prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a ii

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Page 1: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II
Page 2: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

É com orgulho e alegria que publicamos a II Revista de Relatos de Expe-

riências em Arte da Rede Pública Municipal de Ensino de Indaial. Dian-

te do desafio e da responsabilidade que foi o lançamento da primeira

edição em 2014, que resultou em uma maior visibilidade do trabalho

pedagógico desenvolvido com a Arte, refletido em nosso município e no Brasil, não

restaram dúvidas da importância desta nova publicação.

Os Relatos de Experiências aqui apresentados resultam das práticas peda-

gógicas que reconhecem a Arte como área do conhecimento, da linguagem, da co-

municação, da expressão e sua representação em diversas culturas e épocas. Esses

registros fizeram parte dos Seminários de Relatos de Experiências em Arte da Edu-

cação Infantil e do Ensino Fundamental, no ano de 2014, em Indaial.

O apoio e a parceria com o Programa Institucional Arte na Escola, através da

coordenação do Polo FURB – Universidade Regional de Blumenau foram decisivos

neste processo. Destacamos e agradecemos, ainda, aos professores que dividiram

conosco suas práticas no campo da Arte. Acreditamos que esta partilha de experi-

ências possa contribuir ao desenvolvimento de novos projetos.

A Secretaria de Educação de Indaial tem o compromisso com o Ensino da

Arte desde a Educação Infantil até os anos finais do Ensino Fundamental porque

reconhece sua importância para o estímulo dos sentidos, da percepção e da forma-

ção estética e histórico-cultural, essencial ao desenvolvimento humano.

Esperamos que a II Revista de Relatos de Experiências em Arte desperte nos

leitores o desejo e o prazer de conhecer novas iniciativas no que se refere à Arte e

à Educação.

Giovanne Huebes Nicolletti

Secretária de Educação de Indaial

Prefácio

Relatos de Experiências em Artes / Prefeitura Municipal de Indaial, Secretaria de Educação. v. 2, n. 1 (2015). – Indaial (SC): Secretaria de Educação.

ISSN

1. Arte na escola – Periódicos. 2. Educação – Finalidades e Objetivos. I. Prefeitura Municipal de Indaial, Secretaria de Educação.

CDU 707CDD 707

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Page 3: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Prefeito: Sergio Almir dos Santos

Vice-Prefeito: Mário Withoeft

Secretária de Educação:Giovanne Huebes Nicolletti

Coordenação Geral Pedagógica:Liliane Lange Kloch

Coordenação de Arte /Professora Mediadora do Pro-jeto Arte na Escola:

Maria Luiza de Assumpção Braga

Coordenação Pedagógica do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental:

Lêda Raquel Manzke PisettaTânia Roseli Geisler Theindl

Coordenação Pedagógica da Educação Infantil:Francielle Hoffer D`Ávila da Silva

Sueli Lucia Remane Krieck

Assistência Administrativa da Educação Infantil:Scheila Milene Gebien Vargas

Schirlei Cavilia Camilotti

Coordenação Arte na Escola – Polo FURB:Rozenei Maria Wilvert Cabral – Coordenação geral

Melita Bona – Coordenação pedagógica

Equipe Formadora do Polo Arte na Escola:Ivana V. D. FuhrmannLindamir A. R. Junge,Marilene K. Schramm

Organizadoras:Maria Luiza de Assumpção Braga

Sueli Lucia Remane Krieck

Revisão Ortográfica:Célio Antonio Sardagna

Secretaria de Educação

A dinâmica que nos levou a Indaial nos dá grande alegria: o Instituto

Arte na Escola, que gerou uma rede de universidades parceiras em

mais de 20 estados do Brasil, firmou parceria com a FURB - Univer-

sidade Regional de Blumenau no ano de 1993, visando dar forma-

ção continuada aos professores de Arte das redes públicas de ensino.

A partir de 2009, mediante convênio com a Prefeitura de Indaial, através da

Secretaria de Educação, os grupos de estudo que foram estabelecidos estimularam

os professores a dar visibilidade aos seus projetos pedagógicos, intercambiando

saberes e crescendo juntos.

A segunda Revista de Relatos de Experiência em Arte, da Secretaria de Edu-

cação de Indaial, que envolve nove professores de Educação Infantil e oito do En-

sino Fundamental, aprofunda esta iniciativa, qualificando os relatos e dando-lhes a

circulação devida. Acreditamos que é desta forma que se gera o professor-pesqui-

sador, aquele que fará a diferença no processo ensino e aprendizagem.

Não é por outra razão que Indaial ostenta* um índice de 6,3 no IDEB dos

anos iniciais do Ensino Fundamental, contra 4,9 do Brasil. Redes educacionais em

que o professor é convidado a refletir sobre sua prática, apoiado pelo professor

universitário, fazem um mundo de diferença. Esta revista conta um pedaço desta

história, vista a partir da perspectiva do ensino da Arte : disciplina que fala com a

dimensão mais profundamente humana do aluno, promovendo-o no que é não bá-

sico, mas essencial: a apreciação e o fazer artísticos.

Evelyn Berg Ioschpe | Diretora Presidente do Instituto Arte na Escola

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Page 4: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Colégio Municipal de Indaial

Rua 30 de Abril, 150 – Bairro Carijós

Telefone: (47)3394-9514

Escola Básica Municipal Arapongas

Rua Augusto Maass, 3300 – Bairro Arapongas

Telefone: (47)3333-8683

Escola Básica Municipal Encano Baixo Rudolfo Alfarth

Rua Arnold Alfarth, Loteamento Real – Bairro Encano Baixo

Telefone: (47)3330-8543

Escola Básica Municipal Leopoldo Simão

Avenida Brasil, 2240 – Bairro Rio Morto

Telefone: (47)3333-8203

Escola Básica Municipal Professora Maria da Graça

dos Santos Salai

Rua Paramaribo, nº 160, Bairro Tapajós

Telefone: (47)3394 8214

Escola Básica Municipal Professor Mário Bonessi

Rua Uberlândia, s/nº – Bairro Benedito

Telefone: (47)3333-2003

Escola Básica Municipal Tancredo de Almeida Neves

Rua Maria Conceição Saut, nº 80 - Bairro dos Estados

Telefone: (47)3333-2104

Participam desta edição:

Sumário

Unidade de Educação Infantil Bairro João Paulo II –

José Lino Kuhnen

Rua Santa Paulina, s/n – Bairro João Paulo II

Telefone: (47)3399-0516

Unidade de Educação Infantil Bairro Tapajós – Profes-

sora Áurea Bonatti Merini

Rua Miracema do Norte, nº 20 – Bairro Tapajós

Telefone: (47) 3333-4477

Unidade de Educação Infantil Carijós

Rua 11 de Junho – Bairro Carijós

Telefone: (47) 3394-7411

Unidade de Educação Infantil Ermínio Lanznaster

Rua Timbó, 158 – Bairro Rio Morto

Telefone: (47) 3333-1738

Unidade de Educação Infantil Gato de Botas

Rua 12 de maio, 99 – Bairro: Carijós

Telefone: (47) 3394-2833

Unidade de Educação Infantil Polaquia

Rua Adolfo Molinari, Bairro Polaquia

Telefone: (47) 3394-2997

Unidade de Educação Infantil São Judas Tadeu

Rua C, Loteamento Villa Verde – Bairro Estrada das Areias

Telefone: (47) 3382-7783

8 3836

Conhecendo HélioOiticica e Suas Obras

Do lixoao som

O PequenoPríncipe

12 42A história da Pop Art: “Nada é tão novo, nada é tão velho”

ConstruindoValores coma Diversidade

34 64Saíra de Sete Cores:Pássaro Símbolo de Indaial

São TantasEmoções

16 44 CopArteFrans Krajcberg:Arte e Consciência Ambiental

20 48 Brincadeiras nas Obrasde Ivan Cruz

Meu Corpo,Várias Impressões

24 52Diferentes Formasde Arte e deContar Histórias

Brincadeiras de Criança no Olhar de Ivan Cruz

26 56 Vinicius de Moraes:de cinco a cem...

Elementos daLinguagem Visual

30 60 Vidae Identidade

Cada Canto,um Conto

76

Page 5: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Conhecendo HélioOiticica e Suas Obras

[...] O Parangolé não era assim uma

coisa para ser posta no corpo e para ser

exibida. A experiência da pessoa que veste,

da pessoa que está fora vendo a outra vestir,

ou das que vestem simultaneamente a coisa,

são multiexperiências. Não se trata do corpo

como suporte da obra, pelo contrário: é total

incorporação! E incorporação do corpo na

obra no corpo. Eu chamo de “in-corporação”.

A comunidade pode apreciar algumas das ressig-

nificações do artista, como os monocromáticos expostos

na parede externa da unidade. Essa obra teve a junção

de todas as telas confeccionadas pelas crianças, trans-

formando-as em uma única produção artística.

O Relevo Espacial, outra obra do artista, foi cons-

truído e colocado dentro da sala. Após assistir a um ví-

deo, as crianças contribuíram com sugestões, a exemplo

das que seguem:

Maria Eduarda (4 anos): “Podemos fazer com pa-

litos”.

Kalel (5 anos): “Podemos fazer com caixas de pa-

pelão. E estão penduradas com cordas”.

A decisão final escolhida pelas crianças foi fazer

o relevo com caixas de papelão, pintadas na cor verde e

pendurados com fio de nylon. Também colocamos um es-

pelho embaixo da instalação, por meio do qual as crian-

ças puderam vê-la de ângulos diferentes, o que causou

bastante curiosidade e, em alguns, até medo, pois a im-

pressão que se passava era de um buraco e que se pode-

ria cair dentro.

Procuramos seguir com as crianças a ordem cro-

nológica da execução das obras do artista: primeiramen-

te, os Metaesquemas, passando pelos Monocromáticos,

Relevos Espaciais, os Parangolés e finalizando o ano com

os Penetráveis.

Quando elaboramos os Penetráveis, iniciamos

com uma maquete, para depois construirmos a obra com

os paletes, na área externa da unidade. Eles foram firma-

dos no chão do pátio com estacas e foram pintados pelas

crianças como na maquete confeccionada anteriormen-

te. O resultado ficou surpreendente na estética, pois

chamou a atenção da comunidade. As crianças explora-

ram a obra como forma de labirinto.

Monocromáticos

Unidade de Educação Infantil Polaquia

Projeto: Conhecendo Hélio Oiticica e Suas Obras

Turmas: 3 a 5 anos.

Professoras: Marcia Priscila Haut

Marli Terezinha Chaves Vanderlinde

E-mail: [email protected]

A Unidade de Educação Infantil Polaquia está

situada em um bairro rural, com poucos mora-

dores, a maioria das crianças vai até a unidade

com o transporte fornecido pela Secretaria Municipal de

Educação de Indaial, sendo o contato com os pais bas-

tante limitado. É composta por três turmas, com idade

de três a seis anos, totalizando 68 crianças e 12 funcio-

nários.

Foi proposta pela professora Marcia a pesquisa

sobre um artista brasileiro com obras mais contemporâ-

neas, como o artista Hélio Oiticica, que, pela sua diversi-

dade das obras, encantou-nos e conseguiríamos traba-

lhar com todas as faixas etárias da unidade.

A proposta de Hélio Oiticica, em suas obras, é fa-

zer com que o público não seja apenas espectador, mas,

sim, que participe e viva a obra. Nosso objetivo era o

mesmo do artista - fazer com que o espectador, no caso

as crianças, interagisse e vivenciasse as suas obras, fa-

zendo parte dela também.

Para dar início ao projeto, as crianças precisaram

conhecer um pouco sobre o artista, com o vídeo do pro-

grama Traçando Arte, que, de maneira clara, mostrou um

pouco da vida de Hélio Oiticica, que nasceu em 1937 e

faleceu em 1980. Ele levantou questionamentos entre

as crianças sobre o motivo de sua morte. Pesquisando

sobre o artista, descobrimos que a fonte que mais for-

necia informações era a internet, por meio de sites espe-

cíficos sobre o artista. Mostramos para as crianças fotos

de suas obras, das exposições e alguns vídeos, para que

conhecessem um pouco de seu trabalho.

O projeto contou com a participação e colabora-

ção de toda a unidade e comunidade, dividindo ideias e

interesses no grande grupo, ou seja, as três turmas in-

teragiram na confecção das obras, durante o ano letivo.

Os pais confeccionaram os parangolés, juntamen-

te com os filhos. Esse artista influenciou as questões

relativas aos direitos de igualdade e a respeito da cons-

cientização negra no Brasil. Realizamos a intervenção

artística com as crianças, vestindo seus parangolés, em

frente à Prefeitura de Indaial e na Praça do Trabalhador,

utilizando a música “parangolé pamplona”, de Adriana

Calcanhoto que fala sobre o parangolé, de Hélio Oiticica,

permitindo a elas sentirem-se parte integrante da obra.

Sobre isso, diz o próprio artista:

Apreciação da produção artística - Monocromáticos

Monocromáticos

98

Page 6: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Após toda a experiência com esse artista mara-

vilhoso, pudemos comprovar como a Arte se renova, se

reinventa e cativa. Para as crianças, percebemos que foi

muito gratificante, pois elas fizeram parte de cada pro-

dução artística, aflorando ainda mais seus sentidos para

a arte e despertando o desejo de criar.

Trabalhar esse projeto fez com que todos os fun-

cionários se envolvessem, pois as produções estavam

dentro da unidade, nas paredes externas, no pátio, nas

salas e no refeitório. Registramos, durante o desenvol-

vimento do projeto, através de textos, fotos e filmagens,

as falas das crianças, as etapas do trabalho, a alegria e

surpresa ao ver as produções artísticas concluídas. Con-

tamos com o apoio e participação da direção da unidade,

desde a idealização do projeto.

Foi um projeto grande, uma obra literalmente

grande, em dimensão e em expressão, pois marcou a vida

das crianças, dos funcionários e da própria comunidade.

Descrevemo-nos antes do Hélio Oiticica e após conhe-

cer as obras do artista na unidade, pois afetou a todos de

uma forma gratificante, despertando outro olhar para a

Arte.

Por meio do projeto, conseguimos ampliar o re-

pertório artístico das crianças, dos pais e da unidade

inteira. Quando nos engajamos de coração naquilo que

fazemos, conquistamos a todos com aquilo que nos con-

quista.

Referências:

FAVARETTO, Celso Fernando. A invenção de Hélio Oiticica. São Paulo:

Editora da Universidade de São Paulo, 2000.

INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de

Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.

Intervenção artística com os Parangolés na Praça do Trabalhador

Penetráveis Relevo Espacial1110

Page 7: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Escola Básica Municipal Professor Mário Bonessi

Projeto: A história da Pop Art: “Nada é tão novo, nada é tão

velho”.

