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203
FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO PAPEL E ATUAÇÃO DE UM SAC OPERACIONAL E TERCEIRIZADO: ESTUDO DE CASO DO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS AGRICIO RIBEIRO SAMPAIO DE MENEZES Orientador: Prof. Dr. Frederico Antonio Azevedo de Carvalho Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2006.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO

PAPEL E ATUAÇÃO DE UM SAC OPERACIONAL E TERCEIRIZADO: ESTUDO DE CASO DO SETOR DE

DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS

AAGGRRIICCIIOO RRIIBBEEIIRROO SSAAMMPPAAIIOO DDEE MMEENNEEZZEESS

Orientador: Prof. Dr. Frederico Antonio Azevedo de Carvalho

Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2006.

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“PAPEL E ATUAÇÃO DE UM SAC OPERACIONAL E TERCEIRIZA DO: ESTUDO

DE CASO DO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS”

AAGGRRII CCII OO RRII BBEEII RROO SSAAMM PPAAII OO DDEE MM EENNEEZZEESS

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em

Administração como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em

Administração.

Área de Concentração: Administração

Geral

Orientador: Prof. Dr. Frederico Antonio Azevedo de Carvalho

Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2006

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“PAPEL E ATUAÇÃO DE UM SAC OPERACIONAL E TERCEIRIZA DO: ESTUDO

DE CASO DO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS”

AAGGRRII CCII OO RRII BBEEII RROO SSAAMM PPAAII OO DDEE MM EENNEEZZEESS

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em

Administração como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em

Administração.

Área de Concentração: Administração

Geral

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

PROF. DR. FREDERICO ANTONIO AZEVEDO DE CARVALHO (Orientador)

Instituição: Ibmec/RJ

_____________________________________________________

PROF. DR. LUIZ ALBERTO NASCIMENTO CAMPOS FILHO

Instituição: Ibmec/RJ

_____________________________________________________

PROF. DR. JOSE LUIS FELÍCIO DOS SANTOS DE CARVALHO

Instituição: FACC / UFRJ

Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2006

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658.8

M541

Menezes, Agricio Ribeiro Sampaio de.

Papel e atuação de um SAC operacional e terceirizado: estudo de caso no

setor de distribuição de combustíveis / Agricio Ribeiro Sampaio de

Menezes. - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec. 2006.

Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Administração das Faculdades Ibmec, como

requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em

Administração.

Área de concentração: Administração Geral.

1. Marketing. 2. Marketing estratégico.

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DEDICATÓRIA

Em memória de Adilson Lucindo da Costa,

exemplo de humildade e generosidade.

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AGRADECIMENTOS

Eu tenho muito a agradecer a pessoas e instituições. Aos professores Marie Agnes Chauvel e

Frederico Antonio Azeredo de Carvalho pela orientação dada para elaboração desse trabalho e

ao professor Luiz Flavio Autran Monteiro Gomes pelo incentivo ao longo dessa jornada

acadêmica.

Estendo o meu reconhecimento aos professores e funcionários do Programa de Mestrado em

Administração do Ibmec – Rio de Janeiro – pela contribuição de cada um na construção

contínua do meu conhecimento.

À PETROBRAS e à BR Distribuidora por acreditar nesse trabalho. Ao Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES – e à Agência Nacional do Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis – ANP – por facilitar o meu acesso a dados e informações que

foram cruciais ao desenvolvimento da pesquisa.

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RESUMO

Este estudo foi elaborado com o objetivo de verificar o papel e atuação de um Serviço de

Atendimento ao Consumidor – SAC, operacional e terceirizado. Para isso, são verificados os

processos e atividades inerentes ao SAC, levantados os serviços demandados do SAC,

identificado o posicionamento organizacional do SAC, explicitados os relacionamentos do

SAC com os demais órgãos da organização, e por fim, verificada a influência da terceirização

do SAC para o desempenho do seu papel.

Assim sendo, foi escolhido um caso no setor de distribuição de combustíveis: o caso da

PETROBRAS Distribuidora S/A, a BR Distribuidora. Esta empresa é a segunda maior

empresa em receita operacional do Brasil, só sendo ultrapassada por sua controladora, além de

ser líder nacional em seu setor de atividade. A escolha desta empresa se deve não apenas por

suas dimensões, mas também por sua história, características e objetivos.

A pesquisa está dividida nas seguintes partes: introdução, referencial teórico, metodologia,

descrição e análise de resultados, e, considerações finais e recomendações. O referencial

teórico apresenta a revisão de teorias e modelos que versam sobre serviço ao consumidor,

qualidade em serviços, SAC e terceirização de processo. A metodologia aplicada é a

abordagem qualitativa através de um estudo exploratório com o uso de estudo de caso único.

Para a descrição e análise de resultados foram empregados tópicos descritivos, partindo do

universo setorial para o ambiente organizacional, bem como são selecionadas categorias

analíticas para estruturar as entrevistas e sustentar as análises, à luz do referencial teórico e

das fontes de evidência.

Por fim, o pesquisador faz suas considerações finais e recomendações, orientando-se pela

propositura da pesquisa, expondo as tendências identificadas, bem como recomenda novos

temas para pesquisa sobre questões relacionadas a este estudo, e conclui pontuando acerca do

valor contributivo do trabalho.

Palavras Chave: Serviço ao Consumidor, Qualidade em Serviços, SAC, Terceirização.

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ABSTRACT

This study was elaborated with the intention of verifying the role and performance of a

Department of Consumer Service – DCS, which be operational and outsourced. For that, are

verified processes and activities related to DCS, recognized required services to it, identified

DCS’s organizational positioning, expressed the relationships between DCS and other

organizational departments, and at last, verifying influence of DCS’s outsourcing to

performance of its function.

Therefore it was chosen a business case in the Brazilian fuel distribution sector: the case of

the PETROBRAS Distribuidora S/A, or simply, BR Distribuidora. That company is the

second largest company of Brazil in terms of operational revenues, just smaller than its single

controller agent and national leader in whole energy industry. The choice in this company it is

about not just for its size, but also for its history, characteristics and objectives.

This research is shared in the parts: introduction, theory reference, methodology, results of

description and analysis, and, final considerations and suggestions. Theory reference shows

theory reviews and models that examining about consumer service, service quality, DCS and

business process outsourcing. The applied methodology is the qualitative approach through of

an exploratory study with use of a single business case.

For doing results of description and analysis, were employed description topics, from sectorial

universe to organizational environment, as well as are selected analytical categories to

structure interviews and elements which support analysis, according to theory reference and

evidence sources.

At last, the author makes his final considerations and suggestions, oriented by research

proposal, exposing identified trend as well as suggests new issues to research about questions

related to this dissertation and finish making clear its contribution value.

Key Words: Consumer Service, Service Quality, DCS, Outsourcing.

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Lista de Figuras

Figura 2.1.1.1 A cultura de serviço web. 18

Figura 2.2.2.1.a Funções desempenhadas pelos SACs. 38

Figura 2.2.2.1.b Tipos de subordinação do SAC ao nível organizacional

estratégico. 40

Figura 2.2.2.2 Inserção organizacional do SAC – por área. 42

Figura 2.2.2.3 Nível de receptividade de outras áreas da organização

para as manifestações do consumidor. 43

Figura 2.2.3.1 Modelo de implementação de um CRM. 46

Figura 4.1.1.1.a A cadeia do petróleo. 89

Figura 4.1.1.1.c1 Matriz energética mundial - 2004. 96

Figura 4.1.1.1.c2 Produção mundial de petróleo - 2004. 97

Figura 4.1.1.1.c3 Consumo mundial de petróleo - 2004. 97

Figura 4.1.1.3.a Petróleo no Brasil, por Unidade da Federação – terra

(2003). 113

Figura 4.1.1.3.b Petróleo no Brasil, por Unidade da Federação – mar

(2003). 114

Figura 4.1.2.3.a Posicionamento organizacional de Unidade de Negócio –

Caso da Gerência de Grandes Consumidores. 136

Figura 4.1.2.3.b Posicionamento organizacional da Ouvidoria. 137

Figura 4.1.2.3.c Posicionamento organizacional do SAC e da CAT (Nível

Superior). 138

Figura 4.1.2.3.d Posicionamento organizacional do SAC e da CAT (Nível

Acima Imediato). 138

Figura 4.1.2.3.e Posicionamento organizacional do SAC e da CAT. 139

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Figura 4.1.2.3.f Organograma do Serviço de Atendimento ao Consumidor

(SAC). 139

Figura 4.1.2.3.g Posicionamento da Assessoria Comercial – Nível Acima. 140

Figura 4.1.2.3.h Posicionamento organizacional da Assessoria Comercial. 140

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1.2.1

Os seis níveis de expectativas do cliente dos postos de

atendimento de varejo do setor de distribuição de

combustíveis – no mercado indiano.

30

Tabela 2.2.2.1 Como as companhias definem serviço ao consumidor. 35

Tabela 4.1.1.1.a Preço internacional do petróleo – ajustado para valor

presente. 101

Tabela 4.1.1.2.a Capítulos tratados no Projeto de Lei nº 2.142, de 1997. 106

Tabela 4.1.1.3.a Principais derivados de petróleo e seus usos. 114

Tabela 4.1.1.3.b Participação das distribuidoras nas vendas nacionais de

gasolina C, em ordem decrescente – 2003. 117

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Lista de Abreviaturas

ABA Associação Brasileira de Anunciantes

AGIP Azienda Generale Italiana Petroli

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

APM Administered Pricing Mechanism

ATP Azevedo & Travassos Petróleo S.A.

BP British Petroleum

BPM Business Process Management

BS British Standards

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CAT Central de Atendimento

CBPI Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga

CCA Call Centre Association

CIAA Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool

CIP Conselho Interministerial de Preços

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CLIPE Cliente PETROBRAS

CNP Conselho Nacional do Petróleo

CNPE Conselho Nacional de Combustíveis e Políticas Energéticas

COPPEAD Instituto COPPEAD de Administração

CRM Customer Relationship Management

CTF Sistema Controle de Tele-Frotas

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DECOM Departamento de Comercial

DIDIST Divisão de Distribuição

DIOL Diretoria de Operações e Logística

DNC Departamento Nacional de Combustíveis

DOTEC Coordenadoria de Documentação Técnica

DPPI Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga

DSC Departamento de Serviço ao Consumidor

E&P Exploração e Produção

EDIPE Escritório de Implantação das Atividades de Distribuição

ERP Enterprise Resouce Planning

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EUA Estados Unidos da América

FGV Fundação Getulio Vargas

FTP File Transfer Protocol

GATEND Gerência de Atendimento ao Cliente

GBR Grã-Bretanha

GDP Gerenciamento de Desempenho de Pessoal

GENEA Gerência de Negócios Automotivos

GEPE Gerência de Preços

GFPR Gerência de Formação de Preços

GGC Gerência de Grandes Consumidores

GIMF Gerência de Inteligência de Preços e Mercados Futuros

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

GRP Gerência da Rede de Postos

GSC Gerência de Serviços Gerais

HTTP Hyper Text Transfer Protocol

IBM International Business Machines

IBP Instituto Brasileiro do Petróleo

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IDS Institute of Development Studies

IP Internet Protocol

IS Information System

ISO International Organization for Standardization (ISO)

IT Information Technology

MIS Management Information System

OLTP On Line Transaction Processing

PNQ Prêmio Nacional de Qualidade

RH Recursos Humanos

RPISA Refinaria de Petróleo Ipiranga S.A.

SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor

SOCAP Society of Consumers Affairs Professionals in Business

SPE Sociedade de Propósito Específico

SPSS Statiscal Package for Social Science

SUDIST Superintendência de Distribuição

TARP Technical Assistance Research Program

TCP Transmission Control Protocol

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TR Technology Readiness

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

US United States

YPF Yacimientos Petrolíferos Fiscales

ZOT Zone of Tolerance

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SUMÁRIO

RESUMO VII

ABSTRACT IX

LISTA DE FIGURAS XI

LISTA DE TABELAS XII

LISTA DE ABREVIATURAS XIII

1.0 INTRODUÇÃO 01

1.1 Apresentação................................................................................... 01

1.2 Justificativa....................................................................................... 04

1.3 Objetivo............................................................................................ 09

1.4 Delimitação...................................................................................... 09

1.5 Organização do Estudo.................................................................... 10

2.0 REFERENCIAL TEÓRICO 13

2.1

Serviço ao Consumidor: Histórico, Definição e Características; Qualidade

em Serviços; e Serviço ao Cliente no Setor de Distribuição de

Combustíveis…………………………………………. 13

2.1.1 Histórico, definição e características…….............................. 13

2.1.2 Qualidade em serviços.......................................................... 21

2.1.3 Serviço ao consumidor no setor de distribuição de combustíveis. 24

2.2

Determinantes Operacionais de um Serviço de Atendimento ao

Consumidor – SAC: Natureza e Filosofia; Principais Práticas; e Elementos

de Avaliação de Desempenho e Determinantes da Satisfação do

Consumidor................................................................. 31

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2.2.1 Natureza e filosofia ................................................................. 31

2.2.2 Principais práticas.................................................................... 32

2.2.3 Elementos de avaliação de desempenho e determinantes da

satisfação do consumidor…………………………………......... 44

2.3

Terceirização de Processos Organizacionais: Principais Motivações;

Vantagens e Desvantagens da Terceirização................ 49

2.3.1 Principais motivações.............................................................. 49

2.3.2 Vantagens e desvantagens da terceirização........................... 52

3.0 METODOLOGIA 55

3.1 Pressupostos teóricos e epistemológicos........................................... 55

3.2 Tipo de pesquisa................................................................................ 62

3.3 Perguntas da pesquisa....................................................................... 66

3.4 Escolha do caso................................................................................. 67

3.5 Coleta de dados.................................................................................. 69

3.6 Tratamento dos dados........................................................................ 79

3.7 Limitações do método......................................................................... 81

4.0 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 85

4.1 Observações e Análise de Documentos............................................. 87

4.1.1 O Setor de Distribuição de Combustíveis................................ 88

4.1.1.1 Visão global das atividades setoriais.......................... 88

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4.1.1.1.a Estrutura das atividades............................. 88

4.1.1.1.b Integração vertical na indústria petrolífera. 91

4.1.1.1.c

Panorama mundial de produção e consumo de

petróleo.................................. 95

4.1.1.2

Histórico de regulamentação no setor petrolífero no

Brasil........................................................................... 102

4.1.1.3

Dimensões e características do mercado de distribuição de

combustíveis no Brasil........................ 111

4.1.2 A BR Distribuidora.................................................................... 118

4.1.2.1 Histórico da BR Distribuidora...................................... 118

4.1.2.2

Políticas de atendimento e os canais de

relacionamento........................................................... 129

4.1.2.3

SAC: Histórico, estrutura, inserção organizacional e

interação interdepartamental………………………….. 133

4.1.2.4 Processos e tecnologias aplicadas pelo SAC……….. 141

4.1.2.5

Elementos da terceirização no SAC da BR

Distribuidora................................................................ 145

4.2 Entrevistas………………………………............................................... 149

4.2.1

Desenvolvimento de carreira na área de atendimento ao

consumidor……………………………………………………...… 151

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4.2.2

Papel do Serviço de Atendimento ao Consumidor sob diferentes

perspectivas…………………………………………... 153

4.2.3

Principais determinantes para que o SAC atue satisfatoriamente

segundo a visão de seus profissionais – operação, supervisão e

gerência……………………………….. 158

4.2.4

Principais processos e tecnologias utilizados na operação do

SAC………………………………………………………………… 160

4.2.5

Balanceamento do nível de motivação do pessoal versus pressões

pelo cumprimento de objetivos operacionais, dentro do

SAC…………………………………………………….. 167

4.2.6 Influência da terceirização de processos na atuação do SAC. 169

4.2.7

Contribuição do SAC para o alcance dos objetivos globais da

organização……………………………………………………….. 171

4.3 Análise dos Resultados…….…………................................................ 173

4.3.1

Desenvolvimento de carreira na área de atendimento ao

consumidor………………………………………………………... 173

4.2.2

Papel do Serviço de Atendimento ao Consumidor sob diferentes

perspectivas…………………………………………... 175

4.2.3

Principais determinantes para que o SAC atue satisfatoriamente

segundo a visão de seus profissionais – operação, supervisão e

gerência……………………………….. 181

4.2.4

Principais processos e tecnologias utilizados na operação do

SAC………………………………………………………………… 183

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4.2.5

Balanceamento do nível de motivação do pessoal versus pressões

pelo cumprimento de objetivos operacionais, dentro do

SAC…………………………………………………….. 187

4.2.6 Influência da terceirização de processos na atuação do SAC. 188

4.2.7

Contribuição do SAC para o alcance dos objetivos globais da

organização……………………………………………………….. 190

5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES 192

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 201

ANEXOS 221

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1.0 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

O presente estudo originou-se do interesse em compreender a natureza e a dinâmica de um

Serviço de Atendimento ao Consumidor - SAC, particularmente num setor de alta

competitividade. O autor, por vários anos, desenvolveu atividades de consultoria de gestão de

negócios, em empresas que possuíam metodologias próprias de diagnóstico e proposição de

solução de problemas, porém nunca teve a oportunidade de aprofundar uma investigação com

rigor científico acerca do funcionamento desse tipo de unidade organizacional.

Durante esse período, o autor teve diversas oportunidades para discutir sobre o papel e a

atuação desse canal, bem como procurar entender sua natureza à luz dos objetivos e das

estratégias organizacionais. Todavia, o pragmatismo de sua atividade profissional sempre se

revelou como uma barreira para qualquer iniciativa de aprofundamento da análise.

Apesar disso, o autor acompanhou, na imprensa especializada em negócios, matérias que

faziam referência ao dito canal de relacionamento, tanto de sua estrutura como dos

profissionais do SAC com a incumbência precípua de monitorar as necessidades e as

aspirações dos clientes reais e potenciais.

O autor ainda participou de eventos relacionados a temas afins, como o de entender a

importância dos canais de relacionamento para a sustentabilidade dos negócios. Numa

primeira avaliação, o autor pôde constatar o caráter sensacionalista e mercantil com que foi

apresentado o assunto, mostrando o quanto o tema ainda carecia de investigação séria, já que

normalmente sua abordagem era entremeada de mitos e falácias.

No Brasil, dos anos 1990 até os dias de hoje, cada vez mais é alardeada a idéia da implantação

e desenvolvimento de SACs; no início, como forma preventiva e corretiva de problemas com

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os clientes; a seguir, como mecanismo de diferenciação de práticas de atendimento, e hoje,

muitas vezes, como estratégia central que apóie a sobrevivência dos negócios.

O reconhecimento da importância do SAC passa necessariamente pelo conhecimento do

processo histórico que ensejou estabelecê-lo dentro das empresas. O SAC é resultado da

evolução das práticas de marketing ao longo das últimas quatro décadas; da teoria clássica do

marketing até o ‘novo’ marketing, o denominado marketing de relacionamento1.

O SAC configura-se como um recurso poderoso das empresas para contatar e atender clientes.

Desde a década de 90, muitas organizações desenvolveram ou ampliaram seus serviços de

atendimento utilizando-se de SACs, resultando em rápida expansão desta prática. (Anton,

2000; Feinberg et al., 2000; Martin e Smart, 1994; apud Dean, 2004, p. 60).

Segundo Zülzke (1991), com a promulgação do Código de Defesa do Consumidor2 no Brasil,

em 1991, os SACs tornam-se setores essenciais para evitar que as insatisfações e os

problemas transformem-se em custosas e desgastantes pendências judiciais em termos de

imagem e de recursos financeiros.

Apesar dos atributos simples e da função básica de responder às indagações e aos

questionamentos dos consumidores, o SAC pode ser desenhado de diversas formas. Conforme

Zülzke (1991, p. 77), a origem do SAC é determinante para a definição da essência e da

potencialidade do programa a ser desenvolvido.

Dessa forma, a presente pesquisa representa uma investigação sobre o papel e a atuação de

um SAC. Para isso, foi selecionado para este trabalho o SAC da PETROBRAS Distribuidora3

1 O termo marketing de relacionamento foi introduzido na literatura do gerenciamento de serviço por Leonard Berry em 1983; o interesse em uma orientação para o relacionamento no marketing é cerca de dez anos mais antigo. Todavia, a perspectiva de relacionamento em negócios é bem mais antiga, e ainda mais antiga, do que a perspectiva de troca de marketing. A orientação para relacionamento é provavelmente tão antiga quanto a história dos negócios e o comércio. 2 Como direito novo, o Direito do Consumidor busca inspiração no Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Financeiro e Administrativo, para de uma forma coerente atingir seus objetivos sem ofender os demais princípios e regras existentes. Dessa união de sistemas e legislações surgiu em 1990 o Código de Defesa do Consumidor, Lei Nº 8.078/90, que foi criado para regulamentar as relações de consumo, entendidas essas como sendo o vínculo estabelecido entre fornecedor e consumidor, ligados por um objeto que será necessariamente um serviço ou um produto. 3 Em 12 de novembro de 1971, foi instaurada a Assembléia de Constituição da PETROBRAS DISTRIBUIDORA S.A., subsidiária da Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS, que passou a atuar na comercialização e distribuição de derivados do petróleo para todo o Brasil. Devido ao enorme desenvolvimento da Petrobras Distribuidora como empresa, em 1974, no terceiro ano de vida, a Companhia assumiu o posto de maior distribuidora de derivados de petróleo do país, exercendo sua função em caráter estritamente competitivo – em condições de igualdade com as demais distribuidoras e superando concorrentes nacionais e estrangeiras.

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como objeto de pesquisa. A PETROBRAS Distribuidora é comumente conhecida como BR

Distribuidora.

A escolha deveu-se principalmente à sua representatividade no setor de distribuição de

combustíveis e ao grau de competitividade a que ela está submetida. O SAC da BR

Distribuidora é operacional e terceirizado, algo que confere contorno especial ao estudo.

Na fase de levantamento bibliográfico, o autor cotejou algumas das pesquisas mais recentes

sobre temas relacionados ao Serviço de Atendimento ao Consumidor. Dentre as quais,

merecem destaque: Isnard (1996), Gregório (2000), Da Silva (2001), Dutra (2002), Souza

(2002) e Figueiredo (2003).

Em seguida, o pesquisador avaliou a conveniência e a oportunidade para explorar algumas das

sugestões para novas pesquisas sobre o tema, descritas pelos autores dos referidos trabalhos

em suas considerações finais.

Isnard (1996) desenvolve sua pesquisa com assunto similar ao proposto deste projeto, sob o

título: “Atendimento ao consumidor e decisão empresarial: o papel do SAC em empresas de

bens de consumo”; trabalhou, porém, com elementos metodológicos diferentes dos propostos

aqui. A autora sugere, entre outros pontos, a adoção da pesquisa em outros setores da

economia (Isnard, 1996, p. 74-75).

Da mesma forma, Oliveira, Chauvel e Ferreira (2003), através de seu artigo “Serviço de

atendimento ao consumidor: aspectos convergentes e divergentes de estudos realizados no

Brasil”, concluem destacando que é indispensável para o estabelecimento de um SAC, com

potencial de alavancar uma organização em termos de orientação para marketing, propagar

dentro da organização a informação capturada (Oliveira, Chauvel e Ferreira, 2003, p. 21).

1.2 JUSTICATIVA

No Brasil, o movimento de consumidores assume importância cada vez maior, sobretudo após

a vigência do Código de Defesa do Consumidor, em março de 1991, e também pelo

recrudescimento da competição decorrente da abertura da economia no início dos anos 90.

(Chauvel e Da Silva, 2002; op. cit., Zülzke, 1991, p. 45).

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Embora existissem, no país, Departamentos de Serviço ao Consumidor (DSCs) antes mesmo

da promulgação da lei4, foi apenas com sua aplicação que as empresas brasileiras priorizaram

a organização estabelecimento de departamentos exclusivos para atender aos consumidores,

denominando-os, na maior parte dos casos, de Serviço de Atendimento ao Consumidor -

SAC.

Num primeiro momento, a causa principal para o significativo aumento da implantação de

SACs foi a necessidade de criação de um canal direto entre o consumidor e a empresa como

forma de prevenção contra os desdobramentos negativos de uma ação por parte de algum

consumidor presumivelmente insatisfeito. (Gregório, 2002, p. 25). Todavia, o aumento da

competitividade promovido pela abertura de mercado e pela globalização trouxe uma nova

ordem para as empresas – conquistar e manter clientes.

Para alcançar suas metas empresariais, num setor competitivo como o de distribuição de

combustíveis, as empresas terão o desafio de desenvolver uma cultura de excelência em

atendimento. Essa diretriz está em geral descrita em seus planejamentos estratégicos e tem,

como foco principal, os seus públicos de relacionamento comercial: clientes, parceiros e

consumidor em geral.

Kumar e Sahay (2003, pp. 29-55) analisam os impactos causados pela privatização e abertura

comercial do setor de petróleo e gás na Índia, e concluem afirmando que o serviço ao cliente é

que deverá nortear a competição nesse negócio. É importante ressaltar, a partir da descrição

do caso indiano, os vários pontos em comum com o caso brasileiro: ambos os países são

considerados emergentes com grande potencial de crescimento de mercado; mantiveram um

monopólio estatal no setor petrolífero por décadas e, somente há alguns anos, estabeleceram

novo marco regulatório para o setor, a partir de um processo de privatização e abertura de

mercado.

A longevidade das empresas passou a depender diretamente da capacidade que elas têm de

satisfazer seus consumidores a curto, médio e longo prazos. (Grönroos, 2003, pp. 64-78;

Storbacka, Strandvik e Grönroos, 1994, p. 21).

4 De acordo com a Associação de Profissionais de Atendimento ao Consumidor em Empresas – SECANP, existiam, em 1989, 200 SACs no Brasil. (apud Chauvel e Da Silva, 2002).

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Nesse contexto, o SAC emerge como uma das principais ferramentas a favor da melhoria da

satisfação do cliente. (Anton, 1997; Dawson, 1998; Aksin e Harker, 1999; apud Feinberg et

al., 2000, p. 131).

“Os SACs permitem uma empresa construir, manter e gerenciar o

relacionamento com seus clientes, solucionando problemas e

encaminhando reclamações rapidamente, obtendo informações,

respondendo questões, e estando disponível vinte e quatro horas por

dia, sete dias por semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano”.

(Prahabkar et al., 1997; apud Feinberg et al., 2000, p. 131).

Os SAC’s são empregados geralmente em três casos: atividades de telemarketing, crédito e

cobrança, e atividades de apoio e serviço ao cliente. A cada um desses papéis é atribuído um

desempenho diferente (TARP5 , 1997). Os SACs desempenham um papel estratégico cada vez

mais importante dentro das empresas de serviço, desde a captura da informação relativamente

simples de clientes e de vendas diretas até as transações de serviços financeiros sofisticados e

as funções de serviço ao cliente (Armistead, et al., 2002, p. 246).

A qualidade do serviço ou atendimento não é um atributo dissociável da operação executada

por SAC. Grönroos (1990, apud, op. cit., Storbacka, Strandvik e Grönroos, 1994, p. 23) não

só acredita na suposição básica de que a satisfação do cliente determina a lucratividade como

também pressupõe que a qualidade do serviço é ponto de partida para o desenvolvimento de

um relacionamento lucrativo com os clientes.

Donaldson (1995, p. 114) revisa a literatura sobre serviço ao cliente e define tal serviço e os

benefícios que estão por trás de sua filosofia: “Serviço ao cliente pode ser definido como um

esforço iniciado pelo vendedor que tem valor para o comprador, e desta forma, aumenta a

satisfação do cliente e encoraja o seu patrocínio e a lealdade”.

5 Technical Assistance Research Program (TARP) é uma empresa multinacional, com mais de trinta anos de operação, especializada em aumentar o nível de lealdade do cliente e a lucratividade através da qualidade do produto e da melhoria do serviço ao cliente.

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Lancione (1995, p. 20) admite a dificuldade em precisar o conceito de serviço ao cliente

porque inúmeras empresas definem serviço ao cliente de diferentes maneiras. Contudo, ele

investiga as formas mais aceitas pelas empresas e assim evidencia a importância do elemento

qualidade.

Assim sendo, em decorrência dos acontecimentos, a BR Distribuidora implementou algumas

ações traduzidas como políticas ou simplesmente como novos programas, num esforço

contínuo para conscientizar seu quadro interno quantos aos desafios da construção de uma

relação cada vez mais duradoura com seus clientes.

Com o mesmo fim, a BR Distribuidora, nos últimos anos, estruturou novos canais de

atendimento, sendo os principais: a Central de Atendimento (CAT), a Ouvidoria, o Serviço de

Atendimento ao Consumidor (SAC) e a Assessoria Comercial. Sendo observado que cada um

desses órgãos possui um papel e uma forma própria de atuar.

O interesse na verificação da aderência entre o discurso e a prática foi determinante também

para a escolha do caso da BR Distribuidora. Ademais, uma pesquisa, desenvolvida numa

empresa emblemática como BR Distribuidora, é bem-vinda e oportuna; justifica-se também

pelo quadro atual do setor brasileiro de distribuição de combustíveis.

Pode-se afirmar que a verificação do papel e da atuação do SAC contribui para a formação de

um juízo ou, pelo menos para a formulação de novas hipóteses acerca da correlação entre a

eficácia operacional do canal de relacionamento e a criação de uma nova filosofia corporativa

baseada na excelência de atendimento ao cliente. Para isso, faz-se necessário analisar a

aderência entre o discurso no âmbito executivo e as iniciativas operacionais que visem a

aperfeiçoar o serviço ao cliente e que contribuam para a disseminação de uma nova filosofia

voltada para o atendimento do cliente.

Nesse caso, o escopo do trabalho é verificar o papel e a atuação do SAC da BR Distribuidora,

órgão que, com o tempo, cresce em importância e apresenta particularidades, tais como ter

natureza operacional e ser terceirizado, algo que enriquece a pesquisa, já que é observada a

carência de estudos sobre organizações com essas características.

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1.3 OBJETIVO

O objetivo deste estudo é verificar o papel e a atuação de um SAC operacional e terceirizado

no setor de distribuição de combustíveis. Para alcançar esse intento, selecionou-se a BR

Distribuidora, empresa que possui um SAC com essas peculiaridades.

A partir do planejamento da pesquisa, constatou-se a necessidade de alcançar quatro objetivos

intermediários antes do cumprimento do objetivo principal. São eles: (a) Verificar os

processos e as atividades inerentes ao SAC da BR Distribuidora; (b) Levantar os serviços

demandados do SAC da BR Distribuidora; (c) Identificar o posicionamento do SAC dentro da

BR Distribuidora; (d) Explicitar o relacionamento entre o SAC da BR Distribuidora e os

departamentos que apóiam os seus serviços; e, por último, (e) Verificar a influência da

terceirização do SAC da BR Distribuidora para o desempenho do seu papel.

1.4 DELIMITAÇÃO

O presente estudo delimita-se ao exame do papel do SAC da BR Distribuidora, sob diferentes

perspectivas, e à sua atuação, ditada pelas atividades desempenhadas por sua estrutura tanto

em âmbito interno como externo associado a outros órgãos da organização.

Os processos e as tecnologias abordadas fazem parte dos recursos técnicos e tecnológicos do

SAC, não havendo qualquer propósito, por parte do pesquisador, em relacioná-los com outros

processos ou tecnologias que não pertençam ao atual desenho do SAC, ou que possam estar

cogitados em plano.

Quanto à gestão de pessoas, o pesquisador não teve a preocupação de aprofundar uma

discussão em torno dos aspectos relativos à política de gestão de pessoas da empresa

contratada pela BR para prestar serviços de atendimento. O pesquisador constatou, ao longo

da pesquisa, que esse fator não é relevante para a caracterização das operações desenvolvidas

dentro do SAC.

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Os indicadores operacionais e de satisfação de clientes, identificados dentro do SAC da BR

Distribuidora, não foram analisados em profundidade porque não fazem parte do objetivo

deste trabalho. Ainda sim, são contextualizados com outros elementos organizacionais que

apóiam a formação do panorama geral de funcionamento do SAC, e, dessa forma, consegue-

se verificar o seu papel e sua atuação.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

Esta dissertação é composta de cinco capítulos, referências bibliográficas e anexos. O primeiro capítulo é

formado pela introdução do trabalho; dele, constam ainda, a justificativa, o objetivo e a delimitação do estudo.

O segundo capítulo apresenta o referencial teórico, subdividido em três temas: (1) Serviço ao consumidor:

histórico, definição, características, qualidade em serviços e serviço ao consumidor no setor de distribuição de

combustíveis; (2) Determinantes operacionais de um Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC: natureza e

filosofia, principais práticas, elementos de avaliação de desempenho e determinantes da satisfação do

consumidor; (3) Terceirização de processos organizacionais: principais motivações, vantagens e desvantagens da

terceirização.

O terceiro capítulo relata a metodologia da pesquisa, incluindo os pressupostos técnicos e

epistemológicos, o tipo de pesquisa, as perguntas da pesquisa, a escolha do caso, a coleta de

dados, o tratamento dos dados, bem como as limitações do método.

O quarto capítulo aborda a descrição e a análise dos resultados da pesquisa de campo,

apresenta, na primeira parte, as observações e a análise dos documentos; na segunda,

aparecem as transcrições das entrevistas; e, na terceira e por último, a análise dos resultados.

Para a elaboração do estudo de caso, foram descritos o setor de distribuição de combustíveis e

alguns elementos característicos da BR Distribuidora e de seu SAC.

Na descrição do setor de distribuição de combustíveis constam: visão global das atividades

setoriais, subdividida em três partes: estrutura das atividades, integração vertical na indústria

petrolífera e panorama mundial de produção e consumo de petróleo; histórico de

regulamentação no setor petrolífero no Brasil; e dimensões e características do mercado de

distribuição de combustíveis no Brasil.

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Em seguida, no âmbito da BR Distribuidora, o pesquisador descreve elementos associados à

BR ou ao seu SAC, que o auxiliarão, ao elaborar o estudo de caso. Os elementos descritos

são: histórico da BR Distribuidora; políticas de atendimento e os canais de relacionamento;

SAC: histórico, estrutura, inserção organizacional e interação interdepartamental; processos e

tecnologias aplicadas pelo SAC; e elementos da terceirização no SAC da BR Distribuidora.

Na segunda parte da investigação, o pesquisador seleciona e propõe categorias analíticas,

visando abordar o objeto de pesquisa (SAC), por meio de entrevistas de três de seus principais

atores, servindo de referência para a confecção do guia e dos roteiros de entrevistas, e

buscando a devida aproximação ambiental e o aprofundamento da análise dos resultados, com

vistas ao atingimento do objetivo da pesquisa.

As categorias analíticas selecionadas e propostas são: desenvolvimento de carreira na área de

atendimento ao consumidor; papel do Serviço de Atendimento ao Consumidor sob diferentes

perspectivas; principais determinantes para que o SAC atue satisfatoriamente segundo a visão

de seus profissionais – operação, supervisão e gerência; principais processos e tecnologias

utilizados na operação do SAC; balanceamento do nível de motivação do pessoal versus

pressões pelo cumprimento de objetivos operacionais dentro do SAC; influência da

terceirização de processos na atuação do SAC; e a contribuição do SAC para o alcance dos

objetivos globais da organização.

Na seqüência, o pesquisador analisa os resultados produzidos nas etapas anteriores, usando,

para isso, as mesmas categorias analíticas selecionadas para abordar os sujeitos de pesquisa.

Por fim, o quinto capítulo apresenta as considerações finais e algumas recomendações para

estudos futuros; e destaca o potencial de aproveitamento e o valor contributivo desta pesquisa

para o aperfeiçoamento das práticas organizacionais dentro do SAC.

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2.0 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 SERVIÇO AO CONSUMIDOR: HISTÓRICO, DEFINIÇÃO E

CARACTERÍSTICAS; QUALIDADE EM SERVIÇOS; E SERVIÇO AO

CONSUMIDOR NO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS

2.1.1 HISTÓRICO, DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS

Os clientes almejam a garantia de que terão o melhor acesso possível às empresas para

adquirirem e usufruírem de seus produtos e/ou serviços de forma conveniente e satisfatória.

Esse princípio deu origem ao conceito da qualidade de serviço e da importância do

atendimento ao cliente, justificando a criação de mecanismos organizacionais que se

mostrassem eficazes, sendo que um dos mais utilizados é a prática do serviço ao cliente.

O serviço ao consumidor tornou-se uma necessidade de negócio, não por acaso, mas

determinado, dentre outras causas, por uma conquista social e histórica que aconteceu após

longo embate contra certas práticas do sistema produtivo que, em épocas remotas, pouco

valorizavam a figura do consumidor.

Zülzke (op. cit., 1991, p. 4) relata que as primeiras manifestações de consumidores datam do

final do século XIX e em decorreram do fortalecimento da sociedade capitalista que, durante

essa fase, iniciou a criação do mercado da força de trabalho e do mercado de bens de

consumo.

A partir dos Estados Unidos, essas manifestações sociais expandiram-se por dezenas de outros

países, ampliando seus enfoques e conceitos e sofisticando suas formas de ação ao longo de

todo o século XX.

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Este movimento social denominou-se consumerismo6, e Kotler (1980, p. 555) destaca três

períodos marcantes:

• O primeiro movimento de consumidores ocorreu no início do século e foi motivado

principalmente pela inflação. Concorreu também para esse evento a exposição pública das

condições higiênicas e sanitárias das indústrias de carne e farmacêutica.

• A segunda onda de consumerismo ocorreu na metade da década de 1930 e foi insuflada

por fatores, tais quais: um aumento de preços ao consumidor durante a depressão e um

novo escândalo envolvendo a indústria farmacêutica.

• O terceiro movimento começou nos anos de 1960 e foi o resultado de uma conflagração

de eventos. As principais causas foram o aumento do nível médio de escolaridade e a

sofisticação dos produtos, que se tornaram crescentemente complexos e perigosos, e o

descontentamento com as instituições públicas em geral.

Straver (1978) ressalta a resistência inicial por parte das empresas na Europa em acolher as

exigências e as sugestões de setores sociais sobre os mecanismos de produção. Entretanto,

verificou-se posteriormente uma transformação nesse cenário, emergindo um conjunto de

desafios e de oportunidades para algumas empresas obterem diferenciais sobre a sua

concorrência. Essa premissa fundou-se na percepção de que o movimento não seria

transitório e que ele se consolidara como uma conquista social que nortearia as relações de

produção e consumo de forma permanente.

Kotler (1972, p. 55) generaliza e sentencia a respeito dos benefícios do consumerismo para as

empresas:

“ (....) O consumerismo pode ser lucrativo”. “ (....) A empresa atenta verá

o consumerismo como uma nova base para obter vantagem competitiva

diferencial no mercado. A preocupação com o bem-estar do consumidor

pode ser transformada em oportunidade lucrativa, pelo menos de duas

maneiras: pela introdução de novos produtos demandados e pela adoção de

uma postura consumerista no âmbito da empresa.”

6 Consumerismo é o movimento social que emergiu no final do século XIX para assegurar ao consumidor o direito de se manifestar e exigir melhores condições de consumo sobre os produtos e os serviços ofertados pelos agentes produtores. .

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Segundo Zülzke (op. cit., 1991, pp. 17-18), a iniciativa privada nos Estados Unidos, durante o

quarto estágio do movimento mundial de consumidores – da década de 1970 até o final dos

anos 1980 – perplexa com os violentos confrontos no parlamento e aturdida com a pressão do

movimento dos consumidores, buscou uma alternativa ao impasse criando estruturas

específicas para atender os consumidores.

Zülzke escreve sobre a origem dos Departamentos de Serviços ao Consumidor (DSCs) em

empresas e afirma que a SOCAP – Society of Consumers Affairs Professionals in Business

faz o seguinte comentário sobre o perfil inusitado desse órgão: “não podia ser tratada como

relações públicas, ou publicidade, ou apenas atendimento de reclamações; era algo

completamente diferente e os profissionais tinham que se colocam nos sapatos dos

consumidores”.

Atualmente, a maior parte dos autores de marketing descreve a área de serviço ou de

atendimento como tendo foco sobre o cliente. Contudo, algumas empresas, por uma questão

organizativa, dependendo do tipo de negócio (produtos e serviços) e do acesso ao cliente

final, utilizam-se do termo consumidor ao invés de cliente. Algo que pode ser interpretado

como uma questão de nomenclatura e que, ao ser elaborado este trabalho, em função do

objeto de estudo, o pesquisador procura privilegiar o termo consumidor.

Lancione (op. cit., 1995, p. 19) ressalta que o interesse pela implantação de um departamento

de serviço ao cliente aumentou em importância na agenda corporativa nos Estados Unidos. E

ainda salienta o significado da necessidade por programas de serviço ao cliente e sua

adequação à nova ambiência empresarial. Lancione registra que, no início dos anos 1980, o

panorama de negócios de muitas empresas americanas nos Estados Unidos mudou com o

aumento da concorrência, principalmente pelos produtos importados japoneses e europeus que

se mostravam com uma qualidade superior aos produzidos domesticamente.

Donaldson (op. cit., 1995, p. 113) afirma que as empresas precisam ter uma fonte de

vantagem competitiva para sobreviverem e prosperarem nos mercados com forte

concorrência. O autor conceitua o serviço ao cliente como uma fonte de vantagem

competitiva.

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Para LaLonde et al. (1988) e Christopher (1992) (apud Donaldson, 1995, p. 114, o serviço ao

cliente é foco de crescente atenção por parte da administração, já que relaciona a geração de

riqueza das empresas à sua capacidade de adicionar valor para o cliente.

