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s bi www.infectologia.org.br Boletim de informação e atualização da Sociedade Brasileira de Infectologia – Ano XII – N 0 48 – Outubro/Novembro/Dezembro de 2014 7 INTERNACIONAL Tudo sobre a AASLD (Liver Meeting ® 2014) 8 CIENTÍFICO XIV Congresso de Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar 4 HOMENAGEM SIERJ concede medalha a Beatriz Gristenj 5 PARCERIA SBI e Elsevier traduzem obra internacional Luta contra a aids: foco na prevenção O sucesso da terapia antirretroviral foi tra- duzido, a partir do final da década de 1990, pela queda da morbidade e da mortalidade associadas à aids, além do aumento mar- cante da expectativa de vida das pessoas portadoras do vírus da imunodeficiência hu- mana (do inglês human immunodeficiency virus – HIV). Esse período foi seguido por grande otimismo em relação ao controle da doença: o fim da epidemia e a cura da aids chegaram a ser anunciados em capas de revistas em todo o mundo. Esse clima de triunfo, entretanto, foi associado a alguns efeitos deletérios so- bre o enfrentamento da epidemia. O fi- nanciamento para o combate da aids foi reduzido por parte de diversos gestores e doadores. No que diz respeito à popula- ção, houve certa banalização da infecção e relaxamento quanto à prevenção com o uso de preservativos. Assim como a mortalidade, a incidência da infecção permanece estável, mas em patamares elevados nos últimos anos em vários países, inclusive no Brasil. Além disso, e mais grave, em grupos populacio- nais particularmente vulneráveis – como homens que fazem sexo com homens, so- bretudo jovens – foi identificado aumento da incidência no Brasil, na Europa e na América do Norte. Nos últimos anos, a efetividade dos programas de prevenção ficou certamente muito aquém do êxito do tratamento para as pessoas soropositivas. Por outro lado, acumulam-se evidên- cias científicas na área de prevenção que apontam para o potencial impacto de diversas intervenções na contenção da epidemia. Intervenções comportamentais em gru- pos específicos foram capazes de promo- ver algum grau de redução de práticas de risco para transmissão em vários estudos, entretanto não parecem ser suficientes para conter a epidemia. Paralelamente, intervenções biomédicas têm demonstrado potencial de ampliar a proteção contra a transmissão do HIV. A circuncisão em homens soronegati- vos promoveu 50% a 60% de proteção em três estudos. O impacto do tratamento da pessoa que vive com o HIV na transmissão sexual foi demonstrado em casais sorodiscor- dantes homo e heterossexuais no estudo HPTN 052, com expressiva redução de 96% das transmissões relacionadas ao vírus da parceria sexual preferencial. O estudo PARTNER vem avaliando o risco de transmissão em relações sexuais sem preservativos quando a parceria com HIV está sob terapia antirretroviral e supres- são da replicação viral. O estudo, ainda em andamento, incluiu casais sorodis- cordantes homo e heterossexuais, e após analisar 894 casais-ano não identificou até o momento nenhum caso de trans- missão sexual. Embora estimativas mais precisas dependam de um maior tempo de seguimento, esse dado aponta para um intenso efeito do tratamento sobre a transmissibilidade. Intervenções biomédicas mostram eficácia na proteção à transmissão do HIV continua pág. 3

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sbi www.infectologia.org.br

Boletim de informação e atualização da Sociedade Brasileira de Infectologia – Ano XII – N0 48 – Outubro/Novembro/Dezembro de 2014

7 iNteRNACioNAlTudo sobre a AASLD (Liver Meeting® 2014) 8 CieNtÍFiCoXIV Congresso de Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar

4 HomeNAGemSIERJ concede medalha a Beatriz Gristenj 5 PARCeRiASBI e Elsevier traduzem obra internacional

Luta contra a aids: foco na prevençãoO sucesso da terapia antirretroviral foi tra-

duzido, a partir do final da década de 1990, pela queda da morbidade e da mortalidade associadas à aids, além do aumento mar-cante da expectativa de vida das pessoas portadoras do vírus da imunodeficiência hu-mana (do inglês human immunodeficiency virus – HIV). Esse período foi seguido por grande otimismo em relação ao controle da doença: o fim da epidemia e a cura da aids chegaram a ser anunciados em capas de revistas em todo o mundo.

Esse clima de triunfo, entretanto, foi associado a alguns efeitos deletérios so-bre o enfrentamento da epidemia. O fi-nanciamento para o combate da aids foi reduzido por parte de diversos gestores e doadores. No que diz respeito à popula-ção, houve certa banalização da infecção e relaxamento quanto à prevenção com o uso de preservativos.

Assim como a mortalidade, a incidência da infecção permanece estável, mas em patamares elevados nos últimos anos em vários países, inclusive no Brasil. Além disso, e mais grave, em grupos populacio-nais particularmente vulneráveis – como homens que fazem sexo com homens, so-bretudo jovens – foi identificado aumento da incidência no Brasil, na Europa e na América do Norte. Nos últimos anos, a efetividade dos programas de prevenção ficou certamente muito aquém do êxito do tratamento para as pessoas soropositivas.

Por outro lado, acumulam-se evidên-cias científicas na área de prevenção que apontam para o potencial impacto de diversas intervenções na contenção da epidemia.

