiro e
das suas decisões estratégicas de investimentos e financiamentos.”
Salazar e Benedicto (2004) subdivide os índices de liquidez em índices de
liquidez geral, liquidez corrente e liquidez seca.
Complementa Sanvicente (1987) com o índice de liquidez imediata.
35
A liquidez geral indica
[...] se os recursos financeiros aplicados no Ativo Circulante e no
Ativo Realizável a Longo Prazo são suficientes para cobrir as
obrigações totais, isto é, quanto a empresa tem de Ativo Circulante
mais Realizável de Longo Prazo para cada real de obrigação total.
(RIBEIRO, 1997, p. 140).
A fórmula usada para definir esse índice se dá pela divisão entre a soma do
ativo circulante com o realizável de longo prazo pela soma do passivo circulante com
o exigível de longo prazo. Dessa forma, quanto maior o valor resultante dessa
operação, melhor. (SILVA, 2005).
LG = AC + RLP
PC + ELP
Figura 11 – Índice de liquidez geral.
Fonte: Silva, 2005, p. 308.
Já a liquidez corrente relaciona o ativo circulante com o passivo circulante.
Através desse índice é possível constatar se a organização proporciona liquidez
contra problemas financeiros em curto prazo. (TREUHERZ, 1999).
A fórmula da liquidez corrente é constituída pela divisão entre o ativo circulante
e o passivo circulante, onde o quociente se interpreta como valor que a empresa
dispõe em curto prazo para pagar um real de dívidas de curto prazo. Por isso,
quanto maior o índice, melhor. (SALAZAR E BENEDICTO, 2004).
LC = AC
PC
Figura 12 – Índice de liquidez corrente.
Fonte: Hoji, 2000, p. 279.
A liquidez seca demonstra a disposição financeira líquida da companhia para
cumprir as obrigações de curto prazo, ou seja, quanto de saldo a empresa dispõe
36
para pagar cada um real de suas dívidas de curto prazo. Assim, quanto maior esse
valor, melhor. (SILVA, 2005).
A fórmula para obtenção desse índice obtém-se da divisão do ativo circulante
menos a conta estoques pelo passivo circulante. (TREUHERZ, 1999).
LS = AC – estoques
PC
Figura 13 – Índice de liquidez seca.
Fonte: Gitman, 2001, p. 135.
Por fim, a liquidez imediata
[...] revela a capacidade de liquidez imediata da empresa para saldar
seus compromissos de curto prazo, isto é, quanto a empresa possui
de dinheiro em Caixa, nos Bancos e em Aplicações de Liquidez
Imediata, para cada real do Passivo Circulante. (RIBEIRO, 1997)
Essa liquidez tem como fórmula a divisão das disponibilidades mais aplicações
temporárias pelo passivo circulante. Quanto maior o índice, melhor para a empresa.
(SANVICENTE, 1987).
LI = Disponível
PC
Figura 14 – Índice de liquidez imediata.
Fonte: Hoji, 2000, p. 280.
2.5.2 Índices de estrutura de capital e endividamento
Os índices de estrutura de capital têm por objetivo analisar a formação do
capital: o grau de dependência de capital de terceiros e o nível de imobilização do
capital. Ao contrário dos índices de liquidez e rentabilidade, nessa estrutura, quanto
menor o índice, melhor para a organização. Os principais são quatro: índice de
participação de capitais de terceiros sobre recursos totais, índice de composição do
37
endividamento, imobilização do capital próprio e imobilização dos recursos não
correntes. (HOJI, 2000).
Santos (2005) ainda cita o índice de endividamento total.
A participação de capitais de terceiros sobre recursos totais, também
conhecido como relação de capital de terceiros com passivo total, “[...] mede a
porcentagem dos recursos totais da empresa que se encontra financiado por capital
de terceiros.” (NETO, 2006, p. 117).
Relatando, dessa forma, a dependência da organização em relação aos
recursos externos, a fórmula desse índice se dá pela divisão do passivo circulante
somado ao exigível de longo prazo pelo patrimônio líquido, posteriormente
multiplicado por 100 para transformar o índice em porcentagem. (SILVA, 2005).
PCT = PC + ELP x 100
PL
Figura 15 – Índice de participação de capital de terceiros.
Fonte: Silva, 2005, p. 293.
Já a composição do endividamento “[...] indica quanto da dívida total vence no
curto prazo.” (HOJI, 2000, p. 277).
Destarte, esse índice compara as obrigações de curto prazo com as obrigações
totais, e a maneira pela qual se encontra esse índice é dividindo o passivo circulante
pela soma dele próprio com o exigível de longo prazo, e logo após multiplicando o
resultado por 100 a fim de obter o índice por cento. (SILVA, 2005).
CE = PC x 100
PC + ELP
Figura 16 – Índice de composição do endividamento.
Fonte: Silva, 2005, p. 296.
Imobilização do capital próprio ou imobilização do patrimônio líquido é o índice
que “[...] indica a parcela dos recursos próprios investidos no Ativo Permanente.”
(HOJI, 2000, p. 278).
38
Para encontrar esse índice, basta perpetrar a divisão entre o ativo permanente
e o patrimônio líquido, e logo após multiplicá-lo por 100 para obter o percentual.
(SILVA, 2005).
IPL = AP x 100
PL
Figura 17 – Índice de imobilização do patrimônio líquido.
Fonte: Silva, 2005, p. 291.
O índice de imobilização dos recursos não correntes demonstra o quanto à
empresa investiu em ativo permanente dos recursos das contas de exigível de longo
prazo e patrimônio líquido. Dessa forma, o que se busca saber é quanto de recursos
não correntes está investido no ativo imobilizado. A fórmula que resulta o índice se
dá pela divisão do ativo permanente pela soma do patrimônio líquido com o exigível
de longo prazo. (HOJI, 2000).
IRNC = AP
PL + ELP
Figura 18 – Índice de imobilização dos recursos não correntes.
Fonte: Hoji, 2000, p. 278.
Por fim, o índice de endividamento geral tem por objetivo medir a proporção
entre ativos totais financiador por terceiros. Esse índice se interpreta de forma que
quanto mais alto seu resultado, maior o volume de capital de terceiros é usado para
geração de lucro pela empresa. (GITMAN, 2004).
Dessa forma, o patrimônio líquido é excluído da conta, portanto para encontrar
esse índice é necessário dividir os passivos totais pelos ativos totais, e a
interpretação deste índice se dá da forma que para cada um real investido, o índice
indicará o valor correspondente à recursos de terceiros. (SANTOS, 2005).
39
EG = P
A
Figura 19 – Índice de endividamento geral
Fonte: Santos, 2005, p. 16
2.5.4 Índices de rentabilidade
Os índices de rentabilidade, para Assef (1999, p. 97) “Medem a capacidade de
retorno obtido pela empresa, derivado de suas operações.”
Esses índices são os que chamam mais atenção dos investidores, acionistas e
administradores financeiros, pois é com ele que se pode afirmar se a empresa é ou
não rentável. Se as taxas de retorno ficarem abaixo do nível desejável, o patrimônio
líquido e, conseqüentemente, o valor das ações, serão comprometidos, por isso
essa mensuração é tão nevrálgica. (GROPPELLI, 1998).
Marion (1997) divide esses índices em: taxa de retorno sobre investimentos,
taxa de retorno sobre o patrimônio líquido e margem de lucro sobre as vendas
(margem bruta, margem operacional e margem líquida).
A taxa de retorno sobre o investimento (ROI) tem o propósito de “[...] comparar
a forma de a empresa gerar lucro, e a maneira de ela usar seus ativos para gerar
vendas. Se os ativos são usados efetivamente, o lucro (ROI) será alto; de outra
forma, ele será baixo.” (GROPPELLI, 1998, p. 420).
Para encontrar esse indicador, basta calcular o quociente do lucro líquido como
dividendo e o ativo total como divisor. A interpretação técnica do índice é que para
um real investido, a empresa gerou um retorno líquido representado pelo resultado
do cálculo do índice. Ou seja, quanto maior, melhor. (SANTOS, 2005).
ROI = LL
AT
Figura 20 – Taxa de retorno sobre o investimento
Fonte: Santos, 2005, p. 22
40
A taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) “[...] mensura o retorno dos
recursos aplicados na empresa por seus proprietários.” (ASSAF NETO, 2006, p.
120).
Para obter esse índice, é necessário dividir o lucro líquido pelo patrimônio
líquido. Da mesma forma que o índice anterior, a interpretação se faz de forma que o
índice encontrado representa o valor do lucro para cada um real de patrimônio
líquido investido. Dessa forma, quanto maior, melhor. (GITMAN, 2004).
ROE = LL
PL
Figura 21 – Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido
Fonte: Santos, 2005, p. 22.
A margem de lucro sobre as vendas pode ser margem bruta de lucro, margem
operacional de lucro, ou ainda margem líquida de lucro sobre as vendas. (MARION,
1997)
A margem bruta de lucro sobre as vendas demonstra a pujança da
administração em utilizar materiais e mão-de-obra. (GROPPELLI, 1998).
Esse índice indica o valor “[...] de cada unidade monetária de vendas que
restará após o pagamento do custo dos produtos vendidos.” (GITMAN, 2004, p. 52).
A fórmula para deparar este índice é a divisão entre o lucro bruto e as vendas
líquidas. Da mesma forma que os demais índices acima, quanto maior, melhor.
(MARION, 1997).
Margem bruta = Lucro Bruto
Vendas Líquidas
Figura 22 – Margem bruta de lucro sobre as vendas
Fonte: Adaptado de Gittman, 2004, p. 52.
A margem operacional de lucro sobre as vendas expõe se a organização foi
eficiente na ocasião, gerando lucro após descontar as despesas operacionais da
mesma no mesmo período. O resultado desse índice é interpretado de forma que,
41
para cada um real de faturamento, o resultado do índice demonstra o que sobrou de
retorno, descontado os recursos operacionais despendidos para a execução do
produto ou serviço. (SANTOS, 2005).
A expressão na qual encontramos esse índice se dá pela divisão do lucro
operacional pelas vendas líquidas. Quanto maior for o resultado, melhor. (ASSAF
NETO, 2006).
Margem operacional = Lucro operacional
Vendas líquidas
Figura 23 – Margem operacional de lucro sobre as vendas.
Fonte: Assaf Neto, 2006, p. 120.
O último dos índices de margem de lucro sobre as vendas é o índice de
margem líquida de lucro sobre as vendas, que “[...] representa a proporção de cada
unidade monetária de receita de vendas restantes após a dedução de todos os
custos e despesas, incluindo juros, impostos e dividendos de ações preferenciais.”
(GITMAN, 2004, p. 53).
A fórmula para obtenção deste indicador se dá pela divisão do lucro líquido
pelas vendas líquidas, e quanto maior o índice, mais lucro líquido foi gerado.
(SANTOS, 2005).
Margem líquida = Lucro líquido
Vendas líquidas
Figura 24 – Margem líquida de lucro sobre as vendas.
Fonte: Assaf Neto, 2006, p. 120.
2.5.3. Índices de atividade
Os índices de atividade, também chamados de índices de rotação, “evidenciam
o prazo de renovação dos elementos patrimoniais dentro de determinado período.”
(HOJI, 2000, p. 280-281).
42
Corrobora Gitman (2001, p. 136), expondo que “os índices de atividades
mensuram a rapidez com que as várias contas são convertidas em vendas ou
caixa.”
Assim sendo, os principais índices de atividade dividem-se em período médio
de cobrança, período médio de pagamento, giro do estoque e giro do ativo.
(GROPPELLI, 1998).
O período médio de cobrança, também conhecido como prazo médio de
recebimento de vendas “[...] indica quantos dias, em média, a empresa leva para
receber suas vendas.” (SILVA, 2005, p. 279).
Esse índice é utilizado para avaliar as políticas de crédito e cobrança adotadas
pela organização, e a fórmula se dá pela divisão das duplicatas a receber pela
média de vendas por dia. A média de vendas por dia é a divisão das vendas anuais
pelo período anual, no caso contábil, o ano representa 360 dias. (GITMAN, 2001).
Período médio de cobrança = duplicatas a receber
média de vendas por dia
Figura 25 – Período médio de cobrança
Fonte: Gitman, 2001, p. 137.
O período médio de pagamento, chamado também de prazo médio de
pagamento de compras, expõe “[...] o giro do saldo dos valores devidos a
fornecedores de materiais.” (SANVICENTE, 1987, p. 183).
Silva (2005, p. 281) salienta que esse índice “[...] indica quantos dias, em
média, a empresa demora para pagar seus fornecedores.”
Para tanto, Gitman (2001) demonstra a fórmula, que se dá pelo quociente da
divisão das duplicatas a pagar pela média das compras por dia, que, por sua vez, se
dá pela divisão do valor das compras anuais pelos 360 dias contábeis do ano. A
grande dificuldade de se calcular esse índice fica por conta do valor das compras,
uma vez que o mesmo não consta nas demonstrações contábeis.
43
Período médio de pagamento = duplicatas a pagar
média das compras por dia
Figura 26 – Período médio de pagamento
Fonte: Gitman, 2001, p. 138.
O giro do estoque, também conhecido como prazo médio de rotação de
estoque, para Groppelli (1998, p. 413), é um indicador que
[...] é importante para uma empresa porque os estoques são ativos
circulantes menos líquidos. Como a empresa tem os fundos
imobilizados nos estoques, é vantajoso para ela vendê-los o mais
rápido possível para liberar o caixa para outros usos. Geralmente,
um alto giro dos estoques é considerado um uso eficaz desses
ativos.
Dessa forma, o giro do estoque mede a atividade ou liquidez do estoque de
determinada empresa, e se dá pela divisão do custo dos produtos vendidos pelo
valor do estoque. O valor encontrado determina quantas vezes o estoque girou no
ano, e para saber o prazo médio de rotação de estoque, basta dividir os 360 dias do
ano pelo número do giro descoberto, e o resultado será representado pelos dias que
os produtos ficaram armazenados na empresa antes de serem vendidos. (GITMAN,
2001).
Giro do estoque = custo dos produtos vendidos
estoques
Figura 27 – Giro do estoque
Fonte: Gitman, 2001, p. 137.
Por fim, o giro do ativo “[...] é um dos principais indicadores da atividade da
empresa. Estabelece a relação entre as vendas do período e os investimentos totais
efetuados na empresa [...].” (SILVA, 2005, p.258).
Dessa forma, Hoji (2000) complementa, afirmando que esse indicador revela
quantas vezes o ativo operacional se restaurou mediante as vendas. O resultado é
interpretado, da mesma forma, sendo quantas vezes os ativos operacionais se
44
renovaram no período, e a fórmula se dá pela divisão das vendas líquidas pelo ativo
médio.
Giro do Ativo = Vendas líquidas
Ativo médio
Figura 28 – Índice de giro do ativo
Fonte: Silva, 2005, p. 258.
A análise destes índices de atividade reflete impactos no grupo de liquidez,
endividamento e retorno, se tornando, assim, um componente determinante da
necessidade de capital de giro na empresa. (SILVA, 2005)
Dessa forma, ainda Silva (2005) propõe uma figura síntese dos prazos para
melhor visualização do que esse grupo reflete na análise financeira, bem como a
descoberta do ciclo financeiro e operacional.
Figura 29 – Ciclos operacional e financeiro
Fonte: Silva, 2005, p.276
Silva (2005) mostra na figura acima que o ciclo operacional é a soma do prazo
médio de rotação de estoque com o prazo médio de recebimento de vendas. O ciclo
financeiro se dá pela diferença do ciclo operacional pelo prazo médio de pagamento
das compras. Assim sendo, quanto maior a extensão entre o pagamento e o
45
recebimento, maior será a necessidade de recursos da organização, afetando os
outros grupos.
