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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS PADRÕES DE CRESCIMENTO DIAMÉTRICO EM COMUNIDADES ARBÓREAS COM DIFERENTES GRADIENTES DE PERTURBAÇÃO NA AMAZÔNIA CENTRAL BÁRBARA NAYARA SBARDELOTTO BRUM Manaus, Amazonas Junho, 2019

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Page 1: BÁRBARA NAYARA SBARDELOTTO BRUMajudando mental e espiritualmente nos momentos bons e ruins. Isso também passa. ... de biomassa entre fragmentos e florestas contínuas indicam que

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS

TROPICAIS

PADRÕES DE CRESCIMENTO DIAMÉTRICO EM COMUNIDADES

ARBÓREAS COM DIFERENTES GRADIENTES DE PERTURBAÇÃO

NA AMAZÔNIA CENTRAL

BÁRBARA NAYARA SBARDELOTTO BRUM

Manaus, Amazonas

Junho, 2019

Page 2: BÁRBARA NAYARA SBARDELOTTO BRUMajudando mental e espiritualmente nos momentos bons e ruins. Isso também passa. ... de biomassa entre fragmentos e florestas contínuas indicam que

BÁRBARA NAYARA SBARDELOTTO BRUM

PADRÕES DE CRESCIMENTO DIAMÉTRICO EM COMUNIDADES

ARBÓREAS COM DIFERENTES GRADIENTES DE PERTURBAÇÃO

NA AMAZÔNIA CENTRAL

Orientadora: Dra. Rita de Cássia G. Mesquita

Coorientador: Dr. Rafael Leandro de Assis

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazônia como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre em

Ciências de Florestas Tropicais.

Manaus, Amazonas

Junho, 2019

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III

Sinopse:

O incremento diamétrico de 1.856 árvores foi monitorado bimensalmente ao longo de dois anos utilizando

bandas dendrométricas em ambientes com diferentes gradientes de perturbação em uma floresta de terra-firme na

Amazônia Central. Avaliou-se o incremento diamétrico, assim como o acúmulo de biomassa para os diferentes

ambientes monitorados. Foram analisados ainda potenciais preditores do crescimento arbóreo, como a

sazonalidade, composição florística, índice de iluminação da copa e densidade da madeira dos indivíduos

amostrados e como eles variaram entre sítios amostrais. O incremento diamétrico variou entre ambientes, sendo

maior nas áreas de capoeira por possuírem em sua composição florística muitas espécies colonizadoras. O

acúmulo de biomassa, no entanto, foi maior em florestas que não sofreram perturbações recentes. As variáveis

climáticas influenciaram na variação sazonal do incremento diamétrico e do acúmulo de biomassa.

Palavras-chave: Crescimento dendrométrico, gradiente de perturbação, biomassa, características ambientais,

sazonalidade.

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IV

DEDICATÓRIA

A todo explendor da floresta amazônica que com sua grandiosidade me ensinou tanto

e a todos que me ajudaram a realizar este sonho! Em especial aos meus pais.

Leandra Sbardelotto Brum e Roberto Carlos Brum que sempre

me apoiam e me inspiram a voar mais alto,

dedico.

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V

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais do INPA e a CAPES

pela bolsa de mestrado, sou grata pela grande oportunidade de fazer um mestrado na

Amazônia.

Ao Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) e a todos os

assistentes de campo que me ajudaram da melhor forma.

Agradeço a minha orientadora Rita de Cássia Guimarães Mesquita pela oportunidade e

apoio e ensinamentos.

Agradeço ao meu coorientador Rafael Leandro de Assis pelos inúmeros ensinamentos

que me fizeram crescer muito durante estes dois anos e por estar comigo em todos os

momentos me dando suporte, apoio, me norteando e confiando em mim.

Agradeço a todos os pesquisadores com os quais tive o prazer de fazer disciplinas, por

todo ensinamento que nos passam engrandecendo ainda mais o mestrado.

Agradeço às irmãs que Manaus me deu: Marcelle, Thays e Mariana, por compartilhar

a vida, amizade, companheirismo, cumplicidade, momentos bons e ruins, muitas risadas e

choros também, vocês são os maiores presentes que ganhei por aqui.

Agradeço a todas as meninas e menino do Complexo Casa Linda que me acolheram,

me deram muito apoio, garantiram boas risadas e muitas comidas veganas/vegetarianas e

caldinho de feijão.

Agradeço a todos os amigos que fiz durante esta jornada, todos são muito especiais e

sempre levarei nossas lembraças com muito carinho.

Agradeço a turma de mestrado do CFT 2017 e da Ecologia 2017/2018 por

compartilhar momentos de aprendizado e boas risadas durante as disciplinas.

Agradeço a minha família pelo apoio incondicional nessa caminhada, meus pais que

são à base de tudo, meu porto seguro, sempre acreditando e me ajudando na jornada da vida.

Tudo é por vocês e pra vocês.

Finalmente agradeço a Deus por estar comigo em minhas orações diariamente me

ajudando mental e espiritualmente nos momentos bons e ruins. Isso também passa.

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VI

RESUMO

Foram monitoradas bimensalmente cerca de 1.860 árvores com bandas dendrométricas

durante um período de dois anos em uma floresta de terra firme na Amazônia Central em três

cenários: florestas secundárias (capoeiras), fragmentos florestais e florestas primárias

(contínuas). Foram analisados os efeitos das variações intranuais e sazonalidade no

incremento diamétrico entre as comunidades, correlacionando-as com as características

climáticas (temperatura e precipitação), abertura de dossel, densidade da madeira e

composição florística. Foram avaliadas também as diferenças entre os ambientes quanto ao

acúmulo de biomassa associada ao incremento diamétrico dos indivíduos. O incremento

diamétrico foi maior em capoeiras quando comparado com fragmentos florestais e florestas

contínuas. Inversamente, as capoeiras apresentaram o menor acúmulo de biomassa em relação

às demais. Essa diferença entre capoeiras e os outros ambientes se deve principalmente aos

distintos padrões composicionais entre eles. A densidade da madeira e a composição florística

observada em áreas de fragmentos florestais e floresta contínua foram semelhantes enquanto

as capoeiras apresentam composição florística diferente com maior número de espécies de

baixa densidade da madeira. A influência da abertura de dossel para o incremento foi similar

entre os três ambientes e inferimos que a sua importância para os diferentes padrões de

crescimento diamétrico foi menor. A semelhança quanto ao incremento diamétrico e acúmulo

de biomassa entre fragmentos e florestas contínuas indicam que esses fragmentos mantêm

padrões vegetacionais similares à florestas pristinas. A proximidade de florestas contínuas e

capacidade de aclimatação das árvores nos ambientes fragmentados estão entre as possíveis

explicações para esse resultado. Padrões de precipitação influenciaram positivamente padrões

de incremento e biomassa para os três ambientes e foram mais importantes que temperatura,

embora ambos não sejam significativos. Possivelmente tendências mais fortes dessas

variáveis, principalmente precipitação, seriam observadas caso a série de dados de

crescimento fosse superior a dois anos. Sugerimos que mudanças nos regimes de chuva para

Amazônia devem ter consequências importantes para o papel do bioma no acúmulo e estoque

de carbono. Estes resultados fornecem uma visão inicial detalhada da sensibilidade das

árvores em relação às alterações climáticas intranuais em áreas com diferentes históricos de

uso e composição florística. Em longo prazo este estudo pode fornecer predições sobre a

resposta do crescimento e acúmulo de biomassa em florestas que sofreram algum grau de

perturbação em relação a futuros cenários de mudanças climáticas.

Palavras-chave: Crescimento dendrométrico, gradiente de perturbação, biomassa,

características ambientais, sazonalidade.

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VII

ABSTRACT

About 1860 trees with dendrometric bands were monitored bi-monthly for a period of two

years in a terra firme forest in Central Amazonia, from three different scenarios: secondary

forests (capoeiras), forest fragments and continuous forests. The effects of intrannual

variations and seasonality on the diametric growth a among the communities were analyzed,

correlating them with climatic characteristics (temperature and precipitation), canopy

opening, wood density and floristic composition. The differences between the environments

were also evaluated regarding the rate of accumulation of biomass associated with the

diametric growth of the individuals. The diametric growth was higher in capoeiras when

compared to forest fragments and continuous forests. Conversely, the capoeiras had the

lowest rate of accumulation of biomass in relation to the others. This difference between

capoeiras and other environments is mainly due to the different compositional patterns

between them. The wood density and the floristic composition observed in areas of forest

fragments and continuous forest were similar while the capoeiras presented different floristic

composition, with higher number of low density wood species. Influence of the canopy

opening for the increment was similar between the three environments and therefore we infer

that its importance for the different diametric growth patterns was of minor importance. The

similarity on tree diametric growth and biomass accumulation between fragments and

continuous forests indicates that these fragments maintain vegetative patterns similar to

pristine forests. Proximity to continuous forests and tree acclimatization capacity in

fragmented environments are amongst the possible explanations for this result. Precipitation

patterns positively influenced growth and biomass patterns for the three environments and

were more important than temperature, although both were not significant. Possibly stronger

trends of these variables, especially precipitation, would be observed if the series of growth

data were larger than two years. We therefore suggest that changes in rainfall regimes for the

Amazon should have important consequences for the biome's role in the accumulation and

stock of carbon. These results provide a detailed initial view of the sensitivity of trees to intra

annual climate changes in areas with different degree of atropic disturbance and floristic

composition. In the long term, this study can provide predictions about the growth response

and biomass accumulation in forests that have undergone some degree of disturbance in

relation to future climate change scenarios.

Keywords: Dendrometric growth, disturbance gradient, biomass, environmental

characteristics, seasonality.

