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Patrimônio Histórico: Cine São José em reforma O CINE SÃO JOSÉ foi uma casa de espetáculo inaugurada em Campina Grande pela Cia. Exibidora de Filmes. Em seu palco passaram várias peças teatrais e em seu telão foram exibidos inúmeros filmes, o primeiro deles foi ‘Sempre no meu coração’ com Kay Francis e Walter Huston, no dia 10 de novembro de 1945, quando foi inaugurado. De característica popular, o Cine reprisava os filmes que eram exibidos nos tradicionais Cine Capitólio e Babilônia e funcionou por pouco mais de 3 décadas. Seu auge se deu na década de 1950 e em fins dos anos de 1970 seu declínio, quando teve suas atividades encerradas no ano de 1983. O Cine São José teve papel fundamental na sociabilidade dos habitantes do bairro do bairro, que cresceu ao seu redor. Cine São José em maio de 2013 - SPA

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BOLETIM INFORMATIVO DA SOCIEDADE PARAIBANA DE ARQUEOLOGIA - SPA - Nº86, MAIO DE 2013. Confiram nesta edição: -- Patrimônio Histórico: Cine São José em reforma; -- Destruição do Patrimônio Histórico de Campina Grande; -- Pesquisa arqueológica em Taperuaba, Sobral-CE; -- Pintores rupestres desenhavam sob efeito de alucinógenos, diz estudo; -- Turmas de alunos visitam a Pedra do Ingá; -- Projeto desenvolvido em Campina Grande elaborará catálogos sobre a escravidão negra e história indígena no Brasil; -- II Congreso Internacional de Arqueología de la Cuenca del Plata; -- Vale dos Dinossauros reformado; -- Mapa de atuação da SPA em Maio de 2013; http://mhn.uepb.edu.br/Boletins/Boletim_86_MAI_2013.pdf

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Patrimônio Histórico: Cine São José em reforma

O CINE SÃO JOSÉ foi uma casa de espetáculo inaugurada em Campina Grande pela

Cia. Exibidora de Filmes. Em seu palco passaram várias peças teatrais e em seu telão foram exibidos inúmeros filmes, o primeiro deles foi ‘Sempre no meu coração’ com Kay Francis e Walter Huston, no dia 10 de novembro de 1945, quando foi inaugurado.

De característica popular, o Cine reprisava os filmes que eram exibidos nos tradicionais Cine Capitólio e Babilônia e funcionou por pouco mais de 3 décadas. Seu auge se deu na década de 1950 e em fins dos anos de 1970 seu declínio, quando teve suas atividades encerradas no ano de 1983. O Cine São José teve papel fundamental na sociabilidade dos habitantes do bairro do bairro, que cresceu ao seu redor.

Cine São José em maio de 2013 - SPA

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Passados 30 anos, o prédio do Cine São José está passando por uma reforma, por obra do Governo do Estado da Paraíba, para abrigar o espaço cultural multiuso, com espaço para apresentações teatrais, exposições e exibição da produção cinematográfica local. Com previsão para término em

novembro, a obra está orçada em R$ 2.528.281,07 e é aguardada com ansiedade pelo meio intelectual da cidade, que carece de espaços de espetáculo e exibição de filmes.

No dia 03 de maio, o Presidente da SPA Thomas Bruno Oliveira esteve visitando a obra e conversou com o Mestre de Obras José Martins Paulino e também com o Auxiliar Cristiano Félix, que gentilmente apresentaram o andamento da obra e todo o projeto. No dia anterior à visita, foi encontrada por operários uma fita magnética que teria sido descartada nos fundos do Cine, na época de seu funcionamento. A fita e um tijolo manual (descartado na reforma) foram, a partir de recomendação do Prof. Thomas, enviados pelos operários para o acervo do futuro Museu do Instituto Histórico de Campina Grande.

O material foi acolhido pelo Instituto por sua Direção, formada pela Presidente Maria Ida Steinmuller e a Vice-Presidente Profa. Dra. Juciene Ricarte Apolinário.

