boletim de economia 8 out2011 completo

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Conjuntura Econômica em Foco A NOVA POLÍTiCA iNDuSTRiAL: AVANÇOS E LimiTES Temas Setoriais DESEmPENhO DAS gRANDES EmPRESAS DE CAPiTAL AbERTO NO PRimEiRO SEmESTRE DE 2011: RENTAbiLiDADE Em quEDA E CAixA REfORÇADO Julio Sergio Gomes de Almeida Luis Fernando Novais Anexo Estatístico BOLETIM DE ECONOMIA 8 outubro de 2011 GRUPO DE ECONOMIA / FUNDAP www.fundap.sp.gov.br

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FUNDAP ECONOMIA ESTATISTICA

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Page 1: Boletim De Economia 8 Out2011 Completo

Conjuntura Econômica em FocoA NOVA POLÍTiCA iNDuSTRiAL:

AVANÇOS E LimiTES

Temas SetoriaisDESEmPENhO DAS gRANDES EmPRESAS DE

CAPiTAL AbERTO NO PRimEiRO SEmESTRE DE 2011: RENTAbiLiDADE Em quEDA E

CAixA REfORÇADOJulio Sergio Gomes de Almeida

Luis Fernando Novais

Anexo Estatístico

BOLETIM DE ECONOMIA 8outubro de 2011

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2 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011

Governador do estadoGeraldo Alckmin

secretário de Gestão PúblicaJulio Semeghini

Fundação do desenvolvimento administrativo (FundaP)

diretor executivoGeraldo Biasoto Junior

GruPo de economia / FundaPLuis Fernando Novais (coordenador)

Mario Roque BoniniRafael Fagundes Cagnin

Ivan MarangoniTalita Miranda Ribeiro

Waldomiro PechtMaria Cristina Penido de Freitas (consultora)

técnicoJosé Roberto Rodrigues

estagiáriosCristiano Augusto Galdino

Erick Santos da CunhaRodrigo Hoefler Latrequia Thiago Gonçalves Amaral

Fundação do desenvolvimento administrativo, Fundaprua cristiano viana, 42805411-902 são Paulo sPtelefone (11) 3066 5500

www.fundap.sp.gov.br

eQuiPe de ediçãocoordenação editorial

Laís C. C. M. Nabuco de Araújo

capa , Projeto Gráfico,editoração eletrônica e revisão

Newton Sodré

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3BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011

APRESENTAÇÃO

O boletim de economia é uma publicação mensal do Grupo de Economia da Fundap. Com-posto de três seções (conjuntura econômica, um estudo sobre temas setoriais e anexo estatístico), o Boletim aborda temas de interesse do setor público.

Nesta oitava edição, o artigo da seção de conjuntura faz uma breve análise da nova política industrial, consubstanciada no Plano Brasil Maior, lançado pelo governo Dilma em agosto de 2011, enquanto o estudo setorial analisa o desempenho das grandes empresas de capital aberto no primei-ro semestre de 2011.

SumáRiO

Conjuntura Econômica em Foco [p. 5]A NOVA POLÍTiCA iNDuSTRiAL:

AVANÇOS E LimiTES

Temas Setoriais [p. 13]DESEmPENhO DAS gRANDES EmPRESAS DE CAPiTAL AbERTO NO

PRimEiRO SEmESTRE DE 2011: RENTAbiLiDADE Em quEDA E CAixA REfORÇADO

Julio Sergio Gomes de Almeida Luis Fernando Novais

Anexo Estatístico [p. 25]

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5BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 conjuntura econômica em foco

A NOVA POLÍTiCA iNDuSTRiAL: AVANÇOS E LimiTES

Grupo de Economia / Fundap

Este artigo tem por objetivo fazer uma breve análise da nova política industrial, consubstan-ciada no Plano Brasil Maior (doravante PBM), lançado pelo governo Dilma em 2 de agosto de 2011.

O lançamento do PBM foi sem dúvida oportuno, já que o setor industrial não vive um bom mo-mento. O indicador mais sucinto − e também mais revelador − disto é que a produção no setor não voltou a crescer desde o auge anterior à grande crise internacional em setembro de 2008 – uma crise que causou forte declínio da indústria, seguido de uma recuperação ao longo de 2009 e em parte de 2010 que apenas recolocou o nível de produção no padrão anterior à crise. Assim, considerando esses dois movimentos, na média dos últimos três anos a indústria brasileira virtualmente não saiu do lugar.

Um verdadeiro colapso de competitividade dos setores produtivos nacionais responde pela estagnação industrial, resultante da valorização de nossa moeda, aliada a uma intensificação sem precedentes da concorrência mundial por mercados dinâmicos, como é o mercado brasileiro. Essa trajetória da indústria é fundamental para explicar a desaceleração do PIB brasileiro ao longo deste ano. Ademais, os atuais sinais de agravamento do quadro financeiro e de crescimento econômico das economias mais industrializadas carregam ainda mais um ambiente que, para a economia brasileira, já se mostrava desfavorável pelo fraco desempenho industrial.

É nesse contexto que um aspecto fundamental do PBM é o fato de que, por meio dele, o novo governo dá uma demonstração de que atribui ao setor industrial papel decisivo na promoção do desenvolvimento brasileiro. Daí o seu empenho em transformar em ações relevantes os três pilares sobre os quais se apoia a nova política industrial: (a) ampliação dos estímulos ao investimento e à ino-vação; (b) adoção de medidas para a área do comércio exterior; e (c) ações para a defesa da indústria e do mercado interno.

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6 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011conjuntura econômica em foco

Este texto se organiza da seguinte forma. Após esta breve introdução, expõe-se o diagnóstico do governo acerca das perspectivas da indústria brasileira − nos termos do próprio texto do PBM − e as suas principais metas. Em seguida, um quadro organiza as principais medidas do PMB, nas três principais frentes supracitadas. Por fim, tecem-se reflexões acerca dos principais méritos e limitações do plano.

A visão subjAcente Ao plAno e As metAs estAbelecidAs

O PBM estabelece a política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior a ser adotada ao longo do período do novo governo (2011 a 2014). Seu foco parte da ideia de que, com “o estímulo à inovação e à produção nacional para alavancar a competitividade da indústria nos merca-dos interno e externo, o país se organiza para dar passos mais ousados em direção ao desenvolvimen-to econômico e social”, como referido no próprio documento.

Com o lançamento do PBM, o atual governo dá continuidade aos dois planos anteriores do mandato do presidente Lula: a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior, PITCE (2003-2007), e a Política de Desenvolvimento Produtivo, PDP (2008-2010).

A seguir, faz-se um resumo da visão subjacente ao PBM e de suas principais metas, tendo por base documentos oficiais, especialmente o documento “Plano Brasil Maior 2011/2014 – Inovar para Competir, Competir para Crescer”.

O PBM elenca seis aspectos vistos como oportunos para a indústria brasileira:• um mercado interno grande e dinâmico, com capacidade de sustentar o crescimento mes-

mo no contexto de crise dos países desenvolvidos;• condições favoráveis do mercado de commodities no curto e médio prazos que possibilitam

a manutenção do superávit da balança comercial;• presença de um conjunto de empresas, com potencial inovador no Brasil, com capacidade

de liderar o processo de modernização produtiva;• acúmulo de competências científicas com potencial para desenvolver produtos e serviços

com alto conteúdo tecnológico;• abundância de recursos naturais, de domínio tecnológico e de capacidade empresarial em

energias renováveis e na cadeia de petróleo e gás; e• utilização das compras públicas e dos grandes eventos esportivos para alavancar novos

negócios e tecnologias.Por outro lado, aponta como desafios:• intensificar o desenvolvimento tecnológico da indústria de transformação;• combater os efeitos da “guerra cambial” e das incertezas do cenário internacional;• enfrentar o acirramento da concorrência internacional nos mercados doméstico e ex-

terno;• aprofundar o investimento em infraestrutura física; e• impulsionar a qualificação profissional em níveis técnico e superior, com destaque para a

ampliação das engenharias.Em consonância com esse diagnóstico, são quatro os objetivos estratégicos definidos pelo

Plano:

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7BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 conjuntura econômica em foco

• desenvolvimento sustentável: por meio da inovação e do investimento como motor para ampliar a competitividade, sustentar o crescimento e melhorar a qualidade de vida;

• ampliaçãodemercados: diversificando as exportações e promovendo a internacionaliza-ção das empresas brasileiras; elevando a participação nacional nos mercados de tecno-logias, bens e serviços para energias; e ampliando o acesso a bens e serviços para a população;

• adensamentoprodutivoe tecnológicodascadeiasdevalor: ampliando o valor agregado nacional; elevando a participação dos setores intensivos em conhecimento; fortalecendo as micro, pequenas e médias empresas (MPME); e produzindo de forma mais limpa;

• criaçãoefortalecimentodecompetênciascríticas: ampliando o investimento fixo; elevando o dispêndio empresarial em P&D; e aumentando a qualificação dos recursos humanos.

Os objetivos estratégicos desdobram-se em um conjunto de 10 metas quantitativas, a serem alcançadas no período de vigência do Plano – isto é, até 2104. São elas:

• ampliar o investimento fixo, em percentual do PIB: de 18,4% (2010) para 22,4% em 2014;• elevar o dispêndio empresarial em P&D, em percentual do PIB: de 0,59% (2010) para 0,90%

em 2014;• aumentar a qualificação de RH, em percentual de trabalhadores da indústria com, pelo

menos, nível médio: de 53,7% (2010) para 65,0% em 2014;• ampliar o valor agregado nacional, por meio do aumento da relação entre o Valor da Trans-

formação Industrial e o Valor Bruto da Produção (VTI/VBP): de 44,3% (2009) para 45,3% em 2014;

• elevar o percentual da indústria intensiva em conhecimento; VTI da indústria de alta e mé-dia-alta tecnologia/VTI total da indústria: de 30,1% (2009) para 31,5% em 2014;

• fortalecer as MPME, aumentando em 50% o número de MPME inovadoras: de 37,1 mil (2008) para 58,0 mil em 2014;

• produzir de forma mais limpa, diminuindo o consumo de energia por unidade de PIB indus-trial – consumo de energia em tonelada equivalente de petróleo (TEP) por unidade de PIB industrial: de 150,7 TEP/R$ milhão (2010) para 137,0 TEP/R$ milhão em 2014;

• diversificar as exportações brasileiras, ampliando a participação do país no comércio inter-nacional: de 1,36% (2010) para 1,60% em 2014;

• elevar a participação nacional nos mercados de tecnologias, bens e serviços para energias, aumentando o Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção (VTI/VBP) dos setores ligados a energia: de 64,0% (2009) para 66,0% em 2014;

• ampliar o acesso a bens e serviços voltados à qualidade de vida, por meio da ampliação do número de domicílios urbanos com acesso à banda larga (meta PNBL): de 13,8 milhões de domicílios (2010) para 40,0 milhões de domicílios em 2014.