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VIII

Sumário

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... IX

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ X

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11

OBJETIVOS ......................................................................................................................... 15

CAPITULO I ........................................................................................................................ 16

Resumo ................................................................................................................................. 17

Introdução ............................................................................................................................. 19

Material e métodos ................................................................................................................ 22

Resultados ............................................................................................................................. 28

Discussão .............................................................................................................................. 39

Conclusão .............................................................................................................................. 45

Agradecimentos .................................................................................................................... 46

Referências bibliográficas ..................................................................................................... 47

MATERIAL SUPLEMENTAR ............................................................................................ 56

CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 58

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IX

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Índice de Iluminação de Copa (Crown Illumination Index - CII) adaptado de Clark & Clark

(1992). ................................................................................................................................................... 26

Tabela 2. Dados de incremento diamétrico para capoeiras, fragmentos e floresta contínua. ............... 30

Tabela 3. Biomassa anual acumulada (toneladas) e biomassa total (toneladas). Letras minúsculas

iguais ao lado do nome da área indicam que não há difença significativa a p<0,05. ............................ 33

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X

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. (A) Vista aérea de da ARIE PDBFF, onde é possível visualizar fragmentos

florestais circundados por floresta contínua. (B) Fragmento de 10 ha em meio a florestas

secundárias de diferentes idades (Laurance e Vasconcelos, 2009). ......................................... 23

Figura 2. Mapa da área de estudo PDBFF na Amazônia central (Laurance et al., 2011). ..... 25

Figura 3. Incremento diamétrico acumulado (mm) entre os cinco ambientes analisados

considerando capoeiras de Cecropia e Vismia, floresta contínua e fragmentos - borda e

interior. Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente a p<0,05. .............. 29

Figura 4. Variação sazonal de incremento diamétrico relacionado à precipitação (A) e

temperatura (B) bimensal. ........................................................................................................ 31

Figura 5. Relação entre a precipitação média e temperatura média com incremento

diamétrico médio bimensal entre os ambientes: capoeiras (A), fragmentos (B) e floresta

contínua (C). ............................................................................................................................. 32

Figura 6. Correlação entre acúmulo de biomassa médio e precipitação para capoeira de

Cecropia (A), capoeira de Vismia (B), fragmento florestal (C) e floresta contínua (D). ......... 33

Figura 7. Correlação entre acúmulo de biomassa médio e temperatura para capoeira de

Cecropia (A), capoeira de Vismia (B), floresta contínua (C) e fragmento florestal (D). ......... 34

Figura 8. Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMDS) das 18 parcelas de

monitoramento dendrométrico nos ambientes de capoeira (círculos), fragmentos (quadrados) e

floresta contínua (losangos) da ARIE PDBFF. As parcelas são distribuídas no espaço de

ordenação com base nas distâncias de Bray-Curtis. ................................................................. 35

Figura 9. Correlação entre incremento diamétrico médio acumulado e composição florística

(NMDS1). ................................................................................................................................. 36

Figura 10. Densidade específica da madeira média apresentada por ambiente. Letras

diferentes indicam diferenças significativas ao nível de p<0,05. ............................................. 37

Figura 11. Densidade média da madeira relacionada à composição floristica (NMDS1) para

parcelas dos ambientes amostrados. ......................................................................................... 38

Figura 12. Correlação entre incremento diamétrico médio e abertura do dossel para capoeiras

(A), fragmentos (B) e floresta contínua (C). ............................................................................ 39

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11

INTRODUÇÃO

A Amazônia representa mais de 40% dos remanescentes de floresta tropical no mundo

(Laurence e Williamson, 2001) e cerca de 60% da floresta amazônica está no Brasil (FAO,

2010). Este grande bioma constitui um enorme e dinâmico reservatório de carbono que tende

a ser gradativamente liberado para a atmosfera como consequência do desmatamento

combinado com as mudanças climáticas (Nepstad et al., 1999; Malhi et al., 2006; IPCC,

2007; Nogueira et al., 2008), influenciando inclusive a manutenção do ciclo hidrológico

global. Isso supõe que o desmatamento nos trópicos produz mudanças climáticas em níveis

globais que por sua vez influenciam o crescimento da própria floresta (Worbes, 2001). Diante

disto, a conservação da biodiversidade das florestas tropicais em conexão com a proteção da

atmosfera é um dos mais importantes desafios ecológicos da atualidade.

O desmatamento na Amazônia brasileira é considerado o mais acelerado do mundo

(Laurance et al., 2001; Nascimento e Laurance, 2002) e, não só as áreas sob ameaça direta de

extração madeireira, como também as florestas não perturbadas, estão passando por mudanças

no estoque de carbono e na composição florística resultantes de mudanças ambientais

antropogênicas de larga escala (Chave et al., 2008). A degradação florestal causada pelo

homem acarreta a redução da capacidade de uma floresta em fornecer bens e serviços em

nível global, incluindo o armazenamento de carbono, regulação do clima e conservação da

biodiversidade (Berenguer et al., 2014). Nas florestas tropicais, a liberação do estoque de

carbono depende do tipo de perturbação (por exemplo, queima de sub-bosque, efeitos de

borda), da intensidade e frequência de eventos e do tempo decorrido (Laurance et al., 2006;

Barlow et al., 2012; Aragão et al., 2014).

As causas para esse desmatamento acelerado são variadas e dentre elas detacam-se a

agricultura de corte e queima, a pecuária e a extração madeireira (muitas vezes de forma

ilegal e predatória) (Fearnside, 2001). Como consequências do desmatamento na Amazônia,

dois cenários ganharam grandes extensões: áreas abandonadas pela agricultura e pecuária de

insucesso, recobertas por florestas secundárias em diferentes estágios de regeneração

(Mesquita et al., 2001; Massoca et al., 2012) que vem ganhando reconhecimento não só pelo

aumento de sua extensão mas também pelos serviços ambientais prestados, absorvendo

carbono atmosférico e fixando-o como biomassa durante o crescimento da vegetação (Barlow

et al., 2007; Chazdon et al., 2009); e fragmentos florestais que são formados à medida que

uma grande extensão de floresta é subdividida e diminui de tamanho (Laurance e

Vasconcelos, 2009). A fragmentação florestal afeta a diversidade, composição e dinâmica da

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floresta tropical, causando aumentos nas taxas de mortalidade das árvores, danos e formações

de clareiras devido às mudanças no microclima perto das bordas da floresta (Ferreira e

Laurance, 1997), ocasionando no declínio na biomassa em remanescentes florestais que por

sua vez podem se tornar fonte de liberação de CO2 (Laurance e Vasconcelos, 2009).

Diante da importância das florestas tropicais (que sofreram ou não perturbação

recente) para o ciclo gobal do carbono, estimativas de biomassa são necessárias para

responder questões sobre a contribuição do desflorestamento nas emissões de gás carbônico

na atmosfera (Brown et al., 1995), tendo em vista que o carbono representa cerca de 50% da

biomassa seca de uma árvore (Brown e Lugo, 1992; Malhi et al., 2004). A biomassa é uma

característica fundamental dos ecossistemas, resultante do balanço entre taxas de ganho de

massa devido à produtividade e perdas devido à respiração e mortalidade (Keeling e Phillips,

2007; Alves et al., 2010). Na floresta amazônica, as árvores com diâmetro maior que 10 cm

compreendem mais de 80% do total de AGB (above-ground biomass) (Brown et al., 1995;

Nascimento e Laurance, 2002). Três grupos de variáveis foram propostos para explicar a

variação espacial regional de AGB em florestas tropicais: os fatores climáticos, edáficos,

composicionais e estruturais da floresta. Neste contexto, estudos anteriores apresentam a

precipitação como positivamente relacionada à biomassa em florestas úmidas e de clima

estável (com estação seca curta ou mesmo sem estação seca) no Panamá, na Amazônia e em

Bornéu (Chave et al., 2004; Malhi et al., 2006; Quesada et al., 2009; Slik et al., 2010).

Também os fatores físicos e químicos do solo exercem efeitos diretos sobre a biomassa,

sugerindo que o AGB pode ser limitado pela disponibilidade de nutrientes (Laurance et al.,

1999; DeWalt e Chave, 2004; Paoli et al., 2008). Por último, parâmetros relacionados à

composição florística e estrutura da floresta, as chamadas variáveis de suporte (que são

utilizadas nas equações alométricas, incluindo diâmetro, altura e densidade específica da

madeira) (Chave et al., 2004, 2005; Baraloto et al., 2011) influenciam diretamente os padrões

locais de biomassa. Diante disso, as estimativas locais e regionais de biomassa podem

fornecer dados essenciais para modelagem do ciclo de carbono em todo o bioma bem como

estimativas confiáveis sobre as emissões a partir de cenários de mudança no uso da terra

(Alves et al., 2010; Houghton et al., 2012).

As florestas concentram entre 70-80% de biomassa acima do solo (Chapin et al.,

2002). Essa biomassa é normalmente calculada aplicando-se uma equação que relaciona

medições não destrutivas da estrutura ao peso seco da árvore. As equações de biomassa foram

desenvolvidas de forma variada, incluindo o diâmetro da árvore, altura, densidade da madeira

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e fator de forma como variáveis explicativas (Baker et al., 2004), com isso, é imprescindível

que o crescimento das árvores seja monitorado a fim de se estimar a biomassa acima do solo.

O crescimento é basicamente o alongamento e expansão das raízes, tronco e galhos

provocando mudanças em termos de altura, volume e forma. O crescimento linear de todas as

partes da árvore resulta da atividade do meristema primário, enquanto o crescimento em

diâmetro é consequência da atividade do meristema secundário ou câmbio (Husch et al.,

1982). O crescimento das árvores é influenciado pelas características da espécie interagindo

com o ambiente. As influências ambientais incluem fatores climáticos (temperatura, umidade

do ar, precipitação e irradiância), fatores edáficos (características físicas e químicas, umidade

e microorganismos), características topográficas (inclinação e elevação) e competição

(influências intra e interespecíficas, sub-bosque e animais) (Husch et al., 1997). Portanto,

caracterizar os elementos que causam variações no crescimento das árvores é fundamental

para entender como a variedade de estratégias de crescimento molda a dinâmica florestal ao

longo do tempo e como impactam os serviços ecossistêmicos como produção de madeira ou

armazenamento de carbono (Le Bec et al., 2015).

Tal qual para biomassa, as variações climáticas têm impactos significativos nas taxas

de crescimento arbóreo indicando que a sazonalidade da precipitação e da temperaura são

imprescindíveis para explicar o crescimento em diâmetro de árvores em uma floresta. Esses

fatores influenciam o desenvolvimento de indivíduos de maneira diferente, dependendo dde

fatores como a espécie em questão e a região geográfica (Holdaway, 1987). A necessidade de

caracterizar a sazonalidade de incremento diamétrico ao longo de estações em determinado

período de tempo foi apresentada por Hall (1994) com a utilização de um instrumento que

consiste em uma fita de alumínio graduado circundando a árvore e permanecendo fixo no

tronco por meio de uma mola espiral, posteriormente chamado de dendrômetro. Os

dendrômetros permitem monitorar o crescimento em circunferência do tronco das árvores,

registrando os períodos de atividade do câmbio e fornecendo informações a respeito do ritmo

de crescimento influenciado diretamente por variáveis climáticas (Katsch et al., 1992).

Durante os períodos secos os troncos frequentemente apresentam um “decréscimo” que na

verdade é uma leve redução no tronco originado pela perda d‟água, diminuindo a pressão

intracelular (Vanclay, 1994) enquanto o incremento do tronco em diâmetro decorre da alta

umidade em consequência da atividade cambial e expansão celular (Fritts et al.,1965).

