boletim pesquisa e manejo ambiental no rio tiquié - no. 1

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BOLETIM PESQUISA E MANEJO AMBIENTAL NO RIO TIQUIÉ ANO 1 NÚMERO 1 MAIO/2013 Calendário e ciclos de vida

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Boletim Pesquisa e Manejo Ambiental no Rio Tiquié - ano 1 - Número 1 - maio/2013 Calendários e Ciclos de Vida Rio Tiquié, Bacia do Rio Negro, Amazonas, Brasil. ISA, FOIRN,

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boletim Pesquisa e manejo ambiental no Rio tiquié ano 1 nÚmeRo 1 maio/2013

Calendário e ciclos de vida

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BOLETIM PESQUISA E MANEJO AMBIENTAL NO RIO TIQUIÉ

V Canoita Tiquié-Piraparaná aconteceu em São Pedro

Entre 25 e 30 de novembro de 2012, quase 80 repre-sentantes de associações e comunidades indígenas

dos rios Tiquié, Pirapraná e Uaupés estiveram reunidos em São Pedro, alto rio Tiquié, para um encontro sobre ma-nejo atual e tradicional conjunto, com ênfase no manejo dos peixes. Estiveram presentes as associações ACAIPI (Piraparaná colombiano), AATIZOT (Tiquié colombiano), ATRIART, AEITU, OIDS, AEITY, ACIRC, ACIMET, AEITYKAP (Tiquié brasileiro) e COIDI (Iauaretê); além de equipe da Fundación Gaia e do ISA.

A realização desse encontro exigiu um grande esforço dos participantes e coordenação logística, envolvendo distribuição de gasolina (que esteve escassa nos postos da cidade de São Gabriel da Cachoeira devido à seca do rio Negro), vários motores de popa e, inclusive dessa vez, o apoio de avioneta entre Sonaña (Piraparaná) e Trinidad (Tiquié) para trazer um grupo de conhecedores mais ve-lhos que não poderia andar três dias pelo caminho, como fizeram os outros vinte. Estiveram presentes pessoas de dez povos: Tuyuka, Tukano, Tatuyo, Eduria (Taiwano), Bará, Barasana, Idemasa, Yebamasa, Desana e Yuhupda; além dos “brancos”.

Os três primeiros dias foram dedicados às apresenta-ções das atividades e pesquisas das diversas associações, compartilhando metodologias, resultados e conhecimen-tos sobre cada caso. A primeira apresentação foi feita pela Escola Tuyuka, que expôs seu trabalho de fortalecimento da própria língua e dos conhecimentos tradicionais, tra-balhos que já vem sendo desenvolvidos há mais de uma década. Foi discutido como a Escola vem trabalhando os conhecimentos indígenas com as tecnologias e conhe-cimentos de fora.

O segundo dia teve início com a apresentação sobre a piscicultura em Iauaretê feita por Arlindo Maia e Nivaldo Castilho (COIDI), que gerou muito interesse, devido ao quadro que traçaram da situação atual dessa pequena cidade indígena, com seus problemas e desafios. Insisti-ram que em Iauaretê não há mais interesse nos conheci-mentos tradicionais...

Em seguida foi a vez dos AIMAs do Tiquié apresen-tarem seus trabalhos, especialmente relacionados ao manejo dos peixes. Roberval Pedrosa, Ismael dos Santos e Rogelino Azevedo falaram da história da pesca nesse rio e das causas da escassez, destacando o crescente uso de instrumentos de fora, como as malhadeiras. Apresentaram também as proposta de manejo sustentável discutidas

BOLETIM PESQUISA E MANEJO AMBIENTAL

Notícias

Exposição Peixe e Gente no Musa

No dia 05 de novembro de 2012 foi aberta a exposição Peixe e Gente no Rio Negro, no Museu da Amazônia

(Musa), em Manaus. Fruto de uma parceria entre as asso-ciações indígenas ATRIART, ACIMET e AEITY com o Musa e o ISA, foi preparada durante meses de trabalho com conhecedores, artesãos e AIMAs do rio Tiquié. Uma equipe de cinco artesãos de diferentes comunidades do Tiquié permaneceu mais de um mês em Manaus montando as armadilhas maiores. Quase cem painéis foram montados com textos e fotos, abordando temas como manejo indí-gena dos peixes, suas concepções sobre origens e cos-mologia, armadilhas de pesca tradicionais e formas como as associações indígenas estão enfrentando a questão da escassez da produção da pesca, dentre outros. Parte do conteúdo do livro Peixe e Gente no Alto Rio Tiquié, de 2005, informações reunidas em oficina dos AIMAs sobre armadilhas de pesca, que aconteceu em abril de 2012, além de outras fontes, serviram de base para os painéis.

Cinco vídeos foram produzidos por Juan Soler com assistentes indígenas, sobre jequi, matapi, cacuri-de-lua, pesca de peixe-espada (soo ñuse) e cacuri-portátil (imirõ). A exposição teve curadoria de Aloisio Cabalzar (ISA) e Ennio Candotti (diretor do Musa), tendo Melissa Oliveira (assistente de curadoria), Juan Soler (foto e vídeo), Zeca Nazareth (arte) e Marcella Rufino (arquitetura) na equipe. A equipe de artesãos foi composta por Tarcísio Barreto, Guilherme Tenório, Domingos Marques, José Pimentel e Luciano Barbosa; além de Feliciano Lana (desenhos). Em breve deverá ser concluído um catálogo formado pelos painéis da exposição.

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coletivamente nos encontros de Pari-Cachoeira de 2008, e distribuíram o livro que acabara de ficar pronto. Dário Rezende falou sobre as discussões que tiveram sobre uso do timbó. Lucas Bastos apresentou os resultados da pesquisa de opinião feita com os pescadores do Tiquié em 2009. Mateus Macedo e Genésio Araújo explicaram as atividades de destinação adequada do lixo das co-munidades. Por último, José Maria Ramos e Roberval apresentaram a pesquisa sobre calendário.

Depois de perguntas e comentários sobre essas apre-sentações, Reinel Ortega iniciou a apresentação da ACAIPI falando do histórico das atividades dessa associação e, em seguida, focando no manejo dos peixes. Ele disse que cada grupo étnico trabalha em seu território e que não fazem cria-ções de peixes porque na origem os criadores já deixaram os lagos e outros ambientes para os peixes viverem, mas que é preciso curar (benzer) e cuidar dos lugares de reprodução. Por isso �zeram pesquisas sobre quais são os lugares mais importantes; e sobre cada peixe investigaram suas origens, relações com as frutas, os benzimentos, alimentação, se é residente ou migratório. Também se perguntaram quais os lagos podem ou não ser tinguijados.

Por último foi a apresentação dos Tuyuka de Bellavista, parte da AATIZOT. Ernesto Valle disse que “todos os grupos indígenas tem a mesma origem; todos os seres viventes somos iguais; todos temos os mesmo instrumentos; mas cada grupo nomeia as coisas de forma diferente. As normas e origens são únicas. Nós da Amazônia somos os melhores conservacionistas. Nossos antepassados eram científicos nisso. Pouco a pouco formos perdendo, pensamos que o mundo do branco era melhor.”

No final cada associação fez um conjunto de dificul-dades e propostas para o manejo ambiental e renovaram o interesse em realizar outros encontros e intercâmbios.

Na semana do índio um grupo de pessoas do Pira-paraná voltou a São Pedro para realizar outra cerimônia e intercâmbio cultural - mas informações sobre esse encontro só no próximo Informativo.

A V Canoita foi finalizada com uma cerimônia de proteção coordenada pelos conhecedores do Piraparaná. O bayá eduria Rufino dançou com seu grupo por mais de 24 horas...

DANÇA COM GRUPO TAIWANO E TATUYO NO ENCERRAMENTO DA V CANOITA

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Aconteceu

Seminário sobre Calendário e Mudanças Climáticas

Entre os dias 08 e 11 de Março de 2013 na comunidade Cunuri, do médio rio Tiquié, ocorreu um seminário sobre

calendários com o objetivo de discutir conhecimentos sobre as constelações astronômicas, ciclos rituais e de benzimento, ciclos de vida de peixes, animais, plantas frutíferas, doenças do tempo entre outros temas relacionados. Com a partici-pação dos Agentes Indígenas de Manejo Ambiental (AIMA) e conhecedores da região do alto, médio e baixo Tiquié das etnias Tukano, Tuyuka, Desano, Yeba-mahsa, Hupda, além da equipe do ISA no Tiquié, a realização do seminário teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM e do Instituto Socioambiental.

Esse tema vem sendo trabalhado desde 2005 pelos AIMAs, através de anotações diárias, sistematização e or-ganização dos dados e algumas tentativas de comparação dos ciclos anuais, abrindo para a discussão sobre possíveis mudanças climáticas.

O seminário teve início com a apresentação dos conhe-cedores convidados: Avelino Prado Neri (tukano de Jabuti), José Pimentel (tukano de Bela Vista e também AIMA), Nelson Pedrosa (tukano de Serra de Mucura), Paulo Lima (tuyuka do Igarapé Onça), Rodolfo Azevedo (tukano de Acará-Poço), Severiano Sampaio (Tukano de São Francisco), Tarcisio Bar-reto (Tukano de São Domingos). Também participou Tony Gross, um dos fundadores e diretores do ISA e membro da Universidade das Nações Unidas, que na sua apresentação comentou sobre seu envolvimento com esse tema, já que também pesquisa sobre mudanças climáticas, e enfatizou a importância dos conhecimentos dos povos indígenas para essa discussão. (ver transcrição de sua fala nesse Informativo e traduções para tukano e tuyuka).

