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v DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO ADAPTAÇÃO DO BSC PARA AS MPE’S BRASILEIRAS: UMA PESQUISA-AÇÃOLUCIANA VIEIRA DE CARVALHO GOMES ORIENTADOR: VALTER MORENO JR. Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2006. F F F A A A C C C U U U L L L D D D A A A D D D E E E S S S I I I B B B M M M E E E C C C P P P R R R O O O G G G R R R A A A M M M A A A D D D E E E P P P Ó Ó Ó S S S - - - G G G R R R A A A D D D U U U A A A Ç Ç Ç Ã Ã Ã O O O E E E P P P E E E S S S Q Q Q U U U I I I S S S A A A E E E M M M A A A D D D M M M I I I N N N I I I S S S T T T R R R A A A Ç Ç Ç Ã Ã Ã O O O E E E E E E C C C O O O N N N O O O M M M I I I A A A

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v

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO

PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

“ADAPTAÇÃO DO BSC PARA AS MPE’S

BRASILEIRAS: UMA PESQUISA-AÇÃO”

LLUUCCIIAANNAA VVIIEEIIRRAA DDEE CCAARRVVAALLHHOO GGOOMMEESS

ORIENTADOR: VALTER MORENO JR.

Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2006.

FFFAAACCCUUULLLDDDAAADDDEEESSS IIIBBBMMMEEECCC PPPRRROOOGGGRRRAAAMMMAAA DDDEEE PPPÓÓÓSSS---GGGRRRAAADDDUUUAAAÇÇÇÃÃÃOOO EEE PPPEEESSSQQQUUUIIISSSAAA EEEMMM

AAADDDMMMIIINNNIIISSSTTTRRRAAAÇÇÇÃÃÃOOO EEE EEECCCOOONNNOOOMMMIIIAAA

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vi

“ADAPTAÇÃO DO BSC PARA AS MPE’S BRASILEIRAS: UMA PESQUISA-

AÇÃO”

LUCIANA VIEIRA DE CARVALHO GOMES

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em

Administração como requisito parcial

para obtenção do Grau de Mestre em

Administração. Área de Concentração: Administração

ORIENTADOR: VALTER MORENO JR

Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2006.

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vii

“ADAPTAÇÃO DO BSC PARA AS MPE’S BRASILEIRAS: UMA PESQUISA-

AÇÃO”

LUCIANA VIEIRA DE CARVALHO GOMES

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em

Administração como requisito parcial

para obtenção do Grau de Mestre em

Administração. Área de Concentração: Administração

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor VALTER MORENO JR (Orientador)

Instituição: Faculdade de Economia e Finanças Ibmec

_____________________________________________________

Professor RAIMUNDO NONATO (Co-orientador)

Instituição: Faculdade de Economia e Finanças Ibmec

_____________________________________________________

Professor LUIZ PERES ZOTES

Instituição: Universidade Federal Fluminense - UFF

Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2006.

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FICHA CATALOGRÁFICA

658.4012 G633

Gomes, Luciana Vieira de Carvalho. Adaptação do BSC para as MPE’s brasileiras: uma pesquisa-ação / Luciana Vieira de Carvalho Gomes - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec. 2006. Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração das Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em Administração.

Área de concentração: Administração geral. 1. Balanced Scorecard - BSC. 2. Gestão Estratégica. 3. Micro e Pequenas Empresas. 4. Estratégia. 5. Controle Gerencial.

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DEDICATÓRIA

A minha mãe, Maria Vieira de Carvalho, pela

educação e pelo constante apoio na incursão pelo

mundo acadêmico.

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x

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e aos meus irmãos, em especial à minha irmã Nora, pela eterna

preocupação e pelo incentivo aos estudos.

Ao meu marido, Marcelo Antonio que sempre acreditou na minha competência e

também pela paciência em me proporcionar o apoio necessário para viver uma vida de

desafios.

Aos meus colegas da VIVO, em particular ao João Domingos Michelan, pela

convivência harmoniosa, pelo incentivo ao mestrado e pelo companheirismo ao longo

do tempo em que trabalhamos juntos.

Um agradecimento especial ao meu orientador Professor Valter Moreno Jr pela

paciência e pelo incentivo permanente na busca desse título acadêmico.

Aos meus parentes e amigos pelo incentivo à distância em concluir tal trabalho.

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RESUMO

As micro e pequenas empresas brasileiras enfrentam uma série de problemas

relacionados à gestão deficiente do negócio que vem acarretando elevados índices de

mortalidade dessas empresas até o seu quinto ano de vida. Considerando este cenário e a

relevância destas empresas para a economia brasileira percebeu-se uma lacuna nos

processos de gestão das MPE’s, permitindo desenvolver instrumentos de controle

gerencial que pudesse auxiliá-las a aumentarem as suas chances de sobrevivência.

A partir da realização de uma pesquisa-ação na empresa XYZ, do setor de material de

construção, procurou-se identificar e compreender os benefícios e as dificuldades

encontradas no processo de construção de um Balanced Scorecard – BSC até o ponto do

desenvolvimento do seu plano de implementação.

Palavras-Chave: Balanced Scorecard, BSC, Micro e Pequenas Empresas, MPE’s

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ABSTRACT

The brazilian small businesses face an array of problems related to their deficient

management that has been generating higher mortality index to their fifth year of

existence. Considering this scenery and the relevance of these companies to the brazilian

economy, it was observed a gap in their management processes, which allows the

development of managerial controlling tool which could enable them to increase their

chances of survival.

As of an action research in a XYZ company from the construction sector, it was possible

to identify and understand the benefits and difficulties found into a BSC - Balanced

Scorecard construction process until the stage of development of its implementation’s

plan.

Key Words: Balanced Scorecard, BSC, Small Business

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estágio de Desenvolvimento de uma organização ........................................ 13 Figura 2 - Modelo de Controle Gerencial ................................................................... 23

Figura 3 - A solução: converter a estratégia em processo contínuo .............................. 44

Figura 4 - Um cronograma Típico para o Balanced Scorecard .................................... 51

Figura 5 - Exemplo Fictício de Mapa Estratégico ....................................................... 93

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação das Micro e Pequenas Empresas - Critério Sebrae ................... 9 Tabela 2 Distribuição do número de empresas, segundo o setor de atividade. .............. 11

Tabela 3 - Medidas Genéricas sugeridas por Kaplan e Norton ..................................... 34

Tabela 4 - Barreiras identificadas por Kaplan e Norton ............................................... 47

Tabela 5 - Diversas barreiras identificadas por Prieto, Pereira, Carvalho e Laurindo .... 48

Tabela 6 - Tabela de funções exercidas pelos empregados da empresa XYZ ................ 65

Tabela 7 - Quadro Descritivo das Funções Exercidas pelos Empregados ..................... 71

Tabela 8 - Problemas comuns em empresas de porte pequeno ..................................... 77

Tabela 9 - Objetivos estratégicos de uma MPE ........................................................... 83

Tabela 10 - Determinação do grau de importância dos planos de ação ......................... 91

Tabela 11 - Exemplo de Notas Ponderadas aos Objetivos estratégicos ......................... 93

Tabela 12 - Exemplo de notas atribuídas aos planos de ação ....................................... 94 Tabela 13 - Exemplo de cálculo de grau de importância do objetivo estratégico .......... 95

Tabela 14 - Exemplo de Seqüência de objetivos estratégicos....................................... 96

Tabela 15 - Exemplo de cálculo da nota de cada seqüência de objetivo estratégico ...... 96

Tabela 16 - Planos de Ação dos Objetivos Estratégicos da Perspectiva Financeira da

empresa XYZ ............................................................................................................ 98

Tabela 17 - Planos de Ação dos Objetivos Estratégicos da Perspectiva dos Clientes da

empresa XYZ ............................................................................................................ 99

Tabela 18 - Planos de Ação dos Objetivos Estratégicos da Perspectiva dos Processos

Internos da empresa XYZ ....................................................................................... 100

Tabela 19 - Notas Atribuídas aos Objetivos estratégicos da empresa XYZ................ 101 Tabela 20 - Notas Ponderadas dos Planos de Ação da Empresa XYZ ........................ 102

Tabela 21 - Grau de importância dos objetivos estratégicos da empresa XYZ ............ 103

Tabela 22 - Seqüências de Objetivos estratégicos da Empresa XYZ .......................... 105

Tabela 23 - Notas das seqüências de objetivos estratégicos da Empresa XYZ ............ 106

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ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Participação das empresas na economia brasileira, segundo o porte. ........... 11

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LISTA DOS ANEXOS

Anexo 1 - Mapa de Problemas enfrentados pela MPE ............................................... 120

Anexo 2 - BSC – MPE ............................................................................................ 121

Anexo 3 - Tabela de Indicadores de Desempenho da empresa XYZ ......................... 120

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LISTA DE ABREVIATURAS

BSC Balanced Scorecard

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis

MPE Micro e Pequena Empresa

MPE’s Micro e Pequenas Empresas

PIB Produto Interno Bruto

RAIS Relação Anual de Informações Sociais

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 1.1. Problema .......................................................................................................... 3

1.2. Objetivo ........................................................................................................... 3 1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................. 3

1.2.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... 4

1.3. Relevância do Estudo ........................................................................................ 4

1.4. Delimitação do Estudo ...................................................................................... 5

1.5. Organização do Estudo...................................................................................... 6

2. REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................. 8 2.1 MICRO E PEQUENA EMPRESA BRASILEIRA .............................................. 8

2.1.1. A importância/papel das MPE’S para a economia e para a sociedade ............... 9

2.1.2. Ciclo de vida organizacional ......................................................................... 12

2.1.3. Fatores que contribuem para a não sobrevivência das MPE’s brasileiras ........ 15

2.2. CONTROLE GERENCIAL ............................................................................ 16 2.2.1. Principais Conceitos ..................................................................................... 16

2.2.2 A importância do Controle Gerencial para a organização ............................... 20

2.2.3. Processo de Controle Gerencial .................................................................... 22

2.2.4. Sistemas de Avaliação de Desempenho ......................................................... 24

2.3. BALANCED SCORECARD - BSC ................................................................ 25

2.3.1. Definição ..................................................................................................... 25

2.3.2. Principais componentes e características do BSC .......................................... 28

2.3.3.1. As quatro Perspectivas do Balanced Scorecard ........................................... 28

2.3.3.1.1. A perspectiva financeira ......................................................................... 29

2.3.3.1.2. A perspectiva de clientes ........................................................................ 30 2.3.3.1.3. A perspectiva de Processos Internos ........................................................ 32

2.3.3.1.4. A perspectiva de Aprendizado e Crescimento .......................................... 33

2.3.3.2. Objetivos Estratégicos e Medidas............................................................... 33

2.3.3.3. Temas Estratégicos .................................................................................... 36

2.3.3.4. Mapa Estratégico....................................................................................... 37

2.3.4. Vantagens e Desvantagens do uso do BSC .................................................... 38

2.3.5. Fatores críticos de sucesso e barreiras na implementação do BSC ................. 41

2.3.6. Processo de criação e implementação do BSC ............................................... 49

3. METODOLOGIA ............................................................................................... 53 3.1. PESQUISA-AÇÃO ......................................................................................... 54

3.1.1. Abordagens da Pesquisa-Ação ...................................................................... 56 3.2 – DESCRIÇÃO DO MÉTODO ........................................................................ 58

3.3 PLANO DE ESTUDO .................................................................................... 61

4. APLICAÇÃO DA PESQUISA-AÇÃO ............................................................... 63 4.1. DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO – OBJETO DA PESQUISA: .................. 63

4.1.1. DESCRIÇÃO DOS PARÂMETROS DA ESTRATÉGIA DA EMPRESA XYZ

............................................................................................................................. 66

4.2. PESQUISA-AÇÃO NA EMPRESA XYZ...................................................... 67

4.2.1. Primeira Fase da Pesquisa-ação: Fase Exploratória ........................................ 70

4.2.1.1 Análise da Primeira Fase da Pesquisa-Ação................................................ 73

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4.2.1.2 Diagnóstico de Problemas em MPE’s......................................................... 75

4.2.2. Segunda Fase da Pesquisa-Ação: Fase da Pesquisa Aprofundada ................... 83

4.2.3. Terceira e Quarta Fases: Ação e Avaliação.................................................... 87

4.3. METODOLOGIA DE PRIORIZAÇÃO DE OBJETIVOS ESTRATÉGICOS PARA AS MPE’S ................................................................................................. 88

4.4. CONCLUSÃO .............................................................................................. 107

6. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 115

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, como conseqüência, principalmente, dos avanços

tecnológicos e da abertura comercial, as organizações foram se tornando mais

complexas e mais competitivas (Ansoff & Mc Donnell, 1993). Assim, a necessidade do

pensamento estratégico e de melhores tomadas de decisões nas organizações começou a

ganhar maior importância para o desenvolvimento e sucesso das empresas (Ansoff &

Mc Donnell, 1993).

Para Gomes (2001), melhores tomadas de decisão pelos gestores são

possibilitadas pelo melhor conhecimento da realidade da empresa, que inclui o

conhecimento do seu ambiente interno e externo. No ambiente interno, existem diversas

técnicas para o conhecimento e desenvolvimento do negócio, mas a ferramenta

primordial é o controle gerencial, porque facilita a obtenção da informação necessária

para a análise contínua dos resultados pretendidos pela organização, planejamento de

ações e eventuais correções de rumo. O controle gerencial gera ainda a informação para

formulação e validação da estratégia, bem como a adequação de sua implantação.

Apesar de a literatura sobre micro e pequenas empresas (MPE’s) não apresentar

muitos livros e artigos sobre a gestão desses pequenos negócios, sabe-se que, no Brasil,

existe uma série de problemas com empresas de pequeno porte relacionados à gestão

deficiente (SEBRAE, 2004). Dentre eles, destaca-se a falta de planejamento e de

capacidade de definição de processos e de controles eficientes de recursos, mesmo

naquelas empresas em que os donos possuem uma estratégia definida. De fato, de acordo

com a teoria de ciclo de vida organizacional descrita por Kimberly e Miles (1980);

Adices (1979); Miller e Friesen (1984), e Churchil e Lewis (1983) (apud Daft 2002),

fica evidente que no primeiro estágio de vida de uma organização, o estágio

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empreendedor, grande parte das empresas não sobrevivem em seus mercados devido ao

surgimento de crises de liderança associadas a problemas de gerenciamento e controle

dos recursos.

No início da década de 90, dois autores americanos, Robert Kaplan e David

Norton, percebendo que indicadores financeiros que as empresas estavam utilizando não

estavam fornecendo informações suficientes para a boa condução do negócio,

desenvolveram o Balanced Scorecard – BSC, sistema que busca complementar as

medições financeiras com outras medidas de desempenho não financeiras. Equilibra

objetivos de curto e longo prazos e indicadores de tendências e ocorrências (Kaplan e

Norton; 2001, pg.. VII e VIII).

Diante do fato de executivos de grandes empresas tais como Philips e Telefônica

Celular (Carvalho, 2002) terem reconhecido a importância da utilização do Balanced

Scorecard- BSC (Kaplan e Norton, 2001) e, após sua implementação, terem percebido

resultados positivos na medida em que se obteve uma maior capacidade de

monitoramento e avaliação das estratégias vislumbradas, é possível que a mesma

ferramenta possa também gerar benefícios para as empresas de pequeno porte com

estratégias definidas. Assim, observou-se uma oportunidade interessante de avaliar o

potencial de aplicação desta ferramenta em micro e pequenas empresas que já tenham

definidas suas estratégias de negócio a fim de entender como a aplicação desta

ferramenta pode auxiliar no aumento das suas chances de sobrevivência.

Considerando a citada oportunidade, na presente dissertação de mestrado é

apresentado o desenvolvimento de uma pesquisa que teve como objetivo avaliar o

potencial de aplicação do BSC em uma micro empresa, através de uma pesquisa-ação.

O estudo contribuiu para a identificação e compreensão das barreiras e dos benefícios

gerados pelo processo de elaboração de um Balanced Scorecard no contexto de uma

empresa de porte pequeno.

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1.1. Problema

As micros e pequenas empresas brasileiras enfrentam uma série de problemas

relacionados à gestão deficiente do negócio, dentre eles a falta de planejamento prévio e

carência de controles gerenciais eficientes. Este fato sugere a necessidade de adoção de

ferramentas que permitam aos gestores desses pequenos negócios tomar melhores

decisões e assim obter melhor desempenho e aumento das chances de sobrevivência de

suas empresas. Entretanto, embora na literatura de Controle Gerencial, temas relativos a

sistemas de controles gerenciais e medição de desempenho sejam amplamente discutidos

(Gomes, 2001) não existe um consenso sobre como tais sistemas devem ser aplicados

em MPE’s.

Diante disso, torna-se importante desenvolver estudos com foco na seguinte

questão de pesquisa: como desenvolver um sistema ou um processo de controle

gerencial para as micros e pequenas empresas de forma que elas possam ser bem

gerenciadas?

1.2. Objetivo

1.2.1 Objetivo geral

Considerando o problema discutido acima, o presente estudo avaliou o potencial

de aplicação do BSC em MPE’s que possuam estratégia definida. De uma forma geral,

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o BSC é visto como um sistema de controle gerencial que apresenta potencial para

auxiliar gestores a tomar melhores decisões e implementar satisfatoriamente suas

estratégias.

1.2.2. Objetivos Específicos

Em consonância com o objetivo geral, esta pesquisa teve como objetivos

específicos:

Avaliar a possibilidade de adequação da metodologia do BSC ao contexto de

uma micro e pequena empresa; e

Identificar e compreender as barreiras e benefícios do processo de adequação da

metodologia de introdução do BSC em uma MPE até o ponto do

desenvolvimento do seu Plano de Implementação. Esta fase corresponde ao

início da quarta ou última etapa do cronograma típico para o Balanced

Scorecard, proposto por Kaplan e Norton (2001), descrito na seção 2.3.6 da

presente pesquisa.

1.3. Relevância do Estudo

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas -

SEBRAE (2005), as MPE’s brasileiras respondem por 99% das empresas brasileiras,

67% das ocupações e 20% do PIB brasileiro. Contudo, muitas delas fecham em seu 1º

ano de atividade e cerca de 60% não completam o 5º ano de vida. Dois motivos

principais da não sobrevivência dessas empresas são a falta de planejamento prévio e a

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gestão deficiente do negócio. A iniciativa de implementar uma ferramenta de gestão,

como o BSC, pode auxiliar essas empresas a melhorarem a qualidade da informação

para melhores tomadas de decisão, a formularem e implementarem estratégias (Kaplan e

Norton, 2001) e assim, os gestores terem ferramenta para gerir melhor o negócio, o que

possivelmente, aumentam as chances de sobrevivência ou manutenção da empresa no

seu mercado.

Este trabalho, por se tratar de um tema de gestão de micro e pequenos negócios,

atinge o seguinte público:

Gestores de empresas de pequeno porte – por terem a possibilidade de

aprender a gerenciar melhor o negócio, maximizando, assim as suas

chances de sobrevivência.

Sociedade – com o aumento das chances de sobrevivência das MPE’s,

aumentam as chances da melhora da economia pela maior geração de

emprego, das relações sociais, etc.

Governo – por ter a possibilidade de incentivar programas de auxílio e

desenvolvimento das MPE’S.

Acadêmicos – na medida em que a pesquisa contribui para o aumento do

corpo de conhecimentos sobre temas pouco discutidos na literatura, como

controle gerencial em MPE’s.

1.4. Delimitação do Estudo

O foco desta pesquisa foi a realização de uma pesquisa-ação em uma micro

empresa com estratégia definida. Entende-se por estratégia definida, a apresentação de

uma visão de futuro que responde o questionamento sobre onde a empresa pretende estar

em alguns anos e a missão da companhia, que permite entender a razão de sua existência

(Kaplan, 2001). Ressalta que a metodologia do BSC foi a avaliada até a terceira etapa

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completa e parte da quarta etapa do cronograma típico para o Balanced Scorecard

apresentado por Kaplan e Norton (2001), descrito na seção 2.3.6. O critério para

classificação da micro empresa pesquisada foi determinado com base no número de

empregados, definido pelo SEBRAE. A abordagem da pesquisa foi exclusivamente

qualitativa, não tendo sido realizadas, portanto, análises quantitativas.

1.5. Organização do Estudo

Este trabalho está organizado em 6 (seis) capítulos:

Capítulo 1 – Apresentação do assunto dissertado, levantamento dos objetivos e a

importância da pesquisa de acordo com a linha de pesquisa em que o trabalho se

encontra inserido; enfoque dado ao problema, com a descrição de sua

contextualização e formulação. Logo após, foram apresentados o objetivo, a

relevância do estudo e sua delimitação.

Capítulo 2 – Este capítulo trata da revisão da literatura, e é divido em três

seções:

Micro e Pequena Empresa (Seção 2.1.), apresentando os diversos

tipos de classificação de MPE’s e trazendo um levantamento dos

problemas enfrentados e fatores que contribuem para a sua não

sobrevivência.

Controle Gerencial (Seção 2.2.), onde são descritos seus principais

conceitos, sua importância para a organização, seu processo e os sistemas

de avaliação de desempenho.

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7

Balanced Scorecard (Seção 2.3.), onde é descrito o que é a

ferramenta, como surgiu, sua finalidade, suas vantagens e desvantagens,

suas características, aspectos envolvendo a sua criação e sua

implementação em uma organização, e os cinco princípios comuns

adotados por empresas que obtiveram sucesso na implementação do

Balanced Scorecard.

Capítulo 3 – A metodologia da pesquisa é descrita neste capítulo, com a

justificativa de seu emprego, a descrição do método e o plano da pesquisa.

Capítulo 4 – O objetivo deste capítulo é apresentar todo o processo da pesquisa-

ação, incluindo a descrição da organização objeto do presente estudo e o

desenrolar das quatro fases da metodologia da pesquisa-ação.

Capítulo 5 – O objetivo deste capítulo é apresentar as considerações finais do

trabalho, avaliando os resultados obtidos frente à literatura relevante disponível.

Além disso, propõe-se direções para futuras pesquisas sobre o tema estudado.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 MICRO E PEQUENA EMPRESA BRASILEIRA

Ainda não existe um consenso sobre classificação das micros e pequenas

empresas. Dependendo do objetivo e finalidade da instituição que promove o

enquadramento das MPE’s, estas podem ser classificadas tendo como base o valor do

seu faturamento ou número de empregados ou ambos (Sebrae, 2003).

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -

SEBRAE (2003), o conceito de micro empresa e empresa de pequeno porte é

diversificado e varia de acordo com a região, o porte econômico-financeiro, o ramo do

negócio e a forma jurídica. Essa instituição classifica as empresas segundo o número de

funcionário, combinado com o setor de atuação da empresa.

Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES

(2005), as empresas são classificadas com base em seu faturamento anual:

Micro-empresa: receita operacional bruta anual de até R$ 1.200 mil;

Pequena empresa: receita operacional bruta anual superior a R$ 1.200 mil e

inferior ou igual a R$ 10.500 mil;

Média empresa: receita operacional bruta anual superior a R$ 10.500 mil e

inferior ou igual a R$ 60 milhões;

Grande empresa: receita operacional bruta anual superior a R$ 60 milhões

O governo federal, para fins e vigência do SIMPLES, através da lei federal nº

9.841 de 05/10/1999, diferencia a micro empresa e a empresa de pequeno porte pelo

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faturamento bruto anual. A empresa que fatura até R$ 244.000,00/ano é considerada

micro empresa, e entre R$ 244.000,00 e R$ 1.200.000,00, empresa de pequeno porte.