Intervenções comportamentais em gru-pos específicos foram capazes de promo-ver algum grau de redução de práticas de risco para transmissão em vários estudos,

entretanto não parecem ser suficientes para conter a epidemia. Paralelamente, intervenções biomédicas têm demonstrado potencial de ampliar a proteção contra a transmissão do HIV.

A circuncisão em homens soronegati-vos promoveu 50% a 60% de proteção em três estudos.

O impacto do tratamento da pessoa que vive com o HIV na transmissão sexual foi demonstrado em casais sorodiscor-dantes homo e heterossexuais no estudo

HPTN 052, com expressiva redução de 96% das transmissões relacionadas ao vírus da parceria sexual preferencial. O estudo PARTNER vem avaliando o risco de transmissão em relações sexuais sem preservativos quando a parceria com HIV está sob terapia antirretroviral e supres-são da replicação viral. O estudo, ainda em andamento, incluiu casais sorodis-cordantes homo e heterossexuais, e após analisar 894 casais-ano não identificou até o momento nenhum caso de trans-missão sexual. Embora estimativas mais precisas dependam de um maior tempo de seguimento, esse dado aponta para um intenso efeito do tratamento sobre a transmissibilidade.

Intervenções biomédicas mostram efi cácia na proteção à

transmissão do HIVcontinua pág. 3

2 | Boletim SBi | outubro/Novembro/Dezembro de 2014

Boletim institucional da Sociedade Brasileira

de Infectologia

A SBI é fi liada à AMB

PRESIDÊNCIA DAS SOCIEDADES FEDERADAS

Fernando Luiz de A. Maia (AL)Eucides Batista da Silva (AM)

Fabianna Marcia M. Bahia (BA)Melissa Soares Medeiros (CE)

Henrique Marconi Sampaio Pinhati (DF)José Américo Carvalho (ES)

Josela Palmeira Pacheco (GO) José de Macedo Bezerra (MA)

Estevão Urbano Silva (MG)Bruno Baptista M. Filardi (MS)

Maria do Perpétuo S. C. Correa (PA)Benedito Bruno de Oliveira (PB)

Heloísa Ramos Lacerda de Melo (PE)Maria do Amparo S. Cavalcanti (PI)

José Luiz de Andrade Neto (PR)Alberto Chebabo (RJ)André Prudente (RN)

Lessandra Michelim R. N. Vieira (RS)Antonio Fernando B. Miranda (SC)

Iza Maria Fraga Lobo (SE)Mauro José Costa Salles (SP)

Myrlena Mescouto (TO)

SEDE DA SBI R. Domingos de Moraes,

1061 - cj. 114 - CEP 04009-002São Paulo / SP

Tel/fax: (11) 5572-89585575-5647

E-mail: [email protected]

Secretária: Givalda Guanás

EXPEDIENTEProdução:

Acontece Comunicação e Notí[email protected]

Jornalista responsável: Chico Damaso (MTb 17.358/SP)

Arte e diagramação:Giselle de Aguiar Pires

DIRETORIA

PresidenteÉrico Arruda

Vice-presidenteThaís Guimarães

Primeira-secretáriaMônica Jacques de Moraes

Segunda-secretáriaCláudia Carrilho

Primeiro-tesoureiroLuís Fernando Aranha Camargo

Segundo-tesoureiroUnaí Tupinambás

COORDENADORES

CientíficoHeloísa Ramos Lacerda de Melo

Comunicação Alexandre Cunha

Informática Cristiane da Cruz Lamas

EDITORIAL

Érico ArrudaPresidente da SBI

Bons resultados e ótimas perspectivas

Caros infectologistas e demais profissio-nais da saúde associados à SBI, chegamos ao fim de mais um ano. E que ano! Copa do Mundo, eleições, vitórias e frustrações... Primeiro ano de mandato desta Diretoria, etapa que consideramos bastante produ-tiva quanto às atividades desenvolvidas.

Nesta edição serão detalhadas algumas das atividades mais recentes, que lhes con-vido a conhecer. Há também entrevistas com colegas que atualizam informações sobre importantes eventos nacionais e in-ternacionais. Destacamos ainda relevan-tes parcerias que vêm sendo construídas e solidificadas ao longo da gestão. Uma delas é a edição traduzida do livro texto de infectologia "Mandell, Douglas, and Bennett’s Principles and Practice of In-fectious Diseases", projeto em conjunto com a Editora Elsevier. Há também ações de impacto com a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). Hoje, caminhamos para escrever e publicar um Guia de Trata-mento da Hepatite C, em comum acordo.

Em alguns momentos deste 2014, nós nos posicionamos de maneira clara sobre questões essenciais à especialidade, como o fizemos no Dia Nacional do Infectolo-

gista, 11 de abril, promovendo campanha de incentivo à vacinação. Outro posicio-namento fundamental ocorreu em nota pública de esclarecimento aos cidadãos, em coautoria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Federação Bra-sileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) sobre a vacina contra HPV, além de denunciarmos a falta de imunógenos enfrentada durante todo o ano no País, com repercussão em vários meios de comunicação, sendo o mais abrangente o Jornal Nacional (TV Globo).

Também marcamos posição no debate sobre o exame do CD4. Entendemos que já pode ser relativizado ao grau de impor-tância anteriormente dada para decisões terapêuticas na pessoa infectada pelo HIV, mas continua sendo fundamental no início da abordagem, para decidir uma série de intervenções (profilaxias e imunizações) e o vigor da recomendação quanto ao início da terapia antirretroviral mais imediata.