Turma: 9º ano

Professor Paulo Cesar Mattei Barreto

E-mail: [email protected]

Eu lecionava na E. B. M. Professor Mário Bonessi,

com várias turmas do Ensino Fundamental. Tudo

transcorria normalmente nas aulas de Arte. Lem-

bro-me daquela manhã no final de fevereiro, quando ha-

via planejado a aula sobre o tema “Pop Art”. Nas últimas

aulas da manhã, perguntei à classe se sabiam o que era

Pop Art. Porém, a pergunta não obteve nenhuma res-

posta. Então, passei a mostrar no projetor multimídia

algumas obras relacionadas ao tema. Ouvi dos alunos os

seguintes comentários:

Era o que eu precisava para que o assunto cha-

masse atenção. Notei que eles não somente se interes-

saram, mas gostaram do estilo artístico. Isso levou-me a

pensar em elaborar um projeto com a Pop Art. Passei a

pesquisar, com vistas a nutrir o conhecimento dos alu-

nos acerca das estéticas relacionadas à questão. Planejei

uma viagem de estudos a Curitiba, para visitar a exposi-

ção “América do Sul, a Pop Art das contradições”. Além

disso, inteirei-me da história da popularidade das obras

de arte, e então passei a trabalhar os artistas Mondrian

e Pollack e a Pop Art como contestação social e política,

bem como a livre expressão em nossos dias.

Assumir o projeto foi um grande desafio. Então

pensei como poderia realizar tal tarefa, tendo o interes-

se e o envolvimento de todos os alunos. Lancei o desafio

de uma produção artística com materiais bidimensionais

e tridimensionais. Dividi a turma em equipes, trabalhan-

do o tema juntamente com a música da Banda Oficina

G3, com o título “Nada é tão novo, nada é tão velho”,

sempre relacionando a Pop Art como algo muito presen-

te nos dias atuais.

Estabelecemos neste momento como objeti-

vo desenvolver competências e habilidades por meio

do trabalho em grupo, a partir de produções artísticas,

mediadas pela construção do conhecimento da Pop

Art, considerando que o tema é algo presente em nos-

sos dias, nas lojas, nos shoppings e nas propagandas da

mídia.

Foram analisadas as datas e o material disponível,

fazendo-se um levantamento para a aquisição do que fal-

tava. Passamos a fazer os registros semióticos de cada

parte do projeto, que foi fundamental para a compreen-

são do todo pelos alunos.

Neste ano, estava cursando o segundo período do

curso de Artes Visuais, na FURB, curso oferecido pela

plataforma Paulo Freire (PARFOR), do Governo Federal.

Nas aulas de modelagem em argila, a professora Roseli

Moreira incentivou o uso de objetos tridimensionais, a

fim de desenvolver competências nos alunos, visto que

manusear e contemplar estruturas em vários ângulos

traz ao educando um senso estético amplo, criando olha-

res diferentes no momento da execução das produções

artísticas. Acerca dos aspectos artísticos relacionados

ao plano do tridimensional, tem-se que:

A tridimensionalidade pode ser apre-

sentada como a capacidade humana de vi-

são estereoscópica, ou seja, com ela se con-

segue ver o relevo as imagens planas. Essa

capacidade agregada à habilidade manual

de segurar objetos e examiná-los proporcio-

na uma percepção que amplia o universo

sensorial dos seres humanos. (MOREIRA,

2012)

O projeto foi desenvolvido a partir da observa-

ção e execução de quatro etapas, realizadas por grupos

diferentes de alunos, envolvendo a confecção artística

de bicicletas e suportes, manequins, colunas de fotos e

quadros. Foi realizada também a produção textual, com

base na poesia.

A história da Pop Art: “Nada é tão novo, nada é

tão velho”.

“Isso tem no

Pânico na TV!”

“Tem no cenário do

caldeirão do Huck”

“Isso é muito

comum nas lojas

de Shoppings”

Exposição Espaço Arte na Escola

Exposição inauguração Cooper

Momento da leitura das poesias criadas a partir das percepções dos trabalhos

1312

Page 8: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Cada grupo organizou-se por um roteiro de ati-

vidade que envolvia uma linha teórico-prática, com um

aluno líder. Na confecção da bicicleta como suporte, foi

realizado o estudo da forma artística e da cor.

O grupo que utilizou os manequins como supor-

te pesquisou a cor e a ordem da exposição, com a media-

ção do professor. Foi decidida uma evolução cronológica

que começaria com o bebê, simbolizando Mondrian e

Pollack no manequim infantil. A Pop Art como contes-

tação social e política, seria representada em colagens

de encartes no manequim adolescente. O manequim

adulto, que representaria a livre expressão da Pop Art,

seguido de um suporte vazio com vários pontos de inter-

rogação que simbolizariam o que viria a partir de agora.

A coluna de fotos foi trabalhada a partir da ima-

gem de todos os alunos da turma, caracterizadas ao esti-

lo da Pop-Art. O grupo da confecção de quadros foi res-

ponsável por escolher as cores e as imagens que foram

desenhadas e pintadas em duas placas de aglomerado de

1m por 0,50m, usadas as superfícies da frente e do ver-

so. A escolha das cores e formas foi discutida em cada

grupo e o professor teve um papel de mediador nessa

escolha.

As produções artísticas foram organizadas e

expostas no Espaço Arte na Escola, na Prefeitura de In-

daial, e a Secretaria Municipal de Educação forneceu o

transporte para a visita e apreciação dos alunos autores.

Além disso, a exposição ocorreu também no hall do su-

permercado Cooper, por ocasião de sua inauguração.

Foi maravilhoso ver os alunos produzindo. Por

vezes, eu sentava perto deles, nada falava, apenas obser-

vava. Penso que o professor orienta e depois sai de cena,

e é neste momento que o aluno se emancipa e passa a ser

protagonista na construção do conhecimento. As crian-

ças corresponderam com alegria, entusiasmo e criação.

Isso foi incrível! Agradeço à direção e à coordenação pe-

dagógica que nos auxiliaram em todas as etapas, enten-

dendo que fizeram parte do sucesso dos alunos.

Referências:

ENCARTE AMÉRICA DO SUL A POP ART DAS CONTRADIÇÕES. Exposi-

ção de 4 de outubro a 20 de janeiro de 2013, no Museu Oscar Niemeyar,

em Curitiba.

INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial.  Indaial:

Secretaria Municipal de Educação, 2012.

MOREIRA K. Roseli. O tridimensional. Blumenau: Editora Nova Letra,

2012.

POP ART BRASILEIRA CONTRA A DITADURA. Disponível em:

<http://www.revistadehistoria.com.br/secao/perspectiva/a-pop-ar-

t-brasileira-contra-a-ditadura> Acesso em: 22 fev. 2013.

ARTE PARA CRIANÇAS. São Paulo: Publifolha, 2010.

Processo da confecção dos manequins

Processo de construção dos quadros

1514

Page 9: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Unidade de Educação Infantil Gato de Botas

Projeto: Frans Krajcberg - Arte e Consciência Ambiental

Professoras: Silvana Barreto

Zoreide Clen

Turmas: 1 a 3 anos

E-mail: [email protected]

“A Natureza é a minha cultura. É ela que me dá o desejo de

viver” (FRANS KRAJBERG, 1987, p. 141).

Desde 2013, a Unidade de Educação Infantil Gato

de Botas tem desenvolvido o projeto “Frans

Krajcberg”, com o objetivo de trabalhar a arte e

a consciência ambiental numa relação insolúvel, propor-

cionando às crianças um contato direto com a natureza e

na natureza. O intuito é a proposição de atividades edu-

cativas diversificadas, ampliando o repertório nas lin-

guagens artísticas, com o recurso de elementos naturais

(pedras, folhas, madeiras, grama, sementes, terra, fogo,

ar, água e outros) na manipulação e criação artística, que

desenvolvam integralmente a criança.

As crianças, desde muito pequenas, já estabele-

cem relações com o meio natural e social. Nossa preo-

cupação, como professoras, foi a de apresentar práticas

e vivências que fossem além dos brinquedos eletrônicos

e tecnológicos, ultrapassando os limites das quatro pa-

redes das salas de aula e principalmente dos muros da

unidade.

O desenvolvimento do senso estético-artísti-

co torna-se crucial para um novo olhar e conceito, sen-

sibilizando e conscientizando as crianças de que a vida

depende do ambiente e o ambiente depende de cada

cidadão deste planeta. Desse modo, despertamos o inte-

resse das crianças pelos espaços externos e entornos da

nossa unidade, possibilitando as interações entre crian-

ças, professores, família e comunidade no processo edu-

cativo em vista de uma sociedade criativa, consciente e

sustentável. Segundo a Proposta Curricular da Educa-

ção Infantil do Município de Indaial (2012, p. 43):

“[...] A presença da arte e da natureza

nos espaços educativos contribui para que

adultos e crianças estruturem relações di-

versificadas envolvendo noções de tempo,

espaço e causalidade, de forma simultânea

e tenham experiências que proporcionem

desenvolver seu senso estético de forma crí-

tica e autônoma, superando o uso de este-

reótipos”.

Por meio da observação e do interesse das crian-

ças, pensamos ações pedagógicas que diversificassem a

realização das práticas educativas traduzidas em novas

possibilidades de aprendizagem, de modo que a parti-

cipação ativa acontecesse, as quais fossem atraentes e

lúdicas para as crianças, dentro das linguagens da arte,

desenvolvendo, assim, a capacidade criadora, nutrindo

sua imaginação, a criticidade e os sentimentos.

O projeto foi inspirado no olhar e na sensibilidade

do artista plástico Frans Krajcberg, com suas obras, vida

e conceito para a inspiração das produções artísticas. O

artista se preocupa e valoriza a vida como um todo, e de-

clara:

Gostaria muito que os homens reco-

nhecessem as árvores, os animais, as areias

como nossa cultura. Que cada momento

da vida fosse preenchido com o enriqueci-

mento e embelezamento da natureza. Tudo

deve ser feito com arte, a vida é muito curta

(KRAJCBERG, 1987, p. 141).

Partindo desse pressuposto, durante todo pro-

cesso criativo, mostramos o valor de cada elemento em

sua especificidade: a água, o fogo, a terra e o ar, presen-

tes nas principais atividades do cotidiano.

Como é impossível imaginar o planeta Terra sem

a água, recurso natural mais importante para a manuten-

ção e sobrevivência dos seres vivos, proporcionamos às

crianças momentos divertidos, como banhos, brincadei-

ras com balões cheios de água, aproveitando essa paixão

que elas têm por esse elemento.

Frans Krajcberg:Arte e Consciência Ambiental

Consciência Ambiental

Elementos naturais

1716

Page 10: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

As experiências com o elemento fogo podem ge-

rar preocupações em relação à segurança das crianças,

o que não nos impediu de oferecer novas experiências a

elas. Sempre numa postura de atenção e cuidado, apre-

sentamos velas, as quais foram acesas e sopradas. Per-

cebemos que essa atividade logo foi associada por eles

à comemoração de aniversário. O brilho nos olhos e as

palmas foram reações espontâneas durante a vivência

de queimar o giz de cera e vê-lo derretendo durante a

produção artística.

Com o elemento terra, as crianças vivenciaram

momentos de exploração e experimentação, relaciona-

das às suas características, texturas e sensações, quando

está seca, e a mudança do seu estado ao acrescentarmos

água, formando uma massa pegajosa. Efetuou-se uma

atividade utilizando as mãos e os pés na composição dos

desenhos.

Além disso, brincamos com as bolhas de sa-

bão no espaço externo, para trabalhar o elemento ar.

Os pequenos ficaram encantados, vislumbrando aquele

momento de descoberta e de apreciação. Seus olhos bri-

lhavam com intensidade ao verem os tamanhos e formas

diferentes no ar. Algumas até arriscaram soprar e fazer a

sua própria bolha.

Os elementos naturais também fizeram parte

da composição do “Jardim da Bicicleta”, espaço novo,

criado logo na entrada da unidade, atraente e estetica-

mente prazeroso para todos. As crianças participaram

ativamente de todas as etapas de construção do jardim:

colocação da terra, grama, pedras e plantas. A constru-

ção contou com vários colaboradores e com a doação

dos materiais naturais pelas famílias e comunidade, que

contribuíram para o embelezamento do espaço externo.

Um destaque para o nosso zelador Sr. Celso, que foi ins-

tigado e despertado para o mundo da arte, contribuindo,

de uma forma significativa, no projeto com a base e fi-

nalização do jardim. Conforme seu relato, “é uma satis-

fação estar participando deste projeto, logo eu que nem

me imaginava trabalhando com crianças, aos 48 anos de

idade. Mas me sinto uma criança com tanto entusiasmo

fazendo arte, jardins, hortas, pinturas e principalmente

aprendendo com elas [...]”.

A principal atração ficou por conta da bicicleta

plantada na terra, objeto artístico estético fruidor do

nosso jardim. Ela foi produzida pelos alunos do profes-

sor de Arte Paulo Barreto, da Rede Municipal, em 2013.

Foi exposta no “Espaço Arte na Escola”, da Prefeitura de

Indaial, com a mostra da história da “Pop Art” e cedida à

unidade para fazer parte da produção artística e aprecia-

ção das crianças na ressignificação da obra de Vinicius

de Moraes, “O Relógio”, que foi socializada na mostra de

trabalhos no 4º Café com Arte, aberto para as famílias

e comunidade. A bicicleta nos foi depois presenteada e

pode ser apreciada no nosso cotidiano, a partir de 2014.

Outros espaços, como os canteiros da horta, tam-

bém foram revitalizados pelas crianças, com o cultivo de

O projeto “Frans Krajcberg - arte e consciência

ambiental” culminou com a possibilidade de voos mais

altos. Além da mostra das produções artísticas apresen-

tadas na 5ª edição do Café com Arte para as famílias e

comunidade, também participou da socialização no III

Seminário de Relatos de Experiências em Arte, da Se-

cretaria de Educação de Indaial, realizado na Câmara de

Vereadores, com a parceria do Programa Arte na Escola.

Fazemos parte deste programa, participando das for-

mações continuadas e chegamos como finalistas na ca-

tegoria educação infantil no XV Prêmio Arte Na Escola

Cidadã.

O projeto, para nós, não terminou no ano de

2014. Ele vai continuar a fazer parte de nossas vidas

como educadoras e principalmente como cidadãos cons-

cientes, preocupados em deixar plantadas as sementes

da arte, sensibilidade, criatividade, imaginação, criticida-

de, amor e valorização à vida de todos os seres vivos do

nosso planeta. Com certeza, as crianças serão aquelas

que colherão os frutos de uma educação para uma quali-

dade de vida melhor e mais feliz.

Referências:

INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de

Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.

KRAJCBERG, Frans; HOUAISS, Antonio; RESTANY, Pierre; CAMARA, Alm.

Ibsen de Gusmão; MEIRELLES, João. Natura. Rio de Janeiro: Editora Index,

1987.

Jardim da bicicleta Mesa da Natureza

Revitalização do jardim

novas plantas ornamentais, verduras, legumes e flores.

Durante todo o projeto, as crianças coletavam elemen-

tos naturais, com os quais construímos a Mesa da Na-

tureza para separá-los e os utilizarmos nas brincadei-

ras e produções artísticas. Apresentamos a proposta da

reutilização dos pneus para a construção do jardim no

parque, protegendo a árvore (sombreiro), replantando

as flores do ano anterior do “jardim das famílias”. Esses

momentos foram marcantes para nós. Era visível a ale-

gria das crianças e a disposição no desenvolvimento do

projeto em relação ao cuidado e preservação da natu-

reza.