Diante de todo o panorama de mudanças climáticas e de uso do solo sofridos pela

floresta amazônica, o monitoramento em longo prazo é necessário e um lugar onde isso vem

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sendo realizado, desde os anos 80, é o Projeto de Dinâmica Biológica de Fragmentos

Florestais (PDBFF) (Lovejoy et al.,1986; Laurance et al., 2002, 2011). Localizado na região

central da Amazônia, o PDBFF tem como objeto de pesquisa não só a fragmentação florestal,

mas também estudos de regeneração florestal, dinâmica da paisagem, variação climática e

uma variedade de tópicos de pesquisa interdisciplinar. Esse mosaico de paisagens

compreedendo florestas sob diferentes níveis de impacto antrópico apresenta-se como cenário

perfeito para oestudo dos padrões de crescimento arbóreo, assim como os principais fatores

que os influenciam. Portanto, o presente estudo objetivou avaliar o incremento diamétrico e a

taxa de acúmulo de biomassa nas comunidades arbóreas com três históricos de perturbação:

floresta secundária, fragmento florestal e floresta contínua, numa região de terra-firme da

Amazônia Central. Foi analisado ainda o papel de potenciais preditores para o crescimento

arbóreo, como a sazonalidade climática, composição florística, índice de iluminação da copa e

densidade da madeira dos indivíduos amostrados, e como eles variaram sua importância entre

as comunidades arbóreas.

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15

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Compreender como as variações sazonais influenciam o incremento diamétrico entre

comunidades árboreas com diferentes gradientes de perturbação e avaliar a importância de

parâmetros composicionais e de abertura de dossel para o crescimento diamétrico e acúmulo

de biomassa.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Investigar como as variações de precipitação e temperatura intranuais influenciam no

incremento diamétrico e na taxa de acúmulo de biomassa das comunidades arbóreas de

florestas secundárias, fragmentos florestais e florestas contínuas.

Avaliar as diferenças entre os ambientes quanto à taxa de acúmulo de biomassa associado ao

incremento diamétrico dos indivíduos.

Descrever como a densidade da madeira, a iluminação de copa e a composição florística

influenciam o incremento diamétrico em cada ambiente estudado.

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CAPITULO I

Padrões de crescimento diamétrico em comunidades arbóreas com diferentes gradientes

de perturbação na Amazônia Central

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17

Padrões de crescimento diamétrico em comunidades arbóreas com diferentes gradientes

de perturbação na Amazônia Central

Bárbara Nayara Sbardelotto Brum¹*, Rafael Leandro de Assis², Felipe Marciniak Ferreira¹,

Rita de Cássia Guimarães Mesquita¹

1 Programa de Pós-graduação em Ciências de Florestas Tropicais, Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia – PPG-CFT/INPA, Manaus, Brazil,2 Natural History Museum,

University of Oslo, Noruega

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected]

Resumo: Foram monitoradas bimensalmente cerca de 1.860 árvores com bandas

dendrométricas durante um período de dois anos em uma floresta de terra firme na Amazônia

Central em três cenários: florestas secundárias (capoeiras), fragmentos florestais e florestas

primárias (contínuas). Foram analisados os efeitos das variações intranuais e sazonalidade no

incremento diamétrico entre as comunidades, correlacionando-as com as características

climáticas (temperatura e precipitação), abertura de dossel, densidade da madeira e

composição florística. Foram avaliadas também as diferenças entre os ambientes quanto ao

acúmulo de biomassa associada ao incremento diamétrico dos indivíduos. O incremento

diamétrico foi maior em capoeiras quando comparado com fragmentos florestais e florestas

contínuas. Inversamente, as capoeiras apresentaram o menor acúmulo de biomassa em relação

às demais. Essa diferença entre capoeiras e os outros ambientes se deve principalmente aos

distintos padrões composicionais entre eles. A densidade da madeira e a composição florística

observada em áreas de fragmentos florestais e floresta contínua foram semelhantes enquanto

as capoeiras apresentam composição florística diferente com maior número de espécies de

baixa densidade da madeira. A influência da abertura de dossel para o incremento foi similar

entre os três ambientes e inferimos que a sua importância para os diferentes padrões de

crescimento diamétrico foi menor. A semelhança quanto ao incremento diamétrico e acúmulo

de biomassa entre fragmentos e florestas contínuas indicam que esses fragmentos mantêm

padrões vegetacionais similares à florestas pristinas. A proximidade de florestas contínuas e

capacidade de aclimatação das árvores nos ambientes fragmentados estão entre as possíveis

explicações para esse resultado. Padrões de precipitação influenciaram positivamente padrões

de incremento e biomassa para os três ambientes e foram mais importantes que temperatura,

embora ambos não sejam significativos. Possivelmente tendências mais fortes dessas

variáveis, principalmente precipitação, seriam observadas caso a série de dados de

crescimento fosse superior a dois anos. Sugerimos que mudanças nos regimes de chuva para

Amazônia devem ter consequências importantes para o papel do bioma no acúmulo e estoque

de carbono. Estes resultados fornecem uma visão inicial detalhada da sensibilidade das

árvores em relação às alterações climáticas intranuais em áreas com diferentes históricos de

uso e composição florística. Em longo prazo este estudo pode fornecer predições sobre a

resposta do crescimento e acúmulo de biomassa em florestas que sofreram algum grau de

perturbação em relação a futuros cenários de mudanças climáticas.

Palavras-chave: Crescimento dendrométrico, gradiente de perturbação, biomassa,

características ambientais, sazonalidade.

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Abstract: About 1860 trees with dendrometric bands were monitored bi-monthly for a period

of two years in a terra firme forest in Central Amazonia, from three different scenarios:

secondary forests (capoeiras), forest fragments and continuous forests. The effects of

intrannual variations and seasonality on the diametric growth a among the communities were

analyzed, correlating them with climatic characteristics (temperature and precipitation),

canopy opening, wood density and floristic composition. The differences between the

environments were also evaluated regarding the rate of accumulation of biomass associated

with the diametric growth of the individuals. The diametric growth was higher in capoeiras

when compared to forest fragments and continuous forests. Conversely, the capoeiras had the

lowest rate of accumulation of biomass in relation to the others. This difference between

capoeiras and other environments is mainly due to the different compositional patterns

between them. The wood density and the floristic composition observed in areas of forest

fragments and continuous forest were similar while the capoeiras presented different floristic

composition, with higher number of low density wood species. Influence of the canopy

opening for the increment was similar between the three environments and therefore we infer

that its importance for the different diametric growth patterns was of minor importance. The

similarity on tree diametric growth and biomass accumulation between fragments and

continuous forests indicates that these fragments maintain vegetative patterns similar to

pristine forests. Proximity to continuous forests and tree acclimatization capacity in

fragmented environments are amongst the possible explanations for this result. Precipitation

patterns positively influenced growth and biomass patterns for the three environments and

were more important than temperature, although both were not significant. Possibly stronger

trends of these variables, especially precipitation, would be observed if the series of growth

data were larger than two years. We therefore suggest that changes in rainfall regimes for the

Amazon should have important consequences for the biome's role in the accumulation and

stock of carbon. These results provide a detailed initial view of the sensitivity of trees to intra

annual climate changes in areas with different degree of atropic disturbance and floristic

composition. In the long term, this study can provide predictions about the growth response

and biomass accumulation in forests that have undergone some degree of disturbance in

relation to future climate change scenarios.

Keywords: Dendrometric growth, disturbance gradient, biomass, environmental

characteristics, seasonality.

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Introdução

A bacia amazônica dispõe de mais da metade dos remanescentes de floresta tropical do

mundo (Laurance e Williamson, 2001) e a Amazônia brasileira abrange dois terços desta

bacia. Este grande bioma possui uma forte interação bidirecional entre sua cobertura do solo e

da atmosfera (Marengo et al. 1992; Zemp et al., 2017) e, portanto, mudanças na floresta

afetam diretamente os serviços ambientais como: riqueza da biodiversidade, regulação do

clima, armazenamento de carbono e ciclo hidrológico (Hansen et al., 2013; Gloor et al.,

2015), com consequências de escala global. Diante disso, a floresta amazônica tem atraído

grande atenção de pesquisadores, pois está experimentando mudanças antropogênicas rápidas

e sem precedentes, sendo considerada a floresta com desmatamento mais acelerado do mundo

(Laurance et al., 2001; Nascimento & Laurance, 2002). Uma das inúmeras consequências do

desmatamento é a liberação gradativa de enormes quantidades de carbono para a atmosfera

(Nogueira et al., 2008) potencializando os efeitos das mudanças climáticas regionais e até

globais, como por exemplo, a intensificação do ciclo hidrológico (Gloor et al., 2013, 2015)

que afeta a própria floresta.

Neste cenário, as estimativas e o monitoramento dos estoques de carbono são os

primeiros passos para compreender os efeitos oriundos das alterações climáticas sobre a

floresta, e devem ser usadas como ferramentas para estratégias de mitigação desses efeitos

(Gibbs et al., 2007). Segundo Berenguer et al. (2014), em estudo realizado no Pará, cerca de

70% do carbono fixado em florestas primárias está acumulado nos troncos e galhos das

árvores, seguido por raízes e folhas, respectivamente, além da madeira morta que estoca cerca

de 10% de carbono. De forma que, entender os padrões de crescimento das árvores é

primordial para pesquisas ecológicas em florestas, pois a taxa de crescimento reflete as

estratégias para aquisição e alocação de recursos pelas plantas (Baker et al., 2003). Além

disso, estudos de variação sazonal no acúmulo da biomassa do tronco podem ser valiosos para

a compreensão da sensibilidade climática e possíveis mudanças na produtividade destes

ecossistemas (Rowland et al., 2014). Dentre os equipamentos disponíveis para acompanhar

este incremento do tronco, destacam-se as bandas dendrométricas, pela maior facilidade de

instalação e manutenção em condições de campo, baixo custo e elevada precisão na leitura,

além de não causar danos ao tronco (Botosso e Tomazello, 2001).

O crescimento das árvores é influenciado pelas características da espécie interagindo

com o ambiente. Dentre os principais fatores intrínsecos que influenciam esse crescimento,

destaca-se a densidade específica da madeira (WSD – wood specific density), que está

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diretamente relacionada com a resistência e organização anatômica da madeira, com sua

composição química, tamanho e número de células (ASTM, 2002; Nogueira et al., 2005).

WSD também é um indicador de estágio de sucessão ecológica, com espécies pioneiras

apresentando menor densidade da madeira e maior variação em relação às espécies clímax

(Denslow, 1980; Muller-Landau, 2004).

Com relação aos fatores ambientais, destacam-se as variáveis climáticas, como

precipitação e temperatura. O aumento da temperatura pode afetar diretamente o incremento

diamétrico das árvores, devido ao fechamento dos estômatos ocasionado por maior demanda

evaporativa e consequente redução da fotossíntese (Gliniars et al., 2013), além do aumento da

respiração das árvores (Clark et al., 2003). Segundo Zemp et al. (2017), com a diminuição da

precipitação, a resiliência florestal também diminui, pois a cobertura florestal é modificada

com eventos de extrema seca e até perturbações como fogo. Por outro lado, a perda florestal

pode ampliar a seca, pois reduz a evapotranspiração e enfraquece a reciclagem de umidade

atmosférica. Além disso, a progressiva elevação das temperaturas globais pode intensificar o

estresse hídrico experimentado pelas árvores (Wright, 2010), impulsionando ainda mais o

papel da floresta como fonte de carbono para atmosfera. A sazonalidade climática também

tem papel importante na variação intranual do incremento diamétrico (Wagner et al., 2014).

