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VOLUME 2 — 2013

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Botonissimo Vol 2

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  • VOLUME 2 2013

  • BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 2 2013 UBIRAJARA GODOY BUENO

    2

    BOTONSSIMO

    O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA

    VOLUME 2

    Ubirajara Godoy Bueno

    2013

  • BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 2 2013 UBIRAJARA GODOY BUENO

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    CAPA. Elaborada e criada por Ubirajara Godoy Bueno exclusivamente para o Botonssimo, volume 2 2013. A estampa justifica-se pelas vrias abordagens no livro envolvendo conceitos e equaes de fsica.

    Feitura da capa: Foram utilizadas duas reprodues de pinturas a leo para recortes e colagens. Detalhes e retoques feitos nos programas Word e Pho-toshop.

    Isaac Newton foi um personagem muito importante na histria da cincia, principalmente nas reas da fsica e da matemtica. Nascido em 1642, mesmo ano da morte do fsico Galileu Galilei, em uma pequena cidade locali-zada na Inglaterra, Newton foi um gnio da sua poca. Alm de fsica e matemtica, ele estudou filosofia, astro-nomia, alquimia, teologia, astrologia entre outras cin-cias. Ele, juntamente com vrios outros cientistas e pen-sadores da poca, acreditavam que o estudo dessas cin-cias possibilitaria a compreenso e estudo dos fenmenos naturais. Newton ficou muito conhecido por todos os trabalhos, pesquisas e investigaes experimentais que realizou. As investigaes experimentais eram cheias de rigor mate-

    Retrato de Isaac Newton (1702), por Sir Godfrey Kneller

    Imagem original Imagem original

    Imagem original

    Amigos retrato de Anglica e Antonio Monges, por Jacques-Louis David

    Pinturas-fonte: Gnios da Pintura Editora Abril.

    Boto modelo argola. (exemplar nico acer-vo do autor).

    (fundo da fotografia esco-lhido para obter semelhan-a com a roupa do retrato).

    Resultado

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    mtico, e se tornaram um verdadeiro modelo de investigao para as cincias dos scu-los posteriores. Dentre os muitos trabalhos que Isaac Newton elaborou, podemos citar: o desenvolvimento da srie de potncia de um binmio, que hoje conhecido pelo no-me de binmio de Newton; a criao e desenvolvimento do clculo diferencial e clcu-lo integral, o que uma ferramenta muito importante para o estudo dos fenmenos fsi-cos alm de ser ele o criador dessa ferramenta, foi tambm ele quem a utilizou pela primeira vez; o estudo sobre os fenmenos ticos que possibilitaram a elaborao da teoria sobre a cor dos corpos; o estudo das leis dos movimentos, lanando as bases da Mecnica; o desenvolvimento das primeiras ideias sobre a Gravitao Universal.

    Por Marco Aurlio da Silva

    Esta breve biografia foi transcrita na ntegra do Site Brasil Escola (nov.-2013). (http://www.brasilescola.com/fisica/um-fisico-chamado-isaac-newton.htm)

    Vrias equaes desenvolvidas por Newton, Torricelli e outros fsicos, foram utilizadas neste livro.

    A fsica no futebol de mesa ?

    Quando um esporte se torna popular, sua perenidade garantida gra-as a um interesse mais consistente ao do entusiasmo passageiro esti-mulado pelo modismo, tornar-se- merecedor que sua histria seja do-cumentada, suas qualidades exaltadas e os mecanismos que regem o seu funcionamento analisados e divulgados. Se consultarmos a imensa literatura a respeito do arco e flecha, por exemplo, possvel obter informaes no apenas sobre as tcnicas do arremesso, mas como medir a flexibilidade das setas, sua velocidade, conhecer os efeitos do atrito provocado pelo ar, os materiais que com-pem as lminas e a fora para retes-las correlaciona com a potncia do equipamento, etc. Seria inconcebvel no se conhecer estes dados sobre um esporte com milhares de praticantes. O nosso futebol de mesa pertence a este grupo; possui uma legio de jogadores e resiste ao tempo. A esta altura de sua existncia, popula-ridade e importncia, digno de igual ateno. Seria, pois, interessante, seno fundamental, conhecermos e entendermos um pouco mais sobre algumas ocorrncias pouco estudadas e que atuam no funcionamento do jogo. Recorri fsica para o estudo destas questes.

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    Muitos contriburam com informaes para a produo deste livro, assim como foram de grande valia os registros em antigos jor-nais, revistas e outros documentos de onde compilei dados impor-tantes.

    Colaboradores para o Botonssimo volume 2 - 2013

    Agradecimentos

    Adauto Celso Sambaquy, Agnaldo Pecoraro, Cleber Roberto da Silva, Eduardo Lemos, Enio Seibert, Gerson Gesini, Igor Godoy Bueno, Gian Carlo Fortmuller. Jos Ricardo Caldas e Almeida, Luiz Carlos de Olivei-ra, Newton Foot.

    Reviso de texto: Igor Godoy Bueno. (exceto complementos)

    Os desenhos e fotografias que ilustram este livro foram produzidos pelo autor, quando no, os crditos so citados

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    Ao escrever este livro no visei qualquer retorno financeiro; justificou o meu trabalho to somente o propsito de preservar a his-tria do futebol de mesa para a posteridade, antes que o tempo a-pague irremediavelmente o que hoje ainda pode ser recolhido da memria dos botonistas mais antigos e dos registros impressos e fotogrficos cada vez mais dispersos e ilegveis. No apenas reco-lher informaes, mas analisar, selecionar, organizar e salvar de forma segura.

    Alm da histria do botonismo, outras matrias foram inclu-das, as quais julguei de interesse dos leitores. Certamente o con-tedo deste livro no esgota o muito que se tem para contar do futebol de mesa.

    Botonssimo um livro participativo

    Para incluses, complementaes, retificaes e co-mentrios, utilize o e-mail: [email protected]

    Ajude a preservar a histria do futebol de mesa.

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    Os textos e ilustraes apresentados neste livro podem ser inseridos livremente em outras publicaes, desde que o contedo no seja alterado e a fonte devidamente citada, no apenas para o cumprimento das leis dos direitos autorais, mas tambm para possibilitar o rastreamento das informaes. C-pias derivadas devem conservar os crditos da obra original. Porm, mesmo citando-se a fonte, este material no deve ser usado para fins comerciais, exceto se autorizado formalmente pelo autor.

    Ao meu inesquecvel amigo Lorival de Lima

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    NDICE (conciso)

    Capa 01

    Folha de rosto 02

    Elaborao da capa 03

    A fsica no futebol de mesa 04

    Colaboradores agradecimentos 05

    Sobre o livro 06

    ndice 08 A histria continua 10

    Reminiscncias Vicente Cassano 22

    Humor 25

    Revedo e Revisando 26

    Disco ngulo do declive 41

    Norma x Prtica 43

    Bolinhas medies 43

    Bolinhas comparaes e avaliaes 51

    Atrito bolinhas 69

    Micro Fibra 81

    O caso das bolinhas ovais 85

    Humor 87

    Botes e suas variveis 88

    Parbolas 101

    Altura do boto 107

    Correlaes 122

    Dimenses e classificaes 123

    A moda em 2013 123

    Atrito Botes 124

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    Coeficiente de atrito 130

    Comparaes entre .superfcies 137

    Avaliao do Coeficiente de Atrito 139

    A cera (crnica) 140 Modelos das equaes 141

    Como trabalho os resultados dos ensaios 149

    Coeficiente de atrito dinmico - botes mtodo 150

    Aprimoramento no equipamento de medio (coef. de restituio) 152

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    A HISTRIA CONTINUA

    Na cronologia apresentada no Botonssimo volume 1, primeira edio, publicado em 1998, o ano 1920-1922 corresponde ao mais antigo registro sobre a prtica do futebol de mesa no Brasil. Refere-se poca em que Geraldo Cardoso Dcourt, residindo no Rio de Janeiro, conheceu o jogo de boto. Na segunda edio, lanada em 2012, o ano passa a ser 1919; ocasio em que Delphin da Rocha Netto com seis anos de idade, morando em Piracicaba, SP, aprende a jogar boto com dois primos de So Paulo (obtive esta infor-mao dois anos aps o lanamento da primeira edio do Botons-simo). O historiador Enio Seibert, no seu artigo Os Primrdios do Futebol de Mesa*, volta um pouco mais no tempo e reporta o mais antigo registro ao ano 1917, fazendo meno a uma nota de Jos Ricardo Caldas e Almeida, o qual escreveu:

    (...) o registro mais antigo que j consegui sobre o futebol de mesa est no livro Campos Sales, 118 A Histria do America, de Orlando Cunha e Fernando Valle. L, em sua pgina 94:

    Outra seo organizada, esta a 22 de agosto (de 1917), foi a de futebol de mesa, que outra coisa no era seno o apreciadssimo jogo de bo-tes, responsvel por tantas horas de deleite, na infncia de todos ns. Se j existia uma seo, podemos imaginar algo mais antigo para o come-o do futebol de mesa, pelo menos no Rio de Janeiro.

    * O clube America, fundado em 1904, ainda est em atividade e localiza-se na Tijuca, Rio de Janeiro. Segundo o estatuto do clube, a palavra America, neste caso, no deve ser acentuada para preservar a grafia inglesa. Os artigos de Enio Seibert, botonista e historiador do Rio Grande do Sul, esto pos-tados no Futmesabrasil.com. ( *Nota: Ubirajara G. Bueno )

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    Este registro nos fornece duas informaes importantes:

    1a a prtica do jogo de boto no Brasil em 1917;

    2a o uso do nome futebol de mesa nesta poca.

    Vamos rever certas passagens da histria para analisarmos es-ta segunda informao.

    Em 1930, Geraldo Cardoso Dcourt criou, editou e divulgou a primeira regra organizada do futebol de boto e deu ao jogo o nome de Celotex. E antes de Celotex qual era o nome usado? Podemos supor que era futebol de botes (ou futebol de boto) e mais comumente jogo de botes (ou jogo de boto), nomes popu-lares que permanecem at hoje, apesar da denominao futebol de mesa ter sido adotada anos depois como oficial. Sabemos que an-tigamente os jogos eram realizados em pisos de cimento, ladrilhos, madeira, cho batido, em escadarias e, eventualmente, numa mesa de jantar ou num tablado construda para esta finalidade. O jogo no estava, como acontece hoje, relacionado a uma mesa para que fos-se chamado de futebol de mesa. Sendo assim, tal denominao em 1917 nos chama a ateno.