Pelo o Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações da Fundação Instituto

de Pesquisas Contábeis – FIPECAFI (2003), o tipo de administração e a divisão do

capital apresentam outra possibilidade de classificação de empresa. Uma empresa pode

ser organizada de várias formas, dependendo da maneira como o capital se divide entre

os proprietários. As micros e pequenas empresas se organizam na forma de sociedade

por cotas, com responsabilidade limitada ou não, ou sob a forma de sociedades anônimas

de capital fechado. As grandes empresas organizam-se, geralmente, na forma de

sociedades anônimas de capital fechado ou aberto, sendo este último com ações

livremente negociáveis nas bolsas de valores. Nas MPE’s, a direção é, habitualmente,

entregue aos proprietários. Já nas grandes empresas, é freqüente a contratação de

administradores profissionais para dirigi-las.

No Brasil, o critério mais utilizado é o do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas - SEBRAE (2006) que mensura o porte das empresas a partir do

número de empregados, conforme abaixo.

Tamanho Empresa Comércio e Serviços Indústria

Micro empresa Até 09 pessoas Até 19 pessoas

Pequeno Porte De 10 a 49 pessoas De 20 a 99 pessoas

Tabela 1 - Classificação das Micro e Pequenas Empresas - Critério Sebrae

Fonte: www.sebrae.com.br

2.1.1. A importância/papel das MPE’S para a economia e para

a sociedade

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As dificuldades de definição do conceito de MPE’s e o peso do setor informal na

economia brasileira levam a diferentes visões sobre a importância destas empresas na

economia do país.

As MPE’s são partes importantes da economia, tanto nos setores tradicionais,

como nos de tecnologia mais avançada. Aproximadamente 99% dos estabelecimentos

empresariais do Brasil são pequenos empreendimentos, os quais são também

responsáveis por aproximadamente 60% dos empregos estabelecidos no país (Sebrae,

2006).

A abertura de novos mercados na economia globalizada tem conduzido a um

significativo fortalecimento das MPE’s na última década. De acordo com dados da

Relação Anual de Informações Sociais (RAIS, 2001), existiam no Brasil cerca de 5,6

milhões de empresas, das quais 99% eram de micro e pequeno porte, 0,6% de médio e

0,4% de grande porte. O setor da indústria responde por cerca de 18% do total de

empresas. O setor de comércio por 45%, detendo a maior participação do mercado

formal das micro empresas (46%). O setor de serviços por 37% e representa a maior

participação relativa, com cerca de 44% das pequenos negócios. (Fonte: Rais 2001).

O Gráfico e a Tabela a seguir apresentam, respectivamente, a participação de

cada categoria empresarial na economia nacional e a distribuição do número de

empresas brasileiras, classificadas de acordo com os setores de atividade.

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94,6%

4,4% 0,6% 0,4%

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Micro Pequena Média Grande

z

Gráfico 1- Participação das empresas na economia brasileira, segundo o porte.

Fonte: Relação Anual de Informações Sociais – RAIS 2001 – MTE

Tabela 2 Distribuição do número de empresas, segundo o setor de atividade.

Fonte: Relação Anual de Informações Sociais – RAIS 2001 – MTE

Com referência à distribuição de trabalhadores das empresas formais, a RAIS

2001 mostra que as MPE’s são responsáveis por 41,4% dos postos de trabalho.

Na indústria, as MPE’s brasileiras respondem por 51% dos trabalhadores formais

23%. No comércio, cerca de 78% dos postos de trabalho formais estão nas MPE’s e 9%

nas médias empresas. No setor de serviços, as MPE’s participam com 26% e as médias

com 6%.

De acordo com o SEBRAE, apenas 30% das empresas sobrevivem por mais de

cinco anos a partir do seu início (SEBRAE, 1999). Dados informados na RAIS

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demonstram a importância da MPE para a geração de emprego. No ano de 1997, 66% do

emprego no país eram gerados por firmas com até 500 empregados, e 44% por firmas

com até 100 empregados. Apesar da importância desses pequenos negócios para a

geração de emprego, não se pode afirmar o mesmo no que se refere à perspectiva de

geração de renda do pequeno negócio devido a diferenciação existente entre setores da

economia (La Rovere, 1999).

No ano 2000, as MPE’s brasileiras respondiam por 52,8% da força de trabalho no

País. Entre 1995 e 2000, o número de microempresas cresceu 25%, enquanto que o

número de grandes empresas cresceu 2,2%, de acordo com estatísticas do relatório de

atividades do BNDES. Um dos problemas do segmento, entretanto, é a alta taxa de

mortalidade das empresas: estudos realizados pelo SEBRAE, revelam que 39% das

MPE’s fecham no primeiro ano de existência. 49,4% das empresas fecham com até dois

anos de existência. 56,4% das empresas fecham com até três anos de existência. 59,9%

das empresas fecham com até quatro anos de existência.

2.1.2. Ciclo de vida organizacional

Na teoria sobre ciclo de vida organizacional, descrita Kimberly e Miles (1980); Adices

(1979); Miller e Friesen (1984), e Churchil e Lewis (1983) (apud Daft 2002), fica

evidente a importância do controle dos recursos para as organizações, sobretudo para as

pequenas empresas que estão em crescimento e enfrentando crises para desenvolverem-

se e manterem-se em seus mercados.

Segundo os autores citados anteriormente (apud Daft, 2002, pg. 263), o ciclo de

vida das organizações possui quatro estágios, cada um com suas regras de

funcionamento e de como a organização se relaciona com o ambiente externo. Ele

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ressalta que até a empresa adquirir sua maturidade, passa por quatro estágios e, a cada

passagem, necessita superar uma crise para sobreviver. Ao longo desses estágios, a

estrutura da organização, o estilo de liderança e os sistemas administrativos seguem

padrões previsíveis, o que pode facilitar na prevenção de determinados problemas, como

por exemplo, os problemas de gestão. Aborda ainda que o fenômeno do ciclo de vida

pode auxiliar na compreensão dos problemas enfrentados pelas organizações na

passagem dos diferentes estágios. Os quatro estágios são: 1) Estágio Empreendedor; 2)

Estágio de Coletividade; 3) Estágio de Formalização; 4) Estágio de Elaboração,

ilustrados na figura 1, abaixo:

Para Weber (apud Wagner III e Hollenbeck, 2003), na medida em que a

organização é conduzida aos estágios seguintes do seu ciclo de vida, ela assume

características mais burocráticas. Daft (2002, pg. 271) afirma que o excesso de

burocracia pode impedir a eficácia e a produtividade das organizações.

Figura 1- Estágio de Desenvolvimento de uma organização

Fonte: Gomes (2005, apud Daft 2002)

No primeiro estágio (empreendedor), quando a organização está sendo criada e

desenvolvida, o controle é baseado na supervisão dos donos e as prioridades estão

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relacionadas à criação de produtos e a sua sobrevivência no mercado. O crescimento da

organização provém da criação de um novo produto ou serviço. Com o seu crescimento

da organização e aumento do número de funcionários, fica evidente a necessidade de

liderança, pelo surgimento de problemas de gerenciamento e de controle dos recursos.

No segundo estágio (de coletividade), depois de resolvida a crise de liderança,

metas e diretrizes claras são desenvolvidas a partir de uma liderança forte com

hierarquia de autoridade, atribuições de cargos e divisões de trabalho. Neste estágio,

começam a aparecer alguns sistemas de controle formais, mas, predominam os controles

informais. Com o aumento dos controles e forte liderança de cima para baixo, neste

estágio fica evidente a necessidade de delegação das atividades e de garantia que todos

os segmentos da organização sejam coordenados e integrados sem a supervisão direta da

cúpula.

No terceiro estágio (de formalização), após superar a crise de delegação, a cúpula

passa a se interessar mais pela estratégia e planejamento da organização, deixando as

questões mais operacionais para a média gerência. Neste estágio os controles são mais

formais e pode haver crise de excesso de formalidade com a proliferação de sistemas e

programas, bem como com o aumento da burocratização.

No quarto e último estágio (de Elaboração), após superar a crise de excesso de

formalidade, a organização visa ter colaboração e trabalho em equipe para enfrentar e

superar problemas e trabalhar conjuntamente. Os sistemas são menos formais e é

possível que haja equipes multifuncionais. Tendo atingido a maturidade, pode haver, na

organização, uma necessidade de revitalização dos processos e das pessoas.

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2.1.3. Fatores que contribuem para a não sobrevivência das

MPE’s brasileiras

Segundo Anthony e Govindarajan (2002, pg. 803), o objetivo principal de uma

organização é conseguir um lucro satisfatório, de preferência retornando

satisfatoriamente os ativos empregados. Há organizações que objetivam aumentar seu

porte o que reflete, em parte uma tendência natural de atrelar o porte ao sucesso. Em

parte reflete as economias que a organização faz para manter-se atualizada. No entanto,

vários fatores dificultam a concretização desses objetivos.

Em 2004, o SEBRAE promoveu a realização de uma pesquisa nacional com a

finalidade de avaliar as taxas de mortalidade das micros e pequenas empresas brasileiras

e os fatores causais da mortalidade para o Brasil. Considerou-se naquela pesquisa, as

suas cinco regiões demográficas, referentes as empresas constituídas e registradas nos

anos 2000, 2001 e 2002, com base nos dados cadastrais das Juntas Comerciais

Estaduais. Como resultado, a pesquisa relatou que na opinião dos empresários que

encerraram as atividades de suas empresas, encontra-se em primeiro lugar entre as

causas do fracasso, questões relacionadas à falhas gerenciais na condução dos negócios,

expressas nas razões: falta de capital de giro (indicando descontrole de fluxo de caixa),

problemas financeiros (situação de alto endividamento), ponto inadequado (falhas no

planejamento inicial) e falta de conhecimentos gerenciais. Em segundo lugar,

predominam as causas econômicas conjunturais. Depois, razões relacionadas a Logística

Operacional (Instalações inadequadas e falta de mão de obra qualificada) e razões

relacionadas a Políticas públicas e arcabouço legal (falta de crédito bancário, problemas

com fiscalização, carga tributária elevada e outros). É possível que as razões expressas

sejam decorrentes da falta de um sistema de controle gerencial que oriente as tomadas de

decisão das empresas.

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Para Campos (1992), as empresas brasileiras perdem de 20 a 40% do seu

faturamento anual por problemas internos, como desconto de vendas por má qualidade

do produto, perdas de produção por parada de equipamento, excesso de estoques,

excesso de consumo de energia, refugos por problemas de qualidade, retrabalhos de toda

natureza, erros no faturamento, etc.

Apesar das MPE’s terem um papel fundamental na economia brasileira, devido à

forte geração de emprego proporcionada, seu desempenho competitivo indica que

existem limitações que são comuns às empresas de países desenvolvidos, tais como

máquinas obsoletas, administração inadequada e dificuldades de comercialização de

seus produtos em novos mercados (Levistky, 1996).

As MPE’s podem não ter consciência do possível ganho de competitividade

trazido pelas inovações. A maioria gera ou adota inovações apenas quando elas

percebem claramente as oportunidades de negócios ligadas à inovação (Gagnon e

Toulouse, 1996) ou então porque estão sob pressão de clientes e/ou fornecedores. Isto

ocorre devido às especificidades de aprendizado tecnológico das MPE’s, onde a busca e

seleção de informações requer tempo e recursos humanos e financeiros. Por causa disso,

nem sempre estas empresas adotam inovações, o que limita a obtenção de ganhos de

competitividade.

2.2. CONTROLE GERENCIAL

2.2.1. Principais Conceitos

Daft (2002) afirma que: “... o controle é ainda uma responsabilidade principal da

administração.” A teoria básica que fundamenta muitos sistemas de gestão

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organizacional é relacionada à idéia de que os dirigentes das organizações formulam

planos, põem em prática estes planos, avaliam as conseqüências das ações, e finalmente

usam este controle para ajustar seus planos para que metas e objetivos previamente

delineados sejam atingidos, fazendo com que o ciclo se repita continuamente (Daft,

1997; Anthony e Govindarajan, 2002).

Anthony e Govindarajan (2002, pg. 31 a 34) definem controle gerencial como: “o

processo pelo qual os executivos influenciam outros membros da organização, para que

obedeçam as estratégias adotadas”. Sua finalidade é assegurar o cumprimento das

estratégias, de forma que os objetivos da organização sejam alcançados. As decisões não

obrigatoriamente correspondem a um plano, como é o caso do orçamento. Assim, o

controle gerencial é descrito por estes autores como um dos três tipos de atividades de

planejamento e controle encontrados nas organizações (controle gerencial, formulação

de estratégias e controle de tarefas) e inclui um ciclo repetitivo de atividades:

Planejar o que a organização deve fazer

Coordenar as atividades de várias partes da organização

Comunicar a informação

Avaliar a informação

Decidir se deve ser tomada uma decisão, ou que decisão tomar

Influenciar as pessoas

Anthony e Govindarajan (2002, pg.. 35) chamam a atenção para a importância da

adoção de planos de compensação e de incentivos na organização para que se promova

congruência de objetivos entre os objetivos pessoais dos executivos e os objetivos da

organização.

De acordo com os autores citados no parágrafo anterior, em empresa de pequeno

porte, há menor necessidade de sistema de controle gerencial sofisticado com centro de

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lucro e relatórios formais de desempenho porque a alta administração observa

diretamente as situações e motiva pessoalmente os funcionários. Entretanto, se faz

necessário à elaboração de orçamento e comparações regulares de desempenhos reais

versus orçados e vinculação disso com a remuneração dos funcionários.

Para Anthony e Govindarajan (2002, pg. 30), qualquer simples sistema de

controle tem pelo menos quatro componentes: um componente detector ou sensor; um

componente avaliador, um componente executante e uma rede de comunicação. Numa

organização, o componente detector ou sensor informa o que está ocorrendo na empresa;

o componente avaliador compara a informação do que está ocorrendo com a informação

desejada, que é decorrente da estratégia almejada; o componente executante atua sobre a

correção de hiatos entre o ocorrido e o desejado e a rede de comunicação informa os

membros da organização o que está ocorrendo.

Como toda e qualquer atividade, o controle precisa ser previamente estudado e

planejado, considerando certas particularidades da empresa, tais como:

objetivo;

forma e origem da empresa;

dimensão da empresa; e

volume e natureza das operações.

De acordo com informações extraídas do website do BNDES (2006), o controle

planejado permite responder a certas questões, tais como:

o que controlar, que diz respeito ao objeto controlável, ou seja, aquele que

é mais vulnerável a desvios e falhas ou erros;

como controlar, relacionado a técnicas de controle;

porque controlar, os motivos que levam a administração a exercer a

função controle sobre o objeto controlável. A administração necessita de

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informações que lhe permitam: acompanhar a execução dessas atividades

a fim de verificar se o planejado foi devidamente alcançado e analisar e

tomar as decisões, caso detectado desvios, falhas ou erros na execução;

onde controlar, relaciona-se aos locais onde serão exercidos os controles

adotados.

Assim pode-se dizer que o planejamento do controle deve seguir os seguintes

estágios:

exame prévio do que vai ser controlado;

objetivo do controle;

sistema a ser controlado;

verificação dos resultados do planejamento;

avaliação do plano ou sistema de controle.

A baixa capacitação gerencial das MPE’s decorre do fato de que estas empresas

são em sua maioria familiares. Além disso, o tamanho reduzido das empresas faz com

que seus proprietários/ administradores tenham um horizonte de planejamento de curto

prazo, ficando preso num círculo vicioso onde a resolução de problemas diários impede

a definição de estratégias de longo prazo e de inovações (Vos, Keizer e Halman, 1998).

Esta baixa capacitação é responsável também pelas dificuldades que as MPE’s têm em

conquistar novos mercados.

Para Garrison e Noreen (2001, pg. 2), independente do tamanho da organização,

é necessário ter pessoas responsáveis pelo planejamento, organização de recursos,

direção do pessoal e controle das operações.

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2.2.2 A importância do Controle Gerencial para a organização

Há muitos séculos a idéia do controle é utilizada. Entretanto, no início do século

XX, autores como Taylor e Fayol difundiram conceitos sobre o controle e em geral os

métodos para avaliação do desempenho empresarial se apóiam na comparação entre

resultados obtidos e resultados planejados (Wagner III e Hollenbeck, 2003).

Desde o final do século XX, por conta das mudanças globais, os métodos de

controle e acompanhamento dos recursos organizacionais do início do século vêm se

tornando obsoletos pela inabilidade para relacionar estratégia de longo prazo da empresa

com suas ações de curto prazo, o que remete a uma lacuna entre o desenvolvimento da

estratégia e sua implementação (Kaplan e Norton,1996, pg. 75).

Entretanto, no início dos anos 90, Robert Kaplan, da Harvard Business School

percebeu que as organizações agiam em função dos aspectos financeiros, se esquecendo

muitas vezes de outros itens relacionados à estratégia. Kaplan, juntamente com o

principal executivo da Nolon Norton, David Norton, desenvolveram um novo modelo de

medição de desempenho, reconhecido como uma ferramenta também de gerenciamento,

denominada Balanced Scorecard (BSC). Este modelo contempla, além de indicadores

financeiros tradicionais, indicadores não financeiros relativos às atividades de

relacionamento com cliente e desenvolvimento de processos internos, organizados em

torno de quatro perspectivas distintas: Financeira, do Cliente, dos Processos Internos e

do Aprendizado e Crescimento.

O Controle Gerencial não é obrigatório para fins de cumprimento de normas e

procedimentos dentro de uma organização, mas é essencial para assegurar uma boa base

para a tomada de decisões nas organizações (Garrison e Noreen, 2001; Crepaldi 2004).

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Segundo Daft (1997), a organização necessita ter regras e procedimentos escritos

para ter continuidade e enfatiza ainda que um dos motivos do sucesso de empresas é o

envolvimento dos gerentes de operações com a administração estratégica. Ressalta que

toda organização demanda um sistema de informação e sistemas de controles são

essenciais a sua sobrevivência. Contrapondo-se a esta idéia afirma que: “projetados e

usados inadequadamente, os sistemas de controle administrativo podem levar a empresa

à falência”.

Anthony e Govindarajan (2002) apontam a cultura, o clima organizacional e os

estilos gerenciais como os fatores internos que impactam o controle gerencial na

organização. A cultura por abranger as convicções, atitudes, normas, relacionamentos e

presunções comuns aceitos implícita ou explicitamente e evidenciados em toda a

organização. O clima por representar a atmosfera em que os indivíduos se relacionam

na organização. Eles comentaram que um mesmo sistema de controle gerencial pode ter

diferente performance em organizações com culturas diferentes. Os estilos de

gerenciamento seriam o fator interno que mais pode afetar o controle gerencial dado que

a atitude dos subordinados na organização reflete, em linhas gerais, sua percepção da

atitude dos seus superiores.

Os sistemas de controles administrativos auxiliam as organizações a identificar e

corrigir problemas. Eles abrangem planos estratégicos, previsões, orçamentos

operacionais, sistemas de informações gerenciais, etc. (Daft, 2002, pg. 409)

“Muitos gerentes de operações estão envolvidos em soluções de problemas

cotidianos e perdem de vista o fato de que a melhor forma de controlar operações é

através do planejamento estratégico” (Daft, 2002, pg. 431).

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De acordo com Garrison e Noreen (2001, pg. 2), as organizações, de uma forma

geral, necessitam de gerentes responsáveis pelo planejamento, organização dos recursos,

direção do pessoal e controle da operação. As principais funções do gerente são a de

planejar, dirigir e motivar e controlar e todas as atividades que envolvam tomadas de

decisão. Suas atividades podem ser resumidas num modelo que retrata o ciclo de

planejamento e controle, descrito abaixo:

Planejar – Executar – Verificar e Agir

Garrison e Noreen (2001, pg. 3), afirma que: “os gerentes estabelecem as suas

próprias regras básicas referentes ao conteúdo e à forma dos relatórios internos”.

Os controles organizacionais são processos sistemáticos dirigidos por gerentes

com o objetivo de compatibilizar as atividades da organização com as expectativas

previstas nos seus planos, metas e padrões de desempenho e adotar planos de ação para

corrigir desvios ocorridos. Utilizando estes instrumentos, os executivos podem auxiliar

as organizações a alcançarem suas metas e objetivos (Daft 1997, pg. 380 e 409;

Garrison e Noreen, 2001, pg. 2).

2.2.3. Processo de Controle Gerencial

O processo de controle organizacional enfoca quatro etapas: 1) estabelecer

padrões de desempenho; 2)medir o desempenho real; 3) comparar o desempenho com

padrões, e 4) feedback (Daft, 1997, pg. 381).

O processo de controle gerencial descrito por Anthony e Govindarajan (2002)

descrito, presume organizações de porte médio onde o planejamento estratégico ocorre

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na matriz e nas unidades descentralizadas. Eles afirmam que numa empresa de porte

muito pequeno, o processo pode envolver o executivo-chefe da empresa, assistido pelo

controller.

O processo formal de controle gerencial se baseia nos objetivos da organização e

nas estratégias escolhidas para alcançar esses objetivos. A partir daí o processo se inicia

pelo planejamento estratégico com a elaboração e revisão de planos para alcance das

metas e objetivos com a organização da alocação de recursos. A segunda etapa é a

conversão do plano elaborado inicialmente em orçamento anual com indicação das

receitas e despesas planejadas para os centros de responsabilidade, individualmente. O

orçamento é o mais importante instrumento financeiro para controlar as atividades dos

centros de responsabilidade. A próxima etapa refere-se à avaliação dos resultados reais e

orçados para avaliar se o desempenho foi satisfatório. Caso o desempenho não seja

satisfatório, há um retorno aos centros de responsabilidade para correção de desvios ou

uma revisão do plano.

Figura 2 - Modelo de Controle Gerencial

Fonte: Anthony e Govindarajan (2002)

Planejamento

EstratégicoOrçamento

Desempenho dos

Centros de

Responsabilidade

Relatório de

Desempenho

real x orçados

O

desempenho

foi

satisfatório?

Objetivos e

EstratégiasRegulamentos

Outras

Informações

Revisar RevisarAção

corretiva

Avaliação

Retorno

Comunicação

Remuneraçãp (retorno da

informação)

Planejamento

EstratégicoOrçamento

Desempenho dos

Centros de

Responsabilidade

Relatório de

Desempenho

real x orçados

O

desempenho

foi

satisfatório?

Objetivos e

EstratégiasRegulamentos

Outras

Informações

Revisar RevisarAção

corretiva

Avaliação

Retorno

Comunicação

Remuneraçãp (retorno da

informação)

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Neste modelo de controle gerencial, os administradores se certificam que os

recursos são obtidos e aplicados eficaz e eficientemente para o alcance dos objetivos da

organização.

2.2.4. Sistemas de Avaliação de Desempenho

De acordo com Anthony e Govindarajan (2002, pg. 559), os sistemas de

avaliação de desempenho objetivam controlar a estratégia definida pela organização

através da definição de parâmetros financeiros e não financeiros adequados em todos os

níveis da organização, considerados como fatores críticos de sucesso correntes e futuros.

Na medida em que os parâmetros apresentam bons valores, se comparados com os

valores ideais, a estratégia está sendo obedecida. Esses mesmos autores afirmam que o

sistema de avaliação de desempenho é apenas um mecanismo para possibilitar que a

organização obedeça ao seu plano estratégico.

Como exemplo de sistema de avaliação de desempenho, Anthony e Govindarajan

(2002, pg. 559) citam o BSC (apud Kaplan e Norton, 1996), que adota um equilíbrio

entre parâmetros estratégicos diferentes, objetivando conseguir congruência dos

objetivos da organização. O processo de implementação e uso do BSC inclui as

seguintes etapas:

1. Definição do BSC com a escolha dos parâmetros que reflitam de forma

cuidadosa os fatores críticos que impactarão no sucesso da estratégia da

organização; apresentem relação de causa e efeito; e proporcionem

visibilidade da situação da organização.

