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GOVERNO DO ESTADO DESANTA CATARINA PROGRAMA DE COMPETITIVIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR DE SANTA CATARINA (SANTA CATARINA RURAL) Boletim com orientações técnicas para o manejo de agrotóxicos e manejo de pragas de acordo com as recomendações constantes do Manual Operativo (Produto 4) Lauro Bassi Consultor Florianópolis, Janeiro de 2015

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GOVERNO DO ESTADO DESANTA CATARINA

PROGRAMA DE COMPETITIVIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR DE SANTA CATARINA

(SANTA CATARINA RURAL)

Boletim com orientações técnicas para o manejo de agrotóxicos e manejo de pragas de acordo com

as recomendações constantes do Manual Operativo

(Produto 4)

Lauro Bassi

Consultor

Florianópolis, Janeiro de 2015

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APRESENTAÇÃO

O presente documento se constitui no quarto produto referente às atividades desenvolvidas no âmbito do contrato profissional celebrado com a Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca visando assessorar a equipe técnica da Secretaria Executiva Estadual na implementação dos procedimentos de avaliação ambiental, manejo de pragas e incorporação de aspectos relativos a mudanças climáticas junto ao Programa Santa Catarina Rural (SC Rural), conforme Termo de Referência. Contém informações e orientações sobre o manejo de agrotóxicos e o manejo de pragas.

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LISTA DE SIGLAS

ABPM - Associação Brasileira de Produtores de Maçãs

CFO - Certificado Fitossanitário de Origem

CFOC - Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado

CIRAM - Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina

CNPE - Cadastro Nacional de Produtores e Empacotadoras

CREA - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

CIDASC - Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina

CIT - Centro de Informações Toxicológicas

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DL50 - Dose Média Letal

DOU - Diário Oficial da União

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPAGRI - Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

EUREP - Euro-Retailer Produce Working Group

FATMA - Fundação do Meio Ambiente

FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

GAP - Good Agriculture Practices

GLP – Gás Liquefeito de Petróleo

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná

LACEN - Laboratório Central de Saúde Pública

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário

MAP - Manejo Agroecológico de Pragas

MEP - Manejo Ecológico de Pragas

MIP - Manejo Integrado de Pragas

NTE - Normas Técnicas Específicas

OP - Política Operacional

PGA - Plano de Gestão Ambiental

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PI – Produção Integrada

PIA - Produção Integrada de Arroz Irrigado

PIF - Produção Integrada de Frutas

PIT - Produção Integrada de Tomate

PMASP - Plano de Melhoria Ambiental em Sistemas de Produção

RAC - Regulamento de Avaliação da Conformidade

SAPI - Sistema Agropecuário de Produção Integrada

SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SIEE - Sistemas de Integração Econômica Ecológica

SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação

TAC - Termo de Ajuste de Conduta

TPC - Thermal Pest Control

UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UGT – Unidade de Gestão Técnica

URT – Unidade de Referência Tecnológica

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 6

2 CONCEITOS ...................................................................................................................... 8

3 LEGISLAÇÃO REFERENTE AOS AGROTÓXICOS .................................................. 10

3.1 LEGISLAÇÃO FEDERAL ............................................................................................... 10

3.1.1 LEGISLAÇÃO BÁSICA ............................................................................................. 10

3.1.2 LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR .............................................................................. 10

3.2 LEGISLAÇÃO ESTADUAL............................................................................................. 11

4 PROGRAMAS E PROJETOS EM CURSO NO ESTADO ............................................ 12

5 ATIVIDADES EM CURSO NO SC RURAL ................................................................. 21

6 MANEJO DE AGROTÓXICOS ...................................................................................... 24

6.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS ......................................................................... 24

6.2 TIPOS E SINTOMAS DAS INTOXICAÇÕES .................................................................... 24

6.3 CLASSIFICAÇÃO EM FUNÇÃO DA DL50 ...................................................................... 25

6.4 REGISTRO DE NOVOS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS ........................................................ 25

6.5 RECOMENDAÇÕES PARA O USO DE AGROTÓXICOS .................................................... 26

7 MANEJO DE PRAGAS ................................................................................................... 28

7.1 CONTEXTO ................................................................................................................. 28

7.2 PLANO DE MELHORIA AMBIENTAL DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ............................. 29

7.3 ORIENTAÇÕES GERAIS PARA O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS ............................. 30

7.3.1 CONCEITO ............................................................................................................... 30

7.3.2 COMPONENTES DO MIP ......................................................................................... 31

7.3.3 TIPOS DE PRAGAS ................................................................................................... 37

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 38

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1 INTRODUÇÃO

O consumo de agrotóxicos no Estado de Santa Catarina em 2009 ultrapassou o valor de 14.379 toneladas de princípios ativos (56% herbicidas) em 8.071.101 hectares de área plantada. O Estado de Santa Catarina notificou no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), 410 casos de intoxicação por agrotóxicos no ano de 2010, correspondendo a 23% dos casos notificados da Região Sul (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

As análises dos dados presentes no Centro de Informação Toxicológica de Santa Catarina mostram que de 1984 a 2010 ocorreram 9.868 acidentes causados por agrotóxicos, sendo que, 35,44% foram acidentes individuais, 24,93% acidentes ocupacionais, e 37,55% estão associados a outras causas de intoxicação (SOUZA, 2011).

O Programa SC Rural dá suporte ao desenvolvimento sustentável da agricultura familiar catarinense através de estratégias técnicas e metodológicas que buscam implementar atividades amigáveis do ponto de vista ambiental. Para que isto ocorra, além de seguir a legislação ambiental vigente (Federal e Estadual), o Programa atende às exigências das salvaguardas do Banco Mundial (agente financiador). Dentre as salvaguardas indicadas na avaliação prévia do Programa consta a Política Operacional (OP) 4.09 - Manejo de Pragas, muito embora, o SC Rural “não financia a compra de agrotóxicos ou outros agentes químicos que contrariam a Política Operacional 4.09 (Manejo de Pragas) do Banco Mundial” (MOP, 2013).

Ainda segundo MOP (2013), considerando que poderá haver uso desses elementos advindos de atividades produtivas apoiadas pelo mesmo, deverá ser incentivada a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e/ou a recomendação de cuidados na seleção e manuseio dos agrotóxicos, desde a aquisição até o descarte de embalagens vazias, as quais baseiam-se nos critérios estabelecidos pela referida Política do Banco Mundial e devem: (i) ter efeitos adversos mínimos à saúde humana; (ii) ter sua eficácia comprovada no combate às espécies alvo; (iii) ter um efeito mínimo nas espécies que não são o alvo da sua aplicação e no ambiente natural. Os métodos, momento e frequência da aplicação de pesticidas devem minimizar os danos aos inimigos naturais das espécies alvo. Além disto, o Programa apóia a melhoria dos sistemas produtivos e a Produção Integrada (PI).

Essas ações buscam minimizar os riscos ambientais decorrentes do uso e aplicação de agrotóxicos, bem como proteger a saúde das famílias rurais e dos consumidores e, quando este acontecer, deverá sempre ser de acordo com o que prevê a legislação vigente.

Mesmo que não financie a aquisição de agrotóxicos nem de outros agentes químicos (MOP 2013, Plano de Gestão Ambiental – PGA, pg. 135-136), o Programa elaborou um Plano de Melhoria Ambiental em Sistemas de Produção (PMASP) já que o SC Rural, ao incentivar a melhoria dos sistemas produtivos ou outras ações, pode, no caso de não haver um manejo adequado de pragas, contribuir para o incremento de uso de agrotóxicos. O objetivo do

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PMASP é orientar a implementação do MIP e da PI, segundo publicações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), como boletins e Normas Gerais para o Uso de Agrotóxicos; publicações e orientações técnicas da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC) e; conforme prevê a legislação federal e estadual que trata desse assunto.

Para que este conjunto de medidas e planos de redução e adequação do uso de agrotóxicos venha a ser aplicado na melhoria dos sistemas de produção, o Programa prevê a capacitação de técnicos e produtores envolvidos com o mesmo.

No presente documento são tratados temas como a legislação pertinente aos agrotóxicos, ações em curso no estado de Santa Catarina e no âmbito do SC Rural e orientações técnicas gerais sobre o manejo seguro de agrotóxicos e o manejo integrado de pragas.

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2 CONCEITOS

(a) Manejo Integrado de Pragas (MIP)

Refere-se a uma combinação de práticas para controle de parasitas utilizadas pelos agricultores, com uma vertente ecológica, que visa reduzir a dependência de pesticidas químicos sintéticos, e que engloba: (i) gestão de parasitas (mantendo-os abaixo de níveis economicamente perigosos) em vez de procurar a sua erradicação; (ii) dependência, na medida do possível, de medidas destinadas a manter a população de parasitas num nível baixo, sem recorrer a produtos químicos; e (iii) seleção e aplicação de pesticidas, quando tiverem que ser usados, de uma forma que minimize os efeitos adversos nos organismos benéficos, seres humanos e ao meio ambiente (MANUAL OPERACIONAL DO BANCO MUNDIAL OP 4.09, 1998).

(b) Produção Integrada (PI)

A Produção Integrada é um sistema de exploração agrária que produz alimentos e outros produtos de alta qualidade mediante o uso dos recursos naturais e de mecanismos reguladores para minimizar o uso de insumos e contaminantes e para assegurar uma produção agrária sustentável” (TITI et al., 1995).

A Produção Integrada tem por princípio, desde sua concepção, a visão sistêmica, inicialmente no manejo integrado de pragas, evoluindo para a integração de processos em toda a cadeia produtiva. Portanto, sua implantação deve ser vista de forma holística, estruturada sob quatro pilares de sustentação: organização da base produtiva, sustentabilidade do sistema, monitoramento dos processos e informação e banco de dados, componentes que interligam e consolidam os demais processos. Está colocada no ápice da pirâmide como o nível mais evoluído em organização, tecnologia, manejo e outros componentes, num contexto em que os patamares para inovação e competitividade são estratificados por níveis de desenvolvimento e representa os vários estágios em que o produtor poderá ser inserido num processo evolutivo de produção (BRASIL, 2009).

(c) Praga

O termo “praga” foi definido na 29ª Sessão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), realizada em Roma no período de 07 a 18 de novembro de 1997 como sendo: “Qualquer espécie, variedade ou biótipo de vegetal, animal ou agente patogênico prejudicial aos vegetais ou aos produtos vegetais” (FAO, 1997).

(d) Agrotóxicos

Produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias de

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produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento (BRASIL, 2015).

