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BOLETIM INFORMATIVO OFICIAIS DE DOUTRINA JUNTO AO EXÉRCITO DOS ESTADOS UNIDOS Nr 02 - Mar/Abr 2018 1. GENERALIDADES O Boletim informativo é uma publicação colaborativa dos Oficiais de Ligação (OLig) do Exército Brasileiro junto aos diferentes órgãos de desenvolvimento doutrinário do Exército Americano e, conforme previsto no Sistema de Doutrina Militar Terrestre (SIDOMT), visa facilitar a comunicação entre os OLig e os demais integrantes do sistema. A finalidade básica do boletim é apresentar informações doutrinárias correntes, documentos produzidos ou em produção e as principais modificações doutrinárias introduzidas ou em discussão no Exército Americano. O curto intervalo entre as publicações permite que os assuntos sejam prontamente divulgados a medida em que estão sendo desenvolvidos no âmbito dos órgãos de ensino e doutrina. Nesta edição, estão sendo apresentados os seguintes tópicos: - O anteprojeto de um novo manual sobre operações subterrâneas; - Com relação à modernização do exército americano, são apresentados os novos veículos sobre-rodas distribuídos às unidades de combate, os objetivos do Programa de Modernização da Artilharia, novos equipamentos projetados para o apoio de Engenharia e de Defesa Química, Biológica, Radiológica ou Nuclear e o emprego de um novo sistema de designação de alvos; - Quanto à doutrina corrente, são enfocados o emprego da Geoengenharia e emprego da Assistência Social nas operações militares; e - dentro das atividades de instrução e adestramento, é apresentada uma competição internacional entre pelotões de carros de combate, a “Sullivan Cup” e o novo teste físico que encontra-se em fase final de testes. Os assuntos são abordados de forma concisa a fim de facilitar a leitura e provocar a discussão do tema. Abordagens mais aprofundadas podem ser solicitadas através do canal de comunicação disponibilizado ao fim da publicação. Comentários, dúvidas, questionamentos e sugestões podem ser enviadas através do mesmo e-mail.

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BOLETIM INFORMATIVO

OFICIAIS DE DOUTRINA JUNTO AO EXÉRCITO

DOS ESTADOS UNIDOS

Nr 02 - Mar/Abr 2018

1. GENERALIDADES

O Boletim informativo é uma publicação colaborativa dos Oficiais de Ligação (OLig) do Exército

Brasileiro junto aos diferentes órgãos de desenvolvimento doutrinário do Exército Americano e,

conforme previsto no Sistema de Doutrina Militar Terrestre (SIDOMT), visa facilitar a comunicação

entre os OLig e os demais integrantes do sistema.

A finalidade básica do boletim é apresentar informações doutrinárias correntes, documentos

produzidos ou em produção e as principais modificações doutrinárias introduzidas ou em discussão

no Exército Americano. O curto intervalo entre as publicações permite que os assuntos sejam

prontamente divulgados a medida em que estão sendo desenvolvidos no âmbito dos órgãos de ensino

e doutrina.

Nesta edição, estão sendo apresentados os seguintes tópicos:

- O anteprojeto de um novo manual sobre operações subterrâneas;

- Com relação à modernização do exército americano, são apresentados os novos veículos

sobre-rodas distribuídos às unidades de combate, os objetivos do Programa de Modernização

da Artilharia, novos equipamentos projetados para o apoio de Engenharia e de Defesa

Química, Biológica, Radiológica ou Nuclear e o emprego de um novo sistema de designação

de alvos;

- Quanto à doutrina corrente, são enfocados o emprego da Geoengenharia e emprego da

Assistência Social nas operações militares; e

- dentro das atividades de instrução e adestramento, é apresentada uma competição

internacional entre pelotões de carros de combate, a “Sullivan Cup” e o novo teste físico que

encontra-se em fase final de testes.

Os assuntos são abordados de forma concisa a fim de facilitar a leitura e provocar a discussão do

tema. Abordagens mais aprofundadas podem ser solicitadas através do canal de comunicação

disponibilizado ao fim da publicação. Comentários, dúvidas, questionamentos e sugestões podem ser

enviadas através do mesmo e-mail.

Boletim Informativo Mar/Abr 18 Pág 2

2. DOCUMENTOS DOUTRINÁRIOS

a. Operações Subterrâneas

Recentemente, a Escola de Infantaria (Infantry School), sediada no Fort Benning/Georgia,

divulgou o anteprojeto do Manual de Operações Subterrâneas (ATP 3-21.51). Na introdução do

manual é reforçada a idéia de utilização de Op Subterrâneas para se alcançar objetivos impossíveis

por outros meios ao longo da história militar.