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2. Implementação do BSC com a definição da estratégia, definição dos

parâmetros da estratégia, integração dos parâmetros do sistema de

gerenciamento e revisão freqüente dos parâmetros e dos resultados.

3. Identificação e correção de falhas comuns da tabela de avaliação

balanceada, tais como falta de correlação entre parâmetros não

financeiros e resultados, fixação em resultados financeiros, falta de

mecanismo para aperfeiçoamento, parâmetros desatualizados, demasiada

quantidade de parâmetros, dentre outras.

4. Instrumento de feedback para apreciação das estratégias, aperfeiçoando a

comunicação e os objetivos organizacionais.

2.3. BALANCED SCORECARD - BSC

2.3.1. Definição

O Balanced Scorecard – BSC foi desenvolvido nos Estados Unidos por Robert

Kaplan, David Norton e outros pesquisadores e introduzido em 1992 como um sistema

inovador de mensuração de desempenho organizacional que busca complementar as

medições financeiras com outras medidas de desempenho não financeiras e equilibrar

objetivos de curto e longo prazos. O BSC inclui indicadores de tendências e ocorrências,

proporcionando aos gerentes de empresas uma visão rápida e abrangente de toda a

organização (Kaplan e Norton; 2001).

O BSC é um método que auxilia os gestores a desenvolver bem uma estratégia

do princípio ao fim e depois fazer com que cada um na organização esteja envolvido a

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implementá-la (Kaplan e Norton, 2001). Os indicadores devem traduzir a estratégia da

empresa e devem ser utilizadas para auxiliar qualquer um na organização e tentar atingir

as prioridades estratégicas. Somente assim as empresas serão capazes de não apenas

criar estratégia, mas também implementá-las (Kaplan e Norton, 2001).

Através da observação dos resultados obtidos em outras empresas, Kaplan e

Norton concluíram que o Balanced Scorecard deixara de ser um sistema de medição

para se tornar rapidamente (1997, pg. 9) um sistema de gestão, com o qual os executivos

estavam não somente comunicando a estratégia, mas também efetuando a sua gerência.

O BSC não é uma ferramenta para apenas registrar resultados obtidos, mais

indicar os resultados esperados. (Olve, N 2000 apud Solano Ovalles, Roja, Pádua e

Morales, 2003)

O BSC emergiu porque é um sistema capaz de compreender a estratégia

empresarial e comunicá-la a toda a organização (Kaplan e Norton apud Kaplan e

Norton 2001; Banker, Chang, e Pizzini, 2004, pg. 22). Por contemplar medidas não

financeiras pode auxiliar as empresas frente às mudanças do meio ambiente onde os

ativos intangíveis da organização ganharam maior importância como fonte de vantagem

competitiva no final do século XX (Kaplan e Norton, 2001, pg.88; Kaplan e Norton,

1996 pg. 68).

O BSC evidencia o surgimento de um novo modelo organizacional na década de

90 (Kaplan e Norton, 2001, pg. 8). Segundo Kaplan e Norton, o Balanced Scorecard é

um instrumento que possibilita identificar mais rapidamente a necessidade de

implantação de novos programas, produtos e processos críticos para contrapor às novas

ameaças que são comuns nas empresas que atuam em ambientes em rápida mutação

Kaplan e Norton (2001, pg. 386).

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Para os executivos, o BSC é uma ferramenta completa que os auxilia a traduzir a

visão e a estratégia da empresa num conjunto coerente de medidas de desempenho. Os

desempenhos são medidos a partir de quatro grandes perspectivas: financeira, clientes,

processos internos e aprendizado e crescimento (Kaplan e Norton, 2000, pg. 169).

Um aspecto essencial do BSC é a articulação da ligação entre medidas de

desempenho e objetivo estratégico (Banker et al, apud Banker, Chang e Pizzini, 2004).

Uma vez que haja entendimentos desses links, os objetivos estratégicos podem ser mais

adiante convertidos em medidas acionáveis para ajudar organizações a melhorar seu

desempenho (Kaplan e Norton, 2000 apud Banker Chang e Pizzini,2004)

Kaplan e Norton (1996, pg.s 9 a 19) consideraram que a filosofia do Balanced

Scorecard como um sistema de gestão estratégica para administrar a estratégia a longo

prazo consiste no seguinte:

esclarecer e traduzir a visão estratégica;

comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas;

planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas;

melhorar o feedback e o aprendizado estratégico.

Quando se usa um sistema scorecard como uma ferramenta operacional é

importante que o sistema motive os empregados a trabalharem em concordância com os

objetivos da organização (Lawson, Stratton, Hatch, 2004, pg. 37)

O BSC incentiva o diálogo entre as unidades de negócios e os executivos da

organização em relação aos objetivos de curto e longo prazos e é mais impactante em

empresas que objetivam realizar mudanças organizacionais (Kaplan e Norton, 2001,

pg.14). Também, a ajuda a refinar e entender estratégias nas áreas de clientes e inovação

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(Kaplan e Norton, 1993, pg. 146). Adicionalmente, o scorecard pode servir para motivar

e avaliar desempenho (Kaplan e Norton, 1993, pg. 147).

Segundo Kaplan e Norton (2001, pg. 15):

“... o Balanced Scorecard oferece a justificativa principal, além de

foco e integração para a melhoria contínua, a reengenharia e os programas

de transformação.”

Serve como uma ponte entre estratégia e operação (Kaplan e Norton, 1993, pg.

147). Em vez de limitar o redesenho a quaisquer processos locais que produzam ganhos

fáceis, os esforços gerenciais serão dirigidos à melhoria e à reengenharia dos processos

críticos para o sucesso estratégico da empresa.

Libby e Salterio (apud Libby, Salterio e Webb, pg. 1075) descobriram que

quando gestores fazem julgamento de avaliação de desempenho, ignoram uma das

características chaves do BSC, a inclusão de medidas para os objetivos estratégicos de

uma unidade de negócios.

2.3.2. Principais componentes e características do BSC

2.3.3.1. As quatro Perspectivas do Balanced Scorecard

Os objetivos estratégicos são organizados segundo quatro perspectivas:

financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento. Tais

objetivos são ligados por relação de causa e efeito a começar pelos objetivos da

perspectiva do aprendizado e crescimento até os objetivos da perspectiva financeira, não

necessariamente tendo ligação entre objetivos de todas as perspectivas. Assim, as quatro

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perspectivas equilibram os objetivos de curto e longo prazos, os resultados desejados e

os vetores de desempenho desses resultados, as medidas objetivas concretas e as

medidas subjetivas (Kaplan e Norton, 1997, pg. 26).

2.3.3.1.1. A perspectiva financeira

Segundo Kaplan e Norton (1997), os objetivos financeiros servem como foco

para os objetivos das demais perspectivas do BSC. Por conseguinte, as medidas da

perspectiva financeira captam os efeitos das ações implementadas para cumprirem os

objetivos estratégicos das demais perspectivas. Assim, a construção do Scorecard inicia-

se pela definição dos objetivos financeiros de longo prazo. Logo em seguida, deve-se

relacioná-los à seqüência de ações a serem tomadas em relação aos processos

financeiros, dos clientes, dos processos internos e dos funcionários a fim de que se

produza o desempenho econômico almejado pelos acionistas da organização.

De acordo com Kaplan e Norton (1997), os objetivos financeiros podem variar

de acordo com o estágio de desenvolvimento de cada empresa ou de cada unidade de

negócio. Eles devem ser analisados periodicamente, pelo menos uma vez por ano, a fim

de que se confirme a validade da estratégia financeira adotada e que, quando necessário,

ela seja modificada adequadamente.

As empresas em fase de crescimento, por estarem na fase inicial de seu ciclo de

vida, possivelmente demandam grande quantidade de investimento para, dentre outros, o

desenvolvimento de seus produtos e serviços, e o aumento de capacidade e

desenvolvimento de relacionamento com clientes. Isto pode fazer com que essas

empresas trabalhem com fluxos de caixa negativos nos primeiros anos. Assim, torna-se

necessária a adoção de objetivos financeiros que evidenciem a evolução conseguida pela

empresa no período planejado, tais como: crescimento da receita, melhoria do fluxo de

caixa, evolução do retorno de capital etc.

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Nas empresas em fase de sustentação, que ainda conseguem atrair investimentos

e reinvestimentos, os objetivos financeiros focarão em medidas financeiras tradicionais,

como retorno sobre capital empregado, receita operacional e margem bruta. Na fase de

colheita, os objetivos financeiros enfatizarão o fluxo de caixa tendo em vista a

necessidade de colher os investimentos feitos na fase de crescimento e sustentação

(Kaplan e Norton, 1997 pg.s 50 a 53).

A geração de valor em um negócio pode ser concretizada através de crescimento

ou produtividade. No caso de crescimento isso pode ocorrer com uma atuação em novos

mercados, novos produtos, novos clientes, aumento das vendas para clientes existentes,

dependendo das relações estabelecidas com eles, incluindo vendas combinadas de

produtos e serviços e ofertas de soluções completas. A geração de valor por

produtividade, pode se ocorrer, por exemplo, através da melhora da estrutura de custo

com a redução de custos diretos e indiretos (Kaplan e Norton, 2001, pg. 89).

2.3.3.1.2. A perspectiva de clientes

Na perspectiva do cliente, as organizações identificam os mercados ou segmentos

nos quais desejam atuar e os que representam as fontes das receitas identificadas na

perspectiva financeira. As medidas mais comuns desta perspectiva são satisfação do

cliente, participação de mercado, lucratividade dos clientes, retenção de clientes,

disponibilidade de produtos, etc. (Kaplan e Norton, 1997).

Kaplan e Norton (2001, pg. 93), quando abordam a perspectiva do cliente,

afirmam que a essência de qualquer estratégia de negócio é a proposição de valor que a

organização oferece aos seus clientes e que a diferenciará dos demais concorrentes para

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atrair, reter e aprofundar relacionamento com seus clientes-alvos. Essa proposição é a

base da definição de que forma será mensurado o sucesso desse relacionamento. A

proposição de valor é crucial porque auxilia a organização a conectar seus processos

internos e melhorar seus resultados gerados para seus clientes. Na visão dos dois autores,

a proposição de valor do cliente descreve o mix de produto, preço, serviço,

relacionamento e imagem que a organização oferece.

As proposições de valor podem variar de acordo como o setor e com o mercado

de atuação da empresa. Porém, Kaplan e Norton (1997) observaram a existência de um

conjunto comum de atributos, que foram distribuídos em três categorias:

Atributos dos produtos e serviços – abrangem a funcionalidade, o

preço, o tempo e a qualidade. De acordo com os atributos escolhidos para

os produtos e serviços, a empresa pode segmentar seus clientes,

oferecendo produtos básicos e padronizados para os clientes que querem

um fornecedor confiável que ofereça preços baixos; e produtos

customizados para aqueles que querem um fornecedor diferenciado,

capaz de oferecer produtos e serviços exclusivos.

Relacionamento com os clientes – envolve questões relacionadas com o

processo de compra tais como o atendimento, o conforto do cliente, o

tempo de entrega e resposta, o atendimento pós-venda, etc.

Imagem e reputação – refletem os fatores intangíveis que permitem que

a empresa se defina de forma pro ativa para o mercado e faz com que o

cliente a escolha e seja fiel a ela. A comunicação clara da imagem ao

mercado pode ajudar os clientes atuais e futuros a se identificarem com a

imagem associada à empresa.

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2.3.3.1.3. A perspectiva de Processos Internos

A perspectiva dos processos internos explica de que forma a organização

pretende alcançar os resultados almejados na perspectiva financeira e na perspectiva do

cliente. Nela são identificados os processos que serão implementados para efetivamente

oferecer o valor proposto aos clientes. A perspectiva de processos internos inclui

medidas como taxa de defeitos, tempo de ciclo e custo de produção.

Kaplan e Norton (2001, pg. 94) chamam atenção para o fato de que muitas

companhias com estratégia de inovação ou desenvolvimento de relacionamento de

criação de valor com clientes, equivocadamente, escolhem medir seus processos internos

de negócio focando apenas no custo e na qualidade de suas operações. Geralmente, essas

companhias têm uma completa desconexão entre suas estratégias e como elas são

medidas.

Existem duas diferenças entre a abordagem tradicional de gestão e a do BSC,

reveladas pela perspectiva dos processos internos: 1) o foco da abordagem tradicional é

na melhoria dos processos existentes, enquanto que na abordagem do BSC, o foco é na

identificação de processos novos nos qual uma empresa deve atingir a excelência para

alcançar os objetivos financeiros e do cliente; 2) a perspectiva de processos internos do

BSC incorpora objetivos e medidas tanto para o ciclo de inovação de curto prazo como

de longo prazo, enquanto que a abordagem tradicional, normalmente, incorpora

objetivos e medidas para o curto prazo (Kaplan e Norton, 1997, pg. 28).

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2.3.3.1.4. A perspectiva de Aprendizado e Crescimento

A perspectiva do aprendizado e crescimento busca identificar as competências

essenciais que a organização já possui e as que deve buscar, para que consiga executar

com alto nível de excelência os processos identificados na perspectiva dos processos

internos. Essa perspectiva se refere às capacidades humanas e tecnológicas da empresa

(Kaplan e Norton, 2001).

Para concretizar a estratégia, gestores definem necessidades relativas à

competências e habilidades dos seus empregados, tecnologia e infra-estrutura de clima

organizacional. Nessa perspectiva, são definidas prioridades estratégicas para vários

processos de negócios que criam satisfação do cliente e do acionista, bem como para

suportar mudanças organizacionais, inovação e crescimento (Kaplan e Norton, 2001, pg.

89).

Resumidamente, o BSC descreve de forma clara e objetiva as competências e

infra-estrutura que a empresa necessita (o aprendizado e crescimento) para inovar e

construir uma estratégia correta de capacidade e eficiência (processos internos) que por

sua vez, agregando um valor específico para o mercado (os clientes) que por fim levará

a criação de maior valor aos acionistas (financeira) (Kaplan e Norton, 2000, pg. 169).

2.3.3.2. Objetivos Estratégicos e Medidas

Na abordagem do Balanced Scorecard, os objetivos e as medidas derivam da

missão, da visão e da estratégia de negócios da empresa e estão distribuídos nas quatro

perspectivas: financeira, cliente, processos internos e aprendizado e crescimento. As

medidas devem manter o equilíbrio entre fatores externos (acionistas e clientes) e

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internos (processos críticos e aprendizado e crescimento) contemplados no sistema

gerencial da organização. As medidas também podem ser objetivas (quantificáveis) ou

subjetivas (discricionárias), sendo que as primeiras são medidas de resultado - lagging

indicators, enquanto que as segundas são vetores subjetivos das medidas de resultado -

leading indicators (Kaplan e Norton, 2001). No quadro abaixo são apresentadas algumas

medidas genéricas sugeridas por Kaplan e Norton (2001):

Perspectivas Medidas genéricas

Financeira Retorno sobre o investimento e o valor econômico

agregado.

Do Cliente Satisfação, retenção, participação de mercado e

participação de conta.

Processos Internos Qualidade, tempo de resposta, custo e lançamentos de

novos produtos.

Aprendizado e Crescimento Satisfação dos funcionários e disponibilidade dos

sistemas de informação.

Tabela 3 - Medidas Genéricas sugeridas por Kaplan e Norton

Fonte: Kaplan e Norton (2001)

Um princípio chave do BSC é que as medidas devem ser alinhadas com os

objetivos estratégicos que dependem, por sua vez, das suas competências vigentes e do

seu estágio de desenvolvimento (Lapide, 2000, pg.s 25 e 26).

Historicamente, o esforço de mensurar desempenho tem se concentrado nos

níveis funcionais da organização. Quando cada nível mede seu desempenho

isoladamente, de acordo com seus interesses próprios, pode haver conflitos de interesse

entre áreas e entre áreas e objetivos da organização como um todo (Lapide, 2000, pg.s

25 e 26). Para corrigir esse tipo de problema, procura-se atualmente desfazer os silos

funcionais nas empresas, organizando processos horizontais multifuncionais.

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Para haver eficácia da implementação da estratégia, os executivos precisam testar

continuamente as hipóteses teóricas (relações de causa e efeito) relacionas à estratégia e

a forma pela qual a estratégia está sendo implementada. Para isso, é necessário

estabelecer metas de longo prazo para os indicadores estratégicos, direcionando

iniciativas estratégicas e recursos para sua realização. Além disso, é necessária a

formulação de metas específicas de curto prazo que dêem rumo à estratégia.

A lista de indicadores de desempenho do BSC é baseada num número pequeno

de objetivos estratégicos que são subordinados a metas e métricas que são derivadas

diretamente dentro daqueles mesmos objetivos. (Kaplan e Norton, 2000).

Kaplan e Norton sugerem dois tipos de indicadores, os de ocorrência e os de

tendência. Os indicadores de ocorrência são representados por medidas de resultados,

tais como ROI (Retorno sobre investimento), aumento de receita, mudança de custo,

participação no segmento, retenção de clientes, receita gerada por novos produtos, taxa

de erros, etc. (Kaplan e Norton, 2001, pg. 173 e 162). Essas medidas indicam se os

objetivos estratégicos e se as iniciativas de curto prazo geraram os resultados desejáveis.

Os indicadores de tendência são medidas relacionadas aos vetores de

desempenho que alertam toda a organização sobre o que deve ser realizado a fim de criar

valor no futuro (Kaplan e Norton, 2001, pg. 173). Exemplos desses indicadores são:

variedade de produtos/serviços geradores de receita, profundidade de relacionamento,

pesquisa de opinião sobre satisfação, ciclo de desenvolvimento de produtos, índice de

cobertura de funções estratégicas, índice de disponibilidade de informações estratégicas,

alinhamento de metas pessoais e organizacionais, etc. (Kaplan e Norton, 2001, pg. 162).

Segundo Libby, Salterio e Webb (2004, pg. 1079), resultados de pesquisas

apontam que executivos corporativos acham importante utilizar medidas financeiras e

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não financeiras para avaliação de desempenho, mas eles questionam a qualidade das

medidas não financeiras. Kaplan e Norton (1993) enfatizam que gestores falham por

questionar se velhas medidas ainda podem ser utilizadas. Apesar de gestores

reconhecerem a importância que as medidas têm para o desempenho, eles raramente

pensam em medidas como parte essencial de sua estratégia. Muitos continuam a usar os

mesmos indicadores financeiros de curto prazo por décadas, tais como o ROI (retornos

dos investimentos), crescimento das vendas e receita operacional.

2.3.3.3. Temas Estratégicos

Os temas estratégicos permitem que a organização trabalhe conjuntamente com

temas antagônicos como, por exemplo, crescimento (aumento dos investimentos e das

receitas) versus produtividade (redução de custos), e visão de longo prazo (metas

distendidas para quatro ou cinco anos) versus de curto prazo (metas para o ano corrente).

Para Kaplan e Norton (2001, pg. 91), os temas estratégicos constituem uma

segmentação da estratégia. Cada tema fornece um pilar da estratégia e contém sua

própria hipótese estratégica e suas relações de causa e efeito, podendo até mesmo se

transformar num scorecard.

Kaplan e Norton (2001) sugerem dois tipos de segmentação da estratégia para

serem levadas em consideração na escolha dos temas estratégicos: a estratégia de

crescimento e a estratégia de produtividade:

A estratégia de crescimento se concentra na busca de novas fontes para

incremento da receita. Diversas são as ações que podem ser implementadas, isoladas ou

conjuntamente (Kaplan e Norton, 2001, pg.. 97), com a finalidade de incrementar a

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receita. Dentre outras é possível citar as seguintes: a) exploração mais completa dos

clientes atuais e potenciais; b) conquista de novos clientes; c) lançamento de novos

produtos e; d) conquista de novos mercados.

A estratégia de produtividade contempla a execução eficiente e de baixo custo

dos processos e ativos operacionais que dão apoio ao atendimento dos atuais clientes.

Desta forma, as principais ações estão sempre voltadas para a redução de custo e para a

melhoria do uso de ativos operacionais (Kaplan e Norton, 2001, pg.. 97).

2.3.3.4. Mapa Estratégico

O referencial utilizado pelo Balanced Scorecard para a descrição, comunicação e

implementação da estratégia de maneira lógica e coerente é chamado por Kaplan e

Norton de “mapa estratégico” (Kaplan e Norton, 2001, pg. 21). Kaplan e Norton (2000,

pg. 167) afirmam que a chave para executar a estratégia é ter pessoas na organização que

realmente a entendam. A construção de mapas estratégicos pode auxiliar nesse ponto.

Sem informações claras e detalhadas, muitas empresas falham em executar suas

estratégias. Para Kaplan e Norton (2001), o mapa estratégico é uma arquitetura lógica e

abrangente para descrever e construir estratégia. Ele especifica elementos críticos e seus

relacionamentos com a estratégia da organização (Kaplan e Norton 2001, pg. 90) e

relações cruciais entre os empregados que conduzem o atingimento do desempenho

organizacional (Kaplan e Norton, 2000, pg. 168). Kaplan e Norton (2000) mostram as

relações de causa e efeito pelas quais se pretende melhorar os resultados e tornam mais

factíveis a detecção de falhas nos processos da organização (por exemplo para

visualizar uma unidade estratégica sem objetivos). Executivos da Mobil, por exemplo,

usam mapa estratégico para identificar e combater gaps em sua estratégia.

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Na construção do mapa, a estratégia vai sendo gradualmente explicitada sob a

forma de hipóteses estratégicas descritas por relações de causa e efeito. O processo é

desenvolvido de cima para baixo (top-down), explicitando, em primeiro lugar, quais são

os interesses dos acionistas (perspectiva financeira) e quais serão as fontes geradoras que

impulsionarão o crescimento da receita (perspectiva do cliente).

O mapa estratégico pode ser um ponto de referência comum e fácil de entender

para toda a organização, comunicando claramente os resultados desejados e as hipóteses

sobre como esses resultados devem ser atingidos na organização (Kaplan e Norton,

2001, pg. 90). Olivia et al (apud Banker, Chang e Pizzini, 2004) afirma que mapas

estratégicos capturam a natureza simultânea, multidimensional e inter-relacionada dos

aspectos estratégicos de um negócio. Pesquisas sobre cognição sugerem que

representação gráfica facilita indivíduos a identificarem relações entre dados.

Seguem exemplos hipotéticos de relação de causa e efeito:

Se melhorar o prazo de entrega, a satisfação dos clientes irá aumentar.

Se a satisfação dos clientes melhora, os clientes irão comprar mais.

De uma grande perspectiva, mapas estratégicos mostram como uma organização

converterá suas iniciativas e recursos – incluindo ativos intangíveis como cultura

organizacional e conhecimento dos empregados em resultados tangíveis.

2.3.4. Vantagens e Desvantagens do uso do BSC

Kaplan e Norton (1993, pg. 135) sugerem que o BSC pode servir como um ponto

de referência para os esforços organizacionais, definindo e comunicando prioridades aos

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gestores, empregados, investidores e mesmo clientes. O BSC não é um template que

pode ser aplicado nos negócios em geral ou numa variedade de indústrias. Diferentes

situações de mercado, estratégia de produtos e ambientes competitivos requerem

diferentes scorecards.

Kaplan e Norton implementaram scorecards em organizações onde a estratégia

já tinha sido bem articulada e aceita na organização (Kaplan e Norton, 1996). Eles

afirmam que a tradução da estratégia em medidas operacionais força a clareza e a

implementação da estratégia (Kaplan e Norton, 1996).

O BSC permite que a empresa alinhe seu processo de gerenciamento e foco de

toda a organização na implementação de sua estratégia de longo prazo, usando uma série

de medidas relacionadas financeiras e não financeiras (Kaplan e Norton, 1996). A

seleção de um número limitado de indicadores (cerca de quatro ou cinco) dentro de cada

perspectiva ajuda a focar sua visão estratégica (Kaplan e Norton 1993, pg. 134).