Donaldson declara que as empresas estão informadas sobre a necessidade de reter seus

clientes e de promover a sua lealdade. De acordo com o autor, os clientes podem ser leais por

causa da ausência de alternativas ou por causa de alguns incentivos, porém, de acordo com a

observação dos fatos e das mais diversas alternativas competitivas, os clientes adquirem

lealdade de forma mais eficaz pelo aumento de seu nível de satisfação.

Segundo Donaldson, a lealdade do cliente pode ser avaliada, porém é conquistada e não pode

ser transferida automaticamente. Salienta que a satisfação do cliente pode ser medida, todavia

não é uma atividade gerencial. Em que pese esse juízo, o serviço ao cliente e o atendimento ao

cliente são iniciativas gerenciais e, portanto, devem ser consideradas partes das atividades,

dos processos e das estratégias da administração.

Como já foi visto, Donaldson define o serviço ao cliente como um esforço empreendido pelo

vendedor que se traduz em valor para o comprador, além de aumentar a satisfação do cliente e

o incentivo para o seu patrocínio e lealdade.

Gilmour et al. (1994, p.18) definem o serviço ao cliente como um fenômeno

multidimensional. Essa idéia é apresentada levando-se em conta o perfil do cliente, tal como

seus requerimentos para compra. O autor baseia sua afirmação comentando que os vendedores

provêem uma série de serviços que se combinam num pacote de serviços ao cliente. Os

clientes decidem se devem ou não comprar de determinado vendedor a partir de um campo de

considerações sobre o serviço ao cliente, que podem ou não ter relação com aquele pacote de

serviços que lhes é ofertado.

Macaulay e Clark (1998, p. 185) apresentam uma ferramenta de diagnóstico, desenvolvida

pela Cranfield School of Management (GBR), para precisar quão focado no cliente é uma

organização. Essa ferramenta é denominada de Cultura Web e tem, no seu centro, a visão do

cliente e o mundo. O modelo da Cultura Web está representado na Figura 2.1.1.1.

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Figura 2.1.1.1 - Cultura de serviço Web.

A Cultura Web analisa, através das equipes de serviços ou grupos de gestores, uma série de

sete componentes interligados que juntos tecem a cultura da organização. A Cultura Web

utilizada como um modelo estruturado para discussão sobre cultura pode identificar aspectos

da vida organizacional que auxiliem ou preparem para uma cultura responsiva voltada para o

cliente.

Macaulay e Clark (1998, p. 186) discorrem sobre a Cultura Web e, quando abordam a

dimensão do “poder”, relacionam as questões-chave investigadas: Quem tem o poder? É o

Serviço ao Cliente representado na alta administração? ; Qual é grau de poder que têm os

funcionários da linha de frente quando o assunto é serviço ao cliente? Quem tem o poder de

ORGANIZAÇÃO

ESTÓRIAS

PODER

CONJUNTO DAS ATITUDES

OU VISÕES DOS SERVIÇOS

SÍMBOLOS

CONTROLES

ROTINAS E RITUAIS

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tomar decisões? ; Para o desenho de novos serviços, o que é mais importante a voz do cliente

ou a influência dos “construtores do império”?

Os autores sustentam a importância dessas dimensão, aventando a hipótese de que um gerente

individualmente poderá bloquear muito das mudanças necessárias, pois isso poderá diluir seu

poder gerencial.

Macaulay e Clark correlacionam os seus comentários com um caso que vivenciaram junto a

uma companhia de águas e esgotos; nele puderam constatar que o maior fator de

disseminação de uma estratégia de serviço ao cliente pôde ser evidenciado por meio de um

grupo de engenheiros, relativamente inexperientes, que compravam dando ênfase aos novos

clientes. Esse grupo tinha a habilidade para reinterpretar e prevenir qualquer coisa em curso

que não atendesse a sua visão.

Anton (op. cit., 2000, p. 120) apresenta algumas considerações sobre o passado dos SACs, em

forma de lições, tais como:

• Os clientes valorizam significativamente o acesso livre e fácil das informações críticas

relacionadas ao negócio.

• Quando novos canais tornam-se disponíveis, as companhias são rápidas em oferecê-los,

porém não tão céleres para assessorá-los eles apropriadamente no sentido de manipular a

enxurrada de contratos dos clientes. Conforme pode atestar o número de ligações

bloqueadas, quando os números 0800 foram oferecidos; e a insuficiência de respostas por

meio de correio eletrônico nos tempos mais recentes.

• A adição de novos canais não substitui os canais já existentes de acesso à informação. Os

clientes preferem múltiplos de pontos de contato disponíveis a qualquer tempo e a custo

zero.

Anton destaca a mudança operada atualmente em muitos setores de atividade, em que os

SACs com baixa tecnologia estão se modernizando e ocupando uma posição no front dessas

empresas. Nessa migração, os SACs (Serviços de Atendimento ao Consumidor) apresentam-

se como uma necessidade com as últimas tecnologias de hardware e software, em aplicativos

de voz e dados, acentuando-se o fato de que o foco está mudando de mais contatos por

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telefone para outras formas de acesso ao cliente, tais como correio eletrônico, fax-mail,

quiosques e Internet.

Anton ainda escreve sobre o que acredita ser a tendência para operação dos SACs. O autor

salienta que, neste novo milênio, vários fatores estão impactando essas unidades de

atendimento ao cliente, mostrando que cada vez mais cresce a demanda pelo acesso fácil às

informações sobre o negócio, enquanto novas soluções tecnológicas surgem por todos os

lados para assistir os gestores destes centros em aperfeiçoar suas habilidades para manipular

os novos níveis de demanda dos clientes ávidos por informação.

2.1.2 QUALIDADE EM SERVIÇOS

O paradigma atual da satisfação é baseado nas hipóteses de que os clientes agem segundo suas

próprias percepções de qualidade e satisfação, em que eles são livres para agir e escolher, e

também, em que um cliente leal é mais lucrativo do que um cliente menos leal (Storbacka,

Strandivik e Grönroos, op. cit., 1994, p. 21).

Storbacka, Strandivik e Grönroos (1994) objetivam comprovar algumas dessas hipóteses que

estão presentes na linha dominante de pensamento. Para isso, os autores se propõem a

discutir sobre os fatores que afetam a economia do relacionamento com o cliente e a

lucratividade do cliente à luz da qualidade de serviço atual e do paradigma da satisfação do

cliente. O argumento básico dos autores é que, na literatura sobre qualidade de serviços,

várias hipóteses são formuladas sobre como essa conduz à lucratividade.

Storbacka, Strandivik e Grönroos discorrem, a partir da evolução da teoria clássica de

marketing, sobre uma perspectiva de marketing de relacionamento que se fundamenta no

modo de adquirir clientes, ou de criar uma transação.

Berry (1983, apud Storbacka, Strandivik e Grönroos, 1994, p. 22) afirma que o marketing, a

fim de resguardar a base de clientes, vem se tornando cada vez mais importante para a área de

serviços devido ao fato de que a desregulamentação cria situações com o aumento da oferta de

serviços similares.

Grönroos (op. cit., 2003) destaca que todas as organizações empresariais, independentemente

de seu objetivo central ou da produção de bens físicos ou da prestação de serviços, devem

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buscar diferenciação através da qualidade. Como a tecnologia tornou-se um recurso

facilmente copiado, e mesmo aprimorado, a orientação para serviços é o único fator que pode

gerar vantagem competitiva sustentável.

Parasuraman et al. (1988, p. 16, apud, op. cit., Dean, 2004, p. 61) supõem que os clientes

avaliam a qualidade do serviço comparando suas expectativas com suas percepções7 sobre o

desempenho do serviço.

O papel das expectativas na qualidade do serviço é visto de forma mais complexa nos

modelos que sugerem a existência de diferentes níveis de expectativas idealizadas e associam

as expectativas e a satisfação do cliente com o nível de qualidade do serviço e a satisfação do

cliente (Oliver, 1993; Zeithaml et al., 1993; apud Dean, 2004, p. 62). Esse conceito está

relacionado com o estabelecimento da zona de tolerância do cliente, tal como demonstra a

teoria ZOT (“Zone of Tolerance”8).

A teoria ZOT é baseada na suposição de que os clientes reconhecem e estão propensos a

aceitar uma graduação de heterogeneidade na qualidade do serviço (Johnston, 1995; Liljander

and Strandvik, 1993; Parasuraman et al., 1991; Zeithaml et al., 1993; apud Dean, 2004).

Para Zeithaml et al. (op. cit., 1993, p. 6), a ZOT é representada por um campo entre o que é

‘desejado’ e o que é considerado ‘adequado’. O serviço desejado é definido como a

combinação do que pode e deve ser fornecido enquanto que o nível de qualidade do serviço

‘adequado’ é definido como o nível mínimo de desempenho do serviço considerado ajustado

pelo cliente (Parasuraman, et al., 1994a, b, apud Dean, 2004, p. 62).

Os autores da teoria ZOT sugerem que o nível de serviço ‘desejado’ é relativamente estável,

mas o nível de serviço ‘adequado’ aumenta ou diminui em função das circunstâncias e

necessidades dos consumidores. (Parasuraman et al., 1991; Zeithalm et al., 1993; apud Dean,

2004).

Eles demonstram que, analisando uma pesquisa sobre qualidade de serviços, o nível de

serviço ‘desejado’ tende consistentemente para uma posição alta e positiva na escala,

7 A abordagem da qualidade percebida de serviço com seu constructo de desconfirmação (isto é, ele mede quão bem experiências do processo de serviço e seus resultados atendem às expectativas) ainda constitui o fundamento da maioria das pesquisas de qualidade de serviço em curso. 8 Em português, Zona de Tolerância.

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entretanto apontam que o nível ‘adequado’ é mais propenso a variar e que somente poucas

respostas dos entrevistados projetam-se para baixo da escala.

Segundo alguns autores (Peterson e Wilson, 1992; Danaher e Haddrell, 1996; Dean, 1999;

apud Dean 2004), essa descoberta é consistente com os estudos que empregam o instrumento

SERVQUAL9 para medir as expectativas ‘desejadas’ e mostram que o nível de serviço

‘desejado’ das expectativas tende para uma posição alta e positiva.

De Carvalho e Leite (1999, p. 489) e Parasuraman et al. (op. cit., 1991, p. 46) afirmam que

uma zona de tolerância mais larga significa que os consumidores estão mais tolerantes quanto

às variações nos níveis de serviço, e as organizações têm mais margem para gerir os seus

serviços.

2.1.3 SERVIÇO AO CLIENTE NO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS

Kumar e Sahay (2003) identificam os elementos dos produtos e serviços que geram a

satisfação dos clientes no setor de distribuição de combustíveis através de uma pesquisa

realizada na Índia. O trabalho dos autores investiga vários elementos dos produtos e serviços

do setor varejista de distribuição de combustíveis. Da mesma forma, o seu estudo propõe um

modelo para formatar os serviços nos postos de atendimento que poderá gerar satisfação aos

clientes.

Nota-se que há semelhanças em muitos aspectos com o caso brasileiro, principalmente no

tocante às estratégias de governo para o desenvolvimento do setor e às reações do mercado

em face a essas iniciativas. Assim sendo, credita-se como interessante, ao presente trabalho

dissertativo, a apreciação dos principais pontos dessa investigação.

Kumar e Sahay (2003, pp. 29-33) descrevem as transformações ocorridas no setor petrolífero

indiano nas últimas décadas, desde a independência do país no ano de 1947 até os dias atuais.

9 SERVQUAL é um instrumento para medir como os clientes percebem a qualidade de um serviço. Esse instrumento tem como base os cinco determinantes descritos e uma comparação entre as expectativas dos clientes sobre como o serviço deveria ser executado e suas experiências sobre como o serviço foi prestado (desconfirmação ou confirmação das expectativas). Geralmente são 22 atributos para descrever os cinco determinantes que alicerçam a sua gênese teórica (1. Tangíveis visíveis/ 2. Confiabilidade credibilidade / 3. Capacidade de resposta – Prontidão / 4. Segurança – Domínio / 5. Empatia) e solicita-se aos entrevistados que classifiquem o que esperavam do serviço e como perceberam o serviço.

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Os autores apresentam um quadro evolutivo setorial, começando pela apresentação da

situação de vulnerabilidade e dependência que existia no país por causa da insuficiência da

capacidade de refino de petróleo.

Em 1947, o país possuía apenas uma refinaria em Digboi que processava duzentos e cinqüenta

mil toneladas por ano, sendo, à época, o consumo de petróleo de dois milhões e setecentas mil

toneladas. Esse quadro inverte-se ao longo do tempo e mostra atualmente a auto-suficiência

do país em capacidade de refino: hoje a capacidade de refino é de cento e doze milhões de

toneladas de óleo cru e o consumo é ligeiramente superior a cem milhões de toneladas.

Como no caso brasileiro, o modelo implantado no setor petrolífero na Índia, e em vigor até o

início dos anos 1990, foi o de pleno controle estatal. O Estado assegurava, para as

companhias de marketing e refino, uma taxa de retorno de 12% ao ano sobre o capital

investido; sendo considerada como função de marketing somente a atividade de distribuição

de combustíveis.

O APM (Administered Pricing Mechanism10) prevalecia, e os ganhos eram estabelecidos por

fatores como adição de patrimônio, incentivos relacionados com a produção, eficiência etc.

Durante esses anos, a função de marketing das organizações recebeu menor atenção. O

mercado era monopolizado por companhias estatais, e não havia outra opção de compra por

parte dos consumidores. O conceito de posto de atendimento de serviços era praticamente

inexistente. Se alguns postos ofertavam serviços, os mesmos foram formatados sem qualquer

interação com o cliente.

O estudo de Kumar e Sahay objetiva identificar os elementos que determinam a satisfação dos

consumidores no setor de distribuição de combustíveis através de postos de atendimento de

serviços. Para isso, os consumidores não são diferenciados em função do seu nível de

consumo.

Componentes de ordem econômica, política e tecnológica têm exercido importante papel na

configuração da dinâmica competitiva na indústria petrolífera indiana. Com o objetivo

principal de prover adequadamente necessidades para os setores da sociedade mais

enfraquecidos economicamente, a APM subsidiou preços de produtos como querosene, óleo

10 O APM, com tradução para o português de Mecanismo de Preços Administrados, teve o seu modelo congênere atuando no Brasil, entre 1968 e 1991, através do Conselho Interministerial de Preços – CIP, com a atribuição de fixar e fazer executar as medidas destinadas à implementação da sistemática reguladora de preços prevista pela legislação brasileira e observada a orientação geral da política econômica do Governo Federal.

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diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP), através da cobrança de preços mais altos de

produtos como gasolina e combustível de aviação.

Kumar e Sahay (2003, p. 31) caracterizam a indústria petrolífera e fundamentam a

importância da escala de produção neste setor. Segundo os autores, o tamanho da operação

pode trazer problemas porque existe uma extensão grande de economias de escala nessa

indústria. A integração vertical tem papel importante na definição da lucratividade de

qualquer empresa nesta indústria e objetiva, além da lucratividade, o aumento da

competitividade e flexibilidade.

A complexidade de uma refinaria possibilita profunda conversão, resultando em melhor valor

adicionado para compostos de produto com capacidade de maximizar resultados e minimizar

custos de produção. A mais moderna tecnologia permite aumentar o valor adicionado sem que

para isso se produza óleo combustível (que se aumentem os custos de produção).

Até recentemente, a função de marketing das empresas de petróleo ficou estritamente sob o

controle do governo. No entanto, o governo desregulamentou o setor e privatizou algumas

empresas, permitindo inclusive a abertura de novos postos de atendimento por todo o país. A

participação de mercado no segmento varejista como proporção das vendas totais é um outro

desafio que enfrentam as companhias de petróleo. Num cenário de muita oferta de produtos,

as margens oriundas dos segmentos atacadistas apresentam pouca atratividade, sendo as

primeiras a estarem ameaçadas. Portanto, os perdedores, sob esta perspectiva, seriam as

companhias com baixa participação nos segmentos varejistas.

Kumar e Sahay revisam aspectos importantes da literatura sobre marketing de serviços.

Segundo eles, a importância dos componentes de serviços depende da natureza do produto e

da dinâmica da competitividade dos mercados. As características dos produtos (derivados de

petróleo) oferecem poucas chances para diferenciação. Uma das oportunidades é a presença

de padrões nacionais oficiais que garantem especificações de qualidade mínima. Isso indica a

importância do atributo de serviço no marketing de produtos através dos postos de

atendimento.

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Kumar e Sahay (2003, p. 34) utilizam o modelo do Gap11 (Lacuna) da qualidade de serviço

para identificar os elementos que geram a satisfação do cliente no setor de distribuição de

combustíveis. O “gap do cliente” tem papel maior no marketing de serviços, sendo definido

como o ‘intervalo’ entre o serviço esperado e o serviço percebido. As expectativas dos

clientes são os pontos de referência para o desempenho, contra as quais as experiências do

serviço são comparadas.

As fontes das expectativas dos clientes consistem em fatores controlados de mercado (como

precificação, publicidade, promessas de vendas etc.). Num mundo perfeito, a expectativa e a

percepção seriam idênticas. A satisfação do cliente está correlacionada com o valor percebido

do produto e o serviço ofertado.

Os gaps nas expectativas do cliente poderiam ser ocasionados por conta de:

• A falta de conhecimento do que os clientes esperam;

• A falta de seleção dos padrões e formato do serviço correto;

• A incapacidade para distribuir padrões de serviço;

• O descumprimento das promessas de desempenho.

Kumar e Sahay justificam o gap do cliente apresentando variáveis que influenciam tanto as

suas expectativas do cliente como e as percepções do cliente. Essas variáveis, tais como

mercado competitivo, esforço promocional para atrair clientes etc., fazem crescer as

expectativas do cliente e criam o seu gap do cliente. No entanto, um esforço é sempre

realizado para minimizar o gap do cliente e mantê-lo permanentemente tão baixo quanto

possível.

Entre os benefícios da satisfação do cliente, o mais importante é a sua satisfação, pois cria

defensores. Defensores são clientes agressivamente leais. Eles cantam os jingles, elogiam as

propagandas, e os produtos e os serviços. Eles revelam-se como a maior força não

remunerada de vendas. Isso finalmente anuncia a lucratividade da organização.

Os autores citam os resultados de recente pesquisa da London Business School (divulgada no

periódico Marketing Business, em maio de 1996) que apresenta a estratégia de marketing de

11 Leonard L. Berry, Valarie A. Zeithaml e A. Parasuraman desenvolveram o que denominaram Modelo de Análise de Lacuna (gap analysis), cujo propósito é ser usado para analisar fontes de problemas de qualidade e ajudar os gerentes a entenderem como a qualidade de serviço pode ser melhorada.

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produto voltada para a satisfação do cliente como provavelmente a mais eficaz para o

aumento da lucratividade. Por isso, segundo Kumar e Sahay, a satisfação do cliente poderia

ser a meta final das companhias de serviços, podendo estender-se o mesmo princípio aos

postos de atendimento de varejo do setor de distribuição de combustíveis.

Kumar e Sahay (2003, pp. 35-53) utilizam, como metodologia de pesquisa, o método de

amostragem não probabilística estratificada, e fazem a coleta de dados nos vários segmentos

de consumidores do varejo, representados pelo tipo de atendimento e baseado na necessidade

do consumidor (motoristas dos veículos). Os autores dividem a primeira parte da pesquisa, a

preparação para coleta de dados, nas seguintes etapas: definição da estrutura da amostra,

formatação da pesquisa (dividida em estudo preliminar e pesquisa descritiva),

desenvolvimento do conceito, agrupamento de elementos e elaboração do questionário.

Na segunda parte, os autores usam um método de survey para abordar os respondentes e o

aplicativo SPSS12 para a análise dos dados. Em seguida, fazem a análise descritiva, gerando,

no final, uma análise das expectativas do cliente para cada um dos segmentos de

consumidores do varejo.

Kumar e Sahay (2003, p. 54) concluem apresentando os seis níveis de expectativas do cliente

dos postos de atendimento de varejo do setor de distribuição de combustíveis. Essas

expectativas estão hierarquicamente listadas em ordem decrescente de importância – do nível

mais básico ao nível mais sofisticado. Cada nível constrói-se a partir do nível anterior. Os

níveis identificados são apresentados na Tabela 2.1.2.1.

Nível 1:

Confiabilidade

(produtos e serviços)

Esta é a expectativa mais básica e mais manifestada

pelos consumidores entrevistados.

Nível 2:

Instalações de apoio

(serviços acessórios)

Em adição, os consumidores esperam ter acesso a

uma gama de serviços de apoio relacionados ao bom

funcionamento dos seus veículos.

12 O software SPSS (acrônimo de Statistical Package for the Social Sciences - em português, pacote estatístico para as ciências sociais) teve a sua primeira versão em 1968 e é um dos programas mais usados nas ciências sociais; é também usado por pesquisadores de mercado, na pesquisa relacionada com a saúde, no governo, educação e outras áreas. O SPSS Data Editor é aplicado em testes estatísticos, tais como os testes da correlação, multicolinearidade, e de hipóteses; pode também providenciar ao pesquisador contagens de freqüência, ordenar dados, reorganizar a informação, e serve também como um mecanismo de entrada dos dados, com rótulos para pequenas entradas.

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Nível 3:

Ambiência

(limpeza, lay-out, visual)

A questão da ambiência é percebida como forma de

comunicar a preocupação da empresa com o bem-

estar dos consumidores.

Nível 4:

Valorização do tempo

(tempo de atendimento)

O tempo de atendimento na obtenção de produtos e

serviços é reconhecido, seja dos produtos principais

ou dos serviços de apoio.

Nível 5:

Responsividade

(prontidão e prestatividade)

A expectativa dos consumidores é estabelecer uma

parceria ativa, na qual os atendentes possam tomar

iniciativas e atender a demanda requerida

satisfatoriamente.

Nível 6:

Instalações adicionais

(produtos e serviços de conveniência)

A mais sofisticada expectativa está relacionada à

oferta de produtos e serviços de conveniência, fora

do núcleo de negócios do posto de atendimento.

Tabela 2.1.2.1 - Os seis níveis de expectativas do cliente dos postos de atendimento de varejo do

setor de distribuição de combustíveis – no mercado indiano.

2.2 DETERMINANTES OPERACIONAIS DE UM SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO

CONSUMIDOR – SAC: NATUREZA E FILOSOFIA; PRINCIPAIS PRÁTICAS; E

ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E DETERMINANTES DA

SATISFAÇÃO DO CONSUMIDOR

Neste tópico, o pesquisador apresenta o call center13 como um tipo de SAC, caracterizando

seu papel e sua atuação.

2.2.1 NATUREZA E FILOSOFIA 13 Call center é um centro de atendimento dotado de central telefônica onde são atendidas chamadas e onde por vezes também se promovem campanhas de telemarketing. Telemarketing, termo inglês criado por Nadji Tehrani em 1982, designa a promoção de vendas e serviços via telefone.Atualmente, o termo foge deste escopo , ao abranger também a telecobrança (cobrança via telefone), atendimento ao consumidor e o suporte técnico. Pode-se dizer que o telemarketing é um atendimento telefônico comercial ou não padronizado que segue certos roteiros (scripts) de atendimento.

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Dean (op. cit., 2004, p. 61) apresenta a definição adotada por Taylor e Bain (1999) para o call

center, evidenciando três elementos essenciais. Primeiro, um call center é uma operação

dedicada com funcionários concentrados integralmente na função de atendimento ao cliente.

Segundo, os funcionários do call center usam telefones e computadores simultaneamente.

Terceiro, e último, as chamadas são processadas e controladas por um sistema de distribuição

automática.

Taylor et al. (2002, apud Dean, 2004) discursam também sobre a heterogeneidade dos call

centers e observam que a definição pode ser ampliada para uma diversidade de tipos. Os

autores apresentam as variantes em função do escopo do atendimento e do grau de

competência técnica dos atendentes.

Feinberg et al. (op. cit., 2000, p. 131) sustentam que as empresas que consideram o call center

como uma ferramenta estratégica para satisfação do cliente, e parecem cuidar mais do cliente

do que os seus concorrentes, diferenciam-se na competição. Desse modo, elas estão em

melhor posição competitiva do que aqueles que permitem apenas o acesso aos seus pontos de

venda.

A Call Centre Association - CCA14 (1999, apud Gilmore, 2001, p. 153), associação que

congrega os SACs no Reino Unido, define o SAC como:

“(...) uma operação virtual ou física dentro de uma organização, na

qual um grupo de pessoas despende a maior parte do seu tempo

realizando negócios por telefone, normalmente trabalhando num

ambiente automatizado pelo computador.”15

14 A Call Centre Association (CCA) é uma associação de profissionais de call centers no Reino Unido, com mais de 800 membros corporativos representados por mais de 3.500 operadores seniores e empregando entre 20% e 30% do total dos profissionais da área dentro do mercado do Reino Unido. 15 “(…) a physical or virtual operation within an organization in which a managed group of people spend most of their time doing business by telephone, usually working in a computer-automated environment”.

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Holdsworth e Cartwright (2003, p. 131) destacam que os call centers estão apresentando

continuamente infra-estruturas aperfeiçoadas e tecnologias mais avançadas como uma reação

à necessidade por maior, melhor, mais rápido e, também, mais adequado custo de

comunicação.

Conforme Lam e Lau (2004, pp. 481-482), o aumento do grau de tecnologia dentro dos call

centers tem gerado desconfiança acerca do aproveitamento de todos os recursos tecnológicos

disponíveis. Eles destacam o esforço das empresas no sentido de continuamente fornecer

eficiência e qualidade de serviços a seus clientes. Os autores dizem ainda que é considerada

pelas empresas a adoção de medidas como uma reestruturação organizacional ou uma

reengenharia de processos para alcançar padrões de serviços de classe mundial.

Kim e Kim (2001, p. 140) argumentam que existem vários métodos de modelagem de

processos de serviço. Em geral, o fluxograma cronológico é adotado para documentação do

serviço (Shostack, 1984; apud Kim e Kim, 2001).

2.2.2 PRINCIPAIS PRÁTICAS

Lancione (op. cit., 1995, pp. 20-26) analisa os resultados de um estudo realizado com mais de

110 companhias em 12 setores econômicos nos Estados Unidos – químico, petróleo, varejo,

plásticos, automobilístico, semicondutores, componentes eletrônicos, transporte terrestre,

aviação comercial, autopeças, bens de capital e serviços de alimentação – para determinar a

natureza da adoção e implementação do conceito de serviço ao cliente. As principais questões

investigadas na pesquisa foram:

1. Qual é a proporção de empresas dos Estados Unidos que têm atualmente um Serviço de

Atendimento ao Consumidor - SAC?

2. Ao longo de quanto tempo estas companhias têm mantido estes SACs?

3. Qual é o tamanho relativo destes SACs?

4. Quais as funções desempenhadas por estes SACs regularmente?

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5. O que é reportado sobre o relacionamento dos SACs nestas companhias?

6. Qual é o relacionamento dos SACs com os outros departamentos internos nestas

companhias?

Segundo Lancione (op. cit., 1995, p. 20), a adoção de um conceito de serviço ao consumidor é

difícil porque muitas companhias definem serviço ao consumidor de diferentes formas.

Algumas das mais difundidas definições incluem:

• O negócio dos negócios é o serviço ao cliente;

• O cliente é o rei;

• Todas as atividades necessárias para fazer o cliente feliz;

• O relacionamento total que uma empresa tem com seus clientes;

• O cliente tem sempre razão;

• Zero defeito;

• Compromisso com a qualidade;

• Sempre tendo em estoque;

• Excedendo as expectativas dos clientes;

• Satisfação total;

• Mantendo felizes os clientes.

Lancione justifica: “Cada visão de serviço ao consumidor tem suas próprias dimensões”, e

ressalta que a abrangência das definições de serviço ao consumidor é diferente. Podendo ser

muito amplas como “o cliente é o rei” ou “todas as atividades necessárias para fazer o cliente

feliz”, o que implica desenvolver, na companhia, uma estrutura organizacional que seja

suficientemente forte para transcender qualquer barreira empresarial para conseguir resolver o

problema do consumidor. Outras definições são mais focadas, como nos casos: “sempre

tendo em estoque” ou “zero defeito”.

O aspecto central da exposição de Lancione reside no fato de como as companhias lidam com

os impactos sobre o serviço ao consumidor, sobre quão amplo ou restrito é o mandato da

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companhia com essa questão, como está estruturado o serviço ao consumidor, e se tais

companhias possuem um SAC.

Este estudo analisa a tendência das companhias em definir serviço ao consumidor a partir de

uma lista de definições exibida. Como apresentada na Tabela 2.2.2.1, a definição mais

utilizada pelas companhias é “todas as atividades necessárias para fazer o cliente feliz” –

38,5%. Essa visão de serviço ao consumidor é adotada pelos gestores para visualizarem a

prestação do serviço como uma série de atividades.

Definição de Serviço ao Consumidor % de Companhias

Todas as atividades necessárias para fazer o cliente feliz 38,5

O relacionamento total que uma empresa tem com seus clientes 22,3

O cliente é o rei 13,3

Satisfação total 8,1

Mantendo felizes os clientes 7,5

Excedendo as expectativas dos clientes 6,1

Compromisso com a qualidade 2,0

Zero defeito no serviço 1,1

Sempre tendo em estoque 1,1

Total _______

100,0

Tabela 2.2.2.1 - Como as companhias definem serviço ao consumidor.

No que tange à estrutura do SAC, tão variadas são as definições de serviço ao consumidor

como são estas estruturas, que diferem pelo tamanho, pela organização e pelas funções

desempenhadas nos SACs das companhias dos Estados Unidos.

A pesquisa desenvolvida por Lancione revela que 85% de todas as empresas têm um

Departamento de Serviço ao Consumidor como parte de suas estruturas organizacionais. Os

SACs investigados apresentam duas naturezas para os SACs investigados: formal ou

informal.

Num grupo de serviço informal, não existe um canal próprio de relacionamento com estrutura

para coletar e distribuir as demandas, e qualquer problema de consumidor consegue a

imediata atenção do departamento apto para conduzir o assunto. A estrutura informal foi

encontrada com uma prevalência em companhias com menos de 150 funcionários (63% das

companhias com 150 funcionários ou menos). O que caracteriza essas companhias é a fácil

comunicação que existe dentro delas. Há poucas dificuldades em se encontrar uma pessoa ou

departamento que possa resolver o problema do consumidor.

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Já as companhias que têm departamentos formais (37%) são menos responsivas do que os

grupos informais para encaminhar as demandas de serviço ao consumidor.

Na questão que trata da longevidade dos SACs formais ou informais, nas companhias

estudadas, a pesquisa revela que o tempo médio dos grupos de serviço ao consumidor ou

SACs é de 8,3 anos. O número médio de funcionários de um típico SAC é de oito

funcionários. O SAC típico tem o formato piramidal com dois representantes de serviço

júnior, um gerente, um assistente de gerente e quatro representantes seniores.

A caracterização das funções desempenhadas por um Serviço de Atendimento ao Consumidor

(SAC), conforme o trabalho de Lancione, é marcada por ampla variedade de funções

administrativas: do registro e encaminhamento das reclamações até o apoio das atividades de

vendas.

A amplitude da responsabilidade das unidades de SAC tem a sua origem nas diferentes

maneiras de as companhias definirem o atendimento ao cliente e no modo de implementarem

nessas organizações. Algumas companhias vêem o serviço ao consumidor restringindo as suas

atividades às gestões das reclamações do cliente. Outras vêem as atividades realizadas como

uma função de apoio às vendas, com o SAC interagindo com todas as atividades de vendas,

de retornos de chamada dentro da área de vendas e até de distribuição de material

promocional para a força de vendas no campo.

O estudo mostra na Figura 2.2.2.1, que a maior freqüência de atividades nos SACs está no

registro e encaminhamento das reclamações do cliente (80%). Seguem em ordem decrescente:

o apoio às atividades de vendas (69% das companhias); a coleta de pedidos de compra (59%);

os serviços de campo (33%); a cobrança (26%); o crédito (19%); e a extensão de garantias

(11%). Algumas das companhias apontaram outras funções não rotineiras como recalls16 de

produtos, assuntos ambientais e pedidos em emergência (56%).

16 Recall (traduzido para o português: chamamento) é o procedimento pelo qual o fornecedor informa o público sobre os defeitos detectados nos produtos ou serviços que colocara no mercado. Os objetivos essenciais desse tipo de procedimento são: proteger e preservar a vida, a saúde, a integridade e a segurança do consumidor, bem como evitar ou minimizar quaisquer espécies de prejuízos, quer de ordem material, quer de ordem moral. O recall deve ser gratuito e, para que alcance seus propósitos, deve alcançar todo o universo de consumidores expostos aos riscos decorrentes dos defeitos detectados nos produtos ou serviços objeto do chamamento. Os consumidores, por sua vez, no caso de reparos, devem exigir e guardar o comprovante do serviço efetuado. No Brasil, o instituto do recall está previsto no Código de Defesa do Consumidor, que o define em seu artigo 10, parágrafo primeiro.

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Figura 2.2.2.1.a - Funções desempenhadas pelos SACs.

Fonte: Lancione (1995).

Uma característica do SAC abordada no estudo de Lancione (p. 22), a qual reputa como das

mais importantes, é o seu posicionamento dentro da estrutura organizacional.

A natureza híbrida do SAC não favorece um grau maior de assertividade quanto ao seu

posicionamento na organização. Lancione considera duas possibilidades quanto ao

posicionamento de um SAC: na primeira, contempla o SAC reportando-se diretamente ao

nível organizacional estratégico; e, na segunda, apresenta o SAC ligado indiretamente ao

nível organizacional estratégico, tendo outro órgão ou setor intermediando a relação.

A Figura 2.2.2.1.b representa as duas estruturas organizacionais. Para o caso em que o SAC se

reporta diretamente ao nível organizacional estratégico, Lancione relaciona três vantagens

para a organização que adota esse formato organizacional:

1. A estrutura permite um fluxo livre de comunicação entre o SAC e os tomadores de decisão,

sem bloqueios que impeçam o SAC de remeter suas informações à alta administração.

Recepção de

Reclamações

Apoio às Vendas

Entrada de Pedidos

Serviços de Campo

Cobrança

Crédito

Extensão de Garantia

0 20 40 60 80 100

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2. O SAC pode freqüentemente conseguir os recursos necessários para desenvolver a

estratégia de serviço ao consumidor sem a resistência dos outros grupos de gerentes.

3. O SAC tem autoridade para resolver os problemas dos consumidores rapidamente,

podendo interagir dentro da estrutura organizacional em todas as direções, na vertical, na

horizontal e na diagonal.

Subordinação Direta

Subordinação Indireta

Figura 2.2.2.1.b - Tipos de subordinação do SAC ao nível organizacional estratégico .

Fonte: Lancione (1995).

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De acordo com Lancione (p. 22), a estrutura com subordinação indireta é geralmente

encontrada em diversas das grandes e multidivisionais companhias sem uma função do SAC

centralizada. A estrutura opera bem, mas apresenta algumas sérias limitações. A primeira é

que a função de serviço está sempre sob o controle dos grupos da média gerência que

freqüentemente considera serviço ao consumidor mais como um estorvo do que um bem.

Nessa circunstância, a função do SAC geralmente tem dificuldade em obter informações de

outros departamentos sobre uma diversidade de questões de serviço, incluindo posição do

pedido, chegada das entregas, nível de estoque em inventário, posição de reclamação,

cobrança e dados de vendas.

Além disso, o SAC está freqüentemente sob o controle do departamento ao qual se subordina.

E razão para isso é a constante dificuldade em obter os recursos necessários para manipular

plenamente todas as questões associadas às manifestações dos consumidores, apesar de ter

sido de início configurado para fazê-lo.

A pesquisa conduzida por Lancione investigou a incidência da subordinação dos SACs, por

áreas da organização, dentro das companhias norte-americanas. Os resultados são

apresentados na Figura 2.2.2.2.

A maioria das companhias indica o SAC subordinado mais freqüentemente à área de vendas

(29%). Das estruturas de subordinação indireta, essa é uma das que têm melhor

posicionamento organizacional para um SAC.

Figura 2.2.2.2 – Inserção organizacional do SAC – por área

Fonte: Lancione (1995). .

0% 10% 20% 30%

Incidência do Posicionamento Organizacional do SAC - por Área Subordinado à Presidência

Subordinado ao Marketing

Subordinado às Vendas

Subordinado à Produção

Subordinado aos RecursosHumanos

Subordinado à Contabilidade

Outros Departamentos

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A seguir, em termos de freqüência de relacionamento direto com o SAC, vem a área de

marketing com 23%. Segundo Lancione (p. 23), de todas as possibilidades para uma estrutura

de subordinação indireta, a melhor é a que fica inserida na função do marketing, pois essa

tende a acompanhar o mercado com uma visão de longo prazo.

Em terceiro lugar, em número de companhias pesquisadas, aparece a área de produção tendo

posição hierárquica sobre o SAC com 15%. Uma característica dos SACs, com esse perfil, é a

de ter, entre as suas responsabilidades, a função de controle de qualidade. A maioria das

empresas com esse modelo provavelmente produzem mais produtos sob pedido do que

produtos para armazenagem. Sendo assim, o SAC típico subordinado a uma área de

manufatura normalmente trata de questões como a posição e o acompanhamento de pedidos e

assuntos sobre a qualidade dos produtos.

Quanto à interação interdepartamental, Lancione (p. 24) assevera que um dos mais

significativos desafios dos SACs é ganhar a aceitação dos demais órgãos de suas empresas. O

autor justifica ao dizer que o SAC é um órgão relativamente novo em muitas empresas e é,

com freqüência, visto como uma ameaça por muitos departamentos. Em adição, Lancione

revela, no seu estudo, que 39 % do total de empresas pesquisadas apontam para o fato de que

a formação do SAC gerou uma mudança dentro das suas estruturas administrativas.

Lancione exemplifica comentando o caso, relatado em sua pesquisa, de um fabricante de

autopeças de porte médio, em que o SAC esteve constantemente em desacordo com a área de

contabilidade sobre quão rapidamente os créditos dos clientes poderiam ser processados. O

departamento de contabilidade levou de três a seis meses para creditar as contas dos

consumidores, em benefício desses, considerando que os débitos, indevidamente registrados,

foram processados no mesmo dia.

Outro ponto importante é o que trata da receptividade dos órgãos internos da empresa para os

assuntos relacionados ao atendimento ao cliente. Lancione apresenta o resultado das

entrevistas de sua pesquisa quanto ao nível de receptividade de outros órgãos da empresa às

manifestações do consumidor, conforme indica a Figura 2.2.2.3. As respostas compreendem

uma escala que varia de 1 (nível mínimo) até 5 (nível máximo).

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Figura 2.2.2.3 – Nível de receptividade de outras áreas da organização.

Fonte: Lancione (1995).

2.2.3 ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E DETERMINANTES DA

SATISFAÇÃO DO CONSUMIDOR

Armistead e Kiely (op. cit., 2002, p. 246) exploram as questões da gestão dos SACs através de

dois estudos de caso intensivos em organizações do Reino Unido, suplementados por

entrevistas com cinco gerentes de operações de outros SACs. Os autores examinam assuntos-

chave da gestão do SAC sob a perspectiva dos gerentes, líderes de equipe e agentes de

atendimento ao consumidor (operadores de call center).

O estudo de Armistead e Kiely evidencia um profissionalismo crescente dos trabalhadores do

SAC. Segundo eles, esse profissionalismo está alinhado com o papel notável desempenhado

pelo SAC na cadeia de valor de muitas organizações.

De acordo com os autores, os gestores do SAC estão sob pressão para conciliar as metas

potencialmente conflituosas de atendimento ao consumidor, com a eficiência dos processos

do SAC, que, em circunstâncias variáveis, causam carga adicional de trabalho sobre o SAC.

Nesse ambiente, são críticas as decisões a respeito do uso da tecnologia e das funções dos

operadores do SAC.

Receptividade para as Manifestações do Consumidor

Marketing

FinançasVendas

SIG

Alta Administração

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

5,00

Marketing Finanças Vendas SIG Alta Administração

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Armistead e Kiely comentam que muitas pesquisas dentro dos SACs estão orientadas para os

sistemas coercitivos adotados de emprego (Batt, 1999; op. cit., Taylor e Bain, 1999; apud

Armistead e Kiely, 2002, p. 246). Os críticos do SAC comparam-no com a “factory

sweatshop”17 – modelo de fábrica do início do século XX (IDS18, 1997; apud Armistead e

Kiely, 2002).

Apesar do ambiente taylorista19 do SAC, Kinnie et al. (2000, apud Armistead e Kiely, 2002)

sugerem que algumas pressões causadas por iniciativas conflituosas podem ser minimizadas

tanto pelo uso equilibrado de descontração e controle na gestão de pessoas quanto pelas

práticas que estimulam um alto grau de comprometimento.

Domegan (1996, pp. 53-54) enfatiza a importância do uso da tecnologia de informação nas

áreas de atendimento ao consumidor e caracteriza a tecnologia da informação e o serviço ao

cliente como as novas ‘armas’ estratégicas para as empresas. Ambos estão voltados para o

tratamento da informação e se relacionam com o desenvolvimento e a manutenção de

relacionamentos vantajosos de longo prazo entre compradores e vendedores.

A atuação do SAC depende sobremaneira do conjunto formado por pessoas, processos e

tecnologia. Chen e Popovich (2003, p. 672) enfatizam que o CRM (Customer Relationship

Management) é uma estratégia composta pela combinação de pessoas, processos e tecnologias

que buscam entender os consumidores das empresas. E o SAC é um típico instrumento de

uma estratégia de CRM. A Figura 2.2.3.1 representa um modelo de implementação de CRM.