A análise das principais ameaças enfrentadas pelo

Exército dos Estados Unidos (US Army) em recentes

conflitos, bem como os conflitos projetados para o futuro

próximo, indicam que adversários tem feito adaptações em

sua forma de combater para contrabalançar as vantagens

estratégicas e táticas das tropas norte-americanas e aliados,

na maioria das vezes utilizando de ações indiretas e furtivas.

Nesse contexto, estudos apontam que inimigos em potencial

continuam a construir sistemas subterrâneos ou redirecionar

a infraestrutura civil subterrânea existente para mover,

manobrar, sustentar, impedir a detecção e proteger estruturas

militares. Entre essas ameaças, destacam-se a Coreia do

Norte e grupos terroristas.

Ressalta-se que, na atualidade, as Forças de Defesa de

Israel (IDF) possuem as tropas mais especializada neste tipo

de operação, tendo em vista os combates travados em

inúmeros túneis escavados pelo Hamas na Faixa de Gaza. Este sistema chega a atingir mais de 30

metros de profundidade e vários quilômetros de extensão. Os túneis possuem galerias que permitem

o deslocamento de suprimentos e equipamentos militares, além dos próprios combatentes.

Existem mais de 10.000 sistemas subterrâneos de propósitos militares conhecidos em todo o

mundo e a maioria dos grandes núcleos urbanos possui uma rede civil significativa de metrôs, túneis

e esgotos, que podem ser utilizados para fins militares.

Assim, o ATP 3-21.51 visa fornecer as orientações necessárias para planejar, preparar e

executar operações em ambientes subterrâneos. Em especial no Fort Benning, o novo manual tem

orientado a reinclusão desse tipo de operações nos cursos de formação e especialização.

Os principais assuntos listados no anteprojeto são:

● O ambiente subterrâneo;

● Características de túneis;

● Operações de nível pelotão até o escalão brigada;

● Técnicas, táticas e procedimentos (TTP) individuais; e

● Apoio Logístico.

A divulgação do anteprojeto do manual prevê que ocorram duas atualizações aos 6 e 12 meses

após sua publicação, em novembro de 2017. Essas alterações poderão ocorrer em função de

observações dos conflitos em andamento e lições aprendidas nos treinamentos em execução.

3. REESTRUTURAÇÃO NO EXÉRCITO AMERICANO

a. Novas viaturas leves para as Brigadas de Combate (BCT)

O Centro de Excelência de Manobra (Maneuver Center Of Excellence – MCoE) atualizou os

quadros de organização de pessoal e material das brigadas de combate, em função da adoção de um

novo Veículo Tático Leve (Joint Light Tactical Vehicle – JLTV) que está substituindo a viatura

HMMWV (High Mobility Multipurpose Wheeled Vehicle), conhecida como HUMVEE.

O novo veículo adotado é o L-ATV da Empresa Oshkosh, um veículo levemente blindado com

maior proteção contra minas, explosivos improvisados e maior letalidade, podendo ser equipado com

sensores e variados armamentos de acordo com sua finalidade de emprego. Além disso, a versão

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básica comporta até cinco militares (incluindo o motorista), proporcionando mais espaço interno que

o veículo anterior.

Fig 1 - Viatura L-ATV da Oshkosh Defense

A nova organização manteve a distribuição antiga de viaturas, como observa-se abaixo no

quadro de organização do esquadrão de cavalaria motorizado, orgânico dos regimentos de cavalaria

das BCT. Entretanto, as viaturas blindadas MRAP (Mine-Resistant Ambush Protected) foram

substituídas pelas novas L-ATV em praticamente todas as unidades, excetuando-se algumas unidades

de comunicações e artilharia.

Figura 2 - Organização do Esquadrão de Cavalaria Motorizado / Regimento de Cavalaria

As primeiras brigadas que estão recebendo os novos veículos devem estar completamente

operacionais até o fim do próximo ano.

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Paralelamente ao novo veículo tático leve, o US Army iniciou a distribuição de um novo veículo

4x4 para as Brigadas Aerotransportadas denominado veículo de mobilidade terrestre (Ground

Mobility Vehicle - GMV).