Empresas estão utilizando o BSC para clarificar e atualizar estratégias;

comunicar a estratégia em toda a organização; alinhar metas individuais e de unidades

com a estratégia; ligar objetivos estratégicos com metas de longo prazo e orçamentos

anuais; identificar e alinhar iniciativas estratégicas e conduzir revisões periódicas para

aprender sobre melhoria da estratégia (Kaplan e Norton, 1996).

No livro “The Strategy Focused Organization”, Kaplan e Norton (2001) alegam

enfaticamente que o BSC estimula a adoção de um “orçamento estratégico” que autoriza

as iniciativas necessárias para alcançarem o alvo do scorecard. Um orçamento

estratégico mostra como se está indo para além do negócio.

“o orçamento estratégico autoriza as iniciativas necessárias ao

fechamento das lacunas de planejamento entre o desempenho

extraordinário almejado e o desempenho alcançável por meio de

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melhorias contínuas e do prosseguimento dos negócios rotineiros. O

orçamento estratégico identifica as necessidades de desenvolvimento de

novas operações; de criação de novas capacidades; de lançamento de

novos produtos e serviços; de atendimento a novos clientes, mercados,

aplicações e regiões; e de formação de novas alianças e joint ventures”.

Kaplan e Norton (2001, pg.. 304)

O impacto do scorecard é reforçado quando é usado numa multiplicidade de

processos gerenciais: compensação; alinhamento de diversas unidades organizacionais

para uma estratégia comum; comunicação e educação; estabelecimento de objetivos

individuais; relacionamentos estratégicos, planejamento, alocação de recursos e

orçamento (Kaplan e Norton, 2001).

Kaplan e Norton (2001, pg. 233 a 235) constataram a necessidade de quatro

passos para o uso do BSC que identificam os resultados que a organização deseja

alcançar no longo prazo.:

Estabelecimento de metas de superação, ambiciosas.

Identificar e racionalizar as iniciativas estratégicas, priorizando

investimentos.

Identificar iniciativas críticas, analisando possibilidade de ganhos de sinergia.

Vincular a estratégia à alocação de recursos e aos orçamentos anuais.

A adoção desses processos separadamente e em combinação contribui para

relacionar os objetivos estratégicos de longo prazo com as ações de curto prazo (Kaplan

e Norton, 1996, pg.s 75 a 77). Esses mesmos autores afirmam que uma das motivações

iniciais para construção do BSC é a obtenção de foco via estabelecimento de prioridades

e consolidação e integração de programas de mudanças. Há empresas que fazem a

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integração dos seus sistemas de qualidade com o BSC (Solano, Ovalles, Roja, Pádua e

Morales, 2003)

Libby, Salterio e Webb (2004, pg. 1080) abordam que gestores podem falhar ao

acreditar nas medidas únicas do BSC no desenvolvimento de julgamento de avaliação

de performance devido à percepção de que medidas em comum entre divisões são de

mais alta qualidade do que medidas desenvolvidas dentro de uma única divisão. Uma

forma de melhorar a percepção de qualidade das medidas de desempenho incluídas no

BSC pode ser prover um relatório explicativo do resultado periódico das medidas.

Libby, Salterio e Webb (2004, pg. 1080) afirmam que numa organização há a

necessidade de relatórios auxiliares a implementação do BSC. Afirmam que a

implementação de medidas é complexa. Se gestores podem encontrar uma forma de

estimar o valor dos seus ativos intangíveis, eles podem medir e gerenciar sua posição

competitiva muito mais facilmente e de forma acurada (Kaplan e Norton, 2004, pg. 52).

2.3.5. Fatores críticos de sucesso e barreiras na

implementação do BSC

Kaplan e Norton (2001, pg.. 18) identificaram a existência de cinco princípios

comuns em empresas que obtiveram sucesso na implementação do Balanced Scorecard

e que, desta forma, foram consideradas “Organizações Orientadas para Estratégia”: São

eles:

Princípio nº. 1: traduzir a estratégia em termos operacionais

Através da construção do mapa estratégico, a organização cria um ponto de

referência comum e capaz de traduzir a estratégia para toda a organização.

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Princípio nº. 2: alinhar a organização à estratégia

A sinergia é a meta mais abrangente do projeto operacional (Kaplan e

Norton, 2001a, pg. 21). Além de alinhar as unidades estratégicas, as

organizações focadas em estratégias devem alinhar suas funções de staff e

unidades de serviços como recursos humanos, tecnologia da informação,

compras, ambiente e finanças.

Quando o processo é completo, todas as unidades de negócios (linha de

negócios e staff) têm suas estratégias bem definidas, que são articuladas e

medidas pelo BSC. Esse alinhamento/integração permite que as estratégias se

reforcem mutuamente assim que a organização tenha ganho de sinergia.

Princípio nº. 3: transformar a estratégia em tarefa de todos

Para implementação efetiva da estratégia é necessário que todos da

organização a conheçam. Este terceiro princípio requer que todos os

empregados entendam a estratégia e conduzam o negócio no seu dia a dia de

forma que contribua para o sucesso da estratégia.

A implementação da estratégia começa pela capacitação e envolvimento das

pessoas que devem executá-la (Kaplan e Norton, 1997, pg. 207). Para

conseguir a participação de todos os funcionários na formulação e

implementação da estratégia, a empresa deve compartilhar sua visão e

estratégia de longo prazo, de forma a engajar seus funcionários no futuro da

empresa, e comprometê-los com o alcance dos objetivos propostos. Um

Balanced Scorecard bem elaborado deve permitir que os funcionários de

níveis hierárquicos inferiores compreendam como suas ações individuais

estão contribuindo para a estratégia como um todo.

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O desenvolvimento do Balanced Scorecard deve começar com a formação de

uma equipe executiva comprometida. O alinhamento do restante da

organização é um processo complexo e demorado. Desta forma, as empresas

necessitam desenvolver mecanismos integrados para traduzir a estratégia em

objetivos e medidas que influenciem as prioridades das pessoas e das

equipes. Kaplan e Norton (1997, pg. 208) sugerem a utilização de três

mecanismos distintos:

1) Programas de comunicação e educação têm a meta de gerar

conscientização e influenciar o comportamento dos funcionários. Além da

comunicação interna aos funcionários, os programas de comunicação devem

também abranger o conselho de administração, uma vez que uma das

principais atribuições dos conselhos é supervisionar as estratégias da

corporação e das unidades de negócio.

2) Programas de estabelecimento de metas, considerando que o

comprometimento individual com a estratégia pode ser conseguido através da

tradução dos objetivos e medidas estratégicas de alto nível em ações

individuais que possam contribuir para o alcance das metas organizacionais.

3) Vinculação dos sistemas de compensação que, visando a mudança da

cultura organizacional e do nível de comprometimento dos funcionários

relacionem os sistemas formais de recompensa às medidas do Balanced

Scorecard. Apesar de interessante, essa relação apresenta alguns riscos

principalmente no que diz respeito à confiabilidade dos dados, às

conseqüências indesejáveis quanto ao modo como as metas são alcançadas, e

finalmente à correção dos indicadores escolhidos para o Balanced Scorecard.

Uma técnica que pode ser aplicada no BSC para suavizar esses riscos é o

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estabelecimento de limites mínimos aplicáveis a todas as medidas

estratégicas para os períodos subseqüentes.

Princípio nº. 4: converter a estratégia em processo contínuo

Kaplan e Norton (2001c, pg.152) relatam que muitas organizações constroem

seus processos de gestão apenas em torno de um plano orçamentário e um plano

operacional, sem que seus gestores discutam as estratégias do negócio.

Percebendo isso, introduziram na metodologia do BSC formas de integração do

gerenciamento tático (orçamentos financeiros e avaliações mensais) e o

gerenciamento estratégico como um único processo ininterrupto e contínuo em

três fases (ver figura abaixo)

Figura 3 - A solução: converter a estratégia em processo contínuo

Fonte: Kaplan e Norton, 2001, pg. 289

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1) Na primeira fase, deve-se relacionar a estratégia ao processo orçamentário

utilizando o BSC como base para avaliar investimentos potenciais e iniciativas.

Assim a empresa pode destinar recursos a desenvolvimento de novas

competências, alcançando novos clientes e mercados e realizando melhorias

radicais nos seus processos e competências existentes.

2) A segunda fase estabelece a estratégia como um processo continuo,

introduzindo encontros regulares entre gestores para a revisão da estratégia, com

apoio de sistemas de monitoração e feedback.

3) A terceira fase tem por foco o aprendizado e adaptação da estratégia. Nesta

fase, alguns autores como Brow e Root e Sears (apud Kaplan e Norton, 2001c)

realizam testes não formais das hipóteses definidas no BSC, utilizando

correlações estatísticas entre medidas e objetivos estratégicos. Outros, utilizam

os encontros entre gestores para pesquisar novas oportunidades estratégicas que

não foram consideradas no seu scorecard (apud Mintzberg 1987 e Hamel, 2000)

Princípio nº. 5: mobilizar a mudança por meio da liderança executiva

Os quatro princípios anteriores se referem à ferramenta em si – o Balanced

Scorecard. Porém, um fator importante e indispensável para a execução efetiva

da estratégia é o envolvimento ativo da equipe executiva. Para mobilizar a

organização, a equipe executiva precisa focar e requerer atenção contínua às

mudanças que devem ocorrer coordenadamente em todas as partes da

organização para que a estratégia seja implementada. O verdadeiro potencial do

Balanced Scorecard aparece quando ele deixa de ser encarado como um sistema

de mensuração de desempenho e passa a ser utilizado como um sistema para

impulsionar mudanças organizacionais, e se cristalizar como um sistema

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gerencial estratégico que institucionaliza novos valores estratégicos e novas

estruturas.

Considerando o BSC como um novo sistema de gestão estratégica, Kaplan e

Norton (1997, pg.. 200) identificaram quatro barreiras que impedem a

implementação eficaz:

Barreira Comentário

1 - Visões e estratégias

não executáveis.

Nesse caso, a empresa não consegue expressar em ações sua visão

de forma compreensível e factível. Diferentes grupos de

executivos seguem agendas diferentes, de acordo com suas

próprias interpretações, por falta de um consenso quanto ao que

significam a visão e a estratégia da empresa.

2 - Estratégias não

associadas às metas de

departamentos, equipes

e indivíduos.

Acontece quando as exigências de longo prazo da estratégia não

são traduzidas em valores (metas) para os departamentos, equipes

e indivíduos. O foco do desempenho dos indivíduos e equipes

integrantes dos departamentos continua ser o cumprimento do

orçamento financeiro e suas metas permanecem vinculadas à

consecução de metas departamentais táticas de curto prazo.

3 - Estratégias não

associadas à alocação de

recursos a longo e curto

prazos.

Ocorre quando os recursos não são alocados de acordo com os

programas de ação e prioridades estratégicas de longo prazo. Neste

caso, há um desalinhamento entre os processos de planejamento

estratégico e orçamentário.

... continua na próxima página

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47

Barreira Comentário

4 - Feedback tático, não

estratégico.

Quando não se sabe que variáveis devem ser controladas e não há

feedback sobre como a estratégia está sendo implementada.

Usualmente, as informações limitam-se ao desempenho

operacional de curto prazo, normalmente relacionado às medidas

financeiras, com a comparação entre os resultados reais e orçados,

mensais ou trimestrais.

Tabela 4 - Barreiras identificadas por Kaplan e Norton Fonte: Kaplan e Norton, 1997

Adicionalmente, gestores que pensam sobre o scorecard como um novo sistema

de medição que eventualmente reúne centenas e milhares de medidas e um

grande e caro sistema de informação. Esses gestores perdem a essência do

scorecard que é seu foco, sua simplicidade e sua visão (Kaplan e Norton 1993,

pg. 147).

Outras dificuldades foram identificadas por outros autores (ver tabela 5, a seguir):

Dificuldades Comentário

Falta de comprometimento da alta

administração

Quando o processo de implementação do BSC

é delegado ao nível hierárquico intermediário,

os gerentes seniors podem não estar

preparados para entender a estratégia e o

processo do BSC.

Falta ou falha de mapeamento de

processos críticos

Acarreta a demora do estabelecimento das

métricas da empresa.

Responsabilidade da implementação

do BSC delegada a consultores

externos

Pode levar a um alto risco de se produzir um

sistema sofisticado, mas que não prioriza as

reais necessidades da empresa.

...continua na próxima página

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48

Barreira Comentário

Produção de valores incompatíveis

com o uso de modelos (comparativos)

sem a devida

comparação/personalização

Kaplan e Norton (1997) apontam que

diferentes scorecards devem ser criados para

diferentes situações de mercado, segmento de

negócios, estratégias de produtos, etc.

Escolha de projetos em função de

métricas que não são claras (pela

baixa capacitação de empregados)

Pode comprometer as metas de longo prazo

Discussões inconsistentes, assim

como informação e comunicação

improdutiva

São os maiores empecilhos para a total

compreensão dos objetivos e da estratégia.

Falta de definição de uma estratégia

comum e sua transcrição para

objetivos claros

É importante incentivar a aliança dos

objetivos e medidas, associando o nível

individual às metas de longo prazo da

empresa.

Subutilização do BSC Considerar o BSC como um projeto para

desenvolver métricas, em vez de um projeto

de mudanças estratégicas que incluem cada

detalhe da empresa

Equipes de estratégia Evitar que a equipe seja constituída apenas

por um grupo de especialistas em suas

funções para não se correr o risco de

julgamentos desvirtuados da estratégia e dos

valores da empresa como um todo.

Tabela 5 - Diversas barreiras identificadas por Prieto, Pereira, Carvalho e Laurindo

Fonte: Prieto, Pereira, Carvalho e Laurindo (2006)

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49

Pode-se verificar que os aspectos críticos que interferem na metodologia do BSC

de Prieto, Pereira, Carvalho e Laurindo (2006) e Kaplan e Norton (1997) estão

relacionados. A falta de definição de uma estratégia comum e sua transcrição para

objetivos claros que Prieto, Pereira, Carvalho e Laurindo (2006) apontaram está

relacionada com as duas primeiras barreiras à implementação eficaz do BSC

identificadas por Kaplan e Norton (1997): visões e estratégias não executáveis (1) e

estratégias não associadas às metas de departamentos, equipes e indivíduos (2). Essas

barreiras estão relacionadas com a questão da necessidade da empresa ter uma estratégia

para ser uma candidata válida ao Balanced Scorecard.

Outro exemplo refere-se à questão da subutilização do BSC, apontada pelos

autores Prieto, Pereira, Carvalho e Laurindo (2006). Isso está relacionado às barreiras

identificadas por Kaplan e Norton (1997) referentes a estratégias não associadas à

alocação de recursos a longo e curto prazos e a feedback tático, não estratégico.

2.3.6. Processo de criação e implementação do BSC

Os principais participantes do processo inicial de construção do BSC são: a alta

administração, os gerentes e um arquiteto ou líder de projeto selecionado. A alta

administração deve estar totalmente engajada no processo de desenvolvimento do BSC,

uma vez que assumirá a propriedade final do scorecard e liderará os processos

gerenciais associados à sua utilização.

Definindo-se os objetivos e o papel futuro do BSC, a organização deve selecionar

o arquiteto ou líder de projeto. O arquiteto é responsável pela organização, filosofia e

metodologia do projeto e pelo desenvolvimento do scorecard, mantendo o processo no

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rumo certo e dentro do prazo. Orienta o processo de criação e de implementação do

BSC, supervisiona o cronograma de reuniões e entrevistas, garante à equipe do projeto a

disponibilidade de documentação, material de leitura e informações competitivas e de

mercado em geral analisa o relacionamento de uma unidade com outras unidades.

É essencial para aqueles que implementam o BSC entender a estratégia de sua

unidade de negócios e como as medidas do scorecard refletem a estratégia (Banker,

Chang, e Pizzini, 2004, pg. 22). Os avaliadores de desempenho devem entender as

ligações entre elementos diferentes da estratégia do negócio para identificar e confiar

nas medidas estrategicamente relacionadas quando avaliam a performance dos

indicadores (Banker, Chang, e Pizzini, 2004, pg. 22).

Faz parte do processo de implementação do BSC, criar um sistema de feedback

estratégico para testar, validar e modificar as hipóteses incorporadas à estratégia da

unidade de negócios (Kaplan e Norton, 2001, pg. 264).

Os executivos primeiro revisam a declaração de missão, o porquê da sua

existência, os valores fundamentais e no que acreditam (Kaplan e Norton, 2001, pg. 97).

Depois, desenvolvem sua visão estratégica, ou seja, o que a empresa quer se tornar. Esta

visão cria um quadro claro de todas as suas metas que pode se tornar atingível. A

estratégia identifica o caminho pretendido para alcançar os objetivos da organização.

Para a implementação e utilização do BSC é necessário não só alinhar os

recursos humanos à estratégia do negócio, mas também os recursos financeiros e físicos

(Kaplan e Norton, 2001, pg. 233)

Kaplan e Norton (2001, pg. 314 a 322) sugerem um processo de quatro etapas

para construção de um scorecard que incentivam o comprometimento com o scorecard

entre executivos e gerentes, e que envolvem a execução de dez tarefas com entrevistas,

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51

workshops executivos e reuniões de subgrupos, num prazo de aproximadamente 16

semanas:

Figura 4 - Um cronograma Típico para o Balanced Scorecard

Fonte:Kaplan e Norton, 2001, pg. 323.

Na primeira etapa, elabora-se a arquitetura do Programa de Medição, onde a alta

administração conjuntamente com uma equipe executiva de implantação do BSC,

definem a unidade organizacional em que será implementado o BSC e os temas

estratégicos contemplados no scorecard.

Na segunda etapa, definem-se os objetivos estratégicos, com sessões de

entrevista e workshops. As entrevistas cumprem objetivos explícitos e implícitos junto

aos executivos como o entendimento do conceito do Balanced Scorecard, a obtenção de

informações iniciais sobre a estratégia organizacional e sua representação em objetivos

estratégicos.

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52

O entendimento da estratégia pelos empregados é crítico para o sucesso do BSC

(Kaplan e Norton 200 apud Banker, Chang e Pizzini: 4). Os principais canais de

transmissão dos objetivos e medidas estratégicas do BSC aos funcionários da empresas,

newsletters, quadros de avisos, vídeos e e-mail (Kaplan e Norton, 2001, pg. 13), a

comunicação desses objetivos está diretamente relacionada ao sucesso da

implementação da estratégia.

Na terceira etapa, a equipe executiva fará a ligação dos objetivos com a estratégia

da organização e a definição dos indicadores. Assim, deverá ser identificados cerca de

quatro objetivos estratégicos para cada perspectiva, uma descrição detalhada para cada

objetivo e uma lista de indicadores potenciais para cada objetivo.

A quarta etapa é o momento de se desenvolver o plano de implementação do

BSC. O plano deve contemplar como os indicadores se relacionam aos bancos de dados

e sistemas de informações. Nesta etapa também são identificados os programas de ações

preliminares para o alcance de metas. Também se deve preparar um programa de

implementação com objetivo de comunicar o scorecard aos funcionários e desenvolver

um sistema de informações que sustente o scorecard.

Resumindo, as principais tarefas do processo de implementação de um BSC são

as seguintes:

Definição dos Temas Estratégicos

Definição dos Objetivos Estratégicos (Drivers e Outcomes)

Link com a Estratégia

Definição de Indicadores

Desdobramentos

Alocação de Responsáveis

Comunicação

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53

3. METODOLOGIA

Neste capítulo será feita a descrição da metodologia da pesquisa a ser utilizada,

com a justificativa de seu emprego e o levantamento de suas características.

Ao se discutir a escolha de uma metodologia de pesquisa, é fundamental ter em

mente o que se pretende pesquisar e o que se espera descobrir e aprender com a pesquisa

(Bogdan & Taylor, 1975 apud Vergara, 2003). O objetivo principal desta pesquisa é, a

partir do conhecimento adquirido pela aplicação da metodologia, avaliar o potencial de

aplicação do Balanced Scorecard em micro e pequenas empresas, apontando as barreiras

e os benefícios do processo de adequação da metodologia de implantação do BSC.

Ao tentar identificar as barreiras e os benefícios que a adequação do BSC pode

trazer para empresas de pequeno porte, onde há deficiência de recursos humanos e

financeiros, a pesquisa visa preencher uma lacuna para a melhora da administração de

pequenos negócios, de forma a reduzir suas chances de mortalidade.

Para a classificação da pesquisa, toma-se como base a taxionomia apresentada

por Vergara (2003). Quanto aos fins, a pesquisa será intervencionista, pois o pesquisador

não será um mero observador: terá participação in loco, junto ao problema

organizacional com objetivo de difundir o conhecimento adquirido e, conjuntamente

com os colaboradores, provocar mudanças na organização. Quanto aos meios, a pesquisa

será uma pesquisa-ação, descrita na seção 3.1.

A pesquisa-ação ajusta-se bem aos objetivos propostos no presente trabalho que

incluem, na pesquisa-ação, a formulação de diagnósticos e planos confiáveis de melhoria

organizacional. Levando em conta que as mudanças são coletivamente construídas, o

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54

processo de implantação dificilmente provoca manifestações de resistência, por parte

dos colaboradores (Thiollent, 1997).

3.1. PESQUISA-AÇÃO

McKernan (1991, apud Baker, 2000, pg. 369) argumenta que o filósofo

americano John Dewey foi o precursor da pesquisa-ação, na medida em que propôs

métodos indutivos científicos para solucionar problemas práticos em áreas como

educação, psicologia, filosofia, dentre outros.

O método de pesquisa-ação tem se destacado como um recurso metodológico

capaz de equilibrar o rigor que caracteriza os procedimentos típicos de uma investigação

acadêmica e o compromisso com a transformação da realidade. Este método está

fortemente associado à abordagem qualitativa, calcada na realização de exercícios em

que prevalecem os recursos da argumentação, da reflexão, e da compreensão orientados

para processos deliberados de intervenção frente a situações consideradas insatisfatórias.

Assim, presta-se a alterar as condições percebidas como passíveis de transformação

(Baker, 2000, pg. 366). Desta forma, o sujeito e o objeto da investigação assumem,

voluntariamente, posições ativas no processo investigatório.

A pesquisa-ação é uma abordagem intervencionista para aquisição de

conhecimento científico desenvolvida na era pós-positivismo (Baskerville e Harper,

1996).

Os pesquisadores que adotam o método de pesquisa-ação têm a oportunidade de

conhecer a realidade investigada por dentro, levando em conta não apenas o discurso

proferido pelos atores implicados, mas também suas ações e interpretações acerca do

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55

que é investigado (Morin, 2004). O uso combinado de diferentes fontes de dados e

informações, característico da abordagem qualitativa, tende a compensar a falta de

representatividade estatística pelo aprofundamento intensivo e contextualizado da

investigação que a abordagem permite (Demo, 2002 p.134).

De acordo com Máster (1995, apud Baker 2000, pg. 370/371), na pesquisa-ação,

o pesquisador ao expressar interesse pelas contribuições dos colaboradores, reconhece o

domínio que eles apresentam sobre os o que está sendo investigado. Alguns exemplos de

situações de reconhecimento: demonstração do respeito pelas interpretações, explicações

e análises elaboradas sobre a situação investigada; e declaração da intenção da

colaboração para processos de melhoria na organização. É inevitável que haja

reconhecimento da existência de expressiva convergência de objetivos. Isso contribui

para que pesquisadores e pesquisados construam as bases de uma relação de

complementaridade no processo investigatório. Assim, haverá co-responsabilidade tanto

na formulação do diagnóstico organizacional quanto na elaboração de planos de

intervenção.