As principAis medidAs do pbm

As medidas propostas pelo Plano Brasil Maior podem ser classificadas em três frentes de ação: (a) estímulo ao investimento e à inovação; (b) comércio exterior; e (c) defesa da indústria e do mercado interno. O Quadro 1, a seguir, resume as principais medidas do PBM.

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principAis Acertos e limitAções do plAno

O PBM tem vários méritos. O primeiro e mais evidente deles é propor medidas para reduzir o custo tributário da indústria em um momento de dificuldades para o setor industrial. O “plano piloto” da desoneração da folha é uma contribuição pioneira, que pode ter impactos positivos para os seto-

Quadro 1. PrinciPais Medidas do Plano Brasil Maior

estímulos ao investimento e à inovação

(a)Desoneraçãotributária• Extensão por mais 12 meses da redução do IPI sobre bens de investimento (bens de capital, materiais de construção,

caminhões e veículos comerciais leves).• Redução gradual do prazo para devolução dos créditos do PIS/Cofins sobre bens de capital.

(b)FinanciamentoaoInvestimento• Extensão, até dezembro de 2012, do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES, com a inclusão de

outros setores e programas. • Ampliação do programa de capital de giro (Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda -

BNDES Progeren). • Relançamento do Programa BNDES Revitaliza, com novas condições de financiamento ao investimento.• Criação do Programa BNDES Qualificação, com apoio à expansão da capacidade de instituições privadas de ensino

técnico e profissionalizante.• Criação de Programa para Fundo do Clima do BNDES, com o objetivo de financiar projetos que reduzam a emissão de

gases de efeito estufa.

(c)FinanciamentoeIncentivoàInovação• Novos recursos para o Finep, com aumento de crédito do BNDES para inovação. • Crédito pré-aprovado dos planos de inovação de empresas.• Ampliação de programas setoriais de inovação do BNDES (exemplo: Profarma, Proplástico, Proaeronáutica).

(d)MarcoLegaldaInovação• Permissão de contratos com cláusulas de risco tecnológico previstas na Lei de Inovação.• Inclusão de projetos de entidades de ciência e tecnologia privadas sem fins lucrativos.• Ampliação do atendimento das fundações de apoio às ICT. • Modernização do marco legal do Inmetro, o que significou a ampliação do controle e fiscalização de produtos

importados e do escopo de certificação.

comércio exterior

(a)Desoneração,FinanciamentoePromoçãodasExportações• Instituição do Reintegra: devolução ao exportador de bens industrializados de até 3% do valor exportado.• Ampliação e maior agilização do ressarcimento de créditos aos exportadores.

(b)DefesaComercial• Intensificação do antidumping, salvaguardas e medidas compensatórias.• Combate à circunvenção, falsa declaração de origem e subfaturamento. • Aperfeiçoamento da estrutura tarifária do Imposto de Importação.• Aumento da exigência de certificação compulsória.• Fortalecimento do combate a importações ilegais. • Acordo de cooperação MJ-MDIC para combater a violação de propriedade industrial e de certificação compulsória.• Suspensão de ex-tarifário para máquinas e equipamentos usados.• Criação de Fundo de Financiamento à Exportação de MPME (Proex Financiamento). • Entrada em vigor do Ata-Carnet: facilitação da circulação dos bens em regime de admissão temporária, sem a

incidência de tributos.

defesa da indústria e do mercado interno

• Desoneração, até 2012, da folha de pagamento para os setores de Confecções, Calçados, Móveis e Software (projeto-piloto).• Regime especial para o setor automotivo.• Lei n. 12.349/2010: instituição de margem de preferência de até 25% nos processos de licitação para produtos

manufaturados e serviços nacionais.• Harmonização de políticas de financiamento dos bancos públicos com recursos da União (FAT, Fundos Constitucionais,

recursos do Tesouro).

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res industriais intensivos em mão de obra1. Pioneira é também a instituição de um percentual de até

3% das exportações para ressarcimento aos exportadores por tributos que não são recuperados quando

da venda de produtos para o exterior2. Além disso, com o PBM, o governo completou a remoção de tri-butos federais sobre o investimento. A retirada ou a suavização de custos tributários do emprego, do investimento e das exportações corresponde a um esforço importante do governo e constitui avanço indubitável − embora deva ser sublinhado que correspondem mais propriamente a uma “remoção de desincentivos” do que à concessão de incentivos.

Outro importante avanço promovido no PBM refere-se aos programas de financiamento à ino-vação e ao investimento. A esse respeito, deve-se ressaltar que as medidas no caso do financiamento ao investimento pelo BNDES não parecem elevar significativamente o volume de recursos dessa ins-tituição para o financiamento da indústria e serviços. No caso do financiamento ao investimento pelo BNDES, a tônica foi o estabelecimento de focos específicos para direcionar o financiamento incentiva-do. Tal como recomenda a boa prática da política industrial para as atividades contempladas. Assim, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) – que já tinha focos em bens de capital, inovação, exportação e no Pro-Caminhoneiro – passou a incluir: componentes e serviços técnicos especializa-dos; equipamentos para a área de tecnologia de informação e telecomunicações; ônibus híbridos; Proengenharia; e Linha Inovação Produção.

O PSI deve vigorar até dezembro de 2012, assim como o Revitaliza (programa anterior que be-neficiava setores afetados pela concorrência externa, tais como: têxtil e confecção, couro e calçados, bens de capital e, agora também, autopeças). Os demais programas incentivados são focados nas micros, pequenas e médias empresas, no ensino técnico e profissionalizante e em sustentabilidade. Assim, nesse campo, o PBM agiu inteiramente dentro da boa técnica de política de desenvolvimento: definiu os segmentos para os quais se dirige o incentivo do financiamento ao investimento com recur-sos do Tesouro Nacional e fixou a data para o término do incentivo.

Para o Plano, o foco da nova política industrial está no “estímulo à inovação e à produção na-cional para alavancar a competitividade da indústria nos mercados interno e externo”. Daí seu slogan: “inovar para competir, competir para crescer”.

No caso do financiamento à inovação, o PBM concebe expressivo aporte adicional de recursos para o financiamento e investimento em inovação, com os recursos novos repassados pelo BNDES à Finep no valor de R$ 2 bilhões, que se somam a montante equivalente anteriormente aportado na Finep. O BNDES também criou programas relevantes nessa área, com destaque para o programa de financiamento dos planos globais de inovação das empresas. Aqui, o aspecto importante a destacar é que ocorreu uma mudança muitíssimo salutar de foco do apoio financeiro à inovação, que passou da ótica de um determinado projeto de inovação empresarial para a do plano global de inovação da empresa.

Talvez o maior mérito do PBM foi ter partido da visão de que (1) a indústria é um vetor funda-mental do desenvolvimento brasileiro e (2) a política industrial deve ser concebida como um processo, fruto de debates com diversos setores da sociedade.

No espírito de contribuir para a discussão, cabe apontar duas graves lacunas no Plano, que requerem atenção urgente: o horizonte temporal do Plano e a questão da competitividade.

No tocante ao primeiro tema, chama a atenção o fato de que o PBM confere um horizonte muito curto, defensivo e limitado à política industrial brasileira. Tal limitado alcance talvez decorra de o PBM

(1) Embora certos segmentos já sinalizam que permanecerão voluntariamente fora da nova regra; por exemplo, embora a regra se estenda para os seto-res de Têxtil e Móveis, tanto os produtores de tecidos quanto os de móveis metálicos preferiram continuar pagando contribuição sobre a folha a passar a pagar 1,5% sobre o faturamento, argu-mentando que os salários têm peso pequeno no processo pro-dutivo, fortemente mecanizado.

(2) A regulamentação do Reinte-gra ainda está em andamento, mas já foi definido que setores com poucas etapas no proces-so produtivo não terão o bene-fício – o que excluirá produtores de etanol, açúcar, suco de la-ranja e outros industrializados.

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10 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011conjuntura econômica em foco

ater-se ao período de governo que vai até 2014, confinando a política de desenvolvimento − que deve ter uma necessária referência de longo prazo − a um horizonte curto.

São muitos os desafios que se colocam para a indústria brasileira. Seria fundamental definir uma seleção de setores, cadeias ou atividades dentro da preocupação de desenvolver desde já as bases da transformação industrial que sustentará o dinamismo da indústria brasileira no longo prazo. Economia do petróleo, manufatura de base agroalimentar, indústria de bens, serviços e equipamen-tos referenciados à sustentabilidade, à nanotecnologia, à habitação, à saúde, além de outros temas que o debate com a sociedade venha a identificar, poderiam ser alvo de desafios mais ambiciosos, e para eles poderiam ser direcionados os incentivos das políticas. O receio é que se percam os incen-tivos e os instrumentos mobilizados pelo Plano, diante da não definição de diretrizes para guiar sua destinação em prol da transformação da indústria.

Em segundo lugar, a questão da competitividade. Para o PBM, o foco da nova política industrial está no estímulo à inovação para alavancar a competitividade da indústria. O Plano acerta em alçar a condição tão elevada a questão da inovação, e também são corretas as medidas adotadas para o reforço da inovação.

Mas, mesmo no caso de países líderes industriais, as empresas e os setores não são perma-nentemente inovadores, o que significa dizer que a indústria de um país depende de outros fatores na definição de sua capacidade de competir com o produto produzido no exterior. Para conquistar maior competitividade, as economias que mais se destacam têm, além de grande atividade inovadora, pri-morosa produtividade e não descuidam de uma “competitividade sistêmica” que, igualmente, deve ser de primeira linha.