2.5.5 Índices de insolvência
O índice de insolvência foi criado pelo professor Stephen C. Kanitz com o
intuito de prever a falência das empresas. Esse índice consiste em encontrar o fator
de insolvência e posteriormente, apurar em que intervalo se encontra o índice
encontrado, segundo a escala por ele criada, para daí então poder investigar a
solvência, a penumbra (situação indefinida) ou a fatídica insolvência. A fórmula
desse fator de insolvência, por ele criada, até hoje não foi respaldada por uma
explicação de como se chegou até ela. (MARION, 1997).
A fórmula se dá pela seguinte equação:
F. Insolvência = 0,05ROE + 1,65LG + 3,55LS + 1,06LC + 0,33PCT*
* neste caso, o número usado deve ser real, portanto não se deve multiplicar por 100 como
na fórmula original.
Figura 30 – Fator de insolvência.
Fonte: Adaptado de Kassai, 1998, p. 3.
Kassai (1998) afirma que o cálculo origina a disposição de uma corporação falir
ou não. Para tanto, o índice encontrado deve ser localizado em uma escala
chamada termômetro de insolvência, que demonstra três situações onde a empresa
pode se enquadrar: solvente, penumbra ou insolvente.
46
Figura 31 – Termômetro de insolvência de Kanitz
Fonte: Kassai, 1998, p. 4.
Dessa forma, a empresa que obtiver índice 0 ou maior que é solvente; a que
obtém valor ente -1 e -3 se encontra em uma situação de penumbra, indefinida; e a
que apresentar o índice -4 ou menor se encontra em estado de insolvência.
(MARION, 1997).
Porém, na pesquisa de Pereira (apud Kassai, 1998), foi diagnosticada que o
grau de acerto médio deste índice de insolvência de Kanitz chegou a 74%, não
sendo, dessa forma, inteiramente confiável para diagnosticar a insolvência de uma
empresa.
2.5.6 Considerações finais sobre a análise de índices financeiros
Como apontado anteriormente, os índices são “[...] grandezas comparáveis
obtidas a partir de valores monetários absolutos – destinados a medir a posição
47
financeira e os níveis de desempenho da empresa em diversos aspectos.”
(SANVICENTE, 1987, p. 177).
Porém, deve-se relevar que existem limitações acerca da análise desses
índices, pois eles analisam os valores absolutos encontrados nos demonstrativos
financeiros, desconsiderando algumas medidas estatísticas, como o risco, em seu
cálculo. Também a comparação entre índices pode distorcer os resultados, caso
uma empresa tenha adotado normas contábeis novas, ou tenha se fundido, etc. A
análise dos índices englobará a empresa como um todo, e essa análise limita a
empresa a chegar a indicadores financeiros de linhas de produtos específicas.
(GROPPELLI, 1998).
Assim sendo, são necessários alguns cuidados na forma de montar o parecer,
pois “[...] muito pouco adiantará dispor de vários índices se não souber interpretá-
los.” (SILVA, 2005, p. 328).
Ainda Silva (2005) salienta que o analista precisa ter certa habilidade em redigir
o parecer, de forma que os usuários do mesmo que não tenham em mão
informações sobre a empresa, consigam entender o que acontece financeiramente
na empresa.
Como cuidados principais na análise, Gitman (2001) enumera cinco itens. O
primeiro diz que para julgar o desempenho global são necessários análise de vários
grupos índices; porém se a análise for centrada em um determinado aspecto pode
ser que apenas um ou dois índices demonstrem posições financeiras suficientes. O
segundo diz respeito à sazonalidade, pois não se devem comparar demonstrações
de períodos diferentes, porque devido ao fator sazonalidade, as conclusões tornar-
se-ão errôneas. O terceiro diz que é preferível usar demonstrações auditadas,
devido a estas demonstrarem a real condição financeira da empresa. O quarto diz
respeito a utilizar os dados desenvolvidos com os mesmos critérios contábeis, como
depreciação, estoques, etc., porque o uso de tratamento contábil dessemelhante
distorce os resultados. O quinto e último item corrobora sobre a inflação, pois ela
também pode corromper os resultados, caso os índices sejam comparados por um
longo tempo em uma determinada empresa ou de empresas mais antigas com mais
novas.
Como se percebe, é necessário “[...] ter sempre em mente que as
demonstrações financeiras analisadas e os índices construídos a partir delas
possuem diversas limitações.” (SANVICENTE, 1987, p. 192).
48
2.6 Fusão
A fusão, sobre a ótica jurídica, é um termo onde há muita dificuldade de
definição, por abranger áreas tão distintas como economia e direito e também por se
tratar de um acontecimento complexo. Porém, a noção geral que essa visão jurídica
traz é de que a pluralidade de organizações deixa de existir para dar espaço à uma
única organização. (BULGARELLI, 2000).
O procedimento de fusão compreende alguns procedimentos. O primeiro deles
diz respeito às Assembléias Gerais, que podem ser três ou mais: duas ou mais
preliminares (com cada empresa) e uma para constituir uma nova sociedade.
Segundo artigo legislativo nº 228, cada sociedade solicitará Assembléia para
concordância do protocolo de fusão e contratação dos peritos que avaliarão os
patrimônios dos envolvidos; em seguida, os acionistas deverão comparecer para
nova Assembléia que definirá a nova constituição que regerá a nova sociedade; e
por último, constituída a nova empresa, os administradores deverão arquivar e
publicar os atos da fusão. (PEREZ JÚNIOR, 2007).
Dessa forma, quando duas ou mais empresas se adjudicam com a fusão,
deixam de existir criando uma nova empresa. Na ótica contábil, o que acontece é
que, como essa junção, as corporações transferem seus ativos e passivos para a
nova empresa, e os patrimônios líquidos de cada uma servirão de indicador para a
proporção das ações que auferirão do capital da empresa decorrente da fusão. Em
suma, pode-se afirmar que as empresas somam todas as contas do balanço
patrimonial na geração da nova organização, e que, a contrapartida das permutas e
recompensas dos ativos e passivos será uma conta transitória chamada conta de
fusão. (VICECONTI, 2005, grifo do autor).
Os motivos que podem ter levado duas ou mais empresas a se fundirem são
muitos, e Groppelli (1998) levanta algumas hipóteses, tais como: crescimento mais
rápido e constante do lucro; melhoramento de índices financeiros; melhoramento de
habilidades gerenciais em menor prazo; expansão e crescimento de novos
mercados; vantagens tecnológicas e a economia de escala.
49
3 METODOLOGIA CIENTÍFICA
Para alcançar os objetivos propostos, foram empregados os procedimentos
metodológicos específicos.
O método, segundo Parra Filho e Santos (1998, p. 212) “[...] nada mais é do
que o caminho para atingir-se o objetivo proposto.”
Assim, esta pesquisa será o resultado de uma averiguação, que tem por
escopo resolver dificuldades e responder dúvidas acerca do problema, utilizando-se
de procedimentos científicos para tanto. (BARROS; LEHFELD, 1990).
3.1 Tipologia da Pesquisa
Segundo os seus objetivos, a pesquisa caracteriza-se como descritiva, uma
vez que essas pesquisas “[...] têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis.” (GIL, 1991, p. 46).
Já com base na abordagem da pesquisa, a mesma atribui-se em duas
abordagens: qualitativa (na construção dos históricos) e quantitativa (na análise
financeira). Godoi (2006, p.91) afirma que na abordagem qualitativa “[...] não se
buscam irregularidades, mas a compreensão dos agentes, daquilo que os levou
singularmente a agir como agiram.” Já “os métodos quantitativos pressupõem uma
população de objetos de estudos comparáveis, que fornecerá dado que podem ser
generalizáveis” (GOLDEMBERG, 1999 p. 63).
Por fim, quanto ao tipo da pesquisa, podemos classificá-la como estudo de
caso, pois conforme Santos (1999), este instrumento elege uma área de atuação
restrita, com intuito de aprofundar-lhe as características desta área; ou ainda
reconhecer um caso dentro de um padrão científico já apresentado, enquadrando-o
no mesmo.
Quanto aos recursos deste estudo de caso, “[...] em geral a amostra é
pequena e, portanto, insuficiente para inferências, mas adequada para
aprofundamento e reflexão.” (COSTA, 2001, p. 34, grifo do autor).
3.2 Sujeito do Estudo
50
Segundo Ruiz (1996, p. 62, grifo do autor), o “[...] sujeito de uma pesquisa é a
pessoa, o fato, a coisa, o fenômeno a respeito do qual se quer saber alguma coisa.”
Dessa forma, o presente trabalho proporciona como finalidade a identificação
dos índices financeiros da Sadia S/A e Perdigão S/A, e sendo assim, as próprias
organizações são os sujeitos do estudo, assim como os dados a serem coletados se
originam do conjunto de informações contábeis da empresa, registrados e
publicados durante o exercício financeiro dos anos de 2006, 2007 e 2008.
3.3 Instrumento da pesquisa
Os dados foram coletados em fontes bibliográficas, sendo que dentro desse
segmento de pesquisa foram utilizadas a imprensa escrita, em forma de revistas; e
publicações, abrangendo livros e pesquisas; estas últimas foram coletadas
interativamente pelo instrumento internet. (OLIVEIRA, 2003).
3.4 Análise e apresentação de dados
Para analisar os dados das empresas pesquisadas, será utilizada a ferramenta
Excel da Microsoft, onde são descritos os levantamentos e compiladas as
informações alcançadas por meio de uma análise comparativa.
Os dados resultantes dos índices calculados serão apresentados em formulário
chamado Papel de Trabalho para Análise (ANEXO A) e posteriormente serão
elaborados gráficos a fim de acompanhar a evolução dos índices ao decorrer dos
três anos.
3.5 Limitações da pesquisa
Por se tratar especificamente de um levantamento de indicadores financeiros
de duas organizações, um dos fatores limitador dessa pesquisa é que a mesma se
trata unicamente destas duas organizações, e os dados são apenas publicados em
jornais e sites públicos, em especial da Bovespa, tornando assim a busca por
pessoas que pudessem colaborar com informações não divulgadas um fator
limitador da pesquisa.
51
Outra limitação vem por intermédio de que os índices financeiros analisados
não demonstram os acontecimentos gerais da empresa, limitando a análise apenas
a estes indicadores.
52
4 RESULTADOS OBTIDOS
A seguir são apresentados os resultados dos dados obtidos mediante a
pesquisa bibliográfica e interativa referente as empresas Sadia S/A e Perdigão S/A,
cujo gráficos e análise facilitaram a sua compreensão diante dos objetivos
propostos nesse trabalho.
4.1 Histórico das Empresas
A fim de alcançar o primeiro objetivo específico de verificar os históricos das
empresas Sadia e Perdigão desde sua criação, segue informações alcançadas
mediante verificação no site das respectivas empresas.
4.1.1 Sadia S/A
Foi em 1944 que Attilio Fontana criou a S/A Indústria e Comércio Concórdia,
na cidade de Concórdia, em Santa Catarina, que mais tarde se tornaria a Sadia S/A.
A princípio, Fontana contava com um pequeno moinho e um inacabado frigorífico,
com cerca de 60 funcionários; porém com o retorno alcançado do investimento no
moinho, ele conseguiu concluir a construção do frigorífico, que dois anos mais tarde,
em 1946, já abateria mais de 100 suínos por dia. Com o avanço industrial do país,
em 1947 a empresa precisou registrar sua marca e abriu uma filial em São Paulo, o
que facilitou a conquista do mercado nos anos 50.
53
Figura 32 – Moinho da Concórdia, primeira empresa de Atílio Fontana.
Fonte: PORTAL EXAME, 2009
A marca Sadia, em um primeiro impacto, remete o consumidor à preocupação
da empresa em proporcionar alimentos saudáveis. Coincidências à parte, na
realidade a origem do nome da marca é bem mais simples: Sadia nada mais é do
que a junção da sigla S/A, de Sociedade Anônima, com as três últimas letras de
Concórdia, como forma de abreviação do antigo nome.
A década de 50 marcou o país por um célere processo de industrialização.
Diante disso, a região de Concórdia, com o apoio da Sadia, fundou a Associação
Rural de Concórdia, que reuniu os criadores de suínos e cultivadores agrícolas, a fim
de aprimorá-los em suas ocupações e tornar-se um pólo de criação e
industrialização de suínos. Paralelo a isto, São Paulo estava em constante
crescimento. Embora a Sadia já tivesse uma filial na cidade, surgiu um desafio:
transportar os produtos da empresa (que eram perecíveis) nas precárias estradas,
sem caminhão frigorífico (pois não existia na época) e com a demora que é a viagem
terrestre Concórdia x São Paulo. Foi então que, em 1952, a Sadia encontrou a
solução: o transporte aéreo, arrendando um avião da Panair para o transporte de
seus produtos para as grandes capitais do sudeste. O slogan “Pelo ar, para o seu
lar”, popularizou a marca e impulsionou as vendas. Com esse crescimento, a
empresa decidiu, no ano de 1953, inaugurar um complexo industrial na cidade de
São Paulo, o Moinho da Lapa S/A, primeira unidade fora de Concórdia.
54
Figura 33 – Funcionários da Sadia nos anos 50.
Fonte: PORTAL EXAME, 2009
Na década de 60, o Brasil passava por incertezas políticas e alta inflação, não
favorecendo os empreendimentos, porém mesmo na improbabilidade a Sadia
resolveu arriscar, investindo em tecnologia, reestruturação de vendas e dilatação
das atividades. Em 1961, com base na parceria entre produtores de suínos e a
indústria, institucionalizou o Sistema de Fomento Agropecuário. No mesmo ano, deu
início também à avicultura integrada em Concórdia, projeto iniciado de forma
experimental doze anos antes, em 1956, e que, neste ano, atingiu a marca de um
milhão de frangos abatidos, aumentando, assim, o desempenho em criação e abate
de frangos. Três anos mais tarde, em 1964, a Sadia inaugurou a primeira indústria
de carnes e derivados fora de Concórdia, a Frigobrás – Companhia Brasileira de
Frigoríficos, em São Paulo. A partir disto, vários produtos começaram a ser
fabricados na Frigobrás, como salsichas, almôndegas, hambúrgueres e quibes. Foi
com a abertura dessa indústria que a empresa ingressou no ramo de semi-prontos
congelados. Esta época marcou também os primeiro abates de peru em Concórdia,
criação do Conselho de Administração da empresa, e primeiras relações de
exportação de carne bovina e suína in natura congeladas. A criação da Sadia
Comercial LTDA, responsável pela venda e distribuição dos artigos em todo o país,
no ano de 1967, é mais um marco na década da empresa, além ainda das
pesquisas em genética animal e avanço tecnológico.
Ao contrário da década de 60, a década de 70 trouxe uma economia mais
favorável no Brasil, na época conhecido como “milagre econômico”. Foi nessa
55
década então que a Sadia se empenhou para abrir fronteiras produtivas e instituir
novos empreendimentos, inclusive rumo ao mercado internacional. No ano de 1971,
foi aberto o capital da empresa, lançado ações na bolsa de valores e promovido a
mudança oficial do nome de S/A Indústria e Comércio Concórdia pra Sadia
Concórdia S/A, controladora de cinco empresas do ramo da agroindústria e
comércio. Dois anos após a abertura de capital, em 1973, entrou em operação a
Sadia Avícola S/A, indústria de abate e produção de perus. Em 1974, apenas um
ano depois, a empresa lançou um de seus maiores produtos de sucesso da história
da empresa: o Peru Temperado Sadia, solidificando suas vendas em carnes de
peru. Em 1975, a empresa entra no mercado de exportação de frango para o Oriente
Médio, assumindo a liderança entre os exportadores nacionais. Devido ao
crescimento agropecuário no Centro-Oeste do Brasil, a empresa institui um
abatedouro de bovinos e exportadora de carnes para Europa, Oriente Médio e
Estados Unidos chamada Sadia Oeste S/A, na cidade de Várzea Grande, MT. A
expansão continuou em outros estados: no Paraná, nas cidades de Toledo e Dois
Vizinhos, a empresa iniciou o abate de frangos; no Rio de Janeiro, construiu uma
nova fábrica de embutidos; e em Santa Catarina, na cidade de Joaçaba, iniciou o
processamento de soja, além da Sadia Agropastoril, especializada em biotecnologia,
genética animal e tratamento de solo. No final da década a empresa havia criado
diversas plantas industriais abrangendo as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e
uma aptidão em exportação sólida.