17 Factory Sweatshop é uma fábrica ou oficina que tem atributos comuns aos ambientes de trabalho denominados pejorativamente de Sweating System - sistema iníquo de subcontratação de pessoal para fabricação de roupas, da década de 1840, nos EUA. Atualmente, o termo Sweatshop é utilizado para caracterizar o ambiente de trabalho relacionado ao trabalho infantil, à violação de direitos trabalhistas, ou às unidades de produção com baixos níveis salariais ou de segurança, ou ainda, locais onde é proibida a organização sindical ou a reivindicação de direitos. 18 Fundado em 1966 e baseado em Brighton, no Reino Unido, o Institute of Development Studies (IDS – em português, Instituto de Estudos sobre Desenvolvimento) é uma organização global voltada para a pesquisa, o ensino e as comunicações sobre desenvolvimento internacional. 19Taylorista é um termo que remonta às práticas difundidas por Frederick Winslow Taylor, considerado o pai da Administração Científica. Segundo Taylor, a empresa podia ser vista como um sistema fechado, mecânico, previsível e determinístico, sem estar sob qualquer influência externa.

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Figura 2.2.3.1 – Modelo de implementação de um CRM.

Fonte: Chen e Popovich (2002).

Chen e Popovich (2003, p. 677) argumentam que o aplicativo de CRM20 oferece vantagem

plena, pelas suas funcionalidades, para as inovações tecnológicas. Os autores citam algumas,

entre as quais: correlacionar e analisar dados dos consumidores; caracterizar o comportamento

dos consumidores; fazer modelos de previsão; responder em tempo e com comunicações

personalizadas; e gerar valor para os produtos e serviços para os consumidores individuais.

A despeito das perspectivas tecnológicas, as bases filosóficas do CRM consistem em

elementos como marketing de relacionamento, lucratividade e valor vitalício do consumidor,

retenção e satisfação do consumidor. Esses elementos são criados pelo gerenciamento do

processo de negócio (Chen e Popovich, 2003, p. 682).

Em conformidade com Chen e Popovich (2003, p. 684), a implementação de tecnologias

empresariais, como o CRM e o ERP II21 (Enterprise Resource Planning – software de gestão

20 CRM é um sistema integrado de gestão com foco no cliente, constituído por um conjunto de procedimentos/processos organizados e integrados a um modelo de gestão de negócios, do inglês Business Process Management (BPM). Alguns softwares que auxiliam e apóiam esta gestão, são comumente classificados e denominados como aplicativos de CRM. 21 ERP II - O ERP II tem como principal característica, além da integração dos sistemas, a ênfase na colaboração comercial que utiliza a Internet – atividade que também podemos chamar de e-commerce. Além de desenvolver produtos e formas de comercialização específicas, ele permite ainda o incremento do fluxo de informações entre as corporações interligando sistemas entre elas, mais notadamente módulos do ERP. ERP [Enterprise Resource Planning, Planejamento (ou planeamento, em Portugal) de Recursos Empresariais], por sua vez, são sistemas de informações transacionais (OLTP) cuja função é armazenar, processar e organizar as informações geradas nos processos organizacionais, agregando e estabelecendo relações de informação entre todas as áreas de uma organização.

Processo do negócio

focado no cliente

Integração

funcional cruzada

Estratégia empresarial

ampliada

Processos dirigidos

pela tecnologia

Pessoas

Processos Tecnologia

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empresarial integrada), requer mudanças na cultura da organização (Al-Mashari e Zairi, 2000;

apud Chen e Popovich, 2003). Não obstante a tecnologia e os processos serem fundamentais

para o sucesso da implementação do CRM, são as pessoas os principais alicerces da

construção do relacionamento com o cliente.

Hansotia (2002, p. 122) caracteriza o ambiente ideal para implementação do CRM. Segundo o

autor, esse ambiente possui as seguintes características: compras ou interações freqüentes dos

consumidores; alto grau de conhecimento para orientar um processo de compras ou resolução

de problemas; múltiplos produtos e serviços comprados por consumidores; produtos que

oferecem conveniência, gerando simplicidade ou redução de risco; produtos que requerem

aprendizado para uso e suporte de pós-venda; e um departamento de marketing centralizado.

Gilmour et al. (op. cit., 1994, p. 18) identificam a medição com uma dificuldade associada

com o atendimento ao cliente. Os autores indagam dos fornecedores se podem determinar os

elementos importantes para o consumidor, bem como se são capazes de efetuar a medição de

tais fatores.

Gilmour et al. (1994, p. 19) apresentam os aspectos importantes para o atendimento ao

consumidor. Os aspectos foram obtidos através de uma pesquisa dos autores realizada com

vinte e dois gerentes de fábrica na Austrália; foram listados os principais aspectos do

atendimento ao consumidor, pela importância dada pelos entrevistados. Os seis aspectos mais

apreciados, em ordem decrescente de número de manifestações, foram: tempo de entrega,

qualidade, serviço pós-venda, fornecimento de informação sobre entrega, preço e competência

e disponibilidade de representantes técnicos.

Dean (2002, p. 418) correlaciona a qualidade do serviço oferecida no SAC à lealdade do

consumidor e cita, como elementos comportamentais perceptíveis e importantes para

atendimento ao consumidor, a adaptabilidade, a assertividade, a empatia e a firmeza.

Anton (op. cit., 1997, apud, op. cit., Feinberg et al., 2000, pp. 132-133) arrola alguns

indicadores da qualidade do serviço do call center, entre os quais:

• Nível de serviço (número de chamadas respondidas em menor tempo que ‘x’ minutos,

dividido pelo número total de ligações);

• Ligações totais;

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• Rotatividade de pessoal do call center (percentual de pessoas desligadas do call center

dentre o total de pessoas empregadas, durante determinado período);

• Chamadas atendidas por turno de trabalho;

• Tempo de espera antes do abandono da chamada;

• Percentual de chamadas não atendidas pelo sistema estar ocupado;

• Percentual de chamadas respondidas no primeiro contato;

• Tempo total para responder ao consumidor;

• Tempo de trabalho empregado após a chamada;

• Tempo médio de atendimento (conversa);

• Percentual de abandono de chamada por parte do consumidor;

• Velocidade média de resposta.

2.3 TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS ORGANIZACIONAIS: PRINCIPAIS

MOTIVAÇÕES; VANTAGENS E DESVANTAGENS DA TERCEIRIZAÇÃO

2.3.1 PRINCIPAIS MOTIVAÇÕES

Segundo Lankford e Parsa (1999, p. 310), a terceirização é definida como a aquisição de

produtos e serviços de fontes que são externas à organização.

Kakabadse e Kakabadse (2000, p. 670) afirmam que a prática da terceirização remonta ao

século XVIII na Inglaterra, e tem sido usada continua e numerosamente por setores industriais

desde o final da década de 1980, quando ganhou um novo impulso com o crescimento do

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setor de serviços. (Whang, 1992; Quinn e Hilmer, 1994; Reyniers e Tapiero, 1995; Cheon et

al., 1995; Ang e Straub, 1998; apud Kakabadse e Kakabadse, 2000).

Kakabadse e Kakabadse (2000, p. 671-672) apontam as duas principais razões para terceirizar

um processo: a economia de escala proporcionada e o suprimento estratégico.

Finlay e King (1999, apud, Kakabadse e Kakabadse, 2000) afirmam que, quando há

terceirização de produtos e / ou serviços, existe também grande influência da escala de

produção e dos custos envolvidos. A empresa de consultoria norte-americana The Boston

Consulting Group (1991)22 estudou mais de 100 empresas proeminentes, que praticavam a

terceirização e concluiu que a maioria das empresas ocidentais economiza, precipuamente,

com gastos de pessoal ou induz uma redução de custos a curto prazo.

Diferentemente da motivação anterior, a literatura sobre suprimento estratégico recomenda

que a terceirização de produtos e serviços poderia ser integral no processo de formulação de

estratégia abrangente para a organização (op. cit., Quinn e Hilmer, 1994; Venkatraman, 1997;

DiRomualdo e Gurbaxani, 1998; Domberger, 1998; Quinn, 1999; apud Kakabadse e

Kakabadse, 2000).

Linder (2004, p. 27) indica, através de uma nova perspectiva, outras motivações para a

terceirização de processos. A autora escreve sobre a remoção das restrições para a superação

dos limites organizacionais e a flexibilidade proporcionada pela terceirização, que facilita a

dinâmica organizacional através da gestão das mudanças. Linder destaca ainda a possibilidade

de uma inovação radical nos processos da organização. Essa mudança radical poderia

acontecer por um reposicionamento, pelo aumento da velocidade dos ciclos processuais ou

pelo redesenho do modelo de negócio da empresa.

Kakabadse e Kakabadse (2000, p. 674) sentenciam que os acadêmicos adotam a perspectiva

estratégica, e os praticantes adotam o senso comum; ambos os grupos argumentam que as

atividades principais das empresas poderiam ficar consigo mesmas, e, especialmente, as

atividades secundárias poderiam ser terceirizadas, a fim de preservar as suas competências

essenciais (Prahalad e Hamel, 1990; Bettis et al., 1992; Lacity et al., 1995; op. cit., Quinn e

22 Boston Consulting Group (1991), The Activist Centre, Boston Consulting Group Inc., Boston, MA. Fundada em 1963, The Boston Consulting Group é uma firma de consultoria de gestão e de estratégia internacional com a missão de ajudar as corporações a criar e a sustentar vantagem competitiva.

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Hilmer, 1994; Rothery e Robertson, 1995; Kelley, 1995, Peish, 1995; Mullin, 1996; apud

Kakabadse e Kakabadse, 2000).

Em adição, Kakabadse e Kakabadse advertem sobre a dificuldade para se definirem as

atividades principais das empresas, dizendo que essa questão é carregada de muita

ambigüidade. Alexander e Young (1996, apud, Kakabadse e Kakabadse, 2000) identificam,

com a finalidade de esclarecer esse item, quatro características associadas normalmente às

atividades principais das empresas:

1) Atividades tradicionalmente realizadas dentro das suas instalações;

2) Atividades críticas para o desempenho do negócio;

3) Atividades que geram vantagem competitiva corrente ou potencial; e

4) Atividades que alavancam o crescimento, a inovação ou o rejuvenescimento.

Segundo Kakabadse e Kakabadse (2000, p. 677), existe uma tendência para a padronização

(‘commodification’) da tecnologia da informação, o que criaria uma nova onda para a

terceirização de processos. Sommer (2003, p. 177) aprofunda a discussão em torno das

possibilidades de integração tecnológica e de processos entre as empresas, seus clientes e

fornecedores. A hipótese investigada por Sommer é que a gestão flexível de processos, como

preconizada pelo relacionamento moderno entre clientes e fornecedores, é muito custosa para

ser implementada pela forma tradicional das soluções de ERP.

Já Perrons e Platts (2004, p. 624) discorrem sobre o dilema das decisões sobre terceirização de

processos que envolvem as novas tecnologias. Se, por um lado, é arriscada a estratégia de

“comprar” essas novas tecnologias para uso próprio, pois elas estão propensas à obsolescência

ou à ruptura pela inovação, por outro, essa estratégia passa a ser percebida como eficaz,

podendo criar uma vantagem competitiva. Perrons e Platts acreditam que ambas as estratégias

são válidas e podem ser bem-sucedidas, devendo orientar-se pelo tipo de mercado da empresa.

2.3.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA TERCEIRIZAÇÃO

Kakabadse e Kakabadse (2000, p. 690) identificam diversas vantagens para a terceirização,

tais como: permitir a existência de assessoria para concentrar-se nas atividades principais e

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nas especialidades da organização; concentrar as ações no cumprimento dos objetivos

estratégicos chaves; reduzir e estabilizar os custos com pessoal, e assim ganhar vantagem para

competir; fornecer flexibilidade como resposta às condições mutantes de mercado; e reduzir

os investimentos em alta tecnologia (Kliem, 1999; op. cit., Quinn, 1999; apud, Kakabadse e

Kakabadse, 2000).

Outros autores consideram crucial o fato de que a terceirização pode proporcionar maior

capacidade de flexibilização para as empresas, em particular na aquisição das novas

tecnologias que mudam muito rápido, produtos da moda ou para processos que envolvam

grande quantidade de componentes de sistemas complexos (Carlson, 1989; Harrison, 1994;

apud, Kakabadse e Kakabadse, 2000).

Lankford e Parsa (op. cit., 1999, p. 311) citam a redução dos custos como o maior benefício

da terceirização. Todavia, os autores advertem que concluir por essa afirmação pode revelar-

se decepcionante. Eles exemplificam com uma pesquisa realizada pela Associação de

Transportes Fretados (EUA) que mostra que a terceirização não é aventada necessariamente

para reduzir custos. Segundo a pesquisa, existe uma razão mais forte: o conhecimento

especializado da empresa contratada. (Davies, 1995; apud, Lankford e Parsa, 1999)

Lankford e Parsa argumentam ainda que a terceirização funciona melhor quando ela é

resultado de uma reengenharia. A reengenharia significa dar um passo para trás e obter uma

visão sobre todo o processo, minuciosamente, descobrindo como este pode ser reconcebido e

reconstruído desde o nível mais baixo, no sentido de fazer as coisas funcionarem melhor

(Gamble, 1995; apud, Lankford e Parsa, 1999).

A despeito do que foi escrito sobre as vantagens da terceirização, existem também várias

desvantagens para adoção dessa estratégia. Kakabadse e Kakabadse (2000, p. 690) destacam a

dependência dos prestadores de serviços externos, falhando em compreender as economias de

custos envolvidas e desejadas na terceirização, perdendo o controle sobre funções críticas,

tendo que enfrentar a perspectiva de relacionamentos de gestão que se desviam e afetam o

moral dos funcionários efetivos (Currie e Willcocks, 1997; op. cit., Kliem, 1999; apud,

Kakabadse e Kakabadse, 2000).

Além disso, Kakabadse e Kakabadse afirmam que a terceirização pode gerar novos riscos: a

perda de habilidades críticas ou mesmo o desenvolvimento de vícios dentro da empresa, a

perda de habilidades funcionais cruzadas, bem como a perda do controle sobre os

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fornecedores (op. cit., Quinn e Hilmer, 1994; op. cit., Domberger, 1998; Kakabadse e

Kakabadse, 2000).

Esses riscos são especialmente pertinentes quando as prioridades não saciam as necessidades

do cliente. Kakabadse e Kakabadse (2000) acentuam que os contratos de curto prazo,

baseados no princípio da proposta vencedora mais barata, suprimem os incentivos à inovação

porque as recompensas não podem ser apreendidas pelo agente contratante. (op. cit.,

Domberger, 1998; apud, Kakabadse e Kakabadse, 2000). Ademais, a terceirização tem

conduzido à perda de habilidades e de parte da memória organizacional.

Lankford e Parsa (1999, p. 312) comentam que infelizmente a determinação de competências

essenciais pode ser difícil algumas vezes e uma suposição errada pode ser fatal. Como

exemplo, os autores afirmam que atualmente tornou-se comum a terceirização de programas

de treinamento, porém a má gestão deles poderia causar sérios problemas a longo prazo.

Os autores consideram que, a despeito do apelo econômico, a terceirização é um tópico que

ainda está impregnado de conotações emocionais. O receio da perda de controle é o maior

obstáculo emocional, evidenciando o caráter falacioso ao se tratar do assunto.

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3.0 METODOLOGIA

Este capítulo descreve a metodologia utilizada para elaboração desta pesquisa. Na primeira

parte são apresentados os pressupostos teóricos e epistemológicos que a orientaram e suas

classificações. Em seguida, apresentam-se as perguntas que se pretende responder com a

pesquisa. No item seguinte, justifica-se a escolha da BR Distribuidora como o estudo de caso

único investigado. Logo depois, destacam-se as fontes de coleta de dados e a forma como

esses dados foram tratados. Por último, são apresentadas as limitações identificadas para o

tipo de pesquisa realizada.

2.3.3 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICOS

Segundo Barros e Lehfeld (2000, p. 2), a metodologia é o estudo da melhor forma de abordar

determinados problemas no estado atual de nossos conhecimentos. A metodologia não busca

soluções, mas seleciona formas de encontrá-las, integrando os conhecimentos sobre os

métodos à robustez nas diferentes disciplinas científicas ou filosóficas.

A metodologia tem interesse pelo estudo, descrição e análise dos métodos, clarifica as

questões relacionadas aos seus objetivos, utilidades e conseqüências, bem como auxilia o

entendimento do próprio processo da pesquisa científica. Isso porque, enquanto

desenvolvimento teórico, ela pode ser vista como uma abstração, porém é necessário destacar

a proximidade entre apenas conhecer-se e intervir, dimensão que a metodologia executa

através das mediações com a realidade e a efetivação dos métodos, técnicas e processos.

Enquanto suporte da pesquisa, a metodologia formaliza-se na postura do pesquisador à

medida que permite o questionamento sistemático da realidade. Cabe esclarecer que essa

percepção somente terá relevância quando fundada nas concepções ética e dos valores, no

sentido de romper com o tecnicismo empírico, muitas vezes predominante, no universo

acadêmico da ciência.

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Barros e Lehfeld (2000) esclarecem, ainda, que o método é uma forma ordenada e sistemática

de proceder para alcançar um fim. Caracteriza-se por um conjunto de processos, ou fases,

empregados na investigação para adquirir-se conhecimento.

Por sua vez, Costa (2001, p. 12) pontua que, na palavra metodologia, está implícita a idéia de

lógica subjacente à ação. Em sentido geral, o autor conceitua: “(...) metodologia é uma

disciplina que se ocupa da descrição e da natureza dos vários métodos existentes. Por isso,

em rigor, melhor seria falar em metodologias”.

Lakatos e Marconi (1991, p. 83) afirmam que todas as ciências se caracterizam pelo emprego

de métodos científicos; e, em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que utilizam esses

métodos são ciências. As autoras, por meio dessas sentenças, concluem que a aplicação de

métodos científicos não é prerrogativa exclusiva da ciência, contudo não há ciência sem o uso

de métodos científicos.

As pesquisas podem ser classificadas de diversas formas; em sentido amplo, elas estão

relacionadas a questões teóricas, epistemológicas e filosóficas que fundamentam os vários

métodos; da mesma forma, quando considerada a sua prática, elas podem ser relacionadas aos

seus objetivos e aos meios empregados para sua execução.

Cooper e Schindler (2003, p. 128) afirmam que existem vários modelos diferentes, todavia

não existe um único sistema de classificação que defina todas as variações que devem ser

consideradas.

Richardson (1985) apud Teixeira e Pacheco (2005, p. 58) afirma que, de maneira geral,

quando se consideram as questões envolvidas, os autores classificam as pesquisas, quanto às

técnicas empregadas, em dois grandes grupos: as quantitativas e as qualitativas.

O método quantitativo caracteriza-se pela aplicação tanto nas modalidades de coleta de dados

quanto ao tratamento desses por meio de técnicas estatísticas, que vão desde as mais simples,

como no caso da média e do desvio-padrão, às mais complexas, como o coeficiente de

correlação e a análise de regressão. Sua utilização tem por objetivo básico garantir o máximo

de precisão nos resultados obtidos e evitar distorções de análise e interpretação,

proporcionando maior margem de confiança na pesquisa.

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Godoy (1995, p. 58) enfatizou, em linhas gerais, que, num estudo de cunho quantitativo, o

pesquisador conduz seu trabalho a partir de um plano estabelecido a priori, com hipóteses

claramente especificadas e variáveis operacionalmente definidas. Dessa forma, preocupa-se

especialmente com a medição objetiva e a quantificação dos resultados, buscando, conforme

dito anteriormente, o máximo de precisão em seu trabalho.

Ademais, é importante ressaltar que a abordagem quantitativa é freqüentemente aplicada em

estudos descritivos que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis, bem como

nos que identificam a relação de causalidade entre fenômenos. Assim, os procedimentos

quantitativos são úteis para identificar conceitos e variáveis relevantes de situações que

possam ser comparadas e processadas quantitativamente, pois a idéia principal é que tanto os

fenômenos da natureza como os da organização social estão regidos por leis invariáveis.

De outra forma, o método qualitativo difere do quantitativo porque não emprega um

instrumental estatístico como base do processo de análise de um problema para sua

generalização. Não pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas e utiliza-

se do processo de problematização, ou seja, do recorte investigativo do objeto a ser

pesquisado, situado em uma totalidade contextual.

No entender de Minayo e Sanches (1993, p. 244), é no campo da subjetividade que se

fundamenta a abordagem qualitativa. A compreensão das relações e atividades humanas e dos

significados que animam é radicalmente diferente do agrupamento dos fenômenos sob

conceitos e/ou categorias genéricas dadas pelas observações e experimentações e pela

descoberta de leis que ordenariam o social.

Godoy (1995, p. 58) afirma que a pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ ou medir os

eventos estudados nem sempre aplica o instrumental estatístico na análise de dados. Ela parte

de questões ou focos de interesse amplo que vão se definindo à medida que o estudo se

desenvolve e busca, por meio da obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e

processos interativos – via contato direto do pesquisador com a situação estudada –

compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, isto é, dos participantes da

situação em estudo.

Já para Richardson (1985, apud Teixeira e Pacheco, p. 61), os estudos que utilizam a

metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar

a interação de algumas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por

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grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo, e possibilitar, em

maior profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos.

Dessa maneira, a investigação qualitativa esforça-se para encontrar um resgate crítico da

produção teórica ou do conhecimento produzido sobre a problemática a ser analisada,

identificando as diferenças, as premissas e as conclusões anteriores e procurando superar as

categorias de análise que se colocaram como “verdades absolutas” e se revelam insuficientes

pela própria dinâmica da realidade histórica.

Minayo e Sanches (1993, p. 247), por sua vez, salientam outra diferença relevante entre as

abordagens quantitativa e qualitativa, que se refere ao fato de que, na quantitativa, trabalha-se

em níveis de realidade, nos quais os dados apresentam-se aos sentidos, com o objetivo de

trazer, à luz, indicadores e tendências observáveis. Devem ser utilizados grandes aglomerados

de dados e conjuntos demográficos, para abarcar o ponto de vista social. Já a abordagem

qualitativa trabalha com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões,

buscando aprofundar a complexidade de fenômenos, fatos e processos particulares e

específicos de grupos mais ou menos delimitados em extensão e capazes de serem abrangidos

intensamente.

Trivinõs (1987) alerta para a falsa dicotomia entre os métodos quantitativo e qualitativo,

gerada durante o confronto dessas diferentes perspectivas de entendimento da realidade. Para

Trivinõs, toda pesquisa pode ser simultaneamente quantitativa e qualitativa, embora a prática

demonstre que toda investigação, baseada na estatística e que pretenda obter resultados

objetivos, restringe-se exclusivamente aos dados estatísticos; além disso, o pesquisador

raramente utiliza-se dessa informação para aprofundar sua interpretação.

Chanlat (1992, p. 32) procura encerrar o suposto conflito entre as abordagens quantitativa e

qualitativa, ao recomendar uma postura que ultrapasse “o debate já antigo, para não dizer

arcaico, que opõe os partidários do quantitativo aos do qualitativo”.

Portanto, as abordagens quantitativa e qualitativa não podem ser nem devem ser consideradas

antagônicas.

Nessa perspectiva, esta dissertação admite algumas premissas sobre a metodologia científica.

Constituem os pressupostos teóricos e epistemológicos que sustentaram os procedimentos

adotados e orientaram o estudo, desde a escolha do tema, passando pela problematização, a

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seleção das técnicas empregadas e a coleta de dados, até a análise dos resultados. Foram

consideradas as seguintes premissas:

a) O autor acredita numa abordagem global, comum às obras de Marx, Dürkheim, Weber e

Manheim. Esses sociólogos do conhecimento desenvolveram trabalhos com diferentes

vieses, entretanto é comum a idéia, em suas obras, de que os conhecimentos não são

considerados construções autônomas e individuais, mas atividades sociais, inseridas num

determinado contexto sociocultural (Japiassu, 1991, p. 35);

b) Como Ramos, o autor acredita que o conceito de racionalidade predominante, na vigente

teoria organizacional, parece influenciado por fortes implicações ideológicas. Remete à

identificação do comportamento econômico como o constitutivo da totalidade da natureza

humana. Apesar de a noção de comportamento econômico parecer evidente por si mesma,

refere-se a ela como sendo qualquer tipo de ação realizada pelo homem, quando esse é

incentivado apenas pelo interesse de elevar ao máximo seus ganhos econômicos (Ramos,

1989, p. 121);

c) Como Minayo e Sanches, o autor compartilha da idéia de que a abordagem qualitativa

representa uma forma de resposta aos reais anseios das Ciências Sociais, já que ela realiza

uma espécie de aproximação entre sujeito e objeto, ambos da mesma natureza. A pesquisa

qualitativa volve-se com empatia aos motivos, às intenções, aos projetos dos autores, a

partir dos quais as ações, as estruturas e as relações tornam-se significativas (Minayo e

Sanches, 1993, p. 244);

d) Como Bogdan e Biklen, o autor acredita no reducionismo das técnicas quantitativas

dominadas pelas questões de mensuração, definições operacionais, variáveis, testes de

hipóteses e estatística. Esses autores compartilham a visão de que, os estudos qualitativos,

ao valorizarem os aspectos descritivos e as percepções pessoais, devem focalizar o

particular como instância da totalidade social, procurando compreender os sujeitos

envolvidos e, por seu intermédio, também o contexto. Na pesquisa qualitativa não se

investiga em função de resultados, mas para obter “a compreensão dos comportamentos a

partir da perspectiva dos sujeitos da investigação” (Bogdan e Biklen, 1994, p. 16, op. cit.,

apud Teixeira e Pacheco, 2005, p. 65).

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3.2 TIPO DE PESQUISA

Cooper e Schindler (op. cit., 2003, p. 128) afirmam que existem vários modelos diferentes,

embora nenhum sistema de classificação único defina todas as variações que devem ser

consideradas. Vergara (1998, p. 44) propõe dois critérios básicos: quanto aos fins e quanto aos

meios.

Gil (2002, p. 40) posiciona-se de forma semelhante a Vergara, ressaltando ser usual a

classificação com base nos objetivos gerais, e ainda expõe que, sob esse aspecto, as pesquisas

podem ser classificadas em três grupos: exploratórias, descritivas e explicativas. O autor

desenvolve a idéia de que a classificação das pesquisas nesses três grupos é muito útil para o

estabelecimento de seu marco teórico, ou seja, para possibilitar uma aproximação conceitual.

Entretanto, para analisar os fatos do ponto de vista empírico, para confrontar a visão teórica

com os dados da realidade, torna-se necessário traçar um modelo conceitual e operativo de

pesquisa. É o que Gil denomina de delineamento, já que bem expressa as idéias de modelo,

sinopse e plano. Dessa forma, como o delineamento expressa as linhas gerais do

desenvolvimento da pesquisa, com ênfase nos procedimentos técnicos de coleta e análise de

dados, torna-se possível e interessante, na prática, classificar as pesquisas segundo o seu

delineamento.

Por tudo isso, este trabalho classifica esta pesquisa sob duas perspectivas: quanto aos seus

objetivos e quanto aos procedimentos técnicos utilizados.

Quanto aos seus objetivos a pesquisa pode ser considerada de natureza exploratória. Isso

ocorre porque o tema tratado, bem como o objeto investigado, pode ser considerado pouco

pesquisado. De acordo com Gil (2002, p. 41), a pesquisa exploratória visa “(...) proporcionar

maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir

hipóteses”.

De acordo com Cooper e Schindler (2003, p. 131), a exploração pode ser empregada quando a

área de investigação é considerada nova ou vaga, sendo oportuna uma exploração prévia a fim

de saber algo sobre o tema enfrentado. Neste tipo de pesquisa, as variáveis importantes podem

não ser conhecidas ou não estar totalmente definidas. Vergara (op. cit., 1998, p. 45)

acrescenta que, não obstante o fato de a pesquisa exploratória ser utilizada onde há pouco

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conhecimento acumulado ou sistematizado e por sua natureza de sondagem, a exploração não

comporta hipóteses que, contudo, poderão surgir durante ou ao término do trabalho.

Gil (2002, p. 41) apresenta as pesquisas exploratórias tendo como objetivo “(....)

proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a

constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o

aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições”.

Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, a pesquisa configura-se como um estudo de

caso único. Yin (2005, pp. 62-63) descreve os cinco fundamentos lógicos para emprego do

estudo de caso único ao invés do estudo de casos múltiplos, são eles: (1º) Quando o caso

representa o caso decisivo ao testar uma teoria bem-formulada; (2º) Quando o caso representa

um caso raro ou extremo; (3º) Quando o caso for representativo ou típico; (4º) Quando o caso

é revelador; e, por fim, (5º) Quando o caso é longitudinal, ou seja, quando o caso for estudado

em dois ou mais pontos diferentes no tempo.

Chizzoti (1991, op. cit., apud Barros e Lehfeld, 2000, p. 95) caracteriza o estudo de caso

como uma modalidade de estudo das Ciências Sociais, que se volta à coleta e ao registro de

informações sobre um ou vários casos particularizados, elaborando relatórios críticos

organizados e avaliados, e dando margem a decisões e intervenções sobre o objeto escolhido

para a investigação.

Yin (2005, p. 20) aponta que o estudo de caso é utilizado em muitas ocasiões como estratégia

de pesquisa para contribuir com o conhecimento que temos dos fenômenos individuais,

organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados. Ghauri

e Gronhaug (2002, apud Yin, 2005) pontuam que, de forma não surpreendente, o estudo de

caso tem se constituído numa forma usual de pesquisa em administração.

Yin resume suas idéias sobre a utilização do estudo de caso, expondo que o estudo de caso

permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos

fatos da vida real – tais como ciclos individuais, processos organizacionais e administrativos,

mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e maturações em setores

econômicos.

Segundo Yin (2003, p. 25), a principal condição para diferenciar as diversas estratégias de

pesquisa é identificar o tipo de questão de pesquisa que está sendo apresentada. Para o autor,

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questões do tipo “qual” podem ser exploratórias e é provável que questões do tipo “como” e

“por quê” incentivem o uso de estudos de caso, experimentos ou pesquisas históricas.

Triviños (op. cit., 1987, p. 135) classifica o estudo de caso em três categorias: (A) Históricos

organizacionais, quando se trata de instituição que se deseja examinar; (B) Observacionais

ligados à pesquisa qualitativa, e participante, utilizando em alta escala a observação; e, (C) O

estudo de caso denominado Histórias da Vida é uma técnica de pesquisa realizada através da

avaliação de dados coletados em documentos e depoimentos orais registrados pelo autor ou

pelo próprio entrevistado.

Platt (1992, p. 46, apud Yin, 2005, p. 32) explica como foi a dissociação da estratégia de

estudo de caso com as perspectivas limitadas para se realizar uma observação participante (ou

qualquer tipo de trabalho de campo). Segundo a autora, a estratégia de estudo de caso inicia

com:

“uma lógica de planejamento (...), uma estratégia que deve ser priorizada

quando as circunstâncias e os problemas de pesquisa são apropriados, em

vez de um comprometimento ideológico que deve ser seguido não

importando quais sejam as circunstâncias”.

Yin indaga sobre essa lógica de planejamento e complementa a idéia de Platt afirmando que,

em primeiro lugar, a definição técnica inicia com o escopo de um estudo. Yin ressalta ainda

que um estudo de caso é uma investigação que examina um fenômeno contemporâneo dentro

de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto

não estão claramente definidos.

Em segundo lugar, o autor caracteriza a investigação de estudo de caso como algo que

enfrenta uma situação tecnicamente única, na qual haverá muito mais variáveis de interesse

do que pontos de dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências com os

dados precisando convergir em um formato de triângulo, e beneficia-se do desenvolvimento

prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados.

Yin (2005, p. 26) expõe que estudo de caso é a estratégia selecionada ao se examinarem fatos

contemporâneos, sem a possibilidade de manipular comportamentos relevantes. O estudo de

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caso pode utilizar-se de muitas das técnicas aplicadas pelas pesquisas históricas, contudo

adiciona duas fontes de evidências que geralmente não são incluídas no repertório do

historiador: observação direta dos acontecimentos que estão sendo investigados e de

entrevistas dos indivíduos neles envolvidos.

3.3 PERGUNTAS DA PESQUISA

Tal como prescrevem Cooper e Schindler (op. cit., 2003, p. 75), nesta dissertação são

consideradas as perguntas da pesquisa como sendo questões orientadas para o fato e para a

coleta de informações. Por conseguinte, o autor formulou as perguntas de pesquisa:

I. Qual é o papel do Serviço de Atendimento ao Consumidor da BR Distribuidora?

II. Como é a atuação do Serviço de Atendimento ao Consumidor da BR Distribuidora?

III. Qual é a influência da terceirização dos processos organizacionais do Serviço de

Atendimento ao Consumidor (SAC) da BR Distribuidora para o desempenho do seu

papel?

3.4 ESCOLHA DO CASO

O caso escolhido foi o da BR Distribuidora, líder nacional do setor de distribuição de

combustíveis e segunda maior empresa do país sob a perspectiva da geração de receita

operacional, sendo precedida apenas por sua controladora, a PETROBRAS – Petróleo

Brasileiro S.A.23.

23 De acordo com a auto-definição da PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A. encontrada no seu sítio na Internet (http://www.petrobras.com.br) e abordada sob três aspectos, a PETROBRAS é (1) uma companhia integrada que atua na exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo e seus derivados no Brasil e no exterior; (2) Uma empresa de energia com enorme responsabilidade social e profundamente preocupada com a preservação do meio ambiente; e, (3) Uma companhia que tem a sua trajetória de conquistas premiada por inúmeros recordes e pelo reconhecimento internacional.

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A BR Distribuidora pode ser considerada uma organização emblemática, não somente pela

representatividade em seu setor de atividade, mas também por ter sua criação associada ao

início de um novo ciclo no setor de distribuição de combustíveis no Brasil. A BR

Distribuidora foi criada em 29 de janeiro de 1971, sendo este evento um marco histórico para

o setor energético do Brasil.

Este trabalho aproveita-se de fatos históricos da empresa para destacar aspectos que

fortalecem e amparam a justificativa do interesse pelo caso. Para isso, o autor utilizou um

documento interno que narra a história da BR Distribuidora.

Entre as inúmeras manifestações públicas das autoridades governamentais à época, um

comunicado24 oficial da presidência da PETROBRAS, exercida na ocasião pelo general

Ernesto Geisel, chama a atenção para o momento histórico:

“Desejo, nesta oportunidade, destacar a minha satisfação pessoal e

acredito que interpreto, também, o ponto de vista do Conselho de

Administração da empresa, de regozijo, pelo evento que hoje se processa.

Depois de longos meses de trabalhos, de organização e de estudos,

chegamos ao fim de uma fase do nosso programa no setor de distribuição,

que é a constituição desta nova empresa.

Antevejo, de um lado, uma grande soma de trabalhos por realizar, de

esforços, de lutas, de dificuldades a vencer, mas, antevejo também êxito

progressivo neste setor de atividades da nossa empresa.

Estou certo de que os diretores da distribuidora, os demais integrantes

desta empresa, sobretudo o seu quadro de pessoal, saberão com

tenacidade e dedicação, levar esta empresa ao resultado que todos nós

almejamos.

Congratulo-me com todos aqui presentes por este fato, certo de que

estamos trabalhando para o nosso país.”

Ernesto Geisel

24 Este comunicado consta nos registros históricos da empresa, disponíveis no acervo de sua biblioteca, e em documentos internos que contam a história da empresa, acessíveis pelos sistemas de informações da empresa.

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O surgimento da BR Distribuidora foi o resultado de muitos anos de pesquisa e investigação

acerca do melhor modelo para o desenvolvimento das atividades de distribuição de

combustíveis no país, inclusive, ensejando a realização de missões internacionais com o

propósito de obtenção de dados e informações sobre os modelos adotados pelos países

visitados.

Passaram-se mais de trinta anos, sucessivos períodos de instabilidade econômica e política, de

debates intensos, entre diversos setores da sociedade, sobre a participação do Estado na

indústria petrolífera em geral, da criação de um novo marco regulatório; todavia, pode-se

notar uma tendência crescente: o aumento da competitividade no setor. Esse fato dá maior

robustez ao caso, já que demonstra que deve haver uma preocupação e uma vigília por parte

da administração, pela necessidade de sustentar os seus negócios, não somente apoiando-se

em discursos de ocasião, com viés ideológico, ou amparado por benesses governamentais, e

sim, baseando suas ações na busca da geração e manutenção de diferenciais competitivos.

Outro motivo que ensejou a escolha da BR Distribuidora, foi o perfil do seu SAC que tem a

operação terceirizada. Ainda são poucos os estudos no Brasil que tratam de investigar a

natureza e o papel do SAC. Este trabalho revela um contorno particular quando trata da

influência da terceirização para o cumprimento do seu papel e sua atuação.

Acrescente-se a isso, o fato de a BR Distribuidora dispor de outros canais de atendimento, tais

como: a Central de Atendimento (CAT), a Ouvidoria, a Assessoria Comercial e as suas

Unidades de Negócio. Isso confere maior rigor à análise, pois pressupõe maior precisão no

papel e na atuação do SAC da BR Distribuidora, já que esse tem rígido padrão de operação, o

que não permite qualquer extrapolação sobre as competências e as funções dos demais canais,

podendo, assim, criar conflitos entre as áreas.

3.5 COLETA DE DADOS

A revisão de literatura visou atingir dois objetivos: a apresentação de uma breve exposição de

elementos científicos sobre o serviço ao consumidor, os determinantes operacionais do

Serviço de Atendimento ao Consumidor - SAC e a terceirização de processos organizacionais;

por meio da análise de pesquisas anteriores sob essas temáticas, e pela discussão do arcabouço

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teórico necessário ao entendimento dos conceitos empregados que apoiaram as entrevistas

realizadas, bem como a categorização da análise dos resultados da pesquisa.

O trabalho baseia-se na produção de um referencial teórico criteriosamente cotejado e

aderente às atividades realizadas pelo SAC, considerando as melhores práticas identificadas

por pesquisas recentes, para que apure-se a interpretação e a análise dos resultados da

pesquisa.

Sendo o serviço ao consumidor considerado um ramo do marketing de serviços e do

gerenciamento das operações no setor de serviços, e por se verificar a escassez de trabalhos

que tratam do serviço ao consumidor no setor de distribuição de combustíveis, definiu-se

como ponto de partida para esta revisão a explicitação do significado da prática do serviço ao

consumidor nas organizações contemporâneas e sua vinculação com os determinantes

operacionais pertinentes às atividades desenvolvidas pelo SAC. Não obstante isso, exploram-

se ainda os impactos causados pelo uso da terceirização de processos organizacionais dentro

do SAC.

Gil (2002, p. 140) acredita que o processo de coleta de dados no estudo de caso é mais

complexo que o de outras modalidades de pesquisa. Gil defende esse ponto de vista,

lembrando que a maioria das pesquisas utiliza-se de uma técnica básica para obtenção dos

dados, embora outras técnicas possam ser utilizadas de maneira complementar. Já no estudo

de caso, utiliza-se sempre de mais de uma técnica, ressaltando tratar-se de um princípio básico

indissociável ao método. Agir de outra forma significa não buscar a garantia da qualidade dos

resultados que serão produzidos.

Conforme Gil relata, os resultados obtidos no estudo de caso devem ser provenientes da

convergência ou da divergência das observações obtidas de diferentes procedimentos. O autor

enfatiza: “(....) Dessa maneira é que se torna possível conferir validade ao estudo, evitando

que ele fique subordinado à subjetividade do pesquisador” (Gil, 2002, p. 140).

Yin (2005, p. 109), por sua vez, indica que os dados para os estudos de casos podem se basear

em muitas evidências. Portanto, a utilização de múltiplas fontes de evidência constitui o

principal recurso de que se vale o estudo de caso para conferir significância a seus resultados.

Segundo Yin, as evidências para um estudo de caso podem vir de seis fontes distintas: análise

de documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta, observação participante e

artefatos físicos, apesar de Marshall e Rossman (1989, apud Yin, 2005, p. 112) ressalvarem

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que uma lista completa de fontes possíveis pode ser muito extensa – incluindo filmes,

fotografias e videoteipes; técnicas projetivas e testes psicológicos; proxêmica25; cinésica26;

etnografia de rua; e histórias de vida.

Yin destaca que existem três princípios importantíssimos para a coleta de dados,

independentemente das fontes de evidências utilizadas. Ou seja, utilizar-se de: (A) várias

fontes de evidências (evidências provenientes de duas ou mais fontes, mas que convergem em

relação ao mesmo conjunto de fatos ou descobertas); (B) um banco de dados para o estudo de

caso (uma reunião formal de evidências distintas a partir do relatório final do estudo de caso);

(C) um encadeamento de evidências (ligações explícitas entre as questões feitas, os dados

coletados e as conclusões a que se chegou) (Yin, 2005, p.109).

Destarte, esta pesquisa utilizou-se de três das seis fontes indicadas: observações informais;

entrevistas; análise de documentos e registros de arquivo; e publicações. Foram realizados dez

contatos telefônicos, sete pela iniciativa do autor e três por iniciativa da empresa; nove visitas

em instalações da empresa: cinco visitas à sede da empresa e quatro no escritório em que se

encontra o SAC da empresa; três entrevistas; e foram analisadas três publicações editadas pela

empresa. Além de um conjunto de documentos relacionados à formulação ou implementação

de planos, políticas, programas e processos organizacionais da BR Distribuidora, ou que, ao

menos, serviram de apoio a essas ações.