    Revendo o enunciado: Outra seo organizada, esta a 22 de agosto (de 1917), foi a de futebol de mesa. (...) (o grifo meu)

    Considerando que os autores do livro Campos Sales, 118 A Histria do America transcreveram tal qual o registro histrico do clube, me ocorrem duas hipteses para o uso desta denominao na poca:

    1a O jogo de boto estava sendo praticado no Brasil e ganhou no America um espao exclusivo. Certamente passou a ser realizado sobre mesas, condio mais condizente com os padres de esttica e organizao de um clube, alm de proporcionar maior conforto aos praticantes. Por razes obvias o nome futebol de mesa foi adotado.

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    2a Dirigentes e/ou atletas do America tomam conhecimento do futebol de mesa praticado no exterior e resolvem introduzi-lo nas ati-vidades do clube como opo de lazer. Afinal, tratava-se de uma r-plica do futebol de campo e seria interessante oferecer esta nova modalidade de jogo aos associados. O nome futebol de mesa era usado no exterior (pelo menos na Inglaterra) e foi mantido pelo Ame-

    rica. No folheto Leader de 1910, publicado na Inglaterra, observamos o uso desta deno-minao (material apresentado e discutido em trabalhos anteriores):

    Table Football Games = Jogo de Futebol de Mesa

    (Fotografia fonte: Futmesa Brasil.com (arquivo abril/2011)

    Fora do clube America, o futebol de mesa desprovido de ador-nos e de mesas, seria simplesmente jogo de boto ou futebol de boto e assim continuou (ou comeou) a se difundir no Brasil.

    Apesar do livro Campos Sales,118 A Histria do America estar esgotado, consegui adquirir um exemplar num se-bo. Ocorreu-me a possibilidade de locali-zar no livro outras passagens sobre o fu-tebol de mesa, alm da citada; o que veremos mais adiante. Trata-se de uma segunda edio de 1976 (?), a primeira foi publicada em 72.

    Autores: Orlando Cunha & Fernando Valle; Capa: Celso Mesquita; ilustraes: Carlos Augusto Simes; Reviso: Alberto de Oliveira; diagramao: Orlando Fernandes. Volume com 368 pginas. Editora Lau-des S.A., Rio de Janeiro.

    Capa (14 x 21 cm) Fotografia produzida para o Botonssimo

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    Segue o enunciado comentado neste captulo texto digitalizado na ntegra (pginas 93 e 94)

    Outra passagem interessante encontra-se na pgina 109.

    Vamos ao texto, o qual corresponde ao ano 1919.

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    (pgina 109)

    Este outro registro nos leva a supor que o futebol de mesa des-pertou o interesse dos associados e promoveu um crescimento gra-dual de praticantes. Caso contrrio, a ampliao do espao no se justificaria.

    Graas a esta nova informao a histria do futebol de mesa ganhou um valioso incremento.

    Quanto a cronologia do Botonssimo, a qual procuro atualizar a cada edio, posso encim-la com o seguinte enunciado:

    1917 Segundo os registros histricos do clube America, compilados pelos escritores Orlando Cunha e Fernando Valle e transcritos no livro Campos Sa-les, 118 A Historia do America, no ano 1917 havia uma seo para a pratica do jogo de boto.

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    E completar o enunciado com as seguintes informaes:

    o botonista Jos Ricardo Caldas e Almeida que assinala esta passagem do livro:

    (...) o registro mais antigo que j consegui sobre o futebol de mesa est no livro Campos Sales, 118 A Histria do America, de Orlando Cunha e Fernando Valle. L, em sua pgina 94:

    Outra seo organizada, esta a 22 de agosto (de 1917), foi a de futebol de me-sa, que outra coisa no era seno o apreciadssimo jogo de botes, respons-vel por tantas horas de deleite, na infncia de todos ns. Se j existia uma se-o, podemos imaginar algo mais antigo para o comeo do futebol de mesa, pelo menos no Rio de Janeiro.

    Estas informaes foram extradas do artigo Os Primrdios do Futebol de Mesa, do botonista e historiador Enio Seibert (Rio Grande do Sul) (postado no Futmesa Brasil.com.).

    Recentemente, em minhas garimpagens, consegui uma cpia xerografada de um boletim da Petlem de 1980, trazendo um depoi-mento do botonista Getulio Reis de Faria.

    Getulio Reis de Faria, nasceu em 1915 na cidade do Rio de Janeiro. Foi um grande admirador de Geraldo Cardoso Dcort, o qual veio a conhecer pessoalmente em 1980, num encontro que ficou conhecido como O Jubileu de Ouro. Getulio deu Dcourt o ttulo de O Papa do Botonismo. Dcourt ficou profundamente abatido com a morte do amigo ocorrida em 1985. (Nota: Ubirajara G. Bueno)

    Deste depoimento destaco algumas passagens:

    Combinamos ler diariamente os jornais em busca de notcias sobre o nosso esporte (o Celotex), que naquele ano (1932) comeava a ser chamado de fute-bol em miniatura ou futebol de mesa. (o grifo meu)

    Notem, que Getulio diz: (...) que naquele ano (1932) comeava a ser chamado de futebol em miniatura ou futebol de mesa.

    Isto significa que o nome futebol de mesa no era usado, e se um dia foi (no clube America) no se firmara no decorrer do tempo.

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    Esta informao de Getulio consta parcialmente na cronologia do Botonssimo volume 1 - (digo parcialmente, pois o nome futebol de mesa no citado). Vejamos:

    1932 O Celotex passa a ser chamado tambm de futebol em miniatura. (...) (Botonssimo, primeira e segunda edio)

    Graas ao depoimento de Getulio Reis de Faria o enunciado pode ser completado:

    1932 O Celotex passa a ser chamado tambm de futebol em miniatura ou futebol de mesa. (...) (tudo indica que o nome futebol de mesa no se consoli-dou, pois em 1941 (ou por volta deste ano) esta questo seria alvo de ateno). Tam-bm no se consolidou em 1917, conforme j visto nas citaes sobre o clube America.

    Em outra passagem do depoimento de Getlio temos:

    Mais tarde, nas regras oficiais do Foot-Ball Celotex, Jurandir da Silva Marques, introduziu modificaes, com a concordncia do autor das regras (Dcourt) e a aprovao de todos os praticantes. Substituda a palavra Celotex por de Me-sa. Passei a lutar (no bom sentido), para que se chamasse futebol de mesa, porque aqui no Rio... (...)

    Na cronologia do Botonssimo, vol.1, constam estas informaes, mas tambm incompletas (supe-se que o ano seja 1941, ou pouco mais):

    1941 (?) Jurandir da Silva Marques introduz modificaes nas regras Celotex. - No foi possvel obter detalhes sobre tais modificaes, pois, o prprio D-court (autor das regras Celotex), nada sabia a respeito deste fato). (Botonssimo, primeira e segunda edio).

    Como no caso anterior, levando em conta o depoimento de Ge-tlio, os enunciados carecem de complementos:

    1941 (?) Jurandir da Silva Marques introduz modificaes nas regras Celotex. Estas alteraes envolveram tambm mudar o nome Foot-ball Celotex para Futebol de Mesa. - No foi possvel obter detalhes sobre tais modificaes, pois, o prprio D-court (autor das regras Celotex), nada sabia ou recordava-se sobre este fato).

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    possvel que Dcourt tenha se esquecido de tais modifica-es, apesar da sua admirvel memria. Afinal, conforme meu ca-derno de apontamentos, conversamos em 1994 sobre este aconte-cimento que ocorrera h 53 anos.

    Ora, se Getlio informa que em 1941 procurou-se mudar futebol Ce-lotex para futebol de mesa, isto confirma que em 1932 tal denominao no se efetivou (pelo menos no Rio de Janeiro). possvel que o nome futebol de mesa passou a ser cada vez mais usual somente a partir da dcada de 40 ou 50.

    Os dois itens da cronologia parecem, agora, melhor descritos. Mas observem os leitores que fica entendido, segundo os enuncia-dos, que o nome futebol de mesa (juntamente com futebol em mi-niatura), comeou a ser adotado a partir de 1932 (ou pelo menos houve uma tentativa para isto), como se esta denominao tivesse sido criada a partir desse ano. Na verdade, conforme visto, o nome futebol de mesa j havia sido usado em 1917. fundamental, pois, esclarecer esta questo considerando o registro histrico do clube America. Faz-se necessrio o seguinte adendo:

    Salienta-se que o nome futebol de mesa j tinha sido usado em 1917 pelo clube America, mas por muitos anos prevaleceram as denominaes populares futebol de boto ou jogo de boto.

    Pronto. Com o depoimento Getulio e o registro histrico do America, ambos devidamente interagidos, foi possvel fazer ajustes na descrio destas passagens na histria do futebol de mesa, tor-nando os enunciados mais claros e verazes.

    Procurei mostrar aos leitores o trabalho de pesquisa. Fios sol-tos, s vezes emaranhados, que devem ser separados, identificados e posicionados corretamente no tear onde outros teceles se debru-am empenhados em tecer gradativamente a estampa que mostra a histria no nosso futebol de mesa. Obviamente o grau de resoluo de tal urdidura depende da quantidade e confiabilidade da matria prima disponvel.

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    Redao final:

    Como fica a cronologia atualizada do Botonssimo com base nas informaes obtidas, interpretadas e correlacionadas:

    1917 Segundo os registros histricos do clube America, compilados pelos escritores Orlando Cunha e Fernando Valle e transcritos no livro Campos Sales, 118 A Historia do America, no ano 1917 havia uma seo para a pratica do jogo de boto.

    o botonista Jos Ricardo Caldas e Almeida que assinala esta passa-gem do livro:

    (...) o registro mais antigo que j consegui sobre o futebol de mesa est no livro Campos Sales, 118 A Histria do America, de Orlando Cu-nha e Fernando Valle. L, em sua pgina 94:

    Outra seo organizada, esta a 22 de agosto (de 1917), foi a de fute-bol de mesa, que outra coisa no era seno o apreciadssimo jogo de botes, responsvel por tantas horas de deleite, na infncia de todos ns. Se j existia uma seo, podemos imaginar algo mais antigo para o comeo do futebol de mesa, pelo menos no Rio de Janeiro.

    Estas informaes foram extradas do artigo Os Primrdios do Futebol de Me-sa, do botonista e historiador Enio Seibert (Rio Grande do Sul) (postado no Futme-sa Brasil.com.).

    1919 Delphim Ferreira da Rocha Netto, com seis anos de idade, mo-rando em Piracicaba, SP, conhece o futebol de boto em 1919. Apren-deu o jogo durante a visita de dois primos vindos de So Paulo. o segundo registro mais antigo sobre a prtica do futebol de mesa no Brasil (conhecido pelo autor).