Ademais, por ocasião do Dia Mundial de Combate à Aids, publicamos documento enfatizando os benefícios do tratamento precoce, a necessidade de ampliar o aces-

so, de imprimir agilidade ao diagnóstico e de incentivar campanhas de prevenção, destacando a importância do sexo seguro (camisinha), sem esquecer os benefícios das estratégias medicamentosas (PEP e PrEP).

Sobre o Infecto2015, em Gramado (RS), no fim de agosto do próximo ano, estamos debruçados no planejamento e estruturação da programação científica junto com a Comis-são Organizadora local, liderada pela colega Lessandra Michelim Rodriguez N. Vieira, e com a Comissão Científica, que tem à frente Alessandro Pasqualoto. Será um excelente congresso e aguardamos por todos vocês. Portanto, comece a planejar sua viagem, para nos encontrarmos no frio da Serra Gaúcha.

Conclamo novamente o colega infecto-logista a reservar alguns minutos para atua-lizar seus dados cadastrais em nosso portal (www.infectologia.com.br) e responder às perguntas que nossas secretárias (Dédna e Givalda) poderão fazer ao telefone. Aliás, estamos bem felizes com a recuperação da Givalda, nossa secretária de tantos anos e conhecida por todos, que retornou à ativa após licença para tratamento de saúde.

Por fim, desejo a todos um excelente final de 2014 e um 2015 especial!

outubro/Novembro/Dezembro de 2014 | Boletim SBi | 3

Em termos populacionais, os efeitos da expansão do tratamento no contexto de “vida real” vêm sendo objeto de intensa investigação. A estratégia de “Tratamen-to como Prevenção” vem sendo adotada progressivamente em vários países, tendo sido incorporada no Brasil às diretrizes de tratamento nacionais em 2013. Há evidências de que o “Tratamento como Prevenção” seja eficaz e sustentável no contexto de um sistema de saúde públi-co com amplos recursos e que ofereça acesso à população. Redução da mor-bidade e da mortalidade e indicadores positivos relacionados ao tratamento se correlacionaram com a expansão da te-rapia antirretroviral na Colúmbia Britâni-ca, no Canadá. No entanto, permanece o desafio de implementar essa estratégia em regiões com recursos escassos e dis-tintos contextos culturais.

A eficácia do tratamento como preven-ção obviamente depende do diagnóstico

precoce, que, em vários países, permane-ce como o maior desafio para o controle da epidemia. No Brasil, na América do Norte e no Reino Unido, pelo menos um terço dos diagnósticos é feito quando a contagem de CD4 já está < 200 cel/mm3.

Além do emprego do tratamento de portadores do vírus como estratégia de prevenção, os medicamentos antirretrovi-rais podem também desempenhar papel profilático para indivíduos não infectados particularmente vulneráveis à infecção. Homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, travestis, transexu-ais e transgêneros compõem populações que podem se beneficiar da profilaxia pré-exposição (PrEP). Os estudos IPREX, IPREX-OLE (multicêntricos, incluindo o Brasil), PROUD (Reino Unido) e ANRS IPERGAY (França) demostraram efeito pro-tetivo substancial da PrEP em homens que fazem sexo com homens. Tais evidências promoveram uma alteração nas diretrizes da Organização Mundial da Saúde, que passou a recomendar PrEP a homens que fazem sexo com homens como alternativa de prevenção dentro do contexto de um amplo pacote de medidas preventivas.

A eficácia da PrEP nos estudos rando-mizados foi, entretanto, estreitamente re-lacionada à adesão ao esquema proposto. A generalização dos achados dos estudos clínicos às diferentes realidades não pode ser automática. Os estudos demonstraram a eficácia da estratégia, uma vez que haja adesão satisfatória. Entretanto, a aceitação, a adesão e a potencial compensação de risco, assim como a factibilidade da PrEP

nos distintos contextos de vida real e de organização de serviços de saúde, permanecem objeto de

debate. No Brasil, pesquisas com o apoio do Departamento de HIV/Aids, DST e Hepatites Virais estão em

andamento para avaliação desses aspectos e delinea-mento de estratégias para implementação

da PrEP. Internacional-mente, estudos como o já mencionado IPERGAY ava-liam a PrEP “por deman-da”, em oposição à PrEP contínua empregada nos estudos prévios. Em que pesem as incertezas, sem dúvida a PrEP é mais um

recurso de prevenção a ser considerado.A diversificação de estratégias para a

prevenção da transmissão do HIV aumen-tou significativamente nos últimos anos, sobretudo daquelas que incluem o uso de medicamentos. A promoção de redução de riscos e do diagnóstico precoce, o amplo acesso à terapia antirretroviral e a retenção nos serviços de saúde são passos essenciais no esforço geral de tratamento e preven-ção. O reconhecimento de populações--chave na realidade brasileira, levando em conta as especificidades regionais, é essencial para manter populações vul-neráveis sob programas de prevenção. A integração de intervenções comporta-mentais e biomédicas, dirigidas tanto à população exposta ao risco como aos que vivem com HIV, é necessária para que um efeito substancial na transmissão do HIV ocorra e para que o êxito do tratamento seja repetido na prevenção.