(e) Semioquímicos

Substâncias químicas que participam das interações entre os seres vivos evocando respostas comportamentais ou fisiológicas nos organismos receptores. Dependendo da ação que provocam (intra ou interespecífica) são classificados respectivamente como feromônios e aleloquímicos. Produtos semioquímicos são introduzidos no ambiente para atrair ou repelir organismos com a finalidade de detecção, monitoramento e controle de uma população ou atividade biológica de outros organismos vivos considerados nocivos (ANVISA, 2002).

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3 LEGISLAÇÃO REFERENTE AOS AGROTÓXICOS

3.1 LEGISLAÇÃO FEDERAL

3.1.1 LEGISLAÇÃO BÁSICA

Ato/Número/Data Ementa

Lei n° 7.802, de 11/07/1989

Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

Lei nº 9.974, de 06/06/2000 Altera a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. Embalagens vazias. (compilado na Lei 7.802/89)

Lei nº 9.294, de 15/07/1996

Dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4° do art. 220 da Constituição Federal.

Lei nº 9.605, de 12/02/1989 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Lei nº 9.784, de 29/01/1999 Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

Decreto nº 2.018, de 1º/10/1996 Regulamenta a Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996 (Propaganda).

Decreto nº 4.074, de 04/01/2002 Regulamenta a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989.

Decreto nº 5.549, de 22/09/2005 Dá nova redação e revoga dispositivos do Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002. Embalagens vazias (compilado no Decreto 4.074/02)

Decreto nº 5.981, de 06/12/2006 Dá nova redação e revoga dispositivos do Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002. Registro por equivalência (compilado no Decreto 4.074/02).

Decreto nº 6.913, de 23/07/2009 Acresce dispositivos ao Decreto no 4.074, de 4 de janeiro de 2002. Agricultura Orgânica (compilado no Decreto 4.074/02).

Fonte: BRESSAN (2012)

3.1.2 LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR

Ato/Número/Data Ementa INST. NORMATIVA. Nº 36, de 24/11/2009.

Credenciamento e Fiscalização de Entidade de Pesquisa. (Já compilada com as modificações da IN nº 42/2011)

INST. NORM. CONJ. Nº 25, de 14/09/2005.

Obtenção de Registro Especial Temporário (RET).

INST. NORM. CONJ. Nº 2, de 20/06/2008

Impurezas relevantes para registro e pós-registro.

ATO Nº 09, de 17/04/2012. Regras para os laudos de impurezas. PORTARIA Nº 45, de 10/12/1990. Limites aceitáveis nas análises químicas (tolerância). INST. NORMATIVA. Nº 36, de Manual do Vigiagro (parte específica para agrotóxicos)

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10/11/2006. INST. NORMATIVA. Nº 51, de 04/11/2011.

Importação de agrotóxicos e outros

INST. NORMATIVA. Nº 5, de 02/04/2012.

Tratamento de sementes e mudas exclusivamente para exportação.

INST. NORMATIVA. Nº 66, de 27/11/2006.

Empresas Prestadoras de Serviços Fitossanitários - EPSF.

INST. NORM. CONJ. Nº 1, de 15/04/2008.

Registros Emergências Quarentenárias, Fitossanitárias.

INST. NORM. CONJ. Nº 1, de 23/02/2010.

Registro de Culturas com Suporte Fitossanitário Insuficiente.

INST. NORM. CONJ. Nº 2, de 23/01/2006.

Registro de Agentes Biológicos de Controle.

ATO Nº 29, de 07/07/2011 Entendimentos sobre o registro de Agentes Biológicos de Controle.

INST. NORM. CONJ. Nº 1, de 23/01/2006.

Registro de produtos Semioquímicos.

INST. NORM. CONJ. Nº 3, de 10/03/2006.

Registro de Agentes Microbiológicos.

INST. NORMATIVA. Nº 32, de 26/10/2005.

Registro de Produtos Bioquímicos.

INST. NORM. CONJ. Nº 1, de 27/09/2006.

Registro de Produtos Técnicos exclusivos para exportação.

INST. NORMATIVA Nº 46, de 06/10/2011.

Regulamento Técnico de Orgânicos e lista de substâncias permitidas.

INST. NORM. CONJ. Nº 1, de 24/05/2011.

Registro de Produtos Fitossanitários para a Agricultura Orgânica.

INST. NORM. CONJ. Nº 2, de 02/06/2011.

Estabelece as especificações de referência de alguns produtos para Agricultura Orgânica.

Portaria nº 86, de 03 de março de 2005

Aprova a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura – NR 31.

Fonte: BRESSAN (2012)

3.2 LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Decreto nº 3.657, de 25 de outubro de 2005 que regulamenta as Leis nos 11.069, de 29 de dezembro de 1998, e 13.238, de 27 de dezembro de 2004, que estabelecem o controle da produção, comércio, uso, consumo, transporte e armazenamento de agrotóxicos, seus componentes e afins no território catarinense.

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4 PROGRAMAS E PROJETOS EM CURSO NO ESTADO

No Estado de Santa Catarina estão em andamento diversas ações que visam o manejo de agrotóxicos e de pragas no sentido de obter produtos mais saudáveis e minimizar os efeitos sobre as pessoas e o meio ambiente. Estas ações incluem programas e projetos desenvolvidos em parceria entre instituições públicas e privadas estaduais e federais de pesquisa, ensino e extensão e empresas privadas, tendo como protagonistas fundamentais os agricultores e suas associações e recursos de diferentes fontes, apoiados pelas políticas públicas do Estado.

No presente capítulo são destacados alguns destes programas e projetos e os resultados que estão sendo obtidos.

(a) Programa Alimento sem Risco

Os objetivos incluem: (i) evitar a presença indevida de resíduos de agrotóxicos em alimentos, preservando a saúde dos consumidores e dos produtores agrícolas, bem como prevenindo a ocorrência de danos ao meio ambiente; (ii) monitorar alimentos suscetíveis ao uso de agrotóxicos; (iii) adotar ação eficaz de rastreamento de alimentos; (iv) fomentar a criação de estrutura pública para análise periódica de resíduos de agrotóxicos em alimentos; (v) controlar o uso de agrotóxicos na produção de alimentos; (vi) aprimorar o controle de receituários agronômicos; (vii) fiscalizar e vedar a comercialização, no Estado, de agrotóxicos proibidos nos países de origem.

Os principais marcos regulatórios do Programa são: Constituição Federal; Código de Defesa do Consumidor; Lei nº 7.802/89; Decreto nº 4.074/02; Lei estadual nº 11.069/98; Lei estadual nº 15.120/10 e Decreto estadual nº 3.657/05.

Entidades envolvidas: Ministério Público de Santa Catarina, através do Centro de Apoio Operacional do Consumidor; Secretaria de Estado da Agricultura e Pesca; CIDASC; EPAGRI; Secretaria de Estado da Saúde; Diretoria de Vigilância Sanitária; Centro de Informações Toxicológicas (CIT-SC); Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN); Secretaria de Estado da Segurança Pública; Polícia Militar de Santa Catarina; Polícia Militar Ambiental; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-SC); Fundação do Meio Ambiente (FATMA); Superintendência do IBAMA em SC; Procuradoria Regional do Trabalho; Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Santa Catarina (SENAR).

Alguns importantes resultados do Programa são: (i) aumento do número de amostras de alimentos analisadas; (ii) aumento na abrangência da área de amostragem que passou do comércio de Florianópolis e São José para propriedades rurais e outras grandes regiões do Estado; (iii) foram iniciadas as providências para a implantação de controle eletrônico dos receituários agronômicos e para a realização de seminários de orientação e conscientização dos produtores quanto ao uso de agrotóxicos; (iv) a partir do aumento das fiscalizações nas propriedades rurais, no comércio de alimentos e em agropecuárias, diversos inquéritos civis

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públicos vêm sendo instaurados e Termos de Ajuste de Conduta (TAC) celebrados, a fim de buscar a regularização de atividades realizadas na produção agrícola e no comércio de alimentos e de agrotóxicos. Mais informações podem ser obtidas no site: http://www.mpsc.mp.br/portal/servicos/programas.aspx

(b) Agroalertas

Trata-se e um sistema de monitoramento e difusão de avisos e alertas agrometeorológicos em apoio à agricultura familiar, que integra as seguintes instituições: EPAGRI, através do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (CIRAM); Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR); CIDASC e Fundação ABC para Assistência e Divulgação Agropecuária e tem por objetivo desenvolver e implantar sistemas de monitoramento, difusão de informações e alertas agrometeorológicos para a agricultura familiar de Santa Catarina.

A implantação do sistema de monitoramento climático e emissão de avisos e alertas para as culturas contribuirão para a diminuição dos custos de produção, diminuição dos riscos de intoxicação e redução dos resíduos de agrotóxicos aos níveis permitidos pela legislação, ação que qualifica os produtos para venda aos diferentes mercados. Além disso, o uso racional de agrotóxicos diminuirá impactos negativos ao meio ambiente. De forma operacional, em relação ao controle de pragas e doenças destacam-se: (i) definição dos melhores momentos para pulverização de agroquímicos para controle de doenças; (ii) redução no número de aplicações de produtos químicos. Mais informações podem ser obtidas no site: http://ciram.epagri.sc.gov.br/agroalertas/index.jsp?pag=1&variavelP=203.

(c) Projeto MDA FRUPLANORTE

O projeto “Monitoramento e difusão de dados agrometeorológicos em apoio à fruticultura do Planalto Norte Catarinense” tem como objetivo geral gerar um sistema em rede, para difusão de informações “agrometeorológicas e fitossanitárias” de apoio ao desenvolvimento da Fruticultura no Planalto Norte Catarinense, tendo como base uma rede de estações agrometeorológicas e dados de pesquisa, além da capacitação dos atores da cadeia produtiva, aumentando a competitividade da fruticultura, principalmente das espécies frutíferas já implantadas (macieira, pereira, caquizeiro), melhorando a qualidade dos frutos, alcançando a sustentabilidade e, sobretudo a geração de emprego e renda para a agricultura familiar Catarinense.

Dentre os objetivos específicos destaca-se o de desenvolver e avaliar modelos de previsão e de monitoramento de doenças e pragas, para a redução das aplicações de agrotóxicos, para a melhoria da qualidade dos frutos, para a diminuição da agressão ao meio ambiente, para a diminuição dos custos de produção e identificação de microclimas. Mais informações em: http://ciram.epagri.sc.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=152&Itemid=374.