O GMV é fabricado pela General Dynamics and Flyer Defense e possui um potente motor

duplo-turbo 2.0 e um sistema de tração nas quatro rodas que confere uma excelente mobilidade fora

de estrada. Possui peso total de pouco mais de 2.000 Kg. Sua capacidade total de carga é de 2.500

Kg, o que permite deslocar até 9 militares.

O GMV pode ser transportado no interior do helicóptero CH-47 Chinook, ser lançado por todas

as aeronaves de lançamento do US Army e ser transportado externamente pelo UH-60 Black Hawk.

As primeiras 300 unidades estão sendo distribuídas para as cinco Brigadas de Combate pára-quedistas

(Airborne BCT) americanas: as três brigadas da 82a Divisão de Infantaria Airborne, a 173a Airborne

BCT com sede em Vicenza / Itália e a 4a Airborne BCT, orgânica da 25a Divisão de Infantaria, com

sede no Alasca/USA.

Fig 3 - Veículo de mobilidade terrestre (Ground Mobility Vehicle - GMV)

b. Modernização dos Fogos de Longo Alcance

Um dos seis programas de modernização prioritários do US Army é o Programa Fogos de

Precisão de Longo Alcance (LRPF), coordenado por uma equipe multifuncional (CFT) comandada

por um oficial general. O objetivo geral da CFT/LRPF é facilitar a integração horizontal e vertical

dentro do empreendimento de aquisição para fogos superfície-superfície de longa distância e

melhorar a velocidade das atividades de desenvolvimento de materiais. A CFT/LRPF integrará o novo

comando a ser criado ainda em 2018: US Army Futures Command. O Exército busca fornecer aos

comandantes operacionais fogos superfície-superfície que sejam precisos, responsivos, eficazes e

adaptáveis, capazes de penetrar em ambientes operacionais Anti-Acesso / Área Negada (A2AD),

sincronizando efeitos em vários domínios.

A CFT/LRPF é liderada pelo BG Stephen J. Maranian, comandante da Escola de Artilharia de

Campanha do Exército Americano, e é composta por membros com as habilidades e experiências

Boletim Informativo Mar/Abr 18 Pág 5

adequadas, que estão ligados à Força Operacional, à Indústria e por parceiros na área acadêmica, a

fim de apresentar as melhores soluções militares.

As áreas de enfoque da equipe multifuncional são:

- Fogos Profundos;

- Fogos de Precisão de Longo Alcance (LRPF) - Míssil;

- Artilharia de Tubo de longo alcance (ERCA).

Dentro de cada área, a CFT estabeleceu os seguintes objetivos:

1) Desenvolver a capacidade de ter Fogos Profundos - os Fogos Profundos fornecerão ao

Exército e aos comandantes das forças combinadas uma capacidade de fogos superfície-superfície

que possa penetrar nas “bolhas” A2AD de adversário com poder de combate similar ao das forças

aliadas para envolver alvos-chave em faixas estratégicas.

2) Propor um novo Míssil de Precisão de Longo Alcance (LRPM): O míssil LRPF irá

substituir o envelhecido Sistema de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS) para emprego no nível

Corpo de Exército e acima. O novo sistema de míssil LRPF fornecerá dez vezes a capacidade atual

por meio de uma combinação de fatores, tais como: aumento do alcance; melhor logística e letalidade,

incluindo dois mísseis por lançadora; tempo de voo mais rápido; aumento da taxa de fogo; resistência

ao bloqueio; e menor custo por míssil.

3) Aperfeiçoar a Artilharia de Tubo de Longo Alcance (Extended Range Cannon Artillery -

ERCA): o programa apresentará uma melhoria para a última versão do Obus Autopropulsado 155mm

Paladin (M109 A7) que fornece apoio de fogo indireto no nível Divisão. Com base nos upgrades de

mobilidade que o M109A7 fornece à frota, essa capacidade aumentará a letalidade dos obuseiros

autopropulsados para preencher as lacunas no portfólio de fogos. A ERCA ampliará a capacidade

atual por meio de uma combinação de maior alcance; aumento da taxa de fogo; aumento da letalidade;

maior confiabilidade; maior capacidade de sobrevivência; e menor custo por alvo.