Ainda foram analisados documentos e relatórios emitidos por instituições públicas e privadas

que tem como missão fiscalizar ou monitorar a evolução dos negócios no setor de distribuição

de combustíveis, como o IBP – Instituto Brasileiro do Petróleo, a CVM – Comissão de

Valores Mobiliários e a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis.

A observação auxilia o autor a identificar e a obter as provas a respeito de objetivos sobre os

quais os indivíduos têm consciência, que orientam seu comportamento. Possui também papel

significativo nos processos observacionais, no contexto da descoberta, e impele o autor a um

contato mais próximo com a realidade. É o ponto inicial da investigação social (Lakatos e

Marconi, 1995, p. 191).

As observações diretas para a coleta de dados podem ser de duas espécies: formais e

informais. Para esta pesquisa, foram utilizadas apenas as observações informais. Essas podem

25 Estudo dos aspectos culturais contemporâneos e sociológicos do espaço físico entre os indivíduos. 26 Estudo do movimento corporal não verbal na comunicação.

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ser classificadas como observações diretas ao longo da visita de campo, incluindo, nessa

categoria, as observações realizadas em ocasiões nas quais outros tipos de evidências estão

sendo coletados (Yin, 2003, p. 120). Desse modo, o autor assumiu também o papel de

observador, desde o primeiro contato com a empresa, por telefone, até a validação das

transcrições das entrevistas concedidas por seus representantes.

As entrevistas são consideradas como uma das mais significativas fontes de informações para

um estudo de caso (Yin, 2003, p. 116). Para este trabalho foram realizadas três entrevistas

padronizadas ou estruturadas que, conforme Lakatos e Marconi (1995, p. 197), são aquelas

em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido; as entrevistas feitas ao

indivíduo são pré-determinadas. Segundo as autoras, esse tipo de entrevista realiza-se de

acordo com um formulário elaborado e é efetuada de preferência com pessoas selecionadas de

acordo com um plano.

Lodi (1974, apud Lakatos e Marconi, 1995, p. 200) pontua que as respostas de uma entrevista

devem observar aos seguintes requisitos: (A) Validade, comparação com a fonte externa, com

a de outro entrevistador, considerando dúvidas, incertezas e hesitações evidenciadas pelo

entrevistado; (B) Relevância, significância em relação aos objetivos do estudo; (C)

Especificidade e clareza, referência de dados, data, nomes, lugares e quantidade,

percentagens, prazos etc., com objetividade; (D) Profundidade, está relacionada com os

sentimentos, pensamentos e lembranças do entrevistado, sua intensidade e intimidade; (E)

Extensão, amplitude da resposta.

As entrevistas foram feitas com alguns dos principais agentes do SAC da BR Distribuidora:

dois funcionários de carreira da BR Distribuidora, um gerente de atendimento da Gerência de

Atendimento ao Cliente – GATEND e um supervisor do Serviço de Atendimento ao

Consumidor - SAC da BR Distribuidora; e uma analista de tratamento de manifestações da

PC Service, empresa que presta serviço de atendimento ao consumidor dos produtos e

serviços da BR Distribuidora. Tanto a configuração administrativa das atividades

desenvolvidas quanto o modo de operação do SAC podem ser considerados como típicos em

termos de terceirização de processos organizacionais, obedecendo a todos os preceitos de

ordem institucional e jurídica.

A escolha desses profissionais baseou-se na influência e perspectiva de suas atribuições

diretas dentro do SAC, ou fora, como é o caso do gerente da GATEND, que além do SAC,

age sobre outro canal de atendimento: a Central de Atendimento - CAT. Essa escolha também

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foi orientada pela influência daqueles profissionais que podem propor e realizar modificações

na organização e na prática interna do SAC, e em sua perspectiva para avaliar e atribuir valor

ao desempenho do SAC perante seu papel e atuação.

Antes de aprofundar a análise em torno do papel e atuação do SAC, foi necessária uma

exposição a respeito da estrutura de atendimento da empresa, seus canais de relacionamento

com o mercado e também do seu compromisso com a filosofia de atendimento, formalizado

por meio de estratégias, políticas e programas.

O primeiro contato do autor realizou-se por intermédio da Ouvidoria da empresa, que, após

compreender a natureza, as características e o objetivo da pesquisa, encaminhou-o para a

GATEND, responsável pela supervisão direta do SAC.

Em seguida, houve novos contatos com áreas adjuntas ao SAC, como a Coordenadoria de

Negociações e a Central de Atendimento (CAT). Para a realização do levantamento

preliminar de dados e informações, em especial para identificação das melhores fontes

acessíveis para o trabalho, foram abordadas a Gerência de Serviços Gerais - GSG, a

Coordenadoria de Documentação Técnica – DOTEC e a Biblioteca, onde se encontra o acervo

de documentação técnica e os livros da empresa, respectivamente.

Quanto ao uso da documentação técnica, o autor teve acesso a um conjunto de documentos:

organogramas, fluxogramas e diagramas; documentos pertinentes às operações desenvolvidas

pelo SAC; porém a autorização obtida para o seu aproveitamento foi parcial.

Na biblioteca, o autor pôde examinar livros, vídeos, periódicos e documentos de divulgação

que tratam do universo da BR Distribuidora. As revistas publicadas pela BR Distribuidora

foram importantes para o regaste dos acontecimentos mais remotos, tanto os internos quanto

os externos à empresa. As revistas consultadas foram: a BR Mania, revista mensal voltada

para os funcionários da empresa; a Soluções BR27, revista bimestral dirigida aos parceiros

27 A revista Soluções BR é uma publicação bimestral que tem como objetivo divulgar os produtos e serviços da BR Distribuidora para os clientes das áreas de asfalto, aviação, grandes consumidores, produtos especiais, gás e energia e álcool carburante. Com 48 páginas e tiragem de 30 mil exemplares, a Soluções BR tem também um encarte em inglês, para atender os clientes internacionais, particularmente os da área de aviação. Lançada em maio de 2002, por iniciativa da diretoria de Mercado Consumidor, a publicação representa um importante investimento no posicionamento da BR Distribuidora, como líder de mercado na área consumidora, e contribui para a manutenção de boas relações com os clientes e a prospecção de novos negócios. Além de divulgar os produtos e serviços da empresa, a revista publica entrevistas e artigos de empresários e personalidades das áreas de negócios a que se destina.

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comerciais e à sua rede de postos de serviços; e o Jornal do Revendedor28, informativo

destinado aos revendedores, franqueados e equipes de postos da rede.

Durante todo o processo de coleta de dados, o autor utilizou-se da Internet, como ferramenta

de busca e pesquisa, tanto para identificação e seleção de textos e artigos utilizados no

referencial teórico, como particularmente na coleta de dados para elaboração do estudo de

caso.

Entre as principais fontes de pesquisa, destacam-se: para a produção do referencial teórico, os

bancos de dados dos periódicos do Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br), o sistema de

documentação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

(http://www.minerva.ufrj.br) e o acervo da biblioteca do COPPEAD / UFRJ, a base de dados

(http://www.ibmecrj.br) e o acervo das Faculdades Ibmec (Rio de Janeiro) e a base de dados

(http://www.fgv.br/biblioteca-rj) e o acervo da Fundação Getulio Vargas - FGV (Rio de

Janeiro).

Para a descrição e análise do caso, foram consultados: a base de dados (http://www.br.com.br

– e seu sistema de Intranet) e o acervo da biblioteca da BR Distribuidora; a base de dados

(http://www.anp.gov.br) e o acervo da biblioteca da Agência Nacional do Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis (ANP); o acervo da biblioteca do Instituto Brasileiro do Petróleo

(IBP); e também foram consultados os sítios na Internet da PETROBRAS

(http://www.petrobras.com.br), dos principais concorrentes da BR Distribuidora, da imprensa

especializada, de instituições reguladoras em geral e de pesquisa setorial.

No primeiro encontro com a Ouvidoria, foi solicitada ao autor uma Carta de Apresentação (no

Anexo I), em nome das Faculdades Ibmec, constando o objetivo de suas visitas à empresa,

tanto para obtenção de dados como para realização das entrevistas programadas. A partir daí,

seguiram-se alguns encontros com representantes das áreas afins ao SAC, dentro da

GATEND (Coordenadoria de Negociações e a CAT), para que o autor pudesse delimitar a

abrangência das atividades e competências do GATEND, de forma geral, e do SAC,

especificamente. 28 O Jornal do Revendedor é uma publicação mensal com 16 páginas e tiragem de 23.600 exemplares, que circulou, pela primeira vez, em dezembro de 1999, com o objetivo de instituir mais um canal de comunicação entre a BR Distribuidora e os revendedores, franqueados e equipes de postos da rede. O veículo vem divulgando produtos e serviços da empresa para os quais é fundamental o apoio e a adesão da rede de parceiros. O programa De Olho no Combustível, a Caravana Siga Bem e o cartão Petrobras são alguns exemplos dessas iniciativas. O Jornal do Revendedor é enviado aos revendedores, franqueados das lojas BR Mania, à força de trabalho da Petrobras Distribuidora, a algumas unidades da Petrobras (refinarias, abastecimento e área internacional), a jornalistas e entidades do setor, como a ANP, por exemplo.

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Uma vez investigado o alcance do papel e da atuação do SAC, o autor marcou uma visita com

o supervisor do SAC, para que pudesse expor a natureza, as características e o objetivo da

pesquisa. Em seguida, foram identificados os três sujeitos selecionados para as entrevistas, os

assuntos abordados e estabeleceu o tempo programado para cada uma das entrevistas, cerca

de quarenta minutos. Estabeleceram-se, ainda, algumas regras para levantamento, descrição e

análise, e também divulgação de resultados. A principal dessas regras foi a obediência ao

caráter confidencial de algumas informações; que, uma vez divulgadas, poderiam causar

desvantagens competitivas para a empresa. Assim, ficou acordado com a empresa que, após a

transcrição das entrevistas, ou mesmo antes da apresentação pública de qualquer resultado, o

autor teria que submeter as informações coletadas à verificação por parte do representante da

BR Distribuidora indicado para este fim.

A fase de coleta de dados durou quatro meses e quinze dias, incluindo a realização das

entrevistas. A primeira entrevista, com o supervisor do SAC, foi realizada no início de

setembro de 2005; uma semana depois, foi realizada a segunda entrevista, com a analista de

tratamento de manifestações da PC Service (prestadora de serviços de contact center da BR

Distribuidora); houve uma interrupção de quatro semanas para que fosse possível realizar a

última entrevista com o gerente de atendimento da GATEND, já que ele encontrava-se de

férias durante período citado.

Antes de todas as entrevistas, foram enviados os roteiros de entrevista (Anexo II), por correio

eletrônico, para o supervisor do SAC, que, ao longo do trabalho, assumiu uma posição de

referência para a pesquisa, dando o apoio e a assistência necessária para superação dessa fase.

Ficando acertado que esse profissional seria incumbido da validação das informações

coletadas, com exceção das obtidas por entrevistas das quais ele não participou; essas ficariam

a cargo dos outros respondentes.

Durante a realização das entrevistas, os entrevistados mostraram-se bastante cooperativos em

responder às perguntas feitas, de maneira clara, íntegra, e objetiva; e propensos a dispensar o

tempo necessário para realização da entrevista, além de se apresentarem dispostos para

esclarecer quaisquer dúvidas posteriores. As transcrições das entrevistas gravadas foram

remetidas, por correio eletrônico, aos respondentes para que validassem seu conteúdo.

(Vergara, 1998, op. cit., p.53)

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Yin (2003, op. cit., p.118) comenta a necessidade de o pesquisador realizar pesquisas

adicionais, quando depara-se com entrevistas que levem a um ponto comum de pensamento,

soando o seu resultado de forma conspiratória. Para esses casos, Yin indica a realização de um

teste de verificação, procurando-se abordar pessoas que possuem visões diferentes. Para esse

trabalho não houve tal necessidade, pois o autor planejou as entrevistas contemplando o risco

e selecionou sujeitos com perspectivas diferentes.

O número de entrevistas pareceu ser suficiente para atender as finalidades da pesquisa,

levando-se em consideração o modelo de gestão a que está submetido o SAC. Mattar (2001)

declara que não existe um número definido de entrevistas a serem realizadas nas pesquisas

exploratórias e, nesse sentido, julgou-se suficiente a tomada dos depoimentos.

O conhecimento operacional da analista de tratamento de manifestações da PC Service, cuja

percepção é intensamente influenciada pela posição de representante da empresa terceirizada;

a perspectiva tático-operacional do supervisor do SAC, cuja função revela-se como ponto de

contato com a prestadora de serviços; e a visão tático-estratégica do gerente da GATEND,

cujo discurso é reflexo da visão institucional – estes diferentes conjuntos de dados serviram

como mecanismos complementares para verificação e validação das informações. Esses

dados, além de prestarem à descrição e análise, forneceram subsídios à formulação de

categorias que correlacionam as variáveis participantes da dinâmica de funcionamento do

SAC.

As entrevistas foram facilitadas na medida em que parte das perguntas programadas já havia

sido tratada através de matérias feitas pelos editores das revistas BR Mania e Soluções BR.

Simultaneamente à fase de realização das entrevistas, o autor identificou e pesquisou as

edições contendo essas matérias na Biblioteca da BR Distribuidora.

Além dos roteiros de entrevista (Anexo II), como instrumento de pesquisa, foi utilizado um

guia de entrevistas (Anexos III), de uso exclusivo do autor, servindo-lhe de orientação para

que os principais pontos do roteiro fossem contemplados.

Os instrumentos acima foram produzidos depois da fase de elaboração da revisão

bibliográfica. Esta dissertação tomou, como referência para a formulação das perguntas do

roteiro e das questões apresentadas no guia, os seguintes trabalhos: Lins (1996), Isnard

(1996), Gregório (2000), Da Silva (2001), Dutra (2002), Souza (2002) e Figueiredo (2003).

Foram cotejados e adaptados alguns tópicos dos formulários utilizados nas pesquisas, de

acordo com a especificidade da natureza e o objetivo visado da pesquisa desenvolvida.

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3.6 TRATAMENTO DE DADOS

Para Gil (2002, op. cit., p. 141), entre os diversos itens de natureza metodológica, o que

apresenta maior carência de sistematização é o referente ao tratamento dos dados. Como o

estudo de caso vale-se de procedimentos de coleta de dados os mais variados, o seu

tratamento pode naturalmente utilizar diferentes modelos de análise.

Gil adverte que o mais importante na análise e interpretação dos dados no estudo de caso é a

“preservação da unidade social”. Assim sendo, entende-se a importância a ser considerada

para o desenvolvimento de tipologias. “(....) Muitas vezes, esses “tipos ideais” são

antecipados no planejamento da pesquisa. Outras vezes, porém, emergem ao longo do

processo de coleta e análise dos dados” (Gil, 2002, p. 141).

As pesquisas qualitativas geram grande volume de dados que precisam ser organizados e

compreendidos. Esta pesquisa configura-se como um estudo exploratório que visa ao

levantamento de fatos novos e hipóteses, ao estabelecimento de relações com a literatura

existente e à busca da compreensão dos dados obtidos à luz da teoria levantada, para que se

possa verificar, por meio do caso escolhido, o papel e atuação de um SAC operacional e

terceirizado. E, dessa forma, verificar os determinantes operacionais do SAC e os impactos

causados pela terceirização de seus processos.

O autor, tal como Godoy (1995, p. 63) descreve os procedimentos das pesquisas qualitativas,

não partiu de hipóteses preestabelecidas nem se preocupou em buscar os dados ou evidências

que confirmassem ou negassem tais suposições.

Assim, a partir de questões ou focos de interesse amplos, que foram tornando-se mais diretos

e específicos no decorrer da pesquisa, o trabalho buscou identificar categorias analíticas que

apoiassem a estruturação das entrevistas e evidenciassem os elementos necessários para a

realização da análise, tendo em vista o cumprimento do objetivo da pesquisa. De início, as

abstrações foram construídas a partir dos dados, num processo de baixo para cima.

Com a depuração dessas questões, foram selecionadas sete categorias analíticas para

estruturar e processar a descrição e a análise de resultados: (1) Desenvolvimento de carreira

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na área de atendimento ao consumidor; (2) Papel do Serviço de Atendimento ao Consumidor

sob diferentes perspectivas; (3) Principais determinantes para que o SAC atue

satisfatoriamente segundo a visão de seus profissionais – operação, supervisão e gerência; (4)

Principais processos e tecnologias utilizados na operação do SAC; (5) Balanceamento do

nível de motivação do pessoal versus pressões pelo cumprimento de objetivos operacionais,

dentro do SAC; (6) Influência da terceirização de processos na atuação do SAC; e, (7)

Contribuição do SAC para o alcance dos objetivos globais da organização.

Cabe enfatizar que os resultados obtidos, na coleta de dados, foram submetidos à verificação

dos participantes. O objetivo foi validar a análise e a interpretação do pesquisador (Lakatos e

Marconi, 1995, op. cit., p. 200).

3.7 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Como este trabalho trata de uma pesquisa qualitativa na área de serviço de atendimento ao

consumidor e tendo-se adotado a estratégia de estudo de caso único como um dos meios de

pesquisa, as limitações encontradas pela aplicação da metodologia escolhida são as seguintes:

(1) A impossibilidade de generalização dos resultados do estudo; (2) O número de entrevistas

realizadas; (3) A falta de espontaneidade e de autenticidade dos entrevistados ante as

perguntas feitas durante as entrevistas; (4) A possibilidade de influência, consciente ou

inconsciente, sobre o entrevistado, pelo pesquisador ou pelas circunstâncias, ou mesmo por

dificuldades como a memória fraca e a articulação pobre ou imprecisa dos sujeitos; (5) A

subjetividade da escolha dos itens considerados no processo de observações informais, por

parte do pesquisador; (6) A censura imposta pela empresa ao livre acesso a documentos da

empresa, mesmo aos sem teor estratégico, sob a alegação de segurança de informação; e, (7)

O pequeno grau de controle sobre uma situação de coleta de dados.

A impossibilidade de generalização dos resultados do estudo é uma limitação do método

utilizado, o estudo de caso único. Decerto, uma preocupação muito comum em relação aos

estudos de caso é que eles fornecem pouca base para fazer uma generalização científica. Yin

(2005, op. cit., p. 29) explica que os fatos científicos extraordinariamente se baseiam em

experimentos únicos; apóiam-se, em geral, num conjunto múltiplo de experimentos que

repetiram o mesmo fenômeno sob condições diferentes.

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Pode-se aplicar a mesma técnica com estudos de casos múltiplos, mas necessita-se de um

conceito diferente dos projetos de pesquisa apropriados. Uma resposta simples é que os

estudos de caso, da mesma forma que os experimentos, são generalizáveis a proposições

teóricas, e não a populações ou universos. Com esse intuito, o estudo de caso, tal como o

experimento, não representa uma “amostragem”; ao fazer isso, seu objetivo é ampliar e

generalizar teorias (generalização analítica) e não enumerar freqüências (generalização

estatística).

Yin cita um estudo de caso único realizado anos atrás, o qual foi conduzido por três notáveis

cientistas sociais, que descreveram o objetivo como sendo de fazer uma análise

“generalizante” e não “particularizante” (Lipset, Trow e Coleman, 1956, p. 419-420, apud

Yin, 2005, p. 30).

O número de entrevistas realizadas pode ser considerado relativamente pequeno. Entretanto,

para este estudo especificamente, verificou-se que, para o cumprimento do objetivo da

pesquisa, o número de entrevistas realizadas apresenta-se satisfatório. No entanto, o trabalho

apurou que um conjunto de informações desejadas estava contido na documentação técnica e

nas publicações investigadas. Em adição ao exposto, as entrevistas realizadas visaram

principalmente à apreensão das diferentes perspectivas presentes na estrutura organizacional

do Serviço de Atendimento ao Consumidor da BR Distribuidora e ao auxílio na correlação

das variáveis participantes de sua dinâmica de funcionamento.

A falta de espontaneidade e de autenticidade dos entrevistados diante das perguntas, durante

as entrevistas, pode ser apresentada como fator limitante da coleta de dados. Tal limitação é

comum quando são utilizadas entrevistas como fonte de evidências. A incompreensão dos

objetivos da pesquisa, a conveniência da exposição de uma linha de pensamento ajustada aos

interesses do sujeito ou da organização, e ainda as circunstâncias em que se desenvolvem

estes eventos, todos os itens podem ensejar uma influência negativa que se evidencia na

veracidade dos dados obtidos.

Apesar de reconhecer o surgimento de vieses nas respostas dos entrevistados, o autor

procurou criar as condições necessárias para que os entrevistados se mostrassem espontâneos,

autênticos e cooperativos ao responder as questões.

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Há possibilidade de influência, consciente ou inconsciente, sobre o entrevistado, pelo

entrevistador ou pelas circunstâncias, ou mesmo por dificuldades como a memória fraca e a

articulação pobre ou imprecisa dos sujeitos da pesquisa.

Yin (2005, p. 118) sugere que, durante a realização das entrevistas, as questões sejam

criteriosamente formuladas, a fim de que o pesquisador pareça verdadeiramente ingênuo

acerca do tópico e estimule o respondente a fazer comentários adicionais sobre ele; de outra

forma, se o pesquisador fizer perguntas direcionadas, o propósito revelador acabará não sendo

atendido. Quanto à limitação derivada das dificuldades de memória ou de comunicação por

partes dos entrevistados, o autor não observou qualquer sinal nesse sentido durante as sessões

de entrevistas.

A subjetividade da escolha dos itens considerados, no processo de observações informais por

parte do pesquisador, pode conferir menor confiabilidade para essas evidências. A

confiabilidade dessas evidências poderia crescer à medida que houvesse a participação de

mais de um pesquisador observando os mesmos fatos, e assim, se reduziria o grau de

subjetividade (Yin, 2005, p.121); procedimento não adotado neste trabalho.

A censura imposta pela empresa contra o acesso indiscriminado aos documentos técnicos da

empresa, mesmo àqueles sem teor estratégico, sob a alegação de segurança de informação,

revelou-se um desafio adicional para o autor que buscou permanentemente posicionar-se

como acadêmico e tentou criar uma atmosfera mais favorável à obtenção de dados, já que

demonstrava que a sua utilização no trabalho não conferia risco para a empresa. Por fim, a

empresa resolveu negociar, caso a caso, e de forma bastante criteriosa e rigorosa, a cessão de

qualquer documento técnico.

O pequeno grau de controle sobre uma situação de coleta de dados é citado por Lakatos e

Marconi (1995, op. cit., p. 198) como uma limitação de pesquisa, quando da realização de

entrevistas. Todavia, pode-se depreender que geralmente tal limitação é a mais comum em

qualquer tipo de pesquisa. A dinâmica da pesquisa, o processo de comunicação, o perfil dos

interlocutores e a postura da empresa diante da natureza do trabalho são elementos que se

combinam e estabelecem o grau de controle que a pesquisa enfrenta durante a coleta de dados.

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4.0 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo constam os resultados da pesquisa e sua análise, dispostos em duas partes: na

primeira parte estão registradas a análise documental e as observações do autor; na segunda, é

apresentado o resultado das entrevistas.

De início, a preocupação do autor é mostrar o contexto no qual está inserida a empresa,

apresentando tópicos descritivos relacionados ao setor de distribuição de combustíveis. Em

seguida, o trabalho utiliza outros tópicos descritivos, já no âmbito da BR Distribuidora para

estruturar a descrição e subsidiar a análise dos resultados.

Para a fase da exposição das entrevistas e da análise dos resultados, esta dissertação seleciona

e utiliza sete categorias analíticas que associam as principais variáveis que ajudam a

responder às perguntas da pesquisa e, por conseqüência, a atingir o objetivo do estudo.

Assim sendo, a abordagem aplicada na análise é partir de um universo amplo como o setor de

distribuição de combustíveis, onde está inserida a BR Distribuidora, e fazer convergir a

descrição e a análise para um microcosmo, onde está inserido o objeto de pesquisa, o SAC da

empresa.

A apresentação do setor de distribuição de combustíveis faz-se através dos seguintes

elementos: visão global das atividades setoriais, dividida em três partes: estrutura das

atividades, integração vertical na indústria petrolífera e panorama mundial de produção e

consumo de petróleo; histórico de regulamentação no setor petrolífero no Brasil; e dimensões

e características do mercado de distribuição de combustíveis no Brasil.

Por sua vez, os tópicos descritivos relacionados à BR Distribuidora, e ao seu SAC

especificamente, são: histórico da BR Distribuidora; políticas de atendimento e os canais de

relacionamento; SAC: histórico, estrutura, inserção organizacional e interação

interdepartamental; processos e tecnologias aplicadas pelo SAC; e elementos da terceirização

no SAC da BR Distribuidora.

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Para isso, além da análise documental, são registradas as observações informais feitas durante

a pesquisa, isto é, as impressões que o autor obteve ao longo da investigação, desde os

primeiros contatos com a empresa no período de coleta de dados até a conclusão da última

entrevista, e posterior validação dos depoimentos obtidos.

Numa etapa intermediária, são transcritas as entrevistas com os três sujeitos selecionados,

considerados importantes para o entendimento do papel e da atuação do SAC da BR

Distribuidora: uma analista de tratamento de manifestações (da empresa prestadora de

serviços de contact center para a BR Distribuidora – PC Service), um supervisor do Serviço

de Atendimento ao Consumidor – SAC e um gerente de atendimento.

Por último, o trabalho analisa os resultados produzidos, tendo por base as mesmas categorias

selecionadas para abordar os profissionais do SAC: desenvolvimento de carreira na área de

atendimento ao consumidor; papel do Serviço de Atendimento ao Consumidor sob diferentes

perspectivas; principais determinantes para que o SAC atue satisfatoriamente segundo a visão

de seus profissionais – operação, supervisão e gerência; principais processos e tecnologias

utilizados na operação do SAC; balanceamento do nível de motivação do pessoal versus

pressões pelo cumprimento de objetivos operacionais, dentro do SAC; influência da

terceirização de processos na atuação do SAC; e a contribuição do SAC para o alcance dos

objetivos globais da organização.

4.1 OBSERVAÇÕES E ANÁLISE DE DOCUMENTOS

O primeiro contato do autor com o SAC efetivou-se por telefone, no final de 2004. Nesse

período houve uma reorientação do planejamento da pesquisa com o estabelecimento de um

novo objetivo. Do primeiro contato até a primeira entrevista, passaram-se alguns meses.

Nesse ínterim, foram realizados mais dez contatos telefônicos (sete por iniciativa do autor e

três por iniciativa da empresa) e nove visitas às instalações da empresa na cidade do Rio de

Janeiro, sendo cinco à sede e quatro ao escritório no qual se encontra o SAC da empresa.

Desses encontros preliminares, observaram-se as seguintes características comportamentais

nos integrantes da BR Distribuidora, tanto nos funcionários de carreira quanto nos

profissionais contratados: presteza, independente do nível hierárquico do profissional

(recepcionistas, secretárias, assessorias e executivos); autonomia relativa; boa acessibilidade e

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receptividade quanto aos objetivos da pesquisa por parte dos executivos; e transparência no

fornecimento de dados.

Com relação ao ambiente de trabalho na sede da empresa, notou-se que os escritórios estão

bem equipados, com uma decoração sóbria que prima pela harmonia das cores e privilegia os

tons claros. O lay-out dos escritórios segue um padrão que atende aos requerimentos para

melhor comunicação entre os profissionais, com grandes espaços abertos destinados a abrigar

as estações de trabalho dos profissionais.

Quando da visita ao SAC, localizado em outro prédio comercial próximo à sede, percebeu-se

que o ambiente físico criado é semelhante ao encontrado na matriz.

O trabalho registrou que todo o processo de coleta de dados, do primeiro contato à realização

da última entrevista, durou quatro meses e quinze dias.

4.1.1 O SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS

4.1.1.1 VISÃO GLOBAL DAS ATIVIDADES SETORIAIS

4.1.1.1.a ESTRUTURA DAS ATIVIDADES

O setor de petróleo abrange atividades upstream (exploração e produção) e downstream

(refino, transporte, distribuição e comercialização). A cadeia do petróleo está interligada com

o gás natural, a geração de eletricidade e a indústria petroquímica em diversos pontos.

A Figura 4.1.1.1.a apresenta de forma esquemática os negócios relacionados ao petróleo. Uma

característica dessa indústria é a integração das empresas atuantes em vários pontos da cadeia.

As atividades no upstream de exploração e produção estão interligadas e são típicas do ramo

de mineração, sendo caracterizadas da seguinte forma:

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• Exploração – atividade de prospecção de áreas em busca de jazidas de hidrocarbonetos

(petróleo e gás natural).

• Produção – atividade de extração e separação do óleo bruto existente nas jazidas.

Figura 4.1.1.1.a - A cadeia do petróleo.

Já as atividades no downstream se destinam a entregar, aos consumidores, o petróleo

transformado em produtos próprios para utilização (derivados). Para tal, é necessário

transporte, refino, distribuição e comercialização. Tais atividades são caracterizadas assim:

• Transporte (óleo bruto) – o óleo extraído tem que ser transportado para as unidades de

refino. O transporte é feito por oleodutos, até as refinarias ou terminais marítimos, onde é

embarcado em petroleiros.

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• Refino – o óleo bruto precisa ser processado para a obtenção de produtos aproveitáveis. As

refinarias são normalmente instaladas perto dos campos produtores, para diminuir os

dispêndios com transportes.

• Transporte (derivados) – os derivados de petróleo produzidos nas refinarias são

transportados, nesta etapa, através de polidutos, ferrovia, rodovia e navegação (tanto de

longo curso, quanto de hidrovias e cabotagem). Alguns derivados podem ser enviados

diretamente aos locais de consumo – comum nos insumos petroquímicos enviados às

centrais petroquímicas localizadas nas cercanias das refinarias.

• Distribuição - é a etapa de entrega dos derivados aos consumidores ou locais de

abastecimento (como postos de combustíveis). O modal rodoviário é o mais utilizado nesta

etapa.

• Comercialização – as empresas de petróleo dedicam-se ao desenvolvimento de suas marcas

e ao relacionamento com clientes para garantir a participação de mercado de seus produtos.

As atividades de distribuição e comercialização são as últimas etapas da cadeia para atingir os

consumidores. A distribuição se refere à atividade física de levar os derivados até os postos de

venda ou diretamente ao consumidor.

A comercialização refere-se às transações comerciais propriamente ditas, para as quais o

desenvolvimento de marcas e o relacionamento com os clientes são fundamentais. Os

principais pontos de venda dos derivados de petróleo são postos de serviço (abastecimento),

nos quais são vendidos gasolina, óleo diesel e lubrificantes aos motoristas. A venda de óleo

combustível é feita diretamente pelas distribuidoras aos consumidores (em geral indústrias) ou

a atacadistas visando à revenda.

4.1.1.1.b INTEGRAÇÃO VERTICAL NA INDÚSTRIA PETROLÍFERA

No setor de petróleo e gás é comum a existência de empresas integradas, operando em todas

as etapas da indústria, desse a exploração de jazidas até a venda ao consumidor final. Com

isso, as empresas buscam agregar mais valor a seus produtos, pois o petróleo e o gás natural

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são comercializados como mercadorias. Para tal, essa expansão ocorre no sentido dos

segmentos com margens de comercialização mais elevada.

A integração vertical permite diminuir a dependência de outras empresas, como fornecedoras

ou compradoras de seus produtos. Como existe um limite dos preços que podem ser cobrados

do consumidor final, há uma disputa ao longo da cadeia para a apropriação da renda gerada.

Uma empresa integrada verticalmente pode apropriar-se das margens existentes ao longo da

cadeia e, assim, fortalecer sua posição e viabilizar projetos integrados (por exemplo: a

exploração de um campo com uma refinaria, uma fábrica de metanol para aproveitar o gás

natural e o complexo petroquímico).

Entretanto, a integração vertical ou verticalização é uma estratégia de produção usada também

para encobrir deficiências de alguns segmentos que acabam sendo subsidiados pelos demais.

Muitas empresas do setor possuem uma especialidade ou segmento em qual se destacam e o

restante da cadeia funciona de forma acessória.

A integração operacional da cadeia de óleo e gás com a petroquímica é uma das maneiras de

se agregar valor às matérias-primas produzidas. Embora o setor petroquímico represente uma

parcela pequena da receita dos grandes grupos petrolíferos (entre 5% e 6%), as margens nesse

segmento permitem uma rentabilidade maior. Esta integração ocorre “para frente”29, quando

uma empresa de petróleo passa a atuar na petroquímica, ou “para trás”30, quando um grupo

petroquímico constrói ou adquire uma refinaria. No Brasil, por exemplo, há exemplos dos

dois tipos: a PETROBRAS e a Ipiranga expandiram suas atividades do petróleo para a

petroquímica e a Petroquímica União construiu uma refinaria na década de 1950

(posteriormente comprada pela PETROBRAS).

A produção e comercialização do gás natural pelas empresas de petróleo é uma decorrência

natural da própria produção de petróleo (que traz consigo uma parcela de gás natural

associado). Além disso, pode-se perfurar para achar petróleo e encontrar apenas gás. Assim,

29 Integração vertical ou verticalização para frente, ou à montante, se dá quando uma empresa adquire ou passa a desenvolver atividades próprias, semelhantes às de uma empresa com negócios numa fase mais adiantada em relação à cadeia de produção – com a direção e o mesmo sentido do consumidor final. 30 Integração vertical ou verticalização para trás, ou à jusante, se dá quando uma empresa adquire ou passa a desenvolver atividades próprias, semelhantes às de uma empresa com negócios numa fase mais atrasada em relação à cadeia de produção – com a direção e o sentido inverso aos do consumidor final.

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existindo a disponibilidade de gás, nada mais natural que vendê-lo – embora por muitos anos

o principal destino do gás natural tenha sido o flare (queima do gás na boca do poço).

As empresas, originalmente de petróleo, cada vez mais se vêem como “empresas de energia”,

embrenhando-se até mesmo na geração de energia elétrica, ou, em outras palavras, vendendo

gás por linhas de transmissão de eletricidade. Nessa lógica de integração, as empresas têm

buscado também atuar na distribuição de gás natural à medida que um de seus principais

produtos – o óleo combustível – perde espaço para o gás. A entrada nesse segmento tem

também um componente defensivo, ou seja, as empresas preferem oferecer o combustível

substituto a perderem os clientes para outras empresas que ofereçam gás.

Embora a integração seja uma estratégia comum na indústria do petróleo, os objetivos de cada

unidade de uma empresa não são coincidentes. Há sempre a questão do “preço de

transferência”31 adotado entre as diferentes etapas. Administrar os trade-offs32 existentes entre

essas alternativas é o grande desafio da gestão de uma empresa petrolífera.

Na comercialização dos produtos, a empresa deve atender as necessidades do mercado. Para

tanto, ela precisa optar por produzi-los em suas refinarias ou adquiri-los de terceiros, ou ainda

uma combinação de ambos. Nas refinarias, a empresa pode escolher entre processar o óleo

bruto extraído de seus poços ou adquiri-lo de outros produtores.

A escolha deve considerar os custos de transporte e a adequação da refinaria ao tipo de

petróleo extraído. Se as refinarias são apropriadas para petróleos leves e o óleo extraído pela

empresa é do tipo pesado.

Para a área de produção, pode ser mais vantajoso vender o petróleo a terceiros que fornecer às

próprias refinarias; outras distribuidoras podem pagar mais pelos derivados que a

distribuidora da empresa. Da mesma forma, a receita com a venda de derivados aos postos

independentes pode ser mais lucrativa que o abastecimento da rede própria, e o uso de navios

de terceiros pode apresentar um custo menor que o da frota própria.

31 Segundo a Secretaria da Receita Federal, o termo "preço de transferência" significa o preço praticado na compra e venda (transferência) de bens, direitos e serviços entre partes relacionadas (pessoas vinculadas). Em razão das circunstâncias peculiares existentes nas operações realizadas entre empresas vinculadas, esse preço pode ser artificialmente estipulado e, conseqüentemente, divergir do preço de mercado negociado por empresas independentes, em condições análogas - preço com base no princípio arm’s length. 32 Trade-off ocorre quando abrimos mão de algum bem ou serviço distinto para obter outro bem ou serviço distinto. Um trade-off geralmente refere-se a perder uma qualidade ou aspecto de algo, mas em troca ganhar outra qualidade ou aspecto. Implica tomar uma decisão com completa compreensão tanto do lado bom, quanto do lado ruim de uma escolha em particular.

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O petróleo, dados os inúmeros usos de seus derivados, concorre com outros produtos e

energéticos. Cada derivado enfrenta concorrentes específicos. De forma geral, os maiores

competidores do petróleo são o carvão e o gás natural.

Ambos possuem carbono e permitem gerar derivados similares, embora, em poucos casos,

viáveis em termos econômicos. O principal empecilho ao uso dos derivados de petróleo é a

poluição causada por sua queima. Esse custo ambiental tem motivado o aparecimento de

programas de fontes alternativas de energia, embora, até o momento, em poucos casos essas

alternativas se mostrem competitivas economicamente.

No mercado dos derivados de petróleo, especialmente no segmento de combustíveis para

transportes, os potenciais concorrentes ainda não se firmaram enquanto alternativas viáveis.

Como combustível automotivo, apesar do crescimento do uso do gás natural e de experiências

com o uso de combustíveis oriundos de biomassa – do qual o programa de álcool no Brasil é o

mais extenso e de maior penetração – a gasolina e o óleo diesel dominam por ampla margem.

No transporte aéreo, o querosene e a gasolina de aviação reinam absolutos.

4.1.1.1.c PANORAMA MUNDIAL DE PRODUÇÃO E CONSUMO DE PETRÓLEO

O relatório da BP Statistical Review (2005) apresenta uma série de dados que auxiliam o

entendimento acerca do desenvolvimento da indústria petrolífera mundial. Este documento é

revisado anualmente e considerado uma referência para todos aqueles que queiram

acompanhar a indústria. Nessa parte do relatório, são empregados dados desse documento

para expor um panorama global.

O petróleo é responsável por um volume anual de negócios de trilhões de dólares americanos

em todo o planeta. Além de ser a principal fonte de energia do mundo moderno, é importante

fonte de matéria-prima para a indústria, com uso variado, como em plásticos, asfalto e

solventes.

Da sua extração do subsolo até os consumidores finais, há uma complexa cadeia, da qual os

principais segmentos são a exploração e produção (E&P), o transporte, o refino e a

distribuição.

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Na matriz energética mundial, o petróleo ocupa a posição de liderança desde a década de

1950, quando ultrapassou o carvão. Em 2004, de toda a energia consumida, o petróleo

representava 36,8%. A segunda fonte mais importante de energia é o carvão com 27,2%,

seguido pelo gás natural (23,7%), que vem aumentando a sua participação gradativamente, e,

por último, a energia hidrelétrica e a energia hidrelétrica, com respectivamente 6,2% e 6,1%.

A Figura 4.1.1.1.c1 apresenta a matriz energética mundial apurada em 2004.

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

100,0%

Matriz Energética Mundial - 2004

Petróleo

Gás Natural

Carvão

Energia Nuclear

Hidrelétrica

Total

Figura 4.1.1.1. c1 - Matriz energética mundial - 2004.

Fonte: BP Statistical Review.

Em 2004, a predominância do petróleo como principal fonte de energia pode ser percebida em

todas as regiões do planeta, com exceção dos países da antiga União Soviética, onde

predomina o gás natural. A região do Oriente Médio é a que tem o maior uso relativo de

petróleo (52,1%), seguida pela região formada pela América do Sul, América Central e o

Caribe (45,9%). Esses dois últimos blocos regionais são os de menor uso de carvão, e os

responsáveis, respectivamente, pela maior e menor parcela da produção mundial de petróleo.

Entretanto, o petróleo não está distribuído de forma homogênea sob a superfície da Terra,

havendo uma discrepância entre as regiões produtoras e consumidoras. As maiores reservas

conhecidas estão no Oriente Médio (61,7% do total mundial), região que se caracteriza por ser

a principal exportadora de petróleo (é a região de maior produção e uma das de menor

consumo). A Figura 4.1.1.1.c2 representa a produção mundial de petróleo em 2004,

distribuída pelos grandes blocos regionais.

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0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

100,0%

Produção Mundial de Petróleo - 2004

América do Norte

Américas do Sul eCentral, e Caribe

Europa e Eurásia

Oriente Médio

África

Ásia-Pácifico

Total

Figura 4.1.1.1. c2 - Produção mundial de petróleo - 2004.

Fonte: BP Statistical Review.

A América do Norte, apesar de grande produtora, depende de importações para satisfazer sua

necessidade pelo produto. A Europa e a região Ásia-Pacífico apresentam o consumo muito

superior às respectivas produções locais. A Figura 4.1.1.1.c3 mostra o consumo mundial de

petróleo em 2004, distribuído pelos grandes blocos regionais.

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

100,0%

Consumo Mundial de Petróleo - 2004América do Norte

Américas do Sul eCentral, e Caribe Europa e Eurásia

Oriente Médio

África

Ásia-Pácifico

Total

Figura 4.1.1.1.c3 - Consumo mundial de petróleo - 2004.

Fonte: BP Statistical Review.

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O consumo de petróleo nos países industrializados foi fortemente afetado após as duas crises

registradas na década de 1970. Antes do primeiro choque, em 1973, o consumo de petróleo

equivalia à metade da energia total.