Alguns estudos apontam que o incremento diamétrico é maior durante a estação chuvosa

(Dunisch et al., 2003), ocorrendo de forma contraria em períodos de seca, onde o tronco sofre

uma retração, devido a perda de água (Worbes, 1999). Isso ocorre, pois o incremento

diamétrico depende do conteúdo de água das células contidas no tronco (Zweife et al., 2016).

A variação da irradiância também influencia os padrões temporais de crescimento e pode ser

particularmente importante em florestas onde a disponibilidade de água não é limitante

(Grogan et al., 2011).

Além das mudanças climáticas, o aumento populacional humano e de atividades

econômicas vem transformando as florestas tropicais em um mosaico de ambientes

modificados, incluindo pastagens e fragmentos de floresta. As principais consequências

dessas atividades antrópicas estão na perda de biodiversidade (Laurance et al., 2011; Costa et

al., 2015) e no balanço global de carbono, uma vez que o carbono armazenado na biomassa

viva acima do solo é a maior reserva e a mais diretamente afetada pelo desmatamento e

degradação (Gibbs et al., 2007). Apesar da relevância das florestas secundárias na paisagem

amazônica atual, as pesquisas ecológicas em sua maioria têm se concentrado em monitorar a

mudança no crescimento e estoques de carbono em florestas primárias e relativamente

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inalteradas (Malhi et al., 2011). Dessa forma, padrões mais detalhados do crescimento

arbóreo em escalas de tempo inferiores (intranuais) em florestas que sofreram algum tipo de

perturbação antrópica ainda são pouco conhecidos, apesar da importância de compreendermos

a influência da sazonalidade no crescimento diamétrico. Neste contexto, é necessário melhor

compreendermos a dinâmica de crescimento diamétrico em florestas mais heterogêneas

quanto ao histórico de uso, já que essa é uma paisagem mais realística para o bioma

amazônico desde meados do século XX.

Respostas confiáveis e conclusivas sobre as variações climáticas e o efeito delas na

biota amazônica podem ser alcançadas apenas por avaliações de monitoramento de longo

prazo. Em poucos lugares estes dados existem e um desses lugares é uma área da Amazônia

Central, conhecida como ARIE PDBFF. Desde a década de 80, pesquisadores e estudantes do

PDBFF estão avaliando os impactos da fragmentação e regeneração da floresta amazônica

sobre a composição da fauna e flora, bem como muitos aspectos ecológicos e processos

ecossistêmicos. A área de estudo do PDBFF inclui fragmentos florestais de 1, 10 e 100 ha e

extensas áreas de floresta intacta que servem como locais de controle experimental. Também

estão presentes, florestas secundárias de diferentes idades e composição florística que se

regeneraram em pastagens abandonadas ou em áreas desmatadas sem queima e abandonadas

(Mesquita et al., 2001, Laurance et al., 2004). Diante disso, o presente trabalho selecionou

três ambientes como representativos de diferentes históricos de perturbação: a floresta

contínua sujeita apenas às perturbações naturais, como queda de árvores e alagamentos

sazonais; os fragmentos florestais, afetados pelos efeitos da fragmentação; e a floresta

secundária, que se regenera após desmatamento total, e diferentes históricos de uso – o corte e

queima para implantação de pastagens, e o corte sem queima e sem uso, similar à extração

madeireira de alto impacto. O estudo objetivou avaliar o incremento diamétrico e o acúmulo

de biomassa nas comunidades arbóreas com três históricos de perturbação - em floresta

secundária, floresta fragmentada e floresta contínua numa região de terra-firme da Amazônia

Central. Foram analisados ainda potenciais preditores do crescimento arbóreo, como a

sazonalidade, composição florística, índice de iluminação da copa e densidade da madeira dos

indivíduos amostrados e como eles variaram entre sítios amostrais.

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Material e métodos

Descrição da área de estudo

O estudo foi conduzido na Amazônia Central, mais precisamente na Área de Relevante

Interesse Ecológico do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (ARIE PDBFF),

que abrange aproximadamente 1000 km² de área, localizados a 80 km ao norte de Manaus,

Brasil (60°00‟ W, 2°20‟S) (Lovejoy et al. 1986; Laurance et al. 2002). A ARIE compreende

floresta de terra firme em uma área relativamente plana que tem entre 80-160 m de elevação

(Laurance et al. 2018), o solo é do tipo latossolo amarelo muito intemperizado, pobre em

nutrientes e altamente ácido (Chauvel & Boulet, 1987). A precipitação média anual varia

entre 1900-3500 mm com período de seca moderada de junho a outubro (Laurance et al.

2018).

A área de estudo do PDBFF inclui fragmentos florestais de 1, 10 e 100 ha e extensas

áreas de floresta intacta que servem como locais de controle experimental. Também estão

presentes florestas secundárias com diferentes idades, as mais antigas com cerca de 30 anos

(Mesquita et al., 2001) e diferentes históricos de uso, o que resulta em efeitos na composição

florística (Mesquita et al., 2015, Laurance et al., 2004) (Figura 1). Cerca de 100 ha de

florestas compõem parcelas permanentes, que são monitoradas em intervalos de cinco anos,

há quase 40 anos, compreendendo um número superior a 200.000 indivíduos arbóreos

identificados. O monitoramento das parcelas permanentes de vegetação secundária é anual e

vem sendo feito nos últimos 20 anos.

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Figura 1. (A) Vista aérea de da ARIE PDBFF, onde é possível visualizar fragmentos florestais

circundados por floresta contínua. (B) Fragmento de 10 ha em meio a florestas secundárias de

diferentes idades (Laurance e Vasconcelos, 2009).

O Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) iniciou o isolamento

de fragmentos florestais nos anos 80, onde fragmentos foram isolados da floresta intacta por

distâncias de 80-650 m através da queima e limpeza de floresta circundante (Laurance, 2018).

As fazendas de gado existentes na região começaram a ser largamente abandonadas nesta

época por causa da baixa produtividade e solos extremamente pobres e compactados, além do

cancelamento de incentivos fiscais do governo de 1988 em diante (Laurance, 2018). Segundo

Mesquita et al. (2001), as florestas secundárias que surgiram nas áreas abandonadas pelos

fazendeiros seguiram dois tipos de regeneração, algumas áreas que inicialmente eram limpas e

queimadas para manter as pastagens e posteriormente foram abandonadas deram lugar a

floresta dominada por Vismia spp. Enquanto outras áreas que não sofreram queima foram

dominadas por Cecropia spp. Para continuidade do isolamento dos fragmentos experimentais,

faixas de 100 m de largura foram limpas e queimadas em torno de cada fragmento por cinco

ocasiões, sendo a mais recente em 2013-2014 (Laurance, 2018).

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Unidades amostrais

O presente estudo compreende 18 parcelas no total, divididas entre seis parcelas em

vegetação secundária: 3 parcelas em capoeiras dominadas pelo gênero Vismia e 3 parcelas em

capoeiras dominadas pelo gênero Cecropia. Os fragmentos florestais de 10 ha também foram

divididos em seis parcelas classificadas de acordo com a distância borda/interior. Quanto às

florestas contínuas, seis parcelas foram estabelecidas em florestas sem histórico de

perturbação recente.

Todas as parcelas contendo dendrômetros no estudo apresentam iguais dimensões e

totalizam 1600 m2

(80 x 20 m) de área. Estes locais de estudo estão divididos em sete sítios

amostrais entre os distintos habitats, denominados Dimona, Porto Alegre, Colosso, Cabo Frio,

Florestal e Km 37 (Figura 2). Todas as árvores das parcelas estudadas estão identificadas e

fazem parte do projeto de monitoramento florestal do grupo de pesquisa PDBFF. Cada

parcela de 1 ha de floresta contínua e fragmentos florestais já existentes nas áreas do PDBFF

antes da instalação dos dendrômetros estão subdivididas em quadrados de 20 x 20 m (400 m²).

No caso das parcelas permanentes já existentes em capoeiras, Mesquita et al. (1999)

estabeleceram um formato de transecto 100 x 5m (500 m²) e para padronizar a área do atual

estudo, foram acrescidos 15 m lateralmente e reduzidos 20 m em sua extensão, configurando

parcelas de 80 x 20 m.

Três fragmentos florestais de 10 ha foram escolhidos para o estudo (sítios Colosso,

Dimona e Porto Alegre) de forma que cada um deles recebeu duas parcelas para

monitoramento dendrométrico: próxima a borda (< 300 m distante da margem do fragmento)

e no interior (> 300 m distante da margem do fragmento). Esta divisão entre parcelas de

fragmento ocorreu porque o microclima próximo às bordas dos fragmentos é diferente em

relação ao interior do fragmento (Kapos et al.,1997; Ferreira & Laurance 1997;Laurance &

Vasconcelos 2009). Bordas apresentam geralmente umidade reduzida, maior incidência de luz

e maior variabilidade de temperatura (Kapos, 1989) e vento (Lewis, 1992), principais motivos

da maior taxa de mortalidade nas áreas de borda dos fragmentos (Laurance et al., 1998). Esses

efeitos são os principais impulsionadores de alterações ecológicas nos fragmentos e eles são

mais acentuados nos primeiros 300 m no sentido da borda para o interior da floresta

(Laurance et al., 2002).

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Figura 2. Mapa da área de estudo PDBFF na Amazônia central (Laurance et al., 2011).

Coleta de dados

Incremento diamétrico

Para as 18 parcelas selecionadas, foram instaladas bandas dendrométricas em todas as

árvores identificadas e que possuíssem DAP (diâmetro a altura do peito) ≥ 10 cm. Os

dendrômetros são constituídos por uma fita metálica, presilha e uma mola cujo tamanho varia

de acordo com o diâmetro da árvore. Tanto a fita metálica quanto a presilha e a mola são

feitas de aço inoxidável. A metodologia dos dendrômetros seguiu o modelo estabelecido pela

CTFS (Center for Tropical Forest Science) por Muller-Landau & Larjavaara (2009). O

levantamento dos dados foi realizado bimensalmente com paquímetro digital no período de

setembro de 2016 a setembro de 2018. Os dados de incremento obtidos com paquímetro

foram posteriormente ajustados através da fórmula de McMahon & Parker (2015), onde o

valor do intervalo medido na banda dendrométrica instalada é relacionado à circunferência

das árvores através da divisão por pi e multiplicado por dez para converter o valor obtido em

milímetros para centímetros (escala utilizada para as medidas de DAP).