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    1920 1922 Geraldo Cardoso Dcourt, com 9 - 11 anos de idade, residindo no Rio de Janeiro , aprende a jogar botes com os irmos Higino e Francisco Mangini. Fato da maior importncia, pois, nascia no ento pequeno Dcourt um grande amor pelo jogo, o que o levaria a ser um dos mais esforados divulgadores do futebol de mesa nos anos vin-douros.

    Por ocasio de minhas entrevista com Dcourt, disse-me ele que havia aprendido a jogar boto com 11 anos de idade, ou seja em 1922 (Dcourt nasceu em 1911). Porm, em seu livro Aconteceu Sim, pgina 125, cita que tomou conhecimento do jogo com 9 ou 10 anos (1920 ou 1921, respectivamente). Em outro livro Farra Alforria no captulo C com meus botes, pagina 126, Dcourt informa que aprendeu a jogar com 9 anos de idade, motivado pelo Campeonato Sul Americano de Futebol (este campeonato foi realizado em maio de 1919). Diante disto, parece-me sensato no precisar o ano, mas considerar uma data entre 1920 e 1922.

    1929 - 1930 Dcourt empresta ao jogo de botes o nome de Celo-tex, devido ao material usado para a confeco das mesas, que tinha este nome e era importado de Chicago da The Celotex CO. realizado um Campeonato Nacional de futebol de mesa na cidade do Rio de Ja-neiro. Dcourt sagra-se campeo representando o clube Nacional Celo-tex, recebendo a Taa Odalisca na redao de O Cruzeiro.

    1930 O jogo de botes, agora Celotex, recebe um importante be-nefcio quando Dcourt publica suas regras primeiro material do gnero. Dcourt intensifica seu trabalho no sentido de promover o jogo em todo o pas, fazendo sua divulgao na imprensa atravs de vrios jornais da ento Capital Federal.

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    1932 O Celotex passa a ser chamado tambm de futebol em minia-tura ou futebol de mesa. (tudo indica que o nome futebol de mesa no se consolidou, pois em 1941 (ou por volta deste ano) esta questo seria alvo de ateno.

    Conforme visto nesta cronologia o nome futebol de mesa j tinha sido usado em 1917 pelo America, mas fora do clube no foi mantido, prevalecendo as denominaes populares futebol de boto ou jogo de boto.

    O carioca Getulio Reis de Faria, botonista desde 1930, adquire com seus amigos, em uma banca de jornal do Rio, as regras oficiais Celo-tex. Seu entusiasmo pelo jogo aumenta gradativamente. Passa a culti-var uma grande admirao por Dcourt, o qual s vem a conhecer pes-soalmente anos mais tarde num encontro histrico. Getulio deu D-court o ttulo de Papa do Botonismo.

    1932 - 1933 Getulio Reis de Faria, mantendo residncia no Rio, funda uma liga de Futebol de Mesa e passa a promover campeonatos anuais e vrios torneios.

    1941 (?) Jurandir da Silva Marques introduz modificaes nas regras Celotex. Estas alteraes envolveram tambm mudar efetivamente o nome Foot-ball Celotex para Futebol de Mesa declarao de Ge-tulio Reis. (vide ano 1932) - No foi possvel obter detalhes sobre tais modificaes, pois, o prprio Dcourt (autor das regras Celotex), nada sabia ou recordava-se sobre este fato).

    1945 Fred Mello, jornalista, inventa no Rio de Janeiro a regra que ficou conhecida como leva-leva (nmero ilimitado de toques), ainda hoje praticada em jogos no oficiais, principalmente por crianas.

    1949 - 1950 A liga criada por Getulio encerra suas atividades. Anos mais tarde (1966) Getulio se torna Diretor administrativo da Liga Cario-ca de Futebol de Mesa, mantendo o jornal URUDANCAM.

    ( ... ) continuao no Botonssimo vol. 1

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    Novos dados a serem somados cronologia apresentada nas edies anteriores do Botonssimo informaes obtidas em 2012 e 2013, aps o lanamento do volume 1, segunda edi-o:

    1970 (janeiro) Primeiro campeonato brasileiro de futebol de mesa moda-lidade disco 1 toque realizado em Salvador na Bahia, nas dependncias do Clube Espanhol. Participaram desse campeonato: Bahia, Pernambuco, Paraba, Sergipe, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Sagrou-se campeo tila Lisa, de Sergipe, falecido no dia 10 de outubro de 2012. (dados fornecidos por Celso Adauto Sambaquy).

    1981 Primeiro campeonato brasileiro de futebol de mesa modalidade bola 3 toques. (dados fornecidos por Celso Adauto Sambaquy).

    2013 (janeiro) Despede-se Lorival de Lima (cidade: Socorro, SP). Fabricou botes, goleiros, bolinhas e outros artigos para o futebol de mesa por mais de quarenta anos, atendendo botonistas de vrios estados do Brasil e do exterior. Conhecido como o Gepeto dos Botes, foi um dos mais conceituados fabri-cantes.

    2013 (set-out.nov) A Federao de Futebol de Mesa Paulista trabalha com mais afinco a possibilidade de substituir a bolinha de feltro. Vrios tipos de boli-nhas so avaliados por botonistas de diversos clubes.

    Oportunamente estes dados e os j citados, referentes pesquisas recentes, sero includos na cronologia do Botonssimo, vol. 1, ou to-dos os apontamentos reunidos num suplemento extra numa prxima edio.

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    O jogo de boto entrou em minha vida em 1935, quando com-pletei 10 anos de idade. Um menino, dois anos mais velho, filho de um alfaiate, morava prximo a minha casa e um dia vi-o jogando bo-to no cho da sala onde seu pai trabalhava. Tocava o boto com uma palheta que era, na verdade, uma pea usada em bicos de mamadeira. O garoto procurava atingir a bola representada por botozinho de camisa. Convidou-me a participar da brincadeira e perguntei-lhe como aprendera a jogar. Respondeu-me que um pri-mo, com quinze anos de idade, havia lhe ensinado o jogo. No final de semana conheci o tal primo e recebi algumas aulas de futebol de boto. Como o tio era alfaiate, no foi difcil arranjar dez botes.

    Meu entusiasmo acabou virando um vcio. Com o passar dos dias fui aprimorando o toque e, rapidamente, passei a obter vit-rias, para grande surpresa do citado primo. Na poca o posicionamento dos botes seguia o que era apli-cado nos campos de futebol. O goleiro era uma caixa de fsforos e o gol era feito de caixa de papelo. Era permitido somente um toque por parte dos jogadores e para a bola ser arremessada ao gol devia, obrigatoriamente, estar posicionada no campo adversrio. Uma cir-cunstncia, todavia, possibilitava o chute a gol, independentemente do local do campo era quando um boto atingia o oponente sem

    REMINISCNCIAS

    Vicente Cassano

    O jogo de boto entrou em minha vida em 1935, quando completei 10 anos de idade. Um menino, dois anos mais velho, filho de um alfaiate, morava prximo a minha casa e um dia vi-o jogando boto no cho da sala onde seu pai trabalhava. Tocava o boto com uma palheta que era, na verdade, uma pea usada em bicos de mamadeira. O garoto procurava atingir a bola representada por botozinho de camisa. Convidou-me a participar da brincadeira e perguntei-lhe como aprendera a jogar. Respondeu-me que um primo, com quinze anos de idade,

    Ilustrao fonte: cliparts, volume 4 da srie especial Click . (adaptao: Ubirajara G. Bueno)

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    antes tocar a bola. Ao infrator era concedido o direito de colocar barreira, a uma distncia mnima de quatro dedos. Geralmente u-sava-se botes acavalado para compor a defesa. Comecei a contatar outros meninos, no colgio e nas redonde-zas da minha casa. Campeonatos foram sendo realizados, e os vencedores das diversas ruas se desafiavam com memorveis par-tidas assistidas por torcedores que vibravam intensamente a cada gol conquistado. Por vezes o pau comia, diante de uma jogada du-vidosa. Como as partidas no eram disputadas por tempo, como hoje, a paralisao no causava problemas, pois o trmino do jogo era definido, antecipadamente, por certo nmero de gols. O campo, tanto podia ser um cho de ladrilhos, de cimento liso ou o piso de madeira de uma sala ou quarto. As medidas eram acer-tadas pelos jogadores. Na maioria dos jogos, era designado um juiz que, revestido de tal condio procurava se impor. qualquer reclamao intempestiva, um boto era excludo do jogo. Cabe registrar que eram usados de osso. Quantos botes de casacos, palets, vestidos, eram surrupiados para compor o time! Para melhor atuao as peas eram lixadas e enceradas. At da casca do coco fazia-se botes, mas era trabalhoso. Evidentemente, como tudo evolui, tambm foram testadas e adotadas outras regras. Passou-se aos dois toques por participante; tambm, com mais de dois toques se o jogador conseguisse fazer a bola tocar outro boto de seu prprio time, o que era tido como passe. Tambm, em diversos lugares, a bola usada (botozinho) fora substituda por uma redonda feita do dourado que vinha no interior dos maos de cigarro. Ao mesmo tempo, apareceram mesas de madeira com demarcaes das reas, centro do campo, meia lua, etc. Durante a grande guerra (1939 1945), com a descoberta do plstico, comearam a ser fabricados botes coloridos com esse material. Tambm eram fabricados com um tipo de massa muito slida (um pouco antes dos de plstico). At 1958 pratiquei tal esporte com dedicao e muito entusias-mo. Contudo, vrios compromissos (trabalho, estudo, namoro, etc.), me afastaram do futebol de boto. Asseguro-lhe, caro Bira, que no comeo deste ano voltei a jog-

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    lo no Rio Branco, clube desta acolhedora Americana fao parte de uma equipe e estou filiado a Federao. Digo, com o mesmo en-tusiasmo de 40 anos atrs. Acho este esporte um dos melhores e deveria ser praticado por todos, principalmente por homens acima de cinquenta anos. Obriga o participante a raciocinar, a controlar-se, se for nervoso, a movimentar-se (voc j reparou quantos passos se d em torno de uma mesa de jogo?) e que mais fundamental: a confraternizao com os adversrios, tanto na vitria como na derrota. Hoje, no limiar dos meus 73 anos, quando me preparo para ir ao encontro dos meus companheiros (quartas-feiras, noite e sba-dos, tarde), penso, sinceramente, que estou com menos 50 anos.

    Aqui vai mais um abrao de seu novo (velho) amigo.

    Vicente Cassano (02 de junho de 1998)

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    Criao e desenho: Ubirajara Godoy Bueno

    Sbio mestre!

    Isto verdade, pequeno pato.

    Qual o caminho mais rpido para que eu seja o primeiro da lista dos melhores jogadores?

    Virando a lista de cabea para baixo.