Ademais, o sucesso no controle da epi-demia depende da garantia dos direitos individuais como um valor transversal às ações em saúde. É preciso que o Brasil avance a partir de uma agenda que in-clua o combate à homofobia e a promo-ção da autonomia das populações mais vulneráveis. Políticas públicas inclusivas, no marco do estado laico, que envol-vam ações afirmativas e de visibilidade a prostitutas, gays, travestis, transexuais, transgêneros, usuários de drogas, entre outros segmentos populacionais exclu-ídos, serão sinérgicas às medidas base-adas nos recentes avanços científicos. A afirmação dos direitos sexuais e repro-dutivos, incluindo a abertura do debate sobre a descriminalização do aborto e o combate ao preconceito institucional, contribuirão para a redução da vulnera-bilidade da população brasileira à aids.

A prevenção deve aliar estratégias re-lacionadas a atitudes, práticas, diagnós-tico, medicamentos e direitos humanos, de modo a construir uma política de en-frentamento à aids inclusiva e para todos.

Há evidências de que o tratamento como prevenção

seja sustentável no contexto de um sistema de saúde público

É preciso que o Brasil avance a partir de uma agenda que

inclua o combate à homofobia e a promoção da autonomia das populações mais vulneráveis

4 | Boletim SBi | outubro/Novembro/Dezembro de 2014

Em 13 de agosto, a Sociedade de In-fectologia do Estado do Rio de Janeiro (SIERJ) concedeu a medalha “Walter Tavares” para Beatriz Grinsztejn, infec-tologista responsável pelo Laboratório de Pesquisa Clínica em DST/Aids do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz. A homenagem aconteceu durante o IV Congresso de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro (Infecto Rio 2014), reali-zado no Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), no Rio de Janeiro (RJ).

De acordo com as diretrizes do SIERJ, a tradicional medalha “Walter Tavares” pode ser ofertada a um médico infecto-logista com participação marcante em assistência, ensino ou pesquisa; a um Serviço de Infectologia de excelência; e a um profissional não médico, que atue de forma envolvente na área de Infec-tologia. Beatriz Grinsztejn foi premiada pelo dedicado trabalho de pesquisa na

Atenção: regularize sua situação com a SBI em condições especiais

Grande parte da receita da SBI pro-vém da arrecadação com as anuidades, que serve para manutenção da infraes-trutura, funcionários, suporte técnico, assessorias jurídica, de informática e de imprensa, assim como para os meios de comunicação e de difusão de in-formações: portal da SBI, newsletters, congressos e demais eventos.

“A contribuição dos sócios é essencial para que nossa entidade representativa mantenha ativa suas funções básicas de defender os interesses da especia-lidade e difundir o conhecimento em infectologia, o que também contribui para a melhoria da qualidade da saúde prestada aos pacientes”, destaca Luís Fernando Aranha Camargo, primeiro--tesoureiro da SBI.

Os benefícios aos associados são diversos. Destaque para o desconto na inscrição ao Congresso da SBI e o acesso a conteúdos exclusivos no portal.

É preciso destacar, contudo, que, hoje, menos de 50% dos sócios con-

tribui regularmente, o que gera déficit anual considerável para as finanças da Sociedade. Uma mudança de postura nessa questão em particular é indispensável para que a SBI tenha uma condição adequada de bem re-presentar os valores e os ideais dos infectologistas.

Em Assembleia Geral, em abril pas-sado, durante o Congresso da Socie-dade Paulista de Infectologia, houve aprovação de mudança no estatuto, viabilizando o pagamento de débitos pregressos. Segundo o novo estatuto, as anuidades passadas não pagas po-dem ser atualizadas com a quitação do ano anterior e do ano corrente, inde-pendentemente do tempo de inadim-plência do associado.

Para realizar esse acerto e saldar dé-bitos anteriores, basta entrar em contato com a SBI pelo telefone (11) 5572-8958. Com a participação dos sócios, a enti-dade pode continuar a representar os infectologistas brasileiros.

Com realização da SBI, apoio da Sociedade Riograndense de Infecto-logia (SRGI) e Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), a expectativa é de que o XIX Congresso Brasileiro de Infectologia reúna 2.500 especialistas no Serra Park (Gramado, RS), centro de convenções instalado em meio a um parque de 460.000 m2. O tema principal do encontro será “Infecto-logia: da ciência à beira do leito”.

“Nessa edição do Congresso, contare-mos com uma distribuição diferenciada. Serão seis salas concorrentes separadas por temas principais, facilitando tanto o deslocamento do congressista como sua escolha das aulas”, comenta Les-sandra Michelim Rodriguez N. Vieira, presidente da SRGI e do Infecto2015.

Os associados da SBI poderão enviar sugestões de temas para a programação científica do evento, por meio do site www.infecto2015.com.br, no campo Opine. O evento conta com o apoio de outras sociedades de especialidade, como Sociedade Brasileira de Infecto-logia Pediátrica, Sociedade Brasileira de Imunizações, Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e Associação de Medicina Intensiva Brasileira.

SIERJ homenageia Beatriz Grinsztejn

especialidade. “Fiquei muito emocionada e honrada ao ver que meus colegas in-fectologistas do Rio de Janeiro têm esse entendimento do meu trabalho. Foi um momento especial! Sou grata a todos pela homenagem.”