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Dados climáticos

Os dados de precipitação mensal entre os anos de 1998 e 2018 utilizados são do

produto 3B43_v7 do TRMM (Tropical Rainfall Meansuring Mission) de resolução espacial

de 0.25º x 0.25º (aproximadamente 30 x 30 km), que é uma missão espacial conjunta entre a

NASA e a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) para medição de

precipitação tropical. A plataforma TRMM contém cinco instrumentos: o radar de

precipitação, o imageador de micro-ondas, o scanner de radiação visível e infravermelha e o

sensor de imageamento de raios (Passow, 2010). Os dados de temperatura foram obtidos

através de estações climáticas automáticas (modelo Vantage Pro2 Precision Weather Station)

equipadas com termistores que medem temperatura e umidade do ar, distribuídas entre quatro

dos sítios amostrais com dendrômetros: Colosso, Dimona, Km 37 e Porto Alegre.

Índice de iluminação de copa

O índice de Iluminação de Copa (Crown Illumination Index - CII) é uma escala ordinal

utilizada para avaliar qualitativamente a entrada de luz em uma floresta, possuindo abordagem

simples e rápida. O método foi utilizado em todas as árvores com bandas dendrométricas,

com visadas separadas e calibradas de dois observadores distintos, foram atribuídas escalas

numéricas de acordo com a definição de Clark e Clark (1992) que foi adaptada para o estudo

(Tabela 1).

Tabela 1. Índice de Iluminação de Copa (Crown Illumination Index - CII) adaptado de Clark & Clark

(1992).

Índice Definição

1.0 Sem incidência de luz direta.

1.5 Luz lateral baixa.

2.0 Luz lateral média.

2.5 Luz lateral alta.

3.0 Luz lateral e incidência de luz vertical baixa.

3.5 Luz lateral e incidência de luz vertical alta.

4.0 Completamente exposta à luz.

Taxa de acúmulo de biomassa

Foram utilizados os dados coletados das bandas dendrométricas medidos

bimensalmente para realizar os cálculos de acúmulo de biomassa. Estes dados permitiram

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calcular o diâmetro do tronco de cada árvore que posteriormente foi utilizada em equações

alométricas para estimar a biomassa arbórea. A biomassa aérea de cada indivíduo foi estimada

através dos dados de incremento diamétrico convertidos em DAP, densidade da madeira

(utilizou-se o banco de dados “Global Wood Density Database” de Chave et al., 2009) e

altura, utilizando modelos preditivos pantropicais (Equação 1), que relacionam a altura da

árvore ao diâmetro do tronco e estresse ambiental (Equação 2). Para calcular a biomassa para

cada indivíduo foi utilizada a fórmula proposta por Chave et al. (2014) (Equação 3). Os dados

de AGBest foram utilizados para estimativa de acúmulo de biomassa para o período de 2016-

2018 ( AGBestfinal – AGBestinicial) e total, por indivíduo.

Equação 1: ln(H) = 0.893− E + 0.760ln(D)− 0.0340(ln(D))²

Onde: H= altura total, E= estresse ambiental, D= diâmetro do tronco.

Equação 2: E = (0.178× TS-0.938×CWD-6.61× PS)×10-3

Onde: TS= sazonalidade de temperatura, CWD= déficit de água, PS= sazonalidade da precipitação.

Equação 3: AGBest= 0.0673 (ρD²H)0.976

Onde: ρ= densidade da madeira, D= diâmetro do tronco, H= altura estimada.

As análises foram feitas com o pacote BIOMASS em R versão 3.5.2 (R Development

Core Team 2018).

Análise dos dados

Diferenças quanto ao incremento diamétrico e taxa de acúmulo de biomassa entre os

ambientes (floresta contínua, fragmento borda, fragmento interior, capoeira de Vismia e

capoeira de Cecropia) foram avaliadas através de análises de variância (ANOVA). ANOVA

também foi aplicada para avaliar diferenças quanto a densidade específica da madeira (média)

entre os ambientes. Para determinar se houve diferença significativa entre o incremento médio

anual de caule entre os dois períodos (setembro de 2016- setembro de 2017, e setembro de

2017- setembro de 2018) foi utilizado um teste T pareado. O coeficiente de variação foi

utilizado para medir a variação do incremento diamétrico e variáveis climáticas ao longo de

todo estudo, ele é definido como a razão do desvio padrão pela média. A influência das

variáveis ambientais (precipitação e temperatura) para os padrões de incremento diamétrico e

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biomassa foram analisadas, por ambiente, através de correlações de Pearson.O mesmo método

foi utilizado para testar significância entre as relações entre incremento diamétrico e biomassa

vs abertura de dossel.

Para avaliar os padrões de similaridade florística entre os três tipos de floresta

realizamos escalonamento multidimensional não-métrico global (NMDS; Minchin 1987),

com a medida de distância florística baseado no índice de similaridade de Bray-Curtis.

Definimos o principal eixo extraído dessa ordenação (NMDS1) como maior gradiente de

variação em composição florística. NMDS1 foi finalmente aplicado para verificar a influência

dos padrões de composição florística para variações no incremento diamétrico enre os

ambientes estudados. Para tal, utilizamos análises de correlação de Person.

Todas as análises estatísticas do presente trabalho foram feitas em R versão 3.5.2 (R

Development Core Team 2018). Para todos os testes de significância, diferenças foram

consideradas significativas quando p <0,05.

Resultados

O período de análise considerou treze medições bimensais entre setembro de 2016 a

setembro de 2018. Inicialmente foram instaladas 1.856 bandas dendrométricas em árvores

distribuídas em parcelas de capoeira dominadas por Cecropia (308 árvores) e capoeiras

dominadas por Vismia (304 árvores), borda (458 árvores) e interior (163 árvores) de

fragmentos florestais e floresta contínua (539 árvores). No último monitoramento utilizado

para este estudo, o número de árvores com bandas dendrométricas teve um decréscimo de

cerca de 10% em relação ao valor inicial, totalizando 1.674 árvores. Este decréscimo ocorreu

devido a danos mecânicos nas bandas dendrométricas instaladas e a mortalidade natural das

árvores ao longo do tempo.

Condições climáticas e incremento diamétrico

As comparações iniciais evidenciaram que o incremento diamétrico das capoeiras

mostrou-se significativamente diferente das parcelas de fragmentos (p=2e-16 ***) e da

floresta contínua (p=7,81e-13 ***) (Figura 3). Não houve diferença significativa de

incremento diamétrico entre a floresta contínua e os fragmentos, tanto em relação a parcelas

de borda (p=0,57), quanto interior (p= 0,23) (Figura 3). Também não foram observadas

diferenças significativas entre parcelas de diferentes tipos de capoeira (Vismia e Cecropia:

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p=0,34) e entre parcelas de fragmentos (borda e interior: p= 0,23). Por esta razão, nas

análises seguintes relacionadas ao incremento diamétrico os ambientes foram agrupados em

apenas três divisões: capoeira, fragmento e floresta contínua.

Figura 3. Incremento diamétrico acumulado (mm) entre os cinco ambientes analisados considerando

capoeiras de Cecropia e Vismia, floresta contínua e fragmentos - borda e interior. Médias seguidas de

mesma letra não diferem significativamente a p<0,05.

As áreas de capoeira somaram 52% do total de incremento acumulado em todas as

áreas para todo o período de estudo. Quando analisado bimensalmente, o incremento médio

foi 43% maior em áreas de capoeira (0,39±0,09 mm.mês-1

) em relação às áreas de fragmentos

florestais (0,18±0,04 mm.mês-1

) e floresta contínua (0,14±0,05 mm mês-1

). Análises de teste T

pareado indicaram que as capoeiras (p=0,77) e os fragmentos (p=0,68) não apresentaram

mudança significativa no incremento anual entre o período de 2017-2018 em relação ao

período anterior enquanto a floresta contínua (p= 4,322e-12) teve acréscimo em suas médias

para o segundo ano (Tabela 2).

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Tabela 2. Dados de incremento diamétrico para capoeiras, fragmentos e floresta contínua.

Durante o período analisado, a precipitação mensal normalmente foi superior a 100

mm.mês-1

, exceto para os meses de agosto, onde a precipitação foi menor em ambos os anos

avaliados (Figura 4). A precipitação média histórica obtida através dos dados da plataforma

TRMM entre os anos de 1998-2018 foi de 2.357±30,6 mm.ano-1

, enquanto a precipitação total

anual em 2016 foi de 2.153±30,6 mm.ano-1

, em 2017 foi de 2.496 ± 30,6 mm.ano-1

e em 2018

foi de 2.722±30,6 mm.ano-1

. O coeficiente de variação em crescimento entre 2016 e 2017

(49%) foi superior ao obtido entre 2017 e 2018 (45%) que por sua vez assemelhou-se a

variação obtida para a série de dados histórica (45%). A média anual de temperatura para o

período foi de 25±0,36 °C, com mínima de 24,5 °C (julho de 2017) e máxima de 28,3 °C

(setembro de 2018).

O coeficiente de variação considerando todo o período do estudo foi maior em

florestas contínuas (CV=69%) seguido por fragmentos florestais (CV=57%) e capoeiras

(CV=45%). Os resultados apontam que as comunidades possuem um padrão sazonal de

incremento diamétrico, onde todas apresentaram maior incremento no período de maior chuva

(Figura 4). Menor relação entre incremento diamétrico e temperatura foi observado.

Capoeira Fragmento Floresta Contínua

2016-2017 2017-2017 2016-2017 2017-2018 2016-2017 2017-2018

Incremento anual

(mm.ano-1

)

2,60 ± 0,09

2,54 ± 0,15 1,19 ± 0,04 1,21± 0,10 0,95 ± 0,05 1,37 ± 0,11

Incremento médio

mensal (mm.mês-1

)

0,39 ± 0,09 0,38 ± 0,09 0,18 ± 0,05 0,18 ± 0,05 0,14 ± 0,06 0,20 ± 0,06

Incremento mínimo

mensal (mm.mês-1

)

0,23 ± 0,02 0,14 ± 0,02 0,04 ± 0,03 0,006 ± 0,03 0,08 ± 0,04 -0,006 ± 0,04

Incremento máximo

mensal(mm.mês-1

)

0,57 ± 0,02 0,68 ± 0,02 0,23 ± 0,03 0,46 ± 0,03 0,24 ± 0,04 0,41 ± 0,04

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Figura 4. Variação sazonal de incremento diamétrico relacionado à precipitação (A) e temperatura

(B) bimensal.

Através dos testes de correlação foi possível avaliar os efeitos da sazonalidade da

temperatura e da precipitação nos padrões de incremento diamétrico. Houve correlação

positiva e não significativa entre o incremento médio mensal e a precipitação para as

capoeiras (r=0,29, p=0,33), fragmentos florestais (r=0,37, p=0,22) e floresta contínua

(r=0,35, p=0,24) (Figura 5). A temperatura também não foi significativamente relacionada

com incremento diamétrico para as capoeiras (r=-0,31, p=0,30), fragmentos florestais (r= -

0,47, p=0,10) e floresta contínua (r=-0,24, p=0,42) (Figura 5). Porém, ao contrário da

precipitação, a temperatura teve uma relação negativa para os três ambientes

A

B

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Figura 5. Relação entre a precipitação média e temperatura média com incremento diamétrico médio

bimensal entre os ambientes: capoeiras (A), fragmentos (B) e floresta contínua (C).