Como sugerido pelos participantes, primeiro foram elencados os nomes das constelações: Jararaca e suas partes (Aña Siokha, Aña Duhpoa, Aña Nimaga, Aña Diepa, Aña Pihkoro), Tatu e suas partes (Pamo Oãduhka, Pamo Ohpu, Pamo Pihkorõ), Jacundá (Mhuã), Camarão (Dahsi‰), Onça e suas partes (Yai Siõkha, Yai Uhsekapoari, Yai Duhpoa, Yai Ohp, Yai Pihkoro), Ñohkoatero, Jirau-de-Peixe (Wai Kahsa), Kai Sariro, Cabo-de-Enxó (Sio Yahpu), Lontra (Diayo), Jabuti Grande (Uphaigu ou Yurara), Bodó (Yaka) e Garça (Yhé).

Cada conhecedor explanou seu conhecimento em re-lação a essas constelações, buscando compor uma narrativa sobre o ciclo anual. Depois foram feitos grupos de trabalho de acordo com as pesquisas dos AIMAs (ver texto nesse Informativo). O grupo que pesquisa calendário explicou um pouco as origens das constelações, o que traz cada cons-telação, o que acontece, tipos de doenças, se há subida de peixe ou tempo de piracema, benzimentos envolvidos. O grupo que pesquisa peixe falou da Gente-Peixe (Wai Deyu) e sua origem, contada por quase todos os conhecedores, e complementaram com benzimento para os peixes. Os pes-quisadores de roças apresentaram sua origem com a narrativa sobre Basebo (Deus do Alimento); complementando com de�nições do trabalho, desde a derrubação, o tempo de espera para queimar, quando inicia a plantação de manivas e frutas, depois de quanto tempo começa a arrancar para já produzir os alimentos diários como bejú, farinha, tapioca etc.

Os pesquisadores das frutas optaram em apenas fazer a classi�cação das mesmas.

Numa re�exão mais geral sobre ciclos e mudanças climáticas um membro do grupo (Orlando Moura) a�rmou que as gerações atuais desconsideram o modo correto de se alimentar de frutas e peixes, conforme as regras dos antigos. Além disso, relacionou o abandono quase geral da realização de dabucuris de frutas e peixes, cerimônias durante as quais os velhos aproveitavam para ‘arrumar o universo’ (umukhori ahpose), com as mudanças nos ciclos. Destacou também que assim como há mudanças nos ciclos anuais, ocorreram mudanças nos modos de consideração do parentesco e nas formas de buscar e repassar conhecimentos xamânicos.

Depois foi proposto para os conhecedores mais velhos fazer comparações entre a situação atual e a de 30, 40, 50 anos atrás em relação ao clima, possíveis mudanças obser-vadas nos ciclos anuais. As percepções sobre mudanças referem-se mais à produção das pescarias (como também comprovam os depoimentos registrados nos encontros de manejo de peixes acontecidos em Pari-Cachoeira em 2008, ver notícia sobre livro nesse Informativo). Outras colocações expressas foram:

na década de 1960 os ciclos anuais de subida e desova dos peixes, animais, �orações, fruti�cação, revoadas dos insetos, enchente e vazante do rio... aconteciam na época certa, já nos dias atuais vemos uma grande mudança, ocorrem nos dias inesperados ou às vezes nem ocorrem;

com o passar do tempo veio o desequilíbrio na fruti-�cação e �oração, nesse caso é bom por que dá fruto quase todo tempo, mas tem o lado negativo, porque

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os frutos não são muito bons devido ao clima muito quente nos dias atuais;

antigamente o trabalho era coletivo, nos dias atuais é por família, como de costume é seguido por rituais de benzi-mento, sem isso causa doenças, a produção não é boa.

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CALENDÁRIO ELABORADO PELOS AIMAS TUYUKA JOSÉ MARIA RAMOS E JOÃO MEIRA

Concluindo, os mais velhos disseram que as mudan-ças climáticas afetam os ciclos anuais, mas não muito no modo de viver. Em suas falas destacaram a realização dos benzimentos relacionados ao ciclo de vida das pessoas e aos ciclos astronômicos, ecológicos e sociais, como parte fundamental das práticas de manejo do mundo.

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Palestra

Povos Indígenas e Mudanças ClimáticasTONY GROSS (Universidade das Nações Unidas e Conselho Diretor ISA) em Cunuri, rio Tiquié, 05/03/2013. Transcrição: Melissa Oliveira

Segundo dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), os povos indígenas vivem

em todas as regiões do mundo, somando 370 milhões de pessoas. Estes povos representam a maior parte da diver-sidade cultural do mundo, incluindo a maior parcela das quase 7000 línguas mundiais. Os povos indígenas ocupam ou usam recursos em aproximadamente 22% da área terres-tre do globo, que por sua vez contém 80% da diversidade biológica do mundo.

Há alguns séculos o processo de industrialização e a busca do desenvolvimento acelerou a liberação de gases na atmosfera, principalmente o carbono. A liberação desses gases afeta e leva ao aquecimento do planeta. Há 30 anos esse problema começou a ser identi� cado pelos cientistas, que através de pesquisas concluíram que o aquecimento leva a mudanças no clima, com impactos no acesso à água, na agricultura, saúde, economia.

RIO 92Os cientistas identi� caram que o clima estava mudando

e � cou óbvio que haveria riscos grandes. O que aconteceu então diante da identi� cação dessa ameaça? Primeiro os governos dos quase 200 países do mundo acordaram um tratado, uma convenção (que é um acordo internacional entre países para estabelecer regras que todos tenham que seguir). Então na Conferência do Rio em 92, a RIO 92, foi assinada a Convenção sobre Mudanças de Clima. Na Con-

venção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças de Clima (UNFCCC) todos os países se comprometeram a fazer o necessário para limitar ao máximo este aumento e reduzir as atividades que levariam a um aumento de temperatura. A ciência é complexa, mas uma das características que a gente tem que entender é que temos sistemas de transporte, carros, ônibus, aviões, temos fábricas, agricultura que estão liberando esses gases, principalmente carbono. Mesmo que, por hipótese, seja possível parar com essas emissões amanhã, a temperatura continuará a subir por algumas dé-cadas, então realmente em termos cientí� cos, operacionais e principalmente em termos políticos essa é uma situação muito difícil, muito complexa. O mundo tem que mudar suas economias, o sistema de transporte tem que ser diferente, a maneira pela qual as fábricas produzem seus produtos tem que ser diferente, o desmatamento tem que parar, a conversão (transformação) de savanas, o cerrado no caso do Brasil, em pastagem para plantação de grãos tem que parar. É claro que isto traz uma série de di� culdades econômicas e políticas. Eu poderia falar horas, dias, nas di� culdades políticas que os países estão sofrendo para enfrentar, ou não enfrentar, estas questões. Imagine por exemplo, a gente chegando no prefeito de Manaus, para dizer - “Olha você tem que mudar amanhã o sistema de transporte público, você tem que fazer com que a população de Manaus pare de andar de carro, você tem que ter um sistema de transporte público e� ciente e limpo, você precisa um outro tipo de ônibus, com outro tipo de motor, usando outro tipo de combustível.” O prefeito vai responder - “Mas é impossível, eu não tenho acesso à tecnologia, não tenho os recursos � nanceiros, não fui eleito para isso”. Isso que está acontecendo... todos os prefeitos, os governadores, os presidentes, estão diante deste dilema. Alguns tentam fazer o possível, outros dizem - “Eu não vou fazer enquanto todo mundo não � zer”. Você teria que chegar na Dilma e dizer - “Você tem que baixar uma lei, dizendo que todas as fábricas do país tem que produzir de uma forma lim-pa”, mas o governo poderia dizer, com toda razão - “Podemos fazer, vai custar caro, vai levar anos, mas não vamos fazer se todos os outros países não � zerem a mesma coisa ao mesmo tempo, senão nossos concorrentes vão acabar ganhando. Já que vai custar caro pra gente fazer essas adaptações, nossos concorrentes vão continuar a produzir mais barato, vão ven-der mais e o país não vai crescer, vai ser prejudicial ao nosso país”. É um problema político, onde a ciência e a tomada de decisão política não andam lado ao lado.

Ciclo anual 2012Registrado pelos AIMAs

NOV/DEZ: alguns repiquetes pequenos marcam o começo do ano e de Aña Poero, com notícias de algumas piracemas de piaba e aracu. Mas é nos primeiros dias de dezembro que acontece uma enchente grande de Aña, com piracemas de aracu em todos os trechos do rio, revoadas de saúva e outros insetos, canto de rãs. Fruti� cação de wasõ, kãre, mene, ure, pahtiduhka.

JAN/FEV: período do Verão de Ingá (maior parte do mês de janeiro), seguido pela enchente de Pamõ, com ocorrência de piracemas de várias espécies de aracu e outros peixes. Fruti� cação de ure, use, wara, uhtañimi, wamu, símio, ñomu, wapu, pahtiduhka.