Indique temas para o Infecto2015

Após apuração dos votos, em 24 de no-vembro, a chapa única SPI de Todos foi eleita para a gestão 2015/2016 da Socie-dade Paulista de Infectologia (SPI). Com 93% dos votos válidos, a nova Diretoria teve uma vitória absoluta. A posse está marcada para 10 de fevereiro de 2015, com local e horário a confirmar. Confira a seguir os novos diretores da SPI: presi-dente, Thais Guimarães; vice-presidente, Mariangela R. Resende; primeiro-secretá-rio, Daniel Wagner de Castro L. Santos; segundo-secretário, Alexandre N. Barbosa; primeiro-tesoureiro, Adilson Joaquim W. Cavalcante; segundo-tesoureiro, Mario P. Gonzalez; e os coordenadores Científico, Juvêncio J. Duailibe Furtado, de Infor-mática, Silvia F. Costa, e de Divulgação, Valdes R. Bollela.

SPI tem nova Diretoria

outubro/Novembro/Dezembro de 2014 | Boletim SBi | 5

SBI marca presença no II Simpósio de Hepatologia do NordesteEm 26 de setembro, durante o II Sim-

pósio de Hepatologia do Nordeste, em João Pessoa (PB), a SBI e a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) promo-veram o Curso Básico Multidisciplinar das Hepatites Virais, que levou informa-ções sobre detecção precoce e manejo das hepatites virais a mais de 100 pro-fissionais que atuam na Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa foi a segunda parceria das duas socie-dades em torno do tema.

A primeira atividade em conjunto foi no Congresso Hepatologia do Milênio 2014, realizado de 23 a 25 de julho, em Salvador (BA). Na oportunidade, SBI e SBH uniram forças contra a hepatite C, por meio da Campanha do Dia Mundial de Hepatites, que alertou a população sobre a importân-cia do teste anti-VHC em indivíduos com idade > 45 anos, independentemente de seu histórico de exposição.

Para Érico Arruda, presidente da SBI, a SBH tem sido uma importante aliada na luta contra as hepatites virais. “Na Campanha do Dia Mundial de Hepati-

tes, organizamos a distribuição de fol-ders informativos e disponibilizamos porta-vozes de ambas as sociedades para entrevistas em grandes veículos de comunicação. Dessa forma, atingimos o público leigo de maneira bastante significativa. Nessa segunda oportuni-dade, no II Simpósio de Hepatologia do Nordeste, focamos na capacitação

Parceria entre SBI e Elsevier viabiliza a tradução de um dos mais importantes tratados da infectologia mundial

A SBI fechou importante parceria com a Elsevier, uma das mais antigas e con-ceituadas editoras do mundo nas áreas de ciência, tecnologia e saúde. Juntas, promoverão trabalho colaborativo na tradução de obra que é referência em doenças infecciosas: a oitava edição de “Mandell, Douglas, and Bennett’s Princi-ples and Practice of Infectious Diseases”

“É uma honra para a SBI participar dessa empreitada para tornar esse livro mais acessível a estudantes, residentes, médicos e profissionais da saúde de nossa área. Sem dúvida, é uma fonte de consulta imprescindível para quem lida com doenças infecciosas”, comenta Mônica Jacques de Moraes, primeira--secretária da SBI.

Dos editores John Bennett, Raphael Dolin e Martin Blaser, a publicação foi editada pela primeira vez há 35 anos. É considerado um dos mais

dos profissionais da Atenção Básica. No curso, oferecemos o conhecimento das hepatites C, B, Delta, A e E, e conceitos de diagnóstico, evolução e tratamento.”

“Queremos continuar trabalhando em conjunto com a SBH para aumentar o nú-mero de profissionais de saúde capazes de realizar um diagnóstico precoce das hepatites”, conclui o presidente da SBI.

relevantes textos médicos para infec-tologistas de todo o planeta.

“Além de essencial à atualização, Bennett, Dolin e Blaser expandiram o conteúdo em novos capítulos, trazendo abordagens inéditas. Para tanto, houve a colaboração de um time impressionante de especialistas internacionais nas mais diversas moléstias infecciosas. O resul-

tado é um conjunto de referências abrangente, de grande utilidade para auxiliar no diagnóstico e tratamento dessas afecções”, destaca Mônica.

ColaboraçãoExiste todo um processo administra-

tivo e técnico para a tradução de um livro. Para se ter ideia da complexida-de, a estimativa é de que a primeira edição brasileira esteja disponível em dois anos. Nesse período, a equipe de colaboradores, definida pela SBI, tra-balhará com afinco para que o projeto seja o mais fiel possível ao original. “A SBI cuidará da revisão técnica da tradu-ção, que requer amplo conhecimento nos termos da obra. Ainda contribuirá com conteúdo referente aos aspectos específicos da abordagem das doen-ças infecciosas no contexto brasileiro”, conclui Mônica.

Érico Arruda, ao lado de colegas infectologistas, prestigia evento da Sociedade Brasileira de Hepatologia, em João Pessoa (PB)

6 | Boletim SBi | outubro/Novembro/Dezembro de 2014

Com um total de 593 congressistas, entre médicos, estudantes e profissionais da área da saúde, além de 85 palestrantes, a quinta edição do Congresso Norte-Nordeste de Infectologia foi realizada pela Sociedade Cearense de Infectologia, com apoio da SBI, de 3 a 6 de dezembro de 2014, no Seara Praia Hotel, em Fortaleza (CE). Na avaliação de convidados e audiência, o evento superou todas as expectativas em qualidade científica e disseminação do conhecimento de excelência.