Fita magnética e tijolo manual - SPA

Cristiano Félix, José Martins e Thomas, - SPA

Cine São José em atividade – Studio Carvalho

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Destruição do Patrimônio Histórico de Campina Grande

MAIS UMA VEZ em questão, a destruição do Patrimônio Histórico de Campina Grande-PB teve destaque na imprensa Paraibana. Desta vez uma fachada de edificação dentro dos limites do Centro Histórico da cidade foi inteiramente modificada por uma construtora na Rua Vidal de Negreiros, no centro da cidade.

Com mais esta mutilação, uma matéria foi gravada pela equipe da TV Itararé defronte ao prédio abordando o ocorrido e a dificuldade em preservar o patrimônio histórico da cidade. Para tanto, a equipe de TV convidou o Prof. Thomas Bruno Oliveira para comentar o assunto.

A matéria foi gravada no dia 13 de maio pelo jornalista

Diego Araújo para o jornal noturno Itararé Notícias (apresentado pelo jornalista Anchieta Araújo),sendo exibida como matéria âncora no mesmo dia da gravação.

Desde 2010, a partir do desmanche da Chaminé da Empresa Brasileira de Bebidas (Caranguejo), que o Boletim Informativo da SPA tem trazido em suas páginas textos acerca da destruição do Patrimônio Histórico de Campina Grande que vem sendo mutilado e desfigurado. Atentamos

os sócios da Sociedade Paraibana de Arqueologia para o assunto e no ano de 2012 foi tema do VI Encontro da SPA, durante o XXI Encontro Para a Nova Consciência com o título “Marcas do que se foi: discussão sobre a destruição do Patrimônio Histórico em municípios paraibanos”. Lembrando que as páginas do Boletim estão abertas e a disposição para a publicação de textos que denunciem a destruição do patrimônio histórico de cidades brasileiras.

Fachada (antes) - Google Mapas

Fachada (depois) - SPA

Fachada (depois) - SPA

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Pesquisa arqueológica em Taperuaba, Sobral-CE

O INSTITUTO do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, através da Superin-tendência Regional do Ceará, está desenvol-vendo o projeto de diagnóstico, mapea-mento e documentação visual dos sítios de arte rupestre do distrito de Taperuaba, município de Sobral. Através de processo licitatório, a empresa ArqueoSocio, consultoria em Arqueologia e Sociologia LTDA., foi selecionada para desenvolver a pesquisa.

A coordenação do projeto está a cargo dos arqueólogos Igor Pedroza (História – UECE, Mestrado Arqueologia – UFPE) e a arqueóloga Marinete Leite (História – UNICAP, Mestrado Arqueologia – UFPE). Também integram a equipe Luis Mafrense (Direito Unifor, História UECE), Agnelo Queiroz (Ciências Sociais – UFC) e Raul Gomes (Geografia – UFC). O distrito de Taperuaba tem um dos conjuntos mais representativos de arte rupestre no estado do Ceará, com pinturas e gravuras. O conjunto de arte rupestre compreende cerca de 20 painéis gráficos que sofrem atualmente interferências antrópicas e naturais.

Diante desse panorama, o IPHAN visa o início de um trabalho de preservação e divulgação do patrimônio arqueológico local, fazendo-se, portanto, necessário, nessa primeira etapa, obter-se um quadro do estado de conservação dos sítios, através da realização de diagnóstico e produção de extensa documentação (fotografias, mapas, fichas, relatório). Com a primeira etapa executada (diagnóstico e ampla documentação visual realizada), objetiva-se obter informações importantes que permitam traçar estratégias de preservação do patrimônio arqueológico local e dar continuidade às ações de preservação através da realização das etapas posteriores referentes a Programas de intervenção, conservação de registros rupestres, de educação patrimonial (que incluirá o treinamento de monitores), e de visitação (após construção de equipamentos de infraestrutura e de sinalização). A primeira fase do projeto deverá ser executada num prazo máximo de oito meses.

O projeto conta com o apoio científico da Universidade Vale do Acaraú – UVA. Dois alunos da graduação foram selecionados para participar do programa como bolsistas. Uma palestra será desenvolvida pelos arqueólogos na escola municipal de Taperuaba e um minicurso será oferecido no centro de Ciência Humanas – CCH da UVA, em Sobral. As datas ainda serão definidas.