Nível do Rio Tiquié

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A ciência recomenda, ou a ciência identi� ca que um au-mento de temperatura acima de quatro graus centígrados vai ter implicações muito sérias para a população humana desse planeta, para todas as sociedades, para todas as comunidades, para todos os países. A gente vai entrar num cenário onde o que vai acontecer não pode ser previsto cienti� camente. Então no âmbito desta convenção de mudança de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), na base das recomen-dações cientí� cas há uma tentativa de negociar um acordo para tomar as medidas necessárias para este aumento de temperatura não ultrapassar dois graus até o � nal deste século. Mas tem muita gente, dos países que vão ser mais afetados, in-clusive as delegações representando povos indígenas, povos tradicionais e comunidades que moram em � orestas, dizendo que um aumento de dois graus já representa um desastre e que o aumento não pode ser maior do que um grau e meio.

Tudo indica que vai estourar, o aumento não vai ser de um grau e meio, nem de dois graus. Muito provavelmente

vai ser um aumento de quatro graus e a gente está num território novo e desconhecido em que não sabemos o que vai acontecer.

IPCCSobre a ciência, primeiro os governos assumiram um

compromisso de fazer alguma coisa, mas quem é governo e quem representa governo nas negociações internacionais geralmente não são cientistas, são diplomatas, são advoga-dos e precisam de uma fundamentação cientí� ca. Por causa disso, os governos criaram um comitê, um painel que se chama IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas). Em termos cientí� cos, nunca tinha acontecido antes na história da ciência, um painel que envolve vários milhares de cientistas de todos os países. Isso por dois motivos, primeiro para incluir todo conhecimento, toda a capacidade cientí� ca possível, mas segundo, por motivos políticos, para que nenhum país possa dizer depois - “Ah! essas conclusões, essas recomendações foram elaboradas

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TONY GROSS FALA PARA CONHECEDORES DO TIQUIÉ NA COMUNIDADE DE CUNURI

MAR/ABR: período das enchentes de Dahsi‰ e Muhá, com algumas piracemas de aracu, revoadas de insetos e cantos de rã. No alto Tiquié aconteceu um verão mais prolongado em meados de março, chamado de Verão de Pupunha. No � nal de abril começa a enchente Yai. Fruti� cação de ñomu, wamu, yuru, dia mere, dentre outras.

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por cientistas de outros países, o meu país não foi repre-sentado”. Tem esse elemento político também, fazer com que todos os países participem da elaboração da ciência. Esse painel produz periodicamente a quase vinte anos de existência. Já produziu quatro relatórios que são o resumo do conhecimento cientí� co sobre mudanças de clima e seus impactos. O fato de que é uma produção de milhares de cientistas, dos melhores cientistas da área de todos os países, deveria fazer com que suas recomendações fossem largamente aceitas, fossem inquestionáveis.

Bom é uma longa história... Teve muita resistência por parte de empresas, de setores interessados em não mudar, por exemplo, empresas de petróleo que ganham dinheiro vendendo gasolina para os carros. A mensagem de que carro emite carbono que faz com que a temperatura do planeta aumente é uma péssima notícia para as empresas de petróleo. Então durante muito tempo eles resistiram aos argumentos, tentaram contradizer com seus ‘cientistas de estimação’, colocar contra-argumentos. Agora, depois de 20 anos, deixou de existir essa contestação, então está largamente aceito por cientistas, por governos, o argumento de que a temperatura do planeta está aumentando em consequência da ação humana. É o que os homens têm feito nas últimas décadas, nos últimos séculos, com sua pro-dução industrial, com a conversão de � orestas em pastagens, que está elevando a temperatura. Existe um argumento cientí� co que o clima do planeta sofre � utuações naturais ao longo dos séculos, ao longo dos milênios, mas já há um consenso cientí� co de que o que estamos presenciando não é um desses ciclos naturais, o aumento de temperatura é consequência direta da ação humana.

CONHECIMENTOS INDÍGENAS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Recentemente esse Painel reconheceu � nalmente que os conhecimentos indígenas poderiam reforçar a análise cientí� ca e dar pistas importantes sobre como as comuni-dades - que vão enfrentar problemas que serão diferentes em cada lugar (o impacto vai ser diferente de acordo com o local, o meio ambiente, com a forma de vida etc.) - vão ter que se adaptar, também de forma diferente. Mas, porque os

conhecimentos tradicionais podem dar pista sobre a análise cientí� ca? O que os cientistas de clima fazem é pegar dados de estações meteorológicas, de observações de satélites, de medições de nível de rio, etc. e analisam ao longo do tempo. Eles podem dizer o que mudou ao longo de décadas e séculos e fazem projeções em computador. Tudo isso é um trabalho, um tanto distante da realidade, e depende de dados (informações sobre clima, água temperatura etc.) que não está disponível para todas as regiões. São coletados em escala muito grande. Aqui no alto rio Negro, por exemplo, são poucas estações meteorológicas, são poucos pontos de medição do nível do rio.

A comunidade cientí� ca de climatólogos faz suas pro-jeções sobre o que vai acontecer com o clima da Amazônia, mas não é muito especí� co. Estão reconhecendo que os conhecimentos indígenas podem ser muito importantes, porque são estes povos que trabalham a terra, dependem dos recursos naturais, observam os níveis dos rios, veem o clima, o tempo, no dia a dia, têm acesso a informações numa escala muito mais precisa. Então, há uma possibilidade, há um desejo, uma chamada por parte dos cientistas de incorporar informações vindas de observações de povos indígenas e tra-dicionais para essa obra imensa e complicada de acompanhar o que está de fato acontecendo com o clima e quais são os cenários, as projeções sobre o que vai acontecer no futuro.

Então quando o ISA, o Aloisio, me disse que aqui no rio Tiquié tem os AIMAs que desde 2005 estão anotando diaria-mente todas as condições ambientais de suas comunidades, têm os diários, estão fazendo calendários, eu pensei que a gente pode fazer essa contribuição. Essa contribuição po-derá ser uma síntese do que vocês têm observado ao longo desses anos, desde 2005; mostrar isso para os mais velhos de suas comunidades, para os conhecedores mais antigos para tentar entender as diferenças. Por exemplo, vamos poder em algum momento dizer: “As conclusões dos AIMAs sobre os fenômenos que eles estão identi� cando são essas... Isso bate com suas recordações de trinta, quarenta, cinquenta anos atrás de como era o clima, como era a sequência das estações das chuvas, dos altos e baixos do nível do rio?” e ver o que mudou ao longo do tempo nesse rio. Depois podemos levar essa comparação entre o que vocês estão observando e as lembranças de como era antigamente, dos mais velhos, de apontar o que mudou e o que não

MAI/JUN: período de rio mais cheio, com as enchentes de Yai, Ñohkõatero e Waikasa. Acontecem últimas piracemas no alto Tiquié e início da subida de peixes no médio Tiquié. Pessoal das comunidades começa a roçar e derrubar áreas para novas roças, a partir de meados de junho. Fruti� cação de diawe, diakoe mihpi, diamere, wirimere.

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mudou e levar isso para os cientistas que estão fazendo as projeções sobre o que vai acontecer na Amazônia e dizer que as conclusões das observações numa escala muito � na nesse rio Tiquié são essas e então perguntar - “ Isso bate com seus modelos tirados de computador ou há uma diferença? É que talvez os cientistas tenham que calibrar seus cálculos, seus computadores, para incluir essas informações vindas do pessoal do Tiquié”. É isso que estamos querendo fazer, por isso que falei para o Aloisio que gostaria de estar aqui com vocês essa semana e a gente está com a esperança de que o que vocês estão fazendo vai servir e muito para aprimorar a análise cientí� ca das mudanças de clima no noroeste da Amazônia, na Amazônia como um todo, e para pensar com mais precisão qual vai ser o futuro, o que vai acontecer, que tipo de adaptação vocês e outros povos da Amazônia vão ter que começar a pensar para as mudanças que vão vir ao logo das próximas décadas.

PERGUNTA – ORLANDO MOURA (Tukano, comunidade Maracajá): Esses países desenvolvidos, ou empresas, empresas estatais, se eles não concordarem com a gente sobre esse pla-no de trabalho que a gente tem, será que a gente vai ter uma vantagem, ter uma vantagem própria, organizar o trabalho bem melhor, será que vai para frente? Porque eu me sinto muito sozinho. Se um grupo pequeno quer trabalhar para vencer esse fenômeno global, claro que não vai vencer, convencer esse siste-ma da economia, que avança tanto hoje em dia. De que maneira a gente poderia contribuir mais para esse plano de manejo?