O aumento dos preços incentivou a diminuição da dependência dos grandes consumidores

para com o petróleo fornecido pelos países integrantes da Organização dos Países

Exportadores de Petróleo – OPEP. Esses países optaram por diversificar suas fontes de

energia, bem como seus fornecedores de petróleo. Com os preços em alta, a busca por novas

reservas foi intensificada, e as regiões, onde a produção era inviável, tornaram-se viáveis pelo

desenvolvimento de novas tecnologias (o Mar do Norte é um exemplo).

Outra constatação foi o aumento da eficiência do uso da energia, gerando uma economia

significativa. Os patamares de consumo mundial de petróleo do final dos anos setenta só

voltaram a ser registrados no início da década de 1990.

Essa recuperação do consumo deu-se após a queda de preços registrada a partir de 1986 e o

avanço do consumo no Leste Asiático. A diminuição do preço levou os países exportadores,

acostumados às rendas obtidas com o petróleo, a aumentar sua produção para manter suas

receitas. O resultado foi um excesso de oferta do produto, com um número crescente de

produtores, e a conseqüente baixa dos preços.

A tensão no Oriente Médio, que ocasionou a invasão do Kuwait e a Guerra do Golfo,

interrompeu momentaneamente a baixa. O aumento do consumo na região do Pacífico

manteve a demanda aquecida e levou o petróleo a preços superiores à faixa de quinze a

dezoito dólares americanos por barril.

Com a crise na Ásia, iniciada em 1997, a pressão da demanda teve um refluxo e os preços

tornaram a cair, mesmo com as tentativas da OPEP para diminuir a produção. No final de

1998, as cotações do petróleo alcançaram os valores anteriores ao primeiro choque do

petróleo, já descontada a inflação do período. Todavia, dentro de um contexto em que o

mundo está mais adaptado aos novos padrões de uso de energia e à legislação ambiental, uma

simples retração das cotações não é suficiente para estimular uma nova onda de consumo.

Os efeitos da queda dos preços na indústria do petróleo foram rapidamente sentidos. Os lucros

das empresas diminuíram e os países refratários aos investimentos estrangeiros no setor, como

a Arábia Saudita, passaram a contemplar alguma abertura. A Tabela 4.1.1.1.a apresenta uma

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série histórica, entre 1969 e 2004, com os preços do petróleo no mercado internacional,

ajustados para valor presente.

Com os lucros em queda e sem perspectivas de uma recuperação rápida dos preços, as

empresas buscam se adaptar. Os investimentos em exploração são repensados, pois o risco é

elevado ante a possibilidade de retorno. O setor iniciou um novo ciclo de consolidação de

negócios através de fusões e associações entre empresas.

A compra da norte-americana Amoco pela inglesa British Petroleum (BP), em meados de

1998, foi o maior negócio industrial já realizado até então. Poucos meses depois, as norte-

americanas Exxon e Mobil criaram, com a sua fusão, a maior empresa privada do negócio de

petróleo e petroquímica. Por conseguinte, num cenário de margens comprimidas, essa

estratégia evidencia-se como adequada. Nesta conjuntura, o Brasil já iniciou a abertura do

setor. A perspectiva de atração de investimentos nas diversas atividades, até então restritas ao

monopólio da União Federal, confrontou-se com este cenário de instabilidade econômica e

margens cadentes na indústria.

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Tabela 4.1.1.1.a - Preço internacional do petróleo – ajustado para valor presente.

Fonte: BP Statistical Review.

Evolução do Preço Internacional do Petróleo – 1969/2004

(em US$ – valores atuais) 1969 9.32

1970 8.79

1971 10.50

1972 11.26

1973 14.05

1974 44.55

1975 40.66

1976 41.26

1977 41.62

1978 39.55

1979 78.46

1980 82.15

1981 71.47

1982 62.36

1983 54.73

1984 51.12

1985 48.46

1986 24.79

1987 30.64

1988 23.90

1989 27.75

1990 34.44

1991 27.84

1992 26.09

1993 22.33

1994 20.38

1995 21.31

1996 25.08

1997 22.74

1998 15.20

1999 20.71

2000 31.80

2001 26.44

2002 26.47

2003 29.61

2004 38.27

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4.1.1.2 HISTÓRICO DE REGULAMENTAÇÃO NO SETOR PETROLÍFERO NO

BRASIL

Desde os anos 1930, quando do início da industrialização brasileira, o acesso aos insumos

energéticos destaca-se entre as principais preocupações nacionais relacionadas ao

desenvolvimento econômico. A atividade submeteu-se ao regime de concessão até 1938,

contudo não estimulou suficientemente o interesse privado para que se alcançasse o ritmo de

crescimento econômico desejado.

Da mesma maneira, poucas e pequenas refinarias privadas operavam no país até 1953,

obrigando o país a importar volumosas e crescentes quantidades de petróleo para atender ao

consumo doméstico.

Nesse período, o Estado brasileiro possuía um único agente envolvido nessa atividade: o

Conselho Nacional do Petróleo – CNP. Instituído em 1938, sua atribuição consistia na

supervisão e execução das atividades petrolíferas no Brasil.

Em 1953, foi sancionada a Lei nº 2004, que estabeleceu o monopólio da União, abrangendo:

• A pesquisa e a lavra de petróleo e outros hidrocarbonetos fluidos e gases raros existentes

no território nacional;

• O refino de petróleo, independente do local de origem;

• O transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados de petróleo

produzidos no país, e;

• O transporte por dutos, de petróleo e seus derivados, assim como gases de qualquer

origem.

Criou-se um regime de monopólio amplo para a atividade. A Lei nº 2004/53 ainda autorizou a

criação da PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S/A que se tornou operacional apenas em

1954. A PETROBRAS, empresa estatal de capital misto, desde então é o agente operador da

União Federal, à qual foi atribuída a tarefa de exercer o monopólio em seu nome.

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Não obstante o propósito de criação, a PETROBRAS desenvolveu, durante todo o seu período

de funcionamento, outras atividades que não estavam classificadas entre as monopolizáveis,

como, por exemplo, a distribuição de combustíveis. Dessa forma, o CNP foi mantido na

qualidade de órgão de orientação, fiscalização e controle da política nacional de petróleo e

seus derivados.

A Lei nº 2004/53, por outro lado, preservou as refinarias privadas existentes, porém impediu a

ampliação de suas capacidades.

A Constituição Federal, promulgada em 1988, manteve e expandiu o monopólio da União,

conforme estabelece em seu artigo 177, incisos I a IV, nos seguintes termos:

“Artigo 177 – Constituem monopólio da União:

I – a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros

hidrocarbonetos fluidos;

II – a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III – a importação e exportação dos produtos e derivados básicos

resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;

IV – o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de

derivados básicos do petróleo produzido no país, bem assim o transporte,

por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de

qualquer origem”.

Assim sendo, a PETROBRAS permaneceu com a atribuição de executar o monopólio, e o

CNP foi mantido na qualidade de órgão de orientação e fiscalização.

O texto constitucional, portanto, diferentemente da legislação anterior, definiu de modo

explícito como atividades inclusivas no monopólio da União Federal: a produção de gás

natural e o comércio internacional de petróleo, gás natural e seus derivados básicos.

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Sob outro aspecto, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 177, parágrafo primeiro,

vedou “a União ceder ou conceder qualquer tipo de participação, em espécie ou em valor, na

exploração de jazidas de petróleo ou gás natural”. Tal dispositivo significou o impedimento

para a celebração de novos contratos de risco; em seu artigo 45, entretanto, fica garantida a

continuidade das refinarias privadas em operação e os contratos de risco feitos com a

PETROBRAS no Governo Geisel e ainda em vigência na data da promulgação da Carta

Magna.

Há pouco tempo, dois dispositivos legais, com viés neoliberal, trataram de pautar a

desregulamentação e a privatização das atividades do setor de petróleo e gás natural: a

Emenda Constitucional nº 9, de 1995; e a Lei nº 9.478, de 199733.

A primeira medida inscreve-se no conjunto das reformas constitucionais em curso durante o

primeiro mandato do governo FHC (1995-1998). Mediante a Emenda Constitucional nº 9, de

1995, a PETROBRAS perdeu a exclusividade na execução do monopólio da União, conforme

o texto a seguir:

Emenda Constitucional nº 9, de 1995

As mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do

artigo 60, parágrafo terceiro, da Constituição Federal, promulgam a

seguinte emenda ao texto constitucional:

Dá nova redação ao artigo 177 da Constituição Federal, alterando e

inserindo parágrafos.

Art. 1º o parágrafo primeiro do artigo 177 da Constituição Federal passa

a vigorar com a seguinte redação:

Art. 177....

33 Durante o Governo Collor, de perfil liberal, houve uma medida redutora dos poderes e da posição do CNP, que foi reformulado, passando a denominar-se de Departamento Nacional de Combustíveis – DNC.

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§1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a

realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo,

observadas as condições estabelecidas em lei.

§ 2º A Lei a que se refere o § 1º disporá sobre:

I – a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o

território nacional;

II – as condições de contratação;

III – a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;

§ 3º É vedada a edição de medida provisória para a regulamentação da

matéria prevista nos incisos de I a IV e dos parágrafos 1º e 2º do artigo

177 da Constituição Federal.

Brasília, 09 de novembro de 1995.

A segunda medida consiste no projeto de regulamentação da Emenda Constitucional nº 9, de

1995, aprovado nas duas casas legislativas do Congresso Nacional (Projeto de Lei nº 2.142,

de 1997), nos termos do substitutivo formulado pelo relator, deputado federal Elizeu Resende.

Esse projeto tinha o propósito de regular amplamente a indústria do petróleo, contendo em seu

texto os capítulos dispostos na Tabela 4.1.1.2:

Capítulo I Trata dos princípios da política energética nacional

Capítulo II Trata do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE

Capítulo III Trata da titularidade e do monopólio do petróleo e do gás natural

Capítulo IV Trata da Agência Nacional do Petróleo – ANP

Capítulo V Trata da exploração e da produção

Capítulo VI Trata do refino de petróleo e do processamento de gás natural

Capítulo VII Trata do transporte de petróleo, seus derivados e gás natural

Capítulo VIII Trata da importação e exportação de petróleo, seus derivados e gás

natural

Capítulo IX Trata especificamente da PETROBRAS

Tabela 4.1.1.2.a - Capítulos tratados no projeto de Lei nº 2.142, de 1997.

Fonte: ANP - Legislação.

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O projeto, transformado em Lei nº 9.478/97, visou estimular a entrada de grupos privados no

setor e o aparecimento de confronto competitivo. Um objetivo explícito contido no Artigo 1º,

item IX, é o de “promover a livre concorrência”.

Dessa Lei, resultou a extinção do Departamento Nacional de Combustíveis – DNC e a criação

de novos órgãos aos quais a atividade passou a submeter-se. São eles:

O Conselho Nacional de Política Energética - CNPE, vinculado à Presidência da República,

com atribuição de propor, ao Presidente da República, políticas nacionais e medidas

específicas no campo dos recursos energéticos (Art. 2º); e a Agência Nacional de Petróleo –

ANP, vinculada ao Ministério das Minas e Energia, com a finalidade de promover a

regulação, contratação e fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do

petróleo (Art. 7º). Em 2004, ocorreu a mudança do nome desta última, apesar da sigla

continuar inalterada, passando a chamar-se Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis. A mudança ocorreu com a publicação da Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de

2004, que regulamenta o uso do biodiesel como combustível, e, ao mesmo tempo altera o

artigo V da Lei do Petróleo no seu artigo V, no qual consta a denominação da agência.

A lei introduziu uma série de dispositivos que regulam a relação entre a PETROBRAS, o

governo e os potenciais novos entrantes na indústria. Alguns destes dispositivos destacam-se

por sua relevância nas novas regras de organização do setor, em especial na perda da

autonomia operacional da PETROBRAS. A vantagem enorme sobre o uso dos recursos de

infra-estrutura e informações disponíveis, resultado de anos de exclusividade da empresa,

sempre representou uma grande barreira à entrada nesta indústria. A partir desse período, os

agentes interessados teriam direito de uso de instalações, informações sobre reservas e

condicionamentos das atividades em curso.

A cessão de uso de instalações é observada nos termos do artigo 50, que faculta, a qualquer

interessado, o uso dos dutos de transporte e dos terminais marítimos existentes ou a serem

construídos, mediante remuneração adequada ao titular das instalações. Isso implica afirmar

que a infra-estrutura logística da PETROBRAS, erigida por mais de quatro décadas, pode ser

disponibilizada a terceiros, a despeito da vontade da administração em fazê-lo.

As informações sobre reservas são vistas nos termos do artigo 22, da seguinte forma:

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Nos termos do Artigo 22:

“O acervo tecnológico constituído pelos dados e informações sobre as

bacias sedimentares brasileiras é também considerado parte integrante

dos recursos petrolíferos nacionais, cabendo à ANP sua coleta,

manutenção e administração”.

O parágrafo 1º desse artigo é claro sobre destino desse acervo:

“A Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS transferirá para a ANP as

informações e dados de que dispuser sobre as bacias sedimentares

brasileiras, assim como sobre as atividades de pesquisa, exploração e

produção de petróleo ou gás natural, desenvolvidas em função da

exclusividade do exercício do monopólio até a publicação desta Lei.”

Estabeleceu-se, assim, que os conhecimentos adquiridos quanto à geologia e à acumulação de

reservas (os investimentos realizados, os riscos assumidos e também o desenvolvimento de

metodologia própria de pesquisa) pela PETROBRAS passaram a estar disponíveis para

terceiros. Nem mesmo o valor dessa transferência de conhecimento se permite a

PETROBRAS fixar ou negociar34, conforme determina o parágrafo 2º do mesmo artigo 22, ou

seja:

“A ANP estabelecerá critérios para remuneração à PETROBRAS de

custos relacionados com os dados e informações referidas no parágrafo

anterior e que venham a ser utilizados pelas partes interessadas, com fiel

observância ao disposto no artigo 117 da Lei nº 6.404, de 1976.”

34 Vale a pena observar que o parágrafo que se refere a ‘custos’ não aponta qualquer tipo de remuneração pelo risco incorrido.

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Os condicionamentos das atividades em curso visam submeter as ações da empresa ao

acompanhamento da nova autoridade reguladora e fiscalizadora, a ANP. A participação e a

significância da PETROBRAS, na indústria petrolífera brasileira, foram determinantes na

imposição de mais rigor no controle e acompanhamento desta empresa pela Agência Nacional

de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – a ANP, uma vez comparado com os seus

concorrentes.

Assim, conforme o Artigo 31:

“A PETROBRAS submeterá à ANP, no prazo de 3 (três) meses da

publicação desta Lei, seu programa de exploração, desenvolvimento e

produção, com informações e dados que propiciem:

I – o conhecimento das atividades de produção em cada campo, cuja

demarcação poderá incluir uma área de segurança técnica;

II – o conhecimento das atividades de exploração e desenvolvimento,

registrando, neste caso, os custos incorridos, os investimentos realizados e

o cronograma dos investimentos a realizar, em cada bloco onde tenha

definido prospectos.”

O artigo 33 e seu parágrafo único indicam o grau de controle a que a PETROBRAS passou a

ser submetida, isto é:

“Art. 33 – Nos blocos em que, quando do início da vigência desta Lei,

tenha a PETROBRAS realizado descobertas comerciais ou promovido

investimentos na exploração, poderá ela, observada sua capacidade de

investir, inclusive através de financiamentos, prosseguir nos trabalhos de

exploração e desenvolvimento pelo prazo de 03 (três) anos e, nos casos de

êxito, prosseguir nas atividades de produção.

Parágrafo Único – cabe à ANP, após a avaliação da capacitação

financeira da PETROBRAS e dos dados e informações de que trata o Art.

31, aprovar os blocos em que os trabalhos requeridos neste artigo terão

continuidade.”

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Percebe-se nitidamente que a PETROBRAS passou a ter novas instâncias de controle para

suas atividades empresariais, além das atuais que já são fortes: no Ministério das Minas e

Energia e no Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais - DEST, órgão

do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Nos termos do projeto, a ANP também

terá poderes para avaliar a capacidade financeira da PETROBRAS para investir.

Do ponto de vista da arregimentação de fundos para financiar suas atividades, igualmente se

observa dispositivo restritivo. A combinação do caput do Art. 75 com seu parágrafo único

permite essa conclusão, visto que:

“Art. 75 – A Secretária do Tesouro Nacional procederá ao levantamento

completo de todas os créditos e débitos recíprocos da União e da

PETROBRAS, abrangendo as diversas contas de obrigações recíprocas e

subsídios, inclusive os relativos à denominada Conta Petróleo, Derivados

e Álcool, instituída pela Lei 4.452, de 5 de novembro de 1964, e legislação

complementar, ressarcindo-se o Tesouro dos dividendos mínimos legais

que tiverem sido pagos a menor desde a promulgação da Lei nº 6.404, de

15 de dezembro de 1976.

Parágrafo Único – Até que se esgote o período de transição, o saldo

credor desse acerto de contas deverá ser liquidado pela parte devedora,

ficando facultado à União, caso seja a devedora, liquidá-lo em Títulos do

Tesouro Nacional.”

Por conseguinte, ao mesmo tempo em que abre a perspectiva de regularização dos débitos da

União com a PETROBRAS, o legislador introduziu inovação única, nunca antes observada,

obrigando a empresa a pagar dividendos mínimos retroativos desde 1976. Se ainda persistir

saldo em favor da PETROBRAS, a União poderá quitá-lo mediante a entrega de títulos. Em

síntese, não pode a PETROBRAS contar como certa a entrada de recursos, originários dessa

fonte, para financiar parte dos investimentos programados.

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Em síntese, a nova regulamentação para o setor petrolífero é caracterizada pela redução das

vantagens comparativas acumuladas pela PETROBRAS, favorecendo, com isso, a criação de

um ambiente mais competitivo neste setor.

Não obstante os propósitos alegados para alterarem-se as regras de funcionamento do setor,

com o estímulo ao desenvolvimento de parcerias entre entes privados e a PETROBRAS, e,

por decorrência, a tentativa de se aumentar o volume de investimentos na atividade a curto ou

médio prazo, existem críticos que se mostram céticos com este novo desenho, já que, ao

contrário do planejado, o novo modelo obriga a PETROBRAS a ceder conhecimento e

instalações, e isto é visto como um fato que pode gerar conflitos e incertezas, atrasando,

assim, os desejados investimentos.

4.1.1.3 DIMENSÕES E CARACTERÍSTICAS DO MERCADO DE DISTRIBUIÇÃO

DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

O autor, visando descrever de forma mais precisa o mercado nacional de distribuição de

combustíveis, tomou, como base de referência, os dados disponibilizados pelo agente

regulador da indústria: a ANP. A ANP possui um documento periódico, um anuário em que

descreve o comportamento do setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis.

As empresas de distribuição de combustíveis são comparadas por diversos itens de sua

operação: amplitude de sua linha de produtos combustíveis, número de bases de distribuição,

número de postos de serviços com sua bandeira e volume de vendas.

A BR Distribuidora é líder em vendas no mercado brasileiro. O segundo posto, porém,

depende do critério adotado. A Ipiranga Distribuidora é o segundo grupo em vendas em

postos de serviço, mas a Shell tem um volume maior quando consideradas as vendas totais

(incluindo óleo combustível e querosene de aviação). Em seguida aparecem,

independentemente dos critérios a Texaco, a Esso e a Cia. São Paulo de Petróleo.

O início da mudança do setor de petróleo, tendo em vista torná-lo mais eficiente e

competitivo, ocorreu com a adoção da liberação das importações e dos preços dos derivados

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de petróleo e gás natural, que ainda está sendo feita gradualmente, constituindo a principal

medida de transição na direção de um mercado mais competitivo.

Um novo capítulo do setor foi escrito a partir de 1999, com a apresentação das ofertas visando

obter uma concessão para explorar e produzir de petróleo em blocos regionais (áreas

potenciais), na primeira licitação do gênero realizada no país.

A realização da Primeira Rodada de Licitações, em junho de 1999, entrou para a história da

exploração de petróleo e gás natural no Brasil, como o marco da flexibilização do monopólio

da União sobre as atividades de exploração e produção, apesar de fatores conjunturais

desfavoráveis, como o preço do óleo em seu nível mais baixo em termos reais, desde o início

da década de 1970. A Primeira Rodada de Licitações teve 58 empresas interessadas, das quais

42 pagaram taxa de participação e 11 foram vencedoras.

Uma análise do setor revela um copo pela metade – meio cheio ou meio vazio, dependendo da

perspectiva de quem olha. A ANP definiu as áreas que ficam com a PETROBRAS para

exploração e produção e as primeiras parcerias foram assinadas, embora não no ritmo

esperado.

A produção brasileira chegou a 1,2 milhão de barris por dia, mas a custos superiores às

cotações internacionais. Na distribuição, a entrada de pequenas empresas regionais acirrou a

concorrência, que deve aumentar com a vinda de empresas estrangeiras até então ausentes no

mercado. As Figuras 4.1.1.3.a e 4.1.1.3.b apresentam os estados brasileiros que mais

produzem petróleo, respectivamente, na terra e no mar.

Figura 4.1.1.3.a - Petróleo no Brasil, por Unidade da Federação – terra (2003).

Fonte: Anuário Estatístico da ANP – 2004.

Produção de petróleo por U.F. - terra (2003)(millhares de barris)

Amazonas; 15410; 19%

Bahia; 16058; 20%

Sergipe; 10840; 14%

Alagoas; 2586; 3%

Rio Grande do Norte;

24658; 31%

Ceará; 997; 1%

Espírito Santo; 9183;

12%

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O petróleo dá origem a dezenas de derivados com uso diversificado. Esses usos são

energéticos (como o combustível para transporte, indústria e residências) e não-energéticos

(como asfalto, lubrificantes, plásticos e solventes).

A maior parte do volume de derivados de petróleo destina-se ao uso energético. Uma divisão

utilizada entre os derivados é feita pela cor entre “claros” (como a gasolina, o querosene) e

“escuros” (como o óleo combustível). Os “claros” são derivados mais leves e normalmente de

maior valor que os escuros. A Tabela 4.1.1.3.a mostra os principais derivados de petróleo e

seus usos.

Figura 4.1.1.3.b - Petróleo no Brasil, por Unidade da Federação – mar (2003).

Fonte: Anuário Estatístico da ANP – 2004.

Produção de Petróleo por U.F. - mar (2003)(em milhares de barris)

Rio de Janeiro;

446238; 96%

Ceará; 4419; 1%

São Paulo; 534; 0%

Rio Grande do Norte; 3917; 1%

Alagoas; 190; 0%

Sergipe; 2650; 1%

Espírito Santo; 6617;

1%

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Derivado Principal uso

Gasolina Combustível automotivo

Óleo Diesel Combustível automotivo

Óleo Combustível Industrial, naval, geração de

eletricidade

Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) Cocção

Querosene de aviação Combustível aeronáutico

Combustíveis

Querosene Iluminante Iluminação

Parafina Velas, indústria alimentícia

Nafta Matéria-prima da petroquímica

Insumos petroquímicos

Propeno

Matéria-prima do polipropileno

(para fabricação de plásticos) e

acrilatos (usado em tintas)

Óleos Lubrificantes Lubrificação de máquinas e

motores Outros Asfalto pavimentação

Tabela 4.1.1.3.a - Principais derivados de petróleo e seus usos.

Em muitos casos, as empresas organizam-se para competir através de grupos empresariais

formados por coligação ou controle, com o sentido de explorar atividades específicas dentro

da indústria. Os principais grupos presentes no Brasil são:

• PETROBRAS: grupo de capital estatal, formado pela PETROBRAS (holding, E&P,

refino), PETROBRAS Distribuidora (BR) e a subsidiária para operações no exterior

Braspetro. Mais recentemente, em agosto de 2004, a BR Distribuidora adquiriu a AGIP do

Brasil que passou a ter razão social de Liquigás Distribuição S/A, e ampliou a participação

no segmento de distribuição de GLP para 27% do mercado e consolidou a liderança em

distribuição de combustíveis, com participação de mercado de 32,8% e maior presença em

determinadas regiões do país.

• Ipiranga: grupo privado brasileiro que compreende três empresas com atuação no setor de

petróleo: as distribuidoras, Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga (CBPI) e

Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga (DPPI) e a Refinaria de Petróleo Ipiranga

(RPISA).

• Shell: grupo privado de capital anglo-holandês. Opera no Brasil no setor de petróleo

através da Shell e de uma empresa controlada: a Petróleo Sabbá.

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• Peixoto de Castro: grupo privado brasileiro com atuação em diversos setores, também está

presente no ramo de petróleo com a refinaria de Manguinhos e com a distribuidora Wal.

• Esso: o grupo norte-americano Exxon atua no Brasil por meio de suas subsidiárias Esso e

Exxon Química. No final de 1998, a Exxon incorpora-se com a Mobil, que também está

presente no Brasil no ramo de lubrificantes.

Entre as empresas em atuação, pode-se destacar a Texaco, uma das maiores distribuidoras, e a

ATP, a primeira empresa a atuar no segmento de exploração e produção no Brasil além da

PETROBRAS.

Apesar do exposto, a PETROBRAS continua a ser a única empresa com atuação integrada no

Brasil, a partir do posto de abastecimento, passando pelas áreas de lubrificantes e de

petroquímica. O grupo Ipiranga, por meio das parcerias firmadas com a PETROBRAS, possui

uma operação de integração dentro da cadeia. Empresas estrangeiras, como a argentina YPF e

a anglo-holandesa Shell, também se mostram interessadas em integrar verticalmente suas

operações no Brasil.

Esta integração é feita com a criação de novas áreas, parcerias e aquisições de empresas

existentes. Todavia, a legislação restringe a participação das empresas, não permitindo uma

integração vertical de 100% em suas operações.

A Tabela 4.1.1.3.b apresenta as empresas que concorrem no setor nacional de distribuição de

combustíveis, o mais concorrido. A tabela mostra a participação relativa no mercado de

gasolina C35, o mais concorrido.

35 Segundo a ANP, a gasolina C é constituída de uma mistura de gasolina A e álcool etílico anidro combustível. A proporção obrigatória de álcool na mistura é fixada por portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, condicionada à aprovação do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool – CIMA, podendo variar de 20 a 25%.

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Distribuidoras Participação (%) Distribuidoras Participação (%)

Total (180 distribuidoras) 100,0000

BR 20,8803 Hora 0,0590

Ipiranga¹ 15,3493 Uberlândia 0,0585

Esso 10,9743 Estrada 0,0580

Shell 10,5367 Buffalo 0,0579

Texaco 8,5519 Manchester 0,0557

Agip 3,1768 Jumbo 0,0533

Ale 2,3580 Mime 0,0512

Aster 2,3166 Mercosul 0,0496

T.M. 1,6197 Uni 0,0491

Fic 1,6088 Art Petro 0,0467

Petrosul 1,5856 Agecom 0,0415

Repsol YPF 1,4632 Walendowsky 0,0406

Total 1,1612 Pontual 0,0389

Satélite 0,9571 Dibrape 0,0375

Sabbá 0,8634 Euro 0,0363

Mega Union 0,6087 Watt 0,0362

S.P. 0,5768 Pelikano 0,0361

Dínamo 0,5731 Granel 0,0360

Gpetro 0,4742 Distribuidora Sul 0,0359

Federal 0,4703 Storage 0,0333

Flag 0,4317 American 0,0332

Latina 0,4130 Mister Oil 0,0327

Idaza 0,4089 C.D.C. 0,0324

Polipetro 0,3815 King Oil 0,0317

Asadiesel 0,3632 Liderpetro 0,0315

Centro Sul 0,3429 Unip 0,0312

Equador 0,2968 Arrows 0,0288

Dislub 0,2849 Safra 0,0284

C.J. 0,2835 Rio Branco 0,0282

Saara 0,2832 Panamérica 0,0276

T.A. 0,2793 Tower 0,0272

Charrua 0,2792 Ask 0,0269

Simarelli 0,2782 Real 0,0264

Zema 0,2636 P.D.V. Brasil 0,0261

S. Distribuidora 0,2507 L.M. 0,0218

Potencial 0,2488 Arnopetro 0,0218

Petroamazon 0,2470 Oli Petro 0,0212

Rede Brasil 0,2390 Glória 0,0194

D.N.P. 0,2354 Petromarte 0,0188

Ello 0,2277 Noroeste 0,0184

Puma 0,2235 Global 0,0184

Oásis 0,2082 F.C. 0,0181

Pacific 0,2033 Ouropetro 0,0173

Alcom 0,1994 Petroexpress 0,0170

Ciax 0,1969 Jacar 0,0167

U.B.P. 0,1948 Minas 0,0161

Energy 0,1877 Interamericana 0,0159

Soll 0,1721 Ocidental 0,0158

Petroserra 0,1702 Sauro 0,0153

Small 0,1657 Manancial 0,0145

Cruzeiro do Sul 0,1653 Gold 0,0133

Taurus 0,1649 Bardan 0,0124

Triângulo 0,1645 Equatorial 0,0121

Ciapetro 0,1528 Summer 0,0118

Terra 0,1473 Transo 0,0116

Wal 0,1473 Petroluz 0,0108

Petrobahia 0,1421 Manguary 0,0108

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Atlas 0,1353 Petroleum 0,0101

Chebabe 0,1346 S.T.S. 0,0087

Fórmula 0,1340 Monte Carmelo 0,0082

Torrão 0,1331 Dark Oil 0,0082

Álamo 0,1281 Petronova 0,0078

Frannell 0,1222 Petrobom 0,0073

Onyx 0,1165 Ambro 0,0071

Atem's 0,1056 Caomé 0,0069

Petronac 0,1046 Volpato 0,0068

Sulandre 0,1030 Caribean 0,0067

Asa Delta 0,1021 T.R. 0,0066

Novoeste 0,1010 Liquimobil 0,0062

Petronossa 0,0968 Petro-Garças 0,0059

Pérola 0,0900 Gianpetro 0,0056

Temape 0,0899 Contatto 0,0055

Rejaile 0,0888 Petrofer 0,0046

Petromotor 0,0875 Montes Claros 0,0036

Americanoil 0,0870 Minas Oil 0,0035

Jatobá 0,0858 Serta 0,0030

Megapetro 0,0814 Titanic 0,0023

Petroálcool 0,0779 Real Minas 0,0021

Exxel 0,0773 Petrox 0,0018

Petromil 0,0763 R.M. 0,0006

Larco 0,0746 Delta 0,0006

Premium 0,0731 Jetgas 0,0005

Brasoil 0,0716 Isabella 0,0003

Ubinan 0,0708 Nascar 0,0002

Bomm-Petro 0,0671 Portal Oil 0,0001

Petropar 0,0647 Goiás 0,0001

Ultra 0,0642 Fino 0,0001

Ecológica 0,0614 Águia 0,00005

Cacel 0,0601 Mercoil 0,00005

Tabocão 0,0591

Tabela 4.1.1.3.b - Participação das distribuidoras nas vendas nacionais

de gasolina C, em ordem decrescente – 2003.

Fonte: Anuário Estatístico da ANP – 2004.

4.1.2 A BR DISTRIBUIDORA

4.1.2.1 HISTÓRICO DA BR DISTRIBUIDORA

Em 1963, a PETROBRAS decidiu por sua entrada no setor de distribuição direta de derivados

de petróleo, tendo como ponto de apoio as suas unidades e a celebração de convênio com

outras entidades ou companhias especializadas.

Continua na página seguinte.

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Foi criado então o Escritório de Implantação das Atividades de Distribuição (EDIPE), com os

serviços regionais do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Porto Alegre e Belo Horizonte.

Procurava-se, assim, completar uma integração vertical comum a todas as empresas do

gênero.

A receptividade entre as Forças Armadas, nas repartições públicas, autarquias e sociedades de

economia mista fez com que fossem atingidos rapidamente níveis expressivos de

fornecimento de derivados, autorizados pelo CNP. Esse fato levou o CNP a regulamentar a

atividade da PETROBRAS como distribuidora de derivados de petróleo, em todo o território

nacional, quando se destinassem a consumo próprio de órgãos governamentais, autarquias e

sociedades de economia mista, através da Resolução nº 7 de 5 de setembro de 1963.

Contudo, a Resolução nº 8 de 6 de dezembro de 1963, do CNP, é que se constituiu no mais

formal, efetivo, amplo e completo título de autorização possível para que a PETROBRAS

pudesse exercer a atividade da distribuição de derivados de petróleo em todo território

nacional, tendo em vista o incremento verificado no fornecimento aos órgãos governamentais

pela empresa e considerando, inclusive, essa responsabilidade da PETROBRAS como

imperativo da defesa nacional. A partir daí, teve início a distribuição através dos postos de

revenda, com a inauguração do primeiro posto estatal em Brasília (Posto Motel).

Nos idos de 1964, a empresa encontrava-se engajada na distribuição de combustíveis líquidos,

em escala apreciável, nos fornecimentos a entidades públicas e, em escala modesta, mas

rapidamente crescente, a clientes privados (revendedores e consumidores industriais).

Investimentos substanciais foram realizados (como a Base de Ilhéus) ou estavam em curso

(como a desapropriação da área ao lado da Refinaria Duque de Caxias, a compra de terreno

em Brasília e a construção de bases Betim-MG e Canoas-RS).

As Forças Armadas se supriam, cada vez mais, da empresa, e as repartições públicas federais,

estaduais e municipais eram suas clientes, à medida exata que condições de operação o

permitiam. Projetos de lei eram apresentados no Congresso Nacional e nas Assembléias

Legislativas Estaduais e Câmaras Municipais, sendo alguns aprovados, determinando o

abastecimento de órgãos da administração pública pela PETROBRAS, e os consumidores

industriais e revendedores tomavam a iniciativa de buscar seus suprimentos na companhia,

pressionando-a a crescer.

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Diante de tais circunstâncias, a administração da PETROBRAS teve que examinar três

alternativas para adoção de uma política relativa à distribuição: retirada da PETROBRAS

dessa atividade, congelamento das atividades nos níveis já alcançados ou expansão com

objetivos delimitados.

A primeira alternativa apresentava uma série de inconvenientes, pois significava abandonar

um terreno já conquistado e perder os investimentos já concluídos ou em curso, considerando

o lucro e a preferência da clientela pelo fornecimento da PETROBRAS. Parecia um passo

injustificável diante da opinião pública.

Congelar a atividade nos níveis já alcançados seria anti-econômico porque implicaria deixar

improdutiva uma percentagem substancial dos investimentos. Ademais, não havia sido

alcançada uma escala ótima de movimento, a partir da qual se atingiria a rentabilidade ao

tornar os investimentos plenamente lucrativos.

Havia, finalmente, a necessidade de ampliar a distribuição até certos limites, pois a

composição inicial da clientela, com predominância de repartições públicas, exigia um capital

de giro desproporcional ao volume de vendas, dada a necessidade da PETROBRAS ter que

suportar prazos de pagamentos mais longos.

Concluíram, portanto, os órgãos técnicos da PETROBRAS que a terceira alternativa era a

única que atendia aos interesses da empresa, tornando rentáveis os seus investimentos e

lucrativa a sua atividade específica. Atender-se-ia assim aos reclamos dos clientes, incluindo

as Forças Armadas e as entidades civis, que honravam a empresa com a sua preferência.

Não bastava crescer. Era preciso fazê-lo ordenada e disciplinadamente, entrosando a atividade

de distribuição nos planos e programas gerais da empresa, segundo os princípios básicos de

administração que foram implantados.

Com a departamentalização da PETROBRAS, o EDIPE foi absorvido pelo Departamento

Comercial (DECOM) passando a se constituir numa de suas divisões (DIDIST).

Foram então realizados minuciosos estudos que culminaram com a aprovação, pelo Conselho

de Administração, em reunião de 1° de junho de 1965, das “Diretrizes para a Política

Comercial de Distribuição da PETROBRAS”, encaminhadas ao Conselho Nacional do

Petróleo em 7 de junho de 1965.

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Assim, a PETROBRAS, como distribuidora deveria levar, ao grande público, a imagem de

empresa prestadora de bons serviços, firmando o seu conceito de excelência nesses serviços,

na qualidade dos produtos e na eficiência da assistência técnica que deveria prestar.

A atividade da PETROBRAS na distribuição seria exercida em caráter estritamente

competitivo em igualdade de condições com as demais empresas distribuidoras autorizadas

pelo CNP a funcionar no país. Para tanto, deveria a PETROBRAS manter-se

permanentemente informada quanto à política de vendas das companhias congêneres, de

modo a adotar as providências necessárias para sustentar a competição.

A PETROBRAS investiria nas atividades de distribuição apenas os recursos trazidos pela

nova atividade, não admitindo, portanto, que fossem desviados para a distribuição os fundos

gerados pelas áreas monopolizadas e a elas prioritariamente destinados.

Seriam dimensionados os recursos necessários para garantir a conquista e a manutenção de

um mercado compatível com os investimentos realizados em bases ou em outras instalações

de armazenamento e movimentação, construir ou financiar construção de postos de serviços e

equipar consumidores industriais, entidades governamentais, empresas de transporte e postos

revendedores.

A atuação da PETROBRAS nesse setor transcorreu de acordo com as diretrizes fixadas pelo

Conselho de Administração, em obediência às normas do CNP, e com especial preocupação

quanto à economicidade e à produtividade. Durante esse período, a PETROBRAS teve

notável índice de rentabilidade, caracterizando seu desempenho pela eficiência do

abastecimento e o benefício gerado para o consumidor.

Ao invés de absorver recursos gerados pelos segmentos monopolizados da indústria do

petróleo, a atividade de distribuição da PETROBRAS já começava a produzir saldos

disponíveis para investimento nos setores prioritários de pesquisa, lavra e refino.

Em 1968, ainda no DECOM, foi criada a Superintendência de Distribuição (SUDIST), com

uma estrutura mais aperfeiçoada e compatível com o crescimento alcançado. Nessa época, já

havia distritos (órgãos regionais) praticamente em todo território nacional, cada um tendo uma

área sob sua jurisdição, o que permitia à PETROBRAS atuar mais vigorosamente em postos

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de serviço e abastecimento e incrementar a diversificação de outros produtos com asfalto,

solventes e parafinas.

A PETROBRAS então passou a entrar nos próprios territórios já ocupados pelas congêneres,

mediante disputa empresarial, implantando sua bandeira de desenvolvimento nos mais

diversos e distantes pontos do Brasil. Para reforçar a imagem da companhia nos postos de

serviço, foi criada a figura do Petrolino.

Em 1971, já havia 840 postos de serviço com a bandeira da PETROBRAS, passando sua

imagem a integrar os grandes planos urbanísticos e turísticos das principais cidades

brasileiras, e um total de 1888 clientes consumidores, estimulando os governos federal,

estaduais e municipais a se motivarem pelos objetivos da empresa.

A evolução da atividade, exercida inicialmente por um órgão específico de pequena projeção

(EDIPE) e depois por uma divisão (DIDIST) que, posteriormente, foi transformada em

superintendência (SUDIST), demonstrava a importância que a distribuição de derivados de

petróleo vinha apresentando no conjunto das atividades desempenhadas pela empresa,

principalmente considerando que a distribuição não se encontrava abrangida pelo monopólio

estatal.

Esse importante setor vinha se desenvolvendo de tal modo que sua expansão assumia caráter

irreversível e não se coadunava com a organização interna da empresa. Prova disso era o

crescente volume de vendas da atividade de distribuição que, em 1971, atingia 7,2 milhões de

metros cúbicos, quando a participação da PETROBRAS no mercado de combustíveis era de

21%.

A preocupação de se criar uma subsidiária de distribuição remonta a 1965, antes mesmo da

implantação da SUDIST, o que estabeleceu, desde então, uma verdadeira polêmica sobre o

assunto envolvendo aspectos subjetivos e filosóficos.

Todavia, um estudo profundo de viabilidade só teve início em 1969, quando o Conselho de

Administração da controladora determinou a constituição de um grupo de trabalho para tal

finalidade. Além disso, a direção da empresa autorizou os superintendentes do DECOM e da

SUDIST a visitarem países da Europa, os Estados Unidos, o México e a Venezuela, com a

missão específica de obter informações sobre o desenvolvimento da atividade. Apesar de tais

iniciativas, o relatório sobre o assunto apresentou um resultado desfavorável à criação da

subsidiária, sendo ressaltadas desvantagens marcantes dos pontos de vista financeiro e

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econômico. Não obstante, tendo recebido proposta fundamentada de criação de subsidiária

como instrumento hábil e eficaz para reorganizar e dinamizar esse importante setor da

empresa, a diretoria da PETROBRAS encaminhou-a, em 7 de janeiro de 1971, ao Conselho

de Administração.

Em 29 de janeiro de 1971, o conselho promovia a criação da subsidiária a que apresentava,

entre outras, as seguintes vantagens: autonomia administrativa, com maior celeridade de

decisões na área comercial, que se mostrava altamente competitiva; política de pessoal mais

condizente com a natureza da atividade, contando ainda a subsidiária com seus próprios

órgãos de apoio administrativo voltados exclusivamente para os problemas de distribuição; e

melhor apropriação de custos e seu controle.

A constituição da subsidiária atenderia não só às necessidades de descentralização técnica e

operacional de maior porte, imprescindíveis na área de distribuição, como também permitiria

a integração vertical preconizada no sistema PETROBRAS – subsidiárias36.

Como determinavam a Lei nº 2.004, artigo 39, e o artigo 17 do estatuto da PETROBRAS, a

criação da subsidiária foi submetida ao CNP, então presidido pelo General Araken de

Oliveira, em ofício assinado pelo presidente da PETROBRAS, Ernesto Geisel.