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(d) Sistema Automatizado para Monitoramento da Traça da Maçã

A ação é uma cooperação técnico-científica entre a EPAGRI/CIRAM e a Empresa Pessl da Áustria. Graças a esta cooperação, a EPAGRI/CIRAM adquiriu sete estações agrometeorológicas de monitoramento diário da flutuação populacional de pragas em pomares e outras culturas. Os equipamentos estão implantados em pomares de maçã das cidades de São Joaquim, Caçador e Fraiburgo e na região do Planalto Norte. Cada um é composto por uma armadilha com feromônios sintéticos (substância capaz de atrair o macho). Após entrar na armadilha, o inseto fica preso em uma placa adesiva. Essa placa é fotografada em alta resolução por múltiplas câmeras e as imagens enviadas por sinal de celular para um servidor. Os resultados das análises das fotos, com o número de indivíduos detectados são disponibilizados via internet, mensagens de celular e outros dispositivos.

A alternância de controle químico com inseticidas e a técnica de confusão sexual dos insetos estão se tornando uma das maneiras mais eficazes para proteger as culturas, diminuindo a agressão ao meio ambiente e melhorando a qualidade de vida dos agricultores. Os benefícios desta abordagem moderna incluem um melhor controle biológico e o desenvolvimento mais lento da resistência das pragas e doenças aos agrotóxicos. Permite ainda uma menor exposição aos agrotóxicos pelo homem, redução de resíduos de agrotóxicos nos produtos agropecuários e, consequentemente, proteção ao meio ambiente. Mais informações em: http://www.receituarioonline.com.br/noticia/epagri-vai-implantar-sistema-automatizado-para-monitoramento-da-traca-da-maca/.

(e) Produção Integrada

O aperfeiçoamento dos mercados consumidores, a mudança de hábitos alimentares e a procura por alimentos seguros vêm pressionando os sistemas produtivos para atenderem às novas demandas, o que pode ser comprovado pelas seguintes atitudes: (i) movimento dos consumidores, principalmente europeus, na busca de frutas e hortaliças sadias e com ausência de resíduos de agroquímicos perniciosos à saúde humana e (ii) normas do setor varejista europeu, representado pelo EUREPGAP (Euro-Retailer Produce Working Group – EUREP for Good Agriculture Practices – GAP), agora conhecido por GLOBALGAP, que tem pressionado exportadores de frutas e hortaliças para o atendimento a regras de produção que levem em consideração: resíduos de agroquímicos, meio ambiente e condições de trabalho e higiene. Essas situações indicam um estado de alerta e de necessidade de transformação imediata e contundente nos procedimentos de produção e pós-colheita de frutas, para que o Brasil, sendo terceiro maior produtor de frutas do mundo, possa se manter e avançar na conquista dos mercados consumidores (BRASIL, 2009).

(i) Produção Integrada no Brasil

Com as exigências do comércio nacional e internacional de produtos agropecuários advindas da globalização, do crescimento populacional, da reciprocidade de cada país e da segurança dos alimentos, a qual está relacionada com a presença de perigos associados aos gêneros

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alimentícios, tornou-se uma realidade a necessidade de implementação da Produção Integrada (PI). O alimento seguro e rastreável é alcançado por meio dos esforços combinados de todas as partes que integram a cadeia produtiva. O sistema pressupõe o emprego de tecnologias que permitam o controle efetivo do sistema produtivo agropecuário por meio do monitoramento de todas as etapas, desde a aquisição dos insumos até a oferta ao consumidor.

A Produção Integrada está sendo implementada nos pólos de produção utilizando uma metodologia de projetos-piloto instalados em propriedades rurais das diversas cadeias produtivas, sob coordenação de pesquisadores/professores de instituições governamentais, contando para isso com a parceria firmada entre o MAPA e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sendo os recursos financeiros oriundos do MAPA e disponibilizados ao CNPq, que contrata os projetos junto aos coordenadores, sob supervisão geral do MAPA/CNPq. Nesses projetos estão envolvidas equipes multidisciplinares de suporte tecnológico, constituídas por meio de um comitê que elabora as normas técnicas de produção, as quais são testadas, validadas e aplicadas em propriedades selecionadas. Neste sistema são utilizadas as melhores e mais adequadas tecnologias agropecuárias, buscando a racionalização de produtos agroquímicos, o monitoramento da água, do solo, do ambiente, da cultura ou espécie, da pós-colheita e a necessária implantação de registros em todas as fases de produção para obtenção da rastreabilidade.

Ainda segundo BRASIL (2009), a Produção Integrada tem por princípio, desde sua concepção, a visão sistêmica, inicialmente no manejo integrado de pragas, evoluindo para a integração de processos em toda a cadeia produtiva. Portanto, sua implantação deve ser vista de forma holística, estruturada sob quatro pilares de sustentação: organização da base produtiva, sustentabilidade do sistema, monitoramento dos processos e informação e banco de dados, componentes que interligam e consolidam os demais processos.

O Brasil possui seu Marco Legal para Produção Integrada atualmente restrito à Produção Integrada de Frutas (PIF), mas em processo de ampliação para contemplar todo o setor agropecuário, composto basicamente de: (i) Diretrizes Gerais e Normas Técnicas Gerais para a Produção Integrada de Frutas (PIF); (ii) Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC); (iii) Definições e Conceitos da PIF; (iv) Regimento Interno da Comissão Técnica para PIF; (v) Formulários do Cadastro Nacional de Produtores e Empacotadoras (CNPE) (BRASIL, 2009).

As Normas Técnicas Específicas (NTE) são as normas básicas de Boas Práticas Agrícolas que servem de referencial para a adequação do sistema produtivo das propriedades candidatas ao sistema de certificação oficial em Produção Integrada. Elas se subdividem em diferentes áreas temáticas (capacitação, organização de produtores, recursos naturais, material propagativo etc.) e contemplam normas obrigatórias, recomendadas, proibidas ou permitidas com restrição, de acordo com a realidade de cada cultura. Além das NTE, a estrutura técnico-operacional de suporte ao sistema também é composta por Grade de Agrotóxicos, Cadernos de Campo e Pós-Colheita e Listas de Verificação de Campo e de Empacotadora.

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No estágio atual (BRASIL, 2009), o Sistema PIF já atingiu a consolidação em 18 culturas (banana, caju, caqui, côco, figo, goiaba, laranja, lima ácida ‘Tahiti’, lima da pérsia, maçã, mamão, manga, maracujá, melão, morango, pêssego, tangor ‘Murcot’ e uva), ou seja, os produtores estão aptos a certificar a produção para essas culturas, tendo em vista que existem Normas Técnicas Específicas (NTE) definidas e publicadas no Diário Oficial da União (DOU). Além dos projetos de PIF, encontram-se em andamento 22 projetos de Produção Integrada em 14 estados, contemplando 21 produtos, quais sejam: amendoim, arroz, batata, café, carne, cenoura, feijão, flores tropicais, leite, mandioca, mel, ovinos, plantas medicinais, soja, raízes (gengibre, inhame e taro), rosas, tomate de mesa, tomate industrial e trigo. Nos últimos anos, algumas culturas não frutíferas aderidas ao Sistema Agropecuário de Produção Integrada (SAPI) também tiveram notável desempenho em termos de diminuição de uso de agrotóxicos, chegando à redução de até 100% no uso de inseticidas (arroz), fungicidas (arroz) e herbicidas (batata).

(ii) Produção Integrada em Santa Catarina

A seguir são destacadas algumas cadeias produtivas inseridas na Produção Integrada em Santa Catarina, conforme descrito em BRASIL (2009) e VITALIS et al, (2006).

� Produção Integrada de Apicultura

A apicultura tem posição de destaque na economia de Santa Catarina, com o estado ocupando historicamente os primeiros lugares em produção e exportação de mel no Brasil. Em 2004, no auge do mercado externo, foram exportadas 4,2 mil toneladas de mel, gerando US$ 8,5 milhões para a economia catarinense. A apicultura é uma atividade presente em todo o estado, envolvendo cerca de 30 mil famílias e um plantel de mais de 350 mil colméias. Além da produção de mel e de outros produtos da colméia, como pólen, própolis, geléia real e apitoxina, a apicultura catarinense também se destaca em serviços de polinização, atividade que gera valores estimados em US$ 85 milhões, em termos de garantia de qualidade e aumento de produtividade, e movimenta mais de 50 mil colméias todos os anos no serviço de polinização dirigida (BRASIL, 2009).

O projeto tem como objetivo geral desenvolver e implementar um Sistema Agropecuário de Produção Integrada de Apicultura no Estado de Santa Catarina. Apresenta uma série de objetivos específicos dos quais destacam-se, dentre outros: (i) identificar e instituir um Comitê Técnico Gestor para a definição de diretrizes e normas do Sistema Agropecuário de Produção Integrada de Apicultura (SAPI Apis), com a participação de representantes de todos os setores do agronegócio apícola de Santa Catarina; (ii) incentivar a organização da base produtiva; (iii) desenvolver e implantar o sistema de rastreabilidade, visando à obtenção de selo de identificação de origem que garanta a qualidade e as características específicas do produto produzido; (iv) identificar e executar ações de pesquisas necessárias à implementação do SAPI Apis; (v) desenvolver um plano para o plantio de espécies de interesse apícola; (vi) incentivar a adoção de tecnologias pelos apicultores, visando aumento de produtividade e

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melhoria de qualidade dos produtos da colméia; (vii) levantar a incidência e a prevalência de patógenos e parasitas das abelhas.

Para mais informações dobre a produção integrada de apicultura consultar: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Desenvolvimento_Sustentavel/Produ%C3%A7%C3%A3o%20Integrada/PI_Brasil.pdf.

� Produção Integrada de Arroz

O maior desafio da orizicultura irrigada no Sul do Brasil é o aumento de rentabilidade, com base na redução de custos de produção, o aumento de produtividade e da qualidade do produto, bem como a minimização de riscos de impactos ambientais negativos, visando a inserção em novos mercados, como Europa, África e Oriente Médio (BRASIL, 2009).

O objetivo geral do projeto é estabelecer normas de Produção Integrada de Arroz Irrigado (PIA) de modo a subsidiar o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na regulamentação de critérios e procedimentos formais necessários à implantação do Cadastro Nacional de Produtores no Regime de Produção Integrada de Grãos.

Dentre os objetivos específicos destacam-se os que têm relação com o manejo de agrotóxicos e de pragas: (i) descartar embalagens e restos de agrotóxicos, segundo o Decreto nº 3.550/2000, que regulamenta a Lei nº 9.974/2000, sobre a destinação desses materiais; (ii) monitorar a ocorrência de pragas e caracterizar atributos químicos, físicos e biológicos do solo e a condição nutricional de plantas de arroz nos sistemas de PIA e convencional; (iii) avaliar a qualidade de grãos obtidos por PIA, enfatizando rendimento de engenho, parâmetros de cocção e níveis de contaminação microbiológica e por resíduos de agrotóxicos.