TONY GROSS: A sensação de isolamento, de estar traba-lhando no escuro sem ter conexões, sem entender muito bem o que o resto do mundo está fazendo, é na minha experiência uma sensação quase universal entre comuni-dades indígenas e comunidades tradicionais. Você pode ver nessas negociações, nesses encontros internacionais, que tem representantes de comunidade indígenas. Mas como eu disse no início temos indígenas em muitos países, são milhões... É impossível uma participação representativa de todo mundo. Tem um grupo, uma rede de ativistas que está dentro das negociações, advogando para os direitos das populações indígenas, mas o � uxo de informações é muito falho. Eu vejo por exemplo essa questão aqui no Bra-sil. O Brasil é um país imenso, tem muitas etnias diferentes, muitas comunidades indígenas espalhadas do norte ao sul, principalmente na Amazônia, mas também no sul, no

nordeste, no centroeste e não tem uma estrutura nacional de representação e de � uxo de informações, de circulação, de relatores de notícias, é um problema de difícil solução. A segunda parte da minha resposta é sobre o que vocês poderiam fazer. Aqui vocês estão entre os povos que estão fazendo o máximo que poderiam fazer, que estão dando a sua contribuição sim. Uma das causas mais importantes da emissão de carbono que leva ao aumento de temperatura é o desmatamento. Os cientistas do Painel calculam que aproximadamente 17%, ou seja, uma sexta parte de todas as emissões está vindo do desmatamento. Quem desmata contribui para elevar as temperaturas, quem não desmata, quem preserva, está desempenhando papel fundamental, porque além de não jogar mais carbono na atmosfera está mantendo e criando � orestas, que estão sugando carbono da atmosfera. A gente poderia partir agora para uma outra discussão sobre outro tipo de proposta que está sendo negociada, que é complexa: remunerar, oferecer compen-sações para países ou governos locais ou para comunidades que deixam de desmatar ou que não permitem desmata-mento. Tem toda uma negociação complicadíssima que talvez nunca vá funcionar mas que está sendo negociada. Um grande esquema mundial para canalizar compensações monetárias ou outras para aqueles que poderiam desmatar e não o fazem. Ao não desmatar, ao procurar aqui no alto rio Negro formas de melhorar a vida de suas comunidades, utilizando de uma forma sustentável os recursos naturais vocês já estão dando uma grande contribuição.

EM TUKANO

TONY GROSS (Universidade das Nações Unidas e Conselho Diretor ISA). Whapu nukurõ, Khusamã. Dahseye merã wereogu: Vilmar Rezende Azevedo;Hori dareku: Osmar Carlos Rezende Azevedo

Ato PNUD (Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento) kharã nã bue wereke nĩ. Poterikharã kurari, atimukho khatirã, nipetirã nisama, 370.000.000 poterikharã, atipati tusesaro nirã. Arã mhasã poteri kharã nise, mhekã khatiseti, mhekã uk‰seti werã nhõ nisama poterikharã atimukhore, nã uk‰sama 7.000 nisa nã poteri kharã ye uk‰se atimukhopure. Nã poterikharã kerã 22% darasama nãya ditare, nã khatirore. Tho nikã 80% khuosama waikurã khatise kuorarẽ narẽ ñanurumã nã poterikharã.

JUL/AGO: períodos das enchentes de Sioyahpu, Diayo, P‰ e Yehe. Intens� cação das atividades de preparo de novas áreas para cultivo. Migração de peixes rio acima. Subida de pássaros (eoroã, ahko dahsea, ahkoarã buhkura).

SET/OUT: verões de Ñia. Continuam intensas as atividades de preparo de novas roças. Com a ocorrência de seguidos dias de sol, começa a queima das áreas derrubadas e plantio. No � nal de outubro acontece repiquete e primeira piracema, já registrada por alguns AIMAs como primeira parte da enchente de Aña. Fruti� cação de makã mere, ure, wapu, pupia, ñomu, kerõ.

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boletim Pesquisa e manejo ambiental no Rio tiquié

Dhuporopure phekasã dararã uirĩ õyuruokãpa wirõmarẽ. Tho wero te õmẽ whitõ wapã wirõ mãpu, uhputu pema kahbono wametise wabhutiapã ti wirõ mãpure. Tho wero ati pati ahsi bhususa. Nikuye puamuse kumarĩwa ate bueyurukarã nã ñabhokake, nã buese merã ate mhuipurirẽ, umukhorire keoro watisa. Ahko uirĩ õke ohtesepu, mhasã khatise, nã nĩsetise ñarõ wapã.

Nã bueyukarã buebhokapã atimukho keoro watisere. Dero wapari tere ñabhoka berore? Nẽ waropure atimukho dhutirã wiorã 200 ditari kharã tuoña nukapã atimukho tho wasere, atiro nisetirã marĩ, nise k‰pã. Ahpeye ditari kharã merã. Thowe nerẽ keapã conferência do Rio 92, a Rio 92, nikã oha k‰ nopã, atiro wekã duokure bosama nã ni uk‰se k‰pã ate umhukho keoro watisere. Tho nikã ahpero; Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre as mudanças Clima (UNFCCC). Nipetise ditari kharã, duokure kãta añurõsa nĩ uk‰ amesuopã. Te õmẽ purisere duo te nã darasere duo wekarẽ tho ahsise dhuabosa nĩ k‰pã. Nisetise diasa nĩ, mhẽo maripe tuomhasirã, mari kuoseta tho wekã we nĩ tuoñapã. Ate tur‰sepawu, wusepawu, ahpeye nho, darase wiseri nhorẽ, ohtese atikese uhputu omẽ whitõ obhutiasa tho nikã kahbono, õsa ati wirõ mãpure. Tho nimikãta te marĩ uhputi omẽ whitõ wetharosa. To karõta ati pati ahsibhusuro mhuã nuk‰karõsa. Ahpeye kumãri, tho warore keoro warote ni bueña norõsa. Marĩ darase, uk‰se, uhputu diashase nĩ. Ti mhukho ahpo ehero uaro we nã khatisetiro, nã nisetiro, nã siase pawu muturo mẽrã darase mhẽka nisetise uaro we, mhekãkure darero. Nhukurirẽ yhuku pasere wetikarã, yhuku umuatisere wiophesa ñarã, ohtesere ohtetikarã. Ti kese wedukarẽ marĩ khatiro marĩ niseti diasaro wasatha, tere biakarẽ. Ahpeye ditari uhputu puetiro we, derope wekã añuro sarito nirõmẽrã tuoñari mhãsa, marĩ prefeito de Manaus, ehasa ni serĩ ñasa; - Ña m‰ ñamẽkata mhekã nise nho, turuse pu dare dhutiya nikarẽ, bhasiotisa mu mhãsa Manaus kharã turusepawure shia dhutitikaña añuro thoakã. Te pawu base use merã shitika narẽ ku prefeito dero nĩ yutisari? Atiro ni yutisamĩ- tho nĩ mhasĩwe yu mamã nisetisere whãti uhta duse nhõ mãrĩ, tho bhause bhuato nirã mheta yure ohashawã. Tho wasetiro we nikarõakarẽ wiorã merarẽ, arã; -Prefeito, Governo, Presidente. Tho nirõ waro waterore nimã arã wiorã, ahperã wiorã dero wetiarã wetamõma, ahperã wetamõtimã. Mu ahpeterore Dilma tiro ehasa, mu nisa kore; -mu nikã lei ohaya nipetise ahpeye nhõ darase wiseri ati dita khãsere shatiro kure dare whiroña, õmẽ whitõ marĩ kurero, nikãre ko wiogo atiro nibosamõ, -wemhãsĩ bosamãrĩ, mhẽ whapa bhu nisato, phe kumarĩ yogosa, ahpeye nhõ dita kharã nã weke wero nhõ weya marĩbosa. Tho wetikarẽ mari merã webhoka bosamã, marĩ pemã whabhuro thoabosa ahpeyenho. Tho werã nã dereri mhasã, whapamarikurero dare, duarapu whapa

bhuro duarasamã, tho wero ti dita bhukua mhuãsa, dhorẽro wero nhõ warosa, mãrĩya ditare. Uk‰ masose nĩ, nã bueña ukukere nikãro mẽrã watisa.

Nã bue ñakere atirope weya ni, ati mhukho ahsibhususere ña mhasĩ wepã baparitise grau centigrado mhuarõphose, ahsi bhusupã mãrĩ mhasã nirĩ umukho. Mhasã phararẽ, omhã mhakarĩ khararẽ, nipetise ditari khararẽ, ahsi yururi dita thoakapã, ati mhukho pure. Mari mhasa dero wero tho wati nĩ, nã bueri mhasã ati mhuko wasere ñamhasirõ watisa nã keoñasemerare. Tho wero ato ONU (Organização das Nações Unidas) wametiro, ati mhukho dero wasetisere bueñasa, nãta ate nhorẽ wetikaña nĩ wereosamã marĩ pure. Tho wereorã nã phaka whatĩ whapayesamã ati ditare ña bhutiaro weri nirã. Nã ahsise keoñakãrẽ, pua grau nẽ yurutisa ate kumarĩre. Mhẽo mhãsa pheterã mhẽta nisamã ati mukho pure, umukhore ñaro werã nhõ. Marĩ poteri kharã kerarẽ nisamã nã ña nuru dhutikarã, AIMAs, nã nirã. Marĩ mhãsa kurari, nisa nhuku dehko mhakarĩ nĩ mhuasepu. Te mhakarĩ kharã tho ni uk‰ setimã, nikã grauakã mhuarã, nãro ñeõ tharo wesa ati patire. Nikã grau dheko nĩ, mh‰a nemõ mhasĩtisa keoro nirõ. Tho grau mhuãsetiro otephutiasirĩsa ati pati. Marĩ nẽ mhasĩwe, tho mhuã nukukasa, añu bhutiaro ñakarẽ. Marĩpe tere nẽ mhasĩtisa, tho waro wesato mari khatiri pati nirõ marirõ nisamarĩ. Ate bueñasere, wiorã dhutimhutarã, uhsãta wetãmorãti ni uk‰karã niwã, mhẽ nõa nhõ wiorãpe weño mutãti, ahpeye ditari kharã, bueyurukarã mhẽta nisama, arã- diplomata, arã advogadoa, nã merãpe añurõ uk‰ amẽsu wero uarowe, tho ni tuoñaro merã arã wiorã bhaureopã nikãro dhutiro, suori thuhtua nhukãto nirã, to wametisa; IPCC (Painel Intergovernamental de mudanças Climáticas). Te nã bueñake dhuporopure tho bause watikaro niwu, tho wametise merã, pharã bueyurukarã darasamã ate marĩ kahtise ditari kharã. Puaro merã tuoña nukõ ehapã, ate mãri bue bhokakere webhoka karã marĩ nĩ tuoñapã tho umhukho dhorẽoratinirã. Ate nã ‰ku ehake nã dhutise, ahpeye ditari kharãpu wekarã niwã, ya dita pemã nẽ wetikarã niwã, atiro nĩ ‰kusetirã nisamã ahpẽrã, tho we uk‰kote timiguta, nipetirã merã nikarõ merã uk‰ amẽsuoro nirõwe. Nikãro merã marĩ weke ñeorõ uasa, nĩku phose kumarĩ wathasa nã marĩ ñeorõ. Nã marirẽ ñeorã bapari tiri purĩ oha whirõ thapã, ati mhukho atiro waro we nĩ uk‰ri purĩ. Nikãroakarẽ nã bueñakarẽ, añuro tuomhãsi buemhuã yurukarã nisamã ati mhukho tusesaro. Nã atiro pe weya nirõ yutiro nisa, sẽriñatimita, phe nisa weropea khiti...