O programa LRPF irá acelerar a capacidade e a habilidade dos fogos superfície-superfície em

todos os escalões para aumentar significativamente as faixas e a letalidade dos sistemas de fogos

atuais e futuros.

c. Novas tecnologias de apoio à Engenharia e DQBRN

Nas primeiras semanas de abril de 2018, no Fort Leonard Wood/Missouri, o Centro de Pesquisa

e Desenvolvimento de Engenharia (Engineer Research and Development Center - ERDC) conduziu

uma série de experimentos com alguns de seus principais projetos destinados a apoiar as operações

da Engenharia e de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN). O ERDC é uma

organização de pesquisa subordinada ao Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA (US Army Corps

of Engineers - USACE), possuindo cerca de 2.500 funcionários federais e contratados, com um

programa anual de pesquisa que supera 2 bilhões de dólares.

A atividade serviu como teste de campo a fim de fornecer aos desenvolvedores de capacidades,

à comunidade de ciência e tecnologia e à indústria um local de experiência operacional repetível,

credível, rigoroso e validado para apoiar o desenvolvimento de conceitos e materiais. As principais

tecnologias apresentadas foram as seguintes:

1) Automated Construction of Expeditionary Structures - ACES

O projeto ACES basicamente consiste de uma impressora com tecnologia 3D, capaz de

imprimir estruturas expedicionárias personalizadas sob demanda, em campanha, usando concreto

proveniente de material disponível localmente.

O ACES provê a capacidade de imprimir estruturas que melhoram a defesa, a segurança e a

qualidade de vida para tropas e civis contratados em desdobramentos avançados. O emprego do

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ACES permite redução no uso de pessoal, tempo de construção e recursos logísticos relacionados

com o envio de material necessário para manter a construção, incluindo pessoal.

Fig 4 - Concepção do Automated Construction of Expeditionary Structures (ACES)

2) Engineer Site Identification in the Tactical Environment (ENSITE)

O projeto ENSITE consiste de uma ferramenta capaz de avaliar os impactos dos ambientes

físico, ecológico e sociocultural, relativos à seleção de locais, design, operação e manutenção de bases

militares. O ENSITE utiliza programas de computadores e a plataforma geoespacial já em uso pelo

US Army.

Fig 5 - Tela do Engineer Site Identification in the Tactical Environment (ENSITE)

3) Remote Bridge Assessment Tool (RBAT)

O projeto RBAT é uma ferramenta que permite determinar a classificação militar de pontes,

baseado unicamente no que pode ser observado a partir de imagem remotamente obtida do local. O

RBAT é destinado a apoiar planejadores do nível estratégico, permitindo um primeiro levantamento

da capacidade de carga de pontes de uma determinada área, visando a seleção inicial de estradas e

priorização de reconhecimentos, conforme necessário.

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O uso do RBAT reduz a necessidade de reconhecimentos terrestres e permite rápida

consideração, de maneira simultânea e com reduzida incerteza, sobre múltiplas localizações de

entradas.

4) Sensor Integration on Robotic Platforms (C-SIRP)

O C-SIRP é o programa de integração de sensores QBRN que apoia os requerimentos para

as plataformas não tripuladas. Dois veículos aéreos não tripulados (Unmanned Aerial Vehicle - UAV)

foram utilizados no experimento realizado no Fort Leonard Wood:

PSI InstantEye ChemMAV - é um micro UAV com sistema de detecção, identificação e

localização de agentes e toxinas químicas.

Deep Purple - é uma plataforma UAV multiemprego com capacidade modular de detecção

que emprega um sensor padrão para veículos tripulados e não tripulados.

Fig 6 - Sensor Integration on Robotic Platforms (C-SIRP)

d. Novo sistema de busca de alvos de precisão

O US Army testou recentemente o Sistema Laser de Designação de Alvos do Sistema de

Designação de Alvos Conjuntos (JETS-TLDS).

O JETS-TLDS é um conjunto modular de sensores avançados composto por três

componentes: o módulo de localização de alvo portátil (HTLM), azimute de precisão/módulo de

ângulo vertical (PAVAM) e módulo de marcador a laser.

As equipes testaram o sistema em um amplo espectro de operações, usando o imageador

infravermelho e o imageador colorido para detectar, reconhecer e identificar veículos e pessoal em

várias distâncias para determinar se são amigos ou inimigos. O equipamento foi usado também em

um ambiente urbano simulado.

O sistema é menor que o atualmente utilizado pela tropa, facilitando a ocupação de uma

edificação e permitindo usar o laser para marcar alvos para um ataque com helicópteros.

O Exército está fazendo um grande esforço para que todos os especialistas em apoio de fogo

se tornem observadores de fogos conjuntos. Para isso, o laser fornece uma ferramenta no nível pelotão

que os permite designar e marcar alvos para aeronaves.