Neste contexto, o pesquisador não é reduzido a um mero relator dos

acontecimentos. Ele interage com os participantes da pesquisa dentro do ambiente deles

(Chizzotti, 1991). A pesquisa realizada por meio da observação no dia a dia da

organização investigada ainda por entrevistas favorece o desenvolvimento de

julgamentos pertinentes dado a familiaridade com os acontecimentos diários e, ao

mesmo tempo, amplia a percepção sobre as idéias que sustentam as práticas de gestão.

Assim, os julgamentos formulados pelos pesquisadores, ainda que parciais,

derivam do acumulo do citado convívio diário.

Para Barbier (2002 p.70) é impossível conhecer o que efetivamente interessa se

os pesquisadores não estiverem dispostos a ser parte integrante do universo pesquisado,

em suas palavras: “sem que estejamos verdadeiramente envolvidos, pessoalmente pela

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56

experiência, na integralidade de nossa vida emocional, sensorial, imaginativa, racional.”

Assim sendo, o êxito do método – em grande parte – depende da composição daquilo

que esse mesmo autor intitula de “pesquisador-coletivo.” (Baker, 2002 p.103)

A pesquisa-ação é justificada porque nos estudos organizacionais, representa

uma possibilidade de conciliar o sujeito e o objeto da investigação (Thiollent, 1997). A

observação participante contribuirá para o levantamento de informações sobre o assunto

e fornecerá subsídios para uma melhor análise dos dados. Os dados serão coletados por

meio de: técnicas interativas diversas, tais como entrevistas não estruturadas, observação

participante, workshops, etc. Holanda e Riccio (2001, pg. 2) afirmam que a metodologia

de pesquisa-ação é adequada para a realização de estudos organizacionais,

principalmente quando o problema tem relação forte com o comportamento humano.

3.1.1. Abordagens da Pesquisa-Ação

Baker (2000, pg. 371 a 374) descreve três abordagens para a pesquisa-ação: a

positivista, a interpretativa e a abordagem crítica:

Na abordagem positivista, Kurt Lewin, foi um dos fundadores da pesquisa-ação.

Ele defendia a abordagem positivista por sua base no método científico das ciências

naturais. Assim, a pesquisa-ação seria uma nova ciência focada na solução de problemas

sociais práticos. Nessa abordagem, a natureza da colaboração entre pesquisadores e

participantes é técnica. O pesquisador identifica o problema e propõe uma intervenção

com a anuência dos participantes.

Na abordagem interpretativa, os membros da organização e o pesquisador

trabalham juntos na identificação de problemas, causas e possíveis soluções. Para

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McKernan (1991 apud Baker 2000), o objetivo dos pesquisadores de pesquisa-ação

interpretativa é entender, de forma contextualizada, as práticas adotadas na organização

e solucionar imediatamente problemas. Esse tipo de abordagem difere da abordagem

positivista porque se apóia no método qualitativo e é flexível (Master, 1995 apud Baker

2000). Para Baker (2000, pg. 372), quando os participantes da organização são

envolvidos numa abordagem colaborativa eles ganham um melhor entendimento de suas

práticas. Por conseguinte, as mudanças implementadas tenderão a ter um efeito mais

duradouro.

A inconveniência da abordagem interpretativa é que mudanças podem estar

conectadas a pessoas que tenham sido envolvidas no processo de melhoria da

organização. Assim, caso tais pessoas saiam da organização ou tenham um novo fluxo

de pessoas, as intervenções podem ter vida curta (Master, 1995 apud Baker 2000) devida

a possível perda das pessoas e dos processos por elas desenvolvidos.

Na abordagem crítica, Baker (2000) afirma que o objetivo preliminar é aumentar

o entendimento dos participantes dos problemas sociais e das teorias subjacentes usadas

para explicar e resolver os problemas. O desenvolvimento da pesquisa-ação com

abordagem crítica ocorre em três frases: teoria, clareza e ação (Habermas, 1973 apud

Baker 2000).

O plano de ação é derivado de uma intenção crítica, que motiva a ação e é

importante para o desenvolvimento da teoria que explica o problema e o meio de

melhorá-lo. A visão crítica auxilia a entender em que extensão a conjuntura social

impede melhoras de uma dada situação. A interação da pesquisa-ação crítica entre teoria

e prática provê a iniciativa para empreender melhoras.

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3.2 – DESCRIÇÃO DO MÉTODO

Apesar da pesquisa-ação possuir uma estrutura flexível, é possível identificar

quatro fases que compõem o estudo (Thiollent 1997; Susman & Evered, 1978):

FASE 1 – Exploratória - são identificados os atores e realizado o diagnóstico

para identificar os problemas, as capacidades de ação, e intervenção na

organização;

FASE 2 - Pesquisa Aprofundada - ocorre a coleta de dados de acordo com o

projeto de pesquisa;

FASE 3 - Ação - a partir dos resultados da fase anterior, é realizado o

planejamento da ação, através da discussão de objetivos alcançáveis por meio

de ações concretas;

FASE 4 - Avaliação - consiste da observação, redirecionamento das ações e

resgate do conhecimento adquirido durante o processo. Cabe salientar que

estas fases não são rígidas, principalmente as três últimas onde existe uma

simultaneidade de pesquisa e ação. Além disso, a questão da aprendizagem

não está presa a uma fase e, sim, difusa ao longo do processo de pesquisa. A

geração de conhecimento e o desenvolvimento de teorias acontecem em todas

as etapas, devido ao caráter dinâmico da pesquisa (Thiollent, 1997).

Já Blum (1955, apud Baskerville e Harper, 1996) explicou que a essência de

uma pesquisa-ação é um processo simples de dois estágios.

Primeiro, o estágio de diagnósticos que envolve uma análise colaborativa da

situação pelo pesquisador e os sujeitos da pesquisa. Hipóteses são formuladas sobre a

natureza da pesquisa. Segundo, o estágio terapêutico, experimentos de mudança

colaborativa. Nesse estágio, as mudanças são introduzidas e os efeitos são estudados..

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Entretanto, tendo em vista atingir o rigor científico, estruturas adicionais são

normalmente impostas à pesquisa-ação. A descrição mais notada (Susman e Evered

apud Baskerville e Harper, 1996)) detalha cinco fases, cujo processo cíclico pode ser

descrito como um exemplo ideal da formulação original da pesquisa ação descrita por

Lewin.

Na prática, cada método pode variar dependendo de sua aplicação. A citada

abordagem ideal requer o estabelecimento de uma infra-estrutura ou ambiente de

pesquisa. As cinco fases são: (1) Diagnóstico; (2) Planejamento da ação; (3) Ação; (4)

Avaliação, e (5) Aprendizagem:

(1) Diagnóstico – identifica os problemas enfrentados pela organização. Isso

envolve uma interpretação própria do problema organizacional complexo não através de

reduções e simplificações, mas através de sentimentos.

(2) Planejamento da ação - especifica ações organizacionais que deverão ser

revistas ou melhoradas. O plano estratégico estabelece a meta de mudança e a

abordagem para a mudança.

(3) Ação - esta fase implementa o plano da ação. Nessa fase há diversas

estratégias de intervenção podem ser adotadas (diretas, indiretas, intervenção tática, etc.)

(4) Avaliação - esta fase é importante para avaliar se os recursos teóricos da

pesquisa-ação foram compreendidos e se os problemas foram resolvidos, e

(5) Aprendizagem - esta fase é importante para avaliar o sucesso ou não sucesso

da pesquisa e tem três considerações: Primeiro, o que Argyris e Schõn (1978, apud

Baskerville e Harper, 1996) chama de aprendizado de loop duplo, a reestruturação das

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normas organizacionais para refletir o novo conhecimento ganho na empresa durante a

pesquisa. Segundo, onde a mudança não teve sucesso, o conhecimento adicional pode

prover bases para diagnósticos na preparação para outras pesquisas de investigação.

Terceiro, o sucesso ou falha da estrutura teórica poderá prover importantes

conhecimento para a comunidade científica para pesquisas futuras.

Hult e Lennung (1980, apud Baskerville e Harper, 1996) resumem o processo

cuja definição de pesquisa-ação como capaz de cobrir simultaneamente a solução de

problemas na prática e a expansão de conhecimento científico, assim como desenvolver

as competências dos atores envolvidos. É desenvolvida colaborativamente numa

situação imediata usando dados de feedback num processo cíclico, idealizando o

aumento do entendimento de uma situação, principalmente aplicável para o

entendimento de mudanças de processos em sistemas sociais e comprometidos em uma

estrutura ética.

Holanda e Riccio (2001, pg. 4) declaram que : “ A pesquisa-ação consiste de um

time de profissionais, e possivelmente teóricos, que planejam, agem, e avaliam

resultados das ações que foram executadas.

Thiollent (1996) enfatiza o seminário como técnica central para a condução de

todo o processo de pesquisa-ação. Em torno do seminário, conduzido pelos grupos e

supervisionado pelo grupo de coordenação, devem ser estimuladas as discussões de

tema, problema e as abordagens apropriadas de condução.

O êxito de pesquisas realizadas com este método, além de depender de domínio

técnico, teórico e metodológico, depende igualmente da capacidade de o pesquisador

conquistar a confiança de colaboradores e dos patrocinadores da pesquisa (Thiollent,

1997).

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3.3 PLANO DE ESTUDO

A presente pesquisa está centrada na questão de como aumentar as chances de

sobrevivência de um pequeno negócio concentrando-se na identificação das barreiras e

dos benefícios da implementação do BSC, quando ajustado ao micro e pequeno negócio.

A origem da pesquisa foi uma discussão sobre como aumentar as chances de

sobrevivência das MPE’s com um dos donos de uma pequena empresa varejista de

material de construção, denominada neste trabalho de “XYZ”. A discussão foi norteada

pelos objetivos da empresa e pela vontade expressada pelo proprietário de ter um

consultor observando o seu negócio de forma a encontrar soluções para os seus

problemas gerenciais. Naquele momento, foi identificado que a empresa XYZ vivia uma

crise de liderança, de acordo com a teoria de ciclo de vida das organizações, descrita na

seção 2.1.2.

Elaborou-se, então, uma proposta de pesquisa-ação, que foi explicada

detalhadamente para o sócio da XYZ. Com sua aprovação, deu-se, então, início a uma

pesquisa intervencionista, com o objetivo de auxiliar a empresa na solução dos seus

problemas. A abordagem adotada foi a interpretativa, ou seja, os participantes da

empresa e o pesquisador trabalharam juntos na identificação de problemas, causas e

possíveis soluções, se apoiando em métodos qualitativos, e de forma contextualizada.

O estudo foi estruturado de acordo com o método de pesquisa-ação descrito por

Thiollent (1997), apresentado na seção 3.1. Ele foi dividido em quatro fases: a fase

exploratória, a fase de pesquisa aprofundada, a fase da ação e a fase da avaliação.

A fase exploratória constituiu-se de diagnóstico interno e externo à Empresa,

onde foram levantadas informações sobre a XYZ e o seu mercado de atuação. Ainda

nesta fase, foram identificados os participantes da pesquisa e os problemas enfrentados

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pela organização. Para tanto, foram realizadas reuniões com os sócios da empresa, e,

posteriormente, com os seus empregados.

A partir daí, iniciou-se a coleta de dados e a implementação do Balanced

Scorecard. A implementação se apoiou no processo de quatro etapas descrito por Kaplan

e Norton mencionado na seção 2.3.6. Por ser tratar de uma empresa de pouca burocracia

e de pequeno porte, foi necessário ajustar o processo ao contexto de uma MPE,

conforme será descrito no próximo capítulo. A coleta de dados foi realizada na própria

empresa, contemplando dados disponíveis em registros, documentos, entrevistas não

estruturadas com sócios e empregados, e observação do dia a dia da XYZ. Nas

entrevistas não estruturadas foram abordados temas tais como: entendimento dos

problemas, questionamentos sobre causas e possíveis soluções dos problemas, planos de

ação, etc.

Durante o processo da pesquisa, houve o redirecionamento de ações e resgate do

conhecimento adquirido através de estudos, relatos e anotações. Isso se traduziu em

alertas de melhoras de processos efetuadas ao sócio como a questão da realização de

maiores controles do “contas a pagar e a receber”, bem como controle de falta de

produtos, etc.

A última fase consistiu da avaliação dos resultados da implementação da

ferramenta e de todo o processo de pesquisa-ação com a identificação das barreiras e

benefícios da implementação da ferramenta. As conclusões obtidas nessa fase são

apresentadas no capítulo 5.

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4. APLICAÇÃO DA PESQUISA-AÇÃO

Este capítulo foi dividido em quatro seções. Na seção 4.1, foi feita a descrição da

organização que foi objeto da pesquisa-ação, aqui denominada de “XYZ”. Ela também

inclui uma apresentação da missão da empresa, dos seus princípios e valores, estratégia,

bem como a visão de futuro dos seus sócios. Na seção 4.2 é descrito o processo de

pesquisa-ação implementado na empresa XYZ, dividido nas quatro fases propostas por

Thiollent (1997). Na seção 4.3, é apresentada a Metodologia de Priorização de Objetivos

Estratégicos para as MPE’s, proposta pela pesquisadora, bem como a sua aplicação na

XYZ. Na seção 4.4 são apresentados os principais resultados alcançados com a

implementação da pesquisa-ação na XYZ.

4.1. DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO – OBJETO DA PESQUISA:

A empresa XYZ é varejista de material de construção e limpeza, de capital

fechado, e foi fundada em dezembro de 1993 no município de Niterói/RJ. A XYZ desde

a sua constituição possui os mesmos dois sócios.

Na sua área de atuação é a maior empresa de material de construção dentre as

quatro empresas existentes. Seguindo o critério de classificação de empresa do Sebrae,

por número de empregados, é considerada uma microempresa e para fins de tributação

utiliza o SIMPLES.

A Empresa XYZ atende em média cerca de 700 clientes/mês e fatura

aproximadamente R$ 1 milhão/ano. Os principais clientes da empresa XYZ são pessoas

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físicas residentes em Niterói com perfil de baixa renda. Em menor escala atende pessoas

jurídicas dentre elas, colégios municipais, colégios estaduais e pequenas construtoras.

Suas vendas são realizadas através de uma loja de rua, localizada no bairro de

Santa Bárbara. Seus principais fornecedores são: Grupo Lafarge (cimento Mauá), Grupo

Votorantin (cimento Votoran), Companhia Providência (tubos provinil), Ramada

(atacadista), King Ouro (atacadista), Sato Látex (tintas), Tigre (hidráulica), etc.

No que se refere aos seus produtos, a empresa XYZ comercializa tanto produto

para acabamento como material bruto para construção. Dentre os materiais para

acabamento estão as tintas, vernizes, revestimentos, armários e acessórios de cozinha e

banheiro, granitos, louças e metais e diversos materiais para manutenção das instalações

internas e externas de edificações. Além do cimento, o material bruto é composto por

tijolo, areia, pedra, ferro, madeira, telha, etc. Seu produto mais comercializado é o

cimento Mauá, que representa cerca de 16% do seu faturamento bruto. Os demais

produtos vendidos estão distribuídos nas linhas de hidráulica (35%), elétrica (25%),

material bruto (25%) ferramentas (5%), jardinagem (3%), material de higiene e limpeza

e descartáveis (7%).

A loja da XYZ tem, aproximadamente, 150m2 com área para expansão de mais

60m2. Conta com um depósito na sua parte superior de 50m

2, onde estoca material de

venda para acabamento. Possui ainda um terreno alugado, localizado a 150 metros da

loja, para estoque do material de venda bruto, e onde guarda os veículos para o

transporte das mercadorias. Para as entregas do material vendido, conta com um

caminhão com capacidade de dez toneladas de carga. Para as entregas menores e mais

rápidas, utiliza uma caminhonete. Para o enchimento dos veículos com o material bruto

a XYZ usa uma pá mecânica , adquirida recentemente e que fica estacionada no referido

terreno, juntamente com os outros dois veículos.

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No que se refere aos seus processos, apesar da empresa ter adquirido software de

gestão financeira em 2003, ainda há várias lacunas. Muitos processos são feitos

manualmente, a exemplo do processo de entrega de mercadorias, controle de vendas

fiado, controle de faltas e reposição de mercadorias, etc.

Geralmente, os sócios da empresa XYZ se referem aos seus empregados pelo

próprio nome e/ou apelido. Seu quadro de funcionários é composto por dois gerentes,

três balconistas, um motorista e dois ajudantes de caminhão. Todos os funcionários

possuem mais de uma função. Na prática, os balconistas também são entregadores. Os

sócios assumem a posição de gerentes, balconistas e contínuos. Um deles, o sócio A, faz

toda a gestão financeira, incluindo também a realização das compras e entregas. Além de

servir como contínuo e balconista, também resolve diversos problemas que aparecem no

seu negócio. O outro sócio, o sócio B, auxilia nas vendas e realiza atividades de

contínuo. O quadro a seguir sintetiza as funções observadas na XYZ:

Funcionário Gerente Balconista Motorista Entregador Contínuo

Sócio 1 X X X X X

Sócio 2 X X X

Empregado 1 X X X X

Empregado 2 X X X

Empregado 3 X X X X

Empregado 4 X X

Empregado 5 X

Empregado 6 X

Tabela 6 - Tabela de funções exercidas pelos empregados da empresa XYZ

Na sua área de atuação existem mais três concorrentes, sendo que um deles

compete de igual para igual e os outros têm porte menor. Seu concorrente principal

embora ofereça produtos de preços mais baixos, não oferece um bom atendimento aos

seus clientes como o da empresa XYZ. Nas imediações do bairro de Santa Bárbara,

existem diversos negócios do mesmo ramo que atualmente está sendo motivo de

preocupação para a empresa XYZ devido uma possível migração de clientes.

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Atualmente está havendo uma prática de dumping em relação ao cimento, produto mais

vendido. Além disso, a concorrência está adotando prática de facilidade de pagamento

ao cliente que inviabiliza o negócio. Enquanto o fornecedor de cimento exige 12 dias de

prazo para pagamento do produto, aquele concorrente oferece a opção de pagamento em

seis vezes sem juros ao comprador de cimento, em sua loja.

O diferencial competitivo da empresa XYZ consiste no seu bom relacionamento

e atendimento com o cliente. Com freqüência, o atendimento é feito pelos donos do

negócio, e todos os empregados primam pelo atendimento, colocando o cliente sempre

em primeiro lugar. Segundo os próprios clientes, o atendimento das lojas concorrentes

deixam a desejar no que diz respeito à forma de abordagem, atenção, veracidade das

informações referente a qualidade dos produtos e indicação de bons serviços, postura

dos vendedores, e resolução de problemas.

O horário de funcionamento da loja da XYZ é de segunda à sexta-feira das 7:00h

as 18:00h, aos sábados das 7:00h as 16:00h e domingos das 8:00h as 13:00h. Durante os

365 dias do ano, a empresa só não funciona no dia 1º de janeiro (primeiro dia do ano) e

25 de dezembro (Natal). A partir de janeiro de 2007, os donos pretendem não abrir a loja

aos domingos.

4.1.1. DESCRIÇÃO DOS PARÂMETROS DA ESTRATÉGIA DA EMPRESA

XYZ

De acordo com as palavras do sócio A, a estratégia da empresa XYZ está calcada

no bom relacionamento com o cliente. A definição de estratégia da XYZ foi

decorrente de um trabalho de consultoria que a pesquisadora realizou

anteriormente junto a empresa.

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Visão de Futuro: Manter liderança de vendas na sua área de atuação e

criar uma filial num prazo de cinco anos. Ser comprometida com

excelente atendimento aos seus clientes e geração de valor aos

colaboradores, sócios e comunidade.

Missão: Ser a melhor opção em termos de material de construção em sua

área de atuação prestando um excelente serviço à comunidade.

Princípios e Valores:

1. ter ética: respeitar todos de uma forma geral, trabalhando com

honestidade e profissionalismo.

2. ter compromisso com o cliente: identificar e satisfazer as necessidades

presentes e futuras dos clientes, oferecendo produtos e serviços que

superem as expectativas, com alto padrão de atendimento, prometendo

responsavelmente o que estamos em condições de cumprir

3. ter responsabilidade social: contribuir para o desenvolvimento

consciente e sustentado da sociedade, favorecendo o pleno exercício da

cidadania e respeitando o meio ambiente.

4.2. PESQUISA-AÇÃO NA EMPRESA XYZ

Conforme descrito anteriormente, esta pesquisa foi desenvolvida em uma micro

empresa varejista de material de construção, situada em Niterói, no estado do Rio de

Janeiro. Esta micro empresa vem sofrendo impactos negativos em sua saúde financeira,

observados pela piora das margens de lucratividade e de rentabilidade devido,

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principalmente, a problemas de gestão financeira e operacional. Consequentemente, a

empresa está apresentando dificuldades para enfrentar os desafios do seu mercado de

atuação. Esses fatores, desfavoráveis à sua sobrevivência, demonstram a necessidade de

avaliar e monitorar alguns pontos importantes do seu negócio e da sua gestão.

Considerando este cenário, a aplicação da pesquisa intervencionista, proposta

neste trabalho, poderia ajudar a empresa a identificar os problemas que de fato afetam o

seu negócio e as suas possíveis soluções. Dessa forma, as ações implementadas pelos

gestores poderiam ter um efeito mais duradouro e eficaz. Conseqüentemente, os

objetivos de longo prazo têm mais chances de serem alcançados.

A fase inicial da pesquisa intervencionista contemplou uma entrevista não

estruturada, que foi realizada, no mês de maio de 2006, na própria empresa, e teve

duração de, aproximadamente três horas. A entrevista foi feita com apenas um dos

sócios, o sócio A e o que participou do estudo do início ao fim. O sócio B teve pouca

participação devido a sua pouca interferência na gestão do negócio.

Naquele primeiro contato, a pesquisadora identificou que a empresa possuía uma

estratégia razoavelmente definida. Conforme descrito na seção 4.1.1 deste trabalho, a

estratégia está calcada no bom atendimento ao cliente. Sua visão do negócio é manter a

liderança de vendas na sua área de atuação e criar uma filial. A missão da empresa é ser

a melhor opção em termos de material de construção em sua área de atuação. O sócio

comentou ainda sobre a importância da ética com seus empregados e fornecedores e do

comprometimento com os seus clientes.

Apesar de a estratégia estar razoavelmente definida pelo sócio A, a mesma não

está alinhada aos processos desenvolvidos na empresa. Para o desenvolvimento da

pesquisa, a pesquisadora assumiu que a descrição dos parâmetros da estratégia da XYZ

referidos na seção 4.1.1. do presente estudo são válidos e seguidos pela empresa.

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Com relação à situação da empresa, o sócio sinalizou que, de uma forma geral,

não estava boa. Demonstrou forte preocupação com problemas recorrentes de falta de

recursos financeiros para a realização dos pagamentos a fornecedores e contas diversas a

pagar (luz, telefone, salário do pessoal, manutenção dos carros, etc.). Também lamentou

não poder contar efetivamente com sua equipe para a gestão do negócio.

Após a sua explanação, a pesquisadora apresentou o Balanced Scorecard como

uma filosofia que poderia ajudá-lo a transformar a sua empresa. Foi comentado sobre a

importância de a empresa ter uma visão de longo prazo e de ter iniciativas conectadas a

objetivos de longo prazo. Após o mapeamento dos objetivos estratégicos, sua empresa

estaria mais orientada para o seu fortalecimento e crescimento. Um tanto incrédulo disse

à pesquisadora: “essa filosofia não pagaria minhas contas”.