A empresa ArqueoSocio tem até o mês de agosto para concluir a primeira etapa do projeto.

Fonte: Ascom ArqueoSocio

Inscrições rupestres em Taperuaba – Arqueo Socio

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Pintores rupestres desenhavam sob efeito de alucinógenos, diz estudo

CÍRCULOS, ESPIRAIS, LINHAS PARALELAS, pontos espalhados pelas paredes interiores das cavernas: não dá para sair dizendo que o homem pré-histórico tentava representar o mundo que observava, certo? Bem, depende. Um estudo assinado por pesquisadores do Japão e do México acaba de sugerir que nossos antepassados desenhavam nas pedras justamente o que viam... em alucinações.

Tom Froese, Alexander Woodward e Takagashi Ikegami compararam os padrões geométricos mais recorrentes na arte rupestre a alucinações que tendem a emergir quando o cérebro é submetido ao efeito de drogas.

A descoberta, publicada na revista acadêmica Adaptive Behavior, daria conta de explicar a repetição de certas formas abstratas em pinturas de povos pré-históricos de diferentes continentes. Além disso, os pesquisadores consideram que experiências alucinatórias podem justificar o valor ritualístico que o homem pré-histórico atribuía aos desenhos.

- Quando esses padrões visuais são vistos durante estados alterados de consciência, eles são diretamente percebidos como altamente carregados de significância - escrevem os pesquisadores.

Segundo eles, “faz sentido investigar se os mecanismos biológicos que subjazem a produção desses fenômenos visuais podem ser submetidos a uma análise em termos de Instabilidades de Turing”.

As instabilidades de Turing são padrões observados durante reações químicas e descritos pioneiramente pelo matemático Alan Turing. Nesse caso, plantas com propriedades psicoativas teriam propiciado a "visualização" de padrões que imitam a composição estrutural do cérebro humano.

A descoberta daria conta de explicar a repetição de certas formas abstratas em pinturas de povos pré-históricos de diferentes continentes - Alan Pedro / Agencia RBS

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Froese, Woodward e Ikegami reconhecem que a neurofenomenologia (que relaciona dados empíricos da neurociência e descrições verbais de experiências) não é avançada o bastante para explicar o conteúdo particular do que percebiam os artistas pré-históricos, mas consideram que ela oferece as melhores respostas para o valor atribuído pelos homens das cavernas à arte que produziam.

Fonte: Zero Hora

Turmas de alunos visitam a Pedra do Ingá

NO MÊS DE MAIO, pelo menos 810 alunos de escolas públicas, particulares e faculdades estiveram visitando o sítio arqueológico Pedra do Ingá, no município de Ingá-PB. Escolas da Paraíba e Pernambuco, em sua maioria, realizaram excursões e foram recebidas pelo confrade Dennis Mota e o guia

Antônio Marcos. 31 alunos do 6º ano do Colégio Zé

Pires, do município de Bayeux-PB fizeram visita em 3 de maio; 100 alunos do 6º ano das escolas Espaço Criador e Colégio Pingo de Mel visitaram a Pedra do Ingá no dia 3 de maio; 28 alunos do curso de Arquitetura da Facisa (Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas) estiveram no dia 4 de maio e 30 alunos do mesmo curso estiveram visitando a Pedra no dia 11 de maio; 117 alunos do 6º ano do Colégio Damas, de Recife-PE,

estiveram em visita no dia 10 de maio; 150 alunos do 1º e 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Raul Cordula (Campina Grande-PB) estiveram em visita no dia 14 de maio; 35 alunos do 1º ao 3º ano do Ensino Mério da Escola Estadual Professor Lordão, do município de Picuí-PB estiveram em visita no dia 15 de maio; 11 alunos do 6º ano da Escola Arco-íris (Recife-PE) estiveram em visita no dia 17 de maio; 46 alunos do 1º ano do Ensino Médio do Instituto João XXIII (João Pessoa-PB) estiveram em visita no dia 17 de maio; 60 alunos do 8º e 9º ano da Escola Municipal Senador Umberto Lucena (Dona Inês-PB) estiveram em 18 de maio; 25 alunos do 6º ao 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Escritor