Foram 70 palestrantes das diversas re-giões do Brasil, distribuídos em três salas de atividades concomitantes de palestras, mesas-redondas e discussões de casos clínicos de doenças endêmicas, emer-gentes, infecções hospitalares e fúngicas, entre outras.

“Cumprimos a grade científica em sua totalidade, com a presença de todos os convidados. A indústria farmacêutica estava em peso e recebemos muitos elo-gios”, destaca Melissa Soares Medeiros, presidente do Congresso e da Sociedade Cearense de Infectologia. “Os membros da Diretoria da SBI e presidentes das federa-das nos prestigiaram com suas presenças.”

Durante o horário de almoço, os labo-ratórios promoveram lunch meetings, com aulas relacionadas a seus produtos e às áreas de seus convidados palestrantes, o que também foi um sucesso. Ao todo, 30 trabalhos de temas livres de áreas como HIV/Aids, Hepatites Virais, Infecções Bacterianas e Infecções Fúngicas, entre

Sucesso do Congresso Norte-Nordeste de Infectologia

outras, foram apresentados em 5 sessões. Os 6 melhores projetos e 2 dos 58 pôste-res receberam premiação.

No Infecto2015, que acontecerá de 26 a 29 de agosto, em Gramado (RS), haverá a definição do local da próxima edição do Norte-Nordeste.

CientíficoUm dos destaques foi a mesa sobre ebo-

la. A epidemia, que começou há cerca de um ano, já infectou aproximadamente 16 mil pessoas, com 7 mil mortes. “Contamos com profissionais da Fundação Oswaldo Cruz, que compartilharam suas experiên-cias diante do primeiro caso suspeito do vírus no Brasil e treinamento para uma melhor conduta ao lidar com pacientes estrangeiros. Além do conteúdo excelente, proporcionamos mais segurança a nossos

profissionais para o manejo desse tipo de situação”, explica Melissa.

HIV/Aids foi um tema amplamente explorado. Aspectos como tratamento para prevenção, possíveis falhas tera-pêuticas, complicações da infecção e a conduta em gestante contaram com discussões abrangentes.

As hepatites virais chamaram atenção na programação. O coordenador de Hepati-tes Virais do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Marcelo Naveira, falou na conferência de abertura sobre as perspectivas brasileiras na luta contra a doença e o novo Consenso, que traz opções terapêuticas que visam à redução do tempo e dos efeitos adversos do tratamento, permitindo melhores resultados.

O sarampo, que chegou a concentrar 93% dos casos da doença de todo o terri-tório nacional somente no Ceará, ganhou espaço em discussão sobre as formas de controle. Assim como os antimicrobianos, com abordagem de novas drogas, possi-bilidades futuras e bactérias resistentes.

Em um dos cursos pré-congresso, a pauta foi uma doença de grande visibilidade nos últimos meses: a febre chikungunya. Com a participação de representantes do Minis-tério da Saúde e da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA/CE), o debate girou em torno da atual situação epidemiológica no Brasil e no mundo, do manejo clínico desses pacientes, do diagnóstico labora-torial e do plano de contingência.

Érico Arruda, ao lado de colegas hepatologistas, prestigia evento da SBH, em João Pessoa (PB)

Érico Arruda (SBI), Melissa Soares Medeiros (SCI), Sérgio Pessoa (SBH-CE) e Marcelo Naveira (DDAHV – Ministério da Saúde)

outubro/Novembro/Dezembro de 2014 | Boletim SBi | 7

A American Association for the Stu-dy of Liver Diseases (AASLD) realizou seu encontro anual, de 7 a 11 de no-vembro, em Boston, Estados Unidos. Aproximadamente 12 mil congressistas participaram do encontro, que destacou o uso de novas drogas no tratamento da hepatite crônica pelo vírus da he-patite C (VHC), medicações livres de interferon em pacientes complicados como cirróticos e coinfectados com o HIV, entre outros.

“Todas as atividades contaram com grande número de participantes, sem-pre com salas cheias. O clima foi muito positivo pela apresentação de resultados animadores. Há expectativa pela ‘revo-lução’ no tratamento do VHC. As novi-dades trouxeram conclusões bem posi-tivas”, explica José David Urbaez Brito, representante da SBI no Comitê Técnico Assessor para o Controle das Hepatites Virais no Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilân-cia em Saúde do Ministério da Saúde.

Com expressivo número de trabalhos de temas livres, a hepatite crônica pelo VHC exibiu 379 pôsteres e 44 apresentações orais. Foram apresentados estudos sobre os testes para identificação de portadores da doença com o uso do critério de faixa etária, sobre a combinação de medica-mentos em cirróticos, resultado de trata-mento em pacientes no pós-transplante, entre outros temas.

“Nesses casos, 80% usaram esquemas que associaram simeprevir. Verificou-se 90% de resposta virológica sustentada na semana 4 (94% em pacientes não cirróticos e 86% em cirróticos). Pacien-tes com genótipo 1a, terapia tríplice prévia com inibidor da protease (IP) e descompensados previamente foram os que não responderam”, comenta Urbaez Brito.

Em mais de 500 pacientes com cirrose compensada, incluídos nos estudos de ledipasvir/sofosbuvir (dois medicamentos coformulados em comprimido único, in-gerido uma vez por dia, medicação apro-vada em outubro de 2014 pelo Food and Drug Administration – FDA), 69% deles apresentaram insucesso na terapia trípli-ce com IP de primeira onda. Adicionan-

Novidades do The Liver Meeting® 2014 da AASLDdo ribavirina ou estendendo o tempo de tratamento por 24 semanas, a resposta sobe para 96%. Efeitos colaterais somam menos de 2%, que aumentam quando usada a ribavirina.