A pesquisadora lhe forneceu informações preliminares a respeito do BSC e lhe

explicou as principais vantagens e desvantagens da ferramenta, como seria o seu

processo de implementação e os recursos que necessitaria para a aplicação da pesquisa

em sua empresa. O sócio continuou demonstrando preocupação com questões do seu dia

a dia e do curto prazo, e comentou, novamente, sobre os problemas com seus

recebimentos, pagamentos à fornecedores, etc.

A pesquisadora deixou claro para o sócio que, embora sem garantia de sucesso, a

implementação do BSC em sua empresa provavelmente a deixaria mais preparada para

enfrentar problemas internos do seu negócio e fatores exógenos. Como exemplo de

fatores exógenos foram citados: a recessão econômica no país, falta de crédito bancário,

problemas com a fiscalização, etc.

Além disso, foi enfatizado que a própria pesquisadora arcaria com as custas da

elaboração do planejamento e execução do estudo, e apenas necessitaria, para o

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desenvolvimento da pesquisa, do comprometimento do sócio e de sua equipe. Após as

referidas explanações, o sócio solicitou a pesquisadora um prazo de uma semana para

responder se aceitaria ou não dar continuidade ao desenvolvimento do projeto.

Ao final da entrevista não estruturada, a percepção da pesquisadora foi de que o

sócio estava muito envolvido com o seu dia a dia, sem visão do longo prazo, sem

definição de controles internos, ou seja, perdido com relação à gestão e ao rumo do seu

negócio. Assim, a implementação de um BSC, ajustado ao contexto da XYZ,

possivelmente, poderia auxiliá-lo a melhorar a situação de sua empresa.

Com a resposta positiva do sócio no prazo combinado, foi iniciado o estudo em

campo.

Conforme descrito na seção 3.3, a metodologia de pesquisa-ação escolhida para o

desenvolvimento do estudo foi a descrita por Thiollent (1997). Assim, o trabalho de

implantação da pesquisa foi divido em 4 fases, descritas a seguir:

4.2.1. Primeira Fase da Pesquisa-ação: Fase Exploratória

Na primeira fase da pesquisa-ação, o objetivo é identificar os atores e realizar o

diagnóstico para visualizar, de forma mais clara, os problemas, as capacidades de ação, e

a intervenção na organização.

Para o desenvolvimento desta fase foram feitas duas entrevistas não estruturadas

com o sócio A da XYZ. A primeira delas foi realizada no início de junho de 2006 e teve

duração de, aproximadamente, duas horas. Logo no início da entrevista foi abordada,

novamente, a situação de dificuldades que a empresa estava vivendo e a descrição dos

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participantes da pesquisa. A partir das informações (nome, idade, cargo, atividades,

tempo de empresa, salário, escolaridade, etc.) passadas pelo sócio A, a pesquisadora

elaborou o quadro descritivo das funções exercidas pelos empregados (tabela 7).

Diversas Funções Exercidas

Funcionário Escolaridade Função Geren-

te

Balco-

nista

Moto-

Rista

Entrega-

Dor

Contínuo

Sócio 1 3º Grau

incompleto

Gerente X X x X X

Sócio 2 1º Grau

incompleto

Gerente X X X

Empregado

1

2º Grau

incompleto

Balconista X X X X

Empregado

2

2º Grau

incompleto

Ajudante

de caminhão

X X X

Empregado

3

2º Grau

incompleto

Balconista X X X X

Empregado

4

2º Grau

incompleto

Motorista X X

Empregado

5

2º Grau

incompleto

Ajudante

de

caminhão

X

Empregado

6

2º Grau

incompleto

Ajudante

de

caminhão

X

Tabela 7 - Quadro Descritivo das Funções Exercidas pelos Empregados

Na tabela 7, pode-se observar que a maioria dos empregados exerce mais de uma

função. De acordo com pesquisadores da área de gestão, isso é uma característica

presente nos pequenos negócios devido ao porte e a limitação de recursos. Na empresa

em estudo, o sócio reconheceu que, dependendo de sua necessidade, é possível ter que

deslocar um balconista, que tem um salário superior aos dos demais empregados, para

fazer serviços de pagamentos de títulos em bancos, realização de cobranças, etc.

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Também pode pedir para esse mesmo balconista que realize entregas à clientes, como

ajudante de caminhão. Um dos balconistas tem carteira de habilitação para dirigir.

Então, costumeiramente, lhe é solicitado para dirigir um dos carros para a realização das

entregas. O outro balconista, além de atender os clientes, também realiza a função de

“gerente”. A designação da função de “gerente” ao balconista foi feita com base no seu

tempo de casa e na confiança em que inspira aos sócios. Entretanto, é sabido pelo sócio

que o “gerente” não desempenha suas atividades com eficiência. Mas, mesmo assim é

mantido na função pela dificuldade da empresa em contratar uma pessoa de confiança

que tenha competência para exercer a função de gerente. Como aquele balconista

também acumula a função de gerente, possui uma remuneração maior que a dos demais,

o que não acontece com os demais empregados.

Além de identificar os participantes, a pesquisadora procurou se aprofundar um

pouco mais nas questões internas do negócio, perguntando ao sócio sobre os temas

críticos ou polêmicos com que lida em sua empresa. Nas suas palavras : “ a loja tem

muita falta de dinheiro, a situação bancária está ruim, os pagamentos de juros estão

elevados, temos muitas faturas em atraso, o processo de entrega está ruim ... ah são

tantos problemas...” Disse ainda que está gastando muito com a manutenção dos carros

de entrega. Afirmou que nos últimos tempos, a despesa com manutenção dos carros foi o

seu principal item de saída de dinheiro.

A pesquisadora o questionou sobre as principais barreiras para definição de

objetivos ousados ou de longo prazo para sua empresa. O sócio respondeu que o que

está lhe faltando é tempo, dinheiro, e poder contar, de fato, com o seu pessoal.

Demonstrou, inclusive, ainda não saber se poderia contar de verdade com os

empregados: “pois não sei se os caras levam a sério trabalhar em equipe. Noto, as vezes,

que a preocupação deles é o horário e o dinheirinho no bolso”.

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O sócio foi indagado pela pesquisadora sobre os planos para solução dos

problemas de curto prazo da empresa. Respondeu dizendo que ia tentar diminuir o

cheque especial para pagar menos juros bancários. Também abordou que acabaria a obra

que estava em andamento, visando focar seu negócio “mais no material para acabamento

e miudezas, que dá mais lucro e menos dor de cabeça”. Além disso, iria esperar o

resultado desta pesquisa para redividir as tarefas entre os empregados.

Sobre os funcionários, informou que a maioria mora nos arredores da loja,

exceto, os ajudantes de entrega e um dos balconistas, que moram em outro bairro. Foi

identificado que a maioria dos empregados está na loja, praticamente, desde que foi

aberta, há 13 anos atrás. A idade média deles é de 30 anos. Com relação a seu

comportamento, o sócio os descreveu como “calmos”, não havendo problemas de

relacionamento.

A remuneração dos funcionários é quinzenal, e o salário é composto por duas

partes: uma com o salário básico da sua respectiva classe e a outra de acordo com a

função exercida. Quando os funcionários precisam de adiantamento lhes são oferecidos

“vale” para desconto na remuneração da quinzena. Segundo o sócio, os funcionários

nunca ganharam premiações e/ou recompensas, devido à complexidade de medir o

desempenho individual de cada funcionário.

4.2.1.1 Análise da Primeira Fase da Pesquisa-Ação

De acordo com as informações obtidas na primeira fase da pesquisa-ação, ficou

evidente para a pesquisadora que os problemas apontados pelo sócio como causadores

da perda de lucratividade da empresa não são os fatores que vêm, essencialmente,

causando os maus resultados da empresa. Por exemplo, a queixa de falta de dinheiro,

pode estar sendo fruto de uma série de fatores associados a uma gestão financeira

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inadequada que inclui a falta de controles internos efetivos, precificação inadequada dos

produtos vendidos, falta de controle do “contas a receber”, etc. Também é possível que

a falta de dinheiro comentada pelo sócio seja decorrente de gestão inadequada de caixa,

que gera problemas de descasamento entre o prazo de pagamento a fornecedores, o

prazo de recebimento de clientes, e o prazo médio da mercadoria estocada.

A falta de recursos também pode estar associada à falta de planejamento do

negócio que, por sua vez, é dificultado pela falta de pessoal capacitado, de um sistema

contábil e de controles eficientes.

De acordo com o depoimento de pesquisadores da área de gestão contactados

pela própria pesquisadora, a falta de sistema contábil no negócio é um problema comum

a várias empresas de pequeno porte no país. Também é comum os microempresários

brasileiros confundirem o que é causa essencial com o que é conseqüência quando

lidam com seus problemas. Além disso, geralmente eles se focam nas questões de curto

prazo do seu negócio, dedicando-se, principalmente, às adversidades enfrentadas no dia

a dia e, consequentemente, deixando de refletir sobre questões de longo prazo e

estratégicas de negócio.

Considerando as características gerais descritas acima, o desenvolvimento de um

instrumento de diagnóstico de problemas abrangente, relacionado à abordagem do

Balanced Scorecard de Kaplan e Norton (1997), poderia facilitar a identificação das

reais causas essenciais dos problemas existentes, não só da empresa pesquisada, mas de

outras micros empresas brasileiras. Consequentemente, com as informações providas por

tal instrumento, os gestores das empresas de pequeno porte poderiam visualizar com

mais clareza possíveis planos de ação para alcançar metas e os objetivos estratégicos do

negócio, de forma eficiente e eficaz. Assim e objetivando também o esclarecimento da

situação vivenciada pela XYZ, a pesquisadora desenvolveu o instrumento para

diagnósticos de problemas, conforme descrito a seguir.

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4.2.1.2 Diagnóstico de Problemas em MPE’s

O passo inicial para a construção do instrumento para diagnóstico de problemas

foi a identificação dos problemas comuns enfrentados pelas MPE’s. Para isso, a

pesquisadora recorreu a outros pesquisadores, ao Sebrae e à literatura relevante na área

de Administração de Empresas. Tais informações serviram de base para a criação de um

mapa de relações de causa e efeito entre problemas genéricos das MPE’s. Este mapa de

problemas, por sua vez, serviu de base para a criação do mapa estratégico genérico para

as MPE’s , de acordo com os conceitos do BSC. Ambos os mapas foram validados com

pesquisadores da área de gestão. Após tal validação, a pesquisadora realizou a adaptação

do mapa de problemas e BSC genéricos à empresa XYZ.

Do relatório de pesquisa “Fatores Condicionantes e Taxas de Mortalidade de

Empresas no Brasil”, produzido em agosto de 2004, pelo Sebrae (Tabela 5, pg. 15), a

pesquisadora extraiu as causas das dificuldades e razões para o fechamento das MPE’s.

Oliveira (2001) discutiu várias doenças empresariais e seus respectivos sintomas. A

partir destes insumos e da reflexão junto a pesquisadores e profissionais especialistas de

empresas, a pesquisadora pode listar, de forma ajustada ao contexto das MPE’s, os

possíveis problemas causadores das dificuldades encontradas por empresas de pequeno

porte.

De acordo com os pesquisadores consultados, no contexto de micro e pequena

empresa, mais importante que analisar os sintomas de doenças econômicas no que diz

respeito a retorno sobre capital investido ou medida de lucro, é avaliar o seu fluxo de

caixa (entradas menos saídas de caixa). Através do fluxo de caixa, o gestor consegue

acompanhar mais facilmente sua saúde financeira. Isso significa dizer que, quando o

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caixa está negativo, independente de haver ou não controles eficientes, por si só,

demonstra que deve-se analisar com atenção a situação do negócio.

Está comprovado que muitas empresas morrem por conta do chamado “efeito

tesoura” que ocorre quando a necessidade de capital de giro é maior que a geração de

caixa do negócio e a empresa se endivida para se financiar, o que acaba inviabilizando o

seu negócio (Marques e Braga, 1995). O “efeito tesoura”, geralmente, ocorre devido,

principalmente: ao crescimento real das vendas a prazo, em percentuais muito elevados,

sem correspondente obtenção de prazo de fornecedores; a imobilizações com recursos

onerosos de curto prazo; a prejuízos de forma geral; a distribuição excessiva de lucros; à

dependência sistemática de empréstimos de curto prazo, com pagamento de altas taxas

de juros; e ao ciclo financeiro crescente.

O passo seguinte para o desenvolvimento do instrumento de diagnósticos foi a

construção da tabela com os problemas mais comuns de empresas de pequeno porte. Os

problemas pesquisados foram alocados nas quatro perspectivas do negócio descritas por

Kaplan e Norton (2001), comentadas, anteriormente, na seção 2.3.3.1.

Perspectiva Problemas

Perspectiva Financeira

Despesas financeiras elevadas

Alta necessidade de capital de giro

Problemas de fluxo de caixa

Carga tributária elevada

Inadimplência elevada

Perspectiva

do Cliente

Problemas de retenção dos clientes

Insatisfação de clientes

Oferta de crédito ruim para o cliente

Maus pagadores

... continua na próxima página

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Perspectiva Problemas

Perspectiva dos Processos Internos

Processo de atendimento ao cliente inadequado

Preços inadequados para os produtos vendidos

Utilização inadequada de recursos disponíveis

(retrabalhos, falta de produtos de marcas conhecidas)

Falta de controle interno (compra, venda,

estoque, despesas, etc.)

Instalações Inadequadas

Perspectiva do

Aprendizado &

Crescimento

Problemas de comportamento do pessoal (alto

nível de rejeição às mudanças, alto nível de

atrito, baixo nível de coesão, desmotivação)

Falta de planejamento

Falta de mão de obra qualificada

Falta de conhecimentos gerenciais

Falta de sistema contábil

Tabela 8 - Problemas comuns em empresas de porte pequeno

De uma forma geral, pode-se assumir que a sobrevivência de um pequeno

negócio depende de sua saúde financeira que, por sua vez, depende da capacidade dos

gestores entenderem e atenderem as necessidades dos clientes e as demandas do

mercado, assim como ter processos internos bem definidos, controles eficazes,

planejamento e pessoas capacitadas.

Uma das vantagens de se ter uma ferramenta como o BSC é o fato dos gestores

poderem visualizar com mais facilidade os objetivos estratégicos de longo prazo do

negócio, de forma coerente e relacionada (Kaplan e Norton, 1996, pg.s. 75 a 77). Dessa

forma, é possível que o gestor tenha maior possibilidade de identificar as iniciativas que

podem levar a empresa a alcançar o seu objetivo principal (ter saúde financeira, no caso

das MPE’s) e acompanhá-las através da evolução de indicadores de desempenho,

estabelecidos para cada objetivo estratégico. Ou seja, o gestor pode ter um instrumento

que lhe permite estabelecer prioridades e programar mudanças, com avaliação de

desempenho e acompanhamento de indicadores.

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Após construir a tabela de problemas, a pesquisadora iniciou a construção do

mapa dos problemas, com o objetivo de visualizar com clareza as relações de causa e

efeito entre eles, nas quatro perspectivas. Para a construção desse mapa, os problemas

foram analisados e interligados nas quatro perspectivas do BSC.

Ficou claro ao longo da construção do mapa de problemas que, para uma MPE

evitar problemas que afetam sua saúde financeira, existem pelo menos três fatores

críticos do sucesso que devem ser concretizados. São eles: ter planejamento, ter

controles internos e ter uma proposição de valor ao cliente definida e clara. Além disso,

o problema de falta de controles internos da perspectiva Processos Internos parece ser

um dos problemas mais críticos para a empresa, porque interfere na solução da maior

parte dos problemas situados nas perspectivas de processos internos, de clientes e

financeira.

Após o mapeamento inicial, a pesquisadora procurou especialistas da área de

gestão para a validação do mapa e das relações de causa e efeito definidas entre os

problemas enfrentados pelas MPE’s. Depois de diversos ajustes, a pesquisadora

conseguiu relacionar cerca de 19 problemas comuns à MPE (Anexo 1).

Na última etapa do desenvolvimento do instrumento de diagnóstico, a

pesquisadora, em conjunto com especialistas, identificou, a partir do mapa de problemas,

os principais objetivos estratégicos a serem alcançados pela MPE, visando aumentar as

suas chances de sobrevivência do negócio. Cada um dos problemas identificados

anteriormente foi analisado como potencial fator crítico de sucesso ou barreira para o

alcance de um possível objetivo estratégico, derivado dos trabalhos de Kaplan e Norton

(1993; 2001) e da literatura sobre MPE’s. Nessa análise, respeitaram-se as relações de

causa e efeito entre problemas ao se identificar as conexões entre objetivos, assim como

a sua alocação nas quatro perspectivas do BSC. O resultado desse processo é descrito a

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seguir, e apresentado, graficamente no Anexo 2. Os objetivos estratégicos definidos

estão listados na tabela 9.

O objetivo estratégico foi gerado a partir da análise do problema, considerando a

resolução do mesmo. Exemplo: problemas de retenção de clientes poderão ser

solucionados a partir de planos de ação para o alcance de o objetivo estratégico

satisfazer clientes e reter clientes. Problemas de controles internos podem ser resolvidos

a partir da execução de planos de ação visando o alcance do objetivo estratégico

melhorar qualidade dos processos essenciais, etc. A nomeação de cada objetivo é

descrita por uma letra seguido de um número (ex.: F1,C1,P1,etc). A letra representa a

perspectiva do BSC, se for Financeira, a letra é o F. Se o objetivo estratégico faz parte

da perspectiva de Clientes, a letra representativa é o C, Se o objetivo estratégico for da

perspectiva Processos Internos, a letra é o P e, finalmente, se o objetivo estratégico e for

da perspectiva de Aprendizado e Crescimento, a letra será utilizado AC. O número que

acompanha a(s) letra(s) representa o título do objetivo estratégico. Segue abaixo, os

objetivos estratégicos definidos nas quatro perspectivas do BSC:

Objetivos da Perspectiva Financeira

F1: Ter fluxo de caixa positivo, suficiente para gerar valor para os proprietários do

negócio e gerar saúde financeira para o negócio, é o principal alvo das MPE’s. A adoção

deste objetivo foi motivada pelo intuito de corrigir o maior problema dos pequenos

negócios: fluxo de caixa negativo e capital de giro insuficiente. A pesquisadora

identificou mais três objetivos secundários para a geração de fluxo de caixa positivo:

aumentar a receita (F2), reduzir inadimplência (F3), e reduzir custos (F4):

F2: Aumentar Receita. É o vetor básico da estratégia de uma MPE, e é geralmente o

resultado do aumento das vendas provenientes dos clientes existentes ou de novos

clientes.

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F3: Reduzir Inadimplência. Geralmente as MPE’s têm problemas de inadimplência

elevada, devido à existência de maus pagadores e de oferta de crédito ruim para o

cliente. A atuação da MPE no processo de gestão de clientes e fornecedores

encaminhará a organização no sentido de ampliar seu relacionamento com bancos e

financeiras e de aumentar sua oferta de formas de pagamentos ao cliente. Essas ações

permitirão a empresa conhecer melhor o cliente e ofertar formas de pagamentos mais

adequadas ao perfil de compras do cliente. Isso ajudará não só no aumento da receita,

mas, principalmente, na redução do índice de inadimplência. Para tanto, convém que a

empresa atue também na melhoria do seu processo de cobrança.

F4: Reduzir Custos e Despesas. A baixa qualidade dos processos essenciais resulta em

custos e despesas elevadas devido a desperdícios e falhas de processos de vendas, de

compras, de estocagem e de entregas. A implementação de planos de ação para

solucionar tais problemas aumentaria as chances da empresa gerar um fluxo de caixa

positivo. Os fatores críticos de sucesso para o alcance deste objetivo são ter um

planejamento definido e um sistema contábil adequado ao negócio, assim como ter seus

processos essenciais melhorados.

Objetivos da Perspectiva do Cliente

C1: Satisfazer Clientes. Clientes satisfeitos podem impulsionar o aumento das vendas, o

que, consequentemente, pode contribuir para a geração de receita. A satisfação do

cliente está diretamente relacionada à definição da proposição de valor ao cliente e as

ações da empresa na direção da proposição escolhida. Geralmente, os clientes de uma

MPE varejista se sentem insatisfeitos quando o tempo de atendimento e o preço dos

produtos são inadequados, quando não há disponibilidade de determinado produto,

quando a empresa não oferece uma forma de pagamento adequada ao seu perfil de

crédito, etc.

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C2: Reter Clientes. Os clientes geralmente tendem a se manter fiéis quando estão

satisfeitos. A satisfação do cliente resultaria, então, em compras repetidas e assim,

aumenta as chances de maior geração de receita e de fluxo de caixa positivo para o

negócio.

C3: Atrair Novos Clientes. Com a proposição de valor adequadamente definida e

implantada, a empresa tende a atrair novos clientes. Além disso, os clientes satisfeitos

podem indicar outros novos clientes. Com a base de clientes maior, aumentam as

chances de realização de novas vendas, e, por conseguinte, aumento de geração de

receita e de se obter um fluxo de caixa positivo.

Objetivos da Perspectiva dos Processos Internos

As MPE’s, de uma forma geral, apresentam deficiência em seus controles internos,

geralmente, ocorre por falta de um sistema contábil adequado e eficiente. Um fator que

influencia negativamente a capacidade de controle interno é a falta de planejamento e a

falta de pessoas capacitadas para realizar o acompanhamento dos processos essenciais.

Assim, nesta perspectiva, foram definidos três grandes objetivos estratégicos:

P1: Antecipar-se às necessidades dos clientes. Este objetivo tem por foco os processos

de inteligência competitiva, como os de obtenção e análise de informações de mercado,

e os clientes atuais e potenciais.

P2: Melhorar processo de gestão de clientes e de fornecedores. Este objetivo visa

melhorar processos relacionados ao atendimento do cliente e processos de compras de

produtos/serviços.

P3: Melhorar qualidade dos processos essenciais (processo de venda, processo de

compra, processo de estocagem e processo de entrega dos produtos ao cliente).

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Objetivos da Perspectiva do Aprendizado & Crescimento

Para a empresa conseguir ter saúde financeira, dentre outros fatores, é necessário que a

empresa alcance todos os objetivos estratégicos relacionados às perspectivas financeiras,

de clientes, de processos internos, e, sobretudo os da perspectiva de aprendizado e

crescimento, que são a base para o alcance dos objetivos das demais perspectivas. Estes

últimos objetivos sustentam a cadeia de valor proposta por Kaplan e Norton (1997),

adaptada pela pesquisadora na perspectiva de processos.

A pesquisadora identificou três objetivos estratégicos para a perspectiva de aprendizado

& crescimento:

AC1 - Ter pessoal capacitado. Isso dependerá da disponibilidade da empresa para treinar

seu pessoal ou para contratação de pessoal com o perfil adequado à atividade desejada.

AC2: Ter pessoal motivado. Relaciona-se diretamente às atividades desenvolvidas de

acordo com o perfil do empregado e com o sistema de avaliação e recompensas proposto

pela empresa.

AC3: Ter instalações adequadas. O termo “instalações” inclui máquinas, equipamentos,

hardware e software, e um local de trabalho adequado às demandas do negócio.

Os objetivos estratégicos e suas relações de causa e efeito foram validados por

pesquisadores da área de gestão e alguns donos de estabelecimentos de pequeno porte. A

partir desta validação, a pesquisadora elaborou um quadro de indicadores de

desempenho para acompanhamento dos objetivos estratégicos (ver Anexo 3). Tais

indicadores devem ser modificados de acordo com as particularidades de cada empresa:

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Objetivos Estratégicos

Perspectiva

Financeira

Gerar Fluxo de Caixa Positivo

Aumentar Receita

Reduzir inadimplência

Reduzir custos e despesas

Perspectiva

do Cliente

Satisfazer Clientes

Reter clientes

Atrair novos clientes

Perspectiva

dos Processos

Internos

Antecipar-se às necessidades dos clientes

Melhorar processo de gestão de clientes e fornecedores

Melhorar Qualidade dos processos essenciais (Venda; Compra; Estocagem; Entrega ao Cliente)

Perspectiva do

Aprendizado &

Crescimento

Ter Pessoal capacitado

Ter pessoal motivado

Ter instalações adequadas

Tabela 9 - Objetivos estratégicos de uma MPE

4.2.2. Segunda Fase da Pesquisa-Ação: Fase da Pesquisa

Aprofundada

Na segunda fase da pesquisa-ação, o objetivo foi a realização da pesquisa

aprofundada. Nesta fase, continuou a ocorrer a coleta de dados para a pesquisa,

principalmente através de entrevistas não estruturadas e observações.