Figura 34 – Sadia Oeste S/A, em Várzea Grande, MT.
Fonte: PORTAL EXAME, 2009
56
Foi na década de 80 que o Brasil sofreu com duas situações controvérsias: a
boa foi no âmbito político, com o fim da primeira fase da transição democrática, com
manifestações populares pelas diretas já e com a publicação da nova constituição; a
má aconteceu na esfera econômica, com três planos econômicos sucessivamente
fracassados e altos índices de inflação. Mesmo assim a Sadia, com o lucro obtido de
investimentos anteriores, conseguiu investir na expansão da industrialização e
aceleração da exportação. E foi no primeiro ano da década, em 1980, que a
empresa cria a Sadia Trading, responsável pelas vendas no exterior; e no mesmo
ano as exportações ultrapassaram os US$ 100 milhões e penetram em novos
mercados como Extremo Oriente, Japão e Hong Kong. Outro fato interessante na
exportação é que o quibe da Sadia passou a ser consumido pelos árabes,
solidificando a qualidade da marca. Dois anos mais tarde, a marca Sadia seria
contemplada pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial como marca notória e,
no mesmo ano, a empresa cria o SIC (Serviço de Informação ao Consumidor Sadia),
seu primeiro canal de contato direto com o consumidor. No ano de 1988, ultrapassa
US$ 1 bilhão de faturamento, representando quase 17% da produção de aves no
Brasil. Em 1989 falece o Sr. Attilio Fontana, fundador da empresa. Os lançamentos
da empresa que merecem destaque na época foram: variações de hambúrgueres e
de almôndegas, semiprontos congelados, empanados de frango, frios em
embalagem a vácuo e o presunto Parma.
Na década de 90 ainda havia resquícios da inflação descontrolada da década
anterior. Porém com o Plano Real o país começou a se estabilizar economicamente,
e inicia um processo de mutação nos mercados, que antes fechados, começam a
expandir seus horizontes. Chega à década da globalização. Mediante esse cenário,
a Sadia implanta em 1991 o programa TQS (Total Qualidade Sadia), a fim de
atender as mais diversas necessidades dos consumidores, assim como inicia um
processo de experimentação de novos métodos de gerência e de produção. No ano
seguinte, é criada a Casa do Consumidor Sadia, destinada ao intercâmbio com os
consumidores. O ano de 1995 é marcado pelo recebimento do certificado de ISSO
9001 pela fábrica Chapecó. A empresa começa a abrir novas filiais comerciais em
Milão, Tóquio e Buenos Aires. Inaugura também em Pequim a Churrascaria Beijing
Brasil. Em 1996, implanta em Buenos Aires uma central de armazenagem e
distribuição. No ano de 1994, completando 50 anos, a empresa mostra em números
seu crescimento: dos quase 60 funcionários que trabalhavam na empresa na sua
57
fundação, neste ano a empresa já empregava cerca de 32.000 pessoas, com
faturamento de US$ 2,9 bilhões e um receita de exportação maior que US$ 500
milhões; ainda neste ano a empresa dá inicio a um projeto de racionalização e
reestruturação societária, a fim de alcançar maior economia de escala, simplificar
operações e reduzir custos, objetivando maior transparência para o mercado de
capitais. Dessa forma, em 1998, foi criada a Sadia S/A, que solidificou todas as
atividades da empresa em uma única organização. Em 1999 a empresa recebe mais
uma certificação do ISO na fábrica de Chapecó, desta vez o ISO 14001. A empresa,
nessa década, implementa novos congelados a base diversas matérias-primas,
como sobremesas, massas, pizzas, margarinas e alimentos a base de vegetais e
peixes.
Na década de 2000 a globalização já está consolidada e a Sadia não fica
atrás: no começo da década já possui filiais em Uruguai, Chile e Argentina,
escritórios nos Emirados Árabes, Inglaterra e Itália e representações no Paraguai,
Bolívia e Japão. Adota ineditamente inscrições em Braile em suas embalagens
cartonadas, e inaugura o Memorial Attílio Fontana, na cidade de Concórdia, em
comemoração aos 100 anos do fundador da empresa. Em 2001, a Sadia S/A lança
seus títulos na Bolsa de Nova York para que investidores estrangeiros pudessem
investir na empresa; e na Bolsa de Valores de São Paulo aderiu ao Nível 1 de
Governança Corporativa. Nos anos de 2001 e 2003 a empresa foi eleita pela
consultoria inglesa Interbrand a mais valiosa marca do setor alimentício brasileiro.
No ano de 2004, sem deixar de lado a publicidade, lança o slogan “Sadia, 60 anos.
Uma história de amor.” Que trouxe inúmeros prêmios para a empresa. Em 2005 a
empresa retomou o abate de bovinos e lançou dois novos produtos: o Hot Pocket,
que dois anos mais tarde seria eleito “O Melhor do Brasil” pela feira de alimentos
SIAL, e a linha Sadia Soja; reformulando também a marca Rezende. No ano
seguinte, criou um comitê de sustentabilidade e uma diretoria de Relações
Internacionais, que mais tarde se tornaria responsável pela instalação de uma
unidade fabril na Rússia; ainda em 2006 deu início a um projeto ainda em
andamento de uma unidade de abate e industrialização de suínos e fábrica de
rações, a Unidade Agroindustrial de Lucas do Rio Verde. Preocupada com o meio
ambiente, no ano de 2007 a Sadia S/A realizou a primeira venda de crédito de
carbono, conseguidos com a captação de gases do efeito estufa, sendo a pioneira
em projetos de capitação de metano da atmosfera, contribuindo para amenizar,
58
conseqüentemente, o aquecimento global; no ano ainda anunciou um audacioso
projeto de investimentos com o objetivo de dobrar o faturamento da empresa em
cinco anos. Ainda em 2007, modernizou o armazém-frigorífico do Porto de
Paranaguá, porto responsável pelo armazenamento dos produtos das exportações
da empresa, aumentando a capacidade da empresa de 3,1 mil toneladas para 8,5
mil toneladas, algo em torno de 170% de desenvolvimento. Ainda no mesmo ano a
Sadia patrocinou as delegações olímpicas brasileiras nos Jogos do Rio se
estendendo até os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008 sendo patrocinadora
exclusiva no segmento alimentos. Paralelamente A empresa revitalizou seu mascote
em 3D e lançou o slogan “Para uma vida mais gostosa.” O ano de 2008 foi marcado
pelo início da construção de sua primeira unidade no Nordeste brasileiro, com
capacidade de produção 150 mil toneladas de embutidos, investimento de 300
milhões de Reais e referência em sustentabilidade: será autosuficiente em água, e
neutralizará 100% de emissão de gases de Efeito Estufa com o plantio de 3,5
milhões de árvores nativas. Ainda no âmbito socioambiental, a empresa ingressa no
relatório “Criando Valores para Todos: Estratégias de Negócios com os Pobres”, por
causa do Programa 3’S (Suinocultura Sustentável Sadia), que envolveu mais de 3
mil suinocultores na redução de envio de gases de efeito estufa e venda de créditos
de carbono, segundo o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) do Protocolo
de Kyoto. Ao longo de 2008, podemos destacar alguns prêmios alcançados pela
Sadia, como 5º lugar entre “As 100 empresas de maior prestígio do Brasil”, da Época
Negócios e Troiano Consultoria de Marcas; eleita também a indústria de alimentos
que mais gera empregos no Brasil (por volta de 60 mil colaboradores), pela ABIA;
melhor gestão de marca, pelo Prêmio APEX Brasil de Excelência em Exportação;
vencedora ainda pela quarta vez do prêmio Marcas de Confiança pela revista
Seleções e Ibope. Já quanto aos prêmios alcançados pelos seus produtos, pode-se
destacar a Qualy, bicampeã consecutiva como margarina líder pela Folha de São
Paulo, e os hambúrgueres grelhados e as margarinas saborizadas foram eleitos
como produtos mais inovadores do mundo pelo Sial de Paris.
Como missão a empresa adota a redação “Alimentar consumidores e clientes
com produtos saborosos e saudáveis, com soluções diferenciadas.” E a visão é “Ser
reconhecida por sua competitividade em soluções de agregação de valor e respeito
ao crescimento sustentável da cadeia de valor.”
59
Finalizando, as marcas que a Sadia S/A detém são Qualy, Hot Pocket, Miss
Daisy, Sadia Light, Sadia Soja, Speciale, Tekitos, Sadilar Sadia, Deline e Rezende.
4.1.2 Perdigão S/A
A Perdigão S/A iniciou suas atividades em 1934, em Vila das Perdizes, atual
Videira, no estado de Santa Catarina. A princípio, as famílias Ponzoni e Brandalise,
de imigrantes italianos, estrearam as atividades da Ponzoni, Brandalise & Cia, que
mais tarde se tornaria Perdigão S/A, com um armazém de secos e molhados. A
atividade industrial dessa empresa iniciou mesmo no ano de 1939, por meio de um
pequeno abatedouro e fábrica de derivados suínos. Em apenas dois anos, o abate
de suínos alcançou a marca de 100 animais dia, algo inalcançado até então na
época.
Foi em 1941 que a empresa adotou o casal de perdizes como logotipo. Já em
1943 a empresa adquire a Sociedade Curtume Catarinense, que mais tarde se
tornaria Curtume Perdigão, que era responsável pelo processamento de pele suína
tanto própria quanto de terceiros. Em 1945 a Ponzononi, Brandalise & Cia agrupou
os seus negócios e se tornou uma Sociedade Anônima, adotando o nome Ponzoni,
Brandalise S/A Comércio e Indústria. No ano de 1947 a empresa resolveu aderir à
expansão, investindo no setor madeireiro comprando serrarias.
Figura 35 – Evolução da logomarca Perdigão.
Fonte: PERDIGÃO, [2008?]
No ano de 1954, a empresa resolveu expandir seus horizontes: deram inicio
aos investimentos em agropecuária, construindo em Videira - SC a Granja Santa
Gema, voltada a produção de animais de alta linhagem. O abate das aves se iniciou
no ano seguinte de forma artesanal, nas dependências do frigorífico de suínos.
Mediante o novo projeto, a empresa deu início na região à implantação de um novo
e revolucionário sistema produtivo de aves e suínos: a integração vertical. Devido à
60
própria empresa fazer a parte de transporte de seus produtos, em 1956 a Ponzoni,
Brandalise S/A Comércio e Indústria incluiu em sua razão social a palavra
Transporte, tornando-se a Ponzoni, Brandalise S/A Comércio, Indústria e
Transporte. Porém essa nova nomenclatura perdurou apenas dois anos, pois em
1958 a empresa adotou o nome Perdigão S/A Comércio e Indústria.
Em 1962 a Perdigão chega à marca de 500 abatimentos industriais de aves
por dia, sendo que seis anos mais tarde, em 1968, com a automação de
processamento de aves, a capacidade de abate triplica, chegando a 1500 aves/dia.
No ano de 1963 foram instalados nas unidades industriais laboratórios para fim de
controle microbiológico e físico-químico dos produtos nas unidades industriais, que
colaboraram tanto no controle de qualidade dos produtos quanto nas pesquisas de
desenvolvimento da empresa. No ano seguinte, é criado o time de futebol
profissional da Perdigão, juntamente com a SEP (Sociedade Esportiva Perdigão)
que se tornaria responsável pela administração da equipe, que dois anos mais tarde
se consagraria campeão catarinense. No mesmo ano, 1966, foi implantado em um
lote experimental de mais de mil pintinhos, um sistema de criação integrada de aves
nas dependências dos produtores parceiros. Em 1998 iniciou a automação no
processo de aves, e a capacidade de abatimento de aves por dia chegou a 1,5 mil
animais.
A década de 70 começa com uma fusão: após a aquisição do Empório Couro
S/A, a empresa resolve fundi-la com o Curtume Perdigão, criando a Perdigão
Couros S/A. O ano de 1962 foi marcado por um acontecimento esportivo, e chega
ao fim o time de futebol profissional e a anterior SEP (Sociedade Esportiva Perdigão)
passou a se chamar SERP (Sociedade Esportiva e Recreativa Perdigão), com infra-
estrutura de lazer para funcionários e parentes. No ano posterior, a organização
resolve investir na sua cidade berço, construindo em Videira, Santa Catarina, um
hotel e um supermercado; e no ramo alimentício, a empresa continua agregando
mais atividades, como a fruticultura de maçã, mediante aquisição de fazendas em
Fraiburgo. Em 1974 o destaque foi a construção da Perdigão Rações S/A Comércio
e Indústria, mais tarde Perdigão Alimentos S/A, responsável por todas as fábricas da
empresa que se destinavam a produção de ração animal. Nos dois próximos anos a
Perdigão alimentos S/A passou a industrializar, além das rações animais, passou a
industrializar sojas e derivados, uma vez que construiu em Videira uma unidade de
esmagamento de grão, refino de óleo e produção do farelo usado na ração. Ainda
61
em Videira foi construído um abatedouro exclusivamente de aves, e a empresa
começou a exportar para Arábia Saudita seu frango. Com mais duas empresas, cria
a UNEF (União de Exportadores de Frango) que projetou o país para o comércio
internacional de aves. No ano de 1997 a empresa incorpora mais uma empresa de
abate e industrialização de bovinos, a União Velosense de Frigorífico-Unífrico S/A,
localizada em Salto Veloso, santa Catarina, que em 1978 se tornou Perdigão Veloso
S/A. No ano de 1979 mais uma incorporação para a empresa: A Perdigão Alimentos
incorpora uma fábrica de Catanduvas, Santa Catarina, chamada Rações Pagnocelli
S/A. Também neste último ano da década a Perdigão importa dos Estados Unidos
uma espécie de ave chamada Gallus gallus, e, aplicando uma tecnologia de
melhoramento genético objetivando o desenvolvimento de uma ave com 70% de
suas carnes concentradas no peito e nas coxas, nasce o famoso Chester, marca
desenvolvida e registrada pela Perdigão, oferecendo aos seus consumidores uma
nova alternativa de carne de ave com menos gordura, sendo que o produto só foi
lançado ao consumidor no ano de 1983.
Figura 36 – Granja de criação de Chester da Perdigão.
Fonte: PORTAL EXAME, 2009.