    Inspirado nas personagens das tiras do escritor e desenhista Newton Foot adaptao autorizada pelo autor.

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    Algumas publicaes na Internet sobre a histria do futebol de mesa carecem de correes para que possam servir adequadamen-te como material histrico, fonte de consultas na produo de outros trabalhos do gnero ou simplesmente prestar informaes aos leito-res interessados no assunto. Afinal, a misso de tais publicaes.

    Um dos erros mais constantes, causador de grandes confu-ses, a informao de que o jogo de boto foi inventado por Ge-raldo Cardoso Dcourt.

    O futebol de botes foi inventado em 1930[2] pelo brasileiro Geraldo Cardoso Dcourt (exemplo extrado de uma publicao bastante conhecida)

    O futebol de mesa uma criao brasileira, atribuda ao carioca Geraldo Dcourt que, de acordo com a pgina do clube carioca Fluminense, dedicada ao esporte, foi seu inventor nos anos 1930.

    (outro exemplo de uma fonte disponvel na Internet)

    Embora, outros artigos desmintam esta afirmao com base em fatos, este enunciado persiste ao longo do tempo. O prprio Dcourt em seu livro Aconteceu, sim, publicado em 1986, deixa evidente no ter sido ele o inventor do jogo. Veja o texto do livro:

    Quero ressaltar que o futebol de botes, nem naquela poca, era considerado coisa de criana. Aprendi a jog-lo, sim, com meus 9 ou 10 anos de idade (...)

    Fonte: pgina 125 do livro Aconteceu, sim! ..., escrito por Geraldo Cardoso Dcourt, editado em 1987 Editora Pannartz Ltda SP.

    Ilustrao fonte: cliparts, volume 4 da srie especial Click .

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    Em um segundo livro temos outro depoimento de Dcourt:

    Eu tinha nove anos de idade (...) Os irmos Gino e Francisco Mangini que me ensinaram o jogo. Era s um lazer (...)

    Trechos de uma entrevista com Geraldo Cardoso Dcourt, publicada no livro Farra e Alforria, pgina 126 Artigo de Francisco Bicudo (este livro publlicado em 1992, pela USP/ECA/CJE Organizado e Coordenado por Cremilda Medina contm diversas reportagens redigidas por estudantes de jornalismo da ECA).

    Outro exemplo de texto que carece de correes. (extrado de um blog no incio de janeiro de 2013):

    Histria do Futebol de Boto

    (comentrios e correes em letras menores e vermelhas)

    A histria do futebol de boto, atualmente conhecido como futebol de me-sa, possui vrias verses que procuram explicar a sua origem. Entretanto, a nica certeza que temos trata-se de um esporte genuinamente brasileiro, (no temos, at ento, qualquer prova que o jogo nasceu no Brasil) oriundo da dcada de 1920. (dados histricos mostram que o jogo de boto j era praticado antes da dcada de 20). Ataulfo Alves, em 1957, com os 48 anos, comps a msica Meus tem-pos de criana onde em um de seus versos h a seguinte expresso Jogo de botes sobre a calada, o que nos leva a crer que esta modalidade realmente data da poca citada. (entendemos, segundo o enunciado, que o jogo nasceu na dcada de 20, o que no verdade, tampouco a letra da msica leva a tal concluso o melhor seria dizer: ... o que nos leva a crer que esta modalidade j existia em 1920 ). Os primeiros botes que eram utilizados para a prtica eram do material celotex. (Celotex era o material usado para a fabricao das mesas, e no dos botes) O nome deste material deu a origem ao nome da primeira regra de futebol de mesa. A regra foi escrita pelo carioca, que residia em So Paulo, Geraldo DCourte (na poca, Geraldo Cardoso Dcourt residia no Rio de Janeiro) junto a Ge-tlio Reis de Faria, (Dcourt no escreveu a regra em parceria com Getulio, o qual s veio a conhecer muitos anos depois) o qual tivemos o prazer de conviver. Entretan-to, em cada casa, bairro ou estado tinham regras prprias. Para muitos neste tocante que est a beleza e magia do futebol de mesa; o que ajudou a atrair mais praticantes e, conseqentemente, aumentou a difuso pelo esporte no Brasil. (...)

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    Observaes do Botonssimo: Ataulfo Alves nasceu em 1909 na fazenda Cachoeira, municpio de Mira Minas Gerais. Por volta dos dez anos mudou-se para a cidade. Com 18 anos fixou residncia no Rio de Janeiro. Caso a letra da cano Meus tempo de menino seja autobiogrfica, ento podemos deduzir que o cantor jogou boto entre 1915/1917 e incio dos anos 20.*

    * Fonte: www.mpbnet.com.br/musicos/ataulfo.alves Biografia: Enciclopdia da M-sica Brasileira Art Editora e PubliFolha

    Se no incio os jogadores eram botes de camisa, hoje os equipamentos es-to aperfeioados. As mesas so feitas de metal e timo acabamento, os bo-tes so de acrlico fabricados de forma artesanal e as redes no so mais de plstico e sim de tecido.

    (mesas de metal ???)

    Por um lado somos gratos aos autores destes artigos que bus-cam divulgar o futebol de mesa, por outro necessrio o alerta so-bre informaes incorretas que comprometem a veracidade da hist-ria do esporte. Mas como evitar estes erros? Apesar da minha mo-desta experincia em pesquisas, no me considero apto para indicar quais os melhores procedimentos. Apenas sugerir que toda coleta de dados para compor certos artigos deve se estender a diversas fontes, incluindo o auxlio de botonistas veteranos. Confrontar da-dos; correlacionar informaes; analisar; interpretar; aproveitar; refu-tar ... Eu sei, trabalhoso, e mesmo assim no existe a garantia de se obter sempre a verdade.

    Nas coletas de dados para os meus livros Botonssimo, trabalho iniciado por volta de 1996, felizmente pude contar com a colabora-o de Antonio Maria Della Torre, Geraldo Cardoso Dcourt, Del-phim da Rocha Netto, Jos Roberto Primo, Rafael Domingos Barri-celli, Geraldo Atienza, Adauto Celso Sambaquy, Enio Seibert, Jos Jorge Farah Neto e muitos outros citados na relao dos crditos (Botonssimo volume 1). J mencionei que foram igualmente de grande valia os artigos em boletins, jornais e revistas.

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    Tambm quero chamar a ateno para o que podemos classifi-car como... erros tcnicos ou de especificaes. Certa vez, consul-tando uma publicao sobre as regras da modalidade pastilha (no confundir com a modalidade disco 1 toque), encontrei a seguinte descrio sobre o tipo de bola utilizado:

    Seo II Das Bolas (Pastilhas):

    Art. 11 - Sero utilizadas, como bola para as partidas, pastilhas redon-das e achatadas, confeccionadas em acrlico, polietileno ou material semelhan-te, sendo que todos os seus lados sero lisos, sem nenhuma cavidade e/ou ressalto.

    1 - Suas dimenses, aprovadas pela XXXXXXXX, so de 1,1 cm de dimetro por 0,4 cm de altura e peso de 5 gramas.

    2 - As pastilhas devero ser das cores branca ou amarela. 3 - No sero aceitas pastilhas fora das especificaes descritas neste

    Artigo e seus pargrafos.

    Ao relacionarmos os possveis materiais usados na confeco da pastilha, as dimenses da pea (dimetro e altura) com a mas-sa (5 gramas), constatamos imediatamente o erro cinco gramas quase a massa de um boto. possvel comprovar este erro por meios de alguns clculos matemticos. Vejamos:

    Dos materiais citados para a confeco da pastilha, o mais denso o acrlico (1,19 g/cm3). Vamos utiliz-lo em nossas operaes:

    Inicialmente calcularemos o volume da pastilha usando uma fr-mula bastante simples: (aplicada para determinar o volume de peas cilndricas).

    Volume = dimetro2 x pi x altura lembrando que pi = 3,14 4

    Volume = 1,1 cm x 1,1 cm x 3,14 x 0,4 cm Volume = 0,38 mL 4 Uma vez determinado o volume, passamos para o clculo da massa:

    Densidade x volume = massa 1,19 x 0,38 = 0,45 gramas

    Obtivemos um valor onze vezes menor ao citado na regra (???).

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    Se em vez do acrlico fosse utilizado o polietileno ou o polipropi-leno, por exemplo, o erro seria ainda maior, uma vez que estes ma-teriais so menos densos.

    Em meu caderno de anotaes tenho duas pesagens de pastilhas com os seguintes valores: 0,426 e 0,434 gramas, muito prximos da massa terica. Em ambas as averiguaes (terica e real) o erro es-t confirmado.

    Na modalidade dadinho, em vez da bolinha usado um cubo de 6 mm e, segundo a regra:

    Art. 4. Bola

    A bola de jogo um cubo confeccionado em acrlico ou material semelhante, obrigatoriamente na cor branca, e conhecido por dadinho. Cada face do cu-bo deve medir 6 mm x 6 mm e o seu peso deve variar entre 1g e 3g. Fonte: Federao Brasiliense de Futebol de Mesa FBFM Regras oficiais.

    Vejamos o peso terico de um dadinho de acrlico; sabendo-se que a densidade do material 1,19 g/cm3. Assim como no item anterior, o primeiro passo calcular o vo-lume do dadinho recorremos a frmula usual:

    Volume de um cubo = largura3 Volume = 0,6 cm3 volume = 0,216 mL

    Em seguida, o clculo da massa:

    Densidade x volume = massa 1,19 x 0,216 mL = 0,257 gramas.

    Aqui, detectamos mais um erro. A massa do dadinho citada na regra de 4 a 12 vezes maior do que o valor que foi calculado: 1,0 g / 0,257g = 3,9 3,0 g / 0,257 g = 11,7

    Nota: realizei a pesagem de 4 dadinhos (adquiridos como sendo peas ofici-ais da modalidade) e obtive massas que variaram entre 0,267 e 0,285 g. Es-tes valores esto em conformidade com o que foi determinado teorica-mente, mas muito diferente do que diz a regra. Os valores da regra devem

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    ser corrigidos. Sugesto considerando que o dadinho seja confeccio-nado com acrlico: Cada face do cubo deve medir 6 mm x 6 mm e o seu peso pode variar entre: 0,26 e 0,29 g. ( recomendado manter uma ligeira folga)

    Um detalhe que chama a ateno nas regras do dadinho, alm da massa, o intervalo entre um tempo e outro: apenas 1 minuto, insu-ficiente para mudar de lado e polir os botes. Cronometrei o tempo requerido com vrios botonistas; o menor valor foi em torno de 1 mi-nuto e 6 segundos. Mas considerando que cada tempo de jogo de apenas 7 minutos, talvez no seja necessrio o polimento no interva-lo e a regra possa ser cumprida sem atropelos, uma vez que os ses-senta segundo seriam usados apenas para inverter os lados. De qual-quer forma, os praticantes da modalidade so os mais indicados para aprovar ou reprovar a norma.