Aqui se encontram importantes lacunas do PBM. A palavra “produtividade” sequer é mencio-nada no texto. Além disso, e até por escapar à sua alçada, não são abordadas no âmbito do PBM as questões relativas à competitividade sistêmica − mas delas decorre um efeito devastador sobre a competitividade do produto nacional. O mesmo vale para o câmbio: a intensidade da valorização da moeda nos últimos anos sobrepujou largamente quaisquer ganhos obtidos com a inovação e com o aumento da produtividade industrial.

Além disso, como bem lembra o professor David Kupfer, em artigo recente no jornal ValorEco-nômico3, o desenho da política industrial deve levar em conta a evolução do cenário internacional bastante preocupante neste momento. Uma hipótese bastante plausível é que, embora a Europa seja hoje o epicentro da crise, os EUA enfrentam um período prolongado de recessão. Esse quadro certa-mente terá rebatimento sobre a China, o que poderia reforçar a tendência de o Brasil assumir papel de destaque na produção de commodities ou outros bens não elaborados, ocupando um espaço aberto pelo enfraquecimento da pujança chinesa.

Nada mais longe da rota desejável para a indústria nacional. Nas palavras de Kupfer:

“Evidentemente,umatransformaçãodessanaturezaviránacontramãodosobjetivosdedesenvolvimento nacional, razão pela qual é imprescindível a inclusão da dimensão damudançaestruturalnareflexãosobreasdiretrizesgeraisdapolítica industrial.Especial-mentediantedoaprofundamentodasincertezasquerondamaeconomiamundial,ore-posicionamentodaindústriabrasileiranãopoderáprescindirdamanutençãooumesmoaceleraçãodoprocessodeaumentodasescalastécnicaseeconômicasdasempresas,da

(3) Cf.: O Plano Brasil Maior. Va-lorEconômico, em 29/8/2011. Disponível em < http://www.valor.com.br/5092/990720/o-plano-brasil-maior> . Acesso em 7/10/2011.

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11BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 conjuntura econômica em foco

maiorconvergênciaentreoesforçoexportadoreasestratégiasdeinternacionalizaçãodasbasesprodutivasdessasempresasedaretomadadoprocessodediversificaçãoestruturaldasatividadesprodutivas,tantonaindústriaquantonosserviços,recuperandoopadrãoquehistoricamentesemprecaracterizouodesenvolvimentobrasileiro.”

Aparece aqui, de novo, a questão fundamental do alcance que se espera de uma política in-dustrial: ela deve visar a transformações estruturais, somente concebíveis no longo prazo. Ou seja, houve avanços importantes com o PBM, mas o desenho de uma política industrial conducente ao desenvolvimento nacional ainda necessita de muita reflexão.

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13BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 temas setoriais

DESEmPENhO DAS gRANDES EmPRESAS DE CAPiTAL AbERTO NO PRimEiRO SEmESTRE DE 2011: RENTAbiLiDADE Em quEDA E CAixA

REfORÇADO

Julio Sergio Gomes de AlmeidaDoutor em Economia. Professor da Unicamp

Luis Fernando NovaisEconomista. Coordenador do Grupo de Economia da Fundap

O Grupo de Economia da Fundap faz, trimestralmente, um levantamento das informações con-tábeis das grandes empresas de capital aberto. Essa atualização da pesquisa baseou-se em infor-mações relativas ao período de janeiro a junho entre 2007 e 2011. No total, foram compiladas 220 grandes empresas que apresentaram dados contábeis para todos os semestres, das quais 136 são do setor Indústria, 13 do Comércio e 71 de Serviços. As companhias também foram classificadas em segmentos econômicos dentro de seus respectivos setores e foram agrupadas nas categorias tradables e nontradables, isto é, se são produtoras de bens comercializáveis (107 empresas) ou não comercializáveis (94 empresas). A importância desse conjunto de empresas pode ser avaliada pelo peso da receita líquida das companhias no PIB do país: no primeiro semestre de 2007, a participação atingiu 25,1%; ao longo dos anos seguintes, ela chegou a 28,5%, no primeiro semestre de 2011.

Tendo como referência os primeiros semestres dos últimos cinco anos, nota-se que as grandes empresas ainda não restauraram as taxas e margens de lucro observadas antes dos efeitos negativos da crise mundial de 2008, que afetou o Brasil sobretudo em 2009. Ao contrário, as piores condições econômicas verificadas no primeiro semestre de 2011 fizeram com que a rentabilidade das grandes empresas, que havia iniciado uma trajetória de recuperação em 2010, diminuísse no período mais recente. A próxima seção do trabalho detalha a evolução da rentabilidade global e setorial; a última seção, traça algumas perspectivas para esse conjunto de grandes empresas de capital aberto.

rentAbilidAde: globAl e setoriAl

A análise do desempenho das grandes empresas de capital aberto terá como referência o indi-cador básico de medição da rentabilidade – a margem líquida de lucro, que relaciona o lucro líquido

Page 14: Boletim De Economia 8 Out2011 Completo

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14 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011temas setoriais

com a receita e avalia a rentabilidade em relação ao fluxo de vendas. Para complementar a avaliação dos resultados, são apresentados (1) os valores nominais da receita líquida, dos custos dos produtos vendidos (CPV) e do lucro líquido, (2) o peso das despesas financeiras líquidas na receita líquida e (3) a composição dos ativos das empresas.

Nos primeiros seis meses de 2010, as companhias conviveram com um cenário econômico benigno herdado com a saída da crise global. As medidas anticíclicas adotadas pelo governo, de in-centivo ao consumo de bens duráveis em 2009, a prorrogação do Programa de Sustentação do Inves-timento com redução da taxa de juros e o suporte dos bancos públicos na oferta adicional de crédito, inclusive de capital de giro via BNDES, proporcionaram um ambiente de otimismo que contagiou os empresários.

Na comparação com o primeiro semestre de 2009, o PIB cresceu 9,2% e a indústria de trans-formação avançou 15,6%, segundo as contas nacionais, puxados pela demanda interna (consumo das famílias e investimento). No primeiro semestre de 2010, as importações de produtos industriais e de matérias-primas aceleraram o ritmo de alta, complementando a oferta doméstica, e o quantum de exportações de bens manufaturados se recuperou da queda sofrida em 2009 (o câmbio se valo-rizou em relação a 2008, mas ainda permanecia, na média do período, na faixa de R$/U$ 1,8). Já a produção física da indústria de transformação elevou-se consistentemente (+16,1%), e o patamar de preços industriais retomou a trajetória de alta com o IPA–Indústria de Transformação crescendo na faixa de 3,5% (ver Tabela 1).

TaBela 1. indicadores econôMicos: PiB, inflação, Juros e Balança coMercial

Período Pib¹

Produção Física da

indústria de transformação

iPca¹iPca

serviços¹

iPa indústria de

transformação¹

meta selic

(dado de junho)

meta selic

(média do semestre)

volume de crédito total

(% Pib)2

taxa de câmbio

(média do semestre)

exportações em u$ bilhões da indústria de transformação

importações em u$ bilhões da indústria de transformação

saldo comercial em u$ bilhões da indústria de transformação

1º sem. 2007

5,8 4,8 2,1 3,0 1,4 12,0 12,7 31,7 2,0 55,8 44,1 11,8

1º sem. 2008

6,4 6,3 3,6 3,5 7,7 12,3 11,6 37,8 1,7 65,2 65,9 -0,6

1º sem. 2009

-2,9 -13,4 2,6 4,3 -3,9 9,3 11,1 41,5 2,2 46,9 48,4 -1,5

1º sem. 2010

9,2 16,2 3,1 4,8 3,5 10,3 9,3 44,6 1,8 57,3 71,2 -13,9

1º sem. 2011

3,6 1,6 3,9 5,9 1,5 12,3 11,8 47,1 1,6 70,1 91,3 -21,2

Fonte: IBGE, Ipeadata, Banco Central do Brasil, MDIC. (1) Variação em relação ao mesmo semestre do ano anterior} (2) Final de período.

Demanda interna ascendente e preços favoráveis, confiança em alta e retomada das expor-tações repercutiram na capacidade de crescer das grandes empresas de capital aberto, no primeiro semestre de 2010. A receita líquida do conjunto pesquisado atingiu R$ 471,0 bilhões (+20,1%, em relação ao mesmo período de 2009), variação superior à observada anualmente no período 2007-2009. Os custos dos produtos vendidos (CPV) também se elevaram, mas de modo menos intenso (+18,9%)1. Neste contexto, o lucro líquido voltou a crescer de forma expressiva para o conjunto das 220 grandes empresas, com taxa de variação nominal de 36,0% em relação ao primeiro semestre de 2009 e valor absoluto de R$ 53,8 bilhões. Excluídas as informações da Petrobras e da Vale do Rio

(1) Essas tendências manifesta-ram-se plenamente na Indústria; porém, a intensidade de alta da receita líquida diferenciou-se quando são subtraídas, do agre-gado Indústria, as empresas Petrobras e Vale do Rio Doce. Por dependerem dos preços das commodities (petróleo e ferro), que se haviam deprimido no pós-crise de 2008, a receita líquida do agregado “Indústria” havia crescido pouco, anual-mente, no período 2007-2009 (+8,6%), enquanto que no agre-gado sem essas empresas (cha-mado doravante de subconjunto “Indústria de Transformação”) a alta tinha foi bem maior (18,3%).

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Doce, a taxa também foi relevante (32,2%) e o volume foi de R$ 28,3 bilhões (ver Tabelas A1, A2 e A3, anexas ao final deste artigo).

