boletim educação abril maio

8
Edição Especial Dia do Professor Cabo-verdiano Reflexão sobre os desafios do professor no séc. XXI ………………………………………………………...Pág.8 Professores já dispõem de Portal on-line…………………………………………………………………….Pág.5 Fernanda Marques felicita a classe docente cabo-verdiana….………….. ……………………………….Pág. 4 Entrevista à Ministra da Educação e Desporto …………………………… …………………………… ..Pág.2 e 3

Upload: ministerioeducacao

Post on 01-Jun-2015

394 views

Category:

Documents


8 download

TRANSCRIPT

Edição Especial

Dia do Professor Cabo-verdiano

Reflexão sobre os desafios do professor no séc. XXI ………………………………………………………...Pág.8

Professores já dispõem de Portal on-line…………………………………………………………………….Pág.5

Fernanda Marques felicita a classe docente cabo-verdiana….………….. ……………………………….Pág. 4

Entrevista à Ministra da Educação e Desporto …………………………… …………………………… ..Pág.2 e 3

Entrevista

Educação em Notíc ias

tração Pública, em colaboração con-

nosco para podermos dizer que nes-

te momento, temos a 1ªversão do

banco de dados a funcionar. O que

quer dizer que, a partir destas pro-

gressões que saíram já em BO refe-

rentes a 2005, nós podemos ter uma

extracção automática, já não vai

depender da vontade das pessoas

mas da objectividade da máquina.

Os professores que estão em condi-

ções de progressão são automatica-

mente seleccionados pelo banco de

dados e automaticamente se come-

çam a processar todas as acções

concernentes à sua reclassificação.

Consideramos que é dentro do mo-

mento que atravessamos ao nível da

reforma do Estado, no sentido de

melhorarmos cada vez mais a nossa

resposta aos cidadãos e neste caso,

aos nossos queridos professores.

NCI - No passado mês de Março o

SINDEP anunciou que está a pensar

mobilizar os professores para uma

greve, caso o MED não responda às

reivindicações de certos professores

que se queixam de atrasos nas re-

classificações, progressões, redu-

ção de carga horária, etc. O que o

MED tenciona fazer para evitar

uma greve geral dos professores?

MED - A greve é um direito que as-

siste a qualquer classe laboral. No

que concerne aos professores, nós

admitimos que temos um atraso no

desenvolvimento das carreiras do-

centes, mas por outro lado, também

consideramos, e isso, é um facto in-

contestável, temos estado a traba-

lhar no sentido de melhorar de fun-

do a gestão do processo do profes-

sor. Ou dito de uma outra maneira,

temos estado a trabalhar para cri-

ar as condições para que este pro-

cesso de gestão de carreiras se

faça de uma forma cada vez mais

objectiva e cada vez com maior

celeridade. Tivemos um atraso que

se deveu fundamentalmente à fina-

lização deste banco de dados, pa-

ra lhe dizer que a classe docente é

mais do que 50% da Administração

Pública cabo-verdiana, portanto,

estamos a falar de um número signi-

ficativo de pessoas e dessa maneira

nós temos 6.802 professores em

exercício este ano, do pré-escolar

ao secundário, nem se quer estou a

falar dos professores do ensino su-

perior. Portanto, nós temos consciên-

cia e trabalhamos todos os dias no

sentido de ultrapassar esses atra-

sos, que efectivamente acontece-

ram, temos não só esperanças, mas

sinais concretos de que vamos con-

seguir agora realmente acertar o

passo e mais do que isso acelerá-lo

neste processo de gestão de carrei-

ra dos professores do nosso país.

NCI - Os professores que não são

formados na área do ensino estão

apreensivos em relação à sua situ-

ação, pois não conseguem entrar

para o quadro, nem desenvolver

na carreira. Como é que o MED

pretende resolver esta situação e

estimular esses professores?

MED - Digamos que este processo

NCI - Como é que está neste momen-

to a situação da classe docente, em

termos de reclassificação, progres-

são, entre outras prerrogativas?

