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Versão Online Bolem No: 00/2014 – Novembro, 2014 Monitoramento da Cultura de Cana-de-Açúcar no Estado de São Paulo I. INTRODUÇÃO Este documento apresenta informa- ções gerais e introdutórias relaciona- das aos principais pontos que serão abordados nos futuros bolens men- sais de Monitoramento da Cultura de Cana-de-açúcar no estado de São Pau- lo, desenvolvido pelo CTBE em parce- ria com a Unicamp. II. PANORAMA O estado de São Paulo, segundo a UNICA, é responsável por quase 60% de toda a cana produzida no Brasil. Isso faz com que o monitoramento de sua produção seja de extrema impor- tância para o planejamento de todos os atores envolvidos no processo. O estado possui 15 mesorregiões, 12 delas culvam cana -de- açúcar. A área plantada de cana aumentou de 3 milhões de hectares em 2003 para 5,7 milhões em 2013. Tal ampliação da área de produção no estado fez com que a importância dessa cultura se tornasse ainda mais evidente. Fonte: UNICA www.ctbe.cnpem.br/sustentabilidade Estados Cana-de-açúcar (mil toneladas) Açúcar (mil toneladas) Etanol Total (mil m 2 ) Acre 70 0 4 Alagoas 23.460 2.228 543 Amazonas 266 15 4 Bahia 3.084 113 155 Ceará 57 0 4 Espírito Santo 3.519 99 178 Goiás 52.727 1.875 3.130 Maranhão 2.072 9 160 Mato Grosso 16.319 492 975 Mato Grosso do Sul 37.330 1.742 1.917 Minas Gerais 51.759 3.418 1.994 Pará 695 37 33 Paraíba 5.293 209 306 Pernambuco 13.574 1.221 275 Piauí 828 52 33 Rio Grande do Norte 2.248 134 72 Rio Grande do Sul 33 0 2 Rondônia 125 0 9 Santa Catarina 0 0 0 São Paulo 329.923 23.289 11.830 Sergipe 2.148 130 111 Tocanns 1800 0 157 Região Centro-Sul 532.758 34.097 21.362 Região Noste- Nordeste 55.720 4.149 1.864 Brasil 588.478 38.246 23.226

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Versão Online Boletim No: 00/2014 – Novembro, 2014

Monitoramento da Cultura de Cana-de-Açúcar no Estado de São Paulo

I. INTRODUÇÃO

Este documento apresenta informa-ções gerais e introdutórias relaciona-das aos principais pontos que serão abordados nos futuros boletins men-sais de Monitoramento da Cultura de Cana-de-açúcar no estado de São Pau-lo, desenvolvido pelo CTBE em parce-ria com a Unicamp.

II. PANORAMA

O estado de São Paulo, segundo a UNICA, é responsável por quase 60% de toda a cana produzida no Brasil. Isso faz com que o monitoramento de sua produção seja de extrema impor-tância para o planejamento de todos os atores envolvidos no processo.

O estado possui 15 mesorregiões, 12 delas cultivam cana-de-açúcar. A área plantada de cana aumentou de 3 milhões de hectares em 2003 para 5,7 milhões em 2013. Tal ampliação da área de produção no estado fez com que a importância dessa cultura se tornasse ainda mais evidente. Fonte: UNICA

www.ctbe.cnpem.br/sustentabilidade

Estados Cana-de-açúcar (mil toneladas)

Açúcar (mil toneladas)

Etanol Total (mil m2 )

Acre 70 0 4

Alagoas 23.460 2.228 543

Amazonas 266 15 4

Bahia 3.084 113 155

Ceará 57 0 4

Espírito Santo 3.519 99 178

Goiás 52.727 1.875 3.130

Maranhão 2.072 9 160

Mato Grosso 16.319 492 975

Mato Grosso do Sul 37.330 1.742 1.917

Minas Gerais 51.759 3.418 1.994

Pará 695 37 33

Paraíba 5.293 209 306

Pernambuco 13.574 1.221 275

Piauí 828 52 33

Rio Grande do Norte 2.248 134 72

Rio Grande do Sul 33 0 2

Rondônia 125 0 9

Santa Catarina 0 0 0

São Paulo 329.923 23.289 11.830

Sergipe 2.148 130 111

Tocantins 1800 0 157

Região Centro-Sul 532.758 34.097 21.362

Região Noste-Nordeste

55.720 4.149 1.864

Brasil 588.478 38.246 23.226

a. Divisão Política: O estado possui 645 municípios agrupados em 63 microrregiões e 15 mesorregiões. Este Boletim tra-

balhará com os dados em escala de mesorregiões. As mesoregiões canavieiras são: Araçatuba, Arara-quara, Assis, Bauru, Campinas, Itapetininga, Marília, Piracicaba, Presidente Prudente, Região Macro Met-ropolitana Paulista, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

III. O ESTADO DE SÃO PAULO

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b. Características Edáficas e Morfoló-gicas:

O território do estado de São Paulo é forma-

do, basicamente, de uma planície litorânea es-treita, limitada pela serra do Mar, e de planal-tos e depressões nas demais regiões.