Pharã nikãsamã dara tuoñatikãrã, atiro pe ahpoahro uasa nĩ tuoñatikarã, arã nisamã tho ni tuoñakarã; - use dare whiorarẽ, turusepu shiasere use duarã, whãti uhta whapase, uhsã khatiro añuni uhsamã nĩ khati nikãsamã. Ti wu tur‰ phuta kahbono whirõ bhutiaphu. Marĩ wirõ mãpu whitõ uiri wãsa te nã tho wese. Te khiti te use

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darerã pemã ñase khiti ehapã. Tho werã nã phe kumarĩ nã tuoña heatipã ohpu, use darewhirorã, nakerã nayarã añurõ bue yuruokarã kuosamã, nakerã nikãnumu, topeta keoro nipã nĩse tuoña ehapã. Nikarokamã niku phose kumarĩ mã, uhsã tho wesa nĩ, uk‰ amẽsuo wepã nã uhse wiorã, marirẽ ñera merarẽ. Tho werã nerẽkea atiro nĩ tuoñapã. Nikarõakarẽ marĩ mhãsa ate kumãrĩ pure, dero ẽha miti nãye ahpeyenho darese? Yhukupu nhukurĩ padhiorã? Pa tere nhukurĩ ‰harã uhputu ati mhukho ahsi bhusukã wesamã. Atiro ni ehapã tha ahpero mã, ati dita, ati mhukho bhasita tho whakã nise nik‰ dhuporopure, tho ni tuoña eharo merã, buenempã, ati mukho basita dhorẽowe, marĩ mhasã dhokã we nise buehapã. Tho ni nã buek‰ñaro watero mãmã khiti nĩ; IPCC Nã poteri kharã mhasĩ ehapã, nã buese merã, nã poteri kharã añuse buemã, omhãmhakariakã kharã nã bue tuoñasere wemã arã. Mhekã nisetirã, mhẽkã khatiseti werã nisamã, mhekã nhukurĩ kuoseti, mhekã khatiseti werã nisamã nã ni tuoñapu. Tho werã nã kerã, nã marirẽ tuoñe tamorõ okã, nã pea mhekã kure tuoñamã. Te PAINEL buerã, mhasĩ yururã nimã, nã mhãsĩ nukã ha wepã nã poteri kharã nã mhãsĩsere. Poterikhãrã nã nisetise, arãta añuse tuoñase kuomãnã nĩ, tuoña semẽrã ati ‰mukhore bueñarã, nã mẽrã mipõtẽoña werãtirã tho nẽrẽkea uk‰ amesuopã. Dero werã arã bue yurukãrã, te umukhori wametisere nãkeoñati nirã, arã buerã keomã, meteorologia, umuarõpu ñadhíosemẽrã, dia keose mẽrã, ñakhasa nukõpã tere buerã. Thowerã nã ati muko mhẽkã waro te nise wapã. Nã õakhu dhupoapu shã darakãti ke merã ña potẽopã ati mukho mẽkã wasere, mhãsirãti nirã, tho we dasetipã nã phekãsha. Ate nã uhputu darake nĩkeoro nise nã ohaõ werese nĩ, ahpeye ditari khãse ohaõ tike weseta, wereta bhasiotisa. Phe keoñasamã, ati alto rio negro, ahko keoñase phete sarĩri nikãsa, dia keose kerã phe kure nikasa. Te mhakari umukhori bhueñase, tuoñase warosa amazoniarẽ, mhẽo añuro ñakhasa nukõrã marĩ uhpu. Tho we nã poteri kharã, nã ñamhãsirĩse, ñakhasa thoakã pure añubosa to, tho werã nã poteri kharã, te nh‰kuri khase dara ba wethiarã, dia keose, umukho keose, wese nhõre ohaõ wethiarã wereose nhõre wemã. Tho wekã phe tuoñasere wa atiro wekãpeta añurõ wasato, nã phekashã wero nhõta, bueyuru werã marĩ nirõ merã nimã nã poterikharã. Tho wero poterikharã, nã darashe diasha kure nĩ. Bero pure añunĩ nã mhasirõ poteorõ werã wemã, tho wakã ISA (Instituto Socioambiental), Arusu yure tho nĩwĩ, atimã kuhsa mãpu poterikharã buerã wametimã AIMAs, nã daranukawã 2005 nikã, umukhorĩ nhuku nã ohakere kuomã nãye mhakarĩ khãsere, nã oharipuri, umhukho keori purĩ, tho wegu yukerã mhãsisa nigu atiwu. Tho wegu mhusã watero pure phe wetamosisa. Yu wetamosĩrise phe nikã weropea. AIMA nã umukhori nhuku ohase purĩre ña, bhukurarẽ serĩña webosa, nikarõakare owe, ahpe numu tho webosa, nã AIMA ta bueha nukõ webosamã, atimukho

dero wasere. Nã ña khasa nukõ wekabopã, nĩkuye puam‰se, puarãye puamuse kumarĩ beropure, dero nipari ati mukho? Ati mhuip‰re ahko phease kumarirẽ, dia deto wese ñanukãbosamãnã, ati mã Khusamãrẽ. Dero nĩ marĩ mipoteõña, ñakhasa nukõ, duporopu atiro nipã, titapure ati nipã hopu, atokatero atiro nĩ norõ tirowe, ato Amazônia pure. Ate dia keoñase merã daramã ati Khusa marẽ. Tho werã, marĩ sẽritiaña ou daraparinẽ? Ahpeteromã nã bueyurukarã nã keoñake merã mipoteõ bosamã atimã khusare, mã kharã nã darakemerã. Atiro we darasirirã we uhsã ni uk‰wu khu Arusu mẽrã. Tho wegu, yu ato mhusã merã ato nĩ, uhputu mhusã wetero ato mhusã nikãm‰se itiarã perĩphese kumarĩ darakere yu ña, ato Amazônia popeapure. Ati Amazôniapu niku ku tuoñake bero pure añuse warotirowe. Tho werã, mhusã Amazônia, atiropeta mãri wekarẽ añurõ warosa nĩ tuoñakaro nirõwe.

Seriñakaro: ORLANDO MASSA MOURA, dhasei, yaikhayeroyakh‰: Ate dita bhukuayuru mhakarẽ, darase wiseri, nã uhsã merã tuoña wetikarẽ uhsã darase merarẽ, uhsã wetisere nope uhsã dara we bhoka bosari, uhsãrẽ ñeorãrẽ? Yu nik‰ wero nhõ tuoñagu khoro. Nikã kura daramikã bhasiowe, uhsã pheterãka niyurã, nã phekashãre ña poteõkare. Nã nisetirore uhsã ehatisa. Dero wero uhsã wetamõ bosari ati mukhore, marĩ khatise ñanuruse?