A constituição da nova empresa foi autorizada pelo plenário do CNP, em sessão ordinária de

20 de julho de 1971, que aprovou, também, seu estatuto social.

Em 27 de julho de 1971, a Assembléia Geral Extraordinária de acionistas da PETROBRAS

aprovou a constituição da PETROBRAS Distribuidora S. A., tendo por objeto a distribuição e

o comércio de produtos de petróleo e derivados, atividades correlatas e afins, sob a forma de

regime jurídico de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertenceriam, em sua

maioria, à PETROBRAS, configurando-se assim a sociedade de economia mista, subsidiária

da Petróleo Brasileiro S. A., com capital inicial de CR$ 130.000,00.

Em 8 de novembro, realizou-se a Assembléia Preliminar de Constituição para nomear os

peritos que iriam avaliar os bens destinados a integralizar o capital e, finalmente, em 12 de

36 De acordo com o informe de semestral da PETROBRAS, datado de julho de 2006, o Sistema PETROBRAS é composto por subsidiárias e controladas (130 empresas), controladas em conjunto (52 empresas), coligadas (32 empresas), Sociedades de Propósito Específico – SPEs (22 empresas) – Total: 214 empresas; e 2 empresas em fase de liquidação.

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novembro de 1971, foi instaurada a Assembléia de Constituição da PETROBRAS

Distribuidora S. A. – BR, como também passou a ser conhecida.

Em 1973, ocorreu o lançamento das linhas de óleos lubrificantes destinados ao atendimento

das áreas automotivas (Lubrax) e marítimas (Marbrax); no ano seguinte, dos óleos industriais

(Lubrax Industrial) e ferroviário (Ferbrax) e o ingresso na comercialização de graxas. Com a

incorporação da Petrominas em 1977, cresceu substancialmente a sua posição na área de

vendas a revendedor.

Em 1999, as vendas globais da Companhia alcançaram 27,9 milhões de m3 de derivados de

petróleo, álcool hidratado e gás natural, mantendo a BR a liderança no mercado de

distribuição, com participação de 34%.

O ano de 1999 foi marcado pelo desenvolvimento de negociações para o estabelecimento de

parcerias, bem como pelo desenvolvimento de programas destinados aos clientes, visando

otimizar o uso dos produtos da empresa, privilegiando os aspectos de economia de energia,

preservação do meio ambiente e segurança industrial.

No segmento industrial/operacional, foram desenvolvidas parcerias que envolveram

atividades na área de lubrificação de equipamentos e substituição de combustíveis, entre

outros, com vistas à conquista de novos mercados, à obtenção do reconhecimento da

qualidade dos produtos da empresa e à fidelização dos clientes pela confiabilidade dos

serviços prestados.

Na área de produtos de aviação, com a conquista de novos clientes e mediante a renovação de

diversos contratos, a BR, que já havia conquistado a liderança nesse segmento, ratificou essa

posição de destaque com 50% do mercado brasileiro no final de 1999.

No mercado de gás natural, a BR tem participação em 14 empresas distribuidoras em

diferentes estados brasileiros, cujos projetos continuam a ser desenvolvidos para atendimento

industrial, doméstico, geração e co-geração de energia. No tocante ao setor veicular, a

empresa inaugurou, em 1999, cinco postos de abastecimento que totalizaram, com os já

existentes, 25 unidades em todo o país, sendo a única empresa a atuar fora do eixo Rio - São

Paulo.

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No segmento de lubrificantes, a BR manteve a liderança já conquistada desde 1997, com

aproximadamente 22% do mercado nacional, tendo, ainda, exportado lubrificantes acabados

para a Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, República Dominicana, Bolívia, Angola e Índia.

No mercado internacional, em 1998, foi inaugurado o primeiro posto de serviços

PETROBRAS na Argentina, localizada em Zárate, província de Buenos Aires. Em 1999,

ocorreu a abertura de instalação especializada para troca de óleo - Lubrax Center - e loja de

conveniências BR Mania em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, que veio dar

prosseguimento ao processo de internacionalização da BR.

Na área automotiva, as ações orientaram-se no sentido de revitalização da imagem da BR e do

fortalecimento de sua rede de postos de serviços. Com essa finalidade, foram desenvolvidos

os seguintes programas:

• A implementação da ‘nova imagem’ das estações de serviços, elaborada sob os mais

modernos e arrojados conceitos de design internacional, complementada por nova

arquitetura, disseminada, inicialmente, através dos postos localizados em pontos

estratégicos e formadores de opinião, tendo chegado, ao final de 1999, a 105 postos;

• Lojas de conveniência BR Mania, com a implantação da nova manifestação visual interna,

que alcançou, no final do período, um total de 289 lojas, sendo duas no exterior;

• Centros Avançados de Lubrificação Lubrax Center, instalados em 488 postos e lojas em

todo o Brasil;

• Programa Siga Bem, disponível em 96 postos rodoviários no Brasil e um na Argentina,

proporcionando, aos caminhoneiros, informações e métodos para obter economia na

utilização de óleo diesel e redução da poluição ambiental, propiciando maior fidelidade

desses clientes;

• Sistema Controle Tele-Frotas (CTF), o mais avançado sistema de controle de

abastecimento de veículos a distância e de movimentação de frotas, que está instalado em

148 postos de serviços;

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• Programa De Olho no Combustível cujo objetivo é monitorar e garantir a qualidade dos

combustíveis fornecidos nos postos, por meio de um sistema de análise de amostras, que

conta agora com 44 laboratórios móveis;

• Lançamento do cartão de fidelização Smiles BR, uma parceria com a VARIG que permite,

aos usuários dos postos BR, a obtenção de milhas de viagem.

• Lançamento da campanha publicitária ‘Nós Cuidamos de Você’, enfatizando a qualidade

de atendimento nos postos BR.

No aspecto de qualidade, estão certificados, pelas normas da série ISO-9000, a Fábrica de

Lubrificantes (Duque de Caxias), vinte estabelecimentos operacionais de armazenamento de

produtos, a Central de Produtos de Aviação de Cumbica (Guarulhos) e a Central de

Atendimento e Pedidos de Salvador.

A Central de Produtos de Aviação do Galeão (Rio de Janeiro) também recebeu certificação da

série ISO-14001 e BS-8800, por seu sistema de gerenciamento, que inclui aspectos

relacionados com a qualidade, meio ambiente, segurança e saúde ocupacional.

A Central de Produtos de Aviação de Salvador e as Centrais de Atendimento e Pedidos de São

Paulo e do Rio de Janeiro são certificadas também, além de mais onze estabelecimentos

operacionais.

4.1.2.2 POLÍTICAS DE ATENDIMENTO E OS CANAIS DE RELACIONAMENTO

Apesar da BR Distribuidora possuir extensas linhas de produto, responsáveis pela maioria da

receita, ela vem implementando uma estratégia central para os seus negócios com a

transformação da empresa numa nova organização de serviços orientada para o mercado. Isso

implica supor que a empresa tem definido seus planos e implementado suas estratégias tendo

por base a criação de uma cultura de atendimento.

A Revista Canal BR (2004, p. 6), de setembro de 2004, traz uma matéria que evidencia a

preocupação da alta administração com o cumprimento dessa estratégia. A matéria é intitulada

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“A resposta certa” e destaca a aprovação pela diretoria executiva da empresa, da Política

Corporativa de Tratamento de Manifestações.

Mais do que um guia de orientação para os colaboradores da BR, de acordo com o texto,

pretende ser o início de um projeto mais ambicioso, visando alterar valores internos próprios

da cultura da BR e criar uma abordagem diferente para agir e solucionar problemas.

Segundo a matéria, a iniciativa é pioneira dentro do Sistema PETROBRAS, apesar de estar

prevista no Código de Ética e no Planejamento Estratégico do próprio Sistema, e de ser uma

oportunidade de melhoria indicada pelo relatório de avaliação de gestão da BR Distribuidora,

segundo os critérios do Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ).

A Política Corporativa de Tratamento de Manifestações foi desenvolvida pela área de

atendimento ao cliente da empresa. E, quando de sua apresentação, foram lançados o Manual

Corporativo do SAC e a campanha interna de divulgação. Estiveram presentes o presidente

da empresa, os seus diretores e todas as lideranças da área de atendimento ao cliente. Algo

que pode evienciar o compromisso e o envolvimento da cúpula da empresa com essa diretriz.

Um dos líderes da área de atendimento ao cliente, como exibe a reportagem, enfatiza o

significado de uma mudança de postura. Ele declara “A principal vantagem da política é criar

uma consciência de que a BR tem que mudar a sua postura em relação às manifestações dos

seus clientes”. Ele ainda recomenda que não basta investir em centrais de atendimentos e

recursos tecnológicos para o SAC, sem uma mudança de filosofia. Ele pontua: “Daqui a um

ano, de acordo com os objetivos alcançados, a política pode mudar, buscar um objetivo além,

rever o foco. Mas a cultura de excelência de atendimento tem que permanecer”.

Os cinco focos da política de manifestações são:

• Qualidade – Buscar tempo de tratamento às manifestações que representem um diferencial

no mercado, com qualidade de atendimento e de resposta adequados ao nível de serviço

desejado pelos clientes, parceiros e consumidores, utilizando as melhores práticas de

tratamento de manifestações.

• Melhoria de Processo – Analisar criticamente as manifestações para possibilitar a

melhoria de processos corporativos.

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• Estrutura – Garantir recursos que permitam o adequado tratamento das manifestações.

• Pessoas – Valorizar o trabalho dos solucionadores.

• Processo – Garantir o tratamento das manifestações, de acordo com as normas e

procedimentos da BR Distribuidora.

O trabalho identificou os cinco principais canais de relacionamento com os consumidores: o

SAC, a Central de Atendimento (CAT), a Ouvidoria, a Assessoria Comercial e as Unidades de

Negócio. Esses órgãos possuem as seguintes atribuições:

Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) – Órgão que tem como atribuição o

atendimento aos consumidores em geral, registrando sugestões, críticas e elogios,

fornecimento de informações e esclarecimentos sobre produtos e serviços e encaminhamento

das demandas e manifestações dos consumidores para os órgãos responsáveis da empresa.

Central de Atendimento (CAT) – Órgão que tem como atribuição o atendimento aos clientes

da BR: postos de serviço, empresas aéreas, empresas de transporte em geral, indústrias,

unidades governamentais etc. O CAT atende, registrando ordens de compra de produtos,

programando datas de entrega, fornecendo preços de produtos, fornecendo informações e

esclarecimentos sobre produtos e serviços, bem como encaminhando demandas e

manifestações para os órgãos responsáveis da empresa.

Ouvidoria – Órgão que tem como atribuição representar o cidadão perante a BR

Distribuidora, viabilizar um canal direto de comunicação entre a BR e o cidadão, servir de

canal para acesso direto à diretoria da BR, atuar para melhorar a qualidade do produto e o

serviço prestado, devendo promover parceria interna em prol da qualidade, encaminhar a

questão apresentada à área que deve solucioná-la e acompanhar os procedimentos, e, por fim,

agilizar informações e simplificar procedimentos.

Assessoria Comercial – Este canal faz-se representar pelas dezenas de assessores comerciais

que estão organizados territorialmente. Os assessores comerciais atuam apresentando soluções

e propostas de negócios, bem como vendendo e dando apoio técnico e comercial à clientela da

BR. Os assessores comerciais também encaminham demandas e manifestações para os órgãos

interessados da empresa.

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Unidades de Negócio – A BR Distribuidora possui unidades de negócio que gozam de certa

autonomia administrativa e representam centros de resultado dentro do conjunto de negócios

da empresa. Como exemplo, menciona-se a Gerência de Grandes Consumidores - GGC.

4.1.2.3 SAC: HISTÓRICO, ESTRUTURA, INSERÇÃO ORGANIZACIONAL E

INTERAÇÃO INTERDEPARTAMENTAL

O Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) foi instituído no primeiro semestre de 1999.

A criação do SAC ocorreu em virtude de o Sistema PETROBRAS optar pela aproximar suas

ações e investimentos às necessidades de seus clientes diretos: as distribuidoras de

combustíveis, inclusive a própria BR Distribuidora. Foi denominado projeto CLIPE – Cliente

PETROBRAS.

Durante a coleta de dados, observou-se que essa ação foi determinada por duas razões: a

diminuição da interferência do Estado no setor, a desregulamentação e a privatização de

algumas atividades da indústria, o que pode ser percebido como tendência ao recrudescimento

da concorrência; e o acesso às novas tecnologias de informação, o que provocaria uma

reviravolta nos canais de relacionamento com o mercado.

Os antecedentes da criação do SAC são marcados pela implementação de projetos para

abertura de novos canais, que, num primeiro momento, tinham o objetivo de agilizar

processos já existentes, mas, com o passar do tempo, assumiram aspectos mais sofisticados.

Dentre as primeiras iniciativas, poderia ser destacada a instituição do Departamento de

Atendimento e Preços que reestruturou antigos processos com o uso de modernas ferramentas

tecnológicas. Ainda neste fluxo de acontecimentos, porém mais recentemente, poderia ser

apontada a criação da Ouvidoria. Esta última, não somente trouxe consigo a proposta de ser

um novo canal de relacionamento com o mercado, mas sobretudo de atender aos anseios de

uma mudança de postura em relação à questão da responsabilidade social.

O SAC possui uma estrutura compartilhada entre a PETROBRAS e sua controlada, a BR

Distribuidora. Esse compartilhamento é explicado pelo fato dessas empresas jamais terem

conseguido desvencilhar as suas identidades mercadológicas, uma da outra.

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Ambas as estruturas são receptivas e relativamente pequenas, dimensionadas para o número

de chamadas atendidas. Segundo o histórico do SAC, no primeiro mês de sua atividade, em

1999, foram feitos 22 contatos. Já em novembro de 2004, computaram-se cerca de 3.900

atendimentos. Pode-se supor que qualquer empresa de telefonia alcance facilmente este

volume num único dia.

O SAC possui dois níveis de atendimento; o primeiro nível encarrega-se de fazer os registros

e prover esclarecimentos e informações imediatas. Este atendimento é realizado pela estrutura

baseada na PETROBRAS e possui aproximadamente cinqüenta atendentes.

O segundo nível realiza um atendimento mais sofisticado, registra a demanda e contata a área

detentora da informação ou solução do problema. Uma vez informada a área, o analista

acompanha, através do supervisor do SAC, todo o processo de resposta da chamada e, ao

final, retorna para o consumidor, por correio eletrônico, a resposta ou solução da demanda.

O SAC da BR Distribuidora possui bom nível de infra-estrutura tecnológica e participa de

projetos de integração de sistemas, no âmbito interno (CRM) e externo (SINERGIA),

vislumbrando-se, no futuro, a integração de ambos os sistemas entre as principais empresas do

Sistema PETROBRAS.

Em adição, o SAC da BR é composto por uma equipe com oito profissionais supervisionados

pela empresa terceirizada, a PC Service.

A inserção organizacional do SAC é verificada tanto verticalmente no quarto nível (escalão)

hierárquico da empresa, com subordinação à Gerência de Atendimento ao Cliente

(GATEND), como horizontalmente na Diretoria de Operações e Logística (DIOL), através

das seguintes posições de subordinação: indireta para a Gerência de Preços (GEPE) e direta

para a Gerência de Atendimento ao Cliente (GATEND).

A inserção organizacional dos canais de relacionamento pode ser correlacionada com o seu

escopo funcional. As Figuras 4.1.2.3.a, 4.1.2.3.b, 4.1.2.3.c, 4.1.2.3.d, 4.1.2.3.e, 4.1.2.3.f,

4.1.2.3.g e 4.1.2.3.h apresentam o posicionamento organizacional dos canais de atendimento

da BR. São vistos: a Figura 4.1.2.3.a mostra o posicionamento de uma Unidade de Negócio;

neste caso a Gerência de Grandes Consumidores; a Figura 4.1.2.3.b apresenta o

posicionamento da Ouvidoria; as Figuras 4.1.2.3.c, 4.1.2.3.d e 4.1.2.3.e representam o

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posicionamento do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) e da Central de

Atendimento (CAT), que compõem o mesmo departamento; a Figura 4.1.2.3.f apresenta o

organograma do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC); e, por fim, as Figuras

4.1.2.3.g e 4.1.2.3.h mostram o posicionamento organizacional da Assessoria Comercial.

A interação interdepartamental é indispensável para a atuação do SAC. Durante o processo de

coleta de dados, o autor notou forte preocupação das lideranças da área de atendimento com a

percepção dos funcionários sobre o papel do SAC. A instituição de uma política de

atendimento e a ênfase na descrição do SAC, como órgão de tratamento de manifestações,

servem para comprovar que a administração destina, ao SAC, o papel de coordenação de

demandas e manifestações de seus consumidores. Esta interação pode envolver qualquer área

da BR Distribuidora.

Figura 4.1.2.3.a – Posicionamento organizacional de Unidade de Negócio - Caso da Gerência de Grandes Consumidores - GGC.

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Ouvidoria

Gabinete

da Presidência

Gerência

de Novos Negócios

Presidência

Gerência

de Planejamento

Gerência de

Relações Instituições

e Regulação

Gerência

de Recursos Humanos

Gerência

de Comunicação

Gerência

Jurídica

Gerência de

Segurança, Meio

Ambiente e Saúde

Diretoria da Rede

de Postos de

Serviços

Diretoria de

Mercado Consumidor

Diretoria Financeira

e de Serviços

Diretoria de

Operações e

Logística

POSICIONAMENTO ORGANIZACIONAL DA OUVIDORIA

Figura 4.1.2.3.b – Posicionamento organizacional da Ouvidoria.

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Figura 4.1.2.3.c - Posicionamento organizacional do SAC e da CAT (Nível Superior).

Figura 4.1.2.3.d - Posicionamento organizacional do SAC e da CAT (Nível Acima Imediato).

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Figura 4.1.2.3.e – Posicionamento organizacional do SAC e da CAT.

Supervisão de

Tratamento de

Manifestações

(PC Service)

Equipes de

Analistas de

Tratamento de

Manifestações

ORGANOGRAMA

SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR (SAC)

Coordenadoria do SAC

BR Distribuidora

Supervisão de

Tratamento de

Manifestações

(PC Service)

Equipes de

Analistas de

Tratamento de

Manifestações Figura 4.1.2.3.f - Organograma do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC).

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Gerência de

Automotivos 2

Gerência de

Automotivos 1

Gerência de

Automotivos 4

Diretoria da

Rede de Postos e Serviços

Gerência de

Automotivos 3

Gerência de

Automotivos 5

Gerência Corporativa

da Rede de Postos

POSICIONAMENTO DA ASSESSORIA COMERCIAL

(Nível Superior)

Figura 4.1.2.3.g - Posicionamento da Assessoria Comercial – Nível Acima.

Assessoria Comercial

(Equipe Territorial)

Gerência de

Negócios Automotivos

(GENEA)

Gerência da

Rede de Postos

(GRP) - Região X

Gerência de Automotivos(Caso Geral)

(Organizada com Base em

Territórios)

Gerência da

Rede de Postos

(GRP) - Região Y

POSICIONAMENTO DA ASSESSORIA COMERCIAL

Assessoria Comercial

(Equipe Territorial)

Figura 4.1.2.3.h – Posicionamento organizacional da Assessoria Comercial.

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Os processos do SAC estão divididos em operacionais e administrativos. Os processos

operacionais determinam as ações de sua atuação. Eles podem ser divididos em cinco

conjuntos de atividades: supervisão, registro, monitoramento, atendimento e controle.

Freqüentemente, usa-se, dentro da estrutura do SAC, a expressão tratamento de

manifestações, a qual compreende atividades de atendimento, registro e monitoramento.

O autor tentou usar os documentos descritivos dos processos como fonte de evidência.

Contudo, não obteve autorização para fazê-lo. Apesar disso, ele recolheu elementos que

permitem caracterizá-los esses processos.

A supervisão trata dos aspectos relacionados à assistência da execução das atividades em

geral. A supervisão representa a função de direção exercida no nível operacional do SAC.

Normalmente, o processo de supervisão é realizado por profissionais que tiveram experiência

anterior como analista e possuem perfil de liderança.

O processo é norteado por procedimentos oriundos das diretrizes de atendimento da BR e

pautado pelo conhecimento acumulado da prestadora de serviço (PC Service). Qualquer

exceção ao padrão de atendimento é contemplada por este processo e negociada com o

demandante através do supervisor de tratamento de manifestações.

O processo de supervisão é norteado por premissas vinculadas a indicadores, tais como: o

tempo de espera da chamada, a busca da solução na primeira chamada, a previsão do início do

atendimento (fila de espera), o tempo de análise e solução de problema e, por fim, o tempo de

inoperância do sistema.

O registro trata das atividades de armazenamento de dados do sistema, sugestões, críticas e

elogios, ou qualquer tipo de manifestação do consumidor. O registro é orientado por

procedimentos quanto ao formato dos documentos gerados e às formas de armazenamento dos

dados. Qualquer chamada não atendida imediatamente gera um número de protocolo que

desencadeia, através do registro, o processo de monitoramento.

O monitoramento trata das atividades de contato e negociação com as áreas responsáveis pelo

serviço demandado e o subseqüente acompanhamento das chamadas abertas e não efetivadas

4.1.2.4 PROCESSOS E TECNOLOGIAS APLICADAS PELO SAC

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(respondidas). Esse processo envolve geralmente outros órgãos da empresa que serão

encarregados de retornar uma resposta ou solução para a demanda.

O monitoramento é realizado com base em prazos acertados previamente com as áreas

responsáveis demandadas. Todo e qualquer tipo de negociação sobre a resposta da chamada é

tratada neste processo, que tem por principal indicador o tempo geral de resposta da chamada;

pois esse computa o tempo total do atendimento, desde o contato do consumidor até o retorno

da resposta para ele.

O atendimento trata das atividades relacionadas à comunicação com o consumidor durante o

período de contato. O roteiro (script)37 de atendimento é peça importante do processo, pois

norteia a apresentação, o desenvolvimento do discurso para o consumidor e, ao final, a

despedida da chamada. O processo de atendimento é conduzido de maneira a atingir um

objetivo no tempo utilizado para a chamada (tempo médio da conversa) e a evitar a

desistência da chamada.

O controle trata das atividades de detecção e correção de desvios operacionais. No processo

de controle são apurados os indicadores de desempenho dos processos do SAC. O processo de

controle suscita uma busca permanente pela melhoria de todos os processos do SAC.

A tecnologia de informação (aplicativo) para atendimento do SAC é a plataforma de CRM da

PeopleSoft.. Essa tecnologia visa à obtenção de interações lucrativas com o consumidor

através da gestão dos dados do cliente. Ela correlaciona tecnologia de banco de dados com

tecnologia de comunicação. O escopo de uma tecnologia de CRM abrange as funcionalidades

de vendas, marketing e comércio eletrônico, para análise e serviço ao consumidor; podendo-

se usar quaisquer destas funcionalidades ou todas de forma integrada.

No caso da BR, o PeopleSoft não é utilizado plenamente. A empresa desenvolve ainda dois

grandes projetos de integração de sistemas que inevitavelmente acarretarão melhorias na

37 Conforme Dantas (1989, p. 60), o roteiro ou script pode ser estruturado levando em consideração os sete passos: (1º Passo) a pessoa que faz a ligação deve se identificar com calma, simplicidade e objetividade; (2º Passo) procura-se primar pelo estabelecimento de um relacionamento, com citações de coisas agradáveis ao consumidor; (3º Passo) procura-se despertar interesse, comentando a qualidade do produto que está sendo oferecido; (4º Passo) a negociação deve ser estimulada, levando-se o consumidor para esse objetivo com a argumentação bem formulada; (5º Passo) procura-se sempre superar as objeções, com base precipuamente nas vantagens e benefícios do produto ou serviço que se está ofertando; (6º Passo) tão logo o consumidor manifeste interesse pelo produto ou serviço que se está ofertando, deve-se efetivar a negociação; (7º Passo) uma vez efetivada a negociação, deve-se agradecer de modo gentil, informando ao consumidor que ele continuará sendo servido e deixando entendido, se for o caso, um prazo ou data para um novo contato.

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gestão da informação, não somente para o SAC como para toda a empresa. O primeiro projeto

é o SINERGIA38.

A Revista Canal BR (2002, p. 4), de junho de 2002, apresenta uma entrevista com o diretor

Financeiro e de Suporte de Negócios; nela, ele descreve o Projeto Sinergia como de

“importância vital para a mudança de paradigma da gestão da BR”. Segundo o diretor

Financeiro e de Suporte de Negócios, à época:

“O Projeto Sinergia é o grande projeto de implantação do Sistema

Integrado de Gestão SAP R/3 em todo o Sistema PETROBRAS. Desde a

sua concepção original, ele foi idealizado para ser o principal elemento de

integração das informações da PETROBRAS e suas subsidiárias. Quando

o SAP R/3 estiver implantado em todas as empresas do Sistema

PETROBRAS. Desde a sua concepção original, ele foi idealizado para ser

o principal elemento de integração das informações da PETROBRAS e

suas subsidiárias. Quando o SAP R/3 estiver implantado em todas as

empresas do Sistema PETROBRAS, seremos um grupo empresarial com

toda a sua parte de Tecnologia da Informação integrada e, portanto, com

uma facilidade enorme de acesso aos dados”.

Ainda de acordo com a entrevista, uma vez indagado sobre como o executivo vê o futuro da

BR com o uso do sistema R/3 , ele diz:

“Com o advento do SAP R/3, a BR poderá deslanchar seus projetos de

modernização e aumento da competitividade. Depois do Go Live (entrada

no ar) os executivos da Companhia, em todos os seus níveis, perceberão a

força do Sistema SAP R/3 e a diferença que ele fará no dia-a-dia do

trabalho. O Sistema de Gestão da BR ficará no estado da arte e isso, temos

certeza, será do agrado de todos”.

38 O projeto Sinergia viabilizará a centralização das principais informações da PETROBRAS numa única base de dados, permanentemente atualizada, apoiando as suas áreas de negócios no Brasil e no exterior, permitindo controle e visibilidade total das atividades operacionais de todas as principais atividades do Sistema, como produção, refino, distribuição, compras, estoques, controle e finanças, aumentando a sua competitividade no mercado. A tecnologia irá representar também mudanças significativas na gestão de processos e negócios, sustentando a implementação de novas práticas gerenciais no maior complexo de negócios do Brasil, em função da agilidade e facilidade disponibilizadas. A estimativa é de que a empresa tenha, no prazo de 5 anos, uma economia de cerca de 450 milhões de dólares americanos em suas operações.

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O segundo projeto é o CRM. Esse projeto visa centralizar todas as bases de dados dos clientes

da BR Distribuidora. Numa etapa inicial, a integração será feita com os canais de

relacionamento e as unidades de negócio da BR, e posteriormente serão integradas todas as

bases de dados de clientes das principais empresas do Sistema PETROBRAS.

Essa integração realizar-se-á através do desenvolvimento de interfaces dos sistemas: sistema

R/3 - ERP II da SAP39, principalmente os módulos de BI (Business Intelligence) – Data

Warehouse40 – numa versão que integra as bases de dados disponíveis na Internet, na

Intranet41 e na Extranet42; o aplicativo de CRM da Peoplesoft; e o software de gerenciamento

de mensagens e tarefas Lotus Notes43; isso permitirá fácil acesso e distribuição, bem como

armazenagem, formatação e manipulação dos dados.

4.1.2.5 ELEMENTOS DA TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS NO SAC DA BR

DISTRIBUIDORA

A BR Distribuidora, por pertencer à administração pública indireta, como uma empresa

estatal, rege-se por regras rígidas no tocante à contratação de pessoas para o seu quadro de

pessoal, seguindo as leis que normatizam o assunto.

39 SAP é uma empresa alemã criadora do Sistema de Gestão Empresarial do mesmo nome. O Sistema SAP é líder mundial em base instalada. O nome da empresa é uma acrossemia (nome formado pelas iniciais de uma série de palavras). As iniciais SAP significam Systeme, Anwendung und Programme (Sistemas, Aplicações e Produtos). 40 Data Warehouse (ou armazém de dados, ou depósito de dados no Brasil) é um sistema de computação utilizado para armazenar informações relativas às atividades de uma organização em bancos de dados, de forma consolidada. O desenho da base de dados favorece os relatórios, a análise de grandes volumes de dados e a obtenção de informações estratégicas que podem facilitar a tomada de decisão. 41 Intranet é uma rede de computadores privativa que utiliza as mesmas tecnologias que são utilizadas na Internet. O protocolo de transmissão de dados de uma intranet é o TCP/IP e sobre ele podemos encontrar vários tipos de serviços de rede comuns na Internet, como, por exemplo, o e-mail, chat, grupo de notícias, HTTP, FTP entre outros. 42 Extranet é o acesso à intranet de uma empresa através de um portal (Internet) estabelecido na web de forma que pessoas e funcionários de uma empresa consigam ter acesso à intranet através de redes externas ao ambiente da empresa. 43 Lotus Notes é um sistema cliente-servidor de trabalho colaborativo e e-mail, concebido pela Lotus Software, do grupo IBM Software Group.

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A Constituição Federal, em seu artigo 37, inciso II, dispõe sobre o assunto:

Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

(...).

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação

prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo

com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista

em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em

lei de livre nomeação e exoneração;

Da mesma forma, o Estatuto Social corrobora com o texto constitucional. O artigo 39 do

Estatuto Social apresenta:

Art. 39 - A admissão de empregados, pela Companhia e por suas

controladas, obedecerá a processo seletivo público, nos termos aprovados

pela Diretoria Executiva.

Entretanto, o Estatuto Social dispõe sobre a possibilidade de um profissional ser admitido

temporariamente em seu quadro funcional. O artigo 40 trata desta questão:

Art. 40 - As funções da Administração Superior e os poderes e

responsabilidades dos respectivos titulares serão definidos no Plano

Básico de Organização da Companhia.

§ 1º As funções a que se refere o “caput” deste artigo, bem como as de

assessoramento da Diretoria Executiva, poderão, excepcionalmente e a

critério da Diretoria Executiva, ser atribuídas a técnicos ou especialistas

estranhos ao quadro permanente da Companhia.

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§ 2º As funções gerenciais que devam integrar o quadro organizacional da

Companhia nos demais níveis terão os poderes e responsabilidades dos

titulares definidos nas normas dos respectivos órgãos.

O Estatuto Social menciona um perfil técnico e suficientemente qualificado para justificar a

contribuição que esse profissional poderia dar para administração da empresa, a despeito da

função estar vinculada ao administrador requerente e ser considerada como um cargo de

confiança.

Se por um lado existe restrição para admitir funcionários, por outro, a terceirização é a uma

estratégia que proporciona flexibilidade, redução de custos e maior concentração nas

atividades fins da empresa.

Serviços, como o de segurança, conservação e limpeza de prédios e instalações,

processamento de dados, assessoria jurídica especializada etc., já, há muito tempo, são

terceirizados. Todo o enquadramento da atividade deve obedecer a um preceito de negócio e à

legislação trabalhista. Este último item pode ser verificado no Estatuto Social, em seu artigo

38:

Art. 38 – Os empregados internos da Companhia estão sujeitos à

legislação do trabalho e aos regulamentos internos da Companhia.

No caso do atendimento ao consumidor, através de ferramentas tecnológicas, o serviço não se

configura como uma atividade fim para a empresa. Apesar de ser percebida como primordial

para a evolução dos negócios da BR Distribuidora.

Segundo Matozo (2000, p. 202), as empresas prestadoras de serviços de atendimento ofertam

seus serviços sob formatos diferentes; a saber:

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• A terceirização total do serviço usando a infra-estrutura e a mão-de-obra da

terceirizada;

• As organizações se instalam fisicamente no call center mas mantêm os seus próprios

quadros de funcionários;

• As organizações combinam estruturas próprias com outras terceirizadas;

• As organizações terceirizam para mais de uma prestadora de serviços;

• As organizações experimentam uma fase de teste antes que tenham uma posição

definitiva sobre qual estrutura utilizar.

O SAC da BR Distribuidora combina uma infra-estrutura própria com um quadro funcional

terceirizado. Por seu caráter público, todo e qualquer processo de contratação, inclusive a

terceirização de processos, é realizado mediante licitação pública, tal como o disposto na

legislação brasileira. O Estatuto Social da BR Distribuidora dispõe sobre a questão, em seu

artigo 50, da seguinte forma:

Art. 50 – Os contratos celebrados pela Companhia para aquisição de bens

e serviços serão precedidos de procedimento licitatório simplificado, na

forma do regulamento aprovado pelo Decreto nº 2.745, de 24 de agosto de

1998.

Para prestação de serviços no SAC é celebrado um contrato com duração de dois anos. Após

esse prazo, ordinariamente, ou extraordinariamente nos casos previstos de rescisão contratual,

ocorre um novo processo licitatório. Podendo haver, independente do desempenho anterior, a

substituição da empresa prestadora do serviço. Nesse caso, a BR Distribuidora usa

mecanismos previstos em lei para que as equipes não sejam alteradas. Tal ação evita a queda

do desempenho e a perda de conhecimento adquirido em face da troca integral de seu pessoal.

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4.2 ENTREVISTAS

Para esta pesquisa foram realizadas três entrevistas com alguns profissionais que têm

influência marcante na definição do papel e da atuação do SAC. Esses profissionais

pertencem a diferentes níveis de competência e autoridade: uma analista de tratamento de

manifestações, um supervisor do SAC e um gerente da área de atendimento ao cliente. Todas

as entrevistas foram realizadas com tempo médio de quarenta minutos.

A profissional que faz análises de tratamento de manifestações trabalha para uma empresa

contratada pela BR Distribuidora: a PC Service, empresa nacional de telesserviços, com 20

anos de atuação no mercado, especializada em prover soluções de atendimento a clientes, sem

que haja necessidade de qualquer investimento em tecnologia por parte do contratante.

Para execução das entrevistas, foram elaborados três roteiros destinados exclusivamente a

cada um dos entrevistados e um guia para orientar melhor o foco da entrevista, com o objetivo

de aumentar a assertividade das respostas e a confiabilidade dos dados coletados.

Algumas perguntas são comuns a dois ou até mesmo aos três entrevistados, visando obter

elementos adicionais para verificação da verossimilhança e consistência das respostas dadas.

Com intuito de facilitar os leitores, durante a exposição das questões abordadas,

correlacionam-se a pergunta e o seu respectivo posicionamento nos roteiros de entrevista

encontram-se nos anexos da pesquisa – Anexo II. O autor utiliza-se de códigos para

simplificar a apresentação das perguntas e respostas. Os códigos usados estão assim dispostos:

• REA – Roteiro de Entrevista da Analista, RES - Roteiro de Entrevista do Supervisor, e

REG – Roteiro de Entrevista do Gerente.

• RA – Resposta da Analista de Tratamento de Manifestações; RS – Resposta do

Supervisor de SAC; RG - Resposta do Gerente de atendimento ao cliente.

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As entrevistas versaram sobre assuntos do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) que

figuram em sete categorias selecionadas:

1. Desenvolvimento de carreira na área de atendimento ao consumidor;

2. Papel do SAC sob diferentes perspectivas;

3. Principais determinantes para que o SAC atue satisfatoriamente segundo a visão de

seus profissionais – operação, supervisão e gerência;

4. Principais processos e tecnologias utilizados na operação do SAC;

5. Balanceamento do nível de motivação do pessoal versus pressões pelo cumprimento

de objetivos operacionais, dentro do SAC;

6. Influência da terceirização de processos na atuação do SAC;

7. Contribuição do SAC para o alcance dos objetivos globais da organização.

4.2.1 DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA NA ÁREA DE ATENDIMENTO AO

CONSUMIDOR

A princípio, o trabalho pretende explicitar as influências exercidas sobre os entrevistados que

poderiam criar algum tipo de viés para suas respostas. Ele tenta fazê-lo, ao inquirir os

entrevistados sobre as suas trajetórias de carreira e identificar as pessoas ou os grupos que

mais os influenciaram nos respectivos processos. Existe o propósito subsidiário de evidenciar

nuances do desenvolvimento de carreira dos profissionais envolvidos com as atividades de

atendimento ao consumidor.

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A primeira indagação feita a todos os entrevistados:

• Exponha a sua trajetória de carreira dentro da área de atendimento ao consumidor.

(REA, Q 01; RES, Q 01; REG, Q 01).

• RA:

“Eu trabalho para a PC Service, empresa contratada pela BR

Distribuidora para prestar serviços de atendimento no SAC para seus

consumidores. Não possuo vínculo direto com a empresa. Sempre

desempenhei as mesmas atividades dentro do SAC ”.

• RS:

“Após meu ingresso na BR, trabalhei em vários departamentos da área de

marketing. Mas eu prefiro destacar a minha participação em dois projetos

em meados dos anos 90 que ensejaram a implantação da atual estrutura de

atendimento aos clientes, inclusive o próprio SAC”.

• RG:

“Eu sempre trabalhei nos setores das áreas fins da companhia, seja com o

propósito de atender nossos clientes na rede de postos de serviço seja

mesmo atender diretamente nosso consumidor final”.

A segunda indagação feita a todos os entrevistados:

• Quais as pessoas ou grupos que mais influenciaram no seu processo de carreira?

(REA, Q 02; RES, Q 02; REG, Q 02).

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• RA:

“Quanto às pessoas que mais influenciaram no meu processo de carreira:

eu posso citar dois profissionais, um instrutor que lecionou para mim

técnicas de telemarketing e um gerente numa atividade de vendas que eu

exerci”.

• RS:

“Eu fui influenciado por profissionais competentes e comprometidos com a

transformação de nossas estruturas internas no sentido de torná-las mais

focadas na qualidade de serviços e no atendimento”.

• RG:

“Quanto às minhas influências pessoais, eu não consigo apontar

especificamente um grupo ou um indivíduo, e sim idéias. Posso identificar-

me com algumas. E a filosofia centrada no melhor atendimento é algo que

desperta atenção, por ser intuitiva e comprovada cientificamente ao

mesmo tempo”.

4.2.2 PAPEL DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR SOB

DIFERENTES PERSPECTIVAS

A visão dos diferentes níveis organizacionais envolvidos com as atividades do SAC é

importante por evidenciar o grau de alinhamento estratégico deste órgão ou até para suscitar

problemas e encaminhar soluções para os mesmos.

A categoria de análise escolhida é central para esta pesquisa por se vincular diretamente ao

objetivo principal do estudo: a verificação do papel e da atuação do SAC. Busca-se o

entendimento acerca do papel do SAC a partir da visão dos diferentes atores que atuam no

órgão. Esses depoimentos destacam o grau de alinhamento, na percepção dos agentes, de

elementos estratégicos do SAC, como a sua missão e sua visão. Além de emergir o grau de

eficácia da comunicação entre os diferentes níveis da organização.

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Num primeiro momento, a pesquisa procurou resgatar aspectos históricos relacionados à

criação do SAC: as circunstâncias, as motivações e os propósitos desta iniciativa. Essa

apuração foi feita somente com o supervisor do SAC, que, desde a primeira abordagem do

autor, mostrou-se conhecedor dos fatos que levaram ao surgimento do SAC.

As perguntas apresentadas ao supervisor de SAC foram as seguintes:

• Qual é o histórico de criação do SAC? Em quais circunstâncias ele foi criado? O que

originou esta ação? Quais os objetivos de tal iniciativa? (RES, Q 03).

• RS:

“A criação do SAC foi decorrente do cruzamento de dois projetos iniciados

na metade dos anos 90. O projeto CLIPE - Cliente PETROBRAS que

nasceu com o propósito de se constituir um canal direto com o cliente

PETROBRAS, no caso as distribuidoras de combustíveis, a BR

Distribuidora e suas congêneres. O projeto de criação da central de

atendimento ao consumidor, com o propósito de recepcionar queixas e

demandas por parte dos consumidores dos produtos ligados a marca

PETROBRAS. Historicamente, sempre houve a preocupação por parte das

direções da PETROBRAS, bem como da BR Distribuidora de dar o

entendimento público em geral sobre as diferenças das suas missões, suas

operações, seus produtos e serviços e suas responsabilidades em geral.

Contudo, todas as iniciativas se revelaram insuficientes para distinção da

imagem dessas empresas.

Ou seja, na percepção do público em geral, a PETROBRAS e a BR

Distribuidora são a mesma organização, sem distinção de propósitos

específicos. Daí, a iniciativa da PETROBRAS ser acompanhada pela BR

Distribuidora e a cooperação e o compartilhamento das atividades

desenvolvidas neste campo, inclusive pelo Serviço de Atendimento ao

Consumidor. Sendo assim, tanto a PETROBRAS como a BR Distribuidora,

mais interessada e mais beneficiada por esta ação, possuem um SAC

compartilhado com a função de interagir com os consumidores dos

produtos e serviços da BR Distribuidora. O projeto de instituição do SAC

foi iniciado em meados de 1998, e consolidou-se e teve início em sua

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operação em maio de 1999. Tanto para a PETROBRAS como para a BR

Distribuidora.

A criação desse e de outros canais diretos com o consumidor está

diretamente associada ao aumento da competitividade no setor de petróleo

em geral. Do ponto de vista organizacional, a criação do SAC foi

antecedida pela instituição do Departamento de Atendimento e Preços,

encarregado de desenvolver o projeto do SAC. Com o passar do tempo foi

desmembrada a área de preços passando a constituir um novo

departamento. O SAC está subordinado à área de operações e logística,

através do Departamento de Atendimento ao Cliente, desde o início das

suas atividades”.

Ainda em conversa com o supervisor do SAC, o entrevistador pede ao entrevistado que defina

o perfil do SAC.