A década de 80 começa a todo o vapor. Já no primeiro ano, 1980, a Perdigão
incorpora mais três empresas: A Agropecuária Confiança LTDA e a Comércio e
Indústria Saulle Pagnocelli S/A, abrangendo uma unidade de abate e
industrialização de suínos, granjas e uma hidrelétrica, ambas em Herval D’Oeste,
Santa Catarina; e também a Incorporadora e Indústria Reunidas Ouro S/A, que
62
compreendia um abatedouro de aves, uma unidade de industrialização de suínos e
granjas, esta localizada também no estado de Santa Catarina, na cidade de
Capinzal. No ano seguinte a holding da Perdigão começa a vender ações na Bolsa
de Valores, abrindo seu capital. O ano de 1984 foi marcado por mais uma aquisição:
o Frigorífico Borella, de Marau, Rio Grande do Sul, que posteriormente recebeu
ampliação e modernização. O esporte também mereceu destaque neste ano, pois a
empresa forma um time de futebol de salão que, além de divulgar a marca,
conquistou 19 importantes títulos nos seus sete anos de existência, entre eles bi-
campeão brasileiro, tri-campeão sul-americano e vice-campeão mundial. Em 1986
percebem-se significativas mudanças na empresa, pois, a fim de manter seu foco na
atividade principal, desfez-se das frutícolas, dos supermercados, cereais e posto de
combustíveis que haviam adquirido ao longo de sua existência. Neste ano também a
empresa adquiriu a Frigoplan Ltda., na cidade de Lages, Santa Catarina, iniciando a
atividade de abate de bovinos; porém, após encerrar a atividade de abate e sofrer
modernização, começou a operar em prol de atender a demanda de alimentos
prontos congelados, preparando a matéria prima utilizada em massas, quibes,
almôndegas, polpetones, medalhões, etc. No ano seguinte, 1987, a Perdigão
adquire mais uma empresa, uma fábrica de rações sediada em Gaurama, Rio
Grande do Sul, e, no âmbito administrativo, seu até então presidente Saul
Brandalise passa a fazer parte do Conselho de Administração da empresa, deixando
a sucessão do seu cargo para seu filho mais velho, Flávio Brandalise. Em 1988 mais
uma empresa do estado do Rio Grande do Sul é adquirida, a Sulina Alimentos S/A,
no município de Serafina Corrêa, que continuou sendo mantida como empresa
independente do grupo Perdigão. Mas o ano foi caracterizado mesmo por duas
construções na empresa: a Perdigão da Amazônia S/A, em Cuiabá, Mato Grosso,
destinada ao processamento de soja e derivados; e a Perdigão Avícola Rio Claro
Ltda., na cidade de Rio Claro, em São Paulo, sociedade com a empresa Cobb-
Vantres destinada à produção de novas matrizes avícolas geneticamente
modificadas. Em 1989 podem-se destacar várias realizações da Perdigão: no
segmento produtos, lançamento da linha Turma da Mônica, primeira no país com
baixa condimentação; em novas aquisições, houve a incorporação da SWIFT, que
produzia enlatados de carnes e vegetais, na cidade de Santo André, São Paulo, do
Frigorífico de Aves Mococa, em Mococa, estado se São Paulo, e a Ideal Avícola S/A
e Granja Ideal, ambas em Serafina Corrêa, que somadas compunham um
63
abatedouro de aves, um de suínos e diversas granjas; no segmento internacional, foi
firmada parceria com a Mitsubishi Corporation, japonesa, objetivando acesso a
recursos e tecnologias; e, por fim, na área de recursos humanos são enumeradas
várias ações: criação de cooperativa de crédito CrediPerdigão, concepção dos
Jogos Regionais Perdigão, constituição do programa de reconhecimento de antigos
funcionários chamado “Nossa Gente, Nossa História”, e adoção de um time de
basquete feminino que passou a se chamar Perdigão-Divino. Essas ações de
recursos humanos, sete anos mais tarde, geraram para a empresa o Prêmio SESI
de Qualidade de Vida no Trabalho.
Figura 37 – Saul Brandalise, da Perdigão.
Fonte: PORTAL EXAME, 2009.
A década seguinte inicia com modificações já em 1990, onde, juntamente com
a empresa Persuínos, de Portugal, internacionaliza suas atividades na produção de
salsichas e lingüiças, porém a constituição foi desfeita no ano seguinte; ainda no
cenário internacional, recebe em Paris o Prêmio Sial D’Or referente à salsicha da
Mônica; e a empresa consegue aprovação para que os abatedouros de aves de
Capinzal (SC) e Marau (RS) exportem para União Européia. Nesse ano também
iniciam os investimentos no programa de tecnologia ambiental, com o objetivo de
aperfeiçoar o sistema de proteção ao meio ambiente já existente. No ano de 1991
falece, em Videira, Saul Brandalise, e em 1992, a Perdigão perde mais um de seus
fundadores, Ângelo Ponzoni, na capital do Rio de Janeiro. No ano seguinte o cargo
de presidente executivo é assumido por Eggon João Da Silva, acionista minoritário e
64
membro do Conselho de Administração da empresa, porém em 1994 a Perdigão tem
seu controle acionário adquirido por um Fundo de Pensão, fazendo com que a
organização substituísse a administração familiar pela profissionalizada. A figura de
Nildemar Secches aparece em 1995 na empresa como Diretor-Presidente, e nesse
ano é dado início ao processo de reestruturação societária e organizacional. No ano
de 1996 é inaugurado o Centro de Distribuição e Abastecimento na cidade de Belo
Horizonte, Minas Gerais; a educação mereceu atenção da empresa neste ano, onde
foi criado um programa educacional com meta de formar todos os seus funcionários
no primeiro grau até 2000; e o ano também marcou pela conquista do prêmio Mauá
devido à qualidade e transparência de suas informações disponibilizadas ao
mercado de capitais. Em 1997 existem algumas mudanças na Perdigão que devem
ser mencionadas. A primeira delas, na reestruturação societária, unifica todas as
empresas do grupo em uma única de capital aberto chamada Perdigão S/A e uma
única operacional chamada Perdigão Agroindustrial S/A, juntamente com a
Previdência Privada Perdigão com plano de aposentadoria para os colaboradores.
Neste ano também é constituído o Programa Habitacional Perdigão PROHAB,
facilitando a aquisição de moradia para os colaboradores. Ainda em 1997 a empresa
é contemplada com o Prêmio ABAMEC 1996, da Associação Brasileira de Analistas
de Mercado de Capitais; e inaugura mais três centros de abastecimento nas capitais
do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, além de uma importante fábrica
de rações em Marau, Rio Grande do Sul, mais moderna da América Latina e com
capacidade de produção de 33 mil toneladas por mês. Uma fábrica de rações do
grupo é desativada até final de 2002, localizada em Gaurama, Rio Grande do Sul.
Em Videira, a empresa constrói um espaço de preservação da história da Perdigão,
o Espaço VIP (Visitante Importante Perdigão). As fábricas de aves de Salto Veloso e
Marau são certificadas pelo ISSO 9002/94; e a empresa lança no mercado neste
mesmo ano uma linha de vegetais chamada “Escolha Saudável”, com vegetais
importados da Bélgica e congelados por um contemporâneo processo IQF. Já em
1998, foram inauguradas algumas unidades: Industrializados de Marau (RS),
Centros de Distribuição e abastecimento em Videira (SC), Fortaleza (CE), Cubatão
(SP) e Salvador (BA), Centro de Tecnologias de Carnes em Videira (SC) e dois
novos Centros de Difusão Genética, um em Videira (SC) e outro em Rio Verde (GO).
Nildemar Secches ganha o prêmio da Gazetta Mercantil de Líder Empresarial do
Ano. O último ano da década marca a ampliação da fábrica de rações de
65
Catanduvas, tornando-a a maior da América Latina; recebe dois prêmios, o CNI de
Ecologia na categoria gerenciamento de resíduos e fica entre as 50 melhores
empresas para se trabalhar da Revista Exame. A empresa entra nesse ano também
com a Linha Toque de Sabor, de massas prontas e congeladas.
A década de 2000 apresenta grandes transformações na empresa. No
primeiro ano da década, 2000, a empresa adquire 51% do controle da Batávia; abre
seu primeiro escritório fora do país em Londres, Inglaterra; e lança ações (pioneira
no país) na Bolsa de Nova York. Conquista os prêmios de Empresa Modelo de
Responsabilidade Social, da Revista Exame, e fica entre as 20 maiores empresas do
século, eleita pela FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina).
Como projeto de melhoria do município de Rio Verde (GO), inaugura nove postos de
saúde e segurança. No ano seguinte, a empresa alcança 20 mil colaboradores;
adquire o restante das ações da Batávia; estende a todos os funcionários o
Programa de Participação dos Lucros (PPL); e lança a marca mundial Perdix. Cria
juntamente com a Sadia a BRF Trading, com o objetivo de comercialização de seus
produtos em mercados emergentes; e entra no Nível I de governança coorporativa
na Bolsa de Valores de São Paulo. Inaugura o primeiro módulo do Centro de
Distribuição de Campinas, que se tornará o mais moderno da empresa. A Perdigão
recebe os prêmios de Processador del Año, da revista Indústria Alimentícia;
Expressão de Ecologia na categoria Controle de Poluição e Responsabilidade Social
`pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Seu presidente, Nildemar
Secches, ganha o cargo de presidente da Associação Brasileira de Produtores e
Exportadores de Frango, juntamente com o prêmio Executivo de Valor, do Jornal
Valor Econômico. Em 2002, abre um escritório em Dubai, nos Emirados Árabes; e
entra no mercado com novos produtos: tortas e folhados salgados e exportações de
camarão. A sociedade com a Sadia na Trading BRF foi desfeita, e a empresa
assume o controle da nova Brasilian Fine Foods (BFF). Ainda nesse ano é firmado
um convênio com a Universidade Federal de Viçosa (MG), para reforçar o sistema
de rastreamento e segurança alimentar da empresa; e implanta uma ferramenta de
gestão chamada Customer Relationship Management (CRM). Como premiação, a
empresa recebe o Prêmio Cidadania Brasil de Exportação, pelo Ministério das
Relações Exteriores. No ano de 2003, as principais conquistas da empresa ficam por
conta do recebimento dos certificados do ISO 9001: 2000, 14001: 1996 e OHSAS
18001: 1999 nas unidades de Mauru, e o quadro de funcionários da empresa
66
ultrapassa os 7 mil colaboradores. O ano de 2004 oi marcado pela comemoração
dos 70 anos de empresa; nesse ano também destaca-se como principais
acontecimentos o lançamento do Chicken PopCorn, ou “pipoca de frango”; a
abertura de escritórios de vendas em Cingapura e Tókio. Em 2005 os principais
acontecimentos foram em torno de ampliação com aquisições de novas unidades,
investimento em ampliações e sua estréia no mercado bovino e de margarinas. Em
2006, o fato que merece destaque na empresa, além de prêmios, ampliações e
aquisições foi o lançamento da campanha “Perdigão. Todo Mundo Adora” destaque
no marketing da empresa. O ano de 2007 é marcado pela vigorosa política de
expansão, ampliando sua atuação nas atividades de margarinas, lácteos, e bovinos,
a partir de parcerias e aquisições tanto no Brasil quanto no exterior. O último ano da
empresa, 2008, o destaque é a aquisição da antiga Avipal, atual Eleva, o que faz
com que a empresa se torne um dos maiores produtores de alimentos da América
Latina; como em todos os últimos anos da década, a empresa manteve ampliações,
aquisições e recebeu vários prêmios durante este ano.
4.2 Análise dos Principais Índices Financeiros
Para alcançar o objetivo de acompanhar a evolução dos índices financeiros
dos anos de 2006, 2007 e 2008 das empresas Sadia S/A e Perdigão S/A, os
mesmos foram calculados na ferramenta Excel, da Microsoft, seus resultados foram
tabulados no papel de trabalho e, posteriormente, destes resultados foram
elaborados gráficos de análise de tendência comparativos entre as duas empresas.
4.2.1 Empresa Sadia S/A
Segue abaixo a Tabela 1 onde consta o Papel de Trabalho da empresa Sadia
S/A, que apresenta os índices financeiros e econômicos obtidos nos anos de 2006,
2007 e 2008.
67
Tabela 1: Índices financeiros da Sadia S/A
SADIA 2006 2007 2008 LIQUIDEZ GERAL R$ 1,01 R$ 1,03 R$ 0,70 LIQUIDEZ CORRENTE R$ 2,07 R$ 2,20 R$ 0,91 LIQUIDEZ SECA R$ 1,59 R$ 1,68 R$ 0,69 LIQUIDEZ IMEDIATA R$ 1,06 R$ 1,18 R$ 0,42 PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS 212,02% 169,81% 3211,16% ENDIVIDAMENTO À CURTO PRAZO 43,65% 41,91% 63,80% IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 97,80% 96,39% 1090,83% IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES 44,56% 48,52% 86,41% TAXA DE RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO 4,94% 8,91% -18,19% TAXA DE RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO 15,42% 24,13% -604,75% MARGEM BRUTA DE LUCRO SOBRE AS VENDAS 24,60% 27,51% 24,41% MARGEM OPERACIONAL DE LUCRO SOBRE AS VENDAS 6,11% 9,96% -29,81% MARGEM LÍQUIDA DE LUCRO SOBRE AS VENDAS 5,48% 8,82% -23,16% GIRO DO ATIVO 0,50 0,20 0,24 Fonte: Dados primários.
4.2.2 Empresa Perdigão S/A
Abaixo se encontra a Tabela 2 que oferece o registro dos índices financeiros
e econômicos da Perdigão S/A no Papel de Trabalho, referente aos anos de 2006,
2007 e 2008.
68
Tabela 2: Índices financeiros da Perdigão S/A
PERDIGÃO 2006 2007 2008
LIQUIDEZ GERAL R$ 1,83 R$ 1,58 R$ 1,16
LIQUIDEZ CORRENTE R$ 2,20 R$ 1,94 R$ 1,94
LIQUIDEZ SECA R$ 1,68 R$ 1,50 R$ 1,39
LIQUIDEZ IMEDIATA R$ 0,90 R$ 0,91 R$ 0,64
PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS 127,59% 102,83% 172,92%
ENDIVIDAMENTO À CURTO PRAZO 46,60% 58,52% 43,34%
IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 87,38% 78,14% 112,81%
IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES 51,97% 54,78% 56,98%
TAXA DE RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO 2,43% 4,91% 0,48%
TAXA DE RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO 5,57% 9,96% 1,32%
MARGEM BRUTA DE LUCRO SOBRE AS VENDAS 25,80% 28,24% 24,22%
MARGEM OPERACIONAL DE LUCRO SOBRE AS VENDAS 1,55% 6,09% -1,19%
MARGEM LÍQUIDA DE LUCRO SOBRE AS VENDAS 2,25% 4,84% 0,48%
GIRO DO ATIVO 1,08 0,29 0,32 Fonte: Dados primários.
4.2.3 Comparativo entre as empresas Sadia S/A e Perdigão S/A
O Gráfico 1, a seguir, apresenta a evolução da liquidez geral das empresas
Sadia S/A e Perdigão S/A nos anos de 2006, 2007 e 2008.
69
Gráfico 1 – Índice de liquidez geral das empresas Sadia S/A e Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
Conforme se pode perceber no Gráfico 1, a liquidez geral da Sadia alcançou
em 2006 o índice de R$ 1,01; isto significa que a cada R$1,00 que a empresa
mantinha de dívidas circulantes ou exigíveis de longo prazo, restavam R$ 0,01 em
ativo circulante e realizável de longo prazo. Esteve melhor no ano de 2007, onde
para cada R$1,00 de passivos de curto e longo prazo, ainda restavam R$ 0,03
centavos de ativos circulantes e realizáveis a longo prazo. A situação da empresa
em 2008 ficou crítica: a cada R$ 1,00 de dívida, a empresa só tinha R$ 0,70 de
ativos para seu pagamento, restando ainda uma obrigação de R$ 0,30 por Real.
Já a Perdigão S/A, no ano de 2006, obteve seu melhor índice, R$ 1,83, onde
para cada R$ 1,00 de dívida a empresa ainda tinha disponível em ativos circulantes
e realizável de longo prazo R$ 0,83. O segundo ano da empresa, 2007, mostrou
bons resultados também, com índice de R$ 1,58, que indica que para cada Real de
passivos circulantes e exigíveis de longo prazo, a empresa mantinha em ativos uma
diferença de R$ 0,58. O pior índice da empresa foi no ano de 2008, mas mesmo
assim esse índice, de R$ 1,16, ainda é considerado vantajoso para a empresa, pois
para cada R$ 1,00 mantido em passivos, a empresa conseguia saldar essa dívida e
manter ainda R$ 0,16 em ativos circulantes e realizáveis a longo prazo.