Para o desenvolvimento desta fase, após construir o mapa estratégico genérico de

uma MPE, a pesquisadora consultou os sócios da XYZ, visando obter a opinião do seu

principal gestor sobre o instrumento de diagnóstico desenvolvido e sua aplicabilidade ao

contexto da empresa. Naquele contato, munida do mapa dos problemas enfrentados

pelas MPE’s e do mapa estratégico genérico, aplicou entrevistas não estruturadas nos

dois sócios da XYZ, separadamente, para que a pesquisadora também conhecesse as

expectativas do segundo sócio no que se refere aos aspectos financeiros e o futuro do

negócio, e observasse se existia um alinhamento de idéias entre eles. A entrevista com o

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sócio A teve duração de aproximadamente, duas horas. Já com o segundo sócio, o

tempo médio da entrevista foi de cerca de 45 minutos.

A entrevista com o sócio B foi difícil pelo fato dele não apresentar objetividade

com relação às perspectivas do negócio e demonstrar estar confuso em relação aos

assuntos profissionais e pessoais. Ele demonstrou muito desconforto em relação à

situação de sua empresa e apresentou idéias divergentes das do seu sócio. Por exemplo,

havia uma discrepância de opinião em relação à expansão do negócio que o sócio A

vislumbrava. Em sua entrevista, ele afirmou que: “quanto maior a nau pior o tormento”.

Com relação ao processo de gestão inadequado, disse não ter participado do mesmo e

demonstrou grande preocupação com relação ao rumo do negócio.

Na entrevista com o sócio A, a pesquisadora explanou sobre as relações de causa

e efeito entre os problemas mapeados e identificação dos fatores críticos do sucesso da

XYZ. Ele apresentou plena concordância com o mapeamento realizado e, embora

tivesse uma boa idéia dos reflexos dos problemas existentes no seu negócio, considerou

que tal mapa representava com muita clareza os problemas de sua empresa, permitindo-

lhe ter algumas idéias de possíveis ações para solucioná-los.

Em seguida, a pesquisadora lhe apresentou o mapa estratégico genérico das

MPE’s. Sua reação foi um pouco diferente: teve mais dificuldade de entendê-lo e

discordou de um dos objetivos estratégicos da perspectiva aprendizado & crescimento, o

objetivo “ter instalações adequadas”. Segundo ele, tal objetivo deveria ser ajustado para

algo como “ter infra-estrutura de logística adequada”. Ele alegou que no caso de sua

empresa, teria necessidade de ter um objetivo para realização de melhorias nos seus

veículos de entregas. Na realidade, a preocupação do sócio diz respeito a um dos

possíveis aspectos contemplados pelo objetivo estratégico mais amplo criado pela

pesquisadora. Contudo, essa observação denota a necessidade de adaptação do

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instrumento criado, mesmo que seja apenas para torná-lo mais próximo da realidade e

capacidade de entendimento dos gestores de uma dada MPE.

Outra observação importante feita pelo sócio A foi a questão da inadimplência

elevada. Comentou que o fato de ter maior relacionamento com financeiras e bancos

poderia custar caro e não resolveria o seu problema de inadimplência. Comentou ainda

que o seu real problema com inadimplência não seria o fato de não ter ofertas de meios

de pagamentos para o cliente, pois a empresa trabalha com todos os tipos de cartão de

crédito, duas financeiras e aceita cheque pré-datado. Seu problema é o fato do seu

comércio ser de bairro, o que gera uma elevada proximidade com o cliente. Assim, boa

parte de suas vendas é feita na modalidade de pagamento “fiado”, ou seja, o cliente

compra a mercadoria, leva para casa e realiza o pagamento numa data posterior,

acordada com a empresa. Isso é feito sem garantia alguma para a empresa de que irá

realmente receber o pagamento.

Ao longo da análise do mapa de problemas, o sócio A verificou que o maior

problema da XYZ é a falta de controles internos. Ele comentou que, por falta de

organização própria, não teve o treinamento adequado do sistema que utiliza atualmente

para o controle das vendas e das entradas e saídas de mercadorias. Além disso, achou

que não tinha uma pessoa adequada para delegar as ações de controle.

Diante desta situação, a pesquisadora indagou ao entrevistado sobre os demais

controles do negócio. Ele respondeu que a empresa possui uma limitação de recursos

(quantidade insuficiente de mão-de-obra e de veículos) para efetuar as entregas. Além

disso, o fato de o processo de carregamento dos veículos ser manual e de não poder

contar com um profissional de logística (para indicar a melhor forma de organizar os

produtos nos veículos), faz com que um tempo valioso seja desperdiçado no momento

das entregas. Esta falta de agilidade leva a empresa a perder vendas, já que algumas

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vezes não consegue oferecer um prazo de entrega compatível com as necessidades dos

clientes.

No que se refere ao controle de mercadoria de entrega, é o mesmo funcionário

quem faz o carregamento do caminhão e a conferência dos pedidos para entrega. Assim,

devido ao fato da empresa não possuir uma área específica para o despacho com

controle de entrada e saída de mercadoria, a empresa está sujeita a fraudes e a erros no

processo de entrega dos pedidos.

Adicionalmente, a empresa não utiliza nenhum recurso para informar qual é a

melhor rota para a entrega. Logo, esta decisão depende do conhecimento e do bom senso

do gerente e do motorista. A empresa também não é capaz de controlar se o motorista

está seguindo a rota combinada e se ele está comprometido com a otimização do tempo

de entrega.

A empresa ainda não desenvolveu um processo de pós-venda. Assim, não há um

processo específico para o tratamento das mercadorias devolvidas. Ao mesmo tempo,

durante o processo de venda e entrega dos produtos não são levantadas informações a

respeito do grau de satisfação dos clientes com o serviço prestado.

Hoje a empresa não está estruturada para coletar informações a respeito do

processo de pós-venda. Também não possui um processo para coletar, armazenar e

analisar informações sobre o mercado em que atua. Dessa forma, ela conhece apenas de

maneira bastante informal as práticas adotadas pelos seus concorrentes diretos (que são

as lojas de material de construção mais próximas) e não sabe qual é a sua participação

no mercado da região, por exemplo. Além disso, a empresa não possui informações a

respeito dos seus clientes. Isto faz com que ela não seja capaz de identificar aqueles que

são mais rentáveis ou que adotam um determinado padrão de compra.

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Foi constatado pela pesquisadora que a empresa pesquisada possui um sistema

contábil em que é feito todo o lançamento dos produtos vendidos, mas que o mesmo

não contempla o controle das compras e do estoque das mercadorias. O controle do

“contas a pagar” é feito em planilhas Microsoft Excel, em paralelo ao sistema de venda.

Não há um controle do “contas a receber” (incluindo as vendas sem garantia de

pagamento, os “Fiados”). A gestão do caixa da empresa é feita de acordo com o que se

tem a pagar e a receber, sem um acompanhamento das previsões de entradas e saídas de

caixa. Com relação ao estoque, o controle é feito apenas para o material pesado que é

mantido em terreno alugado. Com relação às outras mercadorias (material de

acabamento, dentre outras) que ficam estocadas na loja, não é feito um controle

rigoroso. Faz se apenas um controle manual das mercadorias que estão em falta e que os

clientes demandam. No que se refere às entregas de mercadorias vendidas aos clientes,

estas são controladas manualmente, por organização de sete pastas nomeadas pelo dia

da semana.

Com relação aos indicadores de desempenho apresentados pela pesquisadora, o

sócio afirmou ter dificuldades em acompanhá-los, dado que o sistema não está sendo

operado adequadamente e pela dificuldade de controle dos seus itens. Comentou que

separar seu faturamento em segmentos seria difícil, mas não impossível, e que aceitaria

um plano para acompanhamento dos indicadores.

4.2.3. Terceira e Quarta Fases: Ação e Avaliação

Na terceira fase da pesquisa-ação, a partir dos resultados da fase anterior, foi

realizado o planejamento da ação, através da discussão de objetivos alcançáveis por

meio de planos de ação. A quarta fase refere-se à avaliação da pesquisa. Esta fase

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88

consiste da observação, redirecionamento das ações e resgate do conhecimento

adquirido durante o processo da pesquisa.

Considerando a falta de recursos na empresa e a conseqüente necessidade da

mesma de selecionar um subconjunto de objetivos estratégicos propostos como alvo de

suas ações, a pesquisadora visando adaptar a implantação do BSC para a MPE, propôs a

elaboração de uma metodologia de priorização dos objetivos estratégicos contidos no

mapa estratégico (BSC) genérico descrito na seção anterior.

A metodologia tem por fim identificar os objetivos estratégicos mais prioritários,

contidos no mapa estratégico de uma empresa de pequeno porte, de acordo com sua

influencia a sobrevivência do negócio. A seleção considera os seguintes aspectos: a

contribuição do objetivo para a saúde financeira da empresa, e a facilidade de

implementação dos planos de ação associados a ele, que visam corrigir problemas e

eliminar barreiras para a sua consecução. O desenvolvimento desta metodologia é uma

importante adaptação do processo tradicional de implantação do BSC, tendo em vista

que as MPE’s, geralmente, têm como característica marcante a carência de recursos

financeiros e não financeiros.

4.3. METODOLOGIA DE PRIORIZAÇÃO DE OBJETIVOS ESTRATÉGICOS

PARA AS MPE’S

A metodologia para priorização de objetivos estratégicos para as MPE’s foi

elaborada tomando por base, a metodologia para seleção de sistemas ERP (Enterprise

Resource Planning), de Souza e Saccol (2003). O objetivo da metodologia adaptada é

identificar a seqüência de objetivos estratégicos ligados por relações de causa e efeito

que tenha prioridade de ação para que a empresa aja na direção correta de melhorar sua

saúde financeira de forma mais eficiente e eficaz possível. Para minimizar a

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89

subjetividade da seleção dos objetivos estratégicos, todos os julgamentos recebem um

valor numérico, que varia dentro de determinada faixa, obedecendo a seguinte lógica:

quanto maior for o número, maior será a expressividade do objetivo estratégico na

avaliação dos gestores da empresa. No presente estudo, propôs-se a adoção da seguinte

escala: 1: baixo; 2: médio, e 3: alto.

De acordo com Souza e Saccol (2003), pelo fato da metodologia sugerida ser

simples, deve ser adaptada para cada caso específico. Por isso, os critérios de avaliação e

todos os valores e pesos atribuídos devem traduzir a opinião e a necessidade da empresa

específica que os utiliza.

Procedimentos Iniciais

Os procedimentos iniciais são importantes para identificar quem vai avaliar e o

que deve ser avaliado.

a) Designação dos responsáveis: Para Henh Souza e Saccol (1999, apud Souza e

Saccol, 2003) é conveniente que a alta direção designe o grupo de responsáveis ou pelo

menos um responsável que responda pelo interesse de toda a organização. De acordo

com aqueles autores, o fato de deixar de lado as atividades do dia a dia para analisar, por

exemplo, um sistema computacional, oferecendo espaço para participantes da empresa

se manifestar, é uma atitude insensata e improdutiva. O ideal seria então que

participassem pessoas que conhecessem bem a empresa e tivessem visão do negócio.

Além disso, seria indispensável o apoio da alta administração na condução da

implementação do projeto. No caso de uma MPE é plausível que apenas o(s) dono (s)

faça (m) tal avaliação ou uma pessoa designada por ele (s).

b) Construção do mapa estratégico: antes de iniciar a avaliação dos objetivos

estratégicos a serem priorizados, a empresa deve ter em mãos o seu mapa estratégico que

pode ser uma adaptação do mapa genérico proposto na seção 4.2.1.2.- Diagnóstico de

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90

Problemas em MPE’s da presente pesquisa. O responsável pelo trabalho deve determinar

um grau de importância para cada objetivo estratégico. Admitiu-se que os objetivos

estratégicos da perspectiva aprendizado & crescimento sejam expurgados da análise,

pois são objetivos básicos para o alcance de todos os demais objetivos. Assim, tais

objetivos devem ser perseguidos desde o primeiro momento da implantação do BSC.

Adicionalmente, também devem ter sido definidos os planos de ação associados a cada

objetivo estratégico. Tais planos são fundamentais para que se possa medir o grau de

importância e dificuldade de consecução do objetivo estratégico.

c) Determinação dos indicadores de desempenho - a implementação do BSC em

uma empresa deve possibilitar o acompanhamento contínuo dos seus objetivos

estratégicos. Portanto, ganhos de desempenho devem ser passíveis de mensuração para

que a empresa possa avaliar a qualidade de seu planejamento, ações, processos, etc.

Souza e Saccol (2003), recomendam que se estabeleça um conjunto de indicadores de

desempenho que represente o modelo implementado. No caso de implementação do

BSC, utilizar-se-á os indicadores de desempenho de cada objetivo estratégico, propostos

nesta pesquisa.

d) Determinação do grau de priorização de seqüência de objetivos estratégicos - a

determinação do grau de priorização dos objetivos estratégicos deve ser feita apenas

pelo responsável do processo designado, seguindo seis passos:

Próximos Passos

O gestor da MPE, após realização dos procedimentos iniciais consegue priorizar

seus objetivos estratégicos em 6 passos, realizando os seguintes procedimentos:

1) Atribuição de nota aos objetivos estratégicos (nota A), considerando apenas a

urgência da implementação de cada objetivo estratégico, ou seja, o quanto é importante

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91

para a empresa alcançar aquele objetivo num curto período de tempo, conforme escala

apresentada anteriormente.

2) Atribuição de nota a cada plano de ação (nota B). Deve-se atribuir nota a cada

plano de ação, de forma similar ao que é definido na tabela 10, e calcular a média dos

planos de ação associados a cada objetivo estratégico e dividi-la pela quantidade de

planos de ação.

Na determinação do grau de importância de cada plano de ação, devem-se

considerar os seguintes fatores:

A. Impacto na saúde financeira, ou seja, o quanto a priorização daquele plano de

ação contribui para aumentar a saúde financeira do negócio.

B. Facilidade de implementação de plano de ação, ou seja, determina-se na fase

inicial da implantação do BSC o grau de facilidade da implantação dos

planos de ação (se necessita de poucos recursos e não requer pessoas

capacitadas e recursos financeiros) ou se é difícil (necessita de recursos

financeiros e pessoas capacitadas)

Facilidade de implementação dos

planos de ação

Difícil= 1 Médio=2 Fácil=3

Impacto

Alto= 3 3 6 9

Médio= 2 2 4 6

Baixo = 1 1 2 3

Tabela 10 - Determinação do grau de importância dos planos de ação

Fonte: Adaptado Moraes Filho e Weigerg (2002, apud Souza e Saccol, 2003)

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92

3) Cálculo do grau de importância do objetivo estratégico. Obtido a partir do

somatório da nota A e da nota B de cada objetivo estratégico;

4) Mapeamento das seqüências de objetivos estratégicos ligados por relação de

causa e efeito que levam ao principal objetivo estratégico da perspectiva financeira. Ou

seja, o responsável deve tabular as seqüências de objetivos estratégicos que estejam

interligados no mapa estratégico da empresa, e que terminem com o principal objetivo.

5) Cálculo de nota de cada seqüência de objetivos estratégicos ligados por

relação de causa e efeito. A nota é obtida pelo somatório das notas atribuídas aos

objetivos estratégicos de acordo com a seqüência mapeada anteriormente, dividida pelo

número de objetivos naquela seqüência.

6) Análise das notas das seqüências de objetivos estratégicos. A seqüência de

objetivos que tiver a maior nota, deverá a ser a que a empresa deverá priorizar.

Abaixo, seque um exemplo simplificado para priorização de objetivos

estratégicos, utilizando a metodologia proposta pela pesquisadora. A nomeação de cada

objetivo estratégico está descrita na seção 4.2.1.1.

Procedimentos Iniciais:

Responsável: Fulano de Tal

Mapa Estratégico da empresa X

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93

Figura 5 - Exemplo Fictício de Mapa Estratégico

Primeiro Passo: Atribuição de nota aos objetivos estratégicos (nota A),

Perspectiva Objetivos Estratégicos Nota A

Financeira

Objetivo F1

3

Do Cliente Objetivo C1 2

Objetivo C2 3

Objetivo C3 1

Objetivo C4 2

dos Processos

Internos

Objetivo P1 2

Objetivo P2 1

Tabela 11 - Exemplo de Notas Ponderadas aos Objetivos estratégicos

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94

Segundo Passo: Atribuição de nota a cada plano de ação (nota B). Deve-se

atribuir nota a cada plano de ação, de forma similar ao que foi definido na tabela 10, e

calcular a média dos planos de ação associados a cada objetivo estratégico e dividí-la

pela quantidade de planos de ação. A divisão da nota B pela quantidade de planos de

ação se faz necessária para que se pondere o objetivo estratégico pelo número de planos

de ação. Supõe-se que seja mais fácil cumprir um objetivo estratégico que tenha menos

quantidade de planos de ação do que outro que tenha uma quantidade maior de planos

de ação.

Perspectiva Plano de Ação Nota

B

Média Nota

C

Financeira F1A

F1B F1C

3

3 6

4 1,33

De Clientes C1A

C1B

C1C

3

6

9

6 2,00

C2A

C2B

6

3

4,5 2,25

C3A

C3B

C3C

9

6

3

6 2,00

C4A

C4B

3

6

4,5 2,25

Dos

Processos

Internos

P1A

P1B

3

6

4,5 2,25

P2A

P2B

9

6

7,5 3,75

Tabela 12 - Exemplo de notas atribuídas aos planos de ação

Terceiro Passo: Cálculo do grau de importância do objetivo estratégico (Nota

D), obtido a partir do somatório da nota A e da nota C de cada objetivo estratégico;

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95

OBJETIVO

ESTRATÉGICO

Nota PLANO

DE

AÇÃO

Nota Nota Nota

A B C D

F1 3 F1A 3 1,33 4,33

F1B 3

F1C 6

C1 2 C1A 3 2,00 4,00

C1B 6

C1C 9

C2 3 C2A 6 2,25 5,25

C2B 3

C3 1 C3A 9 2,00 3,00

C3B 6

C3C 3

C4 2 C4A 3 2,25 4,25

C4B 6

P1 2 P1A 3 2,25 4,25

P1B 6

P2 1 P2A 9 3,75 4,75

P2B 6

Tabela 13 - Exemplo de cálculo de grau de importância do objetivo estratégico

Quarto Passo: Mapeamento das seqüências de objetivos estratégicos ligados por

relação de causa e efeito que levam ao principal objetivo estratégico da perspectiva

financeira. Ou seja, o responsável deve tabular as seqüências de objetivos estratégicos

que estejam interligados no mapa estratégico da empresa, e que terminem com o

principal objetivo.

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Seqüência Objetivos Estratégicos

1 Objetivo P1

Objetivo C1

Objetivo C2

Objetivo F1

2 Objetivo P2

Objetivo C3

Objetivo C4

Objetivo F1

Tabela 14 - Exemplo de Seqüência de objetivos estratégicos

Quinto Passo: Cálculo de nota de cada seqüência de objetivos estratégicos

ligados por relação de causa e efeito (Nota E). A nota E é obtida pelo somatório das

notas atribuídas aos objetivos estratégicos (Nota D), de acordo com a seqüência

mapeada anteriormente, dividida pelo número de objetivos daquela seqüência.

Seqüência Objetivos Estratégicos Nota

D

Nota

E

1 Objetivo P1

Objetivo C1

Objetivo C2

Objetivo F1

4,25

4,00

5,25

4,33

4,46

2 Objetivo P2

Objetivo C3

Objetivo C4

Objetivo F1

4,75

3,00

4,25

4,33

4,08

Tabela 15 - Exemplo de cálculo da nota de cada seqüência de objetivo estratégico

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97

Sexto Passo: Análise das notas das seqüências de objetivos estratégicos.

Seqüência de maior média = Seqüência 1

No exemplo citado, a seqüência a ser escolhida é a primeira, pois tem a maior

média, ou seja, de acordo com os recursos existentes na empresa é a seqüência que tem

maior impacto na saúde financeira do negócio e maior facilidade de implementação.

Após definida a seqüência de objetivos estratégicos, prioritária, deve-se realizar a

implementação das ações e acompanhá-las através do monitoramento dos indicadores de

desempenho determinado para cada objetivo estratégico (Anexo 3).

4.3.1. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE PRIORIZAÇÃO DE

SEQÜÊNCIA DE OBJETIVOS ESTRATÉGICO NA EMPRESA XYZ

A aplicação do método sugerido na empresa em estudo foi feito pela

pesquisadora, conjuntamente com o sócio A.

Após definido o mapa estratégico da empresa XYZ e validado com a mesma, a

pesquisadora realizou uma nova entrevista (não estruturada) com o sócio A, que teve

duração de aproximadamente 2 horas, objetivando entender como poderia auxiliar a

empresa a atingir seus objetivos, considerando a carência de recursos e a necessidade de

mudanças para resolver seu problema de saúde financeira.

Como material de apoio, a pesquisadora utilizou tabelas em branco a fim de

preencher conjuntamente com o sócio, os planos de ação que ele teria em mente para o

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98

cumprimento dos objetivos estratégicos. A realização de todos os planos de ação

propostos pelo sócio A é condição fundamental para a concretização dos objetivos

estratégicos mapeados.

Seguem os planos de ação preenchidos pelo sócio:

Perspectiva Financeira

Objetivo Estratégico (F1) : Ter Fluxo de Caixa Positivo

Planos de Ação:

F1A - Monitorar entradas e saídas de caixa

Objetivo Estratégico (F2): Aumentar Receita

Planos de Ação:

F2A – Aumentar linha de produtos

F2B – Criar recompensas ao grupo de empregados

Objetivo Estratégico (F3): Reduzir Custos e Despesas

Planos de Ação:

F3A - Criar controle de previsão de custos e despesas

F3B – Adequação do pessoal para redução de horas extras

F3C – Reduzir retrabalhos (nº de viagens de caminhão, compras

desnecessárias)

Objetivo Estratégico (F4): Reduzir Inadimplência

Planos de Ação:

F4A – Efetivar a cobrança

F4B - Criar limite de crédito para os clientes que compram fiado

Tabela 16 - Planos de Ação dos Objetivos Estratégicos da Perspectiva Financeira da

empresa XYZ

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Perspectiva do Cliente

Objetivo Estratégico (C1): Satisfazer Clientes

Planos de Ação:

C1A - Oferecer descontos

C1B – Implantar cartão de vantagens

Objetivo Estratégico (C2): Reter clientes

Planos de Ação:

C2A - Implantar serviço de pós-venda

C2B – Garantir excelência nos serviços de atendimento

Objetivo Estratégico (C3): Atrair novos clientes

Planos de Ação:

C3A - Realizar propaganda no Bairro

C3B - Oferecer produtos casados com descontos

C3C - Aumentar nº de produtos de acabamento

C3D – Realizar Promoções de produtos

Tabela 17 - Planos de Ação dos Objetivos Estratégicos da Perspectiva dos Clientes da

empresa XYZ

Perspectiva dos Processos Internos

Objetivo Estratégico (P1): Antecipar-se às necessidades dos clientes

Planos de Ação:

P1A - Acompanhar faltas de produtos de interesse ao cliente

P1B - Realizar previsão de vendas

P1C – Monitorar tendências do mercado

... continua na próxima página

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Perspectiva dos Processos Internos

Objetivo Estratégico (P2) : Melhorar processo de gestão de clientes e

fornecedores

Planos de Ação:

P2A - Buscar melhor preço de produtos (e-procurement)

P2B - Realizar previsão de compras

P2C – Criar Parcerias com fornecedores

Objetivo Estratégico (P3): Melhorar Qualidade dos processos essenciais

(Venda; Compra; Estocagem; Entrega ao Cliente)

Planos de Ação:

P3A - Controlar estoque (faltas e disponibilizar determinados produtos)

P3B - Controlar entregas

P3C – Implantar feedback dos clientes

Tabela 18 - Planos de Ação dos Objetivos Estratégicos da Perspectiva dos Processos

Internos da empresa XYZ

A partir da definição dos planos de ação, foi dado o início a implementação da

metodologia proposta pela pesquisadora para priorização dos objetivos estratégicos,

seguindo os seis passos, anteriormente, propostos:

Primeiro Passo: Atribuição de nota aos objetivos estratégicos (nota A).