Após dois anos de retrações, a rentabilidade se recuperou no primeiro semestre de 2010; a margem líquida de lucro subiu para 11,4% para o total das empresas com ganhos de 1,3 pontos per-centuais em relação ao primeiro semestre de 2009. Esse patamar permaneceu abaixo daquele do período anterior à grande crise mundial ocorrida no último trimestre de 2008, qual seja, o primeiro semestre de 2007, quando a lucratividade atingiu 13,4% de margem líquida. Convém observar adi-cionalmente que mesmo antes da crise de 2008 a lucratividade das empresas brasileiras já mostrava sinais de queda, uma vez que no primeiro semestre daquele ano a margem líquida havia recuado para 11,4%, em decorrência de aumentos dos custos de produção. A menor lucratividade do período aqui considerado ocorreu no ano de crise, 2009, quando alcançou 10,1% (margem líquida, ver Tabela 2).

TaBela 2. MargeM líQuida de lucro soBre a receiTa líQuida

setormargem líquida sobre a receita líquida

jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11

COMÉRCIO 2,8% 2,5% 1,3% 3,2% 1,7%

INDÚSTRIA 14,2% 12,0% 11,1% 12,4% 15,3%

Indústria (menos Petrobras) 14,5% 10,2% 8,9% 10,9% 13,7%

Indústria (menos Petrobras e Vale) 9,1% 7,9% 7,2% 7,7% 6,8%

SERVIÇOS 13,7% 11,6% 9,5% 10,9% 9,6%

Serviços (sem empresas de energia elétrica) 10,8% 8,8% 6,2% 9,5% 7,8%

COMERCIALIZÁVEIS 14,2% 11,9% 11,0% 12,3% 15,5%

NÃO COMERCIALIZÁVEIS 11,8% 10,4% 8,4% 9,9% 8,1%

total (menos Petrobras ) 13,4% 10,1% 8,5% 10,3% 11,2%

total (menos Petrobras e vale) 10,3% 8,7% 7,6% 8,4% 7,2%

total 13,4% 11,4% 10,1% 11,4% 12,8%

Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.

Uma característica importante da trajetória ascendente da rentabilidade no primeiro semestre de 2010 foi que ela ocorreu em todos os três grandes setores – Comércio, Indústria e Serviços – e nos subconjuntos de Indústria de Transformação (sem a Petrobras e a Vale do Rio Doce); Indústria (sem Petrobras); e na agregação de Serviços (sem as empresas de energia elétrica). Todavia, notam-se diferenças de intensidade.

Do ponto de vista da margem líquida de lucro, o Comércio, por características intrínsecas, tem o menor patamar de margem (1,3% em 2009), mas foi o setor que mais avançou, com ganho de 1,9 pontos percentuais no primeiro semestre de 2010. Na sequência, o agregado Serviços adicionou 1,4 pontos percentuais na sua margem líquida em 2010, e na Indústria o acréscimo foi de 1,3 pontos percentuais2.

É importante ainda destacar as diferenças entre o desempenho da Indústria de Transforma-ção e o subconjunto de Serviços (sem energia elétrica). Esses dois subconjuntos representam o core das grandes empresas de capital aberto, excluídas as gigantes Petrobras e Vale do Rio Doce e as 21 empresas de Energia Elétrica. No primeiro caso, nota-se que a margem líquida atingiu 7,7% no pri-meiro semestre de 2010 e que o acréscimo em relação ao resultado do mesmo período de 2009 foi

(2) Excluída a Petrobras do agregado Indústria, a margem líquida passou de 8,9% para 10,9% (acréscimo de 2,1 pontos percentuais), indicando que foi o crescimento do lucro líquido da Vale do Rio Doce no primeiro se-mestre de 2010 (R$ 9,4 bilhões) – que dobrou em relação ao ob-tido em 2009 – o fator determi-nante para o maior acréscimo na margem líquida de lucro no agre-gado Indústria sem Petrobras.

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pequeno (+0,5 pontos percentuais); no segundo caso, a margem subiu para 9,5% com elevação de 3,3 pontos percentuais.

A maior lucratividade observada no segmento de Serviços (sem energia elétrica) deveu-se ao menor crescimento dos custos dos produtos vendidos, que compensou a forte queda da taxa de variação da receita líquida em relação ao padrão de alta observado no período 2007 a 20093 (ver Tabela 3). Na Indústria de Transformação a evolução foi diferente; as empresas tiveram uma expansão mais expressiva da receita líquida no primeiro semestre de 2010, devido, em parte, aos setores cujos preços são referenciados em commodities(Alimentos, Química e Siderurgia, que juntos explicaram 69,0% do acréscimo da receita em relação ao mesmo período de 2009);porém, os custos dos produ-tos vendidos não caíram na mesma magnitude observada no setor de Serviços (sem energia elétrica).

TaBela 3. cusTo dos ProduTos Vendidos (cPV) e receiTa líQuida. 2007 a 2011 (PriMeiros seMesTres)

setor

variação Percentual (%)

média anual de crescimento

(2007 e 2009) *jun.10−jun.09 jun.11–jun.10

Receita Líquida CPV Receita

Líquida CPV Receita Líquida CPV

COMÉRCIO 16,2% 17,4% 29,2% 31,3% 57,1% 54,3%

INDÚSTRIA 8,6% 14,5% 21,8% 19,8% 17,7% 18,6%

Indústria (menos Petrobras) 11,1% 20,4% 23,0% 16,1% 20,5% 19,7%

Indústria (menos Petrobras e Vale) 18,3% 24,5% 21,7% 17,3% 14,9% 18,5%

SERVIÇOS 14,9% 17,6% 13,7% 13,2% 12,1% 12,1%

Serviços (sem empresas de energia elétrica) 20,0% 21,9% 12,2% 10,2% 12,6% 13,1%

COMERCIALIZÁVEIS 7,5% 13,5% 20,1% 18,1% 17,6% 18,3%

NÃO COMERCIALIZÁVEIS 17,1% 19,7% 20,0% 20,5% 21,0% 22,0%

total (menos Petrobras ) 12,7% 19,3% 20,3% 16,4% 20,8% 20,5%

total (menos Petrobras e vale) 16,9% 21,5% 19,3% 17,1% 17,7% 19,8%

total 10,6% 15,4% 20,1% 18,9% 18,8% 19,5%

Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto. (*) Crescimento médio anual dos primeiros semestres entre 2007 e 2011.

Essa trajetória favorável da rentabilidade empresarial em 2010 ensejava um cenário de ele-vação mais consistente do investimento produtivo, através da reaplicação dos lucros retidos; porém, as mudanças no contexto econômico afetaram o desempenho das grandes empresas no primeiro semestre de 2011. No caso da Indústria de Transformação, essa piora já se havia manifestado ao longo do segundo semestre de 2010, período em que as empresas industriais diminuíram o ritmo de produção e procuraram reduzir os estoques acumulados no período anterior.

A aceleração da inflação no começo do ano fez com que o Banco Central elevasse a taxa básica de juros, fato que alterou a confiança do empresariado na sustentabilidade da expansão do mercado interno no ritmo verificado até então. Ao final do semestre, o PIB reduziu a sua taxa real de cresci-mento para a faixa de 3,6%, em relação ao mesmo período de 2010; a inflação havia se acelerado, especialmente nos Serviços, e o processo de valorização do real também tinha se acentuado (a taxa de câmbio R$/U$ caiu para 1,6 na média do primeiro semestre).

(3) Tanto o menor ritmo de alta da receita líquida como a queda dos custos dos produtos vendidos no primeiro semestre de 2010m em relação à média de variação dos primeiros semestres de 2007 a 2009 no segmento de Serviços (sem energia elétrica) deveram-se, em grande parte, ao resultado do subsetor de Telefonia (cinco empresas). No primeiro período, os custos do produtos vendidos e as receitas líquidas dessas empresas cresceram, respectiva-mente, 19,5% e 17,1% em média ao ano, indicando um processo de investimento das operadoras de telefonia celular em busca de novos mercados. A partir de 2010, esse movimento se estabi-lizou e perdeu força, fazendo com que a variação dos custos dos produtos vendidos e da receita líquida diminuísse para, respec-tivamente, 1,9% e 0,7% nesse conjuntos de empresas.

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17BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 temas setoriais

No cenário internacional, a crise se transfigurou num problema de endividamento público exa-cerbado de países que haviam usufruído da liquidez do mercado financeiro através do endividamento fácil. Agora, a atual crise soberana produz dois efeitos: de um lado, reduz a perspectiva de crescimen-to das economias avançadas em função do extremo esforço fiscal envolvido no resgate dos países insolventes, especialmente aqueles que compõem os GIPPS (Portugal, Espanha, Itália e Grécia); de outro, acirra sobremaneira a competição no mercado mundial.

Do ponto de vistas das empresas brasileiras, elas sofreram um duplo movimento de alta nos custos dos produtos e serviços e menor capacidade de gerar receitas, o que afetou a rentabilidade no primeiro semestre de 2011. O segundo ciclo de elevação dos preços das commodities ocorreu nesse período – no caso do ferro, a cotação ultrapassou o pico anterior à crise global de 2008, e no petróleo a alta foi um pouco inferior –; vale destacar que as cotações das matérias-primas industriais tam-bém subiram de forma consistente. A valorização do real ajudou a compensar parte dessa alta dos insumos, mas ao mesmo tempo estimulou a substituição de produção nacional por bens importados, reduzindo o mercado das empresas nacionais, especialmente a de bens intermediários e a de bens duráveis, minando concomitantemente a capacidade de gerar receitas via exportação4.

Outro fator que se manifestou mais claramente no primeiro semestre de 2011 foi a elevação do custo do trabalho. Nota-se que ao longo dos últimos anos e até os dias de hoje ocorre um proces-so de formalização dos postos de trabalho e elevação dos salários médios5. O contínuo movimento de obtenção de ganhos reais nas datas-base, que também se manifestou em 2010 com reflexo em 2011, fez com que a folha de salário se ampliasse. Além disso, as despesas administrativas e outras despesas operacionais, cuja oferta tem origem no setor de Serviços, sofreram pressão de alta com a tendência de elevação da inflação. As empresas poderiam garantir margens menos apertadas se conseguissem repassar aos preços industriais essas pressões de custos; ao que parece isso não foi possível até agora. O baixo crescimento do IPA–Indústria de Transformação no primeiro semestre de 2011 (+1,5%, em relação ao mesmo período de 2010) reflete essa tendência.