1918

Page 11: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

E.B.M.Maria da Graça dos Santos Salai

Projeto: Meu Corpo, Várias Impressões

Turma: 7º ano

Professora: Clara Aniele Schley

E-mail: [email protected]

O projeto foi desencadeado a partir do encontro

Arte na Escola, ocorrido no início do ano letivo

de 2014. No entanto, foi proposto aos docen-

tes trabalhar com o projeto ECO ART, o qual “[...] reúne

obras sobre ecologia e preservação da natureza, buscan-

do as linhas de aproximação entre Arte e Meio Ambien-

te e tem por objetivo a criação de proposições didáticas

baseadas no exercício de leitura de imagem” (ARTE NA

ESCOLA, 2014). Para tanto, como primeiro passo, efe-

tuou-se a escolha da turma. Nesse sentido, as turmas

dos sétimos anos foram selecionadas, pois as outras sé-

ries estariam envolvidas em projetos futuros.

Primeiramente, foi realizada pela própria docen-

te, uma pesquisa sobre as obras que constam do site, se-

guida de uma reflexão acerca de como ocorreria o pro-

cesso de leitura e construção artística dos discentes, até

abril de 2014.

Assim, alguns exercícios foram realizados no mês

de maio com os sétimos anos, pois as imagens com-

postas na galeria do site são contemporâneas, o que

desencadeou o problema inicial. Qual a percepção dos

discentes referente a essas imagens? Tal dúvida foi sen-

do compreendida ao longo dos exercícios baseados no

artista “Jean Michel Basquiat”1, devido à forma de leitura

e interpretação que fazia do seu entorno, e tal sensibili-

dade era exposta em pinturas.

1 - Artista norte-americano que desenvolveu um estilo próprio de pintura, sendo

elogiado pelo artista Andy Warhol , pertencente ao movimento Pop Art. Bas-

quiat tornou-se um grafiteiro mundialmente reconhecido e respeitado.

O trabalho desse artista trouxe pontos positivos,

pois os discentes começaram a expor-se, dialogar, refle-

tir entre linhas, manchas e palavras que compunham o

trabalho de Basquiat. Além desse exercício, coube a cada

turma pensar na forma de exposição, promovendo res-

peito, aceitação, auxílio e autonomia por parte deles, que

Paulo Freire (2002) busca trazer como reflexão docente.

Havendo data para a exposição, uma turma se destacou

não penas por expor, mas por querer realizar esse proje-

to. Nesse sentido, a turma escolhida foi o sétimo ano 04.

Para iniciar a caminhada do projeto, o site Arte na

Escola foi apresentado à turma ainda em maio, seguido

do projeto Eco Art, o foco central. Seguiu-se a apresen-

tação das etapas propostas e o artista escolhido foi Car-

los Vergara.

Assim, os discentes passaram a conhecê-lo e en-

tender sua prospecção artística, através de discussões

em grupos. Para compreender o processo artístico de

Vergara, propôs-se como exercício a realização de im-

pressões pelos espaços da escola, onde alguns ousaram

ção, numa construção dialética, chegamos ao objetivo do

trabalho: conhecer e identificar impressões de origem

natural e resultantes da ação humana. Desencadeando

ao mesmo tempo um objetivo específico: construir cole-

tivamente uma tela de impressões com materiais alter-

nativos e com o próprio corpo. Para o desenvolvimento

da prática, realizada esta no mês de agosto, optou-se por

uma tela de três metros, cujo material básico foi o TNT.

Por estimular a autonomia deles, sugeriram dividi-la em

duas partes, de modo que três alunas, voluntariamente,

realizaram a impressão com o corpo em uma das par-

tes, ficando a outra parte a cargo de outro grupo. Com

o trabalho concretizado, uma aluna integrante do grupo

maior apresenta, como relato, o que segue:

Com diversos materiais diferentes,

como algodão, fita, tinta, cola, glitter, papéis,

montamos algo, com muitas cores e texturas

diferentes. Houve trabalho em grupo, onde

cada um fez a sua parte, sem incomodar os

outros. As impressões que ficaram marcadas

foi algo que vi pela primeira vez. Foi muito

divertido e colaborativo. (Aluna A do 7º ano

04, agosto de 2014).

É possível notar-se que a turma se envolveu com

o projeto e, além disso, um objetivo que o mesmo visa a

atingir é a autonomia. A participação e o envolvimento

na execução do trabalho ocorrem quando conseguem

compreender e entregar-se as propostas. No que tange

às três alunas que tiveram uma experiência com o corpo,

estas também trazem seus relatos, conforme segue:

“Como fica estranho o corpo marcado,

bem diferente. (Aluna 1 do 7º ano 04, agos-

to de 2014).

Me senti livre fazendo, parece que tá

no mundo da lua, foi muito bom. As pessoas

falaram que é esquisito fazer arte com o cor-

po inteiro. (Aluna 2 do 7º ano 04, agosto de

2014). “

“O trabalho corporal foi bacana. Foi

interessante colocarem tinta sobre o corpo.

Fiquei surpresa porque foram as professoras

que nos enrolaram no plástico, isso foi baca-

na, como posso dizer, uma experiência nova.

(Aluna 3 do 7º ano 04, agosto de 2014).”

Meu Corpo,Várias Impressões

e realizaram impressões do corpo. Em outro momento,

foi lançado o desafio de realizar uma intervenção com

essas impressões e outros materiais de forma bidimen-

sional. Houve dificuldade por parte de alguns, e outros

ajudaram nessa tarefa.

No entanto, as impressões realizadas no próprio

corpo chamaram sua atenção. Ao concluir-se a interven-

Exercício de impressão e intervenção antes do projeto.

Impressões com o corpo

2120

Page 12: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

A arte tem, entre os vários propósitos a huma-

nização dos sentidos. Por meio dos relatos, podemos

observar que, algo novo, sendo experienciado, torna-se

uma vivência a ser trocada com outros sujeitos e novos

saberes podem ser construídos. Este projeto alçou voos

e está sendo adaptado por uma professora pedagoga em

Doutor Pedrinho/SC. Pode-se dizer que este foi um pro-

jeto que deixou diversas “impressões”, a exemplo de que

a arte permite ampliar fronteiras e cumpre uma das suas

funções essenciais, como o desenvolvimento da sensibi-

lidade humana.

Referências:

ARTE DE BASQUIAT. Disponível em:

<http://basquiat.no.sapo.pt/arte_de_basquiat.html>. Acesso em: 08

nov. 2014.

ECO ART. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/ecoart/>. Acesso em:

08 nov. 2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes Necessários à Prática

Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial.  Indaial:

Secretaria Municipal de Educação, 2012.

Parte da turma trabalhando na telaImpressões por alunos na escola Em Dr. Pedrinho

Resultado do ProjetoResultado do Projeto2322

Page 13: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Unidade de Educação Infantil Carijós

Projeto: Brincadeiras de Criança no Olhar de Ivan Cruz

Turmas: 4 e 5 anos

Professoras: Ana Vilma Stapazzoli Beckhauser

Charlene Novaes Kienen

E-mail: [email protected]

Durante os meses de fevereiro a maio de 2014, foi

realizado o Projeto Brincadeiras de Criança ao

Olhar de Ivan Cruz, com o intuito de utilizar as

obras deste artista para ampliar o repertório de brinca-

deiras, interação entre as crianças, professoras e famí-

lias, incentivando a cooperação, o respeito e a valoriza-

ção da cultura.

O projeto buscou conhecer, resgatar e valorizar

as brincadeiras infantis antigas, possibilitando desenvol-

ver as habilidades cognitivas, o potencial de reflexão e

a construção de conhecimentos na infância. O brincar é

de fundamental importância, pois é com o lúdico que a

criança experimenta a vida, resolve problemas e desen-

volve a socialização. Conforme mostra Ivan Cruz, “[...]

a criança que não brinca não é feliz, o adulto que quando

criança não brincou, falta-lhe um pedaço do coração.” (In:

https://michelechristine.wordpress.com/pinturas/ivan-

-cruz/).

Utilizamos as obras de Ivan Cruz, porque ele ex-

pressa, através de suas pinturas, as brincadeiras que

vivenciou em alguns momentos de sua infância. Suas

produções serviram como convite para novas brincadei-

ras a serem desenvolvidas com as crianças em diversos

ambientes.

Antes de começar a planejar e a desenvolver o

projeto com as turmas, conversamos e realizamos diver-

sas brincadeiras que faziam parte do cotidiano. A partir

disso, fomos apresentando e explorando, aos poucos,

a história e as obras de Ivan Cruz, que encantaram as

crianças. O interesse foi constante, pois elas foram esti-

muladas a realizar a leitura das imagens, compartilhando

com os colegas as diferenças entre: brincadeiras, cores,

formas e cenário.

Durante a realização do projeto foram apresenta-

das às turmas algumas obras como: Bolinhas de Sabão,

Rolando Bambolês, Brincadeiras de Roda, Telefone de

Lata, Jogando Peteca, Rolando Pião, Passarás e o retra-

to do artista. Apresentamos materiais alternativos para

vivenciarem, refletirem e registrarem algumas brinca-

deiras. Exploramos também as texturas e as formas bi-

dimensional e tridimensional, com massa de modelar,

argila, recorte e colagem de fotos.

Os pais participaram na confecção de brinquedos

como cavalinho de pau, boneca de pano e pipas.

“A brincadeira e o jogo têm um signi-

ficado cultural muito marcante, pois é atra-

vés do brincar que a criança vai conhecer,

aprender e se constituir com um ser per-

tencente ao grupo, ou seja, são meios para

a construção de sua identidade cultural”.

(PAES, 2012, p. 9).

Os brinquedos confeccionados pelos pais foram

explorados nos ambientes externos da unidade e nos

passeios. Desta maneira, as crianças foram descobrindo

novas brincadeiras e relembrando as que faziam parte

de seu cotidiano, favorecendo diversos momentos de

interação, descobertas, valorização e satisfação, entre

as crianças e as professoras. Este projeto contou com a

participação de todos os funcionários da unidade.

Ao término, organizamos uma exposição com fo-

tos dos acontecimentos do projeto, com os brinquedos

e trabalhos feitos pelas crianças. Durante a exposição,

aconteceu o III Encontro “Vivenciando o Mundo Infan-

til”, por meio do qual as mães também tiveram a opor-

tunidade de conhecer um pouco da história e obras do

artista Ivan Cruz, através dos registros deixados pelos

seus filhos. Esta experiência foi apresentada no III Se-

minário de Relatos de Experiências em Arte, na Câmara

de Vereadores para profissionais da Educação Infantil,

que fazem parte dos grupos Arte na Escola e professores

de Arte.

Referências:

CRUZ, Ivan. Bouquet de cravos e conchavos. Disponível em: https://michele-

christine.wordpress.com/pinturas/ivan-cruz/. Acesso em: 22 abril 2015.

INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de In-

daial. Indaial: Secretaria municipal de Educação, 2012.

LEITÃO, Marcia Maria. Folclorices de Brincar. São Paulo: Editora do Brasil,

2009.

Brincadeiras de Criança no Olhar de Ivan Cruz

Aviãozinhos de Papel

Bolhas de sabão

Brincadeiras fora da Unidade

Novas Brincadeiras

Pura diversão

MOYLES, Janet R.. A excelência do Brincar: a importância da brincadeira na

transição entre educação infantil e anos iniciais. Porto Alegre: Artmed, 2006.

PAES, Joselaine Alves. Brinquedos e brincadeiras tradicionais: o lúdico na

aprendizagem – importância nas séries iniciais. Trabalho apresentado como

exigência parcial para obtenção do título em psicopedagogia com ênfase na

inclusão social. AJES-Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena. Ari-

puanã: 2012.

2524

Page 14: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Colégio Municipal de Indaial

Projeto: Elementos da Linguagem Visual

Turmas: 6º ano

Professora: Lenice Lucia Zimmer

E-mail: [email protected]

O projeto surgiu com a formação continuada, ofe-

recida pela Secretaria de Educação para os pro-

fessores de Arte, em fevereiro de 2014. Nessa

formação, apresentaram-se os artistas da coleção Eco

Art, que “reúne obras sobre ecologia e preservação da

natureza, buscando as linhas de aproximação entre Arte

e Meio Ambiente e tem por objetivo a criação de propo-

sições didáticas baseadas no exercício de leitura de ima-

gem” (FONSECA; ALMEIDA, 2014). Cada profissional

da área foi desafiado a trabalhar com o material apresen-

tado, relacioná-lo com os indicadores de aprendizagem

da Proposta Curricular de Indaial e aplicá-lo nas turmas

em que atuava.

O objetivo foi propor aos alunos identificar, re-

conhecer e explorar os elementos da linguagem visual,

como linhas, formas, cores, textura e volume, observan-

do-os no meio ambiente, em especial nas plantas, com

ênfase nas folhas e flores, fotografando-as nas suas re-

sidências, no jardim da escola, na Prefeitura e na Funda-

ção Indaialense de Cultura. Foram realizadas vivências

com diversas formas de expressão da linguagem visual,

envolvendo diferentes técnicas, como: fotografia, dese-

nho, pintura, recorte, colagem e montagem, executando

produções artísticas com diferentes materiais e supor-

tes, em busca de novos olhares que coloquem em dis-

cussão e reflitam sobre arte e sua conceituação, expres-

sando ideias na execução de trabalhos, individualmente

e em grupos. Os artistas Beatriz Milhazes e Burle Marx

tiveram relação direta com o tema.

Iniciamos com a obra “Você me olha por quê? Por

que você está me olhando?”, de Milhazes, provocando

discussões com o grupo e estimulando o aluno a obser-

var, interpretar a imagem e perceber detalhes. Em se-

guida, foram apresentadas outras imagens de obras dos

artistas citados no tema.

O projeto foi desenvolvido de abril a novembro

de 2014, contemplando 22 aulas, com as turmas dos

sextos anos dos períodos matutino e vespertino. Após

conhecerem algumas obras, os alunos fizeram pesquisas

em sites, no laboratório de informática, para conhecer

um pouco da trajetória e produção de cada artista. Em

seguida, foi proposta a tarefa de fotografar plantas dos

jardins de suas casas e jardim do Colégio Municipal. Na

etapa seguinte, foi organizada uma viagem de estudos à

Prefeitura de Indaial e à Fundação Indaialense de Cultu-

ra - FIC, em cujos locais tiveram oportunidade de foto-

grafar diferentes plantas, registrando principalmente as

folhas e as flores. Todas essas fotografias serviram para

criar um banco de imagens, selecionadas pela professora

e apresentadas ao grupo, possibilitando aos alunos a ob-

servação dos elementos da linguagem visual, sendo que

estas serviram de modelo para criar móbiles e painéis.

Elementos daLinguagem Visual

Elementos daLinguagem Visual

Jardim do Colégio Jardim da Prefeitura e FIC

Jardim da Prefeitura e FIC

2726

Page 15: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Para finalizar as atividades com os alunos, realiza-

mos uma viagem de estudo ao museu Hering, em Blume-

nau, para conhecer um jardim suspenso, projetado pelo

artista e paisagista Burle Marx.