    Possuo em meu acervo um livrete da federao paulista de ja-neiro de 1966. No texto de apresentao temos o seguinte coment-rio com relao a bolinha:

    A principal inovao nas presentes regras a bola. Sendo confeccionada de feltro e com um dimetro de 10 (dez) mm, a mais perfeita at hoje conhecida para a prtica dessa modalidade.

    No consta no livrete uma descrio detalhada sobre a bola, mas certamente trata-se do primeiro modelo de feltro, o qual foi chamado de bola em camadas. A confeco consistia em fixar dis-cos de feltros sobrepostos para depois serem recortados e lixados at a forma esfrica (vide confeco esquematizada na edio anterior do Botonssimo). Este tipo de bola comeou a ser usado (ou testado) por volta de 1964. Na pgina 2 do livrete temos:

    Artigo nico A bola ser esfrica e confeccionada de feltro. Sua circunfern-cia ter no mximo 30 mm (dimetro de 10 mm). Seu peso ser de 15,5 grs.

    Temos um erro considervel na massa da bolinha. Assim afir-mo, pois 15,5 gramas a massa de dois botes de acrlico; alm

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    disso, realizei pesagens de vrias bolas em camadas utilizando ba-lanas eletrnicas analticas. Minhas pesagens indicaram massas en-tre 0,155 e 0,275 gramas (podemos considerar: entre 0,15 e 0,28 g). A massa citada na regra em torno de 50 vezes superior ao real (pelo menos).

    Nota: circunferncia = dimetro x pi circunferncia = 10 mm x 3,14 circunferncia = 31,4 mm (lembrando que o valor de pi infinito, mas ge-ralmente considera-se 3,14)

    Em um folheto de 1982 da federao paulista, com as regras reduzidas, observamos alteraes na descrio da bola:

    A bola esfrica e sua confeco de feltro ou de l. Seu raio de 5 mm (10 mm de dimetro) e seu peso de 3,0 a 3,5 grs. A bola aprovada a da Brianezi

    A bola de l (mianga envolta com barbante), em 1982 estava praticamente em desuso; havia perdido o seu lugar para a bola de feltro em camada, a qual vinha sendo oficialmente adotada desde 1966. Porm, a federao, em 1982, conforme visto, mantinha a bo-la de l (barbante) como opo nos jogos oficiais. Um ano depois, no folheto atualizado de 1983, notamos que a bola de barbante no mais citada:

    A bola esfrica e sua confeco de feltro. Seu raio de 5 mm (10 mm de dimetro) e seu peso de 3,0 a 3,5 grs.

    bom frisar que nesta poca a bola de feltro continuava sendo em camadas (discos sobrepostos). Nos dois folhetos o peso da bola aproximou-se do valor real, mas ainda incorreto (em torno de 10 vezes maior). Nota: Tambm tenho registrado o peso das bolinhas de barbante e os valores esto entre 0,34 e 0,37 gramas.

    Suspeito que, at ento, estes erros foram devido a vrgula no lugar errado; e se um certo documento errado serviu como referencia para outros, a irregula-ridade acabou se alastrando.

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    E o que diz a regra atual da federao paulista sobre as bolinhas?

    1. A bola esfrica, com dimetro de 10 mm e seu peso varia entre 0,1 e 0,2 g. H uma tolerncia de 0,2 mm para menos ou mais no dimetro da bola. 2. A bola confeccionada com feltro, em camadas ou macio, em cores ou combinao de cores, devendo-se, contudo, evitar a bola da cor da mesa do jogo, en-tretanto, desde que homologada pela Confederao Brasileira de Futebol de Mesa, poder ser feita de outro material que no feltro. (...)

    Uma nova aproximao dos pesos reais, desta vez consider-vel, contudo ainda so necessrias correes. A meu ver, o ideal seria: ... e seu peso varia entre 0,15 e 0,38 gramas faixa esta que leva em conta a possibilidade de se utilizar os dois tipos de bolinha: a de camadas e a macia, conforme previsto na regra. Assim sugiro, pois a bolinha em camadas apresenta uma massa entre 0,15 e 0,28 g e a de feltro macio entre 0,20 e 0,30 g, mas tambm temos eventualmente bolinhas mais rgidas com mas-sas entre 0,32 e 0,38 g. Considerando somente a bola macia, mo-delo predominante na modalidade 12 toques, a especificao tcni-ca seria ajustada para: e seu peso varia entre 0,20 e 0,38 g.

    Na modalidade Bola 3 toques, a regra informa:

    Art. 6 DESCRIO FSICA A bola ser esfrica, feita de feltro, devendo ter peso de 150 mg e dimetro de 10 mm.

    Neste caso temos a menor massa da bolinha em camadas (150 mg ou 0,15 g). Porm, existem variaes na massa de uma bolinha para outra devido diferenas na densidade do feltro quando se mu-da o lote e, sobretudo, em virtude de uma maior ou menor compac-tao dos discos sobrepostos o melhor seria especificar uma fai-xa e no um valor nico. Acredito que minha sugesto para os pe-sos das bolinhas na modalidade 12 toques aplicvel na de 3 to-ques: entre 0,20 e 0.38 g (ou 0,15 e 0,38 g caso se queira deixar o modelo em camadas como opo).

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    X cm

    Modalidade Disco 1 toque

    Conforme a regra publicada no site da federao paulista (se-o Regras; item 1 toque) (janeiro de 2013), consta o seguinte enuncia-do com relao ao disco.

    Art. 5 - A Bola o disco de polietileno, geralmente nas cores amarela ou branca, com 1,0 cm de dimetro, 0,2cm de altura e 0,2 grama de peso, possuindo bisel em toda a extenso de ambos os lados de sua parte lateral, o que lhe confere o formato caracterstico.

    Desenho que ilustra a regra

    A espessura do disco (0,2 cm) pare-ce ser muito delgada para um peso de 0,2 g. Vamos determinar o peso teorica-mente considerando as medidas men-cionadas na figura.

    Uma vez que no consta a medida do dimetro menor, vamos consider-lo co-mo sendo 0,8 cm (8 mm) (proporcional ao desenho seria 0,75 cm ou 7,5 mm ).

    Primeiro passo: calcular o volume do disco.

    A melhor opo para este clculo a diviso do disco em dois troncos de cone, uma vez que podemos usar uma frmula razoa-velmente simples para obter o volume em peas com este formato.

    CONE A

    CONE B 1 cm

    0,2 cm

    0,8 cm

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    Segue o clculo para o volume do tronco de cone A:

    volume = pi x altura x ( raio menor2 + raio menor x raio maior + raio maior2 ) 3

    volume = 3,14 x 0,1 cm x (0,4 cm2 + 0,4 cm x 0,5 cm + 0,5 cm2) 3

    volume = 0,105 x (0,16 + 0,4 x 0,5 + 0,25)

    volume = 0,105 x ( 0,16 + 0,20 + 0,25)

    volume = 0,105 x (0,61) volume = 0,064 mL

    Sendo os dois troncos de cones iguais, basta multiplicar o valor por 2 :

    volume ref. aos dois troncos de cones (A e B) = 0,064 x 2 = 0,128 mL

    Uma vez encontrado o volume total, a prxima etapa consiste em calcular a massa do disco para vrios tipos de materiais com di-ferentes densidades: Vamos aos clculos:

    Frmula: densidade x volume = massa

    Polietileno ( densidade: 0,97g/cm3) (material citado na regra)

    0,97 x 0,128 = 0,124 g ( massa)

    Poliestireno (densidade: 1,06g/cm3) 1,06 x 0,128 = 0,136 g (massa)

    Acrlico (densidade: 1,19g/cm3) 1,19 x 0,128 = 0,152 g (massa)

    Resina de poliester (densidade: 1,37g/cm3) 1,37 x 0,128 = 0,175 g (massa)

    Segundo os clculos que acabamos de ver, um disco com ape-nas 2 mm de espessura e um dimetro de 10 mm, considerando a forma geomtrica da pea e os possveis materiais para a sua con-feco, provavelmente possui uma massa menor a citada na regra ( 0,2 g), ou as dimenses informadas na figura 4 esto incorretas.

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    Esclarecimento

    Adauto Celso Sambaquy, um dos principais representantes da modalidade 1 toque, informa que o disco mostrado no desenho 04 refere-se ao modelo olho de peixe, o qual cedeu lugar a um novo tipo de disco, sem o canto vivo (aresta) e um pouco mais encorpado. necessrio atualizar o desenho e registrar as medidas cor-respondentes (dimenses e peso).

    Disponho de dois exemplares deste tipo de discos citado por Sambaquy. Dimenses mostradas no prximo desenho medidas verificadas com paqumetro e pesagens realizadas com balana pa-ra milsimo de grama.

    Massa (peso) pea 1 = 0,193 peas 2 = 0,198 gramas.

    Sugestes para o enunciado e ilustrao referente ao disco a-tualmente em uso:

    Art. 5 - A Bola um disco de polietileno, podendo variar a cor do material. Sua forma geomtrica corresponde a dois troncos de cone de iguais dimenses unidos pela base com dimetros de 6,0 e 10,0 mm. Altura total de 2,7 mm. Corte da aresta formada pelo encontro dos declives, resultando numa borda reta com espessura de aproximadamente 0,7 mm. Massa entre 0,19 e 0, 20 gramas.

    (polietileno ?)

    9,9 mm cm

    6,0 mm

    2,7 mm Corte do canto vivo, formando uma borda reta, com aproximada-mente 0,7 mm (dificul-dade para medir devido ao tamanho diminuto).

    considerar 10 mm

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    Ilustrao corrigida

    Para os valores 0,6 cm e 0,27 cm, o melhor seria considerar as mdias de me-dies de vrios discos, porm disponho de apenas dois exemplares e talvez meus valores no sejam representativos. A massa (entre 0,193 e 0,198 g), con-forme minhas pesagens pode ser ajustada para: 0,19 e 0,20 g.

    Reafirmo, estou a expor sugestes. O que deve ser mudado e como fazer, compete ao departamento tcnico da modalidade.

    Embora a massa do disco atual tenha sido determinada em ba-lana analtica, podemos, por curiosidade, calcular o seu peso teri-co usando frmulas de volumes e densidade.