Esses fatores afetaram negativamente a rentabilidade de todos os segmentos, com exceção dos agregados Indústria e indústria sem Petrobras. Nesses casos, o peso dos resultados da Petrobras e da Vale do Rio Doce fizeram com que houvesse elevação da lucratividade6. A capacidade dessas empresas de gerar receita praticamente não caiu no primeiro semestre de 2011, e os custos dos pro-dutos vendidos subiram menos do que as receitas (agregado sem a Petrobras) ou quase na mesma proporção (agregado Indústria). Além disso, a menor despesa financeira líquida ou até a obtenção de receitas financeiras líquidas no caso da Petrobras (R$ 6,0 bilhões) fizeram com que o lucro líquido crescesse no agregado Indústria. Esse resultado proporcionou uma receita líquida como proporção da receita de -0,8% no agregado Indústria (ver Tabela 4). O desempenho dessas duas empresas foi sufi-ciente para fazer crescer a margem de lucro para o total das 220 empresas, cujo nível atingiu 12,8% nos primeiros seis meses de 2011 (1,4 pontos percentuais acima do verificado em 2010).

Essas condições não se repetiram para a Indústria de Transformação como um todo e para o setor de Serviços com e sem as empresas de energia elétrica. Ao contrário, como já ressaltamos, a deterioração do ambiente econômico do primeiro semestre de 2011, que se caracterizou pela menor rentabilidade das exportações de bens manufaturados, pela redução do dinamismo do mercado interno e pelas pressões generalizadas de custos, acabou produzindo nas grandes empresas uma situação de estreitamento da capacidade de gerar receita acompanhada por alta nos custos de produção e nos custos operacionais.

(4) Entre os primeiros semes-tres de 2009 e 2011, o valor das importações da Indústria de Transformação cresceu 88,5% atingindo a marca de U$ 91 bi-lhões em 2011, enquanto que as suas exportações expandi-ram-se 48,7% (U$ 70,0 bilhões); isso significou a geração de um déficit de U$ 21,2 bilhões. No primeiro semestre de 2007, a Indústria de Transformação ha-via obtido um superávit de U$ 11,8 bilhões na sua balança comercial (ver Tabela 1).

(5) Para uma análise detalhada do mercado de trabalho no Bra-sil, ver Boletim de Economia n. 7, disponível em: http://novo.fundap.sp.gov.br/arquivos/PDF/Boletim_de_Economia_7_completo.pdf

(6) A margem líquida de lucro subiu de 12,4% para 15,3% (agregado Indústria) e de 10,9% para 13,7% (Indústria sem Petrobrás) entre os primeiros semestres de 2010 e 2011. O volume de lucro líquido da Pe-trobrás e da Vale do Rio Doce somaram R$ 45,5 bilhões com alta de 73,8% em relação aos resultados do primeiro semes-tre de 2010.

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TaBela 4. desPesa financeira líQuida soBre a receiTa líQuida

setordespesa Financeira líquida sobre a receita líquida

jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11

COMÉRCIO 2,8% 2,7% 2,8% 2,9% 3,4%

INDÚSTRIA -0,1% 1,1% -2,1% 2,7% -0,8%

Indústria (menos Petrobras) -0,5% 1,3% -3,7% 4,0% 0,7%

Indústria (menos Petrobras e Vale) -0,9% -0,3% -2,9% 3,4% 1,2%

SERVIÇOS 2,7% 1,4% 0,4% 4,5% 4,0%

Serviços (sem empresas de energia elétrica) 2,4% 1,6% -0,4% 4,4% 3,7%

COMERCIALIZÁVEIS -0,1% 1,1% -2,2% 2,8% -0,9%

NÃO COMERCIALIZÁVEIS 2,5% 1,5% 0,8% 3,7% 3,5%

total (menos Petrobras ) 0,8% 1,5% -1,8% 4,0% 2,0%

total (menos Petrobras e vale) 0,8% 0,5% -1,2% 3,7% 2,4%

total 0,7% 1,2% -1,1% 3,1% 0,7%

Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.

O conjunto de companhias da Indústria de Transformação espelhou esse movimento de modo mais nítido: o ritmo de crescimento da receita líquida, que havia atingido a taxa de 21,5% nos primeiros seis meses de 2010, caiu para 14,9% no mesmo período de 2011, e os custos dos produtos e serviços, ao contrário, cresceram num patamar superior de variação (de 17,3% para 18,5%). Isso fez com o volu-me de lucro líquido permanecesse praticamente no mesmo nível (R$ 14,6 bilhões) nos dois períodos. Nesse contexto, a margem líquida de lucro retraiu-se para 6,8% (0,9 pontos percentuais menor em relação ao mesmo período de 2009, a menor margem desde 2007, ver Tabelas A1, A2 e A3, anexas ao final deste artigo). Essa queda só não foi mais expressiva uma vez que houve diminuição da despesa financeira líquida devido ao efeito positivo da apreciação cambial sobre a dívida externa das empresas. Esse gasto representou 3,4% da receita líquida no primeiro semestre de 2010; no mesmo período de 2011, a participação na despesa financeira líquida na receita caiu para 1,2% (ver Tabela 4).

Do ponto de vista setorial, dentro da Indústria de Transformação, várias outras circunstâncias condicionaram a lucratividade. Primeiramente, a observação geral de que o movimento de queda da margem líquida de lucro não foi homogêneo: a maioria dos 25 setores apresentou tendência de baixa na rentabilidade (15 setores) e apenas 10 – portanto, uma minoria – obtiveram aumento nas mar-gens líquidas de lucro. A norma mais geral que, do nosso ponto de vista, explica o menor desempenho cadente de lucros empresariais nesse setor é a concorrência com o produto importado favorecido pela valorização cambial. São os casos de empresas dos setores de Madeira, Máquinas e Equipamentos, Material de Transporte, Metalurgia, Química, Siderurgia e Têxtil, Couro e Vestuário. Exceções à regra, nesse caso, seriam as empresas de Calçados e Brinquedos que lograram aumentar a rentabilidade (caso de Calçados) ou reduzir perdas (Brinquedos). Predominância de custos (não só de mão de obra) pode explicar, a nosso ver, a menor rentabilidade na Construção Civil (ver Tabela 5).

Por outro lado – vale dizer, do ângulo dos setores cujas empresas aumentaram a lucrativida-de–, os destaques são os segmentos produtores de commodities, cujos preços aumentaram muito nos meses finais do ano passado e prevaleceram em patamar alto no primeiro semestre deste ano. São os casos de Alimentos, Mineração, Papel e Celulose. Aumentou também a rentabilidade de um setor industrial “não commoditizado”, o de Material Aeronáutico. Nesse caso, trata-se de setor de

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TaBela 5. Margens de lucro (lucro líQuido / receiTa líQuida). PriMeiros seMesTres (2007 a 2011)

setores subsetores 6m07 6m08 6m09 6m10 6m11 tendência no 1º semestre

de 2011*

Comércio Comércio de Medicamentos 1,1% 1,7% 2,9% 2,8% 2,2% -

Comércio Comércio (Diversos) 0,8% 8,2% 2,6% 2,7% 2,7% -

Comércio Comércio Varejista 1,7% 1,4% 0,3% 2,4% 1,4% -

Comércio Comércio Varejista de Gás 14,0% 13,5% 8,9% 13,5% 8,3% -

Indústria Agronegócio -1,5% 17,6% 6,7% 6,5% 15,5% +

Indústria Alimentos 3,4% 0,6% 1,1% 0,8% 1,4% +

Indústria Armas e Munição 8,1% 9,2% 7,8% 11,0% 2,2% -

Indústria Bebidas e Fumo 14,6% 13,7% 27,8% 26,9% 31,3% +

Indústria Bioenergia -14,2% -45,7% -6,0% 9,2% 0,5% -

Indústria Brinquedos e Lazer -14,5% -26,7% -44,1% -23,8% -10,3% +

Indústria Calçados 10,6% 5,5% 9,1% 13,7% 14,9% +

Indústria Construção Civil e Incorporação 11,5% 18,6% 12,2% 14,9% 12,5% -

Indústria Editora 10,4% 6,5% 4,5% 2,9% 2,2% -

Indústria Embalagens 0,7% 7,2% 11,4% 8,1% 7,2% -

Indústria Indústria Diversa 4,0% -0,2% -9,7% 1,5% 1,4% -

Indústria Madeira 15,1% 16,1% 8,7% 12,0% 11,8% -

Indústria Máquinas e Equipamentos 9,1% 8,5% 5,2% 8,3% 1,2% -

Indústria Material Aeronáutico 3,5% 4,8% 8,9% 3,5% 8,4% +

Indústria Material de Construção -1,2% 10,3% 9,0% 10,3% 6,3% -

Indústria Material de Transporte 4,6% 6,3% 0,8% 9,8% 7,3% -

Indústria Metalurgia 1,2% 5,8% 3,4% 5,4% 3,4% -

Indústria Mineração 32,1% 20,9% 18,9% 30,0% 44,8% +

Indústria Papel e Celulose 23,0% 17,2% 25,5% 6,4% 15,3% +

Indústria Petróleo 13,5% 15,2% 15,5% 15,5% 18,7% +

Indústria Produtos de Higiene e Limpeza 16,9% 12,3% 17,1% 11,6% 12,4% +

Indústria Química 3,8% 4,3% 5,1% 6,0% 3,1% -

Indústria Siderurgia 14,8% 13,6% 3,5% 8,7% 7,0% -

Indústria Têxtil, Couro e Vestuário -5,4% -1,3% -5,1% 4,1% -0,7% -

Indústria Utilidades Domésticas 6,4% 4,5% 0,9% 4,0% 2,9% -

Serviços Comunicação 2,4% 3,5% 9,7% 4,0% 7,2% +

Serviços Concessão de Rodovias 21,0% 18,0% 20,0% 23,1% 14,4% -

Serviços Educação -0,3% 4,6% 10,1% 6,0% 7,7% +

Serviços Energia 17,5% 15,7% 15,2% 13,2% 12,7% -

Serviços Exploração de Imóveis 15,5% 17,8% 31,1% 38,7% 40,9% +

Serviços Hotelaria -33,9% -0,7% -12,9% -12,8% 4,3% +

Serviços Logística 7,1% 10,7% 13,4% 5,2% 9,3% +

Serviços Saneamento 20,0% 19,6% 20,5% 14,1% 14,2% +

Serviços Saúde 1,1% 5,2% 2,5% 4,1% 4,2% +

Serviços Serviços Diversos 3,9% 5,4% 2,7% 7,0% 6,0% -

Serviços Tecnologia da Informação 12,8% 7,3% 7,0% 7,3% 4,8% -

Serviços Telefonia 11,6% 10,6% 0,3% 10,9% 7,9% -

Serviços Transporte Aéreo 4,7% -3,0% 15,9% -2,8% -1,4% +

Fonte: Demostrações financeiras de 220 empresas de capital aberto. (*) Tendência em relação ao 1º semestre de 2010

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exportação, porém com grande coeficiente de importação que ameniza os efeitos de perda de compe-titividade externa motivado pela valorização do real devido ao barateamento simultâneo dos produtos intermediários usados na produção. Alguns outros setores muito vinculados ao mercado interno e menos afetados por importações lograram também elevar a taxa de lucro líquido; são os casos de Bebidas e Produtos de Higiene e Limpeza.