As produções artísticas participaram de exposi-

ções realizadas no Espaço Arte na Escola, situado no hall

da Prefeitura de Indaial, na festa de comemoração dos

25 anos do Colégio Municipal de Indaial e na mostra de

trabalhos.

Assim que o projeto foi proposto, durante todo o

processo que envolveu pesquisas, coleta de imagens e

produção dos trabalhos artísticos, percebeu-se o inte-

resse e envolvimento dos alunos durante as atividades.

Cada etapa criava novas expectativas em relação ao

produto final. Os alunos mostraram grande satisfação

durante os trabalhos executados, principalmente nas

aulas práticas, como os registros fotográficos, desenhos,

recorte, pintura, montagem dos painéis e móbiles.

Após terem executado o projeto, os alunos envol-

vidos passaram a observar os elementos da linguagem

visual, percebendo sua presença também na natureza

e não apenas em imagens. A produção artística propor-

cionou aos alunos um novo olhar em relação à Arte, am-

pliando seu repertório de significados e a maneira de ver

e interpretar o mundo que está à sua volta. A Arte é a

síntese da expressão humana e, por meio dela, os alunos

descobrem-se, vivenciando diferentes experiências, ex-

plorando sua sensibilidade, apropriando-se de diferen-

tes linguagens artísticas.

No que concerne à avaliação, esta foi processual,

considerando todas as etapas de desenvolvimento do

projeto, principalmente a produção artística, a partici-

pação individual e no grupo, discussão dos temas abor-

dados, produção dos painéis e móbiles, envolvendo dife-

rentes técnicas.

Referências:

MILHAZES, Beatriz. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultu-

ral.org.br/en/pessoa9441/beatriz-milhazes>. Acesso em: 17 maio

2014.

MARX, Roberto Burle. Disponível em: <enciclopedia.itaucultural.

org.br/pessoa1461/burle-marx>. Acesso em: 05 de maio de 2014.

CARUSO, Carla. Burle Marx - Mestre das Artes no Brasil. São Paulo:

Moderna, 2009.

CÔRTES, Celina. A pintora brasileira do MOMA e da copa. Eco Art.

São Paulo: Época, 2004. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/

ecoart/>. Acesso em: 10 mar. 2014

FONSECA, Maria da Penha; ALMEIDA, Elaine Karla de. Formação con-

tinuada: arte contemporânea brasileira com arte na escola. IN: II

Congresso da Federação Internacional de Arte-Educadores. XXIV

Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil.

Ponta Grossa - PR, ConFAEB, 14 a 18 de novembro de 2014. Disponível

em: http://www.isapg.com.br/2014/confaeb/down.php?id=285&q=1.

Acesso em: 15 abr. 2015.

INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial.  Indaial:

Secretaria Municipal de Educação, 2012.

Além da produção artística, os alunos realizaram

pesquisas com algumas flores selecionadas no projeto,

como nome científico, produção, floração. Entre estas

flores, cite-se a vitória-régia, aclimatada em Indaial por

Valdemiro Nasato e Raulino Reitz.

Também realizamos, com a participação da pro-

fessora de Ciências, a dissecação de algumas flores no

laboratório, identificando e nomeando cada parte, e a

criação de um herbário com diferentes folhas e flores

colhidas no jardim do colégio.

Exposição Espaço Arte na Escola

Produção Artística

Museu Hering e Vista do Jardim Suspenso-Burle MaxLaboratório de ciências - dissecação e criação do herbário

2928

Page 16: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Unidade de Educação Infantil Bairro João Paulo II - José

Lino Kuhnen

Projeto: Cada Canto um Conto

Turma: 1 a 5 anos

Professora: Gicélia dos Santos Geffer

E-mail: [email protected]

No ano de 2013, a unidade desenvolveu o projeto

Cada Canto um Conto. Este projeto visou à dra-

matização de histórias infantis para todas as tur-

mas. No ano de 2014, a proposta do V Festival Cultural

da Educação Infantil de Indaial, com o tema: “De Onde

[...] A apropriação pelas crianças das

contribuições histórico-culturais dos povos

indígenas, afrodescendentes, asiáticos, eu-

ropeus e de outros países da América.

Orientadas pelas diretrizes e pensando nessa prá-

tica pedagógica, exploramos as etnias africana, indígena

e europeia, pautadas nos planejamentos, procurando in-

teragir com as turmas, de modo que todos vivenciassem

experiências oriundas das diversas etnias, de maneira

lúdica e prazerosa. As Diretrizes Curriculares Nacionais

para Educação Infantil (2010), no Art. 8º, apontam ainda

que, no que diz respeito à realização de um trabalho pe-

dagógico voltado às questões da diversidade cultural, à

organização espacial e temporal, faz-se necessário:

Cada Cantoum Conto

a Gente Vem?” abordou as etnias formadoras da cultura

brasileira, o que culminou neste mesmo ano, com a jun-

ção do projeto da instituição com o festival. Este even-

to acontece anualmente e reúne todas as Instituições

de Educação Infantil Municipais. Segundo as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010),

no Art. 7º, no que concerne às propostas pedagógicas

das instituições de Educação Infantil, estas deveriam

empreender esforços no sentido de oferecer condições

para a realização do trabalho coletivo, além de propor-

cionarem organização de materiais, espaços e tempos,

no sentido de possibilitarem, entre outros aspectos,

[...] O reconhecimento, a valorização,

o respeito e a interação das crianças com as

histórias e as culturas africanas, afro-brasi-

leiras, bem como o combate ao racismo e à

discriminação.

O projeto teve o objetivo de oferecer momentos

diferenciados de leitura e contação de histórias nos va-

riados espaços e tempos da Educação Infantil, propor-

cionando o contato com as etnias indígena, europeia e

africana, por meio de experiências que lembrem a cultu-

ra destes povos. Foi organizado um cronograma anual,

em que cada turma ficou responsável pelo planejamen-

to e execução de diferentes propostas relacionadas ao

projeto. Essas propostas ocorreram todas as semanas,

tendo como referência a quarta-feira.

Máscaras africanas e azulejos portugueses Ver, sentir e fazer máscaras africanas e azulejos portugueses

3130

Page 17: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

A partir da proposta pedagógica so-

bre a diversidade, dramatizou-se a história:

“Por que o camaleão muda de cor” (Contos

de Tanga Tanga). Deste conto, várias ex-

periências envolvendo a cultura da etnia

africana foram exploradas. Nas turmas de

dois e na de quatro anos, proporcionaram-

-se vivências com elementos naturais para

criar artefatos ricos em detalhes e que nos

remetem a essa etnia: máscaras, trançados

e instrumentos musicais. Durante esse pro-

cesso, além da interação entre as turmas,

houve muito aprendizado, pois todos os de-

talhes de cores e formas foram pesquisados,

juntamente com as crianças, tendo como

referência os tecidos, formas, linhas retas e

orgânicas, além do colorido africano. Possi-

bilitou, assim, acrescentar nas produções de

máscaras em argila, tapetes trançados e ob-

jetos sonoros uma identidade própria, pois

escolheram, dentro do proposto, suas cores,

formas, desenhos preferidos.

A dramatização da história: “Curumim Abaré imi-

tando os animais”, de autoria de Dulce Seabra e Sergio

Maciel, proporcionou o contato com a etnia indígena. As

turmas de três e cinco anos exploraram juntas a confec-

ção de vestuários e brinquedos. Vivenciaram experiên-

cias que lembram a cultura destes povos, como a dança,

a preparação da comida em volta da fogueira e a caça,

para sobrevivência e não por esporte.

Explorou-se a cultura europeia por meio da His-

tória João e Maria, de Ruth Rocha, vivenciando brinca-

deiras, jogos e cirandas desta etnia. A turma de um ano

teve contato com a pintura de azulejos, Para isso, uma

das técnicas utilizadas foi a do carimbo, por meio da qual

as crianças puderam apreciar imagens de azulejos portu-

gueses e, mais tarde, em interação com todas as turmas,

realizaram produções artísticas, a partir dessa mesma

técnica. Brincadeiras como as cinco marias e soltar pipa

também estiveram presentes nas vivências das crianças.

Como finalização, representaram-se as etnias in-

dígena, europeia e africana por meio da construção de

um totem, o qual era composto por três rostos, contendo

características físicas das pessoas de cada etnia, além de

acessórios próprios de cada cultura. Todas as experiên-

cias e produções artísticas confeccionadas foram socia-

lizadas com a comunidade na exposição no Espaço Arte

na Escola, situado no prédio da Prefeitura Municipal de

Indaial, entre os dias 2 e 13 de junho.

Logicamente, essas etnias trazem consigo milha-

res de anos de história, de cultura, que jamais poderiam

ser apreciadas em um só ano. Contudo, o que fizemos foi

aproximar as crianças da Unidade João Paulo II do nosso

rico patrimônio.

Referências:

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.

Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC/SED, 2010.

INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de

Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.

Brincando de ser Índio

Exposição Arte na Escola Totem

Apresentação no Festival Cultural de Educação Infantil

3332

Page 18: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Escola Básica Municipal Leopoldo Simão

Projeto: Saíra de Sete Cores: Pássaro Símbolo de Indaial

Turma: 4º Ano

Professora: Andressa G. B. Wackerhage

E-mail: [email protected]

Sou professora de Arte nas turmas dos anos iniciais.

O projeto Saíra de Sete Cores: Pássaro Símbolo de

Indaial foi desenvolvido com o 4º Ano Vespertino,

cuja turma mostra-se participativa, criativa e gosta de

manusear e explorar materiais diferentes. As aulas com

essa turma ocorrem duas vezes por semana e a proposta

para trabalhar com esse tema nasceu de um convite para

efetuar um trabalho de maneira interdisciplinar, junta-

mente com o professor regente.

O interesse em desenvolver essa atividade partiu

dos alunos, os quais estavam estudando os símbolos da

cidade de Indaial, na disciplina de História e Geografia.

Ao mesmo tempo em que conheciam diferentes aspec-

tos da cultura indaialense, desenvolviam experiências

com os elementos da linguagem visual, mais especifi-

camente no âmbito da tridimensionalidade. A ideia era

possibilitar o afloramento da sensibilidade, ampliar o

pensamento crítico e o repertório artístico.

O professor regente iniciou o projeto Saíra de

Sete Cores: pássaro símbolo de Indaial propondo tex-

tos, atividades, mostras de imagens e vídeos, o que pos-

sibilitou às crianças contribuírem com novas ideias. Na

primeira aula, efetuou-se uma leitura e reflexão sobre o

tema, com foco na Arte, para investigar o que cada crian-

ça já sabia e escolhermos o que iríamos construir: uma

saíra. Na segunda aula, houve um longo debate acerca da

proposta de execução. Cada grupo construiria seu pás-

saro em papel pardo e usaria a colagem para criá-lo.

Em um primeiro momento, os alunos pensaram

na possibilidade de utilizar EVA, material não-reciclá-

vel e que muitos tinham em casa. Porém foi difícil, pois

a cola que o mantinha grudado ao papel não fixava tão

rapidamente e ficava agarrada às pontas dos dedos. Ve-

rificaram ainda que depois de tudo colado, ao exporem o

trabalho, muitos dos pedaços caíam por não terem cola-

do corretamente.

Após refletirmos acerca da proposta que não ob-

teve sucesso, vimos fotos de uma empresa que produz

EVA , a qual, por não ter onde descartar os restos, depo-

sitou-os em um terreno e recebeu multa por isso. Então,

as crianças desistiram de usar este material e passaram

a pesquisar algo que fosse reciclável.

Foi então que bolinhas de papel amassadas voa-

ram de um lado a outro, pois, no meio de alguns que es-

tão trabalhando, sempre há aqueles que gostam de uma

brincadeira. Tomei as bolinhas de papel e perguntei à

turma se já haviam assistido ao ArtAttack, um programa

da TV por assinatura. Foi como se uma transmissão de

pensamento ocorresse: – Sim, profeeee! Podemos fa-

zer as saíras em papel amassado, com cola! – disse uma

criança. – E depois pintar as sete cores da saíra com tin-

ta! – disse outra.

Foram aulas produtivas e muito esperadas pelas

crianças. Confeccionaram as bolas de papel com jornal,

prenderam-nas com fita adesiva, depois passaram cola

com pincéis e por cima papel toalha. E mais cola e papel

toalha, e mais cola e papel toalha. Colocaram as asas, o

rabinho e o bico, e pintaram as sete cores.

Vê-se, com essa atividade que

Criatividade e artes são processos in-

teligentes: tanto o produzir quanto o apreciar

são comportamentos que requerem opera-

ções complexas de análise, comparações, re-

conhecimento de cores, texturas, sons, movi-

mentos. (MÖDINGER, 2012, p. 42).

Constatou-se, então, já no início do projeto, que

as crianças possuíam algum conhecimento sobre a saíra.

No entanto, ao longo do trabalho, todos foram tirando

dúvidas e ampliando seus conceitos. Alguns também não

conheciam a ave de verdade, então trouxemos fotos e

trocamos informações. Houve narrações de que algu-

mas crianças já tinham visto um passarinho daqueles no

jardim de casa.

A seleção de materiais e a produção artística

permitiram que os alunos experimentassem diferentes

possibilidades ao criar seu elemento tridimensional. Du-

rante a produção, observei a percepção da forma natural

transformada no objeto artístico, quando os alunos ti-

nham a intenção de construir uma saíra pequena, imitan-

do um pássaro de verdade. Porém, descobriram que era

difícil e resolveram criá-la em tamanho maior.

Por fim, ao realizarmos as discussões sobre a ma-

terialidade, percebemos que as questões iniciais sobre

o meio ambiente foram ampliadas e dificilmente serão

esquecidas, já que foram aprendidas de forma prazerosa.

 Referências:

INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial.  Indaial:

Secretaria Municipal de Educação, 2012.

MÖDINGER, Carlos R. Artes visuais, dança, música e teatro: práticas

pedagógicas e colaborações docentes. Erechim: Edelbra, 2012.

MÖDINGER, Carlos R. Práticas Pedagógicas em Artes: espaço e corpo-

reidade. Erechim: Edelbra, 2012.

MOREIRA, Roseli. O Tridimensional: dimensões para arte e educação.

Blumenau: Nova Letra, 2012.

Saíra de Sete Cores:Pássaro Símbolo de Indaial

Exposição na Escola. Instalação

Experimentação: pintando as Saíras

Execução: pintura da Saíra, as cores vão surgindo

Papietagem: concentração e cola

Papietagem: vai surgindo a Saíra

3534

Page 19: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Unidade de Educação Infantil Ermínio Lanznaster

Projeto: O Pequeno Príncipe

Turmas: 1 a 5 anos

Professoras: Amanda Vanessa da Silva.

Maria Aparecida Machado Krauss

E-mail: [email protected]

A Unidade desenvolveu o projeto institucional “O

Pequeno Príncipe”, cujo objetivo foi aprender e

vivenciar através da Arte o valor das pequenas

coisas da vida, reforçar laços de amizade, afetividade,

interação e respeito ao próximo.

