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2ª Turma Recursal JUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO Nro. Boletim 2014.000060 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 01/07/2014 Expediente do dia FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS 91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL 1 - 0000562-78.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000562-6/01) JOENES SUHET (ADVOGADO: ES005098 - SIRO DA COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.). Processo nº: 0000562-78.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000562-6/01) Recorrente: JOENES SUHET Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial Federal Relator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO VOTO EMENTA RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL. TRABALHO EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR NÃO COMPROVADO. PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Autor em face da sentença que julgou improcedente o pedido de reconhecimento de tempo de serviço laborado como trabalhador rural. Sustenta o recorrente que a legislação previdenciária e a jurisprudência pátria são no sentido da necessidade de abrandar o rigor na análise das provas documentais acerca do exercício da atividade rural, haja vista a dificuldade do trabalhador rurícola em produzir tais documentos. Ainda segundo o recorrente, o entendimento da jurisprudência é no sentido da desnecessidade de se comprovar todo o período por prova documental, bastando início de prova material, complementada pela prova testemunhal. Foram apresentadas contrarrazões às fls. 109v. Inicialmente, é de se registrar a desnecessidade de comprovação documental de todo o período laborado na atividade rural, sendo suficiente a apresentação de início de prova material, desde que validada por prova testemunhal idônea. Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da TNU. Confira-se: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVA MATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos da consolidada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigida prova documental de todo o período laborado nas lides campesinas, sendo suficiente a apresentação de início de prova material, desde que corroborada por via testemunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempo postulado quando a comprovação testemunhal se mostra insuficiente para emprestar eficácia à prova material colacionada. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOS IRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTE TESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de período de labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), lastreado no início de prova material, com base em certidões de nascimento dos irmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova testemunhal. 2. Acórdão da Turma Recursal reforma sentença nessa parte, por entender que tais documentos, caracterizadores do início de prova material, só tem aptidão para comprovar a atividade rural dessa data em diante (1973), a desconsiderar, portanto, todo o período anterior então reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 desta Turma Nacional não exige que o início de prova material abranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e desta TNU assenta entendimento de que havendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se deseja comprovar, caberá aos outros elementos do contexto probatório constantes dos autos, geralmente a prova testemunhal, ampliar a sua eficácia probatória, quer para fim retrospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim de reformar o acórdão nessa parte, a restaurar os termos da r. sentença (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011). Analisando o caso dos autos, verifica-se que, para comprovação do exercício de atividade rural, o recorrente juntou aos autos: 1) certidão de casamento contraído em 1982 (fl. 13); 2) Certidão de pagamento em arrolamento (fl. 14), datada de

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Page 1: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

2ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Nro. Boletim 2014.000060 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

01/07/2014Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000562-78.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000562-6/01) JOENES SUHET (ADVOGADO: ES005098 - SIRO DACOSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).Processo nº: 0000562-78.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000562-6/01)Recorrente: JOENES SUHETRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL. TRABALHO EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR NÃO COMPROVADO. PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.Trata-se de recurso inominado interposto pelo Autor em face da sentença que julgou improcedente o pedido dereconhecimento de tempo de serviço laborado como trabalhador rural.

Sustenta o recorrente que a legislação previdenciária e a jurisprudência pátria são no sentido da necessidade de abrandar origor na análise das provas documentais acerca do exercício da atividade rural, haja vista a dificuldade do trabalhadorrurícola em produzir tais documentos. Ainda segundo o recorrente, o entendimento da jurisprudência é no sentido dadesnecessidade de se comprovar todo o período por prova documental, bastando início de prova material, complementadapela prova testemunhal.

Foram apresentadas contrarrazões às fls. 109v.

Inicialmente, é de se registrar a desnecessidade de comprovação documental de todo o período laborado na atividade rural,sendo suficiente a apresentação de início de prova material, desde que validada por prova testemunhal idônea. Nessesentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da TNU. Confira-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVAMATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos daconsolidada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigidaprova documental de todo o período laborado nas lides campesinas, sendo suficiente a apresentação de início de provamaterial, desde que corroborada por via testemunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempopostulado quando a comprovação testemunhal se mostra insuficiente para emprestar eficácia à prova material colacionada.3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTATURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DEECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOSIRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTETESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de períodode labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), lastreado no início de prova material, com base em certidões de nascimento dosirmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova testemunhal. 2. Acórdão da Turma Recursalreforma sentença nessa parte, por entender que tais documentos, caracterizadores do início de prova material, só temaptidão para comprovar a atividade rural dessa data em diante (1973), a desconsiderar, portanto, todo o período anteriorentão reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 desta Turma Nacional não exige que o início de prova materialabranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e desta TNU assenta entendimento de quehavendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se deseja comprovar, caberá aos outroselementos do contexto probatório constantes dos autos, geralmente a prova testemunhal, ampliar a sua eficácia probatória,quer para fim retrospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim dereformar o acórdão nessa parte, a restaurar os termos da r. sentença (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL PAULORICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011).Analisando o caso dos autos, verifica-se que, para comprovação do exercício de atividade rural, o recorrente juntou aosautos: 1) certidão de casamento contraído em 1982 (fl. 13); 2) Certidão de pagamento em arrolamento (fl. 14), datada de

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junho de 1993, informando pagamento realizado em maio do mesmo ano; 3) Declaração da Entidade Sindical de Alegre (fl.15), datada de outubro de 2008, informando o período de atividade rural entre 07/1968 a 12/19802; 4) certidão da JustiçaEleitoral, onde consta sua profissão como trabalhador rural (fl. 16); 5) certidão do 1º Ofício do Serviço Notarial e Registral daComarca de Alegre (fls. 17), datada de dezembro de 1994, onde consta o registro, em 1967, da aquisição de imóvel ogenitor do recorrente; 6) documentos escolares (fls. 18/22); e 7) declaração de exercício de atividade rural (fls. 23/24).

Assim, a certidão de casamento, em conjunto com a documentação supracitada, conforme bem observado pela sentençaguerreada, não constituem início de prova material, porque nenhum dos documentos é contemporâneo à época dos fatos,portanto não podem ser considerados como início razoável de prova material.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas e honorários, haja vista a gratuidade de justiça deferida à fl. 31, com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

2 - 0005441-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005441-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x LILIAM TEIXEIRA DE SOUZA ALVES(ADVOGADO: ES012203 - BRUNO DE CASTRO QUEIROZ, ES015691 - RODRIGO LOPES BRANDÃO.).Processo nº: 0005441-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005441-2/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: LILIAM TEIXEIRA DE SOUZA ALVESJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. OMISSÃO.INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 61/64. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso no tocante à condenação em honoráriosadvocatícios, tendo em vista que à época da interposição do recurso vigia na TR/ES entendimento favorável à pretensãorecursal. Aduz que a isenção da condenação em honorários, mostra-se devida, na medida em que são fatos posteriores aorecurso que ensejaram o seu desprovimento, tendo em vista que o interesse de agir da parte autora/embargada, em tese,somente teria surgido após o julgamento da Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.4.03.6183. Afirma que o acórdãoembargado não levou em conta tal fato quando da análise e fixação da verba honorária, mostrando-se, portanto, omissoneste particular. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício e expurgada a condenação da verba honorária impostaao embargante.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado.Quanto à condenação em honorários, os juizados especiais possuem regramento próprio no que tange aos ônus dasucumbência, prevendo o art. 55, caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995, aplicável aos Juizados Especiais Federais porforça do art. 1º, da Lei n.º 10.259/2001, in verbis:

Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casosde litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serãofixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido dacausa. (Grifei).

Portanto, não há que se falar em omissão. Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação demero inconformismo diante da conclusão jurisdicional adotada. O que se tem na hipótese é o uso dos embargos dedeclaração com fins meramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique

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sua utilização.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

3 - 0000551-81.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000551-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x CAMILA DOMINGOS DOS SANTOS (DEF.PUB:LUDMYLLA MARIANA ANSELMO, LIDIANE DA PENHA SEGAL.).Processo nº: 0000551-81.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000551-0/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: CAMILA DOMINGOS DOS SANTOSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. OMISSÃO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.CONTRADIÇÃO. DECAIMENTO DE PARTE MÍNIMA DO PEDIDO. CONDENAÇÃO DA PARTE CONTRÁRIA EMHONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. POSSIBILIDADE. ART. 21, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOSNO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 194/198. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório quanto ao índice de correçãomonetária, contrariando posição do STF no julgamento das ADI’S 4357 e 4425. Aduz que há contradição também, emrelação à condenação do INSS em honorários de sucumbência, na medida em que o recurso foi parcialmente provido.Afirma que foi vencedor, ainda que apenas em uma das suas pretensões recursais, razão pela qual, não se encontra nacondição de recorrente vencido. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange aos critérios de fixação da correção monetária (itens11e 12) e condenação em honorários sucumbenciais (item 14).A sucumbência recíproca importa, a teor do art. 21, do CPC, na compensação recíproca e proporcional dos honoráriosentre as partes, admitindo, contudo, o parágrafo único do mesmo artigo, a condenação da parte contrária quando um doslitigantes decair de parte mínima do pedido.In casu, o Embargante foi vencido em seu pleito recursal, tendo a parte autora decaído do pedido em mínima parte.Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante da conclusãojurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com fins meramenteprotelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

4 - 0007232-72.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007232-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x LUCAS ROSARIO DA SILVA (ADVOGADO: ES014129 - LUIZ CARLOSBARRETO.).Processo nº: 0007232-72.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007232-8/01)

Page 4: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: LUCAS ROSARIO DA SILVAJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – CÔMPUTO DE TEMPO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE SUJEITA A CONDIÇÕES ESPECIAIS QUEPREJUDIQUEM A SAÚDE OU A INTEGRIDADE FÍSICA – AGENTE RUÍDO – ENUNCIADO Nº 32 DA SÚMULA DA TNU –RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS com a finalidade de obter a reforma da sentença na parte específica em quereconhece como tendo sido exercido em condições especiais o período de 25/09/1995 a 01/09/1997. Segundo o INSS, oMM Juízo a quo reconheceu o período em tela por enquadramento da atividade profissional, enquanto na hipótese serianecessária a comprovação da efetiva exposição, em caráter habitual e permanente, ao agente nocivo, haja vista que a Leinº 9.032/95 teria extinto o enquadramento por categoria profissional.

2. Analisando o caso dos autos, é de se ver que o reconhecimento de atividade especial por mero enquadramento emcategoria profissional foi possível até o advento da Lei nº 9.032/95. Posteriormente, passou-se a exigir a prova da efetivaexposição, de modo habitual e permanente, nem ocasional nem intermitente, ao agente nocivo, dentre aqueles previstos nalegislação.

3. Logo, o recurso procede, mas apenas em parte, tendo em vista que enunciado nº 32 da TNU, que tem o seguinte teor:

“ENUNCIADO nº 32. O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversãoem comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto nº 53.831/64 e, a contar de 5 de março de1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto nº 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a AdministraçãoPública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído.”

4. Recentemente, o entendimento consubstanciado na súmula foi alterado em razão do julgamento do Recurso EspecialRepetitivo 1.398.260/PR pela 1ª Seção do STJ, conforme ementa abaixo transcrita.

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.ATIVIDADE INSALUBRE. AGENTE NOCIVO RUÍDO. DECRETO 4.882/2003. IRRETROATIVIDADE. REAFIRMAÇÃO DAJURISPRUDÊNCIA DO STJ. PET 9.059/DF E RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.398.260/PR. AGRAVO REGIMENTALNÃO PROVIDO.1. Quanto ao agente nocivo ruído, a Primeira Seção do STJ, ao apreciar a Pet 9.059/DF, acolheu o Incidente deUniformização de Jurisprudência suscitado pelo INSS, ratificando o entendimento de que não é possível a aplicaçãoretroativa do Decreto 4.882/2003, tal como proclamado pela decisão ora agravada.2. De igual modo, a Primeira Seção reafirmou, em sede de representativo da controvérsia, Recurso Especial Repetitivo1.398.260/PR, o mesmo entendimento, observando o princípio tempus regit actum.3. Agravo regimental não provido.(Processo: AgRg no AREsp 384058 MG 2013/0270433-2 Relator(a): Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Julgamento:22/05/2014 Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA Publicação: DJe 28/05/2014)

5. Assim, o Superior Tribunal de Justiça firmou orientação de que é tida por especial a atividade exercida com exposição aruídos superiores a 80 decibéis até a edição do Decreto 2.172, de 5 de março de 1997. Após essa data, o nível de ruídoconsiderado prejudicial é o superior a 90 decibéis. Com a entrada em vigor do Decreto 4.882, em 18.11.2003, o limite detolerância ao agente físico ruído foi reduzido para 85 decibéis.

6. Embora a sentença tenha considerado o período de 25/09/1995 a 01/09/1997 como especial por enquadramento dacategoria profissional, é de se ver que o recorrido comprovou, por meio da carteira de trabalho acostada à fl. 78, bem comopelo PPP de fl. 176, que estava sujeito ao agente ruído de maneira habitual e permanente, nem ocasional nem intermitente,em níveis acima de 80 decibéis.

7. Portanto, ainda que o magistrado a quo tenha feito referência apenas ao enquadramento por categoria profissional, operíodo de 25/09/1995 até 5 de março de 1997 deve ser considerado como exercido em condições especiais, haja vista queno caso concreto ficou comprovada a efetiva exposição ao agente nocivo e não o simples enquadramento da categoria.

8. Merece reforma a sentença apenas e tão-somente quanto ao período de 6 de março de 1997 a 1º de setembro de 1997,pois em tal período a sujeição a ruído era superior a 80 decibéis, enquanto o Decreto nº 2.172/97 exigia a sujeição a níveissuperiores a 90 decibéis.

9. Recurso conhecido e provido em parte, apenas para afastar o cômputo do período de 06/03/1997 a 1º/09/1997 comotendo sido exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física do recorrido.

10. Sem custas, na forma do art. 4º, incisos I e III, da Lei nº 9.289/1996. Como o recorrido decaiu de parte mínima do

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pedido, condena-se o INSS nos honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação (Lei nº 9.099/95, art.55).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DORECURSO E A ELE DAR PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

5 - 0002253-28.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002253-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.) x GUSTAVO CABRAL VIEIRA (ADVOGADO: ES015736 - LARISSA CAUSDELBONE.).Processo nº: 0002253-28.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002253-5/01)Recorrente: UNIAORecorrido: GUSTAVO CABRAL VIEIRAJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. PROCURADOR FEDERAL. PROGRESSÃO E PROMOÇÃO NACARREIRA. CRITÉRIOS. AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA. APLICABILIDADE DOS DECRETOS NºS84.669/1980 E 89.310/1984, NA FORMA DO ART. 65 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.229-43/2001. RECURSODESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO às fls. 65/82, em razão da sentença que julgou procedente o pedido,para declarar o direito do recorrido ao processamento imediato, na via administrativa, da progressão (vertical e horizontal)na carreira de Procurador Federal, observados os requisitos previstos nos Decretos nºs 84.669/1980 e 89.310/1984,consideradas, ainda, as alterações promovidas pela Lei nº 10.909/2004, fixando o prazo de até 90 (noventa) dias contadosdo trânsito em julgado para que a recorrente conclua o procedimento administrativo, concedendo ao recorrido asprogressões funcionais a que fizer jus.

Sustenta, em suas razões, preliminarmente, incompetência dos juizados especiais federais para apreciação da matéria, aoargumento de que, em realidade, pretende-se, pela via oblíqua, seja pronunciada a nulidade de atos administrativosfederais (Portaria nº 1432, de 30 de dezembro de 2008, com as alterações introduzidas pela Portaria nº 1.056/2009), o queencontra óbice no art. 3º, § 1º, inciso III da Lei 10.259/2001. Argúi, outrossim, a ocorrência de prescrição, por aplicação doprazo trienal previsto no art. 206, §3º, inciso V, do Código Civil, na linha do entendimento já esposado pelo Superior Tribunalde Justiça. Caso assim não se entenda, pugna ao menos seja reconhecida a prescrição das parcelas vencidasanteriormente ao quinquênio que antecedeu a propositura da demanda, nos termos da Súmula nº 85 do Superior Tribunalde Justiça. No mérito, invoca observância ao princípio da legalidade que, no âmbito da administração pública, apresentaespecial feição, vinculando o agir do administrador aos lindes da lei. No ponto, esclarece que a pretensão autoral

�alicerça-se na dicção do art. 65 da Medida Provisória nº 2.229-43, de 06 de setembro de 2001, que prevê que, até queaprovado regulamento, devem as progressões funcionais dos membros da carreira de Procurador Federal ser reguladaspelas normas vigentes quando da publicação daquela medida provisória. Argumenta que predito regulamento já foi editado,sendo, pois, aplicável ao caso em tela a Lei nº 10.480/2002, considerada a data de ingresso do recorrido na carreira, adizer, 09.10.2006 (fl. 26). Ressalta que aludida lei além de criar a Procuradoria-Geral Federal, definiu a competência doProcurador-Geral Federal, conferindo-lhe, em seu art. 11, § 2º, inciso V, dentre outras atribuições, a de disciplinar e efetivaras promoções e remoções dos membros da carreira de Procurador Federal. Ante tal previsão, restaria, portanto, afastadapor completo a aplicação dos Decretos nºs 84.669/1980 e 89.310/1984. Assevera, outrossim, que, ainda que se admitisse aaplicação dos referidos decretos, os requisitos por eles exigidos não restariam nem de longe preenchidos pelo recorrido.Aduz, de outra parte, afigurar-se impossível ao Judiciário a concessão de aumento de remuneração aos servidores públicosativos e inativos, mesmo com esteio na isonomia, sob pena de afronta ao princípio da independência e da harmonia entreos Poderes da República, insculpido no art. 2º da CRFB/88, conforme já assentado pelo Supremo Tribunal Federal em suaSúmula nº 339. Enfatiza que o almejo do recorrido traduz-se em uma tentativa de atingir o ápice da carreira em poucomenos de cinco anos, sem cumprir o período de estágio obrigatório (03 anos) constitucionalmente estabelecido. Caso nãoacolhidas as alegações adrede expostas, pugna pela aplicação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997 no que tange aos juros e àatualização monetária. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, para, caso ultrapassadas as preliminares,julgar totalmente improcedente o pedido deduzido na inicial.

Não foram apresentadas contrarrazões.

Inicialmente, afasto a preliminar de incompetência do Juízo, porquanto não se cuida de demanda que tem por objeto adeclaração de nulidade de ato administrativo federal, mas sim a fixação de sua abrangência, razão pela qual não encontra

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óbice na previsão do art. 3º, § 1º, inciso III, da Lei nº 10.259/2001.

Quanto à aventada prescrição, sabe-se que a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento doREsp 1251993/PR e em sede de recurso repetitivo (art. 543-C do CPC), fixou o entendimento de que “o prazo prescricionalde 5 (cinco) anos, previsto no Decreto nº 20.910/32, continua em vigor, não tendo sido revogado pela superveniência doCódigo Civil”. Vale transcrever a ementa do julgado, verbis:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ARTIGO 543-C DO CPC).RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL (ART. 1º DODECRETO 20.910/32) X PRAZO TRIENAL (ART. 206, § 3º, V, DO CC). PREVALÊNCIA DA LEI ESPECIAL. ORIENTAÇÃOPACIFICADA NO ÂMBITO DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.1. A controvérsia do presente recurso especial, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC e da Res. STJ n 8/2008, estálimitada ao prazo prescricional em ação indenizatória ajuizada contra a Fazenda Pública, em face da aparente antinomia doprazo trienal (art. 206, § 3º, V, do Código Civil) e o prazo quinquenal (art. 1º do Decreto 20.910/32). 2. O tema analisado nopresente caso não estava pacificado, visto que o prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública eradefendido de maneira antagônica nos âmbitos doutrinário e jurisprudencial. Efetivamente, as Turmas de Direito Públicodesta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois existem julgados de ambos os órgãos julgadores no sentido da aplicaçãodo prazo prescricional trienal previsto no Código Civil de 2002 nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública.Nesse sentido, o seguintes precedentes: REsp 1.238.260/PB, 2ª Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de5.5.2011; REsp 1.217.933/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 25.4.2011; REsp 1.182.973/PR, 2ª Turma,Rel. Min. Castro Meira, DJe de 10.2.2011; REsp 1.066.063/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de 17.11.2008;EREspsim 1.066.063/RS, 1ª Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 22/10/2009). A tese do prazo prescricional trienaltambém é defendida no âmbito doutrinário, dentre outros renomados doutrinadores: José dos Santos Carvalho Filho("Manual de Direito Administrativo", 24ª Ed., Rio de Janeiro: Editora Lumen Júris, 2011, págs. 529/530) e Leonardo JoséCarneiro da Cunha ("A Fazenda Pública em Juízo", 8ª ed, São Paulo: Dialética, 2010, págs. 88/90). 3. Entretanto, nãoobstante os judiciosos entendimentos apontados, o atual e consolidado entendimento deste Tribunal Superior sobre o temaé no sentido da aplicação do prazo prescricional quinquenal - previsto do Decreto 20.910/32 - nas ações indenizatóriasajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido do Código Civil de 2002. 4. O principalfundamento que autoriza tal afirmação decorre da natureza especial do Decreto 20.910/32, que regula a prescrição, sejaqual for a sua natureza, das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, ao contrário da disposição prevista noCódigo Civil, norma geral que regula o tema de maneira genérica, a qual não altera o caráter especial da legislação, muitomenos é capaz de determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de Responsabilidade Civil". EditoraRevista dos Tribunais, 7ª Ed. - São Paulo, 2007; págs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado ("Curso de Direito Administrativo".Editora Fórum, 2ª Ed. - Belo Horizonte, 2010; pág. 1042). 5. A previsão contida no art. 10 do Decreto 20.910/32, por si só,não autoriza a afirmação de que o prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública foi reduzido peloCódigo Civil de 2002, a qual deve ser interpretada pelos critérios histórico e hermenêutico. Nesse sentido: Marçal JustenFilho ("Curso de Direito Administrativo". Editora Saraiva, 5ª Ed. - São Paulo, 2010; págs. 1.296/1.299). 6. Sobre o tema, osrecentes julgados desta Corte Superior: AgRg no AREsp 69.696/SE, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de21.8.2012; AgRg nos EREsp 1.200.764/AC, 1ª Seção, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 6.6.2012; AgRg no REsp1.195.013/AP, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.5.2012; REsp 1.236.599/RR, 2ª Turma, Rel. Min.Castro Meira, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp 131.894/GO, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 26.4.2012;AgRg no AREsp 34.053/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp36.517/RJ, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.2.2012; EREsp 1.081.885/RR, 1ª Seção, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, DJe de 1º.2.2011. 7. No caso concreto, a Corte a quo, ao julgar recurso contra sentença que reconheceu prazotrienal em ação indenizatória ajuizada por particular em face do Município, corretamente reformou a sentença para aplicar aprescrição quinquenal prevista no Decreto 20.910/32, em manifesta sintonia com o entendimento desta Corte Superiorsobre o tema. 8. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução

�STJ 08/2008. ..EMEN: (RESP 201101008870, MAURO CAMPBELL MARQUES, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJEDATA:19/12/2012 RT VOL.:00932 PG:00721 ..DTPB:.) (grifo nosso)

Passo ao mérito. Ajuizou o recorrido a presente demanda almejando ver reconhecido o direito de obter progressão funcionalna carreira de procurador federal, em virtude do cumprimento do interstício de 12 (doze) meses previsto no § 1º do art. 10do Decreto nº 84.669/1980, independentemente da existência de vaga, visto que o art. 2º, parágrafo único, do Decreto nº84.669/1980 que previa tal condicionante foi revogado pelo Decreto nº 89.310/1984. Alega que referidos decretos ainda sãoaplicáveis, ante a não edição da regulamentação específica na forma prevista no art. art. 65 da Medida Provisória nº2.229-43/2001.

Pois bem. Aduz a recorrente a alegativa de que com o advento da Lei nº 10.480/02 não mais se afiguraria possível procederàs progressões funcionais dos membros da carreira de Procurador Federal com base nos Decretos nºs 84.669/1980 e89.310/1984, uma vez que referida lei, em seu art. 11, §2º, inciso V, conferiu ao Procurador-Geral Federal a atribuição dedisciplinar e efetivar as promoções e remoções dos membros da carreira de Procurador Federal.

Contudo, não se pode admitir que a modificação na competência para atuar nas promoções, que passaram doravante aestar a cargo do Procurador-Geral Federal, possa obstar a continuidade na sua realização, pois ainda se encontra em vigora Medida Provisória 2.229-43/01. Assim, se esse instrumento legislativo prevê que a promoção pode ser efetivada pelosdecretos regulamentares vigentes até que novo regulamento seja editado, não se há que dar solução de continuidade àprogressão dos Procuradores Federais que, anualmente, fazem jus a ela, pois efetivamente há possibilidade legal pararealizá-la. Conclui-se, assim, que, até que o Procurador-Geral Federal utilize sua competência para editar normas sobre as

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promoções e expeça decreto regulamentar nesse sentido, podem ser efetivadas as progressões/promoções anuais afetaaos Procuradores Federais, em face do art. 65 da Medida Provisória 2.229-43/01 já mencionado. Não subsiste, então, esseprimeiro fundamento.

Não foi outro o entendimento adotado nos seguintes arestos:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. PROCURADOR FEDERAL. PROCEDIMENTOADMINISTRATIVO DESTINADO À PROMOÇÃO/PROGRESSÃO FUNCIONAL. OMISSÃO ILEGAL DA AUTORIDADEIMPETRADA. LEI N. 10.480/2002: COMPETÊNCIA DO PROCURADOR-GERAL FEDERAL PARA DISCIPLINAR EEFETIVAR AS PROMOÇÕES DOS MEMBROS DA CARREIRA. APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO ART. 65 DA MEDIDAPROVISÓRIA N. 2.229-43/2001 NA AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA. DECRETOS NS. 84.690/80 E89.310/84. PRELIMINAR DE INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA E DE DECADÊNCIA REJEITADAS. CORREÇÃOMONETÁRIA E JUROS DE MORA. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. 1. Insurgindo-se o impetrante contraomissão da autoridade impetrada em dar início a procedimento administrativo referente a atribuição legal de suacompetência e comprovados os fatos por documentos, é adequada a via processual escolhida. Preliminar rejeitada. 2. Ahipótese dos autos cuida de prestação de trato sucessivo, de sorte que a lesão ao patrimônio do impetrante renova-se acada mês. Desta forma, não há que se falar em decadência do direito de impetrar Mandado de Segurança. Preliminarrejeitada. 3. O impetrante é Procurador Federal e tem direito à promoção na carreira, nos termos preconizados nalegislação de regência. Entretanto, o Procurador-Geral Federal, a quem a Lei 10.480/2002 atribuiu competência paradisciplinar e efetivar as promoções dos membros da carreira de Procurador Federal, vem se omitindo no cumprimento destaobrigação, o que causa prejuízos ao impetrante, na medida em que este fica impedido de alcançar as classes e os padrõesmais elevados da carreira. 4. Diante desse quadro, é de se reconhecer a omissão ilegal da autoridade impetrada, nãohavendo que se falar em ofensa ao princípio da separação dos poderes, uma vez que existe previsão legal para apromoção funcional, sendo que o impetrante busca justamente a efetivação da norma que a assegura. 5. "Até que sejaaprovado o regulamento de que trata o § 2o do art. 4o desta Medida Provisória, aplicam-se, para fins de progressãofuncional e promoção, as normas vigentes na data de sua publicação." (Art. 65 da Medida Provisória 2.229-43/2001, de 06de setembro de 2001.) 6. . Considerando que o impetrante tem direito líquido e certo ao seu desenvolvimento na carreira eque a autoridade impetrada omitiu-se em disciplinar e efetivar as promoções, conforme determinação da Lei 10.480/2002,ressai evidente que até que venha a ser editada a regulamentação competente, deve prevalecer a norma de transiçãoprevista no art. 65 da Medida Provisória 2.229-43/2001. 7. O art. 65 da referida medida provisória, ao prever a aplicação dasnormas para progressão e promoção vigentes na data de sua publicação, autorizou a aplicação dos Decretos 84.669/80 e89.310/84, que disciplinam pormenorizadamente a questão relativa ao instituto da progressão funcional, sendo certo que oCapítulo II do Decreto 84.669/80 disciplina o interstício a ser observado, que é de 12 (doze) meses. 8. Juros e correçãomonetária devem incidir na forma do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 9. Apelação e remessa oficial a que se dáparcial provimento. (Processo AMS 200434000285994 AMS - APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA –200434000285994 Relator(a) DESEMBARGADORA FEDERAL ÂNGELA CATÃO Sigla do órgão TRF1 Órgão julgadorPRIMEIRA TURMA Fonte e-DJF1 DATA:07/03/2014 PAGINA:26)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL - PROCURADOR FEDERAL - PROGRESSÃO FUNCIONAL- COMPETÊNCIADA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA - APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO ART. 65 DA MEDIDA PROVISÓRIA2.229-43/2001 NA AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA. ILEGALIDADE DA PROIBIÇÃO PREVISTA NOOFÍCIO N 93/PGF.1. De acordo com a MP n. 2.229-43/2001: progressão é a passagem do servidor para o padrão de vencimentoimediatamente superior dentro de uma mesma classe ou categoria, e promoção, a passagem do servidor do último padrãode uma classe ou categoria para o primeiro padrão da classe ou categoria imediatamente superior. 2. Nos termos do § 2ºdo art. 11 da Lei n. 10.480/2002, compete ao Procurador-Geral Federal "disciplinar e efetivar as promoções e remoções dosmembros da Carreira de Procurador Federal". 3. Em se tratando de pretensão a progressões funcionais, ato que não constana Lei n. 10.480/2002 como sendo de competência do Procurador-Geral Federal, não há que se falar em incompetência daautoridade administrativa que as efetivou. 4. Enquanto não editada a regulamentação acerca dos requisitos paraprogressão funcional e promoção dos servidores na nova carreira de Procurador Federal, prevista no § 2º do art. 4º da MPn. 2.229-43/2001, devem ser aplicadas as normas vigentes na data de sua publicação, nos termos previstos no art. 65 do

�mesmo diploma legal. (AC 200338000580764, JUÍZA FEDERAL ROSIMAYRE GONCALVES DE CARVALHO, TRF1 - 2ªTURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA:04/10/2012 PAGINA:274.) (grifo nosso)

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. PROCURADOR FEDERAL. PROCEDIMENTOADMINISTRATIVO DESTINADO À PROMOÇÃO/PROGRESSÃO FUNCIONAL. OMISSÃO ILEGAL DA AUTORIDADEIMPETRADA. LEI 10.480/2002: COMPETÊNCIA DO PROCURADOR-GERAL FEDERAL PARA DISCIPLINAR E EFETIVARAS PROMOÇÕES DOS MEMBROS DA CARREIRA. APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO ART. 65 DA MEDIDA PROVISÓRIA2.229-43/2001 NA AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA. DECRETOS 84.690/80 E 89.310/84. PRELIMINARDE INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA REJEITADA. APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL, TIDA POR INTERPOSTA, NÃOPROVIDAS.1. Insurgindo-se o impetrante contra omissão da autoridade impetrada em dar início a procedimento administrativo referentea atribuição legal de sua competência e comprovados os fatos por documentos, é adequada a via processual escolhida.Preliminar rejeitada. 2. O impetrante é Procurador Federal e tem direito à promoção na carreira, nos termos preconizadosna legislação de regência. Entretanto, o Procurador-Geral Federal, a quem a Lei 10.480/2002 atribuiu competência paradisciplinar e efetivar as promoções dos membros da carreira de Procurador Federal, vem se omitindo no cumprimento desta

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obrigação, o que causa prejuízos ao impetrante, na medida em que este fica impedido de alcançar as classes e os padrõesmais elevados da carreira. 3. Diante desse quadro, é de se reconhecer a omissão ilegal da autoridade impetrada, nãohavendo que se falar em ofensa ao princípio da separação dos poderes, uma vez que existe previsão legal para apromoção funcional, sendo que o impetrante busca justamente a efetivação da norma que a assegura. 4. Até que sejaaprovado o regulamento de que trata o § 2o do art. 4o desta Medida Provisória, aplicam-se, para fins de progressãofuncional e promoção, as normas vigentes na data de sua publicação. (Art. 65 da Medida Provisória 2.229-43/2001, de 06de setembro de 2001.) 5. Considerando que o impetrante tem direito líquido e certo ao seu desenvolvimento na carreira eque a autoridade impetrada omitiu-se em disciplinar e efetivar as promoções, conforme determinação da Lei 10.480/2002,ressai evidente que até que venha a ser editada a regulamentação competente, deve prevalecer a norma de transiçãoprevista no art. 65 da Medida Provisória 2.229-43/2001. 6. O art. 65 da referida medida provisória, ao prever a aplicação dasnormas para progressão e promoção vigentes na data de sua publicação, autorizou a aplicação dos Decretos 84.669/80 e89.310/84, que disciplinam pormenorizadamente a questão relativa ao instituto da progressão funcional, sendo certo que oCapítulo II do Decreto 84.669/80 disciplina o interstício a ser observado, que é de 12 (doze) meses. 7. Apelação e remessa

�oficial, tida por interposta, a que se nega provimento. (AMS 200434000241174, JUIZ FEDERAL ANTONIO FRANCISCODO NASCIMENTO (CONV.), TRF1 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 DATA:22/02/2010 PAGINA:56.)

A procedência do pedido formulado na inicial não implica reajuste ou equiparação remuneratória, mas apenas correção daomissão estatal ante a inobservância da progressão vertical.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela UNIÃO, fixados em10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

6 - 0006244-12.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006244-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x NIULVA COELHO DA SILVA(ADVOGADO: ES005752 - PAULO PIRES DA FONSECA, ES015825 - TIAGO GONÇALVES FAUSTINO, ES016988 -MAICON CORTES GOMES.).Processo nº: 0006244-12.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006244-2/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: NIULVA COELHO DA SILVAJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO - ARTIGO 5º DA LEI 11.960/2009 –– JUROS – SUBSISTENCIA DOART. 1º-F DA LEI 9.494/97 – OMISSÃO – INEXISTÊNCIA – PREQUESTIONAMENTO - RECURSO DESPROVIDO –ACÓRDÃO MANTIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração interpostos pelo INSS, em face do acórdão de fls. 305/306. Sustenta que o débitooriundo da referida condenação é de natureza não tributária, razão pela qual requer o pronunciamento expresso acerca dadeclaração de inconstitucionalidade da sistemática de juros legais do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997, com a redação dada peloart. 5º, da Lei 11.960/2009.

2. Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.

3. Inexiste omissão no acórdão impugnado, simplesmente porque o embargante não questionou, nas razões de seu recursoinominado, os critérios de juros e atualização definidos na sentença, limitando-se a questionar as conclusões tiradas peloMM Juízo a quo quanto à presunção de dependência econômica. Embora a Turma Recursal possa decidir a qualquertempo, de ofício, sobre matéria de ordem pública, o fato de não ter se manifestado significa que concordou com a sentençanessa parte. Concluindo, se o INSS não questionou essa matéria especificamente no recurso, não há que se falar emomissão no acórdão guerreado.

4. Consoante a aplicação analógica do art. 515, caput, do Código de Processo Civil, o recurso contra sentença devolve à

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Turma Recursal o conhecimento da “matéria impugnada”. Todavia, o tema em debate não foi ventilado pelo embargante norecurso inominado, tendo sido arguido apenas nesta oportunidade; vale dizer, traduz inovação recursal e coloca-se emcolidência com o entendimento assentado pela Turma Nacional de Uniformização - TNU, mutatis mutandis, na questão de

�ordem número 10 .

5. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

7 - 0002879-20.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.002879-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x JOBE FARINA (ADVOGADO: ES004392 -DEIJAYME TEIXEIRA VIANA.).Processo nº: 0002879-20.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.002879-4/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JOBE FARINAJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE BENEFÍCIO – REGRAMENTO DE JUROS APÓSMEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.180-35/2001 – OMISSÃO – INEXISTÊNCIA - PREQUESTIONAMENTO –RECURSODESPROVIDO. ACÓRDÃO MANTIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração interpostos pelo INSS, em face do acórdão de fls. 104/105. Aduz o embargante, emresumo, que o julgado é omisso ao não pronunciar a necessidade de regramento dos juros de mora no período posterior àentrada em vigor da Medida Provisória nº 2.180-35/2001. Alega ainda, omissão quanto à posição pacífica do STF acerca daaplicabilidade imediata do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, mesmo nos processosem curso. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

2. Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.

3. Inexiste omissão no acórdão impugnado, simplesmente porque o embargante não questionou, nas razões de seu recursoinominado, os critérios de juros e atualização definidos na sentença, limitando-se a questionar as conclusões tiradas peloMM Juízo a quo quanto à força probatória das anotações na carteira de trabalho. Embora a Turma Recursal possa decidir aqualquer tempo, de ofício, sobre matéria de ordem pública, o fato de não ter se manifestado significa que concordou com asentença nessa parte. Concluindo, se o INSS não questionou essa matéria especificamente no recurso, não há que se falarem omissão no acórdão guerreado.

5. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º Relator

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Assinado eletronicamente

8 - 0002104-97.2003.4.02.5001/01 (2003.50.01.002104-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA AUGUSTA SANTOSALVES (ADVOGADO: ES010010 - LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA, ES012411 - MARCELO CARVALHINHOVIEIRA, ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN, ES003823E - vanessa ribeiro fogos.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x FUNDAÇÃOVALE DO RIO DOCE DE SEGURIDADE SOCIAL - VALIA (ADVOGADO: ES011868 - LUCAS ZIGONI CAMPOS, ES004715- SANDOVAL ZIGONI JUNIOR.).Processo nº: 0002104-97.2003.4.02.5001/01 (2003.50.01.002104-5/01)Recorrente: FUNDAÇÃO VALE DO RIO DOCE DE SEGURIDADE SOCIAL - VALIARecorridos: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E OUTRAJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. QUESTÕES APRECIADAS DE FORMA CLARA E OBJETIVA. PREQUESTIONAMENTO.AFIRMAÇÃO GENÉRICA DE OMISSÃO E/OU CONTRADIÇÃO DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela FUNDAÇÃO VALE DO RIO DOCE DE SEGURIDADE SOCIAL – VALIA,em face do acórdão proferido à fl. 214, alegando omissão e contradição em seu bojo, com a finalidade deprequestionamento. Sustenta que não deu causa a qualquer dano moral suportado pela autora, não estando, pois, obrigadaa repará-lo. Afirma, genericamente, que o acórdão não analisou a tese central ventilada pela defesa, sem, entretanto,apontar objetivamente em que omissão e/ou contradição incorreu o Juízo.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição da embargante, verifica-seque esta não apresenta ou aponta de forma conclusiva quaisquer das hipóteses passíveis de embargos de declaração,afirmando a existência de omissão/contradição de forma genérica.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada. O acórdão afirma expressamente a responsabilidade civil da VALIA,atribuindo a ela a conduta geradora do dano.Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

Ressalte-se, por fim, que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismodiante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. No caso emapreço, infere-se, com clareza, que a embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decidido em sede dejulgamento do recurso.

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Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

9 - 0002807-65.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002807-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x ENARA DE OLIVEIRA OLIMPIO RAMOS PINTO.Processo nº: 0002807-65.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002807-1/01)Recorrente: UNIAORecorrido: ENARA DE OLIVEIRA OLIMPIO RAMOS PINTOJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-CRECHE E AUXÍLIO PRÉ-ESCOLAR. IMPOSTO DE RENDA. NÃOINCIDÊNCIA. PRESCRIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/2005. DESNECESSIDADE DE JUNTADA DE DOCUMENTOSPARA FINS DE LIQUIDAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO, em face do acórdão de fls. 74/76, que deu parcial provimento aorecurso inominado interposto contra sentença que julgou procedentes os pedidos de declaração de inexigibilidade doImposto de Renda sobre verbas denominadas “auxílio-creche” e “auxílio pré-escolar”, bem como de repetição de indébitodos valores indevidamente tributados. Alega a embargante, em resumo, que o julgado é omisso quanto à necessidade decomplementação da documentação para fins de liquidação do indébito. Aduz, outrossim, que ocorreu a prescrição emrelação aos recolhimentos realizados anteriormente a 5 (cinco) anos da data do ajuizamento da ação, conforme fixado peloSTF no julgamento do RE 566.621/RS. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e integrado o julgado.Manifestação da Embargada às fls. 101/131.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de omissão no julgado.

Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.4. Quanto à alegada prescrição, não se configura qualquer omissão no julgado. A sentença considerou aplicável o prazoprescricional de cinco anos, contados da vigência da LC 118/2008, a dizer 09.06.2005. No recurso inominado interpostocontra a sentença, a União sustenta que o marco inicial da contagem do prazo prescricional é a data do pagamento. Oacórdão embargado foi no sentido de que a referida lei complementar aplica-se aos fatos geradores posteriores à suavigência, estando os fatos geradores anteriores submetidos à prescrição de 5 (cinco) anos após o prazo de 5 (cinco) anospara homologação tácita. Assim, não há o que declarar no acórdão.

5. No que concerne à necessidade de complementação da documentação para fins de liquidação do indébito, insta realçar,a prescindibilidade de juntada de declarações de ajuste e de realização das retificações das Declarações Anuais de Impostode Renda para fins de liquidação da sentença, visto que é faculdade do contribuinte optar pela repetição ou pelacompensação, conforme decidiu a Turma Nacional de Uniformização – TNU no pedido nº 200871500124271, de relatoriado MM. Juiz Federal Vladimir Santos Vitovsky, publicado no DOU de 08.06.2012.

6. Consigne-se, que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Não se verifica, nospresentes embargos, nenhum dos elementos autorizadores da sua interposição.

7. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

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GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

10 - 0006532-62.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006532-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x NEUZA ALVES TATAGIBA (ADVOGADO: ES010751 - MARCELOMATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.).Processo nº: 0006532-62.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006532-8/01)Recorrente: NEUZA ALVES TATAGIBARecorrido: UNIÃOJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora, em face do acórdão proferido às fls. 114/116. A embarganteaponta obscuridade no julgado, consistente na condenação da UNIÃO ao pagamento de honorários advocatícios no valorde 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Assevera que a presente demanda trata apenas de obrigação de nãofazer (abster-se a UNIÃO de efetuar qualquer desconto nos proventos de aposentadoria/pensão da embargante), não tendocondenação em pecúnia, motivo pelo qual a verba honorária não pode ser arbitrada da forma indicada no acórdão recorrido.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de obscuridade no julgado.Sem razão a embargante. Ressalta-se que o valor da condenação é exatamente o valor da dívida cuja declaração deinexistência se pretende. Considerando que o acórdão embargado negou provimento ao recurso da parte ré, mantendo asentença, reafirmada está a sentença em todos os seus termos, inclusive no tocante à condenação ao pagamentoretroativo dos valores indevidamente descontados. Destarte, não há vício a ser sanado.

4. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

11 - 0006095-21.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006095-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x ARACY CARVALHINHO BORGES (ADVOGADO: ES012461 -GERALDO MAGELA CURTINHAS VIEIRA JUNIOR, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDOPIZZOL VINHA.).Processo nº: 0006095-21.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006095-1/01)Recorrente: ARACY CARVALHINHO BORGESRecorrido: UNIÃOJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora, em face do acórdão proferido às fls. 113/115. A embarganteaponta obscuridade no julgado, consistente na condenação da UNIÃO ao pagamento de honorários advocatícios no valor

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de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Assevera que a presente demanda trata apenas de obrigação de nãofazer (abster-se a UNIÃO de efetuar qualquer desconto nos proventos de aposentadoria/pensão da embargante), não tendocondenação em pecúnia, motivo pelo qual a verba honorária não pode ser arbitrada da forma indicada no acórdão recorrido.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de obscuridade no julgado.Sem razão a embargante. O valor da condenação é exatamente o valor da dívida cuja declaração de inexistência sepretende. Considerando que o acórdão embargado negou provimento ao recurso da parte ré, mantendo a sentença,reafirmada está a sentença em todos os seus termos, inclusive no tocante à condenação ao pagamento retroativo dosvalores indevidamente descontados. Destarte, não há vício a ser sanado.

4. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

12 - 0004334-81.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004334-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x GILCEA JARDIM TOLEDO (ADVOGADO: ES011893 - LEONARDOPIZZOL VINHA, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES.).Processo nº: 0004334-81.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004334-0/01)Recorrente: GILCEA JARDIM TOLEDORecorrido: UNIÃOJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora, em face do acórdão proferido às fls. 145/147. A embarganteaponta obscuridade no julgado, consistente na condenação da UNIÃO ao pagamento de honorários advocatícios no valorde 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Assevera que a presente demanda trata apenas de obrigação de nãofazer (abster-se a UNIÃO de efetuar qualquer desconto nos proventos de aposentadoria/pensão da embargante), não tendocondenação em pecúnia, motivo pelo qual a verba honorária não pode ser arbitrada da forma indicada no acórdão recorrido.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de obscuridade no julgado.Sem razão a embargante. O valor da condenação é exatamente o valor da dívida cuja declaração de inexistência sepretende. Considerando que o acórdão embargado negou provimento ao recurso da parte ré, mantendo a sentença,reafirmada está a sentença em todos os seus termos, inclusive no tocante à condenação ao pagamento retroativo dosvalores indevidamente descontados. Destarte, não há vício a ser sanado.Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

Page 14: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

13 - 0006305-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006305-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x NANCY FERNANDES ROCHA (ADVOGADO: ES012461 -GERALDO MAGELA CURTINHAS VIEIRA JUNIOR, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDOPIZZOL VINHA.).Processo nº: 0006305-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006305-8/01)Recorrente: NANCY FERNANDES ROCHARecorrido: UNIÃOJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO EM QUANTIA LÍQUIDA.OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora, em face do acórdão proferido às fls. 111/113. A embarganteaponta obscuridade no julgado, consistente na condenação da UNIÃO ao pagamento de honorários advocatícios no valorde 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Assevera que a presente demanda trata apenas de obrigação de nãofazer (abster-se a UNIÃO de efetuar qualquer desconto nos proventos de aposentadoria/pensão da embargante), não tendocondenação em pecúnia, motivo pelo qual a verba honorária não pode ser arbitrada da forma indicada no acórdão recorrido.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de obscuridade no julgado.Sem razão a embargante. Ressalta-se que o valor da condenação é exatamente o valor da dívida cuja declaração deinexistência se pretende. Considerando que o acórdão embargado negou provimento ao recurso da parte ré, mantendo asentença, reafirmada está a sentença em todos os seus termos, inclusive no tocante à condenação ao pagamentoretroativo dos valores indevidamente descontados. Destarte, não há vício a ser sanado.

4. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

14 - 0012470-20.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.012470-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x MARIA TEREZA MORATORIALVES (ADVOGADO: ES010838 - Leonardo Martins Gabrieli, ES008890 - RAFAEL DE ANCHIETA PIZA PIMENTEL.).Processo nº: 0012470-20.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.012470-0/01)Recorrente: MARIA TEREZA MORATORI ALVESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DO INSS AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOMONTANTE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO.RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora, em face do acórdão proferido às fls. 117/119. A embarganteaponta omissão no julgado, consistente na condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no valor de 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação. Assevera que a presente demanda trata apenas de obrigação de fazer(conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez), não tendo condenação em pecúnia, motivo pelo qual a verbahonorária não pode ser arbitrada da forma indicada no acórdão recorrido.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-se

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que esta aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.Ressalta-se que a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez gera o pagamento de atrasados.Considerando que o acórdão embargado negou provimento ao recurso da parte ré, mantendo a sentença pelos própriosfundamentos, em conformidade com o art. 46, da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais por forçado art. 1º, da Lei nº 10.259/2001, reafirmada está a sentença em todos os seus termos, inclusive no tocante à condenaçãoao pagamento retroativo das diferenças resultantes da conversão do benefício.Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

15 - 0006744-83.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006744-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x VINICIUS MARÇAL LEAL (ADVOGADO: ES014120 - THIAGOPEREIRA MALAQUIAS, ES013403 - ANTONIO FERNANDO DE LIMA MOREIRA DA SILVA.).Processo nº: 0006744-83.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006744-1/01)Recorrente: UNIAORecorrido: VINICIUS MARÇAL LEALJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. CONCESSÃO DE MEDICAMENTO.CONTRADIÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ESTABELECIDA NA CRFB/1988. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO (fls. 480/482) em face do acórdão proferido às fls. 476/477.Alega a embargante, em resumo, que o acórdão guerreado é contraditório, porquanto manteve a União no pólo passivo,reconhecendo a sua legitimidade, tendo em vista a responsabilidade solidária entre todos os entes da federação. Asseveraque o julgado deve abordar a inconstitucionalidade da repartição de atribuições do SUS perante a norma estabelecida peloartigo 196, da CR/1988. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de contradição no julgado.Inexiste contradição no acórdão impugnado.

Com efeito, é legítima a União para ocupar o pólo passivo das ações em que se pleiteia a concessão de medicamentos etratamento de saúde, pois a Constituição Federal é expressa ao determinar que a saúde é dever do Estado, não excluindodessa responsabilidade qualquer de seus entes, na forma do art. 196, da CRFB/1988 e do art. 9º, da Lei 8.080/1990. Ajurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de ser legítima a União para responder pelo fornecimentode medicamento e tratamento médico pelo SUS. (AI 418.320, rel. Ministro Carlos Velloso; RE 259.415, rel. MinistroSepúlveda Pertence; RE 198.263, rel. Ministro Sydney Sanches; RE 242.859, rel. Ministro Ilmar Galvão e RE 271.286-AgR,rel. Ministro Celso Melo.

In casu, cuida-se de mero inconformismo quanto ao deslinde da causa, o que não oportuniza a oposição de embargos dedeclaração ou retificação do julgado, na medida em que o magistrado, desde que fundamente suficientemente sua decisão,não está obrigado a responder todas as alegações das partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem arebater um a um todos os argumentos levantados.

Nesse sentido o entendimento do egrégio STJ: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado arefutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para odeslinde do tema.” (REsp 717265, 4ª Turma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado aexaminar, um a um, os pretensos fundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que

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indique o fundamento suficiente de sua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ªTurma, relator Ministro Oscar Corrêa, RTJ 109/1098).

7. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

16 - 0005291-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005291-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x ROGERIO DE SOUZA PORFIRO (DEF.PUB: VINICIUS COBUCCI SAMPAIO.) xMUNICÍPIO DE VILA VELHA (ADVOGADO: ES011160 - TATIANA MATOS RODRIGUES ASSEF.) x ESTADO DOESPÍRITO SANTO (ADVOGADO: ES011018 - WERNER BRAUN RIZK.).Processo nº: 0005291-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005291-2/01)Recorrente: UNIAORecorrido: ROGERIO DE SOUZA PORFIRO E OUTROSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. CONCESSÃO DE MEDICAMENTO.CONTRADIÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ESTABELECIDA NA CRFB/1988. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO (fls. 196/199) em face do acórdão proferido às fls. 188/191.Alega a embargante, em resumo, que o acórdão guerreado é contraditório, porquanto manteve a União no pólo passivo,reconhecendo a sua legitimidade, tendo em vista a responsabilidade solidária entre todos os entes da federação. Asseveraque o julgado deve abordar a inconstitucionalidade da repartição de atribuições do SUS perante a norma estabelecida peloartigo 196, da CR/1988. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de contradição no julgado.Inexiste contradição no acórdão impugnado.

Com efeito, é legítima a União para ocupar o pólo passivo das ações em que se pleiteia a concessão de medicamentos etratamento de saúde, pois a Constituição Federal é expressa ao determinar que a saúde é dever do Estado, não excluindodessa responsabilidade qualquer de seus entes, na forma do art. 196, da CRFB/1988 e do art. 9º, da Lei 8.080/1990. Ajurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de ser legítima a União para responder pelo fornecimentode medicamento e tratamento médico pelo SUS. (AI 418.320, rel. Ministro Carlos Velloso; RE 259.415, rel. MinistroSepúlveda Pertence; RE 198.263, rel. Ministro Sydney Sanches; RE 242.859, rel. Ministro Ilmar Galvão e RE 271.286-AgR,rel. Ministro Celso Melo.

In casu, cuida-se de mero inconformismo quanto ao deslinde da causa, o que não oportuniza a oposição de embargos dedeclaração ou retificação do julgado, na medida em que o magistrado, desde que fundamente suficientemente sua decisão,não está obrigado a responder todas as alegações das partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem arebater um a um todos os argumentos levantados.

Nesse sentido o entendimento do egrégio STJ: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado arefutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para odeslinde do tema.” (REsp 717265, 4ª Turma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado aexaminar, um a um, os pretensos fundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é queindique o fundamento suficiente de sua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ªTurma, relator Ministro Oscar Corrêa, RTJ 109/1098).

7. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

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ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

17 - 0004914-14.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004914-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x BERNADINA DAJUDA CUSTODIO (DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT,VINICIUS COBUCCI SAMPAIO.).Processo nº: 0004914-14.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004914-7/01)Recorrente: UNIAORecorrido: BERNADINA DAJUDA CUSTODIOJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. CONCESSÃO DE MEDICAMENTO.CONTRADIÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ESTABELECIDA NA CRFB/1988. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO (fls. 157/159) em face do acórdão proferido às fls. 152/153.Alega a embargante, em resumo, que o acórdão guerreado é contraditório, porquanto manteve a União no pólo passivo,reconhecendo a sua legitimidade, tendo em vista a responsabilidade solidária entre todos os entes da federação. Asseveraque o julgado deve abordar a inconstitucionalidade da repartição de atribuições do SUS perante a norma estabelecida peloartigo 196, da CR/1988. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de contradição no julgado.Inexiste contradição no acórdão impugnado.

Com efeito, é legítima a União para ocupar o pólo passivo das ações em que se pleiteia a concessão de medicamentos etratamento de saúde, pois a Constituição Federal é expressa ao determinar que a saúde é dever do Estado, não excluindodessa responsabilidade qualquer de seus entes, na forma do art. 196, da CRFB/1988 e do art. 9º, da Lei 8.080/1990. Ajurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de ser legítima a União para responder pelo fornecimentode medicamento e tratamento médico pelo SUS. (AI 418.320, rel. Ministro Carlos Velloso; RE 259.415, rel. MinistroSepúlveda Pertence; RE 198.263, rel. Ministro Sydney Sanches; RE 242.859, rel. Ministro Ilmar Galvão e RE 271.286-AgR,rel. Ministro Celso Melo.