Condições climáticas e acúmulo de biomassa

Não foi observada diferença significativa de acúmulo de estoque de biomassa

(toneladas) entre parcelas de borda e interior de fragmento, nem entre os dois tipos de

fragmento e a floresta contínua (Tabela 3). Porém, ao contrário do que havia sido encontrado

no incremento diamétrico, para a taxa de acúmulo de biomassa houve diferenças entre

capoeiras dominadas por Cecropia e aquelas dominadas por Vismia (Tabela 3). Desta forma

para as análises de acúmulo de biomassa consideramos as divisões: capoeira de Cecropia,

capoeira de Vismia, fragmentos florestais e floresta contínua.

Em média, a taxa de acúmulo de biomassa total das áreas de floresta contínua foi

proporcionalmente maior, seguido pelos fragmentos, capoeira de Cecropia e capoeira de

Vismia (Tabela 3).

A B

A B C

C

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33

Tabela 3. Taxa de acúmulo de biomassa (toneladas) e estoque de biomassa (toneladas). Letras

minúsculas iguais ao lado do nome da área indicam que não há difença significativa a p<0,05.

Área Taxa de acúmulo de

biomassa (t) 2016-2018

Estoque de biomassa

(t)

Cap. Cecropia 1,61

92,77b

Cap. Vismia -0,59

41,31c

Fragmento 2,09

283,23a

F. contínua -1,27

294,23a

A taxa de acúmulo de biomassa apresentou correlação positiva, porém não

significativa, com precipitação para áreas de capoeira de Cecropia (r=0,09, p=0,71), capoeira

de Vismia (r=0,11, p=0,24), fragmentos florestais (r=0,21, p=0,48) e floresta contínua

(r=0,18, p=0,56) (Figura 6). A temperatura também apresentou correlação positiva, porém

não significativa para as áreas de capoeira de Cecropia (r=0,12, p=0,69), capoeira de Vismia

(r=0,09, p=0,75) e fragmentos florestais (r=0,02, p=0,95). Apenas para as áreas de floresta

contínua (r= -0,43, p=0,14) a correlação foi negativa (Figura 7).

Figura 6. Correlação entre acúmulo de biomassa médio e precipitação para capoeira de Cecropia (A),

capoeira de Vismia (B), fragmento florestal (C) e floresta contínua (D).

A B

C D

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Figura 7. Correlação entre acúmulo de biomassa médio e temperatura para capoeira de Cecropia (A),

capoeira de Vismia (B), floresta contínua (C) e fragmento florestal (D).

Relação entre composição florística, densidade da madeira, abertura de dossel e

incremento diamétrico

As árvores monitoradas com bandas dendrométricas estão distribuídas entre 55

famílias, sendo 46 encontradas em florestas contínuas e fragmentos, e 35 em áreas de

capoeira; 28 famílias foram comuns às três áreas. Nas florestas contínuas e fragmentos as

famílias mais abundantes são: Lecythidaceae (183), Fabaceae (138) e Sapotaceae (131). As

famílias de maior abundância nas capoeiras são: Hypericaceae (104), Melastomataceae (103)

e Annonaceae (60). Foram encontrados 183 gêneros, sendo a maior variedade encontrada nas

florestas contínuas (131) seguidas por fragmentos (128) e capoeiras (79), com 47 gêneros em

comum nestas áreas. Os gêneros com maior abundância nas florestas contínuas e fragmentos

são: Eschweilera (154), Protium (96) e Pouteria (74). Nas capoeiras são: Vismia (102),

Bellucia (60) e Guatteria (43).

Para investigar a variação da composição florística entre comunidades e sua relação

com o incremento diamétrico, foi utilizado o dimensionamento multidimensional não-métrico

(NMDS) que revelou maior similaridade florística entre as parcelas localizadas em

fragmentos florestais e florestas contínuas em relação às parcelas de capoeira (Figura 8). A

A B

C D

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figura ainda mostra que parcelas de capoeira se concentram na região negativa do eixo

NMDS1, enquanto parcelas de fragmento e contínua na região positiva.

Figura 8. Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMDS) das 18 parcelas de monitoramento

dendrométrico nos ambientes de capoeira de Cecropia (círculos preenchidos), de capoeira de Vsimia

(círculos não preenchidos), fragmentos de borda (triângulos preenchidos), fragmentos de interior

(triângulos não preenchidos) e floresta contínua (quadrados preenchidos) da ARIE PDBFF. As

parcelas são distribuídas no espaço de ordenação com base nas distâncias de Bray-Curtis.

A correlação entre o eixo principal de ordenação (NMDS1), que representa a

composição florística, e o incremento diamétrico foi significativamente negativa (t= -0,89,

p=6,276e-07) (Figura 9). Ainda é possivel observar que parcelas localizadas na região

negativa do eixo NMDS1 (capoeiras) apresentam maior incremento diamétrico em relação às

parcelas localizadas na região positiva do eixo (fragmentos e contínuas).

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Figura 9. Correlação entre incremento diamétrico médio acumulado e composição florística (NMDS1)

nos ambientes de capoeira de Cecropia (círculos preenchidos), de capoeira de Vsimia (círculos não

preenchidos), fragmentos de borda (triângulos preenchidos), fragmentos de interior (triângulos não

preenchidos) e floresta contínua (quadrados preenchidos).

As parcelas em capoeira apresentaram número elevado de indivíduos pertencentes a

famílias com menor densidade específica da madeira (rápido crescimento), em relação as

parcelas localizadas em fragmentos e florestas contínuas (Tabela S1). Famílias de espécies

típicas de estágios iniciais da sucessão como: Annonaceae, Hypericaceae e Melastomataceae

foram encontradas majoritariamente em capoeiras, enquanto Lecythidaceae, Sapotaceae e

Chrysobalanaceae foram mais abundantes em fragmentos e contínuas.

Ainda neste contexto, a densidade da madeira não apresentou diferença significativa

entre as capoeiras de Vismia e de Cecropia (p=0,40), nem entre os fragmentos de borda e

interior (p=0,92), enquanto a floresta contínua apresentou diferença significativa em relação

às capoeiras (p<2e-16 ***) e aos fragmentos florestais (p= 0,00131 **). Por esta razão, para

as análises relacionadas a densidade da madeira, os ambientes foram agrupados em apenas

três divisões: capoeira, fragmento e floresta contínua. A densidade média da madeira foi mais

alta em áreas de floresta contínua (0,71 ± 0,13) seguida de fragmentos florestais (0,68 ± 0,14)

e capoeiras (0,56 ± 0,11) (Figura 10).

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Figura 10. Densidade específica da madeira média apresentada por ambiente. Letras diferentes

indicam diferenças significativas ao nível de p<0,05.

De forma geral a densidade da madeira afetou negativamente o incremento diamétrico

(t= -0,17). Esses resultados foram compilados na Figura 11, onde é possível observar que a

composicão florística nas parcelas de capoeira (representados aqui pelo NMDS1) apresentam

menor densidade da madeira quando comparadas às parcelas de fragmentos e contínuas

(t=0,94, p= 2,492e-09). Isso porque os escores negativos do eixo NMDS1 (onde estão as

parcelas de capoeira) estão relacionados a menores médias de densidade específica da

madeira, enquanto o oposto é observado para parcelas em escores mais elevados de NMDS1

(fragmento e contínuas). Isso explica o incremento diamétrico negativamente relacionado com

o eixo NMDS1. O acúmulo de biomassa foi maior entre parcelas com maior densidade

específica de madeira (Figura S1), com relação significativa entre essas variáveis (t= 0,81,

p<0,05).

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Figura 11. Densidade média da madeira relacionada à composição floristica (NMDS1) nos ambientes

de capoeira de Cecropia (círculos preenchidos), de capoeira de Vsimia (círculos não preenchidos),

fragmentos de borda (triângulos preenchidos), fragmentos de interior (triângulos não preenchidos) e

floresta contínua (quadrados preenchidos).

Com relação à entrada de luz na floresta, medida através do índice de iluminação de

copa, as capoeiras (2,76 ± 0,03) apresentaram maior valor médio de abertura do dossel

seguido de fragmentos florestais (2,42 ± 0,05) e floresta contínua (2,32 ± 0,04). O índice de

iluminação de copa nas áreas de capoeiras mostrou-se significativamente diferente das

parcelas de fragmentos (p <2e-16 ***) e da floresta contínua (p <2e-16 ***), os dois últimos

por sua vez não apresentaram diferença significativa entre si (p=0,44). Resultados das

correlações mostraram que a abertura de dossel influenciou significativamente (p=0,001) os

incrementos em capoeira (r=0,28), fragmento (r=0,29) e contínua (r=0,29) (Figura 12).

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Figura 12. Correlação entre incremento diamétrico médio e abertura do dossel para capoeiras (A),

fragmentos (B) e floresta contínua (C).

Discussão

Incremento diamétrico

O incremento acumulado durante o período avaliado foi superior em áreas de capoeira,

sendo estas responsáveis por mais da metade do incremento total acumulado para toda área

enquanto fragmentos florestais e floresta contínua apresentaram incremento semelhante e

inferior. Esta resposta pode ser respaldada pela variação da composição de grupos funcionais

das áreas. Nessa perspectiva, as capoeiras são compostas majoritariamente por espécies

colonizadoras intolerantes a sombra (com maior índice de iluminação de copa) e que alocam

recursos para o rápido crescimento em altura em detrimento da robustez do tronco, resultando

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em indivíduos com menores médias de densidade específica da madeira (≤ 0,50 g.cm-3

,

segundo a classificação proposta por Melo et al., 1990) e rápido crescimento diamétrico

(Nogueira et al., 2005). Em contrapartida, floresta contínua e fragmentos florestais possuem

em sua composição (que também não apresentou diferença estatística) espécies de grupos

sucessionais mais avançados pertencentes a famílias de média e alta densidade da madeira e

crescimento lento com maior investimento em recursos para reduzir os riscos de mortalidade

(Baker et al., 2003; Muller-Landau, 2004).

Não foram observadas diferenças quanto ao incremento diamétrico médio entre as

parcelas de capoeira dominadas por gênero Cecropia em relação às dominadas por Vismia.

Neste contexto, Williamson et al. (2013) descobriram que após 25 anos de regeneração,

apesar da disparidade da riqueza e diversidade de espécies entre as capoeiras continuarem

aumentando ao longo dos anos, as características de suporte das árvores como por exemplo

área basal e densidade da madeira estão convergindo. Estas descobertas podem explicar o fato

de capoeiras não apresentarem diferença significativa quanto ao incremento diamétrico, tendo

em vista que durante o estudo elas tinham cerca de 30 anos e, portanto as áreas podem estar

convergindo em relação as suas características de suporte.

