boletim ativos do café cna - edição nº 16 / maio de 2014

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maior variação influenciada pelos sa- lários foi observada em Manhumirim/ MG (4,11%), gerando um COE de R$424,36 por saca. O menor impac- to causado pelos salários ocorreu em Luís Eduardo Magalhães/BA (1,09%), seguido por Monte Carmelo/MG (1,98%). Nestes municípios o processo produtivo é totalmente mecanizado. Nos municípios que possuem processo produtivo manual, o reajuste salarial causou um aumento médio 2,00% maior no COE, quando comparados aos municípios com produção meca- nizada. No café Conilon, os salá- rios foram responsáveis pelo aumento de 3,47% no COE em feve- reiro/14. A maior variação ocorreu em Jaguaré/ES (3,52%), onde o COE subiu 6,14% influenciado também pelo au- mento nos custos com insumos agríco- las e com mecanização. Em compara- ção às demais regiões produtoras desta espécie, em Itabela-BA o COE sofreu menor impacto do reajuste nos salários (3,08%), porém, a variação foi prepon- derante para o aumento de 3,92% que elevou os custos para R$168,63 por saca. Ano 8 - Edição 16 Maio 2014 REAJUSTE SALARIAL IMPACTA CUSTOS DA CAFEICULTURA E COE SOBE 3,91% NO INÍCIO DE 2014 Os custos de produção da cafeicultura brasileira apresentaram um aumento médio de 3,91% em fevereiro/14. O reajuste salarial, que traz mudanças econômico-financeiras importantes na cadeia produtiva do café, elevou os custos de produção das duas espécies produzidas no país. O Custo Opera- cional Efetivo (COE) da espécie Coffea arabica (café Arábica) subiu 3,42%, e o da Coffea canephora (café Conilon) subiu 5,66%. O aumento médio no COE do café Arábica relacionado diretamente ao reajuste nos salários foi de 2,72%. A Elaboração: CIM/UFLA

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Boletim Ativos do Café CNA - Edição Nº 16 / Maio de 2014

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Page 1: Boletim Ativos do Café CNA - Edição Nº 16 / Maio de 2014

maior variação infl uenciada pelos sa-lários foi observada em Manhumirim/MG (4,11%), gerando um COE de R$424,36 por saca. O menor impac-to causado pelos salários ocorreu em Luís Eduardo Magalhães/BA (1,09%), seguido por Monte Carmelo/MG (1,98%). Nestes municípios o processo produtivo é totalmente mecanizado. Nos municípios que possuem processo produtivo manual, o reajuste salarial causou um aumento médio 2,00% maior no COE, quando comparados aos municípios com produção meca-nizada.

No café Conilon, os salá-rios foram responsáveis pelo aumento de 3,47% no COE em feve-reiro/14. A maior variação ocorreu em Jaguaré/ES (3,52%), onde o COE subiu 6,14% infl uenciado também pelo au-mento nos custos com insumos agríco-las e com mecanização. Em compara-ção às demais regiões produtoras desta espécie, em Itabela-BA o COE sofreu menor impacto do reajuste nos salários (3,08%), porém, a variação foi prepon-derante para o aumento de 3,92% que elevou os custos para R$168,63 por saca.

Ano 8 - Edição 16Maio 2014

REAJUSTE SALARIAL IMPACTA CUSTOS DA CAFEICULTURA E COE SOBE 3,91% NO INÍCIO DE 2014Os custos de produção da cafeicultura brasileira apresentaram um aumento médio de 3,91% em fevereiro/14. O reajuste salarial, que traz mudanças econômico-fi nanceiras importantes na cadeia produtiva do café, elevou os custos de produção das duas espécies produzidas no país. O Custo Opera-cional Efetivo (COE) da espécie Coffea arabica (café Arábica) subiu 3,42%, e o da Coffea canephora (café Conilon) subiu 5,66%.