In casu, cuida-se de mero inconformismo quanto ao deslinde da causa, o que não oportuniza a oposição de embargos dedeclaração ou retificação do julgado, na medida em que o magistrado, desde que fundamente suficientemente sua decisão,não está obrigado a responder todas as alegações das partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem arebater um a um todos os argumentos levantados.

Nesse sentido o entendimento do egrégio STJ: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado arefutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para odeslinde do tema.” (REsp 717265, 4ª Turma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado aexaminar, um a um, os pretensos fundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é queindique o fundamento suficiente de sua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ªTurma, relator Ministro Oscar Corrêa, RTJ 109/1098).

7. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

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GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

18 - 0005110-81.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005110-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MUNICÍPIO DE VILA VELHA (ADVOGADO: ES014586 - MARCO TULIORIBEIRO FIALHO.) x FRANCISCO JOSE CARVALHO DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ES011786 - ADRIANA VILLA FORTEDE O. BARBOSA, ES011786 - ADRIANA VILLA FORTE DE O. BARBOSA.).Processo nº: 0005110-81.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005110-5/01)Recorrente: UNIAORecorrido: FRANCISCO JOSE CARVALHO DE OLIVEIRAJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. CONCESSÃO DE MEDICAMENTO. SUPOSTOPONTO OMISSO JÁ APRECIADO NA SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. INEXISTÊNCIA DEVÍCIO NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO (fls. 299/301) em face do acórdão proferido às fls. 294/296.Alega a embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foi omisso, porquanto determinou o fornecimento demedicação, contudo, nada dispôs acerca da necessidade de comprovação periódica de indispensabilidade de seu uso.Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.

A sentença de fls. 195/198 foi expressa em determinar o fornecimento do medicamento mediante apresentação deprescrição médica. Confira-se fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“Do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, com base no art. 269, I, do CPC, para condenar os Réus a fornecermensalmente à parte autora EXELON PATCH 10 9,5 mg, ÁCIDO VALPRÓICO 250 mg, ALOIS 10 mg, SEROQUEL 25 mg,ATACAND 16 mg, VYTORIM 10/20 mg, PLAVIX 75 mg, OMEPRAZOL 120 mg e AAS TAMPONADO 325 mg, conformeprescrição médica...” (fl. 198).

Considerando que o acórdão embargado negou provimento ao recurso da parte ré, mantendo a sentença pelos seuspróprios fundamentos, em conformidade com o art. 46, da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federaispor força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, reafirmada está a sentença em todos os seus termos, inclusive no que pertine ànecessidade de comprovação periódica de indispensabilidade de uso do medicamento a ser fornecido pela parte ré.6. Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todosos argumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável à

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admissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

7. Ressalte-se, por fim, que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com finsmeramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

8. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

19 - 0005030-20.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005030-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MUNICÍPIO DE VILA VELHA (ADVOGADO: ES014586 - MARCO TULIORIBEIRO FIALHO.) x JOSMAR MACHADO ROCHA (DEF.PUB: VINICIUS COBUCCI SAMPAIO.).Processo nº: 0005030-20.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005030-7/01)Recorrente: UNIAO E DPURecorrido: JOSMAR MACHADO ROCHAJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. CONCESSÃO DE MEDICAMENTO.COMPROVAÇÃO PERIÓDICA DA NECESSIDADE DO USO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO.CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DA DPU.IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ. AUSÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSOSDESPROVIDOS.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO (fls. 297/298) e pela Defensoria Pública da União – DPU (fls.299/307), em face do acórdão proferido às fls. 291/293. Alega a UNIÃO que o acórdão guerreado foi omisso, porquantodeterminou o fornecimento de medicação, contudo, nada dispôs acerca da necessidade de comprovação periódica deindispensabilidade de seu uso. A DPU, por sua vez, para efeito de prequestionamento, afirma que há omissão no julgado,por ter deixado de condenar a UNIÃO ao pagamento de honorários advocatícios em favor da DPU. Aponta violação aosartigos 5º, caput e incisos LIV, LV, XXXV e LXXIV e artigos 2º, 22, I, e 134, todos da CRFB/1988.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição das embargantes, verifica-seque estas apontam a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.

No tocante à alegação da UNIÃO, a sentença de fls. 157/160 foi expressa em determinar o fornecimento do medicamentomediante apresentação de prescrição médica. Confira-se fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“Do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, com base no art. 269, I, do CPC, para condenar os Réus a fornecermensalmente à parte autora o medicamento CONDROFLEX, conforme prescrição médica...” (fl. 159).

Considerando que o acórdão embargado negou provimento ao recurso da parte ré, mantendo a sentença pelos seus

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próprios fundamentos, em conformidade com o art. 46, da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federaispor força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, reafirmada está a sentença em todos os seus termos, inclusive no que pertine ànecessidade de comprovação periódica de indispensabilidade de uso do medicamento a ser fornecido pela parte ré.

Acerca da ausência de condenação da UNIÃO em honorários advocatícios, com efeito, nos termos da Súmula 421 do STJ“os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença”.

7. Um dos precedentes que deram origem à referida súmula é o AgRg no REsp 1028463/RJ, agravo regimental interpostopela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro contra decisão monocrática que deu provimento ao recurso especialinterposto pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro - IPERJ, autarquia estadual, para afastar a condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios à Defensoria Pública.

8. É de se reconhecer, portanto, que o entendimento da Corte Superior, que restou sumulado com referência expressaapenas à atuação contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença a defensoria pública, estende-se aos casos emque esta atua contra pessoa jurídica de direito público que pertença à mesma fazenda pública.

9. Esse entendimento tem sido reiterado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se constata de diversos julgados,inclusive o proferido em 2011, em recurso especial representativo de controvérsia repetitiva, que tem a seguinte ementa:

“ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIAREPETITIVA. RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIAPÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios. (g.n) (REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em16/02/2011, DJe 12/04/2011)”.

10. Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisartodos os argumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar aconclusão subjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

11. Ressalte-se, por fim, que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com finsmeramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

12. Embargos de declaração da UNIÃO e da DPU conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

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Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

20 - 0000348-76.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000348-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIVALDO CONRADONUNES (ADVOGADO: ES007962 - ANA IZABEL VIANA GONSALVES, ES003373 - GILDO RIBEIRO DA SILVA, ES013258- VINICIUS BIS LIMA.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.).Processo nº: 0000348-76.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000348-8/01)Recorrente: UNIÃORecorrido: MARIVALDO CONRADO NUNESJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. GDPGPE. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOSNO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO em face do acórdão proferido às fls. 57/60, alegando omissãoem seu bojo, com a finalidade de prequestionamento. Alega que não houve manifestação expressa acerca do disposto nosartigos 40, § 8º, 37, 5º, II, 2º, 61, § 1º, II, “a” e 169, § 1º, todos da CRFB/1988. Dessa forma, requer seja sanado o apontadovício.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

Oportuno ressaltar, que a jurisprudência do STF é no sentido de que a extensão de vantagens concedidas a servidores ematividade aos inativos, refere-se, somente, às de caráter geral, excluindo-se as vantagens que contemplam situaçõesparticulares.Nesse diapasão, não há ofensa aos preceitos constitucionais mencionados, tendo em vista que o acolhimento da pretensão

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autoral não consistirá em majoração de vencimentos de servidor público pelo Poder Judiciário, o que é vedado pela Súmula339 do STF, por se tratar de função legislativa típica. Trata-se, na verdade, de exercício de função estritamente jurisdicional,qual seja, zelar pelo fiel cumprimento da lei no caso concreto, sendo que o eventual aumento de remuneração do autorconsubstancia um dos possíveis resultados da interpretação da lei.Consigne-se, por fim, que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismodiante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. No caso emapreço, infere-se, com clareza, que a embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decidido em sede dejulgamento do recurso.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

21 - 0001781-27.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001781-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x SEBASTIÃO DA SILVA FILHO (ADVOGADO:ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE.).Processo nº: 0001781-27.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001781-3/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: SEBASTIÃO DA SILVA FILHOJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA.INSURGÊNCIA CONTRA O MÉRITO DO DECISUM . RECURSO DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 112/115. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório ao determinar a concessão deaposentadoria por invalidez conquanto inexista incapacidade total e definitiva, vale dizer, insuscetível de reabilitaçãoprofissional. Argumenta que antes da efetiva submissão do segurado a tais programas de reabilitação, não dispõe omagistrado de aptidão técnico-administrativa para concluir pela impossibilidade de reabilitação. Invoca violação ao art. 93,inciso IX, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a teseautárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à existência de incapacidade total e definitiva, aliadaà improbabilidade de reabilitação do embargado. (Item 3 - fls. 112/115).Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável à

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admissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUSABRAHAM)”.

Ressalte-se, por fim, que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismodiante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. No caso emapreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decidido em sede dejulgamento do recurso.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

22 - 0001681-77.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001681-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x IVANDIR JOSE DA SILVA.Processo nº: 0001681-77.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001681-0/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: IVANDIR JOSE DA SILVAJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.INEXISTÊNCIA. INSURGÊNCIA CONTRA O MÉRITO DO DECISUM . RECURSO DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 152/153. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório, porquanto não se pronunciouacerca dos fundamentos do recurso, no sentido de que a doença que acomete o embargado é preexistente ao seureingresso no RGPS. Afirma que o acórdão viola entendimento uníssono da TNU sobre a questão, ao desconsiderar provasdos autos que comprovam o reingresso ao sistema com doença preexistente e incapacitante. Dessa forma, requer sejamsanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange ao início da incapacidade e o reingresso doembargado no RGPS. (Itens 3 e 4- fls. 152/153).Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,

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cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUSABRAHAM)”.

Ressalte-se, por fim, que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismodiante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. No caso emapreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decidido em sede dejulgamento do recurso.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

23 - 0006905-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006905-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS x ADELMO BARCELOS (ADVOGADO: ES008783 - CLEI FERNANDES DE ALMEIDA.).Processo nº: 0006905-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006905-5/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ADELMO BARCELOSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.INEXISTÊNCIA. INSURGÊNCIA CONTRA O MÉRITO DO DECISUM. RECURSO DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 97/104. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório ao determinar a concessão deaposentadoria por invalidez conquanto inexista incapacidade total e definitiva, vale dizer, insuscetível de reabilitaçãoprofissional. Argumenta que antes da efetiva submissão do segurado a tais programas de reabilitação, não dispõe omagistrado de aptidão técnico-administrativa para concluir pela impossibilidade de reabilitação. Invoca violação ao art. 93,inciso IX, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a teseautárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à existência de incapacidade total e definitiva, aliadaà improbabilidade de reabilitação do embargado. (Item 3 - fls. 97/103).Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre a

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dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUSABRAHAM)”.

Ressalte-se, por fim, que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismodiante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. No caso emapreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decidido em sede dejulgamento do recurso.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

24 - 0006247-98.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006247-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x GEZO MENDES (ADVOGADO:ES017869 - CLECIANE DA COSTA FREITAS SOUZA.).Processo nº: 0006247-98.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006247-4/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: GEZO MENDESJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA.INSURGÊNCIA CONTRA O MÉRITO DO DECISUM . RECURSO DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 115/118. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório ao determinar a concessão deaposentadoria por invalidez conquanto inexista incapacidade total e definitiva, vale dizer, insuscetível de reabilitaçãoprofissional. Argumenta que antes da efetiva submissão do segurado a tais programas de reabilitação, não dispõe omagistrado de aptidão técnico-administrativa para concluir pela impossibilidade de reabilitação. Invoca violação ao art. 93,inciso IX, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a teseautárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à existência de incapacidade total e definitiva, aliadaà improbabilidade de reabilitação do embargado. (Item 3 - fls. 115/118).Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusão

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subjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUSABRAHAM)”.

Ressalte-se, por fim, que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismodiante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. No caso emapreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decidido em sede dejulgamento do recurso.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

25 - 0000936-58.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000936-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x EDUARDO CARLOS MIGNONE ALVES (ADVOGADO:ES015854 - WALLACE VOTIKOSKE RONCETE.).Processo nº: 0000936-58.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000936-5/01)Recorrente: UNIAORecorrido: EDUARDO CARLOS MIGNONE ALVESJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL DEFÉRIAS. CORREÇÃO E JUROS PELA TAXA SELIC. OMISSÃO. VÍCIO SANADO. EMBARGOS PARCIALMENTEPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO, em face do acórdão de fls. 117/119. Alega, em resumo, que ojulgado foi omisso, porquanto não se manifestou quanto ao argumento constante do recurso inominado por ela interposto,no sentido de que a taxa SELIC se presta exclusivamente a atualizar os débitos tributários administrados pela Secretaria daReceita Federal do Brasil, a teor do art. 39, § 4º da Lei nº 9.250/95, não incidindo, pois, no caso da contribuição ao Plano deSeguridade do Servidor, que é administrada pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento. Aduzque, com a correção do indébito exclusivamente pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, o acórdão padecerá de contradição emrelação à data de início da incidência, tendo em vista que a SELIC é devida a partir do pagamento indevido (art. 39, § 4º, daLei nº 9.250/95), enquanto o art. 167 do CTN determina a incidência dos juros a partir do trânsito em julgado, o mesmo não

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ocorrendo com o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, que deve ser aplicado conjuntamente com o art. 167 do CTN. Assim, requerseja sanada a omissão para que a correção do indébito observe exclusivamente o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, bem comoseja corrigida a contradição para determinar também a incidência do art. 167 do CTN, de modo que os índices oficiais deremuneração básica de juros aplicados à caderneta de poupança sejam aplicados a partir do trânsito em julgado dademanda.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de omissão no julgado.

Conquanto o acórdão embargado tenha mantido a sentença que condenou a embargante a restituir as parcelasindevidamente descontadas com atualização pela taxa SELIC, verifica-se que não foi apreciada na decisão colegiada aalegação de que não incide a taxa SELIC aos tributos não administrados pela Secretaria da Receita Federal do brasil.Reconheço, pois, a omissão apontada, pelo que passo a saná-la.

O § 4º do artigo 39 da Lei 9.250/1995 não faz qualquer menção a tributos administrados pela SRFB, mas apenas a “títulosfederais”, ou seja, precatórios (ou requisitórios de pequeno valor) expedidos contra a União. O caput do mesmo artigo 39também não faz tal restrição; apenas remete à compensação prevista no artigo 66 da Lei nº 8.383/91, o qual, por sua vez,alude genericamente à possibilidade de compensar-se valores a pagar com valores pagos indevidamente ou a maior a títulode “tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais”. Enfim, a interpretação restritivadefendida no recurso da União não encontra fundamento na legislação que rege o tema.

5. Por oportuno, registro que, ainda em 2009 (bem antes, portanto, do julgamento das ADIN’s nº 4.357 e nº 4.425) aProcuradoria Geral da Fazenda Nacional aprovou o Parecer PGFN/CAT/Nº 1.929/2009. No referido parecer, analisou-se “...a interpretação que deve ser dada pelas projeções da PGFN acerca da recente alteração do art. 1ºF da Lei nº 9.494, de1997, promovida pelo art. 5º da Lei 11.960, de 2009.” (item 1 do parecer). Reconheceu-se a existência de “... conflito entrea norma acima citada e a Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que determina a aplicação da Taxa Selic para osvalores devidos pela fazenda Pública em matéria tributária...” (item 6 do parecer). Fixou-se a incidência do critério daespecialidade para dirimir o conflito aparente de normas, concluindo-se que “...a nova redação do art. 1ºF da Lei nº 9.494,de 1997, promovida pelo art. 5º da Lei 11.960, de 2009, não modificou a aplicação da Taxa SELIC para as repetições deindébito tributário.” (item 13 do parecer).

6. Essa orientação não se afasta dos precedentes do STJ e STF, senão vejamos:

“Por força da Lei 9.250/1995 e sem afronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde de 01.01.1996, a SELIC é o critériode atualização do tributo a ser repetido, a ser aplicado desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189). Porser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5ºda Lei 11.960/2009 não se aplica pela mesma razão, e porque a alteração foi reputada inconstitucional (STF, ADI 4.357).”

7. Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e dou-lhes parcial provimento para reconhecer a omissão apontadae saná-la nos termos do presente voto, mantendo inalterado o acórdão embargado.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover parcialmente os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

26 - 0000953-94.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000953-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x ELPIDIO SEGADES DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ES015854 -WALLACE VOTIKOSKE RONCETE.).Processo nº: 0000953-94.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000953-5/01)Recorrente: UNIAORecorrido: ELPIDIO SEGADES DE OLIVEIRAJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL DEFÉRIAS. CORREÇÃO E JUROS PELA TAXA SELIC. OMISSÃO. VÍCIO SANADO. EMBARGOS PARCIALMENTEPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO, em face do acórdão de fls. 107/109. Alega, em resumo, que ojulgado foi omisso, porquanto não se manifestou quanto ao argumento constante do recurso inominado por ela interposto,no sentido de que a taxa SELIC se presta exclusivamente a atualizar os débitos tributários administrados pela Secretaria daReceita Federal do Brasil, a teor do art. 39, § 4º da Lei nº 9.250/95, não incidindo, pois, no caso da contribuição ao Plano deSeguridade do Servidor, que é administrada pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento. Aduzque, com a correção do indébito exclusivamente pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, o acórdão padecerá de contradição emrelação à data de início da incidência, tendo em vista que a SELIC é devida a partir do pagamento indevido (art. 39, § 4º, daLei nº 9.250/95), enquanto o art. 167 do CTN determina a incidência dos juros a partir do trânsito em julgado, o mesmo nãoocorrendo com o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, que deve ser aplicado conjuntamente com o art. 167 do CTN. Assim, requerseja sanada a omissão para que a correção do indébito observe exclusivamente o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, bem comoseja corrigida a contradição para determinar também a incidência do art. 167 do CTN, de modo que os índices oficiais deremuneração básica de juros aplicados à caderneta de poupança sejam aplicados a partir do trânsito em julgado dademanda.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de omissão no julgado.

Conquanto o acórdão embargado tenha mantido a sentença que condenou a embargante a restituir as parcelasindevidamente descontadas com atualização pela taxa SELIC, verifica-se que não foi apreciada na decisão colegiada aalegação de que não incide a taxa SELIC aos tributos não administrados pela Secretaria da Receita Federal do brasil.Reconheço, pois, a omissão apontada, pelo que passo a saná-la.

O § 4º do artigo 39 da Lei 9.250/1995 não faz qualquer menção a tributos administrados pela SRFB, mas apenas a “títulosfederais”, ou seja, precatórios (ou requisitórios de pequeno valor) expedidos contra a União. O caput do mesmo artigo 39também não faz tal restrição; apenas remete à compensação prevista no artigo 66 da Lei nº 8.383/91, o qual, por sua vez,alude genericamente à possibilidade de compensar-se valores a pagar com valores pagos indevidamente ou a maior a títulode “tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais”. Enfim, a interpretação restritivadefendida no recurso da União não encontra fundamento na legislação que rege o tema.

5. Por oportuno, registro que, ainda em 2009 (bem antes, portanto, do julgamento das ADIN’s nº 4.357 e nº 4.425) aProcuradoria Geral da Fazenda Nacional aprovou o Parecer PGFN/CAT/Nº 1.929/2009. No referido parecer, analisou-se “...a interpretação que deve ser dada pelas projeções da PGFN acerca da recente alteração do art. 1ºF da Lei nº 9.494, de1997, promovida pelo art. 5º da Lei 11.960, de 2009.” (item 1 do parecer). Reconheceu-se a existência de “... conflito entrea norma acima citada e a Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que determina a aplicação da Taxa Selic para osvalores devidos pela fazenda Pública em matéria tributária...” (item 6 do parecer). Fixou-se a incidência do critério daespecialidade para dirimir o conflito aparente de normas, concluindo-se que “...a nova redação do art. 1ºF da Lei nº 9.494,de 1997, promovida pelo art. 5º da Lei 11.960, de 2009, não modificou a aplicação da Taxa SELIC para as repetições deindébito tributário.” (item 13 do parecer).

6. Essa orientação não se afasta dos precedentes do STJ e STF, senão vejamos:

“Por força da Lei 9.250/1995 e sem afronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde de 01.01.1996, a SELIC é o critériode atualização do tributo a ser repetido, a ser aplicado desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189). Porser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5ºda Lei 11.960/2009 não se aplica pela mesma razão, e porque a alteração foi reputada inconstitucional (STF, ADI 4.357).”

7. Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e dou-lhes parcial provimento para reconhecer a omissãoapontada e saná-la nos termos do presente voto, mantendo inalterado o acórdão embargado.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover parcialmente os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

Page 29: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

27 - 0000623-27.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000623-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA IVONETE MELLOTAVARES (ADVOGADO: ES014046 - CRISTINA ARREBOLA, ES004020 - JOAO WALTER ARREBOLA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).Processo nº: 0000623-27.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000623-2/01)Recorrente: MARIA IVONETE MELLO TAVARESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. OMISSÃO.INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora, em face do acórdão proferido às fls. 107/108. Alega aembargante, em resumo, que o julgado é omisso, porquanto deixou de apreciar a inexigibilidade de carência para aconcessão do benefício de pensão por morte, bem como a prorrogação da manutenção da qualidade de segurado, emvirtude de desemprego involuntário e recolhimento de mais de 120 contribuições sem interrupção.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento.Ressalte-se, por fim, que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismodiante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. No caso emapreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decidido em sede dejulgamento do recurso.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

28 - 0000409-08.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000409-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSA MARIA SABADIM(ADVOGADO: ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).Processo nº: 0000409-08.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000409-8/01)Recorrente: ROSA MARIA SABADIMRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF Sao MateusRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.OMISSÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora, em face do acórdão proferido às fls. 151/152. Alega aembargante, em resumo, que o julgado é omisso, porquanto não se pronunciou acerca dos fundamentos do recurso,sobretudo quanto ao pedido de nulidade da sentença. Assevera que houve violação ao princípio do contraditório econsequentemente cerceamento de defesa. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício e prequestionada a teseautárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição da embargante, verifica-se

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que esta aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, inclusive no que tange à alegação de nulidade da sentença (itens 3 e 4 – fls. 151/152).Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante da conclusãojurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. O que se tem na hipótese é o usodos embargos de declaração com fins meramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razãoplausível que justifique sua utilização.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

29 - 0002713-20.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002713-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x ENI MARIA VERNEQUE DA SILVA(DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.).Processo nº: 0002713-20.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002713-3/01)Recorrente: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - DPURecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. CONDENAÇÃO DOINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DADPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO. RECURSODESPROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela Defensoria Pública da União, em face do acórdão proferido às fls.158/160, que deu provimento aos embargos de declaração anteriormente opostos pelo INSS contra o acórdão de fls.

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144/147. O acórdão ora embargado excluiu a condenação do INSS em honorários advocatícios, considerando a Súmula421 do STJ, segundo a qual tal verba não é devida à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa de direito públicoà qual pertença. Alega a embargante, para efeito de prequestionamento, que o julgado é omisso, porquanto deixou de sepronunciar expressamente sobre o artigo 5º, caput e incisos LIV, LV, XXXV e LXXIV e artigos 2º, 22, I, e 134, todos daCRFB/1988.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo, no que tange aos motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir pelaausência de condenação da autarquia previdenciária ao pagamento de honorários advocatícios. A insatisfação daembargante com os argumentos acolhidos deve ser aviada pelos meios recursais próprios.

Com efeito, nos termos da Súmula 421 do STJ “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quandoela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”.

5. Um dos precedentes que deram origem à referida súmula é o AgRg no REsp 1028463/RJ, agravo regimental interpostopela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro contra decisão monocrática que deu provimento ao recurso especialinterposto pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro - IPERJ, autarquia estadual, para afastar a condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios à Defensoria Pública.

6. É de se reconhecer, portanto, que o entendimento da Corte Superior, que restou sumulado com referência expressaapenas à atuação contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença a defensoria pública, estende-se aos casos emque esta atua contra pessoa jurídica de direito público que pertença à mesma fazenda pública.

7. Esse entendimento tem sido reiterado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se constata de diversos julgados,inclusive o proferido em 2011, em recurso especial representativo de controvérsia repetitiva, que tem a seguinte ementa:

“ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIAREPETITIVA. RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIAPÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios. (g.n) (REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em16/02/2011, DJe 12/04/2011)”.

8. Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todosos argumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

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9. Ressalte-se, por fim, que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com finsmeramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

10. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

30 - 0006047-28.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006047-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x FRANCISCO CAMPOS DOSSANTOS (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).Processo nº: 0006047-28.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006047-3/01)Recorrente: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - DPURecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. CONDENAÇÃO DOINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DADPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO. RECURSODESPROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela Defensoria Pública da União, em face do acórdão proferido às fls.100/102, que deu provimento aos embargos de declaração anteriormente opostos pelo INSS contra o acórdão de fls. 87/89.O acórdão ora embargado excluiu a condenação do INSS em honorários advocatícios, considerando a Súmula 421 do STJ,segundo a qual tal verba não é devida à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa de direito público à qualpertença. Alega a embargante, para efeito de prequestionamento, que o julgado é omisso, porquanto deixou de sepronunciar expressamente sobre o artigo 5º, caput e incisos LIV, LV, XXXV e LXXIV e artigos 2º, 22, I, e 134, todos daCRFB/1988.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo, no que tange aos motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir pelaausência de condenação da autarquia previdenciária ao pagamento de honorários advocatícios. A insatisfação daembargante com os argumentos acolhidos deve ser aviada pelos meios recursais próprios.

Com efeito, nos termos da Súmula 421 do STJ “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quandoela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”.

5. Um dos precedentes que deram origem à referida súmula é o AgRg no REsp 1028463/RJ, agravo regimental interpostopela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro contra decisão monocrática que deu provimento ao recurso especialinterposto pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro - IPERJ, autarquia estadual, para afastar a condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios à Defensoria Pública.

6. É de se reconhecer, portanto, que o entendimento da Corte Superior, que restou sumulado com referência expressaapenas à atuação contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença a defensoria pública, estende-se aos casos emque esta atua contra pessoa jurídica de direito público que pertença à mesma fazenda pública.

7. Esse entendimento tem sido reiterado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se constata de diversos julgados,inclusive o proferido em 2011, em recurso especial representativo de controvérsia repetitiva, que tem a seguinte ementa:

Page 33: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

“ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIAREPETITIVA. RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIAPÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios. (g.n) (REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em16/02/2011, DJe 12/04/2011)”.

8. Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todosos argumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

9. Ressalte-se, por fim, que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com finsmeramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

10. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

31 - 0002917-30.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002917-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x FABIO RIBEIRO HORTA (DEF.PUB:LUCIANO ANTONIO FIOROT.).Processo nº: 0002917-30.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002917-0/01)Recorrente: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - DPURecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

Page 34: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DA DPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIADA SÚMULA 421 DO STJ. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela Defensoria Pública da União, em face do acórdão proferido às fls.194/197, que deixou de condenar o INSS em honorários advocatícios, considerando a Súmula 421 do STJ, segundo a qualtal verba não é devida à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa de direito público à qual pertença. Alega aembargante, para efeito de prequestionamento, que o julgado é omisso, porquanto deixou de se pronunciar expressamentesobre o artigo 5º, caput e incisos LIV, LV, XXXV e LXXIV e artigos 2º, 22, I, e 134, todos da CRFB/1988.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo, no que tange aos motivos que levaram esta Turma Recursal a concluir pelaausência de condenação da autarquia previdenciária ao pagamento de honorários advocatícios. A insatisfação daembargante com os argumentos acolhidos deve ser aviada pelos meios recursais próprios.

Com efeito, nos termos da Súmula 421 do STJ “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quandoela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”.

5. Um dos precedentes que deram origem à referida súmula é o AgRg no REsp 1028463/RJ, agravo regimental interpostopela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro contra decisão monocrática que deu provimento ao recurso especialinterposto pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro - IPERJ, autarquia estadual, para afastar a condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios à Defensoria Pública.

6. É de se reconhecer, portanto, que o entendimento da Corte Superior, que restou sumulado com referência expressaapenas à atuação contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença a defensoria pública, estende-se aos casos emque esta atua contra pessoa jurídica de direito público que pertença à mesma fazenda pública.

7. Esse entendimento tem sido reiterado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se constata de diversos julgados,inclusive o proferido em 2011, em recurso especial representativo de controvérsia repetitiva, que tem a seguinte ementa:

“ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIAREPETITIVA. RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIAPÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios. (g.n) (REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em16/02/2011, DJe 12/04/2011)”.

8. Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todosos argumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria que

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serviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

9. Ressalte-se, por fim, que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com finsmeramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

10. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

32 - 0006195-73.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006195-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x LUIZ PEREIRA DOS SANTOS.Processo nº: 0006195-73.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006195-5/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: LUIZ PEREIRA DOS SANTOSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.AUSÊNCIA DE ADVOGADO CONSTITUÍDO. CONTRADIÇÃO. VÍCIO SANADO. RECURSO PROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 66/67. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é contraditório, no tocante à condenação do INSS emhonorários de sucumbência, não obstante a ausência de apresentação de contrarrazões. Aduz que o embargado exerceu ojus postulandi e não houve patrocínio de advogado. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício e desconstituída acondenação em verba sucumbencial.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de contradição no julgado.Com razão o embargante. De fato, o embargado não contratou advogado para patrocinar a sua causa. Contudo, verifica-seter sido a autarquia embargante condenada ao pagamento de honorários sucumbenciais (fl. 67).Oportuno registrar que na seara recursal dos Juizados Especiais, a simples ausência de contrarrazões não obsta acondenação do recorrente vencido em honorários, porquanto a teleologia da norma inserta no art. 55, caput, 2ª parte, da Leinº 9.099/1995 consiste em “desestimular recursos improcedentes e não remunerar o trabalho desenvolvido para a

�elaboração de contrarrazões” .Nesse sentido, a 1ª Turma Recursal desta Seção Judiciária, inclusive, editou o Enunciado nº 55, o qual prevê, verbis: “aomissão do advogado da parte recorrida em apresentar contrarrazões ao recurso não isenta o recorrente vencido de pagarhonorários advocatícios” (Diário Eletrônico da JF da 2ª Região, 13-12-2010, pág. 73).A situação em comento, no entanto, escapa ao referido regramento, na medida em que a ausência de apresentação decontrarrazões justifica-se pela não contratação de advogado para patrocínio da causa, do que se infere a inexistência desubstrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial.Embargos de declaração conhecidos e providos para afastar a condenação do INSS em honorários advocatícios.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDO

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Juiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

33 - 0002209-72.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002209-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x NELSON CONCEIÇÃO (DEF.PUB: LIDIANE DAPENHA SEGAL.).Processo nº: 0002209-72.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002209-6/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: NELSON CONCEIÇÃOJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DO INSS EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA.IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ. INTERPRETAÇÃO ESTENDIDA. VÍCIO SANADO.RECURSO PROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 86/87. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é contraditório, no tocante à condenação do INSS emhonorários de sucumbência, tendo em vista que a embargada está representada pela Defensoria Pública da União.Assevera que deveria ter sido aplicada a Súmula nº 421, do STJ. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício edesconstituída a condenação em verba sucumbencial.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de contradição no julgado.Com efeito, a embargada encontra-se representada nestes autos pela Defensoria Pública da União. Contudo, verifica-se tersido a autarquia embargante condenada ao pagamento de honorários sucumbenciais (fl. 87).Nos termos da Súmula nº 421, do Superior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos à DefensoriaPública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.”Como ressabido, as autarquias, e dentre elas o embargante, constituem pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei,nos termos do Decreto-lei nº 200/1967 e do art. 37, inciso XIX, da Constituição da República. E, sendo dotada depersonalidade jurídica própria, “é titular de direitos e obrigações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que ainstituiu”. (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 429). Já a DefensoriaPública da União afigura-se como mero, mas não menos importante, órgão pertencente ao Poder Público Federal, sempersonalidade jurídica própria, apresentando-se vinculada ao orçamento da União, nada obstante gozar de algumasprerrogativas, como autonomia funcional. Com base nisso, poder-se-ia concluir a priori pela inaplicabilidade da Súmula nº421 do STJ, dada a inexistência de confusão entre as figuras de credor (DPU) e devedor (INSS) no caso em tela.

Ocorre que, conquanto se trate de ente com personalidade jurídica própria, distinta da União, ao INSS vem sendo conferidotratamento de Fazenda Pública (Federal), por gerir recursos e interesses públicos federais, consoante os arts. 8º da Lei nº

� �8.620/1993 e 24-A da Lei nº 9.028/1995 .

Nessas circunstâncias, ao enunciado sumular nº 421 do STJ há que ser conferida interpetação cum grano salis, de modo acompatibilizá-la com o ordenamento e prestigiar a teleologia do verbete, estendendo-a não apenas aos casos em que aDefensoria Pública contenda com pessoa jurídica de direito público a que pertença, mas também àqueles outros em queatue contra pessoa jurídica que integre a mesma Fazenda Pública, como é o caso dos autos.

Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, senão vejamos:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 535, II, DO CPC.ALEGADA VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. ARTIGO 381 DO CC. CONFUSÃO. AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA -RIOPREVIDÊNCIA E DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL. JULGAMENTO PELA CORTE ESPECIAL. REPRESENTATIVODA CONTROVÉRSIA.1. Tendo o Tribunal a quo apreciado, com a devida clareza, a matéria relevante para a análise e o julgamento do recurso,não há se falar em violação ao art. 535 do Código de Processo Civil.2. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.199.715/RJ, representativo de controvérsiarepetitiva, de relatoria do Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgado em 16/2/11, firmou o entendimento no sentido de tambémnão serem devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direito públicoque integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial a que se dá parcial provimento.(REsp 1102459/RJ, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTATURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 26/06/2012).

Diante disso, forçoso concluir que o caso em apreço escapou ao tratamento acima exposto, uma vez que, a despeito deintegrarem a mesma Fazenda Pública (Federal), fora o INSS condenado ao pagamento de verba honorária sucumbencial

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em favor da DPU, o que enseja a reforma do acórdão impugnado apenas e tão somente no que diz com esse pormenor,devendo ser mantido incólume em seus demais termos.

Embargos de declaração conhecidos e providos para excluir a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSSao pagamento de honorários advocatícios em favor da Defensoria Pública da União – DPU.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

34 - 0006695-71.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006695-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x ROSILENE APARECIDA DA SILVA SANTOS(ADVOGADO: ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.).Processo nº: 0006695-71.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006695-9/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ROSILENE APARECIDA DA SILVA SANTOSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.OMISSÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 127/130. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso, porquanto não se pronunciou acerca dosfundamentos do recurso, sobretudo quanto à inexistência de prova documental ou testemunhal em relação à realização detransplante de córnea pela embargada. Assevera que houve violação aos princípios do contraditório e do devido processolegal, além das normas constantes do art. 535, do CPC e do art. 48, da Lei 9.099/1995. Dessa forma, requer sejam sanadosos apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamente analisados na decisãocolegiada.Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –

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Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante da conclusãojurisdicional adotada. O que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com fins meramente protelatórios,pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

35 - 0001849-74.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001849-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MAICON PAES BARBOSA(ADVOGADO: ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO.).Processo nº: 0001849-74.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001849-0/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MAICON PAES BARBOSAJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 217/218. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso, porquanto não se pronunciou acerca dascondições pessoais, culturais, sociais e econômicas que permeiam a vida do embargado, para fins de concessão dobenefício previdenciário. Invoca a existência de contradição entre o acórdão e a jurisprudência da TNU. Assevera quehouve violação aos princípios do contraditório e do devido processo legal, além das normas constantes do art. 535, do CPCe do art. 48, da Lei 9.099/1995. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a teseautárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável à

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admissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

Insta realçar, que a contradição referida no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, tal qual a referida no art. 535 do CPC, é aquela quese configura dentre as disposições contidas na própria decisão, o que não é o caso destes autos. Na verdade, busca oembargante, rediscutir a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante da conclusãojurisdicional adotada. O que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com fins meramente protelatórios,pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

36 - 0005019-88.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005019-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x ERVINO LAHAS (ADVOGADO:ES017060 - BENÍCIO HELMER, ES012854 - MARIA CLAUDIA BARROS PEREIRA, ES012199 - PETRONIO ZAMBROTTIFRANÇA RODRIGUES, ES009571 - FERNANDA BORGO DE ALMEIDA, ES016312 - ROMULO BOTTECCHIA DA SILVA,ES013467 - MARCELA NUNES DE SOUZA.).Processo nº: 0005019-88.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005019-8/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ERVINO LAHASJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 81/87. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso, porquanto não se pronunciou acerca das condiçõespessoais, culturais, sociais e econômicas que permeiam a vida do embargado, para fins de concessão do benefícioprevidenciário. Invoca a existência de contradição entre o acórdão e a jurisprudência da TNU. Dessa forma, requer sejamsanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas ações

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cuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

Insta realçar, que a contradição referida no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, tal qual a referida no art. 535 do CPC, é aquela quese configura dentre as disposições contidas na própria decisão, o que não é o caso destes autos. Na verdade, busca oembargante, rediscutir a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante da conclusãojurisdicional adotada. O que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com fins meramente protelatórios,pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

37 - 0002086-79.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002086-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x LUIZ FERNANDO DE SOUZAALVES (DEF.PUB: NICOLAS BORTOLOTTI BORTOLON, ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).Processo nº: 0002086-79.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002086-4/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: LUIZ FERNANDO DE SOUZA ALVESJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. CONTRADIÇÃO NÃOCONFIGURADA. DECAIMENTO DE PARTE MÍNIMA DO PEDIDO. CONDENAÇÃO DA PARTE CONTRÁRIA EMHONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. POSSIBILIDADE. ART. 21, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 250/252. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é contraditório, no tocante à condenação do INSS emhonorários de sucumbência, na medida em que o recurso foi parcialmente provido. Afirma que foi vencedor, ainda queapenas em uma das suas pretensões recursais, razão pela qual, não se encontra na condição de recorrente vencido. Dessaforma, requer seja sanado o apontado vício e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de contradição no julgado.Inexiste contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à condenação em honorários sucumbenciais (item 12).A sucumbência recíproca importa, a teor do art. 21, do CPC, na compensação recíproca e proporcional dos honoráriosentre as partes, admitindo, contudo, o parágrafo único do mesmo artigo, a condenação da parte contrária quando um doslitigantes decair de parte mínima do pedido.

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In casu, o Embargante foi vencido em seu pleito recursal, tendo a parte autora decaído do pedido em mínima parte.Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante da conclusãojurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com fins meramenteprotelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

38 - 0001808-44.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001808-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x JOAO ROBERTO MORAIS (ADVOGADO: ES010751 - MARCELOMATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.Processo nº: 0001808-44.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001808-4/01)Recorrente: UNIAORecorrido: JOÃO ROBERTO MORAISJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GDPST. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO, em face do acórdão proferido às fls. 87/91. A embarganteaponta omissão na decisão colegiada, no tocante à sua condenação ao pagamento de honorários advocatícios. Sustentaque, ante o não conhecimento do recurso interposto pela parte autora a sucumbência é recíproca, de modo que oshonorários advocatícios devem ser compensados. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício e desconstituída acondenação em verba sucumbencial.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Não assiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora sequer foi conhecido, pelo que não se pode considerá-la vencida. Ademais, não fosse o recurso da União, oprocesso sequer teria sido remetido à Turma Recursal, tendo em vista que o recurso do autor foi inadmitido já no primeirograu de jurisdição.Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

39 - 0000179-35.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000179-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x IZAQUE CORREA MARTINS DEMENEZES (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x OS MESMOS.Processo nº: 0000179-35.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000179-5/01)

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Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: IZAQUE CORRREA MARTINS DE MENEZESJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DO INSS EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA.IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ. INTERPRETAÇÃO ESTENDIDA. VÍCIO SANADO.RECURSO PROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 121/122. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é contraditório, no tocante à condenação do INSS emhonorários de sucumbência, tendo em vista que o embargado está representado pela Defensoria Pública da União.Assevera que deveria ter sido aplicada a Súmula nº 421, do STJ. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício edesconstituída a condenação em verba sucumbencial.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de contradição no julgado.Com efeito, o embargado encontra-se representado nestes autos pela Defensoria Pública da União. Contudo, verifica-se tersido a autarquia embargante condenada ao pagamento de honorários sucumbenciais (fl. 122).Nos termos da Súmula nº 421, do Superior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos à DefensoriaPública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.”Como ressabido, as autarquias, e dentre elas o embargante, constituem pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei,nos termos do Decreto-lei nº 200/1967 e do art. 37, inciso XIX, da Constituição da República. E, sendo dotada depersonalidade jurídica própria, “é titular de direitos e obrigações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que ainstituiu”. (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 429). Já a DefensoriaPública da União afigura-se como mero, mas não menos importante, órgão pertencente ao Poder Público Federal, sempersonalidade jurídica própria, apresentando-se vinculada ao orçamento da União, nada obstante gozar de algumasprerrogativas, como autonomia funcional. Com base nisso, poder-se-ia concluir a priori pela inaplicabilidade da Súmula nº421 do STJ, dada a inexistência de confusão entre as figuras de credor (DPU) e devedor (INSS) no caso em tela.

Ocorre que, conquanto se trate de ente com personalidade jurídica própria, distinta da União, ao INSS vem sendo conferidotratamento de Fazenda Pública (Federal), por gerir recursos e interesses públicos federais, consoante os arts. 8º da Lei nº

� �8.620/1993 e 24-A da Lei nº 9.028/1995 .

Nessas circunstâncias, ao enunciado sumular nº 421 do STJ há que ser conferida interpetação cum grano salis, de modo acompatibilizá-la com o ordenamento e prestigiar a teleologia do verbete, estendendo-a não apenas aos casos em que aDefensoria Pública contenda com pessoa jurídica de direito público a que pertença, mas também àqueles outros em queatue contra pessoa jurídica que integre a mesma Fazenda Pública, como é o caso dos autos.

Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, senão vejamos:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 535, II, DO CPC.ALEGADA VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. ARTIGO 381 DO CC. CONFUSÃO. AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA -RIOPREVIDÊNCIA E DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL. JULGAMENTO PELA CORTE ESPECIAL. REPRESENTATIVODA CONTROVÉRSIA.1. Tendo o Tribunal a quo apreciado, com a devida clareza, a matéria relevante para a análise e o julgamento do recurso,não há se falar em violação ao art. 535 do Código de Processo Civil.2. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.199.715/RJ, representativo de controvérsiarepetitiva, de relatoria do Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgado em 16/2/11, firmou o entendimento no sentido de tambémnão serem devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direito públicoque integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial a que se dá parcial provimento.(REsp 1102459/RJ, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTATURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 26/06/2012).

Diante disso, forçoso concluir que o caso em apreço escapou ao tratamento acima exposto, uma vez que, a despeito deintegrarem a mesma Fazenda Pública (Federal), fora o INSS condenado ao pagamento de verba honorária sucumbencialem favor da DPU, o que enseja a reforma do acórdão impugnado apenas e tão somente no que diz com esse pormenor,devendo ser mantido incólume em seus demais termos.

Embargos de declaração conhecidos e providos para excluir a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSSao pagamento de honorários advocatícios em favor da Defensoria Pública da União – DPU.ACÓRDÃO

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Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

40 - 0004398-62.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004398-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x GESSIELLYMARQUES MENDES x PRISCILA MARQUES MENDES x SIMONE MARQUES MENDES (DEF.PUB: ALINE FELLIPEPACHECO SARTÓRIO.).Processo nº: 0004398-62.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004398-9/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: GESSIELLY MARQUES MENDES E OUTROSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE. PREQUESTIONAMENTO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 116/117. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é contraditório quanto à interpretação do art. 15, § 2º, daLei 8.213/1991 feita pelo STJ e pela TNU. Afirma que o acórdão não se coaduna com a jurisprudência dominante da TNU.Aponta a existência de omissão no tocante à prova da suposta condição de desempregada da parte autora. Dessa forma,requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Insta realçar, que a contradição referida no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, tal qual a referida no art. 535 do CPC, é aquelaocorre no cotejo da decisão (no caso, o acórdão) com ela mesma, ou seja, entre as razões de decidir. Noutras palavras, acontradição que pode ser objeto de embargos de declaração é apenas a contradição interna. Se a contradição existir entreum ponto da decisão e um dado probatório a ela externo os embargos não são o meio adequado. Confira-se o que decidiuo STJ quando do julgamento dos Embargos Declaratórios no Recurso Especial nº 218528-SP, cuja ementa segue abaixotranscrita:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. A contradição que autoriza os embargos de declaraçãoé do julgado com ele mesmo, jamais a contradição com a lei ou com o entendimento da parte. Embargos rejeitados .(STJ –4ª Turma. EDRESP 199900506642. - Embargos de Declaração no Recurso Especial – 218528. Relator Cesar Asfor Rocha.Fonte DJ de 22/04/2002 PG: 00210).

Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante da conclusãojurisdicional adotada. Na verdade, busca o embargante rediscutir, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. Oque se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com fins meramente protelatórios, pois destituídos defundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

41 - 0002290-60.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002290-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS NEY FERRAZ

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GOGGY (ADVOGADO: ES008288 - BRUNO DALL'ORTO MARQUES, ES011370 - RAPHAEL MADEIRA ABAD.) x UNIAOFEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).Processo nº: 0002290-60.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002290-1/01)Recorrente: CARLOS NEY FERRAZ GOGGYRecorrido: UNIAOJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PEDIDO DE SUSPENSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL PARA AGUARDAR O JULGAMENTODA AÇÃO COLETIVA. ART. 104, DA LEI 8.078/1990. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO.RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora, em face do acórdão proferido às fls. 74/77. Alega oembargante, em resumo, que o julgado é contraditório, porquanto indeferiu o pedido de suspensão da ação individual a fimde aguardar o julgamento da ação coletiva em trâmite. Afirma que a suspensão prevista no art. 104, da Lei 8.078/1990,deve ser deferida a qualquer momento, independentemente da ciência do ajuizamento da ação coletiva. Dessa forma,requer seja sanado o apontado vício.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de contradição no julgado.Inexiste contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange ao pedido de suspensão (item 2 - fl. 74).4. Insta realçar, que a contradição referida no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, tal qual a referida no art. 535 do CPC, é aquelaque se configura dentre as disposições contidas na própria decisão, o que não é o caso destes autos. Com efeito,depreende-se do art. 104 do Código de Defesa do Consumidor que os efeitos da decisão proferida na ação coletiva apenasalcançarão os titulares da ação individual caso estes requeiram sua suspensão dentro do prazo legal.

In casu, a ação coletiva foi proposta em 2007, tendo o pedido de suspensão sido apresentado somente em 12/11/2010,após o transcurso do prazo legalmente previsto. Logo, não há vício a ser sanado.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

42 - 0000847-42.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.000847-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x DANILO PAIVA (ADVOGADO: ES017017 - Fernando Da Costa Guio.).Processo nº: 0000847-42.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.000847-3/01)Recorrente: UNIAORecorrido: DANILO PAIVAJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. CONCESSÃO DE MEDICAMENTO. SUPOSTOPONTO OMISSO JÁ APRECIADO NA SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. INEXISTÊNCIA DEVÍCIO NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO (fls. 262/263) em face do acórdão proferido às fls. 258/259.Alega a embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foi omisso, porquanto determinou o fornecimento demedicação, contudo, nada dispôs acerca da necessidade de comprovação periódica de indispensabilidade de seu uso.

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Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque esta aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.

A sentença de fls. 218/222 foi expressa em determinar o fornecimento do medicamento mediante apresentação deprescrição médica. Confira-se fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“Isto posto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO da autora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil,condenando os réus (União Federal, Estado do Espírito Santo e Município de Cachoeiro de Itapemirim) solidariamente nofornecimento do medicamento Stalevo – 50 mg, conforme prescrição médica e enquanto durar seu tratamento.”(fl. 221)

Considerando que o acórdão embargado negou provimento ao recurso da parte ré, mantendo a sentença pelos seuspróprios fundamentos, em conformidade com o art. 46, da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federaispor força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, reafirmada está a sentença em todos os seus termos, inclusive no que pertine ànecessidade de comprovação periódica de indispensabilidade de uso do medicamento a ser fornecido pela parte ré.6. Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todosos argumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento, senão vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

7. Ressalte-se, por fim, que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com finsmeramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

8. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

43 - 0002782-81.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002782-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SUELY APARECIDABARCELOS (ADVOGADO: ES003844 - ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO

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SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).Processo nº: 0002782-81.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002782-6/01)Recorrente: SUELY APARECIDA BARCELOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – SALÁRIO-MATERNIDADE – SEGURADA ESPECIAL – AUSÊNCIA DE INÍCIO RAZOÁVEL DEPROVA MATERIAL – PRESCINDIBILIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL – PEDIDO IMPROCEDENTE –SENTENÇA CONFIRMADA

A autora recorreu da sentença que julgou improcedente o seu pedido de salário-maternidade, na qualidade de seguradaespecial. Afirma o exercício de trabalho rural, desde 25/04/2002, através de contrato de parceria agrícola firmadoverbalmente e, posteriormente, transformado em contrato escrito. Alega que as provas materiais colacionadas sãosuficientes para demonstrar que cumpriu a carência exigida em lei para a concessão do benefício. Contrarrazões às fls.80/88.

O reconhecimento do exercício de atividade rural depende de início razoável de prova material, contemporânea dos fatos,de que a autora tenha exercido atividade que se enquadre no regime de economia familiar, ainda que de formadescontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses decontribuição correspondente à carência do benefício postulado.

No caso dos autos, considerando que o filho nasceu em 02.09.2004 (fl. 23), a autora precisava comprovar o exercício deatividade rural nos 10 meses imediatamente anteriores à data do parto, ainda que de forma descontínua (art. 93, § 2º, doDecreto 3048/1999).

Os documentos juntados pela autora não servem como início de prova material para comprovar o exercício da atividaderural no período anterior ao parto, visto que a declaração do sindicato dos trabalhadores rurais (fl. 24) não foi homologadapelo INSS; as Certidões da Justiça Eleitoral e de casamento (fls. 16 e 18) foram confeccionadas após o nascimento dacriança e o contrato de parceria agrícola (fl. 25/27), datado de 28 de setembro de 2004, somente teve a firma reconhecidaem 18/10/2004, o que demonstra sua extemporaneidade. Quanto à ficha de cadastro da Secretaria Municipal de Saúde (fl.31), esta não pode servir como inicio de prova material, posto que não há qualquer autenticação ou assinatura doresponsável pelas informações ali constantes.

Conforme a Súmula 149 do STJ, não é admissível prova exclusivamente testemunhal para comprovação de tempo deserviço com fins previdenciários, de modo que, neste caso, mostrou-se prescindível a produção de prova oral em audiência.

Sem razão a recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento daGratuidade de Justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

44 - 0002257-04.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002257-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VANIA APARECIDAMARQUES DE SOUZA (ADVOGADO: ES011936 - LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).Processo nº: 0002257-04.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002257-7/01)Recorrente: VANIA APARECIDA MARQUES DE SOUZARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

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VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – SALÁRIO-MATERNIDADE – SEGURADA ESPECIAL – AUSÊNCIA DE INÍCIO RAZOÁVEL DEPROVA MATERIAL – PEDIDO IMPROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA

A autora recorreu da sentença que julgou improcedente o seu pedido de salário-maternidade, na qualidade de seguradaespecial. Afirma o exercício de trabalho rural, desde 04/09/1999, através de contrato de parceria agrícola. Alega que asprovas materiais colacionadas são suficientes para demonstrar que cumpriu a carência exigida em lei para a concessão dobenefício. Contrarrazões às fls. 125/127.

O reconhecimento do exercício de atividade rural depende de início razoável de prova material, contemporânea dos fatos,de que a autora tenha exercido atividade que se enquadre no regime de economia familiar, ainda que de formadescontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses decontribuição correspondente à carência do benefício postulado.

No caso dos autos, considerando que o filho nasceu em 05/07/2006 (fl. 19), a autora precisava comprovar o exercício deatividade rural nos 10 meses imediatamente anteriores à data do parto, ainda que de forma descontínua (art. 93, § 2º, doDecreto 3048/1999).

Os documentos juntados pela autora não servem como início de prova material para comprovar o exercício da atividaderural no período anterior ao parto, visto que a declaração do sindicato dos trabalhadores rurais (fl. 62) não foi homologadapelo INSS; o termo aditivo do contrato de parceria agrícola (fl. 68) somente teve a firma reconhecida em 03/06/2008, o quedemonstra sua extemporaneidade; e as demais provas apresentadas (fls. 63, 77, 80) foram confeccionadas após onascimento da criança.

Não há qualquer documento nos autos demonstrando a atividade rural da autora, no período que antecedeu o nascimentodo filho. A prova testemunhal colhida, por si só, é insuficiente para o reconhecimento do direito que se pretende demonstrar,conforme posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, por meio do enunciado da Súmula nº 149, nos seguintes termos:"A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefícioprevidenciário."

Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento daGratuidade de Justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

45 - 0004470-44.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004470-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x LETÍCIA FIGUEIRA WERNECK.Processo nº: 0004470-44.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004470-1/01)Recorrente: UNIAORecorrido: LETÍCIA FIGUEIRA WERNECKJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO-CRECHE OU PRÉ-ESCOLAR. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA. DESNECESSIDADE DE JUNTADA DE DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZAÇÃO DERETIFICAÇÕES. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO, em face da sentença que julgou procedente o pedido de declaraçãode inexigibilidade do Imposto de Renda sobre verbas denominadas “auxílio-creche” ou “auxílio pré-escolar”, condenando-aà repetição de indébito dos valores indevidamente tributados. Sustenta a recorrente, em resumo, tratar-se de verba denatureza remuneratória e não indenizatória, atraindo, assim, a incidência do imposto de renda. Aduz inexistir nos autoscomprovação do pagamento de despesas com creche ou educação pré-escolar nos exercícios em questão. Assevera queas despesas com educação já deduzidas pela parte autora, na mesma declaração, não devem ser objeto de restituição.Pretende, assim, que seja conhecido e provido o recurso, para julgar improcedente o pedido deduzido na inicial.