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101

Objetivos Estratégicos Nota

A

Perspectiva

Financeira

F1 Ter Fluxo de Caixa Positivo 3

F2 Aumentar Receita 3

F3 Reduzir Custos e Despesas 3

F4 Reduzir Inadimplência 2

Perspectiva

do Cliente

C1 Satisfazer Clientes 3

C2 Reter clientes 3

C3 Atrair novos clientes 2

Perspectiva

dos

Processos

Internos

P1 Antecipar-se às necessidades dos

clientes

2

P2 Melhorar processo de gestão de

clientes e fornecedores

2

P3 Melhorar Qualidade dos

processos essenciais (Venda;

Compra; Estocagem; Entrega ao

Cliente)

3

Tabela 19 - Notas Atribuídas aos Objetivos estratégicos da empresa XYZ

Segundo Passo: Atribuição de nota a cada plano de ação (nota B). Deve-se

atribuir nota a cada plano de ação, de forma similar ao que foi definido na tabela 10, e

calcular a média dos planos de ação associados a cada objetivo estratégico e dividi-la

pela quantidade de planos de ação. A divisão da nota B pela quantidade de planos de

ação se faz necessária para que se pondere o objetivo estratégico pelo número de planos

de ação. Supõe-se que seja mais fácil cumprir um objetivo estratégico que tenha menos

quantidade de planos de ação do que outro que tenha uma quantidade maior de planos

de ação.

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Perspectiva OBJETIVO

ESTRATÉGICO

Nota PLANO

DE

AÇÃO

Nota Média Nota

A B C

Perspectiva Financeira

F1 3 F1A 3 3,00 3,00

F2 3 F2A 4 5,00 2,25

F2B 6

F3 3 F3A 3 3,00 1,00

F3B 3

F3C 3

F4 2 F4A 6 6,00 3,00

F4B 6

Perspectiva

de Clientes

C1 3 C1A 6 6,00 3,00

C1B 6

C2 3 C2A 2 2,25 1,13

C2B 3

C3 2 C3A 6 4,75 1,19

C3B 3

C3C 4

C3D 6

Perspectiva

dos

Processos

Internos

P1 2 P1A 3 3,00 1,00

P1B 3

P1C 3

P2 2 P2A 6 4,33 1,44

P2B 3

P2C 4

P3 3 P3A 4 3,00 1,00

P3B 3

P3C 2

Tabela 20 - Notas Ponderadas dos Planos de Ação da Empresa XYZ

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103

Terceiro Passo: Cálculo do grau de importância dos objetivos estratégicos (Nota

D). O grau de importância foi obtido a partir do somatório da nota A e da nota C de

cada objetivo estratégico;

Perspectiva OBJETIVO

ESTRATÉGICO

Nota

A

PLANO

DE

AÇÃO

Nota

C

Nota

D

Financeira F1 3 F1A 3,00 6,00

F2 3 F2A 2,25 5,25

F2B

F3 3 F3A 1,00 4,00

F3B

F3C

F4 2 F4A 3,0 5,00

F4B

De Clientes C1 3 C1A 3,0 6,00

C1B

C2 3 C2A 1,13 4,13

C2B

C3 2 C3A 1,19 3,19

C3B

C3C

C3D

Dos

Processos

Internos

P1 2 P1A 1,0 3,0

P1B

P1C

P2 2 P2A 1,44 3,44

P2B

P2C

P3 3 P3A 1,00 4,00

P3B

P3C

Tabela 21 - Grau de importância dos objetivos estratégicos da empresa XYZ

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104

Quarto Passo: Mapeamento das seqüências de objetivos estratégicos ligados por

relação de causa e efeito que levam ao principal objetivo estratégico da perspectiva

financeira.

Seqüência Objetivos Estratégicos

1 P3

C1

C2

F2

F1

Melhorar qualidade dos processos essenciais

Satisfazer Clientela

Reter Clientes

Aumentar Receita

Gerar Fluxo de Caixa

2 P2

C1

C2

F2

F1

Melhorar processo de gestão de clientes e fornecedores

Satisfazer Clientela

Reter Cliente

Aumentar Receita

Gerar Fluxo de Caixa

3 P1

C1

C2

F2

F1

Antecipar-se as necessidades dos clientes

Satisfazer Clientela

Reter Cliente

Aumentar Receita

Gerar Fluxo de Caixa

4 P2

C1

C3

F2

F1

Melhorar processo de gestão de clientes e fornecedores

Satisfazer Clientela

Atrair novos clientes

Aumentar Receita

Gerar Fluxo de Caixa

... continua na próxima página

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105

Seqüência Objetivos Estratégicos

5 P1

C1

C3

F2

F1

Antecipar-se as necessidades dos clientes

Satisfazer Clientela

Atrais novos Clientes

Aumentar Receita

Gerar Fluxo de Caixa

6 P2

F3

F1

Melhorar processo de gestão de clientes e fornecedores

Reduzir Custos e Despesas

Gerar Fluxo de Caixa

7 P2

F4

F1

Melhorar processo de gestão de clientes e fornecedores

Reduzir Inadimplência

Gerar Fluxo de Caixa

Tabela 22 - Seqüências de Objetivos estratégicos da Empresa XYZ

Quinto Passo: Cálculo de nota de cada seqüência de objetivos estratégicos

ligados por relação de causa e efeito (Nota E). A nota E é obtida pelo somatório das

notas atribuídas aos objetivos estratégicos (Nota D), de acordo com a seqüência

mapeada anteriormente, dividida pelo número de objetivos daquela seqüência.

Seqüência Objetivos Estratégicos Nota D Soma

Nota E

1 P3 Melhorar qualidade dos processos essenciais 4,00 25,38 5,07

C1 Satisfazer Clientela 6,00

C2 Reter Clientes 4,13

F2 Aumentar Receita 5,25

F1 Gerar Fluxo de Caixa 6,00

... continua na próxima página

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106

Seqüência Objetivos Estratégicos Nota D Soma

Nota E

2 P2 Melhorar processo de gestão de clientes e

fornecedores

3,44 24,82 4,96

C1 Satisfazer Clientela 6,00

C2 Reter Cliente 4,13

F2 Aumentar Receita 5,25

F1 Gerar Fluxo de Caixa 6,00

3 P1 Antecipar-se as necessidades dos clientes 3,00 24,38 4,88

C1 Satisfazer Clientela 6,00

C2 Reter Cliente 4,13

F2 Aumentar Receita 5,25

F1 Gerar Fluxo de Caixa 6,00

4 P2 Melhorar processo de gestão de clientes e

fornecedores

3,44 23,88 4,77

C1 Satisfazer Clientela 6,00

C3 Atrair novos clientes 3,19

F2 Aumentar Receita 5,25

F1 Gerar Fluxo de Caixa 6,00

5 P1 Antecipar-se as necessidades dos clientes 3,00 23,44 4,68

C1 Satisfazer Clientela 6,00

C3 Atrais novos Clientes 3,19

F2 Aumentar Receita 5,25

F1 Gerar Fluxo de Caixa 6,00

6 P2 Melhorar qualidade dos processos essenciais 3,44 13,44 4,48

F3 Reduzir Custos e Despesas 4,00

F1 Gerar Fluxo de Caixa 6,00

7 P2 Melhorar qualidade dos processos essenciais 3,44 14,44 4,81

F4 Reduzir Inadimplência 5,00

F1 Gerar Fluxo de Caixa 6,00

Tabela 23 - Notas das seqüências de objetivos estratégicos da Empresa XYZ

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107

Sexto Passo: Análise das notas das seqüências de objetivos estratégicos.

A Seqüência de maior média foi a Seqüência 1 que apresentou a maior nota E, de

5,07, seguida pelas seqüências 2 – 3 -7 – 4 - 5 – 6. Este resultado significa que o gestor

deve priorizar os planos de ação dos seguintes objetivos estratégicos:

P3 – Melhorar qualidade dos processos essenciais

C1 – Satisfazer Clientela

C2 – Reter Clientes

F2 – Aumentar Receita

F1 – Gerar Fluxo de Caixa Positivo

Diante da priorização dos objetivos estratégicos, o gestor da empresa em estudo

consegue priorizar com mais firmeza, o estabelecimento de planos de ação necessários

para alcançar seus objetivos.

4.4. CONCLUSÃO

O foco do presente estudo foi a avaliação da possibilidade de adequação da

metodologia do BSC a uma MPE. Especificamente, objetivou-se, identificar e

compreender as barreiras e os benefícios apresentados durante a construção do BSC até

o ponto do desenvolvimento do seu Plano de Implementação. Esta fase correspondeu ao

início da quarta ou última etapa do cronograma típico para o Balanced Scorecard,

proposto por Kaplan e Norton (2001), descrito na seção 2.3.6 da presente pesquisa.

Como delimitação deste estudo, não foi investigada a operacionalização do BSC,

propriamente dita na empresa investigada, a XYZ.

Após a realização da pesquisa-ação, concluiu-se que não se pode aplicar,

diretamente, a metodologia original de construção do BSC nas MPE’s devido à

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existência de barreiras que dificultaram a sua aplicação na XYZ, sendo necessária à

realização de algumas modificações na metodologia, destacando-se o desenvolvimento

de um instrumento de diagnóstico de problemas e de uma metodologia de priorização de

objetivos estratégicos.

De uma forma geral, as barreiras encontradas foram similares às identificadas na

literatura, descritas na seção 2.3.5 do presente estudo. Elas estão apresentadas nos

parágrafos seguintes.

1 - Discussões inconsistentes, informação e comunicação improdutivas e falta de

objetivos claros – de acordo com a literatura, estes problemas foram abordados por

Prieto, Pereira, Carvalho e Laurindo (2006, apud Kaplan, 2000) como um aspecto crítico

à implementação do BSC, caracterizados por dificultar a compreensão dos objetivos e da

estratégia, bem como de outras informações relevantes para o entendimento da situação

do negócio.

De uma forma geral, a falta de objetividade demonstrada pelo sócio A foi

percebida durante as primeiras entrevistas para execução das duas primeiras etapas do

cronograma supracitado, que visavam o conhecimento do negócio, sobretudo dos

objetivos financeiros, dos temas corporativos e das relações da empresa com outras

unidades. Para conclusão destas etapas, uma importante questão deveria ser vencida na

XYZ: como traçar os objetivos estratégicos sem conhecer os reais problemas da

empresa? Devido à relevância de uma resposta para este assunto e a necessidade de

cumprir os objetivos propostos na pesquisa, a pesquisadora tomou a iniciativa de

elaborar um instrumento de diagnósticos de problemas comuns enfrentados pelas

MPE’s, apresentado na seção 4.2.1.2 deste trabalho. Esse instrumento possibilitou

identificar, mais facilmente, os problemas enfrentados pela XYZ que vêm prejudicando

sua saúde financeira. A partir do entendimento dos reais problemas da empresa, pôde-se

relacioná-los nas perspectivas: financeira, de clientes, de processos internos e do

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aprendizado e crescimento, o que permitiu gerar um mapa de problemas, apresentado no

Anexo 1. A partir desse mapa de problemas, pôde-se também traçar os objetivos

estratégicos e relacioná-los nas perspectivas do BSC, que se traduziu no mapa

estratégico das MPE´s, conforme Anexo 2.

2 - Falta de um mapeamento dos processos críticos – este problema também foi

abordado por Prieto, Pereira, Carvalho e Laurindo (2006, apud Kaplan, 2000) como

outro aspecto crítico à implementação do BSC. De acordo com esses autores, o não

mapeamento dos processos pode levar a demora para o estabelecimento de métricas, que

por sua vez poderia comprometer sua disponibilidade nos primeiros meses de

implantação do BSC. Entretanto, para os autores a falta de mapeamento não deve ser

considerada como um verdadeiro problema porque o BSC é um processo de

gerenciamento contínuo (Kaplan, 1999).

No caso da XYZ, a pesquisadora constatou que não havia mapeamento de todos

os seus processos. Somente o processo de entrega de mercadorias estava mapeado e,

ainda assim porque foi descrito no mesmo trabalho de consultoria para definição da

estratégia.

Com relação ao processo de controle dos recursos, .não havia um processo

formal. Havia utilização de “medidas” pouco claras para monitorar e controlar o

negócio, fazendo com que a escolha dos projetos e a alocação de recursos fossem

arbitrárias.

Segundo o sócio A, os demais processos seriam mapeados num segundo

momento. Assim, para alcançar os objetivos propostos no presente estudo, o fato de não

existir mapeamento de processos não foi um impeditivo para o avanço da pesquisa até o

início da quarta etapa do referido cronograma

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3- Falta de Indicadores de desempenho – esta dificuldade não foi identificada

claramente na literatura estudada, possivelmente pelo fato dos indicadores de

desempenho estarem implícitos no processo de implementação do BSC. No cronograma

típico para construção do BSC, a terceira etapa, refere-se especificamente a escolha dos

indicadores estratégicos. Na XYZ foi observado que, não existia indicadores de

desempenho definidos. Segundo o sócio A, utilizava-se como mecanismo de controle

dos seus recursos, muitas vezes, o seu “feeling”.

O fato da XYZ não apresentar controles formais e indicadores de desempenho

definidos, primordiais à implementação do BSC, não implicou efetivamente em um

impedimento à investigação sobre a possibilidade de aplicação da metodologia do BSC e

alcance dos objetivos propostos no presente trabalho, pois a pesquisadora se preocupou,

inicialmente, no entendimento da situação da XYZ e na detecção dos seus problemas

existentes para que se pudesse traçar os seus objetivos estratégicos e estruturar planos de

ação, permitindo, assim, avaliar todo o seu processo de construção do BSC. Entretanto, a

pesquisadora sugeriu uma lista de indicadores, baseada na literatura, que refletisse os

esforços no alcance dos objetivos estratégicos a serem acompanhados a partir da

operacionalização do BSC, num momento futuro a ser definido pelo sócio A.

Chama-se atenção que a lista de indicadores proposta pode não ser comum a

todas as MPE´s. Assim, como na XYZ não havia definição de indicadores, isso também

pode acontecer em outras empresas de pequeno porte. Para a finalidade desta pesquisa,

o fato da empresa não ter indicadores definidos não inviabilizou a pesquisa. Entretanto

se esta barreira não for superada, a empresa não conseguirá realizar a operacionalização

do BSC já que os indicadores são parte integrantes do BSC.

4 - Feedback operacional, sem caráter estratégico – este problema foi

identificado tanto por Kaplan e Norton (1997) como por Prieto, Pereira, Carvalho e

Laurindo (2006, apud Kaplan, 2000) como outro aspecto crítico à implementação do

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111

BSC. Segundo os autores citados, normalmente as avaliações do negócio estão

relacionadas às “medições” financeiras de curto prazo. Apesar de na XYZ não possuir

controles formais foi percebido pela pesquisadora, durante as entrevistas e as visitas

realizadas junto à empresa, que as avaliações do negócio são sempre realizadas em

caráter operacional, e, geralmente, relacionadas ao caixa da empresa. Esta visão

imediatista descaracteriza uma visão de longo prazo, estratégica.

5 - Falta de Recursos Financeiros e Humanos - esta dificuldade também não foi

identificada claramente na literatura estudada. Devido a escassez de recursos na XYZ e a

necessidade de implementar seus planos foi criada pela pesquisadora uma metodologia

de priorização de objetivos estratégicos, considerando a urgência e a facilidade de

implementação das iniciativas estratégicas dentro das perspectivas de processos internos,

de clientes e financeira. Esta metodologia foi implementada em seis passos, conforme

descrito na seção 4.3 do presente trabalho. A pesquisadora deixou claro que para a sua

utilização, os objetivos estratégicos da perspectiva aprendizado e crescimento deveriam

ser a princípio trabalhados na empresa, com prioridade por serem a base de todos os

demais objetivos. A partir da proposição da referida metodologia, os objetivos

estratégicos prioritários da XYZ foram identificados, o que possivelmente facilitará a

sua operacionalização.

6 – Práticas informais - esta dificuldade também não foi identificada claramente

na literatura estudada. Durante a pesquisa, pôde-se perceber que as práticas da empresa

estão voltadas para a informalidade, o que não condiz com a metodologia do BSC.

Segundo Kaplan e Norton (1997), uma condição fundamental para as empresas

terem um Balanced Scorecard é possuir uma estratégia definida (Kaplan e Norton,

1997). A investigação na XYZ foi possível porque antes do início do presente estudo, a

pesquisadora havia realizado um trabalho de consultoria para definição da sua estratégia.

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112

Kaplan e Norton (1997) afirmam que: “Um Balanced Scorecard bem construído

é a explicitação das teorias estratégicas operacionais da empresa”. Portanto, a definição

de uma estratégia com sua transcrição para objetivos claros são fundamentais para a

construção do BSC. Assim como a XYZ apresentou dificuldades em definir a sua

estratégia, é possível que grande parte das MPE’s brasileiras também tenham o mesmo

obstáculo. Assim sendo, a empresa que não tiver uma estratégia definida não é uma

candidata válida ao Balanced Scorecard (Kaplan e Norton, 2001).

Apesar das barreiras encontradas, o simples exercício de avaliar a possibilidade

de adaptação da metodologia do BSC na XYZ, onde as ferramentas de controle são

precárias, mesmo sem implementá-lo e sem vê-lo operando, de fato, gerou benefícios

para a melhora da gestão da empresa com destaque para o mapeamento dos seus

problemas, definição de seus objetivos estratégicos e estruturação de planos de ação para

alcance de objetivos. Vale mencionar que o sucesso da pesquisa foi possível também

devido ao comprometimento e participação do sócio majoritário da empresa, o sócio A,

do início ao fim da pesquisa.

Cabe ressaltar que houve um comprometimento do sócio A de buscar no

mercado pessoas mais capacitadas que auxiliassem nas atividades do seu negócio, antes

de começar o processo de operacionalização do BSC. Alem disso, se comprometeu a

criar planos de incentivos aos empregados visando motivá-los. Adicionalmente, se

comprometeu ainda a tomar um empréstimo bancário para renovar a estrutura de

sistemas da XYZ. Assim, estaria com os objetivos estratégicos da perspectiva de

aprendizado e crescimento em andamento para poder focar na direção dos objetivos

estratégicos priorizados.

Ao longo do processo da pesquisa-ação, a pesquisadora pode perceber a baixa

capacitação do seu principal gestor e a predominância de sua visão no curto prazo. Após

diversas discussões, foi possível considerar que esta pesquisa-ação serviu como fonte de

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113

conhecimento para tal gestor, o qual durante o desenvolvimento da pesquisa já mostrava

sinais de redirecionamento da sua visão imediatista para uma mais estratégica, de longo

prazo. Adicionalmente, demonstrou que compreendeu as causas essenciais dos

problemas da sua empresa, aprendeu a priorizar os objetivos estratégicos do seu negócio

e, percebeu a importância de estruturar ações em forma de planejamento o que nunca

havia sido planejado antes. Consequentemente, a empresa passou a ter os planos para

atuar na direção do alcance dos seus objetivos estratégicos. Em suas palavras: “A

pesquisa permitiu a organização de minhas idéias e do que eu tenho que fazer para a

melhora do meu negócio”.

Considerando os elevados índices de mortalidade das micro e pequenas empresas

brasileiras, principalmente devido a problemas de gestão deficiente, o exercício de

adequação da metodologia do Balanced Scorecard na XYZ, foco deste estudo, foi de

grande valia para o seu melhor gerenciamento e, conseqüente aumento de suas chances

de permanência no seu mercado de atuação.

Como pesquisa futura e complementar ao presente estudo, é aconselhável a

realização de investigação em empresas de pequeno porte de outros setores, já que a

presente conclusão foi com base na investigação de apenas uma empresa do setor de

material de construção, a XYZ. É recomendável ainda realizar pesquisas sobre o custo

de construção do BSC numa empresa de pequeno porte, avaliando a viabilidade da

contratação de um consultor externo já que o presente estudo foi realizado por conta da

pesquisadora. Recomenda-se ainda a realização de outros estudos, objetivando o

aumento das chances de sobrevivência das MPE´s, acerca do desenvolvimento de

sistemas de controle gerencial, de indicadores de desempenho e de processo de

planejamento estratégicos mais simplificados e de acordo com o contexto de uma

empresa de porte pequeno.

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114

Cumpre-se assim, o objetivo da presente pesquisa, de que a mesma possa servir

de base para futuros trabalhos acadêmicos e empresariais, sob o foco aqui desenvolvido.

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120

Anexo 1 - Mapa de Problemas enfrentados pela MPE

Anexo 2 - Mapa de Problemas enfrentados pela MPE

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121

Anexo 2 - BSC – MPE

Anexo 3 - BSC – MPE

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122

Anexo 3 - Tabela de Indicadores de Desempenho da empresa XYZ

Objetivos Estratégicos

Indicadores de Desempenho

Perspectiva

Financeira

Gerar Fluxo de Caixa

Positivo

Total desembolsado no mês / total

de desembolso planejado no Mês

Total de recebimento no mês/Total

de recebimento planejado no mês

Aumentar Receita Receita por produto vendido no mês

vs receita por produto vendido no

mês anterior

Receita ano vs receita ano anterior

Reduzir inadimplência Índice de inadimplência corrente do

mês vs mesmo índice planejado

Reduzir custos e despesas Custos e despesas / vendas do mês

vc custos e despesa / vendas

(planejado)

Perspectiva

do Cliente

Satisfazer Clientes Índice de Reclamação = nº de

reclamações no mês/ nº de venda no

mês

Reter clientes Evolução mensal do nº de clientes

Atrair novos clientes Evolução mensal do nº de clientes

Receita por cliente

Perspectiva

dos Processos

Internos

Antecipar-se às

necessidades dos clientes

Vendas Previstas x Realizadas

Nº de produtos disponíveis

Receita gerada por novos produtos

Melhorar processo de

gestão de clientes e

fornecedores

% clientes não lucrativos

Custo Médio por Produto vs custo

médio por produto planejado

Nº de clientes novos (mensal)

Receita/ Cliente (mensal)

Nº de produtos por cliente (mensal)

Contas a receber mês a mês

% Receita a vista do mês vs mês

anterior

% Receita a prazo do mês vc

receitas a prazo do mês anterior

Melhorar Qualidade dos

processos essenciais

(Venda; Compra;

Estocagem; Entrega ao Cliente)

Quantidade de reclamação no mês

vs quantidade de reclamação do

mês anterior

Custo do mês vs custo mês anterior e vs custo de igual período do ano

anterior

- Tabela de Indicadores de Desempenho da empresa XYZ