No gráfico 1 pode-se também perceber que a empresa Perdigão S/A, em
todos os anos, manteve um índice de liquidez geral melhor do que a Sadia S/A.
R$ 1.01 R$ 1.03
R$ 0.70
R$ 1.83
R$ 1.58
R$ 1.16
R$ 0.00
R$ 0.20
R$ 0.40
R$ 0.60
R$ 0.80
R$ 1.00
R$ 1.20
R$ 1.40
R$ 1.60
R$ 1.80
R$ 2.00
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
70
A seguir, o Gráfico 2 apresenta a liquidez corrente da Sadia S/A e da
Perdigão S/A nos anos de 2006, 2007 e 2008.
Gráfico 2 – Índice de liquidez corrente das empresas Sadia S/A e Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
O Gráfico 2, em 2006, expõe um índice de liquidez corrente favorável para a
Sadia S/A: para cada R$ 1,00 de passivos circulantes, ela mantém em ativos
circulantes R$ 2,07, ou seja, paga suas dívidas circulantes e ainda restam R$ 1,07
em ativos circulantes. Apresenta um melhor resultado no ano de 2007, onde para
cada R$ 1,00 de dívidas de curto prazo, restavam ainda R$ 1,20 de ativo circulante.
Porém no ano de 2008 os ativos circulantes somavam R$ 0,91 para cada R$ 1,00 de
passivos circulantes, restando ainda uma dívida de R$ 0,09 por Real. Essa queda de
liquidez corrente da empresa em 2008 se deu devido ao aumento de cerca de 425%
do passivo circulante na conta empréstimos e financiamentos perante o ano anterior.
Em contrapartida, a Perdigão S/A, no ano de 2006, apresentou seu melhor
índice de liquidez corrente, onde pra cada Real mantido em dívidas de curto prazo, a
empresa dispunha de uma diferença de R$ 1,15 em ativos circulantes, totalizando
um índice de R$ 2,15. Nos dois anos seguintes, 2007 e 2008, a empresa obteve o
mesmo índice, de R$ 1,94, e isso exprime que, para cada R$ 1,00 de passivos
circulantes, a empresa ainda mantinha uma diferença de R$ 0,94 em ativos de curto
prazo.
R$ 2.07 R$ 2.20
R$ 0.91
R$ 2.20
R$ 1.94 R$ 1.94
R$ 0.00
R$ 0.50
R$ 1.00
R$ 1.50
R$ 2.00
R$ 2.50
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
71
Comparando o desempenho das duas empresas em liquidez corrente,
entende-se que a empresa Sadia S/A obteve um melhor índice no ano de 2007, e a
Perdigão S/A alcançou melhor atuação em 2006 e 2008.
O Gráfico 3, abaixo, expõe a liquidez seca das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A nos anos de 2006, 2007 e 2008.
Gráfico 3 – Índice de liquidez seca das empresas Sadia S/A e Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
O Gráfico 3 apresenta bom resultado para a Sadia S/A em 2006, onde para
cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo, a empresa dispõe de R$ 1,59 de ativos
circulantes sem estoque. Melhores resultados são obtidos no ano de 2007, onde
para cada R$ 1,00 de dívidas de curto prazo, restava ainda R$ 0,68 de ativos
circulantes diminuídos o estoque. Mais uma vez, o ano de 2008 que apresenta o pior
resultado: Para cada R$ 1,00 de passivo circulante, a empresa tinha disponível no
ativo circulante abatido estoque apenas R$ 0,69, restando ainda uma diferença de
R$ 0,31 por Real.
A Perdigão S/A apresentou índices favoráveis de liquidez imediata nos
determinados anos: em 2006, ano do seu melhor resultado, obteve um índice de R$
1,68, onde para cada Real de dívidas de curto prazo, a empresa saldava essa dívida
dispunha de R$ 0,68 de ativos circulantes diminuída a conta estoque. Em 2007 seu
índice caiu, obtendo R$ 1,50 de liquidez imediata, que significa que a empresa
pagou suas dívidas de curto prazo com seus ativos circulantes sem a conta estoque
R$ 1.59 R$ 1.68
R$ 0.69
R$ 1.68
R$ 1.50 R$ 1.39
R$ 0.00
R$ 0.20
R$ 0.40
R$ 0.60
R$ 0.80
R$ 1.00
R$ 1.20
R$ 1.40
R$ 1.60
R$ 1.80
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
72
e ainda restaram R$ 0,50 por Real. Em 2008, a Perdigão obteve seu pior índice, R$
1,39, que significa que em ativo circulante diminuído o estoque a empresa obtinha
R$ 0,39 a mais por Real de dívida paga.
Ao confrontar os resultados das duas empresas, conforme o no gráfico 3,
conclui-se que a empresa Sadia S/A só obteve melhores resultados na liquidez
corrente no ano de 2007, ficando com a Perdigão os melhores índices dos anos de
2006 e 2008.
A seguir, o Gráfico 4 oferece os índices de liquidez imediata da Sadia S/A e
Perdigão S/A, nos anos de 2006, 2007 e 2008.
Gráfico 4 – Índice de liquidez imediata das empresas Sadia S/A e Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
Observando o Gráfico 4, no ano de 2006, nota-se que a Sadia S/A obteve um
índice de liquidez favorável, possuindo R$ 1,06 de disponibilidades (caixas, bancos
e aplicações financeiras) para cada R$ 1,00 de dívida corrente. Percebe-se que,
como em todos os índices deste grupo, a empresa apresentou melhores resultados
no ano de 2007, onde para cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo, a empresa tinha
disponível para pagamento imediato R$ 1,18, ou seja, ela conseguia saldar a dívida
e ainda restava R$ 0,18 por Real. Já o ano de 2008 apresenta o pior desempenho,
onde para cada R$ 1,00 de dívidas de curto prazo, a empresa tinha disponível
apenas R$ 0,42 para pagamento, restando ainda uma diferença de R$ 0,58 de
dívida por Real.
R$ 1.06
R$ 1.18
R$ 0.42
R$ 0.90 R$ 0.91
R$ 0.64
R$ 0.00
R$ 0.20
R$ 0.40
R$ 0.60
R$ 0.80
R$ 1.00
R$ 1.20
R$ 1.40
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
73
No mesmo gráfico podemos acompanhar a evolução da Perdigão S/A, que no
ano de 2006 apresentou um índice de liquidez imediata de R$ 0,90, que denota que
para cada R$ 1,00 de dívidas circulantes a empresa trazia em suas disponibilidades
(caixas, bancos e aplicações financeiras) apenas R$ 0,90 centavos, restando ainda
um saldo de dívida de R$ 0,10. Em 2007 a empresa obteve seu melhor índice R$
0,91 centavos, que ainda assim não é considerado um índice ideal, porque para
cada Real de passivos de curto prazo, a empresa possuía apenas R$ 0,91 de
disponibilidades, restando ainda uma dívida de R$ 0,09 por Real. Em 2008, a
Perdigão S/A alcançou seu mais baixo índice, de R$ 0,64, onde havia em
disponibilidades apenas R$ 0,64 por Real de dívida de curto prazo, restando ainda
um saldo de R$ 0,36 de dívida por Real.
Confrontando os índices das duas empresas, consegue-se visualizar que a
Sadia S/A obteve melhores índices em 2006 e 2007, restando com a Perdigão
apenas o melhor desempenho no ano de 2008.
Já no grupo de estrutura de capital e endividamento, o Gráfico 5 esclarece a
evolução dos índices de participação do capital de terceiros das empresas Sadia S/A
e Perdigão S/A, nos anos de 2006, 2007 e 2008.
Gráfico 5 – Índice de participação de capital de terceiros das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
212.02% 169.81%
3211.16%
127.59% 102.83% 172.92%
0.00%
500.00%
1000.00%
1500.00%
2000.00%
2500.00%
3000.00%
3500.00%
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
74
Como podemos observar, o Gráfico 5 manifesta uma trágica realidade para a
empresa Sadia S/A: a participação de capital financiado, nestes três anos, foi
superior à 100%, ou seja; no ano de 2006, 212,02% de seu patrimônio líquido se
localizava financiado por capital terceirizado. Em 2007, onde a empresa obteve seu
melhor índice nessa categoria, 169,81% de seu patrimônio líquido se encontrava
financiado por capital de terceiros. O pior índice, em 2008, mostra um valor
extremamente alto: 3.211,16% do capital próprio encontravam-se financiado em
dívidas de curto e longo prazo.
A Perdigão S/A também obteve apenas índices superiores a 100%, que é
considerado um índice acima do máximo desejável. Em 2006, a empresa
proporcionou um índice de 127,59%, que significa que, neste ano, 127,59% de seu
capital próprio era mantido por passivos circulantes e de longo prazo. No ano de
2007, a empresa ofereceu seu melhor índice, de 102,83%, onde todo o seu
patrimônio líquido mais 2,83% desse valor era financiado por capital de terceiros.
Em 2008 a empresa obteve seu pior índice, onde 172,92% de seu patrimônio líquido
estava comprometido com dívidas de curto e longo prazo.
Em um comparativo da evolução do índice de participação de capital de
terceiros, percebe-se que a Perdigão S/A foi unânime, obtendo os melhores índices
comparados com a Sadia S/A em todos os anos.
A seguir, o Gráfico 6 apresenta a composição do endividamento da Sadia S/A
e da Perdigão S/A nos anos de 2006, 2007 e 2008.
75
Gráfico 6 – Índice de composição do endividamento (curto prazo) das empresas
Sadia S/A e Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
O Gráfico 6 expõe a porcentagem de dívidas totais que estão comprometidas
à curto prazo. Esse índice, no caso da empresa não querer comprometer seu capital
de giro, é melhor que esteja mais baixo, pois assim a maior parte das dívidas será
saldada apenas no próximo exercício.
No caso da Sadia S/A, se aplica essa sentença acima, e em 2006 menos da
metade das dívidas, 43,65%, representava o endividamento em curto prazo,
restando 56,35% de endividamento em longo prazo. O melhor índice da empresa se
encontra no ano de 2007, onde apenas 41,91% de suas dívidas de encontram em
curto prazo, e os restantes 58,09% se encontram em longo prazo. O pior
desempenho encontra-se em 2008, onde 63,80% das dívidas se encontram no
exercício, restando apenas 36,20% para o exercício seguinte.
A Perdigão S/A obteve, em 2006, um índice de 46,60% de dívidas de curto
prazo, restando 53,40% para longo prazo. Seu melhor pior índice foi alcançado em
2007, onde mais da metade das dívidas da Perdigão S/A, 58,52%, encontravam-se
no exercício, e os restantes 41,48% de dívidas ficaram para o exercício seguinte. O
melhor resultado a empresa obteve em 2008, ano em que 43,34% das dívidas
localizavam-se em curto prazo e os 56,66% restantes encontravam-se para longo
prazo.
43.65% 41.91%
63.80%
46.60%
58.52%
43.34%
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
70.00%
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
76
Analisando o Gráfico 6 pode-se afirmar que a Sadia S/A obteve os melhores
índices no ano de 2006 e 2007, restando para a Perdigão S/A o melhor índice
apenas no ano de 2008.
A seguir, o Gráfico 7 mostra o índice de imobilização do patrimônio líquido da
Sadia S/A e da Perdigão S/A nos anos de 2006, 2007 e 2008.
Gráfico 7 – Índice de imobilização do patrimônio líquido das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
Como pode-se perceber no Gráfico 7, a Sadia S/A apresentou mais um índice
bastante destoado em sua evolução. Em 2006, a empresa já investia quase sua
totalidade de patrimônio líquido em ativo permanente imobilizado, ou seja, de 100%
de patrimônio líquido, 97,80% estava comprometido em bens de vida longa que são
utilizados na atividade do ramo principal da empresa, como imóveis, máquinas e
equipamentos. No ano de 2007, essa imobilização cai um pouco, mas continua alta:
96,39% do patrimônio líquido encontram-se investido em ativos imobilizados. Em
2008, esse índice salta absurdamente, onde 1090,83% do patrimônio líquido estão
imobilizados no ativo permanente imobilizado, e isso quer dizer que o dinheiro que a
empresa possui em ativo permanente imobilizado é mais de dez vezes superior do
que ela contém de patrimônio líquido. Esse fato ocorreu por dois motivos: o primeiro
e principal é um aumento de cerca de 425% nos empréstimos e financiamentos a
curto prazo da empresa de 2007 para 2008, e o segundo foi a redução em cerca de
97.80% 96.39%
1090.83%
87.38% 78.14% 112.81%
0.00%
200.00%
400.00%
600.00%
800.00%
1000.00%
1200.00%
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
77
87% do patrimônio líquido mantido na empresa, resultado este decorrente
principalmente da conta reservas de lucro, que em 2008 apresentou uma retirada de
R$ 97.064.000,00, na contrapartida de uma reserva de R$ 896.710.000,00 mantida
em 2007.
A Perdigão S/A apresentou índices equilibrados no quesito imobilização do
patrimônio líquido. No ano de 2006, 87,38% de seu patrimônio líquido havia sido
investido em ativo permanente imobilizado, e isso quer dizer que do total que a
empresa tinha disponível em patrimônio líquido naquele exercício, 87,38% era
investido em bens usados na atividade do ramo alimentício e de vida longa, como
máquinas, equipamentos e imóveis. Em 2007, a empresa apresentou seu melhor
índice, onde 78,14% do seu patrimônio líquido eram encontrados investidos na conta
ativo permanente imobilizado. O pior índice a empresa alcançou no ano de 2008,
onde 112,81%, mais do que o total do seu patrimônio líquido, encontravam-se em
seu ativo permanente imobilizado.
Fazendo uma correlação entre as duas empresas, pode-se assegurar que a
Sadia S/A obteve piores resultados em todos os anos, comparada com a empresa
Perdigão S/A.
Abaixo, o Gráfico 8 apresenta a evolução do índice de imobilização dos
recursos não correntes da Sadia S/A e da Perdigão S/A nos anos de 2006, 2007 e
2008.
78
Gráfico 8 – Índice de imobilização dos recursos não correntes das empresas Sadia
S/A e Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
A evolução do índice de imobilização dos recursos não correntes, conforme
Gráfico 8, representa a quantidade de passivos exigíveis de longo prazo somados
ao patrimônio líquido, que se encontram imobilizadas em ativos permanentes
imobilizados. Sendo que a interpretação de quanto menor o índice, melhor, a
empresa Sadia S/A apresentou melhor desempenho no ano de 2006, onde 44,56%
de passivos não correntes se encontravam investidos em bens de vida longa que
são utilizados na atividade do ramo principal da empresa, como máquinas, imóveis e
equipamentos. No ano de 2007, a empresa imobilizou 48,52% de seus passivos
exigíveis de longo prazo juntamente com seu patrimônio líquido. Em 2008 a
empresa impetrou seu pior índice, investindo em ativo permanente imobilizado
86,41% de seus recursos não correntes.
Em contrapartida, a empresa Perdigão S/A apresentou seu melhor índice em
2006, onde 51,97% de seus passivos exigíveis de longo prazo somados com seu
patrimônio líquido encontravam-se imobilizados na conta ativo permanente
imobilizado, que são os bens que a empresa possui, de vida longa, utilizados na
atividade do principal ramo da empresa. Em 2007, esse índice subiu para 54,78%,
onde do total de recursos não correntes que a empresa dispunha, a mesma investia
quase 55% em ativos permanentes imobilizados. O pior ano para a Perdigão S/A foi
44.56% 48.52%
86.41%
51.97% 54.78%
56.98%
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
70.00%
80.00%
90.00%
100.00%
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
79
o de 2008, onde a empresa alcançou 56,98% de imissão em ativos permanentes
imobilizados do total de passivos exigíveis de longo prazo e patrimônio líquido.