MED - Podemos dizer que temos uma

classe docente sólida, empenhada,

diria mesmo guerreira e que no seu

dia-a-dia promove a transformação

efectiva do país. Temos um conjunto

de situações de progressão de carrei-

ra, de reclassificações, de concessão

de subsídios por não redução da car-

ga horária e entrada no quadro que

estão felizmente em andamento. Penso

que todos os professores do país já

terão consultado o BO nº 23 e pode-

rão até ao final deste mês ter mais

notícias acerca do desenvolvimento

das suas carreiras.

NCI - Falando agora sobre a progres-

são na carreira, como é feita a selec-

ção dos professores?

MED - Nós neste momento, e quando

estamos a falar de progressões, esta-

mos a falar do desenvolvimento hori-

zontal das carreiras docentes, nós con-

cluímos em colaboração estreita com a

Secretaria do Estado da Administra-

ção Pública e com o Ministério das

Finanças e do Planeamento e o pró-

prio Tribunal de Contas um banco de

dados, que é um trabalho de fundo

da Secretaria de Estado da Adminis-

NCI 2

Fernanda Marques

Ministra da Educação e Desporto

Nesta edição especial, dedicada à comemoração do Dia do Pro-

fessor Cabo-verdiano, o Educação em Notícias traz uma grande

entrevista com a Ministra da Educação e Desporto, Fernanda Mar-

ques onde foram abordadas questões relacionadas com o desen-

volvimento da carreira docente e que tem preocupado muito a

classe, como o caso da reclassificação, progressão, entrada no

quadro, etc., e perspectivas de resolução dessas questões. Duran-

te a nossa conversa, Fernanda Marques reconheceu o atraso na

resolução dessas questões, mas adianta que o Ministério tem fei-

to um grande esforço no sentido de imprimir uma certa celeridade

na gestão da carreira docente.

Abr i l/Maio 2012—Ano VI , Edição 14

teve alguma paragem de uns anos a

esta parte, mas há uma experiência

bem sucedida de formação para esses

professores. São professores que têm

uma formação científica mas não têm

a componente pedagógica, portanto

competências para leccionação e esta-

mos neste momento em articulação

com as estruturas de ensino a conceber

cursos que possam, até no regime a

distância, sobretudo, com essa compo-

nente, porque é muito complicado tra-

zer professores dos diferentes conce-

lhos durante um ano lectivo ou mais do

que um ano para poderem fazer essa

formação. Portanto, estamos a concluir

a primeira fase de um estudo no senti-

do de podermos replicar uma experi-

ência bem sucedida num dos concelhos

do nosso país para os outros concelhos

e poder utilizar, a Rádio Educativa ou

outros meios que temos disponíveis,

com certeza com uma forte interven-

ção posterior do Mundu Novu para

podermos colmatar essa dificuldade e,

sobretudo, permitir aos professores

que já têm bastante anos de experi-

ência poderem ter acesso à certifica-

ção da sua capacidade para leccio-

nar. Muitas das vezes, esses professo-

res, não tendo o grau nem a certifica-

ção, têm já por mérito da sua auto-

formação a capacidade para a lecci-

onação efectiva.

NCI - Como é que classifica actual-

mente os professores cabo-

verdianos?

MED - Eu considero a classe docente

de uma forma geral, no mundo, uma

classe de lutadores e classe docente

cabo-verdiana particularmente, nós

crescemos muito, o nosso sistema edu-

cativo cresceu muito. Na última déca-

da nós tivemos uma explosão de esco-

las do ensino secundário, neste mo-

mento, temos 2.3 de escolas secundá-

rias em média por concelho do país, o

que quer dizer que a nossa classe do-

cente cresceu muito e nós temos uma

tradição muito forte em termos de histó-

ria de academia de escola, sendo que o

professor é de facto um herói nacional.

NCI - Quais são os níveis de qualifica-

ção dos nossos professores?

Isso já ultrapassa um bocadinho a minha

opinião, os números que nós temos rela-

tivamente à qualificação docente. Nós

neste momento, ao nível do ensino bási-

co temos praticamente 100% de profes-

sores com qualificação específica para

a prática docente, portanto são 98% de

professores com qualificação específica

para a docência. No ensino secundário,

temos mais de 80%, quase 85% de

professores qualificados, na própria

Educação e Formação de Adultos temos

um índice elevado de animadores com

qualificação específica, no pré-escolar

a mesma coisa. Temos estado a alargar

a taxa de acolhimento nacional e a fa-

zer um esforço forte na qualificação do

pessoal. Portanto, os nossos professores

têm também uma característica que eu

deveria ressaltar que é a persistência

na sua própria formação. Somos muitos,

mas somos muitos com qualificação es-

pecífica para a tarefa que desempe-

nhamos que na verdade é construir Ca-

bo Verde.