Foi organizado um grupo de estudos entre os

profissionais da unidade, o qual buscou sensibilizar e

proporcionar momentos de afetividade,

refletindo, assim, acerca da prática peda-

gógica, através da literatura, por meio da

obra “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de

Saint-Exupéry. Na leitura do livro, mere-

ceu destaque a frase: “Tu te tornas eterna-

mente responsável por aquilo que cativas”

(2009, p. 29), compreendendo a importân-

cia que o professor tem na vida das crianças.

De acordo com a Proposta Curricular da Edu-

cação Infantil do Município de Indaial, a educação tem

como eixos norteadores as interações, brincadeiras e

linguagens. As vivências por meio da Arte contemplam

todas estas propostas. Ora a criança brinca com a Arte,

e em outros momentos a Arte interage com a criança,

estimulando-a a uma brincadeira. Enfim, não há como

não experimentar a arte do fazer, a arte do brincar, a

arte de contemplar, a arte de sentir, a arte de explorar, a

arte de cantar, a arte de ouvir ou simplesmente a arte de

viver. Arte é vida e o sujeito que vive intensamente é um

artista da sua própria vida. Segundo as DCNEI (2009,

art. 9º, incisos II e IX): (,)

[...] a Educação Infantil deve garantir

nas unidades experiências que [...] favore-

çam a imersão das crianças nas diferentes

linguagens e o progressivo domínio por elas

de vários gêneros e formas de expressão:

gestual, verbal, plástica, dramática e musi-

cal, bem como [...] promovam o relaciona-

mento e a interação das crianças com di-

versificadas manifestações de música, artes

plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dan-

ça, teatro, poesia e literatura.

Cada professora, com sua turma, desenvolveu

uma temática e trabalhou com dife-

rentes linguagens. A turma de qua-

tro e cinco anos construiu o avião,

atividade para a qual a professora,

após a leitura do livro, conversou

e problematizou com as crianças

como iriam fazê-lo. Decidiram usar

caixas de papelão, as quais, depois,

foram pintadas e com elas as crianças brincaram. Para

estimular ainda mais o faz de conta, um grupo de aero-

modelos da cidade veio demonstrar como voa o avião

e também trouxe simuladores de voo para as crianças

brincarem.

Com a participação dos pais, a turma de quatro

anos pôde contemplar e observar as estrelas, trazendo

um registro de como foi este momento, de reflexão e vi-

vência em família. Estes relatos foram expostos em uma

pirâmide de mensagens. A turma de cinco anos II cons-

truiu os planetas pelos quais passou o Pequeno Príncipe,

com balão e jornal, colorindo-os com tinta guache. Pu-

deram descobrir diferentes possibilidades e estratégias

criadas por meio da história.

A turma de cinco anos dramatizou e interpretou

a história com os personagens do Pequeno Príncipe e a

rosa. Também plantaram flores num jardim biodiverso, o

qual foi organizado e revitalizado para o projeto. Reali-

zaram visitas a floriculturas e floras, para compreender o

processo de plantio e cuidado com as plantas.

A turma de três anos explorou o tema da cobra,

destacando o cuidado com os animais e o respeito com o

espaço de cada um. A tridimensionalidade, a cor e a tex-

tura levaram a uma pesquisa com diferentes materiali-

dades. A massa de modelar e o biscuit foram referências

na exploração e as crianças recriaram a cobra enrolada

no palito de picolé.

A turma de um ano confeccionou o carneiro com

malha, feltro, fibra e algodão. Cada criança explorou as

diferentes texturas, contribuindo com a sua montagem.

Quando concluído, a professora brincou e leu a história

de forma lúdica.

Ao organizar um espaço diferenciado na área

externa da unidade, pensamos na Instalação do Labirin-

to. Esta trazia a exposição dos trabalhos e desafiava as

crianças, as quais, ao atravessarem, reviviam a história,

produzindo novos sentidos. Outro destaque da instala-

ção foi a toca da raposa, feita numa cabana. O labirinto

trouxe prazer e desafio, em especial para uma criança

com diagnóstico de síndrome de espectro autista, que se

identificou muito com o novo espaço, o qual lhe propor-

cionou segurança e conforto.

Para fechamento do projeto, foi realizada uma ex-

posição interativa no Espaço Arte na Escola da Educação

Infantil, na Prefeitura de Indaial. A exposição foi organi-

zada de modo que as produções artísticas conversassem

com os espectadores e que estes, por sua vez, fizessem

parte da história.

Em um segundo momento, a exposição retornou

para a Unidade, e junto com as crianças, as famílias con-

templaram as experiências vividas, deixando também

suas marcas da infância, seus desejos, medos ou anseios.

Os pais participaram, deixando mensagens de reflexão

sobre este grande clássico da literatura, demonstrando

o valor das pequenas coisas da vida.

Este projeto foi apresentado no III Seminário de

Relatos de Experiências em Arte, na Câmara dos Verea-

dores de Indaial, pelas professoras Andreia Ribeiro e

Débora Ferreira. O público deste evento é constituído

pelos professores dos grupos de estudo do Arte na Es-

cola, da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.

Com o projeto “O Pequeno Príncipe”, as crianças,

os profissionais e as famílias ampliaram seu elo afetivo,

tornando-se mais parceiras entre si. As crianças tam-

bém cuidaram melhor das plantas e das flores, querendo

sempre molhar e observar seu crescimento. Ao mesmo

tempo, ampliaram suas habilidades corporais, com au-

tonomia nos diferentes desafios proporcionados. Estas

histórias, depois, ganharam vida e asas com as brincadei-

ras das crianças, que utilizaram o corpo como elemento

visual para sua imaginação.

O PequenoPríncipe

Referências:

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Diretri-

zes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/

SEB, 2009.

INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de

Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.

SAINT-EXUPÉRY, Antonie de. O Pequeno Príncipe. Tradução de Dom

Marcos Barbosa. Rio de Janeiro: Agir, 2009.

O Pequeno Príncipe. Exposição Interativa Shopping Iguatemi. Disponível

em: <http://www.opequenoprincipe.com/blog/> Acesso em: 2014

Construção dos Planetas Exposição no Espaço Arte na Escola Labirinto

Teatro: O Pequeno Príncipe e a Rosa

3736

Page 20: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Escola Básica Municipal Encano Baixo Rudolfo Alfarth

Projeto: Grupo de Percussão: “Do lixo ao som”

Turmas: 5º ao 9º ano

Professor: Jean Carlos Corrêa

E-mail: [email protected]

O projeto “Do Lixo ao Som” nasceu da necessida-

de de inserir uma nova postura social e cuidados

com o meio ambiente, favorecendo um novo

olhar para o lixo que é produzido na comunidade. A pos-

tura de reutilizar materiais, dando a eles uma maior vida

útil, confeccionando instrumentos musicais artesanais

para serem utilizados por alunos das séries finais do en-

sino fundamental com dificuldades no comportamento e

aprendizagem foi o motivo para a realização deste pro-

jeto.

“Do Lixo ao Som” foi uma iniciativa para motivar

os educandos a permanecerem mais tempo na escola,

contribuindo para resgatar o gosto de participarem ati-

vamente das atividades escolares e da comunidade.

Esse projeto, de certa maneira, estimulou os alu-

nos a cuidarem dos ambientes, destacando a importân-

cia de reutilizar o lixo produzido, por meio da separação,

sendo que hábitos rotineiros foram modificados dia a

dia, com atitudes simples, que poderiam repercutir em

outras ações.

Com essa reutilização, os educandos compreen-

deram a seleção do lixo orgânico, criando uma compos-

teira, utilizada na horta da escola, a qual também faz

parte de um projeto trabalhado já em sala, contribuindo

para a separação e classificação do lixo produzido. Fican-

do sobre responsabilidade dos educandos a escolha de

materiais para confeccionar os instrumentos posterior-

mente utilizados no grupo de percussão.

Com este projeto, bombonas de papelão viram

tambores, latas de tinta viram repiques, potes de iogurte

e latas de refrigerante viram chocalhos, latas de sardinha

tamborins e cabos de vassoura se transformam em ba-

quetas.

A escola em questão é pequena, possui poucas

instalações, está situada no Loteamento Real, no bairro

Encano Baixo. Ela acolhe 195 alunos, filhos de trabalha-

dores, com turmas do primeiro ao nono ano do Ensino

Fundamental. Essa é uma região que vem crescendo gra-

dativamente, principalmente com a migração de famílias

de diferentes regiões de Santa Catarina e de outros es-

tados brasileiros. Por ser uma comunidade com poucos

atrativos, fica mais fácil inserir os pais e familiares nas

atividades escolares.

Com o projeto “Do Lixo ao Som”, foram realizados

desfiles no bairro, divulgando o trabalho e convidando

a comunidade a participar dos vários eventos. Percebe-

mos uma grande satisfação da parte dos moradores des-

ta comunidade, ao verem seus filhos passando em frente

às suas casas, tocando instrumentos produzidos pelos

próprios alunos.

Hoje participam do Grupo de Percussão cerca de

vinte alunos, distribuídos nas turmas do quinto ao nono

ano do Ensino Fundamental.

“Do Lixo ao Som” possibilita aos alunos a explora-

ção de suas habilidades nas aulas de música, com pintu-

ras dos instrumentos musicais que são utilizados em mo-

mentos extracurriculares, com o resgate de cantigas e a

composição de arranjos, tendo como repertório músicas

folclóricas e ritmos brasileiros que são tocados e acom-

panhados pelo vocal de duas talentosas alunas, as quais

foram descobertas no projeto.

O projeto “Do Lixo ao Som” contempla os objeti-

vos propostos no Projeto Político Pedagógico da escola,

o qual orienta para que se trabalhe com valores e cuida-

dos com o meio ambiente, facilitando um trabalho con-

junto, em busca de soluções rotineiras.

A proposta de criar um grupo de percussão não

passou por um planejamento prévio. Na verdade, tudo

aconteceu muito rapidamente. A direção da escola pro-

pôs fazer algo para incentivar a prática da reciclagem.

Então, em uma aula de Arte em que estávamos traba-

lhando com som, os alunos questionaram o porquê de a

nossa escola não ter uma fanfarra. Foi a partir disso que

surgiu a ideia de criar nossa própria banda, com mate-

riais reutilizados, reaproveitando o lixo da comunidade.

Os alunos aceitaram o desafio, no mesmo mo-

mento, com muita empolgação. Começaram a trazer nas

aulas posteriores materiais garimpados em suas casas.

Tudo aconteceu muito rapidamente. Nas aulas seguin-

tes, começamos a criar os instrumentos e tentar tirar

deles sons. Logo fomos selecionando as músicas e crian-

do as melodias, inserindo ritmos das canções do folclore

brasileiro. Daí para frente, não paramos mais. Efetuou-

-se uma apresentação no Festival Literário de Indaial,

que foi um sucesso e muitos convites foram surgindo.

Apresentamos em universidades e instituições de ensi-

no do município, ocorreram desfiles e apresentações na

comunidade.

Foi aí que se percebeu a grandiosidade do proje-

to. Os alunos estavam eufóricos com a repercussão do

grupo no município. A motivação foi aumentando a cada

dia, pois criaram-se novos instrumentos e ritmos.

Para dar conta da amplitude do projeto, houve a

necessidade de se estabelecerem mais ensaios no perío-

do extracurricular. Em todos os encontros aparecia um

novo ritmo que eles criavam em casa, fazendo batucadas

com latinhas que encontravam nas ruas.

Com a grande diversidade cultural encontrada na

escola, é muito gratificante ver os alunos trazendo seus

Do lixoao som

Abertura do programa- Jóia- Uniasselvi

Ensaio e desfile no bairro

3938

Page 21: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

conhecimentos, os ritmos da sua cultura, relatando o

quê e como era feito em seus estados de origem. Tudo

isso só engrandeceu os ensaios, melhorando o projeto,

possibilitando que um fosse transmitindo para o outro

seus saberes.

Para deixar o grupo mais bonito nas apresenta-

ções, foram confeccionadas camisetas pintadas pelos

próprios alunos, em uma oficina com a temática do Boi

de Mamão, tudo com ideias e materiais trazidos por eles.

Com essa iniciativa, alunos e professores

aprenderam que, para efetuar um bom trabalho, não é

necessário muita coisa, às vezes, temos a possibilidade

do aprendizado bem ao nosso alcance, resgatando-se o

que muitas pessoas consideram não ter mais utilidade.

Essa é uma lição de valorização do reuso do que se pro-

duz todos os dias.

O lixo pode não ser para muitos o material mais

indicado e apropriado. Mas, se pensarmos nas possibi-

lidades de conquistas e ganhos futuros, no que diz res-

peito ao meio ambiente perceberemos que estamos no

caminho certo. Isso pode contribuir em termos de pre-

servação do nosso meio ambiente, mostrando que é pos-

sível, criar e recriar, tendo em vista o estabelecimento de

uma nova consciência na comunidade.

Para valorizar nossos alunos e registrar o traba-

lho desenvolvido, estamos gravando um CD com seis

músicas, o que foi possível graças a um patrocínio, o que

confirma a responsabilidade e a credibilidade deposita-

das no projeto.

Como professor e idealizador do projeto, sinto-

-me gratificado em ter proporcionado essas vivências

aos alunos. Conhecer e participar do processo de gra-

vação, para muitos, será uma experiência única. É impor-

tante salientar que nenhum trabalho é fácil. Tudo o que

fazemos tem gastos e, para concretizar nossos objetivos,

temos de arregaçar as mangas e trabalhar em busca dos

sonhos. Neste caso, não um sonho só meu, mas de toda a

comunidade envolvida.

Referências:

HUMMES, J. M. Por que é importante o ensino de música? Conside-

rações sobre as funções da música na sociedade e na escola. Revista da

ABEM, Porto Alegre, V. 11, 17-25, set. 2004.

LINO, D. L.. Música é... cantar, dançar... e brincar! Ah, tocar também!

In: CUNHA, S. R. V. (Org.). Cor, som e movimento: a expressão plástica,

musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 2005.

Gravação CD

Instrumentos com materiais reutilizados

Primeiros ensaios

4140

Page 22: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Unidade de Educação Infantil Bairro Tapajós Professora

Áurea Bonatti Merini

Projeto: Construindo Valores com a Diversidade

Turmas: 4 e 5 anos

Professoras: Andreia Garbari Tessmann

Cláudia Fátima Bartzen Porto

Silmara Klemann

E-mail: [email protected]

O Projeto Construindo Valores com a Diversidade

buscou trabalhar o reconhecimento, a valoriza-

ção e o respeito às diferentes etnias e culturas

no cotidiano das crianças. As formações oferecidas pelo

Projeto Arte na Escola Polo FURB e o V Festival Cultural

da Educação Infantil abordaram as etnias formadoras do

povo brasileiro. Estes eventos contribuíram no processo

de conhecer, descobrir, interagir, crescer e apropriar-se

de novos repertórios de forma prazerosa, rica e envol-

vente, explorando os diferentes segmentos da Arte.

Iniciamos o Projeto contando a história do livro

“Menina Bonita do Laço de Fita”, de Ana Maria Machado.