Ao ponderar o avanço do índice de imobilização dos recursos não correntes
das empresas Sadia S/A e Perdigão S/A, percebe-se que a Sadia S/A obteve
melhores índices em 2006 e 2007, sendo que a Perdigão S/A só obteve melhor
resultado que a concorrente no ano de 2008.
A seguir, o Gráfico 9 já entra no grupo de índices de rentabilidade, e
manifesta a taxa de retorno sobre o investimento nos anos de 2006, 2007 e 2008
das empresas Sadia S/A e Perdigão S/A.
Gráfico 9 – Índice de retorno sobre o investimento das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
A taxa de retorno sobre o investimento compara o lucro líquido com o ativo
total. Conforme o Gráfico 9, em 2006, para cada Real de ativo, a empresa Sadia S/A
obteve um lucro líquido de 4,94%, ou seja, para cada Real de ativo total, a empresa
gerou em torno de R$ 0,05 de lucro líquido (lucro final). O melhor índice a empresa
obteve em 2007, onde para cada Real de ativo total, a empresa gerou por volta de
R$ 0,09 de lucro, ou 8,91% de retorno. Já em 2008, a Sadia S/A obteve seu pior
índice: Para cada Real de ativo, houve um prejuízo de 18,19%, e isso significa que,
para cada Real que a empresa mantinha em ativos, ela obteve um prejuízo por volta
de R$ 1,18, ou seja, houve uma perda de R$ 0,18 a mais do que o Real que a
4.94%
8.91%
-18.19%
2.43%
4.91%
0.48%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
5.00%
10.00%
15.00%
2006 2007 2008SADIA
PERDIGÃO
80
empresa mantinha nos ativos totais. Este fato decorre do prejuízo amargado pela
empresa, pois mesmo o ativo aumentando cerca de 58,36% de 2007 para 2008, a
perda que a empresa teve de lucro líquido foi superior a 400%, não dando suporte
para que o índice se mantivesse estável.
A taxa de retorno que a Perdigão S/A apresentou no ano de 2006 foi de
2,43%, o que expressa que, a cada R$ 1,00 de ativo total que a empresa dispunha
naquele período, a rentabilidade que ela obteve utilizando esse recurso gerou cerca
de R$ 0,02 de lucro líquido por Real. O ano de 2007 foi o melhor para a empresa,
pois ela obteve o índice de 4,91%, onde para cada Real dos ativos totais a empresa
gerou um lucro final de quase R$ 0,05. O pior ano para a empresa foi o de 2008,
onde ela gerou apenas 0,48% de lucro líquido, ou seja, para cada Real do ativo, o
lucro líquido gerado pela Perdigão S/A foi menor do que R$ 0,01.
Fazendo uma comparação entre as empresas nos referidos anos, pode-se
afirmar que a Sadia S/A encoutrou-se com melhores taxas que a Perdigão apenas
nos anos de 2006 e 2007, ficando o melhor índice de 2008 para a Perdigão S/A.
O Gráfico 10 apresenta a taxa de retorno sobre o patrimônio líquido da Sadia
S/A e da Perdigão S/A nos anos de 2006, 2007 e 2008.
Gráfico 10 – Índice de retorno sobre o Patrimônio Líquido das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
15.42% 24.13%
-604.75%
5.57% 9.96% 1.32%
-700.00%
-600.00%
-500.00%
-400.00%
-300.00%
-200.00%
-100.00%
0.00%
100.00%
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
81
Observando o Gráfico 10, no comparativo entre lucro líquido e patrimônio
líquido, que mensura qual a taxa retorno do capital próprio, a Sadia S/A obteve
resultado positivo em 2006, onde para cara R$ 1,00 de patrimônio líquido obteve por
volta de R$ 0,15 de lucro líquido, ou 15,42%. O melhor resultado a empresa atingiu
foi em 2007, onde 24,13% foi a taxa de retorno sobre o capital próprio, ou seja, em
cada Real investido a empresa obteve cerca de R$ 0,24 de lucro líquido. O pior
resultado a empresa obteve em 2008, onde o prejuízo foi de 604,75%, e isso expoõe
que para cada R$1,00 que a empresa mantinha em patrimônio líquido, obteve um
prejuízo de aproximadamente R$ 6,00. Esse prejuízo decorreu tanto da diminuição
de cerca de 87% de patrimônio líquido de 2007 para 2008 e da redução de mais de
400% de 2007 para 2008 do lucro líquido da empresa.
Já a empresa Perdigão S/A obteve, em 2006, um resultado de 5,57%, que
expressa que para cada Real que a empresa mantinha em patrimônio líquido,
aproximadamente R$ 0,06 era o lucro líquido que ela obteve. Em 2007 a empresa
obteve seu melhor índice, apresentando uma taxa de retorno de 9,96%, onde para
cada Real de capital próprio ela gerou cerca de R$ 0,10 de lucro líquido. O pior
desempenho a empresa impetrou foi no ano de 2008, onde a cada R$ 1,00 que a
Perdigão mantinha na conta patrimônio líquido, o lucro líquido resultante dele foi de
apenas cerca de R$ 0,01.
Fazendo uma comparação entre as duas empresas, compreende-se que a
Perdigão teve piores resultados em 2006 e 2007, alcançando melhores resultados
que a concorrente Sadia S/A apenas no ano de 2008.
O Gráfico 11 apresenta um comparativo da margem bruta de vendas entre as
empresas Sadia S/A e Perdigão S/A, em 2006, 2007 e 2008.
82
Gráfico 11 – Margem bruta de lucro sobre as vendas das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
A margem bruta de lucro sobre as vendas demonstra o quanto de lucro a
empresa obteve após a retirada do custo das mercadorias vendidas. No ano de
2006, a Sadia S/A obteve um índice de 24,60%, que significa que para cada Real de
venda líquida a empresa obteve cerca de R$ 0,24 de lucro após o desconto do valor
do custo das mercadorias vendidas. Em 2007 a empresa alcançou seu melhor
índice, 27,51%, que representa que a Sadia alcançou um lucro bruto de cerca de R$
0,28 para cada Real de venda líquida realizada. O ano de 2008 foi o pior para a
empresa: 24,41% de margem bruta de lucro sobre as vendas, que exprime que para
cada R$ 1,00 que a empresa capitalizou em vendas líquidas, cerca de R$ 0,24 ela
impetrou de lucro após o desconto do valor do custo das mercadorias vendidas.
A margem de lucro bruto que a Perdigão alcançou em 2006 foi de 25,80%, o
que representa que para cada Real que a empresa obteve de vendas líquidas, cerca
de R$ 0,26 era o lucro resultante após o desconto do custo das mercadorias
vendidas. Em 2007 a empres obteve seu melhor índice, 28,24%, que quer dizer que
a Perdigão obteve cerca de R$ 0,28 de lucro bruto para cada Real obtido em vendas
líquidas. O pior desempenho foi no ano de 2008, onde o índice obtido foi de 24,22%,
que significa que para cada Real que a empresa obteve em vendas líquidas
restaram cerca de R$ 0,24 de lucro após ser retirado o custo das mercadorias
vendidas.
24.60%
27.51%
24.41%
25.80%
28.24%
24.22%
22.00%
23.00%
24.00%
25.00%
26.00%
27.00%
28.00%
29.00%
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
83
Conforme o Gráfico 11, pode-se afirmar que a Perdigão S/A esteve com
melhores índices em 2006 e 2007, perdendo a vantagem para Sadia S/A no ano de
2008.
Abaixo, o Gráfico 12 apresenta o desempenho da Sadia S/A e da Perdigão
S/A nos anos de 2006, 2007 e 2008 no índice de margem operacional de lucro sobre
as vendas.
Gráfico 12 – Margem operacional de lucro sobre as vendas das empresas Sadia S/A
e Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
A margem operacional de lucro sobre as vendas demontra o saldo de lucro
que a empresa obteve após serem descontadas as despesas operacionais que a
empresa gerou naquele período mediante as vendas líquidas do mesmo período. No
caso da Sadia S/A, em 2006, o índice contraído foi de 6,11%, que expressa que
para cada Real disponível em vendas líquidas, cerca de R$ 0,06 foi o que a empresa
obteve de lucro após descontar as despesas operacionais. O melhor resultado da
empresa foi no ano de 2007, onde alcançou um índice de margem operacional de
9,96%, que quer dizer que a empresa conseguiu cerca de R$ 0,10 de lucro
operacional para cada R$ 1,00 de vendas líquidas. O pior ano para a Sadia S/A foi o
de 2008, onde seu índice caiu para -29,81%, o que significa que para cada Real que
a empresa ganhou em vendas líquidas, teve um prejuízo de aproximadamente R$
0,30 após o desconto das despesas operacionais. A principal despesa operacional
6.11%
9.96%
-29.81%
1.55%
6.09%
-1.19%
-35.00%
-30.00%
-25.00%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
5.00%
10.00%
15.00%
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
84
que ocasionou a queda do índice da empresa foi a despesa financeira, que nos anos
de 2006 e 2007 alcançaram lucros, e em 2008 ocorreu um prejuízo de quase 4
bilhões nessa conta.
Já a Perdigão S/A, em 2006, conseguiu um índice de 1,55%, onde para cada
Real lucrado com as vendas líquidas, restaram cerca de R$ 0,01 após o desconto
das despesas operacionais. O melhor resultado da empresa foi no ano de 2007,
onde a margem alcançada foi de 6,09%, cerca de R$ 0,06 de lucro após o desconto
das despesas operacionais por Real de venda líquida. O pior resultado da Perdigão
foi no ano de 2008, quando alcançou um índice de -1,19%, que demonstra que para
cada Real que a empresa obteve de lucro líquido, após descontar as despesas
operacionais amargou um prejuízo de cerca de R$ 0,01.
Elaborando um confronto entre as duas empresas, pode-se afirmar que a
Perdigão S/A obteve piores resultados perante a Sadia S/A nos anos de 2006 e
2007, alcançando um melhor índice que ela apenas em 2008.
Abaixo, o Gráfico 13 apresenta o último índice de rentabilidade do grupo, a
margem líquida de lucro sobre as vendas, das empresas Sadia S/A e Perdigão S/A,
referente aos anos de 2006, 2007 e 2008.
Gráfico 13 – Margem líquida de lucro sobre as vendas das empresas Sadia S/A e
Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
5.48%
8.82%
-23.16%
2.25%
4.84%
0.48%
-25.00%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
5.00%
10.00%
15.00%
2006 2007 2008 SADIA
PERDIGÃO
85
O índice ou margem líquida de lucro sobre as vendas é o mais representativo
entre as masrgens de lucro, pois ele é que pondera o lucro final que a empresa
obteve após todos os descontos aplicados. Em 2006, a Sadia S/A alcançou uma
margem de 5,48%, que representa cerca de R$ 0,05 de lucro líquido por Real de
vendas líquidas. O ano de 2007 foi o melhor para a empresa, onde a margem
alcançada foi de 8,82%que significa que para cada Real obtido em vendas líquidas a
organização conseguiu realizar um lucro final de cerca de R$ 0,09. Porém em 2008
a situação ficou altamente desfavorável para a empresa, porque o índice obtido foi
de -23,16%, que concebe em torno de R$ 0,23 de prejuízo para cada R$ 1,00 de
vendas líquidas. O principal fator deste índice ser negativo foi o aumento das
despesas financeiras no ano de 2008 em praticamente 30 vezes mais do que no ano
anterior, 2007.
Em compensação a Sadia S/A obteve índices mais estáveis: em 2006, atingiu
a margem de 2,25%, que representa que para cada Real que a empresa lucrou nas
vendas líquidas, restaram uma diferença de lucro líquido (final) de cerca de R$ 0,02.
O melhor resultado da empresa foi no ano de 2007, onde o índice foi de 4,84%, por
volta de R$ 0,05 de lucro líquido por R$ 1,00 de vendas líquidas. O pior resultado da
organização foi no ano de 2008, onde o índice obtido foi de 0,48%, menos de R$
0,01 de lucro para cada Real de vendas líquidas.
Comparando os índices das duas empresas, pode-se assegurar que a Sadia
S/A alcançou melhores margens líquidas de lucro sobre as vendas nos anos de
2006 e 2007, restando o melhor desempenho de 2008 para a Perdigão S/A.
A seguir, o Gráfico 14 presta os índices de giro do ativo da Sadia S/A e
Perdigão S/A nos anos de 2006, 2007 e 2008.
86
Gráfico 14 – Índice de giro do ativo das empresas Sadia S/A e Perdigão S/A
Fonte: Dados primários
O giro do ativo mensura quantas vezes o ativo operacional se renovou
durante o exercício, pois compara as vendas líquidas com o ativo médio, e quanto
maior o índice, mais giro do ativo a empresa teve, dessa forma, quanto maior, mais
vantajoso é para a empresa. A Sadia obteve no decorrer do ano baixos giros, em
2006, seu melhor ano, girou apenas 0,5 dos ativos perante as vendas líquidas, ou
seja, apenas metade dos seus ativos se movimentaram naquele ano. O pior
desempenho a empresa amargou em 2007, onde 0,20 vezes seu ativo girou durante
o período, ou seja, 1/5 do ativo apenas girou naquele exercício. Em 2008, houve
uma pequena melhora, com índice de 0,24 de giro, o que representa um giro de
quase 1/4 do ativo naquele ano.
A Perdigão obteve um bom giro em 2006, seu melhor ano: 1,08 vezes os
ativos se renovaram no período. Em 2007 obteve seu pior índice, 0,29 de giro,
aproximadamente 1/3 de seu ativo girou naquele ano. Já em 2008 o índice
aumentou um pouco, cegando à 0,32, mas permanecendo em um giro de
praticamente 1/3 do ativo.
No giro do ativo a empresa Perdigão foi unânime nos três anos analisados,
em comparação com a Sadia S/A, obtendo o melhor giro em 2006, 2007 e 2008.
4.3 Histórico da fusão entre Sadia S/A e Perdigão S/A
0.50
0.20 0.24
1.08
0.29 0.32
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
1.20
2006 2007 2008
SADIA
PERDIGÃO
87
A fim de alcançar o terceiro objetivo proposto na metodologia, foram utilizados
alguns trechos de reportagens, tanto do instrumento Internet quanto de revistas,
para observar os dados apresentados pela mídia.
Tudo começou quando “a Sadia informou [...] prejuízo líquido [...] com perdas
de R$ 2,5 bilhões, em função de suas operações cambiais. Em 2007, a companhia
havia registrado lucro líquido de R$ 768.348 milhões.” (FOLHA ONLINE, [2009]).
Para Malvessi (2009) esse prejuízo financeiro da Sadia não foi causa apenas
da crise financeira ou do departamento da empresa atrapalhado, e sim de “uma
estratégia deliberada, com origem na cúpula da empresa.”. Afirma que a empresa
mantinha alto índice de lucro gerado em transações financeiras, ficando um pouco
mais da metade do lucro gerado de sua atividade principal.
Em contrapartida, a Perdigão já vinha se preparando com precauções para
enfrentar a crise. Em reportagem de Mano (2009a), José Antônio Fay, Presidente da
Perdigão, afirmou que elaborou seis planejamentos estratégicos diferentes para o
ano de 2009, sendo que em anos anteriores eram elaborados dois, isso quer dizer
que para responder a crise, a empresa triplicou as alternativas de possíveis rumos
para a Perdigão.
Com o prejuízo, algo precisava ser feito. Luis Fernando Furlan, presidente do
conselho de administração da Sadia, buscou caminhos mantendo conversas com os
fundos de private equity Gávea, Tarpon, Advent e Angra Partners, solicitou ao
BNDES de 1 bilhão de Reais e analisou propostas da JBS-Friboi e da Tyson Foods
sem acordo. Foi então que resolveu que a melhor alternativa para a crise seria ceder
à fusão com a Perdigão. (MEYER, 2009).