Colégio Pingo de Mel e Espaço Criador - SPA

Escola Municipal Senador Humberto Lucena - SPA

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Horácio de Almeida (João Pessoa-PB) estiveram em 21 de maio; 35 alunos do 7º e 8º ano da Escola Alaíde Muniz Dias (Timbaúba-PE) estiveram em 23 de maio; 35 alunos do 6º ao 9º ano do Colégio Universo (Campina Grande-PB) estiveram em 24 de maio; 105 alunos do 6º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Iraci Rodrigues de Farias Melo (Mogeiro-PB) estiveram em 24 de maio; 8 alunos do 5º ano do Educandário Tercio Correia (Sâo Vicente Férrer-PE) estiveram em 25 de maio; 24 alunos do 7º ano do Colégio Decisão (Recife-PE) estiveram em 25 de maio.

Além das escolas, outra modalidade de visitação é bastante intensa na Pedra do Ingá, pesso as da sociedade, pesquisadores, curiosos, por vezes com suas famílias, se dirigem à Pedra para deleite. A SPA se esforça no sentido de divulgar a grande maioria das atividades existentes não só na Pedra do Ingá, como também nos sítios arqueológicos e paleontológicos de todo o Estado.

- SPA

Escola Arco-íris - SPA

Escola Alaíde Muniz - SPA

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Projeto desenvolvido em Campina Grande elaborará catálogos sobre a

escravidão negra e história indígena no Brasil

DESDE 2011, ESTÁ SENDO DESENVOLVIDO na cidade de Campina Grande – PB o

projeto “Catálogo Geral dos Manuscritos Avulsos e em Códices referentes à História Indígena e Escravidão Negra no Brasil”, de âmbito nacional, coordenado pela professora Dra. Juciene Ricarte Apolinário, que tem como objetivo a elaboração de dois livros catálogos sobre a História do Brasil Colonial, tendo um deles como tema a história da escravidão negra e o outro a história das populações indígenas.

O projeto, além de trazer novos instrumentos de pesquisa para a comunidade dos historiadores e outros pesquisadores que objetivem se debruçar sobre a nossa História, também inova ao realizar uma pesquisa histórico-documental de porte nacional fora das regiões Sul e Sudeste − sobretudo do eixo Rio-São Paulo − que até então têm monopolizado esse tipo de produção. Além disso, possibilita que uma equipe composta por mais de quarenta estudantes de graduação, especialização e mestrado em História, todos residentes na Paraíba, realizem atividades sobre a História Colonial brasileira, contribuindo para sua formação enquanto historiadores e muitas vezes servindo de inspiração para o surgimento de pesquisas inéditas sobre o período colonial, realizadas por esses pesquisadores.

O projeto tem como proponente a Fundação Parque Tecnológico da Paraíba, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande. Sua realização é patrocinada mediante aprovação no Edital da Petrobrás Cultural - 2010 e pela Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

Trata-se de um projeto de preservação, memória e democratização de fontes históricas relativas a duas temáticas cruciais não apenas para a compreensão dos três séculos de formação da chamada América Portuguesa, mas também para o melhor entendimento de como se engendraram grande parte das relações étnico-raciais durante o período colonial. Tal entendimento é considerado fundamental para a compreensão dessas relações no Brasil contemporâneo, tanto no que se refere aos espaços históricos de marginalização atribuídos a negros e indígenas na sociedade brasileira (presentes ainda nos dias atuais através das mais diversas formas de preconceito e discriminação racial, constantemente denunciados pelos movimentos negros e indígenas), quanto no que tange à herança legada – e ainda em construção – pelas populações negras e indígenas para a formação sociocultural do povo brasileiro.