TONY: Whaku peoya marĩrõ wero nho tuoñasa mhusã, tho dara naitiarõpu wero nho nisetisa, amesuo nukãhaya marirõ nikãsa, añurõ tuoña ehatirã wenhõ nikãsa, dero weseti bhutiamiti nã nirõ marirõ wekanõ. Yu dara karomã, mhusã poterikharã mikarõ wero nhõ niseti buruo. Mhusã ñarãsa ate weña nõkere, ate uk‰ amẽsuo tamorã nisamã ahpeye ditari kharã, mhusa poterikharã uk‰ tamorã kuo mhusã. Yu nhukarõpu nhõta mhusã poterikharã pharã dhokeste nukapã, ati mukhore... Mhusa wesetise mhẽo nise mhẽta nirõwe, ati mukho nipetirarẽ ñorãwe. Nikãrẽ kurari eha nhuã mhasiõse nhomerã dararã, ahperã mhasã uhsarẽ wetamõña nĩ uk‰ bhasarã nisamã advogado wametirã. Poterikhãrã atiro nirã nhõ nimhãsĩmã. Yu tho ña ati marĩya dita Brasilre, ati dita nĩ phairi dita. Mhãsa kurari mhekã nisetirã pharã nikãma mhakarĩ poterikharãye mhekã nisetise phe nikã, nistekã to buikha shope, siro khã sohpe ñakarẽ nibiakamã. Uhputu nã nĩ bhutiaro Amazônia ni, thonikã siro khã sohpe, nã nẽ ñapeoya marirã, nẽ mhasiõya marirã, were khasa nukõ marirã, papera purĩ merã ohawhirõ ñoya mhasiya marirã, nimã. Tho niseti yuru diasa nĩ, keoro nise tuoña, ẽhota bhasiowe. Puati yu atiro webosa mhusã nirõ nĩ. Ato mhusã waterore wetamorãwe. Uputu uk‰ ẽhõpenose khasere ate kahbono wametise tho umukho ahsibhusukã wesere. Tho nikã yhuku pase, nã bueyuru nukã mhasirãpea keoñama, itiamusepuaga perĩ phearo pohsẽtu watero nĩ yhuku pakã omẽ whitõ wase. Nã yhuku paro nhõ, ahsibhusu nẽmoato nĩ wetamorã wemã. Nõa patiranhõ, añurõ

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ñanururã wemã, atere añuse weñorã wemã. Dero werã tho wesari?Uirĩ buhse kahbono wametisere wirõ mãpu wari nirã tho wesamã ñanururã. Yhukuri pakera ohte ahpokã wero uarowe, tho wero te yhuku kahbono wametisere mĩduokuresa ate omẽ whitõ omẽ mãpu wari nirõ. Marĩ atiro wemhãsibosa ahpeyere, uk‰ amesuo, mhẽka kure tuoña atiropeta weka añusato nĩsere weñabosa, mhẽo disha kure nĩ, -Whapaye marĩ wiorãre atirope wekã añubosa nĩ, wiorãre uk‰ wenobosa, omhã mhakãriakã kharã yhuku patikãto, tho pakãta atisekese nipetise diasaro thoa, nẽtho wetikãre mhãsiya marirõsa. Ati mhukho phairo tuoñarõ nĩ, whãti uta merã añuro whapaye, ahpeteromã nã whapayekarẽ ahperã yhuku patisamã. Nã yhuku patirã atore Alto Rio Negro re, kharamã naye mhakarĩpu nã khati wesenĩ. Naye wiseripu daraba wesetimã te nhukurirẽ, tho werã mhusã phairo ati mukhore wetamorãwe.

eM tuyuka

tony GRoss (Universidade das Nações Unidas e Conselho Diretor ISA). traduzido por Poani Higino tenório e digitado por sunia jonas barbosa

Mata nim‰atirira basoka ponari, atibureko nipetiropure niya 370 milhões. Ania niya atipati tusesahearo, tero bihĩra kuã meria wak‰re kuo, meria katire kuo, meria niretire kuo tiya, kuoya suka k‰akoro wedesere ñemeri, 7000 ñemeri nia ati burekoripure. 22% kuoya k‰aye ditari, tiemenara katiretiya atiyepa nipetiropure, tero bihiro 80% pee katire kuore ditari nirotia. Sikawamo makaraye pose kumãri warotia atitore, nokorõ mena atie om† hoeritire bayiro busemuanukahiyu, fabricari mena. Hõeripire niyu fabricariom†, tetiro atipatire asibusuripati waritiyu.

Sikuye puawamo penipeare kumari netõkusa, buere mena masiri basoka kuã atipati asibusurere iñabuariro, tié asibusure, añuroyusuasa nirõre ñañohaku. Terobihiro atiepukare ñañioku, oko nirere, oteyayarepure, añuro okoponatirere, añuro niretirepukare. Paperayaiwa, bueremena masiri basoka, bueña tihira atipati wasomasiro peahoa (hiya), bayiro kiore hearotia atieburekorire hiya.

Bueribasoka, kua tiere iñabuari dero wakure ñapeaheairi ?

Sikatore, puawamo makãraye pose ditari makara dutira neakumuhiya wedese kameyioada hira. Kenokũhiya dutirere, nipetira dutiri basoka yuadare nirõtiyu.

Rio 92 niri, nipetira dutiribasoka, pekasa neakumuhĩya Rio de Janeiropu, dutire paperare wame wasiãda hĩra (assinar). To neakumura kameri wedesehiya, fabricari omẽra hoeripire nihiro, umuasekutiropu muanukahea,

atipatire asibusuritia tetira duoharoboku hĩ wedesehiya.

Masireha wisio niku,buri iña masitoare nia, atie tunure mena, wure mena, fabricari mena katiripohoa tirenia.Terotiro om† hoeripire muawarukuhadaku.

Nokorora om† wionekorenor† duroboa himipakari, añuro sionir† wisio niku.

Atibureko makarã kuã niretire, wakuretire meriãsañuro kenonukaro waku. Apeye fabricarina pakenor† meriãsañuro waku. Makarukure nokororã ketiroboku, yuku umuerer† (savana, cerrado) yuku manir† ditarire wiseritiri, wekua ekari, yarige oteri, tiatã kenoheaboku hireno niã. Atiere wasonukopetiri, keorora nia niropeha bayiro wisioku, buri tiemena katiriporige nihiro. Yu yoari wedeseha, pee padere wisiore wedeboku, muar† buri keoñag‰da. Wak‰ko marĩ, mari heaku Manaus maku prefeito mena, biro hĩku, dutigu iñamimu, boerora wasohaña tunurer†, om† hoerĩ manirepere wasoya, muturukãre wasoya, merĩabire use kenoña hiku. Tiere tuogu hĩki kupeha, basioriato yure masĩreka (tecnologia) mania yure, diñeruka mania, tiere padeya hĩrame basoka sonewã hĩ yure yuki. Nipetira atipati makara dutira birodo wãk‰ya.

Sikañera padedugamiya tirapeha, aperahã biro hiya sukã. Aperaka kenoku paderiya, yupeti wasonukõ, kenokũ pade bogari hĩya.

Heamikumu Dilma putopu, biro hĩku, muka kenokũña dutirore, fabricari kuorare hĩña, om† ho†rimanisañure wasodutiya, hĩatã biro yubokio. Kenokũ paderera niã nirõpeha, birobia buri, wapapaka niã, pekumarĩ padereno niã, ap†raka paderiya, kenokũriya, yenepeti padeboku, aperã k‰a padeiri tabe. K‰apeha apeye pee pakeno duari tabe, buri nirã niboku. Marĩya dita bukuariboku, buri niri dita waboku hĩ yukio.

Añure nimipakaro wisio niã. Masirehã kenoku masĩña mania, sikarimena bapatiya manireno niã.

Masir† wedemasioã bapari niro sotoa asiroha (40°C), pee kiore, ñañaro ware headakuto atipati makarã basoka katirare hĩre niã, ati dita nipetiropure. Iñare niadaku atibureko kioro wari, apetotiro masir†(ciências) wedemasĩoarige netonesañuro ware iñadaku hĩreno niã. Tié dutire nirokã, ONUpu dutiri basoka, masĩre wedemiato hĩra, kamerĩ wedesemiya, duoroboku atipati asimasiropeari hĩra. Asibusuro puaro sotoa muawarihãro atie sika wamomakaraye pose (100 anos) kumarĩre hĩra. Pau basoka iñadakia atibureko ñañaro wari. Poterimakãraka, apera makaruku watoa nirã iñakiame atipati asibusu, bureko wasori. Sikatatia tebiri tatia

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dekora asire muawari añuboku hĩ iñare niã. Buri bapari tatiaripu muawaduga, tewãta merĩabiribureko wadaku, masiñamaniã ñañaro wadarepureha.

Atiburekorire dutira tié masĩre buerame niya, nirõrã hira tiya masĩra kuã hirĩ añuadaku. Terotira dutiribasoka pekasã kenokũya, atibureko iñanunusera, pau nipetira atiburekori makarã masirarẽ.

Puaro wakũro mena; sikatore nipetire masĩrere neokũ tiroboa hi wak‰hiya. Terobiri wãkũhiya sukã, nipetira masĩri añuadaku, siropure, masiritu, tuoritu, wedeya maniw‰ hĩri hĩra.

Sikuye pose kumarĩ watoame buerira kuã bureko asibusuro tia kuã hĩriro. Añuro masĩri basoka kuã hoarige borotia, basoka keorora hoaya kuã masira hĩri. ¢se kotoweonukõ tihira duaribasoka tié userá omẽ monekoa hĩri, tuodugarihiya. K‰ayara masĩrarẽ neok‰hira wedesekamotari tihĩya. Atiburekorire, sik‰ye pose kumarĩ sirore, tié wedeseri weoro manibayia, masĩrakã, dutirakã marĩ basokara atipatire asibusiritia hĩya. Yukubukure ketiwa soere mena, apeye pakenora pekamerĩ mena pakenore omẽ mena muanukãri tia. Yoahoa basoka kuã pademuatiriro, tero bihiro atiburekoripure marĩ iña tiere sa.

Kanusañuro, masĩri basoka hĩya, poterimakãra kuã masirepera niato añure, k‰a tirobiro masirẽtirara atieburekorire kenonukõboku hĩya.