Com a fusão, ficou acordado entre as empresas que 32% da participação da
empresa seria dos acionostas da Sadia e 68% para os controladores da Perdigão.
(MELLO, 2009c).
Para tanto, a fusão só seria concretizada se o CADE (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica) assinasse o acordo entra as empresas. O CADE concordou
autorizar a fusão, com algumas ressalvas. A principal delas permitia a Perdigão a
fazer a reestruturação financeira da Sadia, com um conjunto de regras. (SOBRAL,
2009).
Especialistas afirmam que a fusão seria sim uma boa alternativa para as duas
organizações. De acordo com a corretora Brascan (apud SOUZA, 2009) os ganhos
88
de sinergia atingiriam 2,2 bilhões de Reais, e o valor de mercado das duas
empresas fundidas teriam seria 23,4% superior ao atual.
Os executivos das companhias anunciaram durante a fusão que a nova
empresa, Brasil Foods, poderia disponibilizar aproximadamente 2,5 bilhões de reais,
anteriormente obtidos por vendas de ações, para melhorar a saúde financeira da
Sadia S/A. Esse dinheiro seria especialmente utilizado em quitação das dívidas de
curto prazo da empresa. (SAMORA, 2009).
Souza (2009) apresenta como principais números da fusão um domínio de
mais de 50% de múltiplos seguimentos de alimentos no mercado brasileiro, sendo
que os principais produtos apresentariam margens bem elevadas: massas
industrializadas representariam 88% da participação do mercado; carnes
congeladas, 70%; pizzas semiprontas conceberiam 67%; e o valor dos alimentos
industrializados em geral ficaria com 53% da fatia de mercado.
A corretora Santander (apud SOUZA, 2009) analisa por outro ângulo,
afirmando que “as maiores sinergias estariam principalmente nas operações de
logística e transporte, trazendo maior eficiência na distribuição dos produtos.”
O analista da Link investimentos, Rafael Cintra (apud SOUZA, 2009) garante
que o maior benefício que a empresa ganhará será no ganho de escala em
conseqüência do maior poder de barganha, o que poderia fazer com que a empresa
disponibilizasse maior flexibilidade em suas políticas de preço.
Confirma a afirmação acima mencionada a Fusão de Sadia e Perdigão
([2009]), que garante que, após o processo de fusão implementado “a previsão é de
que possa gerar uma economia de até R$ 4 bilhões, o que, segundo os executivos,
vai também permitir que a empresa baixe o preço de alguns produtos, ganhando
novos mercados no país.”
Não só no âmbito nacional haveria reflexos da fusão, pois como alega Mello
(2009b), a nova empresa Brasil Foods começa atuando em 110 países, sendo que
42% da produção da empresa se destinaria a esse público externo.
Corrobora Souza (2009), afirmando que
A fusão Sadia-Perdigão poderia dar origem à maior processadora de
carne de frango do mundo em faturamento, segundo levantamento
da consultoria Economática. Somando os resultados das duas
empresas em 12 meses até setembro de 2008, a receita líquida de
ambas ficaria próxima a 9,5 bilhões de dólares, quantia acima dos
89
8,52 bilhões de dólares contabilizados pela líder mundial no
segmento de aves, a Pilgrim's Pride.
Em entrevista com Marcos Pó, assessor técnico do Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor, Mello (2009a) revela o pessimismo do entrevistado acerca
da fusão da Sadia e da Perdigão. Para ele, o bem do consumidor não é o fator
relevante em uma junção, e sim a geração de lucro; e a fusão poderia provocar um
“aumento dos preços e queda na qualidade dos produtos, já que diminui a
concorrência.”.
Apesar de ser julgada uma fusão entre iguais, existem indícios de que quem
vai segurar as rédeas da empresa é mesmo a Perdigão. Além de maior parte das
ações, a Perdigão manteve mais funcionários nos conselhos administrativos do que
a Sadia, e no dia 2 do mês de setembro de 2009 o até então Presidente da Sadia se
desligou da empresa, deixando seus funcionários desamparados e todos com a
sensação cada vez maior de que a BR Foods caminha para se tornar uma grande
Perdigão. (MANO, 2009b).
Como forma de comparativo, a seguir encontram-se algumas imagens com
dados atraentes da Sadia e da Perdigão perante a fusão.
A Figura 38 traz um comparativo tanto de valor das vendas brutas como valor
em exportação que as empresas Sadia e Perdigão atingiram nos anos de 2007 e
2008.
Figura 38 – Comparativo de vendas e exportações da Sadia e Perdigão.
Fonte: Fusão de Sadia e Perdigão, [2009].
90
Já a Figura 39 demonstra os valores das duas empresas nos anos de 2007 e
2008 a respeito do investimento realizado e o valor de mercado.
Figura 39: Comparativo de investimento e valor de mercado da Sadia e Perdigão.
Fonte: Fusão de Sadia e Perdigão, [2009].
A figura 40, a seguir, apresenta graficamente os números de funcionários e
unidades industriais que a Sadia e Perdigão mantiveram nos anos de 2007 e 2008.
91
Figura 40 – Comparativo do número de funcionários e unidades industriais da Sadia e
Perdigão.
Fonte: Fusão de Sadia e Perdigão, [2009].
Por fim, a última figura, 41, mostra o lucro líquido alcançado pelas duas
organizações nos anos de 2007 e 2008.
Figura 41 – Comparativo do lucro líquido da Sadia e Perdigão.
Fonte: Fusão de Sadia e Perdigão, [2009].
92
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao observar os históricos das duas empresas, podemos perceber pontos que
favorecem a Perdigão em alguns aspectos. O primeiro deles é que a Perdigão
iniciou suas atividades em 1934, e a sua concorrente, Sadia, só iniciou suas
atividades 10 anos após, em 1944. Como forma de comparativo a fim de demonstrar
essa vantagem, um ano após a abertura da Sadia, 1945, a Perdigão já havia se
tornado uma Sociedade Anônima, e já detinha em seu poder além do armazém de
secos e molhados que deu origem a empresa, um abatedouro e fábrica de derivados
suínos e um curtume, enquanto a rival só continha um pequeno moinho e um
inacabado frigorífico de suínos. O segundo é que a fundação da Sadia foi realizada
apenas por Atíllio Fontana, e a Perdigão pelas famílias Ponzoni e Brandalise, o que
gera certa vantagem para a Perdigão, pois desde seu início mais pessoas
administram a empresa, fazendo com que vários pontos de vista sejam analisados
antes de qualquer tomada de decisão, em contrapartida a Sadia tinha apenas um
ponto de vista em frente às resoluções do seu único administrador. Outro aspecto
que se pode considerar como vantagem para a Perdigão é que a administração
deixou de ser familiar e passou a ser profissional em 1994, o que não aconteceu
com a Sadia, que até o momento da fusão mantinha os sucessores de Fontana na
administração. Como última consideração sobre os históricos pode-se perceber que
no decorrer dos anos, as duas empresas adquiriram muitas outras menores, porém
a Perdigão procurou sempre adquirir empresas que tivessem um elo muito forte com
a atividade alimentícia, se desfazendo daquelas que não condiziam com a atividade
principal da organização, e essa seleção mais criteriosa não pode ser percebida nas
práticas da Sadia.
Considerando os índices financeiros, o grupo de liquidez apresenta uma
realidade que tem haver com a causa do prejuízo amargado pela Sadia, os
derivativos cambiais. Ao investir parte de seu ativo em derivativos, o balanço
patrimonial considera-os em seus ativos como aplicações financeiras, o que justifica
a empresa alcançar melhores índices em liquidez imediata, já que esse investimento
estaria “disponível” como circulante. Porém a Perdigão, em liquidez geral, sempre
esteve à frente da Sadia, mantendo índices desejáveis ao comparar seus ativos
totais e passivos totais, o que é mais interessante para a empresa. Outro grupo que
aponta a vantagem do aproveitamento financeiro da Perdigão é o de rentabilidade,
93
onde em liquidez bruta, mesmo praticando preços de mercado mais baixos que a
Sadia, a Perdigão obtém melhores índices em 2006 e 2007, ficando abaixo de sua
concorrente em 2008 por um valor quase nulo: 0,19%; isso aponta que há uma
eficácia maior da Perdigão em utilizar matérias-primas e mão-de-obra. Porém a
vantagem da Sadia é maior nos anos de 2006 e 2007 tanto na margem operacional
quanto na líquida, fazendo com que o esforço que a Perdigão faz em operações de
custo direto e indireto aos produtos se perde em despesas operacionais e impostos,
juros e dividendos de ações preferenciais.
Já observando o que as reportagens sobre a fusão demonstram, todas elas
apresentam dados concretos sobre a parte financeira da empresa realizada até
2008. Como exemplo pode-se citar a afirmação que Samora faz em sua reportagem,
afirmando que a empresa BR Foods disponibilizaria capital para que a empresa
Sadia pudesse saldar suas dívidas de curto prazo é verdadeira, pois conforme o
Gráfico 6, no ano de 2008, 63,80% de suas dívidas venciam no exercício,
necessitando o pagamento a curto prazo, razão esta pela qual foi disponibilizado a
verba para pagamento. Outra notícia que mostra a veracidade das informações é a
da Folha Online, onde é afirmado que a empresa amargou um prejuízo de 2,5
bilhões de Reais e, no ano anterior, havia obtido um lucro de 768,348 milhões de
Reais, e cruzando essa informação com o Demonstrativo do Resultado do Exercício
(ANEXO B) dos referidos anos encontramos na conta de lucros ou prejuízos
acumulados os valores de R$ 768.348.000,00 para 2007 e (R$ 2.484.834.000,00)
para 2008, o que comprova a coerência da informação transmitida. A justificativa
para que todas as informações sejam coesas com a real situação financeira da
Sadia se dá porque a empresa tem capital aberto, facilitando o acesso a
informações nesse sentido e principalmente porque os sites pesquisados são
confiáveis. É importante ressaltar que os dados já realizados são os que conferem
com a análise financeira elaborada pela autora, mesmo porque as projeções e
expectativas sobre a nova empresa Brasil Foods não tem base de comparação.
Dessa forma, como primeira sugestão de novas pesquisas acredita-se que
seja relevante analisar se as divulgações aqui coletadas no histórico da fusão da BR
Foods se realizarão neste exercício de 2009 e posteriores, bem como ampliação dos
estudos do desempenho da empresa em 2009 perante a fusão. É interessante
também analisar porque os derivativos cambiais manipulados pela Sadia geraram
94
tamanho prejuízo; e qual seria o valor monetário alcançado com a economia de
escala na fusão das duas empresas.
95
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101
ANEXO A
ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
PAPEL DE TRABALHO PARA ANÁLISE
___________________________________________________________________
___________________________________________________________
ETC.T 1 T 2 T 3 T 4PERÍODO
DESCRIÇÃO
Fonte: TREUHERZ, 1999, p. 81
102
ANEXO B
BALANÇO E DRE DA SADIA S/A
Grupo 07 - Balanço Patrimonial Consolidado - 01 - Ativo
| 01 - Ativo | 02 - Passivo |
(Reais Mil)
Código da Conta
Descrição da Conta 31/12/2008 31/12/2007 31/12/2006
1 Ativo Total 13.658.991 8.624.919 7.622.550
1.01 Ativo Circulante 7.637.176 4.981.248 4.673.686
1.01.01 Disponibilidades 3.509.328 2.683.550 2.389.236
1.01.01.01 Caixa e Equivalentes de Caixa 2.163.998 680.655 466.982
1.01.01.02 Aplicações em Títulos para Negociação 495.654 376.170 220.535
1.01.01.03 Aplicações em Tít. Disponíveis p/ Venda 849.676 1.626.725 1.701.719
1.01.02 Créditos 790.467 486.586 678.598
1.01.02.01 Clientes 790.467 486.586 678.598
1.01.02.02 Créditos Diversos 0 0 0
1.01.03 Estoques 1.851.020 1.168.936 1.084.454
1.01.04 Outros 1.486.361 642.176 521.398
1.01.04.01 Impostos a Compensar 441.818 325.868 169.347
1.01.04.02 Impostos Diferidos 132.969 35.992 56.545
1.01.04.03 Valores a Receber de Contratos Futuros 813.319 149.675 65.597
1.01.04.04 Outros Créditos 98.255 130.641 229.909
1.02 Ativo Não Circulante 6.021.815 3.643.671 2.948.864
1.02.01 Ativo Realizável a Longo Prazo 1.539.782 574.860 559.838
1.02.01.01 Créditos Diversos 1.539.782 574.860 559.838
1.02.01.01.01 Aplicações em Tít. Disponíveis p/ Venda 270.332 180.111 168.289
1.02.01.01.02 Impostos a Compensar 352.168 165.225 162.229
1.02.01.01.03 Impostos Diferidos 728.597 95.375 83.243
1.02.01.01.04 Depósitos Judiciais 41.609 42.004 46.968
1.02.01.01.05 Adiantamento a Fornecedores 61.693 61.753 73.358
1.02.01.01.06 Outros Créditos 85.383 30.392 25.751
1.02.01.02 Créditos com Pessoas Ligadas 0 0 0
1.02.01.02.01 Com Coligadas e Equiparadas 0 0 0
1.02.01.02.02 Com Controladas 0 0 0
1.02.01.02.03 Com Outras Pessoas Ligadas 0 0 0
1.02.01.03 Outros 0 0 0
1.02.02 Ativo Permanente 4.482.033 3.068.811 2.389.026
1.02.02.01 Investimentos 15.304 2.123 26.760
1.02.02.01.01 Participações Coligadas/Equiparadas 12.898 0 0
1.02.02.01.02 Participações em Controladas 0 0 0
1.02.02.01.03 Outros Investimentos 2.406 2.123 26.760