Os soldados usaram o sistema “Precisão de Fogos Desmontados”, que é um aplicativo usado

por apoiadores de fogo para transmitir digitalmente missões de tiro, desenvolver uma missão de tiro

e enviá-la para uma equipe simulada de apoio de fogo. Em média, eles enviaram 40 missões de tiro a

cada 10 horas por dia.

Outro treinamento real incluiu observadores avançados que se movimentavam com uma

unidade de manobra. Nesta ocasião, eles caminharam por uma linha de montanhas e receberam

relatórios de inteligência simulados de alvos inimigos em certos pontos ao longo de sua rota. Depois

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de receber os relatórios, as equipes estabeleceram um posto de observação inopinado e adquiriram

alvos imediatamente.

Fig 7 - Militares americanos operando os novos equipamentos. À esquerda, o Sistema Laser de Designação de Alvos do

Sistema de Designação de Alvos Conjunto e à direita, o sistema Fogos de Precisão Desmontados.

4. INFORMAÇÕES DOUTRINÁRIAS

a. Emprego da Geoengenharia

De acordo com a doutrina militar americana, a Geoengenharia (Geospatial Engineering) é

considerada uma das três disciplinas da arma Engenharia, juntamente com a Engenharia de Combate

(Combat Engineering) e a Engenharia Geral (General Engineering). Essas disciplinas são áreas

especializadas, sendo cada uma delas focada em determinadas capacidades de apoio ou que são

apoiadas pelas outras disciplinas.

A figura a seguir apresenta a estrutura doutrinária da Engenharia do US Army, na qual se observa

a importância da Geoengenharia, que é representada englobando as outras duas disciplinas.

Fig 8 - Estrutura doutrinária da Engenharia.

A Engenharia de Combate inclui as capacidades e atividades que prestam o apoio aproximado

para as forças combatentes terrestres de manobra e consiste em três tipos de apoio: mobilidade,

contramobilidade e proteção. A Engenharia Geral inclui as capacidades e atividades que modificam,

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mantêm ou protegem o ambiente físico. Essa disciplina de Engenheira é focada principalmente no

fornecimento de apoio à construção.

A disciplina Geoengenharia é a base que apoia as disciplinas Engenharia de Combate e

Engenharia Geral e também apoia todas as linhas de apoio de engenheira. A Geoengenharia inclui as

capacidades e atividades de engenharia que contribuem para uma compreensão clara do ambiente

físico, fornecendo informações e serviços geoespaciais para comandantes e estados-maiores. Os dois

principais produtos da Geoengenharia são a análise do terreno e a visualização do terreno.

O apoio de Geoengenharia está presente nos principais escalões do Exército, desde o nível

brigada até o nível teatro. Nas brigadas, divisões e corpos, o apoio de geoengenharia é prestado pelas

Equipes de Engenheiros Geoespaciais, as quais se associam aos analistas de imagens de inteligência

geoespacial dentro das seções de inteligência para formar a Célula de Inteligência Geoespacial. Essa

célula provê apoio de inteligência geoespacial para todas fases das operações de inteligência, sendo

responsável por fornecer análises e produtos de inteligência geoespacial, fundindo inteligência e

informação geoespacial dentro de um cenário comum para o comandante, o estado-maior e as

unidades subordinadas. No escalão teatro, o apoio é prestado pela Célula de Planejamento

Geoespacial, encarregada de gerenciar dados geoespaciais em apoio às operações a cargo de um

Comando Combatente Geográfico.

A figura a seguir descreve o alinhamento dos engenheiros geoespaciais e dos analistas de

imagem da inteligência geoespacial com os três elementos da Inteligência Geoespacial.

Fig 9 - Elementos da inteligência geoespacial.

b. Emprego da Assistência Social

O US Army possui uma grandiosa estrutura para fornecer Assistência Social aos militares,

funcionários civis e seus dependentes. Essa estrutura pode ser dividida em programas de apoio geral

ao pessoal e um Programa de Prevenção e Tratamento do Estresse de Combate e Operacional (Combat

and Operational Stress Program- COSP), voltado para o pessoal em operações.

1) Programa de assistência Social de Apoio Geral ao Pessoal

Assim como proporciona aos seus soldados o melhor equipamento possível, o US Army

faz o possível para manter a prontidão do combate através do bem-estar familiar. Família assistida

significa que os soldados seguirão para suas missões sabendo que o US Army fará tudo para proteger

e cuidar de suas famílias, durante o período de afastamento a serviço.