O incremento diamétrico entre parcelas de fragmentos com duas localizações (uma

próxima a borda, outra no interior) e floresta contínua não diferiram significativamente. Isso

pode ser atribuído ao fato de que o tamanho dos fragmentos utilizados no estudo serem

relativamente pequenos (10 ha). De acordo com Zudeima et al. (1996), fragmentos maiores

possuem alta relação área/perímetro e com isso apresentam menor intensidade dos efeitos de

borda em seu interior (Laurance e Vasconcelos, 2009). Assim, o presente estudo abordou

parcelas de fragmento que seriam integralmente afetadas pelo efeito de borda, e portanto não

teria sido possível observar diferenças relevantes quanto ao incremento diamétrico entre as

parcelas tidas como de borda, e de interior. Em contrapartida, o estudo não apresentou

diferenças quanto ao incremento diamétrico entre as parcelas de fragmento (tanto próximos

borda, quanto no interior) e as parcelas de floresta contínua. Dessa maneira, pode-se inferir

que, apesar dos claros efeitos de borda nas parcelas de fragmento, como o aumento de

densidade de lianas, maior turnover, presença de espécies pioneiras (Laurance et al., 2009),

padrões de crescimento entre as árvores se assemelham às condições pristinas (sem distúrbio

antrópico recente). O fato desses fragmentos florestais estarem relativamente próximos às

florestas contínuas na paisagem estudada (Laurance et al., 2009) pode ter influenciado esses

resultados. Isso permitiria o constante recrutamente de espécies típicas de ambientes não

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deturpados provenientes da floresta contínua, possibilitando aos fragmentos uma

característica composicional mais similar às florestas pristinas quando comparado às

capoeiras adjacentes.

Estudos anteriores mostram a importância da irradiância para padrões de crescimento

arbóreo (Baker et al., 2003). O presente estudo destaca o papel da abertura de dossel para o

incremento diamétrico entre as parcelas, contudo ele não explica as diferenças nos

incrementos entre os diferentes ambientes. Isso porque ele foi similarmente importante para

capoeira, fragmentos e florestas contínuas, significativamente e positivamente influenciando

em todos os casos. Os resultados apontam que o fator determinante para distintos padrões de

crescimento está na variação composicional. Florestas contínuas e fragmentos apresentam

majoritariamente espécies de estágios avançados de crescimento, com maior densidade média

da madeira e portanto crescimento mais lento que florestas em regeneração (capoeiras). É

esperado portanto que o avanço do estágio sucessional em florestas em regeneração

desacelere o ritmo de crescimento diamétrico entre as árvores locais. Abertura de dossel e

consequente entrada de luz deve ser mais importante para árvores em estágios mais jovens

(plântulas e arvoretas) que habitam subdossel (Jakovac et al., 2014).

Quando analisado sazonalmente, o incremento diamétrico bimensal sofreu maior

variação nas áreas de floresta contínua e fragmentos florestais. Estas áreas concentram muitos

indivíduos de grande porte diamétrico, que segundo Silva et al. (2002) e Vieira et al. (2004)

são as árvores que sofrem maior variação sazonal no crescimento, com maiores taxas de

incremento durante a estação chuvosa e crescimento menos aparente na estação seca.

Segundo Hubbel et al. (1999), essa tendência está relacionada com a maior atividade

fotossintética desses indivíduos, que geralmente dominam o dossel da floresta. Além disso,

este resultado corrobora com estudo de Rowland et al. (2013), onde ele conclui que a

interação entre densidade da madeira, altura, diâmetro e taxa média de crescimento da árvore

explicou 54% da variância nos padrões sazonais de crescimento das árvores. Pélissier e

Pascal (2000) também registraram em um estudo de dois anos que as taxas médias de

crescimento dependem de uma combinação entre o tamanho da árvore, características

ecológicas (espécies e sua classe estrutural: emergentes, de dossel e de sub-bosque) e de

vizinhança (número de vizinhos mais altos em um raio de 10m).

Em relação às variáveis climáticas analisadas, houve uma correlação positiva do

incremento diamétrico com a quantidade e distribuição da precipitação ao longo do ano. Isso

corrobora resultados de outros estudos (Nath et al., 2006; Clark, Clark e Oberbauer, 2010;

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Toledo et al., 2011) que apontam que anos com menor precipitação ou período de seca mais

intensa afetam negativamente as taxas de crescimento e modificam a dinâmica da floresta.

Portanto, a disponibilidade de água influencia as taxas de crescimento das árvores,

particularmente nas florestas sazonais, onde pode determinar os padrões de crescimento inter

e intra-anuais (Vieira et al., 2004; Toledo et al., 2011). A temperatura, no entanto, teve um

efeito negativo sobre o incremento, assim como no estudo de Clark et al. (2003), onde a

produção primária liquida (NPP) medida interanualmente durante 16 anos foi negativamente

relacionada com médias anuais de temperaturas mínimas diárias. Feeley et al. (2007) usando

dados de longo prazo em florestas no Panamá e Malásia, concluíram que as taxas de

crescimento nas duas florestas desaceleraram drasticamente com efeitos negativos de

temperatura, nas últimas duas décadas.

Contudo, as variáveis climáticas (temperatura e precipitação) investigadas tiveram

correlação estatisticamente não significativa com o incremento diamétrico. Esse resultado

corroborou com Dias & Marenco (2015), que encontraram relação positiva, porém não

significativa entre precipitação e crescimento diamétrico mensal em árvores de uma floresta

de terra-firme na Amazônia Central e presumiram que na Amazônia Central a típica estação

seca amena não é muito intensa para causar redução detectável no crescimento das árvores.

Outra possível explicação para este resultado é que a precipitação anual registrada para os

anos de monitoramente dendrométrico foi muito similar. Caso as diferenças fossem drásticas,

possivelmente registraria-se maior diferença quanto ao crescimento diamétrico entre os anos

avaliados.

Além disso, o trabalho considerou o monitoramento de crescimento diamétrico por

apenas dois anos. Esse período é relativamente curto para registrarmos influências mais

acentuadas das variáveis climáticas nos padrões de crescimento. Dada a tendência verificada

de aumento do crescimento arbóreo em anos mais chuvosos apresentada no presente estudo,

possivelmente seria possível verificar relação significativa entre precipitação e incremento

diamétrico se contivéssemos dados mais longevos de monitoramento. Isso também

aumentaria a chance de incluirmos anos com anomalias climáticas (El Niño, La Ninã)

(Ramírez Méndez, 2018).

Acúmulo de biomassa

O acúmulo de biomassa seguiu um caminho inverso ao incremento diamétrico, onde a

floresta contínua foi responsável por aproximadamente 42% do acúmulo de biomassa

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registrado entre todas as áreas, seguida respectivamente por fragmentos florestais e capoeiras

de Cecropia e de Vismia. Diferentemente do que foi apresentado para o incremento

diamétrico, as capoeiras apresentaram diferença significativa entre o acúmulo de biomassa,

com capoeiras de Cecropia acumulando aproximadamente 13% do total de biomassa

enquanto as capoeiras de Vismia acumularam apenas 6% do total. Este resultado corrobora o

estudo de Nascimento e Laurance (2004) sobre o estoque de biomassa em capoeiras situadas

na mesma área (PDBFF), evidenciando que após 20 anos de regeneração, as capoeiras

dominadas pelo gênero Cecropia (175 ± 20,8 mg.ha-1

) possuíam 25% mais peso seco de

biomassa viva acima do solo em comparação a capoeiras dominadas pelo gênero Vismia (139

± 24,2 mg.ha-1

). A diferença encontrada na biomassa pode ser explicada pelas trajetórias de

ambos os tipos de capoeiras, que tiveram inicialmente duas modalidades de uso e manejo do

solo e isso foi imprescindível para sua formação atual (Mesquita et al., 2015). As áreas de

pastagem abandonada seguida de queimadas periódicas (capoeira de Vismia) possuem

reduzida diversidade de espécies e acúmulo de biomassa inferior às florestas secundárias que

sofreram uso menos intensivo (capoeira de Cecropia), indicando que as áreas de uso mais

intensivo possuem recuperação lenta após seu abandono, com sucessão ecológica prejudicada

(Zarin et al., 2005; Massoca et al., 2012). Adicionalmente em estudo realizado nas capoeiras

aos 25 anos de regeneração, Williamson et al. (2012) concluiu que as divergências entre a

riqueza continuam a aumentar ao longo do tempo, enquanto as variáveis relacionadas a

biomassa ,como a área basal e densidade da madeira, estão convergindo ao longo do tempo.

Este resultado elucida o fato das capoeiras apresentarem diferença significativa no acúmulo

de biomassa por conta da divergência na composição e riqueza de espécies e não

apresentarem diferença significativa quanto ao incremento diamétrico, tendo em vista que

estas características tendem a convergir ao longo do tempo.

A biomassa acumulada entre as capoeiras somou aproximadamente 19%, dos quais

mais da metade correspondem às capoeiras de Cecropia. De modo geral e apesar das

características específicas de cada capoeira, estas áreas somadas tiveram acúmulo inferior às

demais áreas de estudo enquanto o oposto ocorreu para o incremento diamétrico, onde estas

áreas apresentaram maior acúmulo de incremento. Uma possível explicação para este

resultado pode estar no fato das áreas possuírem cerca de 30 anos de regeneração (Mesquita et

al., 2015) e isso reflete diretamente nos padrões de mudança da biomassa destas parcelas,

tendo em vista que após um distúrbio recente ocorre a diminuição inicial de biomassa e

aumento na abundância de espécies com rápido crescimento, baixa densidade da madeira e

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alta rotatividade (Chave et al., 2008). Neste contexto, é importante saber a idade da capoeira e

o tempo que a sucessão florestal leva para atingir valores de biomassa equivalentes a florestas

antigas (Baker et al., 2004). Por exemplo, em um estudo de Guariguata e Ostertag (2001), a

recuperação de áreas florestais após a retirada completa para agricultura sugerem que a

biomassa se aproxima dos valores de florestas sem perturbação após 100 anos.

Assim como no incremento diamétrico, o acúmulo de biomassa nas áreas de floresta

contínua não apresentou diferença significativa com os fragmentos florestais, corroborando

com Nascimento & Laurance (2006) que não encontraram diferença significativa na biomassa

de espécies tardias entre as diferentes categorias de tamanho de fragmento e floresta contínua,

assim como entre as duas categorias de distância de borda. Entretanto, houve diferença

relacionada à biomassa de espécies pioneiras, que foi maior em nas bordas dos fragmentos.

Isso pode explicar o valor ligeiramente inferior dos fragmentos do estudo em relação às

florestas contínuas, pois normalmente a borda dos fragmentos possui maior número de

espécies que exigem alta demanda de luz (pioneiras) e baixa densidade da madeira, além da

alta taxa de mortalidade causada pelos efeitos de borda (Nascimento e Laurance, 2006;

Laurance et al., 2010).