NCI - Na sociedade actual, qual é o

papel que cabe ao professor?

Penso que o papel do professor é inde-

pendente do momento cronológico que

analisamos. O professor através da his-

tória teve sempre um papel fundamen-

tal de construção das sociedades, por-

que é através dele que se adquirem as

competências necessárias para o nosso

auto-desenvolvimento, mas e sobretudo,

para o desenvolvimento das sociedades

onde estamos inseridos. O papel do

professor em Cabo Verde nos dias de

hoje, nós estamos já na segunda década

do século XXI e temos ao nosso alcance

ferramentas completamente no-

vas, tecnologias informacionais, a

par de, em muitos casos, pode-

mos ter uma outra escola que

ainda não tem electricidade, por-

tanto, temos esta dualidade de

possibilidades, mas é aqui que o

professor se mostra na sua pleni-

tude. Eu tenho grato prazer em

encontrar por este país fora, pro-

fessores que independentemente

dos meios que têm à sua disposi-

ção fazem trabalhos valorosos. É

esse valor acrescido que em ter-

mos de profissão o professor tem,

que é a sua missão, na verdade,

que é transformar cada aluno,

porque a razão de existência de

cada professor é cada aluno, é o

aluno individual e fazer de cada

aluno um homem e uma mulher

virtuosos.

NCI - Sra. ministra estamos, a

comemorar o dia do professor

Cabo-verdiano. Que mensagem

gostaria de endereçar a todos

os professores?

MED - Uma mensagem de afecto

fundamentalmente, em primeiro

lugar e uma mensagem em para-

lelo, de agradecimento por todo

o trabalho que têm desenvolvido

até agora e por aquele que eu

tenho a certeza que continuarão

a desenvolver. A minha mensa-

gem será simplesmente muito

obrigada, professores e profes-

soras deste país.

3 NCI

Entrevista

Educação em Notíc ias

4 NCI

Caras Professoras

Caros Professores

Pela vigésima segunda vez comemoramos, aos 105 anos do nascimento de Baltasar

Lopes, o Dia do Professor Caboverdeano.

Abril, que o étimo latino sugere abertura associada à germinação na natureza, é o

mês do nosso professor!

23 de Abril agrega, ao professor caboverdeano, as comemorações mundiais do livro

e dos direitos de autor, temas estreitamente relacionados com a profissão docente.

Docente que semeia valores e conhecimentos para fazer germinar e crescer atitudes, habilidades, comportamentos e competências e que nos livros e com eles desenvolve o respeito pelos direitos e a assunção pró-activa dos deveres ajudando a construir a

cidadania plena.

Docente que contribui de forma extraordinária e inequívoca para a educação e for-

mação de todos nós.

As minhas felicitações e profundo agradecimento a todas e a todos os professores,

desta nossa Nação Global.

Na caminhada em direcção à consolidação de um sistema educativo sustentável, em constante melhoria para concretizar a Agenda de Transformação do País, o Ministério da Educação e Desporto conta com o vosso empenho e generosidade, professora e professor, no ativo e na reforma, que com espírito de missão imbuído de constante

criatividade, nunca cruzaram os braços perante as adversidades e desafios.

Esta segunda década do século XXI exige novos referenciais e competências, impon-

do uma séria aposta na autoformação permanente.

As perspectivas são boas e a classe pode estar confiante das conquistas alcançadas,

tanto a nível pessoal como para o sistema educativo.

Cara Professora, Caro Professor,

Neste dia, Nacional do Professor e Internacional do Livro e dos Direitos de Autor, es-

tão todos de parabéns!

Por terem contribuído de forma inequívoca para que Cabo Verde esteja cada vez

mais bem referenciado no Mundo.

Estão de parabéns pelos ganhos obtidos e por abraçarem a nobre e incomparável mis-são de transformar cada criança e jovem do nosso país em mulheres e homens com

competências efetivamente desenvolvimentistas.