Para obter mais informações sobre a produção integrada de arroz consultar: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Desenvolvimento_Sustentavel/Produ%C3%A7%C3%A3o%20Integrada/PI_Brasil.pdf.

� Produção Integrada de Banana

A Produção Integrada de Bananas - PIB em Santa Catarina teve início em 2002, com o objetivo geral de implementar o Sistema de Produção Integrada de Banana no Estado de Santa Catarina e os objetivos específicos de: (i) determinar os componentes técnicos e econômicos do sistema de Produção Integrada de Banana para Santa Catarina, cujo conjunto deverá dar sustentação à Norma Técnica deste sistema e sua aplicação; (ii) realizar análise de custo/benefício e do impacto ambiental nos dois sistemas de produção comparando seus resultados; (iii) promover a formação de técnicos multiplicadores e executores bem como capacitar produtores para a Produção Integrada de Bananas; (iv) produzir publicações técnicas para divulgar o sistema bem como para fundamentar os cursos de treinamento; (v) apoiar ações para a regulamentação e desenvolvimento da infraestrutura com o objetivo de implementar a Produção Integrada de Banana em Santa Catarina e demais Estados que demonstrarem interesse (VITALIS et al, 2006).

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� Produção Integrada de Maçã

Em relação à Produção Integrada em Santa Catarina a maçã ocupa lugar de destaque com uma produção que cresceu nos últimos anos, deslocando a participação da maçã importada no mercado interno e conquistando espaço no mercado externo. As principais estratégias estão relacionadas às tecnologias de produção visando ao aumento da produtividade, à redução do uso de defensivos agrícolas e ao aumento da qualidade da maçã.

A implementação desse sistema foi feita sob a coordenação da Embrapa Uva e Vinho e com a participação efetiva da EPAGRI, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Instituto Biológico de São Paulo e da Associação Brasileira de Produtores de Maçãs (ABPM) (BRASIL, 2009).

Um dos importantes resultados da produção Integrada de Maçã tem sido a redução do uso de pesticidas de maior risco. As normas gerais da PIF estabelecem que os agroquímicos somente devam ser usados quando demonstrada a sua necessidade e na quantidade mínima para sua eficácia. Os agrotóxicos que afetam gravemente a sobrevivência dos organismos benéficos também devem ser substituídos, mesmo que registrados para a cultura. Com base nesse critério, a norma da Produção Integrada de Maçã proíbe o uso dos piretróides; restringe o uso dos fungicidas benzimidazois, ditiocarbamatos e do clorotalonil; limita e define a forma de uso dos pesticidas que favorecem a seleção de resistência das pragas e patógenos, como os fungicidas inibidores da síntese de esteróis; estabelece como indispensável o monitoramento das pragas. Está em fase de validação o sistema de alerta para as doenças. Com observação desses critérios, obteve-se a redução de 60% do uso de herbicidas, 25% dos fungicidas e 60% dos acaricidas (BRASIL, 2009). Mais informações sobre produção integrada de maçã em: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Desenvolvimento_Sustentavel/Produ%C3%A7%C3%A3o%20Integrada/PI_Brasil.pdf.

� Produção Integrada de Tomate no Alto Vale do Rio do Peixe

Santa Catarina ocupa a sétima posição em área plantada e a oitava em produtividade (53.997 kg/ha), envolvendo cerca de 10 mil estabelecimentos rurais (EPAGRI/CEPA, 2005, apud BRASIL, 2009). Do total do tomate produzido em Santa Catarina, 31,4% corresponde ao município de Caçador, localizado no Alto Vale do Rio do Peixe, com cerca de 650 ha de área plantada na safra 2005/06 (IBGE, 2006, apud BRASIL, 2009). Entretanto, essa atividade apresenta muitas oscilações na produção, sendo o ataque de pragas e doenças um dos fatores que contribuem para tais variações. Desde 2005, a EPAGRI/Estação Experimental de Caçador tem desenvolvido trabalhos de pesquisa com a Produção Integrada de Tomate (PIT), com o objetivo de produzir tomates com uso de tecnologias mais limpas. Os resultados indicaram a redução no número de aplicações de produtos químicos tanto para o controle de pragas como de doenças (BRASIL, 2009). Para mais informações sobre PIT, consultar: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Desenvolvimento_Sustentavel/Produ%C3%A7%C3%A3o%20Integrada/PI_Brasil.pdf.

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(f) Produção orgânica

O alimento orgânico não é somente “sem agrotóxicos”. Além de ser isento de insumos artificiais, como os adubos químicos e os agrotóxicos, também deve ser isento de drogas veterinárias, hormônios e antibióticos, e de organismos geneticamente modificados. Durante o processamento dos alimentos é proibido o uso das radiações ionizantes (que produzem substâncias cancerígenas, como o benzeno e o formaldeído) e, aditivos químicos sintéticos, como corantes, aromatizantes, emulsificantes, entre outros. O termo alimento orgânico tem origem na Agricultura Orgânica que, na Legislação Brasileira de 2007, tem como objetivos a auto-sustentação da propriedade agrícola no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais para o agricultor, a minimização da dependência de energias não renováveis na produção, a oferta de produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isentos de qualquer tipo de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor, do agricultor e do meio ambiente, o respeito à integridade cultural dos agricultores e a preservação da saúde ambiental e humana (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2013).

A certificação dos alimentos orgânicos é uma forma de assegurar ao consumidor que o produto foi produzido dentro de um processo orgânico, sem a utilização de agrotóxicos, respeitando o ambiente e o homem, etc. A certificação é um processo de inspeção das propriedades agrícolas, realizado com uma periodicidade que varia de dois a seis meses, para verificar se o alimento orgânico está sendo cultivado e processado de acordo com as normas de produção orgânicas. O foco da inspeção não é o produto, mas a terra e o processo de produção. Assim, uma vez credenciada, a propriedade pode gerar vários produtos certificados, que irão receber um selo de qualidade (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2013).

No Brasil a Instrução Normativa nº 007/99 apresenta normas disciplinadoras para a produção, tipificação, processamento, envase, distribuição, identificação e certificação da qualidade de produtos orgânicos, sejam de origem animal ou vegetal. Pelo menos 30 tipos de produtos orgânicos vêm sendo produzidos no Brasil. Destes, Santa Catarina destaca-se pela produção de hortaliças (in natura e processadas), banana, kiwi, maçã e arroz (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2013).

No âmbito da produção orgânica a EPAGRI, no início da década passada, desenvolveu um grande projeto de profissionalização de produtores rurais, com cursos básicos de agroecologia sendo ministrados em diversas regiões do Estado, que envolveram mais de 4 mil agricultores e 300 técnicos da Empresa e de outras instituições. Pesquisadores realizaram inúmeros experimentos científicos nas estações experimentais da EPAGRI e em propriedades de agricultores, alguns em parceria com as universidades (federais e estaduais), escolas agrotécnicas e outras entidades, para testar novas técnicas e repassá-las aos agricultores e empresários rurais que estão apostando na produção agroecológica (EPAGRI, 2011).

Em relação às políticas públicas relacionadas à produção orgânica, em Santa Catarina destacam-se: (i) programa pioneiro no País denominado Saber e Sabor, que consiste numa parceria da Secretaria Estadual de Educação com inúmeras associações de produtores

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orgânicos para compor a alimentação escolar orgânica. O programa atendeu, até 2009, 130 escolas básicas estaduais e 90 mil crianças, duas vezes por semana, com alimentos orgânicos, e a meta é atender a totalidade da população escolar até 14 anos, ou seja, 900 mil alunos; (ii) Programa SC Orgânicos, que envolveu inicialmente 15 associações de agricultores agroecológicos, com os seguintes apoios: Ministério da Agricultura, Ministério do Desenvolvimento Agrário, EPAGRI, CIDASC, SEBRAE, Banco do Brasil, Câmara Italiana de Comércio e Indústria de SC, Secretarias de Desenvolvimento Regional, prefeituras, universidades, escolas agrotécnicas, além de outras entidades. Esse programa visa compor forças e iniciativas para viabilizar a produção e comercialização, procurando envolver grupos de produtores em vez de indivíduos isoladamente; (iii) levantamento da produção orgânica catarinense, iniciado pela EPAGRI/CEPA no ano 2010, que pretende fazer um diagnóstico da produção orgânica estadual, procurando detectar quem são os produtores, o que e quanto produzem, como vendem, etc. (TAGLIARI e ZOLDAN, 2011).

(g) Eliminação de pragas em videiras com o uso de ar quente

Uma nova tecnologia sustentável capaz de combater doenças nas videiras está animando produtores brasileiros. O equipamento, batizado de Thermal Pest Control (TPC) funciona liberando para as plantas jatos laminares de ar quente, com temperatura entre 120 e 150°C. O ar liberado pelo TPC beneficia a lavoura de duas formas: A primeira é o auxílio no controle de fungos, bactérias e insetos que não resistem a essa temperatura. Outro efeito é o estímulo à produção de fitoalexinas, substâncias de autodefesa das plantas, aumentando o grau de imunidade das videiras. O equipamento é movido a Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e puxado por trator. Em Santa Catarina, onde a tecnologia está sendo utilizada, pesquisadores da EPAGRI/Estação Experimental de Videira acompanham a evolução dos testes para recomendar e desenvolver novos trabalhos na área, caso a tecnologia se mostre viável (EPAGRI, 2011).

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5 ATIVIDADES EM CURSO NO SC RURAL

O Programa SC Rural, além de apoiar os programas e políticas anteriormente destacados, em desenvolvimento no Estado de Santa Catarina, relacionadas com a melhoria dos sistemas produtivos e com a redução/eliminação do uso de agrotóxicos e com o manejo integrado de pragas, também desenvolve em seu âmbito, como parte de sua estratégia técnica e operacional, atividades específicas focadas ao cumprimento das salvaguardas ambientais, incluindo o manejo seguro de agrotóxicos e o manejo integrado de pragas. Os apoios são brindados através de: (i) recursos financeiros disponibilizados diretamente aos beneficiários; (ii) custeio de capacitações de técnicos e de agricultores; (iii) custeio de atividades desenvolvidas pelas instituições executoras e parceiras do Programa. A seguir são destacadas algumas destas atividades.