O setor de Serviços (sem energia elétrica) sentiu do mesmo modo a queda da rentabilidade, porém a composição da perda foi diferente em relação às empresas industriais. A margem líquida de lucro no subconjunto de Serviços (sem energia elétrica) perdeu 1,7 pontos percentuais em relação ao patamar de 2009 e caiu para 7,8% no primeiro semestre de 2011. As empresas conseguiram manter a taxa de crescimento da receita líquida na faixa de 12,6% – até se nota uma pequena alta no perí-odo recente, mas os custos dos produtos vendidos retomaram a trajetória de alta com expansão de 13,1% e avanço de 2,1 pontos percentuais em relação à variação do ano anterior. Percebe-se alta nos custos em todos os subsetores, mas três deles (Saúde, Telefonia e Transporte Aéreo) destacaram-se concentrando 64,0% do aumento nos custos dos produtos vendidos. As margens líquidas não caíram de forma mais intensa em virtude da menor despesa financeira líquida; no caso do setor de Serviços (sem energia elétrica), a queda dessa despesa como proporção da receita líquida foi menor (de 4,4% para 3,5%) na comparação com a Indústria de Transformação.

Dentre os 12 subsetores acompanhados no segmento de Serviços (sem energia elétrica), oito obtiveram alta na margem líquida de lucro, com destaque para Exploração de Imóveis, Hotelaria, Lo-gística e Comunicação. Em sentido contrário e com peso nesse conjunto, as empresas de Telefonia e Concessionárias de Rodovias reduziram as suas margens com quedas no volume de lucro líquido.

Os dados do comércio foram influenciados pela incorporação das Casas Bahia ao grupo Pão de Açúcar. A receita líquida e os custos dos produtos vendidos cresceram em nível elevado (acima de 50%) em virtude desse processo (ver Tabelas A1 e A2, anexas ao final deste artigo). No agregado, a margem líquida de lucro diminuiu para 1,7% no primeiro semestre de 2011 (1,5 pontos percentuais abaixo do observado em 2010). A queda da rentabilidade manifestou-se em três dos quatro subse-tores acompanhados, especialmente no Comércio Varejista e na Distribuição de Gás. No primeiro subsetor, a elevação em U$ 1,0 bilhão nas despesas financeiras, provavelmente em função da incor-poração acima citada, fez com que a participação desse gasto na receita líquida crescesse para 3,4% no primeiro semestre de 2011 reduzindo o lucro líquido e, consequentemente, a margem líquida de lucro em relação ao primeiro semestre de 2010.

perspectivAs

A preocupação com a situação financeira das grandes empresas de capital aberto no Brasil faz sentido, hajam vistas as dificuldades ocorridas no auge da crise de 2008, quando um conjunto de empresas fez apostas no mercado de derivativos cambiais e, se não fossem socorridas pelo BNDES, quase sucumbiram. Hoje praticamente essas operações estão extintas no mercado e as variações cambiais relevantes, como a que estamos assistindo hoje em dia, impactam de forma distinta, via dívida em moeda estrangeira. Assim, se a desvalorização do real for mantida até o final do ano em um contexto de perda de rentabilidade da Indústria de transformação, a lucratividade das empresas ficará ainda mais comprometida via elevação das despesas financeiras.

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21BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 temas setoriais

(7) Do universo acompanhado pela Economatica, 76 empresas ficaram de fora em função de não terem publicado a dívida em moeda estrangeira nos seus relatórios padrões (ITR) entre-gues à CVM, dentre elas a Vale do Rio Doce, a CSN, a Gerdau e a Usiminas, dentre outras. Es-sas empresas podem ter dados sobre as dívidas em moeda es-trangeira, em notas explicativas, que não foram processados no sistema da Economatica.

Estudo recente da Economatica (setembro de 2011) compilou o estoque de dívida em moeda estrangeira de um conjunto de 241 empresas de capital aberto7 e simulou o impacto da desvalo-rização do real sobre a lucratividade medida pelo Ebit. O estoque de dívida estrangeira (excluída a Petrobras), no final de junho de 2011, atingiu o montante de U$ 51,4 bilhões, que se transformaram em R$ 80,3 bilhões convertidos pelo dólar Ptax de venda em 30 de junho (R$ 1,56). Estimando esse mesmo estoque de dívida pelo dólar Ptax de venda em 30 de setembro de 2011 (R$ 1,84), o montan-te de dívida alcançaria a cifra de R$ 95,3 bilhões. Assim, no trimestre julho-setembro a expansão em reais da dívida denominada em moeda estrangeira seria de R$ 15, 1 bilhões. Para essa amostra de empresas o lucro Ebit no segundo trimestre de 2011 foi de R$ 25,4 bilhões. Na hipótese de o lucro esperado no terceiro trimestre ser da mesma magnitude do observado no segundo trimestre, o custo financeiro relacionado à desvalorização do real alcançaria 59,5% de todo o Ebit do conjunto de empre-sas no terceiro trimestre de 2011. Na Tabela A4 anexa ao final do artigo (retirada do estudo citado), estão arroladas setorialmente as dívidas, os lucros e as simulações entre o crescimento da dívida e a variação do lucro Ebit.

Na pesquisa da Economatica não são consideradas as estratégias de hedge das empresas. Nesse sentido, é provável que o impacto seja menor, uma vez que é grande a probabilidade de as companhias terem feito hedge de suas dívidas em moeda estrangeira; porém, o custo de realizar essa operação financeira também se ampliou recentemente no Brasil, com as medidas tomadas pelo governo no sentido de conter o processo de especulação no mercado futuro de dólar.

Outra estratégia das grandes empresas para evitar transtornos patrimoniais mais graves, caso a desvalorização do real avance, é manter elevada quantia de recursos disponíveis no ativo circulante das companhias. No primeiro semestre de 2010, a conta disponível do ativo das 220 companhias compiladas pelo Grupo de Economia da Fundap alcançou o montante de R$ 173,4 bilhões. Nos pri-meiros seis meses de 2011 essa cifra caiu para R$ 167,7 bilhões, o que representou, em termos comparativos, um valor superior ao desembolso do BNDES em 2010. Sem os recursos disponíveis da Petrobras e da Vale do Rio Doce, o total das disponibilidades atingiu o valor de R$ 111,7 bilhões (ver Tabela A5, anexa). No corrente ano, nota-se que as empresas optaram por diminuir o ritmo de opera-ções de crédito, preferindo usar os recursos disponíveis no caixa e/ou nas aplicações financeiras para honrar as suas despesas operacionais e investimentos.

Se o cenário internacional não for disruptivo, é grande a chance de o real permanecer desva-lorizado em uma faixa de R$ 1,80, já que o patamar de reservas do país é elevado. Assim, caso esse quadro se confirme, os impactos nos estoques privados de dívidas em moeda estrangeira seriam con-tornáveis, embora alguns setores possam sofrer mais intensamente em função da maior exposição do seu passivo ao dólar.

O fato novo relevante nos dados das grandes empresas no primeiro semestre de 2011 é que, ao contrário de períodos anteriores, foi aberto um leque de possibilidades que se traduzi-ram em queda da rentabilidade empresarial e alta localizada nas margens líquidas de lucro de algumas empresas cuja receita é referenciada nas commodities. Ocorreram elevações significa-tivas de custos domésticos em serviços e mão de obra, a concorrência externa aprofundou-se e os preços de commodities mantiveram-se em nível elevado no plano internacional, o que afetou de forma diferenciada a rentabilidade das empresas, segundo sua posição no mercado, sua capacidade de suportar a concorrência externa ou de absorver, como lucro, os preços elevados

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22 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011temas setoriais

de produtos primários. O setor de Serviços, excluídas as empresas de energia elétrica, também perdeu rentabilidade nesse contexto, mas a sua capacidade de gerar receitas foi preservada no primeiro semestre de 2011, em relação ao padrão observado em 2010.

Anexos

TaBela a1. TaBela . eVolução da receiTa líQuida das grandes eMPresas

setor

receita líquida (em r$ bilhões correntes)

jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11Média Anual

de Crescimento (2007 e 2009)

jun.10 / jun.09

jun.11 /

jun.10

COMÉRCIO 17,0 20,9 23,0 29,7 46,6 16,2% 29,2% 57,1%

INDÚSTRIA 225,8 287,9 266,3 324,2 381,6 8,6% 21,8% 17,7%

Indústria (menos Petrobras) 145,1 186,4 179,1 220,2 265,3 11,1% 23,0% 20,5%

Indústria (menos Petrobras e Vale) 111,0 153,9 155,5 189,1 217,3 18,3% 21,7% 14,9%

SERVIÇOS 78,1 90,1 103,1 117,2 131,4 14,9% 13,7% 12,1%

Serviços (sem empresas de energia elétrica) 45,1 53,5 64,9 72,8 82,0 20,0% 12,2% 12,6%

COMERCIALIZÁVEIS 220,4 278,8 254,5 305,7 359,4 7,5% 20,1% 17,6%

NÃO COMERCIALIZÁVEIS 100,4 120,0 137,7 165,3 200,1 17,1% 20,0% 21,0%

total (menos Petrobras ) 240,2 297,4 305,1 367,0 443,3 12,7% 20,3% 20,8%

total (menos Petrobras e vale) 206,1 264,9 281,5 335,9 395,3 16,9% 19,3% 17,7%

total 320,9 398,8 392,3 471,0 559,6 10,6% 20,1% 18,8%

%doPIB 25,1 27,4 26,2 27,0 28,5 ─ ─ ─-

Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.