Exorto-vos a manter a vontade de aperfeiçoar a cada dia o vosso trabalho e o com-promisso de continuarmos «Juntos por uma Educação de Qualidade e um Desporto de Excelência», trabalhando com rigor, honestidade intelectual e transparência para

um melhor presente e um futuro de excelência.

A Ministra,

Fernanda Marques

Praia, 2012-04-23

Ministra da Educação e Desporto felicita a classe do-

cente cabo-verdiana

Professores já dispõem de portal on-line portal ou outra ferramenta que se

mostrar mais necessária, para poder-

mos efectivamente estar todos juntos”.

Marques reconheceu ainda, a impor-

tância das tecnologias de informação

e comunicação e considerou que já

não é preciso se deslocar de um espa-

ço para outro, pois através de um clic

pode -se discutir questões diversas.

Segundo a conceptora do portal, Neu-

sa Sofia, este é um espaço inte-

ractivo em que os professores de

todo o mundo podem partilhar

informações, boas práticas educa-

tivas e pedagógicas.

“Neste espaço pode-se ainda,

através do fórum, debater-se te-

mas ligados à educação e o ensi-

no, e as pessoas podem colocar

questões e até mesmo solicitar

informações sobre pedidos reali-

zados a nível do serviço central –

Recursos Humanos”, frisou.

De referir que o endereço do por-

tal é professorescv.blogspot.com,

onde se encontram disponíveis

informações do interesse do pro-

fessor (legislações, documentos,

galeria de imagens, entre outras).

Os professores cabo-verdianos

passaram a ter desde o dia 20 de

Abril, um espaço on-line para tro-

ca de ideias, experiências e inte-

racção com os professores de Ca-

bo Verde e do mundo. O lança-

mento oficial do portal aconteceu

no passado dia 20 de Abril, numa

cerimónia presidida pela ministra

da Educação e Desporto, Fernan-

da Marques.

A ministra regozijou-se com a inici-

ativa e afirmou que o portal vai

possibilitar aos professores e não

só, estarem todos juntos.

“Este portal vai nos dar sobretudo

aquele espaço onde nos podemos

reunir todos. Eu espero que no pró-

ximo ano nós possamos estar em

conferência para todo o país, via

Abr i l/Maio 2012—Ano VI , Edição 14

MED realiza Seminário de Reflexão para assinalar o dia 23 de Abril

NCI 5

“Os desafios da classe docente” é

o tema do Seminário promovido

pelo Ministério da Educação e

Desporto, no passado dia 20 de

Abril, para assinalar o Dia do Pro-

fessor Cabo-verdiano que se assi-

nala a 23.

A cerimónia de abertura do even-

to foi presidida pela ministra da

Educação e Desporto, Fernanda

Marques, e contou com a presença

de dirigentes da Educação, pro-

fessores, delegados, directores

das escolas secundárias, gestores

e coordenadores pedagógicos,

entre outros convidados.

Na ocasião, a titular da pasta não

deixou de reconhecer o papel do

professor e a sua importância e

referiu-se às reformas educativas

em curso, considerando que neste

momento o país está revolucioná-

rio.

“Temos a reforma do sistema edu-

cativo nacional, temos a reforma

do sistema financeiro e temos a

reforma da Administração Públi-

ca”...

Segundo Fernanda Marques, o

Governo vem investindo a nível

das infra-estruturas escolares, da

formação dos professores, nas

novas tecnologias de informação

e comunicação, com vista a me-

lhorar a qualidade do ensino no

país.

Na altura, a titular da pasta mos-

trou-se satisfeita com os traba-

lhos dos professores cabo-

verdianos, e classificou a classe

como lutadora e abnegada e

que dá o melhor de si aos seus

alunos.

Marques não deixou de reconhe-

cer algumas dificuldades dos

professores, nomeadamente as

reclassificações, as progressões,

os subsídios por não redução de

carga horária e a entrada no

quadro e promete trabalhar pa-

ra resolver todos os problemas

que afligem a classe docente.