(a) Monitoramento da produção orgânica

Esta atividade é desenvolvida pela CIDASC e tem como objetivo reconhecer algumas condicionantes dos sistemas de produção orgânica em Santa Catarina, apoiado num programa de capacitação de técnicos e agricultores e na verificação de contaminação dos produtos orgânicos, identificando se os sistemas de produção orgânica estão aptos para a entrada no mercado de alimentos que promovam a saúde humana (MOP, 2013).

Em sua estratégia, o programa envolve 4 etapas: (i) seleção de estabelecimentos de produção orgânica e de pontos de comercialização de produtos orgânicos; (ii) coleta de amostras no âmbito da produção e da comercialização; (iii) destino e análise das amostras; (iv) difusão dos resultados.

Estão envolvidos 42 profissionais, sendo 39 Engenheiros Agrônomos e 03 Técnicos Agrícolas, distribuídos estrategicamente em todas as regiões produtoras, em atividades de coordenação e coleta, abrangendo seu atendimento nos 293 municípios do Estado. Para a execução de suas atividades os técnicos e agricultores foram capacitados com o apoio do SC Rural.

(b) Fortalecimento da defesa sanitária animal e vegetal

Neste âmbito, busca a excelência, com o desenvolvimento de trabalhos ligados à implantação de medidas fitossanitárias destinadas a prevenir, retardar ou impedir a entrada de novas pragas que causam danos aos vegetais; seus produtos; subprodutos; resíduos de valor econômico e insumos, para viabilizar a produção e a comercialização de produtos catarinenses, preservar o meio ambiente e garantir aspectos da segurança alimentar. Destaque é dado para os trabalhos desenvolvidos de controle das pragas quarentenárias que atingem as culturas de banana, citros, pinus e maçã e o controle, através da ação fiscal, do comércio estadual de insumos como mudas, sementes, agrotóxicos e afins.

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O SC Rural apóia o desenvolvimento de um sistema informatizado de Defesa Agropecuária, englobando as áreas finalísticas da CIDASC. No caso da defesa vegetal, inclui: (i) sistema Sementes e Mudas, com enfoque na fiscalização do comércio de sementes e mudas; (ii) sistema de controle e fiscalização do comércio e uso de agrotóxicos no Estado; (iii) sistema visando o controle sanitário e a rastreabilidade da produção agrícola; (iv) sistema de vigilância sanitária vegetal para controle do trânsito de vegetais, cadastramento de profissionais credenciados, registro de doenças fitossanitárias.

(c) Certificação fitossanitária

Para efeito da certificação fitossanitária o responsável técnico é o profissional legalmente habilitado e com credencial para elaborar, implantar e manter atualizadas as boas práticas fitossanitárias no processo de produção e beneficiamento de produtos de origem vegetal, hospedeiros de pragas quarentenárias, conforme PMASP (Anexo 7 do MOP). Este processo é formalizado através da certificação, que ampara a emissão do Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) (Anexo 8 do MOP) e/ou Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado (CFOC) (Anexo 9 do MOP), assegurando ao Estado a manutenção do patrimônio fitossanitário e, consequentemente, a preservação da competitividade da sua produção (MOP, 2013).

Em Santa Catarina, é obrigatória a certificação fitossanitária para maçã, pêssego, nectarina, ameixa e pêra, com declaração atestando que estes produtos são procedentes de áreas livres da praga quarentenária Cydia pomonella conhecida popularmente como “traça da maçã”. Os produtos cítricos destinados ao comércio interestadual necessitam que a unidade de produção esteja livre da praga Xantomonas campestris pv. Citri, causadora do “cancro cítrico”, bem como de propriedades que adotam o sistema de mitigação de risco da praga Guignardia citricarpa, conhecida como “pinta preta”. Já os produtores de musáceas (banana) e helicônias, necessitam para legalizar o comércio, a certificação atestando que as partidas são procedentes de unidades de produção livre das pragas Ralstonia solanacearum (moko); Mycospharela figiensis (sigatoka negra); Opgona sacchari (traça da bananeira) e Palleucothrips musae (tripes da bananeira) (MOP, 2013).

(d) Gestão de Ecossistemas

Através desta atividade estão sendo estruturados e implementados os Corredores Ecológicos Chapecó e Timbó, nas bacias hidrográficas do Rio Chapecó e do Rio Timbó respectivamente, com uma proposta inovadora de valorização dos ativos ambientais, contribuindo para a manutenção e aumento do estoque florestal nativo e para evitar o desmatamento. A FATMA é a instituição responsável pela implementação dos Corredores Ecológicos (MOP, 2013).

Dentro da estratégia técnica, a gestão de ecossistemas busca implementar um sistema de gestão da paisagem com a manutenção da permeabilidade da matriz e o incremento de conectividade via mecanismos de incentivo econômico. Para tanto, estão em curso atividades de educação ambiental, de implantação dos Sistemas de Integração Econômica Ecológica

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(SIEE) nas áreas de corredores ecológicos e da fiscalização ambiental, envolvendo diversas instituições executoras como a EPAGRI, SDS, FATMA, Polícia Militar Ambiental e outras organizações sociais. Com relação à melhoria ambiental nos sistemas produtivos, ações estão sendo desenvolvidas visando melhorar a disponibilidade de água no solo, reduzindo os efeitos das estiagens. Para a melhoria da qualidade da água, está sendo dada prioridade ao controle e/ou redução dos focos de contaminação e poluição por dejetos humanos, animais e por agrotóxicos, tendo como instrumento de ação a adequação ambiental das atividades dos agricultores envolvidos.

(i) Sistema de Integração Econômico-Ecológico

Consiste na aplicação de práticas agrícolas conservacionistas e no respeito à legislação ambiental. Na área dos Corredores foram identificados sete sistemas produtivos que poderão ser beneficiados: grãos, pecuária de corte, pecuária leiteira, silvicultura, turismo, sistemas agroflorestais e horticultura em bases agroecológicas. Em relação à atividade leiteira, destaca-se o incentivo à produção silvopastoril como parte da tecnologia de produção de leite a pasto, orientada pela EPAGRI.

Os SIEE concebidos para os Corredores Ecológicos deverão captar e disponibilizar benefícios de mercado aos produtores. Os benefícios deverão incluir: acesso a mercados e/ou preços diferenciados, crédito ou insumos vantajosos, capacitação e tecnologias para incremento de qualidade e produtividade, dentre outros. Em contrapartida, os produtores envolvidos devem assumir um portfólio de compromissos ambientais, definidos conforme um padrão que se queira atingir (incremento da matriz florestal na paisagem, melhoria da qualidade de sub-bosque, melhoria das técnicas de plantio, suspensão de queimadas, regularização ambiental, dentre outras). Portanto, o SIEE funciona como uma certificação de padrão negociado, podendo evoluir para uma marca referência.

(e) Plano da Propriedade Rural Familiar

No âmbito da implementação das demandas dos projetos estruturantes deverão ser elaborados diagnósticos das propriedades rurais envolvidas. Este diagnóstico é parte do Plano da Propriedade Rural Familiar. As informações obtidas apóiam a discussão com os grupos de agricultores sobre as melhorias a serem introduzidas nas propriedades e nos sistemas de produção através do Plano de Melhoria Ambiental em Sistemas de Produção que é parte do plano da propriedade e tem como um dos pontos fundamentais, além da identificação da situação atual do uso de agrotóxicos, o planejamento de ações com vistas ao manejo integrado de pragas.

Através destas ferramentas de diagnóstico e planejamento, apoiadas por um programa de capacitação e da produção e disponibilização de material técnico, o SC Rural garante a implementação das medidas de melhoria ambiental dos sistemas de produção atendendo assim as medidas mitigadoras relacionadas com as salvaguardas ambientais do Banco Mundial, em especial o Manejo de Pragas (OP 4.09) e Habitats Naturais (OP 4.04).

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6 MANEJO DE AGROTÓXICOS

No presente capítulo, são disponibilizadas, em forma resumida, orientações técnicas para o manejo seguro de agrotóxicos, conforme informações constantes na legislação vigente o com base em manuais e cartilhas elaboradas por instituições de pesquisa e assistência técnica, além dos órgãos de defesa da saúde pública.

As informações sobre o uso correto e seguro dos agrotóxicos constam na Lei federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989 e Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002 que dispõem sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins.

6.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS

Para a identificação da classe os rótulos devam conter em sua parte inferior uma faixa colorida com as seguintes cores: (i) Classe I: vermelho vivo; (ii) Classe II: amarelo intenso; (iii) Classe III: azul intenso; (iv) Classe IV: verde intenso (ARRUDA, 1993a, p 16).

Segundo Lima et al, (2013), são destacados os seguintes aspectos sobre as classes de agrotóxicos e sua aplicação com vistas à segurança dos operadores e do meio ambiente:

Classe I - extremamente tóxicos: somente devem ser utilizados por operadores profissionais

licenciados, que tenham um bom conhecimento da química, usos, perigos e precauções no uso.

Classe II - altamente tóxicos: devem ser utilizados por operadores que os aplicam seguindo

estritas condições controladas e supervisionadas por operadores treinados.

Classe III - medianamente tóxicos: seus operadores devem observar as normas rotineiras de

segurança na aplicação. Esta categoria inclui agrotóxicos altamente tóxicos e todos os que

possuem efeitos adversos para o ambiente e aqueles cujo uso descontrolado não é desejável.

Classe IV - pouco tóxicos: utilizados por operadores treinados que observem medidas de

proteção rotineiras. Esta categoria inclui agrotóxicos comercialmente liberados, excluído o uso

pelo público em geral.

Classe “0” - sem comprovação de dano em uso normal, agrotóxicos disponíveis ao público em

geral, para usos específicos. Esses agrotóxicos não estão incluídos em outras categorias.

6.2 TIPOS E SINTOMAS DAS INTOXICAÇÕES

Nas intoxicações agudas, de aparecimento rápido, os sintomas são bem visíveis e, geralmente, fazem pensar em um produto em especial. No entanto, na maioria dos casos, os primeiros sinais são pouco específicos dos agrotóxicos, e se apresentam como dores de cabeça, tonteira, náuseas, cansaço, falta de motivação. Com o passar do tempo, os problemas de saúde podem piorar e provocar danos maiores. Além disso, alguns agrotóxicos se acumulam no organismo

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e causam doenças mais demoradas e até mais graves (ANVISA, 2011). Os tipos e sintomas de intoxicações com agrotóxicos são apresentados a seguir:

Tipo Sintomas

Contaminação por contato com a pele (via dérmica)

(i) Irritação – pele vermelha, quente e dolorosa, inchaço e, às vezes, ardência e brotoejas; (ii) desidratação - pele seca, escamosa, às vezes, infeccionada, com dor e pus, e evoluindo para cicatrizes deformadas, esbranquiçadas ou escuras; (iii) alergia - brotoejas com coceiras.