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Um dos maiores estressores para as famílias do exército é o período de afastamento devido

as missões operacionais internacionais e seus longos treinamentos preparatórios. Muitos recursos

foram criados pelo exército para apoiar famílias antes, durante e após os afastamentos por motivos

operacionais, bem como para apoiar o cotidiano do estilo de vida militar. Abaixo estão alguns dos

projetos mais amplamente utilizados e reconhecidos:

a) Programa da Família, Moral, Bem-Estar e Recreação (Family and Morale, Welfare and

Recreation - FMWR)

Consiste em uma abrangente rede de suporte da qualidade de vida e serviços de lazer

que melhora o dia-a-dia de soldados, civis, famílias, militares aposentados e outros clientes elegíveis.

b) Rede Integrada de Apoio à Família (Army Integrated Family Support Network - AIFSN)

A AIFSN é projetada para fornecer informações, ferramentas e recursos para soldados

geograficamente dispersos e para suas famílias aproveitando recursos militares e civis já existentes

no local, como: hospitais, comércios dentro dos fortes, serviços para crianças e jovens e agências

comunitárias civis.

c) Serviços da Assistência Social

O US Army tem vários programas para ajudar as famílias a administrar a conciliação de

suas vidas militares e civis. São exemplos:

- plano de ação da família militar é um canal de comunicação entre a família militar e o

Comando da Força, no que concerne a assuntos de Assistência Social à família;

- equipe de fortalecimento da família militar, composto por voluntários, ajudam às

famílias a se tornarem auto-suficientes quando na ausência do militar provedor;

- programa para famílias com membros excepcionais, trabalha com recursos oficiais e

privados para fornecer apoio às famílias possuidoras de membros com algum tipo de

excepcionalidade;

- programa de recolocação no mercado de trabalho, ajuda os membros da família militar

encontrar emprego nas novas guarnições para onde foram movimentados;

- programa de educação, treinamento e oportunidades profissionais para cônjuges,

oferece suporte em desenvolvimento profissional, educação e preparação para o emprego;

- serviço escolar para jovens e crianças, incluem creche em guarnições e em

comunidades locais, serviços para jovens na idade escolar e tutoria on-line;

- programa de advogados familiares é dedicado à prevenção de abuso conjugal e infantil

dentro das famílias militares;

- programa de educação financeira para aconselhar sobre quaisquer questões monetárias

que possam surgir para militares e suas famílias;

- programa de apoio às transferências, é a primeira parada da família no novo local de

destino, onde uma assistente poderá ajudar nas necessidades iniciais;

- corpo de voluntários do Exército, muitos programas de assistência à família do

Exército baseiam-se fortemente nos voluntários.

d) Programas de Apoio ao Militar

- Programa de apoio aos feridos em combate - é o programa oficial do US Army que

auxilia e protege os soldados gravemente feridos, doentes e sequelados, veteranos e suas famílias.

- Unidades de transição para combatentes - fornecem apoio personalizado a soldados

feridos, doentes e mutilados que necessitam de pelo menos seis meses de reabilitação e

acompanhamento médico complexo, antes de regressar para suas unidades.

- Centro de assistência aos soldados e familiares - é um local de encontro construído e

equipados para auxiliar feridos, enfermos e mutilados que são enviados ou adidos às unidades de

transição.

- Programa de prevenção e resposta ao assédio e violência sexual - é o esforço integrado,

proativo para acabar com o assédio sexual e agressão sexual em todas as unidades do Exército.

- Programa de apoio aos familiares de combatentes mortos em ação - projetado para

fornecer suporte específico e apoio abrangente a dependentes de soldados falecidos.

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- Seguro de vida especial para militares que sofreram acidentes traumáticos - fornece

assistência financeira a curto prazo para membros do serviço em atividade e veteranos que se

recuperam de lesões traumáticas.

- Fundo de apoio de emergência - fornece fundos de emergência através de bolsas e

empréstimos para ajudar a pagar aluguel, hipotecas, utensílios domésticos, alimentos, reparação de

automóveis, seguro de automóvel e despesas de viagem de emergência.

- Army OneSource é um site que fornece uma rede de Serviços para apoiar o Exército e

a Guarda Nacional do Exército e suas famílias, independentemente da sua localização geográfica.