Page 48: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Subsidiariamente, pleiteia que a condenação seja limitada ao montante de imposto de renda incidente sobre o valor relativoao auxílio pré-escolar que tiver excedido o teto anual de dedução com gastos referentes à educação. Não foramapresentadas contrarrazões.Inicialmente, afasto a necessidade de outros documentos, eis que os coligidos pela parte autora se afiguram suficientespara julgamento da lide.A solução da controvérsia em questão passa pela análise de dois pontos fundamentais, a saber: (I) identificação dahipótese de incidência do tributo; e (II) aferição do caráter remuneratório ou indenizatório da verba.O auxílio pré-escolar recebido pelos empregados e servidores públicos guarda nítida natureza indenizatória, porquanto nãose trata de quantia habitual que integra o patrimônio do servidor, tampouco é paga em razão do seu trabalho, em dinheiroou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. Em verdade, a indenizaçãopossui natureza reparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente docontrato de trabalho, ao passo que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesasdiretamente relacionadas com a execução dos serviços prestados.O auxílio ora questionado consiste em restituição de despesa feita com creche pelo servidor em benefício do órgão em queexerce suas atividades, que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar os filhos daqueledurante a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seus serviços. Nesse sentido: ERESP413322/RS - DJ 14.04.2003 p: 173; REsp 625506/RS - DJ de 06.03.2007 p. 249; REsp 489955/RS - DJ de 13.06.2005 p.232; REsp 625506/RS - DJ de 06.03.2007, p. 249). Por tal motivo, o auxílio pré-escolar não representa, de forma alguma,acréscimo patrimonial, já que objetiva ressarcir despesa que foi transferida ao servidor pela Administração Pública.O art. 7º do Decreto 977/93, que dispõe sobre a assistência pré-escolar destinada aos dependentes dos servidores públicosda Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, estabelece que: “A assistência pré-escolar poderá serprestada nas modalidades de assistência direta, através de creches próprias, e indireta, através de auxílio pré-escolar, queconsiste em valor expresso em moeda referente ao mês em curso, que o servidor receberá do órgão ou entidade”. Assim, oreembolso (assistência indireta) restitui a verba empregada para custear gastos com creches e estabelecimentos análogos,despesas que deveriam, em princípio, ser suportadas pelo empregador, por meio da disponibilização do serviço em espécie– constituindo verba indenizatória que não se confunde com remuneração. Nessa linha: RESP 267301 / SC - DJ:29.04.2002 – p. 219.A propósito, oportuno registrar que o entendimento ora esposado encontra-se consagrado no Enunciado nº. 53 da 1ª TurmaRecursal desta Seção Judiciária que prevê, verbis: “Não incide imposto de renda sobre auxílio-creche pago a servidorpúblico federal”.Não foi outro, aliás, o entendimento albergado pelo Conselho da Justiça Federal – CJF nos autos do processoadministrativo nº CF-PES-2012/00156, sessão ordinária de 24.09.2012, publicada no DOU de 24.10.2012. Confira-se:PROCESSO N. CF-PES-2012/00156ASSUNTO: SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA DO IMPOSTODE RENDA SOBRE O BENEFÍCIO DO AUXÍLIO PRÉ-ESCOLARINTERESSADOS: Magistrados e servidores da Justiça FederalRELATOR: Conselheiro PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA

DECISÃO: O Conselho decidiu: a) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem comoo CJF, a não mais reterem na fonte imposto de renda que incida sobre os valores pagos a magistrados e a servidores atítulo de auxílio pré-escolar; (grifei)

b) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem como o CJF, a devolverem os valoresque foram retidos a título de imposto de renda incidente sobre o auxílio pré-escolar pago a magistrados e a servidoresdurante o exercício de 2012. Vencido, nesse ponto, o Conselheiro Massami Uyeda, o qual entende que devem ser pagostambém os valores correspondentes aos exercícios anteriores;

c) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem como o CJF, a fornecerem, aosmagistrados e aos servidores, a documentação necessária à apresentação de declaração retificadora de imposto de rendareferentes aos anos anteriores a 2012, para fins de prestarem novos informes àReceita Federal do Brasil.

Insta realçar, por fim, a prescindibilidade de juntada de declarações de ajuste e de realização das retificações dasDeclarações Anuais de Imposto de Renda para fins de liquidação da sentença, visto que é faculdade do contribuinte optarpela repetição ou pela compensação, conforme decidiu a Turma Nacional de Uniformização – TNU no Pedido nº200871500124271, de relatoria do MM. Juiz Federal Vladimir Santos Vitovsky, publicado no DOU de 08.06.2012.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Tendo em vista que a parte recorrida não constituiuadvogado, incabível a condenação da recorrente vencida em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º Relator

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Assinado eletronicamente

46 - 0003669-94.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003669-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.) x ROGERIO MARTINS DA VITÓRIA.Processo nº: 0003669-94.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003669-1/01)Recorrente: UNIÃORecorrido: ROGERIO MARTINS DA VITÓRIAJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO-CRECHE OU PRÉ-ESCOLAR. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA. DESNECESSIDADE DE JUNTADA DE DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZAÇÃO DERETIFICAÇÕES. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO, em face da sentença que julgou procedente o pedido de declaraçãode inexigibilidade do Imposto de Renda sobre verbas denominadas “auxílio-creche” ou “auxílio pré-escolar”, condenando-aà repetição de indébito dos valores indevidamente tributados, respeitada a prescrição quinquenal. Sustenta a recorrente,que para se atribuir natureza indenizatória ao auxílio-creche, é necessária a comprovação das despesas com pagamentode creches e pré-escolas. Assevera que na apuração de indébito devem ser considerados os gastos com pagamento decreches e pré-escolas já deduzidos da base de cálculo do imposto de renda em cada declaração anual de ajuste, bemcomo deve ser feita mediante recomposição da base de cálculo dos valores reputados impassíveis de tributação e nãomediante simples restituição de valores retidos mensalmente. Não foram apresentadas contrarrazões.Inicialmente, afasto a necessidade de outros documentos, eis que os coligidos pela parte autora se afiguram suficientespara julgamento da lide.A solução da controvérsia em questão passa pela análise de dois pontos fundamentais, a saber: (I) identificação dahipótese de incidência do tributo; e (II) aferição do caráter remuneratório ou indenizatório da verba.O auxílio pré-escolar recebido pelos empregados e servidores públicos guarda nítida natureza indenizatória, porquanto nãose trata de quantia habitual que integra o patrimônio do servidor, tampouco é paga em razão do seu trabalho, em dinheiroou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. Em verdade, a indenizaçãopossui natureza reparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente docontrato de trabalho, ao passo que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesasdiretamente relacionadas com a execução dos serviços prestados.O auxílio ora questionado consiste em restituição de despesa feita com creche pelo servidor em benefício do órgão em queexerce suas atividades, que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar os filhos daqueledurante a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seus serviços. Nesse sentido: ERESP413322/RS - DJ 14.04.2003 p: 173; REsp 625506/RS - DJ de 06.03.2007 p. 249; REsp 489955/RS - DJ de 13.06.2005 p.232; REsp 625506/RS - DJ de 06.03.2007, p. 249). Por tal motivo, o auxílio pré-escolar não representa, de forma alguma,acréscimo patrimonial, já que objetiva ressarcir despesa que foi transferida ao servidor pela Administração Pública.O art. 7º do Decreto 977/93, que dispõe sobre a assistência pré-escolar destinada aos dependentes dos servidores públicosda Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, estabelece que: “A assistência pré-escolar poderá serprestada nas modalidades de assistência direta, através de creches próprias, e indireta, através de auxílio pré-escolar, queconsiste em valor expresso em moeda referente ao mês em curso, que o servidor receberá do órgão ou entidade”. Assim, oreembolso (assistência indireta) restitui a verba empregada para custear gastos com creches e estabelecimentos análogos,despesas que deveriam, em princípio, ser suportadas pelo empregador, por meio da disponibilização do serviço em espécie– constituindo verba indenizatória que não se confunde com remuneração. Nessa linha: RESP 267301 / SC - DJ:29.04.2002 – p. 219.A propósito, oportuno registrar que o entendimento ora esposado encontra-se consagrado no Enunciado nº. 53 da 1ª TurmaRecursal desta Seção Judiciária que prevê, verbis: “Não incide imposto de renda sobre auxílio-creche pago a servidorpúblico federal”.Não foi outro, aliás, o entendimento albergado pelo Conselho da Justiça Federal – CJF nos autos do processoadministrativo nº CF-PES-2012/00156, sessão ordinária de 24.09.2012, publicada no DOU de 24.10.2012. Confira-se:PROCESSO N. CF-PES-2012/00156ASSUNTO: SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA DO IMPOSTODE RENDA SOBRE O BENEFÍCIO DO AUXÍLIO PRÉ-ESCOLARINTERESSADOS: Magistrados e servidores da Justiça FederalRELATOR: Conselheiro PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA

DECISÃO: O Conselho decidiu: a) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem comoo CJF, a não mais reterem na fonte imposto de renda que incida sobre os valores pagos a magistrados e a servidores atítulo de auxílio pré-escolar; (grifei)

b) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem como o CJF, a devolverem os valoresque foram retidos a título de imposto de renda incidente sobre o auxílio pré-escolar pago a magistrados e a servidoresdurante o exercício de 2012. Vencido, nesse ponto, o Conselheiro Massami Uyeda, o qual entende que devem ser pagostambém os valores correspondentes aos exercícios anteriores;

Page 50: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

c) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem como o CJF, a fornecerem, aosmagistrados e aos servidores, a documentação necessária à apresentação de declaração retificadora de imposto de rendareferentes aos anos anteriores a 2012, para fins de prestarem novos informes àReceita Federal do Brasil.

Insta realçar, por fim, a prescindibilidade de juntada de declarações de ajuste e de realização das retificações dasDeclarações Anuais de Imposto de Renda para fins de liquidação da sentença, visto que é faculdade do contribuinte optarpela repetição ou pela compensação, conforme decidiu a Turma Nacional de Uniformização – TNU no Pedido nº200871500124271, de relatoria do MM. Juiz Federal Vladimir Santos Vitovsky, publicado no DOU de 08.06.2012.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Tendo em vista que a parte recorrida não constituiuadvogado, incabível a condenação da recorrente vencida em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

47 - 0008022-51.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008022-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LARISSA SOUZA DEOLIVEIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:BRUNO MIRANDA COSTA.).Processo nº: 0008022-51.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008022-1/01)Recorrente: LARISSA SOUZA DE OLIVEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. BAIXA RENDA DO SEGURADO (ART. 201, IV, DA CRFB/1988). ÚLTIMOSALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO SUPERIOR AO TETO FIXADO PELA LEGISLAÇÃO.

1. O art. 201, IV, da CRFB/1988 (com a redação determinada pela EC 20/1998) limitou a concessão de auxílio-reclusão aosdependentes do segurado de baixa renda, alteração reputada constitucional pelo STF (RE 587.365).

2. Conforme interpretação dada à regra pelo STF, impõe-se a apreciação apenas da renda do segurado, não importando arenda da família.

3. Diante da ausência de quantificação em lei ordinária, o critério de aferição da “baixa renda” é estabelecido por portarias.

4. No momento da prisão do segurado (14/08/2011, fl. 10), a Portaria Interministerial MPS/MF 407, de 14/07/2011, fixava abaixa renda em R$862,60, sendo certo que a renda do segurado-recluso ultrapassava esse montante (R$895,47 - fl. 63).

5. Por tratar-se de requisito objetivo não é possível relativizar casuisticamente o valor fixado no regulamento. Isso porquenão há como classificar o segurado como de baixa renda pela análise de elementos outros que não a própria renda. Não setrata de aferir hipossuficiência ou miserabilidade, por exemplo, cuja aferição permite a análise contextual da situaçãoeconômica do segurado, mas sim de constatar se a renda por ele auferida é baixa ou não, de acordo com o valor definidono regulamento.

6. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça à fl. 116, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º Relator

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Assinado eletronicamente

48 - 0000172-94.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000172-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SANDRA ROSA DA SILVA(ADVOGADO: ES012584 - JULIANA CARDOZO CITELLI, ES011577 - RUTH SALVADOR SILVA PASSOS, ES015972 -LORENA BALARINI, ES015027 - JULIANA PENHA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).Processo nº: 0000172-94.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000172-5/01)Recorrente: SANDRA ROSA DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. BAIXA RENDA DO SEGURADO (ART. 201, IV, DA CRFB/1988). ÚLTIMOSALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO SUPERIOR AO TETO FIXADO PELA LEGISLAÇÃO.

1. O art. 201, IV, da CRFB/1988 (com a redação determinada pela EC 20/1998) limitou a concessão de auxílio-reclusão aosdependentes do segurado de baixa renda, alteração reputada constitucional pelo STF (RE 587.365).

2. Conforme interpretação dada à regra pelo STF, impõe-se a apreciação apenas da renda do segurado, não importando arenda da família.

3. Diante da ausência de quantificação em lei ordinária, o critério de aferição da “baixa renda” é estabelecido por portarias.

4. No momento da prisão do segurado (30/09/2011, fl. 06), a Portaria Interministerial MPS/MF 407, de 14/07/2011, fixava abaixa renda em R$862,60, sendo certo que a renda do segurado-recluso ultrapassava esse montante (R$904,00, fl. 56).

5. Por tratar-se de requisito objetivo não é possível relativizar casuisticamente o valor fixado no regulamento. Isso porquenão há como classificar o segurado como de baixa renda pela análise de elementos outros que não a própria renda. Não setrata de aferir hipossuficiência ou miserabilidade, por exemplo, cuja aferição permite a análise contextual da situaçãoeconômica do segurado, mas sim de constatar se a renda por ele auferida é baixa ou não, de acordo com o valor definidono regulamento.

6. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça à fl. 46, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

49 - 0000648-35.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000648-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RENATA DA SILVA DOSANJOS E OUTRO (ADVOGADO: ES011568 - CARLA SIMONE VALVASSORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo nº: 0000648-35.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000648-6/01)Recorrente: RENATA DA SILVA DOS ANJOS E OUTRORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. BAIXA RENDA DO SEGURADO (ART. 201, IV, DA CRFB/1988). ÚLTIMOSALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO SUPERIOR AO TETO FIXADO PELA LEGISLAÇÃO.

1. O art. 201, IV, da CRFB/1988 (com a redação determinada pela EC 20/1998) limitou a concessão de auxílio-reclusão aosdependentes do segurado de baixa renda, alteração reputada constitucional pelo STF (RE 587.365).

Page 52: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

2. Conforme interpretação dada à regra pelo STF, impõe-se a apreciação apenas da renda do segurado, não importando arenda da família.

3. Diante da ausência de quantificação em lei ordinária, o critério de aferição da “baixa renda” é estabelecido por portarias.

4. No momento da prisão do segurado (30/09/2011, fl. 31), a Portaria Interministerial MPS/MF 407, de 14/07/2011, fixava abaixa renda em R$862,60, sendo certo que a renda do segurado-recluso ultrapassava esse montante (R$995,55, fl. 12).

5. Por tratar-se de requisito objetivo não é possível relativizar casuisticamente o valor fixado no regulamento. Isso porquenão há como classificar o segurado como de baixa renda pela análise de elementos outros que não a própria renda. Não setrata de aferir hipossuficiência ou miserabilidade, por exemplo, cuja aferição permite a análise contextual da situaçãoeconômica do segurado, mas sim de constatar se a renda por ele auferida é baixa ou não, de acordo com o valor definidono regulamento.

6. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça à fl. 70, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

50 - 0005857-36.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005857-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SANDRA IZABEL LOBATOALBANI LIMA (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR:GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.).Processo nº: 0005857-36.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005857-5/01)Recorrente: SANDRA IZABEL LOBATO ALBANI LIMARecorrido: UNIAO FEDERALJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA –PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS DO DÉBITO ANTERIORES A CINCO ANOS DO AJUIZAMENTO DA DEMANDA –OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO - BIS IN IDEM - MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU – NÃOINCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.

1. O acórdão de fls. 100/103 declarou a prescrição da pretensão autoral de restituição de indébito tributário relativo aoimposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria recebida pelo autor, tendo em vista que a data deinício dos benefícios de aposentadoria complementar é 17/10/2001 e o ajuizamento da ação se deu somente em25/09/2008 - após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto -, o que atrai a incidência do novo prazo prescricional de cincoanos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

2. O autor interpôs incidente de uniformização de jurisprudência, em razão do qual foi determinada a remessa a estarelatoria para adequação do acórdão à tese adotada pela TNU no PEDILEF 200683005146716.

3. A TNU, no julgamento do referido PEDILEF, fixou a tese de que “(...) renova-se a pretensão de repetição de indébito – e,portanto, o início do prazo prescricional – a cada incidência do imposto de renda sobre a complementação percebida peloautor (...)”.

4. O mesmo ocorre com o entendimento adotado pelo STJ a respeito do tema, como se infere do teor do voto do Relator doRecurso Especial nº 1.278.598-SC, do qual extraio o seguinte trecho:

“(...)Sendo assim, hoje tanto o STF quanto o STJ entendem que, para as ações de repetição de indébito relativas a tributossujeitos a lançamento por homologação ajuizadas a partir de 09.06.2005, deve ser aplicado o prazo prescricionalquinquenal previsto no art. 3º da Lei Complementar n. 118/2005, ou seja, prazo de cinco anos com termo inicial na data dopagamento; para as ações ajuizadas antes de 09.06.2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia acumulação do prazo do art. 150, § 4º, com o do art. 168, I, do CTN (tese do 5+5).No caso, como a ação judicial foi proposta em 24.7.2009, deve ser mantido o reconhecimento da prescrição em relação aosvalores indevidamente pagos a título de imposto de renda antes do quinquênio que antecede a propositura da ação.

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(...)”(g.n.)(STJ – 2ª Turma. RESP 1.278.598-SC. Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05-02-2013).

5. Embora haja possibilidade de todo o crédito estar acobertado pela prescrição, somente será possível chegar-se a essaconclusão após os cálculos, na fase de cumprimento da sentença, a serem elaborados nos exatos moldes mencionados novoto do Relator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC, Min. Mauro Campbell Marques, conforme determinado no dispositivoa seguir.

6. Dessa forma, com base no art. 15, § 3º, do Regimento Interno da TNU, procedo à adequação do acórdão ao precedenteda TNU, passando o dispositivo do voto que o integra a ter o seguinte teor:

7. Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para JULGAR PROCEDENTE OPEDIDO e declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de renda sobreas verbas recebidas a título de complementação de aposentadoria até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelabeneficiária sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/1989 e 31/12/1995, bem como para CONDENAR A UNIÃOFEDERAL à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemática estabelecida nesta ementa e asinstruções que se seguem:8. As contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995,deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal, referenteàs ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).9. O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).10. Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.11. A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisãoadministrativa das declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculodo imposto devido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por esta ementa. Eventual restituiçãoadministrativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberáao autor o ônus de apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.12. Efetuada a revisão na forma estabelecida nesta ementa, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição a serrequisitado.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na forma do voto/ementaque passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

51 - 0102380-37.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102380-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE LUIZ CARNIELLI(ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DERESENDE RAPOSO.).Processo nº: 0102380-37.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102380-1/01)Recorrente: JOSE LUIZ CARNIELLIRecorrido: UNIAO FEDERALJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA –PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS DO DÉBITO ANTERIORES A CINCO ANOS DO AJUIZAMENTO DA DEMANDA –OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO - BIS IN IDEM - MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU – NÃOINCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.

Page 54: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

1. A parte autora interpôs recurso em face da sentença que julgou extinto o feito, com resolução de mérito, na forma do art.269, IV, do CPC. Alega, em síntese, inocorrência de prescrição de fundo de direito, por se tratar de relação de tratosucessivo, razão pela qual estariam apenas prescritas as parcelas do débito relativas ao qüinqüênio anterior ao doajuizamento da demanda, sendo devida a restituição do imposto de renda que incidiu sobre a complementação deaposentadoria no período de 01/01/1989 a 31/12/1995. Prequestionamento do art. 6, VII, b, da Lei 7.713/1988; art. 4, V, daLei 9.250/1995; art. 3º da Lei Complementar 118/2005, art. 7º da Medida Provisória 1459/2001, LC 109/2001 e MP2.222/2001. Contrarrazões às fls. 127/134.

2. No que tange à prescrição, de acordo com o entendimento atualmente adotado pelo Egrégio STF no RE 566621/RS, derelatoria da Exma. Ministra Ellen Gracie, na data de 04/08/2011, a aplicação do prazo de prescrição de cinco anos previstono inciso I do art.168 da Lei Complementar nº 118/2005 somente será aplicado às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 (cento e vinte) dias, ou seja, a partir de 09/06/2005:

“Prazo para repetição ou compensação de indébito tributário e art. 4º da LC nº 118/2005 - 5

É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso Ido art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre,no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art.150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicaçãode penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípioda segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito eexpresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente àsações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Ministros Celso de Mello eLuiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aospróprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Ministros MarcoAurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, que davam provimento ao recurso. RE 566621/RS, rel. Min. EllenGracie, 4.8.2011. (RE-566621)1ª parte (Informativo 634, Plenário, Repercussão Geral)” sem grifos no original.

A matéria já foi, inclusive, objeto da Súmula nº 52, aprovada na Sessão Plenária de 30/03/2009, cujo teor é o seguinte: “éinconstitucional a expressão “observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubrode 1966 – Código Tributário Nacional”, constante do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118, de 09 de fevereirode 2005, por violação ao art. 5º - XXXVI da Constituição Federal”.

Decidia-se, anteriormente, que a todos os recolhimentos indevidos realizados até a vigência da LC nº 118/2005 aplicava-sea regra prescricional antes sedimentada pelo STJ (tese dos “cinco mais cinco”), adotando-se, a partir da legislaçãosobrevinda, o novo prazo trazido pelo artigo 3º da referida legislação complementar.

Diante do novo paradigma exarado pelo Supremo Tribunal Federal, o entendimento acima mencionado, defendido,inclusive, pelos Ministros Celso de Mello e Luiz Fux quando do julgamento da Repercussão Geral no RE 566621/RS citado,não deve ser aplicado, de modo que se deve assegurar a aplicação do novo prazo de 5 anos às ações ajuizadas após odecurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005.

Desse modo, adotando tal orientação, tendo sido a demanda ajuizada em 01/06/2009, aos recolhimentos tributáriosefetuados anteriormente a 01 de junho de 2004 ter-se-á operado a prescrição. Neste sentido já decidiu a Turma Nacionalde Uniformização, conforme se infere do PEDILEF 201072500039094, in verbis:

VOTO-PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDASOBRE COMPLEMENTAÇÃO DECOMPLEMENTAÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. REFERÊNCIA AS PARCELASVERTIDASPELO PARTICPANTE NO PERÍODO DE 01/01/1989 À 31/12/1995. SENTENÇA DEPROCEDÊNCIA. TURMARECURSAL DE SANTA CATARINA DEU PROVIMENTO AO RECURSO DARÉ. PRESCRIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. LEI7.713/88. PEDIDO CONHECIDO E PROVIDO.1. Ação proposta em face da UniãoFederal na qual se discute a incidência de dupla tributação do impostode renda sobre aparte da suplementação da aposentadoria que se refere àscontribuições vertidas pelo participante de plano de previdênciaprivadadurante o período de vigência da Lei n.º 7.713/88.2. A sentença julgou procedente o pedido da parte autora, declarando ainexigibilidade do imposto de renda sobre obenefício de aposentadoriacomplementar da parte autora, até o limite do que foi recolhido sobre acontribuição vertida peloparticipante no período de vigência da Lei7.713/88.3. A Turma Recursal de Santa Catarina deu provimento ao recurso da UniãoFederal pra julgar improcedente o pedido.4. Incidente de Uniformização jurisprudencial, manejado pela parte autora,com fundamento no artigo 14 da Lei 10.259/2001.5. Dissídio jurisprudencial instaurado ante a citada súmula 85 do STJ.6. A jurisprudência da Corte Cidadã e desta TNU já sefirmou no sentido deque não incide imposto de renda sobre a complementação de aposentadoriae/ou resgate de plano deprevidência privada, sobre o montante referenteàs contribuições do participante, vertidas no período de 01/01/1989à31/12/1995. (PEDILEF 200683005146716 /200685005020159) 7. A prescrição atinge as parcelas de restituição vencidasantes doquinquenio anterior à propositura da ação, incidindo a Súmula n.º 85do STJ.7. Pedido de Uniformização conhecido

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e provido para fixar a entendimentodeste colegiado no sentido de que não incide imposto de renda sobre acomplementaçãode aposentadoria e /ou resgate de plano de previdênciaprivada, no que tange ao montante referente às contribuiçõesdoparticipante, vertidas no período de 01/01/1989 à 31/12/1995.8. Desconstituo o acórdão recorrido, para restabelecer asentença deprimeiro grau. (Processo: PEDILEF 201072500039094 SC Relator(a): Juíza Federal MARISA CLÁUDIAGONÇALVES CUCIO Julgamento: 20/02/2013 Publicação: DJ 08/03/2013 Parte(s): Requerente: PAULO ROBERTO DESOUZA Requerido(a): FAZENDA NACIONAL)

3. Matéria pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RESP 1200363/RJ, Rel. Min. Castro Meira, DJE21.09.2010), e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto derenda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei 7.713/1988, ou seja, entre01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

4. Registre-se que o Procurador-Geral da Fazenda Nacional, através do Ato Declaratório PGFN 04/06, dispensou aapresentação de contestação e a interposição de recursos, autorizando, ainda, a desistência dos já interpostos, quando setratar de ação judicial pretendendo a declaração da não-incidência do imposto de renda sobre a complementação deaposentadoria, correspondente às contribuições efetuadas exclusivamente pelo beneficiário, no período de 1º de janeiro de1989 a 31 de dezembro de 1995, até o limite do imposto pago sobre as contribuições deste período, por força da isenção doart. 6º, VII, da Lei 7.713/1988.

5. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parte autora noperíodo de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos os documentoscolacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos, quais sejam: contribuições no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995 (fls. 81/87) e aposentadoria em 15/03/2005 (fl. 90).

6. Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguintemetodologia: as contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de1995, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos paraos Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal,referente às ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).

O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.

7. No que se refere à matéria objeto de prequestionamento, somente a ofensa a preceito constitucional autoriza a admissãodo recurso extraordinário (STF-RE-AgR-154.158/SP, Relator Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 20.9.2002)(STF-AI-AgR-495.880/SP, Relator Ministro Cezar Peluso, 1ª Turma, DJ 05.8.2005). Hipótese em que a parte autoralimitou-se a aduzir questões infraconstitucionais.

8. Recurso a que se dá provimento, para reconhecer restarem prescritas as parcelas do débito relativas ao período anteriorao qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da demanda.

9. Sem custas. Honorários advocatícios devidos pelo recorrido, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da

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condenação (art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil).A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na forma do voto/ementaque passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

52 - 0007938-50.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007938-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HERMÍNIA MARIA SANCINISILVA (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGOBARBOSA DE BARROS.).Processo nº: 0007938-50.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007938-3/01)Recorrente: HERMÍNIA MARIA SANCINI SILVARecorrido: UNIAO FEDERALJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA –PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS DO DÉBITO ANTERIORES A CINCO ANOS DO AJUIZAMENTO DA DEMANDA –OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO - BIS IN IDEM - MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU – NÃOINCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.

1. A parte autora interpôs recurso em face da sentença que julgou extinto o feito, com resolução de mérito, na forma do art.269, IV, do CPC. Alega, em síntese, inocorrência de prescrição de fundo de direito, por se tratar de relação de tratosucessivo, razão pela qual estariam apenas prescritas as parcelas do débito relativas ao qüinqüênio anterior ao doajuizamento da demanda, sendo devida a restituição do imposto de renda que incidiu sobre a complementação deaposentadoria no período de 01/01/1989 a 31/12/1995. Contrarrazões às fls. 94/100.

2. No que tange à prescrição, de acordo com o entendimento atualmente adotado pelo Egrégio STF no RE 566621/RS, derelatoria da Exma. Ministra Ellen Gracie, na data de 04/08/2011, a aplicação do prazo de prescrição de cinco anos previstono inciso I do art.168 da Lei Complementar nº 118/2005 somente será aplicado às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 (cento e vinte) dias, ou seja, a partir de 09/06/2005:

“Prazo para repetição ou compensação de indébito tributário e art. 4º da LC nº 118/2005 - 5

É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso Ido art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre,no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art.150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicaçãode penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípioda segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito eexpresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente àsações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Ministros Celso de Mello eLuiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aospróprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Ministros MarcoAurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, que davam provimento ao recurso. RE 566621/RS, rel. Min. EllenGracie, 4.8.2011. (RE-566621)1ª parte (Informativo 634, Plenário, Repercussão Geral)” sem grifos no original.

A matéria já foi, inclusive, objeto da Súmula nº 52, aprovada na Sessão Plenária de 30/03/2009, cujo teor é o seguinte: “éinconstitucional a expressão “observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubrode 1966 – Código Tributário Nacional”, constante do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118, de 09 de fevereirode 2005, por violação ao art. 5º - XXXVI da Constituição Federal”.

Decidia-se, anteriormente, que a todos os recolhimentos indevidos realizados até a vigência da LC nº 118/2005 aplicava-sea regra prescricional antes sedimentada pelo STJ (tese dos “cinco mais cinco”), adotando-se, a partir da legislaçãosobrevinda, o novo prazo trazido pelo artigo 3º da referida legislação complementar.

Diante do novo paradigma exarado pelo Supremo Tribunal Federal, o entendimento acima mencionado, defendido,

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inclusive, pelos Ministros Celso de Mello e Luiz Fux quando do julgamento da Repercussão Geral no RE 566621/RS citado,não deve ser aplicado, de modo que se deve assegurar a aplicação do novo prazo de 5 anos às ações ajuizadas após odecurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005.

Desse modo, adotando tal orientação, tendo sido a demanda ajuizada em 01/06/2009, aos recolhimentos tributáriosefetuados anteriormente a 01 de junho de 2004 ter-se-á operado a prescrição. Neste sentido já decidiu a Turma Nacionalde Uniformização, conforme se infere do PEDILEF 201072500039094, in verbis:

VOTO-PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDASOBRE COMPLEMENTAÇÃO DECOMPLEMENTAÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. REFERÊNCIA AS PARCELASVERTIDASPELO PARTICPANTE NO PERÍODO DE 01/01/1989 À 31/12/1995. SENTENÇA DEPROCEDÊNCIA. TURMARECURSAL DE SANTA CATARINA DEU PROVIMENTO AO RECURSO DARÉ. PRESCRIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. LEI7.713/88. PEDIDO CONHECIDO E PROVIDO.1. Ação proposta em face da UniãoFederal na qual se discute a incidência de dupla tributação do impostode renda sobre aparte da suplementação da aposentadoria que se refere àscontribuições vertidas pelo participante de plano de previdênciaprivadadurante o período de vigência da Lei n.º 7.713/88.2. A sentença julgou procedente o pedido da parte autora, declarando ainexigibilidade do imposto de renda sobre obenefício de aposentadoriacomplementar da parte autora, até o limite do que foi recolhido sobre acontribuição vertida peloparticipante no período de vigência da Lei7.713/88.3. A Turma Recursal de Santa Catarina deu provimento ao recurso da UniãoFederal pra julgar improcedente o pedido.4. Incidente de Uniformização jurisprudencial, manejado pela parte autora,com fundamento no artigo 14 da Lei 10.259/2001.5. Dissídio jurisprudencial instaurado ante a citada súmula 85 do STJ.6. A jurisprudência da Corte Cidadã e desta TNU já sefirmou no sentido deque não incide imposto de renda sobre a complementação de aposentadoriae/ou resgate de plano deprevidência privada, sobre o montante referenteàs contribuições do participante, vertidas no período de 01/01/1989à31/12/1995. (PEDILEF 200683005146716 /200685005020159) 7. A prescrição atinge as parcelas de restituição vencidasantes doquinquenio anterior à propositura da ação, incidindo a Súmula n.º 85do STJ.7. Pedido de Uniformização conhecidoe provido para fixar a entendimentodeste colegiado no sentido de que não incide imposto de renda sobre acomplementaçãode aposentadoria e /ou resgate de plano de previdênciaprivada, no que tange ao montante referente às contribuiçõesdoparticipante, vertidas no período de 01/01/1989 à 31/12/1995.8. Desconstituo o acórdão recorrido, para restabelecer asentença deprimeiro grau. (Processo: PEDILEF 201072500039094 SC Relator(a): Juíza Federal MARISA CLÁUDIAGONÇALVES CUCIO Julgamento: 20/02/2013 Publicação: DJ 08/03/2013 Parte(s): Requerente: PAULO ROBERTO DESOUZA Requerido(a): FAZENDA NACIONAL)

3. Matéria pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RESP 1200363/RJ, Rel. Min. Castro Meira, DJE21.09.2010), e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto derenda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei 7.713/1988, ou seja, entre01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

4. Registre-se que o Procurador-Geral da Fazenda Nacional, através do Ato Declaratório PGFN 04/06, dispensou aapresentação de contestação e a interposição de recursos, autorizando, ainda, a desistência dos já interpostos, quando setratar de ação judicial pretendendo a declaração da não-incidência do imposto de renda sobre a complementação deaposentadoria, correspondente às contribuições efetuadas exclusivamente pelo beneficiário, no período de 1º de janeiro de1989 a 31 de dezembro de 1995, até o limite do imposto pago sobre as contribuições deste período, por força da isenção doart. 6º, VII, da Lei 7.713/1988.

5. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parte autora noperíodo de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado.6. Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguintemetodologia: as contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de1995, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos paraos Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal,referente às ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).

O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, este

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último valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.

7. Recurso a que se dá provimento, para reconhecer restarem prescritas as parcelas do débito relativas ao período anteriorao qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da demanda.

8. Sem custas. Honorários advocatícios devidos pelo recorrido, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil).A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na forma do voto/ementaque passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

53 - 0002926-08.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.002926-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE CARLOS ECHENIQUESOARES (ADVOGADO: ES005715 - VLADIMIR CAPUA DALLAPICULA.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARINARIBEIRO FLEURY.).Processo nº: 0002926-08.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.002926-0/01)Recorrente: JOSE CARLOS ECHENIQUE SOARESRecorrido: UNIAO FEDERALJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA –PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS DO DÉBITO ANTERIORES A CINCO ANOS DO AJUIZAMENTO DA DEMANDA –OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO - BIS IN IDEM - MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU – NÃOINCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.

1. A parte autora interpôs recurso em face da sentença que julgou extinto o feito, com resolução de mérito, na forma do art.269, IV, do CPC. Alega, em síntese, inocorrência de prescrição de fundo de direito, por se tratar de relação de tratosucessivo, razão pela qual estariam apenas prescritas as parcelas do débito relativas ao qüinqüênio anterior ao doajuizamento da demanda, sendo devida a restituição do imposto de renda que incidiu sobre a complementação deaposentadoria no período de 01/01/1989 a 31/12/1995. Contrarrazões às fls. 112/121.

2. No que tange à prescrição, de acordo com o entendimento atualmente adotado pelo Egrégio STF no RE 566621/RS, derelatoria da Exma. Ministra Ellen Gracie, na data de 04/08/2011, a aplicação do prazo de prescrição de cinco anos previstono inciso I do art.168 da Lei Complementar nº 118/2005 somente será aplicado às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 (cento e vinte) dias, ou seja, a partir de 09/06/2005:

“Prazo para repetição ou compensação de indébito tributário e art. 4º da LC nº 118/2005 - 5

É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso Ido art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre,no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art.150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicaçãode penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípio

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da segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito eexpresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente àsações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Ministros Celso de Mello eLuiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aospróprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Ministros MarcoAurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, que davam provimento ao recurso. RE 566621/RS, rel. Min. EllenGracie, 4.8.2011. (RE-566621)1ª parte (Informativo 634, Plenário, Repercussão Geral)” sem grifos no original.

A matéria já foi, inclusive, objeto da Súmula nº 52, aprovada na Sessão Plenária de 30/03/2009, cujo teor é o seguinte: “éinconstitucional a expressão “observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubrode 1966 – Código Tributário Nacional”, constante do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118, de 09 de fevereirode 2005, por violação ao art. 5º - XXXVI da Constituição Federal”.

Decidia-se, anteriormente, que a todos os recolhimentos indevidos realizados até a vigência da LC nº 118/2005 aplicava-sea regra prescricional antes sedimentada pelo STJ (tese dos “cinco mais cinco”), adotando-se, a partir da legislaçãosobrevinda, o novo prazo trazido pelo artigo 3º da referida legislação complementar.

Diante do novo paradigma exarado pelo Supremo Tribunal Federal, o entendimento acima mencionado, defendido,inclusive, pelos Ministros Celso de Mello e Luiz Fux quando do julgamento da Repercussão Geral no RE 566621/RS citado,não deve ser aplicado, de modo que se deve assegurar a aplicação do novo prazo de 5 anos às ações ajuizadas após odecurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005.

Desse modo, adotando tal orientação, tendo sido a demanda ajuizada em 01/06/2009, aos recolhimentos tributáriosefetuados anteriormente a 01 de junho de 2004 ter-se-á operado a prescrição. Neste sentido já decidiu a Turma Nacionalde Uniformização, conforme se infere do PEDILEF 201072500039094, in verbis:

VOTO-PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDASOBRE COMPLEMENTAÇÃO DECOMPLEMENTAÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. REFERÊNCIA AS PARCELASVERTIDASPELO PARTICPANTE NO PERÍODO DE 01/01/1989 À 31/12/1995. SENTENÇA DEPROCEDÊNCIA. TURMARECURSAL DE SANTA CATARINA DEU PROVIMENTO AO RECURSO DARÉ. PRESCRIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. LEI7.713/88. PEDIDO CONHECIDO E PROVIDO.1. Ação proposta em face da UniãoFederal na qual se discute a incidência de dupla tributação do impostode renda sobre aparte da suplementação da aposentadoria que se refere àscontribuições vertidas pelo participante de plano de previdênciaprivadadurante o período de vigência da Lei n.º 7.713/88.2. A sentença julgou procedente o pedido da parte autora, declarando ainexigibilidade do imposto de renda sobre obenefício de aposentadoriacomplementar da parte autora, até o limite do que foi recolhido sobre acontribuição vertida peloparticipante no período de vigência da Lei7.713/88.3. A Turma Recursal de Santa Catarina deu provimento ao recurso da UniãoFederal pra julgar improcedente o pedido.4. Incidente de Uniformização jurisprudencial, manejado pela parte autora,com fundamento no artigo 14 da Lei 10.259/2001.5. Dissídio jurisprudencial instaurado ante a citada súmula 85 do STJ.6. A jurisprudência da Corte Cidadã e desta TNU já sefirmou no sentido deque não incide imposto de renda sobre a complementação de aposentadoriae/ou resgate de plano deprevidência privada, sobre o montante referenteàs contribuições do participante, vertidas no período de 01/01/1989à31/12/1995. (PEDILEF 200683005146716 /200685005020159) 7. A prescrição atinge as parcelas de restituição vencidasantes doquinquenio anterior à propositura da ação, incidindo a Súmula n.º 85do STJ.7. Pedido de Uniformização conhecidoe provido para fixar a entendimentodeste colegiado no sentido de que não incide imposto de renda sobre acomplementaçãode aposentadoria e /ou resgate de plano de previdênciaprivada, no que tange ao montante referente às contribuiçõesdoparticipante, vertidas no período de 01/01/1989 à 31/12/1995.8. Desconstituo o acórdão recorrido, para restabelecer asentença deprimeiro grau. (Processo: PEDILEF 201072500039094 SC Relator(a): Juíza Federal MARISA CLÁUDIAGONÇALVES CUCIO Julgamento: 20/02/2013 Publicação: DJ 08/03/2013 Parte(s): Requerente: PAULO ROBERTO DESOUZA Requerido(a): FAZENDA NACIONAL)

3. Matéria pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RESP 1200363/RJ, Rel. Min. Castro Meira, DJE21.09.2010), e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto derenda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei 7.713/1988, ou seja, entre01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

4. Registre-se que o Procurador-Geral da Fazenda Nacional, através do Ato Declaratório PGFN 04/06, dispensou aapresentação de contestação e a interposição de recursos, autorizando, ainda, a desistência dos já interpostos, quando setratar de ação judicial pretendendo a declaração da não-incidência do imposto de renda sobre a complementação deaposentadoria, correspondente às contribuições efetuadas exclusivamente pelo beneficiário, no período de 1º de janeiro de1989 a 31 de dezembro de 1995, até o limite do imposto pago sobre as contribuições deste período, por força da isenção doart. 6º, VII, da Lei 7.713/1988.

5. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parte autora noperíodo de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado.

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6. Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguintemetodologia: as contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de1995, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos paraos Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal,referente às ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).

O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.

7. Recurso a que se dá provimento, para reconhecer restarem prescritas as parcelas do débito relativas ao período anteriorao qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da demanda.

8. Sem custas. Honorários advocatícios devidos pelo recorrido, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil).A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na forma do voto/ementaque passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

54 - 0009472-68.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.009472-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNASA - FUNDACAONACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: VIVIANE MILED MONTEIRO CALIL SALIM.) x ANA LUCIA DE LEMOS RIGO.Processo nº: 0009472-68.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.009472-1/01)Recorrente: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDERecorrido: ANA LUCIA DE LEMOS RIGOJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. NÃO INCIDÊNCIA.ILEGITIMIDADE PASSIVA DA FUNASA. CONDENAÇÃO DA UNIÃO À DEVOLUÇÃO DOS VALORES INDEVIDAMENTEDESCONTADOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de pedido de uniformização de interpretação de lei federal e recurso extraordinário interposto pela FUNASA emrazão de acórdão proferido por esta Turma Recursal.

2. No acórdão recorrido, foi integralmente confirmada a sentença de fls. 59/62, que julgou procedente o pedido para: a)reconhecer a ilegitimidade passiva ad causam da União Federal; b) declarar indevida a cobrança da contribuição social

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incidente sobre o terço constitucional de férias; b) condenar o recorrente a restituir as parcelas indevidamente descontadassob o mesmo título, observada a prescrição decenal, bem como a se abster de efetivar descontos futuros.3. No Incidente de Uniformização, requer o reconhecimento do prazo prescricional de cinco anos, haja vista o ajuizamentoda ação após o advento da Lei Complementar 118/2005. Nas razões do Recurso Extraordinário, sustenta a suailegitimidade passiva, visto que não possui qualquer ingerência sobre o desconto da mencionada contribuição social, o qualé efetuado diretamente em folha de pagamento de todos os servidores do Poder Executivo. Alega que sua atribuição legal éde reter os valores a serem repassados ao sujeito ativo da obrigação tributária, qual seja, a União. Ressalta o nítido caráterremuneratório do adicional de 1/3 de férias. Afirma que o regime previdenciário do servidor público acha-se fundado noprincípio da solidariedade, conforme art. 40 da CR/88, não tendo o financiamento da previdência como contrapartidanecessária a previsão de prestações específicas ou proporcionais em favor do contribuinte.

4. No que se refere à prescrição, o Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 566.621/RS,assentou que nas ações de repetição ou compensação de indébito tributário ajuizadas após o decurso da vacatio legis de120 dias prevista na Lei Complementar nº 118/2005, o prazo prescricional é de cinco anos, a despeito da data dopagamento considerado indevido. Assim, se a ação tiver sido proposta depois de 09.06.2005, como o caso em tela, aconsagrada tese dos “cinco mais cinco” não mais pode ser aplicada para regular a prescrição.

5. Acolho a alegação de ilegitimidade passiva da FUNASA. A contribuição social dos servidores públicos federais encontrafundamento de validade nos arts. 40, caput, 149, caput, e 195, II, da CRFB/1988, disto decorrendo que o sujeito ativo daobrigação tributária é a União Federal, disto decorrendo sua legitimidade para figurar no pólo passivo de ações queimpugnam a incidência do referido tributo. A entidade a que o servidor está vinculado é mera responsável tributária pelaretenção da contribuição, cujo valor é integralmente repassado para a União, de modo que aquela não detém legitimidadepara ser destinatária do pedido de repetição do indébito.

6. Os acórdãos mais recentes do STF afastam a incidência de contribuição social sobre o terço adicional de férias gozadas(AI 712.880, AI 730.315, AI 727.958 e AI 603.537), com fundamento na necessidade de equilíbrio atuarial e de correlaçãoentre a fonte de custeio e os benefícios devidos, concluindo pela impossibilidade de computar na base de cálculo parcelasque não se incorporam à remuneração e, portanto, não integrarão futuro benefício previdenciário (interpretação do art. 195,§ 5º, contrario sensu, e 201, § 11º, da CRFB/1988).

7. O STJ (Pet 7.296) e a TNU (PEDILEF 2007.83.00518998-1) acompanham a orientação firmada pelo STF.

8. Remetidos os autos a esta Relatoria para adequação do julgado, na forma do art. 543-B, § 3º, do Código de ProcessoCivil, voto para retificar o acórdão desta Turma Recursal (fls. 88/90), mediante retratação, no sentido de reconhecer ailegitimidade passiva da FUNASA e condenar a União a restituir à parte autora os valores indevidamente retidos a título decontribuição previdenciária incidente sobre o adicional de férias, observada a prescrição qüinqüenal.

9. Retifique-se, oportunamente, a autuação, fazendo nela constar como recorridas ANA LUCIA DE LEMOS RIGO e UNIÃOFEDERAL.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

55 - 0004422-56.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004422-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JORGE ANTONIOLOUREIRO BORGES (ADVOGADO: ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.) xFUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº: 0004422-56.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004422-4/01)Recorrente: JORGE ANTONIO LOUREIRO BORGESRecorrido: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDEJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora em razão de sentença que julgou improcedente a pretensãode declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como a restituição dos valores recebidos atítulo de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude da instituição da Gratificação de Atividadede Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta em suas razões que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamento retroativamente aomês de março de 2008. No entanto, os pagamentos dos meses de março, abril, maio e junho somente foram creditados no

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mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alega quenenhuma compensação é devida, haja vista o recebimento das verbas de boa-fé e, notadamente, ante a ausência deprevisão legal para a referida compensação.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nos mesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas, nem em honorários, ante o deferimento da Gratuidade deJustiça, observada a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER O RECURSO E A ELE NEGARPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

56 - 0000558-95.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000558-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDERSON FRANCISCOPOLEZE (ADVOGADO: ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNASA -FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.).Processo nº: 0000558-95.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000558-8/01)Recorrente: EDERSON FRANCISCO POLEZERecorrido: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDEJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora em razão de sentença que julgou improcedente a pretensãode declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como a restituição dos valores recebidos atítulo de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude da instituição da Gratificação de Atividadede Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta em suas razões que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamento retroativamente aomês de março de 2008. No entanto, os pagamentos dos meses de março, abril, maio e junho somente foram creditados nomês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alega quenenhuma compensação é devida, haja vista o recebimento das verbas de boa-fé e, notadamente, ante a ausência deprevisão legal para a referida compensação.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

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4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nos mesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas, nem em honorários, ante o deferimento da Gratuidade deJustiça, observada a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER O RECURSO E A ELE NEGARPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

57 - 0004428-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004428-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ CLAUDIO RODRIGUESDO CARMO (ADVOGADO: ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNASA- FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.).Processo nº: 0004428-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004428-5/01)Recorrente: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES DO CARMORecorrido: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDEJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora em razão de sentença que julgou improcedente a pretensãode declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como a restituição dos valores recebidos atítulo de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude da instituição da Gratificação de Atividadede Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta em suas razões que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamento retroativamente aomês de março de 2008. No entanto, os pagamentos dos meses de março, abril, maio e junho somente foram creditados nomês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alega quenenhuma compensação é devida, haja vista o recebimento das verbas de boa-fé e, notadamente, ante a ausência deprevisão legal para a referida compensação.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nos mesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e a

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moralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas, nem em honorários, ante o deferimento da Gratuidade deJustiça, observada a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER O RECURSO E A ELE NEGARPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

58 - 0000555-43.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000555-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE LUIS CACHOEIRO(ADVOGADO: ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNASA -FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.).Processo nº: 0000555-43.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000555-2/01)Recorrente: JOSE LUIS CACHOEIRORecorrido: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDEJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora em razão de sentença que julgou improcedente a pretensãode declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como a restituição dos valores recebidos atítulo de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude da instituição da Gratificação de Atividadede Combate e Controle de Endemias (GACEN).

2. Sustenta em suas razões que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamento retroativamente aomês de março de 2008. No entanto, os pagamentos dos meses de março, abril, maio e junho somente foram creditados nomês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alega quenenhuma compensação é devida, haja vista o recebimento das verbas de boa-fé e, notadamente, ante a ausência deprevisão legal para a referida compensação.

3. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54, em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.

4. Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nos mesmos meses em que a GACEN é devida.

5. Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.

6. Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em quenecessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas, nem em honorários, ante o deferimento da Gratuidade de

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Justiça, observada a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER O RECURSO E A ELE NEGARPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

59 - 0006099-58.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006099-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MARINA VIEIRA (ADVOGADO: ES012461 - GERALDO MAGELACURTINHAS VIEIRA JUNIOR, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.).Processo nº: 0006099-58.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006099-9/01)Recorrente: UNIAO FEDERALRecorrido: MARINA VIEIRAJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

ADMINISTRATIVO. PAGAMENTO INDEVIDO. RECEBIMENTO DE BOA-FÉ. PONDERAÇÃO ENTRE A VEDAÇÃO AOENRIQUECIMENTO ILÍCITO E O PRINCÍPIO DA CONFIANÇA NOS ATOS PRATICADOS PELA ADMINISTRAÇÃOPÚBLICA. REGRA DO ART. 46 DA LEI 8.112/1990. IRREPETIBILIDADE COMO EXCEÇÃO.

Trata-se de recurso interposto pelo réu contra sentença que julgou procedente o pedido do autor no sentido de obstar adevolução de valores pagos indevidamente e recebidos de boa-fé.

De início, afasto a preliminar de incompetência dos Juizados Especiais Federais. O que se busca na presente demanda nãoé a anulação de qualquer ato administrativo. Anular (ou cancelar) é provimento que retira o ato do mundo jurídico semsubstituir-lhe, e ocorre por falha insanável em um de seus elementos constitutivos. Assim, não se inclui na competênciados Juizados Federais a possibilidade de anulação ou cancelamento de um ato administrativo específico em relação adeterminado servidor ou cidadão, como o auto de infração que impõe multa. Este, porém, não é o caso dos autos, visto quea parte autora pretende é que não seja atribuída eficácia retroativa ao ato de revisão praticado pela Administração.

Em atenção ao princípio da legalidade, inscrito no caput do art. 37 da Constituição, a Administração Pública pode e deveinvalidar seus próprios atos, quando praticados em desconformidade com a lei (Súmula 473/STF e art. 53 da Lei 9.784/99).Deve, também, tanto quanto possível, buscar reverter as consequências já consumadas desses atos.

A restituição de valores pagos indevidamente pela Administração tem amparo, dentre outros, nos art. 46 da Lei 8.112/1990e 115 da Lei 8.213/1991. O fundamento da restituição não reside na boa ou na má-fé de quem recebeu quantia indevida, esim no princípio da vedação ao enriquecimento sem causa e na regra do art. 138 do Código Civil, segundo a qual os atospraticados por erro são anuláveis.

Quem recebe quantia indevida de má-fé pratica ato ilícito, devendo restituir imediatamente os valores corrigidos e com jurosde mora, além de sujeitar-se a eventuais sanções previstas na legislação cível e criminal. Quem recebe quantia indevida deboa-fé também não pode enriquecer sem causa válida: em atenção ao princípio da confiança legítima nos atos daAdministração, deve restituir os valores corrigidos (i) sem juros de mora, (ii) de forma parcelada (salvo no caso do art. 46, §2º, da Lei 8.112/1990), e (iii) em percentual entre 10 e 30% da sua remuneração/proventos, a fim de que sua subsistênciadigna não seja prejudicada.

A Súmula 106 do TCU (“O julgamento pela ilegalidade das concessões de reforma, aposentadoria e pensão, não implicapor si só a obrigatoriedade de reposição das importâncias já recebidas de boa-fé, até a data da decisão pelo órgãocompetente.”) não consagra a irrepetibilidade como regra, limitando-se a dizer que o pagamento de vantagem ilegal nãoimplica automaticamente o dever de restituir, devendo o órgão competente realizar previamente outras ponderações.

As hipóteses excepcionais que podem autorizar a declaração de irrepetibilidade são:

Pagamento feito pela Administração em conformidade com determinada interpretação da lei que posteriormente tenha sidoreinterpretada (Súmula 34 da AGU: “Não estão sujeitos à repetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, emdecorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública.”);Restituição que resulte em dano significativo para o administrado (mesmo o desconto de 10% mensais fará com que o valorlíquido da remuneração fique em patamar manifestamente insuficiente); eConsumação do prazo decadencial de cinco anos (art. 54 da Lei 9.784/1999).

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Na mesma linha, o STF, apesar de não ter reconhecido repercussão geral à matéria (AI 841.473), pronunciou-se sobre otema no exercício de sua competência originária (MS 25.641), concluindo que a reposição ao erário dos valoresindevidamente pagos a servidores por erro da Administração só pode ser dispensada quando presentes cumulativamenteos seguintes requisitos:

presença de boa-fé do servidor;ausência, por parte do servidor, de influência ou interferência para a concessão da vantagem impugnada;existência de dúvida plausível sobre a interpretação, validade ou incidência da norma infringida, no momento da edição doato que autorizou o pagamento da vantagem impugnada; einterpretação razoável, embora errônea, da lei pela Administração.

Em síntese, não basta a boa-fé subjetiva, sendo imprescindível a verificação da boa-fé objetiva: pagamentosmanifestamente ilegais descaracterizam a boa-fé objetiva e devem ser restituídos ao Erário. Orientação adotada pelo STJ(AgRg no REsp 1263.480) e pelo TRF da 2ª Região (AC 201050010021797, APELRE 200951010119967 e APELRE200951010256521).

No caso concreto, verifica-se que o pagamento a maior decorreu de simples erro da Administração (conforme documentojuntado às fls. 47 e 64/65 dos autos), hipótese que, por estar desacompanhada dos requisitos elencados na fundamentaçãoacima, não exime a parte autora da obrigação de devolver as importâncias que lhe foram pagas indevidamente.