Contaminação pela respiração (via inalatória)

(i) Ardência do nariz e boca; (ii) tosse; (iii) corrimento de nariz; (iv) dor no peito; (v) dificuldade para respirar.

Contaminação pela boca (via oral)

(i) Irritação na boca e garganta; (ii) dor de estômago; (iii) náuseas; (iv) vômitos; (v) diarréia.

Fonte: Adaptado de ANVISA, 2011

Nas intoxicações crônicas, que aparecem após absorção repetida de pequenas quantidades de agrotóxicos em um tempo mais prolongado, surgem problemas respiratórios graves, alteração do funcionamento do fígado e dos rins, anormalidade da produção de hormônios da tireóide, dos ovários e da próstata, incapacidade de gerar filhos, malformação e problemas no desenvolvimento intelectual e físico das crianças, câncer etc.

6.3 CLASSIFICAÇÃO EM FUNÇÃO DA DL 50

A toxicidade da maioria dos defensivos é expressa em termos do valor da Dose Média Letal (DL50), por via oral, representada por miligramas do produto tóxico por quilo de peso vivo, necessários para matar 50% de ratos e outros animais testes. Assim, para fins de prescrição das medidas de segurança contra riscos para a saúde humana, os produtos são enquadrados em função do DL50, inerente a cada um deles, conforme se apresenta a seguir:

Classe toxicológica Descrição I Extremamente tóxicos (DL50 < 50 mg/kg de peso vivo) II Muito tóxicos (DL50 – 50 a 500 mg/kg de peso vivo) III Moderadamente tóxicos (DL50 – 500 a 5000 mg/kg de peso vivo) IV Pouco tóxicos (DL50 > 5000 mg/kg de peso vivo)

Fonte: Adaptado de MENTEN e KREYCI (2012)

6.4 REGISTRO DE NOVOS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Para o registro de novos defensivos agrícolas as empresas solicitam os mesmos simultaneamente aos órgãos regulatórios ANVISA, MAPA e IBAMA, conforme esquema apresentado na Figura 1.

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Figura 1. Esquema de solicitação de registro de defensivos agrícolas (Fonte: MENTEN e KREYCI (2012)

6.5 RECOMENDAÇÕES PARA O USO DE AGROTÓXICOS

Segundo EMBRAPA (2005), as principais recomendações para o uso de agrotóxicos são:

� Escolha o agrotóxicos adequado. Leia o rótulo com atenção e siga rigorosamente as instruções do fabricante. Em caso de dúvida, procure esclarecer-se sobre o rótulo com pessoas que possam ajudá-lo.

� Inspecione sempre a lavoura. Não deixe que as pragas, doenças e ervas daninhas tomem conta, mas não aplique o produto sem necessidade.

� Verifique se os equipamentos de aplicação estão em boas condições de uso, sem vazamentos e bem calibrados. No caso dos pulverizadores, estes devem estar com os bicos desentupidos e filtros limpos. Nunca use a boca, nem arames, alfinetes e outros objetos perfurantes para desentupir os bicos dos pulverizadores. Siga as instruções dos técnicos e dos fabricantes.

� Abra as embalagens com cuidado, para evitar respingos, derramamento do produto, ou levantamento do pó. Mantenha o rosto afastado e evite respirar o defensivo.

� Ao preparar e aplicar defensivos use macacão completo ou camisa de mangas compridas, chapéu de aba larga e botas impermeáveis. Proteja-se com luvas, máscara e

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óculos adequados, de acordo com a recomendação contida no rótulo. Não fume, não beba e nem se alimente durante o preparo e aplicação.

� Não faça misturas sem orientação de um técnico. Produtos misturados nem sempre são necessários, podem tornar-se mais tóxicos, ou mesmo perder o efeito como agrotóxico.

� Os agrotóxicos não utilizados devem ficar nas embalagens com seus rótulos originais, bem fechadas e guardadas em depósitos apropriados.

� Guarde sempre os agrotóxicos em depósito fechado e que não tenham acesso a crianças, pessoas desavisadas, ou animais domésticos e onde não estejam guardados alimentos, rações e medicamentos.

� Não permita que crianças e outras pessoas desnecessárias ao trabalho e animais domésticos permaneçam nos lugares de preparo e aplicação dos agrotóxicos.

� Não permita que menores de idade trabalhem na aplicação de agrotóxicos.

� Não aplique agrotóxicos quando houver vento forte. Aproveite as horas mais frescas do dia. Não aplique contra o vento.

� Nas aplicações por via aérea (avião) use somente produtos e formulações permitidas e registradas para essa finalidade.

� Cuidado para não contaminar os rios, lagoas e fontes, casas e depósitos, nem as propriedades dos vizinhos.

� Observe rigorosamente o intervalo recomendado entre a última aplicação e a colheita, conforme vem indicado no rótulo, para evitar resíduos além dos permitidos nos produtos agrícolas.

� Nunca utilize as embalagens vazias dos agrotóxicos para outros fins. Elas devem ser enxaguadas três vezes e a calda acrescentada à preparação a ser pulverizada (tríplice lavagem). Mantenha a embalagem usada na propriedade para futura reciclagem controlada pelos órgãos ambientais responsáveis.

� Não queimar ou enterrar as embalagens, pois geram graves problemas ambientais.

� Ao terminar o trabalho, tome banho com bastante água e sabão. A roupa de serviço deve ser trocada e lavada diariamente.

� Nunca transporte os agrotóxicos juntamente com alimentos, medicamentos e rações e nem permita pessoas ou animais sobre a carga dos mesmos. Na eventualidade de acidentes no transporte de agrotóxicos, solicite instruções mais detalhadas aos órgãos de assistência técnica de sua região.

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7 MANEJO DE PRAGAS

Apresenta-se no presente capítulo orientações técnicas sobre o manejo de pragas, focadas no manejo integrado. As informações foram obtidas em manuais produzidos por empresas de pesquisa e assistência técnica, universidades e em documentos do próprio SC Rural. Tendo em vista que este é um tema extenso, serão destacados os pontos centrais e relevantes que visam orientar os técnicos do Programa na adoção de uma estratégia eficiente de Manejo Integrado de Pragas (MIP).

7.1 CONTEXTO

Como parte da estratégia de melhoria ambiental dos sistemas de produção e a busca de uma produção limpa, de menor impacto possível sobre a saúde das pessoas e demais componentes do meio ambienta e da biodiversidade, o SC Rural elaborou, com base nas demandas derivadas dos acordos com o Banco Mundial e em cumprimento das salvaguardas ambientais, um Plano de Manejo de Pragas (SC RURAL, 2010). O referido plano servirá de base para a elaboração deste capítulo que trata do manejo de pragas.

Embora tenham sido observados avanços a partir da “Lei dos Agrotóxicos”, especialmente em relação à responsabilidade compartilhada entre agricultores, canais de distribuição, indústria e poder público, quanto ao destino das embalagens vazias de agrotóxicos, em que se observa um aumento na sua devolução em centrais de recebimento e triagem, ainda se observam situações de descumprimento da legislação e das orientações técnicas especialmente relacionadas com a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) por ocasião do manuseio de agrotóxicos, além de ser ainda deficiente o acesso à informação sobre o tema do manejo seguro de agrotóxicos e sobre as alternativas técnicas de manejo integrado de pragas que pode levar à redução e até a exclusão do uso destes defensivos agrícolas (SC RURAL, 2010).

A Política Operacional 4.09, “Pest Management”, de dezembro de 1998, aplica-se em geral a empréstimos do Banco Mundial a projetos de desenvolvimento agrícola, quer eles financiem ou não pesticidas. De acordo com esta Política, esses projetos podem levar ao aumento no uso de pesticidas e poderá ter como conseqüência o aumento dos problemas ambientais, além de maior exposição ao risco das pessoas que manuseiam agrotóxicos. A seleção e uso de pesticidas em projetos financiados pelo Banco baseia-se nos seguintes critérios: (i) devem ter efeitos adversos mínimos na saúde humana; (ii) devem ter sua eficácia comprovada no combate às espécies alvo; (iii) devem ter um efeito mínimo nas espécies que não são o alvo da sua aplicação e no ambiente natural (os métodos, momento e freqüência da aplicação de pesticidas devem minimizar os danos aos inimigos naturais das espécies alvo); e, (iv) seu uso deve levar em conta a necessidade de se evitar o desenvolvimento de resistência nos parasitas.

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7.2 PLANO DE M ELHORIA AMBIENTAL DO SISTEMA DE PRODUÇÃO

Proposto para ser parte do Plano da Propriedade Rural Familiar, é obrigatório para produtores rurais a serem beneficiados por iniciativas de negócios apoiadas pelo SC Rural e que tenham potencial de uso de agrotóxicos, tendo por objetivo minimizar os possíveis impactos adversos da utilização de agrotóxicos à saúde humana e ao meio ambiente, advindos de ações desenvolvidas no SC Rural e segue as diretrizes da Política Operacional 4.09 (Manejo de Pragas) do Banco Mundial nos aspectos relacionados com o uso correto e seguro de agrotóxicos, visando: a preservação da saúde humana; a preservação dos inimigos naturais; a não contaminação do meio ambiente e a prevenção da resistência das pragas.

Em função dos resultados do diagnóstico ambiental da propriedade, em especial do uso de agrotóxicos é elaborado o plano de melhoria ambiental do sistema de produção de cada propriedade, o qual é anexado aos documentos de Avaliação Ambiental do projeto. Esta atividade é de responsabilidade do Extensionista Local da EPAGRI, com a participação dos produtores rurais beneficiados e conta com o apoio dos líderes dos projetos prioritários de cada Unidade de Gestão Técnica (UGT) e dos líderes dos projetos de gestão socioambiental do Escritório Regional e das UGT’s.

Como parte fundamental deste processo destaca-se o programa de capacitação de técnicos e produtores, conduzido pelo SC Rural com apoio das instituições parceiras. Para auxiliar na ação de capacitação contínua dos agricultores e na difusão de tecnologias para as diferentes culturas e sistemas de produção, estão sendo implantadas Unidades de Referência Tecnológica (URT’s) em cada UGT. Essas unidades, que são monitoradas pelos técnicos, também recebem a visita dos agricultores de cada grupo temático, que conjuntamente com os técnicos, fazem a avaliação dos resultados (ver Foto 1).

Foto 1. Visita de agricultores a URT de produção de leite em Angelina, SC, 19/12/2011

(Fonte: [email protected])

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Em paralelo, cada produtor conduz o monitoramento e sistematização dos resultados dos sistemas de produção de sua propriedade. Com o apoio do técnico responsável e dos demais membros do grupo temático é avaliado se os resultados esperados foram ou não alcançados.