Oko peare mena, diamarĩ putare mena, masĩrahã iñabeseya. Anopure mania iñabesere, kuã masĩrapere (cientistas) niã k‰a iñabesere, ako keore, asire keore, dia potari keore. Tiemena iñahĩra atipati wasoro tia hĩya k‰apeha. Masĩri basoka pekasã hĩya, poterimakãra masĩrepera niã nirõmakañe, k‰a padeya weseri, makaruku makañere ñeẽ padeya, diamarĩre iñabeseya tié potari, asibusurere tugeñaya, burekorikõro iñabeseya. Terotira masĩribasoka pekasã, tié k‰a poterimakãra iñabeserere, k‰a masĩre mena neok‰ hoatu tihĩra, nirorã nirõtia, atibureko wasorora tia hĩdugaya. Atiburekore kenoada hĩra, asibusurere duoada hĩrã.

ISAmak‰, Aloísio wedei, M‰sakãpure niya AIMAs, k‰a bureko watotirere iñabese, hoatu, bureko keorip‰ri kenok‰ tiya. Sikabureko nirĩ butoare neok‰, AIMAs kuã iñabesearigere butoare eño, k‰are saiña, muã iñarĩ bureko wasororati, usã iñata, puriro keoro wari, kumakã wasohõa tia, hĩreno waku.

AIMAs kuã iñabesere, tebiri butoare neok‰ wedesekameyiore, nirõra atie bureko watotire wasohõa, wasorora tiatopu nirirobiro niria, butoa hĩbokia.

AIMAs tebiri butoamena kuã wedesearige neware niboku masĩribasoka pekasãpure, usãhã atie iñabesea, bureko watotire keoro waria, okopearo keoro pearia, k‰marẽkã keoro k‰maria. Masiribasoka pekasãpeha, k‰a iñarẽpu, k‰a hoarepu(computador) hoatuya, terotira k‰amena neãkumurã sa, ‰sã iñabeserige, ‰sa masirẽ niã, muã hoaturepu hoatuya, M‰sãkãpure bureko watotire keoro wariero, hĩya AIMAs, buere mena iñabeseribasoka hĩre niboku. Tere iña, tuora masĩri basoka,ñañaro wadugarotia atibureko, todokare nokõrorã marĩre, atie burekore ñañiorẽre duoroboku hĩreno waku. Atiere Aloisiore wedeseaw‰, sikawamo itia penipeare kumarĩ k‰a AIMAs iñabese padearigeha, masĩre iñakasa nukõ tireno niã. Nirõra niã, atibureko pati asibusurora tia anopuka, noroeste amazônico wametiropu, todokare derosañurõ marĩ nirẽtiadarere kenok‰robomito hĩrẽno wadaku, anosiro wadare kumarĩ bayiro asire kumarĩ wadarito, merãsañuro watotire kumari niãdarito, hĩ wãk‰ kenok‰yuero nirõtiku.

ORLANDO MOURA, daseayu Yaikatuturo mak‰ sãiñaĩ: aniã apeye pee paderibasoka, ‰sa ĩñabese paderere k‰a yuriãta wapamaniãdaku k‰apereha, ‰sapereha nirõmakañe nibogari, hõpemena bukuamuãbogari? Sĩkugãbiro biga yuha. Sikabutu makãrãga padeatã poteõña manitu niga, buri niripo netõnerigepu niã atito katire. Todokare, derosañurõ ‰sã iñabese padere tiapubogari, atiditare añuro iñanunuse padere kenok‰rĩ?

TONY GROSS yui: sĩk‰gara padega yuhá hĩ wãk‰ tugeñare, naitiãropu nig‰biro bire nĩa sĩk‰ra, aperãmena niẽg‰biro. Apero makãrapuhá padere tugeñari tikia hĩrõniã. Iñatemu, nipetira atibureko makañe ditari makãra neak‰mu wedesere taberire niya poterimakãrãka, nipetire ditari makãrã. Poterimakãrã, aperã mata makarurukuripu padeya amaya muatirira, aniãhã sĩkãrĩbiro wãk‰ya, bureko watotire mẽrĩa warotia hĩrã niya. Niya aperã sukã, pekasã atie bureko watotire masĩri basoka, dutire, suonĩrẽ masĩribasoka, k‰a nimiya ñañarõ warotia hĩra, poterimakarãye ditari sãrihãña hĩra. Birobimipakari ano Brasilreha, pairi dita niã, derobiri petiriku makaruku hĩrẽno nihã. Apero muare yuguda, muã anopura muã põteõro iñabese padea, m‰aha bayiro tiapuratia. Yuku ketire niã, bayihamarõ burekorire asibusuri tire, tetira masĩri basoka (cientistas) hĩya,17% niã atie yuku ketire mena atipatire asibusure tire hiya. Noã yuku ketira bureko asibusurere tiapugu tiki. Noã makarukure ketiegu añuro iñanunusegu niki atiburekore. Anorẽ apero wedeseada marĩ sukã, buri wisioro niã tiropeha, to niã, makaruku ketieranorẽ wapatire waboku hĩre niã, buri wisiohamã. Apeye ditarimakãra wapatibokia, yuku nirĩ dita makurẽ hĩrẽ niã apero. Yuku ketirihãda hĩrobirora nitoratia , buripe añuro katiretiada marĩ hĩroborotia. M‰a tierena wãk‰ padetoa, m‰a tiaputoa ano õpẽkõdiapure.

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BOLETIM PESQUISA E MANEJO AMBIENTAL NO RIO TIQUIÉ

Temas

AIMAs vão se aprofundar em pesquisas temáticas em 2013

Desde o começo, pesquisar faz parte do trabalho dos AIMAs. Eles anotam em seus diários os ciclos de vida,

as atividades agrícolas e o cotidiano das comunidades; encontram-se para sistematizar essas anotações; fazem entrevistas com os conhecedores; fazem medições de parcelas de �orestas; alguns registram suas pescarias, além de outras atividades.

Durante o�cinas em novembro de 2012, a equipe do ISA perguntou para cada AIMA qual o assunto que gostaria de pesquisar, pensando em seu próprio interesse e de suas co-munidades e associações. Foi o momento para re�etir sobre a continuidade e atualização de suas pesquisas. Na maioria dos casos, os AIMAs mencionaram um assunto ligado a uma pesquisa que já vinham fazendo. As propostas foram agru-padas em quatro linhas temáticas: calendário, pescaria, frutas e roça. Em 2013 a pesquisa entrou nessa nova fase.

No �nal de março e o começo do abril 2013 foi realizada outra o�cina na comunidade de Cunuri, dedicada às pesquisas especí�cas. Alguns AIMAs já estavam fazendo novas pesquisas, testando novas �chas de registro, precisando orientações adicionais... A o�cina foi uma oportunidade para discutir e aprimorar a metodologia de cada pesquisa temática.

Todos os AIMAs continuarão a escrever seus diários e, periodicamente, a se encontrar para elaborar uma linha do tempo anual com o resumo das anotações por trecho do rio (Alto, Médio e Medio-Baixo). A pesquisa sobre CALENDÁRIO abrange os outros três temas. A�nal, no calendário se encontra as subidas e as desovas dos peixes, a �oração e fruti�cação das plantas e o ciclo agrícola. Além desses ciclos existem muitos outros fenômenos que são registrados e estão inter-relacionados. Um grupo de oito AIMAs quer se aprofundar especi�camente na pesquisa do calendário.

A pesquisa da PESCARIA é uma continuação da pesquisa que foi executada até 2012, mas agora com um grupo menor e com mais detalhes. Antes todos os AIMAs e um grupo grande de voluntários estavam registrando suas pescarias, agora só um grupo de dez AIMAs continuou, mas fazendo registros mais detalhados. Para registrar as subidas e piracemas dos peixes foram elaboradas novas �chas. A �cha de registro das pescarias, que antes era a mesma para todo o rio, agora é única para cada comunidade, com o mapa da área de pescaria de cada um. As informações sobre os peixes já têm sua referencia geográ�ca. Outra novidade é a pesquisa do conteúdo estomacal dos peixes capturados. O AIMA passou a registrar o que o peixe está comendo.

Seis AIMAs escolheram o tema das FRUTAS, que inclui três eixos de pesquisa. Em primeiro lugar, pesquisar os mitos de origem e os benzimentos de cada fruta. Em segundo, pesquisar a biologia das frutas, o ambiente onde são en-contradas (�oresta, igapó, caatinga, quintal etc.), quais seres visitam as �ores, quais comem as frutas. Parte da biologia das frutas é a fenologia, o estudo dos ciclos de vida; duas vezes por mês o AIMA registrará quais árvores estão com �ores, quais estão com frutos verdes e quais estão com frutos maduros. O último eixo é o culinário: como a fruta pode ser consumida - se crua ou se é preciso algum pro-cessamento e como pode ser preparada -, e tem métodos de conservação. Alguns AIMAs estão fazendo desenhos das frutas mais importantes.

Um grupo de três AIMAs escolheu a ROÇA como tema da pesquisa especí�ca. Eles vão mapear as roças de suas comunidades. Também foi elaborada uma �cha onde os AIMAs vão registrar o tempo que a mulher dedica para o trabalho da roça, em atividades como plantar, coletar ou capinar, e a produção da mandioca. Cada um recebeu uma balança para registrar o peso da mandioca coletada. Outros produtos da roça serão registrados nos diários.

Os temas de pesquisa em si não mudaram tanto, mas as investigações serão aprofundadas. No �nal de 2013 está prevista a realização de um seminário para a apresentação das pesquisas desenvolvidas no decorrer desse ano.