O acúmulo de papéis substancialmente jurídico-administrativos, concebidos na colônia ou na metrópole, revelam nos seus documentos principais e anexos as ações políticas e práticas culturais cotidianas de sujeitos históricos antes excluídos da escrita da

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história. Para este fim, o acesso às fontes históricas selecionadas neste projeto, garantirá maiores inclusões e análises de documentos inéditos sobre as referidas temáticas. Os catálogos temáticos serão instrumentos de trabalho, com centenas de verbetes e índices de todas as antigas capitanias brasileiras inseridas em regiões, que tornará possível, de forma objetiva, a ampliação da divulgação das fontes históricas.

Serão realizadas a catalogação e publicação de duas coleções de verbetes dos documentos manuscritos avulsos referentes à História Indígena e Escravidão Negra do Brasil Colonial, assim como as imagens das fontes históricas serão reproduzidas em suporte DVD. O material pesquisado será distribuído em todo o Brasil, objetivando a democratização do acesso aos documentos coloniais reproduzidos no âmbito do “Projeto Resgate Barão do Rio Branco”, do Ministério da Cultura, desenvolvido no Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), Lisboa – Portugal.

O “Projeto Resgate” foi coordenado pela Dra. Esther Caldas Bertoletti e foi responsável pela microfilmagem, digitalização e reprodução de milhões de documentos (cartas, decretos, devassas, requerimentos) respeitantes ao período colonial brasileiro, que estão abrigados no Arquivo Histórico Ultramarino em Lisboa, abordando diversos assuntos sobre os povos indígenas e o cotidiano da escravidão negra no Brasil, como agências políticas, religiosas, práticas culturais, questões de terra, negação da ordem escravista (formação de quilombos, fugas), negociações, guerras indígenas contra os colonizadores, guerras dos colonizadores contra os povos indígenas, formações econômicas, origens etnolinguísticas de grupos indígenas e africanos entre outros temas.

A professora Juciene Ricarte Apolinário foi uma das pesquisadoras da equipe liderada por Esther Bertoletti, do Projeto Resgate, e hoje coordena, portanto, uma proposta de arrolamentos mais específicos, o “Projeto Catálogo Geral dos Manuscritos Avulsos e em Códices referentes à História Indígena e Escravidão Negra no Brasil”, feitos a partir dos documentos digitalizados no AHU. Juciene Ricarte Apolinário é graduada em História pela Universidade Estadual da Paraíba (1993), mestre e doutora em História pela

Apresentação do Projeto em 19 de junho de 2012 – Acervo do Projeto

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Universidade Federal de Pernambuco (1996 e 2005, respectivamente), obtendo Bolsa CAPES para atuação no Brasil e no exterior, precisamente em Portugal. Foi quando participou como pesquisadora de tratamento arquivístico e histórico do Projeto Resgate Barão do Rio Branco/MINC, durante nove meses, com financiamento do CNPq (Bolsa de Aperfeiçoamento no Exterior) e da Sociedade Goiana de Cultura. Permaneceu 15 anos no estado do Tocantins, onde atuou na UFT e na UNITINS, retornando a Campina Grande, sua terra natal, para trabalhar na Universidade Federal de Campina Grande, sendo professora adjunta do curso de História, tendo coordenado o Programa de Pós-Graduação em História. É a vice-presidente do Instituto Histórico de Campina Grande, sendo a autora de seu projeto de execução dos espaços de memória. Proferiu palestras e conferências por todo o Brasil e em Portugal, assim como publicou livros e artigos científicos acerca de temas como História Indígena, Escravidão Negra, Comunidades Quilombolas, Direitos Humanos, História Ambiental, Patrimônio Documental e Cultural.

DEMOCRATIZAÇÃO Com o resultado do projeto coordenado pela Profa. Dra. Juciene Ricarte

Apolinário da UFCG, proposto pela Fundação Parque Tecnológico e financiado pela Petrobras, serão beneficiadas instituições universitárias públicas, arquivos históricos localizados nos estados brasileiros e outros espaços de memória que trabalhem com a preservação e difusão documental, através da distribuição de exemplares de catálogos impressos e coleções de DVDs sobre as temáticas propostas.