- Programa de melhores oportunidades para militares solteiros tem a missão de melhorar

a moral, o bem-estar e recreação de soldados solteiros, aumentar a permanência deles no serviço ativo

e sustentar a prontidão para o combate.

2) Programa de Prevenção e Tratamento do Estresse de combate e operacional (COSP)

Este programa otimiza o desempenho na missão; conserva o poder de combate; e previne

ou minimiza os efeitos adversos do estresse de combate e operacional. Seu objetivo é retornar os

soldados ao serviço rapidamente. As atividades do COSP incluem triagem de rotina de indivíduos no

recrutamento; vigilância contínua durante todo o serviço militar, especialmente antes, durante e

depois desdobramento, desenvolvimento; avaliação e consulta contínua com pessoal médico e outro,

desde guarnição até a campo de batalha; e a identificação precoce da lesão cerebral traumática leve.

Soldados com problemas temporários ou incapacitados com condições relacionadas ao estresse são

diagnosticados como experimentando transtornos de saúde comportamental.

O COSP contribui com a prontidão da tropa e dos soldados por meio de:

- melhoria da adaptação às reações ao estresse;

- prevenção de reações adversas;

- assistência aos soldados com reações adversas ao estresse;

- assistência aos soldados com distúrbios comportamentais; e

- desenvolvimento da resistência ao estresse.

O COSP é um programa permanente, sendo aplicado tanto em combate como no tempo em

que a unidade se encontra na sua sede, nos EUA.

a) Meios do COSP existentes nos escalões de combate:

- Escalão batalhão: Não existe uma estrutura especializada em saúde comportamental

no batalhão. Cabe ao médico da OM coordenar e sincronizar o programa de controle de estresse

operacional e de combate com as unidades de Saúde do escalões superiores e implementar as medidas

de prevenção e controle do estresse de combate e operacional.

- Escalão brigada: Seção de Saúde Comportamental da Companhia de Saúde do

Batalhão de Apoio Logístico.

- Escalões acima de brigada: Destacamento Médico de Controle do Estresse de Combate

e Operacional, que proporciona o apoio por área para as unidades e comandos localizados em sua

área de atuação.

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5. ATIVIDADES DE INSTRUÇÃO E ADESTRAMENTO

a. Sullivan Cup

O dia 30 de abril marcou o início da Sullivan Cup 2018 no Centro de Excelência de Manobra.

O evento consiste numa competição bienal conduzida pela Escola de Blindados (Armor School), onde

participam guarnições de carros de combate (CC) dos EUA e países aliados. Neste ano, 15 equipes

do US ARMY (entre Componente Ativo, Reserva e Guarda Nacional), Fuzileiros Navais e os Exércitos

da Austrália e do Kuwait marcaram presença.

A competição tem por finalidade avaliar o nível de adestramento das guarnições de CC e se

caracteriza pela execução de tiro real embarcado, engajamento ofensivo e defensivo, prova escrita de

conhecimentos gerais, emprego de simuladores, provas físicas, aprestamento, tiro com armamento

individual e coletivo, entre outras atividades.

Os competidores utilizam exclusivamente o blindado M1 Abrams, atualmente adotado pelo US

ARMY e países aliados participantes, permitindo a troca de lições aprendidas e atualizações

doutrinárias entre os participantes durante as competições.

Fig 10 - Eventos da Sullivan Cup

b. Programa de Saúde Holística e Novo Teste Físico

Há alguns anos, o US ARMY vem discutindo e estudando novas propostas para melhorar o

condicionamento físico de seus integrantes e, consequentemente, aprimorar o grau de prontidão de

suas tropas.

As críticas ao atual sistema de treinamento físico e sua metodologia de avaliação são muitas,

destacando-se que o modelo adotado está defasado face às profundas transformações por que

passaram a pesquisa e o conhecimento do condicionamento físico nos últimos trinta anos, bem como

as modificações ocorridas nas demandas físicas nas operações militares a que a tropa está sujeita.

Boletim Informativo Mar/Abr 18 Pág 13

Outra constatação preocupante é que, atualmente, cerca de 75% dos jovens americanos entre

17-24 anos estão inabilitados para o serviço militar por uma ou mais razões, a maior delas devido à

falta de capacidade física desejável (1) .