Recurso conhecido e provido para julgar improcedente o pedido da parte autora. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I,da Lei nº 9.289/1996. Honorários indevidos, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça, observada a ressalvado art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO E A ELE DARPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

60 - 0007370-34.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007370-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIVERSIDADE FEDERALDO ESPIRITO SANTO - UFES (PROCDOR: OSWALDO HORTA AGUIRRE FILHO.) x MARIA JOSE CASTRO DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES006523 - ELISABETE MARIA RAVANI GASPAR, ES017492 - FERNANDO STOCKLERSIMÕES, MG128451 - CAMILA BRAGA CORREA, ES013570 - MELINA PEREIRA RODRIGUES.).Processo nº: 0007370-34.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007370-8/01)Recorrente: UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - UFESRecorrido: MARIA JOSE CASTRO DE OLIVEIRAJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO – ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO – DESCONTOS EFETUADOS COMO FORMA DEREPOSIÇÃO DE VALORES INDEVIMENTE PAGOS EM RAZÃO DA EDIÇÃO DA MP 431/2008 (CONVERTIDA NA LEI11.784/2008 - VPNI) – IMPOSSIBILIDADE – CARÁTER ALIMENTAR DAS PARCELAS – VALORES RECEBIDOS DEBOA-FÉ - RECURSO DESPROVIDO .

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela UFES objetivando a reforma da sentença, que julgou parcialmenteprocedente o pedido para determinar que a recorrente abstenha-se de descontar os valores recebidos de boa-fé pela parteautora a título de VPNI, bem como condenando-a ao pagamento de valores já descontados sob aquela rubrica. Sustentaque os valores recebidos a maior devem ser devolvidos, tendo em vista que houve mera falha operacional daAdministração. Invoca os princípios da moralidade e legalidade, bem como as Súmulas 346 e 473, do STF. Contrarrazõesàs fls. 248/267.

2. A jurisprudência pátria já assentou a orientação de que verbas alimentares recebidas de boa-fé e decorrentes de erroexclusivo da Administração não devem ser objeto de reposição. Nesse passo, a sentença recorrida encontra-se emconsonância com o posicionamento adotado pelos Tribunais do país e deve ser mantida por seus próprios fundamentos(Processo: AgRg no AgRg no Ag 1378496 RJ 2010/0204500-6 Relator(a): Ministro OG FERNANDES Julgamento:22/10/2013 Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA – STJ Publicação: DJe 13/11/2013) (APELREEX 200883000082581,Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data: 11/12/2009 - Página: 123.) (AC

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199938000174586, JUIZ FEDERAL RODRIGO NAVARRO DE OLIVEIRA, TRF1 - 4ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1DATA: 05/02/2013, PÁGINA: 503.) (AMS 199938020015951, JUÍZA FEDERAL ADVERCI RATES MENDES DE ABREU,TRF1 - 3ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA: 04/02/2013, PÁGINA: 155.)

3. É de se ressaltar que, no caso sob exame, não restou caracterizada má-fé ou fraude por parte do beneficiário, hipótesesque não podem ser objeto de presunções, mas, ao contrário, devem ser devidamente comprovadas por aquele que alega.In casu, é possível reconhecer a boa-fé daquele que recebeu valores reputados devidos e destinados, essencialmente, aoprovimento de suas necessidades básicas. Nota-se que, pela simples leitura do seu contracheque, seria muito difícil à parteautora identificar que estaria recebendo valores a maior, na medida em que, a considerar o montante do débito apuradopela Administração, a diferença encontrada mês a mês entre os valores realmente devidos e os valores pagos a maior éinexpressiva.

4. Sobre a matéria o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no seguinte sentido: “quando a AdministraçãoPública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa deque os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé doservidor público" (STJ, REsp 1.244.182/PB, Relator Ministro Benedito Gonçalves, DJe 19.10.2012). Hipótese em que opagamento a maior ora debatido ocorreu em virtude de alteração legislativa que modificou a base de cálculo docomplemento do salário mínimo pago ao servidor, a qual passou a ser a remuneração do seu cargo efetivo. Entretanto,somente nos casos específicos descritos no ofício circular 2/2011, o pagamento da vantagem configurou-se como irregulare indevida. Neste passo, resta evidenciado que o erro no pagamento da vantagem em questão (VPNI) não pode serimputado ao servidor, mas exclusivamente à administração pública que não aplicou adequadamente a legislação a todos osadministrados.

5. No mais, sobre o tema vale ressaltar a Súmula 249, do Tribunal de Contas da União, no seguinte sentido: “É dispensadaa reposição de importâncias indevidamente percebidas de boa-fé, por servidores ativos e inativos e pensionistas, em virtudede erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida emfunção de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar dasparcelas salariais.” e, ainda, a Súmula n o. 34, da AGU, publicada no DOU de 19.09.2008, que diz: “Não estão sujeitos àrepetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação dalei por parte da Administração Pública”.

6. Tal entendimento deve ser aplicado não apenas nas hipóteses de interpretação errônea da legislação que regula aremuneração do servidor, mas igualmente na hipótese de erro de fato, como é o caso de erro de cálculo, haja vista que apremissa, erro da Administração, é a mesma.

7. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Condenação do recorrente vencido aopagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, daLei 9.099/1995.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

61 - 0007867-48.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007867-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MANOEL AMANCIO DE BARROS (ADVOGADO: ES010751 - MARCELOMATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.).Processo nº: 0007867-48.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007867-6/01)Recorrente: UNIAORecorrido: MANOEL AMANCIO DE BARROSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DESCONTOS EFETUADOS COMO FORMA DEREPOSIÇÃO DE VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS A TÍTULO DE GDPST. IMPOSSIBILIDADE. CARÁTERALIMENTAR DAS PARCELAS. VALORES RECEBIDOS DE BOA-FÉ. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇACONFIRMADA.

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1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela UNIÃO em face da sentença, que julgou procedente o pedido, paradeterminar que a recorrente abstenha-se de descontar do recorrido os valores pagos a maior a título de Gratificação deDesempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho – GDPST, condenando-a a devolver todos os valoresdescontados a esse título.

2. A União alega, preliminarmente, a incompetência absoluta dos juizados especiais federais, a teor do art. 3º, § 1º, III, daLei nº 10.259/2001, tendo em vista que a procedência do pedido importa na necessária anulação do ato administrativoconsubstanciado na recomendação da Controladoria-Geral da União, referente a correção da irregularidade e a devoluçãodos valores recebidos a maior. No mérito, sustenta que os descontos fundamentaram-se em mero erro material. Aduz queos valores pagos indevidamente devem ser restituídos, conforme Parecer GQ nº 161/1998, da AGU. Invoca o princípio davedação ao enriquecimento sem causa, bem como as súmulas 346 e 473 do STF. Alega que a Lei nº 8.112/90, em seu art.46, determina que a Administração efetue desconto nos vencimentos de seus servidores para efeito de reposição ouindenização ao erário, estando rigorosamente cumpridas as condições ali estabelecidas para a efetivação do desconto.Requer seja reconhecida a incompetência absoluta do JEF, extinguindo-se o feito sem resolução do mérito; no mérito,pleiteia pela reforma da sentença, julgando-se improcedente o pedido; e na hipótese de manutenção da sentença requerseja exonerada da repetição de eventuais valores já descontados. Contrarrazões às fls. 130/139.

3. Afasto a preliminar de incompetência do Juizado Especial Federal. O que se busca na presente demanda não é aanulação de qualquer ato administrativo. Anular (ou cancelar) é provimento que retira o ato do mundo jurídico semsubstituir-lhe, e ocorre por falha insanável em um de seus elementos constitutivos. Assim, não se inclui na competênciados Juizados Federais a possibilidade de anulação ou cancelamento de um ato administrativo específico em relação adeterminado servidor ou cidadão, como o auto de infração que impõe multa. Este, porém, não é o caso dos autos, visto quea parte autora pretende é que não seja atribuída eficácia retroativa ao ato de revisão praticado pela Administração.

4. A jurisprudência pátria já assentou a orientação de que verbas alimentares recebidas de boa-fé e decorrentes de erroexclusivo da Administração não devem ser objeto de reposição. Nesse passo, a sentença recorrida encontra-se emconsonância com o posicionamento adotado pelos Tribunais do país e deve ser mantida por seus próprios fundamentos(Processo: AgRg no AgRg no Ag 1378496 RJ 2010/0204500-6 Relator(a): Ministro OG FERNANDES Julgamento:22/10/2013 Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA – STJ Publicação: DJe 13/11/2013) (APELREEX 200883000082581,Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data: 11/12/2009 - Página: 123.) (AC199938000174586, JUIZ FEDERAL RODRIGO NAVARRO DE OLIVEIRA, TRF1 - 4ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1DATA: 05/02/2013, PÁGINA: 503.) (AMS 199938020015951, JUÍZA FEDERAL ADVERCI RATES MENDES DE ABREU,TRF1 - 3ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA: 04/02/2013, PÁGINA: 155.)

5. É de se ressaltar que, no caso sob exame, não restou caracterizada má-fé ou fraude por parte do beneficiário, hipótesesque não podem ser objeto de presunções, mas, ao contrário, devem ser devidamente comprovadas por aquele que alega.In casu, é possível reconhecer a boa-fé daquele que recebeu valores reputados devidos e destinados, essencialmente, aoprovimento de suas necessidades básicas. Nota-se que, pela simples leitura do seu contracheque, seria muito difícil à parterecorrida identificar que estaria recebendo valores a maior, na medida em que, a considerar o montante do débito apuradopela Administração, a diferença encontrada mês a mês entre os valores realmente devidos e os valores pagos a maior éinexpressiva.

6. Sobre a matéria o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no seguinte sentido: “quando a AdministraçãoPública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa deque os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé doservidor público" (STJ, REsp 1.244.182/PB, Relator Ministro Benedito Gonçalves, DJe 19.10.2012). Hipótese em que aprópria administração incorreu em erro na aplicação da norma legal.

7. No mais, sobre o tema vale ressaltar a Súmula 249, do Tribunal de Contas da União, no seguinte sentido: “É dispensadaa reposição de importâncias indevidamente percebidas de boa-fé, por servidores ativos, inativos e pensionistas, em virtudede erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida emfunção de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar dasparcelas salariais.” E, ainda, a Súmula nº. 34, da AGU, publicada no DOU de 19.09.2008, que diz: “Não estão sujeitos àrepetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação dalei por parte da Administração Pública”.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Honorários advocatícios devidos pelarecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, segunda parte, da Lei nº9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Page 69: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Juiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

62 - 0000955-20.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000955-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PERYLLA CASTRO MARTINS VEIGA.) x SONIA MARIA VILAÇA DE ANDRADE (ADVOGADO: ES010751 -MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.).Processo nº: 0000955-20.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000955-8/01)Recorrente: UNIAORecorrido: SONIA MARIA VILAÇA DE ANDRADEJuízo de Origem: 1ª VF SerraRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DESCONTOS EFETUADOS COMO FORMA DEREPOSIÇÃO DE VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS A TÍTULO DE GDASST, GESST E VPI. IMPOSSIBILIDADE.CARÁTER ALIMENTAR DAS PARCELAS. VALORES RECEBIDOS DE BOA-FÉ. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇACONFIRMADA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela UNIÃO em face da sentença, que julgou procedente o pedido, paradeterminar que a recorrente abstenha-se de descontar da recorrida os valores pagos a maior a título de Gratificação deDesempenho de Atividade da Seguridade Social e do Trabalho – GDASST, de Gratificação Específica da Seguridade Sociale do Trbalho – GESST e de Vantagem Pecuniária Individual – VPI.

2. A União alega, preliminarmente, a incompetência absoluta dos juizados especiais federais, a teor do art. 3º, § 1º, III, daLei nº 10.259/2001, tendo em vista que a procedência do pedido importa na necessária anulação do ato administrativoconsubstanciado na recomendação da Controladoria-Geral da União (Solicitação de Auditoria 221837-03/2009), referente acorreção da irregularidade e a devolução dos valores recebidos a maior. No mérito, sustenta que os descontosfundamentaram-se no fato de que a parte autora, aposentada com proventos proporcionais, não poderia, de acordo comorientação firmada pelo Tribunal de Contas da União (Acórdão 3465/2006), continuar recebendo a GDASST, GESST e VPIde forma integral, pelo que conclui verificar-se mera falha operacional da Administração. Aduz que os valores pagosindevidamente devem ser restituídos, conforme Parecer GQ nº 161/1998, da AGU. Invoca o princípio da vedação aoenriquecimento sem causa, bem como as súmulas 346 e 473 do STF. Alega que a Lei nº 8.112/90, em seu art. 46,determina que a Administração efetue desconto nos vencimentos de seus servidores para efeito de reposição ouindenização ao erário, estando rigorosamente cumpridas as condições ali estabelecidas para a efetivação do desconto.Requer seja reconhecida a incompetência absoluta do JEF, extinguindo-se o feito sem resolução do mérito; no mérito,pleiteia pela reforma da sentença, julgando-se improcedente o pedido. Contrarrazões às fls. 101/102.

3. Afasto a preliminar de incompetência do Juizado Especial Federal. O que se busca na presente demanda não é aanulação de qualquer ato administrativo. Anular (ou cancelar) é provimento que retira o ato do mundo jurídico semsubstituir-lhe, e ocorre por falha insanável em um de seus elementos constitutivos. Assim, não se inclui na competênciados Juizados Federais a possibilidade de anulação ou cancelamento de um ato administrativo específico em relação adeterminado servidor ou cidadão, como o auto de infração que impõe multa. Este, porém, não é o caso dos autos, visto quea parte autora pretende é que não seja atribuída eficácia retroativa ao ato de revisão praticado pela Administração.

4. A jurisprudência pátria já assentou a orientação de que verbas alimentares recebidas de boa-fé e decorrentes de erroexclusivo da Administração não devem ser objeto de reposição. Nesse passo, a sentença recorrida encontra-se emconsonância com o posicionamento adotado pelos Tribunais do país e deve ser mantida por seus próprios fundamentos(Processo: AgRg no AgRg no Ag 1378496 RJ 2010/0204500-6 Relator(a): Ministro OG FERNANDES Julgamento:22/10/2013 Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA – STJ Publicação: DJe 13/11/2013) (APELREEX 200883000082581,Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data: 11/12/2009 - Página: 123.) (AC199938000174586, JUIZ FEDERAL RODRIGO NAVARRO DE OLIVEIRA, TRF1 - 4ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1DATA: 05/02/2013, PÁGINA: 503.) (AMS 199938020015951, JUÍZA FEDERAL ADVERCI RATES MENDES DE ABREU,TRF1 - 3ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA: 04/02/2013, PÁGINA: 155.)

5. É de se ressaltar que, no caso sob exame, não restou caracterizada má-fé ou fraude por parte do beneficiário, hipótesesque não podem ser objeto de presunções, mas, ao contrário, devem ser devidamente comprovadas por aquele que alega.In casu, é possível reconhecer a boa-fé daquele que recebeu valores reputados devidos e destinados, essencialmente, aoprovimento de suas necessidades básicas. Nota-se que, pela simples leitura do seu contracheque, seria muito difícil à parterecorrida identificar que estaria recebendo valores a maior, na medida em que, a considerar o montante do débito apuradopela Administração, a diferença encontrada mês a mês entre os valores realmente devidos e os valores pagos a maior éinexpressiva.

6. Sobre a matéria o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no seguinte sentido: “quando a AdministraçãoPública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa deque os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé doservidor público" (STJ, REsp 1.244.182/PB, Relator Ministro Benedito Gonçalves, DJe 19.10.2012). Hipótese em que aprópria administração incorreu em erro na aplicação da norma legal.

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7. No mais, sobre o tema vale ressaltar a Súmula 249, do Tribunal de Contas da União, no seguinte sentido: “É dispensadaa reposição de importâncias indevidamente percebidas de boa-fé, por servidores ativos, inativos e pensionistas, em virtudede erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida emfunção de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar dasparcelas salariais.” E, ainda, a Súmula nº. 34, da AGU, publicada no DOU de 19.09.2008, que diz: “Não estão sujeitos àrepetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação dalei por parte da Administração Pública”.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Honorários advocatícios devidos pelarecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, segunda parte, da Lei nº9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

63 - 0004337-36.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004337-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: DARIO PEREIRA DE CARVALHO.) x ISIS BUENO DE CAMARGO (ADVOGADO: ES011893 - LEONARDOPIZZOL VINHA, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES.).Processo nº: 0004337-36.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004337-6/01)Recorrente: UNIAORecorrido: ISIS BUENO DE CAMARGOJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DESCONTOS EFETUADOS COMO FORMA DEREPOSIÇÃO DE VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS A TÍTULO DE GDASST, GESST E VPI. IMPOSSIBILIDADE.CARÁTER ALIMENTAR DAS PARCELAS. VALORES RECEBIDOS DE BOA-FÉ. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇACONFIRMADA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela UNIÃO em face da sentença, que julgou procedente o pedido, paradeterminar que a recorrente abstenha-se de descontar da recorrida os valores pagos a maior a título de Gratificação deDesempenho de Atividade da Seguridade Social e do Trabalho – GDASST, de Gratificação Específica da Seguridade Sociale do Trbalho – GESST e de Vantagem Pecuniária Individual – VPI, condenando-a a devolver todos os valores descontadossob aquela rubrica.

2. A União alega, preliminarmente, a incompetência absoluta dos juizados especiais federais, a teor do art. 3º, § 1º, III, daLei nº 10.259/2001, tendo em vista que a procedência do pedido importa na necessária anulação do ato administrativoconsubstanciado na recomendação da Controladoria-Geral da União (Solicitação de Auditoria 221837-03/2009), referente acorreção da irregularidade e a devolução dos valores recebidos a maior. No mérito, sustenta que os descontosfundamentaram-se no fato de que a parte autora, aposentada com proventos proporcionais, não poderia, de acordo comorientação firmada pelo Tribunal de Contas da União continuar recebendo a GDASST, GESST e VPI de forma integral, peloque conclui verificar-se mera falha operacional da Administração. Aduz que os valores pagos indevidamente devem serrestituídos, conforme Parecer GQ nº 161/1998, da AGU. Invoca o princípio da vedação ao enriquecimento sem causa, bemcomo as súmulas 346 e 473 do STF. Alega que a Lei nº 8.112/90, em seu art. 46, determina que a Administração efetuedesconto nos vencimentos de seus servidores para efeito de reposição ou indenização ao erário, estando rigorosamentecumpridas as condições ali estabelecidas para a efetivação do desconto. Requer seja reconhecida a incompetênciaabsoluta do JEF, extinguindo-se o feito sem resolução do mérito; no mérito, pleiteia pela reforma da sentença, julgando-seimprocedente o pedido. Contrarrazões às fls. 134/143.

3. Afasto a preliminar de incompetência do Juizado Especial Federal. O que se busca na presente demanda não é aanulação de qualquer ato administrativo. Anular (ou cancelar) é provimento que retira o ato do mundo jurídico semsubstituir-lhe, e ocorre por falha insanável em um de seus elementos constitutivos. Assim, não se inclui na competênciados Juizados Federais a possibilidade de anulação ou cancelamento de um ato administrativo específico em relação adeterminado servidor ou cidadão, como o auto de infração que impõe multa. Este, porém, não é o caso dos autos, visto quea parte autora pretende é que não seja atribuída eficácia retroativa ao ato de revisão praticado pela Administração.

Page 71: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

4. A jurisprudência pátria já assentou a orientação de que verbas alimentares recebidas de boa-fé e decorrentes de erroexclusivo da Administração não devem ser objeto de reposição. Nesse passo, a sentença recorrida encontra-se emconsonância com o posicionamento adotado pelos Tribunais do país e deve ser mantida por seus próprios fundamentos(Processo: AgRg no AgRg no Ag 1378496 RJ 2010/0204500-6 Relator(a): Ministro OG FERNANDES Julgamento:22/10/2013 Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA – STJ Publicação: DJe 13/11/2013) (APELREEX 200883000082581,Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data: 11/12/2009 - Página: 123.) (AC199938000174586, JUIZ FEDERAL RODRIGO NAVARRO DE OLIVEIRA, TRF1 - 4ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1DATA: 05/02/2013, PÁGINA: 503.) (AMS 199938020015951, JUÍZA FEDERAL ADVERCI RATES MENDES DE ABREU,TRF1 - 3ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA: 04/02/2013, PÁGINA: 155.)

5. É de se ressaltar que, no caso sob exame, não restou caracterizada má-fé ou fraude por parte do beneficiário, hipótesesque não podem ser objeto de presunções, mas, ao contrário, devem ser devidamente comprovadas por aquele que alega.In casu, é possível reconhecer a boa-fé daquele que recebeu valores reputados devidos e destinados, essencialmente, aoprovimento de suas necessidades básicas. Nota-se que, pela simples leitura do seu contracheque, seria muito difícil à parterecorrida identificar que estaria recebendo valores a maior, na medida em que, a considerar o montante do débito apuradopela Administração, a diferença encontrada mês a mês entre os valores realmente devidos e os valores pagos a maior éinexpressiva.

6. Sobre a matéria o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no seguinte sentido: “quando a AdministraçãoPública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa deque os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé doservidor público" (STJ, REsp 1.244.182/PB, Relator Ministro Benedito Gonçalves, DJe 19.10.2012). Hipótese em que aprópria administração incorreu em erro na aplicação da norma legal.

7. No mais, sobre o tema vale ressaltar a Súmula 249, do Tribunal de Contas da União, no seguinte sentido: “É dispensadaa reposição de importâncias indevidamente percebidas de boa-fé, por servidores ativos, inativos e pensionistas, em virtudede erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida emfunção de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar dasparcelas salariais.” E, ainda, a Súmula nº. 34, da AGU, publicada no DOU de 19.09.2008, que diz: “Não estão sujeitos àrepetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação dalei por parte da Administração Pública”.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Honorários advocatícios devidos pelarecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, segunda parte, da Lei nº9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

64 - 0006757-14.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006757-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RENATA BUFFA SOUZA PINTO.) x NUNCIA TAVARES DE FELICE (ADVOGADO: ES011893 - LEONARDOPIZZOL VINHA, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES.).Processo nº: 0006757-14.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006757-5/01)Recorrente: UNIAORecorrido: NUNCIA TAVARES DE FELICEJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DESCONTOS EFETUADOS COMO FORMA DEREPOSIÇÃO DE VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS A TÍTULO DE GDASST, GESST E VPI. IMPOSSIBILIDADE.CARÁTER ALIMENTAR DAS PARCELAS. VALORES RECEBIDOS DE BOA-FÉ. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇACONFIRMADA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela UNIÃO em face da sentença, que julgou procedente o pedido, paradeterminar que a recorrente abstenha-se de descontar da recorrida os valores pagos a maior a título de Gratificação de

Page 72: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Desempenho de Atividade da Seguridade Social e do Trabalho – GDASST, de Gratificação Específica da Seguridade Sociale do Trbalho – GESST e de Vantagem Pecuniária Individual – VPI, condenando-a a devolver todos os valores descontadossob aquela rubrica.

2. A União alega, preliminarmente, a incompetência absoluta dos juizados especiais federais, a teor do art. 3º, § 1º, III, daLei nº 10.259/2001, tendo em vista que a procedência do pedido importa na necessária anulação do ato administrativoconsubstanciado na recomendação da Controladoria-Geral da União (Solicitação de Auditoria 221837-03/2009), referente acorreção da irregularidade e a devolução dos valores recebidos a maior. No mérito, sustenta que os descontosfundamentaram-se no fato de que a parte autora, aposentada com proventos proporcionais, não poderia, de acordo comorientação firmada pelo Tribunal de Contas da União (Acórdão 3465/2006), continuar recebendo a GDASST, GESST e VPIde forma integral, pelo que conclui verificar-se mera falha operacional da Administração. Aduz que os valores pagosindevidamente devem ser restituídos, conforme Parecer GQ nº 161/1998, da AGU. Invoca o princípio da vedação aoenriquecimento sem causa, bem como a súmula 473 do STF. Alega que a Lei nº 8.112/90, em seu art. 46, determina que aAdministração efetue desconto nos vencimentos de seus servidores para efeito de reposição ou indenização ao erário,estando rigorosamente cumpridas as condições ali estabelecidas para a efetivação do desconto. Requer seja reconhecida aincompetência absoluta do JEF, extinguindo-se o feito sem resolução do mérito; no mérito, pleiteia pela reforma dasentença, julgando-se improcedente o pedido, notadamente pelo fato de que o pagamento a maior decorreu de mero errodo sistema. Contrarrazões às fls. 81/89.

3. Afasto a preliminar de incompetência do Juizado Especial Federal. O que se busca na presente demanda não é aanulação de qualquer ato administrativo. Anular (ou cancelar) é provimento que retira o ato do mundo jurídico semsubstituir-lhe, e ocorre por falha insanável em um de seus elementos constitutivos. Assim, não se inclui na competênciados Juizados Federais a possibilidade de anulação ou cancelamento de um ato administrativo específico em relação adeterminado servidor ou cidadão, como o auto de infração que impõe multa. Este, porém, não é o caso dos autos, visto quea parte autora pretende é que não seja atribuída eficácia retroativa ao ato de revisão praticado pela Administração.

4. A jurisprudência pátria já assentou a orientação de que verbas alimentares recebidas de boa-fé e decorrentes de erroexclusivo da Administração não devem ser objeto de reposição. Nesse passo, a sentença recorrida encontra-se emconsonância com o posicionamento adotado pelos Tribunais do país e deve ser mantida por seus próprios fundamentos(Processo: AgRg no AgRg no Ag 1378496 RJ 2010/0204500-6 Relator(a): Ministro OG FERNANDES Julgamento:22/10/2013 Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA – STJ Publicação: DJe 13/11/2013) (APELREEX 200883000082581,Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data: 11/12/2009 - Página: 123.) (AC199938000174586, JUIZ FEDERAL RODRIGO NAVARRO DE OLIVEIRA, TRF1 - 4ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1DATA: 05/02/2013, PÁGINA: 503.) (AMS 199938020015951, JUÍZA FEDERAL ADVERCI RATES MENDES DE ABREU,TRF1 - 3ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA: 04/02/2013, PÁGINA: 155.)

5. É de se ressaltar que, no caso sob exame, não restou caracterizada má-fé ou fraude por parte do beneficiário, hipótesesque não podem ser objeto de presunções, mas, ao contrário, devem ser devidamente comprovadas por aquele que alega.In casu, é possível reconhecer a boa-fé daquele que recebeu valores reputados devidos e destinados, essencialmente, aoprovimento de suas necessidades básicas. Nota-se que, pela simples leitura do seu contracheque, seria muito difícil à parterecorrida identificar que estaria recebendo valores a maior, na medida em que, a considerar o montante do débito apuradopela Administração, a diferença encontrada mês a mês entre os valores realmente devidos e os valores pagos a maior éinexpressiva.

6. Sobre a matéria o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no seguinte sentido: “quando a AdministraçãoPública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa deque os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé doservidor público" (STJ, REsp 1.244.182/PB, Relator Ministro Benedito Gonçalves, DJe 19.10.2012). Hipótese em que aprópria administração incorreu em erro na aplicação da norma legal.

7. No mais, sobre o tema vale ressaltar a Súmula 249, do Tribunal de Contas da União, no seguinte sentido: “É dispensadaa reposição de importâncias indevidamente percebidas de boa-fé, por servidores ativos, inativos e pensionistas, em virtudede erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida emfunção de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar dasparcelas salariais.” E, ainda, a Súmula nº. 34, da AGU, publicada no DOU de 19.09.2008, que diz: “Não estão sujeitos àrepetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação dalei por parte da Administração Pública”.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Honorários advocatícios devidos pelarecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, segunda parte, da Lei nº9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Page 73: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

65 - 0007063-51.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007063-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x LEA FERREIRA DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ES011893 -LEONARDO PIZZOL VINHA.).Processo nº: 0007063-51.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007063-4/01)Recorrente: UNIAORecorrido: LEA FERREIRA DE OLIVEIRAJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DESCONTOS EFETUADOS COMO FORMA DEREPOSIÇÃO DE VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS A TÍTULO DE GDASST, GESST E VPI. IMPOSSIBILIDADE.CARÁTER ALIMENTAR DAS PARCELAS. VALORES RECEBIDOS DE BOA-FÉ. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇACONFIRMADA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela UNIÃO em face da sentença, que julgou procedente o pedido, paradeterminar que a recorrente abstenha-se de descontar da recorrida os valores pagos a maior a título de Gratificação deDesempenho de Atividade da Seguridade Social e do Trabalho – GDASST, de Gratificação Específica da Seguridade Sociale do Trbalho – GESST e de Vantagem Pecuniária Individual – VPI, condenando-a a devolver todos os valores descontadossob aquela rubrica.

2. A União alega, preliminarmente, a incompetência absoluta dos juizados especiais federais, a teor do art. 3º, § 1º, III, daLei nº 10.259/2001, tendo em vista que a procedência do pedido importa na necessária anulação do ato administrativoconsubstanciado na recomendação da Controladoria-Geral da União (Solicitação de Auditoria 221837-03/2009), referente acorreção da irregularidade e a devolução dos valores recebidos a maior. No mérito, sustenta que os descontosfundamentaram-se no fato de que a parte autora, aposentada com proventos proporcionais, não poderia, de acordo comorientação firmada pelo Tribunal de Contas da União (Acórdão 3465/2006), continuar recebendo a GDASST, GESST e VPIde forma integral, pelo que conclui verificar-se mera falha operacional da Administração. Aduz que os valores pagosindevidamente devem ser restituídos, conforme Parecer GQ nº 161/1998, da AGU. Invoca o princípio da vedação aoenriquecimento sem causa, bem como a súmula 473 do STF. Alega que a Lei nº 8.112/90, em seu art. 46, determina que aAdministração efetue desconto nos vencimentos de seus servidores para efeito de reposição ou indenização ao erário,estando rigorosamente cumpridas as condições ali estabelecidas para a efetivação do desconto. Requer seja reconhecida aincompetência absoluta do JEF, extinguindo-se o feito sem resolução do mérito; no mérito, pleiteia pela reforma dasentença, julgando-se improcedente o pedido; e na hipótese de manutenção da sentença requer seja exonerada dedevolver valores à parte recorrida sabidamente indevidos. Contrarrazões às fls. 100/109.

3. Afasto a preliminar de incompetência do Juizado Especial Federal. O que se busca na presente demanda não é aanulação de qualquer ato administrativo. Anular (ou cancelar) é provimento que retira o ato do mundo jurídico semsubstituir-lhe, e ocorre por falha insanável em um de seus elementos constitutivos. Assim, não se inclui na competênciados Juizados Federais a possibilidade de anulação ou cancelamento de um ato administrativo específico em relação adeterminado servidor ou cidadão, como o auto de infração que impõe multa. Este, porém, não é o caso dos autos, visto quea parte autora pretende é que não seja atribuída eficácia retroativa ao ato de revisão praticado pela Administração.

4. A jurisprudência pátria já assentou a orientação de que verbas alimentares recebidas de boa-fé e decorrentes de erroexclusivo da Administração não devem ser objeto de reposição. Nesse passo, a sentença recorrida encontra-se emconsonância com o posicionamento adotado pelos Tribunais do país e deve ser mantida por seus próprios fundamentos(Processo: AgRg no AgRg no Ag 1378496 RJ 2010/0204500-6 Relator(a): Ministro OG FERNANDES Julgamento:22/10/2013 Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA – STJ Publicação: DJe 13/11/2013) (APELREEX 200883000082581,Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data: 11/12/2009 - Página: 123.) (AC199938000174586, JUIZ FEDERAL RODRIGO NAVARRO DE OLIVEIRA, TRF1 - 4ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1DATA: 05/02/2013, PÁGINA: 503.) (AMS 199938020015951, JUÍZA FEDERAL ADVERCI RATES MENDES DE ABREU,TRF1 - 3ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA: 04/02/2013, PÁGINA: 155.)

5. É de se ressaltar que, no caso sob exame, não restou caracterizada má-fé ou fraude por parte do beneficiário, hipótesesque não podem ser objeto de presunções, mas, ao contrário, devem ser devidamente comprovadas por aquele que alega.In casu, é possível reconhecer a boa-fé daquele que recebeu valores reputados devidos e destinados, essencialmente, aoprovimento de suas necessidades básicas. Nota-se que, pela simples leitura do seu contracheque, seria muito difícil à parterecorrida identificar que estaria recebendo valores a maior, na medida em que, a considerar o montante do débito apuradopela Administração, a diferença encontrada mês a mês entre os valores realmente devidos e os valores pagos a maior éinexpressiva.

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6. Sobre a matéria o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no seguinte sentido: “quando a AdministraçãoPública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa deque os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé doservidor público" (STJ, REsp 1.244.182/PB, Relator Ministro Benedito Gonçalves, DJe 19.10.2012). Hipótese em que aprópria administração incorreu em erro na aplicação da norma legal.

7. No mais, sobre o tema vale ressaltar a Súmula 249, do Tribunal de Contas da União, no seguinte sentido: “É dispensadaa reposição de importâncias indevidamente percebidas de boa-fé, por servidores ativos, inativos e pensionistas, em virtudede erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida emfunção de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar dasparcelas salariais.” E, ainda, a Súmula nº. 34, da AGU, publicada no DOU de 19.09.2008, que diz: “Não estão sujeitos àrepetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação dalei por parte da Administração Pública”.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Honorários advocatícios devidos pelarecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, segunda parte, da Lei nº9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

66 - 0001431-39.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001431-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EUDICEIA DOS PASSOSPEREIRA (ADVOGADO: ES016306 - EVERTON ALVES DO ESPIRITO SANTO, ES012846 - IVAN LINS STEIN.) xCEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES010550 - ISAAC PANDOLFI.).Processo nº: 0001431-39.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001431-9/01)Recorrente: EUDICEIA DOS PASSOS PEREIRARecorrido: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA. TEMPO DE ESPERA POR ATENDIMENTO SUPERIOR AOFIXADO EM LEI. MERO ABORRECIMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou improcedente o pedido de indenizaçãopor danos morais sofridos em decorrência da demora na prestação do serviço. Alega que aguardou atendimento bancáriopor mais de duas horas. Aduz que a espera por tempo superior ao fixado em lei denota inequívoco defeito na prestação deserviço. Aponta que a demora na fila do banco gera situação abusiva, que impinge ao consumidor sensação de descaso.Assevera que a jurisprudência pátria consolidou o entendimento segundo o qual a espera excessiva em filas de bancoconfigura danos morais. Contrarrazões às fls. 45/56.

2. Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).3. O STF, no ARE 687.876, manifestou-se pela inexistência de repercussão geral da matéria atinente aos pedidos deindenização por danos morais e materiais decorrentes de espera excessiva em fila de instituição financeira, tendo em vistao seu caráter infraconstitucional.

4. “A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não ésuficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelousuário.” (STJ, REsp 1.340.394).

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5. Em regra, a demora na fila do banco por prazo superior àquele estipulado em lei local, apesar do incômodo causado aocliente, configura mero aborrecimento não indenizável, tal como a espera na fila do supermercado ou em uma agência deatendimento da Previdência Social. Os bancos não têm controle sobre o fluxo extraordinário de clientes em determinadosmomentos (dia de pagamento de servidores públicos ou de aposentados/pensionistas, dia de vencimento de tributos, etc).Além disso, têm investido menos em contratação de bancários e mais em expansão de serviços online e caixas eletrônicos(a fim de aumentar o horário de atendimento e de diminuir a necessidade de presença física dos clientes nas agências).Não se exclui, contudo, a possibilidade de que o conjunto de fatos ocorridos em determinada ocasião caracterizeconstrangimento e resulte em direito a compensação por dano moral: “A espera por atendimento em fila de banco quandoexcessiva ou associada a outros constrangimentos, e reconhecida faticamente como provocadora de sofrimento moral,enseja condenação por dano moral.” (STJ, REsp 1.218.497).

6. Preciso o voto do Relator do REsp 1.218.497, Ministro Sidnei Beneti:

“Em muitos casos, sem dúvida, há abuso na judicialização de situações de transtornos comuns do dia a dia, visando àindenização por dano moral (...) Nesse sentido, julgados desta Corte têm assinalado que os aborrecimentos comuns dodia a dia, os contratempos normais e próprios do convívio social não são suficientes a causar danos morais indenizáveis.(...)Mas, o direito à indenização por dano moral, como ofensa a direito de personalidade em casos como o presente podedecorrer de situações fáticas em que se evidencie que o mau atendimento do banco criou sofrimento moral ao consumidorusuário dos serviços bancários.A só espera por atendimento bancário por tempo superior ao previsto na legislação municipal ou estadual (...) não dá direitoa acionar em Juízo para a obtenção de indenização por dano moral, porque essa espécie de legislação, conquantodeclarada constitucional (STJ-RESP 598.183, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª Seção, unânime, 8.11.2006, comremessa a vários precedentes, tanto do STJ como do STF), é de natureza administrativa, isto é, dirige-se àresponsabilidade do estabelecimento bancário perante a Administração Pública, que, diante da reclamação do usuário dosserviços ou ex-officio, deve aplicar-lhe as sanções administrativas pertinentes – não surgindo, do só fato da normaçãodessa ordem, direito do usuário à indenização.O direito à indenização por dano moral origina-se de situações fáticas em que realmente haja a criação, peloestabelecimento bancário, de sofrimento além do normal ao consumidor dos serviços bancários, circunstância que éapurável faticamente, à luz das alegações do autor e da contrariedade oferecida pelo acionado.Nesse contexto, é possível afirmar, com segurança, que a espera por atendimento durante tempo desarrazoado constituium dos elementos a serem considerados para aferição do constrangimento moral, mas não o único. Não será o merodesrespeito ao prazo objetivamente estabelecido pela norma municipal que autorizará uma conclusão afirmativa a respeitoda existência de dano moral indenizável. Também há de se levar em conta outros elementos fáticos.”

7. Imprescindível que a situação fática causadora do dano esteja detalhadamente descrita na petição inicial e comprovadano curso do processo. No caso concreto, a causa de pedir se resumiu à alegação de que a parte autora esperou por maisde duas horas pelo atendimento no estabelecimento bancário.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça (fl. 42), na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

67 - 0000423-52.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000423-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SIDNEY RIBEIRO DA SILVA(ADVOGADO: ES010870 - RODRIGO DADALTO.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES012071 -FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA, ES003609 - AMANTINO PEREIRA PAIVA.).Processo nº: 0000423-52.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000423-3/01)Recorrente: SIDNEY RIBEIRO DA SILVARecorrido: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA. TEMPO DE ESPERA POR ATENDIMENTO SUPERIOR AO

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FIXADO EM LEI. MERO ABORRECIMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou improcedente o pedido de indenizaçãopor danos morais sofridos em decorrência da demora na prestação do serviço. Alega que aguardou atendimento bancáriopor mais de uma hora. Aduz que a espera por tempo superior ao fixado em lei denota inequívoco defeito na prestação deserviço. Aponta que o a demora de praticamente uma hora e meia para ser atendido, além de extrapolar em quase trêsvezes o limite fixado por lei, excede também o limite do tolerável ou do simples incômodo referido da sentença recorrida,acarretando ao recorrente enorme transtorno, irritação e stress. Contrarrazões às fls. 65/77.

2. Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).

3. O STF, no ARE 687.876, manifestou-se pela inexistência de repercussão geral da matéria atinente aos pedidos deindenização por danos morais e materiais decorrentes de espera excessiva em fila de instituição financeira, tendo em vistao seu caráter infraconstitucional.

4. “A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não ésuficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelousuário.” (STJ, REsp 1.340.394).

5. Em regra, a demora na fila do banco por prazo superior àquele estipulado em lei local, apesar do incômodo causado aocliente, configura mero aborrecimento não indenizável, tal como a espera na fila do supermercado ou em uma agência deatendimento da Previdência Social. Os bancos não têm controle sobre o fluxo extraordinário de clientes em determinadosmomentos (dia de pagamento de servidores públicos ou de aposentados/pensionistas, dia de vencimento de tributos, etc).Além disso, têm investido menos em contratação de bancários e mais em expansão de serviços online e caixas eletrônicos(a fim de aumentar o horário de atendimento e de diminuir a necessidade de presença física dos clientes nas agências).Não se exclui, contudo, a possibilidade de que o conjunto de fatos ocorridos em determinada ocasião caracterizeconstrangimento e resulte em direito a compensação por dano moral: “A espera por atendimento em fila de banco quandoexcessiva ou associada a outros constrangimentos, e reconhecida faticamente como provocadora de sofrimento moral,enseja condenação por dano moral.” (STJ, REsp 1.218.497).

6. Preciso o voto do Relator do REsp 1.218.497, Ministro Sidnei Beneti:

“Em muitos casos, sem dúvida, há abuso na judicialização de situações de transtornos comuns do dia a dia, visando àindenização por dano moral (...) Nesse sentido, julgados desta Corte têm assinalado que os aborrecimentos comuns dodia a dia, os contratempos normais e próprios do convívio social não são suficientes a causar danos morais indenizáveis.(...)Mas, o direito à indenização por dano moral, como ofensa a direito de personalidade em casos como o presente podedecorrer de situações fáticas em que se evidencie que o mau atendimento do banco criou sofrimento moral ao consumidorusuário dos serviços bancários.A só espera por atendimento bancário por tempo superior ao previsto na legislação municipal ou estadual (...) não dá direitoa acionar em Juízo para a obtenção de indenização por dano moral, porque essa espécie de legislação, conquantodeclarada constitucional (STJ-RESP 598.183, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª Seção, unânime, 8.11.2006, comremessa a vários precedentes, tanto do STJ como do STF), é de natureza administrativa, isto é, dirige-se àresponsabilidade do estabelecimento bancário perante a Administração Pública, que, diante da reclamação do usuário dosserviços ou ex-officio, deve aplicar-lhe as sanções administrativas pertinentes – não surgindo, do só fato da normaçãodessa ordem, direito do usuário à indenização.O direito à indenização por dano moral origina-se de situações fáticas em que realmente haja a criação, peloestabelecimento bancário, de sofrimento além do normal ao consumidor dos serviços bancários, circunstância que éapurável faticamente, à luz das alegações do autor e da contrariedade oferecida pelo acionado.Nesse contexto, é possível afirmar, com segurança, que a espera por atendimento durante tempo desarrazoado constituium dos elementos a serem considerados para aferição do constrangimento moral, mas não o único. Não será o merodesrespeito ao prazo objetivamente estabelecido pela norma municipal que autorizará uma conclusão afirmativa a respeitoda existência de dano moral indenizável. Também há de se levar em conta outros elementos fáticos.”

7. Imprescindível que a situação fática causadora do dano esteja detalhadamente descrita na petição inicial e comprovadano curso do processo. No caso concreto, a causa de pedir se resumiu à alegação de que a parte autora esperou por maisde uma hora pelo atendimento no estabelecimento bancário.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça (fl. 21), na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

Page 77: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

68 - 0000243-31.2014.4.02.5053/01 (2014.50.53.000243-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FABIO RODRIGUES DESOUZA (ADVOGADO: ES020602 - MARCUS VINICIUS DUARTE.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO:ES012071 - FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA, ES003609 - AMANTINO PEREIRA PAIVA.).Processo nº: 0000243-31.2014.4.02.5053/01 (2014.50.53.000243-2/01)Recorrente: FABIO RODRIGUES DE SOUZARecorrido: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA. TEMPO DE ESPERA POR ATENDIMENTO SUPERIOR AOFIXADO EM LEI. MERO ABORRECIMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou improcedente o pedido de indenizaçãopor danos morais sofridos em decorrência da demora na prestação do serviço. Alega que aguardou atendimento bancáriopor mais de uma hora. Aduz que a espera por tempo superior ao fixado em lei denota inequívoco defeito na prestação deserviço. Aponta que o descaso da instituição financeira em atender à legislação de regência é suficiente para transcender aesfera do mero aborrecimento do dia a dia e ensejar a reparação por dano moral. Contrarrazões às fls. 60/71.

2. Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).3. O STF, no ARE 687.876, manifestou-se pela inexistência de repercussão geral da matéria atinente aos pedidos deindenização por danos morais e materiais decorrentes de espera excessiva em fila de instituição financeira, tendo em vistao seu caráter infraconstitucional.

4. “A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não ésuficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelousuário.” (STJ, REsp 1.340.394).

5. Em regra, a demora na fila do banco por prazo superior àquele estipulado em lei local, apesar do incômodo causado aocliente, configura mero aborrecimento não indenizável, tal como a espera na fila do supermercado ou em uma agência deatendimento da Previdência Social. Os bancos não têm controle sobre o fluxo extraordinário de clientes em determinadosmomentos (dia de pagamento de servidores públicos ou de aposentados/pensionistas, dia de vencimento de tributos, etc).Além disso, têm investido menos em contratação de bancários e mais em expansão de serviços online e caixas eletrônicos(a fim de aumentar o horário de atendimento e de diminuir a necessidade de presença física dos clientes nas agências).Não se exclui, contudo, a possibilidade de que o conjunto de fatos ocorridos em determinada ocasião caracterizeconstrangimento e resulte em direito a compensação por dano moral: “A espera por atendimento em fila de banco quandoexcessiva ou associada a outros constrangimentos, e reconhecida faticamente como provocadora de sofrimento moral,enseja condenação por dano moral.” (STJ, REsp 1.218.497).

6. Preciso o voto do Relator do REsp 1.218.497, Ministro Sidnei Beneti:

“Em muitos casos, sem dúvida, há abuso na judicialização de situações de transtornos comuns do dia a dia, visando àindenização por dano moral (...) Nesse sentido, julgados desta Corte têm assinalado que os aborrecimentos comuns dodia a dia, os contratempos normais e próprios do convívio social não são suficientes a causar danos morais indenizáveis.(...)Mas, o direito à indenização por dano moral, como ofensa a direito de personalidade em casos como o presente podedecorrer de situações fáticas em que se evidencie que o mau atendimento do banco criou sofrimento moral ao consumidorusuário dos serviços bancários.

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A só espera por atendimento bancário por tempo superior ao previsto na legislação municipal ou estadual (...) não dá direitoa acionar em Juízo para a obtenção de indenização por dano moral, porque essa espécie de legislação, conquantodeclarada constitucional (STJ-RESP 598.183, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª Seção, unânime, 8.11.2006, comremessa a vários precedentes, tanto do STJ como do STF), é de natureza administrativa, isto é, dirige-se àresponsabilidade do estabelecimento bancário perante a Administração Pública, que, diante da reclamação do usuário dosserviços ou ex-officio, deve aplicar-lhe as sanções administrativas pertinentes – não surgindo, do só fato da normaçãodessa ordem, direito do usuário à indenização.O direito à indenização por dano moral origina-se de situações fáticas em que realmente haja a criação, peloestabelecimento bancário, de sofrimento além do normal ao consumidor dos serviços bancários, circunstância que éapurável faticamente, à luz das alegações do autor e da contrariedade oferecida pelo acionado.Nesse contexto, é possível afirmar, com segurança, que a espera por atendimento durante tempo desarrazoado constituium dos elementos a serem considerados para aferição do constrangimento moral, mas não o único. Não será o merodesrespeito ao prazo objetivamente estabelecido pela norma municipal que autorizará uma conclusão afirmativa a respeitoda existência de dano moral indenizável. Também há de se levar em conta outros elementos fáticos.”

7. Imprescindível que a situação fática causadora do dano esteja detalhadamente descrita na petição inicial e comprovadano curso do processo. No caso concreto, a causa de pedir se resumiu à alegação de que a parte autora esperou por maisde uma hora pelo atendimento no estabelecimento bancário.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça (fl. 20), na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

69 - 0000381-32.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000381-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADILSON PINOTI FERREIRA(ADVOGADO: ES020602 - MARCUS VINICIUS DUARTE.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO:ES003609 - AMANTINO PEREIRA PAIVA, ES005898 - MARIO JORGE MARTINS PAIVA, ES012071 - FREDERICO J. F.MARTINS PAIVA.).Processo nº: 0000381-32.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000381-0/01)Recorrente: ADILSON PINOTI FERREIRARecorrido: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA. TEMPO DE ESPERA POR ATENDIMENTO SUPERIOR AOFIXADO EM LEI. MERO ABORRECIMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou improcedente o pedido de indenizaçãopor danos morais sofridos em decorrência da demora na prestação do serviço. Alega que aguardou atendimento bancáriopor mais de duas horas. Aduz que a espera por tempo superior ao fixado em lei denota inequívoco defeito na prestação deserviço. Aponta que o descaso da instituição financeira em atender à legislação de regência é suficiente para transcender aesfera do mero aborrecimento do dia a dia e ensejar a reparação por dano moral. Contrarrazões às fls. 76/88.

2. Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).3. O STF, no ARE 687.876, manifestou-se pela inexistência de repercussão geral da matéria atinente aos pedidos deindenização por danos morais e materiais decorrentes de espera excessiva em fila de instituição financeira, tendo em vistao seu caráter infraconstitucional.

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4. “A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não ésuficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelousuário.” (STJ, REsp 1.340.394).

5. Em regra, a demora na fila do banco por prazo superior àquele estipulado em lei local, apesar do incômodo causado aocliente, configura mero aborrecimento não indenizável, tal como a espera na fila do supermercado ou em uma agência deatendimento da Previdência Social. Os bancos não têm controle sobre o fluxo extraordinário de clientes em determinadosmomentos (dia de pagamento de servidores públicos ou de aposentados/pensionistas, dia de vencimento de tributos, etc).Além disso, têm investido menos em contratação de bancários e mais em expansão de serviços online e caixas eletrônicos(a fim de aumentar o horário de atendimento e de diminuir a necessidade de presença física dos clientes nas agências).Não se exclui, contudo, a possibilidade de que o conjunto de fatos ocorridos em determinada ocasião caracterizeconstrangimento e resulte em direito a compensação por dano moral: “A espera por atendimento em fila de banco quandoexcessiva ou associada a outros constrangimentos, e reconhecida faticamente como provocadora de sofrimento moral,enseja condenação por dano moral.” (STJ, REsp 1.218.497).

6. Preciso o voto do Relator do REsp 1.218.497, Ministro Sidnei Beneti:“Em muitos casos, sem dúvida, há abuso na judicialização de situações de transtornos comuns do dia a dia, visando àindenização por dano moral (...) Nesse sentido, julgados desta Corte têm assinalado que os aborrecimentos comuns dodia a dia, os contratempos normais e próprios do convívio social não são suficientes a causar danos morais indenizáveis.(...)Mas, o direito à indenização por dano moral, como ofensa a direito de personalidade em casos como o presente podedecorrer de situações fáticas em que se evidencie que o mau atendimento do banco criou sofrimento moral ao consumidorusuário dos serviços bancários.A só espera por atendimento bancário por tempo superior ao previsto na legislação municipal ou estadual (...) não dá direitoa acionar em Juízo para a obtenção de indenização por dano moral, porque essa espécie de legislação, conquantodeclarada constitucional (STJ-RESP 598.183, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª Seção, unânime, 8.11.2006, comremessa a vários precedentes, tanto do STJ como do STF), é de natureza administrativa, isto é, dirige-se àresponsabilidade do estabelecimento bancário perante a Administração Pública, que, diante da reclamação do usuário dosserviços ou ex-officio, deve aplicar-lhe as sanções administrativas pertinentes – não surgindo, do só fato da normaçãodessa ordem, direito do usuário à indenização.O direito à indenização por dano moral origina-se de situações fáticas em que realmente haja a criação, peloestabelecimento bancário, de sofrimento além do normal ao consumidor dos serviços bancários, circunstância que éapurável faticamente, à luz das alegações do autor e da contrariedade oferecida pelo acionado.Nesse contexto, é possível afirmar, com segurança, que a espera por atendimento durante tempo desarrazoado constituium dos elementos a serem considerados para aferição do constrangimento moral, mas não o único. Não será o merodesrespeito ao prazo objetivamente estabelecido pela norma municipal que autorizará uma conclusão afirmativa a respeitoda existência de dano moral indenizável. Também há de se levar em conta outros elementos fáticos.”

7. Imprescindível que a situação fática causadora do dano esteja detalhadamente descrita na petição inicial e comprovadano curso do processo. No caso concreto, a causa de pedir se resumiu à alegação de que a parte autora esperou por maisde duas horas pelo atendimento no estabelecimento bancário.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça (fl. 34), na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

70 - 0000315-27.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000315-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EMERSON DA LIMAMASCARELO (DEF.PUB: JOSÉ BENEDITO DA SILVA NETO.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO:ES010550 - ISAAC PANDOLFI, ES009173 - ITALO SCARAMUSSA LUZ.).Processo nº: 0000315-27.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000315-0/01)Recorrente: EMERSON DA LIMA MASCARELORecorrido: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL

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Juízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA. TEMPO DE ESPERA POR ATENDIMENTO SUPERIOR AOFIXADO EM LEI. MERO ABORRECIMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou improcedente o pedido de indenizaçãopor danos morais sofridos em decorrência da demora na prestação do serviço. Alega que aguardou atendimento bancáriopor mais de uma hora. Aduz que a espera por tempo superior ao fixado em lei denota inequívoco defeito na prestação deserviço. Assevera que a recorrida não se desincumbiu do ônus imposto pelo parágrafo único do art. 4º da Lei 8.078/1990,haja vista não ter provado a existência de condutas danosas ou culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Aponta que ajurisprudência pátria consolidou o entendimento segundo o qual a espera excessiva em filas de banco configura, por si só,danos morais. Contrarrazões às fls. 53/62.

2. Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).3. O STF, no ARE 687.876, manifestou-se pela inexistência de repercussão geral da matéria atinente aos pedidos deindenização por danos morais e materiais decorrentes de espera excessiva em fila de instituição financeira, tendo em vistao seu caráter infraconstitucional.

4. “A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não ésuficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelousuário.” (STJ, REsp 1.340.394).

5. Em regra, a demora na fila do banco por prazo superior àquele estipulado em lei local, apesar do incômodo causado aocliente, configura mero aborrecimento não indenizável, tal como a espera na fila do supermercado ou em uma agência deatendimento da Previdência Social. Os bancos não têm controle sobre o fluxo extraordinário de clientes em determinadosmomentos (dia de pagamento de servidores públicos ou de aposentados/pensionistas, dia de vencimento de tributos, etc).Além disso, têm investido menos em contratação de bancários e mais em expansão de serviços online e caixas eletrônicos(a fim de aumentar o horário de atendimento e de diminuir a necessidade de presença física dos clientes nas agências).Não se exclui, contudo, a possibilidade de que o conjunto de fatos ocorridos em determinada ocasião caracterizeconstrangimento e resulte em direito a compensação por dano moral: “A espera por atendimento em fila de banco quandoexcessiva ou associada a outros constrangimentos, e reconhecida faticamente como provocadora de sofrimento moral,enseja condenação por dano moral.” (STJ, REsp 1.218.497).