ACESSIBILIDADE As imagens das fontes históricas sobre os povos indígenas e escravidão negra no

Brasil serão gravadas e publicadas em DVDs com seus respectivos verbetes descritivos e com áudio que visam proporcionar aos deficientes visuais o acesso aos resumos das informações documentais.

O acesso do público às informações sobre o Projeto Catálogo Geral dos Manuscritos Avulsos e em Códices referentes à História Indígena e Escravidão Negra no Brasil também pode ser feito pelos endereços eletrônicos abaixo relacionados: Site: www.ufcg.edu.br/~historia/chien/ Página no facebook: www.facebook.com/catalogo.historiaindigena.escravidaonegra

O contato para informações mais detalhadas pode ser feito junto à Coordenadora Geral do Projeto, Juciene Ricarte Apolinário (Telefone: (83) 8760-0516/ E-mail: [email protected]) ou ao Coordenador Técnico, Janailson Macêdo Luiz (Telefone: (83) 8893-1815/ E-mail: [email protected]).

Apresentação do Projeto em 19 de junho de 2012 – Acervo do Projeto

Apresentação do Projeto em 19 de junho de 2012 – Acervo

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II Congreso Internacional de

Arqueología de la Cuenca del Plata

ENTRE OS DÍAS 7 E 11 DE ABRIL de 2014, será realizado na cidade de San José de Mayo, no Uruguai, o II Congreso Internacional de Arqueología de La Cuenca Del Plata. O evento contará com a participação do confrade da SPA Prof. Dr. Juvandi de Souza Santos, que dividirá a coordenação de simposio temático com Carmen Curbelo, da Universidad de la República – Uruguay. A temática a ser trabalhada no simposio será ARQUEOLOGIA HISTÓRICA E HISTÓRIA MISSIONEIRA NO

PERIODO COLONIAL: catequização, amansamento e reações. Veja a ementa:

O presente Simpósio Temático tem como principal objetivo o de congregar pesquisadores e suas respectivas atividades de pesquisas nos campos da arqueologia histórica e história missioneira do Brasil e regiões adjacentes, especialmente na Bacia do Prata, na fase colonial.

Tal tema tem sido pouco trabalhado atualmente, especialmente em algumas Unidades Federativas do Brasil, ao passo em que outras regiões da America do Sul têm recebido mais atenção. Em suma, tais estudos limitam-se a áreas pontuadas no Brasil e América do Sul, a exemplo da região Sul e Norte do Brasil e nas áreas do Paraguai e Uruguai dos povos guaraníticos missionados especialmente pelos Jesuítas.

De forma geral, missões religiosas existiram em todo o Continente Americano em sua fase colonial e, diversas ordens religiosas (oratorianos, capuchinhos franceses e italianos, franciscanos, jesuítas, carmelitanos etc.), missionaram indígenas, ou praticaram outras atividades no processo de amansamento indígena facilitando a penetração dos colonos, do Litoral aos Sertões e a consolidação do processo colonizador (português e espanhol).

Assim temos, hoje, várias fontes de pesquisas (desde a cultura material produzida por religiosas e indígenas missionados, até relatos historiográficos e imateriais, sejam estes dos próprios missioneiros ou dos cronistas e viajantes que tiveram contato com os redutos religiosos e que serve, portanto, para mostrar desde traços da cultura material produzida nas missões, até os processos de reações indígenas frente às imposições da Igreja em reduzi-los.

Enfim, nossa proposta, portanto, é de congregar trabalhos já concluídos e/ou em andamento no Brasil e nos países fronteiriços, especialmente em arqueologia histórica e história missioneira, como forma de criarmos um ambiente de discussão, comparações e propostas metodológicas para melhor estudarmos e conhecermos esse período de dominação europeia, mas também de reações no Brasil e países adjacentes na fase colonial luso/espanhol. Mais informações, confira a 2ª circular

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Vale dos Dinossauros reformado

Luiz Carlos S. Gomes

Movimento de Preservação do Vale dos Dinossauros, Colaborador da SPA em Sousa-PB

COM RECURSOS PROVENIENTES da Petrobrás da ordem de R$ 900 mil e R$ 300 mil do Governo do Estado da Paraíba, foi possível restaurar as obras de infraestrutura turística no Monumento Natural Vale dos Dinossauros que desde que foram construídas através do Convenio MMA/PNMA/PED nº. 96 CV0030/96, portanto há 17 anos passados, nunca havia passado por serviços de preservação e conservação fato que levou o Monumento Natural Vale dos Dinossauros a ser excluído dos planos de divulgação da Empresa Paraibana de Turismo (PBTUR), pelo estado precário em que se encontrava.