Educação em Notíc ias

Professor em foco

Entrevista

NCI 6

Adilson Medina, Gestor do Pólo

educativo de Pico Leão

Em saudação ao Dia do Professor Cabo Verdiano, o Núcleo de Comunica-

ção e Imagem (NCI) teve momento de conversa com Adilson Medina, Pro-

fessor, natural de S. Antão, e actualmente, gestor do Pólo Educativo de Pico

Leão, Concelho de Ribeira Grande de Santiago. Com essa entrevista quise-

mos conhecer um pouco a trajectória profissional deste professor, os princi-

pais desafios encontrados enquanto professor e gestor e saber a sua opini-

ão sobre o perfil do professor do século XXI.

NCI -Quando e onde começou a

trabalhar?

Adilson Medina - Comecei a tra-

balhar no dia 16 de Fevereiro do

ano 2009, na escola de Tronco,

concelho de Ribeira Grande de

Santiago com uma turma composta

do 1º e 2º anos de escolaridade.

No ano lectivo 2009/2010 aceitei

o desafio de ser o Gestor do Pólo

Educativo NºXXVI de Pico Leão e

que até hoje desempenho.

NCI- Como é ser gestor numa lo-

calidade, com poucos recursos,

como é o caso de Pico Leão?

Quais foram os principais desafi-

os que encontrou?

Adilson Medina - Para ser gestor

numa localidade desta é preciso ter

acima de tudo, um espírito de vo-

luntariado, responsabilidade e de

solidariedade, para que possamos

responder minimamente os desafios

do sistema educativo.

Já dizia alguém que “somos os ges-

tores do nada”, porque não haven-

do recursos financeiros efectivamen-

te que quase nada vai avante. Mas

tendo o espírito anteriormente cita-

do somos capazes de transformar o

pouco em muito, dependendo da di-

nâmica de trabalho de cada um.

É de realçar que se trata de um Pólo

Educativo composto por três escolas

que distanciam um do outro vários

quilómetros, tenho de percorrer a pé

para chegar as escolas porque nessas

localidades não há transportes regu-

lares.

Também o único fundo que dispomos

na escola é o pagamento da caixa

escolar feito pelos alunos que é desti-

nado apenas a cantina escolar. Por

isso temos pouca margem de manobra

para fazer qualquer outra actividade

a não ser recorrendo a pedidos.

Os principais desafios que encontrei

era de dar a escola um novo rosto

uma vez que ela estava um pouco

degradada, sem materiais desportivo

que ajudassem os professores nas au-

las das Expressões e principalmente

com um grande défice nos utensílios

utilizados na cozinha e na distribuição

da refeição quente aos alunos.

Também tinha como desafio elevar o

nome da escola que estava rotulada

como sendo uma escola onde os pro-

fessores não trabalhavam muito bem

pelo menos nas 2ª e 6ª feiras por se

tratar de professores que residiam no

concelho da Praia aos fins-de-semana.

Mas ao novo grupo de professores

que foi trabalhar no ano lectivo

2009/2010 conseguimos alugar um

carro que transporta os professores,

partindo da cidade da Praia às 7

horas da manhã todas as 2ªs feiras e

regressamos à Praia às 6ªs depois do

término das aulas.

NCI - Enquanto gestor, como é a sua

relação com os professores dessa

escola?

Adilson Medina - Enquanto gestor

tenho uma relação estável com os pro-

fessores desta escola exercendo a

minha cidadania plena baseada numa

liderança de respeito mútuo e de

transparência acima de tudo.

NCI - O que a escola tem feito para

aproximar mais os pais e encarrega-

dos de educação da comunidade

educativa?

Adilson Medina - A escola de tudo

tem feito para que os pais e encarre-

gados de educação se sintam que es-

tão numa escola aberta para todos,

com pessoas disponíveis a contribuir

para uma educação direccionada ao

futuro da comunidade.

Posso dizer que o modelo de gestão

utilizado é claro e transparente onde

se encontra envolvido pais e encarre-

gados de educação através do conse-

lho do Pólo, por forma a dar-lhes mai-

or confiança e credibilidade à comuni-

dade escolar. Também fazemos activi-

dades, como por exemplo, o Natal,

Carnaval, 1º de Junho onde envolve-

mos os pais como forma de levá-los a

participarem nas actividades da mes-

ma e também para nos ajudar uma

vez que neste momento a maioria dos

docentes é homem. Também todos os

anos em comemoração ao dia do pai

e da mulher cabo-verdiana convida-

mos os pais fazendo pequenas activi-

dades culturais com alunos e alguns

pais e encarregados de educação.