Confira a seguir as análises de alguns dos trabalhos destacados pelo infectologista.

Medicamentos em aprovaçãoEntre as medicações prestes a ser aprovadas

está o 3D(AB-450r+Ombitasvir+Dasabuvir), que, em paciente genótipo 1a, apresenta RVS de 90-96%. Não houve diferenças entre os não cirróticos com 12 ou 24 se-manas de tratamento, nem com a adição de ribavirina. Cirróticos apresentam RVS também de 90-95%, exceto em pacientes experimentados respondedores nulos, em que 24 semanas foram superiores às 12 semanas. Todos usaram ribavirina nesse estudo, com taxas de efeitos colaterais muito baixas (< 2%).

O 3D(ABT-450r+Ombitasvir+Dasabuvir) para casos de genótipo 1, entre aqueles sem cirrose, alcançaram RVS de 98-100%, com ou sem o uso de ribavirina associada e sem diferenças entre aqueles tratados por 12 ou por 24 semanas. Nos cirróticos (todos ligados à ribavirina), as taxas de RVS se mantiveram iguais (98-100%), comparando 12 semanas e 24 semanas de tratamento.

Na análise de todos os pacientes incluí-dos em 6 estudos de fase 3 com 3D (ABT-450/r+Ombitasvir+Dasabuvir), as taxas de RVS não apresentaram nenhuma influên-cia no tempo de negativação da viremia.

Já o combo daclatasvir/asunaprevir/be-clabuvir em comprimido coformulado, para administração 2 vezes por dia, em genótipo 1 cirróticos Child A, ocorreu em duas frentes. Entre os nunca tratados de genótipo 1a, a RVS foi de 90% e 1b, de 98%. Naqueles com prévia terapia, chegaram a resposta de 85% e 1b, de 100%. Quando adicionada ribavirina, eles têm resultado melhorado para 90%. Os efeitos colaterais foram discretos e não interferiram na adesão.

A combinação daclatasvir/sofosbuvir sem ribavirina para genótipo 3, por 12 se-manas (mistura aprovada na Europa para 24 semanas), entre os isentos de qualquer terapia, apresentou RVS de 90% e entre os pacientes experimentados, de 86%.

Quando analisados os indivíduos em uso de metavir F0-F3, a RVS alcançada foi de 96%, enquanto nos F4 foi de 63%.

Populações especiaisEstudos realizados em casos reais de-

monstraram que, em 211 pacientes trans-plantados, 47% deles utilizando METAVIR F4, 60% deles com MELD > 10, tratados com ledipasvir/sofosbuvir e ribavirina por 12 ou 24 semanas, apresentaram igual por-centual de resposta entre não cirróticos e cirróticos Child A (96-98%). Houve dimi-nuição da RVS para portadores de cirrose mais avançada (Child B 83-85% e Child C 60-67%). O tempo de tratamento impactou apenas nesse último grupo de pacientes, sendo 24 semanas (RVS de 67%) melhor que 12 semanas (RVS de 60%).

De 34 pacientes transplantados, não cirróticos, 85% genótipo 1a, que usaram 3D(ABT-450/r+Ombitasvir+Dasabuvir) com ribavirina por 24 semanas, a RVS alcançou 97%. As doses de tacrolimus e ciclosporinas foram diminuídas e os in-tervalos de administração, aumentados.

Em 497 pacientes coinfectados com HIV, tratados com sofosbuvir associado a riba-virina, em uso de antirretrovirais, as taxas para genótipo 1 somente naqueles nunca tratados para HCV, com duração de 24 semanas, foram de 81%. Já o genótipo 3 mostrou taxas melhores para 24 semanas de tratamento (88-91% tanto para isentos de tratamento como para previamente tra-tados para VHC). No genótipo 2 as taxas foram semelhantes entre pacientes trata-dos por 12 ou por 24 semanas (89-90%), sem influência de terapia prévia ou não.

De 50 pacientes coinfectados com HIV, 13 deles sem tratamento antirre-troviral, genótipo 1,78% com fibrose discreta, após tratados com ledipasvir/sofosbuvir por 12 semanas alcançaram RVS de 97%. O esquema de antirretro-viral foi TDF/FTC com EFZ ou rilpivir-na ou raltegravir. Não houve qualquer intervenção na contagem de linfócitos CD4, nem na carga viral do HIV, nem quaisquer efeitos adversos que exijam a retirada de paciente da análise.

No caso de 63 pacientes coinfectados com HIV, tratados com 3D(ABT-450/r+Ombitasvir+Dasabuvir) concomitante-

8 | Boletim SBi | outubro/Novembro/Dezembro de 2014

Infectologistas de norte a sul do Brasil se reuniram no Expo Unimed, em Curitiba (PR), para acompanhar o XIV Congresso Brasi-leiro de Controle de Infecção e Epidemio-logia Hospitalar, de 19 a 22 de novembro. Promovido pela Associação Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar (APARCIH) e com apoio da SBI, o encontro promoveu importantes debates em prol da melhoria da qualidade assistencial multidisciplinar.