O território paulista é dominado pelo planal-to, estando assim distribuído:

- 7% da superfície acima de 900 m; - 85% da superfície entre 300 e 900 m; - 8% da superfície abaixo de 300 m. O relevo do estado de São Paulo é subdividi-

do nas seguintes unidades geomorfológicas: - Província Costeira: inclui as baixadas litorâ-

neas, as serras da costa (Serra do Mar, de Para-napiacaba e de Itatins) e os morros da Costa e do Vale do Ribeira;

- Planalto Atlântico: abrange a faixa de ro-chas cristalinas que vai da região sul do estado (Guapiara) até a região nordeste, na divisa com o Estado de Minas Gerais (Campos do Jordão);

- Depressão Periférica: está localizada qua-se que totalmente nos sedimentos Paleo-mesozóicos da bacia do Paraná. Apresenta vá-rios modelados devido à ação do tectonismo, diversidade de litologias e diferenciações pale-oclimáticas. No geral, as altitudes oscilam en-tre 600 e 750 metros. Apresenta densa rede de drenagem que possue curso consequente em direção ao Rio Paraná, o maior deles;

- Cuestas Basálticas: são formadas por rema-nescentes erosivos provenientes de camadas de rochas vulcânicas basálticas da bacia do Pa-raná, presentes na faixa que vai de Ituverava e Franca a nordeste, até Botucatu e Avaré a su-doeste;

- Planalto Ocidental: inclui os planaltos das regiões de Marília, Catanduva e Monte Alto.

Essas características podem ser observadas nos mapas de declividade, que representa incli-nação da superfície do terreno em relação à hori-zontal, e no mapa de hipsometria, que repre-senta a elevação do terreno.

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c. Tipos de Solos: Como é possível observar no mapa abaixo, no estado de São Paulo, os tipos de solo predominantes

são Argisolosos Vermelho-Amarelos e Latossolos Vermelhos.

d. Clima: Quatro tipos climáticos estão presentes no

estado, variando de acordo com o relevo: tro-pical superúmido, tropical de altitude, tropical quente e úmido e subtropical úmido.

Segundo a classificação climática de Koep-pen, baseada em dados mensais pluviométri-cos e termométricos, o estado de São Paulo abrange sete tipos climáticos distintos, sendo que a maioria correspondente ao clima úmido.

O tipo dominante na maior área é o Cwa, que abrange a parte central do estado e é ca-racterizado pelo clima tropical de altitude, com chuvas no verão e seca no inverno, com temperatura média do mês mais quente supe-rior a 22 °C. Algumas áreas serranas, com o verão ameno, são classificadas no tipo Cwb, onde a temperatura média do mês mais quen-te é inferior a 22 °C e durante pelo menos quatro meses é superior a 10 °C.

As regiões a Noroeste, mais quentes, per-tencem ao tipo Aw, clima tropical chuvoso com inverno seco e mês mais frio com tempe-ratura média superior a 18 °C. O mês mais se-co tem precipitação inferior a 60 mm e com período chuvoso que se atrasa para o outono. Em pontos isolados ocorre o tipo Am, que ca-racteriza o clima tropical chuvoso, com inver-no seco, no qual o mês menos chuvoso tem precipitação inferior a 60 mm. O mês mais frio

tem temperatura média superior a 18 °C. No sul do estado aparecem faixas de clima

tropical com verão quente, sem estação seca de inverno, do tipo Cfa, no qual a temperatura mé-dia do mês mais frio está entre 18 °C e -3 °C (mesotérmico). As áreas serranas (mais altas) das serras do Mar e da Mantiqueira, com verão ameno e chuvoso o ano todo, têm o clima clas-sificado como Cfb de verão um pouco mais ame-no. No mês mais quente a temperatura média é inferior a 22 °C.

A faixa litorânea recebe a classificação Af, ca-racterizada pelo clima tropical chuvoso, sem es-tação seca com a precipitação média do mês mais seco superior a 60 mm.

Os dados de clima utilizados no Boletim pro-vêm do modelo ECMWF (European Center for Medium-Range Weather Forecast) (ECMWF, 2014), que tem se destacado como um dos mais utilizados na modelagem numérica, ele explora modelos de circulação global que são rodados diariamente para decêndios.