6. Preciso o voto do Relator do REsp 1.218.497, Ministro Sidnei Beneti:

“Em muitos casos, sem dúvida, há abuso na judicialização de situações de transtornos comuns do dia a dia, visando àindenização por dano moral (...) Nesse sentido, julgados desta Corte têm assinalado que os aborrecimentos comuns dodia a dia, os contratempos normais e próprios do convívio social não são suficientes a causar danos morais indenizáveis.(...)Mas, o direito à indenização por dano moral, como ofensa a direito de personalidade em casos como o presente podedecorrer de situações fáticas em que se evidencie que o mau atendimento do banco criou sofrimento moral ao consumidorusuário dos serviços bancários.A só espera por atendimento bancário por tempo superior ao previsto na legislação municipal ou estadual (...) não dá direitoa acionar em Juízo para a obtenção de indenização por dano moral, porque essa espécie de legislação, conquantodeclarada constitucional (STJ-RESP 598.183, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª Seção, unânime, 8.11.2006, comremessa a vários precedentes, tanto do STJ como do STF), é de natureza administrativa, isto é, dirige-se àresponsabilidade do estabelecimento bancário perante a Administração Pública, que, diante da reclamação do usuário dosserviços ou ex-officio, deve aplicar-lhe as sanções administrativas pertinentes – não surgindo, do só fato da normaçãodessa ordem, direito do usuário à indenização.O direito à indenização por dano moral origina-se de situações fáticas em que realmente haja a criação, peloestabelecimento bancário, de sofrimento além do normal ao consumidor dos serviços bancários, circunstância que éapurável faticamente, à luz das alegações do autor e da contrariedade oferecida pelo acionado.Nesse contexto, é possível afirmar, com segurança, que a espera por atendimento durante tempo desarrazoado constituium dos elementos a serem considerados para aferição do constrangimento moral, mas não o único. Não será o merodesrespeito ao prazo objetivamente estabelecido pela norma municipal que autorizará uma conclusão afirmativa a respeitoda existência de dano moral indenizável. Também há de se levar em conta outros elementos fáticos.”

Page 81: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

7. Imprescindível que a situação fática causadora do dano esteja detalhadamente descrita na petição inicial e comprovadano curso do processo. No caso concreto, a causa de pedir se resumiu à alegação de que a parte autora esperou por maisde uma hora pelo atendimento no estabelecimento bancário.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça (fl. 18), na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

71 - 0000562-42.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000562-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALEXANDRE FERREIRA DESOUZA (ADVOGADO: ES015034 - VERÔNICA CORREIA CANAL.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO:ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO, ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL.).Processo nº: 0000562-42.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000562-1/01)Recorrente: ALEXANDRE FERREIRA DE SOUZARecorrido: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA. TEMPO DE ESPERA POR ATENDIMENTO SUPERIOR AOFIXADO EM LEI. MERO ABORRECIMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou improcedente o pedido de indenizaçãopor danos morais sofridos em decorrência da demora na prestação do serviço. Alega que aguardou atendimento bancáriopor mais de uma hora. Aduz que a espera por tempo superior ao fixado em lei denota inequívoco defeito na prestação deserviço. Aponta que o descaso da instituição financeira em atender a legislação de regência é suficiente para transcender aesfera do mero aborrecimento do dia a dia e ensejar a reparação por dano moral. Contrarrazões às fls. 90/102.

2. Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).3. O STF, no ARE 687.876, manifestou-se pela inexistência de repercussão geral da matéria atinente aos pedidos deindenização por danos morais e materiais decorrentes de espera excessiva em fila de instituição financeira, tendo em vistao seu caráter infraconstitucional.

4. “A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não ésuficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelousuário.” (STJ, REsp 1.340.394).

5. Em regra, a demora na fila do banco por prazo superior àquele estipulado em lei local, apesar do incômodo causado aocliente, configura mero aborrecimento não indenizável, tal como a espera na fila do supermercado ou em uma agência deatendimento da Previdência Social. Os bancos não têm controle sobre o fluxo extraordinário de clientes em determinadosmomentos (dia de pagamento de servidores públicos ou de aposentados/pensionistas, dia de vencimento de tributos, etc).Além disso, têm investido menos em contratação de bancários e mais em expansão de serviços online e caixas eletrônicos(a fim de aumentar o horário de atendimento e de diminuir a necessidade de presença física dos clientes nas agências).Não se exclui, contudo, a possibilidade de que o conjunto de fatos ocorridos em determinada ocasião caracterizeconstrangimento e resulte em direito a compensação por dano moral: “A espera por atendimento em fila de banco quandoexcessiva ou associada a outros constrangimentos, e reconhecida faticamente como provocadora de sofrimento moral,enseja condenação por dano moral.” (STJ, REsp 1.218.497).

6. Preciso o voto do Relator do REsp 1.218.497, Ministro Sidnei Beneti:

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“Em muitos casos, sem dúvida, há abuso na judicialização de situações de transtornos comuns do dia a dia, visando àindenização por dano moral (...) Nesse sentido, julgados desta Corte têm assinalado que os aborrecimentos comuns dodia a dia, os contratempos normais e próprios do convívio social não são suficientes a causar danos morais indenizáveis.(...)Mas, o direito à indenização por dano moral, como ofensa a direito de personalidade em casos como o presente podedecorrer de situações fáticas em que se evidencie que o mau atendimento do banco criou sofrimento moral ao consumidorusuário dos serviços bancários.A só espera por atendimento bancário por tempo superior ao previsto na legislação municipal ou estadual (...) não dá direitoa acionar em Juízo para a obtenção de indenização por dano moral, porque essa espécie de legislação, conquantodeclarada constitucional (STJ-RESP 598.183, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª Seção, unânime, 8.11.2006, comremessa a vários precedentes, tanto do STJ como do STF), é de natureza administrativa, isto é, dirige-se àresponsabilidade do estabelecimento bancário perante a Administração Pública, que, diante da reclamação do usuário dosserviços ou ex-officio, deve aplicar-lhe as sanções administrativas pertinentes – não surgindo, do só fato da normaçãodessa ordem, direito do usuário à indenização.O direito à indenização por dano moral origina-se de situações fáticas em que realmente haja a criação, peloestabelecimento bancário, de sofrimento além do normal ao consumidor dos serviços bancários, circunstância que éapurável faticamente, à luz das alegações do autor e da contrariedade oferecida pelo acionado.Nesse contexto, é possível afirmar, com segurança, que a espera por atendimento durante tempo desarrazoado constituium dos elementos a serem considerados para aferição do constrangimento moral, mas não o único. Não será o merodesrespeito ao prazo objetivamente estabelecido pela norma municipal que autorizará uma conclusão afirmativa a respeitoda existência de dano moral indenizável. Também há de se levar em conta outros elementos fáticos.”

7. Imprescindível que a situação fática causadora do dano esteja detalhadamente descrita na petição inicial e comprovadano curso do processo. No caso concreto, a causa de pedir se resumiu à alegação de que a parte autora esperou por maisde uma hora pelo atendimento no estabelecimento bancário.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça (fl. 87), na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

72 - 0106075-96.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.106075-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JALUZZA GAZOLLI PRANDODE ARAUJO (ADVOGADO: ES004367 - JOÃO BATISTA DALLAPÍCCOLA SAMPAIO, ES009588 - ANTONIO AUGUSTODALAPÍCOLA SAMPAIO, ES008573 - SEDNO ALEXANDRE PELISSARI, ES009624 - JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDOSAMPAIO, ES007583 - EUCLERIO DE AZEVEDO SAMPAIO JUNIOR.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL(ADVOGADO: ES018685 - SUELLEM RIBEIRO BOTON, ES009141 - UDNO ZANDONADE.).Processo nº: 0106075-96.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.106075-5/01)Recorrente: JALUZZA GAZOLLI PRANDO DE ARAUJORecorrido: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA. TEMPO DE ESPERA POR ATENDIMENTO SUPERIOR AOFIXADO EM LEI. MERO ABORRECIMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou improcedente o pedido de indenizaçãopor danos morais sofridos em decorrência da demora na prestação do serviço. Alega que aguardou atendimento bancáriopor quase uma hora. Aduz que a espera por tempo superior ao fixado em lei denota inequívoco defeito na prestação deserviço. Aponta que o descaso da instituição financeira em atender à legislação de regência é suficiente para transcender aesfera do mero aborrecimento do dia a dia e ensejar a reparação por dano moral. Contrarrazões às fls. 53/62.

2. Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essa

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normatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).3. O STF, no ARE 687.876, manifestou-se pela inexistência de repercussão geral da matéria atinente aos pedidos deindenização por danos morais e materiais decorrentes de espera excessiva em fila de instituição financeira, tendo em vistao seu caráter infraconstitucional.

4. “A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não ésuficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelousuário.” (STJ, REsp 1.340.394).

5. Em regra, a demora na fila do banco por prazo superior àquele estipulado em lei local, apesar do incômodo causado aocliente, configura mero aborrecimento não indenizável, tal como a espera na fila do supermercado ou em uma agência deatendimento da Previdência Social. Os bancos não têm controle sobre o fluxo extraordinário de clientes em determinadosmomentos (dia de pagamento de servidores públicos ou de aposentados/pensionistas, dia de vencimento de tributos, etc).Além disso, têm investido menos em contratação de bancários e mais em expansão de serviços online e caixas eletrônicos(a fim de aumentar o horário de atendimento e de diminuir a necessidade de presença física dos clientes nas agências).Não se exclui, contudo, a possibilidade de que o conjunto de fatos ocorridos em determinada ocasião caracterizeconstrangimento e resulte em direito a compensação por dano moral: “A espera por atendimento em fila de banco quandoexcessiva ou associada a outros constrangimentos, e reconhecida faticamente como provocadora de sofrimento moral,enseja condenação por dano moral.” (STJ, REsp 1.218.497).

6. Preciso o voto do Relator do REsp 1.218.497, Ministro Sidnei Beneti:

“Em muitos casos, sem dúvida, há abuso na judicialização de situações de transtornos comuns do dia a dia, visando àindenização por dano moral (...) Nesse sentido, julgados desta Corte têm assinalado que os aborrecimentos comuns dodia a dia, os contratempos normais e próprios do convívio social não são suficientes a causar danos morais indenizáveis.(...)Mas, o direito à indenização por dano moral, como ofensa a direito de personalidade em casos como o presente podedecorrer de situações fáticas em que se evidencie que o mau atendimento do banco criou sofrimento moral ao consumidorusuário dos serviços bancários.A só espera por atendimento bancário por tempo superior ao previsto na legislação municipal ou estadual (...) não dá direitoa acionar em Juízo para a obtenção de indenização por dano moral, porque essa espécie de legislação, conquantodeclarada constitucional (STJ-RESP 598.183, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª Seção, unânime, 8.11.2006, comremessa a vários precedentes, tanto do STJ como do STF), é de natureza administrativa, isto é, dirige-se àresponsabilidade do estabelecimento bancário perante a Administração Pública, que, diante da reclamação do usuário dosserviços ou ex-officio, deve aplicar-lhe as sanções administrativas pertinentes – não surgindo, do só fato da normaçãodessa ordem, direito do usuário à indenização.O direito à indenização por dano moral origina-se de situações fáticas em que realmente haja a criação, peloestabelecimento bancário, de sofrimento além do normal ao consumidor dos serviços bancários, circunstância que éapurável faticamente, à luz das alegações do autor e da contrariedade oferecida pelo acionado.Nesse contexto, é possível afirmar, com segurança, que a espera por atendimento durante tempo desarrazoado constituium dos elementos a serem considerados para aferição do constrangimento moral, mas não o único. Não será o merodesrespeito ao prazo objetivamente estabelecido pela norma municipal que autorizará uma conclusão afirmativa a respeitoda existência de dano moral indenizável. Também há de se levar em conta outros elementos fáticos.”

7. Imprescindível que a situação fática causadora do dano esteja detalhadamente descrita na petição inicial e comprovadano curso do processo. No caso concreto, a causa de pedir se resumiu à alegação de que a parte autora esperou por quaseuma hora pelo atendimento no estabelecimento bancário.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça (fl. 49), na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

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73 - 0004998-49.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004998-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CELIA MENDES ANDRADE(ADVOGADO: ES006136 - JOSE ROBERTO DE ANDRADE.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO:ES001793 - SUELI DE PAULA FRANCA, ES013604 - PATRICIA DE FREITAS RONCATO, ES013699 - VITOR DE PAULAFRANÇA, ES000225B - RENATA STAUFFER DUARTE, ES001794 - PAULO ROBERTO MENDONCA FRANCA.).Processo nº: 0004998-49.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004998-2/01)Recorrente: CELIA MENDES ANDRADERecorrido: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA. TEMPO DE ESPERA POR ATENDIMENTO SUPERIOR AUMA HORA. MERO ABORRECIMENTO. RECURSO IMPROVIDO.

1. A parte autora recorreu da sentença que julgou improcedente o seu pedido de danos morais, alegando haver aguardadomais de uma hora por atendimento bancário (dia 06/09/2010). Argumenta que a espera por tempo superior ao fixado em leidenota inequívoco defeito na prestação de serviço. Aponta que o descaso da instituição financeira em atender à legislaçãode regência é suficiente para transcender a esfera do mero aborrecimento do dia a dia e ensejar a reparação por danomoral. Contrarrazões às fls. 50/57.

2. Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).3. O STF, no ARE 687.876, manifestou-se pela inexistência de repercussão geral da matéria atinente aos pedidos deindenização por danos morais e materiais decorrentes de espera excessiva em fila de instituição financeira, tendo em vistao seu caráter infraconstitucional.

4. “A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não ésuficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelousuário.” (STJ, REsp 1.340.394).

5. Em regra, a demora na fila do banco por prazo superior àquele estipulado em lei local, apesar do incômodo causado aocliente, configura mero aborrecimento não indenizável, tal como a espera na fila do supermercado ou em uma agência deatendimento da Previdência Social. Os bancos não têm controle sobre o fluxo extraordinário de clientes em determinadosmomentos (dia de pagamento de servidores públicos ou de aposentados/pensionistas, dia de vencimento de tributos, etc).Além disso, têm investido menos em contratação de bancários e mais em expansão de serviços online e caixas eletrônicos(a fim de aumentar o horário de atendimento e de diminuir a necessidade de presença física dos clientes nas agências).Não se exclui, contudo, a possibilidade de que o conjunto de fatos ocorridos em determinada ocasião caracterizeconstrangimento e resulte em direito a compensação por dano moral: “A espera por atendimento em fila de banco quandoexcessiva ou associada a outros constrangimentos, e reconhecida faticamente como provocadora de sofrimento moral,enseja condenação por dano moral.” (STJ, REsp 1.218.497).

6. Preciso o voto do Relator do REsp 1.218.497, Ministro Sidnei Beneti:“Em muitos casos, sem dúvida, há abuso na judicialização de situações de transtornos comuns do dia a dia, visando àindenização por dano moral (...) Nesse sentido, julgados desta Corte têm assinalado que os aborrecimentos comuns dodia a dia, os contratempos normais e próprios do convívio social não são suficientes a causar danos morais indenizáveis.(...)Mas, o direito à indenização por dano moral, como ofensa a direito de personalidade em casos como o presente podedecorrer de situações fáticas em que se evidencie que o mau atendimento do banco criou sofrimento moral ao consumidorusuário dos serviços bancários.A só espera por atendimento bancário por tempo superior ao previsto na legislação municipal ou estadual (...) não dá direitoa acionar em Juízo para a obtenção de indenização por dano moral, porque essa espécie de legislação, conquantodeclarada constitucional (STJ-RESP 598.183, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª Seção, unânime, 8.11.2006, comremessa a vários precedentes, tanto do STJ como do STF), é de natureza administrativa, isto é, dirige-se àresponsabilidade do estabelecimento bancário perante a Administração Pública, que, diante da reclamação do usuário dosserviços ou ex-officio, deve aplicar-lhe as sanções administrativas pertinentes – não surgindo, do só fato da normaçãodessa ordem, direito do usuário à indenização.O direito à indenização por dano moral origina-se de situações fáticas em que realmente haja a criação, peloestabelecimento bancário, de sofrimento além do normal ao consumidor dos serviços bancários, circunstância que éapurável faticamente, à luz das alegações do autor e da contrariedade oferecida pelo acionado.

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Nesse contexto, é possível afirmar, com segurança, que a espera por atendimento durante tempo desarrazoado constituium dos elementos a serem considerados para aferição do constrangimento moral, mas não o único. Não será o merodesrespeito ao prazo objetivamente estabelecido pela norma municipal que autorizará uma conclusão afirmativa a respeitoda existência de dano moral indenizável. Também há de se levar em conta outros elementos fáticos.”

7. Imprescindível que a situação fática causadora do dano esteja detalhadamente descrita na petição inicial e comprovadano curso do processo. No caso concreto, a causa de pedir se resumiu à alegação de que a parte autora esperou por maisde uma hora pelo atendimento no estabelecimento bancário.

8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

74 - 0011028-08.2007.4.02.5050/02 (2007.50.50.011028-3/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELENITA TEODORIO DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES011829 - HERON LOPES FERREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).Processo nº: 0011028-08.2007.4.02.5050/02 (2007.50.50.011028-3/02)Recorrente: ELENITA TEODORIO DE OLIVEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – PEDIDO IMPROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA.

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença e/ouaposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que, em razão das doenças que a acometem, não tem condições dedesempenhar suas atividades laborativas habituais. Aponta que o resultado da perícia médica judicial contrariou todos oslaudos particulares anexados aos autos; que a atividade para a qual foi reabilitada não lhe garante a subsistência. Orecorrido não apresentou contrarrazões.

2. A recorrente exerce atividade profissional de zeladora e conta atualmente com 45 anos de idade. De acordo com aperícia de fls. 50/58, não há incapacidade, pois mesmo apresentando visão subnormal no olho direito, o olho esquerdoalcança boa visão se corrigido por óculos. Em laudo complementar (fls. 192/196), o perito reafirmou a capacidade da autorae acrescentou que o deslocamento da retina independe do esforço físico ou da atividade exercida. Houve percepção deauxílio-doença previdenciário nos períodos de 02/12/2003 a 30/03/2004 e 25/05/2004 a 02/08/2007 (fls. 66 e 67).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

“Trata-se de ação promovida por ELENITA TEODORIO DE OLIVEIRAem face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em que pretende a condenação do INSS aorestabelecimento do benefício de auxílio-doença nº 131.614.941-0 ou concessão de aposentadoria por invalidez.Dispensado o relatório por expressa disposição legal (art. 38 da Lei 9.099/95).Dos requisitos legais necessários ao benefício mencionadoA lei 8.213, de 24.07.91, com relação aos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, dispõe, in verbis:“Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.§ 1º. A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante examemédico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico desua confiança.§ 2º. A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lheconferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ouagravamento dessa doença ou lesão.Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carênciaexigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos.

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Parágrafo único – Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral da Previdência Social jáportador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivode progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.”A diferença do auxílio-doença para a aposentadoria por invalidez é que esta requer uma incapacidade insusceptível dereabilitação e para qualquer atividade que garanta a subsistência do segurado, enquanto aquela pressupõe umaincapacidade temporária, suscetível de recuperação para o trabalho, bastando que se refira à sua atividade habitual. Daíporque o auxílio-doença foi previsto, em regra, com o objetivo de ser concedido por um tempo, para depois ser canceladoou, se for o caso, convertido em aposentadoria por invalidez.Na presente demanda, a incapacidade foi afastada pela prova pericial (fls. 50/58, 148/152 e 192/196). O perito constatouque a autora é portadora de “baixa acuidade visual no olho direito, em decorrência de deslocamento da retina, tratadocirurgicamente em maio de 2004 e, posteriormente, de catarata [em 2005]”, mas não há incapacidade para a atividadehabitualmente exercida, de zeladora, nem para a atividade de recepcionista/telefonista, para a qual foi reabilitada (fl. 27).Conforme elucida o perito em suas considerações finais, dadas em perícia datada de 04/07/2008, conquanto a retina doolho direito apresente degeneração da região macular, com comprometimento da acuidade visual, o olho esquerdo permiteo desempenho de diversas funções, inclusive a de zeladora, desde que corrigido por óculos.Novamente, ao emitir laudos complementares, o perito afirma não haver incapacidade, uma vez que a baixa acuidade visualapenas afeta o olho direito, que apresenta sequelas irreversíveis. No entanto, em relação ao olho esquerdo, desde quetreinada para as atividades de recepcionista/telefonista, a autora apresenta aptidão laborativa, ou mesmo para a atividadede zeladora, função já exercida.Dessa forma, considerando que a autora já foi reabilitada pelo INSS, que a treinou para as atividades que um profissionalrecepcionista/telefonista exerce, havendo boa acuidade visual do olho esquerdo, desde que corrigido por óculos, a autoraencontra-se apta para o exercício de atividades que lhe garantam subsistência.Ressalte-se que o fato de o local de trabalho em que a autora exercia suas atividades antes de ser acometida por suadoença não poder readaptá-la em nova função em razão da incompatibilidade de suas limitações com as funçõesoferecidas não a torna incapaz para o exercício de qualquer atividade, mesmo porque já foi reabilitada para nova função.Ademais, quanto à alegação de parcialidade do jurisperito, não vislumbro tal situação. Os laudos periciais (fls. 50/58 e148/152) emitidos anteriormente à situação relatada nos autos (fls. 168 e 175/176) demonstram compatibilidade com olaudo complementar posterior, estando ausentes elementos que justifiquem a realização de nova perícia por supostaparcialidade.Os documentos médicos particulares juntados pela parte autora não são suficientes para afastar as conclusões da períciamédica judicial, nos termos do Enunciado de n. 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo: O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular.Desse modo, não estando configurada incapacidade parcial ou total, temporária ou definitiva, não faz a parte autora jus aobenefício ora requerido.Deixo de analisar a qualidade de segurado, vez que já não foi preenchido outro requisito essencial à concessão dobenefício pleiteado, a saber, a ocorrência de incapacidade no caso concreto, como acima demonstrado.DISPOSITIVOAnte o exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido deduzido na inicial, não havendo condenação da parte autora aopagamento das custas processuais e honorários advocatícios nos termos do disposto no art. 55 da Lei 9.099/9595 c/c art.1º da Lei n.° 10.259/2001.Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com baixa na distribuição.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.”

4. Sem razão a recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça às fls. 36, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

75 - 0006390-24.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006390-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS ALBERTO DOSSANTOS GONÇALVES x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. deOliveira.).Processo nº: 0006390-24.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006390-5/01)

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Recorrente: CARLOS ALBERTO DOS SANTOS GONÇALVESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO DOENÇA – INSUFICIÊNCIA DE PROVA – NECESSIDADE DE PERÍCIA COMREUMATOLOGISTA - SENTENÇA ANULADA

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou improcedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença,cessado em 31/01/2010, pela via administrativa. Sustenta o recorrente que, em razão das doenças que a acometem, nãotem condições de desempenhar suas atividades laborativas habituais. Aponta que o resultado das perícias judiciaiscontrariou todos os laudos particulares anexados aos autos. Não foram apresentadas contrarrazões.

2. A perícia judicial, às fls. 34/35, constatou que o autor apresenta quadro de poliartralgia com maior intensidade nosmembros superiores e tofo gotoso no segundo dedo da mão esquerda sem limitação funcional, concluindo que opericiando, não está incapacitado para a atividade de eletricista, do ponto de vista ortopédico. Nesse contexto, o julgadoimpugnado indeferiu o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença.

3. O laudo anexado, à fl. 18, sugere possível doença reumatológica, a qual necessita ser investigada por médicoespecializado. Todavia, não foi realizada prova técnica naquela especialidade, embora tenha sido requerida na petiçãoinicial (fl. 12), razão pela qual se torna imprescindível a reabertura da instrução processual para este fim, de modo aconceder à parte autora oportunidade para a comprovação do preenchimento dos requisitos legais para o recebimento dobenefício ora vindicado.

4. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada determinando a realização de nova perícia na especialidade dereumatologia. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS,fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DORECURSO E ELE DAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

76 - 0000613-44.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000613-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: VIVIANE MILED MONTEIRO C. SALIM.) x ISABEL DA SILVA TORETTA(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).Processo nº: 0000613-44.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000613-5/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ISABEL DA SILVA TORETTAJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. AUXÍLIO-DOENÇA. DEVOLUÇÃO DE VALORES RECEBIDOS POR FORÇA DETUTELA ANTECIPADA POSTERIORMENTE REVOGADA. POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo réu em razão de sentença que julgou procedente pedido de declaração deinexistência da obrigação de restituição dos valores recebidos a título de tutela antecipada, posteriormente revogada.Sustenta em suas razões, que o julgado contrariou os artigos 273, §3º e 811, I e II do Código de Processo Civil, bem comoo previsto no art. 115 da Lei n. 8.213/91.

2. A jurisprudência da Corte Superior de Justiça está firmada no sentido de que é obrigatória a devolução de vantagempatrimonial paga pelo erário público, em face de cumprimento de decisão judicial precária, desde que observados osprincípios do contraditório e da ampla defesa. Observe-se:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO. RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA.

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PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada. 2. Historicamente, ajurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar os segurados do RGPS derestituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada. 3. Essa construção derivou da aplicaçãodo citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassar decisão rescindenda que concedeu benefícioprevidenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acerca da prestação alimentícia do direito de família.A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, Quinta Turma, DJ 9.5.2005. 4. Já a jurisprudênciaque cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu para considerar não apenas ocaráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu. 5. O elemento que evidencia a boa-fé objetivano caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiário adquire, de que valores recebidos são legais ede que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp 1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, SegundaTurma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposição de devolução de valores relativos a servidor público:AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 15.9.2011; AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel.Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR, Rel. Ministra Alderita Ramos deOliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg no REsp 1.177.349/ES, Rel. MinistroGilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe14.3.2011. 6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situaçãona qual se debateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpretaerroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valoresrecebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público."(REsp 1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei). 7. Não há dúvida de queos provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito da boa-fé subjetiva, isto é,enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária. 8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez,inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamento recebido via tutela antecipatória, não havendo otitular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível da verba ao seu patrimônio. 9. Segundo o art. 3º daLINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissa de que o caráterprecário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC). 10. Dentro de uma escalaaxiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal ao Erário em situações comoa dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consigne descontos em folha pagando, alémdo principal, juros remuneratórios a instituições financeiras. 11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º,III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolver os valores obtidos por força de antecipação de tutelaposteriormente revogada, devem ser observados os seguintes parâmetros para o ressarcimento: a) a execução desentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado e incontroverso o crédito executado, o INSS poderáfazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefícios previdenciários em manutenção até a satisfação docrédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidores públicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991). 12.Recurso Especial provido. (REsp 1.384.418)

3. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

4. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, no sentido de julgar improcedente o pedido inicial e autorizar oINSS a cobrar os valores pagos à parte autora por força de decisão liminar posteriormente revogada.

5. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários indevidos, tendo em vista o deferimento daGratuidade de Justiça, observada a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO E AELE DAR PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

77 - 0002009-07.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002009-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.) x JOSELINA DOS SANTOS ALMEIDA (ADVOGADO:ES009599 - LUIZA HELENA GOMES LORETO.).Processo nº: 0002009-07.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002009-6/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JOSELINA DOS SANTOS ALMEIDAJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

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VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – JUROS – SUBSISTENCIA DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/97 – TERMO INICIAL –DATA DA CITAÇÃO – RECURSO PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, em face de sentença que julgou procedente pedido derestabelecimento de benefício de auxílio-doença desde a cessação. Questiona em suas razões que não foi observado odisposto no art. 1º-F da Lei 9.494/97 na aplicação dos juros moratórios, bem como a incidência destes a partir dorequerimento administrativo (30/09/2008), contrariando regra prevista no Código de Processo Civil.

2. A jurisprudência da Corte Superior de Justiça está firmada no sentido de que em condenações que envolvam opagamento de benefícios previdenciários os juros de mora são contados a partir da citação válida. Observe-se:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. TERMO INICIAL DOS JUROS: DATA DACITAÇÃO VÁLIDA. SÚMULA 204/STJ.DEVOLUÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERMO INICIAL DOS JUROS: TRÂNSITO EM JULGADO DASENTENÇA. SÚMULA 188/STJ.1. Reexaminando a questão, verifico que os agravantes foram condenados, em suma, a: I) devolver os valores descontadosda agravada com base no Decreto Estadual n. 25.168/99 e na Lei Estadual n. 3.548/01; II) rever o valor da pensãoprevidenciária percebida com fundamento na Lei Estadual n. 7.301/73, pagando-lhe as diferenças pertinentes; e III) devolveras contribuições previdenciárias descontadas indevidamente entre o período de janeiro de 1999 a setembro de 2000. 2.Assim, no caso vertente, a condenação envolve o pagamento de benefício previdenciário e a devolução de contribuiçõesprevidenciárias, razão pela qual o termo inicial dos juros de mora deve ser distinto: na parcela da condenação relativa aopagamento dos benefícios previdenciários (itens "a" e "b" da sentença), o termo inicial dos juros é a partir da citação válida,nos termos da Súmula 204/STJ; e, em relação à devolução das contribuições previdenciárias (item "c" da sentença), osjuros devem ser calculados a partir do trânsito em julgado da sentença, nos termos da Súmula 188/STJ. Agravo regimentalparcialmente provido. (AgRg no REsp 1308436 / RJ – Rel: Ministro Humberto Martins – DJe 20/02/2014)

3. A respeito dos juros de mora e correção monetária, a jurisprudência mais recente do STJ adotou o entendimento de que,a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantido o critério decálculo de juros. Confira-se:

EMEN: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. ARTIGO 5º DA LEI 11.960/2009. NATUREZA PROCESSUAL.APLICAÇÃO IMEDIATA AO PROCESSO EM CURSO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE INCONSTITUCIONALIDADE.REPRISTINAÇÃO DA NORMA ANTERIOR. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA PARA REAJUSTE DE BENEFÍCIOSPREVIDENCIÁRIOS E PARCELAS PAGAS EM ATRASO. APLICAÇÃO DO INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91.SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. 1. A Corte Especial, ao apreciar o REsp 1.205.946/SP, pelo ritoprevisto no artigo 543-C do Código de Processo Civil, assentou a compreensão de que as alterações do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, introduzidas pela Lei 11.960/2009 têm aplicação imediata aos processos em curso, incidindo o princípio dotempus regit actum. 2. O Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Brito, declarou ainconstitucionalidade parcial por arrastamento do art. 5º da Lei 11.960/2009. 3. Na esteira desse precedente, a PrimeiraSeção desta Corte, ao julgar o REsp 1.270.439/PR, sob a relatoria do Ministro Castro Meira, DJe de 2/8/2012, firmou oentendimento de que a referida declaração parcial de inconstitucionalidade diz respeito ao critério de correção monetáriaprevisto no artigo 5º da Lei 11.960/2009, mantida a eficácia do dispositivo relativamente ao cálculo dos juros de mora, àexceção das dívidas de natureza tributária. 4. Assim, ficou estabelecido que na atualização das dívidas fazendárias devemser utilizados critérios que expressem a real desvalorização da moeda, afastada a aplicação dos índices de remuneraçãobásica da caderneta de poupança. 5. Em relação a parcelas inerentes a benefício previdenciário, a controvérsia já foi alvode discussão pela Primeira Turma deste Tribunal que, ao julgar o REsp 1.272.239/PR, da relatoria do Ministro AriPargendler, DJe 1º/10/2013, concluiu que, com a declaração parcial de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009,o INPC volta a ser o indexador aplicável para fins de correção monetária, por força do que dispõe o art. 41-A da Lei8.213/91. 6. A pendência de publicação do acórdão proferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo,afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei 11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito.Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 7. Agravo regimental a que se nega provimento.(Processo AGRESP 201101544260 AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013)

4. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

5. Recurso conhecido e provido no sentido de determinar a aplicação do art. 1º-F da Lei n 9.494/97, com a redação dadapela Lei nº 11.960/09, por ocasião do cálculo dos juros incidentes sobre os valores atrasados e fixar a mora a partir dacitação.

6. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 04 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, haja vista que o recorrido decaiu deparcela mínima do pedido (art. 21, parágrafo único, do Código de Processo Civil).

A C Ó R D Ã O

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO E AELE DAR PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

78 - 0004457-50.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004457-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MOISES GALDINO(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo nº: 0004457-50.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004457-0/01)Recorrente: MOISES GALDINORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – PEDIDO IMPROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA.

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença. Sustentao recorrente que, em razão das doenças que o acometem, não tem condições de desempenhar suas atividades laborativashabituais. Aponta que o resultado da perícia médica judicial contrariou todos os laudos particulares anexados aos autos,bem como não levou em consideração a incompatibilidade entre a doença e a sua profissão de cobrador de ônibus.Contrarrazões às fls. 71/75.

2. O recorrente exercia atividade profissional de cobrador de ônibus e conta atualmente com 41 anos de idade. Houvepercepção de auxílio-doença previdenciário no período de 03/01/2005 a 31/03/2009 (fl. 36). De acordo com a perícia de fls.23/24, apresenta transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outrassubstâncias psicoativas (síndrome de dependência). Concluiu que, no momento do exame pericial, havia capacidade para oexercício das atividades habituais.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

“Busca-se nesta demanda a concessão do benefício de auxílio-doença desde o requerimento administrativo ocorrido em29/05/2009.Do auxílio-doençaDe início, saliento que as normas referentes ao auxílio-doença encontram-se previstas a partir do artigo 59, da Lei nº8.213/1991, devendo ser o mesmo concedido por motivo de incapacidade provisória, que dure mais de quinze dias. Seuvalor corresponde a 91% do salário-de-benefício, nunca inferior ao salário mínimo, nos termos do art. 201, § 2º, daConstituição da República.A doutrina tem a seguinte compreensão:“O auxílio-doença presume a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. É, assim, benefício concedido em caráterprovisório, enquanto não há conclusão definida sobre as conseqüências da lesão sofrida. O beneficiário será submetido atratamento médico e a processo de reabilitação profissional, devendo comparecer periodicamente à perícia médica (prazonão superior a dois anos), a quem caberá avaliar a situação” (Marcelo Leonardo Tavares; in Direito Previdenciário, 2ª ed.,ed. Lumen Juris, Rio, 2000, pg.86).Da aposentadoria por invalidezA aposentadoria por invalidez (art. 42 a 47, da Lei nº 8.213/1991) é benefício previsto para os casos de incapacidadepermanente para qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% (cem por cento) do salário-de-benefício.Ademais, seus segurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que peseo caráter permanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS ocancelamento da aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47, da Lei nº 8.213/1991 c/c art. 70, da Lei nº8.212/1991).Nestes termos, são requisitos para a aposentadoria por invalidez:a) Qualidade de segurado;b) Carência, quando exigida; ec) Incapacidade e insuscetibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência.Ambos os benefícios exigem para a sua concessão a qualidade de segurado e o cumprimento do período de carênciaexigido em lei, diferenciando-se entre si pela permanência ou temporariedade da incapacidade, quando se dará ensejoàquele ou a este benefício, respectivamente.No caso dos autos, o cumprimento do período de carência e a qualidade de segurado, considerando a data dorequerimento administrativo, para o caso de concessão, são fatos incontroversos. A controvérsia cinge-se, pois, ao fato deestar ou não a parte autora incapacitada para o trabalho, o que corresponde às teses antagônicas sustentadas pelas partes.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada (fls. 23-24) foi constatada que a

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parte autora apresentava capacidade laborativa, apesar de também confirmar sua doença, afirmando, no entanto, que nãohá limitação mental que prejudique o autor no exercício de suas atividades habituais.O argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares que aconfirma não pode prosperar. Isso porque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deveser constatada por perícia médica, pois o atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma queeventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudomédico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. Olaudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade grau de escolaridade, inserçãosócio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Não se conclui, assim, pela incapacidade da parte autora para o trabalho Quanto aos períodos posteriores não abrangidospor esta sentença poderão ser discutidos em nova demanda, pois permanece a possibilidade de questionar a instauraçãode estado de incapacidade para o trabalho no período ulterior ao exame pericial.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.Sem honorários advocatícios nem custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/2001).Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões. Vindas estas oucertificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, certifique-se o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se.P.R.Intimem-se.”

4. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça à fl. 13, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

79 - 0001104-65.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001104-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ODILON FRANÇA DA ROSA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MarcosFigueredo Marçal.).Processo nº: 0001104-65.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001104-8/01)Recorrente: ODILON FRANÇA DA ROSARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO DOENÇA – INSUFICIÊNCIA DE PROVA – NECESSIDADE DE PERÍCIA COMNEUROCIRURGIÃO/NEUROLOGISTA - SENTENÇA ANULADA

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou improcedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença,cessado em 31/05/2009, pela via administrativa. Sustenta o recorrente que, em razão das doenças que o acometem, nãotem condições de desempenhar suas atividades laborativas habituais. Aponta que o resultado da perícia judicial contrarioutodos os laudos particulares anexados aos autos. Contrarrazões às fls. 98/90.

2. A perícia judicial, às fls. 40/45, constatou que o autor é portador de processo degenerativo de coluna lombar e seqüela defratura de T11, sem alterações neurológicas em coluna torácica ou lombar. Declarou que a artrose é doença inerente àidade do recorrente e que este apresenta boa movimentação dos membros e discreta limitação de mobilidade lombar.Concluiu pela inexistência de incapacidade laborativa. Nesse contexto, o julgado impugnado indeferiu o pedido derestabelecimento do benefício de auxílio-doença.

3. Tendo em vista que os laudos apresentados às fls. 08/17, foram emitidos por especialistas em neurocirurgia, bem como

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a impugnação do recorrente ao laudo judicial, alegando que a sua doença deveria ser investigada por médico especializado,torna-se imprescindível a reabertura da instrução processual para que seja determinada a realização de perícia na área deneurologia, de modo a conceder à parte autora oportunidade para a comprovação do preenchimento dos requisitos legaispara o recebimento do benefício ora vindicado.

4. Recurso provido. Sentença anulada determinando a realização de nova perícia na especialidade de neurologia. Semcondenação em custas e honorários advocatícios.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DORECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

80 - 0000076-55.2007.4.02.5054/01 (2007.50.54.000076-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SILVANIR PINHEIRO DEOLIVEIRA (ADVOGADO: MG095760 - ROBNEI BATISTA DE BARROS, MG054560 - ANTONIO HERMELINDO RIBEIRONETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo nº: 0000076-55.2007.4.02.5054/01 (2007.50.54.000076-2/01)Recorrente: SILVANIR PINHEIRO DE OLIVEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO DOENÇA – INSUFICIÊNCIA DE PROVA – NECESSIDADE DE PERÍCIA COMORTOPEDISTA - SENTENÇA ANULADA

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença e/ouaposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que, em razão das doenças que a acometem, não tem condições dedesempenhar suas atividades laborativas habituais. Aponta que os laudos particulares juntados aos autos comprovamproblemas ortopédicos incompatíveis com o trabalho rural desempenhado. Contrarrazões às fls. 174/175.

2. A perícia judicial de fls. 88/93, realizada por especialista em ortopedia e traumatologia, negou que a parte autora portassequalquer doença ou lesão, constatando sua total capacidade. No entanto, essa perícia foi desconsiderada pelo juízo a quo,por ser divergente da situação fática apresentada na instrução, conforme decisão de fls. 116/117. Realizada nova perícia(fls. 128/129), o perito (otorrinolaringologista) diagnosticou osteoporose, concluindo que a periciada não está incapacitada,porém está sujeita a fraturas com mais freqüência que outras pessoas, principalmente no colo do fêmur, devendo evitartrabalhos que exijam força física. Após a impugnação do laudo, designou-se nova perícia, com especialista em neurologia(fls. 142/145), o qual diagnosticou lombalgia crônica e sinais de radiculopatia, e concluiu que não existe incapacidade física.Nesse contexto, o julgado impugnado indeferiu o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença.

3. Os laudos anexados pela parte autora, às fls. 25 e 146, sugerem doença ortopédica, a qual necessita ser investigada pormédico especializado. Também o perito do Juízo fez referencia a este respeito no laudo de fls. 128/129. Todavia, não foirealizada prova técnica naquela especialidade, embora tenha sido requerida à fl. 155, razão pela qual se tornaimprescindível a reabertura da instrução processual para este fim, de modo a conceder à parte autora oportunidade para acomprovação do preenchimento dos requisitos legais para o recebimento do benefício ora vindicado.

4. Recurso conhecido e provido. Sentença anulada determinando a realização de nova perícia na especialidade deortopedia e traumatologia. Sem condenação em custas e honorários advocatícios.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DORECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Gustavo Arruda MacedoJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

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81 - 0100242-22.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.100242-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ CANDIDO DA SILVA(ADVOGADO: ES013274 - DENILSON LOUBACK DA CONCEIÇÃO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: DALTON SANTOS MORAIS.).Processo nº: 0100242-22.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.100242-7/01)Recorrente: JOSÉ CANDIDO DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIAJUDICIAL – NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS PELO INSS – PEDIDOIMPROCEDENTE – SENTENÇA ANULADA.

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou improcedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença.Sustenta o recorrente que, em razão das doenças que a acometem, não tem condições de desempenhar suas atividadeslaborativas habituais. Aponta conduta ilegítima do INSS, conhecida como “alta programada”, por meio da qual declarou, em30/01/2004, que o requerente teria sua incapacidade cessada em 30/03/2004. Contrarrazões às fls. 112.

2. O recorrente exerce atividade profissional de trabalhador rural e conta atualmente com 45 anos de idade. Possui ensinofundamental incompleto (fl. 80). O laudo pericial (fls. 80/83), realizado por especialista na área de neurologia, clínica médicae perícias médicas, diagnosticou seqüela de esplenectomia pós-trauma e foi conclusivo no sentido de que o recorrente nãoapresenta lesão ou deformidade que possa conduzir à incapacidade, afirmando que ele está apto para o exercício de suasatividades habituais. Houve percepção de auxílio-doença previdenciário nos períodos de 13/10/2003 a 20/10/2003 e06/02/2004 a 11/04/2004 (fls. 24 e 56).

3. Em relação à alegação de “alta programada” não foi possível constatar o que de fato ocorreu, sendo necessário que oINSS apresente toda a documentação de que dispõe sobre os requerimentos cujos números foram mencionados na inicial.Diante disso, afigura-se indispensável a anulação da sentença a fim de que o MM Juízo a quo determine a juntada, peloINSS, de cópia de todos os processos administrativos relativos aos requerimentos mencionados na inicial, a fim de seapurar se a cessação do benefício deu-se por alta programada ou por eventual perícia realizada no âmbito administrativo,com conclusão no sentido da ausência de incapacidade.

4. Recurso prejudicado. Sentença anulada para que seja determinada a juntada de toda documentação necessária aoesclarecimento da demanda, pelo INSS. Sem condenação em custas e honorários advocatícios.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, considerar prejudicado orecurso, para anular a sentença e determinar a juntada das cópias dos requerimentos administrativos pelo INSS, na formada ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

82 - 0004119-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004119-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHAVENTURINI (ADVOGADO: ES000088B - MARIA MIRANDA DE SOUZA POCAS, ES016607 - JÚLIA PENZUTI DEANDRADE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DEOLIVEIRA.).Processo nº: 0004119-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004119-3/01)Recorrente: MARIA DA PENHA VENTURINIRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – PEDIDO IMPROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que, em razão dasdoenças que a acometem, não tem condições de desempenhar suas atividades laborativas habituais. Alega que o resultado

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da perícia judicial contrariou todos os laudos particulares anexados aos autos. Contrarrazões às fls. 79/81.

2. A perícia judicial de fls. 40/41, constatou que a autora é portadora de câncer de mama esquerdo, submetida a cirurgiaconservadora, seguida de tratamento quimioterápico e radioterápico. Declarou o perito, que a recorrente não apresentouincapacidade ao exame pericial, encontrando-se em bom estado geral, com movimentos dos membros superiorespreservados e ausência de linfoedema em membro superior, concluindo pela aptidão ao desempenho de suas funções.Nesse contexto, o julgado impugnado indeferiu o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença.

3. O juiz não está adstrito à conclusão do laudo pericial, podendo formar sua convicção com base em outras circunstânciasou fatos comprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC). Contudo, o laudopericial constante dos autos, além de representar um importante elemento de convicção, produzido de maneira eqüidistantedo interesse das partes, não ostenta qualquer tipo de incongruência que justifique o afastamento, pelo julgador, dasconclusões ali inseridas.

4. Os documentos particulares juntados pela recorrente não são suficientes para afastar a conclusão da perícia oficial. Issoporque não demonstram, de forma inequívoca, a existência da incapacidade laborativa indispensável para que tenha lugar aconcessão do benefício previdenciário.

5. Ademais, de acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

6. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça à fl. 28, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

83 - 0006085-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006085-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARLECIA QUINTINOFERNANDES (ADVOGADO: ES010878 - GOTARDO GOMES FRIÇO, ES012050 - ROBERTA LESSA ROSSI.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).Processo nº: 0006085-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006085-9/01)Recorrente: ARLECIA QUINTINO FERNANDESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – DIB FIXADA NA DATA DE CESSAÇÃODO AUXÍLIO-DOENÇA – CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – PARCELAS PRETÉRITAS INDEVIDAS– SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou procedente o seu pedidopara condenar o INSS à concessão do benefício de auxílio-doença desde 18/06/2009 e, ainda, com posterior conversão emaposentadoria por invalidez em 19/01/2010. Sustenta em suas razões recursais, que a incapacidade existe desde março de2000, como consignado no exame pericial, sendo, pois, devido o pagamento retroativo. Dessa forma, requer seja conhecidoe provido o presente recurso, para condenar a autarquia federal ao pagamento das parcelas de todos os meses em quenão as percebeu. O INSS não apresentou contrarrazões.

2. No exame pericial de fls. 81/83, a recorrente foi examinada e diagnosticada com artrodese de coluna cervical por hérniade disco, que provoca limitação dos movimentos da coluna cervical e, também, causa dor cervical que se irradia comparestesia para os membros superiores. Com base nestas informações, o perito judicial concluiu que a autora não podeficar sentada por longos períodos, mover seu pescoço, pegar peso e fazer movimentos finos com as mãos. Do ponto devista ortopédico, considerou-a incapaz não só para o exercício de sua profissão de costureira, mas como também paraqualquer atividade que demande esforço físico. Quanto à data da incapacidade, baseando-se em atestados médicos,exames da época e na anamnese realizada, consignou haver sintomas da patologia desde março de 2000.3. Ocorre que, no caso em tela, não há nenhuma evidência do início da incapacidade na referida data. Não há nenhumacomprovação sequer de pedido administrativo ao INSS na data considerada. O primeiro benefício da autora data de12/12/2002, tendo cessado em 20/05/2003. O segundo benefício foi percebido no período de 19/12/2008 até 18/06/2009,

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sendo apenas esta última cessação considerada indevida.4. Vale lembrar que, apesar de a perícia ter considerado março de 2000 como a data de início do tratamento, não é adoença o fator determinante para a concessão do benefício, mas a incapacidade. É perfeitamente possível que uma pessoadoente encontre-se ainda capaz de exercer suas atividades habituais.

5. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça à fl. 29, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGARPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

84 - 0000755-61.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000755-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x JOSE RODRIGUES DE SOUSA(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).Processo nº: 0000755-61.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000755-6/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JOSE RODRIGUES DE SOUSAJuízo de Origem: 1ª VF Sao MateusRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – PEDIDOPROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de restabelecimento deauxílio-doença. Sustenta em suas razões a ocorrência de afronta ao direito à ampla defesa e ao contraditório, haja vista quea sentença foi proferida sem que fosse respondido o quesito complementar de fl. 72. Afirma que a proposta de acordo sópoderia ser apresentada após os esclarecimentos solicitados. Contrarrazões às fls. 106/109.

2. O autor trabalhava como supervisor de operações. Conta, atualmente com 49 anos de idade, e recebeu auxílio-doençanos períodos de 17/07/2002 a 30/11/2002 e 24/01/2003 a 20/10/2007. Proposta de acordo apresentada às fls. 107/113 erecusada pela parte (fls. 116)

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

“Trata-se de ação de conhecimento proposta por José Rodrigues de Souza em face do Instituto Nacional do Seguro – INSS,objetivando a condenação do réu à concessão de auxílio-doença, a ser convertido em aposentadoria por invalidez, bemcomo a reparação por danos morais.Dispensado o relatório (art. 38 da Lei 9099/95), passo a decidir.A questão controvertida, no caso dos autos, se restringe à existência de incapacidade que autoriza conceder à parte autoraauxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.O auxílio doença é benefício legalmente previsto no caput do art. 59 da lei 8213/1991.Ar. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigidonesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para o a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.No tocante à aposentadoria por invalidez, dispõe a Lei 8.213/91, no art. 42, que:Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-[a paga enquanto permanecer nesta condição.O autor recebeu, administrativamente, o benefício auxílio-doença até 20.10.2007 (fl. 44).A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 56/59 com esclarecimento de fls. 68, constatou que o autor é portador delesão na coluna cervical, em decorrência de correção cirúrgica devido a acidente automobilístico ocorrido em 2002, comseqüelas discretas no membro superior direito. Pondera que apesar dos sintomas clínicos não serem graves, o autor estáincapacitado definitivamente para as atividades habituais que desempenhava, devido à possibilidade de agravamento doquadro neurológico atual, em ração do esforça físico intenso.Reforça a conclusão de incapacidade do autor o fato de a própria Autarquia Previdenciária ter lhe concedido,administrativamente o benefício por longo período (24.01.2003 a 20.10.2007 – fl. 44)

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Nesse contexto, associando o quadro patológico constatado pelo perito do Juízo à sua atividade habitual 0 expondo-o arisco de agravamento das lesões que o acometem – e ao recebimento de auxílio-doença, em sede administrativa, poraproximadamente cinco anos, concluo que o mesmo se encontra incapacitado para atividades que demandem esforçofísico. É, por outro lado, possível que o mesmo venha a ser reabilitado para o exercício de outras funções.Quanto à qualidade de segurado do postulante na data do requerimento (26.11.2007), apesar de não contestada, verificoque este a possuía, inclusive era beneficiário de auxílio-doença até 20.10.2007.Assim sendo, entendo que deve prosperar o pleito autoral, retrocedendo o restabelecimento do auxílio-doença à data dacessação do benefício, em 20.10.2007, quando o autor ainda estava incapacitado.É de se destacar que o referido benefício deve ser pago ate a devida reabilitação do segurado, assim como preceitua o art.62 da lei 8213/1991:Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverásubmeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até queseja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando consideradonão-recuperável, for aposentado por invalidez.Os questionamentos formulados à fl. 72 já se encontram superados pela firma conclusão pericial, no sentido de que existelimitação para a atividades habituais.Em relação ao pedido de danos morais, não restou configurada qualquer ofensa à personalidade da parte autora, nemdemonstrado nenhum ato ilegal ou arbitrário praticado pela Autarquia Previdenciária que a tivesse exposto a situaçãovexatória, razão pela qual não há que se falar em danos desta natureza.Pelo exposto, indefiro os questionamentos de fl. 72 e julgo procedente com resolução de mérito, o pedido deauxílio-doença, nos temos do art. 269, I do CPC, condenando o réu a conceder o benefício a partir de 21.10.2007 (dataseguinte à cessação do benefício), bem como a pagar as parcelas vencidas, com incidência de correção monetária,conforme tabele do CJF, desde a data em que foram devidas, e de juros mora de 1% ao mês a contar da citação e ate26.06.2009 (data do advento da lei 11960/2009). Após essa data, atualização DNA forma do art. 1º F da Lei 9494/97, com aredação que lhe foi dada pela Le 11960/2009. Outrossim, julgo improcedente o pedido de indenização por danos moraiscom resolução de mérito, na forma do art. 269,I do Código de Processo Civil.Defiro a antecipação dos efeitos da tutela, jurisdicional ante o juízo de certeza ora formado e o perigo de dano de difícilreparação (privação de verbas de natureza alimentar) determinando a concessão do benefício no prazo de 30 (trinta) dias acontar da intimação, sob pena de responsabilização, restando condicionado o pagamento dos atrasados ao transito emjulgado da presente decisão.Sem custas nem honorários (art. 55 da Lei nº 9099/95 c/c o artigo 1º da Lei nº 10259/01). Condeno o INSS aoressarcimento dos honorários periciais.Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria para a elaboração dos cálculos e, a seguir, expeça-se RPV,na forma do art. 17 da Lei nº 10259/2001. Expedida, intime-se a parte autora para comparecer ao banco depositário pararecebimento do crédito.Tudo cumprido, dê-se baixa e arquivem-se os autos.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.”

4. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

5. Cabe ressaltar que o perito respondeu o quesito apresentado pelo recorrente, ao afirmar a existência de incapacidadedefinitiva para as atividades habituais que o autor já desempenhava (fl. 80).6. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honoráriosadvocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

85 - 0003880-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003880-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WALTINHO RAMALHO(ADVOGADO: ES014204 - ROBERTO HENRIQUE SOARES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).Processo nº: 0003880-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003880-5/01)Recorrente: WALTINHO RAMALHORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

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VOTO EMENTAVisto em Inspeção

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIAJUDICIAL – PEDIDO IMPROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA.

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença noperíodo de 31/05/2007 a 05/07/2007. Sustenta o recorrente que o benefício foi indevidamente cessado no período pleiteado,tendo em vista a continuidade de sua incapacidade em razão da mesma doença que ocasionou a concessão do benefícioem via administrativa. Requer a reforma da sentença, haja vista a confirmação de sua incapacidade pelo perito judicial.Contrarrazões às fls. 105/106.