Caso os resultados tenham sido alcançados, dar-se-á continuidade ao processo de qualificação do sistema de produção de cada cultura, buscando cada vez mais a redução no uso de agrotóxicos para o controle de pragas, motivando os membros do grupo temático a migrar para sistemas de produção menos impactantes ao meio ambiente. Caso os resultados esperados não tenham sido alcançados, o produtor receberá nova capacitação e assistência técnica dirigida em nível de propriedade a fim de assimilar e adotar as tecnologias para a melhoria ambiental dos sistemas de produção.

Em relação às diretrizes para a elaboração e implementação do PMASP, as mesmas estão fundamentadas nos conceitos de manejo integrado de pragas e de produção integrada, os quais estão sendo abordados na capacitação, difusão e implementação em cada propriedade, com potencial uso de agrotóxicos, beneficiada com os investimentos.

Podem ocorrer três situações ao nível dos sistemas de produção que utilizam agrotóxicos e que demandarão a elaboração dos planos de ação: (i) culturas para as quais não existam planos de amostragem de pragas estabelecidos; (ii) culturas com planos de amostragem de pragas estabelecidos; e (iii) culturas que estão incluídas no sistema de produção integrada.

(i) No caso dos sistemas de produção e culturas para as quais não existam planos de

amostragem de pragas disponíveis, o plano de ação é elaborado com base no conceito de

manejo integrado de pragas e nas recomendações para a realização do controle químico.

(ii) Para os sistemas de produção que têm as culturas com planos de amostragem de pragas

disponíveis e o nível de controle estabelecido, adota-se o manejo integrado de pragas, também

conforme orientações específicas para cada cultura.

(iii) Para os sistemas de produção de maçã, banana, arroz, tomate e apicultura, os agricultores

são orientados a adotar o sistema de Produção Integrada no qual deverão ser seguidas as

orientações preconizadas de acordo com a especificidade de cada cultura.

Para todas as situações, o SC Rural apóia a capacitação contínua através da assistência técnica aos produtores individualmente e a capacitação grupal em diferentes eventos baseados nas estratégias metodológicas da EPAGRI e demais instituições parceiras do Programa.

7.3 ORIENTAÇÕES GERAIS PARA O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

7.3.1 CONCEITO

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um sistema de controle de pragas que procura preservar e aumentar os fatores de mortalidade natural das pragas pelo uso integrado dos métodos de controle selecionados com base em parâmetros técnicos, econômicos, ecológicos e sociológicos. Este sistema também é conhecido como Manejo Ecológico de Pragas (MEP) e Manejo Agroecológico de Pragas (MAP) (PICANÇO, 2010).

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7.3.2 COMPONENTES DO MIP

Os componentes do MIP são: (i) diagnose (avaliação do agroecossistema); (ii) tomada de decisão; e, (iii) seleção dos métodos de controle (estratégias e táticas do MIP). Na diagnose são identificados de forma simples e correta as pragas e seus inimigos naturais. A tomada de decisão leva ao uso ou não de métodos artificiais de controle (químico, biológico aplicado ou comportamental). A decisão é baseada em planos de amostragem e em índices de tomada de decisão. Na seleção dos métodos de controle destaca-se que os mesmos devem ser selecionados com base em parâmetros técnicos (eficácia), econômicos (maior lucro), ecotoxicológicos (preservação do ambiente e da saúde humana) e sociológicos (adaptáveis ao usuário) (PICANÇO, 2010).

(a) Diagnose (avaliação do agroecossistema)

A avaliação do agroecossistema e seu planejamento, no sentido de conhecer as pragas-chave e os períodos críticos da cultura em relação ao ataque de pragas são fundamentais. É através do histórico da área e da cultura, da capacidade ou possibilidade de se poder fazer previsões da ocorrência e estabelecimento de pragas, em função dos fatores ecológicos, que outros métodos que não os químicos podem ser adotados (SC RURAL, 2010).

O agroecossistema deve ser avaliado verificando: (i) as pragas-chave; (ii) os inimigos naturais das pragas-chave; (iii) amostragem de pragas-chave e dos inimigos naturais; (iv) o estágio fenológico da planta; (v) condições climáticas locais; (vi) resultado de combate à praga, caso tenha sido realizado.

O estudo das populações de pragas e inimigos naturais só é possível através de programas de amostragens estabelecendo-se o monitoramento periódico quando as amostragens são realizadas periodicamente.

Diversos programas de amostragens têm sido estabelecidos para diferentes culturas, que permitem prever os danos, ou seja, relacionar densidades populacionais com prejuízos. Assim é possível estabelecer os níveis populacionais de equilíbrio, de controle e de dano econômico: (i) Nível de Equilíbrio - corresponde à densidade populacional média, durante um longo período de tempo sem que ocorram mudanças permanentes; (ii) Nível de Controle (ou Nível de Ação) - representa a densidade populacional na qual medidas de controle devem ser tomadas para evitar prejuízos econômicos, ou seja, para que não seja atingido o Nível de Dano Econômico; (iii) Nível de Dano Econômico - representa a menor densidade populacional capaz de causar perdas significativas para o agricultor; d) Nível de Não-Ação - é a densidade populacional do inimigo natural capaz de controlar a população da praga (PICANÇO, 2010); (SC RURAL, 2010).

São utilizados dois tipos de amostragem para pragas: amostragem convencional e amostragem sequencial. Na amostragem convencional o número de amostras é fixo e determinado antes de do início do procedimento de amostragem. No caso da amostragem sequencial, o número de observações não é fixado e a decisão de terminar ou não a amostragem, depende das informações parciais obtidas.

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(b) Tomada de decisão

Após a amostragem, caso seja obtido o Nível de Controle ou de Ação para determinada praga, devem ser tomadas medidas de controle para que não haja dano econômico à cultura, ou seja, não seja atingido o Nível de Dano Econômico. Entretanto, se houver a realização de amostragem para os inimigos naturais da praga-chave em questão, existe a possibilidade de avaliar o parasitismo e predação, observados ao longo do programa de monitoramento, para a determinação da tendência de crescimento populacional do inseto, verificando também se o Nível de Não-Ação foi ou não atingido.

(c) Seleção dos métodos de controle

Uma vez decidido adotar medidas de controle deve-se optar por um sistema que envolva um ou mais métodos de redução populacional de pragas, levando-se em consideração alguns fatores como o histórico da área com relação a culturas, clima e ocorrência de pragas. Na medida do possível devem ser utilizados todos os métodos de controle disponíveis (legislativo, genético, cultural, físico, mecânico, biológico, comportamental), e se necessário, o controle químico. Os diferentes métodos de controle são apresentados a seguir.

Método de controle Descrição sucinta, exemplos e tipos

Legislativo

Baseia-se em leis, decretos, portarias e outros mecanismos legislativos, de diferentes níveis institucionais, sejam federais ou estaduais, que obrigam ao cumprimento de medidas de controle por parte do produtor. Exemplo: Medidas obrigatórias que obrigam o produtor a erradicar plantas cítricas com sintomas de greening.

Referências PICANÇO (2010)

SC RURAL (2010)

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Método de controle Descrição sucinta, exemplos e tipos

Mecânico: Consiste na utilização de medidas de controle que causem a destruição direta dos insetos ou que impeçam seus danos.

(a) Catação manual: baseia-se na coleta manual e na destruição direta dos insetos alvo, sendo recomendada em pequenas áreas e quando a mão-de-obra é barata. Exemplo: coleta de frutos de laranja com sintomas de ataque do bicho furão

(b) Formação de barreiras: consiste no uso de qualquer prática que impeça ou dificulte o acesso dos insetos à planta. Exemplo: quebra-ventos, que consistem em cortinas florestais utilizadas na agricultura para atenuar ou desviar as correntes indesejáveis, que podem trazer pragas limitantes da produção agrícola; uso de viveiros telados para produção de mudas, uso de cones invertidos nos troncos das árvores; uso de tintas ou vernizes; uso de embalagens, etc.

(c) Armadilhas: dispositivos de captura de insetos considerados métodos mecânicos de controle, mas na maioria dos casos, elas são associadas a outros métodos. Existem armadilhas luminosas e adesivas (métodos

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mecânico e físico); armadilhas de feromônio (métodos mecânico e etológico), etc.

Referências PICANÇO (2010)

SC RURAL (2010)

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Método de controle Descrição sucinta, exemplos e tipos

Físico: Consiste na aplicação de métodos de origem física para o controle de insetos.

(a) Temperatura: manipulação da temperatura do ambiente, tornando-a letal aos insetos.

(b) Luminosidade: utilização de uma faixa de radiação luminosa (300 a 770 nm) para atrair e capturar insetos adultos de hábito noturno.

Referências

PICANÇO (2010)

SC RURAL (2010)

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Método de controle Descrição sucinta, exemplos e tipos

Cultural : Consiste no emprego de certas práticas culturais, normalmente utilizadas para o cultivo das plantas, visando o controle de pragas.

(a) Planejamento da época de plantio: objetiva dessincronizar a fase suscetível da cultura com o pico de ocorrência da praga.

(b) Plantio direto: favorece os inimigos naturais das pragas; entretanto, favorece algumas pragas de solo, como formigas cortadeiras.

(c) Poda ou desbaste: cortar e destruir, principalmente os ramos de plantas perenes atacadas por brocas e outras pragas que se alastrem pelos ramos/tronco e causem a morte da planta.

(d) Adubação equilibrada: planta bem nutrida, com adubação equilibrada, é mais resistente ao ataque de pragas.

(e) Rotação de culturas: plantar alternadamente variedades que não sejam hospedeiras das mesmas pragas, para quebrar ou interromper o ciclo de desenvolvimento das mesmas.

(f) Cobertura morta : uso de roçadeiras ecológicas ou adaptadas para jogar o mato cortado do meio da rua para debaixo da copa e entre plantas, em culturas permanentes, para aumentar predadores que vivem no solo, evitar herbicida na linha e auxiliar no controle natural de doenças causadas por fungos de solo.

(g) Destruição dos restos culturais: arrancar os restos de cultura, quando não for possível a realização do plantio direto, para impedir que a praga complete o seu ciclo de desenvolvimento, ou mesmo evitar que esses resíduos vegetais sirvam de hospedeiros para outras pragas.

(h) Cultura armadilha : plantar variedades suscetíveis ao redor ou mesmo no interior da área de cultivo, para atrair as pragas sobre as mesmas e, sobre elas, realizar o controle.