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BOLETIM PESQUISA E MANEJO AMBIENTAL NO RIO TIQUIÉ

Publicações 2012

Manejo dos Peixes na Bacia do Rio Tiquié – Memórias e Perspectivas ORG. ALOISIO CABALZAR E DAGOBERTO LIMA AZEVEDO. ISA/FOIRN/AEITY/ACIMET/ATRIART, 2012. 296 PÁG.

Depois de quatro anos de trabalho, foi concluído e publicado o livro Manejo dos Peixes na bacia do rio Tiquié, produto da transcrição dos dois encontros realizados em Pari-Cachoeira em junho e novembro de 2008 sobre o tema que é título do livro.

Nesses dois encontros, pela primeira vez, todas as organizações indígenas desse rio sentaram-se juntas para discutir e encaminhar propostas sobre esse assunto. Manejo dos peixes surgiu como tema de discussão coletiva entre comunidades a partir de 2005, por iniciativa de algumas organizações. Logo se revelou como questão bastante atual e necessária tendo em vista a redução, gradual mas signi�cativa, da produção da pesca e seus efeitos para o bem-estar das famílias e comunidades.

Os resultados desses encontros foram expressivos, e podem ser apreciados nas páginas que se seguem. Revelam conhecimentos e experiências singulares que os pescadores indígenas acumularam ao longo de gerações e também da prática cotidiana dessa atividade. Indicam a seriedade e empenho dos participantes por alcançar um conjunto de propostas de manejo claras e úteis para os dias atuais.

Durante os encontros, re�ete-se de forma aprofundada sobre a situação dos peixes e da pesca e como, historica-mente, se chegou a ela. Quais suas principais causas, nem todas óbvias para um observador externo; quais as boas práticas que devem ser incentivadas, e quais são aquelas mais agressivas e que precisam ser evitadas; como reduzir a pesca predatória e, ao mesmo tempo, garantir a alimentação de todos; como convencer os pescadores, respeitando a liberdade e autonomia de cada um.

Observamos que ideias e diretrizes produzidas nesses encontros têm servido como justi�cativa e base para as atividades de manejo dos peixes que vem acontecendo desde então. Alguns pontos estão sendo aprofundados nos debates locais, enquanto outros ainda o serão, de acordo com as possibilidades.

Almejamos que a publicação dessas memórias seja uma contribuição para manejo dos peixes no rio Tiquié e também

um incentivo para que esse assunto seja ainda mais discutido, pesqui-sado e aprofundado, tendo como perspectiva a melhoria das con-dições de vida nas comunidades, com segurança alimentar e cultural, dentro da Terra Indígena Alto Rio Negro. Que o trabalho desenvolvido no Tiquié possa ser uma referência para as comunidades e associações de outras partes, dentro e fora das terras indígenas.

Utapinopona kuye poseminiã niromakaraye. Pássaros – adornos dos Filhos da Cobra de Pedra (Tuyuka) ORG. JOSÉ BARRETO RAMOS. AEITU/ISA/FOIRN, 2012. 136 PÁG.

Esse livro é resultado de pes-quisas de alunos da Escola Tuyuka, coordenados pelo prof. José Ramos, junto aos conhecedores de suas comunidades, sobre pássaros e animais que tem seus pelos, penas, dentes e garras usados nos adornos de dança. Cada capítulo do livro é sobre um desses pássaros e animais, como devem ser criados, maneja-dos etc. Essa publicação é mais um passo dos Tuyuka em seu esforço de fortalecer sua língua e manter uma escola própria e de qualidade.

Educação Escolar Indígena do Rio Negro 1998-2011. Relatos de experiências e lições aprendidas ORG. FLORA DIAS CABALZAR. FOIRN/ISA, 2012. 432 PÁG.

Esse livro reúne extensa informação sobre escolas indí-genas que foram implantadas em toda a região do alto rio Negro, contando a história de cada uma delas e como foram estruturadas. Nesse período, o principal desa�o das comu-nidades indígenas interessadas em construir seu próprio projeto de escola passou da repressão impos-ta pelo sistema de escolarização dos missionários à resistência das autoridades oficiais de educação em reconhecer e apoiar as escolas indígenas, conforme assegurado na Constituição Federal de 1988.

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BOLETIM PESQUISA E MANEJO AMBIENTAL NO RIO TIQUIÉ

Vídeos

Informes

Tuyuka: escola e língua de fronteira e Manejo dos peixes no rio Tiquié

Os vídeos foram concluídos e entregues à Escola Tuyuka e aos AIMAs, respectivamente, em 2012. Ambos foram

realizados por Juan Gabriel Soler, Aloisio Cabalzar e os assis-tentes de vídeo indígenas Adelson Meira, Josival Rezende, Angilson Azevedo e Joarez Azevedo. O � lme sobre manejo dos peixes tem uma primeira parte que descreve essa ativi-dade e o trabalho dos AIMAs, e uma segunda parte que foca no manejo do timbó, fruto de uma o� cina que aconteceu em novembro de 2011 sobre o uso adequado dos venenos vegetais usados tradicionalmente para se pescar.

Formação Avançada no Rio Negro

No início de fevereiro foi feita uma reunião da nova di-retoria da FOIRN, equipe do ISA e alguns convidados

para retomar o andamento do Programa de Formação Avançada do Rio Negro (PFAI-RN). Foi criado um grupo de trabalho formado por cinco lideranças indígenas (Alfredo Brazão, André Baniwa, Dagoberto Azevedo, Higino Tenório e Maximiliano Menezes) e contratada uma assessoria por parte do ISA (Lirian Monteiro) para preparar o início de uma primeira turma, provavelmente no segundo semestre desse ano. Higino e Dagoberto estiveram em viagem ao Tiquié em março para repassar essa notícia. Ao mesmo tempo, está sendo negociada com o Ministério da Educação a criação do Instituto dos Conhecimentos Indígenas do Rio Negro, que abrigará o PFAI-RN.

O� cina de desenho no alto Tiquié

Estudantes e interessados das comunidades que formam a Escola Utapinopona-Tuyuka e

alguns AIMAs do baixo, médio e alto Tiquié partici-param da o� cina coordenada pelo artista plástico colombiano Andres Spath, na segunda metade de novembro de 2012, na comunidade tuyuka de Mopoea (São Pedro). O objetivo da o� cina foi instrumentalizar em técnicas de desenho e pintura, necessárias às atividades de pesquisa. A o� cina foi apoiada pelo projeto PDPI da AEITU.

Viagem de reconhecimento pelo rio Negro

Entre 18/02 e 02/03 foi realizada uma viagem de reco-nhecimento das rotas de origem dos povos Tukano

pelo rio Negro, desde Manaus até São Gabriel da Cachoeira. Participaram conhecedores dos rios Uaupés, Tiquié, Papuri e Pirá-paraná, junto com antropólogos e representantes dos ministérios da cultura do Brasil e da Colômbia. Essa atividade faz parte do projeto binacional Mapeo que visa a proteção de lugares culturalmente importantes na bacia do rio Negro e a valorização dos conhecimentos indígenas sobre eles. A viagem foi documentada em vídeo.

EXPEDIENTE

Agentes Indígenas de Manejo Ambiental

Calendário: Gilvan R. Azevedo (Pirarara-Poço); Ismael P. dos Santos (Santo Antônio); José Maria B. Ramos (São Pedro); José Pimentel (Bela Vista); Juarez P. Azevedo (São José I); Osvaldo B. Alves (São Paulo); Roberval Sobrano A. Pedrosa (Serra de Mucura); Rogelino da Cruz A. Azevedo (São José II).

Frutas: Edmar Aguiar (Pirarara-Poço); Germano José B. Campos (São Sebas-tião); José Pedrosa (Cunuri); Lucas A. Bastos (Caruru); Orlando M. Moura (Maracajá); Paulo G. Pires (Igarapé Taracuá).

Peixes: Alberto A. Marques (Santa Luzia); Dionísio Mesquita (Bela Vista); Es-tevão Pedrosa (Cunuri); Evaristo C. Azevedo (Pirarara-Poço); Gilson P. Aguiar (Floresta); Isaac B. Barreto (São Domingos); Jodair R. Marques (Caruru); Jonas P. Barbosa (São Pedro); José M. Alcântara (Matapi).

Roças: Dario A. Resende (Igarapé Onça); João T. Meira (Cachoeira Comprida); Rafael Azevedo (Acará-Poço); Santiago M. Meira (Cachoeira Comprida).

Equipe do Instituto Socioambiental no rio Tiquié

Aloisio Cabalzar, Pieter van der Veld, Hildete MarinhoPesquisadora associada: Melissa OliveiraDesenhos: Félix Barbosa (capa) e Cézar Meira (págs. 14 e 16)Projeto grá� co e diagramação: Ana Cristina Silveira/AnaCê Design

studantes e interessados das comunidades tapinopona-Tuyuka e

alguns AIMAs do baixo, médio e alto Tiquié partici-param da o� cina coordenada pelo artista plástico colombiano Andres Spath, na segunda metade de novembro de 2012, na comunidade tuyuka de Mopoea (São Pedro). O objetivo da o� cina foi instrumentalizar em técnicas de desenho e pintura, necessárias às atividades de pesquisa. A o� cina foi

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LEÔNCIO RAMOS NA OFICINA DE DESENHO

REALIZAÇÃO APOIO