A pergunta apresentada ao supervisor de SAC foi:

• Qual é o perfil do SAC da BR Distribuidora? Ele pode ser considerado ativo e/ou

receptivo ou de outro tipo? (RES, Q 04).

• RS:

“O SAC da BR Distribuidora é essencialmente receptivo. Presta serviço de

atendimento aos consumidores por meio do fornecimento de informações

técnicas sobre produtos e serviços, registra sugestões e reclamações sobre

produtos e serviços, encaminha demandas de funcionamento de produtos e

serviços ou mesmo campanhas e programas de marketing para as áreas de

negócios, e monitora todo o processo de ‘feedback para os demandantes. A

iniciativa para o retorno da resposta para o cliente se realiza em função

de uma chamada aberta”.

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O trabalho aprofundou o processo de identificação do objeto de pesquisa quando inquiriu o

supervisor a respeito das características do SAC. A questão colocada foi a seguinte:

• Caracterize a estrutura do SAC. (RES, Q 05).

• RS:

“O SAC da BR Distribuidora está estruturado em dois níveis de

atendimento. O primeiro nível é feito por cerca de cinqüenta analistas de

atendimento, atuando nas instalações da PETROBRAS. Seu objetivo é

atender os casos que possam ser respondidos ou solucionados

imediatamente. Seu funcionamento é em período integral, em três turnos

de trabalho.

Já o segundo nível encontra-se dentro das instalações da BR

Distribuidora. Este grupo de trabalho é formado por oito analistas de

tratamento de manifestações, e, entre esses, três são engenheiros químicos,

especialistas em combustíveis e lubrificantes. O horário de funcionamento

do segundo atendimento acompanha o expediente normal da empresa, das

08h30min até às 18:00 h.

Quando alguém liga para o SAC da BR, o atendimento é feito pelo

primeiro atendimento; não havendo uma resposta imediata, a demanda é

passada para o segundo atendimento através de serviço telefônico que

pode atender imediatamente, a depender do tipo de manifestação, ou

repassar para área responsável em prover a resposta. O segundo

atendimento é responsável pelo acompanhamento da demanda e pela

efetivação da resposta através de correio eletrônico, pelo canal web FALE

CONOSCO no sítio da empresa http://www.br.com.br.

As estruturas de atendimento do SAC tanto da PETROBRAS como da BR

Distribuidora são terceirizadas. Há supervisores da organização

contratada pela PETROBRAS: a CVI – Centro de Vida Independente –

uma organização não governamental que emprega jovens portadores de

deficiência física; como também da contratada pela BR Distribuidora: a

PC Service – empresa que ganhou o processo licitatório para o

fornecimento do serviço.

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Ambas as organizações contratadas possuem representantes dentro das

estruturas do SAC, os supervisores das equipes de atendimento. A

capacidade dessas estruturas é estimada em 1.100 atendimentos diários.”

Logo depois, a dissertação apresenta as respostas dos entrevistados às perguntas sobre o papel

do SAC. A questão foi:

• Qual é o papel do SAC da BR Distribuidora? (REA, Q 03; RES Q 06; RES Q 03).

• RA:

“Eu penso que o papel do SAC é atender às manifestações dos

consumidores.”

• RS:

“O papel do SAC da BR Distribuidora é atender às manifestações dos

consumidores de seus produtos e serviços. Procuramos interagir com os

consumidores e com as áreas da empresa que possam responder a essas

demandas.”

• RG:

“O SAC da BR Distribuidora tem o papel de atender às manifestações de

nossos consumidores, em todas as nossas linhas de negócio, de modo a

suprir satisfatoriamente as suas necessidades de informações ou

esclarecimentos sobre nossos produtos e serviços.”

Outra pergunta nesta categoria foi feita a todos os entrevistados:

• O que é o “SAC atuar satisfatoriamente” sob a perspectiva de alguém que

desempenha as suas funções? (REA, Q 04; RES, Q 07; REG, Q 04).

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• RA:

“’ O SAC atuar satisfatoriamente’ é deixar-se reger pelo nível de

atendimento pactuado com os nossos clientes e a nossa gerência. Entre

todos os atributos, os mais importantes são a prontidão e a presteza,

representados por vários indicadores operacionais.”

• RS:

“Para nós do SAC, atuar satisfatoriamente é perceber e responder às

expectativas dos nossos consumidores. Isto implica dizer que o tempo de

atendimento e de solução para as demandas, a acuracidade das respostas,

bem como a empatia que podemos desenvolver com o consumidor durante

o atendimento são elementos cruciais para o alcance de nossos objetivos.”

• RG:

“O SAC atuar satisfatoriamente representa dizer que conseguimos

neutralizar o hiato que existe, freqüentemente, nas áreas de atendimento,

entre as expectativas geradas pelos clientes e as suas respectivas

percepções do que é entregue como valor agregado. Devemos antes de

mais nada, tratar a questão sob o viés filosófico, para então desenvolver

ações de natureza operacional.”

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4.2.3 PRINCIPAIS DETERMINANTES PARA QUE O SAC ATUE

SATISFATORIAMENTE SEGUNDO A VISÃO DE SEUS PROFISSIONAIS

– OPERAÇÃO, SUPERVISÃO E GERÊNCIA

Nesta categoria são feitas perguntas diferenciadas aos três profissionais entrevistados. Cada

pergunta procura extrair elementos correlacionados a aspectos específicos das funções

desempenhadas.

Foi perguntado à analista de tratamento de manifestações:

• Quais são os principais determinantes para que o SAC atue satisfatoriamente? (REA,

Q 05).

• RA:

“ ’O tempo geral de resposta da chamada: quanto mais tempo o

consumidor passa aguardando por uma resposta, pior é para nós. O tempo

de espera da chamada, aguardando atendimento: quanto maior o tempo de

espera, pior é para nós. A solução do problema na primeira chamada:

quanto maior for o índice, melhor é para nós. O índice de desistência de

chamada: quanto mais desistência de chamadas, por iniciativa do

consumidor, pior é para nós. O tempo médio de conversa: quanto maior o

tempo de conversa melhor para o índice de satisfação do consumidor:

todavia esse item se conflita com o índice de produtividade que descreve o

número de chamadas atendidas ao longo de um período. A aderência com

o tempo previsto para atendimento (tempo da fila de espera), quanto

menos preciso, do ponto de vista do limite oferecido, maiores o índice de

desistência e o índice de satisfação do consumidor; O tempo de análise e

solução de problema: o tempo que o SAC demora para investigar, nas

áreas competentes, a melhor solução para uma demanda específica,

quanto maior o tempo, pior é para nós. O tempo de inoperância do

sistema: todas as linhas de atendimento encontram-se ocupadas, quanto

maior é o tempo, pior é para nós. O tempo médio de espera, medido

anteriormente à desistência da chamada: quanto maior for o tempo,

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melhor é para nós; e o nível de serviço: o índice de chamadas respondidas

ao longo de um período (ano)”.

A mesma questão foi submetida ao supervisor de SAC, adicionando-se a busca da

identificação dos principais indicadores de desempenho do SAC. As questões foram:

• Quais são os principais determinantes para que o SAC atue satisfatoriamente? Quais

são os principais indicadores de desempenho do SAC? (RES, Q 08).

• RS:

“As duas respostas convergem para o mesmo ponto. Cabe à liderança do

processo, em consonância com as instâncias superiores da companhia,

estabelecer os indicadores de desempenho, e esses têm que refletir o

significado destes determinantes. Eu posso citar, como indicadores de

desempenho do SAC: as medidas de tempo de chamada, de espera, de

conversa, de resposta; os índices de produtividade, de nível de serviço, de

desistência; a aderência com o tempo previsto de atendimento; o tempo de

resolução de problema; o tempo de inoperância de sistema; o índice de

rotatividade de pessoal no SAC; o índice de chamadas que tratam de

manifestações (negativas), reclamações e periodicamente a apuração do

grau de satisfação do consumidor através de pesquisa. Esta última é

realizada estimulando o consumidor a avaliar o atendimento, indicando

um grau numa escala que varia de 0 (mínimo) a 10 (máximo).

Na seqüência, o autor procurando refinar a resposta anterior, interrogou a analista de

tratamento de manifestações e o supervisor, pedindo a ambos que explicitassem as maiores

dificuldades percebidas para que fossem atingidos os objetivos acordados. Perguntou-se para

ambos:

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• Quais os principais obstáculos para que o SAC não atinja os seus objetivos

periodicamente? (REA, Q 06; RES, Q 09).

• RA:

“Dispomos de boa tecnologia e de uma equipe de profissionais treinados,

mas acredito que o fator humano tenha precedência neste aspecto. As

pressões em determinadas situações são muito grandes, temos que manter

um bom grau de motivação para não refletir essa pressão nos clientes

atendidos. O universo psicológico do analista para que ele possa superar

todos os obstáculos.”

• RS:

“Esta pergunta requer necessariamente contextualização, pois as

dificuldades surgem em função dos fatos que surjam, mas posso arriscar

em dizer que grosso modo os nossos resultados variam em função da

harmonia de pessoas, processos e tecnologia, e ainda da mossa

capacidade organizativa para enfrentar as externalidades, como, por

exemplo, o grau de sucesso de lançamento de um novo produto ou serviço,

ou mesmo o interesse extraordinário dos consumidores por um assunto

qualquer vinculado aos produtos e serviços da BR Distribuidora.”

4.2.4 PRINCIPAIS PROCESSOS E TECNOLOGIAS UTILIZADOS NA

OPERAÇÃO DO SAC

Nesta categoria, o trabalho deu ênfase particular à questão da atuação do SAC, demandando

informações, principalmente, da área operacional do SAC e de sua supervisão imediata.

Dentro deste elemento investigativo, o autor abordou a analista de tratamento de

manifestações e indagou-lhe o seguinte:

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• Quais são os principais processos internos do SAC e quem são respectivamente os

seus responsáveis? Em que situação ocorre uma revisão desses processos? (REA, Q

06; RES, Q 10).

• RA:

“Nós executamos dois tipos de processo: os processos internos

(departamentais) e os externos (interdepartamentais); os primeiros são

realizados exclusivamente no âmbito do SAC; os demais são realizados no

SAC e fora dele também. No tocante aos processos internos, eles podem

ser subdivididos em processos operacionais e administrativos. Como

analista de uma empresa contratada, eu só posso falar sobre os

operacionais (...), Como o SAC da BR é receptivo, os processos estão

restritos às atividades de supervisão, atendimento, registro,

monitoramento e controle.

Esses processos estão sob a responsabilidade do supervisor de

atendimento, desde o atendimento mais simples até os mais sofisticados.

Daí a falta de autonomia, comum a qualquer tipo de SAC: nós somos

orientados a trabalhar com rígidos procedimentos; a exceção só pode ser

tratada no âmbito da supervisão. No caso da BR Distribuidora, essa

supervisão é exercida pelo nosso supervisor, funcionário da PC Service,

que é o elo de ligação com a supervisão da BR Distribuidora. Legalmente,

somos impedidos de interagir diretamente com os funcionários da BR

Distribuidora porque não pode haver subordinação de nosso órgão ao

deles.

As revisões são realizadas à medida que surjam oportunidades para fazê-

las. Esse é um ponto de preocupação constante por parte dos líderes do

processo. Não havendo uma programação para isto”.

• RS:

“O SAC desenvolve processos operacionais e administrativos (gestão).

Como representantes da BR Distribuidora, acompanhamos a operação e

os resultados, e pactuamos objetivos a serem perseguidos pelo pessoal da

PC Service. No cerne dessa negociação com a PC Service, definimos a

linha de atendimento, por meio de políticas de atendimento da BR

Distribuidora. Os processos possuem uma área fronteiriça que impõe a

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participação de outras áreas da empresa que são acionadas para o pleno

atendimento do demandante. A interação é feita sob a mediação da

supervisão da PC Service e a nossa.

Mantemos os documentos de registro destes processos, diagramas,

fluxogramas e folhas descritivas, para simples acompanhamento e

alinhamento com as diretivas internas da BR Distribuidora. Os processos

operacionais tratados exclusivamente pelo SAC são os de: atendimento de

chamada; registro dos eventos extraordinários; controle dos parâmetros

de atendimento (tempo, natureza do atendimento, efetividade do

atendimento etc.); monitoramento das chamadas em ‘aberto’ e

‘feedbacks’; e o de supervisão que, de maneira geral, dão registro,

acompanhamento e apoio aos elementos processuais, tecnológicos e de

gestão de pessoas, aos processos anteriores.

Quanto às revisões, não existe nada preestabelecido, podendo haver

melhorias iniciadas com a PC Service ou até mesmo por alguma

orientação ou sugestão nossa. A grande regra é o cumprimento das

diretrizes de atendimento da BR Distribuidora, dentro dos padrões

acordados”.

O entrevistador indagou à analista sobre a influência externa para a realização desta revisão

de processo ou para qualquer outro tipo de melhoria de processo. Foi perguntado:

• Existe alguma influência externa para realização de uma revisão ou para qualquer

tipo de melhoria de processo? (REA, Q 08).

• RA:

“Sempre existe. A iniciativa pode ter como origem a identificação da

possibilidade de aperfeiçoamento de algum processo, ou de algo que possa

ajudar-nos na obtenção de melhores resultados. Fazemos constantemente

reuniões no âmbito da PC Service com o sentido de discutir as melhores

formas para o desempenho de nossas atividades. Como podem ser

sugeridas mudanças pelos representantes da BR Distribuidora.”

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Não obstante a resposta dada, o pesquisador procura identificar pontos críticos do processo. A

mesma pergunta é feita à analista de tratamento de manifestações e ao gerente de atendimento

ao cliente. Foi questionado:

• Qual é a melhoria que mais urge no SAC atualmente? (REA, Q 09; REG, Q 05).

• RA:

“É claro que sempre há espaço para melhorias em todo e qualquer

processo. Porém, eu posso destacar que seria oportuno um aumento da

velocidade na resposta ao consumidor. O SAC alcança os seus objetivos

com regularidade quanto a este quesito, mas eu acho que a melhoria

poderia refletir imediatamente no índice de satisfação de nosso cliente.”

• RS:

“Os processos do SAC estão alinhados com as melhores práticas de

atendimento. Dispomos de pessoal e boa infra-estrutura tecnológica. Na

custa lembrar que a PC Service é líder absoluta em seu setor de atividade.

Construímos mais que um processo terceirizado, mas sobretudo uma

parceria que congrega o que essas empresas têm de melhor em termos de

atendimento. Contudo, acho que poderíamos melhorar, principalmente o

tempo de resolução de problema. Acredito que esse tipo de melhoria seja

mais complicado do que as outras formas, porque tem que partir de uma

negociação com outras áreas da BR.”

Para o supervisor, o autor levou a questão que trata da classificação das demandas dos

consumidores. Foi levado:

• Existe algum tipo de classificação de demandas (tratamento de manifestações) dentro

do SAC? Qual é a sua abordagem? (RES, Q 11).

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• RS:

“Nós segmentamos o atendimento das chamadas com duas abordagens: a

primeira trata do caráter temporal quanto à efetividade da resposta; e a

outra trata da natureza da demanda – podendo ser para simples exposição

de sugestão,reclamação ou elogio, sobre algum aspecto informacional

quanto aos aspectos de composição e funcionamento de produto ou

serviço, ou ainda de demandas que possam envolver o conhecimento de

outros órgãos da empresa.”

Visando compreender melhor os processos desenvolvidos, ainda dentro desta categoria, são

feitas perguntas distintas à analista e ao gerente.

À analista, é perguntado:

• Quais são as principais tecnologias aplicadas pelo SAC para que ele possa atuar?

(REA, Q 10).

• RA:

“O SAC utiliza o Peoplesoft, sendo feita sua atualização sistematicamente.

É um software que poderia ser classificado como um aplicativo de CRM”.

• Quais são os principais tipos de interação entre o SAC e os demais órgãos da

empresa? (REA, Q 11).

• RA:

“Essas interações existem porque temos que intermediar um fluxo intenso

de informações aos consumidores. E não há limitação quanto às fontes.

Devemos buscar as informações (pertinentes a este processo) onde quer

que elas estejam. São informações técnicas de produtos e serviços,

informações relacionadas a campanhas de marketing, programas

desenvolvidos para o público etc. Cada informação possui uma fonte e um

agente proprietário e custodiante. O que fazemos é entregar o que foi

demandado, prezando pela satisfação do demandante através da

monitoração do processo.”

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• Quais são as formas de acesso ao SAC? Qual é o meio mais utilizado? (REA, Q 12).

• RA:

“No início, o SAC operava com vários tipos de acesso ao seu serviço,

através de carta, fax, telefone e correio eletrônico. Com passar do tempo

houve uma concentração no meio telefone e no e-mail. Todas as

informações para contato por e-mail estão disponíveis no portal da BR na

Internet, no canal FALE CONOSCO.”

• Qual é o horário de atendimento do SAC? Qual é a justificativa para este horário?

(REA, Q 13).

• RA:

“O horário de atendimento através do canal telefônico acompanha o

horário de expediente da empresa, ou seja das 9 h às 18 h. Porém, o canal

web está acessível 24 horas por dia. A justificativa é a adequação da

necessidade de negócio com os custos envolvidos; o SAC disponibiliza dois

acessos; um acesso exprime maior urgência e o outro mostra-se aberto

permanentemente”.

Outra pergunta ao gerente:

• Qual é a inserção organizacional do SAC dentro da empresa? (REG, 06).

• RG:

“O SAC desde o início de sua operação está vinculado à área de logística

e operações. A companhia tem quatro diretorias executivas, fora a

presidência que funciona com atribuições de diretoria também. Uma das

diretorias é a Diretoria de Operações e Logística, e, dentro desta

diretoria, há uma Gerência de Logística. Esta gerência abriga uma

Gerência de Atendimento ao Cliente (GATEND). O SAC é subordinado à

GATEND”.

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• Quais são os outros canais de relacionamento com os consumidores? Qual é o papel

de cada um desses canais? (REG, Q 07).

• RG:

“A BR Distribuidora possui pelo menos quatro canais de relacionamento

com seus clientes, a saber: o SAC, a Ouvidoria, a Central de Atendimento

(CAT) e a Assessoria Comercial. O SAC é o canal voltado para o

atendimento do grande público, do consumidor, para questões

relacionadas aos produtos e serviços da BR. A Ouvidoria tem um papel

institucional e mais abrangente; quaisquer problemas que possam se

revelar em prejuízo de imagem para a BR, são tratados pela Ouvidoria. A

Central de Atendimento (CAT), como o próprio nome indica atende os

clientes BR, os revendedores, a rede de postos de serviços, cuidando de

aspectos como negociação de preços e abastecimento. Por último, a

Assessoria Comercial, formada por dezenas de profissionais que

trabalham no campo, que orientam nossos parceiros de negócio quanto à

melhor forma de conduzir seus empreendimentos.”

• Quais são os principais tipos de interação entre o SAC e os demais órgãos da

empresa? Existe alguma interação entre os canais de relacionamento e os

consumidores? Qual? (REG, Q 08).

• RG:

“Se o que você chama de principal é sinônimo de freqüência, certamente

temos mais contato com as áreas de marketing e de engenharia de

produto. Porque nossas maiores demandas em número de atendimento

estão em torno do marketing e do produto. Não obstante a importância de

nosso trabalho para empresa toda. Essas relações podem ser consideradas

como relações cliente-fornecedor. Pedimos uma informação ou

esclarecimento para uma área em particular e somos tratados como

representantes dos consumidores da BR.

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As interações do SAC são desenvolvidas em todas as direções e sentidos

dentro da companhia. Temos autonomia para tal, desde que a nossa

demanda esteja dentro da competência funcional do SAC. Em relação às

interações entre os canais de relacionamento, estas são realizadas através

da prática cotidiana ou mesmo através de reuniões e workshops internos”.

• Qual é o grau de integração tecnológica entre o SAC e os demais órgãos da BR

Distribuidora? (REG, Q 09).

• RG:

“No tocante à integração de sistemas, ainda não houve integração com o

ERP (Enterprise Resource Planning) da companhia, o software de gestão

empresarial integrada. O ERP é o R/3 da empresa alemã SAP e a

ferramenta / software utilizada no SAC é o CRM da Peoplesoft. Ainda

estamos avaliando os efeitos do projeto Sinergia, iniciado em julho de

2002, que visa implantar, nas principais empresas do Sistema

PETROBRAS, o ERP R/3 da SAP. Para isso, foram selecionadas 11

empresas do Sistema PETROBRAS”. Uma poderosa ferramenta que

utilizamos internamente também é o Lotus Notes, software que ajuda a

organizar nossas tarefas e todo o processo de comunicação (e-mails,

documentos etc.). Além do uso da Internet, usamos a Intranet que nos

aproxima das outras áreas da empresa.”

• Há algum projeto de CRM sendo desenvolvido pela empresa? Se existe, qual é o seu

significado? Ele pode ser considerado como uma nova tecnologia, ou pode ser

compreendido como algo diferente? (REG, Q 10).

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• RG:

“Sim, ele existe. O projeto CRM foi desenvolvido para integrar todas as

informações dos clientes numa única base de dados. O SAC é parte deste

projeto que se amplia no uso de outros canais.

O significado pode ser associado à construção de uma grande fonte de

inteligência competitiva. Esta fonte servirá de manancial para várias

instâncias de decisão na órbita de nosso consumidor, nosso cliente.

Já a sua amplitude transcende o aparato tecnológico disponível para o

trabalho cotidiano. Ela tornar-se-á, em pouco tempo, uma diretriz

estratégica permanente,e, a longo prazo, parte de nossa cultura de

negócios. Isso será possível, à medida que se consiga transformá-la num

valor para todos os colaboradores da BR.”

4.2.5 BALANCEAMENTO DO NÍVEL DE MOTIVAÇÃO DO PESSOAL

VERSUS PRESSÕES PELO CUMPRIMENTO DE OBJETIVOS

OPERACIONAIS DENTRO DO SAC

Esta categoria revela a importância do equilíbrio de duas questões cruciais na gestão de

equipes num SAC: motivação das pessoas e o cumprimento dos objetivos operacionais.

Este trabalho procura entender aspectos-chave da gestão de equipes que se refletem no grau

de motivação das pessoas: a seleção, o treinamento, o processo de avaliação e recompensas, e

as técnicas empregadas para balancear o grau de motivação com a pressão pelo cumprimento

de objetivos operacionais. Para isso, ele faz as seguintes indagações à analista de tratamento

de manifestações:

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• Como ocorre o processo de treinamento para os profissionais do SAC? (REA, Q 14).

• RA:

“Todo o nosso treinamento é dado pela nossa empresa de origem, a PC

Service. Somos convidados a participar, logo que ingressamos na empresa,

de uma série de cursos. E, periodicamente, retornamos para atualizar-nos.

Entretanto, como contratados pela BR, somos instruídos freqüentemente

quanto aos assuntos da BR. Nesse ponto temos a consciência de que o

nosso nível está acima da média do mercado. Estamos amparados por

duas grandes empresas.”

• Como ocorre o processo de avaliação e recompensas? (REA, Q 15).

• RA:

“A avaliação é toda realizada pela PC Service. Não temos vínculo com a

BR Distribuidora. As lideranças da área de atendimento da BR fornecem

informações sobre o nosso trabalho para a nossa supervisão encarregada

de representar a PC Service dentro das instalações da BR. E é claro que

também há um acompanhamento próximo da nossa supervisão. Todos nós

temos objetivos a serem atingidos, e uma vez atingido o objetivo, somos

recompensados individualmente, como também somos não apenas

recompensados em função dos resultados do grupo todo.

No SAC há bastante conversa e orientação para que nós possamos fazer

um bom trabalho. O ambiente também é muito bom. Posso falar tanto dos

recursos técnicos como dos humanos”.

Depois, para a mesma categoria, o entrevistador pergunta ao supervisor de SAC pelos

principais aspectos da gestão de pessoas no SAC. Pergunta-se:

• Como ocorre o processo de seleção de pessoas para trabalhar no SAC? Qual é o

perfil técnico e comportamental desse profissional? Qual é o índice de rotatividade de

pessoal no SAC? Como lidar com aspectos relacionados à motivação das pessoas

numa situação de pressão pelo alcance de objetivos? (RES, Q 13).

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• RS:

“Não nos envolvemos no processo de seleção dos profissionais da área.

Temos simplesmente um contrato, e, neste contrato, é dado o direito à BR

dispor de mais ou menos pessoas no processo de atendimento do SAC.

O perfil do profissional é associado a alguém de bom nível de

escolaridade, capaz de utilizar as modernas tecnologias de informação,

comunicativo, educado, paciente, que saiba trabalhar em equipe, auto-

motivado, orientado para resultados e resiliente no trato com as pessoas.

O índice de rotatividade de pessoal, eu não estou autorizado a falar (...).

Mas eu posso adiantar que, dentro da nossa estrutura, é muito baixo.

Esta sua ultima questão é bastante complicada para ser respondida numa

tacada só. Devemos motivar estas pessoas, sem contudo interferir

abertamente no trabalho delas. Para isso alimentamos a auto-estima delas

e valorizamos muito os seus resultados. Não é fácil para eles quando se

defrontam com alguém que não tem modos para falar (...). Criamos uma

atmosfera regida pelo companheirismo e pelo profissionalismo. Daí a

consciência do papel de cada um neste processo”.

4.2.6 INFLUÊNCIA DA TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS NA ATUAÇÃO DO

SAC

O autor tenta capturar nesta categoria os principais elementos, correlacionados à terceirização

do processo de atendimento, que influenciam a atuação do SAC.

Dessa forma, o entrevistador formulou ao supervisor e ao gerente a mesma pergunta visando

verificar diferentes percepções:

• O SAC da BR é terceirizado (...). Existe alguma razão específica para a adoção desta

estratégia? Quais são as vantagens? Quais são as desvantagens? (RES, Q 14; REG,

Q 11).

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• RS:

“A terceirização foi uma necessidade de negócio. Eu diria até que foi uma

oportunidade. A BR Distribuidora não é uma empresa comum, a efetivação

de seu quadro funcional só pode ser feita mediante concurso público.

Quando da implantação do SAC, percebemos que não seria interessante

para nenhum funcionário de nosso quadro mudar de função tornando-se

um analista de SAC. O recém-admitido da BR tem um nível salarial

significativamente superior ao profissional de mercado nesta função. O

regime de horas praticado pelo mercado também se conflita com o nosso.

Sem contar que teríamos que estruturar sozinhos (reinventar a roda) algo

que poderíamos ter, compartilhando o SAC com uma empresa

especializada neste atendimento. Escolhemos a maior, espero a melhor e

estamos satisfeitos com a opção que fizemos.

A grande vantagem, ela por si só justifica nossa escolha, é a flexibilidade

que trouxe ao nosso processo.

Já as desvantagens, em razão da dita situação, eu não consigo,

sinceramente, apontá-las.”

• RG:

“Pela estrutura que projetamos e também pelo desenho de nosso negócio,

postas aí todas as peculiaridades de uma empresa estatal, nós

acompanhamos boa parte do mercado e decidimos pela flexibilidade do

processo. Essa foi uma decisão compartilhada com a nossa controladora.

No caso dela, sem prejuízo do desempenho e do cumprimento de objetivos,

ela contratou um organização não governamental que emprega deficientes

físicos. A PETROBRAS percebeu a oportunidade e agiu com

responsabilidade social.

As vantagens são a flexibilidade adquirida e o desenvolvimento de uma

parceria com uma empresa reconhecidamente capaz e competente no que

faz.

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As desvantagens estão no âmbito legal. Pois zelamos pelo cumprimento

dos dispositivos trabalhistas e legais que impedem nossa ação diretamente

sobre o processo.”

O autor ainda perguntou ao supervisor qual a influência da terceirização no papel e na atuação

do SAC. A questão foi:

• Qual é a influência da terceirização do atendimento quanto ao cumprimento do papel

e da atuação do SAC? (RES, Q 15).

• RS:

“Nenhuma. Desenhamos o projeto de implantação do SAC e só depois

decidimos pela terceirização. Não modificamos nenhum item do papel ou

da operação para que este se adaptasse a empresa contratada. O que

poderia parecer mais sensível é o compartilhamento de informações, mas

a confidencialidade está prevista em contrato”.

4.2.7 CONTRIBUIÇÃO DO SAC PARA O ALCANCE DOS OBJETIVOS

GLOBAIS DA ORGANIZAÇÃO

Este trabalho visa extrair elementos do produto final do SAC que possam ser percebidos

como valor de contribuição para o alcance dos objetivos organizacionais.

Para isso, o autor perguntou ao gerente quais os assuntos que interligam o SAC às demais

áreas da empresa. As questões foram estas:

• Existem políticas de atendimento? Quais são elas? Qual é o impacto que elas trazem

para a atuação do SAC? (REG, Q 12).

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• RG:

“A BR Distribuidora tem a Política Corporativa de Tratamento de

Manifestações que orienta a força de trabalho sobre os princípios de

atendimento aos públicos de relacionamento da companhia – clientes,

parceiros consumidores em geral –, de forma a tirar o melhor proveito de

reclamações, consultas e solicitações que chegam por vários canais.

O impacto é a criação de uma consciência de que a BR tem que mudar a

sua postura em relação às manifestações dos clientes. Esta é uma política

que vale para toda a companhia e que nasceu na Gerência de Atendimento

ao Cliente. É a formalização de um compromisso que envolve nossas

principais lideranças, objetivando o aperfeiçoamento contínuo de todos os

canais de atendimento.”

• Em que sentido o SAC contribui para o alcance dos objetivos globais da BR

Distribuidora? Qual é a sua natureza de ação (operacional/ tática/ estratégica)?

(REG, Q 13).

• RG:

“O SAC faz parte de um conjunto de estruturas responsáveis pela

operacionalização de uma estratégia fundamental ao sucesso da BR a

longo prazo. Esta estratégia consiste em disseminar, através de políticas e

programas corporativos, conscientizando todos os colaboradores da BR

sobre a importância e os benefícios da orientação de suas ações serem

pautadas pela qualidade do atendimento. Diria que mais que uma

estratégia, estamos tratando de implementar uma poderosa filosofia.

A natureza, não obstante o que foi dito, é operacional, pois, a companhia

possui vários canais de relacionamento, e o papel do SAC, dentro deste

quadro, é meramente operacional.”

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• Em que medida os outros órgãos da empresa utilizam as informações geradas no SAC

para aperfeiçoar seus processos, práticas e estratégias? (REG, Q 14).

• RG:

“As outras áreas da companhia utilizam-se das informações do SAC de

forma crescente. Nesse sentido, a BR está desenvolvendo dois grandes

projetos de integração de sistemas que provavelmente possibilitarão

facilitar a manipulação das informações e, por conseguinte, a criação de

conhecimento. Como já disse anteriormente (...). Estou falando do projeto

Sinergia que visa integrar tecnologicamente todo o Sistema PETROBRAS,

inclusive a BR, e em especial o projeto CRM em especial, que deverá

produzir uma única base de dados sobre os nossos clientes. Todas as ações

do SAC deverão criar registros para esta base de dados, que, por sua vez,

estará disponível para todos os gestores do negócio”.

• Os demais órgãos da empresa participam da avaliação de desempenho global do

SAC? Como? (REG, Q 15).

• RG:

“Não um processo formal. Até porque existe autonomia na atuação e

cadeia hierárquica responsável pela ação do SAC. Todavia, existe o

feedback relacionado às interações feitas internamente, as pesquisas

externas e os workshops de avaliação com os outros canais de

atendimento. Ou seja, temos múltiplos canais de avaliação de nosso

trabalho no SAC, não somente as medições dos indicadores de

desempenho que fazemos periodicamente.”

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4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.3.1 DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA NA ÁREA DE ATENDIMENTO AO

CONSUMIDOR

Como foi visto no tópico 2.1, o serviço ao consumidor mais do que uma prática empresarial

pode ser percebida como uma filosofia; e, como filosofia, tem por objetivo reformar ou

transformar a cultura da organização. Este entendimento parece ser fundamental para quem

queira desenvolver carreira na área de atendimento ao consumidor.

Segundo Macaulay e Clark (op. cit., 1998), a cultura organizacional é influenciada por vários

elementos, tais como estórias, símbolos, rotinas e rituais, controles e poder. Desses elementos,

o poder ganha destaque em qualquer processo que vise transformar, pois o poder é uma

referência central, e as idéias que o representam são percebidas como fonte de estímulo ou

dissuasão.

A PC Service, empresa prestadora de serviços contratada pela BR para atendimento de seu

consumidor, por sua natureza e objetivos, dispõe de um processo de recrutamento e seleção

que privilegia os profissionais com perfil comportamental estritamente voltado para a

construção de relacionamentos duradouros. Essa diretriz faz parte do negócio da empresa,

configurando-se como premissa para sua atuação.

Diferentemente da PC Service, a BR Distribuidora, por sua estrutura e histórico, possui ainda

o desafio de transformar sua cultura organizacional, projetando-a para fora, no sentido de

incorporar o atendimento como um credo. O conhecimento dos profissionais que lidam com

os clientes e consumidores revela-se importante como fator de orientação para superação

desse desafio.

O resultado das atividades realizadas no âmbito do SAC é influenciado pelo grau de

receptividade e de comprometimento de outros órgãos da BR. Daí a significância da difusão

de uma filosofia que priorize o atendimento.

No tocante ao ambiente interno do SAC da BR, os gerentes e supervisores, responsáveis pela

gestão do órgão, mostram-se experientes e preparados, bem como identificados com os

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propósitos da criação do SAC. O fato de os profissionais terem iniciado os projetos que

ensejaram a criação do SAC revelou-se estimulante, evidenciando um senso de seu

compromisso extraordinário com a empresa.

Em 2003, o gerente de recursos humanos da BR, em entrevista à Revista Canal BR, ressaltou

a importância do projeto Falando de RH. Segundo ele, o projeto está alinhado com o Plano

Estratégico 2003-2007 da BR e possui três objetivos básicos: estreitar os elos entre as pessoas

e a empresa, identificando expectativas de gerentes e demais empregados; aperfeiçoar a

gestão de pessoal, favorecendo o comprometimento com a excelência do desempenho e dos

resultados; e orientar gerentes e empregados para a etapa de Avaliação do Gerenciamento de

Desempenho de Pessoal (GDP), prevista para maio daquele ano. (Revista Canal BR, mar.

2003, p. 8)

Alguns meses depois, em setembro de 2004, a BR Distribuidora implanta uma “política

corporativa de tratamento de manifestações”, visando orientar a força de trabalho sobre os

princípios no atendimento ao público e criar uma consciência para que a BR pudesse mudar a

sua postura de atendimento.

A associação de ambos os eventos aponta para a oportunidade de explicitar e enfatizar a todo

o quadro funcional quão vital, aos negócios futuros da BR, é o ‘paradigma’ da excelência no

atendimento. Podendo ensejar uma repercussão na cultura a longo prazo e uma influência

determinante não apenas sobre as carreiras da área de atendimento, que estarão fortalecidas,

mas também por sobre todas as demais carreiras na empresa.

4.3.2 PAPEL DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR SOB

DIFERENTES PERSPECTIVAS

O alinhamento entre os três níveis da área de atendimento é um imperativo para a obtenção do

sucesso do SAC. O entendimento acerca do papel e da atuação do SAC, e, da mesma forma, a

eficácia da comunicação interpessoal e o compartilhamento de uma visão comum entre todos

os agentes que operam a área de atendimento parece ser a chave para a resolução de quaisquer

problemas no setor.

Este caso apresenta-se de forma sofisticada, porque mais do que a harmonia dos diferentes

níveis organizacionais, vislumbra-se uma adequação de estruturas e processos inter-

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organizacionais, já que se observa uma integração entre fornecedor externo e cliente externo,

fruto da terceirização dos processos do SAC.

No primeiro nível de abordagem, uma perspectiva limitada e operacional é notada entre os

membros da equipe de atendimento, representada neste estudo pelo depoimento da analista de

tratamento de manifestações vinculada à empresa contratada.

Essa perspectiva parece conflitar-se com as premissas de negócio da própria empresa que

oferece tal tipo de serviço. Como foi dito anteriormente, a natureza do negócio pressupõe

visão mais ampla sobre atendimento por parte de seus agentes. Entretanto, quando verificado

o perfil técnico deste profissional observa-se uma fragilidade em sua formação educacional, o

que pode ser suprida com um treinamento adicional.

A percepção, pela analista, do papel do SAC da BR é incompleta e restringe-se ao

atendimento das manifestações dos consumidores. Quanto ao entendimento do que seria uma

atuação satisfatória, ela remete sua resposta ao alcance do nível mínimo de satisfação para o

que foi pactuado entre os clientes da PC Service (neste caso a BR, e não os consumidores BR

propriamente) e a sua gerência (os gestores da PC Service). Apesar disso, ela consegue

adjetivar a sua avaliação com dois atributos importantes: prontidão e presteza.

Nota-se que prontidão e presteza são palavras sinônimas. O entrevistador entendeu que o

termo comunicado no discurso da analista foi o de prestatividade. Tanto a prontidão como a

prestatividade são elementos presentes em todos os indicadores operacionais identificados. O

primeiro vincula-se ao fator temporal do atendimento, quanto mais rápido melhor. O segundo

demonstra a sensibilidade e o comprometimento com as questões demandadas pelos

consumidores.

O segundo nível de abordagem é tático, se considerado do ponto de vista do universo da área

de atendimento. No escopo de atuação do SAC, este é o principal agente e é representado pelo

supervisor do SAC da BR. É fácil justificar tal afirmação, uma vez notado o papel integrador

do supervisor que age entre as duas estruturas (PC Service e BR), ou seja, sua atribuição

principal é coordenar e adequar os esforços de atendimento da empresa contratada com os

objetivos da BR Distribuidora.

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O supervisor do SAC traz consigo uma autoridade conceitual a respeito das atividades

desenvolvidas pelo SAC, próprias aos que ajudaram a concebê-lo e que se predispõem a

analisá-lo.

Assim, o supervisor do SAC credencia-se em receber a incumbência de esmiuçar o perfil e a

estrutura do SAC. Sobre o perfil do SAC, o supervisor afirma que é estritamente receptivo,

registra sugestões e reclamações sobre produtos e serviços e encaminha demandas sobre a

composição e o funcionamento dos mesmos, além de ter caráter informacional. O retorno da

chamada é sempre feito pelo segundo atendimento, através do canal Fale Conosco, no sítio da

empresa na Internet.

Quanto ao depoimento do profissional, evidencia-se a simplicidade das atividades

desenvolvidas pelo SAC: estas foram desenhadas mais em função do tipo de negócio e da

posição da empresa na cadeia produtiva do que pela abrangência de seu público consumidor.

Taylor et al. (op. cit., 2002, apud Dean, 2004) escrevem sobre os tipos de SAC, suas

possibilidades e variantes. Os autores alegam que a decisão pelo melhor tipo para uma

organização seja baseada nos objetivos da empresa.

De acordo com a tipologia de call centers usada por Matozo (op. cit., 2000, p. 202), pode-se

considerar a estrutura do SAC da BR Distribuidora como uma organização que combina

estrutura própria com outra terceirizada. Os recursos técnicos e tecnológicos do SAC são de

propriedade da BR, todavia os recursos humanos, as equipes de atendimento, são cedidos pela

empresa contratada. Assim sendo, evidencia-se, como o ponto fraco da contratação, a

possibilidade de perda do conhecimento acumulado, uma vez, que ao término do contrato, há

obrigatoriedade de nova licitação, a qual nem sempre o considera como principal referência.

A estrutura do SAC da BR, tal como foi dito, apresenta peculiaridades. A primeira delas está

em sua gênese. A PETROBRAS e a BR Distribuidora têm suas marcas ligadas numa espécie

de simbiose. O público em geral não consegue dissociar as marcas das empresas. Foi este fato

que levou à criação de uma estrutura compartilhada de SAC entre ambas, uma vez que a isso,

pouco poderia ser feito além de se gastar muito dinheiro com publicidade para dissociá-las,

algo que anularia os efeitos da sinergia gerada com a integração vertical; isso, sem poder

deixar de cogitar a eficácia de tal medida.

A despeito do que foi escrito, ambas as empresas possuem autonomia para contratar e gerir

sua estrutura, havendo iniciativas que vislumbram um ambiente colaborativo. A partir da

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decisão de compartilhamento do SAC, desenhou-se um processo que se integra em dois níveis

de atendimento.

O primeiro atendimento ficou com a PETROBRAS, porque, além de ter notoriamente maior

identificação de marca com o público e ser controladora da BR Distribuidora, possui mais

recursos para custear a maior parte da estrutura projetada.

O segundo atendimento, mais sofisticado que o primeiro, aparenta ser objeto de uma seleção

mais rigorosa por parte da BR. O caso de a PETROBRAS selecionar uma organização não

governamental, que contrata profissionais portadores de deficiência física, fortalece essa

hipótese, já que a iniciativa desvia o foco da obtenção de serviços mais estruturados e prima

pela alocação de postos de trabalho para um público específico, fortalecendo sua opção pela

questão da responsabilidade social.

Diante dessa prerrogativa, uma vez indagado sobre o papel do SAC da BR Distribuidora, o

supervisor respondeu procurando ampliar o raio de atuação do SAC, que necessariamente

coordena as demandas que são distribuídas entre as outras áreas da empresa. Ou seja, ele sabe

que não basta haver uma preocupação interna com o atendimento no SAC, se numa outra área

demandada não há correspondência. Isso demonstra a importância do comprometimento da

empresa, e suas partes, para o exercício do papel do SAC.