    Para o disco atual o melhor seria desmembr-lo em trs par-tes, cujas dimenses j foram determinadas. Vamos aos clculos:

    correo

    - evidenciar o corte do

    canto vivo (aresta)

    0,6 cm

    0,27 cm

    0,07 cm

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    Primeiro passo calcular o volume do tronco de cone A:

    volume = pi x altura x ( raio menor2 + raio menor x raio maior + raio maior2 ) 3

    volume = 3,14 x 0,10 cm x (0,30 cm2 + 0,30 cm x 0,5 cm + 0,5 cm2) 3

    volume = 0,105 x (0,09 + 0,30 x 0,5 + 0,25)

    volume = 0,105 x ( 0,09 + 0,150 + 0,25)

    volume = 0,105 x (0,49) volume = 0,0515 mL

    Sendo os dois troncos de cones iguais, basta multiplicar o valor por 2 :

    volume ref. aos dois troncos de cones (A e B) = 0,0515 x 2 = 0,103 mL

    Volume da fatia central do disco: - pode ser calculado pela frmula do ci-lindro volume = (dimetro2 x pi) / 4 x altura

    volume = (12 x 3,14 ) x 0,07 volume = 0,785 x 0,07 v = 0,05495 mL

    4

    Volume total = 0,103 + 0,05495 0,158 mL

    Sabendo-se o volume total, resta determinar a massa (peso):

    massa = volume x densidade

    0,6 cm

    1 cm

    0,27 cm

    0,07 cm

    CONE A

    CONE B

    CILINDRO

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    (densidade do polietileno 0,97 g/cm3 ou g/mL)

    Massa terica para um disco de polietileno 0,158 x 0,97 = 0,1533 g

    (densidade do acrlico 1,19 g/cm3 ou g/mL)

    Massa terica para um disco de acrlico 0,158 x 1,19 = 0,188 g

    Massa real (mdia) (0,198

    + 0,193) / 2 = 0,1955 g ~ 0,196 g

    Os clculos indicam que o material utilizado para a confeco dos discos em meu poder talvez tenha sido o acrlico ou algum tipo de resina com densidade em torno de 1,24 g/cm3.

    Volume do disco.

    O volume do disco foi determinado pelas suas medidas, con-forme visto nas pginas anteriores, utilizando-se paqumetro, ilumi-nao direcionada e auxlio de uma lupa. Se apesar destes cuida-dos no foi possvel garantir preciso absoluta dos resultados em virtude do tamanho diminuto da pea e certa complexidade de sua forma geomtrica que dificultam as medies, ao menos foi possvel

    Detalhe da borda do disco.

    Fotografia produzida pelo autor artigo do seu acervo

    0,158 x 1,24 = 0,196 g

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    obter, acredito, valores com desvios pequenos. Contudo, seria inte-ressante checar este volume por outro mtodo. Optei em realizar um ensaio bastante simples ou mesmo arcaico, mas eficaz quando bem feito e certamente seria aprovado pelo nosso velho conhecido Arquimides .

    Descrio do ensaio

    Sobre uma base foi fixada uma seringa plstica graduada com capacidade para 5 ml divididos em intervalos de 0,1 mL. A seringa foi abastecida at a marca de 3 mL com gua levemente colorida para realar a leitura. Um tampo de borracha vedou perfeitamente o escoamento do lquido

    Dois discos foram mergulhados no lquido e o nvel atingiu exatamente a marca de 3,3 mL, uma elevao de 0,3 mL. O dimetro interno da seringa de apenas 12 mm, ligeiramente maior ao do disco, distribui a eleva-o do nvel numa pequena rea, favorecendo a acuidade da leitura.

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    Uma vez que 0,30 mL corresponde dois discos, temos 0,150 mL para cada pea. O volume encontrada por meio das medidas das dimenses da pea foi de 0,158 mL, uma diferena de apenas 0,008 mL (insignificante).

    Os resultados determinados pelos dois processos so praticamente os mesmos e doravante podemos adotar 0,16 mL (valor simplificado) como sendo o volume do disco para a modalidade 1 toque e sabemos que basta multiplic-lo pela densidade do material usado na confeco para se obter a massa (peso), segundo a frmula:

    massa (em gramas) = densidade (g/cm3 ou g/mL) x volume (em mL)

    massa (em gramas) = densidade (g/cm3 ou g/mL) x 0,16 mL

    As densidades de vrios materiais podem ser consultadas em tabelas ou diretamente com o fabricante ou distribuidor do produto.

    possvel calcular o grau dos declives do disco?

    Sim, mas devido o tamanho diminuto da pea este valor ser aproximado. Inicialmente destacamos os contornos do disco.

    Notem os leitores que obtivemos um tringulo retngulo e aplicando-se os clculos do Teorema de Pitgoras, pode ser determinado o grau de inclinao.

    A

    B

    A

    B C

    inclinao grau ?

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    Conforme o Teorema a soma dos quadrados dos catetos igual o quadrado da hipotenusa. A e B so os catetos e C a hipotenusa.

    A medida da face A igual diferena entre o maior e o menor dimetro, dividido por 2 (metade para cada lado):

    10,0 mm 6,0 mm = 4 mm 4 / 2 = 2 mm (valor do cateto adjacente)

    A medida de B igual altura total menos a faixa central, dividi-do por 2:

    2,7 mm 0,7 mm = 2,0 mm 2,0 / 2 = 1,0 mm (valor do cateto oposto)

    Com estes valores, calculamos a medida da hipotenusa: ( C )

    hipotenusa2 = (cateto oposto2 + cateto adjacente2)

    hipotenusa2 = (1,0 mm) 2 + ( 2 mm)2

    hipotenusa2 = 1,0 + 4,0 hipotenusa2 = 5,0 mm

    hipotenusa = hipotenusa = 2,236 mm

    2a etapa dos clculos:

    dividindo-se o cateto oposto pela hipotenusa determinamos o seno do ngulo:

    1,0 / 2,236 = 0,44723 seno = 0,44723 ngulo do seno = 27o (valor aproximado)

    (o ngulo correspondente ao seno pode ser encontrado numa tabela ou com auxlio de uma calculadora cientfica)

    5,0

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    Felizmente, em minhas pesquisas, tive a oportunidade de utilizar equipamentos precisos, sobretudo, balanas eletrnicas de alta sensibilidade, o que assegurou medies confiveis e hoje procuro, em minhas publicaes, compartilhar os resultados que obtive. Tal-vez eles possam ser teis em alguns dos aspectos tcnicos do nos-so futebol de mesa.

    Mas qual a relevncia do valor registrado na regra se o que importa realmente o que esta sendo usado na prtica?

    No podemos nos esquecer de que as especificaes tcnicas orientam a manuteno dos padres desejados. Alm disso, quando aposentadas (dando lugar para outras verses), estas regras se transformaro em documentos histricos com descries sobre as condies de jogo adotadas numa determinada poca do futebol de mesa. Mas sero documentos falsos se o que estava sendo pratica-do na poca no obedecia s normas. Sabemos que existem casos em que so adotados procedimen-tos e medidas considerados mais funcionais queles institudos nas regras. Ora, se isso ocorre, ento devemos revisar as regras e alte-r-las. A conformidade entre a recomendao e a prtica um dos quesitos para que um esporte, ou outras atividades, possam se impor como um sistema organizado.

    BOLINHAS - MEDIES

    Finalizo este captulo transcrevendo de meu caderno de anota-es algumas medidas de bolinhas (dimetro e massa) foram inclu-

    Meus registros de volumes (valores ajustados para dois algarismos aps a vrgula)

    bolinha (dimetro: 10 mm) = 0,52 mL dadinho (6 x 6 mm) = 0,22 mL pastilha = 0,38 mL disco = 0,16 mL

    massa (peso) = volume x densidade (densidade do material usado para confeccio-nar a pea. A densidade expressa em g/cm3 , ou g/mL (x gramas por mL)

    mL = mililitro = milsima parte de 1 litro g = grama = milsima parte de 1 quilo

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    dos discos e dadinhos. Optei em apresentar as faixas de medidas (disponho de registros individuais).

    Bolinha de feltro em camadas utilizada no perodo de 1964 a 1988

    dimetro: variaes entre 10,3 e 11,1 mm massa: variaes entre 0,15 e 0,28 g

    As variaes da massa devem-se, prin-cipalmente, ao tipo de feltro e a maior ou

    menor compactao das camadas.

    Bolinha de feltro macio - convencional utilizada a partir de 1988-1989 at o presente momento (a maioria fabri-cada por Della Torre e posteriormente Lorival de Lima)

    dimetro: variaes entre 9,9 e 10,3 mm massa: variaes entre 0,20 e 0,30 g

    Bolinha de feltro macio utilizada em 2013

    (no mais fabricadas por Lorival de Lima)

    Avaliao no realizada.

    (procedncia no confirmada)

    Disco para a modalidade 1 toque

    dimetro: 9,9 mm 10,0 mm ; espessura: 2,7 mm massa: variaes entre 0,19 e 0,20 g material: (?) talvez acrlico ou algum tipo de resina.

    Apenas 2 peas avaliadas

    Dadinho para a modalidade 9 toques

    dimenses = 6 mm massa: variaes entre 0,27 e 0,29 g material: (?) talvez acrlico

    Pastilha espessura A

    dimetro: 10,8 mm; espessura: 2,7 mm massa: variaes entre 0,26 g e 0,29 g material = (?)

    Pastilha espessura B

    dimetro: 12 mm; espessura: 3,9 mm massa: variaes entre 0,41 e 0,44 g material = (?)

    Apenas 2 peas avaliadas

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    Nas dezenas de bolinhas avaliadas (novas e semi novas), de diferentes pocas e fabricantes, que constam em minha coleo, cinco peas apresentaram massas acima dos valores costumeiros (entre 0,322 e 0,376 g). Percebe-se facilmente uma maior compac-tao do feltro (bolinhas mais rgidas). Acredito que foram fabricadas com o intuito de se ter peas mais resistentes a deformaes. Re-cordo-me vagamente de Lorival de Lima ter me dito certa vez sobre estas bolinhas mais compactas e de alguns botonistas terem recla-mado o fato das mesmas rebaterem com mais fora na trave e no goleiro o que aumentava o risco do gol contra. Certamente para este lote (ou lotes) especfico de bolinhas, Lorival usou um feltro mais denso com maior coeficiente de restituio. Estes valores no cons-tam na edio anterior do Bototssimo (volume 1); uma vez que v-rias medidas foram feitas aps a publicao do livro. Prevalecem os valores predominantes de 0,20 a 0,30 g. So os que melhor definem a faixa de variaes das massas de bolinhas de feltro macio do tipo tradicional. Porm, as bolinhas rgidas (mais pesadas) devem ser catalogadas no histrico que retrata o uso das bolinhas de feltro no futebol de mesa, uma vez que foram usadas em vrias ocasies.