“Seria uma contrapropaganda trazer um turista para visitar este destino do jeito que estava”, relatou a presidente da companhia, Ruth Avelino, enfatizando que as novas condições estão perfeitas para receber turistas de todo Brasil e também de outros países. “Voltaremos com uma divulgação muito forte. Sousa tem toda uma estrutura de hotéis e restaurantes para atender turista. Com as condições favoráveis, a cidade e toda região será favorecida”, avaliou a presidente.

Em seu discurso durante o evento, o governador Ricardo Coutinho agradeceu a parceria com a Petrobras e aos que participaram do projeto de revitalização. “Agora teremos um novo panorama para o turismo no nosso Sertão. E o turismo se alimenta das diferenças, com o novo, gerando renda, emprego e fazendo com que as cidades se desenvolvam”, afirmou.

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Com toda infraestrutura recuperada, o Vale dos Dinossauros conta agora com quiosques, passarelas, mirantes de observação e a Casa do Pesquisador. Também foi incluída no projeto de revitalização a construção de uma lanchonete e a urbanização das áreas de circulação dos visitantes. O espaço receberá cursos de capacitação e exposições sobre arqueologia e preservação ambiental.

O museu foi reformado, foram instalados climatizadores e também foi realizada a reestruturação do espaço de exposições, auditório, escritórios e banheiros. A iluminação foi projetada sobre trilhos e com diferentes tipos de lâmpadas para se adequar ao tipo de exposição feita no local. Som ambiente e monitores com vídeos irão guiar o visitante. Também foi criada uma loja para comercialização de material produzido por artistas da região.

A revitalização do Vale dos Dinossauros atendeu também a uma solicitação da população de Sousa através do Orçamento Democrático Estadual realizado em 2012.

Nas palavras de Laura Maria Farias Barbosa, Diretora Superintendente da SUDEMA, “o Governo do Estado trouxe para Sousa o retorno do seu patrimônio”. “Estamos em outra fase, toda a infraestrutura para receber os visitantes está recuperada, e o museu traz toda a história para quem visita, inclusive reproduzindo os sons dos dinossauros que habitaram a região, entre outros atrativos”, observou.

O Gerente Regional da Unidade Operacional da Petrobrás do Rio Grande do Norte/Ceará Luiz Ferradans, destacou: “O valor cultural e a preservação de um bem que é patrimônio da humanidade foram os fatores que levaram a Petrobrás a ser parceira do projeto do monumento ambiental”. “O incentivo a este projeto faz parte dos programas de responsabilidade social e preservação desenvolvida pela companhia”. 30 ANOS APÓS PEGADAS DE DINOSSAUROS VOLTAM PARA SOUSA.

Durante o ato de inauguração das instalações do Monumento Natural Vale dos Dinossauros, foi assinado o Termo de Entrega e Recebimento por Laura Maria Farias Barbosa, Superintendente da SUDEMA e Kleber Moreira de Sousa, Superintendente do IPHAN na Paraíba, respectivamente recebedora e entregador do fóssil que passará a fazer parte do acervo do referido museu.

A restituição dessa pedra se deu através do esforço desenvolvido pela ONG Movissauros que há 17 anos vinha tentando em vão conseguir sua devolução de forma amigável, porém, isto só foi possível através do Inquérito Civil Público - ICP nº. 1.24.002.000107/2011-10 movido pelo advogado Dr. Lamartine Bernardo junto ao Ministério Público Federal, de Sousa. A pedra contendo um par de pegadas raríssimas estava em poder do Museu Comunitário de Santa Luzia-PB, após ter sido extraída do sitio Piau-Caiçara e levada ilegalmente para aquele museu.