Apesar de apresentarem maior acúmulo total de biomassa, as florestas contínuas

tiveram decréscimo (não significativo) na taxa de acúmulo de biomassa entre os anos

monitorados. Esta perca de biomassa está de acordo com o estudo de Brienen et al. (2015)

que descobriram que as taxas de aumento líquido na biomassa acima do solo diminuíram

cerca de um terço durante a última década em relação aos anos 90. Os autores atribuem essa

perca ao aumento na mortalidade enquanto a taxa de crescimento se mantém estável. Os

principais causadores para o aumento da mortalidade possivelmente envolvem as variações

climáticas, com a intensificação do ciclo hidrológico que tem tornado as estações secas mais

severas (Gloor et al., 2013; 2015) e que possivelmente explicam a correlação negativa ,porém

não significativa, entre o acúmulo de biomassa e a temperatura encontrada para florestas

contínuas no presente estudo. Assim como, no estudo de Becknell et al. (2012), onde os

autores concluem que a medida que os períodos secos se alongam, as florestas maduras

sofrem um aumento na mortalidade enquanto a produtividade e o acúmulo de biomassa

diminuem.

Em contrapartida, os fragmentos florestais e as capoeiras de Cecropia revelaram um

pequeno aumento no acúmulo de biomassa no período monitorado e segundo Chambers et al.

(2004), isso pode ser explicado por mudanças nas taxas de rotatividade de árvores, que

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influenciam diretamente o crescimento de árvores sobreviventes em áreas mais abertas e o

recrutamento de espécies com menor densidade da madeira. Em relação às variáveis

climáticas estas áreas apresentaram correlação positiva, porém, baixas tanto com a

precipitação como com a temperatura, sugerindo que estas áreas estão mais adaptadas as

intensas variações climáticas e, neste caso, a composição florísticas e as características

intrínsecas nas espécies em nível de suporte exercem maior controle sobre a biomassa em

ambas as comunidades (Marciniak, 2019).

Outros fatores podem influenciar os padrões de biomassa e não foram considerados

neste estudo, como as características do solo. Neste contexto, Baraloto et al. (2011)

concluíram que variáveis climáticas e edáficas exercem um controle relativamente fraco sobre

a biomassa em florestas Amazônicas em relação as variáveis de suporte das árvores (DAP,

altura e densidade da madeira). O estudo em questão considerou florestas de terra-firme do

Peru e Guiana Francesa, locais onde a quantidade de nutrientes de solo são menos limitantes

que na Amazônia Central, assim como menores variações intra-anuais de temperatura e

precipitação. Portanto, somente estudos com dados mais longevos de monitoramento e

inlcuindo outras variáveis (edáficas) seria possível melhor compreedermos os padrões de

biomassa para o mosaico de paisagens abordado neste estudo. Mesmo assim, o presente

estudo elucida questões interessantes quanto ao incremento diamétrico e dinâmica de

biomassa entre florestas com diferentes histórico de distúrbio na Amazônia Central, assim

como o papel dessas florestas para o estoque local de carbono.

Conclusão

O estudo realizado ao longo de dois anos de monitoramento com bandas

dendrométricas em florestas de terra-firme na Amazônia Central evidenciou que o incremento

diamétrico foi maior em áreas de capoeira seguidas por fragmentos florestais e floresta

contínua. Este resultado foi explicado pela variação da composição de grupos funcionais

localizados nas diferentes comunidades, com as capoeiras apresentando dominância de

famílias com baixa densidade da madeira e maior índice de iluminação de copa, típicas de

espécies colonizadoras e fragmentos florestais e floresta contínua com famílias de média e

alta densidade da madeira e menor abertura de dossel típica de florestas maduras. A

sazonalidade de incremento diamétrico foi mais alta em áreas de floresta contínua seguida por

fragmentos florestais e capoeira, além de ser positivamente relacionada com a precipitação e

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negativamente relacionada à temperatura. O acúmulo de biomassa diferiu entre as capoeiras

com diferentes gêneros dominantes (Vismia e Cecropia) e, assim como para o incremento

diamétrico, as áreas de fragmentos florestais não diferiram estatisticamente das áreas de

floresta contínua. No entando, a floresta contínua foi responsável pelo maior acúmulo total de

biomassa em relação às demais áreas. A relação entre acúmulo de biomassa e precipitação foi

positiva para ambas as áreas, porém com relação à temperatura, a floresta contínua foi à única

área a apresentar correlação negativa.

Estes resultados nos ajudam a entender os processos que ocorrem em relação ao

incremento diamétrico e ao acúmulo de biomassa, sua associação com grupos ecológicos e o

seu efeito para as comunidades que apresentam algum tipo de perturbação recente. Eles

evidenciam que, apesar das áreas de capoeira apresentarem um rápido crescimento

diamétrico, elas não apresentam a mesma capacidade quanto ao acúmulo de biomassa. Neste

mesmo contexto, os resultados indicam que fragmentos florestais em condição de baixas

perturbações na matriz que estão inseridos podem desempenhar papel similar ao das florestas

pristinas para a dinâmica de carbono das florestas Amazônicas. Além disso, a relação positiva

com precipitação e negativa com temperatura elucida que se as futuras décadas sofrerem o

aumento de temperatura e diminuição de chuvas previstas, o incremento e acúmulo de

biomassa tanto em florestas perturbadas como não perturbadas tende a diminuir. Estes

resultados são importantes no panorama das mudanças climáticas demonstrando como um

possível aumento de temperatura e diminuição de chuvas pode afetar o crescimento das

florestas com diferentes gradientes de perturbação. Assim sendo, o monitoramento em longo

prazo de árvores em florestas com diferentes gradientes de perturbação é crucial para

examinar as variações que estão ocorrendo e o que esperar no futuro. Além disso, mais

estudos visando esclarecer as relações entre a composição funcional, estrutural e dinâmica

dessas florestas e os fatores ambientais que se relacionam com esses padrões são necessários

para melhorar a compreensão da dinâmica de biomassa florestal na Amazônia.

Agradecimentos

Esta contribuição faz parte da dissertação de mestrado do Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (INPA), que contou com o apoio de uma bolsa do CAPES. Os autores agradecem

ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, ao Projeto Dinâmica Biológica de

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Fragmentos Florestais (PDBFF) e ao Programa PDBFF de Auxílio-Pesquisa Thomas Lovejoy

pelo financiamento, infraestrutura em campo e apoio logístico.

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56

MATERIAL SUPLEMENTAR

Tabela S1. Número de indivíduos de cada família de acordo com a densidade média da madeira.

Família WD

(g.cm³)

Capoeiras Fragmentos F. contínua

Simaroubaceae 0.383 13 1 1

Urticaceae 0.384 23 12 4

Boraginaceae 0.454 1 1 0

Anacardiaceae 0.465 9 3 2

Hypericaceae 0.500 104 0 0

Lacistemataceae 0.512 4 1 1

Arecaceae 0.542 14 8 8

Annonaceae 0.544 59 20 17

Bignoniaceae 0.547 1 1 4

Lamiaceae 0.549 0 1 1

Euphorbiaceae 0.556 45 48 11

Myristicaceae 0.558 0 11 3

Vochysiaceae 0.560 4 4 2

Burseraceae 0.592 17 53 42

Malvaceae 0.593 7 11 9

Clusiaceae 0.603 0 2 0

Rubiaceae 0.608 7 4 4

Polygonaceae 0.620 0 0 1

Lauraceae 0.620 5 33 28

Malpighiaceae 0.627 19 1 0

Melastomataceae 0.628 99 10 10

Nyctaginaceae 0.630 0 0 5

Solanaceae 0.634 0 1 0

Salicaceae 0.643 27 2 7

Siparunaceae 0.645 0 4 2

Meliaceae 0.655 1 6 1

Moraceae 0.680 9 26 24

Celastraceae 0.684 1 0 2

Pentaphylacaceae 0.690 1 0 0

Fabaceae 0.693 52 56 73

Violaceae 0.694 3 21 8

Ulmaceae 0.699 0 1 0

Elaeocarpaceae 0.706 2 9 5

Ebenaceae 0.717 0 1 1

Goupiaceae 0.727 23 1 1

Ixonanthaceae 0.730 0 0 1

Putranjivaceae 0.737 0 0 2

Dichapetalaceae 0.738 0 2 0

Sapotaceae 0.744 7 72 53

Apocynaceae 0.745 2 10 9

Caryocaraceae 0.758 2 1 2

Olacaceae 0.765 0 9 14

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Sapindaceae 0.773 0 5 3

Myrtaceae 0.774 4 8 10

Humiriaceae 0.776 1 7 7

Icacinaceae 0.794 1 0 0

Lecythidaceae 0.802 10 76 100

Combretaceae 0.818 0 0 2

Rhizophoraceae 0.820 0 2 2

Quiinaceae 0.823 1 1 1

Chrysobalanaceae 0.825 2 26 15

Ochnaceae 0.826 0 3 3

Opiliaceae 0.831 0 1 1

Proteaceae 0.855 0 1 0

Anisophylleaceae 0.860 0 0 2

Figura S1. Correlação entre acúmulo de biomassa médio acumulado e densidade específica da

madeira média ao longo das parcelas amostradas .

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CONCLUSÃO

O monitoramento com bandas dendrométricas realizado bimensalmente ao longo de

dois anos em florestas de terra-firme na Amazônia Central com diferentes gradientes de

perturbação mostrou que o incremento diamétrico em áreas de capoeira é superior aos

fragmentos florestais e a floresta contínua, devido à variação na composição de grupos

funcionais, onde as capoeiras apresentam dominância de famílias com baixa densidade da

madeira e maior índice de iluminação de copa, típicas de espécies colonizadoras e fragmentos

florestais e floresta contínua com famílias de média e alta densidade da madeira e menor

abertura de dossel típica de florestas maduras. A sazonalidade do incremento para o período

foi mais alta em florestas contínuas e as variáveis climáticas (precipitação e temperatura)

foram relacionadas com esta variação. O acúmulo de biomassa apresentou diferença entre as

capoeiras com diferentes gêneros dominantes (Vismia e Cecropia) e, assim como para o

incremento diamétrico, as áreas de fragmentos florestais não diferiram estatisticamente das

áreas de floresta contínua, que por sua vez foi responsável pelo maior acúmulo total de

biomassa em relação às demais áreas. A relação entre acúmulo de biomassa e precipitação foi

positiva para ambas as áreas, porém com relação à temperatura, a floresta contínua foi à única

área a apresentar correlação negativa.

Estes resultados evidenciam a importância do monitoramento intranual de longo prazo

em florestas com diferentes gradientes de perturbação para inferências e estimativas do

comportamento destas florestas em relação a possíveis mudanças climáticas como a

intensificação do ciclo hidrológico. Estudos adicionais devem ser realizados para elucidar as

relações entre a compocição funcional, estrutural e dinâmica dessas florestas e os fatores

ambientais que se relacionam com esses padrões são necessários para melhorar a

compreensão da dinâmica de biomassa florestal na Amazônia.