TaBelas a2. TaBela . eVolução do cusTo dos ProduTos Vendidos (cPV) das grandes eMPresas

setor

cPv (em r$ bilhões correntes)

jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11Média Anual

de Crescimento (2007 e 2009)

jun.10 / jun.09

jun.11 /

jun.10

COMÉRCIO 12,0 14,9 16,5 21,7 33,5 17,4% 31,3% 54,3%

INDÚSTRIA 140,3 190,8 184,0 220,5 261,5 14,5% 19,8% 18,6%

Indústria (menos Petrobras) 92,1 127,8 133,6 155,1 185,7 20,4% 16,1% 19,7%

Indústria (menos Petrobras e Vale) 77,4 112,4 120,0 140,8 166,8 24,5% 17,3% 18,5%

SERVIÇOS 47,3 56,6 65,5 74,2 83,2 17,6% 13,2% 12,1%

Serviços (sem empresas de energia elétrica) 26,7 32,4 39,6 43,7 49,4 21,9% 10,2% 13,1%

COMERCIALIZÁVEIS 137,4 185,9 177,0 209,0 247,2 13,5% 18,1% 18,3%

NÃO COMERCIALIZÁVEIS 62,2 76,3 89,1 107,4 131,0 19,7% 20,5% 22,0%

total (menos Petrobras ) 151,4 199,2 215,6 251,0 302,4 19,3% 16,4% 20,5%

total (menos Petrobras e vale) 136,8 183,8 202,1 236,7 283,5 21,5% 17,1% 19,8%

total 199,6 262,2 266,0 316,4 378,2 15,4% 18,9% 19,5%

Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.

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23BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 temas setoriais

TaBela a3. TaBela . eVolução do lucro líQuido das grandes eMPresas

setor

lucro líquido (em r$ bilhões correntes)

jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11Média Anual

de Crescimento (2007 e 2009)

jun.10 / jun.09

jun.11 /

jun.10

COMÉRCIO 0,5 0,5 0,3 1,0 0,8 -19,5% 213,3% -16,7%

INDÚSTRIA 32,0 34,7 29,4 40,1 58,2 -4,0% 36,3% 45,1%

Indústria (menos Petrobras) 21,0 18,9 15,9 24,1 36,3 -13,1% 51,7% 50,6%

Indústria (menos Petrobras e Vale) 10,1 12,1 11,3 14,6 14,7 5,7% 29,4% 0,9%

SERVIÇOS 10,7 10,4 9,8 12,8 12,7 -4,0% 29,8% -0,6%

Serviços (sem empresas de energia elétrica) 4,9 4,7 4,0 6,9 6,4 -9,3% 72,5% -7,1%

COMERCIALIZÁVEIS 31,3 33,1 27,9 37,5 55,5 -5,5% 34,3% 48,0%

NÃO COMERCIALIZÁVEIS 11,8 12,5 11,6 16,3 16,2 -0,9% 40,2% -0,9%

total (menos Petrobras ) 32,2 29,9 26,0 37,8 49,8 -10,1% 45,3% 31,6%

total (menos Petrobras e vale) 21,2 23,1 21,4 28,3 28,2 0,4% 32,2% -0,3%

total 43,1 45,6 39,6 53,8 71,7 -4,2% 36,0% 33,2%

Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.

TaBela a4. díVida eM Moeda esTrangeira das grandes eMPresas de caPiTal aBerTo e iMPacTo da desValorização do real

Quantidade de

empresassetor

dívida em moeda estrangeira

(em milhares de us$, jun.11)

lucro ebit, 2o trim. 2011 (em milhares

de r$)

dívida em moeda estrangeira (em milhares de r$) % do crescimento da dívida vs lucro ebit,

2o trim. 201130/jun./11 30/set./11 Variação

34 Energia Elétrica 11.903.337 7.532.831 18.582.300 22.073.549 3.491.249 46,3

13 Alimentos e Bebidas 8.757.171 3.413.174 13.670.819 16.239.297 2.568.478 75,3

9 Telecomunicações 7.039.422 4.927.119 10.989.241 13.053.903 2.064.662 41,9

3 Papel e Celulose 6.987.240 147.322 10.907.780 12.957.137 2.049.357 1.391,1

58 Outros 5.193.681 3.035.260 8.107.856 9.631.163 1.523.307 50,2

5 Petróleo e Gás 2.747.556 65.326 4.289.209 5.095.067 805.858 1.233,6

14 Comércio 2.446.394 1.110.286 3.819.066 4.536.593 717.527 64,6

15 Veículos e Peças 2.226.054 685.274 3.475.093 4.127.995 652.902 95,3

8 Transporte e Serviços 2.046.093 232.165 3.194.155 3.794.274 600.119 258,5

18 Siderúrgica e Metalúrgica 746.176 167.625 1.164.855 1.383.708 218.853 130,6

4 Mineração 605.130 1.819.115 944.668 1.122.153 177.485 9,8

9 Química 417.249 40.738 651.367 773.746 122.379 300,4

18 Têxtil 251.794 238.288 393.076 466.927 73.851 31,0

21 Construção 53.984 1.159.822 84.274 100.107 15.833 1,4

3 Eletroeletrônicos 13.221 -152.647 20.640 24.518 3.878 -2,5

2 Máquinas Industriais 123 2.469 192 228 36 1,5

3 Software e Dados 0 885.875 0 0 0 0,0

2 Minerais Não Metálicos 0 6.984 0 0 0 0,0

1 Agro e Pesca 0 52.818 0 0 0 0,0

240 Total Brasil sem Petrobras 51.434.625 25.369.844 80.294.591 95.380.365 15.085.774 59,5

Petrobras Petróleo e Gás 46.880.516 12.213.526 73.185.174 86.935.229 13.750.055 112,6

241 Total Brasil com Petrobras 98.315.140 37.583.370 153.479.765 182.315.596 28.835.831 76,7

Dólar Ptax 1,5611 1,8544 18,79

Fonte: tabela retirada de estudo realizado pela Economatica, setembro de 2011

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24 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011temas setoriais

TaBela a5. eVolução do disPoníVel das grandes eMPresas

setor

disponível (em r$ bilhões correntes)

jun.07 jun.08 jun.09 jun.10 jun.11Média Anual

de Crescimento (2007 e 2009)

jun.10 / jun.09

jun.11 /

jun.10

COMÉRCIO 3,9 4,1 4,5 4,9 6,0 7,4% 8,9% 21,5%

INDÚSTRIA 60,1 71,5 88,2 117,9 121,4 21,1% 23,5% 2,9%

Indústria (menos Petrobras) 42,3 60,4 78,2 93,7 86,7 36,0% 29,4% -7,5%

Indústria (menos Petrobras e Vale) 38,6 56,7 61,8 81,8 65,4 26,5% 9,1% -20,1%

SERVIÇOS 28,8 34,6 31,7 50,6 40,4 4,9% -8,6% -20,2%

Serviços (sem empresas de energia elétrica) 19,1 24,0 22,0 36,4 26,0 7,1% -8,6% -28,7%

COMERCIALIZÁVEIS 55,2 66,3 83,4 107,3 115,0 23,0% 25,8% 7,1%

NÃO COMERCIALIZÁVEIS 37,6 43,9 40,9 66,1 52,7 4,3% -6,7% -20,2%

total (menos Petrobras ) 75,0 99,2 114,3 149,2 133,0 23,5% 15,3% -10,8%

total (menos Petrobras e vale) 71,3 95,4 98,0 137,3 111,7 17,2% 2,7% -18,7%

total 92,8 110,2 124,4 173,4 167,7 15,8% 12,9% -3,3%

Fonte: Demonstrações financeiras de 220 empresas de capital aberto.

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25BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 anexo estatístico

ANExO ESTATÍSTiCO

TaBela 1. ProduTo inTerno BruTo

Produto interno bruto

em r$ milhões em u$ milhões1

variações do índice de volume (último dado: 2º trimestre/2011)

em %

2009 2010 2011 (2ºtri) 2009 2010 2011

(2ºtri)

Trimestre anterior

com ajuste sazonal

Mesmo trimestre do ano anterior

Acumulada em quatro trimestres

Pib 3.185.126 3.674.964 1.961.350 1.598.397 2.089.829 1.185.387 0,8 3,1 4,7

Consumo das Famílias 1.966.493 2.226.056 1.207.944 986.848 1.265.884 730.049 1,0 5,5 6,2

Consumo do Governo 694.598 778.013 386.287 348.571 442.430 233.461 1,2 2,5 2,4

Formação Bruta de Capital Fixo 539.757 677.863 355.561 270.867 385.478 214.891 1,7 5,9 11,9

Agropecuária 166.704 180.831 107.556 83.657 102.833 65.004 -0,1 0,1 2,6

Indústria 696.610 841.024 439.584 349.581 478.262 265.673 0,2 1,7 4,4

Serviços 1.877.417 2.113.788 1.121.803 942.147 1.202.040 677.987 0,8 3,5 4,2

Fonte: IBGE, BCB. Elaboração: Grupo de Economia / Fundap. (1) Taxa de câmbio de mercado, compra, média.