A pegada que estava em Santa Luzia - SPA

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AS PEGADAS DOS DINOSSAUROS –

PASSAGEM DAS PEDRAS

Ainda não foi desta vez que as pegadas dos dinossauros mereceram as atenções dos órgãos envolvidos na restauração da infraestrutura turística, ou seja, Petrobrás e Governo do Estado/SUDEMA, visando sua preservação. A barragem existente no ambiente onde estão os mirantes para observação das pegadas, vem gradativamente a cada cheia do Rio do Peixe destruindo camadas da rocha sedimentar onde está uma trilha de pegadas de dinossauro terópode (direção sul/norte) que já se encontra remendada com argamassa de cal e cimento, para evitar que fosse ainda mais prejudicado pelo acelerado processo de erosão em que se verifica no local. MUSEU SEM A HISTÓRIA DOS PRIMEIROS DESCOBRIDORES DAS PEGADAS

Desde quando o museu foi concebido em 1996 que a história do contato dos Icós-Pequenos com as pegadas dos dinossauros vem deixando de ser contada.

No sitio Serrote dos Letreiros (Sousa-Pb), existem inscrições rupestres em baixo relevo no mesmo ambiente onde estão presentes pegadas de dinossauros terópodes. Mesmo em se tratando de uma ocorrência rara, ou seja, arqueologia e paleontologia no

Portal de entrada do Vale dos Dinossauros - SPA

Diretores do IPHAN (Kleber Moreira) e do

IPHAEP (Aníbal Moura) – Luiz Carlos

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mesmo ambiente, nem assim mereceu a imagem ser levada ao conhecimento do público ficando assim restrita ao conhecimento das pessoas que visitam o Serrote dos Letreiros, zona rural de Sousa. Quem primeiro teve contato com as pegadas de dinossauros foram os índios e somente dezenas de anos após, os sertanejos.

SITIO PASSAGEM DAS PEDRAS POR GIUSEPPE

LEONARDI

“A principal área de distribuição das pegadas de dinossauros localizada em Passagem das Pedras (fazenda Ilha) no município de Sousa é atualmente um parque natural”. Em 20 de dezembro de 1992 através de um Decreto-Lei estadual (Decreto no 14.833, de 20 de dezembro de 1992, Diário Oficial do Estado da Paraíba) esta localidade icnofossilífera foi tombada como Monumento Natural e designada como "Monumento Natural Vale dos Dinossauros”.

A SAÍDA DE ROBSON MARQUES DO VALE DOS

DINOSSAUROS.

A saída de Robson do Vale dos Dinossauros causou um mal estar no ambiente da inauguração das novas obras de revitalização, pois com a população desconhecendo os motivos que levaram a dotar essa medida extrema e sem que a SUDEMA, que administra o Monumento Natural Vale dos Dinossauros viesse a público explicar tais motivos, as cobranças

por parte da população chegaram inclusive à reunião do Orçamento Democrático

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Estadual, com o vereador Aldeone Abrantes, por exemplo, que se dirigiu ao Governador Ricardo Coutinho para pedir para que Robson retornasse ao Vale dos Dinossauros pelos serviços que ele já havia prestado aquele patrimônio.

Na tarde desta terça-feira, (28/05/2013) aconteceu uma

manifestação em frente a Câmara Municipal, antes de começar a reunião, com discursos pedindo o retorno de Robson ao Vale dos Dinossauros. Já na reunião na câmara, no mesmo objetivo os vereadores de situação e oposição levantaram a voz conclamando para que Robson não fosse excluído de trabalhar no Vale dos Dinossauros, tendo sido inclusive elaborado um requerimento dirigido a SUDEMA para que apresentasse naquela casa legislativa a justificativa para o desligamento de Robson daquele sitio paleontológico.

Da parte do prefeito André Gadelha se comenta que ele criará uma diretoria especialmente para Robson, no Vale dos Dinossauros que é atualmente um parque estadual.

– Mapa de atuação da SPA em Maio de 2013 –

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