O aumento médio no COE do café Arábica relacionado diretamente ao reajuste nos salários foi de 2,72%. A

Elaboração: CIM/UFLA

Page 2: Boletim Ativos do Café CNA - Edição Nº 16 / Maio de 2014

TENDÊNCIAS DE MERCADO SÃO REVERTIDAS E PREÇO DO CAFÉ ARÁBICA SOBE 81,29% ENTRE NOVEMBRO/13 E MARÇO/14 Após um período de queda nos preços

e falta de perspectivas para a reversão

de tendência no curto prazo, as condi-

ções meteorológicas evidenciadas nos

últimos meses do ano 2013 e primeiro

trimestre de 2014, nos principais cin-

turões produtores de café Arábica no

Brasil, contribuíram para mudanças de

cenário.

Nos municípios que compõem o pro-

grama Campo Futuro, os preços mé-

dios de venda apresentaram cresci-

mentos médios mensais de 5,31%

e 16,29%, para o Conilon e Arábica

respectivamente, entre dezembro/13 e

março/14.

Em novembro/13 a saca de 60kg do café Arábica era comercializada por R$218,48. Em março/14 ela foi co-mercializada por R$396,09 em média, caracterizando uma alta de 81,29%. Ressalta-se que estes valores repre-sentam as médias mensais do café em cada município considerando as clas-sifi cações física (classifi cação por tipo) e sensorial (classifi cação quanto à be-bida). Durante os painéis de levanta-mento de dados, foram estimados os percentuais dos diferentes tipos e be-bidas produzidos em uma propriedade típica de cada região.

Já o aumento nos preços do café Coni-lon entre outubro/13 e março/14 foi de

24,41%, quando a saca foi comerciali-zada por R$241,73. Este valor corres-ponde à média dos diferentes tipos de café produzidos nos municípios anali-sados. Neste cenário, com considerável diferencial de preços entre as espécies, salienta-se que fatores fundamentalis-tas, como quantidades produzidas de cada espécie e taxa de câmbio, podem induzir mudanças de estratégia na ca-deia produtiva, principalmente no se-tor industrial. Para tanto, os produtores devem fi car atentos às informações sobre a colheita da safra 2013/2014 e o comportamento da demanda sobre cada espécie, buscando adequar da melhor maneira as suas estratégias de comercialização.

Preço médio de venda (Reais por saca de 60kg)

Elaboração: CIM/UFLA

Page 3: Boletim Ativos do Café CNA - Edição Nº 16 / Maio de 2014

APESAR DA ALTA NOS PREÇOS, COT SUPERA A RECEITA DA CAFEICULTURA DE

CONILON EM CACOAL/RO O Custo Operacional Total (COT) em Cacoal/RO tem superado a receita gerada com a produção de café Co-nilon. Entre janeiro/14 e março/14 a Produção de Nivelamento (PN), que neste caso representa a produção mí-nima para cobrir o COT, fi cou acima da produtividade atual. Neste período houve uma alta de 4,76% no preço de venda no município, porém o au-mento de 4,54% no COT não permi-tiu que a Margem Líquida (ML = Preço – COT) fi casse positiva em março/14 (-R$13,75/saca).

Em média o COT subiu 4,65% nas principais regiões produtoras de Co-nilon do país, enquanto os preços de venda subiram 10,71%. Entre

janeiro/14 e março/14 o aumento no

COT em Jaguaré/ES foi de 5,10%. Já

em Itabela/BA houve uma redução de

0,54% nestes custos, favorecendo a

PN e consequentemente a ML.

Ao contrário de Cacoal/RO, em Itabe-

la/BA e Jaguaré/ES a receita com o café

cobriu o COT entre janeiro/14 e mar-

ço/14, gerando ML positiva. No muni-

cípio baiano, a ML que em janeiro/14

foi positiva em R$25,90/saca chegou

a R$54,45/saca em março/14. Neste

município foi observada a menor PN

do período, em fevereiro/14, quando

77% da produção foi sufi ciente para

cobrir os custos. Já no município ca-

pixaba a ML foi positiva em R$24,15/

saca em janeiro/14 e R$39,16/saca em março/14.