Para isso, contamos com a parceria dos pais, que confec-

cionaram fantoches usados nas dramatizações. Como a

personagem principal da história era afrodescendente,

uma criança com as mesmas características identificou-

-se com a personagem, passando a vir todos os dias com

tranças no cabelo.

De acordo com o RCNEI (1998), falar em au-

toestima das crianças pequenas significa compreender

a singularidade de cada uma delas em seus aspectos

corporais, culturais e étnico-raciais. Propomos, então, o

desafio às crianças de fazerem tranças. O resultado foi

fantástico. Além de fazerem com cordas, vinham de casa

com tranças no cabelo. Conhecemos a obra de Portinari

“Meninas com tranças e laços” estabelecendo relações

entre as imagens, de modo que as crianças fizeram a

montagem de um mosaico.

O interesse, a aceitação e a curiosidade das crian-

ças foram se intensificando dia a dia. Ainda trabalhando

com a história, as crianças criaram as meninas de várias

cores em massinha, explorando a modelagem e o tridi-

mensional. Percebe-se, assim, que, “[...] à medida que

desenvolve atividades tridimensionais, a criança vai

percebendo sua realidade física de uma forma lúdica e

construtiva, transformando o mundo e se transforman-

do por meio da imaginação, da fantasia e da criatividade”

(PILOTTO, 2007).

Para ampliar o conhecimento das crianças, pro-

pôs-se pesquisar um pouco mais sobre a origem africa-

na. Com isso, confeccionamos o Baobá, que é uma árvore

das savanas, as casas e os tambores para representar um

pouco dessa cultura. Essas estruturas tridimensionais

foram reunidas, compondo uma Instalação na entrada

da Unidade.

O projeto foi finalizado com a interação de to-

das as turmas da Unidade neste espaço. Escutar a his-

tória, tocar tambores, cantar e ouvir músicas, observar

as casas junto ao extraordinário Baobá reuniu uma rica

apreciação artística de toda a produção realizada. As

crianças compararam as casas africanas com as casas

em que moram, e se espantaram em saber que pessoas

têm suas casas dentro do tronco do Baobá. Hoje, perce-

bemos o quanto essas descobertas foram significativas

para as crianças, pois foi possível explorar com elas as

linguagens, as brincadeiras e as interações, por meio de

uma aprendizagem prazerosa.

Podemos dizer que o projeto proporcionou a am-

pliação do repertório cultural, e as crianças relataram

aos pais, colegas e professores o reconhecimento e a

importância do diferente , e da diferença. Para Brandão

(1986 apud GUSMÃO, 2000, p. 12) , essas experiências

“[...] são partes da descoberta de um sentimento que, ar-

mado pelos símbolos da cultura, nos diz que nem tudo é

o que eu sou e nem todos são como eu sou”. E isto pode

ser complementado com os dizeres do Referencial Cur-

ricular Nacional da Educação Infantil, ao expor este que:

A pluralidade cultural, isto é, a diver-

sidade de etnias, crenças, costumes, valores

etc. que caracterizam a população brasileira

marca, também, as instituições de educação

infantil. O trabalho com a diversidade e o

Construindo Valorescom a Diversidade

convívio com a diferença possibilitam a am-

pliação de horizontes, tanto para o professor

quanto para a criança. Isto porque permi-

te a conscientização de que a realidade de

cada um é apenas parte de um universo

maior que oferece múltiplas escolhas. (RC-

NEI, 1998)

Tem-se então que, na Unidade de Educação

Infantil, convive-se com as diferenças cotidianamente.

E neste ambiente de diferenças, o importante não está

simplesmente no fato de saber-se que elas existem, mas

em percebê-las e com elas conviver. Viver bem e convi-

ver, portanto, harmoniosamente, em um ambiente de di-

ferenças é a tônica que move a diversidade na educação.

Eis o que este projeto possibilitou.

Referências:

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação

Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação In-

fantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.

GUSMÃO, Neusa M. M. Desafios da Diversidade na Escola. Revista Me-

diações, Londrina, v.5, n.2, p.9-28, jul/dez, 2000.

INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de

Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.

MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. 7ª edição. São

Paulo: Ática, 2005.

PILOTTO, Silvia Duarte. Linguagens da arte na infância. Joinville: Edito-

ra Univille, 2007.

Boneca de massinha

Bonecas

Instalação

PortinariTranças e fantoches

4342

Page 23: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Escola Básica Municipal Professor Mário Bonessi

Projeto: CopArte

Turmas: 9º ano

Professora: Lidiane Aparecida Sabino

E-mail: [email protected]

A Copa do Mundo é um dos maiores eventos es-

portivos do planeta, o qual, em 2014, ocorreu

no Brasil. Diante disso, não se poderia deixar de

explorar aspectos relativos à arte que esse evento envol-

ve. Por trás de uma bola rolando no campo, por exemplo,

existe uma explosão de cores, um mundo de símbolos e

significados a serem desvendados. Os olhos não param

ao fazerem a leitura das imagens das bandeiras, unifor-

mes, organização dos estádios e também a presença dos

jogadores, técnicos e árbitros, transformando a figura

humana em escultura em movimento. Isso sem falar no

espetáculo de abertura dos jogos, o qual envolve música,

teatro, dança e as artes visuais.

Fomos impulsionados por este acontecimento tão

marcante que une o mundo às suas diversidades sociais,

políticas e culturais, e que aflorou nos estudantes o inte-

resse em aprofundar os conhecimentos em Arte pela via

da paixão pelo futebol, que é uma característica marcan-

te do povo brasileiro. Segundo Ana Mae Barbosa:

A Arte na Educação como expressão

pessoal e como cultura é um importante ins-

trumento para identificação cultural e o de-

senvolvimento individual. Através da Arte é

possível desenvolver a percepção e a imagina-

ção, aprender a realidade do meio ambiente,

desenvolver a capacidade crítica, permitindo

analisar a realidade percebida e desenvolver

a criatividade de maneira a mudar a realida-

de que foi analisada. (2010, p. 02)

Então, para dar início ao projeto CopArte, realiza-

mos um debate, cada estudante pôde expor sua opinião

sobre o que estava acompanhando nas mídias, referente

ao assunto. Após a conversa, assistimos uma apresenta-

ção do vídeo História das Copas do Mundo, que relata

fatos importantes ocorridos nos eventos anteriores e

que marcaram a história. Em um segundo momento, foi

apresentada uma série de obras da artista Leda Catunda

Serra, pintora, escultora, artista gráfica e visual e profes-

sora de artes.

Em seguida, os estudantes puderam conhecer a

artista por meio do documentário “Recortes de Leda Ca-

tunda”, da DVDteca do Projeto Arte na Escola, no qual

foi apresentada a sua técnica, que é ferramenta indis-

pensável ao seu trabalho, em que a costura e a pintura

passam a ser o foco central de sua obra.

Após análise das obras, os estudantes iniciaram o

esboço de desenhos que futuramente seriam reproduzi-

dos nas camisetas com tinta PVA plástica. Durante este

processo, os debates sobre a copa foram constantes, por

meio dos quais os alunos traziam novos fatos e curiosi-

dades sobre o evento. Realizamos também uma seção de

fotos da turma na quadra da escola, em posição de joga-

dores, para a qual os alunos pintaram seus rostos com

as cores da bandeira do Brasil e vestiram camisetas de

uniforme da seleção, montando o próprio time, ou seja,

a seleção do nono ano da Escola Básica Professor Mário

Bonessi.

A avaliação acompanhou todo o processo de

construção do aluno, para a qual considerou-se a or-

ganização dos conteúdos, a ampliação dos sentidos, a

percepção das leituras de imagem, a representação ar-

tística e criação. Sendo assim, alguns critérios foram de

grande importância, tais como os elementos de criação,

os elementos de expressão, o conhecimento do aluno e

a estética.

Para fechar com a taça de campeões, realizamos

uma exposição na Prefeitura de Indaial, na qual encon-

tra-se o Espaço Arte na Escola e também houve a par-

ticipação na Mostra de Trabalhos, realizada na própria

instituição escolar. Assim, as pessoas do bairro, da cida-

de e de outras cidades que visitam a prefeitura puderam

prestigiar e conhecer os trabalhos, bem como constatar

o potencial criativo dos nossos estudantes que, além de

desenvolverem os trabalhos com criatividade, tiveram a

oportunidade de conhecer o contexto histórico e social

da copa do mundo, assim como, conhecer obras de artis-

tas que também abordam esse tema.

CopArte

Esboço para estampas de camisetas Exposição Espaço Arte na Escola

Processo de pintura das camisetas - Secagem

4544

Page 24: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Foi por meio dos relatos no final do projeto que

se percebeu o quanto foi valioso esse processo, desde a

criação das obras até a exposição, o que possibilitou aos

estudantes sentir o que sente um artista ao ver o resul-

tado final da sua obra. Conforme declarações dos pró-

prios estudantes,

O projeto foi muito bom, é agradável

uma escola proporcionar uma exposição

cultural cheia de ideias diferentes e com

grande objetivo de expressar nossos pensa-

mentos. (Ademir / 9º Vesp)

O projeto nos ajudou a aprender no-

vidades sobre a história da copa do mun-

do, sobre jogos, uniformes antigos e até

sobre as diversas nações. Este projeto nos

fez enxergar o futebol de outro jeito, pois

não conseguíamos ver que por trás dos jo-

gos existiam tantas coisas envolvidas como

a arte, a economia, e até a união de vários

povos. (Rosilangela / 9º Vesp)

Referências:

Recortes de Leda Catunda [DVD]. DVDteca Arte Na Escola. São Paulo:

Produção SESC TV, 2001.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Perspec-

tiva, 1991.

BARBOSA, Ana Mae. Mudanças na Arte. Disponível em:

https://texsituras.files.wordpress.com/2010/04/anamae.pdf. Acesso

em: 05 maio 2014.

INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial:

Secretaria Municipal de Educação, 2012.

PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. São Paulo: Ática,

2005.

Conhecendo a artista Leda Catunda

Prof. Lidiane Sabino em visita à exposição com alunos Obras expostas com as ideias e críticas dos alunos.

Seleção de alunos produtores de arte da EBM Mário BonessiAluna orgulhosa de sua produção artística

4746

Page 25: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Unidade de Educação Infantil São Judas Tadeu

Projeto: Brincadeiras nas Obras de Ivan Cruz

Turma: 1 a 5 anos

Professora: Ana Paula Ribeiro de Sousa

E-mail: [email protected]

Ao observar as brincadeiras e os brinquedos das

crianças da turma de 5 anos, senti-me desafiada

a explorar este universo. Ao investigar, descobri

que em casa as crianças passam muito tempo diante do

televisor, computador e de jogos eletrônicos e constatei,

então, o quanto a maneira de brincar mudou.

Na Unidade, busquei reverter essa situação e

despertar o interesse e o prazer das crianças por meio

do resgate de brinquedos e brincadeiras. A Proposta

Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial

destaca, dentro do Mapa das Ações Pedagógicas, as

brincadeiras manipulativas, motoras, dramáticas e es-

truturadas, explicando que:

O eixo brincadeiras envolve uma das

atividades fundamentais para o desenvolvi-

mento integral da criança: o brincar. Com-

partilhar experiências brincando possibilita

que os envolvidos adquiram um sentido de

identidade e pertencimento. Assim, um am-

biente favorável, com tempo e materiais que

estimulem o brincar, é fundamental no de-

senvolvimento da competência social das

crianças. É a atividade principal da criança,

sendo mediadora das principais transfor-

mações que definem seu desenvolvimento.

(2012, p. 75-76)

Ao pesquisar, selecionei o artista Ivan Cruz, que

me encantou por seu trabalho revelar as brincadeiras

vividas por ele e muitos de nós na infância: “Criança que

não brinca, não é feliz, ao adulto que quando criança não

brincou, falta-lhe um pedaço no coração”. Ao ler essa fra-

se, que refletia exatamente o que eu sentia, fiquei imagi-

nando quais brincadeiras pintariam nossas crianças no

futuro.

Craidy e Kaercher (2001, p.104) destacam que,

[...] sempre que se fala em crianças, pensa-se em brin-

quedos, brincadeiras e jogos. A brincadeira é algo per-

tencente à criança, à infância. [...] O brincar é um tipo de

linguagem que a criança usa para compreender e intera-

gir consigo, com o outro, com o mundo.

Levantei o questionamento sobre o brincar para

a equipe da Unidade e propusemos o desenvolvimento

do Projeto Brincadeiras nas Obras de Ivan Cruz. Juntas,

buscamos mais informações que nos auxiliaram no pla-

nejamento, envolvendo todas as crianças de 1 a 5 anos.

Começamos a trabalhar com as crianças, apresen-

tando algumas obras do artista e sua biografia. Ao ques-

tionar a turma sobre o que representavam, disseram que

eram crianças brincando, algumas brincadeiras reconhe-

ciam, outras não. Depois, pedi que conversassem com os

Brincadeiras nas Obras de Ivan Cruz

Telefone sem fio

4948

Page 26: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

pais e lhes perguntassem do que eles brincavam. Volta-

ram para a Unidade encantadas com as brincadeiras que

aprenderam e como foi a infância de seus pais. Ouvindo

seus relatos, vi o quanto estavam surpresas em saber

que vivenciaram as mesmas culturas infantis registradas

pelo artista e que geralmente passavam boa parte do

tempo na rua e não em frente à televisão ou com outros

eletrônicos.

Além de conhecer diversas brincadeiras e brincar,

foi proposta às crianças a construção de brinquedos com

sucatas e a representação das obras do artista, de dife-

rentes maneiras, para todas as turmas.

No momento de realizar a ressignificação das

obras, cada turma escolheu duas ou três imagens. Na mi-

nha turma, trabalhei a obra “Amarelinha”, “Avião” e “Pé de

Lata”, por meio da pintura e da modelagem com massa de

biscuit, vivenciando o tridimensional. Outra turma utili-

zou a argila para representar a “Ciranda de Roda”.

Ao observar as obras do artista Ivan Cruz, uma

criança perguntou por que as suas pinturas não tinham

rosto. Antes que eu respondesse, outra falou: – Porque

assim pode ser qualquer criança. Com essa observação,

fica claro que quando visualizamos as obras nos vemos

brincando e que o brincar deve fazer parte da infância.

Vigotsky (1984 apud WAJSKOP, 2007), afirma que:

É na brincadeira que a criança

consegue vencer seus limites e passa a

vivenciar experiências que vão além de

sua idade e realidade, fazendo com que ela

desenvolva sua consciência. Dessa forma, é

na brincadeira que se pode propor à criança

desafios e questões que a façam refletir,

propor soluções e resolver problemas.

Brincando, elas podem desenvolver sua

imaginação, além de criar e respeitar regras

de organização e convivência, que serão, no

futuro, utilizadas para a compreensão da

realidade. A brincadeira permite também

o desenvolvimento do autoconhecimento,

elevando a autoestima, propiciando o

desenvolvimento físico-motor, bem como o

do raciocínio e o da inteligência.

Finalizamos o nosso projeto com exposições na

Unidade e no Espaço Arte na Escola, na prefeitura de

Indaial. Unimos a Unidade e os pais em prol de um bem

comum: apresentar às nossas crianças muitas possibili-

dades de brincar de forma simples, resgatando culturas

infantis por meio das diferentes linguagens da Arte.