2. O recorrente exercia atividade profissional de mecânico e conta atualmente com 58 anos de idade. Recebeu benefício deauxílio-doença no período de 11/05/2005 a 31/05/2007 e a partir de 05/07/2007 sem previsão de cessação. De acordo coma perícia, concretizada em 04/2010 (fls. 82/83), o recorrente encontra-se incapacitado em razão de procedimento cirúrgicono ombro direito, realizado dois anos antes da perícia.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

“Sem relatório por força do art. 38 da Lei nº 9.099/95.Trata-se de ação previdenciária proposta por WALTINHO RAMALHO em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL – INSS, através da qual almeja a parte autora a condenação da referida autarquia a lhe conceder o benefício deauxílio-doença, durante o período de 31/05/2007 a 05/07/2007 durante o qual ficou sem receber o auxílio.Na inicial, o autor, que exerce a profissão de mecânico, alega que “apresenta problemas pós-cirúrgicos no ombro e cotoveloesquerdo”.O autor, que tem a idade de 55 anos, recebeu o benefício de auxílio-doença nos seguintes períodos:

Número benefícioData início-cessaçãoDiagnóstico

138.612.675-311/05/2005-31/05/2007Epicondilite lateral(CID – 10 M771)

521.123.729-005/07/2007 – Sem DCB previstaSinovite e tenossinovite(CID-10 M65)

Os laudos médicos apresentados pela parte autora (fls. 8/61) elencam diversas doenças que acometeram o autor e, algunsconstataram sua incapacidade.Para o recebimento da aposentadoria por invalidez, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditadospelo art. 42 da Lei n.º 8.213/90, quais sejam: ostente a qualidade de segurado, atenda a carência de 12 contribuiçõesmensais e tenha constatada a incapacidade total e permanente para o exercício de atividade profissional que lhe garanta asubsistência com insuscetibilidade de reabilitação. Já em relação ao benefício auxíliodoença, a única diferença relaciona-seao último requisito, uma vezque o art. 59 da Lei n.º 8.213/90 exige que o postulante esteja incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 dias consecutivos.Cabe destacar que inexiste discussão nos autos em relação ao fato da parte autora ostentar a qualidade de segurada daPrevidência Social, bem como preencher a carência mínima exigida em lei para os benefícios em tela.Com relação ao requisito da incapacidade, tal verificação ficou a cargo da perícia judicial, cujo laudo encontra-se às fls.81/82 dos autos. Restou constatado pelo perito que o autor apresenta histórico de tratamento cirúrgico para epicondilitelateral do cotovelo esquerdo e quadro de ombro direito congelado, doença degenerativa, secundária a procedimentocirúrgico realizado no ombro direito para tratamento de lesão e que tem como característica a rigidez capsular comdiminuição da amplitude dos movimentos e dor (respostas aos quesitos 1, 2 e 4).De acordo com o perito, foi constatada incapacidade, sendo que seu início, bem como o da doença do autor, ocorreu apósprocedimento cirúrgico no ombro direito realizado no ano de 2008 (respostas aos quesitos 3, 7 e 7.1).Dessa forma, de acordo com os laudos e documentos juntados ao processo, o autor foi acometido por duas doençasdiferentes, sendo a primeira, Epicondilite lateral - CID-10 M771, que ensejou o recebimento do benefício em 11/05/2005,com término em 31/05/2007, e a segunda, Sinovite e tenossinovite - CID-10 M65, que manifestou-se como incapacidade nadata de 05/07/2007, constatada pela perícia do próprio INSS. Insta salientar que não há qualquer conexão entre as lesões,visto que segundo o laudo pericial, a primeira se deu no cotovelo esquerdo e a segunda no ombro direito, ocorrendo, assim,em membros diferentes.Desta forma, considerando-se apenas o período pleiteado pelo autor, compreendido entre 31/05/2007 a 05/07/2007, nãohavia qualquer tipo de incapacidade laboral do autor, não sendo possível estender o benefício que havia cessado.

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Pelas conclusões apresentadas no laudo pericial, conclui-se pela inexistência de incapacidade (parcial ou total) para oexercício de atividades profissionais que garantam subsistência ao autor durante a época pleiteada. Não tendo sidoapresentado nenhum dado médico-factual que indique existir impossibilidade involuntária do exercício da atividade habitualou peculiaridade relevante que torne tal exercício inexigível ou razoavelmente dispensável.Os documentos médicos particulares juntados pela parte autora não são suficientes para afastar as conclusões da períciamédica judicial, nos termos do Enunciado de n. 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo:O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.Não havendo incapacidade temporária ou permanente, parcial ou total, não há como prosperar o pleito autoral.Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido veiculado na inicial, extinguindo o feito com julgamento de mérito, nostermos do inciso I do art. 269 do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, conforme artigos 55 daLei n.° 9.099/95 c/c art. 1º da Lei n.° 10.259/2001. P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquive-se.”

4. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça às fls. 73, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

86 - 0000079-35.2008.4.02.5002/01 (2008.50.02.000079-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MILENA FERNANDESSALTORI E OUTRO (ADVOGADO: ES015015 - MICHELE LEMOS GONÇALVES, ES007070 - WELITON ROGER ALTOE.)x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.).Processo nº: 0000079-35.2008.4.02.5002/01 (2008.50.02.000079-6/01)Recorrente: MILENA FERNANDES SALTORI E OUTRORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – PEDIDO IMPROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelas sucessoras da parte autora (habilitação às fls. 157) em face de sentençaque julgou improcedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez.Sustentam as recorrentes que a decisão proferida pelo juízo a quo não considerou o conjunto probatório trazido aos autos,baseando-se tão-somente nas conclusões da perícia judicial. Alegam que o resultado da perícia foi contraditório e nãoobservou a incompatibilidade da doença com a atividade profissional do autor. Contrarrazões às fls. 193/195.

2. A perícia médica judicial, às fls. 100/102, diagnosticou baixa acuidade visual (cegueira) no olho esquerdo, devido a lesãocicatrizada na retina. Declarou que existia incapacidade relativa, em virtude da normalidade do olho direito com a correçãode óculos. Em resposta ao pedido de esclarecimentos da parte autora (fls. 117/118), o perito declarou que o autor poderiaexercer normalmente sua função de impressor com a visão monocular. Nesse contexto, o julgado impugnado indeferiu opedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença.

3. O juiz não está adstrito à conclusão do laudo pericial, podendo formar sua convicção com base em outras circunstânciasou fatos comprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC). Contudo, o laudopericial constante dos autos, além de representar um importante elemento de convicção, produzido de maneira eqüidistantedo interesse das partes, não ostenta qualquer tipo de incongruência que justifique o afastamento, pelo julgador, dasconclusões ali inseridas.

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4. Os documentos particulares juntados pelas recorrentes não são suficientes para afastar a conclusão da perícia oficial.Isso porque não demonstram, de forma inequívoca, a existência da incapacidade laborativa indispensável para que tenhalugar a concessão do benefício previdenciário.

5. Ademais, de acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

6. O amparo assistencial, previsto nos artigos 20 e 21 da Lei 8742/93, é assegurado aos idosos (65 anos) e portadores dedeficiência, que comprovem não possuir meios de prover sua própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, o queprovoca, da mesma maneira, a impossibilidade de sua concessão sem que a incapacidade para o trabalho sejadevidamente comprovada.

7. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça à fl. 70, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

87 - 0000943-48.2007.4.02.5054/01 (2007.50.54.000943-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x JOSÉ FRANCISCO DE OLIVEIRA (ADVOGADO:ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.).Processo nº: 0000943-48.2007.4.02.5054/01 (2007.50.54.000943-1/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JOSÉ FRANCISCO DE OLIVEIRAJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – PARCELAS ATRASADAS – ELABORAÇÃO DE CÁLCULOS – SENTENÇAEXTRA PETITA NÃO CONFIGURADA – SENTENÇA CONFIRMADA

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face de sentença que julgou parcialmente procedente o pedido derestabelecimento de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Questiona a referida decisãotão-somente quanto à determinação de juntada dos cálculos dos proventos em atraso pela autarquia previdenciária. Alegatratar-se de decisão extra petita, visto que não houve pedido da parte autora neste sentido, bem como a ausência deprevisão legal que imponha a apresentação dos cálculos de liquidação ao devedor. Contrarrazões às fls. 89/93.

2. Para que seja reconhecida a nulidade da sentença por se tratar de extra petita, necessário que tivesse decidido causadiversa daquela apresentada pela parte demandante. No caso dos autos, o que se constata é que a decisão proferida estáem conformidade com o pedido da parte, portanto, não há que se falar em nulidade.

3. Em vista do sincretismo processual adotado pelo atual regime do Código de Processo Civil, a execução é mera fase domesmo processo. Logo, é de se observar que no interregno entre o trânsito em julgado da sentença e o início da execução,vigora o postulado do impulso oficial, devendo o juiz adotar todas as providências necessárias ao prosseguimento do feito.Somando-se a isto os postulados da celeridade e da economia processual, cabe ao juiz analisar qual é a forma maisadequada para que se ultime a satisfação do direito reconhecido no título judicial transitado em julgado, em ordem asalvaguardar o preceito constitucional atinente à razoável duração do processo.

4. Em se tratando de obrigação de fazer (concessão de benefício previdenciário), pode o juiz, com lastro no disposto no art.461, § 5º, do CPC, até mesmo determinar a terceiros a adoção de providências necessárias à efetivação do direitoreconhecido, podendo, e devendo, por óbvio, determinar ao réu por ele condenado, que adote providências necessárias àsatisfação da pretensão dentro do espaço de tempo mais curto quanto possível.

5. No caso em análise, portanto, está correta a sentença que determina ao INSS a elaboração dos cálculos de liquidação,haja vista o fato de a autarquia previdenciária deter todos os elementos necessários, e portanto, todas as condições depromover a medida de maneira muito mais rápida e segura, prevenindo, inclusive, o desnecessário consumo de tempo deatividade jurisdicional com questionamentos, pelo próprio INSS, quanto à correção dos cálculos eventualmente

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apresentados, até porque a Procuradoria, uma vez intimada para se manifestar sobre os cálculos porventura apresentadospelo credor, de qualquer forma teria que solicitar junto ao setor contábil da autarquia a realização dos cálculos a fim de fazero confronto devido.

6. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

7. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito SantoCONNHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante dojulgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

88 - 0000680-16.2007.4.02.5054/01 (2007.50.54.000680-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x MARILETE KLABUNDE FERRARI (ADVOGADO:ES009962 - CRISTIANO ROSSI CASSARO.).Processo nº: 0000680-16.2007.4.02.5054/01 (2007.50.54.000680-6/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARILETE KLABUNDE FERRARIJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADEPELA PERÍCIA JUDICIAL – PEDIDO PROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido derestabelecimento de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta em suas razõesque a incapacidade da autora é parcial e temporária, não preenchendo os requisitos legais para a concessão deaposentadoria por invalidez. Afirma, ainda, que o benefício deveria ser concedido a partir da juntada do laudo judicial, vistoque foi esta a data de comprovação da incapacidade. Contrarrazões às fls. 184/192.

2. A recorrida exerce atividade profissional de lavradora e conta atualmente com 50 anos de idade. De acordo com a períciade fls. 139/141, a autora está impossibilitada de exercer atividades que exijam longa caminhada e esforço físico. Houvepercepção de auxílio-doença previdenciário nos períodos de 08.03.2006 a 31.03.2006; 29.12.2006 a 10.02.2007 e04.06.2008 a 01.10.2008 (fls. 164 a 166).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

“MARILETE KLABUNDE FERRARI ajuizou ação previdenciária em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL– INSS, pretendendo a concessão do auxílio-doença, bem como a posterior conversão do benefício em aposentadoria porinvalidez.Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei 9099/95.Inexistindo outras questões processuais a analisar, passo ao exame do mérito.Os benefícios pretendidos pela parte autora encontram fundamento legal nos arts. 59 (auxílio-doença) e 42 (aposentadoriapor invalidez) da Lei 8.213/91, e envolvem fatos extraordinários que, de forma não programada, impedem o segurado deexercer parcial ou totalmente suas atividades laborativas.O principal ponto diferenciador entre os benefícios acima citados, no que concerne à sua concessão, é a possibilidade, ounão, do segurado reabilitar-se de doença ou lesão que o afastou de suas atividade laborais. Enquanto no auxílio-doençareconhece-se a chance de reabilitação do segurado, na aposentadoria por invalidez, de acordo com os tratamentosmédicos oferecidos no momento da perícia, não é possível afirmar que o indivíduo poderá um dia recapacitar-se para entãoretornar ao mercado de trabalho.A concessão tanto do auxílio-doença quanto da aposentadoria por invalidez depende da verificação de dois requisitos, quaissejam, o objetivo, por meio do qual se verifica a vigência do vinculo jurídico (filiação) entre o pretendente e a autarquiaprevidenciária pelo período necessário à concessão do benefício (carência) – 12 meses, e o subjetivo, pelo qual se verificao fato incapacitante em si, sua existência, data inicial, se dele adveio incapacidade, a intensidade desta (parcial ou total) e apossibilidade ou não de reabilitação da parte autora.Compulsando-se os autos, verifica-se estar suplantado o requisito objetivo, pois se trata de matéria incontroversa. Isto

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porque, além de a autarquia previdenciária requerida não ter argüido a questão em sede de contestação (vide fls. 68/70), aautora obteve junto à autarquia outros benefícios previdenciários na condição de segurada especial (vide fls. 135/137).Dessa maneira, para a concessão do benefício pleiteado nos autos, resta a demonstração do requisito subjetivo.Conforme alegado na inicial e confirmado por perícia judicial (fls. 117/119), a parte autora possui, há alguns anos,espondilodiscopatia degenerativa lombar, doença degenerativa da coluna cervical que causa intensas dores lombares eimpossibilidade de erguer pesos e exercer atividades laborativas que exijam esforço intenso, razão pela qual deve apaciente se afastar de funções braçais em definitivo. Considerou, porém, o expert, que a incapacidade da autora é definitivae temporária, necessitando de tratamento adequado e fisioterapia.Segundo o perito judicial, a patologia da autora a impede de realizar atividades laborativas no campo. Seria possível, então,reintroduzir a demandante no mercado de trabalho, desde que em atividade na qual não fosse necessário o esforço físico.Contudo de acordo com a realidade da demandante, entendo ser essa reintrodução muito difícil. Conforme se vê dos autos,a autora é trabalhadora rural e, como é cediço, os indivíduos que laboram no meio rural, normalmente não tem acesso auma educação regular, passando toda a vida realizando trabalho braçal.Portanto, entendo que a autora encontra-se excluída do atual mercado de trabalho, não sendo possível a sua reinclusão ematividade não prejudicial à sua saúde.Por fim, considero precipitada a conclusão do perito de que a incapacidade da autora seria temporária, haja vista que adoença que a acomete é degenerativa, tendente a se agravar cada vez mais, especialmente se a autora continuarexercendo a função de lavradora que, por óbvio, exige esforço físico intenso.Ademais, a quantidade de laudos médicos e fisioterápicos trazidos aos autos (fls. 18/41), fazem presumir que o sucesso notratamento da autora depende diretamente da cessação de atividades braçais, no que se conclui que de nada adiantaráafastá-la temporariamente do trabalho e , passado o período de repouso, ela voltar a exercer as mesmas atividades, que,ao que tudo indica, é a única que a autora sabe exercer.Considero, pois, que está suplantado também o requisito subjetivo para a concessão da aposentadoria por invalidez.Por fim, resta estabelecer a data do início do benefício. Tendo em vista a impossibilidade de precisar a data específica emque a doença da autora passou a incapacitá-la, fixo a data do início do benefício no dia seguinte à cessação do últimobenefício recebido: 02/10/2008 (fl. 138), presumindo que a doença degenerativa da autora não obteve qualquer melhoranaquela época, tendo a cessação do benefícios sido equivocada.Considerando que a parte demandante é pessoas de situação financeira precária e tendo em vista a consistência doconjunto probatório apresentado nos autos, tornando verossímeis as alegações trazidas na petição inicial, CONCEDO AANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA para determinar o pagamento imediato do benefício de aposentadoria porinvalidez à parte autora.ISTO POSTO, com fulcro no art. 42 da Lei nº 8.213/91, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido inicial paraconceder a aposentadoria por invalidez à parte autora. Fixo a data do início do benefício o dia 02/10/2008 e a data do iníciodo pagamento o da prolação desta sentença. JULGO EXTINTO O PROCESSO COM RESOLUÇAO DO MÉRITO, tendoem vista o art. 269, inc, I, do CPC.CONDENO o requerido ao pagamento das parcelas vencidas, estas consideradas entre a data do início do benefício e a doinício do pagamento, sobre as quais incidirá correção monetária e juros de mora no valor de 1% (um por cento) ao mês, acontar da citação, até a vigência da Lei nº 11.960/09, quando, então, passarão a ser nos termos do art. 1º F, para posteriorexpedição de RPV. Ressalto que dos valores devidos deverá ser abatido a quantia recebida a título do auxílio-doença nº5307756247.Sem custas e honorários, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.Intime-se o INSS para implantar o benefício concedido, juntando aos autos comprovante de implantação, no prazo de 30(trinta) dias, sob pena de multa-diária, no valor de R$ 100,00 (cem reais).Intime-se, ainda, o INSS para juntar os cálculos das parcelas atrasadas, no prazo de 30 (trinta) dias, caso opte em nãoapresentar recurso da sentença.Após o trânsito em julgado desta sentença, expeça-se o competente ofício requisitório.Por fim, confirmado o pagamento das parcelas atrasadas e observadas as cautelas legais, arquivem-se os autos.P.R.I.”

4. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

5. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honoráriosadvocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

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89 - 0000230-80.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000230-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HERICK DE OLIVEIRAVIEIRA (ADVOGADO: ES000221A - MARIO SERGIO NEMER VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).Processo nº: 0000230-80.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000230-8/01)Recorrente: HERICK DE OLIVEIRA VIEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADETOTAL E DEFINITIVA PELA PERÍCIA JUDICIAL – PEDIDO PROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA.

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou procedente o pedido de concessão de aposentadoria por invalideze pagamento de indenização por danos morais. Sustenta o recorrente que, a decisão recorrida não estabeleceuexpressamente o valor do benefício, alegando que o valor pleiteado (05 salários mínimos) seria indispensável para opagamento das despesas médicas, locomoção e remédios do recorrente. Aponta que o valor fixado a título de danos moraisrepresenta contradição ao que foi reconhecido na sentença. Não foram apresentadas contrarrazões.

2. O recorrente exerce atividade profissional de salva vidas e conta atualmente com 27 anos de idade. O laudo pericial (fls.64/67) diagnosticou acidente vascular cerebral hemorrágico e foi conclusivo no sentido de que o recorrente apresentaincapacidade total e definitiva para qualquer atividade física ou intelectual.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

“Trata-se de ação objetivando concessão de aposentadoria por invalidez e pagamento de indenização por danos morais. OINSS alegou a perda da qualidade de segurado, a ausência de comprovação do preenchimento da carência e a inexistênciade incapacidade para o trabalho.Ratifico a decisão de fl. 58, onde rejeitei a alegação de perda da qualidade de segurado e justifiquei a dispensa da carência.O perito relatou acidente vascular cerebral hemorrágico (AVC) com as seguintes sequelas: hemiparesia à esquerda, ataxiado hemicorpo esquerdo, dificuldade de coordenação motora fina, dificuldade na fala, tremores. O autor locomove-se emcadeira de rodas. Concluiu que há incapacidade definitiva para o trabalho, descartando a possibilidade de reabilitaçãoprofissional. Sendo a incapacidade definitiva e total, o autor faz jus à aposentadoria por invalidez. Aplica-se o art. 42 da Leinº 8.213/91.O autor formulou pedido de concessão de auxílio-doença em 14/10/2008, o qual foi indeferido (fl. 79). O perito examinou oautor em 21/9/2010 (fl.60) e afirmou que o início da incapacidade para o trabalho ocorreu em 15/1/2008 (quesito 12, fl. 67).Assim, na data do requerimento administrativo, o autor encontrava-se incapacitado definitivamente para o trabalho. Tem,pois, direito à aposentadoria por invalidez desde a data de entrada do requerimento administrativo.Considera-se dano moral qualquer dor, sofrimento ou angústia que, fugindo à normalidade do dia-a-dia do homem médio,interfira intensamente no seu equilíbrio psíquico. A recusa do INSS em conceder o benefício previdenciário a quem estáprivado de plenas condições para exercer atividade remunerada acarreta constrangimento e angústia para o segurado, emrazão da presumível impossibilidade de satisfazer as necessidades vitais básicas. Sem poder trabalhar e sem contar com oamparo previdenciário, é verossímil que o autor tenha passado a depender da assistência de parentes para podersobreviver, fato que caracteriza situação de constrangimento, e não mero aborrecimento. Trata-se de dano moral puro, quedispensa comprovação. Não tendo o autor explicado em detalhes a repercussão que a falta de proventos teve na sua vida,arbitro com moderação o valor da indenização, estimando-o em R$ 2.500,00.DispositivoJulgo procedente o pedido, para condenar o INSS a conceder aposentadoria por invalidez com DIB em 14/10/2008 e apagar indenização por dano moral arbitrada em R$ 2.500,00. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito decorreção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à cadernetade poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). O valor doshonorários periciais antecipados à conta de verba orçamentária deverá ser incluído na ordem de pagamento a ser feita emfavor do tribunal (art. 12, § 1º, da Lei nº 10.259/2001).P.R.I.”

4. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

5. Oportuno realçar que, nos termos do art. 29, II da Lei 8.213/1991, o salário-de-benefício da aposentadoria por invalidezdeve ser calculado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitentapor cento de todo o período contributivo.

6. Recurso conhecido e desprovido. Condenação em custas e honorários advocatícios suspensa em razão da gratuidade de

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justiça que ora é deferida, haja vista a disposição do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

90 - 0002962-05.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002962-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x JOSE BATISTA PEREIRA(ADVOGADO: ES009921 - ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS.).Processo nº: 0002962-05.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002962-9/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JOSE BATISTA PEREIRAJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – ACRÉSCIMO DE 25% SOBRE A APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – ASSISTÊNCIAPERMANENTE DE TERCEIROS – NECESSIDADE COMPROVADA NA DATA DA PERÍCIA – SENTENÇA CONFIRMADA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora às fls. 76/78, em razão de sentença que julgou procedente opedido de acréscimo de 25% sobre o valor da aposentadoria por invalidez. Sustenta em suas razões que, a percepção doacréscimo encontra-se, equivocadamente, fixada na data do laudo pericial, visto que necessita de cuidados de terceirosdesde o início de sua aposentadoria. Contrarrazões à fl. 81.

2. O perito judicial, através do laudo de fls. 29/30, diagnosticou cegueira no olho direito causado por glaucoma e seqüela deperda de campo visual importante no olho esquerdo causado pela mesma doença. Concluiu que existe incapacidade totaldefinitiva, bem como a necessidade da assistência de terceiros para deambular em vias públicas. Nesse contexto, o julgadoimpugnado deferiu o pedido inicial, desde a data do laudo pericial.

3. Tendo em vista que foi produzida prova cabal acerca da necessidade de assistência de outra pessoa para as atividadesdiárias, o segurado faz jus ao acréscimo de 25% ao valor do benefício da aposentadoria, conforme preceitua o artigo 45 daLei 8.213/91. Contudo, o médico perito não afirmou a existência de dependência de terceiros em momento anterior à datada perícia. Nestes casos, a data de início do benefício deve ser fixada na data de juntada do laudo pericial aos autos, poissomente nesta data restaria comprovado, de forma inequívoca, o preenchimento dos requisitos exigidos por lei,indispensáveis à concessão do acréscimo pleiteado.

4. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça à fl. 22, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

91 - 0000162-96.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000162-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x IVANETE GAMA ALVES (ADVOGADO: ES009728- JOAO SILVA DE JESUS.).Processo nº: 0000162-96.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000162-0/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: IVANETE GAMA ALVESJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ES

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Relator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAISDO SEGURADO – PEDIDO PARCIALMENTE PROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido derestabelecimento de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta em suas razões aausência de comprovação de incapacidade laborativa, haja vista que as duas perícias judiciais atestaram pela capacidadeda autora. O recorrido não apresentou contrarrazões.

2. A parte autora trabalhava como auxiliar de serviços gerais e conta atualmente com 70 anos de idade. Diagnóstico devisão subnormal em olho esquerdo (fls. 21/27) e artrose dos joelhos e coluna lombar (fls. 60/63).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

“Busca-se nesta demanda o restabelecimento do auxílio-doença cessado 19/08/2010 e sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez, uma vez que a autora tem 68 anos e sofre de baixa acuidade visual e artrose dos joelhos,exercendo atualmente a função do lar.Realizada a perícia médica judicial em duas especialidades às fls. 28-29 e 60-63, foi atestada a capacidade, porém foraressalvada a artrose nos dois joelhos da autora e baixa acuidade visual.Contestação do INSS (fls. 35/40) acompanhada de documentos, alegando a perda da qualidade de segurado da autora em07/2011 e que a autora se encontra capaz para as suas atividades habituais do lar.Passo a decidir.Do auxílio-doençaDe início, registre-se que o auxílio-doença acha-se disciplinado a partir do artigo 59, da Lei nº 8.213/1991, é concedido, emtese, por motivo de incapacidade laboral provisória, por mais de quinze dias. Seu valor corresponde a 91% do salário-de-benefício, nunca inferior ao salário mínimo, nos termos do art. 201, § 2º, da Constituição da República.A doutrina tem a seguinte compreensão sobre a matéria:“O auxílio-doença presume a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. É, assim, benefício concedido em caráterprovisório, enquanto não há conclusão definida sobre as conseqüências da lesão sofrida. O beneficiário será submetido atratamento médico e a processo de reabilitação profissional, devendo comparecer periodicamente à perícia médica (prazonão superior a dois anos), a quem caberá avaliar a situação”(Marcelo Leonardo Tavares; in Direito Previdenciário, 2ª ed., ed. Lumen Juris, Rio, 2000, pg.86).Da aposentadoria por invalidezA aposentadoria por invalidez (art. 42 a 47, da Lei nº 8.213/1991) é benefício previsto para os casos de incapacidadepermanente para qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% (cem por cento) do salário-de-benefício.Ademais, seus segurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que peseo caráter permanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS ocancelamento da aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47, da Lei nº 8.213/1991 c/c art. 70, da Lei nº8.212/1991).Nestes termos, são requisitos para a aposentadoria por invalidez:a) Qualidade de segurado;b) Carência, quando exigida; ec) Incapacidade e insuscetibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência.Ambos os benefícios exigem para a sua concessão a qualidade de segurado e o cumprimento do período de carênciaexigido em lei, diferenciando-se entre si pela permanência ou temporariedade da incapacidade, quando se dará ensejoàquele ou a este benefício, respectivamente.No caso sob exame, o não há controvérsia quando ao cumprimento do período de carência, porém quanto a qualidade desegurado o INSS a questiona. Contudo, afasto a perda da qualidade de segurado, considerando que a presente ação foraproposta em janeiro de 2011, antes de expirar a referida qualidade, pois, a artrose no joelho e a baixa acuidade visual jáexistiam ao tempo da cessação do benefício. E nesse particular, ou seja, a capacidade laborativa autoral, discordo deambas perícias, pois, a autora ao tempo da cessação do benefício já contava com 66 anos, logo, a questão da idade teriaque ser levada em conta para efeitos de reinserção no mercado de trabalho, do contrário o Poder Público age fora dopadrão de razoabilidade.De modo geral as chances no mercado de trabalho são mínimas para pessoas com idade avançada, entendo não serrazoável remeter à autora a fileira de trabalho, uma vez que aos 68 anos e portadora de baixa acuidade visual e artrose dosdois joelhos.Assim sendo, considera a autora incapaz considerando todas as circunstâncias fáticas, sobretudo os seus 68 anos de idadepara decretar a sua aposentadoria por invalidez a partir desta sentença, momento que considero a convicção plena alinhadaa idade avançada da autora.Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS, condenando o Réu a: a) concederaposentadoria por invalidez a partir da presente sentença, momento em que reconheço a incapacidade total e definitiva(14/05/2013);Os elementos probatórios levados em conta na fundamentação e a natureza alimentar do benefício, além do tempodecorrido desde o ajuizamento, demonstram a presença dos requisitos fático-jurídicos necessários à antecipação da tutela.

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Portanto, presentes os requisitos necessários à concessão da medida de urgência, determino, na forma dos artigos 1º e 4ºda Lei nº 10.259/2001 e dos artigos 5º e 6º da Lei nº 9.099/1995, ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS que, noprazo improrrogável de 10 (dez) dias, implante o respectivo benefício.Sem custas e sem verba honorária (art. 55, da Lei 9099/95 c/c artigo 1°, da Lei 10.259/2001).Condeno o INSS ao ressarcimento do valor pago a título de honorários periciais em favor desta Seção Judiciária, nos temosdo art. 12, §1º da lei 10.259/2001.Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões. Vindas essas oucertificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, certifique-se o trânsito em julgado. Com o trânsito em julgado, havendo saldo a pagar expeça-se aRequisição de Pequeno Valor. Após, venham-me os autos para encaminhamento do RPV ao Egrégio Tribunal RegionalFederal da 2º Região.Com a comprovação do depósito e realizadas as comunicações de estilo, desde que não haja manifestação desfavorável,arquivem-se os autos, com as baixas e anotações de praxe.P.R.Intimem-se.”

4. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

5. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honoráriosadvocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

92 - 0004176-60.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004176-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OZORILHIA GONÇALVESPULHIEZE (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº: 0004176-60.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004176-4/01)Recorrente: OZORILHIA GONÇALVES PULHIEZERecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADEPARCIAL PELA PERÍCIA JUDICIAL – PEDIDO IMPROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA.

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido de concessão deauxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. O recorrente alega preencher os requisitos para aconcessão do benefício de aposentadoria por invalidez, haja vista que, as doenças que o acometem, somadas à sua idade,grau de instrução e condições socioeconômicas, o incapacitam total e permanentemente para o trabalho. Não foramapresentadas contrarrazões.

2. O recorrente (falecido em 02/07/2012) exercia atividade profissional de pedreiro e contava com 52 anos de idade. Aperícia de fls. 83/84, diagnosticou quadro de espondilodiscopatia lombar com hérnias, constatando incapacidade parcial edefinitiva para a atividade de pedreiro. Houve percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 20/07/2007 a31/08/2008 (fls. 54).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

“Dispensado o relatório, na forma do artigo 38 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicado, nos termos do artigo 1º da Lei10.259/2001.Trata-se de ação previdenciária proposta por ANTÔNIO PINHEIRO DOS SANTOS em face do INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSS, através da qual almeja a concessão do benefício auxílio-doença, bem como sua posterior

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conversão em aposentadoria por invalidez.Na inicial, o autor, que exerce a função de pedreiro e conta atualmente com a idade de 51 anos, alega que possui “hérniade disco lombar, lombociatalgia (CID10 G55.1) e dorsalgia (CID10 M54), apresentando lesões graves na coluna”.De acordo com os dados extraídos do sistema DATAPREV, o autor recebeu o benefício de auxílio-doença no período de11/06/2007 a 19/07/2007 (NB 520.825.547-9), diagnóstico dorsalgia (CID10 M54) e em 20/07/2007 a 31/08/2008 (NB521.287.442-0), diagnóstico lumbago com ciática (CID10 M544). Contudo, teve indeferidos, por parecer contrário da períciamédica, os requerimentos formulados em 02/10/2008 (NB 532.436.999-0), em 03/03/2009 (NB 534.538.108-5) e em15/07/2009 (NB 536.427.034-0).Os laudos médicos particulares apresentados pela autora (fls. 16/38) elencaram a doença sofrida e constataram aincapacidade laborativa.È cediço que para o recebimento da aposentadoria por invalidez mister se faz que o demandante atenda aos requisitoslegais ditados pelo art. 42 da Lei n.º 8.213/90, quais sejam: ostente a qual idade de segurado, atenda a carência de 12contribuições mensais e tenha constatada a incapacidade total e permanente para o exercício de atividade profissional quelhe garanta a subsistência com insuscetibilidade de reabilitação. Já em relação ao benefício auxílio-doença, a únicadiferença relaciona-se ao último requisito, uma vez que o art. 59 da Lei n.º 8.213/90 exige que o postulante estejaincapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.Cabe destacar que inexiste discussão nos autos em relação ao fato da parte autora ostentar a qual idade de seguradaespecial da Previdência Social, bem como preencher a carência mínima exigida em lei para os benefícios em tela.Com relação ao requisito da incapacidade, tal verificação ficou a cargo da perícia judicial, cujo laudo encontra-se às fls.83/84 e esclarecimentos às fls. 105 dos autos. Pelas conclusões apresentadas no laudo, restou constatado pelo perito queo autor é portador de quadro de espondilodiscopatia lombar com hérnias entre L3-L4 e L-4 e L-5, doença de origemdegenerativa e causa de atual incapacidade laborativa para sua função de pedreiro, uma vez que apresenta limitação daflexão da coluna lombar, podendo ser reabilitado para atividades que não necessitem de carregar e levantar peso(respostas aos quesitos 1, 2, 4, 6 e 12).Quanto à presença de incapacidade laborativa à época da cessação administrativa do benefício, o perito afirma que noexame de RNM datado de 07/2007 havia diagnóstico de hérnias discais lombares e que estas desencadeiam crises mais oumenos graves, com dor lombar, e em sua maioria desencadeada após esforço físico como carregar e levantar peso,permanecer em posições de sobrecarga da região lombar, atividades normalmente executadas na função de pedreiro.Sendo assim, vislumbra-se que a profissão habitual do autor ultrapassa os l imites impostos pelo médico perito.Dessa forma, observa-se que o autor não se encontra apto para realizar suas funções habituais. A Lei 8.213/91, antevendosituações em que fosse impossível a recuperação para a atividade habitual, como é o caso da parte autora, determinou queo segurado se submetesse à reabilitação profissional: “Ar t. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível derecuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício deoutra atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhegaranta a subsistência ou, quando considerado não-recuperável , for aposentado por invalidez.”Assim, sabendo-se que o autor necessita ser reabilitada para o desempenho de outras atividades que condigam com suapatologia e as limitações por ela impostas, deverá a Autarquia-ré proporcionar um processo de reabilitação profissional, afim de possibilitar sua habilitação para o desempenho de outra atividade laboral que lhe garanta a subsistência.Desta forma, nota-se a presença dos requisitos legais exigidos para a concessão do auxílio-doença, até a reabilitação paraoutra atividade.Assim, de acordo com o laudo pericial, estão presentes os requisitos para a concessão do benefício auxílio-doença a partirde 31/08/2008, data da cessação indevida do benefício. De outro lado, não procede o pedido de aposentadoria porinvalidez, vez que não constatada a existência de incapacidade total e definitiva para o trabalho.Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO, para condenar o INSS a pagar à parte autora obenefício de auxílio-doença a partir de 31/08/2008 até a sua efetiva reabilitação profissional.Incidentalmente, CONCEDO A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, nos termos do art. 4º da Lei n.º 10.259/01,tendo em vista o caráter alimentar, para que seja implementado o benefício no prazo de 30 (trinta) dias, devendo o INSS serintimado para proceder ao cumprimento, devendo comprovar nos autos o atendimento da presente determinação judicial nomesmo prazo.CONDENO o INSS, ainda, ao pagamento das parcelas vencidas, corrigidas conforme os índices oficiais de remuneraçãobásica e juros apl icados à caderneta de poupança, devendo ser respeitado o teto fixado para este Juizado e a prescriçãoqüinqüenal.Sem honorários advocatícios e custas judiciais na forma do art . 55 da Lei n.º 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei n.º 10.259/01.P.R.I.”

4. Sem razão a recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça às fls. 74, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

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Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

93 - 0100460-62.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100460-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x VALDIR DA CRUZ (ADVOGADO:ES006866 - VERA LUCIA ANDRADE BERTOCCHI.).Processo nº: 0100460-62.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100460-7/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: VALDIR DA CRUZJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADEPARCIAL E DEFINITIVA PELA PERÍCIA JUDICIAL – PEDIDO PROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de restabelecimento deauxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Afirma que o recorrido não comprovou aincapacidade total e definitiva para o exercício de qualquer atividade laboral, havendo possibilidade de reabilitaçãoprofissional e reinserção do autor no mercado de trabalho. Contrarrazões às fls. 100/107.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

“Sem relatório por força do art. 38 da Lei nº 9.099/95.Trata-se de ação previdenciária movida por VALDIR DA CRUZ em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL– INSS, através da qual almeja a parte autora o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, bem como posteriorconversão em aposentadoria por invalidez.Na inicial, o autor, carpinteiro, que conta atualmente com 65 anos de idade, alega ser portador de “hérnia inguinal e hérniaabdominal”.O autor recebeu o benefício de auxílio-doença pelo período de 12/10/2007 a 30/11/2007 (NB 522.306.350-0), 13/05/2008 a30/05/2010 (NB 530.415.284-7) e de 27/07/2011 a 15/06/2012 (NB 547.159.509-9).Para o recebimento da aposentadoria por invalidez, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditadospelo art. 42 da Lei n.º 8.213/90, quais sejam: ostente a qualidade de segurado, atenda a carência de 12 contribuiçõesmensais e tenha constatada a incapacidade total e permanente para o exercício de atividade profissional que lhe garanta asubsistência com insuscetibilidade de reabilitação. Já em relação ao benefício auxílio-doença, a única diferençarelaciona-se ao último requisito, uma vez que o art. 59 da Lei nº. 8.213/90 exige que o postulante esteja incapacitado para oseu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.Com relação ao requisito da incapacidade, tal verificação ficou a cargo da perícia judicial, cujo laudo encontra-se às fls.62/63. O perito constatou que o autor apresenta “cicatriz fibrosada em hipocôndrio direito devido à colocação de uma tela deMarlex para correção de hérnia incisional subcostal direita”. A origem da lesão estaria na complicação cirúrgica paracolecistectomia, que resultou em uma hérnia incisional.Desse modo, o laudo pericial concluiu pela incapacidade parcial e definitiva do autor, tendo esta surgido 08 (oito) mesesapós a cirurgia para retirada de vesícula, com possibilidade de reabilitação profissional. No entanto, o autor está limitado aatividades que não envolvam pegar peso, em razão das complicações da colecistectomia.Assim, tendo em vista que o autor já apresenta idade avançada (65 anos) e que sua incapacidade restringe de formaexpressiva a possibilidade de reabilitação, torna-se improvável seu retorno ao mercado de trabalho, razão pela qual entendoque o autor está incapacitado total e definitivamente para o exercício de atividades que garantam seu sustento.Nesse sentido tem entendido a jurisprudência, conforme acórdão que segue:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU AUXÍLIO DOENÇA. INCAPACIDADE PARCIAL EPERMANENTE. QUALIDADE DE SEGURADO. CARÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE REINGRESSO NOMERCADO DE TRABALHO. A incapacidade parcial e definitiva ao labor dá ensejo ao benefício se, cotejada com outrosfatores, tais como a natureza da patologia e condições sócio-econômicas, concluir-se pela impossibilidade de reingresso dorequerente no mercado de trabalho. (TRF3ªR, AC nº 2000.61.13.000328-2/SP, 8ª Turma, Rel. Juíza Therezinha Cazerta,DJU de 11/03/2004, pág. 389)

Considerando, por conseguinte, as circunstâncias que apontam para a incapacidade total e definitiva do autor, fixo a DIB dobenefício ora deferido em 16/06/2012, data em que cessou o último benefício e que o mesmo já apresentava suaincapacidade, conforme perícia médica.Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, para condenar o INSS a conceder ao autor VALDIR DA CRUZ obenefício de aposentadoria por invalidez com DIB em 16/06/2012. Ressalto que deverão ser deduzidas eventuais parcelas

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já pagas administrativamente à parte autora a título de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez no mesmo período.Incidentalmente, CONCEDO A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, nos termos do art. 4º da Lei n.º 10.259/01,tendo em vista o caráter alimentar, para que seja implementado o benefício no prazo de 30 (trinta) dias, devendo o INSS serintimado para proceder ao cumprimento, devendo comprovar nos autos o atendimento da presente determinação judicial nomesmo prazo.CONDENO o INSS, ainda, ao pagamento das parcelas vencidas, corrigidas conforme os índices oficiais de remuneraçãobásica e juros aplicados à caderneta de poupança, devendo ser respeitado o teto fixado para este Juizado e a prescriçãoquinquenal.Sem honorários advocatícios e custas judiciais na forma do art. 55 da Lei n.º 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei n.º 10.259/01.P.R.I.”

3. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

4. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honoráriosadvocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

94 - 0002919-68.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002919-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILBERTO DIAS DO VALE(ADVOGADO: ES010569 - LUIS FILIPE MARQUES PORTO SA PINTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo nº: 0002919-68.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002919-8/01)Recorrente: GILBERTO DIAS DO VALERecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – ACRÉSCIMO DE 25% NO VALOR DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – NECESSIDADE DEASSISTÊNCIA PERMANENTE DE TERCEIROS – PEDIDO PARCIALMENTE PROCEDENTE – SENTENÇACONFIRMADA.

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido de acréscimo de 25% em seubenefício de aposentadoria por invalidez, desde a concessão administrativa (29/11/2002). Sustenta o recorrente que, anecessidade de assistência permanente de terceiro existia muito antes da data da perícia médica judicial. Contrarrazões àsfls. 89/92.

2. O recorrente exercia atividade profissional de auxiliar de mecânico e conta atualmente com 42 anos de idade. De acordocom a perícia de fls. 59/61, possui cegueira em ambos os olhos, dependendo permanentemente de terceiros. Recebebenefício de Aposentadoria por Invalidez desde 29/11/2002 (fl. 13).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

“Busca-se nesta demanda o acréscimo de 25% em seu benefício de aposentadoria por invalidez, desde a concessãoadministrativa (29/11/2002).Decido.Da aposentadoria por invalidezA aposentadoria por invalidez (art. 42 a 47, da Lei 8.213/91) é benefício previsto para os casos de incapacidade permanentepara qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% (cem por cento) do salário-de-benefício. Ademais, seussegurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que pese o caráterpermanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS o cancelamentoda aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47, da Lei 8.213/91 c/c art. 70, da lei 8.212/91).Nestes termos, são requisitos para a aposentadoria por invalidez:a) Qualidade de segurado;b) Carência, quando exigida; e

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c) incapacidade e insuscetibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência.Quanto ao pedido de acréscimo de 25% sobre seu benefício de aposentadoria por invalidez, o art. 45, da lei 8.213/91, oassegura ao beneficiário quando depender permanentemente da assistência de outra pessoa. Esse acréscimo será devidoainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal. Assim dispõe a lei:Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa seráacrescido de 25% (vinte e cinco por cento).Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal;b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado;c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão.Esse tem sido o entendimento dos nossos tribunais:“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ACRÉSCIMO DE 25% DO VALOR DA APOSENTADORIA.ART. 45 DA LEI 8.213/91. POSSIBILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. VERBA HONORÁRIA:EXCLUSÃO DAS PARCELAS VINCENDAS. PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO QUINQUENAL REJEITADA.1. Ainda não transcorrido o lapso temporal, não há que se falar em prescrição. Preliminar rejeitada. 2. Comprovada aincapacidade da autora para as atividades da vida diária (Item 9 do Anexo I do Decreto 3.048/99) e a necessidadepermanente de assistência de outra pessoa (art. 45 da Lei 8.213/91), a suplicante faz jus ao acréscimo de 25%, (vinte ecinco por cento) no valor mensal de sua aposentadoria por invalidez. 3. O acréscimo de 25% será devido ainda que o valorda aposentadoria atinja o limite legal (art. 45, parágrafo único, alínea “a”, da Lei 8.213/91). 4. A correção monetária deve sercalculada de acordo com a lei 6.899/81, a partir do vencimento de cada parcela, nos termos das Súmulas 43 e 148 do STJ.5. A Primeira Seção da Corte firmou entendimento majoritário no sentido de que os juros de mora são devidos nopercentual de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação (TRF 1ª Região, 1ª Seção, AR 2002.01.00.020011-0/MG, j. aos07.10.2003). 6. Nas ações previdenciárias, os honorários de advogado devem incidir apenas sobre as parcelas vencidas atéa prolação da sentença (Súmula 111 do STJ). 7. Na Justiça Federal de Primeiro e Segundo Graus, a União, os Estados, osMunicípios, o Distrito Federal e as respectivas e fundações estão isentos do pagamento de custas (Lei 9.289//96 art. 4º, I).8. Apelação e remessa oficial a que se dá parcial provimento. (TRF 1ª Região, Rel. ANTÔNIO SÁVIO DE OLIVEIRACHAVES, Processo: 200138000255711, DJ DATA: 23/1/2006, p. 26)”Pela perícia judicial realizada, (fls. 30 e 52-55), ficou constatado que o autor possui cegueira irreversível em ambos osolhos, sendo dependente do auxílio de terceiro para os atos do cotidiano. Assim, faz jus ao referido acréscimo a partir daperícia judicial realizada em 07/04/2009, fl. 22, já que, tal constatação somente ocorreu a partir daquele ato, bem como nãoter havido requerimento administrativo neste sentido quando de seu requerimento ou conversão em aposentadoria porinvalidez.Nesse sentido, o seguinte aresto:EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ACRÉSCIMO DE 25% POR NECESSIDADE DEASSISTÊNCIA PERMANENTE DEVIDO DESDE A DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. ART. 45 DA LEI8213/91. 1- O adicional de 25% previsto no art. 45 da lei nº 8213/91, se não foi postulado na época da concessão dobenefício de Aposentadoria por Invalidez, é devido a partir do requerimento administrativo, tendo em vista a necessidade decomprovação da efetiva necessidade da assistência permanente de terceiros, como bem decidiu a Turma recursal. 2. –Precedentes jurisprudenciais. 3 – Indevidos honorários advocatícios, em face da concessão dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita. (PEDILEF 200470950080428, JUÍZA FEDERAL SÔNIA DINIZ VIANA, TNU – Turma nacional deUniformização, DJU 15/03/2006).Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido, condenando o INSS a:a) conceder ao Autor o acréscimo de 25% em seu benefício de aposentadoria por invalidez, de acordo com o art. 45 da lei8.213/91, a partir de 07/04/2009;b) pagar ao autor as diferenças das parcelas atrasadas.Sem custas e sem verba honorária (art. 55 da Lei 9099/95 c/c artigo 1º da Lei 10259/2001).Condeno o INSS ao ressarcimento do valor pago a título de honorários periciais em favor desta Seção Judiciária, nostermos do art. 12, §1º da lei 10259/2001.Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões. Vindas essas oucertificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, certifique-se o trânsito em julgado. Com o trânsito em julgado, expeça-se a Requisição de PequenoValor. Após, venham-me os autos para encaminhamento do RPV ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 2ª Região.Com a comprovação do depósito e realizadas as comunicações de estilo, desde que não haja manifestação desfavorável,arquivem-se os autos, com as baixas e anotações de praxe.P.R.Intimem-se.”

4. Sem razão O recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento dagratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

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GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

95 - 0000487-71.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000487-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x JORCELINO INACIO DE OLIVEIRA.Processo nº: 0000487-71.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000487-5/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JORCELINO INACIO DE OLIVEIRAJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PROCESSO CIVIL – ARTIGO 5º DA LEI 11.960/2009 –INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL – CONDENAÇÃO DAFAZENDA PÚBLICA EM MATÉRIA PREVIDENCÁRIA - CORREÇÃO MONETÁRIA – APLICAÇÃO DO INPC – JUROS –SUBSISTENCIA DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/97

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS com a finalidade de questionar os juros de mora fixados na sentença que julgouprocedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria porinvalidez, determinando que os atrasados sejam corrigidos monetariamente pelo INPC a contar da data em que devidos,bem como serem acrescidos de juros de 1% ao mês, a partir da citação.

2. O INSS não questionou, em seu recurso, a conclusão do MM Juiz sentenciante quanto à presença dos requisitosnecessários à concessão do benefício previdenciário, insurgindo-se apenas e tão-somente quanto ao critério de correçãomonetária e a fixação dos juros de mora incidentes sobre as parcelas atrasadas.

3. De acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, a decisão do STF no sentido dadeclaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas etão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros.

4. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.43-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado, cuja ementa é a seguinte:

EmentaEMEN: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. ARTIGO 5º DA LEI 11.960/2009. NATUREZA PROCESSUAL.APLICAÇÃO IMEDIATA AO PROCESSO EM CURSO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE INCONSTITUCIONALIDADE.REPRISTINAÇÃO DA NORMA ANTERIOR. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA PARA REAJUSTE DE BENEFÍCIOSPREVIDENCIÁRIOS E PARCELAS PAGAS EM ATRASO. APLICAÇÃO DO INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91.SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. 1. A Corte Especial, ao apreciar o REsp 1.205.946/SP, pelo ritoprevisto no artigo 543-C do Código de Processo Civil, assentou a compreensão de que as alterações do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, introduzidas pela Lei 11.960/2009 têm aplicação imediata aos processos em curso, incidindo o princípio dotempus regit actum. 2. O Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Brito, declarou ainconstitucionalidade parcial por arrastamento do art. 5º da Lei 11.960/2009. 3. Na esteira desse precedente, a PrimeiraSeção desta Corte, ao julgar o REsp 1.270.439/PR, sob a relatoria do Ministro Castro Meira, DJe de 2/8/2012, firmou oentendimento de que a referida declaração parcial de inconstitucionalidade diz respeito ao critério de correção monetáriaprevisto no artigo 5º da Lei 11.960/2009, mantida a eficácia do dispositivo relativamente ao cálculo dos juros de mora, àexceção das dívidas de natureza tributária. 4. Assim, ficou estabelecido que na atualização das dívidas fazendárias devemser utilizados critérios que expressem a real desvalorização da moeda, afastada a aplicação dos índices de remuneraçãobásica da caderneta de poupança. 5. Em relação a parcelas inerentes a benefício previdenciário, a controvérsia já foi alvode discussão pela Primeira Turma deste Tribunal que, ao julgar o REsp 1.272.239/PR, da relatoria do Ministro AriPargendler, DJe 1º/10/2013, concluiu que, com a declaração parcial de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009,o INPC volta a ser o indexador aplicável para fins de correção monetária, por força do que dispõe o art. 41-A da Lei8.213/91. 6. A pendência de publicação do acórdão proferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo,afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei 11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito.Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 7. Agravo regimental a que se nega provimento.(Processo AGRESP 201101544260 AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013)

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5. Recurso conhecido e provido em parte, apenas para determinar a aplicação do art. 1º-F da Lei n 9.494/97, com aredação dada pela Lei nº 11.960/09, por ocasião do cálculo dos juros incidentes sobre os valores atrasados.

6. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 04 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, haja vista que o recorrido decaiu deparcela mínima do pedido (art. 21, parágrafo único, do Código de Processo Civil).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a eledar parcial provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

96 - 0001983-06.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001983-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOVANIL SIMOES FERREIRA(ADVOGADO: ES006709 - ILZA RODRIGUES DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO.).Processo nº: 0001983-06.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001983-2/01)Recorrente: JOVANIL SIMOES FERREIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADEPELA PERÍCIA JUDICIAL – PEDIDO PARCIALMENTE PROCEDENTE – SENTENÇA REFORMADA

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido de restabelecimento dobenefício de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que, em razão dasdoenças que o acometem, não tem condições de desempenhar suas atividades laborativas habituais. Alega aimpossibilidade de sua reabilitação para o exercício de outra atividade profissional, haja vista tratar-se de pessoa analfabetae com idade relativamente avançada. Contrarrazões às fls. 144/146.

2. A perícia médica judicial, à fl. 67, constatou que o autor é portador de hérnia incisional e hérnia inguinal recidivada,concluindo que o periciando encontra-se parcial e temporariamente incapacitado para o exercício de suas atividadeshabituais. Declarou que o recorrente poderia realizar atividades que não exijam esforço físico, bem como a possibilidade decura, desde que submetido a cirurgia reparadora. Tendo em vista o caráter temporário da incapacidade, o julgadoimpugnado concedeu apenas o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença.

3. É perfeitamente possível que em situações peculiares o trabalhador passe a usufruir da aposentadoria por invalidez aindaque não completamente incapacitado para toda e qualquer profissão, em razão de suas condições pessoais. No casoconcreto, seria improvável a reinserção do segurado no concorrido mercado de trabalho, para iniciar uma nova atividadeprofissional, tendo em vista as limitações impostas pela moléstia incapacitante, idade avançada e o fato de ser analfabeto.Cumpre observar que, a possibilidade de tratamento da sequela incapacitante mediante procedimento cirúrgico não obsta aconcessão do benefício. Ademais, o art. 101 da Lei 8213/91 expressamente faculta ao segurado a realização do tratamentosugerido, não se lhe podendo exigir que se submeta à cirurgia como condição de aferição da sua incapacidade.

4. Ante o exposto, dá-se provimento ao recurso, no sentido de converter o benefício de auxílio-doença em aposentadoriapor invalidez, a contar da juntada do laudo pericial aos autos. Esclarece-se que o auxílio-doença é devido até o dia daconversão, abatendo-se os valores eventualmente percebidos após aquela data.

5. Sem custas. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil).ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º Relator

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Assinado eletronicamente

97 - 0006941-72.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006941-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x JESSICA VITORIA SOARESRUBIM CHAVES (ADVOGADO: ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).Processo nº: 0006941-72.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006941-0/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JESSICA VITORIA SOARES RUBIM CHAVESJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

PROCESSO CIVIL – ARTIGO 5º DA LEI 11.960/2009 –INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL – JUROS – SUBSISTENCIADO ART. 1º-F DA LEI 9.494/97 – RECURSO PROVIDO – REFORMA PARCIAL

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS com a finalidade de questionar, tão-somente, a correção monetária e os jurosde mora fixados em 1 % ao mês, na sentença que julgou procedente o pedido de revisão de RMI de benefícioprevidenciário na forma dos art. 29, II da lei 8.213/91.

2. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.43-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente do STJ, a seguir:

EMEN: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. ARTIGO 5º DA LEI 11.960/2009. NATUREZA PROCESSUAL.APLICAÇÃO IMEDIATA AO PROCESSO EM CURSO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE INCONSTITUCIONALIDADE.REPRISTINAÇÃO DA NORMA ANTERIOR. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA PARA REAJUSTE DE BENEFÍCIOSPREVIDENCIÁRIOS E PARCELAS PAGAS EM ATRASO. APLICAÇÃO DO INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91.SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. 1. A Corte Especial, ao apreciar o REsp 1.205.946/SP, pelo ritoprevisto no artigo 543-C do Código de Processo Civil, assentou a compreensão de que as alterações do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, introduzidas pela Lei 11.960/2009 têm aplicação imediata aos processos em curso, incidindo o princípio dotempus regit actum. 2. O Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Brito, declarou ainconstitucionalidade parcial por arrastamento do art. 5º da Lei 11.960/2009. 3. Na esteira desse precedente, a PrimeiraSeção desta Corte, ao julgar o REsp 1.270.439/PR, sob a relatoria do Ministro Castro Meira, DJe de 2/8/2012, firmou oentendimento de que a referida declaração parcial de inconstitucionalidade diz respeito ao critério de correção monetáriaprevisto no artigo 5º da Lei 11.960/2009, mantida a eficácia do dispositivo relativamente ao cálculo dos juros de mora, àexceção das dívidas de natureza tributária. 4. Assim, ficou estabelecido que na atualização das dívidas fazendárias devemser utilizados critérios que expressem a real desvalorização da moeda, afastada a aplicação dos índices de remuneraçãobásica da caderneta de poupança. 5. Em relação a parcelas inerentes a benefício previdenciário, a controvérsia já foi alvode discussão pela Primeira Turma deste Tribunal que, ao julgar o REsp 1.272.239/PR, da relatoria do Ministro AriPargendler, DJe 1º/10/2013, concluiu que, com a declaração parcial de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009,o INPC volta a ser o indexador aplicável para fins de correção monetária, por força do que dispõe o art. 41-A da Lei8.213/91. 6. A pendência de publicação do acórdão proferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo,afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei 11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito.Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 7. Agravo regimental a que se nega provimento.(Processo AGRESP 201101544260 AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013)

3. Recurso do INSS provido. Sentença reformada para determinar a aplicação do art. 1º-F da Lei n 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei nº 11.960/09, por ocasião do cálculo dos juros incidentes sobre os valores atrasados.

4. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 04 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, haja vista que o recorrido decaiu deparcela mínima do pedido (art. 21, parágrafo único, do Código de Processo Civil).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a eledar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

98 - 0001469-53.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001469-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x CONCEIÇÃO VARGAS DE SOUZA(ADVOGADO: ES012692 - LUIZ FELIPE MANTOVANELI FERREIRA.).Processo nº: 0001469-53.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001469-0/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: CONCEIÇÃO VARGAS DE SOUZAJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE BENEFÍCIO – RMI (OTN/ORTN) – PRAZO DECADENCIAL – TERMO INICIAL –CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DERIVADO – DECADÊNCIA AFASTADA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença que julgou procedente o pedido autoral,condenando o réu a revisar a renda mensal inicial do benefício da parte autora. Aduz que a recorrida pleiteia, por viaindireta, a revisão da aposentadoria do de cujus, que foi concedida há mais de dez anos do ajuizamento da presente ação,para que possa receber o valor de sua pensão decorrente dessa revisão. Contrarrazões às fls. 71/80.

2. Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, no julgamento do PEDILEF200972540039637, entendeu que existe prazo decadencial autônomo, diferenciado, relativo ao direito de revisão de pensãopor morte derivada de aposentadoria, conforme aresto transcrito a seguir:

EMENTA/VOTO PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. PRESENÇA DE SIMILITUDEFÁTICO-JURÍDICA E DE DIVERGÊNCIA ENTRE OS JULGADOS CONFRONTADOS. PROVIMENTO. ENFRENTAMENTODO MÉRITO DO INCIDENTE DEUNIFORMIZAÇÃO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. PENSÃO POR MORTE DERIVADADEAPOSENTADORIA. DECADÊNCIA. CÔMPUTO DO PRAZO APLICÁVEL. INCIDENTE IMPROVIDO.5. Considero que a pensão por morte e a aposentadoria da qual deriva são, de fato, benefícios atrelados por força docritério de cálculo de ambos, tão-somente. Mas são benefícios autônomos, titularizados por pessoas diversas que, de formaindependente, possuem o direito de requerer a revisão de cada um deles, ainda que através de sucessores (pois a pensãopor morte pressupõe, logicamente, o falecimento de seu instituidor). Certo que os sucessores de segurado já falecidopodem requerer, judicialmente, o reconhecimento de parcelas que seriam devidas àquele por força de incorreto cálculo deseu benefício. Mas não é este o tema discutido nestes autos, já que a autora não postulou diferenças sobre a aposentadoriade seu falecido marido, mas tão-somente diferenças sobre a pensão por morte que percebe. 6. Considero que existe adecadência do direito de revisão da aposentadoria propriamente dita, concedida ao falecido esposo da autora em 1983,tema, como já dito, suspenso por repercussão geral (benefício concedido antes de 1997); e considero que existe prazoautônomo, diferenciado, relativo ao direito de revisão da pensão por morte percebida pela autora, que lhe foi concedida em14/09/1998, quando já vigente, no ordenamento jurídico, a regra da decadência do direito à revisão de benefícioprevidenciário.

3. No caso dos autos, o benefício de pensão por morte foi concedido em 28/08/2008 (fl. 27) e a ação revisional foi ajuizadaem 27/07/2009, pelo que resta concluir que não se operou a decadência do direito à revisão, nos termos do art.103, caput,da Lei nº 8.213/91.4. No mérito, propriamente dito, a questão versada na presente ação diz respeito à aplicação do disposto no art. 1º, caput,da Lei nº 6.423, de 17 de junho de 1977. Referido dispositivo procedeu, à época, à vinculação da atualização monetária, emtodas as obrigações pecuniárias, à variação nominal da ORTN, ressalvando apenas os reajustamentos aplicados aosbenefícios previdenciários de valor mínimo, aos salários das categorias profissionais e às correções contratualmenteprefixadas nas operações de instituições financeiras.5. Dessa forma, os salários-de-contribuição integrantes do cálculo dos salários-de-benefício deveriam ser atualizados emconformidade com a ORTN, perdendo vigência a regra do art. 3º, § 1º, da Lei nº 5.890/73, na parte em que determinava aaplicação dos coeficientes de reajustamento estabelecidos pelo então Ministério do Trabalho e Previdência Social.6. Nesse sentido:PREVIDENCIÁRIO. Revisão. Salário-de-contribuição. Atualização. Benefício anterior à CF/88. Lei nº 6.423/77. Variaçãonominal da ORTN/OTN. Aplicação. Benefícios concedidos após a CF/88 e antes da vigência da Lei n.º 8.213/91. Cálculo.Renda mensal inicial. Constituição Federal, art. 202. Auto-aplicabilidade. Expurgos inflacionários. Inclusão. Indevida. - OSupremo Tribunal Federal, por decisão plenária, interpretando o artigo 202 da Carta Magna, que estabelece a fórmula docálculo do valor inicial da aposentadoria previdenciária pela média dos trinta e seis últimos salários de contribuição,proclamou o entendimento de que seu comando requer normatização infraconstitucional mediante a elaboração dos Planosde Benefício e Custeio da Previdência Social para ser aplicado. - O Superior Tribunal de Justiça tem prestigiado a tese deque, no regime anterior à Lei nº 8.213/91, os salários-de-contribuição anteriores aos últimos doze meses, para efeito decálculo de aposentadoria por idade ou por tempo de serviço, devem ser corrigidos pelo índice de variação nominal daORTN/OTN (REsp 57.715-2/SP, Rel. Min. Costa Lima, in DJ de 06.03.1995). - Descabe a inclusão dos expurgosinflacionários na atualização dos salários-de-contribuição, para fins de cálculo da renda mensal inicial do benefício,devendo-se aplicar o índice previsto na legislação pertinente.- Recurso especial parcialmente conhecido e nesta extensão

�provido. (RESP 199900365860, VICENTE LEAL, STJ - SEXTA TURMA, 15/05/2000)7. Uma vez que o benefício originário foi concedido anteriormente à Constituição Federal de 1988 (fl. 15), faz jus a autora à

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atualização dos 24 salários-de-contribuição anteriores aos 12 últimos utilizados para a concessão, com base no índice devariação da ORTN/OTN.

8. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de1996. Honorários advocatícios devidos pelo recorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

99 - 0006396-31.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006396-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIANA MARIA BARROSSIQUEIRA (ADVOGADO: RJ155930 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº: 0006396-31.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006396-6/01)Recorrente: ELIANA MARIA BARROS SIQUEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº 8.213/1991 –PEDIDO IMPROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em razão da sentença (fls. 23/24) que julgou improcedente opedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991,com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999. Sustenta em suas razões, que sofreu prejuízos com o cálculo da RMI de suaaposentadoria, portanto tem direito à revisão para que seja sanada a ilegalidade cometida pelo recorrido, quando daconcessão do benefício. Contrarrazões apresentadas às fls. 37/39.

2. Para o cálculo do salário-de-benefício, deve ser utilizada a média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo período contributivo, nos moldes do artigo 29, II, daLei n. 8.213/91, com a nova redação trazida pela Lei n. 9.876/99, não se aplicando o disposto no art. 32, § 20, do Decreto n.3.048/99, já revogado pelo Decreto n. 6.939/09, que previa que "Nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria porinvalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta e quatro contribuições mensais no período contributivo, osalário-de-benefício corresponderá à soma dos salários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

3. Ocorre que, no caso concreto, acha-se demonstrado às fls. 16/21, que o cálculo do salário-de-benefício da recorrenteestá em conformidade com o estabelecido no art. 29, II, da Lei 8.213/91.

4. Não merece reparo, portanto, a sentença, devendo ser mantida pelos próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/1995,extensível aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

100 - 0005855-95.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005855-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x JOSÉ EUSTÁQUIO DO ROZARIO(ADVOGADO: ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x OS MESMOS.

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Processo nº: 0005855-95.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005855-7/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E OUTRORecorrido: OS MESMOSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. CRONOGRAMA DECUMPRIMENTO DA SENTENÇA DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. INTERESSE DE AGIR.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão de benefícioprevidenciário, nos termos do artigo 29, inciso II, da Lei 8.213/91. Alega inexistência de interesse de agir, uma vez que, atonormativo interno obriga todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão dos benefícios de auxílio-doença eaposentadoria por invalidez.2. A parte autora também interpôs recursos às fls. 59/61.3. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, apontavam em direção à pronta satisfação da pretensão dos segurados e pensionistas referente ao art. 29, II,da Lei 8.213/1991 na via administrativa, de modo que lhes faltava interesse processual para agir em juízo. A diretriz contidanos dois Memorandos foi superada pela homologação judicial de acordo na Ação Civil Pública 2320-59.2012.403.6183,instituindo escalonamento de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados. Conseqüentemente,se alguém pleitear a revisão referente ao art. 29, II, da Lei 8.213/1991 na via administrativa, o INSS necessariamenteresponderá que o pleito será atendido conforme o cronograma homologado: a depender da idade do requerente, domontante a receber, e da (in)existência de urgência, o pagamento poderá ocorrer apenas em 2022.

4. Em regra, a sentença proferida em Ação Civil Pública, seja de procedência, seja de improcedência, faz coisa julgada ergaomnes, exceto se a improcedência decorrer de falta de provas (art. 16 da Lei 7.347/1985). Entretanto, em se tratando dedireitos individuais homogêneos, a sentença em ação coletiva (mesmo em matéria não relativa a Direito do Consumidor)apenas fará coisa julgada erga omnes no caso de procedência do pedido, caso seja requerida a suspensão do processoindividual no prazo de 30 dias (art. 103, III, e 104, caput, da Lei 8.078/1990 c/c art. 21 da Lei 7.347/1985), excluída, portanto,a sentença homologatória da transação. Por mais razoável que seja o cronograma de pagamento estabelecido em acordofirmado entre o MPF e o INSS, aqueles que se sentirem prejudicados não estão a ele vinculados.

5. Absolutamente dispensável o prévio requerimento administrativo, uma vez que o INSS indeferirá o pleito de revisão epagamento imediatos. Evidente o interesse de agir em juízo, para obter a revisão do benefício e o imediato pagamento dasdiferenças sem sujeição ao cronograma estabelecido em Ação Civil Pública.

6. Recurso do INSS conhecido e desprovido.

7. Nada a prover quanto ao recurso da parte autora, haja vista que a sentença foi clara a respeito da condenação do INSSao pagamento dos atrasados, sendo que estes envolvem todos os reflexos financeiros pertinentes ao benefício do autor.

8. Não merece reparo, portanto, a sentença de primeiro grau. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de04 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer de ambos osrecursos e a eles negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

101 - 0006730-02.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006730-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x MARIA JOSE DOS SANTOS (ADVOGADO:ES015542 - RAPHAEL JACCOUD VALORY SILVEIRA, ES015723 - GERALDO BENICIO.).Processo nº: 0006730-02.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006730-1/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARIA JOSE DOS SANTOSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

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VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO – PENSÃO POR MORTE – ARTIGO 5º DA LEI 11.960/2009 –INCONSTITUCIONALIDADEPARCIAL – CORREÇÃO MONETÁRIA – APLICAÇÃO DO INPC – JUROS – SUBSISTENCIA DO ART. 1º-F DA LEI9.494/97

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido de pensão por morteprevidenciária. Questiona tão-somente a aplicação do INPC como índice de correção monetária no cálculo dos valores ematraso, a contar da citação.

2. A respeito dos juros de mora e correção monetária, é possível observar que a decisão ora recorrida, encontra-se emconformidade com a jurisprudência mais recente do STJ, ao aplicar o INPC como índice de correção monetária e osparâmetros do art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, em relação aos juros de mora. Observe-se:

EMEN: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. ARTIGO 5º DA LEI 11.960/2009. NATUREZA PROCESSUAL.APLICAÇÃO IMEDIATA AO PROCESSO EM CURSO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE INCONSTITUCIONALIDADE.REPRISTINAÇÃO DA NORMA ANTERIOR. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA PARA REAJUSTE DE BENEFÍCIOSPREVIDENCIÁRIOS E PARCELAS PAGAS EM ATRASO. APLICAÇÃO DO INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91.SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. 1. A Corte Especial, ao apreciar o REsp 1.205.946/SP, pelo ritoprevisto no artigo 543-C do Código de Processo Civil, assentou a compreensão de que as alterações do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, introduzidas pela Lei 11.960/2009 têm aplicação imediata aos processos em curso, incidindo o princípio dotempus regit actum. 2. O Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Brito, declarou ainconstitucionalidade parcial por arrastamento do art. 5º da Lei 11.960/2009. 3. Na esteira desse precedente, a PrimeiraSeção desta Corte, ao julgar o REsp 1.270.439/PR, sob a relatoria do Ministro Castro Meira, DJe de 2/8/2012, firmou oentendimento de que a referida declaração parcial de inconstitucionalidade diz respeito ao critério de correção monetáriaprevisto no artigo 5º da Lei 11.960/2009, mantida a eficácia do dispositivo relativamente ao cálculo dos juros de mora, àexceção das dívidas de natureza tributária. 4. Assim, ficou estabelecido que na atualização das dívidas fazendárias devemser utilizados critérios que expressem a real desvalorização da moeda, afastada a aplicação dos índices de remuneraçãobásica da caderneta de poupança. 5. Em relação a parcelas inerentes a benefício previdenciário, a controvérsia já foi alvode discussão pela Primeira Turma deste Tribunal que, ao julgar o REsp 1.272.239/PR, da relatoria do Ministro AriPargendler, DJe 1º/10/2013, concluiu que, com a declaração parcial de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009,o INPC volta a ser o indexador aplicável para fins de correção monetária, por força do que dispõe o art. 41-A da Lei8.213/91. 6. A pendência de publicação do acórdão proferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo,afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei 11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito.Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 7. Agravo regimental a que se nega provimento.(Processo AGRESP 201101544260 AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013)

3. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

4. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

5. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, haja vista que o recurso versou apenas sobre ocritério de atualização monetária dos atrasados.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

102 - 0006803-71.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006803-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DOUGLAS LUIZ RIBEIRO(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MarcosFigueredo Marçal.).Processo nº: 0006803-71.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006803-2/01)Recorrente: DOUGLAS LUIZ RIBEIRORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONDIÇÃO DE SEGURADO NÃO VERIFICADA. ÓBITO APÓS CESSAÇÃO

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DO PERÍODO DE GRAÇA. SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, em razão da sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão do benefício previdenciário de pensão pela de seu genitor. Sustenta que o falecido manteve a qualidade desegurado até a data do óbito por estar em situação de desemprego. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido. Contrarrazões apresentadas às fls. 67/71.

2. A controvérsia cinge-se à condição de segurado do de cujus. Verifica-se que o pai do recorrente faleceu em 01.09.2009(fl. 09). O benefício foi requerido administrativamente em 15.10.2009 e indeferido, sob o argumento de que o óbito ocorreuapós a perda da qualidade de segurado (fl. 10).

3. Pois bem. O último vínculo empregatício do então segurado cessou em 31.05.2008 (fl. 26) com a empresa GF GESSO EALVENARIA LTDA. Considerando o período de graça de doze meses após o encerramento das atividades, a qualidade desegurado foi mantida até 07/2009, portanto não ostentava qualidade de segurado ao tempo do óbito (art. 15, II, Lei nº8.213/1991).

4. Percebe-se, da análise dos preceptivos acima e dos fatos e documentos pertinentes, na forma do art. 46 da Lei nº9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais (art. 1º da Lei nº 10.259/2001), que a sentença há de ser mantidapelos próprios fundamentos.

5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 23, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

103 - 0000823-03.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000823-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIO LUIZ CORADINI(ADVOGADO: ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.Processo nº: 0000823-03.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000823-4/01)Recorrente: ELIO LUIZ CORADINIRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTE MAIOR DE 21 ANOS. INVALIDEZ NÃO VERIFICADA ÀÉPOCA DO FALECIMENTO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de pensão por morte. Sustenta, em resumo, a comprovação de sua dependência econômica em relação aoinstituidor da pensão, bem como ser inválido desde a infância, devido às seqüelas de Poliomielite adquirida aos 06 anos deidade. Pretende a reforma in totum do julgado. Não foram apresentadas contrarrazões.2. Conforme previsão expressa do art. 201, inciso V, da Constituição da República, regulamentada pelo art. 74 da Lei nº8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social - LBPS), o benefício previdenciário de pensão por morte será devido aoconjunto de dependentes do segurado, que falecer aposentado ou não. Não se exige carência para a percepção dobenefício, mas sim a qualidade de segurado do instituidor ao tempo do óbito. No tocante à dependência econômica, esta épresumida em relação ao filho não emancipado e ao inválido, conforme previsão do §4º do art. 16 da Lei nº 8.213/1991.3. A controvérsia cinge-se à análise da incapacidade do dependente à época do óbito. In casu, o instituidor da pensão pormorte, pai do recorrente, faleceu em 12.01.2003 (fl. 18), ocasião em que o autor já tinha 47 anos de idade. A perícia judicial(fls. 78/83) concluiu pela incapacidade permanente do recorrente, em razão de fratura no punho esquerdo, sofrida háaproximadamente 05 anos. Nesse contexto, o julgado impugnado negou o pedido de pensão por morte, pois ao tempo doóbito do instituidor, o requerente não ostentava qualidade de dependente.4. Por sua vez, não há qualquer outro elemento comprobatório de invalidez preexistente ao óbito do genitor. Portanto, daanálise dos fatos e documentos dos autos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, que a sentença merece ser mantida pelos próprios fundamentos.5. Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

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6. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da assistênciajudiciária gratuita às fls. 94/95, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃODecide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

104 - 0006343-84.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006343-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x NORBERTO BUTZKE (DEF.PUB: ALINE FELLIPEPACHECO SARTÓRIO.).Processo nº: 0006343-84.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006343-5/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: NORBERTO BUTZKEJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTAVisto em Inspeção

ASSISTENCIA SOCIAL – BENEFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ANÁLISE DA CONDIÇÃO ECONÔMICA DAPARTE – CALCULO DA RENDA PER CAPITA – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO P. U. DO ART. 34 DA LEI 10.741/03 –EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO PERCEBIDO PELOS GENITORES – PEDIDO PROCEDENTE –SENTENÇA CONFIRMADA

1. O INSS interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido de concessão do benefício deprestação continuada de que trata o § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93. Segundo o recorrente, a renda per capita é superiora ¼ do salário mínimo, e o critério financeiro previsto no aludido artigo deve ser observado, tendo em vista suaconstitucionalidade já reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal – STF no julgamento da ADI nº 1232/DF.

2. É de se observar, de início, que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR, ao decidir peladeclaração de inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 34 da Lei 10.741/03, o fez pela técnica da declaração deinconstitucionalidade por omissão parcial sem pronúncia de nulidade.

3. Eis a ementa do julgado, na parte que interessa para o julgamento da presente demanda:

“(...)4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003.O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial já concedido a qualquer membro dafamília não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS.Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até um saláriomínimo, percebido por idosos.Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiência em relação aos idosos, bem comodos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor de atéum salário mínimo.Omissão parcial inconstitucional.5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003.6. Recurso extraordinário a que se nega provimento.”

4. A declaração de inconstitucionalidade por omissão parcial sem pronúncia de nulidade, é bom lembrar, significa que odispositivo legal permanece em vigor, declarando-se inconstitucional, na verdade, a omissão, ou seja, a não inclusão, pelanorma, de outras situações que mereceriam o mesmo tratamento, como foram os exemplos, mencionados pelo Min. GilmarMendes por ocasião do julgamento, da necessidade de exclusão não apenas do benefício assistencial percebido pelocônjuge, mas também do benefício previdenciário, sob pena de violação do princípio da isonomia. Esta, aliás, é justamentea hipótese discutida nestes autos.

5. É bem verdade que o Supremo Tribunal Federal, nas hipóteses em que adota essa técnica de declaração deinconstitucionalidade, costuma afirmar a impossibilidade de suprir, ele próprio, a omissão inconstitucional, haja vista opostulado da separação de poderes insculpido no art. 2º da Constituição da República.

6. Todavia, ao afirmar a inconstitucionalidade da norma, sem expurgá-la do sistema jurídico, a questão afeta à sua

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interpretação e aplicação passa a ficar a cargo das instâncias ordinárias por ocasião do julgamento dos casos concretospostos à apreciação do Judiciário, assim como do tribunal responsável pela interpretação e uniformização da legislaçãofederal, no caso o Superior Tribunal de Justiça.

7. É de se observar, por outro lado, que o Supremo Tribunal Federal, no precedente citado, negou provimento ao recursoextraordinário interposto pelo INSS, mantendo hígida sentença que afastou do cálculo da renda per capita, para fins deconcessão de benefício de prestação continuada, de benefício previdenciário pago no valor mínimo ao cônjuge da parterecorrida.

8. Portanto, embora não seja dado ao STF atuar como legislador positivo, contemplando com eficácia geral e abstrata,própria das normas editadas pelo Legislativo, situações não previstas na norma por ele editada, por outro lado é dever doJudiciário, no caso concreto, analisar a situação posta a fim de verificar se a parte se encontra em situação demiserabilidade, aplicando o direito ao caso concreto, com observância da constituição e das leis do país.

9. A aplicação do direito, porém, como atividade mais ampla do que a simples aplicação da lei, pressupõe, acima de tudo, autilização dos métodos de interpretação que lhe são prévios, investigando-se o sentido e o alcance da norma, e suprindo asomissões e lacunas que se apresentarem, nos termos do que dispõe o art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, bemcomo o art. 126 do Código de Processo Civil.

10. Logo, a solução da demanda se dá pela aplicação do direito ao caso concreto, com a observância, pelo juiz, doscritérios de interpretação e aplicação das leis, sem descuidar, quanto às lacunas e omissões da legislação, das disposiçõesconstantes do art. 4º da LICC, bem como do art. 126 do CPC.

11. No caso em análise, é de se ver que o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é no sentido de que “o critério deaferição da renda mensal previsto no § 3.º do art. 20 da Lei n.º 8.742/93 deverá ser observado como um mínimo, nãoexcluindo a possibilidade de o julgador, ao analisar o caso concreto, lançar mão de outros elementos probatórios queafirmem a condição de miserabilidade da parte e de sua família. 2. ‘A limitação do valor da renda per capita familiar nãodeve ser considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não possui outros meios para prover a própriamanutenção ou de tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja,presume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo.’ (REsp1.112.557/MG, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 20/11/2009). 3. ‘Em respeito aosprincípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício devalor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se,analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso.’ (Pet 2.203/PE, Rel. Min. MARIA THEREZADE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 11/10/2011).” (Processo AGA 201100107087 AGA - AGRAVO REGIMENTALNO AGRAVO DE INSTRUMENTO – 1394595 Relator(a) OG FERNANDES Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEXTATURMA Fonte DJE DATA:09/05/2012)

12. Nesse sentido, o Enunciado 46 da Turma Recursal do Espírito Santo: “A renda mensal de aposentadoria em valorequivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos de idade não deve ser computada para efeito deapuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica de da Assistência Social - LOAS.Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003”.

13. É igualmente entendimento pacífico no âmbito da Turma Nacional de Uniformização que “para fins de concessão debenefício assistencial a idoso, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) se aplicapor analogia para a exclusão do benefício previdenciário de valor mínimo recebido por membro idoso do grupo familiar, oqual também fica excluído do grupo para fins de cálculo da renda familiar per capita” (Processo 2008.70.53.00.1178-6, Rel.Juíza Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 11.06.2010).

14. Assim, o fato de a renda per capita estar acima do valor correspondente a ¼ do salário mínimo, por si, não impede aconcessão do benefício de prestação continuada, desde que o conjunto probatório conduza à conclusão de que a parte nãotem condições de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.

15. Nessa linha de raciocínio, permanece hígido o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, intérprete da legislaçãofederal por natureza, na ocasião do julgamento do AGA 201100107087AGA - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DEINSTRUMENTO – 1394595, acima referido.

16. No caso dos autos, o MM Juízo a quo decidiu no sentido da procedência do pedido, pois o laudo socioeconômico de fls.35/48 consignou que o autor reside com os pais, em casa alugada, sendo a renda familiar proveniente das aposentadoriasque estes recebem, sendo o valor de 01 salário mínimo para cada um, as quais devem ser desconsideradas, aplicando-sepor analogia o disposto no parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03.

17. Com a exclusão da renda percebida pelos pais a título de benefício previdenciário, a renda per capita se insere dentrodo limite de ¼ do salário mínimo.

18. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº9.289/1996. Deixo de condenar o recorrente vencido em honorários, nos termos da Súmula nº 421, do Superior Tribunal deJustiça: “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de

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direito público à qual pertença”.

19. O valor dos honorários periciais antecipados à conta de verba orçamentária deverá ser incluído na ordem de pagamentoa ser feita em favor do tribunal (art. 12, § 1º, da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

105 - 0000895-62.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000895-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x ANISIO DALEPRANE BATISTA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x OS MESMOS.Processo nº: 0000895-62.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000895-9/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E OUTRORecorrido: OS MESMOSJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

ASSISTENCIA SOCIAL – BENEFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ANÁLISE DA CONDIÇÃO ECONÔMICA DAPARTE – CALCULO DA RENDA PER CAPITA – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO P. U. DO ART. 34 DA LEI 10.741/03 –EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO PERCEBIDO PELA GENITORA – DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO –JUROS DE MORA – REFORMA PARCIAL

1. O Instituto Nacional do Seguro Social interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de concessão do benefício de prestação continuada de que trata o § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93.Alega o recorrente que não houve preenchimento dos requisitos legais para a concessão do benefício, posto que a rendafamiliar per capita não é inferior a ¼ do salário mínimo. Sustenta ainda que não há que se aplicar o disposto no Estatuto doIdoso a respeito da possibilidade de cumulação de benefícios assistenciais, visto que não se trataria, no caso, de benefícioassistencial, mas sim previdenciário. Subsidiariamente, requer a alteração da DIB para a data da sentença ou da citação e afixação dos juros de mora conforme art. 1º-F, da Lei 9.494/97.

2. A parte autora também interpôs recurso inominado em face da sentença, alegando que a DIB deve ser fixada na data doprimeiro requerimento administrativo (26/06/2001), visto que àquela época, já preenchia as condições de miserabilidade.

3. É de se observar, de início, que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR, ao decidir peladeclaração de inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 34 da Lei 10.741/03, o fez pela técnica da declaração deinconstitucionalidade por omissão parcial sem pronúncia de nulidade.

4. Eis a ementa do julgado, na parte que interessa para o julgamento da presente demanda:

“(...)4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003.O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial já concedido a qualquer membro dafamília não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS.Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até um saláriomínimo, percebido por idosos.Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiência em relação aos idosos, bem comodos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor de atéum salário mínimo.Omissão parcial inconstitucional.5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003.6. Recurso extraordinário a que se nega provimento.”

5. A declaração de inconstitucionalidade por omissão parcial sem pronúncia de nulidade, é bom lembrar, significa que odispositivo legal permanece em vigor, declarando-se inconstitucional, na verdade, a omissão, ou seja, a não inclusão, pelanorma, de outras situações que mereceriam o mesmo tratamento, como foram os exemplos, mencionados pelo Min. GilmarMendes por ocasião do julgamento, da necessidade de exclusão não apenas do benefício assistencial percebido pelocônjuge, mas também do benefício previdenciário, sob pena de violação do princípio da isonomia. Esta, aliás, é justamentea hipótese discutida nestes autos.

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6. É bem verdade que o Supremo Tribunal Federal, nas hipóteses em que adota essa técnica de declaração deinconstitucionalidade, costuma afirmar a impossibilidade de suprir, ele próprio, a omissão inconstitucional, haja vista opostulado da separação de poderes insculpido no art. 2º da Constituição da República.

7. Todavia, ao afirmar a inconstitucionalidade da norma, sem expurgá-la do sistema jurídico, a questão afeta à suainterpretação e aplicação passa a ficar a cargo das instâncias ordinárias por ocasião do julgamento dos casos concretospostos à apreciação do Judiciário, assim como do tribunal responsável pela interpretação e uniformização da legislaçãofederal, no caso o Superior Tribunal de Justiça.

8. É de se observar, por outro lado, que o Supremo Tribunal Federal, no precedente citado, negou provimento ao recursoextraordinário interposto pelo INSS, mantendo hígida sentença que afastou do cálculo da renda per capita, para fins deconcessão de benefício de prestação continuada, de benefício previdenciário pago no valor mínimo ao cônjuge da parterecorrida.

9. Portanto, que embora não seja dado ao STF atuar como legislador positivo, contemplando com eficácia geral e abstrata,própria das normas editadas pelo Legislativo, situações não previstas na norma por ele editada, por outro lado é dever doJudiciário, no caso concreto, analisar a situação posta a fim de verificar se a parte se encontra em situação demiserabilidade, aplicando o direito ao caso concreto, com observância da constituição e das leis do país.

10. A aplicação do direito, porém, como atividade mais ampla do que a simples aplicação da lei, pressupõe, acima de tudo,a utilização dos métodos de interpretação que lhe são prévios, investigando-se o sentido e o alcance da norma, e suprindoas omissões e lacunas que se apresentarem, nos termos do que dispõe o art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, bemcomo o art. 126 do Código de Processo Civil.

11. Logo, a solução da demanda se dá pela aplicação do direito ao caso concreto, com a observância, pelo juiz, doscritérios de interpretação e aplicação das leis, sem descuidar, quanto às lacunas e omissões da legislação, das disposiçõesconstantes do art. 4º da LICC, bem como do art. 126 do CPC.

12. No caso em análise, é de se ver que o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é no sentido de que “o critério deaferição da renda mensal previsto no § 3.º do art. 20 da Lei n.º 8.742/93 deverá ser observado como um mínimo, nãoexcluindo a possibilidade de o julgador, ao analisar o caso concreto, lançar mão de outros elementos probatórios queafirmem a condição de miserabilidade da parte e de sua família. 2. ‘A limitação do valor da renda per capita familiar nãodeve ser considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não possui outros meios para prover a própriamanutenção ou de tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja,presume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo.’ (REsp1.112.557/MG, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 20/11/2009). 3. ‘Em respeito aosprincípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício devalor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se,analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso.’ (Pet 2.203/PE, Rel. Min. MARIA THEREZADE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 11/10/2011).” (Processo AGA 201100107087 AGA - AGRAVO REGIMENTALNO AGRAVO DE INSTRUMENTO – 1394595 Relator(a) OG FERNANDES Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEXTATURMA Fonte DJE DATA:09/05/2012)

13. Nesse sentido, o Enunciado 46 da Turma Recursal do Espírito Santo: “A renda mensal de aposentadoria em valorequivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos de idade não deve ser computada para efeito deapuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica de da Assistência Social - LOAS.Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003”.

14. É igualmente entendimento pacífico no âmbito da Turma Nacional de Uniformização que “para fins de concessão debenefício assistencial a idoso, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) se aplicapor analogia para a exclusão do benefício previdenciário de valor mínimo recebido por membro idoso do grupo familiar, oqual também fica excluído do grupo para fins de cálculo da renda familiar per capita” (Processo 2008.70.53.00.1178-6, Rel.Juíza Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 11.06.2010).

15. Assim, o fato de a renda per capita estar acima do valor correspondente a ¼ do salário mínimo, por si, não impede aconcessão do benefício de prestação continuada, desde que o conjunto probatório conduza à conclusão de que a parte nãotem condições de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.

16. Nessa linha de raciocínio, permanece hígido o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, intérprete da legislaçãofederal por natureza, na ocasião do julgamento do AGA 201100107087AGA - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DEINSTRUMENTO – 1394595, acima referido.

17. No caso dos autos, o MM Juízo a quo decidiu no sentido da procedência do pedido, pois o laudo socioeconômico de fls.63/75 consignou que a parte autora reside com sua mãe, beneficiária aposentadoria por invalidez, com renda mensal novalor de um salário mínimo; sua irmã, professora, com renda mensal de R$800,00 e três sobrinhos que não possuem rendaprópria.

18. Conforme previsão do art. 20 da Lei 8.742/93 c/c o art. 16 da Lei 8.213/91, para a aferição do requisito objetivo do

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benefício de prestação continuada, o grupo familiar é composto apenas pelo requerente e sua genitora, cujo benefícioprevidenciário deve ser desconsiderado, aplicando-se por analogia o disposto no parágrafo único do art. 34 da Lei nº10.741/03.

19. Com a exclusão da renda percebida pela mãe a título de benefício previdenciário, a renda per capita se insere dentro dolimite de ¼ do salário mínimo.

20. A impugnação do INSS com relação à data de inicio do benefício não pode ser acolhida, haja vista que a questão afetaà interpretação extensiva da lei para a aferição da miserabilidade da família já se encontra pacificada no âmbito do STF,bem como o laudo socioeconômico apresentado, no qual se constata a situação de miserabilidade da família do autor,sendo assim a DIB deve ser mantida na data do requerimento administrativo.

21. Com relação à fixação dos juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese deconcessão de benefício de natureza assistencial, é de se aplicar o entendimento adotado pelo STJ no aresto abaixo.

PROCESSUAL CIVIL. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97. APLICAÇÃO IMEDIATA. ART.5º DA LEI N. 11.960/09. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTO (ADIN4.357/DF). ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA APLICÁVEL: IPCA. QUESTÃO DECIDIDA SOB O RITO DO ART. 543-CDO CPC. TRÂNSITO EM JULGADO. DESNECESSIDADE. JULGAMENTO DE ADI NO STF. SOBRESTAMENTO.INDEFERIMENTO. 1. A Corte Especial do STJ, no julgamento do Recurso Especial repetitivo 1.205.946/SP, assentou acompreensão de que a Lei n. 11.960/09, ante o seu caráter instrumental, deve ser aplicada, de imediato, aos processos emcurso, à luz do princípio tempus regit actum, sem, contudo, retroagir a período anterior à sua vigência. 2. O Plenário doSTF, declarou a inconstitucionalidade parcial por arrastamento do art. 5º da Lei n. 11.960/09, no julgamento da ADI4357/DF, Rel. Min. Ayres Brito, em 14.3.2013. 3. A Primeira Seção, por unanimidade, na ocasião do julgamento do RecursoEspecial repetitivo 1.270.439/PR, assentou que, nas condenações impostas à Fazenda Pública de natureza não tributária,os juros moratórios devem ser calculados com base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à cadernetade poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com redação da Lei n. 11.960/09. Já a correçãomonetária, por força da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei n. 11.960/09, deverá ser calculada combase no IPCA, índice que melhor reflete a inflação acumulada do período. 4. A pendência de julgamento no STF de açãoem que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dos recursos que tramitam no STJ. Cabível oexame de tal pretensão somente em eventual juízo de admissibilidade de Recurso Extraordinário interposto nesta CorteSuperior. 5. A jurisprudência do STJ assenta-se no sentido de que, para fins de aplicação do art. 543-C do CPC, édesnecessário que o recurso especial representativo de matéria repetitiva tenha transitado em julgado. Agravo regimentalimprovido.(Processo AGRESP 201302660046 AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a)HUMBERTO MARTINSSigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDA TURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013)

22. O recurso interposto pela parte autora também não merece provimento, tendo em vista as lúcidas ponderações feitaspelo douto magistrado sentenciante no sentido de que, não há meios nos autos de aferir a condição de miserabilidade àépoca do primeiro requerimento administrativo, haja vista o decurso de aproximadamente 10 anos até a propositura daação.

23. Recurso do INSS parcialmente provido, apenas para determinar a aplicação do art. 1º-F da Lei n 9.494/97, com aredação dada pela Lei nº 11.960/09, por ocasião do cálculo dos juros incidentes sobre os valores atrasados. Despesasprocessuais que ficam recíproca e proporcionalmente distribuídas e compensadas, haja vista a sucumbência recíproca nostermos do art. 21 do CPC.

24. O valor dos honorários periciais antecipados à conta de verba orçamentária deverá ser incluído na ordem de pagamentoa ser feita em favor do tribunal (art. 12, § 1º, da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer dos recursos enegar provimento ao recurso do autor e dar parcial provimento ao recurso do INSS, na forma da ementa que fica fazendoparte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

106 - 0006282-29.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006282-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WALQUIRIO GOUVEA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONELENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº: 0006282-29.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006282-0/01)Recorrente: WALQUIRIO GOUVEARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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Juízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL - LOAS – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE – PREVALÊNCIA DO LAUDO PERICIAL JUDICIALSOBRE OS LAUDOS PARTICULARES – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou improcedente o pedidoautoral de concessão do benefício de prestação continuada. Aduz o recorrente, em síntese, que o laudo pericial não avalioucom a devida atenção o seu caso, visto que o tratamento realizado não foi satisfatório. Aponta que os laudos particularesapresentados demonstram a sua incapacidade para o trabalho. Requer, ao final, que seja provido e conhecido seu direitoao recebimento de benefício assistencial ou, subsidiariamente, seja concedido o pagamento dos valores retroativos devidosentre a data do requerimento administrativo e a data final do tratamento da doença (04/11/2009). Contrarrazõesapresentadas às fls. 56/58.

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso com 65 (sessenta e cinco)anos ou mais que comprove não possuir meios de prover a própria subsistência e tampouco de tê-la provida pela família.Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho e, da mesma forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador dedeficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. Na primeira perícia judicial, de fls. 22/24, o médico diagnosticou seqüela de tuberculose pulmonar, e concluiu que serianecessária a apresentação de exames complementares para que fosse possível responder às perguntas do juízo de formaclara. A perícia complementar, às fls. 31/32, foi clara e conclusiva pela capacidade do recorrente. O perito esclareceu que oautor possui enfisema de caráter leve, provavelmente causado pelo tabagismo, e com o tratamento adequado, fornecidopela rede pública, poderá ter uma vida laboral normal e assintomática. Declarou que o tratamento da tuberculose deixoucicatrizes estáveis e sem risco de piora em razão de suas atividades laborativas, Registrou, ainda, que durante otratamento, é possível que o autor estivesse incapaz para o trabalho, mas que não possui laudos que comprovem a referidainaptidão, sendo impossível atestar tal fato meses depois. Nesse contexto o julgado impugnado negou a concessão dobenefício de prestação continuada.

4. Os documentos particulares juntados pelo recorrente não são suficientes para afastar a conclusão da perícia oficial. Issoporque não demonstram, de forma inequívoca, a existência da incapacidade laborativa indispensável para que tenha lugar aconcessão do benefício pleiteado.

5. Ademais, de acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

6. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda Gratuidade de Justiça à fl. 17, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

107 - 0000596-33.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.000596-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) REGIVALDO MIRANDA DASILVA (ADVOGADO: ES015004 - JOYCE DA SILVA PASSOS, ES013392 - VANESSA SOARES JABUR.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº: 0000596-33.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.000596-7/01)Recorrente: REGIVALDO MIRANDA DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E

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POSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado.Contrarrazões às fls. 115/141.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

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7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 148.987.322-5), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, conforme Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, observada a prescrição qüinqüenal (súmula nº 85 do STJ).

10. Sem custas. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

108 - 0000087-82.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000087-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ MAZOLINI(ADVOGADO: ES009707 - BRIAN CERRI GUZZO.) x UNIAO FEDERAL x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo nº: 0000087-82.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000087-9/01)Recorrente: LUIZ MAZOLINIRecorrido: UNIAO FEDERAL E OUTROJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado.Contrarrazões às fls. 272/287.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

Page 126: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 106.416.139-9), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, conforme Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, observada a prescrição qüinqüenal (súmula nº 85 do STJ).

10. Sem custas. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDO

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Juiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

109 - 0000424-41.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000424-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DIOCELES BAHIENSEMOREIRA (ADVOGADO: ES005926 - EDUARDO THIEBAUT PEREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº: 0000424-41.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000424-4/01)Recorrente: DIOCELES BAHIENSE MOREIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado.Contrarrazões às fls. 81/107.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.

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2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 049.864.237-2), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, conforme Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, observada a prescrição qüinqüenal (súmula nº 85 do STJ).

10. Sem custas. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

110 - 0000742-24.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000742-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA CARMEN ZANINI(ADVOGADO: ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES,ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES, ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO, RJ184452 -LUCIANA PANNAIN PAREIRA, RJ138284 - ALESSANDRA NAVARRO ABREU, DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO,DF035417 - VIVIANE MONTEIRO, ES012179 - DANIELLE GOBBI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo nº: 0000742-24.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000742-7/01)Recorrente: MARIA CARMEN ZANINIRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida mais

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favorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado.Contrarrazões às fls. 173/180.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

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8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 157.857.534-3), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, conforme Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, observada a prescrição qüinqüenal (súmula nº 85 do STJ).

10. Sem custas. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

111 - 0101507-03.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.101507-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x ELIZABETE PASSAMANI ABRAHAO(ADVOGADO: ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUEFILHO, ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES, ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES, DF035417 -VIVIANE MONTEIRO, ES014169 - CLARISSE JORGE PAES BARRETO, RJ138284 - ALESSANDRA NAVARRO ABREU,DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO, ES017721 - Miguel Vargas da Fonseca.).Processo nº: 0101507-03.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.101507-9/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ELIZABETE PASSAMANI ABRAHAOJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. Contrarrazões às fls. 193/199.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual se

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pretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. A respeito dos juros de mora e correção monetária, é possível observar que a decisão ora recorrida, encontra-se emconformidade com a jurisprudência mais recente do STJ, ao aplicar o INPC como índice de correção monetária e osparâmetros do art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, em relação aos juros de mora. Observe-se:

EMEN: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. ARTIGO 5º DA LEI 11.960/2009. NATUREZA PROCESSUAL.APLICAÇÃO IMEDIATA AO PROCESSO EM CURSO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE INCONSTITUCIONALIDADE.REPRISTINAÇÃO DA NORMA ANTERIOR. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA PARA REAJUSTE DE BENEFÍCIOSPREVIDENCIÁRIOS E PARCELAS PAGAS EM ATRASO. APLICAÇÃO DO INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91.SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. 1. A Corte Especial, ao apreciar o REsp 1.205.946/SP, pelo ritoprevisto no artigo 543-C do Código de Processo Civil, assentou a compreensão de que as alterações do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, introduzidas pela Lei 11.960/2009 têm aplicação imediata aos processos em curso, incidindo o princípio dotempus regit actum. 2. O Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Brito, declarou ainconstitucionalidade parcial por arrastamento do art. 5º da Lei 11.960/2009. 3. Na esteira desse precedente, a PrimeiraSeção desta Corte, ao julgar o REsp 1.270.439/PR, sob a relatoria do Ministro Castro Meira, DJe de 2/8/2012, firmou oentendimento de que a referida declaração parcial de inconstitucionalidade diz respeito ao critério de correção monetáriaprevisto no artigo 5º da Lei 11.960/2009, mantida a eficácia do dispositivo relativamente ao cálculo dos juros de mora, àexceção das dívidas de natureza tributária. 4. Assim, ficou estabelecido que na atualização das dívidas fazendárias devemser utilizados critérios que expressem a real desvalorização da moeda, afastada a aplicação dos índices de remuneraçãobásica da caderneta de poupança. 5. Em relação a parcelas inerentes a benefício previdenciário, a controvérsia já foi alvode discussão pela Primeira Turma deste Tribunal que, ao julgar o REsp 1.272.239/PR, da relatoria do Ministro AriPargendler, DJe 1º/10/2013, concluiu que, com a declaração parcial de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009,o INPC volta a ser o indexador aplicável para fins de correção monetária, por força do que dispõe o art. 41-A da Lei8.213/91. 6. A pendência de publicação do acórdão proferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo,afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei 11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito.

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Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 7. Agravo regimental a que se nega provimento.(Processo AGRESP 201101544260 AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013)

9. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

10. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

11. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, segunda parte, da Lei nº9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

112 - 0002760-57.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002760-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALOISIO CHAVESRODRIGUES (ADVOGADO: ES014081 - FELIPE ZANOTTI BRUMATTI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº: 0002760-57.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002760-3/01)Recorrente: ALOISIO CHAVES RODRIGUESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado.Contrarrazões às fls. 85/103.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

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PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 100.357.704-8), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, conforme Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, observada a prescrição qüinqüenal (súmula nº 85 do STJ).

10. Sem custas. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

113 - 0000966-59.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000966-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDIR ANTÔNIO DESOUZA (ADVOGADO: ES007082 - WILSON EUSTAQUIO CASTRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -

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INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo nº: 0000966-59.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000966-7/01)Recorrente: VALDIR ANTÔNIO DE SOUZARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado.Contrarrazões às fls. 107/114.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a

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concessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 107.521.995-4), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, conforme Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, observada a prescrição qüinqüenal (súmula nº 85 do STJ).

10. Sem custas. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

114 - 0104571-08.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.104571-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x NESTOR LIMA FILHO (ADVOGADO:ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, ES013654 - DANIEL DIAS DE SOUZA, ES007828 - RONI FURTADOBORGO, ES017352 - JOZIANE LOPES DA SILVA, ES005939 - TARCIZIO PESSALI, ES011477 - LUCIANO BRANDÃOCAMATTA, ES016663 - ALESSANDRA JEAKEL, ES005830 - LUIZ CARLOS BISSOLI.).Processo nº: 0104571-08.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.104571-3/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: NESTOR LIMA FILHOJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Contrarrazões às fls. 104/118.

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2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

Page 137: BOLETIM TR/ES 2014.060 - SESSÃO DIA 25-06-2014 (Dje 03-07 ... · RICARDO ARENA FILHO, ... com a ressalva do art. 12 da Lei nº 1.060/50. ACÓRDÃO Vistos, ... GUSTAVO ARRUDA MACEDO

10. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

11. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, segunda parte, da Lei nº9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

115 - 0102675-90.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.102675-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x EDSON NOGUEIRA DE SOUZA (ADVOGADO:ES018446 - GERALDO BENICIO, ES019803 - LARISSA CRISTIANI BENÍCIO, ES017409 - RAFAELLA CHRISTINABENÍCIO.).Processo nº: 0102675-90.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.102675-9/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: EDSON NOGUEIRA DE SOUZAJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Não foram apresentadas contrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIME

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GERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

10. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

11. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, segunda parte, da Lei nº9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

116 - 0001625-44.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001625-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x PEDRO FARIAS MONTEMOR (ADVOGADO:ES019645 - ALEX SANDRO SALAZAR, ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA.).Processo nº: 0001625-44.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001625-1/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: PEDRO FARIAS MONTEMORJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

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VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM – PROVA DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EMCONDIÇÕES INSALUBRES – RUÍDO – EXPOSIÇÃO DE MODO HABITUAL E PERMANENTE, NÃO OCASIONAL NEMINTERMITENTE – EPI EFICAZ – NÃO DESCARACTERIZAÇÃO DA INSALUBRIDADE – PEDIDO PARCIALMENTEPROCEDENTE – SENTENÇA CONFIRMADA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedidode conversão de tempo de serviço prestado sob condições especiais, em tempo de serviço comum. Segundo o recorrente,a sentença merece reforma, pois não estariam preenchidos os requisitos necessários ao reconhecimento do trabalholaborado pelo segurado como especial, haja vista a utilização de equipamento de proteção individual, o que neutralizaria ainsalubridade. Alega, ainda, a invalidade dos documentos apresentados, por ausência de autenticação, bem como a nãocomprovação da habitualidade e permanência da incidência do ruído sobre o autor. Não foram apresentadas contrarrazões.

2. A utilização de Equipamentos de Proteção Individual - EPI, não cria óbice à conversão do tempo especial em comum,uma vez que não extingue a nocividade causada ao trabalhador, cuja finalidade de utilização apenas resguarda a saúde e aintegridade física do mesmo, no ambiente de trabalho (Nesse sentido, TRF - 1ª Região, AMS 200138000081147/MG,Relator Desembargador Federal JOSÉ AMILCAR MACHADO, 1ª Turma, DJ 09.05.2005, p. 34).

3. Nesse mesmo sentido, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais firmou entendimento de queo uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial prestado (Súmula 09, TNU; TRF 4ª Região, APELREEX 2004.71.00.030300-6,Quinta Turma, Relatora Vivian Josete Pantaleão Caminha, D.E. 08/02/2013).

4. Quanto à autenticidade dos documentos acostados aos autos, é certo que as declarações constantes em documentoparticular são presumivelmente verdadeiras em relação ao signatário, até que se prove o contrário. Na hipótese, orecorrente limitou-se a contestar a veracidade das provas, sem apresentar impugnação relativa à existência deirregularidades em seu conteúdo que pudessem ensejar dúvidas acerca de sua autenticidade.

5. Embora o PPP apresentado (fl. 10) não mencione que a exposição ao agente ruído tenha se dado de forma habitual epermanente, é possível presumir, pela função desempenhada, que o barulho em nível superior ao permitido pela legislaçãoera uma constante no ambiente de trabalho do autor, pois de acordo com o campo 14.2, destinado à descrição dasatividades, integrava o rol de tarefas do supervisor: acompanhar, corrigir e controlar o desenvolvimento das atividadesplanejadas durante suas execuções.

6. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas. Condenação do INSS em honorários fixados em 10% sobre ovalor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DORECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

117 - 0000072-79.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000072-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x ARTIDONIO RODRIGUES DONASCIMENTO (ADVOGADO: ES012285 - FABÍOLA ROSSI GONÇALVES.).Processo nº: 0000072-79.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000072-0/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ARTIDONIO RODRIGUES DO NASCIMENTOJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. SENTENÇA EXTRA PETITA. NÃOOCORRÊNCIA. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em face da sentença que julgouprocedente o pedido de averbação do tempo de serviço exercido em atividade rural, entre 01/01/1966 a 31/12/1986,condenando-o a conceder o benefício de aposentadoria por idade ao autor, com DIB fixada na data do requerimento

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administrativo, a dizer, 16/10/2009, determinando a implementação do benefício na data da prolação daquele decisum (fls.132/133); condenando, outrossim, a autarquia ré ao pagamento do valor das prestações vencidas, observada a prescriçãoquinquenal.

Sustenta o recorrente, que a sentença guerreada é extra petita, porquanto concedeu averbação de período não pleiteado nainicial. Alega que no documento utilizado pelo juízo a quo para averbação do período impugnado somente consta a data darescisão, não fazendo prova, portanto, da data inicial do período pleiteado. Aduz que não houve requerimento administrativopara averbação do referido período. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente opedido deduzido.

Foram apresentadas contrarrazões às fls. 146/150.

Preliminar afastada. O acolhimento do pedido extraído da interpretação lógico-sistemática de toda a argumentaçãodesenvolvida na peça inicial, e não apenas no pleito formulado no fecho da petição, não implica julgamento extra petita.Com efeito, o contrato de trabalho juntado às fls. 20 e 33, bem como o termo de rescisão de fl. 14 comprovam o períodocompreendido entre 15/02/1987 a 15/09/1995.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o trabalhador rural preencha o requisitoreferente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda quedescontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo do benefício, por tempo igual ao número demeses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carênciaesta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142, da Lei nº 8.213/1991.

In casu, verifica-se que o recorrido nasceu em 14/03/1941 (fl. 28) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural poridade em 16/10/2009 (fl. 27), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempode carência exigido por lei.Para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, o recorrido juntou aos autos: 1)certidão de casamento realizado aos 05/02/1977, constando a sua profissão como lavrador (fl. 13); 2)carteira profissional,que aparentemente indica a profissão de lavrador, com data de expedição em 27/04/1966 (fl. 22); 3) certidão de nascimentodo seu filho, datada de 1979, lavrada por cartório situado no Distrito de Mascarenhas, Baixo Guandu/ES (fl. 29); 4) recibo devalor emitido por ele e sua esposa, relativo a benfeitorias feitas em propriedade rural situada em Sapucaia, no Distrito deMascarenhas, Baixo Guandu/ES (fl. 32).

A certidão de casamento em conjunto com a documentação supracitada, donde se extrai a qualificação profissional dorecorrido (lavrador), constituem início de prova material contemporâneo à época dos fatos e têm sua validade probatória

�amparada pelo verbete sumular nº 6 da Turma Nacional de Uniformização -TNU.

Por seu turno, a prova testemunhal e o depoimento pessoal colhidos em audiência são no sentido do exercício de atividaderural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência exigida, 150 meses, consoante a tabela prevista no art. 174, daLei nº 8.213/1991. Por oportuno, destaco os depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“Depoimento pessoal: tem 70 anos de idade. Escolaridade: 2º grau, técnico de comércio. Trabalhou na firma PLANTAR, nafunção de reflorestamento, de 2000 a 2003. Fez vários serviços autônomos, para poder se manter. Teve um vínculo de 8meses. Antes de 2000: saiu da roça em 1996; antes de 1996. Antes de 1986: Fazenda de ODILON NUNES MILAGRES(parte da fazenda era do pai do autor, que vendeu sua parte para ODILON); o autor nasceu nessa propriedade.A testemunha LUIZ CLOVIS disse que: tem 56 anos. Conhece o autor desde pequeno. O autor trabalhou para ODILONMILAGRES até ter cerca de 50 anos. NIVALDO é dono de fazenda em Colatina.A testemunha DIVINO disse que: tem 59 anos; conhece ARTIDONIO desde pequeno; moravam em propriedades vizinhas.ARTIDONIO nasceu na propriedade. Quando o autor saiu da fazenda de ODILON, o autor já era casado e já tinha filhos; foientão para uma propriedade de Colatina, também trabalhando na roça.”

Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a desnecessidade de comprovação documental de todo o período laboradona atividade rural, sendo suficiente a apresentação de início de prova material, desde que validada por prova testemunhalidônea. Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da TNU. Confira-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVAMATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos daconsolidada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigidaprova documental de todo o período laborado nas lides campesinas, sendo suficiente a apresentação de início de provamaterial, desde que corroborada por via testemunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempopostulado quando a comprovação testemunhal se mostra insuficiente para emprestar eficácia à prova material colacionada.3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTATURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DEECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOSIRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTETESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de período

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de labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), lastreado no início de prova material, com base em certidões de nascimento dosirmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova testemunhal. 2. Acórdão da Turma Recursalreforma sentença nessa parte, por entender que tais documentos, caracterizadores do início de prova material, só temaptidão para comprovar a atividade rural dessa data em diante (1973), a desconsiderar, portanto, todo o período anteriorentão reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 desta Turma Nacional não exige que o início de prova materialabranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e desta TNU assenta entendimento de quehavendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se deseja comprovar, caberá aos outroselementos do contexto probatório constantes dos autos, geralmente a prova testemunhal, ampliar a sua eficácia probatória,quer para fim retrospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim dereformar o acórdão nessa parte, a restaurar

os termos da r. sentença (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU30/08/2011.)

Destarte, à luz da prova testemunhal colhida, cotejada com os documentos carreados, tenho que faz jus o recorrido aopleiteado benefício.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

118 - 0002613-57.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002613-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x MARIA DE LOURDES SILVA FERREIRA(ADVOGADO: ES004974 - JOSE CARLOS FABRIS, ES004924 - ALFREDO ERVATI.).Processo nº: 0002613-57.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002613-6/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARIA DE LOURDES SILVA FERREIRAJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. TRABALHO RURAL EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. PEDIDO PROCEDENTE.SENTENÇA CONFIRMADA.Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em face da sentença que julgouprocedente o pedido de aposentadoria por idade (rural), com DIB fixada na data do requerimento administrativo, a dizer,28/07/2011, determinando a implementação do benefício dentro de 30 (trinta) dias a contar da prolação daquele decisum(fls. 60/63); condenando, outrossim, a autarquia ré ao pagamento do valor das prestações vencidas, observada a prescriçãoquinquenal.

Sustenta o recorrente, que não restou comprovada a qualidade de segurado especial e o exercício de atividade rural comoindispensáveis ao sustento da família. Afirma que o marido da recorrida mantém vínculo de natureza urbana, fato quedescaracteriza o regime de economia familiar. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido.

Foram apresentadas contrarrazões às fls. 75/79.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o trabalhador rural preencha o requisitoreferente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda quedescontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo do benefício, por tempo igual ao número demeses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência

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esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142, da Lei nº 8.213/1991.

In casu, verifica-se que a recorrida nasceu em 17/07/1956 (fl. 09) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural poridade em 28/07/2011 (fl. 14), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempode carência exigido por lei.Para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a recorrida juntou aos autos: 1)certidão de casamento (fl. 11); 2) certidão do Registro de Imóvel (fls. 16/17); 3) certidões de óbitos dos pais (fls. 18/19); 4)recibo de entrega de declaração de ITR (fl. 20); histórico escolar, constando que seus filhos estudavam em escolalocalizada na zona rural (fls. 21/23); comprovantes de compra (fl. 26); certidão da Justiça Eleitoral, onde consta suaprofissão como trabalhadora rural (fl. 28) e declaração de exercício de atividade rural (fls. 38/39).

A certidão de casamento em conjunto com a documentação supracitada, donde se extrai a qualificação profissional darecorrida (lavradora), constituem início de prova material contemporânea à época dos fatos e têm sua validade probatória

�amparada pelo verbete sumular nº 6 da Turma Nacional de Uniformização -TNU.

Por seu turno, a prova testemunhal e o depoimento pessoal colhidos em audiência são no sentido do exercício de atividaderural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência exigida, 150 meses, consoante a tabela prevista no art. 174, daLei nº 8.213/1991. Por oportuno, destaco os depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“Em seu depoimento pessoal, a autora informou que trabalha na lavoura em Conduru, KM 9, no terreno que era de seusogro, Pedro Ferreira, e foi herdada pelo marido e outros irmãos. Disse que mora com um filho solteiro empregado deserraria e seu esposo, que se encontra aposentado após ter trabalhado vários anos em serraria. Afirmou que ela plantacafé, milho, mandioca e que também tem uma horta, trabalhando há 36 anos no mesmo lugar, e que o marido a auxilia nashoras de folga. Falou que esse ano colheu 10 sacas de café, sendo cada saca vendida por R$ 270,00. Afirmou, por fim, queo filho não ajuda com as despesas de casa, mas que não tinha condições de se sustentar apenas com o dinheiro dacolheita, e por isso o marido trabalhou em serraria.

A primeira testemunha ouvida, Sra. Lúcia Pereira, disse que conheceu a autora há mais de 20 anos, e que também mora noKm 09. Afirmou que a autora capina, “panha” café e que às vezes o marido ajuda mas trabalha praticamente sozinha.A segunda testemunha ouvida, Sra. Maria das Graças Campos, disse que conheceu a autora há cerca de 20 anos, poistambém mora no Km 09. Afirmou que lá a autora plantava milho e mandioca e colhia café, e que nunca trabalhou em outrolugar. Esclareceu que ela sempre trabalhou sozinha, mas o marido auxiliava às vezes, pois era empregado. Os filhosajudavam na roça quando voltavam da escola, mas não ajudam mais. Disse que o marido é aposentado e que ajuda aautora de vez em quando.

A terceira testemunha, Sra. Maria Madalena Silva Neves, disse que conhece a autora há cerca 30 anos, pois já morava noKm 09 quando a autora se mudou pra lá. Afirmou que a requerente se casou e foi morar com o sogro, no terreno em quetrabalha agora, na lavoura decafé. Falou que o marido é a única pessoa que a ajuda, mas apenas quando está bem, pois “está operado”.

9. Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a desnecessidade de comprovação documental de todo o períodolaborado na atividade rural, sendo suficiente a apresentação de início de prova material, desde que validada por provatestemunhal idônea. Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da TNU. Confira-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVAMATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos daconsolidada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigidaprova documental de todo o período laborado nas lides campesinas, sendo suficiente a apresentação de início de provamaterial, desde que corroborada por via testemunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempopostulado quando a comprovação testemunhal se mostra insuficiente para emprestar eficácia à prova material colacionada.3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTATURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DEECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOSIRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTETESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de períodode labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), lastreado no início de prova material, com base em certidões de nascimento dosirmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova testemunhal. 2. Acórdão da Turma Recursalreforma sentença nessa parte, por entender que tais documentos, caracterizadores do início de prova material, só temaptidão para comprovar a atividade rural dessa data em diante (1973), a desconsiderar, portanto, todo o período anteriorentão reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 desta Turma Nacional não exige que o início de prova materialabranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e desta TNU assenta entendimento de quehavendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se deseja comprovar, caberá aos outroselementos do contexto probatório constantes dos autos, geralmente a prova testemunhal, ampliar a sua eficácia probatória,quer para fim retrospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim dereformar o acórdão nessa parte, a restaurar

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os termos da r. sentença (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU30/08/2011).

No que tange à alegação de que o marido da recorrida desempenhou atividade urbana, cumpre ressaltar que tal fato, por sisó, não conduz ao afastamento da qualidade de segurado especial a teor da orientação vertida na súmula 41 da TNU: “Acircunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Destarte, à luz da prova testemunhal colhida, cotejada com os documentos carreados, tenho que faz jus a recorrida aopleiteado benefício.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

119 - 0000314-44.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000314-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ARACY CANDIDO DORSO (ADVOGADO: ES005098 -SIRO DA COSTA.).Processo nº: 0000314-44.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000314-4/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ARACY CANDIDO DORSOJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. TRABALHO RURAL EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. PEDIDO PROCEDENTE.SENTENÇA CONFIRMADA.Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em face da sentença que julgouprocedente o pedido de aposentadoria por idade (rural), com DIB fixada na data do requerimento administrativo, a dizer,02/02/2010, determinando a implementação do benefício dentro de 30 (trinta) dias a contar da prolação daquele decisum(fls. 94/97); condenando, outrossim, a autarquia ré ao pagamento do valor das prestações vencidas, observada a prescriçãoquinquenal e a renúncia expressa aos valores superiores a 60 salários mínimos, quando do ajuizamento da ação.

Sustenta o recorrente, que não restou comprovado o exercício de atividade rural pelo período legalmente exigido.Argumenta, outrossim, a necessidade de existência de início de prova material contemporânea ao tempo labor, nãoadmitindo a legislação de regência comprovação por meio de prova exclusivamente testemunhal. Afirma que o marido darecorrida exerceu atividade de natureza urbana, fato que descaracteriza o regime de economia familiar. Dessa forma,requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido.

Não foram apresentadas contrarrazões.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o trabalhador rural preencha o requisitoreferente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda quedescontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo do benefício, por tempo igual ao número demeses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carênciaesta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142, da Lei nº 8.213/1991.

In casu, verifica-se que a recorrida nasceu em 29/04/1953 (fl. 09) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural poridade em 02/02/2010 (fl. 38), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempode carência exigido por lei.Para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a recorrida juntou aos autos: 1)certidão de casamento, constando a profissão do marido como lavrador (fl. 13); 2) certidão de nascimento de filho,constando a profissão do marido como lavrador (fl. 15); 3) contratos de parceria agrícola, firmados em 29/04/2000,29/04/2003 e 01/09/2007, constando ser parceira outorgada (fls. 16//17, 18/19 e 20/21); 4) carteira do Sindicato de

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Trabalhadores Rurais, com admissão em 29/04/2000 (fl. 22); e declaração de exercício de atividade rural emitida peloSindicato (fls. 30/31).

A certidão de casamento em conjunto com a documentação supracitada, donde se extrai a qualificação profissional darecorrida (lavradora), constituem início de prova material contemporânea à época dos fatos e têm sua validade probatória

�amparada pelo verbete sumular nº 6 da Turma Nacional de Uniformização -TNU.

Por seu turno, a prova testemunhal e o depoimento pessoal colhidos em audiência são no sentido do exercício de atividaderural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência exigida, 150 meses, consoante a tabela prevista no art. 174, daLei nº 8.213/1991. Por oportuno, destaco os depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou, em síntese, que está com cinqüenta e oito anos de idade. Declaraque já foi meeira do Sr. João Olario por uns seis anos. Relata que não trabalha mais como meeira há uns seis anos,quando passou a trabalhar “a dia”, para o mesmo proprietário. Afirma que é separada do primeiro marido há vinte e quatroanos. Depois da separação, ficou quatorze anos com outro companheiro, mas também se separou dele, há uns dez anos, efoi morar com a filha. Antes de trabalhar na propriedade do Sr. João Olario, trabalhou como meeira do Sr. Valtair Godoy, poruns três anos (sem contrato), entre outros proprietários. Afirma que nunca trabalhou em outra atividade, que não fosse naroça. Declara que já trabalhou também com empreitada, pegando café “no balaio”. Afirma que a filha é viúva e recebepensão por morte.

A primeira testemunha, Sr. Jonas Pacheco Abel, relatou, em síntese, que conhece a Autora há uns vinte anos, dalocalidade de Limoeiro. Declara que a Autora trabalhava na propriedade do Sr. João Olario (apelido do Sr. João AnchietaFernandes). Lembra que a Autora era meeira, e depois ela deixou de ser meeira e passou a trabalhar com empreitada, masnão sabe informar se ela continuou trabalhando com o Sr. João Olario. Não sabe se a Autora já trabalhou “a dia”. Pelo quetem conhecimento, a Autora sempre exerceu atividade rural. Atualmente, pelo que sabe, a Autora trabalha com empreitadana propriedade do Sr. Edson Dutra Teixeira. Não sabe se a Autora trabalha sozinha.

A segunda testemunha: Sr. Luiz Antônio Belloni, declarou, em síntese, que conhece a Autora há mais de vinte anos, aconheceu quando ela trabalhava na propriedade do Sr. João Olario, como meeira. Sabe que a Autora trabalhou no Córregodo Meio, e atualmente ela trabalha na propriedade do Sr. Edinho, com empreitada.”

9. Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a desnecessidade de comprovação documental de todo o períodolaborado na atividade rural, sendo suficiente a apresentação de início de prova material, desde que validada por provatestemunhal idônea. Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da TNU. Confira-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVAMATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos daconsolidada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigidaprova documental de todo o período laborado nas lides campesinas, sendo suficiente a apresentação de início de provamaterial, desde que corroborada por via testemunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempopostulado quando a comprovação testemunhal se mostra insuficiente para emprestar eficácia à prova material colacionada.3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTATURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DEECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOSIRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTETESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de períodode labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), lastreado no início de prova material, com base em certidões de nascimento dosirmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova testemunhal. 2. Acórdão da Turma Recursalreforma sentença nessa parte, por entender que tais documentos, caracterizadores do início de prova material, só temaptidão para comprovar a atividade rural dessa data em diante (1973), a desconsiderar, portanto, todo o período anteriorentão reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 desta Turma Nacional não exige que o início de prova materialabranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e desta TNU assenta entendimento de quehavendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se deseja comprovar, caberá aos outroselementos do contexto probatório constantes dos autos, geralmente a prova testemunhal, ampliar a sua eficácia probatória,quer para fim retrospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim dereformar o acórdão nessa parte, a restauraros termos da r. sentença (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU30/08/2011).

No que tange à alegação de que o marido da recorrida desempenhou atividade urbana, cumpre ressaltar que tal fato, por sisó, não conduz ao afastamento da qualidade de segurado especial a teor da orientação vertida na súmula 41 da TNU: “Acircunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Destarte, à luz da prova testemunhal colhida, cotejada com os documentos carreados, tenho que faz jus a recorrida aopleiteado benefício.

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Não merece reparo, portanto, a sentença.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 2ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

120 - 0003723-02.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003723-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES009181 - ERIKA SEIBEL PINTO.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x LANDULFONASCIMENTO LEONE.Processo nº: 0003723-02.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003723-0/01)Recorrente: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRecorrido: Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal E OUTROJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA – CUSTAS – ISENÇÃO PARA O FGTS – ART. 24-A DA LEI Nº 9.028/95 – MEDIDAPROVISORIA Nº 2.180-35/01 - DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADIN Nº 2.736 E O ART.29-C DA LEI Nº 8.036/90

1. Mandado de segurança impetrado pela CEF em face da decisão proferida pelo MM Juiz do 2º Juizado Especial Federalda SJES nos autos do processo nº 0002302-45.2007.4.02.5050, que entendeu pela inconstitucionalidade¸ incidenter tantum,do art. 24-A da Lei nº 9.028/95, inserido pela MP nº 2.180-35 de 27.08.2001, por força da vinculação ao entendimento doSTF proferido na ADIN 2.736, no sentido de que matéria processual não pode ser alvo de medida provisória, mesmo queeditada anteriormente à EC nº 32/01. Segundo a impetrante, o MM Juízo impetrado, na mesma decisão, assinou prazo de48 horas para o recolhimento das custas recursais, sob pena de desersão, medida que afronta seu direito líquido e certo àisenção de custas prevista no art. 24-A da Lei nº 9.028/95.

2. Quanto ao cabimento de mandado de segurança em face de decisão judicial, o entendimento da jurisprudência é nosentido da restrição às hipóteses de abuso de poder ou teratologia (STJ – Corte Especial – Agravo Regimental no MS17525 DF, Relator Min. João Otávio de Noronha, Julgado em 07/05/2012, DJe 18/05/2012).

3. No caso em análise, observo que o MM Juízo impetrado entendeu que a isençao de custas disciplinada pelo art. 24-A daLei nº 9.028/95, com a redação determinada pela Medida Provisória nº 2.180-35/01, enquadra-se na seara do DireitoProcessual Civil, matéria que não pode ser objeto de regulamentação por meio de medida provisória, conforme entendeu oSupreo Tribunal Federal por ocasião do julgamento da ADIN nº 2.736.

4. Conquanto sejam absolutamente respeitáveis os entendimentos em cotrário, o fato é que a interpretação dada pelomagistrado não pode ser considerada teratológica, pois a isenção de custas processuais é matéria que, embora guardenítida relação com o Direito Tributário, por outro lado também se encontra inserida no contexto do direito processual civil,razão pela qual não há que se falar em ofensa ao direito líquido e certo para fins de concessão de mandado de segurança,por não se tratar de ilegalidade passível de controle pela estreita via do remédio heróico.

5. Ressalvada-se, contudo, o direito da impetrante a um prazo razoável para o recolhimento das custas exigidas noprocesso originário, a fim de se garantir a salvaguarda do direito constitucional ao duplo grau de jurisdição.

6. Segurança denegada.

7. Sem custas e honorários, haja vista que a disposição do art. 55 da Lei nº 9.099/95 tem aplicação aos casos decompetência originária das Turmas Recursais, bem como em razão do disposto no art. 25 da Lei nº 12.016/09.

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ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo denegar a segurança, naforma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

121 - 0006527-06.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006527-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES009181 - ERIKA SEIBEL PINTO.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x HENRIQUEPEDRINI (ADVOGADO: ES010851 - RENATA GOES FURTADO.).Processo nº: 0006527-06.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006527-6/01)Recorrente: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRecorrido: Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal E OUTROJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA – CUSTAS – ISENÇÃO PARA O FGTS – ART. 24-A DA LEI Nº 9.028/95 – MEDIDAPROVISORIA Nº 2.180-35/01 - DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADIN Nº 2.736 E O ART.29-C DA LEI Nº 8.036/90

1. Mandado de segurança impetrado pela CEF em face da decisão proferida pelo MM Juiz do 2º Juizado Especial Federalda SJES nos autos do processo nº 0002302-45.2007.4.02.5050, que entendeu pela inconstitucionalidade¸ incidenter tantum,do art. 24-A da Lei nº 9.028/95, inserido pela MP nº 2.180-35 de 27.08.2001, por força da vinculação ao entendimento doSTF proferido na ADIN 2.736, no sentido de que matéria processual não pode ser alvo de medida provisória, mesmo queeditada anteriormente à EC nº 32/01. Segundo a impetrante, o MM Juízo impetrado, na mesma decisão, assinou prazo de48 horas para o recolhimento das custas recursais, sob pena de desersão, medida que afronta seu direito líquido e certo àisenção de custas prevista no art. 24-A da Lei nº 9.028/95.

2. Quanto ao cabimento de mandado de segurança em face de decisão judicial, o entendimento da jurisprudência é nosentido da restrição às hipóteses de abuso de poder ou teratologia (STJ – Corte Especial – Agravo Regimental no MS17525 DF, Relator Min. João Otávio de Noronha, Julgado em 07/05/2012, DJe 18/05/2012).

3. No caso em análise, observo que o MM Juízo impetrado entendeu que a isençao de custas disciplinada pelo art. 24-A daLei nº 9.028/95, com a redação determinada pela Medida Provisória nº 2.180-35/01, enquadra-se na seara do DireitoProcessual Civil, matéria que não pode ser objeto de regulamentação por meio de medida provisória, conforme entendeu oSupreo Tribunal Federal por ocasião do julgamento da ADIN nº 2.736.

4. Conquanto sejam absolutamente respeitáveis os entendimentos em cotrário, o fato é que a interpretação dada pelomagistrado não pode ser considerada teratológica, pois a isenção de custas processuais é matéria que, embora guardenítida relação com o Direito Tributário, por outro lado também se encontra inserida no contexto do direito processual civil,razão pela qual não há que se falar em ofensa ao direito líquido e certo para fins de concessão de mandado de segurança,por não se tratar de ilegalidade passível de controle pela estreita via do remédio heróico.

5. Ressalvada-se, contudo, o direito da impetrante a um prazo razoável para o recolhimento das custas exigidas noprocesso originário, a fim de se garantir a salvaguarda do direito constitucional ao duplo grau de jurisdição.

6. Segurança denegada.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo denegar a segurança, naforma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

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122 - 0100004-69.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.100004-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZABEL BOSI CAVALLIERI(ADVOGADO: ES016805 - DAIANA DOS SANTOS SPÍNOLA ALBUGUETTI, ES013601 - CATIA SOUZA MACHADO.) xJUIZO FEDERAL DA 1ª VARA DE LINHARES/ES.Processo nº: 0100004-69.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.100004-9/01)Recorrente: IZABEL BOSI CAVALLIERIRecorrido: JUIZO FEDERAL DA 1ª VARA DE LINHARES/ESJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PROCESSO CIVIL – JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – RECURSO INOMINADO – EXAME DE ADMISSIBILIDADE

1. Trata-se de mandado de segurança impetrado em face de decisão que negou seguimento a recurso de agravo interpostoem face de decisão que não conheceu de recurso inominado por intempestividade.

2. Embora não haja previsão legal quanto ao cabimento do recurso de agravo, o fato é que compete a Turma Recursal oexame de admissibilidade de recursos cujo julgamento esteja inserido na sua esfera de competência. Logo, é de se admitirque a parte, inconformada com a decisão prolatada pelo MM Juízo sentenciante, requeira a revisão a cargo do órgãocolegiado.

3. Oportuno registrar o entendimento da jurisprudência sobre o assunto, conforme aresto abaixo transcrito.

13148134 - PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DO JUIZADO ESPECIALFEDERAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. POSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DA TURMA RECURSAL. INTERPRETAÇÃODOS ARTS. 4º E 5º DA LEI Nº 10.259/2001. EXTINÇÃO DA AÇÃO MANDAMENTAL, SEM JULGAMENTO DO MÉRITO.1. Contra decisão interlocutória proferida por Juiz Federal integrante do Juizado Especial é admissível a interposição deagravo de instrumento perante a Turma Recursal. Interpretação dos arts. 4º e 5º da Lei nº 10.259/2001. Precedentes doTribunal.2. Em conseqüência, a incidência de multa por descumprimento de obrigação de fazer (CPC, art. 461) deve ser impugnadano instrumento recursal pertinente. A via mandamental não é idônea para substituir o cabível agravo de instrumento.3. Mandado de segurança declarado extinto, sem julgamento do mérito.(TRF 1ª R.; MS 01000131064; MT; Terceira Seção; Rel. Juiz Conv. Reynaldo Soares da Fonseca; Julg. 25/06/2003; DJU05/08/2003; Pág. 33, grifamos)Nota: Repositório autorizado do STF nº 41/2009, do STJ nº 67/2008 e do TST nº 35/2009.

4. Não é demais consignar o enunciado nº 30 das Turmas Recursais do Estado do Rio de Janeiro, que possui o seguinteteor: “O exame da admissibilidade do recurso pelo Juizado Especial Federal é provisório, não obstando sua apreciação pelaTurma Recursal se a parte interessada o requerer, mediante simples petição nos autos, no prazo previsto em lei para osembargos de declaração.*Aprovado na Sessão Conjunta realizada em 31/10/2003, e publicado no DOERJ de 07/11/2003, pág. 16, Parte III.

5. A petição de agravo apresentada pela parte deveria, portanto, ter sido recebida ainda que como simples requerimento e,em seguida, encaminhada para a Turma Recursal para exame acerca da admissibilidade do recurso interposto, sob penade supressão dessa atribuição processual constitucional do órgão colegiado.

6. Segurança que se concede, para solicitar ao MM Juízo impetrado que remeta os autos a Turma Recursal para exame deadmissibilidade do recurso inominado interposto.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONCEDER ASEGURANÇA, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

123 - 0002302-45.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002302-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES009181 - ERIKA SEIBEL PINTO.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x AYLTONDUARTE DE ALMEIDA (ADVOGADO: ES009510 - HELTON T RAMOS.).Processo nº: 0002302-45.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002302-7/01)Recorrente: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRecorrido: Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal E OUTROJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ES

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Relator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA – CUSTAS – ISENÇÃO PARA O FGTS – ART. 24-A DA LEI Nº 9.028/95 – MEDIDAPROVISORIA Nº 2.180-35/01 - DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADIN Nº 2.736 E O ART.29-C DA LEI Nº 8.036/90

1. Mandado de segurança impetrado pela CEF em face da decisão proferida pelo MM Juiz do 2º Juizado Especial Federalda SJES nos autos do processo nº 0002302-45.2007.4.02.5050, que entendeu pela inconstitucionalidade¸ incidenter tantum,do art. 24-A da Lei nº 9.028/95, inserido pela MP nº 2.180-35 de 27.08.2001, por força da vinculação ao entendimento doSTF proferido na ADIN 2.736, no sentido de que matéria processual não pode ser alvo de medida provisória, mesmo queeditada anteriormente à EC nº 32/01. Segundo a impetrante, o MM Juízo impetrado, na mesma decisão, assinou prazo de48 horas para o recolhimento das custas recursais, sob pena de desersão, medida que afronta seu direito líquido e certo àisenção de custas prevista no art. 24-A da Lei nº 9.028/95.

2. Quanto ao cabimento de mandado de segurança em face de decisão judicial, o entendimento da jurisprudência é nosentido da restrição às hipóteses de abuso de poder ou teratologia (STJ – Corte Especial – Agravo Regimental no MS17525 DF, Relator Min. João Otávio de Noronha, Julgado em 07/05/2012, DJe 18/05/2012).

3. No caso em análise, observo que o MM Juízo impetrado entendeu que a isençao de custas disciplinada pelo art. 24-A daLei nº 9.028/95, com a redação determinada pela Medida Provisória nº 2.180-35/01, enquadra-se na seara do DireitoProcessual Civil, matéria que não pode ser objeto de regulamentação por meio de medida provisória, conforme entendeu oSupreo Tribunal Federal por ocasião do julgamento da ADIN nº 2.736.

4. Conquanto sejam absolutamente respeitáveis os entendimentos em cotrário, o fato é que a interpretação dada pelomagistrado não pode ser considerada teratológica, pois a isenção de custas processuais é matéria que, embora guardenítida relação com o Direito Tributário, por outro lado também se encontra inserida no contexto do direito processual civil,razão pela qual não há que se falar em ofensa ao direito líquido e certo para fins de concessão de mandado de segurança,por não se tratar de ilegalidade passível de controle pela estreita via do remédio heróico.

5. Ressalvada-se, contudo, o direito da impetrante a um prazo razoável para o recolhimento das custas exigidas noprocesso originário, a fim de se garantir a salvaguarda do direito constitucional ao duplo grau de jurisdição.

6. Segurança denegada.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo denegar a segurança, naforma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

91004 - RECURSO CIVEL / OUTROS

124 - 0001061-17.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.001061-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELEONORA DE SOUZAROCHA (ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).Processo nº: 0001061-17.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.001061-8/01)Recorrente: ELEONORA DE SOUZA ROCHARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REQUERIMENTO DE BENEFÍCIO INDEFERIDO NA VIA ADMINISTRATIVA. DECISÃO JUDICIALQUE ANULA O ATO DO INSS E DETERMINA À AUTARQUIA A REALIZAÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO E A REAPRECIAÇÃODO REQUERIMENTO. LEGALIDADE. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de agravo de instrumento interposto pela autora em face de decisão judicial, que, após anular decisãoadministrativa de indeferimento de requerimento de benefício previdenciário, determinou ao INSS que complementasse ainstrução do processo administrativo, mediante realização de justificação e prolação de nova decisão adequadamente

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fundamentada. Posteriormente, o juízo indeferiu o requerimento de antecipação de tutela formulado pela parte autora.

2. A decisão agravada, ao postergar a fase de instrução judicial e, conseqüentemente, dilatar o prazo para a prolação desentença de mérito, por ser conjugada ao ato de indeferimento da tutela antecipada, é passível de impugnação por agravode instrumento, nos termos do art. 5º da Lei 10.259/2001.

3. A atuação do Poder Judiciário se justifica para a solução de lides. Quando o Juiz verifica que a emissão de vontade doente público réu está em desacordo com a lei – seja porque a instrução do processo administrativo não foi satisfatória, sejaporque a decisão administrativa não está suficientemente fundamentada – o Magistrado é livre para determinar sejamrefeitos os atos viciados (art. 32 da Lei 9.099/1995).

4. Desde que a decisão judicial fixe prazo razoável para a realização de justificação administrativa e prolação de novo atodecisório, não há violação à garantia da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CRFB/1988) nem ao princípio daceleridade (art. 2º, da Lei 9.099/1995).

5. A decisão judicial que impõe à Administração refazer o ato administrativo em consonância com o due processestabelecido para o processo administrativo (Lei 9.784/1999), longe de configurar afronta à inafastabilidade do controlejurisdicional (art. 5º, XXXV, da CRFB/1988), satisfaz liminarmente parte da pretensão da autora, por declarar a existência dealgum grau de ilegalidade no ato impugnado.

6. Não ocorre violação à garantia da ampla defesa (art. 5º, LV, da CRFB/1988), pois os fatos alegados pela parte autorapoderão, em momento posterior, ser provados em juízo, caso ela repute insuficiente ou defeituosa a prova produzida emsede administrativa. Isto não impede, contudo, que o Juiz, dentro do seu poder geral de presidir o processo e determinar aprodução das provas que entenda necessárias, possa determinar ao réu a realização de atos tendentes ao melhoresclarecimento dos fatos debatidos e à eventual reavaliação da decisão administrativa impugnada.

7. De resto, a determinação de que terceiros dêem início à colheita de elementos destinados à instrução do processo, paraque as próprias partes possam esclarecer pontos controvertidos e, assim, eventualmente chegar à solução espontâneasem a necessidade de intervenção direta do Magistrado, é procedimento que em nada se distancia do permissivo contidono art. 16, da Lei 12.153/2009, aplicável, por força do seu art. 26, aos Juizados Especiais Federais.

8. Agravo desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

125 - 0001085-45.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.001085-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCIA MIRANDA SOARES(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).Processo nº: 0001085-45.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.001085-0/01)Recorrente: LUCIA MIRANDA SOARESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REQUERIMENTO DE BENEFÍCIO INDEFERIDO NA VIA ADMINISTRATIVA. DECISÃO JUDICIALQUE ANULA O ATO DO INSS E DETERMINA À AUTARQUIA A REALIZAÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO E A REAPRECIAÇÃODO REQUERIMENTO. LEGALIDADE. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de agravo de instrumento interposto pela autora em face de decisão judicial, que, após anular decisãoadministrativa de indeferimento de requerimento de benefício previdenciário, determinou ao INSS que complementasse ainstrução do processo administrativo, mediante realização de justificação e prolação de nova decisão adequadamentefundamentada. Posteriormente, o juízo indeferiu o requerimento de antecipação de tutela formulado pela parte autora.

2. A decisão agravada, ao postergar a fase de instrução judicial e, conseqüentemente, dilatar o prazo para a prolação de

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sentença de mérito, por ser conjugada ao ato de indeferimento da tutela antecipada, é passível de impugnação por agravode instrumento, nos termos do art. 5º da Lei 10.259/2001.

3. A atuação do Poder Judiciário se justifica para a solução de lides. Quando o Juiz verifica que a emissão de vontade doente público réu está em desacordo com a lei – seja porque a instrução do processo administrativo não foi satisfatória, sejaporque a decisão administrativa não está suficientemente fundamentada – o Magistrado é livre para determinar sejamrefeitos os atos viciados (art. 32 da Lei 9.099/1995).

4. Desde que a decisão judicial fixe prazo razoável para a realização de justificação administrativa e prolação de novo atodecisório, não há violação à garantia da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CRFB/1988) nem ao princípio daceleridade (art. 2º, da Lei 9.099/1995).

5. A decisão judicial que impõe à Administração refazer o ato administrativo em consonância com o due processestabelecido para o processo administrativo (Lei 9.784/1999), longe de configurar afronta à inafastabilidade do controlejurisdicional (art. 5º, XXXV, da CRFB/1988), satisfaz liminarmente parte da pretensão da autora, por declarar a existência dealgum grau de ilegalidade no ato impugnado.

6. Não ocorre violação à garantia da ampla defesa (art. 5º, LV, da CRFB/1988), pois os fatos alegados pela parte autorapoderão, em momento posterior, ser provados em juízo, caso ela repute insuficiente ou defeituosa a prova produzida emsede administrativa. Isto não impede, contudo, que o Juiz, dentro do seu poder geral de presidir o processo e determinar aprodução das provas que entenda necessárias, possa determinar ao réu a realização de atos tendentes ao melhoresclarecimento dos fatos debatidos e à eventual reavaliação da decisão administrativa impugnada.

7. De resto, a determinação de que terceiros dêem início à colheita de elementos destinados à instrução do processo, paraque as próprias partes possam esclarecer pontos controvertidos e, assim, eventualmente chegar à solução espontâneasem a necessidade de intervenção direta do Magistrado, é procedimento que em nada se distancia do permissivo contidono art. 16, da Lei 12.153/2009, aplicável, por força do seu art. 26, aos Juizados Especiais Federais.

8. Agravo desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

126 - 0000683-41.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000683-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES009173 - ITALO SCARAMUSSA LUZ.) x WILSON COLLYER (ADVOGADO: ES011662 -FABRICIO VENTORIM RUBIALE.).RECURSO Nº 0000683-41.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000683-5/01)RECORRENTE: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRECORRIDO: WILSON COLLYERRELATORA: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL - MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO BANCÁRIO – PRELIMINAR DE IMPEDIMENTO OUSUSPEIÇÃO – AFASTADA – ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA – AFASTADA - DANO MORAL E MATERIAL– CONFIGURAÇÃO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso interposto pela CEF em face da sentença de fls.104/112, que julgou procedente o pedido inicial,condenando a ré ao pagamento de dano material e de dano moral. Preliminarmente, aduziu a recorrente, no bojo da peçarecursal, que há impedimento ou suspeição do Magistrado sentenciante, em função de possível parcialidade em razão dofato de ter sido registrado, em audiência, que este, em sua conta corrente pessoal, nunca houvera recebido comunicadosda CEF sobre modificações de limites de crédito.

2. Inicialmente, rejeito a preliminar de impedimento ou suspeição do Magistrado sentenciante, pois, o uso de regras de

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conhecimento está previsto no art. 5º in fine da Lei 9.099/95, não sendo, portanto, identificada nenhuma previsão objetivade impedimento ou suspeição de magistrado pelo fato dele aplicá-las. Eventual impropriedade do conteúdo resultante detais regras não configura impedimento ou suspeição do magistrado, mas matéria passível de ser analisada no mérito dopróprio recurso.

3. Por sua vez, observo ainda que a recorrente alega cerceamento de defesa sob o aspecto probatório, em função da faltade produção de dois elementos de provas: a falta do depoimento pessoal do autor e a não apresentação da provadocumental tendente a comprovar que lhe foram encaminhadas as comunicações sobre o aumento do seu limite de créditorotativo. Assim, antes de entrar no mérito, instar analisar se houve cerceamento probatório.

4. Quanto à falta de oitiva do autor, afasto qualquer nulidade, uma vez que a articulação dos fatos apresentados nãodemandava a necessidade de tal instrução, facultando ao juiz deferir ou não sua produção. Já quanto à prova documentalda efetiva comunicação ao autor sobre o aumento de sua linha de crédito rotativo, considero ter havido preclusão, já que,caso a CEF quisesse apresentá-las, poderia tê-lo feito após a audiência de instrução e julgamento. De qualquer forma,foi-lhe facultada a juntada da documentação em questão após a prolação da sentença (fl. 141), porém, mesmo assim, aCEF não promoveu sua juntada, quedando-se inerte.

5. Ultrapassadas estas questões, passo a análise do mérito

6. Entendo que a sentença vergastada mereça ser mantida in totum, por seus próprios e jurídicos fundamentos. Vejamostrechos do decisum:

(...)

O ponto controverso factual deste feito reside em apurar se o autor solicitou ou não o cancelamento de sua conta correntejunto à CEF no final do ano de 2006. Isso porque todos os fatos que geraram o pagamento aqui impugnado, no final de2010, foram decorrentes de cobranças de encargos na conta corrente em tela, que permaneceu ativa até então. O autorafirmou que solicitou o cancelamento através de contato verbal com o gerente de sua agência à época. Afirmou, ainda, nãolhe ter sido informada a necessidade de se efetuar tal pedido de forma escrita. Por sua vez, a CEF afirmou que pedidos decancelamento só poderiam ser efetivados de forma escrita e que nenhum funcionário do banco estaria autorizado a acatartal solicitação de forma verbal.

Acredito não ser possível apurar tal ponto controverso de forma direta. Devo, então, analisar as provas indiretas existentesnos autos para verificar qual a maior probabilidade: se o autor solicitou o cancelamento e não foi atendido, ou se o autor nãosolicitou tal cancelamento. Senão Vejamos. Em 29.09.2006 o saldo na conta corrente sob análise era positivo em poucomais de R$ 60,00 (fls. 84). Todo mês havia débito de tarifa bancária e impostos, sem qualquer movimentação voluntária doautor, de tal sorte que em 29.12.2006 o saldo “virou” negativo no valor de R$ 1,55 (fls. 20 e 87). A partir de então só houvedébitos de encargos bancários, novamente sem qualquer movimentação voluntária do autor (fls. 21 a 56). Por fim, apósrecebimento de comunicação específica para tanto, em 07.12.2010 o autor pagou o débito ora impugnado para não serinscrito em cadastros de negativação (fls. 58). Creio que a ausência de movimentação durante mais de quatro anos,iniciada quando a conta ainda estava com saldo credor, é indicativo de verossimilhança da alegação do autor no sentido deque o gerente lhe teria orientado a “deixar zerar a conta”, como afirmado na inicial. Isso porque foi o que efetivamenteaconteceu: o autor “deixou zerar a conta”. Por sua vez, o pagamento integral do débito para depois questionar sua validade(solve et repete) indica boa fé do autor.

Por outro lado, chamou-me especial atenção o documento de fls. 19, apresentado pelo autor na inicial e não impugnadopela CEF na contestação. Trata-se da consolidação das operações do autor com a CEF, para fins de declaração do IRPF,referente aos anos de 2009 e 2010. O que se poderia esperar desse documento? Se a conta corrente do autor não foicancelada no final de 2006, no documento em tela deveria estar contabilizado o saldo devedor do final de 2009, cerca deR$ 1,5 mil (fls. 53). Entretanto, não há qualquer menção sobre a existência de conta corrente em nome do autor nodocumento sob análise (fls. 19). É verdade que a inconsistência aqui apurada não prova que o autor solicitou ocancelamento de sua conta corrente. Mas é forte indício de que os dados existentes no sistema da CEF não são confiáveis.Isso porque existe probabilidade relevante de que as rotinas administrativas para inserção de dados no sistema podem nãoestar sendo cumpridas “ao pé da letra”. Logo, é razoável supor-se que existe probabilidade relevante no sentido de que oautor tenha solicitado o cancelamento de sua conta corrente e que o gerente não tenha cumprido “ao pé da letra” as normase tenha dispensado o pedido por escrito.

(...)

Apesar de, pela análise das provas indiretas, já me encontrar convencido de que o autor solicitou o cancelamento de suaconta corrente, passo a analisar a questão sobre outro ângulo. Se a CEF tivesse encaminhado ao autor alguma

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correspondência sobre sua conta corrente (um extrato bancário, por exemplo), toda esta celeuma não teria ocorrido. Issoporque o autor teria constatado que sua conta ainda permanecia ativa e teria providenciado o efetivo cancelamento.

(...)

Mas a CEF teria obrigação incontroversa de efetivar tais comunicações?

Pelo menos no que tange ao saldo negativo, sim! Demonstro.

Com o objetivo de padronizar o serviço de encerramento de contas correntes em todo o sistema bancário brasileiro, aFEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos - lançou, no final de 2007, o “Roteiro de Procedimentos para o Encerramentode Contas Correntes”1. O roteiro foi fruto de uma série de debatescom os órgãos que integram o Sistema Nacional deDefesa do Consumidor, como os PROCONS e com o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) doMinistério da Justiça. Logo em seguida, o “Código de Autorregulação Bancária”2 sancionou as regras desse procedimentorelativas ao consumidor pessoa física. Segue trecho da orientação aos correntistas, extraída do site da FEBRABAN3:

Contas abandonadasQuando o cliente abandona a sua conta corrente, deixando-a inativa, as tarifas de serviços podem continuar a ser cobradas.Para evitar que o correntista entre em dívidas, depois de 90 dias de inatividade os bancos enviam uma notificação aosclientes. Após essa comunicação, as tarifas só deixam de ser cobradas se gerarem saldo devedor na conta.

Passados seis meses sem movimentação,as instituições financeiras suspendem a cobrança de tarifas sobre a contacorrente, bem como de encargos sobre o saldo devedor eventualmente formado nesse período de inatividade da conta.Diante desse quadro, os bancos podem manter a conta paralisada, sem encerramento, ou enviar uma nova notificação aocliente, dando-lhe prazo de 30 dias corridos para a sua reativação. Caso não haja manifestação nesse período, a contapode ser fechada pelo banco. Se o saldo na conta for negativo, a instituição financeira pode cobrá-lo do consumidor, porqualquer das vias normais de cobrança (extrajudicial ou judicial).

Dentro dessa realidade, não tenho receio em afirmar que, a partir do início de 2008, a CEF deveria ter expedido umacomunicação especial ao autor, informando-lhe que sua conta corrente, que se encontrava sem movimentação há mais de90 (noventa) dias, restou com saldo negativo em função da incidência de tarifas bancárias, nos termos do acordo daFEBRABAN com o Ministério da Justiça. Em 02.01.2008 o saldo devedor era de R$ 190,43 (fls. 32) e a questão aindapoderia ter sido resolvida internamente, em função do valor envolvido.

Por todo o exposto, em função da análise de provas indiretas, estou plenamente convencido de que o autor solicitou ocancelamento de sua conta corrente. Por sua vez, também estou plenamente convencido de que a CEF deveria tercomunicado ao autor que o saldo de sua conta corrente inativa restou negativado, bem como que o limite de crédito rotativofoi aumentado. Qualquer uma das duas comunicações evitaria o débito ora impugnado. Houve, portanto, ato ilícito cível porparte da CEF, a teor do art. 186 do CC. Como a relação bancária é uma relação de consumo, a responsabilidade em tela éobjetiva, não havendo de se analisar culpa da CEF. A seguir, registro que não há hipóteses de exclusão daresponsabilidade objetiva.

No que se refere ao dano material, constato que a cobrança efetivada pela CEF (fls. 15 e 18) foi indevida, uma vez que adívida correspondente foi oriunda de ato ilícito civil. Logo, o valor pago pelo autor à CEF lhe deve ser restituído em dobro,nos termos do parágrafo único do art. 42 do CDC. Para este caso, o ato ilícito é a data do efetivo pagamento da dívidaindevida: 07.12.2010 (fls. 18).

No que tange ao dano moral, registro que a inscrição nos cadastros de negativação de crédito não foi efetivada única eexclusivamente pela ação do autor, que optou pelo sistema do solve et repet. Dessa forma, para que seu nome não fosseinscrito em cadastro de negativação, o autor teve que ser desapossado de numerário próprio. Assim, para fins de análise daocorrência de dano moral, acredito que o caso em tela equivale ao saque fraudulento em cona de poupança, na qual opoupador se vê desapossado de seu numerário por fraude de terceiro. Para este caso, o ato ilícito é a data da cobrançaindevida: 07.12.2010 (fls. 15).

O STJ tem se posicionado favoravelmente à condenação em dano moral, seja por saques indevidos (STJ: EDcl AgRg Ag1.068.211/RS), seja por cobranças indevidas como a deste feito (STJ: REsp 731.244/AL), seja pela simples devolução decheques sem fundo (Enunciado no 388 do STJ), seja pela apresentação antecipada de cheque “pré-datado” (Enunciado no370 do STJ). E aquele Pretório também tem admitido que o dano moral seja maior que o valor da cobrança indevida.

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COBRANÇA INDEVIDA DE DÍVIDA. DANO MORAL. INEXISTÊNCIA DE INSCRIÇÃO NOSSERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO OU DE QUALQUER OUTRA PUBLICIDADE. REDUÇÃO DO QUANTUMINDENIZATÓRIO, FIXADO EM R$ 87.004,00 PARA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS).

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1.- Quem obtém o encerramento de conta-corrente bancária tem direito à tranquilidade ulterior, de modo que o acréscimode débitos a ela e o envio de missivas com ameaças de cobrança constitui dano moral indenizável.

2.- Na fixação do valor da indenização por dano moral por ameaça de cobrança tratando-se de débitos inseridos em contaencerrada deve ser ponderado o fato da inexistência de publicidade e de anotação no serviço de proteção ao crédito,circunstâncias que vêm em desfavor de fixação de valor especialmente elevado, mormente se considerados os valores quevêm sendo fixados por esta Corte.

3.- Recurso Especial provido em parte, reduzindo-se a R$ 10.000,00, em moeda do dia deste julgamento, o valor de R$87.004,00, fixado no caso de cobrança indevida de débito de R$ 870,00.

STJ. 3 Turma. REsp 731.244/AL. Rel. Min. Sidnei Beneti. Julgado em 10.11.2009. DJe de 3.11.2009.

Seguindo a linha de raciocínio do STJ, se a cobrança indevida de dívida de R$ 870,00, que não gerou inscrição emcadastros de negativação, pode gerar dano moral de R$ 10 mil (aprox. 20 salários mínimos), não vejo problema que acobrança indevida da dívida em tela, de R$ 3 mil, gere indenização no mesmo patamar. Até porque, neste caso, só nãohouve inscrição em cadastro de negativação pelo fato do autor ter pago a dívida para depois impugná-la. O caso em tela,retrata, portanto, dano leve e o valor indicado permanece dentro do parâmetro do enunciado n 08 da TR/RJ, comumenteutilizado nos Juizados Federais da 2a Região. Assim, estaria predisposto a condenar a CEF em dano moral de R$ 10 mil,seguindo o posicionamento do STJ.

(...)

DISPOSITIVO

Isto posto, JULGO PROCEDENTES OS PEDIDOS de dano material e de dano moral. Como conseqüência, condeno aCEF, em sede de dano material, a restituir ao autor o dobro do valor indevidamente cobrado, que totaliza R$ 6.275,78 (seismil, duzentos e setenta e cinco reais e setenta e oito centavos), a serem corrigidos monetariamente pelo INPC e, após,acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, tudo a contar da data do pagamento indevido (07.12.2010), nos termos do art.398 do CC. A seguir, condeno a CEF, em sede de dano moral, a indenizar o autor no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),a serem corrigidos monetariamente pelo INPC a contar da data desta Sentença (Enunciado no 362 do STJ) e, após,acrescidos de juros de mora de 1% ao mês a contar do ato ilícito (07.12.2010), nos termos do art. 398 do CC.

(...)

7. Por todo o exposto, tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e ojulgado está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, voto pela manutenção integralda sentença guerreada, nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.099/95.8. - Recurso conhecido e desprovido.9. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobreo valor da condenação.

É como voto.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 3ª Relatora da 2ª Turma Recursal

127 - 0000203-29.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000203-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x EMILIA RODRIGUES DE PAULA(ADVOGADO: ES017510 - IZABEL DELESPORTE ROSADO, ES017578 - Bruno Ribeiro Machado.).RECURSO Nº 0000203-29.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000203-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RECORRIDO: EMILIA RODRIGUES DE PAULARELATORA: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE AMPARO SOCIAL AO IDOSO RECEBIDO DE BOA-FÉ.VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR. IRREPETIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo réu, ora recorrente, em face da sentença de fls. 107/109, que julgouprocedente em parte o pleito autoral para declarar a inexistência da dívida estimada em R$ 30.107,34, antecipando osefeitos da tutela para determinar que o INSS se abstivesse de cobrar da autora a devolução dos valores de benefícioassistencial e de inscrevê-la em dívida ativa. Em razões de recurso, o recorrente sustenta que, ao exigir o ressarcimento dequantia paga indevidamente ao segurado, cumpre os princípios constitucionais da legalidade e da moralidade, poucoimportando se o pagamento indevido foi fruto de erro administrativo por configurar enriquecimento sem causa. Ademais,alega que os citados princípios devem prevalecer em face da boa-fé do contribuinte. Assim, requer a reforma da sentença.Contrarrazões às fls.127/134.

No caso dos autos, a autora era beneficiária do benefício do amparo social ao idoso desde 13/07/2004. Com o falecimentodo seu marido no ano de 2011, requereu ao INSS o benefício da pensão por morte, ocasião em que a autarquia constatouque o benefício anterior fora indevidamente pago à mesma, conquanto a sua renda per capita ultrapassasse a quantia de ¼do salário mínimo. Em vista disso, o recorrente passou a cobrar da autora/recorrida os valores que lhe haviam sido pagosequivocadamente a título de benefício assistencial no período de 1º/5/2006 a 30/4/2011, no montante de R$ 30.107,34 (fls.100/101), não sem antes regular trâmite de processo administrativo, no qual a recorrida teve seu recurso indeferido.

De fato, os benefícios de pensão por morte e amparo social ao idoso são inacumuláveis (parágrafo 4° do artigo 20 da Lein° 8.742/93). Entretanto, a situação em que se viu envolta a autora não foi causada por ela, mas pelo INSS, que lheconcedeu o benefício de amparo social indevidamente, apesar do fato de seu marido estar recebendo, à época dodeferimento, o benefício de aposentadoria por invalidez no valor de R$ 545,00, perfazendo uma renda per capita superior a¼ do salário-mínimo, circunstância impeditiva à concessão do benefício social a autora/recorrida, à luz do disposto no § 3º,do art.20, da Lei 8.742/1993. Importa registrar que, na oportunidade do requerimento administrativo, não houve qualqueralegação, por parte da autora, de que não estivesse mais casada com o de cujus, Sr. Raimundo Gomes de Paula, como severifica a partir da afirmação da própria autarquia previdenciária à fl.23. Registre-se que, caso o INSS houvesse observadotal circunstância à época (ocasião do deferimento administrativo do benefício de amparo social ao idoso à autora/recorrida),não teria a recorrida recebido a verba de maneira indevida e, por conseguinte, não estaria sendo obrigada a restituir àprevidência estes valores mediante desconto de seu benefício de pensão por morte. Em casos como que tais, deve seraplicado o entendimento segundo o qual não devem ser repetidos valores recebidos pelo contribuinte de boa-fé.

4. Assim, a sentença recorrida encontra-se em consonância com a jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça e deveser mantida por seus próprios fundamentos. (STJ, 6ª Turma, AgRg no REsp 413977/RS, Rel. Min. Maria Tereza de AssisMoura, j. em 19/02/2009).

5. Os alimentos servem para garantir a vida, prestando-se à aquisição de bens de consumo para assegurar asobrevivência, como comida, habitação, saúde, etc. Logo, é iníquo pretender que sejam repetidos. O princípio dairrepetibilidade da verba alimentar não está previsto em lei, mas é por todos aceito e abraçado amplamente pelajurisprudência, tendo em vista ser de noção intuitiva e de entendimento meridiano a justiça do seu enunciado. Dessa forma,esse princípio afasta, por constituir uma exceção a eles, a aplicação do art. 884, do Código Civil, que versa sobre a vedaçãodo enriquecimento sem causa, bem como a do art. 115, da Lei 8.213/1991, que trata do desconto de benéficos pagos amaior, se agiu com boa-fé o credor das verbas alimentícias.

6. Nesse mesmo sentido, vejam-se precedentes tanto da Primeira, quanto da Segunda Seção Especializada do TRF2:

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. RESTITUIÇÃO DE VALORES RECEBIDOS A MAIOR DE BOA-FÉ.EQUÍVOCO DA ADMINISTRAÇÃO. VERBA ALIMENTAR. PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE. DESCONTO.IMPOSSIBILIDADE. 1.É incabível a pretensão da autarquia de restituição dos valores pagos a maior, por equívoco daAdministração, a segurado de boa-fé, diante da natureza alimentar dos benefícios previdenciários e do princípio dairrepetibilidade. 2.Apelação e remessa necessária desprovidas.(APELRE 201051018045021, Desembargadora Federal LILIANE RORIZ, TRF2 - SEGUNDA TURMA ESPECIALIZADA,E-DJF2R - Data: 03/03/2011 - Página: 279)

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO. VALORES RECEBIDOS ALÉM DO DEVIDO. ERRO ESCUSÁVEL DAADMINISTRAÇÃO. AUSÊNCIA DE DOLO OU MÁ-FÉ. HIPOSSUFICIÊNCIA DA SEGURADA. CARÁTER ALIMENTAR DAPRESTAÇÃO. RESTITUIÇÃO NÃO OBRIGATÓRIA. PRECEDENTES DOS EGRÉGIOS STF. STJ E TCU. AGRAVOINTERNO NÃO PROVIDO. (...) 3. Embora a regra geral seja a devolução dos valores recebidos indevidamente, em vista davedação do enriquecimento sem causa, doutrina e jurisprudência têm admitido a mitigação de tal princípio, em hipótesesespecíficas, como no presente caso, em que além da notória boa-fé da beneficiária, leva-se em consideração ahipossuficiência da mesma, o princípio da segurança jurídica e o fato do erro da administração afigurar-se escusável, em

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vista das circunstâncias do caso e da legislação que disciplina a matéria. 4. Mitigação do rigor da regra que prevê adevolução dos valores indevidamente recebidos (art. 115 da Lei n 8.213/91), em vista da boa-fé e hipossuficiência dapensionista, além do caráter alimentar da prestação em foco, o que não significa dizer que a aludida norma éinconstitucional, uma vez que apenas foi dado ao texto desse dispositivo, interpretação diversa da pretendida pelo INSS.Precedente do eg. STJ. 4. Inexistência de dolo ou má-fé por parte da impetrante que vinha recebendo o benefício na formacalculada pela autarquia, fato que somado a hipossuficiência da agravada, ao princípio da segurança jurídica e ao erroescusável da administração, não torna obrigatória a restituição dos valores recebidos de boa-fé, mormente levando-se emconta o caráter alimentar da prestação em foco. 5. Agravo interno conhecido, mas não provido.(APELRE 200951020003913, Desembargador Federal ABEL GOMES, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA,E-DJF2R - Data::06/05/2011 - Página::256/257.)

7. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Condenação do recorrente vencido aopagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor corrigido da causa, nos termos do artigo 55, caput,da Lei n. 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 3º Relatora da 2ª Turma Recursal