Referências PICANÇO (2010)

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SC RURAL (2010)

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Método de controle Descrição sucinta, exemplos e tipos

Comportamental ou Etológico: Baseado no estudo fisiológico e comportamental dos insetos visando ao seu controle através do seu hábito ou comportamento.

(a) Com hormônios: substâncias produzidas por glândulas internas e lançadas diretamente na hemolinfa dos insetos para provocar reações específicas em alguma parte de seu corpo. Têm-se os inibidores de síntese de quitina, os precocenos e juvenóides. Com base neles, foram desenvolvidas substâncias sintéticas análogas ou antagônicas que são usadas no controle de pragas.

(b) Com semioquímicos: substâncias produzidas por glândulas internas ou externas e lançadas externamente ao corpo dos insetos para provocar reações específicas em outro indivíduo. São usadas na comunicação entre indivíduos. Os semioquímicos dividem-se em:

(i) Feromônios: servem para a comunicação entre indivíduos da mesma espécie. Podem ser usados no MIP para: detecção (verificação da presença de pragas em determinados locais); monitoramento (estimar a densidade da população de pragas e acompanhar sua flutuação ao longo do tempo), e controle (controlar a praga). O controle pode ser feito através da:

- coleta massal: consiste em se colocar grande quantidade de armadilhas para coletar grande número de indivíduos, reduzindo a população da praga. É eficiente em baixas populações da praga;

- confundimento: consiste em saturar a área com feromônio, visando reduzir os acasalamentos, pela desorientação do receptor. Muito usado em pomares;

- cultura armadilha: consiste em se aplicar o feromônio em faixas de cultura ou em pontos específicos para atrair os insetos para aquele local, onde se pode aplicar um produto químico para eliminá-los. O feromônio de agregação é o mais usado neste processo.

(ii) Aleloquímicos: servem para a comunicação entre indivíduos de espécies diferentes. São divididos em:

- cairomônios: a comunicação beneficia o receptor da mensagem, isto é, são atraentes. Ex. iscas formicidas;

- alomônios: a comunicação beneficia o emissor da mensagem, isto é, são repelentes.

Referências PICANÇO (2010)

SC RURAL (2010)

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Método de controle Descrição sucinta, exemplos e tipos

Genético: Consiste na seleção e utilização de espécies, subespécies, variedades e/ou

(a) Imunidade: planta que não sofre danos.

(b) Resistência: planta que, devido a suas características genéticas, sofre um dano menor que o dano médio de outras em igualdade de condições. Os tipos de resistência são:

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cultivares que, devido a suas características genéticas, são menos danificadas que outras em igualdade de condições, ou seja, são mais resistentes.

(i) Antixenose ou não-preferência: as plantas são menos preferidas para a alimentação, abrigo ou oviposição pelas pragas, mas elas não afetam a biologia dos insetos caso sejam atacadas.

(ii) Antibiose: as plantas afetam a biologia da praga, devido principalmente a presença de substâncias tóxicas aos insetos.

(iii) Tolerância: a planta suporta o ataque da praga sem afetar sua produção, nem a biologia da praga.

(iv) Pseudo-resistência: resistência não transmitida hereditariamente. Pode ocorrer devido a fatores ambientais ou de manejo como a adubação. Existe a possibilidade de se induzir a resistência em determinada planta ao aplicar produtos que a beneficiam temporariamente.

(c) Suscetibilidade: planta que sofre um dano maior que o dano médio de outras em igualdade de condições.

Referências PICANÇO (2010)

SC RURAL (2010)

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Método de controle Descrição sucinta, exemplos e tipos

Biológico: Consiste na regulação do tamanho das populações das pragas por meio dos seus inimigos naturais, que são denominados de agentes do controle biológico.

Destaca-se que o controle biológico pode ser: natural (sem a intervenção do homem) e aplicado, que consiste na introdução e manipulação direta ou indireta dos inimigos naturais pelo homem.

(a) Predadores: são organismos (insetos, aves, mamíferos, aranhas etc.) de vida livre durante o seu ciclo biológico, que matam a presa e que necessitam alimentar-se de mais de um indivíduo para completar o seu desenvolvimento (1 predador consome várias presas). Podem ser citados os seguintes insetos predadores: joaninhas, bicho lixeiro, hemípteros, etc. Os pássaros atuam como eficientes predadores de lagartas e adultos de muitas espécies de lepidópteros desfolhadores. Muitos ácaros são entomófagos e de grande importância na destruição de insetos, além de ácaros pragas. As aranhas são predadoras inespecíficas, muito embora bastante eficientes.

(b) Parasitóides: insetos que durante o seu desenvolvimento necessitam apenas de um único hospedeiro (1 parasito consome 1 hospedeiro). Os parasitóides adultos têm vida livre e sua fonte de alimento é diferente da usada na sua fase jovem. Normalmente, os adultos se alimentam de pólen, néctar e exsudações diversas. As diferentes fases do inseto-praga (ovo-larva-pupa-adulto) podem ser parasitadas por diferentes espécies de parasitóides. Trichogramma soaresi (Hymenoptera: Trichogrammatidae): parasitóide oófago.

(c) Patógenos: são organismos (fungos, bactérias, vírus, nematóides etc.) que provocam doenças e a morte de insetos-praga. São classificados em:

(i) Fungos: embora no Brasil os melhores resultados de controle biológico com o uso de fungo tenham sido encontrados no controle de cigarrinhas e cochonilhas, é bastante comum encontrar lagartas e pupas de desfolhadores controlados por fungos dos gêneros Beauveria, Metarhizium, Paecilomyces e outros.

(ii) Bactérias: são empregadas em pulverizações dos esporos sobre a praga, sendo altamente eficientes. A bactéria Bacillus thuringiensis é considerada a mais importante. Seus esporos, quando ingeridos pelas lagartas provocam a ruptura da parede intestinal, levando-as à morte. Já

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existem no mercado muitas variedades desta bactéria, sendo que estes produtos já são utilizados no Brasil há vários anos contra diversos lepidópteros e mostraram alta eficiência. É importante lembrar que a ação deste produto é ineficaz para as outras fases do inseto, sendo eficiente exclusivamente na fase de lagarta.

(iii) Vírus : são frequentemente responsáveis pelo controle de muitos surtos de praga, aparecendo algum tempo depois do estabelecimento do inseto. É característico em uma lagarta contaminada por vírus paralisar sua alimentação e movimentação no final do período e 1 a 3 dias, ficando amarronzadas e apodrecendo, permanecendo nos galhos dependuradas, secas ou se liquefazendo.

Estratégias do controle biológico aplicado: (b) Manutenção das condições ambientais (Controle Biológico por Conservação): consiste em manter ou manipular adequadamente as condições do ambiente para favorecer a reprodução, abrigo e alimentação dos inimigos naturais. Ex: uso de faixas de vegetação nativa entre os talhões de culturas permanentes ou nas culturas anuais; aumentar a diversidade de espécies plantadas; restringir o uso de agrotóxico, e se necessário, utilizar produtos seletivos, etc.

(b) Multiplicação de Agentes Nativos (Controle Biológico por Incremento): consiste na criação e liberação de inimigos naturais nativos da região, para o controle de insetos-praga. Isso é feito quando a população de inimigos naturais não é suficiente para controlar as pragas ou quando não é possível melhorar as condições ambientais.

(c) Introdução de agentes exóticos (Controle Biológico Clássico): consiste na introdução de inimigos naturais exóticos na área, para o controle de insetos-pragas. Essa técnica tem sido bastante utilizada para controlar pragas introduzidas. Devem-se tomar os mesmos cuidados tomados na multiplicação de agentes nativos, além de verificar se o agente a ser introduzido não causará problemas com o tempo.

Referências

PICANÇO (2010)

SC RURAL (2010)

http://www.sba1.com/noticias/geral/42461/inaugurada-biofabrica-de-vespas-para-controle-da-helicoverpa-armigera#.VLGedivF_Cs.

ÁVILA et. al. (2013)

ARIOLI et. al. (2013)

MDA (2007)

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Método de controle Descrição sucinta, exemplos e tipos

Químico

O Manejo Integrado de Pragas prioriza o uso de métodos naturais, biológicos e biotecnológicos para o controle de pragas, preservando-se os inimigos naturais e incentivando-se a introdução de espécies predadoras e parasitóides. Entretanto, quando for necessário, deve ser utilizado o método químico de controle de pragas. É o método mais utilizado no controle de pragas devido à rapidez para o preparo do controle, eficiência imediata, compatibilidade com as operações culturais e baixo custo inicial.

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Porém, apresenta a desvantagem de não ser específico, favorecer o surgimento de pragas resistentes, ter alto custo em longo prazo, ser tóxico ao homem e outros animais, e perigoso ao meio ambiente.

Referências

PICANÇO (2010)

SC RURAL (2010)

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7.3.3 TIPOS DE PRAGAS

Os tipos de pragas quanto à parte da planta atacada e quanto à importância, bem como os danos causados são apresentados no Quadro 1.

Quadro 1. Tipos de pragas quando à parte da planta atacada e importância e dano causado

Ataque e importância

Tipo de praga Tipo de dano Exemplos

1. De acordo com a parte da planta atacada

(a) Praga direta Ataca diretamente a parte comercializada

Broca pequena do tomateiro (Neoleucinodes elegantalis) que ataca os frutos do tomateiro.

(b) Praga indireta Ataca uma parte da planta que afeta indiretamente a parte comercializada

Lagarta da soja (Anticarsia gemmatali) que causa desfolha em soja.

2. De acordo com sua importância

(a) Organismos não-praga

São aqueles cuja densidade populacional nunca atinge o nível de Controle.

Correspondem à maioria das espécies fitófagas (que se alimentam de vegetais) encontradas nos agroecossistemas.

(b) Pragas ocasionais ou secundárias

São aquelas que raramente atingem o nível de controle.

Ácaros na cultura do café

(c) Pragas-chave

São aqueles organismos que frequentemente ou sempre atingem o nível de controle. Esta praga constitui o ponto chave no estabelecimento de sistema de manejo das pragas, as quais são geralmente controladas quando se combate a praga-chave. São poucas as espécies nesta categoria nos agroecossistemas e, em muitas culturas só ocorre uma praga-chave.

(i) Pragas frequentes: Frequentemente atingem o nível de controle. Exemplo: Cigarrinha verde (Empoasca kraemeri) em feijoeiro. (ii) Pragas severas: São organismos cujo ponto de equilíbrio é maior que o nível de controle. Exemplo: Formigas saúvas (Atta spp) em pastagens.

Fonte: Adaptado de PICANÇO (2010)

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