O ECMWF utiliza no seu cálculo dados de esta-ções meteorológicas e radares espalhadas pelo mundo, satélites, e outras fontes, coletados a cada 6 horas. Estas informações são processa-das (equações meteorológicas) e o resultado são parâmetros meteorológicos em escala mun-dial.

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O estado de São Paulo é o maior produtor de cana do país desde a criação do PROÁLCOOL, na década de 70. Entretanto, a retomada da aceleração e da intensificação da cultura tem início com o advento do motor flex. De 2003 para cá, a plantação de cana no estado saltou de 3 milhões aproximadamente para 6 milhões hectares.

Índices de vegetação são usados para o moni-toramento global das condições da vegetação. Eles estão correlacionados com vários parâmetros da vegetação como: índice de área foliar (IAF), biomassa, cobertura do dossel e fração da radiação fotossinteticamente ativa absorvida (fAPAR). O IAF está diretamente relacionado a evapotranspiração e produtividade, enquanto fAPAR é uma variável importante nos estudos sobre ciclo do carbono e capacidade de absorção de energia pelo dossel da vegetação (Huete et al., 20021).

Índices de vegetação provindos do sensor MODIS são projetados para fornecer compara-ções espaciais e temporais consistentes das

condições da vegetação. Para o Boletim são utilizados os dados de NDVI

do sensor MODIS a bordo em dois satélites: Ter-ra e Aqua (MOD13), com resolução espacial de 250 metros e com resolução temporal de 16 di-as. A amplitude do NDVI varia de -1 a +1, onde valores negativos representam nuvens, água, neve e gelo; valores entre -0,1 e + 0,1 solo exposto e palha; valores acima de 0,1 representam áreas com vegetação, sendo que, quanto maior o valor do NDVI maior o vigor vegetativo da planta.

A informação de NDVI para cada uma das 12 mesorregiões de São Paulo servirá de base para um mapa que será disponibilizado nos boletins mensais. Este irá apresentar as cores vermelho, amarelo e verde, utilizando a metodologia do semáforo. Os dados dessas mesorregiões serão classificados nos seguintes intervalos: igual ou maior que a média histórica (verde ≥ média); abaixo da média histórica até menos um desvio padrão* (amarelo > média menos um desvio pa-drão) e abaixo de um desvio padrão (vermelho < média menos um desvio padrão). Além do ma-pa, gráficos de comparação de NDVI, precipita-ção do mês atual e dados históricos serão con-feccionados para as 12 mesorregiões produtoras de cana-de-açúcar no estado.

Essa informação contribuirá para que os pro-dutores de cada mesorregião avaliem o cenário climático e a resposta da cana em campo em sua área. Além de controle e monitoramento,

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Fonte: IBGE

1Huete et al. Overview of the radiometric and biophysical perfor-mance of the MODIS vegetation índices. Remote Sens. of Envi-rom., v. 83, pp.195-213. 2002.

*Desvio padrão: mede a dispersão do valor de cada evento em torno da sua média.

O Boletim de Monitoramento da Cultura de Cana-de-açúcar no estado de São Paulo é um projeto em colaboração entre o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e a Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI) da UNICAMP. Juntas, as instituições constataram que faltam dados disponíveis para acompanhamento da safra de cana-de-açúcar ao longo do ano.

O Boletim visa fornecer informações para que todos os envolvidos na cadeia produtiva possam compreender melhor o andamento da safra e, assim, aprimorar o seu planejamento.

Esse Boletim terá periodicidade mensal, com lançamento na última semana de cada mês. A primeira edição será a de Novembro de 2014.

CANASAT http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/ Cepagri/UNICAMP Clima dos Municípios Paulistas, http://www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima-dos-municipios-paulistas.html CIIAGRO/Instituto Agronômico de Campinas http://ciiagro.iac.sp.gov.br/clima/Conceitua%E7%E3o/Conceitua%E7%E3o.htm ECMWF http://www.ecmwf.int/en/research/climate-reanalysis/era-interim Embrapa Monitoramento por Satélite http://www.abagrp.cnpm.embrapa.br/areas/geomorfologia.htm IBGE http:www.inge.gov.br NASA https://lpdaac.usgs.gov/products/modis_products_table/myd13q1 Programa Biota/Fapesp http://www.biota.org.br/info/saopaulo/index

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os mapas e gráficos disponibilizados nas edi-ções mensais possibilitarão uma comparação da safra com o histórico dos últimos 10 anos nas respectivas regiões.

Jansle Vieira Rocha Coordenador FEAGRI-UNICAMP

Michelle C. A. Picoli Coordenadora CTBE

Daniel Garbellini Duft

CTBE

Agmon Moreira Rocha UNICAMP

Maria Eduarda M. Moreira

CTBE

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