NCI - Poderia citar dois momentos

que o marcaram, como professor ou

gestor?

Abr i l/Maio 2012—Ano VI , Edição 14

NCI 7

Entrevista - Continuação

Adilson Medina - Um momento que me

marcou muito enquanto professor era

numa aula de Ciências Integradas em

que pedi aos alunos que me dissessem

o nome de alguns animais da localida-

de e começaram a dizer o nome deles

em crioulo por exemplo: “mane man-

grado, bichero, nabidja, santcho, pela-

da”, etc. Então, nessa altura, fiquei um

pouco perdido por não conhecer esses

nomes, mas é de realçar que eu estava

na ilha pouco menos de um mês, mas

felizmente havia na sala 2 alunos do

2º ano que sabiam como eram chama-

dos em português.

Um outro momento que me marcou en-

quanto gestor é o reconhecimento do

trabalho desenvolvido pela equipa

que trabalha na escola a quando da

visita da Senhora Ministra, Fernanda

Marques e por ter ido a ilha do Maio

representar os meus colegas gestores

do concelho da Ribeira Grande de

Santiago numa Jornada pedagógica.

Na sua opinião, qual é que deve ser

o perfil do professor do século XXI?

Adilson Medina - O professor do sécu-

lo XXI é aquele que é investigador, curi-

oso, consciente, facilitador, dinâmico

enfim há um conjunto de adjectivo que

podemos qualificar o professor moder-

no.

É aquele que é capaz de ajudar o alu-

no a transformar as informações obtidas

principalmente através dos medias em

conhecimentos.

É aquele que é capaz de reflectir so-

bre a sua prática e melhorar o seu de-

sempenho enquanto agente formador

olhando para a própria trajectória pro-

fissional, perceber as falhas, saber o

que ainda falta aprender e assumir o

desafio de melhorar a cada dia.

É aquele que consegue transformar a

sala de aula num espaço de interacção

e de troca de experiências e conheci-

mentos.

Que mensagem deixa aos seus cole-

gas neste Dia do Professor Cabo-

verdiano?

Adilson Medina - O processo Ensino/

Aprendizagem não termina em nós e

nem tão pouco começou em nós.

O futuro da humanidade depen-

de de uma boa formação inte-

gral dos nossos educandos o meu

apelo é que continuemos a tra-

balhar com a mesma força e

determinação mesmo achando

que algo que merecemos está

sendo violado, acreditando que

tudo pode mudar e ser reconhe-

cido. Não desanimem porque o

caminho é longo e o trabalho é

árduo, mas só podemos alcançar

a meta se trabalharmos juntos

sem remorsos e tendo sempre em

mente o futuro da nossa humani-

dade.

Caros professores, caras pro-

fessoras continuemos unidos por-

que só assim podemos formar

bons cidadãos e dizer que efec-

tivamente estamos juntos traba-

lhando em prol de uma educa-

ção de qualidade.

Alunos do Fogo e S.Antão destacam-se na edição 2012 das Olimpíadas de Matemática

Suely da Veiga Barbosa, aluna

do 8ºano da Escola Secundária

dos Mosteiros, Jamison Soares

de Pina, do 10ºano da Escola

Secundária Teixeira de Sousa,

concelho de S.Filipe, ilha do Fogo e

Ounísia Delgado dos Santos, 12ºano

da Escola Técnica João Varela, da

ilha de S. Antão, são os grandes ven-

cedores da edição 2012, das Olimpí-

adas de Matemática. A cerimónia de

entrega de prémios aos alunos vence-

dores desta edição das Olimpíadas

de Matemática teve lugar no passado

dia 28 de Abril, na cidade da Praia e

foi presidida pela ministra da Educa-

ção e Desporto, Fernanda Marques.

Os vencedores do concurso receberam

como prémio um computador portátil

e uma medalha de ouro. Os segundos

e terceiros classificados de cada nível

foram contemplados com kits escolares

e medalhas de prata e bronze, res-

pectivamente. Os restantes alunos que

participaram na fase final receberam

um certificado de menção honrosa.

Nesta edição de 2012 das Olimpía-

das de Matemática, participaram 41

escolas secundárias públicas e um total

de 11.000 alunos dos três níveis do

ensino secundário, dos quais apenas

27 qualificaram-se para a fase final.