TaBela 2. eMPrego e rendiMenTo

emPreGo — brasil Principais regiões metropolitanas1

valores e taxas variações2 (último dado: ago./2011)

2009 2010 jun./11 jul./11 ago./11Mês ante-rior

Mesmo mês

do ano anterior

Média acumu-lada no

ano

Média acu-mulada nos últimos 12

meses

População Ocupada (mil pessoas)3 21.815 22.450 22.390 22.476 22.623 0,7 2,2 2,3 2,7

População Desocupada (mil pessoas)3 1.592 1.251 1.476 1.444 1.440 -0,3 -10,0 -12,3 -14,7

População Economicamente Ativa (mil pessoas)3 23.407 23.702 23.866 23.920 24.064 0,6 1,4 1,2 1,4

Taxa de desocupação (% PEA) 6,8 5,3 6,2 6,0 6,0 0,0 -0,7 -13,2 -1,1

Rendimento médio real (R$) 1.491 1.579 1.586 1.621 1.629 0,5 3,2 3,7 4,5

Massa Real de Rendimentos (mil R$) 32.520 35.448 35.502 36.430 36.862 1,2 5,4 6,1 7,3

Caged4, 5 995.110 2.136.947 215.393 140.563 190.446 0,5 5,0 5,7 6,0

Fonte: IBGE, Ministério do Trabalho. Elaboração: Grupo de Economia / Fundap. (1) São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador. (2) Em pontos percentuais para a taxa de desocupação e % para as demais variáveis. (3) Estoque. Para 2008 e 2009, estoque referente a dezembro. (4) Saldo entre admissões e demissões. (5) Variações referentes ao índice de emprego formal.

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26 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011anexo estatístico

TaBela 3. inflação

indicadores de inflação

variação anual taxas mensais de variação variações

(último dado: set./2011) em %

2009 2010 jul./11 ago./11 set./11 Acumulada no ano

Acumulada nos últimos 12 meses

iPca 4,31 5,91 0,16 0,37 0,53 4,97 7,31

INPC 4,11 6,47 0,00 0,42 0,45 4,61 7,30

IGP — DI -1,44 11,31 -0,05 0,61 0,75 4,31 7,46

IPA — DI -4,09 13,83 -0,13 0,77 0,94 3,84 7,52

IPA (indústria) -3,47 7,37 0,03 0,33 0,39 2,30 4,79

Fonte: IBGE, FGV. Elaboração: Grupo de Economia / Fundap.

TaBela 4. resulTado fiscal — Brasil

resultado Fiscal12 meses acumulado no ano

2009 2010 ago./10 ago./11 jan.-ago./10 jan.-ago./11

resultado Fiscal (acima da linha)

Receita Primária do Governo Central (% do PIB) 23,21 25,03 23,16 25,99 22,70 24,38

Transferências a E & M (% do PIB) 4,01 3,83 3,84 4,15 3,79 4,27

Despesa Primária do Governo Central (sem FSB - % do PIB) 17,96 19,06 18,03 18,83 17,66 17,47

Primário do Governo Central (acima da linha/sem ajustes - % do PIB) 1,24 2,14 1,30 3,01 1,25 2,64

resultado Fiscal / nFsP 1

Primário do Setor Público (% do PIB) -2,03 -2,77 -1,98 -3,78 -2,06 -3,65

Juros Nominais do Setor Público (% do PIB) 5,37 5,32 5,30 5,83 5,28 6,05

Nominal do Setor Público (% do PIB) 3,34 2,55 3,33 2,05 3,22 2,41

dívida líquida do setor Público (% do Pib) 42,78 40,16 40,81 39,19 – –

Pib estimado bacen (posição final período - r$ bilhões) 3.185,1 3.675,0 3.515,6 3.953,7 2.367,3 2.646,1

Fonte: BCB. Elaboração: Grupo de Economia / Fundap. (1) (–) = superávit; (+) = déficit

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27BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 anexo estatístico

TaBela 5. Taxa de câMBio

taxas de câmbio

valores variações

(último dado: ago./2011) em %

2009 2010 jun./11 jul./11 ago./11 Mês anterior

Mesmo mês do ano anterior

Taxa de câmbio (R$/US$) — média 1,75 1,69 1,56 1,56 1,59 2,0 -9,6

Taxa de câmbio (R$/US$) — fim do período 1,74 1,67 1,59 1,56 1,60 2,1 -9,2

Índice da taxa de câmbio real efetiva — R$/US$ (deflator IPA) – – – – – 0,8 -4,8

Índice da taxa de câmbio real efetiva — R$/US$ (deflator IPC) – – – – – 1,6 -6,6

Índice da taxa de câmbio real efetiva — R$/US$ (deflator IPCA) – – – – – 1,6 -7,0

Fonte: Funcex, BCB. Elaboração: Grupo de Economia / Fundap.

TaBela 6. seTor exTerno

setor externo

valores (us$ milhões)variações

(último dado: ago./2011) em %

2009 2010 jun./11 jul./11 ago./11 Mês anterior

Mesmo mês do ano anterior

balanço de Pagamentos 46.651 49.101 3.247 7.385 5.486 -25,7 25,3

transações correntes -24.302 -47.365 -3.292 -3.491 -4.862 39,3 63,4

balança comercial (saldo) 25.290 20.221 4.428 3.135 3.874 23,6 61,3

Exportações 152.995 201.915 23.689 22.252 26.159 17,6 36,0

Importações -127.705 -181.694 -19.262 -19.117 -22.285 16,6 32,4

Rendas de Investimento -34.287 -40.065 -4.507 -3.419 -5.577 63,1 81,0

conta Financeira 70.172 98.543 6.655 10.596 9.918 -6,4 27,4

Fluxo de capitais estrangeiros 86.183 157.533 8.556 18.844 12.177 -35,4 12,7

Investimento Direto Estrangeiro 46.159 67.795 5.481 5.982 5.606 -6,3 131,5

Investimento Estrangeiro de Portfólio 37.071 37.684 -520 4.350 77 -98,2 -98,6

Outros Investimentos Estrangeiros 14.076 41.301 3.595 8.512 6.494 -23,7 136,4

reservas internacionais (caixa) 238.520 288.575 335.775 346.144 353.397 2,1 25,6

movimento de câmbio 27.821 24.354 -2.556 15.825 4.155 -73,7 -710,7

Comercial 10.919 -1.650 1.378 6.253 6.667 6,6 -454,0

Financeiro 16.902 26.004 -3.934 9.571,47 -2.512 -126,2 -308,8

Fonte: BCB. Elaboração: Grupo de Economia / Fundap.

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28 BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011anexo estatístico

TaBela 7. Taxa de Juros noMinais Brasil e Países selecionados

Países selecionados

taxasvariações

(último dado: out./2011) em %

2009 2010 ago./11 set./11 out./11 Mês anteriorMesmo mês do

ano anterior

Países desenvolvidos

Estados Unidos 0,13 0,13 0,13 0,13 0,13 0,00 0,00

Japão 0,10 0,05 0,05 0,05 0,05 0,00 0,00

Reino Unido 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,00 0,00

Zona do Euro 1,00 1,00 1,50 1,50 1,50 0,00 0,50

Países emergentes

Brasil 8,75 10,75 12,00 12,00 12,00 0,00 1,25

Chile 0,50 3,25 5,25 5,25 5,25 0,00 2,50

México 4,50 4,50 4,50 4,50 4,50 0,00 0,00

China 5,31 5,56 6,56 6,56 6,56 0,00 1,00

Coreia do Sul 2,00 2,50 3,25 3,25 3,25 0,00 1,00

Índia 4,75 6,25 8,00 8,25 8,25 0,00 2,25

Indonésia 6,50 6,50 6,75 6,75 6,75 0,00 0,25

Malásia 2,00 2,75 3,00 3,00 3,00 0,00 0,25

Tailândia 1,25 2,00 3,50 3,50 3,50 0,00 1,75

Hungria 6,50 5,50 6,00 6,00 6,00 0,00 0,75

Polônia 3,50 3,50 4,50 4,50 4,50 0,00 1,00

República Tcheca 1,00 0,75 0,75 0,75 0,75 0,00 0,00

Turquia 6,50 6,50 5,75 5,75 5,75 0,00 -0,75

Rússia 8,75 7,75 8,25 8,25 8,25 0,00 0,50

Ucrânia 10,25 7,75 7,75 7,75 7,75 0,00 0,00

África do Sul 7,00 5,50 5,50 5,50 5,50 0,00 -0,50

Fonte: BCB, IPEA, Bancos Centrais, Institutos de Estatísticas Nacionais. Elaboração: Grupo de Economia / Fundap.

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29BOLETIM DE ECONOMIA [ 8 ] / outubro de 2011 anexo estatístico

TaBela 8. Taxa de Juros reais Brasil e Países selecionados

Países selecionados 2008 2009 2010

2011 (inflação 12 meses até agosto)1

2011 (expectativa de

inflação)2

Países desenvolvidos

Estados Unidos 0,2 -2,6 -1,3 -3,5 -2,8

Japão -0,3 1,8 0,0 -0,1 0,0

Reino Unido -1,1 -2,3 -3,1 -3,8 -3,6

Zona do Euro 0,9 0,1 -1,2 -1,5 -1,1

Países emergentes

Brasil 7,4 4,3 4,6 4,4 5,2

Chile 1,1 1,9 0,2 1,9 1,9

México 1,6 0,9 0,1 1,3 1,0

China 4,1 3,3 0,9 0,3 1,1

Coreia do Sul -1,1 -0,8 -1,0 -1,0 -0,8

Índia -2,9 -8,9 -3,9 -0,7 1,4

Indonésia -0,9 3,6 -0,5 2,1 1,1

Malásia -1,1 0,9 0,5 -0,3 -0,3

Tailândia 2,3 -2,2 -1,0 -0,5 -0,6

Hungria 6,3 1,0 0,9 2,4 2,0

Polônia 1,5 -0,2 0,3 0,2 0,5

República Tcheca -1,3 0,0 -1,5 -0,9 -1,2

Turquia 4,5 0,0 0,1 -0,4 -0,1

Rússia -0,2 0,0 -1,0 1,0 -0,6

Ucrânia -8,4 -1,8 -1,2 1,7 -1,1

África do Sul 2,0 0,7 1,9 0,2 0,5

Fonte: Bancos Centrais, Institutos Nacionais de Estatísticas, TheEconomist. Elaboração: Grupo de Economia / Fundap (1) Inflação de agosto para Estados Unidos, Japão, Reino Unido, China, Índia, Malásia, Hungria, Polônia, República Tcheca e África do Sul. (2) Expectativa de inflação TheEconomist.