Como foi visto no item 2.2.2, Lancione (op. cit., 1995, p. 24) estabelece que a aceitação do

SAC por parte dos demais órgãos da empresa configura-se como um grande desafio, podendo

ser percebido também como um fator crítico de sucesso para esta unidade organizacional.

O supervisor do SAC demonstra preparo e objetividade quando fala sobre o que ele entende

por atuação satisfatória do SAC. Primeiro, porque ele concentra sua resposta na satisfação do

usuário final do SAC, os consumidores. E depois, por correlacionar duas variáveis, críticas,

estudadas por um grande número de teorias e modelos sobre satisfação do cliente: a qualidade

percebida e a qualidade esperada. Como exemplo, o autor destaca, no tópico 2.1.1, a teoria

ZOT, por sua relevância dentro do universo de pesquisas sobre qualidade de serviços.

O terceiro e último nível tem conotação estratégica dentro do contexto do SAC porque

representa alta administração da BR. Esta instância materializa-se na função da gerência de

atendimento ao cliente (GATEND).

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O gerente de atendimento reage de forma pragmática quando chamado a opinar sobre o papel

do SAC. Além de orientar a sua resposta para a satisfação do consumidor, procura dar um tom

institucional, creditando o papel do SAC ao que seria visto de forma análoga à missão de uma

organização. Ele falou sobre consumidores (beneficiários), mas também de linhas de

negócios, produtos e serviços (objetos causais) e, em suprir necessidades satisfatoriamente

dos consumidores (objetivo principal).

Entretanto, quando instado a opinar sobre o significado de uma atuação satisfatória do SAC, o

gerente de atendimento desdobra o conceito da satisfação ao cliente, e coloca como pedra

fundamental da atuação do SAC a procura pela diminuição do hiato entre a qualidade

esperada e a qualidade percebida no atendimento.

4.3.3 PRINCIPAIS DETERMINANTES PARA QUE O SAC ATUE

SATISFATORIAMENTE SEGUNDO A VISÃO DE SEUS PROFISSIONAIS

– OPERAÇÃO, SUPERVISÃO E GERÊNCIA

O autor baseou-se nas respostas dadas sobre o significado da atuação satisfatória do SAC,

considerando-a como um objetivo central, a fim de poder estimular a identificação e a

caracterização dos principais determinantes que sirvam para o alcance deste objetivo.

A analista de tratamento de manifestações cita a prontidão e a prestatividade como atributos

importantes para a atuação do SAC. A prontidão é a qualidade de quem se mostra ágil. E a

maioria absoluta dos indicadores operacionais do SAC está relacionada ao fator temporal. A

instantaneidade e a conveniência do atendimento parecem fascinar qualquer cliente.

Por sua vez, o supervisor do SAC e o gerente de atendimento ressaltam a importância de

submeter a operação à satisfação do cliente. Os indicadores citados, tais como: as medidas de

tempo de chamada, de espera, de conversa, de resposta; os índices de produtividade, de nível

de serviço, de desistência; a aderência com o tempo previsto de atendimento; o tempo de

resolução de problema; o tempo de inoperância de sistema; o índice de rotatividade de pessoal

do SAC; o índice de chamadas que tratam de manifestações (negativas), reclamações e

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periodicamente a apuração do grau de satisfação do consumidor através de pesquisa. Todos os

indicadores revelam-se alinhados com requisitos de tempo e qualidade.

Kumar e Sahay (op. cit., 2003) concluem o seu estudo apontando a valorização do tempo

(tempo de atendimento) e a responsividade (prontidão e prestatividade) como sendo dois dos

seis principais atributos de atendimento.

Quanto aos obstáculos para o SAC atingir os seus objetivos, a analista de tratamento de

manifestações mostra-se preocupada exclusivamente com os fatores comportamentais

envolvidos na relação entre profissionais e gestores. A motivação é lembrada como elemento

importante, bem como às pressões pelo alcance de objetivos. Por outro lado, o supervisor e o

gerente ressaltam nas entrevistas itens tangíveis como pessoas, processos e tecnologia;

podendo ser fontes de dificuldade.

Apesar da preocupação da analista com os fatores psicológicos que regem as atividades do

SAC, e que encontra respaldo teórico – Armistead e Kiely, (op. cit., 2002) – o autor não

observou qualquer foco de conflito entre profissionais e gestores.

Os processos e as tecnologias mostraram-se atualizados e compatíveis com o tamanho da

empresa e com a sua posição de liderança no mercado.

A Revista do Anunciante (março, 2006, p. 48) apresenta um conjunto de entrevistas com

profissionais de SAC, destacando, entre alguns assuntos, os fatores prejudiciais ao bom

desempenho.

Daniela Rapeti, responsável pelo SAC da Bosch (empresa multinacional alemã), lembra que o

não comprometimento com o cliente é lesivo ao desempenho do SAC. Ela acrescenta que, no

dia-a-dia, isso acontece quando não se respeita o prazo acordado com o cliente, não existe

compromisso em passar a informação correta, ou não se escuta o que o consumidor tem a

dizer.

Isabel Gomes, responsável pelo SAC da Caixa Econômica Federal (instituição financeira),

enfatiza que os desencontros de informação, as dificuldades de contatos com gestores, a falta

de cultura organizacional voltada para a satisfação ao cliente, a pouco entendimento do papel

da ouvidoria e das centrais de atendimento, a falta de patrocínio mais declarado e explícito

das diretorias às atividades e níveis de autonomia e independência, ainda não são ideais em

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muitos casos. Esses pontos se confrontam com o que é considerado a boa prática de

atendimento do SAC.

A análise dos tipos de indicadores operacionais utilizados pelo SAC da BR Distribuidora, sua

organização interna e a delimitação do papel dos canais atendimento, e a tecnologia adotada

confortam os seus gestores, porque conferem um padrão moderno ao SAC da BR

Distribuidora quando comparado com outros do mercado brasileiro.

4.3.4 PRINCIPAIS PROCESSOS E TECNOLOGIAS UTILIZADOS NA

OPERAÇÃO DO SAC

O perfil receptivo confere um desenho mais simples aos processos do SAC. A classificação de

processos utilizada segue um padrão comum distinguindo primariamente dois tipos: internos e

externos. Além disso, é feita a separação entre os processos operacionais e os administrativos

ou de gestão.

O trabalho atribui esse tipo de classificação ao propósito de estabelecer referência ao

funcionamento do SAC. Neste caso, separando atividades que dependem exclusivamente de

esforços internos daquelas em que deve haver ingerência externa, ou, de outra forma,

atividades necessárias e inerentes ao atendimento, as operacionais, daquelas consideradas

secundárias, como as administrativas. Assumindo, para isso, a norma de existência de equipes

totalmente auto-suficientes.

Os processos externos são os que extrapolam os limites do SAC e envolvem agentes de outros

órgãos da empresa. Por conseguinte, dependem da colaboração destes últimos para que se

obtenha uma atuação satisfatória. Ao contrário do primeiro caso, os processos internos são os

que têm uma delimitação de atividades dentro da ambiência interna do SAC. Ou seja, como

em outros elementos organizacionais que referenciam sua caracterização por aspectos

relacionados ao controle dos fatores necessários para sua atuação, tais processos são

comparados aos externos por proporcionarem em autonomia a seus membros.

Os processos internos são desenvolvidos para maior parte dos atendimentos, no primeiro nível

de atendimento, pois este nível trabalha com as manifestações mais simples, ou mesmo

aquelas que podem ser solucionadas imediatamente, sem a necessidade da participação de

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outra área da BR. Já os processos externos encontram lugar no segundo nível de atendimento,

porque, diferentemente do atendimento anterior, esse nível de atendimento só é chamado a

participar quando o primeiro não consegue responder à demanda. Ainda sim, existem casos

extraordinários como o do consumidor tentando saber informações técnicas de produtos. Para

essa situação, a chamada é transferida para o segundo nível e é respondida por um

especialista.

Em adição, pode-se enfatizar que os processos operacionais relacionam-se efetivamente com

as atividades de atendimento. Seus agentes encontram-se organizados em equipes, as quais

têm a função de prestar atendimento, em primeira ou segunda instância. Por outro lado, os

processos administrativos ou de gestão estão associados à função de gestão de pessoas.

Normalmente, o SAC compreende um número expressivo de profissionais e há necessidade

de administrar esse contingente in loco.

Para efeito de discriminação dos processos operacionais, estes podem ser considerados

contemplando as seguintes atividades: supervisão, atendimento, registro, monitoramento e

controle. Pode-se observar que os processos operacionais abrangem aspectos dos processos

internos e externos. Por sua natureza, focada na atuação direta dos agentes do SAC, os

processos operacionais requerem cuidado dos analistas de tratamento de manifestações. A

questão de abrangerem participantes externos exige atenção redobrada dos gestores do SAC.

No que tange aos processos administrativos ou de gestão, cresce em importância o papel das

lideranças do SAC para motivar e cobrar o cumprimento dos objetivos operacionais. Quanto a

isso, a ação da gestão pode ser representada pelo processo de premiação por mérito e

desempenho.

As tecnologias do SAC da BR Distribuidoras podem ser consideradas como no ‘estado da

arte’. Nos últimos anos a empresa vem apresentando bom desempenho e, sob a orientação da

empresa controladora (PETROBRAS), investe intensamente em tecnologia da informação.

Cita-se o exemplo de que o aplicativo de CRM, do software de ERP (já em sua segunda

geração – ERP II), do software de armazenagem de dados e geração de ‘inteligência de

negócio’ (Data Warehouse e Data Mining44), gerenciamento de mensagens e tarefas e demais

44 Data Mining ou Mineração de dados é o processo de varrer grandes bases de dados à procura de padrões como regras de associação, seqüências temporais, para classificação de itens ou agrupamento (clustering). Esse é um tópico recente em ciência da computação mas utiliza várias técnicas da estatística, recuperação de informação, inteligência artificial e reconhecimento de padrões.

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tecnologias de apoio; todas estão atualizadas em sua última versão disponível

internacionalmente. Todas essas ferramentas estão disponíveis através da Internet, ou seja, o

funcionário ou o colaborador pode acessar as informações do computador do escritório ou

mesmo de um computador de bolso em qualquer lugar. Quanto mais se desenvolvem as

tecnologias de transmissão de dados e imagens, maiores tornam-se as possibilidades para uso

desse conjunto de tecnologias. Já existem inclusive projetos, dentro do Sistema

PETROBRAS, para criação de ambientes colaborativos com o uso de PADs45.

Alguns aspectos chamam a atenção quando comparamos os projetos de implementação de

novas tecnologias de informação BR Distribuidora com os de outras grandes empresas. A

magnitude surpreende tanto em escala como em profundidade. Provavelmente, esses projetos

do Sistema PETROBRAS poderão gerar, para a BR Distribuidora, uma vantagem competitiva

tecnológica jamais vista dentro da indústria.

Chauvel et al. (2003) concluem evidenciando que a maior contribuição para a natureza

estratégica do SAC é o esforço empregado para integrá-lo ao restante da empresa. Por um

lado, é um sinal da importância dada ao papel e à atuação do SAC pela cúpula da empresa.

Por outro lado, transmite a idéia de que as informações dos consumidores poderiam ser vistas

como oportunidades para serem usadas por toda a empresa e não como ameaças para serem

distribuídas como num segredo.

4.3.5 BALANCEAMENTO DO NÍVEL DE MOTIVAÇÃO DO PESSOAL

VERSUS PRESSÕES PELO CUMPRIMENTO DE OBJETIVOS

OPERACIONAIS, DENTRO DO SAC

O SAC da BR revelou-se um ambiente agradável e ameno, podendo ser citado um fato que

corrobora esta afirmativa: quando da contratação da PC Service pela BR Distribuidora, os

profissionais terceirizados do SAC desligaram-se voluntariamente da antecessora da PC

45 PAD - Personal Digital Assistant, também chamado de handheld, é um computador de dimensões reduzidas (cerca de A6), dotado de grande capacidade computacional, cumprindo as funções de agenda e sistema informático de escritório elementar, com possibilidade de interconexão com um computador pessoal e uma rede informática sem fios - wi-fi - para acesso ao correio eletrônico e à Internet.

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Service, para serem contratados pela PC Service. Esse fato evidencia o interesse mútuo em

manter as mesmas equipes no SAC.

A dimensão da estrutura e o ambiente ‘intimista’ trazem consigo as vantagens da construção

de relacionamentos pessoais mais estruturados. Havendo grande interesse na manutenção

deste espírito de grupo. Não somente o tamanho da operação favorece, mas também a

qualidade dos recursos disponíveis para o trabalho.

A cobrança pelo alcance dos objetivos operacionais faz-se naturalmente através de reuniões

em grupo ou individualmente. Aspectos comportamentais são avaliados já no recrutamento e

na seleção do profissional. Como esses processos estão sob o controle da empresa

terceirizada, pouco pode fazer a BR Distribuidora, além de reportar suas impressões sobre o

desempenho das equipes.

O treinamento é realizado com freqüência menor do que o habitual em outros SACs, elemento

observado quando se encontra um grupo com pouca rotatividade de pessoal. Nada obsta,

sempre que se julgue necessário, a que sejam realizados eventos de caráter técnico-educativo.

A comunicação flui com facilidade, propiciando uma atmosfera para o aprendizado informal.

O sistema de avaliação e recompensas mostra-se adequado, na medida em que informa o

profissional de que sua avaliação será resultado do desempenho individual e dos objetivos

acordados com a BR Distribuidora.

O envolvimento dos gestores exerce influência para formação de um quadro favorável ao

amortecimento da pressão pela obtenção de resultados. Delery e Doty (1996, p. 5 apud

Halliden e Monks, 2005, pp. 371-372) consideram o relacionamento entre a estratégia de

negócio e a natureza do canal de atendimento ao consumidor aplicada nos SACs. Eles

distinguem três diferentes tipos de centros, com regimes de emprego compatíveis, que fazem

gerar três modelos ideais de SAC: transacional e de controle de custos; com práticas de gestão

de pessoas periféricas, medianas e pseudo-relacionais; e, de gestão de alto comprometimento

e relacional.

Por tudo o que foi escrito anteriormente, o autor consegue associar o SAC da BR

Distribuidora ao tipo voltado para gestão de alto comprometimento e relacional.

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4.3.6 INFLUÊNCIA DA TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS NA ATUAÇÃO DO

SAC

O autor não encontrou nenhuma evidência ou elemento que se configure como influência

‘significativa’ da terceirização de processos na atuação do SAC. A estrutura da BR

Distribuidora e a conjuntura de negócios apresentaram um forte apelo para a terceirização dos

processos do SAC.

O primeiro aspecto tem natureza legal, dado o perfil institucional da BR, que a impede de

contratar a esmo. O segundo revela uma inadequação entre a remuneração média de mercado

dos atendentes e o plano de cargos e salários da empresa. A remuneração média da empresa

para um iniciante é bastante superior ao percebido por estes profissionais. O terceiro surge na

intenção da empresa em selecionar pessoal com nível técnico inferior para funções fora do rol

de suas atividades principais.

Embora apareçam obstáculos de caráter jurídico e administrativo para uma intervenção

gerencial direta sobre as equipes e maior interação dos atendentes com a BR Distribuidora.

Este contato é sempre mediado por um supervisor da empresa terceirizada. Nesse aspecto,

considera-se perda de velocidade de ação por parte da gestão do SAC.

Além disso, podem ser contemplados elementos com grau de influência psicológica que é

gerada na percepção e na ação dos atendentes, por não se enxergarem partes efetivas da

empresa, e sim meros coadjuvantes. Talvez isso explique a razão para a empresa ter escolhido

um escritório fora dos limites de seu escritório principal. Outro fato pode ser listado como

elemento diferenciador de uma operação terceirizada, e, por isso, ser alvo de

acompanhamento. Processos de gestão de pessoal, como o recrutamento e a seleção, o

treinamento, a remuneração e os sistemas de recompensa estão fora da influência (rotineira)

direta da BR Distribuidora, a qual deve criar mecanismos de controle e acompanhamento

através da celebração de acordos e contratos com a prestadora do serviço.

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4.3.7 CONTRIBUIÇÃO DO SAC PARA O ALCANCE DOS OBJETIVOS

GLOBAIS DA ORGANIZAÇÃO

Como foi dito anteriormente, não somente a BR Distribuidora mas também todo o Sistema

PETROBRAS vêm sofrendo rápidas transformações para se alinham às tendências da

indústria petrolífera.

A tendência marcante é o efeito provocado pela globalização dos negócios. O mais evidente é

o recrudescimento da concorrência, obrigando as empresas a ter sempre em plano o aumento

de sua participação de mercado e avaliação criteriosa de sua infra-estrutura logística. Decerto,

a propalada escassez futura do petróleo, a questão ambiental e os assuntos regulatórios

governamentais também aparecem na ordem do dia destas empresas.

Mas, diante do cenário mais competitivo, a criação de vantagens competitivas apresentam-se

como fatores cruciais ao desenvolvimento continuado das atividades. Dentre essas vantagens,

a que se mostra mais acessível e controlável é a que trata de orientar as ações e as práticas dos

seus colaboradores, seja funcionários efetivos, agentes terceirizados seja parceiros de negócio.

É a formação de uma cultura voltada para os objetivos da empresa e o maior deles é, sem

dúvida, a satisfação do cliente (consumidor). É a satisfação do cliente que fundamenta todos

os demais objetivos.

A satisfação do cliente, primariamente, só pode ser alcançada com um processo efetivo de

comunicação entre a empresa e seus consumidores. Sendo assim, somente a comunicação,

aliada à capacidade de armazenamento e processamento de dados das novas tecnologias, gera

diferenciais competitivos quanto ao processo de identificação e de conhecimento dos

consumidores. Essa prática é denominada gerenciamento da informação do consumidor, que,

sob uma perspectiva duradoura e rentável, de longo prazo, assume o nome de gerenciamento

do relacionamento com o cliente, ou seja, o CRM, a gênese do SAC moderno.

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5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

O Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da BR Distribuidora pode ser considerado

um órgão importante para os objetivos empresariais; contudo, o seu papel é estritamente

operacional. Essa afirmação ganha força à medida que possamos entender a estrutura de

funcionamento da empresa.

A BR Distribuidora conta com cinco canais de relacionamento, com escopo e desenho bem

definidos. Citam-se, além do SAC, a Central de Atendimento (CAT), a Ouvidoria, a

Assessoria Comercial e as suas Unidades de Negócio; cada órgão com um público específico.

Assim sendo, pode-se destacar, grosso modo, três grandes públicos: os clientes da BR

Distribuidora; os consumidores de produtos e serviços da rede de postos de serviços; e o

público em geral, formado por pessoas interessadas nos negócios da empresa.

Os clientes da BR Distribuidora pertencem a um segmento de clientes que se identificam pelo

seu volume de consumo. Desse grupo fazem parte as instituições públicas ou privadas que

compram grandes quantidades de produto e serviços, ou inúmeros parceiros de negócios da

BR – revendedores de produtos da BR, da sua rede de postos de serviços com unidades

espalhadas por todas as regiões do país. Para esse público existem três canais de

relacionamento que apóiam suas atividades: a Central de Atendimento (CAT), no caso das

unidades de postos de serviços, fornecendo informações sobre preços, rotas de entrega e

coletando ordens de compra e abastecimento; a Assessoria Comercial, formada por um

conjunto de órgãos de assessoria comercial distribuídos geograficamente pelas gerências

responsáveis pelo atendimento a rede de postos, dando suporte ao formato comercial da

unidade de venda (posto de serviço); e, por último, as Unidades de Negócio, que, por

definição, caracterizam-se por serem centro de resultados e, dessa maneira, possuem a

atribuição de negociar produtos e serviços para públicos particulares; como exemplo, pode ser

citada a Gerência de Grandes Consumidores.

Os consumidores de produtos e serviços da BR Distribuidora apresentam-se num contingente

muito maior, pois eles são identificados com o mercado varejista ou com o que se

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convencionou chamar pequeno consumidor final. Toda a percepção de marca da BR é vista no

âmbito da revenda. Daí o significado do apoio da BR Distribuidora aos seus parceiros de

negócio e o processo de comunicação intenso com o mercado.

Com isso, embora a empresa possuía vários canais de relacionamento, pode-se enfatizar o fato

de o SAC dar a impressão de ter o maior potencial para difundir atributos de imagem. Por

suas características físicas, pela amplitude do seu público e pela natureza do seu papel.

Quanto à atuação, o SAC apresenta-se num quadro evolutivo pontuado pelo avanço das

possibilidades da tecnologia da informação. Poucos órgãos da administração têm apresentado

tanta velocidade de variação de processos quanto o SAC. A complexidade dos seus negócios é

ditada pelos níveis de interatividade que se possa obter com o consumidor.

Esses níveis de interatividade não estão orientados exclusivamente pela variável tecnológica,

mas, por certo, de forma cabal, pela variável humana. Tem-se muito a aprender sobre como

interagir melhor com o mercado, compreender as necessidades dos consumidores, e poder

satisfazê-las, e conduzir naturalmente as relações entre a empresa e seus clientes com

qualidade e longevidade.

E não apenas por isso; não é plausível estruturar e combinar estratégias dispendiosas que

objetivem a construção de relacionamentos mutuamente vantajosos, se, no âmbito interno da

empresa, essas iniciativas não adquirem qualquer conotação real de atendimento satisfatório

na forma com que os indivíduos ou os órgãos se relacionam ou buscam resolver problemas

comuns à empresa.

Os agentes das empresas, especialmente seus gestores, estão propensos a minimizar a variável

humana, à medida que se desenvolvem novas tecnologias. Deste trabalho, pode-se extrair o

muito a fazer neste campo. A variável humana parece sobrepor-se às demais, tanto o processo

quanto a sua principal ferramenta: a tecnologia. Esta última, nos dias de hoje, é condição

necessária, contudo não é suficiente.

O desempenho do processo, por sua vez, é dirigido pela capacidade de serem harmonizadas as

variáveis humana e tecnológica. O desenho do processo deve levar em consideração o perfil

profissional, o regime de emprego e as oportunidades para uso da tecnologia.

As possibilidades crescem com o viés integrador da tecnologia. O processo tende a não ficar

restrito às instâncias da empresa, mas parece poder abarcar outras estruturas, estejam elas

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dentro ou fora da empresa, na mesma circunscrição territorial ou mesmo em qualquer parte do

planeta.

A atuação do SAC da BR Distribuição obedece a muitas dessas premissas, regendo-se pelas

tendências oriundas do paradigma tecnológico. O projeto Sinergia, no qual a BR está inserida

não tem qualquer paralelo de registro na literatura sobre negócios. Estão estimados

investimentos na ordem de 260 milhões de dólares americanos para um processo que

envolverá 11 empresas do Sistema.

Sua posição na organização pode ser percebida como resultado de uma necessidade de

negócio, ou seja, o de interagir com os clientes para o fornecimento de informações sobre

preços, ordens de compra, datas de entrega e acompanhamento de pedidos.

Nota-se que, de início, houve a conveniência de aproximar as duas áreas, e, por isso, o

posicionamento surgiu na área de logística, reconhecida por sua importância no negócio de

distribuição de combustíveis. Para os leigos, esse fato poderia subentender pouco interesse

por parte da empresa em conhecer o viés estratégico da implantação do SAC. Mas, pela

natureza do negócio da BR, o seu SAC encontra-se dentro de uma função tão ou mais

importante que a área de marketing da empresa.

O trabalho conclui entendendo que pode ser alterado esse posicionamento, no tempo

necessário para perceber-se que um posicionamento mais próximo à área de marketing seria

vantajoso, ou mesmo numa função criada para este fim, como também num nível mais

elevado dentro da empresa. Tal decisão certamente será resultado da reflexão e da avaliação

de todos os investimentos realizados e seus respectivos retornos.

A terceirização trouxe particularidades para análise e não deixaria de constar das

considerações finais. Essa é outra grande tendência dos negócios da indústria. Assume nomes

diferentes e arranjos diferenciados, que, por fim, revelam o caráter do ‘comprar pronto’. O

próprio conceito de integração vertical na indústria de petróleo sugere a idéia de encaixe de

atividades desenvolvidas por organizações distintas.

É uma estratégia que fortalece a máxima capitalista de obter mais com menos. O conceito

principal por trás da terceirização é o de flexibilidade organizacional, moldando-se as mais

diversas situações encontradas, num prazo ínfimo, se comparado a outras formas de

organização que envolvam o uso intensivo de recursos próprios.

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Não obstante isso, a flexibilidade atingida tem que vir acompanhada da obediência de alguns

preceitos legais, principalmente os de ordem trabalhista, para legitimar os resultados

produzidos. O SAC da BR Distribuidora consegue ter um modelo eficaz que atende aos seus

objetivos imediatos e aponta para o aperfeiçoamento de suas práticas, que se dará em função

das necessidades e oportunidades de negócio.

A influência da terceirização de processos na atuação do SAC da BR Distribuidora é mínima

em face do seu perfil e do ambiente em que ela opera. As vantagens da terceirização superam

em muito às desvantagens da implementação da estratégia.

A dissertação depreende que, com mais freqüência, serão pesquisados os SACs, não somente

pelo seu caráter econômico, mas também por sua relevância social. Hoje, os SACs

representam um grande foco de criação de empregos, tanto nos países em desenvolvimento

como em todo mundo capitalista.

Os números indicam uma tendência crescente de geração de empregos no Brasil. A Revista

Isto É Dinheiro, na edição do dia 09 de agosto de 2006, sobre a matéria de capa, projeta, para

o ano 2010, um universo de aproximadamente um milhão de pessoas empregadas dentro dos

SACs brasileiros (p. 68).

Poderia se achar que essa tendência é uma onda, ou mesmo, quando foi concebido, que o SAC

continua expandindo sua utilização como corolário da necessidade de um canal para dar

acomodação as insatisfações dos consumidores. Entretanto, como quase tudo na iniciativa

privada, ele apareceu como resposta para a sociedade, e, desde então, vem transformando-se

saindo de uma posição conceitual meramente operacional para uma posição que se confunde

com os mais estratégicos objetivos da organização moderna.

Segundo Parasuraman (2004, p. 49), a tecnologia foi inserida nos processos das áreas de

serviço ao consumidor a partir de 1996, com o desenvolvimento do conceito de ‘prontidão

tecnológica’ (TR46), que se refere à propensão das pessoas em adotar e usar tecnologias para

alcançar objetivos no ambiente de trabalho e doméstico.

Sem contudo caracterizar um paradoxo cíclico de causa e efeito, mas ainda contemplando um

caráter cíclico, o SAC nasceu de uma demanda social, vem adaptando-se às demandas

empresariais e revigorando-se no apelo social baseado na cidadania do consumo, o que o

46 Technology Readiness.

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induz a novas reflexões sobre o seu papel e a sua atuação, que, por sua vez, ensejam novas

necessidades empresariais, criando uma dinâmica em forma de espiral. Esse efeito é

ocasionado em especial pelo vetor da competição, que possui dinâmica própria, e é

impulsionado mormente pela questão da globalização e da cidadania.

Destarte, poderia ser desenhada a trajetória evolutiva do SAC como sendo uma espiral, caso

ela estivesse limitada a um plano unidimensional de atuação quanto aos fatores que

determinam a sua dinâmica. Todavia a sua atuação é definida e redefinida também em função

da tecnologia e da habilidade organizativa da empresa. E a História confirma a natureza

paradigmática da tecnologia. Isso pressupõe novas possibilidades de mudança, em níveis de

utilização diversos quanto à interatividade empregada pelo SAC para alcançar os seus

objetivos. Notando-se que esses objetivos tornam-se mais ambiciosos à medida que a

tecnologia consegue transpassar os limites para aquisição e manipulação de conhecimento do

consumidor tendo em vista a maximização da sua satisfação.

Daí advém a lógica que traduz a rápida expansão do SAC e o reconhecimento por parte das

empresas de sua potencialidade. À proporção que há um barateamento das tecnologias e um

aumento de produtividade, urge buscar entender que novas empresas se sentirão estimuladas a

estruturar um SAC, diretamente, ou através de terceiros.

A Revista Consumidor Moderno (p. 110), na edição de maio de 2004, relata que o SAC

inaugurou a ‘era on demand47’, que consiste na empresa pagar pelo uso (tempo) da tecnologia

ao invés de adquirir e manter toda a infra-estrutura de TI. A diretora da Altitude Software,

empresa que opera o negócio, precisou o benefício: “A solução favorece tanto a mudança do

modelo para pequenas empresas quanto a expansão da operação para empresas grandes que

têm diversas tecnologias”.

O trabalho sugere, como novos temas de pesquisa, a ampliação do conhecimento sobre os

impactos no desempenho do SAC causados pelos fenômenos comportamentais. Tal questão

está entremeada de mitos e falácias, e merece atenção por parte dos pesquisadores. Como já

foi dito, nenhuma variável dominante permanece sendo o ser humano. Esta dissertação

constatou que muito pouco foi produzido com este tema. O ambiente do SAC possui

especificidades, mas ainda, sim, suscita idéias que têm como pano de fundo um viés

preconceituoso, que compara o regime de trabalho do SAC a regimes ultrapassados que datam

do início do século passado – o que pode significar a negação dos princípios que associam o

47 Em português, em demanda.

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SAC à filosofia e à estratégia de CRM, relegando a um plano inferior o paradigma do

marketing de relacionamento.

Outra nuance que pode ser explorada é o significado, mensurado através do retorno financeiro

ou de imagem, de um investimento em tecnologia de informação que pressuponha a

centralização do armazenamento e processamento dos dados do consumidor tendo por base o

SAC. Tão mais complexa a integração mais interessantes podem ser seus resultados. Não

somente para as empresas de um mesmo grupo, mas sobretudo, para aquelas organizações

dispostas a se associarem em diferentes arranjos empresariais e também a criarem novas

oportunidades para outras de pequeno e médio porte. Nesse cenário, o conceito de

gerenciamento da informação tende a desaparecer e ceder lugar à inteligência competitiva.

O impacto causado por essas tecnologias sobre o SAC e o surgimento de novas possibilidades

de ordem processual podem levar a uma precisão maior da formulação, bem como da medição

dos indicadores do SAC. Nada obstante, poderiam ser correlacionadas essas mudanças de

processo ao refinamento dos atributos de satisfação do consumidor.

O papel (ou missão) do SAC poderia ser objeto de um estudo minucioso. Isso pode ser levado

a efeito a partir da geração de modelos que contemplem uma alteração do seu significado,

talvez até mesmo imaginando o aparecimento de uma unidade híbrida dentro da organização

que absorva outros canais de relacionamento, visando maior sinergia e uma comunicação

mais eficaz com o seu público acerca das filosofias, políticas e estratégias voltadas para a

excelência em atendimento. Por um lado, este conceito pode revelar-se promissor sob a

perspectiva acadêmica, porque traz maior precisão ao debate, por confrontar com o modelo

tradicional com a idéia da separação, para fins de estudo, do atendimento, como política ou

filosofia, com a função de serviços que têm por único fim a geração de transações comerciais.

Por outro lado, este estudo pode ser interessante para a perspectiva empresarial à medida que

proporciona novos elementos a futuras reorganizações ou reestruturações que envolvam o

SAC e outros canais de relacionamento.

O autor depreende que o valor contributivo deste trabalho é estimular a reflexão de

acadêmicos e de praticantes sobre o papel e a atuação do SAC, nos dias de hoje, com vista ao

melhor entendimento dos problemas e à proposição de soluções que se configurem como

sustentáveis, além de despertar a atenção para as possibilidades e as oportunidades, que

emergem do SAC e das áreas de atendimento, para criar vantagens competitivas sustentáveis

a longo prazo para as organizações.

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ANEXO I - CARTA DE APRESENTAÇÃO DO AUTOR

À

PETROBRAS DISTRIBUIDORA S.A.

Rua General Canabarro, 500

20271-905 – Rio de Janeiro, RJ

Prezados Senhores,

A Faculdade de Economia e Finanças Ibmec, tem o máximo prazer de apresentar-lhes o Sr.

Agricio Ribeiro Sampaio de Menezes, aluno, do Curso de Mestrado Profissionalizante em

Administração que esta Faculdade ministra.

Devemos informar-lhes que o referido Aluno, encontra-se atualmente trabalhando no Projeto

de Pesquisa “Papel e Atuação de um SAC Operacional e Terceirizado: Estudo de Caso do

Setor de Distribuição de Combustíveis”. Este projeto está sendo desenvolvido pelo Aluno

como Dissertação de Mestrado para ele obter o Título de Mestre.

Por todo o exposto, muito apreciaríamos que pudessem atender ao Sr. Agricio Ribeiro

Sampaio de Menezes no seu Trabalho Final de Mestrado, fornecendo-lhe as informações

por ele solicitadas.

Atenciosamente,

Delfina Sestelo y Alonso

Secretária Geral

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ANEXO II – ROTEIROS DE ENTREVISTA

1. ROTEIRO DE ENTREVISTA DA ANALISTA - REA

1. Exponha a sua trajetória de carreira dentro da área de atendimento ao consumidor?

2. Quais as pessoas ou grupos que mais influenciaram no seu processo de carreira?

3. Qual é o papel do SAC da BR Distribuidora?

4. O que é o “SAC atuar satisfatoriamente” sob a perspectiva de alguém que desempenha as

suas funções?

5. Quais são os principais determinantes para que o SAC atue satisfatoriamente?

6. Quais são os principais obstáculos para que o SAC não atinja os seus objetivos

periodicamente?

7. Quais são os principais processos internos do SAC e quais são os seus responsáveis? Em

que situação ocorre uma revisão desses processos?

8. Existe alguma influência externa para realização de uma revisão ou qualquer tipo de

melhoria de processo?

9. Qual é a melhoria que mais urge no SAC atualmente?

10. Quais são as principais tecnologias aplicadas pelo SAC para que ele possa atuar?

11. Quais os principais tipos de interação entre o SAC e os demais órgãos da empresa?

12. Quais as formas de acesso ao SAC? Qual é o meio mais utilizado?

13. Qual é o horário de atendimento do SAC? Qual é a justificativa para este horário?

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14. Como é que ocorre o processo de treinamento para os profissionais do SAC?

15. Como é que ocorre o processo de avaliação e recompensas?

2. ROTEIRO DE ENTREVISTA DO SUPERVISOR - RES

1. Exponha a sua trajetória de carreira dentro da área de atendimento ao consumidor?

2. Quais as pessoas ou grupos que mais influenciaram no seu processo de carreira?

3. Qual é o histórico de criação do SAC? Em quais circunstâncias ele foi criado? O que

originou esta ação? Quais os objetivos para tal iniciativa?

4. Qual é o perfil do SAC da BR Distribuidora? Ele pode ser considerado Ativo e/ou

Receptivo e/ou de outro tipo?

5. Caracterize a estrutura do SAC?

6. Qual é o papel do SAC da BR Distribuidora?

7. O que é o “SAC atuar satisfatoriamente” sob a perspectiva de alguém que desempenha as

suas funções?

8. Quais os principais determinantes para que o SAC atue satisfatoriamente? Quais os

principais indicadores de desempenho?

9. Quais são os principais obstáculos para que o SAC não atinja os seus objetivos

periodicamente?

10. Quais são os principais processos internos do SAC e quais são os seus responsáveis? Em

que situação ocorre uma revisão desses processos?

11. Existe algum tipo de classificação de demandas (tratamento de manifestações) dentro do

SAC? Qual é a sua abordagem?

12. Existe alguma ação para balancear o nível de motivação das pessoas com as pressões por

desempenho dentro do SAC?

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13. Como é que ocorre o processo de seleção de pessoas para trabalhar no SAC? Qual é o

perfil técnico e comportamental desse profissional? Qual é o índice de rotatividade de

pessoal no SAC? Como lidar com os aspectos relacionados à motivação das pessoas numa

situação de pressão pelo alcance de objetivos?

14. O SAC da BR Distribuidora é terceirizado (...). Existe alguma razão específica para a

adoção desta estratégia? Quais são as vantagens? Quais são as desvantagens?

15. Qual a influência da terceirização do atendimento quanto ao cumprimento do papel e

atuação do SAC?

3. ROTEIRO DE ENTREVISTA DO GERENTE - REG

1. Exponha a sua trajetória de carreira dentro da área de atendimento ao consumidor?

2. Quais as pessoas ou grupos que mais influenciaram no seu processo de carreira?

3. Qual é o papel do SAC da BR Distribuidora?

4. O que é o “SAC atuar satisfatoriamente” sob a perspectiva de alguém que desempenha as

suas funções?

5. Qual é a melhoria que mais urge no SAC atualmente?

6. Qual é a inserção organizacional do SAC dentro da empresa?

7. Quais são os outros canais de relacionamento com os consumidores? Qual é o papel de

cada um desses canais?

8. Quais os principais tipos de interação entre o SAC e os demais órgãos da empresa? Existe

alguma interação entre os canais de relacionamento com os consumidores ? Qual?

9. Qual é o grau de integração tecnológica entre o SAC e os demais órgãos da BR

Distribuidora?

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10. Há algum projeto de CRM sendo desenvolvido pela empresa? Se existe qual é o seu

significado? Este pode ser considerado como uma nova tecnologia ou pode ser

compreendido como algo diferente?

11. O SAC da BR Distribuidora é terceirizado (...). Existe alguma razão específica para a

adoção desta estratégia? Quais são as vantagens? Quais são as desvantagens?

12. Existem políticas de atendimento ? Quais são elas? Qual é o impacto que elas trazem para

a atuação do SAC?

13. Em que sentido o SAC contribui para o alcance dos objetivos globais da BR

Distribuidora? Qual é a sua natureza de ação (operacional/ tática/ estratégica)?

14. Em que medida os outros órgãos da empresa utilizam as informações geradas no SAC

para aperfeiçoar seus processos, práticas e estratégias?

15. Os demais órgãos da empresa participam da avaliação de desempenho global do SAC?

Como?

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ANEXO III – GUIA DE ENTREVISTA

1. Carreira na Área de Atendimento

• Apresente os principais aspectos de sua carreira na área de atendimento.

• Sua carreira na área de atendimento foi influenciada por alguém ou por alguma

instituição? Por quem ou o quê?

• Você participa de processo de recrutamento e seleção? Com que freqüência?

• Qual é o perfil ideal de alguém que trabalha na área de atendimento ao cliente? E no

SAC particularmente?

• Quais são as principais habilidades técnicas? E comportamentais?

2. Papel do SAC

• Qual é o papel de um SAC? Qual é o papel do SAC da BR Distribuidora?

• Existe alguma diretriz interna da BR para comunicar o papel do SAC?

• Houve alguma mudança no papel do SAC desde a sua criação? Quando? Por quê?

• Qual é a natureza do SAC – operacional, tático ou estratégico? Por quê?

• Por que o SAC está subordinado à área de operações e logística?

3. Determinantes para Atuação do SAC

• Quais são os fatores determinantes para uma atuação satisfatória do SAC?

• Existe algum determinante que não esteja sob o controle do SAC ou da BR?

• Quais são os indicadores operacionais do SAC?

• Quais são os atributos de satisfação do cliente dentro do SAC?

• Existe alguma pesquisa de satisfação realizada com usuários do SAC?

• Quais são os fatores que dificultam a atuação do SAC?

4. Processos e Tecnologias do SAC

• Quais são os processos desenvolvidos dentro do SAC?

• Qual é a tipologia de processos utilizada pelo SAC?

• Qual é o grau de autonomia por parte do SAC?

• Há necessidade de colaboração das demais áreas da organização? Como?

• Quais são as tecnologias aplicadas na execução dos processos do SAC?

• Qual é o grau de integração tecnológica do SAC com outras áreas da empresa?

• Existe algum projeto de tecnologia em curso capaz de reformular o papel ou a atuação

do SAC? Como?

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• Quais são as tecnologias aplicadas nos processos do SAC?

5. Motivação e Pressão no SAC para Alcance dos Objetivos

• Como é o clima organizacional no SAC?

• Quais são os processos de gestão de pessoas dentro do SAC? Quais são os seus

responsáveis?

• Como se desenvolve o processo de recrutamento e seleção dos profissionais?

• Como se desenvolve o processo de treinamento dos profissionais?

• Como se desenvolve o processo de recompensa e premiação dos profissionais?

• Quais as situações que mais afetam o grau motivacional das equipes?

• Como se dá o balanceamento entre a motivação das equipes e a pressão pelo

cumprimento de objetivos?

6. Influência da Terceirização na Atuação do SAC

• Como se realiza o processo de terceirização de processos dentro do SAC?

• Quais são os fatores que delimitam o processo de terceirização de processos?

• Como é feito o acompanhamento e o controle das equipes? Quais são os mecanismos

para coordenação e feedback?

• Quais são os fatores determinantes para contratação de prestadores de serviços? Quem

são os responsáveis pela definição desses parâmetros?

• Qual é a influência da terceirização do atendimento quanto ao cumprimento do papel e

da atuação do SAC?

7. Contribuição do SAC para Alcance dos Objetivos

• Como estão correlacionados os objetivos do SAC e os objetivos estratégicos da BR

Distribuidora?

• Existem programas, políticas ou filosofias de atendimento dentro da BR? Quais são

elas?

• Quais os impactos que trazem para a atuação do SAC?

• Qual é a papel do SAC no desenvolvimento de uma nova filosofia de atendimento?

• Em que sentido o SAC contribui para o alcance dos objetivos globais da BR

Distribuidora? Qual é sua natureza de ação (operacional/ tática/ estratégica)?

• Como o SAC pode ser visto como órgão estratégico para o alcance dos objetivos

globais da BR Distribuidora?

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• Qual é a participação dos demais órgãos da BR Distribuidora na avaliação e na

orientação das ações do SAC?