De referir que o Ministério da Educa-

ção contou com a parceria da Uni-CV,

da Embaixada do Brasil e da Caixa

Económica de Cabo Verde, na reali-

zação desta Olimpíada de Matemáti-

ca.

radigmas”. O papel do Professor

na Educação Moderna está im-

pregnado de complexidades. En-

frenta outros desafios, a maior

parte deles nada fáceis e, por

causa disso, deve ter uma repre-

sentação social especial. Deve ser

mais exigente, estar mais capaci-

tado académica e pedagogica-

mente, permitindo-lhe lidar com

alunos com conhecimentos e pen-

samentos diversos e cujos interes-

ses reflectem particularidades

diferentes.

Contudo, da mesma forma que

deparamos com alunos, pais e

encarregados de educação recla-

mando maior performance dos

Professores, esses também, con-

trapõem mais valorização tanto

por parte dos alunos, dos pais e

encarregados de educação como

do sistema educativo e, exigem

melhores e mais recompensas

(prestígio, salário …). A ausência

desta retroalimentação pode

constituir a falta de discernimento

para o desempenho da tão nobre

profissão. Evidentemente, todos

nós não nascemos com vocação

para a docência, uns exercem-na

com muito profissionalismo, edu-

cam seus alunos para a vida, ou-

tros nem tanto, a despeito de te-

rem habilitação académica para

o exercício dessa profissão, se-

gundo Daniel Medina “mesmo

assim, não se entregaram. É pena

porque é das profissões mais bo-

nitas do mundo.” É necessário

enaltecer e dignificar muito mais

essa profissão, porém, focados

num objectivo comum e contrari-

ando Freud ao afirmar que

Há quem diga que a profissão de

Professor é uma das mais antigas

e mais importantes, tendo em vista

que as demais, na sua maioria,

dependem dela.

Envolvemo-nos frequentemente em

debates calorosos, estabelecendo

comparações entre o Professor de

antigamente e o Professor de ho-

je. A tendência é para julgarmos

que os Professores de outrora

eram mais respeitados, tinham e

exerciam mais autoridade,

“explicavam” mais, ensinavam me-

lhor, conseguiam se impor e mere-

ciam distinção dos alunos, logo,

eram tidos como inesquecíveis.

Francamente, não creio que a

questão fundamental seja essa. O

certo é que os tempos mudaram,

as sociedades evoluíram e a reali-

dade é bem diferente. Triste seria

se continuássemos, utopicamente,

a pensar que as coisas deveriam

continuar exactamente como fo-

ram no passado.

O fundamental é entendermos o

Professor da actualidade como

um “Homem Novo”, um Homem

“formatado” segundo “Novos Pa-

“Professor é uma profissão impossí-

vel”.

O Professor está permanentemente

a ser confrontado com a questão

dos limites da sua influência sobre

os alunos e, por conseguinte, com a

questão da sua [dele] projecção. A

reacção destes, não sendo de fácil

previsibilidade, está longe de ser

controlada em todos os seus aspec-

tos, sendo todavia desejável que

esta reacção seja positiva, para o

êxito da sua profissão. Porém, pa-

ra o êxito do seu desempenho, o

Professor deve desfrutar das ferra-

mentas de que dispõe, de entre

elas, as novas tecnologias de infor-

mação e comunicação. Aliás, da

imaginação do Professor, da sua

capacidade de situar-se no ambi-

ente do aluno, na etapa da sua

evolução psicológica, depende o

êxito das suas turmas e dos seus

alunos.

Para terminar, e parafraseando

Augusto Cury, sejamos todos

“professores fascinantes, capazes

de desenvolver nos alunos a habili-

dade de gerir seus pensamentos,

emoções, de serem líderes de si

mesmo, lidar não só com os ganhos

mas também com as perdas, frus-

trações e conflitos”.

Reflexão sobre o professor no séc. XXI

FICHA TÉCNICA

Propriedade: Ministério da Educação e Desporto (NCI) Edição: Núcleo de Comunicação e Imagem Impressão: Tipogra-

fia Santos Tiragem: 1000 exemplares

Educação em Notícias

Professora, Sandra Évora