    Quanto ao dimetro, considerando todas as bolinhas do meu acervo, referentes aos ltimos 20 ou 30 anos, as medidas variam entre 9,90 e 10,28 mm. Segundo a regra 12 toques a norma me-nos tolerante: 10 mm, com desvio mximo de 0,2 mm, para mais ou para menos (bolinhas com dimetro acima de 10,2 mm corresponde a uma pequena porcentagem)

    A densidade do feltro utilizado para as confeces das bolinhas enquadram-se numa faixa que pode ser determinada por meio de clculos simples.

    Bolinha de feltro macio - rgida Fabricada por Lorival de Lima Este tipo de bolinha caracterizada por apresentar uma massa mais elevada (entre 0,32 e 0,38 g) e uma superfcie um pouco mais lisa.

    Inicio da fabricao (sem registro)

    dimetro: variaes entre 10,0 e 10,3 mm massa: variaes entre 0,32 e 0,38 g.

    (poucas peas com massa em torno de 0,31 g)

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    Primeiro passo determinar o volume da bolinha, vejamos:

    Volume de uma esfera (no caso a bolinha) = 4 x 3,14 x r3

    Volume = 12,56 x 0,125 Volume = 0,52 g/cm3 ou 0,52 g/mL

    Segundo passo obter a faixa de densidade do feltro, vejamos:

    Peso (massa) das bolinhas: valores entre 0,20g e 0,37g (tradicionais e rgidas *)

    Frmula a ser aplicada: densidade = massa/volume

    Densidade = 0,20/0,52 = 0,385 g/cm3 (densidade do feltro - bolinha menos pesada)

    Densidade = 0,37/0,52 = 0,712 g/cm3 (densidade do feltro - bolinha mais pesada)

    Nota: embora os valores da densidade do feltro estejam compreendidos num faixa de 0,385 a 0,712 (g/cm ou g/mL), os mais utilizados pelos fabricantes po-dem variar de 0,385 0,576, considerando que a maioria das bolinhas apresen-ta uma massa entre 0,20 e 0,30 g.

    Amostra de feltro. Material fornecido por Lorival de Lima (fabricante de boli-nhas, botes e outros artigos para futebol de mesa).

    Densidade = 0,44 g/cm (ou g/mL). Bolinhas produzidas com este feltro: massa (peso) em torno de 0,23 g

    Fotografia produzida pelo autor

    densidade = massa / volume massa = densidade x volume

    volume = massa / densidade

    3

    3

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    1 - Uma amostragem da minha coleo: conjunto A bolinhas de feltro macio de diferentes pocas; conjunto B bolinhas mais rgidas (maior massa); con-junto C bolinhas de feltro em camadas; conjunto D bolinhas de barbante.

    2 - Alguns instrumentos que utilizo em minhas medies.

    Balana (margem superior) centsimo de grama (geralmente utilizada para pesagens de botes e goleiros). Balana (margem inferior) milsimo de grama (geralmente utilizada para pesagens de bolinhas e palhetas). Peso padro para aferio e calibrao das balanas (destacado com crculo vermelho). Pina, cronmetro, calculadora cientfica, micrmetro, paqumetros (analgico e digi-tal), transferidor de graus.

    1 - 2 Fotografias produzidas pelo autor

    A B

    D C

    1

    2 2

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    Mtodo que utilizo para medies dos dimetros das bolinhas

    Na maioria das vezes o dimetro da bolinha verificado com auxlio de um paqumetro. Dois erros so possveis de ocorrerem, dependendo do modo em que as medidas so realizadas:

    As lminas do instrumento no tocam exatamente o centro da bo-linha e, neste caso, a medida obtida ser inferior ao valor real.

    Felizmente as lminas dos paqumetros so espessas o sufici-ente para tolerar um desvio de posicionamento sem comprometer a medio desde que este desvio seja pequeno.

    Ao se prender a bolinha entre as lminas do instrumento, pode ocorrer uma ligeira compresso das felpas que revestem a superf-cie da bolinha, acarretando num valor inferior ao real. Caso este er-ro somar-se ao primeiro, o desvio pode tornar-se acentuado.

    CORRETO

    Posicionamento deslocado, mais a-ceitvel. A borda

    das lminas ainda se apoiam no centro

    da bolinha.

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    A soluo consiste em passar vrias vezes a bolinha entre as lminas do paqumetro, girando-a antes de cada passagem. Cuidar para que a abertura seja regulada de modo a ocasionar o mnimo de compresso possvel, ou seja, suficiente para sustentar a bolinha, presa entre as lminas, mas insuficiente para ret-la diante dum leve toque do dedo. Este procedimento garante a medida da bolinha na sua parte mais larga (centro) sem deformar a sua superfcie.

    Ao girar a bolinha, possvel, em algumas medies, perceber uma variao na fora da compresso, o que significa a presena de pequenas ondulaes na superfcie ou esfericidade ligeiramente de-formada. Neste caso, deve-se considerar o maior valor de ajuste das lminas do paqumetro ou um valor intermedirio, contanto que esta diferena de compresso entre um posicionamento e outro da boli-nha seja praticamente desprezvel; caso contrrio a pea deve ser considerada inadequada (abaulamento acima da tolerncia).

    Usando este mtodo de medies apresento o menor e o maior dimetro obtidos entre vrias bolinhas de feltro fabricadas em po-cas diferentes. Tambm foram analisadas bolinhas de barbante, EVA e flocada.

    Feltro em camadas

    Feltro macio

    Barbante

    EVA

    Flocada

    Menor dimetro

    10,32 mm

    Menor di-metro

    9,92 mm

    Menor dimetro 9,87 mm

    Menor dimetro

    10,17 mm

    Menor dimetro 9,80 mm

    Maior dimetro

    11,11 mm

    Maior dimetro

    10,27 mm

    Maior dimetro

    10,06 mm

    Maior dimetro

    10,21 mm

    Maior dimetro 9,98 mm

    EVA Flocada poucas peas disponveis em meu poder para asse-gurar uma amostragem representativa. Talvez os valores citados sofram alteraes ao se analisar uma maior quantidade de bolinhas.

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    Referente a bolinhas de feltro macio (compacto):

    Valores entre 9,90 e 10,20 mm 86% das peas analisadas.

    Valores abaixo de 9,90 mm zero

    Valores acima de 10,20 mm 14% das peas analisadas.

    Medio de uma bolinha com paqumetro digital

    (fotografia produzida pelo autor)

    Antiga bolinha de feltro macio fabricada em 1992 (dimetro = 10,20 mm). Nesta medio e nas demais, o instrumento prende a bolinha exatamente no seu centro, comprimindo-a delicadamente.

    As diversas bolinhas (aproximadamente 50 peas), analisadas neste trabalho, confec-cionadas em vrias pocas por diferentes fabricantes (principalmente Antonio Maria Della Torre e Lorival de Lima) pertencem ao acervo do autor e esto disposio para futuras checagens de suas dimenses, massas e outras propriedades.

    Segundo as normas da Federao Paulista, a bolinha de feltro deve ter um dimetro de 10 mm com uma tolerncia de 0,2 mm para mais ou me-nos. Verifica-se que 86% das bolinhas analisadas estavam em conformi-dade com a faixa recomendada. Uma minoria (14%) apresentaram valo-res fora da especificao.

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    AAAVVVAAALLLIIIAAAEEESSS EEE CCCOOOMMMPPPAAARRRAAAEEESSS DDDAAASSS BBBOOOLLLIIINNNHHHAAASSS

    FFFEEELLLTTTRRROOO FFFLLLOOOCCCAAADDDAAA --- EEEVVVAAA

    VERSO COMPLETA

    Fotografia produzida pelo autor

    Trabalho realizado por Ubirajara Godoy Bueno

    Setembro de 2013

    Este captulo foi antecipado em 27 de setembro de 2013 com divulgao no mesmo blog do livro Botonssimo.

    Alguns itens suprimidos na ocasio, para aliviar o tamanho do arquivo, foram recolocados. Esta verso tambm traz os resul-

    tados de ensaios finalizados recentemente.

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    Avaliaes e comparaes das bolinhas de feltro, flocada e de EVA.

    Exclusivo para o Botonssimo, volume 2

    Aps 50 anos servindo o futebol de mesa, a bolinha de feltro est prestes a se aposentar. Mas com certeza vai continuar presen-te nos estojos aveludados dos colecionadores e provavelmente permanea em atividade nas mesas dos saudosistas. Em seu lugar, duas candidatas aguardam a vaga. A primeira, a bolinha flocada; a segunda, a bolinha de EVA; esta ltima h mui-to tempo pleiteando o cargo. Interessei-me em avali-las com o objetivo de manter meus es-tudos concernentes ao futebol de mesa, trabalho que venho reali-zando sistematicamente e divulgando nos livros Botonssimo, tendo em vista contribuir com documentos que possam ser teis no pre-sente e a posteridade como registros histricos. Portando, os resul-tados que apresento a seguir esto desprovidos da inteno de in-terferir na escolha da bolinha de maneira pretensiosa.

    Sobre a bolinha flocada.

    composta de uma esfera plstica rgida revestida com uma camada de flocos. O processo usual de flocagem (desconheo se o mesmo utilizado nas bolinhas) consiste em revestir com cola a pe-a a ser trabalhada, a qual pode ser de gesso, cermica, madeira, plstico, etc., e coloc-la numa cmara onde produzida uma nu-vem de flocos. As partculas cobrem superfcie da pea por ao eletrosttica e devido cola, ainda fresca, permanecem aderidas. Pode ser utilizado spray de tinta da mesma cor do floco para a fixa-o, bem como calor. A flocagem confere aos objetos uma aparn-cia e textura aveludada.

    Curiosidade: existe no mercado produtos para se conseguir unhas flocadas. Basta passar nas unhas uma base especial e rapidamente (antes da secagem) mergulhar as pontas do dedo no p para flocagem e retirar o excesso com um pincel - o que nos leva a supor que o material tenha certa resistncia gua e abraso.

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    Sobre a bolinha de EVA

    EVA a sigla do Etileno-Vinil-Acetato. Surgiu nos Estados Uni-dos na dcada de cinquenta e passou a ser usado em profuso a partir dos anos setenta. Certos polmeros so usados na preparao de espumas de EVA para intensificar sua elasticidade e resilincia. Segundo informaes sobre o produto, sua densidade pode variar de 90 a 350 kg/m3 (ou 0,09 a 0,35 g por cm3) e estes valores esto relacionados com a expanso da espuma durante a fabricao. O volume de uma bolinha com 10 mm de dimetro 0,52 g/cm3 por meio de clculos possvel determinar qual seria a sua me-nor e maior massa (peso) utilizando-se o EVA na sua fabricao:

    Para uma densidade = 0,09 g por cm3 (menor valor) temos: densidade = massa/volume bolinha = 0,07 gramas Para uma densidade = 0,35 g por cm3 (maior valor) temos: bolinha = 0,18 gramas

    A bolinha de que disponho tem uma massa de 0,141 g, o que indica uma densidade de 0,27 g/cm3. O EVA pode ser produzido em chapas ou no formato de peas injetadas.