Neste contexto, O Centro de Treinamento Militar Inicial (CIMT) lançou o Programa de Saúde

Holística e Aptidão Física (H2F) (2) que tem por objetivos:

- Melhoria no patamar do condicionamento físico, cognitivo e social;

- Maior resiliência e recuperação pós-traumática;

- Redução na incapacidade de curto e longo prazos;

- Melhoria na prevenção de lesões;

- Gerenciamento e adaptação ao stress;

- Melhoria na saúde física, mental e emocional; e

- Aprimoramento da avaliação do condicionamento físico do ciclo de vida completo.

O Programa H2F possui um amplo campo de atuação, funcionando como um completo e bem

planejado sistema de saúde e de condicionamento físico. Possui sub-programas que atuam na área de

saúde do sono, nutrição, gerenciamento de stress e aconselhamento comportamental, entre outros.

Na vertente da melhoria do condicionamento físico, o Programa H2F está implementando uma

nova ferramenta para avaliação física: o Teste de Prontidão de Combate do Exército (ACRT).

O ACRT está sendo desenvolvido de modo a priorizar exercícios físicos similares às demandas

exigidas dos militares em operações de combate, atuando sobre 6 (seis) componentes primários do

condicionamento físico de combate (força e resistência muscular, velocidade, potência muscular,

resistência cardio-respiratória e agilidade), além de 4 (quatro) componentes secundários

(flexibilidade, coordenação motora, tempo de reação e equilíbrio). Para alcançar esses componentes,

foram elaborados seis exercícios:

1. Declaração do Vice-Secretário do Exército (pessoal e Prontidão) ao Comitê das Forças Armadas do Congresso

Americano, 2010;

2. Departamento do Exército, Ordem Executiva 021-15, de Novembro de 2014;

Teste de Prontidão de Combate do Exército (ACRT)

Boletim Informativo Mar/Abr 18 Pág 14

EXERCÍCIO ILUSTRAÇÃO

1. Arremesso de potência

parado:

O militar parado deverá lançar

uma medicine ball (cerca de 5 Kg)

para trás por sobre a cabeça

2. Levantamento de peso:

O exercício inicia-se com o

indivíduo dentro da barra hexagonal e

com os pés completamente apoiados

no solo. Flexionando os joelhos, o

indivíduo empunha a barra com as

duas mãos e, após o comando,

suspende a barra esticando as pernas

num movimento contínuo e suave. Os

braços permanecem estendidos

durante todo o exercício.

3. Flexão de braço em T:

O militar parte da posição

deitado de frente para o solo, com os

braços estendidos (em T). A partir da

posição inicial, recolhe os braços sob

o corpo, realiza uma flexão de braço

completa e retorna para a posição

inicial.

Boletim Informativo Mar/Abr 18 Pág 15

4. Correr, arrastar e transportar:

Num percurso delimitado, o

militar inicialmente realizada uma

corrida de 50 metros, arrasta um peso

de 20 Kg por 50 metros, corre mais 50

metros, transporta dois pesos de 5 kg

por 50 metros e finaliza a série com

mais uma corrida de 50 metros.

A série é repetida 5 vezes.

5. Flexão na barra com a perna

dobrada:

Segurando a barra com ambas

as mãos, o militar flexiona o abdome

de modo a tocar o cotovelo com o

joelho.

6. Corrida de 2 milhas

Atualmente, o ACRT encontra-se em fase final de implantação, através da aplicação de testes-

pilotos em várias unidades operacionais. O objetivo dos testes é consolidar uma tabela de padrões

médios, bem como levantar sugestões sobre a sua execução e medições sobre o tempo total de

aplicação, os custos envolvidos no projeto e os índices de lesões decorrente do teste. Até o momento,

os testes têm sido muito bem recebidos pelos comandantes operacionais e pela tropa.

Apesar dos índices do ACRT ainda não estarem totalmente definidos, os estudos indicam que não

existirão diferenças entre os índices dos exercícios de acordo com a faixa etária ou o gênero do

militar. A justificativa para essa decisão é que o teste baseia-se em tarefas físicas obrigatórias para

todos os combatentes em operações, não sendo admitida diferenciação entre os executores.

O Centro de Treinamento Militar Inicial estima que o teste estará totalmente aprovado e

implantado no Exército a partir de 2019.

Boletim Informativo Mar/Abr 18 Pág 16

Realização:

Oficiais de Ligação do Exército Brasileiro junto ao US ARMY

TRADOC

Comando de

Adestramento e

Doutrina

CAC

Centro de Armas

Combinadas

MCoE

Centro de

Excelência de

Manobra

MSCoE

Centro de

Excelência de

Apoio a Manobra

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