1.02.02.02 Imobilizado 4.199.901 2.881.748 2.199.399
1.02.02.03 Intangível 138.113 102.368 97.114
1.02.02.04 Diferido 128.715 82.572 65.753
103
Grupo 07 - Balanço Patrimonial Consolidado - 02 - Passivo
| 01 - Ativo | 02 - Passivo |
(Reais Mil)
Código da Conta
Descrição da Conta 31/12/2008 31/12/2007 31/12/2006
2 Passivo Total 13.658.991 8.624.919 7.622.550
2.01 Passivo Circulante 8.418.017 2.265.947 2.260.749
2.01.01 Empréstimos e Financiamentos 4.164.391 980.327 1.198.829
2.01.02 Debêntures 0 0 0
2.01.03 Fornecedores 918.687 593.951 503.285
2.01.04 Impostos, Taxas e Contribuições 57.661 65.859 63.349
2.01.05 Dividendos a Pagar 3.901 135.666 59.420
2.01.06 Provisões 123.029 182.128 129.348
2.01.06.01 Provisões para Férias 113.163 99.782 83.572
2.01.06.02 Participação Empregados nos Resultados 9.866 82.346 45.776
2.01.07 Dívidas com Pessoas Ligadas 0 0 0
2.01.08 Outros 3.150.348 308.016 306.518
2.01.08.01 Salários e Encargos a Pagar 41.424 32.718 28.861
2.01.08.02 Valores a Pagar de Contratos Futuros 2.777.054 69.274 76.630
2.01.08.03 Impostos Diferidos 12.907 10.969 18.355
2.01.08.04 Outras Obrigações 318.963 195.055 182.672
2.02 Passivo Não Circulante 4.776.135 3.140.537 2.918.184
2.02.01 Passivo Exigível a Longo Prazo 4.776.135 3.140.537 2.918.184
2.02.01.01 Empréstimos e Financiamentos 4.384.745 2.688.115 2.670.969
2.02.01.02 Debêntures 0 0 0
2.02.01.03 Provisões 181.879 188.975 144.267
2.02.01.03.01 Plano de Benefícios a Empregados 118.295 107.418 96.178
2.02.01.03.02 Contingências 55.517 66.794 44.765
2.02.01.03.03 Plano de Outorga Opções Compra de Ações 8.067 14.763 3.324
2.02.01.04 Dívidas com Pessoas Ligadas 0 0 0
2.02.01.05 Adiantamento para Futuro Aumento Capital 0 0 0
2.02.01.06 Outros 209.511 263.447 102.948
2.02.01.06.01 Impostos Diferidos 120.931 216.607 76.369
2.02.01.06.02 Outras Obrigações 88.580 46.840 19.930
2.02.01.06.03 Valores a Pagar de Contratos Futuros 0 0 6.649
2.03 Resultados de Exercícios Futuros 0 0 0
2.04 Part. de Acionistas Não Controladores 53.955 34.599 964
2.05 Patrimônio Líquido 410.884 3.183.836 2.442.653
2.05.01 Capital Social Realizado 2.000.000 2.000.000 1.500.000
2.05.02 Reservas de Capital 0 1.650 289
2.05.03 Reservas de Reavaliação 0 0 0
2.05.03.01 Ativos Próprios 0 0 0
2.05.03.02 Controladas/Coligadas e Equiparadas 0 0 0
2.05.04 Reservas de Lucro (97.064) 896.710 966.089
2.05.04.01 Legal 0 72.238 74.839
2.05.04.02 Estatutária 0 908.590 924.591
2.05.04.03 Para Contingências 0 0 0
2.05.04.04 De Lucros a Realizar 0 0 0
104
2.05.04.05 Retenção de Lucros 0 0 0
2.05.04.06 Especial p/ Dividendos Não Distribuídos 0 0 0
2.05.04.07 Outras Reservas de Lucro (97.064) (84.118) (33.341)
2.05.04.07.01 Ações em Tesouraria (97.064) (84.118) (33.341)
2.05.05 Ajustes de Avaliação Patrimonial 33.276 228.830 0
2.05.05.01 Ajustes de Títulos e Valores Mobiliários 44.994 228.830 0
2.05.05.02 Ajustes Acumulados de Conversão (11.718) 0 0
2.05.05.03 Ajustes de Combinação de Negócios 0 0 0
2.05.06 Lucros/Prejuízos Acumulados (1.525.328) 56.646 (23.725)
2.05.07 Adiantamento para Futuro Aumento Capital 0 0 0
Grupo 08 - Demonstração do Resultado Consolidado - 01 - Demonstração do Resultado
| 01 - Demonstração do Resultado | 02 - Lucro ou Prejuízo por Ação |
(Reais Mil)
Código da Conta
Descrição da Conta 01/01/2008 a 31/12/2008
01/01/2007 a 31/12/2007
01/01/2006 a 31/12/2006
3.01 Receita Bruta de Vendas e/ou Serviços 12.191.896 9.909.973 7.940.480
3.01.01 Mercado Interno 6.606.836 5.319.918 4.482.017
3.01.02 Mercado Externo 5.585.060 4.590.055 3.458.463
3.02 Deduções da Receita Bruta (1.463.254) (1.201.832) (1.063.779)
3.03 Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 10.728.642 8.708.141 6.876.701
3.04 Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos (8.109.377) (6.312.130) (5.185.217)
3.05 Resultado Bruto 2.619.265 2.396.011 1.691.484
3.06 Despesas/Receitas Operacionais (5.817.115) (1.528.707) (1.271.047)
3.06.01 Com Vendas (1.727.067) (1.464.262) (1.286.994)
3.06.02 Gerais e Administrativas (159.362) (113.521) (71.262)
3.06.02.01 Gerais e Administrativas (139.197) (97.088) (57.251)
3.06.02.02 Honorários de Administradores (20.165) (16.433) (14.011)
3.06.03 Financeiras (3.892.336) 132.042 59.871
3.06.03.01 Receitas Financeiras 0 132.042 59.871
3.06.03.02 Despesas Financeiras (3.892.336) 0 0
3.06.04 Outras Receitas Operacionais 0 0 58.877
3.06.05 Outras Despesas Operacionais (35.423) (87.932) (48.349)
3.06.05.01 Participação Empregados nos Resultados (17.833) (83.128) (48.349)
3.06.05.02 Outros Resultados Operacionais (5.901) 8.352 0
3.06.05.03 Resultados Não Recorrentes (11.689) (13.156) 0
3.06.06 Resultado da Equivalência Patrimonial (2.927) 4.966 16.810
3.07 Resultado Operacional (3.197.850) 867.304 420.437
3.08 Resultado Não Operacional 0 0 (5.783)
3.08.01 Receitas 0 0 0
3.08.02 Despesas 0 0 (5.783)
3.09 Resultado Antes Tributação/Participações (3.197.850) 867.304 414.654
3.10 Provisão para IR e Contribuição Social (26.475) (76.581) (10.967)
3.11 IR Diferido 729.233 (23.391) (28.205)
105
3.12 Participações/Contribuições Estatutárias 0 0 0
3.12.01 Participações 0 0 0
3.12.02 Contribuições 0 0 0
3.13 Reversão dos Juros sobre Capital Próprio 0 0 0
3.14 Part. de Acionistas Não Controladores 10.258 1.016 1.106
3.15 Lucro/Prejuízo do Período (2.484.834) 768.348 376.588
106
ANEXO C
BALANÇO E DRE DA PERDIGÃO S/A
Grupo 07 - Balanço Patrimonial Consolidado - 01 - Ativo
| 01 - Ativo | 02 - Passivo |
(Reais Mil)
Código da Conta
Descrição da Conta 31/12/2008 31/12/2007 31/12/2006
1 Ativo Total 11.219.547 6.543.311 4.829.416
1.01 Ativo Circulante 5.985.143 3.768.208 2.751.546
1.01.01 Disponibilidades 1.976.004 1.773.656 1.120.495
1.01.01.01 Caixa e Equivalente a Caixa 1.233.455 1.108.028 336.565
1.01.01.02 Aplicações Financeiras 742.549 665.628 783.930
1.01.02 Créditos 1.378.046 803.938 701.584
1.01.02.01 Clientes 1.378.046 803.938 701.584
1.01.02.02 Créditos Diversos 0 0 0
1.01.03 Estoques 1.688.995 865.147 643.167
1.01.04 Outros 942.098 325.467 286.300
1.01.04.01 Impostos a Recuperar 576.337 174.402 146.907
1.01.04.02 Impostos Diferidos 127.262 35.335 44.177
1.01.04.03 Titulos a Receber 48.746 18.455 21.253
1.01.04.04 Outros Direitos 121.618 65.391 45.964
1.01.04.05 Despesas Antecipadas 68.135 31.884 27.999
1.02 Ativo Não Circulante 5.234.404 2.775.103 2.077.870
1.02.01 Ativo Realizável a Longo Prazo 597.134 254.318 238.705
1.02.01.01 Créditos Diversos 11.578 11.826 11.427
1.02.01.01.01 Clientes 11.578 11.826 11.427
1.02.01.02 Créditos com Pessoas Ligadas 0 0 0
1.02.01.02.01 Com Coligadas e Equiparadas 0 0 0
1.02.01.02.02 Com Controladas 0 0 0
1.02.01.02.03 Com Outras Pessoas Ligadas 0 0 0
1.02.01.03 Outros 585.556 242.492 227.278
1.02.01.03.01 Aplicações Financeiras 155 63.292 80.046
1.02.01.03.02 Impostos a Recuperar 147.490 33.504 38.167
1.02.01.03.03 Impostos Diferidos 323.399 77.870 49.476
1.02.01.03.04 Titulos a Receber 54.889 43.990 44.287
1.02.01.03.05 Depositos Judiciais 23.313 14.015 13.005
1.02.01.03.06 Outros Direitos 29.017 7.972 2.297
1.02.01.03.07 Despesas Antecipadas 1.523 1.849 0
1.02.01.03.08 Bens Destinados a Venda 5.770 0 0
1.02.02 Ativo Permanente 4.637.270 2.520.785 1.839.165
1.02.02.01 Investimentos 1.028 1.020 1.020
1.02.02.01.01 Participações Coligadas/Equiparadas 0 0 0
1.02.02.01.02 Participações em Controladas 0 0 0
1.02.02.01.03 Outros Investimentos 1.028 1.020 1.020
1.02.02.02 Imobilizado 2.918.458 2.136.918 1.663.829
1.02.02.03 Intangível 1.545.732 269.559 84.506
1.02.02.04 Diferido 172.052 113.288 89.810
107
Grupo 07 - Balanço Patrimonial Consolidado - 02 - Passivo
| 01 - Ativo | 02 - Passivo |
(Reais Mil)
Código da Conta
Descrição da Conta 31/12/2008 31/12/2007 31/12/2006
2 Passivo Total 11.219.547 6.543.311 4.829.416
2.01 Passivo Circulante 3.080.860 1.941.278 1.251.553
2.01.01 Empréstimos e Financiamentos 1.642.221 1.051.794 546.979
2.01.02 Debêntures 4.185 0 0
2.01.03 Fornecedores 1.083.385 575.603 486.562
2.01.04 Impostos, Taxas e Contribuições 100.873 55.491 47.298
2.01.04.01 Obrigações Tributarias 66.578 29.797 25.016
2.01.04.02 Contribuições Sociais 34.295 25.694 22.282
2.01.05 Dividendos a Pagar 32 44 4.212
2.01.06 Provisões 104.378 79.834 71.108
2.01.06.01 Provisões para Férias e 13º Salário 104.378 79.834 71.108
2.01.07 Dívidas com Pessoas Ligadas 0 0 0
2.01.08 Outros 145.786 178.512 95.394
2.01.08.01 Salários a Pagar 34.508 27.240 22.035
2.01.08.02 Juros Sobre Capital Próprio 23.295 58.394 31.779
2.01.08.03 Participações a Pagar 17.893 35.156 14.491
2.01.08.04 Outras Obrigações 70.090 57.722 27.089
2.02 Passivo Não Circulante 4.027.373 1.376.054 1.433.981
2.02.01 Passivo Exigível a Longo Prazo 4.027.373 1.376.054 1.433.981
2.02.01.01 Empréstimos e Financiamentos 3.717.616 1.214.069 1.287.073
2.02.01.02 Debêntures 2.076 0 0
2.02.01.03 Provisões 186.362 124.360 118.900
2.02.01.03.01 Provisões para Contingencias 186.362 124.360 118.900
2.02.01.04 Dívidas com Pessoas Ligadas 0 0 0
2.02.01.05 Adiantamento para Futuro Aumento Capital 0 0 0
2.02.01.06 Outros 121.319 37.625 28.008
2.02.01.06.01 Obrigações Sociais e Tributárias 20.056 4.421 2.290
2.02.01.06.02 Impostos Diferidos 68.957 30.171 24.844
2.02.01.06.03 Outras Obrigações 32.306 3.033 874
2.03 Resultados de Exercícios Futuros 0 0 0
2.04 Part. de Acionistas Não Controladores 696 0 39.010
2.05 Patrimônio Líquido 4.110.618 3.225.979 2.104.872
2.05.01 Capital Social Realizado 3.445.043 2.500.000 1.600.000
2.05.02 Reservas de Capital 0 0 0
2.05.03 Reservas de Reavaliação 0 0 0
2.05.03.01 Ativos Próprios 0 0 0
2.05.03.02 Controladas/Coligadas e Equiparadas 0 0 0
2.05.04 Reservas de Lucro 703.704 725.979 504.872
2.05.04.01 Legal 66.201 62.340 46.060
2.05.04.02 Estatutária 0 0 0
2.05.04.03 Para Contingências 0 0 0
2.05.04.04 De Lucros a Realizar 0 0 0
2.05.04.05 Retenção de Lucros 0 0 0
2.05.04.06 Especial p/ Dividendos Não Distribuídos 0 0 0
2.05.04.07 Outras Reservas de Lucro 637.503 663.639 458.812
108
2.05.04.07.01 Reservas para Expansão 505.070 508.140 364.133
2.05.04.07.02 Reserva para Aumento de Capital 160.256 160.256 95.134
2.05.04.07.03 Ações em Tesouraria (815) (815) (815)
2.05.04.07.04 Lucros não Realizados (27.008) (3.942) 360
2.05.05 Ajustes de Avaliação Patrimonial (38.129) 0 0
2.05.05.01 Ajustes de Títulos e Valores Mobiliários 0 0 0
2.05.05.02 Ajustes Acumulados de Conversão 0 0 0
2.05.05.03 Ajustes de Combinação de Negócios (38.129) 0 0
2.05.06 Lucros/Prejuízos Acumulados 0 0 0
2.05.07 Adiantamento para Futuro Aumento Capital 0 0 0
Grupo 08 - Demonstração do Resultado Consolidado - 01 - Demonstração do Resultado
| 01 - Demonstração do Resultado | 02 - Lucro ou Prejuízo por Ação |
(Reais Mil)
Código da Conta
Descrição da Conta 01/01/2008 a 31/12/2008
01/01/2007 a 31/12/2007
01/01/2006 a 31/12/2006
3.01 Receita Bruta de Vendas e/ou Serviços 13.161.318 7.788.601 6.105.961
3.01.01 Vendas Mercado Interno 8.104.223 4.589.160 3.644.548
3.01.02 Vendas Mercado Externo 5.057.095 3.199.441 2.461.413
3.02 Deduções da Receita Bruta (1.768.288) (1.155.238) (896.203)
3.03 Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 11.393.030 6.633.363 5.209.758
3.04 Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos (8.634.151) (4.760.088) (3.865.660)
3.05 Resultado Bruto 2.758.879 1.873.275 1.344.098
3.06 Despesas/Receitas Operacionais (2.894.057) (1.469.625) (1.263.596)
3.06.01 Com Vendas (1.891.117) (1.278.973) (1.070.853)
3.06.02 Gerais e Administrativas (159.214) (90.389) (81.833)
3.06.02.01 Administrativas (140.379) (76.872) (72.275)
3.06.02.02 Honorários dos Administradores (18.835) (13.517) (9.558)
3.06.03 Financeiras (630.348) (105.390) (129.327)
3.06.03.01 Receitas Financeiras 616.216 11.035 59.287
3.06.03.02 Despesas Financeiras (1.246.564) (116.425) (188.614)
3.06.04 Outras Receitas Operacionais 334 33.665 26.406
3.06.05 Outras Despesas Operacionais (213.712) (28.538) (7.989)
3.06.06 Resultado da Equivalência Patrimonial 0 0 0
3.07 Resultado Operacional (135.178) 403.650 80.502
3.08 Resultado Não Operacional (48.508) (19.888) (6.177)
3.08.01 Receitas 48.043 9.257 18.970
3.08.02 Despesas (96.551) (29.145) (25.147)
3.09 Resultado Antes Tributação/Participações (183.686) 383.762 74.325
3.10 Provisão para IR e Contribuição Social (43.335) (46.305) 26.416
3.11 IR Diferido 298.670 14.225 35.143
3.12 Participações/Contribuições Estatutárias (16.892) (27.192) (11.510)
3.12.01 Participações (16.892) (27.192) (11.510)
3.12.01.01 Participações dos Funcionarios (13.500) (24.636) (9.934)
3.12.01.02 Participação dos Administradores (3.392) (2.556) (1.576)
109
3.12.02 Contribuições 0 0 0
3.13 Reversão dos Juros sobre Capital Próprio 0 0 0
3.14 Part. de Acionistas Não Controladores (385) (3.183) (7.121)
3.15 Lucro/Prejuízo do Período 54.372 321.307 117.253