    Sobre a folinha de feltro

    A nossa velha conhecida dispensa apresentaes, mas pode-mos rever algumas de suas propriedades. Sua confeco manual. Antonio Maria Della Torre, seguido por Lorival de Lima (entre outros fabricantes) durante muitos anos manejaram com pacincia e habili-dade tesoura e lixas para conferir a forma esfrica s pores de feltro extradas de uma manta espessa. O feltro composto por l e fibras prensadas (agregao por calandragem). Dependendo do tipo de aplicao, a densidade pode variar. Para a fabricao da bolinha os valores da densidade enqua-dram-se na faixa de 0,39 a 0,71 g/cm3. Faixa predominante: 0,39 a 0,58 g/cm3 (esta unidade pode ser expressa em g/mL).

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    Uma das propriedades do feltro a sua capacidade de voltar a forma original aps sofrer uma deformao (resilincia). Conside-rando as deformaes ocorridas nas bolinhas, esta capacidade nos parece suspeita, mas alteraes minsculas na textura ou no forma-to, que seriam desprezveis num disco de polir ou em algum tipo de revestimento, por exemplo, so significativas numa esfera de ape-nas 10 mm de dimetro, onde qualquer irregularidade pode afetar a sua trajetria sobre a superfcie do campo. As bolinhas de feltro podem ser divididas em trs categorias:

    bolinha de feltro em camadas (comeou a ser usada em 1963 1964); bolinha de feltro macio (compacto) - tradicional; (final da dcada de 80); bolinha de feltro macio (compacto) - rgida (mais densa e super-fcie mais lisa) (fabricada alguns anos aps o aparecimento da bolinha do tipo tradicional, - registro indisponvel).

    As bolinhas rgidas referem-se a alguns lotes fabricados com feltro de maior densidade com o objetivo de torna-las mais resisten-tes. Acredito que em torno de 30% ou 35% da fabricao at ento, foram do tipo rgida (no livro Botonssimo, volume 1, disponvel na Internet, comento com mais detalhes a respeito das bolinhas usadas no futebol de mesa, incluindo uma descrio sucinta sobre o processo de fabricao).

    Fotografias produzidas pelo autor artigos do seu acervo

    1

    3

    2

    1 Bolinha em cama-das.

    2 Bolinhas de feltro compacto tradicional

    3 Bolinha de feltro compacto rgida.

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    55

    MASSAS DAS BOLINHAS

    Uma das propriedades que mais chamam a ateno dos boto-nistas refere-se a massa (peso) das bolinhas. Podemos iniciar as avaliaes com estas medidas. Pesagens com balana para milsimo de grama valores ajustados na tabela para duas casas decimais.

    Devido a pequena diferena entre as massas das bolinhas flocadas V e B, considerou-se o mesmo valor para ambas (V = 0,387g; B = 0,401 g). As massas foram determinadas com balana para milsimo de grama. Os valo-res foram comparados com os registrados numa balana analtica para milion-simo de grama e os desvios mostraram-se desprezveis.

    Diante dos valores apresentados, natural que os botonistas concluam, intuitivamente, a necessidade de se reduzir considera-velmente a fora aplicada no lanamento da bolinha de EVA devido a sua pequena massa ou ter que aumentar de maneira significativa a potncia do chute no caso da bolinha flocada. Posso garantir que tais suposies no correspondem realidade. Bolinhas com 0,14 ou 0,40 gramas, impulsionadas por botes entre 7,0 a 10 gramas* vo apresentar velocidades resultantes bastante prximas. Assim ocorre porque as massas das bolinhas, quer seja de 0,14 ou 0,40 g, so diminutas em relao as dos botes e pouco altera a quantida-de de movimento. Isto pode ser confirmado no prximo quadro.

    *Botes entre 7,5 a 9,5 gramas so predominantes nos botes atuais (peas com dimetro de 54 mm).

    QUADRO I Tipo de bolinha Massa mdia das pesa-gens de vrias peas

    Bolinha de EVA 0,14 g

    Bolinha de feltro compacto - tradicional 0,25 g

    Bolinha de feltro compacto - rgida 0,35 g

    Bolinha de flocos modelo V 0,40 g

    Bolinha de flocos modelo B 0,40 g

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    VELOCIDADES DAS BOLINHAS

    Vamos averiguar quais seriam as velocidades de uma bolinha de feltro compacto - convencional (0,25 g) feltro compacto - rgida (0,35 g) EVA (0,14 g) e flocada (0,40 g), impulsionadas por botes de 7,0, 8,5 e 10 gramas com velocidade inicial de 2,5 metros por segundo.

    QUADRO II

    Os valores citados abaixo da velocida-de da bolinha referem-se ao do boto

    aps o impacto.

    massa do

    boto

    7,0 g

    massa do

    boto

    8,5 g

    massa do

    boto 10,0 g

    Diferena entre a maior e me-nor velocidade

    da bolinha

    Bolinha de EVA massa = 0,14 g

    4,90 m/s 2,40

    4,92 m/s 2,42

    4,93 m/s 2,43

    0,03 m/s

    Bolinha de feltro compacto comum massa = 0,25 g

    4,83 m/s 2,33

    4,86 m/s 2,36

    4,88 m/s 2,38

    0,05 m/s

    Bolinha de feltro compacto rgida massa = 0,35 g

    4,76 m/s 2,26

    4,80 m/s 2,30

    4,83 m/s 2,33

    0,07 m/s

    Bolinha flocada massa = 0,40 g

    4,73 m/s 2,23

    4,78 m/s 2,28

    4,80 m/s 2,30

    0,07 m/s

    Maior velocidade entre todos os valores = 4,93 m/s Menor velocidade entre todos os valores = 4,73 m/s

    Diferena entre o maior e menor valor = 0,20 m/s

    importante notar que as diferenas entre as velocidades das bolinhas so pequenas, independentemente se considerarmos as variaes de um tipo de bolinha em relao s massas dos botes ou as variaes entre as bolinhas em geral. Isto significa que o bo-tonista no vai ter que aplicar fora muito diferente na sua palheta para lanar uma bolinha meta (sobre o goleiro) usando bolinhas com massas entre 0,14 e 0,40 gramas impulsionadas por botes de 7,0 a 10 gramas. Os clculos para a determinao das velocidades esto citados no ltimo tpico do livro (vide equao ref. conservao da quantidade de movimento).

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    Mas como explicar uma maior ou menor fora no arre-messo para os diferentes tipos de bolinha?

    Realmente foras diferentes so exigidas para os arremessos e toques conforme o tipo de bolinha e certamente os botonistas j se deram conta deste fato. O que ocorre, geralmente, um equvoco de interpretao. No se deve atribuir tais diferenas unicamente massa (peso) das bolinhas. Acabamos de ver que a massa contribu modestamente no resultado final. Certas propriedades da bolinha (muito mais determinantes do que a massa) podem alterar a velocidade que seria obtida normal-mente com o impacto do boto, mostrado no ltimo quadro. O coe-ficiente de restituio, por exemplo, deve ser levado em conta nes-ta anlise, pois, a ele se deve uma parcela considervel destas mu-danas nas velocidades.

    COEFICIENTE DE RESTITUIO Entendendo esta propriedade

    Se soltarmos uma bola de borracha de uma altura de 90 cent-metros, por exemplo, a mesma vai colidir com o solo e sofrer certa deformao. Neste acontecimento, a deformao vai consumir e-nergia cintica, a qual acumulada como energia potencial. Imedia-tamente aps o choque a bola volta a sua forma original, liberando a energia potencial que retorna como cintica. Esta recuperao pode ocorrer em diferentes graus ou simplesmente no ocorrer. Se o re-bote devolver a bola na mesma altura em que foi solta, temos uma ocorrncia onde toda energia foi recuperada e o coeficiente de resti-tuio ser igual a 1,0 ( = 1,0). Caso a bola alcance uma altura in-ferior, a restituio foi parcial, assinalando que uma parcela da e-nergia foi dissipada, apesar de a bola aparentemente ter voltado a sua forma original (o som do impacto, gerao de calor, acomoda-o interna das fibras e compresso das felpas, no caso das boli-nhas de feltro, etc., so as causas destas perdas de energia). Assim ocorrendo, o valor do coeficiente corresponder a um valor acima de zero e menor do que 1. Se imaginarmos, agora, uma bola feita com massa de modelar ou material similar, o coeficiente ser igual a ze-ro, pois toda energia consumida numa deformao permanente

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    (praticamente no ocorre o rebote). Para um coeficiente = 1,0 te-mos uma coliso perfeitamente elstica se maior do que zero e menor do que 1, a coliso ocorrida foi do tipo parcialmente elstica e para coeficiente = zero a coliso classificada como inelstica. A maioria das bolas utilizadas em jogos: golfe, basquete, fute-bol, etc., apresentam um coeficiente de restituio maior do que ze-ro e menor do que 1,0. Raramente temos coeficiente = 1 A meu ver, o coeficiente de restituio das bolinhas usadas no futebol de mesa uma propriedade importante e seu valor deve es-tar compreendido numa certa faixa. Prximo de 1, podemos ter re-botes muito vigorosos, ou seja, a bolinha, aps colidir com o goleiro ou a trave, ser arremessada frequentemente na direo da meta oposta ou para fora do campo. Contraposto, valores prximos de zero podem resultar em toques e chutes dbeis, enfraquecidos, exigindo uma presso bem mais acentuada na palheta para com-pensar o amortecimento do impacto entre a borda do boto e a boli-nha. Nas especificaes oficiais da bolinha de feltro nada consta a respeito do coeficiente de restituio. Em 2004 realizei um estudo sobre este assunto com o intuito de definir a melhor faixa desta vari-vel para o futebol de mesa na modalidade 12 toques, mas no di-vulguei os resultados. Na ocasio determinei uma faixa entre 0,45 e 0,55 como ideal, mas estes valores devem ser reavaliados com no-vos ensaios.

    A - Coef. prximo de 1,0 B - Coef. intermedirio C - Coef prximo de zero

    C

    A

    B

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    Para este estudo realizei recentemente novas medies do coe-ficiente de restituio para as bolinhas:

    feltro em camadas;

    feltro compacto tradicional;

    feltro compacto - (bolinha rgida);

    bolinhas de flocos (flocada)