As obras do artista inspiraram as crianças, que

passaram a demonstrar interesse em brincar com as

imagens que apreciaram. Pais, professores, e crianças

foram mediadores no processo de aprendizagem.

Referências:

CRAIDY, Carmem Maria; KAERCHER, Gládis Elise P. da Silva. Educação

Infantil: Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de

Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.

WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. 7ª Ed. São Paulo: Cortez, 2007.

Puxando lata Quebra-cabeçaBrincadeira de criança

Ciranda de roda

Exposição Espaço Arte na Escola

5150

Page 27: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Nome da Escola: Escola Básica Municipal Arapongas

Título do Projeto: Diferentes Formas de Arte e de Contar

Histórias

Turmas: 6º ao 9º ano.

Professoras: Patricia Regiane Tomaselli

Ema Natal

E-mail: [email protected]

Sempre que lemos uma história que nos chama a

atenção, viajamos com ela para lugares imaginá-

rios e logo damos vida a todos os personagens e

a toda a magia nela existente. O mesmo deve acontecer

quando se conta uma história para alguém: tentamos

criar um ambiente propício para encantar o espectador,

fazendo com que ele também se sinta parte dessa histó-

ria. Eu, professora de Arte, e a bibliotecária indagamos

por que não unir a Literatura e a Arte para que, juntas,

consigam exaltar a beleza e o ensinamento que uma boa

contação de história pode nos trazer?

Trabalho como professora de Arte há nove anos

na rede municipal de ensino e há três anos coordeno um

grupo de percussão musical. Todos os anos, em nosso

município, a Secretaria Municipal de Educação promove

um evento chamado: Festival Literário, do qual partici-

pam todas as escolas de ensino fundamental, apresen-

tando ou assistindo a contações de histórias. Neste ano,

o tema escolhido para o festival foi Planeta Literário,

sugerindo a troca de conhecimentos em torno de dife-

rentes culturas e a importância da conscientização am-

biental.

Diante disso, associamos o tema central com a

história por nós escolhida - A flor do orvalho, também

conhecida como Amaru e a Motanha Watapayana, ex-

traída do livro Contos e Lendas do Peru, da autora An-

tonieta Dias de Moraes. Este livro traz ensinamentos

sobre os povos que mais valorizaram a natureza, neste

caso, os povos indígenas peruanos, que muito têm a en-

sinar sobre seus antepassados e sua riquíssima cultura.

O Projeto Diferentes Formas de Arte e de Contar

Histórias teve início em março de 2014 e foi até o final do

mês de junho. Nossa escola tem 200 alunos e a diretora,

sempre muito empenhada, ajudou no que pôde, nesse

caso, providenciando os meios necessários à concretiza-

ção do projeto. Decidimos que confeccionaríamos todo

o material necessário para contar a história. Sabíamos

que seria um desafio, mas tomamos isso como uma meta

de ensino, pois contribuiria ainda mais para as aulas de

Arte, afinal, aprender a fazer é muito mais valioso do que

comprar pronto.

O principal objetivo foi mostrar aos alunos o lado

prazeroso da leitura, superando a forma convencional

de contar histórias, enriquecidas pela troca de experiên-

cias. Havia o desejo de materializar a narrativa, mostrar

que é possível transformar imaginação em realidade.

Todas as manhãs de quinta-feira, um grupo de

quinze alunos reunia-se para encontrar a melhor ma-

neira de contar determinada história. Escrevemos uma

adaptação do texto, pois a intenção era apresentar este

conto a um grande grupo de crianças cuja idade variava

entre 6 e 11 anos. Para isso, utilizou-se uma linguagem

mais fácil de ser compreendida. Foram cerca de três me-

ses de pesquisas e ensaios.

Os personagens desta história foram represen-

tados pelos alunos e um deles foi construído em forma

de fantoche, sendo articulado por duas estudantes. A bi-

bliotecária o construiu em espuma, de acordo com a ima-

gem que todos tinham dele: um senhor mais velho, que

usava um gorro na cabeça e tinha uma aparência muito

engraçada. Ela também assumiu o desafio de criar todos

os figurinos para a história, o que o fez com excelência. É

importante dizer que, no que diz respeito ao funciona-

mento da biblioteca, os alunos, em momento algum fo-

ram prejudicados, já que a biblioteca da escola funcionou

normalmente.

Enquanto isso, íamos sempre trocando ideias.

Comentávamos sobre os animais nativos do Peru e, en-

quanto se confeccionavam os ponchos, pesquisávamos

sobre como construir um jaguar e um condor, reutili-

zando-se materiais. Durante o processo da construção,

convidamos alguns alunos para participarem deste mo-

mento. Aos poucos, as formas foram surgindo. E assim

apareceram lindos animais, feitos de jornais, cola e tintas

diversas. Percebemos que quanto maior o número de

alunos envolvidos, mais significativos seriam os resulta-

dos. Neste sentido, envolvemos quatro turmas de 6º ao

9º ano, cada qual responsável por uma parte do trabalho.

A turma do 6º ano contribuiu com a decoração

e o cenário. Durante as aulas de Arte, conheceram um

pouco mais sobre a América Latina e criaram pequenas

esculturas, simbolizando a cultura deste povo. Um gru-

po se dispôs a desenhar e pintar um grande painel com

uma imagem que lembrava as montanhas peruanas. Este

cenário foi utilizado como decoração e fez parte da con-

tação da história. Aprenderam também a fazer uma re-

ceita mexicana, o guacamole.

A turma do 7º ano, por sua vez, aprofundou-se

mais no conhecimento da região do Peru. Aprenderam

músicas e coreografias que se relacionam com este tema.

Posteriormente, o canto e a dança também fizeram par-

te da história. A maior parte dos alunos que participou

da contação de histórias era desta turma.

Os alunos do 8º ano representaram os povos indí-

genas peruanos por meio de pinturas e colagens criadas

para exaltar a relação de respeito que deve existir entre

o homem e a natureza. Além disso, estes alunos pesqui-

saram dois artistas no material EcoArt: Antônio Henri-

que Amaral e Siron Franco, que têm seu trabalho basea-

do na ideia de preservação do meio ambiente e usam a

arte para denunciar a falta de respeito com a natureza.

O 9º ano contribuiu com a construção de um

instrumento musical: o cajon, que nos auxiliou fazen-

do a sonoplastia da apresentação. Além disso, outros

instrumentos foram acrescentados, como o ukulelê e o

chocalho. Pesquisamos também, no decorrer das aulas,

o artesanato produzido pelos povos indígenas da Amé-

rica Latina. Um dos escolhidos pela turma foi o filtro dos

sonhos e este foi confeccionado e integrado ao cenário

da história.

Diferentes Formasde Arte e de

Contar Histórias

Colagens 8º ANO Filtro dos Sonhos - 9 ANO Guacamole e painel mexicano com apresentação musicalCondor e Jaguar

5352

Page 28: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Simultaneamente, ensaiaram-se com o grupo da

fanfarra os ritmos de origem latina e estes foram apre-

sentados na contação de histórias.

Os primeiros a assistirem à apresentação foram

os anos iniciais da nossa escola, que ficaram muito feli-

zes com o que viram e logo foram perguntando quando

eles também poderiam contar histórias desse jeito. De-

pois, levamos o grupo para o Festival Literário, como já

era programado. Neste evento, puderam apresentar-se

para todos os alunos dos anos iniciais da rede municipal

e para os visitantes. O resultado foi muito gratificante e

percebia-se nos olhinhos e na reação das crianças o en-

cantamento e o aprendizado obtido com a história apre-

sentada.

Assim, as músicas instrumentais, o canto, o teatro,

a dança, a criação de figurinos, os fantoches e a produção

de cenários tornaram-se fundamentais para a ampliação

de repertórios de todos os envolvidos. Podemos dizer

que foi por meio de um conto peruano que surgiram

diferentes formas de arte e de contar histórias. As pro-

duções artísticas dos alunos foram expostas no Espaço

Arte na Escola, na Prefeitura de Indaial, e apresentadas

na mostra interna da escola.

Com força de vontade e muita criatividade, con-

seguimos fazer tudo que foi planejado para a apresen-

tação, porém algo mais aconteceu: o fato de não pos-

suirmos condições financeiras favoráveis nos levou a

construir mais do que suportes materiais; nos fez cres-

cer como educadoras e gerar conhecimentos significati-

vos para nossos alunos.

Ao finalizar este projeto, só nos restou o desejo

de começar tudo novamente, de buscar novas histórias,

de reinventar práticas pedagógicas, pois sabemos que

são momentos como estes que ficam marcados na vida

destes jovens. Ao mesmo tempo, podemos afirmar que

unir a arte e a literatura é dar vida à imaginação.

Referências:

MORAES, Antonieta Dias de. Contos e Lendas do Peru. São Paulo: Mar-

tins Fontes 2001.

CALDIN, Clarice Fortkamp. O bibliotecário, a criança e a literatura in-

fantil: algumas ponderações. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina.

Santa Catarina, v. 6, n. 1, p.111-128, 2001.

ECO ART. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/ecoart/>. Acesso em:

15 abril 2014.

INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial.  Indaial:

Secretaria Municipal de Educação, 2012.

Dança Peruana

5554

Page 29: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Unidade de Educação Infantil Polaquia

Projeto: Vinicius de Moraes: de cinco a cem...

Turma: 5 anos

Professora: Adelir Aparecida Quintino Zimmermann

E-mail: [email protected]

O Festival Cultural da Educação Infantil, inserido

no calendário da Secretaria de Educação que

faz parte das propostas pedagógicas das unida-

des, em sua IV edição, trouxe como tema “Cem Anos de

Vinicius de Moraes”.

Para melhor envolver as crianças nesse contexto

e nas linguagens da Arte, foi apresentada a história de

vida, as músicas e poesias criadas por este poeta e com-

positor brasileiro, além de ser sugerida a confecção do

“Porta Poesias” - álbum que documenta as criações do

homenageado.

Os registros foram feitos por meio da escrita e

do desenho, e este conteúdo foi ganhando sentido, mo-

vimentou-se e incorporou-se ao tempo e aos espaços

do ambiente. Ouvir Vinicius de Moraes, em diferentes

vozes, durante conversas, desenhos e brincadeiras, tor-

nou-se prática comum. Isso inspirou-nos à realização de

um sarau no dia do “Circuito Especial”- um evento cul-

tural, previamente agendado no calendário da unidade.

O ambiente foi carinhosamente preparado pelas

crianças que confeccionaram lindos castiçais de garrafa

PET. Sob a luz de velas e o aconchego do ambiente, os fa-

miliares puderam apreciar as obras do grande poeta nas

vozes dos seus pequenos.

Ao explorar as linguagens poética e musical nas

obras do artista, eis que surge na música “A Casa”, uma

bela oportunidade para demonstrar às crianças a tridi-

mensionalidade na Arte. Adentramos, portanto, o mun-

do da representação e a criança recebe o convite de

construir uma casa com a colaboração dos familiares.

Na data estabelecida para a entrega, um grande

temporal atinge a região, comprometendo as estradas.

O transporte coletivo não consegue acesso ao Morro da

Polaquia, tendo de ser substituído por automóveis. Uma

grata e bela surpresa: cada carro que chegava à unidade

transportava não somente crianças, mas casas de todos

Vinicius de Moraes: de cinco a cem...

Coleta de resíduos da natureza Instalação

os tamanhos e formas. Que maravilha!

Construídas em papelão, isopor, madeira e pali-

tos, demonstraram a criatividade e as diversas possibi-

lidades encontradas pelas famílias para contribuir com

a proposta. A dedicação com este fazer e o número ex-

pressivo das famílias que participaram, trouxe particu-

larmente a mim, professora, um sentimento de surpre-

sa e magia. Mais que uma tarefa executada, a atividade

mostrou as possibilidades de envolvimento, responsabi-

lidade, participação e desejos compartilhados entre as

famílias e a unidade.

Como complementação deste fazer artístico e

também como forma de agradecimento pelo envolvi-

mento das famílias, uma exposição do trabalho foi pla-

nejada e organizada nas rodas de conversa. Uma criança

sugeriu que construíssemos uma estrada bem grande.

Mas por onde seguir com esta construção? Que mate-

riais utilizar?

O movimento Land Art, expressão que pode ser

traduzida como “Arte da Paisagem” ou “Arte Terrestre”,

foi a resposta encontrada por meio do site EcoArt, su-

gestão obtida na formação Arte na Escola.

Novamente contando com a colaboração das fa-

mílias, as crianças seguem com uma nova pesquisa do

tema. Os comentários foram chegando, mesmo antes

do tempo previsto. V. falou das obras feitas com areia.

W. disse que a irmã digitou e ele clicou nas imagens e a

que mais chamou sua atenção foi a de um “caracol” feito

em cima da água, despertando bastante curiosidade nas

crianças. L. trouxe imagens impressas em uma pasta e

imagens digitais em DVD para socializar com os amigos.

Durante a apreciação das representações das

obras, foi selecionada a imagem “Plataforma Espiral”

(SpiralJetty), de Robert Smithson (1970), construída

no Grande Lago Salgado, em Utah, nos Estados Unidos,

como fonte de inspiração.

Para aguçar o olhar sensível à beleza artística, um

passeio foi realizado pela redondeza e, na natureza, foi

encontrada a matéria-prima a ser utilizada na constru-

ção do trabalho: folhas de coqueiro, cacho de coco seco,

galhos e folhas diversas, que foram coletados e levados

até a unidade, com muito esforço e criatividade dos pe-

quenos, que aproveitaram as folhas de coqueiro para se

protegerem do sol.

5756

Page 30: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Plataforma Espiral de Robert Smithson -1970 Sarau Cultural

Construção do fazer artístico

Durante o passeio, L. sugeriu que pintássemos

todo esse material com as cores do arco-íris. Como nem

todas as cores eram conhecidas pelas crianças, surge

uma nova oportunidade de pesquisa. As cores e misturas

conquistam a atenção do momento e o laranja, o anil e o

violeta são descobertos. A sala foi transformada durante

boa parte do tempo em oficina de pintura.

Finalmente, chegou o grande dia da exposição,

mas como o fazer artístico depende, necessariamente,

de um bom tempo climático, tudo foi realizado e regis-

trado durante a semana e apresentado aos pais com o

auxílio de fotos e vídeo, no dia 31 de agosto, quando a

unidade estava em festa.

Posso afirmar que este projeto contemplou a pre-

sença da Arte enquanto processo vivido e marcado na

experiência corpo inteiro, conforme Moreira (2002). Por

meio dos relatos das crianças e pais, identifiquei o quan-

to deste fazer artístico integrou e movimentou a rotina

da unidade e também das famílias. Eles comentaram que,

para a realização da tarefa, buscaram ajuda de amigos,

parentes e vizinhos. Enfim, juntos traçamos o roteiro e

embarcamos numa viagem rumo ao desconhecido. Com

direito a estranhamentos e incertezas, experimentamos

e vivenciamos momentos com a Arte em sua totalidade.

Referências:

MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: a educação do

educador. 9. ed. São Paulo: Loyola, 2002.

BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: Editora C/Arte,

1998.

CAMPOS, Neide Pelaez. A construção do olhar estético-crítico do

educador. Florianópolis: Editora da UFSC, 2002.

INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de

Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.

MOREIRA, Roseli. O tridimensional: dimensões para arte e educação.

Blumenau: Nova Letra, 2012.

OSTETTO, Luciana Esmeralda. Arte, Infância e formação de professo-

res: Autoria e transgressão. 7ª Ed. Campinas: Papirus, 2011.

TIRIBA, Lea. Crianças na natureza. Disponível em:

<portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task...>Acesso em: 17

jun.2013.

5958

Page 31: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Escola Básica Municipal Juvenal Carvalho

Projeto: Vida e Identidade

Turmas: 4º e 5º ano

Professora: Maria Aparecida Laemmel

E-mail: [email protected]

Ao responder a uma demanda de alunos que vem

de diferentes regiões de Santa Catarina e outros

estados, discutimos assuntos muito próximos da

realidade da nossa escola, a exemplo do preconceito, da

diferença social e do racismo, contemplados nos temas

transversais. Para isso, utilizamos um dos indicadores

de aprendizagem de nossa Proposta Curricular , a arte

indígena.

Durante as pesquisas sobre as etnias indígenas,

ficamos encantados com as maneiras de estes pintarem

o corpo com tanta pureza. Resolvemos, então, delimitar

uma parte importante da comunicação indígena, a pintu-

ra corporal.

Pela compreensão da cultura indígena brasileira

e sua forma de comunicação com a pintura corporal foi

possível mostrar aos alunos como os indígenas viveram

e vivem e como produzem sua arte, respeitando seus há-

bitos e costumes.

Durante as aulas, discutimos sobre a arte indí-

gena, explorando a cultura e seus diversos modos de

produção junto aos elementos da visualidade. Fizemos

modelagem de alguns potes de artesanato com cerâmi-

ca, refletimos acerca de conceitos e características, in-

serimos alto e baixo relevo. Com isso, percebemos dife-

rentes maneiras de executar a cestaria e com recorte e

colagem construímos máscaras.

Nesse processo, ressaltamos a importância da

teoria das cores, através da pesquisa dos pigmentos

naturais e das cores quentes e frias. Exploramos a for-

ma com a simetria e assimetria. Conhecemos costumes,

música, dança, culinária, festas e aprendemos sobre a

bodyart.

Com o vídeo do antropólogo Darci Ribeiro, apro-

fundamos nossos conhecimentos sobre a cultura indíge-

na. Descobrimos que na pintura corporal ou no grafis-

mo indígena cada etnia tem sua própria representação.

Pintam o corpo para enfeitá-lo, para defendê-lo contra

o sol, os insetos e os espíritos maus. Cada tribo e cada

família desenvolve padrões de pintura fiéis ao seu modo

de ser. Os desenhos percebidos na pintura corporal são

retirados da vivência dos índios com a natureza, como

nas plantas do cipó escada, folhas do açaí ou dos animais,

como o peixe, o jacaré, a serpente, a formiga saúva, o ca-

ramujo entre outros. Ouvimos músicas indígenas, canta-

das por crianças.

Pesquisamos no site do Projeto Arte na Escola a

coleção Eco Art e, a partir da leitura das obras dos artis-

tas Victor Hugo Arazabal - “Amazônia” e Siron Franco-

“Animais em Extinção”, passamos à produção artística.

Preparamos desenhos sobre a pintura corporal

e as peles de animais em extinção. Chegamos à pintura

final com as cores simbólicas e a relação com a natureza.

Exploramos a materialidade utilizando diferentes supor-

tes, como telhas que ganharam cores e linhas. A duração

deste projeto foi praticamente de um bimestre, aproxi-

madamente dezesseis aulas.

Alguns alunos avaliaram o percurso do trabalho

com depoimentos, a exemplo dos que seguem:

Vidae Identidade

Produção Artística

6160

Page 32: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Eu aprendi que os índios são pessoas

especiais. Eu achei os trabalhos de arte in-

dígena espetaculares! Valeu a pena fazer

tantos trabalhos até chegar no final. Apren-

di que os índios conversam com os espíritos

e fazem seu grafismo igual pele dos animais.

(Dennis Zandoná – 4º ano 1).

Eu aprendi que os índios são pessoas

importantes. Eu não sabia que eles podiam

se comunicar através de suas pinturas cor-

porais. (Yohana G. Camargo – 4º ano 1).

Eu aprendi que devemos tratar bem os

índios, porque eles são seres humanos iguais

a nós, mas com jeito de viver diferente. Tam-

bém aprendi que os índios são exemplos

para nós, ao cuidar da natureza. Minha avó

é índia, nascida em José Boiteux – SC. (Carla

Thauane de Zeferino – 4º ano 2).

O Projeto Vida e Identidade foi exposto no Es-

paço Arte na Escola, situado na Prefeitura de Indaial e

apresentado na Mostra Interna Escolar. Além de painéis,

em uma estrutura vertical, com mesas circulares em

MDF, as produções artísticas, em telhas doadas pela di-

retora da Unidade de Ensino e pintadas com tinta PVA,

foram cuidadosamente colocadas, criando um ambiente

de beleza e mistério.

Referências:

CARVALHO, Ricardo Artur Pereira de. Grafismo Indígena: Compreenden-

do a representação abstrata na pintura corporal Asurini. Projeto de conclu-

são de curso em Desenho Industrial – Comunicação Visual. Disponível em:

http://www.ricardoartur.com.br/GrafismoIndigena.pdf Acesso em 17 maio

2015.

GOMES, Denise Maria Cavalcante. Cerâmica Arqueológica. Vasilhas da

Coleção Tapajônica MAE-USP. São Paulo: FAPESP/EDUSP/Imprensa Ofi-

cial de São Paulo, 2002.

ECO ART. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/ecoart/>. Acesso em:

12 mar. 2014.

INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial.  Indaial:

Secretaria Municipal de Educação, 2012.

VILLAS BOAS. Arte Indígena. Disponível em:

<http://br.images.search.yahoo.com/yhs/search;_ylt=A0LEVjlxEjFVm-

tIA9i0f7At.;_ylu=X3oDMTBsa3ZzMnBvBHNlYwNzYwRjb2xvA2JmM-

QR2dGlkAw--?_adv_prop=image&fr=yhs=-iry-fullyhosted003_&va-

villas+boas+arte+indigena&hspart=iry&hsimp=yhs-fullyhosted_003 >.

Acesso em: 17 abril 2015.

Recortes de Leda Catunda [DVD]. DVDteca Arte Na Escola. São Paulo:

Produção SESC TV, 2001.

Pajerama [DVD]. Ministério da Cultura. Brasil: Glaz Entretenimento,

2008

Grafismo e Pinturas Indígenas [Vídeo]. Disponível em: https://www.youtube.

com/watch?v=88LFzg7bLKM Acesso em: 17 abr. 2015.

Índios no Brasil. 1. Quem são eles? [vídeo]. Brasil: TV Escola/MEC/Vídeo nas

Aldeias, 2000.

Disponível em: http://www.videonasaldeias.org.br/2009/video.php?c=83

Acesso em: 17 abr. 2015.

Mistura e Invenção Aspectos da Cultura Brasileira – Darci Ribeiro [vídeo].

Brasil: Itaú Cultural, 2009. Disponível em: https://www.youtube.com/wa-

tch?v=SszH1iNUm3U Acesso em: 17 abr. 2015.

Apreciação no Espaço Arte na Escola

Produção Artística

Estrutura Vertical

Visita ao Espaço Arte na Escola

6362

Page 33: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

Unidade de Educação Infantil Carijós

Projeto: São Tantas Emoções

Turmas: 4 anos

Professora: Loreni Graziela Bittelbrunn

e a relacionar-se com as pessoas, em diferentes ambien-

tes. Neste caso, propor brincadeiras que desenvolvam o

lado afetivo de maneira lúdica e prazerosa, abordando a

Arte, é essencial na Educação Infantil. Neste momento,

há um salto qualitativo no nível de interação, levando-se

em conta que a linguagem oral está mais desenvolvida.

Assim, os pequenos expressam seus desejos, ideias e

sentimentos, colaborando de maneira ativa para desen-

volver qualquer proposta nos espaços da Educação In-

fantil. Ao mesmo tempo, é preciso ter ciência de que:

A função da Educação Infantil com-

preende duas ações indissociáveis: Cuidar e

Educar. O cuidar envolve as ações afetivo-e-

mocionais entre adultos e crianças que par-

tilham os espaços aprendentes das Institui-

ções de Educação Infantil. O educar envolve

as ações sistematicamente planejadas, fo-

cadas em objetivos que visam à ampliação

do repertório cultural das crianças. No en-

tanto, não são ações estanques, são interde-

pendentes. (FRANCISCO, 2012, p. 6).

Nesse sentido, desenvolver propostas criativas e

prazerosas juntamente com as crianças é um dos meios

para que cresçam de forma integral. Ao partir da pro-

blemática que focava a necessidade de trabalhar sen-

timentos como raiva, amor, felicidade, medo e tristeza,

iniciamos um diálogo para identificar o que as crianças

pensavam sobre desenvolver brincadeiras que conse-

guissem explorar tais emoções.

Para a escolha do nome do projeto, optou-se por

realizar uma votação, pois tínhamos dois nomes: “Viven-

ciando as Emoções” e “São Tantas Emoções”. Este último,

baseado no nome de uma música de Roberto Carlos, que

havíamos escutado várias vezes. Por fim, “São Tantas

Emoções” foi o nome escolhido pela maioria do grupo.

Diferentes linguagens da Arte estiveram presen-

tes neste projeto, por meio da pintura, da dança, da dra-

matização e do desenho, elaboradas a partir de algumas

imagens. Após conhecerem algumas obras de Van Gogh,

as crianças realizaram autorretratos; na dança, protago-

nizaram personagens a partir da canção “O cravo brigou

com a rosa”; dançaram com a música “Emoções”, de Ro-

berto Carlos, e, na dramatização, com o jogo teatral, imi-

taram faces tristes, felizes, amedrontadas e com raiva.

Todas as linguagens da Arte contribuem para o

desenvolvimento integral e, ao serem abordadas nas

propostas da Educação Infantil, tendem a instigar o sen-

so de criatividade e imaginação e ampliar o repertório

cultural de cada criança. De acordo com Pillotto (2007,

p. 21), “[...] a criação baseada nas linguagens da arte con-

tribui para as construções e vínculos afetivos da criança,

ao mesmo tempo em que lhe permite flexibilidade e inte-

resse no engajamento em atividades sociais e culturais”.

O trabalho diário desenvolvido na unidade com

este projeto foi significativo. As crianças tiveram a opor-

tunidade de vivenciar experiências estéticas e artísticas

como desenhar, observar imagens de algumas obras de

arte, pintar com tinta guache, papéis e o corpo, modelar

esculturas, ouvir e dançar ao som de boas músicas.

Oferecemos uma experiência em que as crianças

se expressaram por meio do desenho e da pintura na

tenda plástica, estrutura grande, transparente, que foi

pendurada, na qual as crianças pintaram com diferentes

materiais. Confeccionamos almofadas da felicidade, o

que levou a fazer a festa da chuva de jornal picado. Cons-

truímos um túnel com madeira e papel pardo que, ao ser

explorado, oferecia texturas diferentes no chão, no qual

as crianças passaram de olhos vendados.

Toda semana era feita uma roda de conversa para

avaliar se as crianças estavam gostando das propostas

e o que poderia ser feito de diferente. Neste momento,

eram apresentadas as brincadeiras que seriam realiza-

das. As etapas de desenvolvimento do projeto passaram

por um planejamento prévio, levando em consideração

a aceitação das atividades por parte da turma. Neste

processo, foram feitas perguntas, como por exemplo: O

que te deixa triste? Assim, as crianças foram relatando o

que as deixava tristes, da mesma maneira com os demais

sentimentos abordados (raiva, medo, felicidade). Para

complementar as discussões e reflexões, com o auxílio

dos pais, pesquisaram o assunto em revistas, jornais, in-

ternet, para associarem os sentimentos que por vezes

temos, em relação às notícias e à vida cotidiana.

Como forma de registro, fizemos um portfólio,

chamado de “Livro das Emoções”, confeccionado com a

turma, com intuito de registrar as vivências e reflexões

do processo. Toda semana, uma criança levava o livro

para casa e seus familiares participavam da sua confec-

ção, atentos no que estava acontecendo. O livro ficava

exposto para que cada criança o pegasse a qualquer mo-

mento para olhar ou até mesmo fazer algum desenho.

Desta forma, percebiam seu desenvolvimento por meio

de fotos e textos lidos por mim.

Outras turmas da Unidade integraram-se ao pro-

jeto nas mostras de trabalhos, nas danças e nas drama-

tizações. Muitas foram as conquistas, sendo algumas

delas a harmonia da turma e a percepção dos sentimen-

Homenagem Póstuma 20/07/1981

11/10/2014

São TantasEmoções

O Projeto São Tantas Emoções foi realizado nos

meses de março a abril de 2012, com a turma

de quatro anos. Teve como principal objetivo

contemplar propostas que envolvessem as linguagens

da arte, de diferentes maneiras, estabelecendo relações

com os sentimentos de cada criança envolvida.

Trabalhar aspectos afetivos na Educação Infantil

é fundamental. Aos quatro anos de idade as crianças es-

tão em pleno desenvolvimento, aprendendo a interagir

Grazi

Livro das Emoções

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Page 34: Prefácio É com orgulho e alegria que publicamos a II

tos abordados. Em alguns momentos, na sala de aula, po-

de-se observar crianças brincando com livros e fazendo

comentários pertinentes: “olha, profe, essa menina da

história tá triste, né?” Então, questionando por que ela

estaria triste, prontamente a criança respondeu: “Tem

lágrimas no rosto dela”.

As crianças vivenciaram momentos únicos, par-

ticipando ativamente das reflexões com a professora. A

Arte foi fundamental para que expressassem com tran-

quilidade e diversão cada momento.

Este projeto foi apresentado para os professores

que participavam do Grupo de Estudos do Projeto Arte

na Escola, na FURB – Universidade Regional de Blume-

nau, no I Seminário de Relatos de Experiências na Câma-

ra de Vereadores de Indaial. Os registros deste projeto,

realizados por meio de fotos, vídeo e do Livro das Emo-

ções foram expostos no Espaço Arte na Escola – Educa-

ção Infantil, na Prefeitura de Indaial.

Referências:

INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de

Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.

PILLOTTO, Silvia Sell Duarte. Linguagens da Arte na Infância. Joinville:

Univille, 2007.

FRANCISCO, Adilson de Angelo Lopez. Faz tempo que você é velhinho? Das

memórias do vivido nos encontros e encantamentos com a rede de educa-

ção infantil de Gaspar. Revista Infância. Ano I, nº 1, fev, Secretaria Munici-

pal de Educação, Gaspar/SC, 2012.

Túnel das sensações

Almofada da felicidade - picando jornais

Túnel das sensações

Tinta e bolinha de papel para expressar a raiva

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