O gráfi co representa a PN da cafeicul-tura de Conilon entre janeiro/14 e mar-ço/14. Valores maiores que 1 indicam que a produtividade atual não é sufi -ciente para cobrir o COT e valores me-nores que 1 que os custos são cobertos. Exemplo: 1) PN=1,15 – indica que a produtividade deveria ser 15% superior que a atual para que os custos fossem cobertos; 2) PN=0,77 – indica que 77% da produtividade atual cobre o COT e que 23% correspondem à margem de lucro. É importante lembrar que o pre-ço do café tem grande infl uencia neste indicador, pois com custos constantes e preços maiores, a PN diminui..

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Produção de Nivelamento sobre o COT (Base 1)

Elaboração: CIM/UFLA

Elaboração: CIM/UFLA

Page 4: Boletim Ativos do Café CNA - Edição Nº 16 / Maio de 2014

CAFEICULTORES DEVEM FICARATENTOS À MAIOR DEMANDA PORGRÃOS CERTIFICADOSDe acordo com o Bureau de Inteli-gência Competitiva do Café (www.icafebr.com) do Centro de Inteligência em Mercados (CIM/UFLA), a deman-da por cafés certifi cados continuará crescendo nos próximos anos. O rela-tório Brasil Food Trends 2020 indica o consumo de alimentos produzidos de forma sustentável como uma das cinco principais tendências que irão infl uen-ciar a indústria de alimentos nessa dé-cada. A indústria do café está atenta ao novo nicho de mercado, e investe para oferecer produtos certifi cados aos seus consumidores.

Os analistas do Bureau citam três em-presas como exemplo: Starbucks, Nes-presso e Mondelez. A Starbucks pos-sui um programa denominado Coffee and Farmer Equity (C.A.F.E.) em que uma empresa independente é respon-sável por certifi car os cafeicultores do programa. São mais de 200 critérios avaliados nesta certifi cação. De acor-do com a Starbucks, 90% do café utilizado pela companhia em 2012 foi proveniente do C.A.F.E.. Incluindo grãos Fair Trade e orgânicos, o valor chega a 93%. Já a Nespresso trabalha em parceria com a Rainforest Allian-ce, uma das maiores certifi cações de café do mundo. A parceria é chama-da Nespresso AAA e tem por objetivo permitir que todo o café utilizado pela Nespresso tenha origem sustentável. Em 2012 o percentual atingiu o valor de 68%. A Mondelez também inves-te na obtenção de cafés certifi cados.

A empresa estabeleceu o objetivo de, até 2015, usar apenas grãos certifi ca-dos em todas as suas marcas comercia-lizadas no mercado Europeu. A compa-nhia também irá investir na melhoria da qualidade de vida de até um milhão de cafeicultores ao redor do mundo até o ano 2020, em uma iniciativa denomi-nada “Coffee Made Happy”.

De acordo com o Bureau, essa grande demanda por cafés certifi cados é mui-to relevante para os cafeicultores. A tendência é que cada vez mais empre-sas adotem o compromisso de vender apenas café 100% certifi cado, o que poderá criar barreiras para os cafei-cultores que não se adequarem às no-vas exigências. Trata-se de um grande

desafi o, principalmente para os pe-quenos cafeicultores. Esses podem se articular em associações ou cooperati-vas, e buscar inicialmente o Fair Trade. Dados da Fair Trade USA mostram a evolução das importações de café cer-tifi cado Fair Trade nos Estados Unidos da América (EUA) entre 1999 e 2012. Embora o volume total ainda seja uma fração do que o país importa anual-mente, é notável o crescimento apre-sentado. Houve uma grande evolução dos valores praticamente simbólicos no fi nal da década de 1990 para mais de um milhão de sacas em 2012. Como os EUA são o segundo maior mercado para o café verde Brasileiro, existe aí uma oportunidade interes-sante para os produtores nacionais.

ATIVOS DO CAFÉ é um boletim elaborado pela Superintendência Técnica da CNA e Centro de Inteligência em Mercados (CIM) - da Universidade Federal de Lavras (UFLA).Reprodução permitida desde que citada a fonte.

SGAN - Quadra 601 - Módulo K70.830-903 Brasília - DFFone (61) 2109-1458 Fax (61) 2109-1490E-mail: [email protected]: www.canaldoprodutor.com.br

Importações Fair Trade pelos EUA

Elaboração: CIM/UFLA