“Os colegas e palestrantes elogiaram demais toda a organização, desde a qua-lificação da programação, que proporcio-nou aulas dos temas mais frequentes em nossa rotina hospitalar, até o cumprimento dos horários e a excelente integração en-tre congressistas”, destaca Marise Reis de Freitas, presidente do Comitê Científico de Infectologia Hospitalar (Infecções Relacio-nadas à Assistência à Saúde – IRAS) da SBI.

A multidisciplinaridade esteve em alta, tanto nas discussões como nas participa-ções. Essa, aliás, é uma das característi-cas do encontro, que é bienal. Estavam presentes médicos, enfermeiros, farma-cêuticos, odontólogos, administradores e psicólogos, entre outras especialidades.

DestaquesA resistência bacteriana, as dificuldades

de seu controle nos serviços de saúde e o impacto em termos de custos e mortalidade estiveram em evidência durante o evento.

Diretamente de Tel Aviv, Israel, Mitchell Schwaber abordou em sua palestra, no penúltimo dia do Congresso, as estratégias para combater o problema, com conferência muito elogiada. Nesse âmbito, discutiu-se a utilização de antimicrobiano, a racionali-zação e as opções terapêuticas disponíveis.

“Tema com bastante visibilidade foi o ebola e suas peculiaridades. Uma das questões pertinentes é a exposição do profissional de saúde ao receber o indi-víduo portador do vírus com a possível

transmissão. Pertinente à questão, houve excelente explanação na Conferência de Abertura, proferida por Didier Pittet, da Suíça, que abordou a higienização das mãos, uma das principais medidas preven-tivas para as infecções”, comenta Marise.

Científi coA limpeza no ambiente hospitalar esteve

em foco, com abordagens sobre seu papel como cartão de visita da instituição e, por outro lado, como facilitador da prolife-ração de bactérias. Seguindo essa linha, mesas-redondas e palestras discorreram sobre as novas tecnologias para reduzir a ocorrência de contaminações.

Estiveram ainda em pauta os desafios, as dificuldades e as potencialidades para adoção do Programa Nacional de Segu-rança do Paciente (PNSP) em nossas ins-tituições de saúde. Consequentemente, discutiu-se a prevenção da infecção nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), uma das principais causas de morte nesse am-biente hospitalar.

Aliás, as infecções em pacientes imu-nossuprimidos tiveram espaço próprio na grade, abordando como os grupos de risco requerem mais critérios e cuidados da equi-pe e o controle dos processos assistenciais.

Temas livresA Comissão Organizadora recebeu 657

trabalhos científicos, dos quais 80 foram apresentados na forma oral e mais de 400 estiveram em exibição na forma de pôste-res, abordando os seguintes temas: Higie-nização de Mãos, Uso de Antimicrobianos, Prevenção e Controle de IRAS, Controle de Surtos, Vigilância Epidemiológica, Resis-tência Microbiana, Microrganismos Emer-gentes, Comportamento, Comunicação e Educação, Reprocessamento de Artigos, Controle Ambiental, Segurança do Paciente, e Qualidade e Acreditação, entre outros.

Saiba tudo sobre o

mente a ribavirina, distribuídos em dois grupos, um por 12 semanas e outro por 24 semanas, a resposta virológica foi de 90-94%, independentemente do tempo de tratamento. O esquema de antirretro-virais incluiu a conjunção de TDF/FTC com atazanavir ou raltegravir.

Drogas em fases avançadas de desenvolvimentoCom pesquisas adiantadas, alguns medi-

camentos, em breve, farão parte do arsenalterapêutico de diversos graus de VHC.

Entre eles, o grazoprevir com elbasvir ± ribavirina, para paciente genótipo 1 e de difícil tratamento, como cirróticos ou previamente tratados com resultados nulos. Foi testado um novo tempo de tratamento (de 18 semanas passou a 24 semanas), em que aqueles com cirrose apresentaram RVS de 97% com ribavi-rina e de 94% sem, nas 18 semanas, e de 90-97% por 12 semanas com ou sem essa substância. No grupo de responde-dores nulos, a resposta para 12 semanas foi de 91-94% com ou sem ribavirina. As recidivas são mais altas entre quem não a recebeu. Em geral, demonstrou poucos efeitos colaterais.

O teste para grazoprevir com elbasvir ± ribavirina em genótipo 1, coinfecta-dos com HIV, sem cirrose hepática, foi o de redução de tratamento para 8 se-manas em monoinfectados, comparati-vamente a 12 semanas nos coinfectados. A resposta foi de menos de 80% e de 87-97%, respectivamente, conforme o período estipulado.

A fusão sofosbuvir com GS-5816, em comparação ao esquema sintetizado de 8 semanas em paciente genótipo 1 e de 12 semanas em pacientes com genótipos 1, 2 e 3, entre aqueles que não passaram pela terapia, sem cirrose, em 8 semanas, alcançou RVS de 87-90%, independente-mente do uso associado de ribavirina, e maior registro de recidivas. O grupo de 12 semanas atingiu taxas de RVS de 93-100%.

O regime otimizado com grazoprevir, elbasvir e sofosbuvir, aliados para mini-mizar o tratamento em pacientes livres de terapia, mostrou dois dados: os não cirró-ticos, com esquemas de 4 e 6 semanas, tiveram RVS de 39% e 87%, nessa ordem; e os cirróticos submetidos a esquemas de 6 e 8 semanas tiveram resposta de 80% e 95%, em cada um dos períodos.